arqviva, ed.01, 2011

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    42/arqviva

    O museum Aan de Stroom (MAS)

    a mais nova atrao cultural de Anturpia.

    A torre tem 60m de altura e pareceutuar

    na gua (detalhe). Na foto que abre esta

    reportagem, vista de dentro do museu para

    o rio Escalda, que banha a cidade.

    FotoFilipDujardin

    FotoSarahBlee

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    arqviva /43

    CIDADE-MUSEUPORFERNANDA PERUZZO, de Anturpia DESIGNIRAISI GEHRING

    _ VIAGEM \ BLGICA

    FRANA

    HOLANDA

    ALEMANHA

    ANTURPIA

    LIGE

    BRUGES

    BRUXELAS

    Lngua francesaLngua holandesa

    Bilngue

    BLGICA

    Responsvel por 85% da

    venda mundial de pedrasbrutas, Anturpia sempre

    se orgulhou de ser uma das

    mais prsperas cidades da

    Europa. Felizmente, para o bem dos amantes

    das belas-artes, essa riqueza financiou no s

    a pintura e a escultura dos chamados mestres

    flamencos, como tambm a construo de

    prdios pblicos, igrejas, praas e palacetes,

    que seguiam os modismos e os arroubos cria-

    tivos de seus construtores.Hoje, quem caminha pelas ruelas medie-

    vais do centro histrico ou pelas largas aveni-

    das abertas no sculo 20 encontra um variado

    e original conjunto arquitetnico. Fachadas

    do Renascimento aparecem apoiadas em

    igrejas gticas e prdios art nouveaudividem

    espao com representantes do rococ. Um

    roteiro imperdvel para quem quer mergulhar

    na arquitetura europeia.

    A regio central um emaranhado decorredores, ruas e travessas com seu passado

    medieval e construes to impressionantes

    quanto a Catedral de Nossa Senhora de An-

    turpia, um dos melhores exemplos do estilo

    gtico. Prdios de at cinco andares em estilo

    holands tradicional volta e meia abrem espa-

    o para uma igreja ou uma praa.

    A paisagem muda completamente quan-

    do se segue em direo ao leste da cidade.

    O Meir, bairro comercial, repleto de lojas dedepartamentos e redes internacionais, foi

    durante muitos anos endereo da aristocra-

    cia. Ali, reis, rainhas e at mesmo o impera-

    dor francs Napoleo Bonaparte passavam

    os seus dias entre passeios ao longo da ave-

    nida que d nome ao bairro ou pelos belos

    jardins internos das manses renascentistas,

    neoclssicas e rococs.

    A ARQUITETURA A JOIA MAIS PRECIOSA DE ANTURPIA. A CIDADEBELGA ATRAI PESSOAS DO MUNDO TODO INTERESSADAS NAMISCELNEA DE ESTILOS QUE INSPIRAM A ARTE E AS CONSTRUES

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    arqviva44/

    Em direo ao sul, as edificaes cres-

    cem e ganham corpo art nouveau, art dcoou mesmo modernista. Isso at se chegar

    em Zuid, bairro burgus e bomio por ex-

    celncia, onde as fachadas de inspirao

    neoclssica voltam a ganhar fora. no

    Museu de Belas-Artes, imponente como

    um chateau francs, que tudo acontece.

    Em torno dele que a vida cotidiana se de-

    senrola e onde a cidade exibe a sua faceta

    mais moderna: a moda. Essa nova alma

    fashion garantiu a renovao cultural dacidade de 486 mil habitantes e levou para

    l hordas de jovens aspirantes a estilista.

    Foi uma revoluo de estilo que comeou

    nos anos 80. Um grupo de designers de

    moda sados da Academia de Artes de

    Anturpia conhecidos como Antwerp

    Six surpreendeu o mundo com uma pro-

    posta ousada, experimental e ao mesmo

    tempo cheia de qualidade. O Museu da

    Moda, na Nationalestrasse, um dos pou-

    cos representantes europeus

    totalmente dedicados histria

    do vesturio. Em seu acervo,

    mais de 25 mil peas ajudam a

    explicar o fascnio provocado

    pelas roupas. A rua tambm

    endereo de importantes bu-

    tiques e lojas de grife, incluindo

    a maison do estilista Dries van

    Noten, o mais famoso entre os

    Antwerp Six.

    Curiosamente, tanto os fashionis-tas quanto os novos moradores esto

    preferindo morar ao norte, perto do an-

    tigo porto da cidade. A regio das docas,

    chamada Het Heilandje, passou por um

    longo processo de revitalizao, que

    durou uma dcada e coincidiu com a

    construo da mais nova atrao cultural

    da cidade, o Museum Aan de Stroom, ou

    simplesmente MAS. Nessa torre verme-

    lha, com 60 metros de altura e que pareceflutuar na gua, os andares so torcidos,

    no intuito de formar uma espiral, que se

    converte em galeria vertical, levando o

    espectador ao topo da construo, co-

    menta a arquiteta Cris Lacerda, que per-

    deu a conta de quantas vezes j visitou

    Anturpia. Sobre as pedras vermelhas da

    sua fachada, trazidas da ndia e talhadas

    artesanalmente, repousam mais de trs

    mil mos esculpidas em alumnio, uma

    simptica referncia ao mito que d ori-

    gem ao nome da cidade. Conta-se que

    um soldado romano cortou as mos de

    um gigante que subjugava os moradores

    da vila em troca de suborno e as jogou no

    rio. Por isso, a cidade chamada de Hand-

    werpen em belga (hand = mo; werpen

    = jogar). Mais do que decorativas, porm,

    essas mos representam um importante

    apoio financeiro ao museu: casa um delas

    foi comprada por empresas e doadores

    particulares, que contriburam assim coma construo do edifcio e com a consti-

    tuio do seu acervo. No local esto ex-

    postas cerca de 450 mil obras, entre telas,

    esculturas, objetos e antiguidades.

    frente do rio Escalda, que banha a

    cidade, o MAS parece confirmar a voca-

    o antuerpiana para as grandes obras e o

    gosto pelos novos estilos arquitetnicos.

    Tendncia seguida risca por seu filho

    mais ilustre, o pintor Peter Paul Rubens.Expoente do estilo barroco nas artes

    plsticas, Rubens tambm tinha um gosto

    especial pela arquitetura e pelos estilos de

    vanguarda. Sua casa, um tpico palcio do

    perodo medieval, foi totalmente refor-

    mulada e transformada em um palazzo

    romano graas aos projetos e pacincia

    do artista. Mesmo os jardins internos e os

    prticos foram desenhados por ele, de

    acordo com a moda italiana da poca.

    As pedras vermelhas

    da fachada do MAS foram

    trazidas da ndia e talhadas

    artesanalmente. Mos

    esculpidas em alumnio fazem

    referncia ao mito que deu

    origem ao nome da cidade.

    Fotodivulgao

    FotoFilipDujardin

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    F

    OTOS

    CRISLACERDA

    MEIR _ Ao longo de 500 metros, essa rua de pe-

    destres e comrcio intenso concentra uma cente-

    na de prdios dos mais variados estilos. O palcio

    Stadsfeestzaal, construdo em 1908 e que at 2000

    funcionou como uma espcie de salo de festas

    municipal, hoje abriga um shopping center. Perto

    dali, no nmero 2 da rua Hopland, o Grand Caf

    Horta rende homenagem ao maior representante

    do art nouveaubelga, o arquiteto Victor Horta. Aestrutura de ferro e vidro e a escadaria central, com

    suas curvas delicadas e insinuantes, foram inspira-

    das na Casa do Povo de Bruxelas, uma das obras-

    primas do arquiteto, destruda em 1965. Felizmen-

    te, resqucios dessa construo foram preservados.

    JUSTITIEPALEIS _ Inaugurado em 2006, o Palcio

    da Justia, projetado pelo arquiteto Richard Rogers,

    no nenhuma unanimidade. A razo da controvr-

    sia a forma inusitada e pontuda do seu telhado de

    ao e vidro, semelhante a asas, o que fez os locais ape-

    lidarem o lugar de Palcio das Borboletas.

    arqviva /45

    RIQUEZA ARQUITETNICAANDAR A MELHOR MANEIRA DE CONHECER A CIDADE. ENTRE UMA PRAA ESCONDIDAE OUTRA, ALGUNS MONUMENTOS E PONTOS TURSTICOS SALTARO AOS SEUS OLHOS

    Fo

    toCrisLacerda

    FotosCrisLacerda

    _ VIAGEM \ BLGICA

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    GRAND CAF HORTA_ Sua estrutura de

    ferro e vidro e a escadaria central, com suas

    curvas delicadas e insinuantes, foi inspirada

    na Casa do Povo de Bruxelas, uma das obras

    primas do arquiteto, destruda em 1965.

    GROTE MARKET_ Talvez o carto-postal

    oficial da cidade, a praa rene um conjuntode prdios em estilo gtico e renascentista fla-

    menco dos sculos 16 e 17, caracterizados pelo

    fronto em forma de escada, adornados por

    esttuas e alto-relevos. Ocupadas pelos nego-

    ciantes de mercadorias do perodo medieval,

    essas edificaes so o nosso equivalente dos

    edifcios das grandes corporaes. S que,

    ao invs do nmero de andares, era a altura

    do fronto que indicava a sade financeira da

    casa, explica o arquiteto Andrew Theunissen,do escritrio belga Creneau.

    A prefeitura, construda entre 1561 e 1564,

    exibe a mesma mistura de estilos. Ao longo dos

    74 metros de sua fachada principal, o prdio rece-

    beu mansardas e cumeeiras flamencas e arcadas

    italianas. Em frente, a Fonte de Brabo representa

    o soldado romano Silvius Brabo, heri da lenda de

    fundao da cidade, de acordo com a qual ele teve

    que arrancar as mos do gigante Druon e jog-las

    no rio para livrar os moradores do seu jugo.

    46/arqviva

    FotosCrisLacerda

    HET STEEN _ Nas margens

    do rio Escalda, esse pequeno

    castelo medieval j serviu

    como fortificao e ponto

    estratgico para a defesa da

    cidade. Hoje, o Het Steen

    (Rua Steenplein, 1) abriga um

    museu naval.

    FotoFernandaPeruzzo

    ONZE-LIEVE-VROUWEKATHE-

    DRAAL (CATEDRAL DE NOSSA

    SENHORA DE ANTURPIA) _

    Foram necessrios 169 anos para

    que a maior igreja gtica dos Pases

    Baixos fosse construda, mesmo que

    apenas em parte. De acordo com o

    projeto original, a intrincada torre de

    123 metros e at hoje o ponto maisalto da cidade deveria ser duas.

    Quem a v de perto, porm, jura que

    nada falta ali, especialmente aps os

    oito anos investidos no trabalho de

    restaurao. Seu interior, iluminado

    por 55 vitrais e decorada por pinturas

    de Rubens, to incrvel quando sua

    fachada repleta de esculturas.

    FotoRan

    gaku

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    CENTRAAL STATION (Estao

    Central) _ Anturpia no poderia

    ter um melhor carto de visitas. A

    estao de trem, de 1905, tem estilo

    ecltico. Exibe nada menos que 20 di-

    ferentes tipos de mrmore no seu hall

    principal e uma estonteante cpula

    de metal e vidro, projetada por Cle-

    ment Van Bogaert.

    BOERENTOREN _ Um dos primei-

    ros arranha-cus da Europa e at 1950

    detentor do recorde europeu de altura

    entre as construes do gnero, a Tor-

    re da KBC (Rua Schoenmarkt, 3) uma

    obra-prima do art dcobelga, constru-

    da entre 1929 e 1932 a partir de uma

    estrutura de ao e concreto armado.

    COGELS-OSLEI _ Essa rua, locali-

    zada no bairro art nouveaude Zurem-

    borg, rene o conjunto arquitetnico

    mais heterogneo da cidade, reco-

    menda a arquiteta belga Agns Emery.

    MUSEUS _ Apesar de pequena (so apenas 132 mil me-

    tros quadrados de rea descontada a regio do porto),

    a cidade rene nada menos que 31 museus. Entre eles, osmuseus da Moda, da Fotografia, da Histria da Navegao,

    de Belas-Artes, de Arte Contempornea e dos Diamantes,

    claro. Mas a casa ocupada pelo pintor barroco Rubens du-

    rante parte de sua vida o principal centro de peregrinao

    cultural da cidade. Em pleno bairro Meir, o Museu Rubens

    (Rua Wapper 9-11) abriga o maior conjunto de pinturas do

    artista, alm de sua coleo particular de arte.

    arqviva/47

    FotoCrisLac

    erda

    FotoCrisLacerda

    FotoFernandaPeruzzo

    FotoFernandaPeruzzo

    SINT CAROLUS BORROMEUS (IGREJA SO CARLOS BORROMEU) _

    Apesar da imponncia, essa igreja construda pelos jesutas entre 1615 e 1621 con-

    segue se manter incgnita em meio aos prdios do centro histrico. Mas o desafio

    de encontr-la vale a pena. Sua fachada em estilo barroco foi projetada por Rubens.

    Foto

    JaapvantVeen

    _ VIAGEM \ BLGICA