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Empreendedorismo Colégio São Norberto Curso Técnico de Informática

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Apostila com todos os recursos básicos de empreendedorismo

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Page 1: Apostila Empreendedorismo

Empreendedorismo

Colégio São NorbertoCurso Técnico de Informática

Page 2: Apostila Empreendedorismo

INTRODUÇÃO

O conceito de empreendedorismo é muito subjetivo, todos parecem conhecer,

mas não conseguem definir realmente o que seja. Essa subjetividade pode ser

devido as diferentes concepções ainda não consolidadas sobre o assunto ou

por se tratar de uma novidade, principalmente no Brasil, onde o tema se

popularizou a partir da década de 90. A ascensão do empreendedorismo vem

paralelamente ao processo de privatização das grandes estatais e abertura do

mercado interno para concorrência externa. Daí a grande importância de

desenvolver empreendedores que ajudem o país no seu crescimento e gere

possibilidade de trabalho, renda e maiores investimentos.

Por isso, nesse artigo propôs-se apresentar o que é o empreendedorismo, seu

histórico, características de um empreendedor, bem como apontar as

similaridades e diferenças entre o empreendedor e o administrador, a fim de

destacar a importância de assumir ambos os papéis.

Page 3: Apostila Empreendedorismo

EMPREENDEDORISMO: HISTÓRICO E DEFINIÇÃO

De acordo com o dicionário eletrônico Wikipédia, empreendedorismo é o

movimento de mudança causado pelo empreendedor, cuja origem da palavra

vem do verbo francês “entrepreneur” que significa aquele que assume riscos e

começa algo de novo. Apesar do empreendedorismo estar cada vez mais em

evidência nos artigos, revista, internet, livros e aparentar ser um termo “novo”

para os profissionais, é um conceito antigo que assumiu diversas vertentes ao

longo do tempo. Só no início do século XX, a palavra empreendedorismo foi

utilizada pelo economista Joseph Schumpeter em 1950 como sendo, de forma

resumida, uma pessoa com criatividade e capaz de fazer sucesso com

inovações. Mais tarde, em 1967 com K. Knight e em 1970 com Peter Drucker

foi introduzido o conceito de risco, uma pessoa empreendedora precisa arriscar

em algum negócio. E em 1985 com Pinchot foi introduzido o conceito de intra-

empreendedor, uma pessoa empreendedora, mas dentro de uma organização.

Buscando ainda as raízes do empreendedorismo, Dornelas (2001) faz um

resgate histórico e identifica que a primeira definição de empreendedorismo é

creditada a Marco Polo, sendo o empreendedor aquele que assume os riscos

de forma ativa, físicos e emocionais, e o capitalista assume os riscos de forma

passiva. Na Idade Média, o empreendedor deixa de assumir riscos e passa a

gerenciar grandes projetos de produção principalmente com financiamento

governamental. E no século XVII, surge a relação entre assumir riscos e o

empreendedorismo. Bem como a criação do próprio termo empreendedorismo

que diferencia o fornecedor do capital, capitalista, daquele que assume riscos,

empreendedor. Mas somente no século XVIII, que capitalista e empreendedor

foram complemente diferenciados, certamente em função do início da

industrialização.

Com as mudanças históricas, o empreendedor ganhou novos conceitos, na

verdade, são definições sob outros ângulos de visão sobre o mesmo tema,

conforme Britto e Wever (2003, p. 17), “uma das primeiras definições da

palavra empreendedor, foi elaborada no início do século XIX pelo economista

francês J. B. Say, como aquele que “transfere recursos econômicos de um

setor de produtividade mais baixa para um setor de produtividade mais elevada

Page 4: Apostila Empreendedorismo

e de maior rendimento””. No século XX, tem-se a definição do economista

moderno, de Joseph Schumpeter, já citada acima sucintamente, “o

empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica existente pela

introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de

organização ou pela exploração de novos recursos e materiais”

(SCHUMPETER, 1949, apud DORNELAS, 2001, p. 37).

Contudo, parece que uma definição de empreendedor que atende na

atualidade é de Dornelas (2001, p. 37), que está baseada nas diversas

definições vistas até então,“o empreendedor é aquele que detecta uma

oportunidade e cria um negócio para capitalizar sobre ela, assumindo riscos

calculados”. Caracteriza a ação empreendedora em todas as suas etapas, ou

seja, criar algo novo mediante a identificação de uma oportunidade, dedicação

e persistência na atividade que se propõe a fazer para alcançar os objetivos

pretendidos e ousadia para assumir os riscos que deverão ser calculados.

FORMAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DO EMPREENDEDOR

Existe a concepção do empreendedor nato, aquele que nasce com as

características necessárias para empreender com sucesso. No entanto, como

se trata de um ser social, influenciado pelo meio que em que vive, a formação

empreendedora pode acontecer por influência familiar, estudo, formação e

prática.

Para Dolabella (1999, p. 12), para se aprender a empreender, faz-se

necessário um comportamento pró-ativo do indivíduo, o qual deve desejar

“aprender a pensar e agir por conta própria, com criatividade, liderança e visão

de futuro, para inovar e ocupar o seu espaço no mercado, transformando esse

ato também em prazer e emoção”.

No campo científico e acadêmico, a formação empreendedora pode ser

caracterizada por situações que contribuem diretamente para que esta ação

aconteça. Entre elas, podem-se citar duas características que incidem

diretamente, a primeira é a natureza da ação, caracterizada por buscar fazer

algo inovador ou diferente do que já é feito. Neste ponto, o empreendedorismo

está ligado diretamente às modificações de processos (ou de produtos). E a

Page 5: Apostila Empreendedorismo

segunda é a falta ou inexistência de controle sobre as formas de execução e

recursos necessários para se desenvolver a ação desejada, liberdade de ação.

Estes dois fatores são considerados importantes na ação empreendedora, uma

execução de algo sem controle e sem métodos com uma nova concepção. Isso

não significa que todas as ações de mudanças são empreendedoras. Será se,

ambos os quesitos estiverem presentes. Da mesma forma, nem todas as ações

desenvolvidas, com risco, sem controle dos processos são ações

empreendedoras, pois nem sempre são ações inovadoras.

Filon (1999), estabelece um modelo com quatro fatores fundamentais para que

uma ação seja empreendedora (visão, energia, liderança e relações), visando à

formação do profissional empreendedor. Destaca-se como principal

característica as relações, a qual, segundo o autor, se obtém os conhecimentos

fundamentais e necessários dentro de uma estrutura de mercado: as

informações necessárias para a tomada de decisões e o conhecimento da

realidade do mercado.

Atualmente, as organizações possuem uma grande necessidade de buscar e

desenvolver profissionais com perfil empreendedor, devido ao fato de estes,

serem os responsáveis pelas modificações, criações e visões inovadoras para

se obter um destaque maior e uma diferenciação positiva frente à concorrência.

Os empreendedores são visionários, dotados de idéias realistas e inovadoras,

baseados no planejamento de uma organização, intervêm no planejado e

propõem mudanças. O empreendedor desenvolve um papel otimista dentro da

organização, capaz de enfrentar obstáculos internos e externos, sabendo olhar

além das dificuldades, com foco no melhor resultado.

Além das características acima comentadas, o empreendedor tem um perfil de

liderança para obter êxito em suas atividades, como é o grande responsável

em colocar em prática as inovações, métodos e procedimentos que propôs,

deverá estimular os envolvidos na realização das atividades, de forma a

alcançar as metas traçadas.

Page 6: Apostila Empreendedorismo

O EMPREENDEDORISMO NO BRASIL

Segundo Dornelas (2001), o empreendedorismo ganhou força no Brasil

somente a partir da década 1990, com a abertura da economia que propiciou a

criação de entidades como SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e

Pequenas Empresas) e SOFTEX (Sociedade Brasileira para Exportação de

Software). Antes desse momento o termo empreendedor era praticamente

desconhecido e a criação de pequenas empresas era limitada, em função do

ambiente político e econômico nada propício do país. Porém, não significa que

não existiram empreendedores, deve-se salientar que muitos visionários

atuaram em um cenário obscuro, deram tudo de si, mesmo sem conhecerem

formalmente finanças, marketing, organização e outros conteúdos da área

empresarial, a exemplo, o célebre industrial Francisco Matarazzo, e tantos

outros que contribuíram para o desenvolvimento da economia do país.

O SEBRAE é amplamente difundido entre os pequenos empresários

brasileiros, com finalidade de informar e dar suporte necessário para a abertura

de uma empresa, bem como acompanhar através de consultorias seu

andamento, solucionando pequenos problemas do negócio. Este órgão está de

certa forma, implantando a cultura empreendedora nas universidades

brasileiras, ao promover em parceria com outros países, o Desafio SEBRAE,

uma competição entre acadêmicos de várias nacionalidades, que têm como

tarefa, administrar uma empresa virtual.

A SOFTEX foi criada para ampliar o mercado das empresas de software

através da exportação e incentivar a produção nacional, para isso foram

desenvolvidos projetos para a capacitação em gestão e tecnologia dos

empresários de informática. Além de alavancar o desenvolvimento de

tecnologias nacionais, essa entidade conseguiu através de seus programas,

popularizar no país termos como plano de negócios (business plan) que até

então eram ignorados pelos empresários.

Apesar do pouco tempo, o Brasil apresenta ações que visam desenvolver um

dos maiores programas de ensino de empreendedorismo e potencializa o país

perante o mundo nesse milênio. Dornelas (2001, p. 25 e 26) cita alguns

exemplos:

Page 7: Apostila Empreendedorismo

1. Os programas SOFTEX e GENESIS (Geração de Novas Empresas de

Software, Informação e Serviço), que apóiam atividades de

empreendedorismo em software, estimulando o ensino da disciplina em

universidades e a geração de novas empresas de software (start-ups).

2. Ações voltadas à capacitação do empreendedor, como os programas

EMPRETEC e Jovem Empreendedor do SEBRAE. E ainda o programa

Brasil Empreendedor, do Governo Federal, dirigido à capacitação de mais

de 1 milhão de empreendedores em todo país e destinando recursos

financeiros a esses empreendedores, totalizando um investimento de oito

bilhões de reais.

3. Diversos cursos e programas sendo criados nas universidades brasileiras

para o ensino do empreendedorismo. É o caso de Santa Catarina, com

programa Engenheiro Empreendedor, que capacita alunos de graduação

em engenharia de todo o país. Destaca-se também o programa REUNE, da

CNI (Confederação Nacional das Indústrias), de difusão do

empreendedorismo nas escolas de ensino superior do país, presente em

mais de duzentas instituições brasileiras.

A recente explosão do movimento de criação de empresas de Internet no

país, motivando o surgimento de entidades com o Instituto e-cobra, de

apoio aos empreendedores das ponto.com (empresas baseadas em

Internet), com cursos, palestras e até prêmios aos melhores planos de

negócios de empresas Start-ups de Internet, desenvolvidos por jovens

empreendedores.

Finalmente, mas não menos importante, o enorme crescimento do

movimento de incubadoras de empresas no Brasil. Dados da ANPROTEC

(Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de

Tecnologias Avançadas) mostram que em 2000, havia mais de 135

incubadoras de empresas no país, sem considerar as incubadoras de

empresas de Internet, totalizando mais de 1.100 empresas incubadoras,

que geram mais de 5.200 empregos diretos.

Essas iniciativas são de suma importância para os empreendedores brasileiros

que apesar dos percalços são fundamentais para a economia do país. No

entanto, é necessário que ações governamentais resgatem o avanço

Page 8: Apostila Empreendedorismo

proveniente da iniciativa privada e de entidades não-governamentais, valorizem

a capacidade empreendedora dos brasileiros e solucionem os problemas

apontados no relatório Global Monitor (GEM) - Monitor Global do

Empreendedorismo, organizado pela Babson College, EUA, e London School

of Business, Inglaterra, e realizado em 29 países, apontou os seguintes

resultados para o Brasil em 2001 (BRITTO; WEVER, 2003, p.20 e 21):

. O Brasil possui um nível relativamente alto de atividade empreendedora:

a cada 100 adultos, 14,2 são empreendedores, colocando-o em quinto lugar do

mundo. No entanto, 41% deles estão envolvidos por necessidade e não por

oportunidade;

. As mulheres brasileiras são bastante empreendedoras: a produção é de

38%, a maior entre os 29 países participantes do levantamento;

. A intervenção governamental possui duas facetas: tem diminuído, mas

ainda se manifesta como um fardo burocrático;

. A disponibilidade de capital no Brasil se ampliou. Mas muitos

empreendedores brasileiros ainda percebem o capital como algo difícil e

custoso de se obter. Para piorar, os programas de financiamento existentes

não são bem divulgados;

. A falta de tradição e o difícil acesso aos investimentos continuam a ser

principais impedimentos à atividade empreendedora, o brasileiro não tem o

hábito de fazer planos para o longo prazo, devido à conjuntura econômica do

país. Nos países desenvolvidos, é perfeitamente comum o financiamento de

imóveis, com planos que levam de dez a trinta anos para serem liquidados.

Existe uma necessidade urgente de estimar as práticas de investimentos;

. O tamanho do país e suas diversidades regionais exigem programas

descentralizados. As diferenças regionais de cultura e infra-estrutura também

exigem uma abordagem localizada do capital de investimento e dos programas

de treinamento;

. Infra-estrutura precária e pouca disponibilidade de mão-de-obra

qualificada têm impedido a proliferação de programas de incubação de novos

negócios fora os centros urbanos;

. O ambiente político e econômico tem aumentado o nível de risco e

incerteza sobre a estabilidade e o crescimento. Sobreviver em uma

Page 9: Apostila Empreendedorismo

economia completamente instável é extremamente complicado,

devemos ressaltar ainda, que no Brasil não existem políticas industriais

concretas, as políticas aqui existentes giram em torno de subsídios e

tarifas, políticas protecionistas são nocivas à economia, pois agindo

desta forma, o país pode ser vítima de políticas intervencionistas por

parte de outros países, o que dificulta as exportações. Contudo, a

consolidação do capital de risco e o papel do Angel (“anjo”- investidor

pessoa física) também estão se tornando realidade, motivando o

estabelecimento de cenários otimistas para os próximos anos;

. Existe uma necessidade de aprimoramento no sistema educacional

como um todo o que estimulará a cultura empreendedora entre os

jovens adultos;

. Não há proteção legal dos direitos de propriedade intelectual, altos

custos para registros de patentes no país e fora dele e parcos

mecanismos de transferência tecnológica. As universidades ainda estão

isoladas da comunidade de empreendedores.

Portanto, percebe-se que o início da difusão do empreendedorismo no Brasil,

nasce por conveniência do governo e sobrevivência de muitos trabalhadores

que saíram das grandes estatais após o processo de privatização. A partir

disso, o governo se propõe a fornecer subsídios, acima citados, para que os

trabalhadores tivessem a possibilidade de contribuir para o desenvolvimento e

a geração de emprego no Brasil.

ADMINISTRADOR

De acordo com Maximiano (2006) “administração é uma palavra antiga,

associada a outras que se relacionam com o processo de tomar decisões sobre

recursos e objetivos”, ainda diz que administração é um “conjunto de princípios,

normas e funções que têm por fim ordenar os fatores de produção e controlar

sua produtividade e eficiência, para se obter determinado resultado”.

Diferentemente do Empreendedor, o Administrador tem um teor mais técnico,

procurando ao desenvolver seu trabalho, um grau de eficiência na organização

Page 10: Apostila Empreendedorismo

que está atuando. Alguns do pré-requisitos básicos para ser um bom

Administrador são:

• Gerir com responsabilidade e profissionalismo;

• Saber lidar com pessoas: comunicar eficientemente, negociar, conduzir

mudanças, obter cooperação e solucionar conflitos;

• Ter espírito de liderança.

Fayol foi o primeiro a definir as funções administrativas, que se resumem em:

planejar, organizar, controlar, coordenar e comandar. Com o passar do tempo

este conceito veio se aperfeiçoando, agregando a ele novas funções que foram

desenvolvidas a partir da necessidade do mercado. Hoje em dia as principais

são: comunicar, dirigir e motivar as pessoas (liderar); analisar: conhecer os

problemas; fixar objetivos (planejar); tomar as decisões; negociar e organizar e

alocar recursos (recursos financeiros e tecnológicos e as pessoas).

Maximiano diz que:

Em resumo, todos administram, nas mais variadas escalas de utilização de

recursos para atingir objetivos. Portando, as competências administrativas (ou

competências gerenciais) são importantes para qualquer pessoa que tome

decisões sobre a utilização de recursos para realizar objetivos, ou seja, que

esteja em ambientes onde essas decisões são tomadas. (Maximiano; 2006;

p.37).

Se analisarmos bem, todos nós somos ou seremos administradores (bons ou

ruins) em algum momento da vida, seja usando o dinheiro do salário para

pagar dívidas ou poupando-o, por exemplo. Mas, não podemos confundir essa

forma de administrar, com a de um profissional de administração, que por sua

vez, está preparado para enfrentar diversas situações, e com isso, analisando

e resolvendo-as estrategicamente.

O profissional formado em administração é um dos mais versáteis existentes

no mercado, podendo trabalhar nas áreas de: Recursos Humanos, Marketing,

Page 11: Apostila Empreendedorismo

Finanças e Produção. Porém, o mercado abrange diversas áreas do

conhecimento.

ADMINISTRADOR x EMPREENDEDOR

Segundo Dornelas (2005) quando se compara o papel e função do

administrador com o do empreendedor vemos muita semelhança entre ambos,

isto é, o empreendedor é um administrador mais com alguns pontos

convergentes em relação a média dos gerentes ou executivos, pois os

empreendedores são mais visionários do que a maioria dos gerentes comuns.

O administrador se enquadra no mundo corporativo. Ele está mais relacionado

aos processos gerenciais, à solução de conflitos e de circunstâncias

desfavoráveis para a empresa. Enquanto que, o empreendedor nem sempre se

faz presente nas corporações. Ele é uma pessoa que tem coragem para ousar.

Talvez abrir um novo empreendimento, fazer algo ou criar uma idéia nunca

vista antes. Para ficar mais claro, um exemplo de administrador é o Roberto

Justus. E um exemplo de empreendedor é um garçom que resolve abrir seu

próprio negócio. Para Batista:

Todo empreendedor precisa ser um bom administrador para poder tomar as

decisões adequadas. Por outro lado, nem todo administrador possui as

habilidades e os anseios dos empreendedores, por mais eficaz que seja o

administrador em realizar o seu trabalho. O empreendedor vai além das tarefas

normalmente relacionadas aos administradores, tem uma visão mais

abrangente e não se contenta em apenas fazer o que deve ser feito.

Eles se diferenciam também na maneira com que trabalham: o administrador

trabalha em base de diretrizes, cultura, paradigmas e outros fatores na

empresa que trabalha e o empreendedor trabalha mais com a criatividade,

aprendizado e outros fatores no ambiente de mercado.

Segundo Dornelas (2001), “as diferenças entre os domínios empreendedor e

administrativo podem ser comparadas em cinco dimensões distintas de

negócio: orientação estratégia, análise das oportunidades, comprometimento

dos recursos, controle dos recursos e estrutura gerencial”. Conforme detalhado

no quadro abaixo:

Page 12: Apostila Empreendedorismo
Page 13: Apostila Empreendedorismo

Conforme se percebe a partir do quadro, um empreendedor está sempre com

foco no futuro e o administrador, principalmente no presente, seria impossível

escolher um destes perfis como melhor que o outro, afinal o ideal é que todo

administrador seja empreendedor e vice-versa, porém isso nem sempre se faz

necessário, depende da posição que o sujeito ocupa numa empresa, do ideal

de vida, do planejamento para seu patrimônio entre outras motivações. E

ainda, de acordo com o quadro, o empreendedor privilegia as pessoas como

fonte de obtenção de resultado, ao contrário o administrador privilegia regras e

procedimentos. A palavra estratégia define bem o empreendedor e para definir

administrador seria planejamento e controle.

De modo geral, o administrador tem a formação para o planejamento e o

controle, e é centrado em como melhorar os processos, controles, informações,

análises e qualidade. Já o empreendedor, é focado no mercado, nas

oportunidades, na inovação e na criatividade, e está associado nos negócios

do presente e do futuro.

É interessante observar que o empreendedor de sucesso leva consigo ainda

um característica singular, que é o fato de conhecer como poucos a área de

atuação da empresa, o que leva tempo e requer experiência. Talvez este seja

um dos motivos que leva a falência empresas criadas por jovens

entusiasmados, mas sem o devido preparo. Por outro lado, em organizações

estabelecidas, aqueles que detém o conhecimento de seu funcionamento e do

como interagir com as demais pessoas na corporação têm mais chances de

implementar projetos inovadores. (Dorneles, 2003, p.65).

Venda bem sua ideia

A mulher de César precisava ser e parecer honesta. Uma ideia precisa ser e

parecer boa.

Como consultora em Criatividade e Inovação, meu trabalho é, além de

provocar ideias, garantir que elas não sejam desperdiçadas. E o primeiro passo

é comunicá-las bem.

A dificuldade começa porque as pessoas tendem a se entusiasmar tanto com

própria ideia, que acreditam que todos vão acatá-la de imediato. Mas

geralmente o que acontece é o oposto: tomar conhecimento de algo novo exige

Page 14: Apostila Empreendedorismo

uma nova forma de pensar, uma revisão de paradigmas. Isso causa

inquietação e, portanto, rejeição.

Existem, entretanto, táticas simples que ajudam a vender uma ideia. Vamos a

elas:

Planeje e ensaie a venda da ideia: Procure ter conversas informais sobre a

ideia. Leve em conta as características de seus interlocutores e as razões

pelas quais eles aprovariam ou reprovariam sua ideia. A pessoa que elogiou

sua ideia era neutra ou aprovou por interesse? As críticas foram construtivas

ou vieram de pessoas pessimistas? Anote todos os comentários e perguntas.

Você poderá usá-los para aprimorar sua ideia e sua apresentação.

Ganhe cúmplices: Comece contando sua ideia para as pessoas mais abertas.

Assim, sua ideia estará fortalecida ao ser apresentada às pessoas mais

conservadoras. Anote os feedbacks positivos, eles servirão de argumento.

Adapte-se ao estilo de seus interlocutores: Seu entusiasmo vai contaminá-los

ou assustá-los? Detalhes vão entediar ou dar segurança ao seu público? Mais

importante: o que eles ganham em contribuir com sua ideia? Tenha o perfil de

cada um de seus interlocutores em mente antes de apresentar a ideia.

Prepare-se para vender a ideia aos mais resistentes: Imagine todos os

aspectos negativos da sua ideia. Você assim estará preparado para dizer aos

seus interlocutores ”já pensei nisso, mas podemos …”. Esta frase demonstra

segurança e irá tirar seus interlocutores da posição de críticos.

Arme-se psicologicamente também. Não conte seu plano às pessoas muito

críticas logo no início. Elas poderão desanima-lo.

Apresente um projeto: Para apresentar sua ideia ao seu chefe, equipe ou

patrocinadores, embale-a de forma mais profissional possível. Aponte os

resultados que ela trará, calcule o custo-benefício, faça um plano de ações.

Priorize, entretanto, os focos de interesse e faça um índice: a intenção não é

desfilar um calhamaço enorme, mas sim dar segurança ao interlocutor de que

seu projeto foi devidamente estudado. No momento da apresentação formal,

valorize os benefícios e detalhe apenas o que for perguntado. Uma forma

rápida e interessante de mostrar os benefícios de uma inovação é dar um

nome que explica de imediato seu propósito.

Evite detalhamento do plano de ações: Isto fará com que seu interlocutor veja a

implementação de sua ideia como uma “trabalheira”. O Plano de Ações terá o

Page 15: Apostila Empreendedorismo

seu momento, mas não deve servir de argumento para a rejeição à ideia. Por

outro lado, se seus interlocutores estiverem ávidos para discutir o Plano de

Ações, é bem provável que já tenham comprado a ideia;

Seja Flexível: Acredite nos outros. Talvez sua ideia possa mesmo ser

aprimorada.

Não desperdice suas ideias. Einstein dizia que fazer uma ideia acontecer

requer 1% de inspiração e 99% de transpiração. A venda da ideia ocupa uns

50%.

Como persistir nos sonhos diante das frustrações diárias?

Christian Barbosa

Outro dia recebi uma pergunta que com certeza é comum a todas as pessoas

pelo menos uma vez na vida. Às vezes podemos fracassar durante a

caminhada por problemas afetivos, de stress etc...Como podemos filtrar estas

frustrações e acreditarmos novamente no futuro? Pois temos o planejamento,

mas como os problemas diários, podemos ficar sobrecarregados. Como lidar

com essas questões para não prejudicarmos a nós e aos outros que estão ao

nosso redor?

Em primeiro lugar é preciso admitir e aceitar que a vida não é uma ciência

exata. Óbvio, mas muitas pessoas custam a aceitar essa verdade universal.

Isso não quer dizer que você deva deixar a vida conduzir você para algum

lugar e não criar metas ou nada disso. Muito pelo contrário. Pela imperfeição

da vida é que precisamos nos esforçar para criar nosso próprio futuro. E isso é

função das metas e da correta gestão do seu tempo.

Sem “sonhos-metas” não teríamos a esperança de dias melhores e isso seria

extremamente frustrante. Por isso precisamos tê-las rodeando nossa vida.

Agora, quando deixamos de realizar nossos sonhos por causa das urgências,

falta de planejamento e terceiros em nosso dia a dia a frustração pode ser

intensa até depressiva.

Page 16: Apostila Empreendedorismo

O que eu acredito e aplico é:

1 – Eu planejo minhas metas no máximo de detalhes possível. Claro que não

há condições de saber todos os passos ou todas as datas, mas sempre faço

um ponto de revisão mensal pelo menos para ficar nos trilhos.

2 – Semanalmente eu coloco alguma atividade das minhas metas na agenda.

Isso me dá a certeza que aos poucos a coisa vai andando. Quando a semana

está tranquila, vai melhor, quando está enrolada se necessário adio para a

próxima semana, sem culpa alguma.

3 – É preciso entender que existe uma linha muito tênue entre a persistência e

a teimosia. Eu acho que persistência é acreditar e manter seu ritmo com algum

tipo de resultado ao longo do tempo. Teimosia é insistir em uma coisa anos

sem nenhum resultado prático. Se for teimosia, simplesmente aceite e remova

a meta da sua vida.

4 – Existem algumas metas que são mais difíceis de serem alcançadas, às

vezes tem terceiros envolvidos ou números ousados. Isso não pode significar

que você estacione e não faça mais nada. Independente do andamento de uma

meta, eu não paro as outras. Algo vai acontecer quando me coloco em ação,

as coisas sempre fluem.

5 – Quando a meta não sai do lugar em geral o erro está em apenas dois

lugares: especificação errada – ou seja, você definiu uma meta que não quer

muito ou está além de qualquer possibilidade. O outro lugar de erro é o plano

de ação, executamos coisas pequenas (tarefas) com duração máxima de

poucas horas. Metas que não andam, tem tarefas ou passos grande demais

para execução, ai fica na contemplação.

6 – Sempre tem os “sem fé” que vivem dizendo: esquece isso, faz isso, seu

maluco, etc. O que eu faço é agradecer a sua opinião sincera e sigo meu

caminho (de preferência longe do pessimista). O que os outros pensam de mim

é problema dos outros, certo?

Page 17: Apostila Empreendedorismo

Hora de aquecer

por Cléia Schmitz

A Copa e as Olimpíadas são oportunidades de ouro para os pequenos

negócios, mas é preciso se preparar com muita inovação e criatividade para

continuar ganhando depois do apito final

O que um vendedor de peixe tem a ver com a Copa do Mundo de Futebol que

o Brasil vai sediar daqui a dois anos? Há pouco tempo, o mineiro Francisco

Batista de Melo, proprietário de uma banca de pescados na tradicional Feira

dos Produtores, em Belo Horizonte, achava que ele seria apenas um torcedor

brasileiro de olho no hexacampeonato. Hoje, ele já se vê como um

empreendedor diante de uma oportunidade que pode impulsionar seus

negócios – e não só durante os 30 dias em que acontecerão os jogos, mas

também antes e, principalmente, depois do evento.

Francisco aprendeu a vender seu peixe – mais do que no sentido literal. Ele é

um dos participantes do Programa Sebrae 2014, criado para estimular os micro

e pequenos empresários e os empreendedores individuais a aproveitar o

aumento da demanda por produtos e serviços que a Copa do Mundo vai gerar

nas 12 cidades-sede do evento. A proposta do programa do Sebrae está

conectada a um dos legados esperados pelo País em relação aos

megaeventos esportivos que o Brasil receberá nos próximos anos: negócios

mais competitivos, inovadores, criativos e, claro, mais rentáveis.

Page 18: Apostila Empreendedorismo

A oportunidade não deve ser subestimada. “Não podemos achar que todos os

nossos problemas serão resolvidos com a Copa do Mundo e as Olimpíadas,

mas pode ter certeza que teremos muitos avanços. E a qualidade dos serviços,

especialmente no segmento de turismo, é uma delas”, acredita Jeanine Pires,

presidente do Conselho de Turismo e Negócios da Fecomercio de São Paulo.

“Os eventos são grandes mobilizadores de circulação de investimentos

públicos e privados. Inserir as micro e pequenas empresas nestas

oportunidades é o nosso desafio”, afirma Paulo Alvim, gerente da Unidade de

Acesso a Mercados do Sebrae.

O Programa Sebrae 2014 tem mais de 2 mil empresas inscritas e a meta é

chegar a 6 mil. “Queremos que as MPEs participem, no mínimo, de 25% das

oportunidades de negócios decorrentes da Copa”, conta Alvim. Em dois anos,

Francisco e outros 62 colegas da Feira dos Produtores já fizeram uma série de

melhorias relacionadas à infraestrutura, organização e merchandising visual

das lojas. Segundo Ricardo Mageste Vieira, gerente-geral da Feira, as

mudanças aumentaram o faturamento em cerca de 30%. “As reformas

trouxeram outros perfis de cliente para a feira. Agora, queremos incluí-la no

guia turístico oficial de Belo Horizonte”, afirma o administrador.

Gestor do projeto pelo Sebrae, Aristides Rocha Araújo explica que a Feira dos

Produtores está localizada numa área estratégica para a Copa de 2014. A

região receberá um centro de eventos e até o Mundial deverá se firmar como o

terceiro polo hoteleiro da cidade. Além disso, o centro comercial está situado

num corredor para o aeroporto de Confins. Francisco espera receber muitos

turistas em sua peixaria durante a Copa, mas sabe que é preciso focar os

resultados no pré e pós-evento. “Aprendi em uma missão empresarial que

fizemos no Mercado de São Paulo que turista não é só aquele que vem de fora,

mas também os moradores que vêm dos bairros vizinhos.”

Leve à prorrogação

Esta é uma mensagem que o Sebrae ressalta aos empreendedores. “A Copa é

só um chamariz que pode potencializar os investimentos. A maior preocupação

deve ser com a sustentabilidade econômica dos negócios e a melhoria dos

Page 19: Apostila Empreendedorismo

serviços e produtos para os clientes”, explica Araújo. Em Pernambuco, os

artesãos que participam do Programa Sebrae 2014 também estão se

preparando para prorrogar os efeitos positivos do mundial de futebol. “O que

nós recomendamos é que eles aproveitem a consultoria do Sebrae para

resolver suas deficiências. Se focarem só na Copa, teremos muita gente

frustrada”, alerta Fátima Gomes, gestora do projeto de artesanato do

Sebrae/PE.

Um dos maiores desafios, segundo Fátima, é melhorar as vendas do

artesanato, já que a maioria dos artistas só se preocupa com a criação. Para

estimular boas práticas de comercialização, o programa promove rodadas de

negócios para aproximar os artesãos de hoteleiros, comerciantes, proprietários

de restaurantes, arquitetos e decoradores. A proposta é inserir o artesanato

pernambucano nos principais pontos de circulação de turistas, potencializando

as vendas. “Além disso, incentivamos o desenvolvimento de um artesanato

com referência cultural, mas que ao mesmo tempo trabalhe a inovação”,

destaca a consultora do Sebrae.

A artesã Tita Araújo é uma das participantes do Sebrae 2014 que tem investido

em uma proposta inovadora. “Tenho um estilo próprio de envelhecimento de

objetos com aplicação de flores que eu mesma desenvolvi há seis anos. E o

melhor de tudo é que a técnica pode ser aplicada em diferentes superfícies.

Inclusive, nesse momento estou decorando a parede de um restaurante”,

afirma Tita. Para ela, a Copa do Mundo será uma grande vitrine. “Além de

artesã, sou empreendedora e não fico parada esperando as coisas

acontecerem. Já participei de feiras internacionais na Itália e no Panamá e

trabalho para colocar minha arte em destaque.”

Page 20: Apostila Empreendedorismo

Hora de inovar

Segundo Pamella Gonçalves, cooordenadora de Serviços a Empreendedores

da Endeavor, os megaeventos esportivos são uma grande oportunidade do

País investir em inovação. Como haverá uma demanda garantida, o momento

é propício para o desenvolvimento e aplicação de tecnologias que levem à

aceleração dos processos sem perder a qualidade. “Eventos criam picos de

demanda que costumam ser um problema para os empreendedores porque

eles podem deteriorar a qualidade dos produtos e serviços. Nessa hora, surge

espaço para empresas inovadoras que oferecem tecnologias capazes de

garantir a eficiência e estender ao máximo essa demanda”, explica Pamella.

É o caso da mineira JN2, desenvolvedora de soluções para comércio

eletrônico. Os sócios Leonardo Neves e Fernando Juste viram na Copa de

2014 a oportunidade de oferecer ao mercado de pequenas hospedagens uma

ferramenta para a venda de diárias pela internet, inclusive com transações

internacionais. Hoje, grande parte destes negócios perde clientes por não ter

um sistema eficiente de reservas on-line, além de sites muito ruins. Batizado de

Guest 4U, o portal será lançado ainda em 2012 em 65 idiomas. Os usuários

poderão usar o serviço logo após se cadastrar no portal, um processo tão

simples quanto abrir uma conta no Facebook. A mensalidade deve ficar em

torno de R$ 69.

A meta dos sócios da JN2 é chegar a 2014 com pelo menos 1 mil clientes. “É

uma meta conservadora se levarmos em conta o volume de hotéis e pousadas

Page 21: Apostila Empreendedorismo

existente no País. Uma pesquisa do Ministério do Turismo indica que o número

de hospedagens vai dobrar até 2014, chegando a 40 mil. E nosso público-alvo

são as empresas com até 50 leitos, que representam 87% desses

empreendimentos”, afirma Neves. Para ele, um ponto importante do projeto é

que a ferramenta será útil antes, durante e depois da Copa. “Além disso, o

evento vai proporcionar alta taxa de ocupação, ou seja, o empreendedor terá

um resultado que vai justificar o investimento em nossa tecnologia.”

Para mapear e estimular o desenvolvimento de soluções inovadoras e criativas

aplicadas à Copa de 2014, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep)

idealizou em 2008 o Programa 14BIS. Hoje, o projeto está ligado ao Ministério

dos Esportes. O nome é uma alusão ao aeroplano apresentado pelo inventor

brasileiro Alberto Santos Dumont em 1906, em Paris, o grande palco do mundo

na época. “Em 2014, o Brasil será o grande palco. Precisamos aproveitar essa

oportunidade para mostrar ao mundo a nossa capacidade de inovação. Não

vamos exibir apenas nosso futebol”, declara o engenheiro Carlos Eduardo

Somaggio, diretor-executivo do Instituto Sapientia, vinculado à Fundação Certi,

de Florianópolis.

A Certi foi contratada para desenvolver as ferramentas de suporte ao 14BIS:

um portal na web que funcionará como uma espécie de galeria de inovações e

um showroom móvel e interativo para promover encontros de ofertas e

demandas de inovação. “A proposta é que o 14BIS atue como um cupido entre

empresas com ideias inovadoras e empresas que demandam tais tecnologias”,

afirma Somaggio. O engenheiro explica que o portal foi desenvolvido de forma

que inventores de qualquer lugar do Brasil possam cadastrar suas ideias e

submetê-las a uma banca. “É uma forma de democratizar as oportunidades

geradas pela Copa do Mundo.”

Quem também está atenta à demanda dos megaeventos por tecnologias

inovadoras é a Montreal Informática. A empresa é detentora do maior cadastro

de dados para identificação biométrica da América Latina, com 17 milhões de

registros em oito estados brasileiros. O sistema automático de identificação por

impressões digitais (Afis) é capaz de identificar corretamente cerca de 150

milhões de impressões digitais em segundos. A tecnologia, uma parceria com a

Page 22: Apostila Empreendedorismo

alemã Dermalog Identification Systems GmbH, é uma ferramenta importante

para controle de fronteiras, mas pode ter outras aplicações como, por exemplo,

controle de acesso aos estádios.

“Não temos dúvida do potencial de aplicação de nossas tecnologias para

aumentar a segurança em eventos como a Copa do Mundo de 2014 e as

Olimpíadas do Rio de Janeiro e o legado que seu uso deixaria para as

gerações futuras”, afirma Eduardo Coutinho, diretor-executivo da Montreal. Em

fevereiro deste ano, o empresário recebeu a visita da presidenta Dilma

Rousseff e da chanceler alemã Angela Merkel no estande de sua parceira

Dermalog na CeBIT, a maior feira mundial de tecnologia da informação,

realizada em Hannover, na Alemanha. “No Rio de Janeiro, onde já

identificamos 12 milhões de pessoas, nossa tecnologia é um sucesso”, destaca

Coutinho.

Já a Authentic Feet, grupo que tem mais de 170 lojas franqueadas de artigos

esportivos no Brasil, torce para que os megaeventos deixem como legado um

novo estilo de vida aos brasileiros. O empresário Adriano Obeid, sócio-diretor

do grupo, acredita que a combinação entre a maior oferta de arenas esportivas

e a euforia provocada pelos jogos é uma oportunidade única de impulsionar

este mercado no Brasil. “Apesar do crescimento nos últimos anos, o mercado

de artigos esportivos no Brasil ainda é irrisório. Para se ter uma ideia,

corresponde a um terço do americano”, explica Obeid. “As principais marcas de

esporte têm grandes planos para o Brasil. Espero que tudo isso inspire o

brasileiro.”

Inglês rápido

A intensa demanda pela qualificação profissional para a Copa tem recebido

atenção especial do Grupo Multi, multinacional do mercado de ensino de

idiomas, informática e profissionalizante. A holding é detentora das marcas

Wizard, Yázigi, Skill, Alps, Quatrum, Microlins, S.O.S, Bit Company, People e

Smartz. “Estamos conversando com o governo federal para fazer parcerias

visando à qualificação de profissionais nas cidades-sede da Copa”, adianta

Carlos Wizard Martins, presidente do Grupo Multi. A meta dos ministérios do

Page 23: Apostila Empreendedorismo

Turismo e da Educação é qualificar 240 mil pessoas até 2014 por meio do

Pronatec Copa (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego).

No início deste ano, o Grupo Multi lançou o guia “2014”, que traz 2.014 frases,

expressões e diálogos em inglês que um profissional precisa dominar para

atender turistas estrangeiros. O livro vem acompanhado de uma caneta que lê

microcódigos de barras e repete palavras e frases em inglês, auxiliando os

estudantes na assimilação da pronúncia. Outro lançamento do Grupo Multi com

foco nos megaeventos esportivos é o curso “To the Point”, da marca Yázigi.

Com duração de 50 horas, das quais metade on-line, ele foi desenvolvido para

atender profissionais como taxistas, motoristas, telefonistas, garçons,

camareiras, balconistas, staff de suporte em estádios, socorristas, policiais,

vendedores ambulantes e artesãos.

“Só a qualificação desses profissionais e toda a lista de pré-requisitos

estabelecidos pela Fifa (Federação Internacional de Futebol) e pelo COI

(Comitê Olímpico Internacional) no caderno de encargos entregue ao Brasil já

representam um grande avanço para o País. São coisas que terão que

acontecer”, afirma Jeanine, da Fecomercio de São Paulo. Segundo a

especialista, esses eventos também trazem uma transferência de tecnologia e

experiências de suas edições anteriores que certamente vão deixar um legado

importante para o País. “Mas é preciso pensar mais no pós 2014 e 2016 e fixar

estratégias a longo prazo.”

Além da Copa de 2014, o Brasil vai sediar a Copa das Confederações (2013), a

Copa América (2015) e as Olimpíadas e Paraolimpíadas no Rio de Janeiro

(2016)

Números da Copa

R$ 183 bilhões é o valor que a Copa 2014 deve somar ao PIB brasileiro até o ano de 2019

R$ 135,7 bilhões é o que se espera que o evento injete na economia brasileira

R$ 33,1 bilhões é o investimento anunciado em infraestrutura para o Mundial

Page 24: Apostila Empreendedorismo

3,7 milhões de turistas são esperados para a Copa 2014, dos quais 600 mil estrangeiros

Casos de Sucesso

Volta às origens

por Cléia Schmitz

Readquirida pelos fundadores, a Forno de Minas retoma a receita original do pão de queijo e o caminho dos bons resultados

Minas Gerais, 17 de abril de 2009. O empresário mineiro Helder Mendonça

recebeu uma ligação que mudaria novamente o rumo dos negócios de sua

família. Do outro lado da linha, a General Mills informava que no dia seguinte

faria em Contagem o anúncio do fechamento da fábrica da Forno de Minas, a

mais famosa marca de pão de queijo do Brasil, criada pela família Mendonça

em 1990 e vendida para a multinacional norte-americana em 1999.

A notícia pegou de surpresa os cerca de 500 funcionários da empresa,

demitidos em meio a uma crise mundial que ameaçava respingar no Brasil.

Mas eles não foram os únicos a lamentar o fato. O fechamento da fábrica

entristeceu especialmente Maria Dalva Mendonça, mãe de Helder e dona da

receita do pão de queijo Forno de Minas. Mas foi por pouco tempo. A família

decidiu recomprar a marca, chamou os antigos funcionários de volta e, no final

de junho, retomou a produção.

Comenta-se no mercado que o negócio foi excelente para seus fundadores, ou

seja, que o valor pago pela General Mills em 1999 teria sido muito maior do

que a quantia desembolsada pela família Mendonça e o sócio Vicente Camiloti

em 2009. Helder não comenta sobre esses números, mas admite que a

proposta feita em 1999 foi tentadora. O negócio estava indo muito bem e a

família não pensava em vender a marca. Tanto que não pestanejou em tê-la de

volta.

“Nós tínhamos que fazer isso, não por obrigação, mas porque sabíamos que se

tinha alguém que poderia fazer a Forno de Minas recuperar o seu prestígio,

esse alguém éramos nós”, afirma Helder, presidente da empresa. Dona Dalva,

Page 25: Apostila Empreendedorismo

como é conhecida na empresa, voltou a comandar a produção de seu pão de

queijo. Às vésperas de completar 70 anos, nem pensa em parar. “Minha mãe

rejuvenesceu dez anos com a recompra da marca”, brinca Helder.

A primeira decisão de Dona Dalva foi retomar sua receita, totalmente

modificada nos dez anos em que a Forno de Minas ficou sob o comando da

General Mills. “A receita original leva 20% de queijo. Quando retomamos o

negócio, esse percentual era de 2%. O resto era aroma, ou seja, o que

tínhamos era um aroma-de-queijo”, conta Helder. “Nós sabemos que estamos

remando contra a maré num mercado onde o foco é preço e não qualidade,

mas entendemos que a nossa escolha é a melhor.”

Não foi só queijo que a Forno de Minas perdeu. As vendas caíram

praticamente pela metade entre 1999 e 2009. “Isso numa década em que o

mercado brasileiro cresceu muito”, destaca Helder. Para ele, o fato da marca

líder no segmento ter mudado a receita, comprometendo sua qualidade, fez

com que o mercado fosse nivelado por baixo numa briga frenética por preço. O

resultado é que a categoria pão de queijo caiu como um todo, ou seja, o

consumidor deixou de comprar o produto.

A produção da Forno de Minas, que era de 1,6 mil toneladas/mês em 1999,

caiu para 600 toneladas/mês em 2009. Hoje, está em 1 mil toneladas/mês.

“Temos muito chão pela frente, mas tiramos dez anos de férias, estamos com

muita energia acumulada”, brinca Helder. Os dirigentes da empresa são os

mesmos da época da venda. Dona Dalva é diretora industrial, a filha Hélida

Medonça comanda a diretoria de marketing e Vicente Camiloti, sócio da família

desde 1995, é diretor comercial.

Para aumentar o potencial de investimentos, em meados de 2010 a Forno de

Minas vendeu 29,3% de seu capital para a Mercatto Investimentos. O negócio

permitiu à empresa dar sequência a um ciclo de investimentos de R$ 40

milhões, iniciado em 2009 e com prazo para terminar neste ano. Os recursos

foram aplicados na ampliação das instalações industriais e na expansão do mix

de produtos congelados, tanto para o varejo quanto para o food service

(cafeterias, cantinas, hotéis, etc.).

Page 26: Apostila Empreendedorismo

Com essa estratégia, a Forno de Minas deixou de ser uma fábrica de pão de

queijo para se transformar numa indústria de alimentos. O mix já é composto

por pão de batata, folhados, tortas, empanados e waffles, além de frozen

yogurt. Helder explica que o objetivo é oferecer um amplo mix de produtos para

o food service. “Queremos ser a solução completa em alimentos para nossos

clientes. A ideia é que eles comprem apenas a bebida com outro fornecedor”,

afirma Helder.

Nos primeiros anos após a recompra da marca, a Forno de Minas voltou seus

esforços principalmente para o varejo. A proposta agora é investir mais no

mercado de food service, que tradicionalmente representava 50% do negócio

da empresa. Hoje responde por cerca de 20%. “É um mercado que exige um

trabalho diferente porque não depende só de produtos, mas também de

serviço. Precisamos investir em treinamento do cliente para que ele saiba

preparar os alimentos.”

Os resultados da Forno de Minas desde 2009 mostram que a nova

administração vem acertando em suas estratégias. No ano passado, o

faturamento foi de R$ 110 milhões, quase o dobro de 2010 – R$ 60 milhões. A

projeção para 2012 é de R$ 160 milhões. De acordo com a Nielsen, consultoria

especializada em informações e análises sobre consumo, a empresa detém

40% do mercado de pão de queijo. “Acho que o brasileiro estava com

saudades de comer um bom pão de queijo”, diz Helder.

Brasileiríssimo

Recuperar o mercado nacional não é o único desafio da Forno de Minas. A

marca também está levando a receita de Dona Dalva para outros países. Por

enquanto, o pão de queijo Forno de Minas é vendido nos Estados Unidos,

Portugal e Canadá, mas a América Latina, Europa, Rússia, Coreia do Sul e

Japão estão no foco da empresa. Neste ano, a companhia quer exportar cerca

de 1 mil toneladas do produto, 10% de sua produção total. “Queremos que a

exportação responda por um quarto da produção em dois ou três anos”, afirma

Helder Mendonça, presidente da companhia.

Page 27: Apostila Empreendedorismo

O executivo aposta em dois fatores para conquistar o mercado internacional. O

primeiro é o crescente interesse dos consumidores de mercados como Estados

Unidos e países da Europa por produtos sem glúten e mais caseiros, “sem

estabilizantes, corantes, aromatizantes e aditivantes”, explica Mendonça.

“Existem receitas que mais parecem bulas de remédio. O nosso pão de queijo

é 100% natural: leva queijo, polvilho, manteiga, ovos, óleo e sal. Por isso,

temos conseguido agradar muitos consumidores nesses mercados

considerados mais maduros.”

A outra aposta da Forno de Minas é o próprio sabor do pão de queijo. Produto

típico do Brasil, como a cachaça e a caipirinha, segundo Mendonça ele cai

facilmente no gosto de consumidores com outras culturas. É o que a empresa

tem percebido ao participar de feiras internacionais e nos resultados

apresentados nos mercados onde já atua. “Eu sou muito otimista com o

potencial do pão de queijo como um produto brasileiro de exportação. Acredito

que ele pode ser para o Brasil o que a pizza é para a Itália”, afirma Mendonça.

“E, se depender da Forno de Minas, vai ser.”

Linha do Tempo

1990- A mineira Maria Dalva Mendonça e os filhos Helder e Hélida abrem uma

pequena cafeteria dentro do extinto Shopping Sul, em Belo Horizonte. Logo, o

pão de queijo de Dona Dalva cai no gosto dos clientes e vira o carro-chefe do

negócio.

1991 - A família Mendonça fecha o café, mas abre uma fábrica em Contagem

(MG) para produzir pão de queijo em larga escala com a marca Forno de

Minas. Um ano depois, Vicente Camiloti se junta à empresa para aumentar a

capacidade de investimentos.

1995 - A Forno de Minas inaugura uma nova fábrica em Contagem para

ampliar a produção e ganhar novos mercados pelo Brasil afora. A indústria, que

começou fabricando 90 quilos de pão de queijo por dia, chega ao final da

década com uma produção mensal de 1,6 mil toneladas e a liderança

incontestável no mercado. No mesmo ano, adquire um laticínio em Conceição

Page 28: Apostila Empreendedorismo

do Pará, interior de Minas, com o objetivo de fabricar o queijo e garantir a

qualidade da receita da Forno de Minas.

1999 - A família Mendonça não resiste a uma proposta tentadora da

Pillsbury/General Mills, dona de marcas como Häagen-Dazs, e vende a Forno

de Minas para a multinacional norte-americana. A General Mills entra na guerra

de preços e muda a receita do pão de queijo, que de 20% de queijo passa a

conter apenas 2%. Ao longo dos anos 2000, o produto perde mercado e a

produção cai vertiginosamente, chegando a 600 toneladas ao mês em 2009.

2009 - Em meio à forte crise financeira mundial, desencadeada em 2008, a

General Mills fecha a fábrica da Forno de Minas. Um mês depois,  a família

Mendonça e o sócio Vicente Camiloti (que continuavam administrando o

laticínio adquirido em 1995) compram a Forno de Minas de volta e, em menos

de três meses, reiniciam a produção de pão de queijo com a receita original.

Aos 67 anos, Dona Dalva volta a comandar a produção.

2010 - A Forno de Minas faz uma parceria com o fundo de investimentos

Mercatto, que passa a deter 29,3% do capital da companhia. A proposta é

capitalizar a empresa para deixar de ser uma fábrica de pão de queijo e se

transformar em uma indústria de alimentos com um mix completo de

congelados – tanto para o varejo quanto para o mercado de food service

(cafeterias, cantinas, lanchonetes, hotéis).

2011 - A marca dá início aos lançamentos de novos produtos, como

empanados, tortas, folhados e frozen yogurt. O faturamento quase dobra,

passando de R$ 60 milhões, em 2010, para R$ 110 milhões em 2011.

2012 - A Forno de Minas chega à produção mensal de 1 mil toneladas, detendo

40% do mercado nacional de pão de queijo. Neste ano, a companhia fecha um

ciclo de investimentos que começou em 2009, totalizando R$ 40 milhões. Os

recursos foram utilizados no desenvolvimento dos novos produtos e na

ampliação das fábricas. A Leiteria de Minas aumentará sua capacidade de 150

mil litros/dia para 250 mil litros/dia. A capacidade de produção da Forno de

Minas passará de 2 mil toneladas/mês para 3,5 mil toneladas/mês. A projeção

é de um faturamento de R$ 160 milhões.