empreendedorismo módulo 1 apostila

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Empreendedorismo e Associativismo – Módulo 1 – Profª Cecília Meireles de Sá CEP – CENTRO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DE ITAJUBÁ CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO APOSILA EMPREENDEDORISMO E ASSOCIATIVISMO MÓDULO I Professora Cecília

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Empreendedorismo e Associativismo – Módulo 1 – Profª Cecília Meireles de Sá

CEP – CENTRO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DE ITAJUBÁ

CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO

APOSILA

EMPREENDEDORISMO E

ASSOCIATIVISMO

MÓDULO I

Professora Cecília

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Empreendedorismo e Associativismo – Módulo 1 – Profª Cecília Meireles de Sá

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Empreendedorismo e Associativismo – Módulo 1 – Profª Cecília Meireles de Sá

EMPREENDEDORISMO

“A melhor forma de prever o futuro é criá-lo.” Peter Druker

Alguns homens vêem as coisas como são, e perguntam: "Por quê?“

Eu sonho com as coisas que nunca existiram e pergunto: "Por que não?" Bernard

Shaw

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EMPREENDEDORISMO - CONCEITOS

“Empreendedorismo é o processo de criar algo novo com valor dedicando o tempo e

os esforços necessários, assumindo os riscos financeiros, psíquicos e sociais

correspondentes e recebendo as conseqüentes recompensas da satisfação e

independência econômica e pessoal”.

(HISRICH, 2004, p. 29).

O empreendedor é definido por Dolabela (1999a) como alguém que sabe o que quer

fazer e em que contexto será feito. Ao definir o que vai fazer, ele leva em consideração

seus sonhos, desejos, preferências, o estilo de vida que quer ter. Dedicando-se

intensamente, já que trabalho se confunde com prazer.

“O empreendedor é aquele que faz as coisas acontecerem, se antecipa aos fatos e

tem uma visão futura da organização” (DORNELAS, 2001, p. 15).

“O empreendedor é alguém que acredita que pode colocar a sorte a seu favor; por

entender que ela é produto do trabalho duro”.

(DOLABELA, 1999a, p. 44)

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DESENVOLVIMENTO DO TERMO EMPREENDEDOR

Origina-se do francês “entreupreuner”: significa aquele que está entre ou estar entre.

Idade Média: Participante e pessoa encarregada de projetos de produção em grande

escala.

Século XVII: Pessoa que assumia riscos de lucro (ou prejuízo) em um contrato de valor

fixo com o governo.

1725: Richard Cantillon – pessoa que assume riscos é diferente da que fornece capital.

1803: Jean Baptiste Say – lucros do empreendedor separados dos lucros de capital.

1876: Francis Walker – distinguiu entre os que fornecem fundos e recebiam juros e

aqueles que obtenham lucro com habilidades administrativas.

1934: Joseph Schumpeter – o empreendedor é um inovador e desenvolve tecnologia

que ainda não foi testada. David McClelland – o empreendedor é alguém dinâmico que

corre riscos moderados.

1961: Peter Drucker – o empreendedor maximiza oportunidades.

1964: Albert Shapero – o empreendedor toma iniciativa, organiza alguns mecanismos

sociais e econômicos, e aceita riscos de fracasso.

1975: Karl Vésper – o empreendedor é visto de modo diferente por economistas,

psicólogos, negociantes e políticos.

1980: Gifford Pinchot – o intra-empreendedor é um empreendedor que atua dentro de

uma organização já estabelecida.

1983: Robert Hisrich – o empreendedorismo é o processo de criar algo diferente e com

valor, dedicando o tempo e o esforço necessários, assumindo os riscos financeiros,

psicológicos e sociais correspondentes e recebendo as conseqüentes recompensas da

satisfação econômica e pessoal.

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Empreendedorismo e Associativismo – Módulo 1 – Profª Cecília Meireles de Sá

SÍNDROME DO EMPREGADO

“O único homem que nunca comete erros é aquele que nunca faz coisa alguma...

Não tenha medo de errar, pois você aprenderá a não cometer duas vezes o mesmo erro.”.

Roosevelt

Atualmente já se percebe uma certa tendência nos jovens em desenvolver uma

atividade de forma independente desvinculado do tradicional emprego. Isso significa

uma quebra de paradigma, uma grande mudança em relação às gerações anteriores,

cujo projeto de vida de um jovem era conseguir um emprego no governo ou de

preferência numa multinacional. Essa nova percepção é decorrente da dura realidade

do mundo do trabalho, onde além da oferta de empregos ser reduzida, os baixos

salários e a instabilidade passam a ser a regra. Entretanto, em função dos valores de

nossa sociedade e do nosso sistema educacional, o jovem ainda fica contaminado pela

“síndrome do empregado”. Na maioria dos casos, o jovem não sabe como se inserir

profissionalmente de forma autônoma, empreendedora.

O profissional contaminado por essa “síndrome” necessita de alguém para desenvolver

seu ofício. Alguém que identifique uma necessidade, uma idéia com valor de mercado

e a apresente como problema já formulado, decodificado, à espera de uma solução.

O termo síndrome do empregado nasceu com o personagem "Seu André" do livro O

Segredo de Luísa do autor brasileiro Fernando Dolabela. "Seu André" preocupado em

explicar a ineficácia de grande parte dos empregados da sua indústria, disse: "eles

estão contaminados com a síndrome do empregado".

A síndrome do empregado designa um empregado:

• Desajustado e infeliz, com visão limitada.

• Dificuldade para identificar oportunidades.

• É dependente, no sentido que necessita de alguém para se tornar produtivo.

• Sem criatividade.

• Sem habilidade para transformar conhecimento em riqueza, descuida de outros

conhecimentos que não sejam voltados à tecnologia do produto ou a sua

especialidade.

• Dificuldade de auto-aprendizagem, não é auto-suficiente, exige supervisão e espera

que alguém lhe forneça o caminho.

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• Domina somente parte do processo, não busca conhecer o negócio como um todo:

a cadeia produtiva, a dinâmica dos mercados, a evolução do setor.

• Não se preocupa com o que não existe ou não é feito: tenta entender, especializar-

se a melhorar somente no que já existe.

• Mais faz do que aprende.

• Não se preocupa em formar sua rede de relações, estabelece baixo nível de

comunicações.

• Tem medo do erro, não trata como uma aprendizagem.

• Não se preocupa em transformar as necessidades dos clientes em

produtos/serviços.

• Não sabe ler o ambiente externo: ameaças,

• Não é pró-ativo (Expressão que indica iniciativa, vontade própria e espírito

empreendedor).

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PERFIL DO EMPREENDEDOR

O empreendedor tem como características básicas, o espírito

criativo e pesquisador, através do qual mantém constantes buscas

por novos caminhos e novas soluções, sempre amparada na

identificação das necessidades das pessoas. É capaz de utilizar

seus sentidos para captar do meio aquilo que necessita, possui um

sexto sentido a flor da pele. A utilização da experiência alheia como base para a

solução de novas situações. Todo empreendedor é acima de tudo altamente criativo e

insaciável por coisas novas, para isto é necessário que, muitas vezes, se coloque no

papel dos outros.

O empreendedor...

⇒ Tem um “modelo”, uma pessoa que o influencia.

⇒ Tem iniciativa, autonomia, autoconfiança, otimismo, necessidade de realização.

⇒ Trabalha sozinho. O processo visionário é individual.

⇒ Tem perseverança e tenacidade para vencer obstáculos.

⇒ Considera o fracasso um resultado como outro qualquer, pois aprende com os

próprios erros.

⇒ É capaz de se dedicar intensamente ao trabalho e concentra esforços para alcançar

resultados.

⇒ Sabe fixar metas e alcança-las; luta contra padrões impostos, diferencia-se.

⇒ Tem a capacidade de descobrir nichos.

⇒ Tem forte intuição: como no esporte, o que importa não é o que se sabe, mas o que

se faz.

⇒ Tem sempre alto comprometimento; crê no que faz.

⇒ Cria situações para obter feedback sobre seu comportamento e sabe utilizar tais

informações para o seu aprimoramento.

⇒ Sabe buscar, utilizar e controlar recursos.

⇒ É um sonhador realista: é racional, mas usa também a parte direita do cérebro.

⇒ Cria um sistema próprio de relações com os empregados. É comparado a um “líder

de banda”, que dá liberdade a todos os músicos, mas consegue transformar o

conjunto em algo harmônico, seguindo um objetivo.

⇒ É orientado para resultados, para o futuro, para o longo prazo.

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⇒ Aceita o dinheiro como uma das medidas de desempenho.

⇒ Tece “redes de relações” (contatos, amizades) moderadas, mas utilizadas

intensamente como suporte para alcançar seus objetivos, considera a rede de

relações internas (com sócios, colaboradores) mais importante que a externa.

⇒ Conhece muito bem o ramo em que atua.

⇒ Cultiva a imaginação e aprende a definir visões.

⇒ Traduz seus pensamentos em ações.

⇒ Define o que aprender (a partir do não-definido) para realizar suas visões.

⇒ É pró-ativo: define o que quer e onde quer chegar; depois, busca o conhecimento

para atingir o objetivo.

⇒ Cria um método próprio de aprendizagem: aprende a partir do que faz; emoção e

afeto são determinantes para explicar o seu interesse.

⇒ Aprende indefinidamente.

⇒ Tem alto grau de “internalidade”, que significa a capacidade de influenciar as

pessoas com as quais lida e a crença de que conseguirá provocar mudanças nos

sistemas em que atua.

⇒ Assume riscos moderados: gosta do risco, mas faz tudo para minimizá-lo.

⇒ É inovador e criativo. (Inovação é relacionada ao produto. É diferente da invenção,

que pode não dar conseqüência a um produto).

⇒ Tem alta tolerância à ambigüidade e à incerteza.

⇒ Mantém um alto nível de consciência do ambiente em que vive, usando-a, para

detectar oportunidades de negócios.

OS ELEMENTOS DE SUPORTE

O espírito empreendedor é possibilitado e fortalecido pelo desenvolvimento dos

Elementos de Suporte, conforme definidos por Filion. Como diz o nome, são traços,

características, atitudes ou posturas que sustentam o empreendedor no sonhar e no

buscar a realização do seu sonho. São cinco os elementos de suporte: Conceito de si,

Energia, Liderança, Conhecimento do Setor, Rede de Relações.

Conceito de si: compreende autoconhecimento, auto-imagem, auto-estima, auto-

aceitação, autonomia, espaço de si. Todos esses fatores são essenciais para que uma

pessoa possa sonhar e engajar-se na busca de realização do seu sonho. Ele precisa

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conhecer a si mesmo, suas potencialidades e suas limitações, perceber-se e aceitar-se

como um ser único, reconhecendo suas fraquezas, mas também seu valor. Precisa

desenvolver a consciência de que o outro é a contrapartida da sua própria

individualidade e que nessa relação existem possibilidades e limites. E precisa ocupar

e resguardar um espaço físico e psicológico onde sua identidade pessoal possa se

manifestar, onde ele possa ser quem é.

O conceito de si é a forma segundo a qual a pessoa se vê, a imagem que tem de si

mesma. No conceito de si estão contidos os valores de cada um, sua forma de ver o

mundo, sua motivação, seu espaço psicológico individual. É a principal fonte de

criação, pois as pessoas só realizam algo caso se julguem capazes de fazê-lo. Quase

sempre ele está vinculado aos modelos, pessoas com as quais o indivíduo se identifica.

O conceito de si pode variar em função das relações que estabelecemos, do trabalho

que desenvolvemos, da visão que construímos, do nosso mundo afetivo, das nossas

conquistas e fracassos. O conceito de si irá influenciar fortemente o desempenho do

indivíduo, como também influencia e condiciona o processo de formulação dos sonhos.

Projetamos o futuro com base no que somos.

Energia: compreende iniciativa, criatividade, inovação, ousadia, inconformismo,

dedicação.

Sonhar é apropriar-se do futuro, daquilo que ainda não é. Para buscar o novo, é

necessário não temer a mudança, não ter medo de errar, compreender que sempre há

um jeito de olhar e fazer as coisas de forma diferente, melhor. Para tanto, são

necessários empenho pessoal e o desejo de superar o que está dado.

"Energia diz respeito à gana e à garra com que um indivíduo se envolve e investe em

um projeto, uma situação, um trabalho. Implica no desejo de mudar, fazer diferente,

transformar, melhorar, deixar sua marca. É com base na energia que o empreendedor

terá fôlego para compreender o ambiente em que se passa o seu sonho, estabelecer

as relações necessárias, aprofundar-se nas condições para realização do seu sonho.

É, porém, importante discernir a quantidade da qualidade do trabalho: o indivíduo

empreendedor está sempre aprendendo à medida que reflete sobre a sua prática."

Liderança: compreende protagonismo, autoria, aceitação de riscos, compreensão do

erro como parte de um processo, perseverança. Para buscar a realização do sonho, é

necessário o desejo de fazer, de estar à frente do próprio projeto, de implementar algo

com a própria cara, para isso assumindo riscos, errando, aprendendo, refazendo e

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persistindo. Essa convicção é que permite ao empreendedor transmitir sua

empolgação a outras pessoas e conseguir apoio para o seu projeto.

“Liderança é a capacidade de colocar-se ativamente à frente do próprio projeto, de

assumir riscos e de persistir. Implica em ser capaz de convencer colaboradores de que

podem chegar a um ponto no futuro que será favorável para todos e de que conhece os

meios para isso. Da liderança dependerá a amplitude do que o empreendedor quer

realizar”.

Conhecimento do setor: compreende busca de informação e percepção de

oportunidades.

Até mesmo por uma questão de responsabilidade consigo mesmo, ao definir uma área

de interesse, o empreendedor deve mergulhar de corpo e alma em um processo de

busca de informação sobre aquela área, buscando evidências que possam reforçar o

seu interesse ou negá-lo. No processo de tornar-se um "expert" em uma área de

interesse, e como resultado dele, é que o empreendedor conseguirá enxergar

oportunidades e, dentre essas, localizar aquela com a qual ele mais se identifica, que

lhe desperta paixão. Investir nessa busca de informação sobre uma área potencial de

interesse antes de prosseguir com a tentativa de realização (seja ela uma escolha

profissional, uma aquisição ou um empreendimento) é ser conseqüente, é evitar a

leviandade e a aventura.

"Para se identificar uma oportunidade real, é necessário conhecer a área onde se

pretende atuar, compreender os elementos integrantes do ambiente. Sem este

conhecimento, o processo não passa de uma aventura”.

Compreender o ambiente onde se desenrola o sonho é conhecer tudo que é

necessário ou que possa contribuir para a sua realização. Devem ser analisadas as

condições econômicas, sociais, políticas, legais, tecnológicas, culturais que podem

influenciar na realização do sonho: quais são e como adquirir os conhecimentos

necessários, quais pessoas podem colaborar e como ter acesso a elas, quais

experiências e competências podem contribuir, quais são os recursos, como adquiri-los

e controlá-los. Para isso, o empreendedor procura ler sobre o assunto, conhecer

experiências de terceiros, entrevistar pessoas para obter informações. Ao obter tais

informações, o empreendedor vai alterando a sua idéia inicial, agregando novas

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características e, ao modificar algo em seu sonho, vai atrás de novas pessoas, livros,

revistas, etc.

Rede de relações: compreende consciência de interdependência e busca de

interatividade.

É possível sonhar sozinho. Na busca de realização do sonho, contudo, outras pessoas

estarão envolvidas, pois todos nós vivemos em uma intrincada rede de dependências.

Qualquer produção humana sempre tem inúmeras e invisíveis mãos por trás. Essa

consciência é que dá ao empreendedor a tranqüilidade de buscar ajuda para seu

projeto e parceiros que complementem os aspectos em que ele não possua a

necessária proficiência.

“Rede de relações é o conjunto dos possíveis parceiros na realização do sonho, sejam

pessoas físicas ou jurídicas. Ao iniciar o seu processo visionário, o empreendedor irá

partir em busca de relações que possam contribuir no aprimoramento e realização

dessa visão. Os empreendedores percebem as suas relações como apoios para

melhorar, desenvolver, implementar o seu sonho”.

Para aprofundar-se em seu sonho, procura pessoas obtendo informações, conhecendo

experiências. Ao obter tais informações, o empreendedor vai alterando a sua idéia

inicial, agregando novas características, mudando alguma coisa. Ao modificar algo em

seu sonho, vai atrás de novas pessoas. É um processo contínuo de conquista de novas

relações, que irão contribuir para o desenvolvimento do formato inicial do sonho.

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CARACTERÍSTICAS DO EMPREENDEDOR

O empreendedor é aquela pessoa capaz de transformar seu sonho ou

idéia em realidade rentável. Para isso ele necessita de um conjunto de

habilidades ou características pessoais que devem estar em constante

desenvolvimento e aperfeiçoamento.

Conheça as principais características do empreendedor:

AUTOCONFIANÇA: ter consciência do próprio valor, sentir-se seguro em relação a si

mesmo para agir com firmeza e tranqüilidade.

AUTOMITIVAÇÃO: busca da realização pessoal pelo trabalho, com entusiasmo e

independência.

ASUMIR RISCOS: É a atitude de coragem de superar o medo, de trilhar caminhos

incertos, mantendo a chama da esperança acesa. Saber calcular riscos e ousar

enfrentar o novo. Aqui, é colocada em xeque nossa autoconfiança e nossa

autodeterminação.

COMUNICAÇÃO: capacidade de transmitir idéias, pensamentos, emoções com clareza

e objetividade.

IDENTIFICAR OPORTUNIDADES: ficar atento e perceber, no momento certo, as

oportunidades que o mercado oferece e reunir as condições propícias para a realização

de um bom negócio.

DETERMINAÇÃO: o empreendedor deve definir metas e consequentemente tentar

atingi-las, sempre com um espírito positivo, sem se deixar abater por algo que corra

mal.

EFICIÊNCIA: o que o empreendedor faz, fá-lo o melhor que sabe e pode.

CRIATIVIDADE: capacidade para procurar soluções viáveis e adequadas na solução

de problemas.

ORGANIZAÇÃO: ter capacidade de utilizar recursos humanos, materiais – financeiros e

tecnológicos – de forma racional.

ENERGIA: força vital que comanda as ações do indivíduo (“pique”).

FLEXIBILIDADE: capacidade para compreender situações novas, disponibilidade para

mudar posturas e aprender.

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INICIATIVA: propensão para agir de maneira oportuna e adequada em relação à

realidade, apresentando soluções, influenciando acontecimentos e antecipando-se às

situações.

TRABALHAR COM METAS: ter metas bem estabelecidas permita ao empreendedor

maior controle do negócio e pró-atividade na busca de soluções para correção de rotas.

COMPROMETIMENTO: comprometer-se com o negócio é fundamental.

INTEGRIDADE: qualidade ligada à retidão de princípios, imparcialidade, honestidade,

coerência e comprometimento (com as pessoas, com o negócio e consigo mesmo).

LIDERANÇA: habilidade para mobilizar as energias de um grupo de forma a atingir

objetivos numa parceria que estimule o amadurecimento das pessoas, em um clima de

motivação e moral elevados.

NEGOCIAÇÃO: capacidade de fazer acordos cooperativos como meio de obter

harmonia de interesses entre as partes envolvidas.

PERSEVERANÇA: constância nos propósitos, porém sem perder a objetividade e

clareza diante das situações (percepção dos limites).

PERSUASÃO: habilidade para apresentar idéias e/ou argumentos de maneira

convincente.

PLANEJAMENTO: capacidade para estruturar o meio ambiente, analisar recursos e

condições existentes, buscando uma visão de longo prazo dos rumos a seguir para

alcançar os objetivos.

RELACIONAMENTO INTERPESSOAL: convivência e interação adequada com outras

pessoas.

RESISTÊNCIA À FRUSTRAÇÃO: capacidade de suportar situações de não satisfação

de necessidades pessoais ou profissionais, sem se comportar de maneira derrotista,

negativa ou confusa.

SENSIBILIDADE ADMINISTRATIVA: capacidade de perceber, identificar e avaliar

variações diversas nas pessoas, no ambiente e nos processos para interferir de

maneira oportuna e buscar soluções adequadas para a prevenção ou, eventualmente,

resolução de problemas.

CAPACIDADE DE TRABALHO EM EQUIPE: o empreendedor cria equipe, delega,

acredita nos outros e obtém resultados por meio de outros indivíduos.

CONHECIMENTOS TÉCNICOS: para ser um empreendedor não basta possuir

características empreendedoras; é preciso adquirir conhecimentos técnicos, daí que a

formação em empreendedorismo seja fundamental para um empreendedor adquirir

e/ou melhorar os seus conhecimentos.

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CONTROLE: o empreendedor acredita que a sua realização depende de si mesmo e

não de forças externas sobre as quais não tem controle. Ele vê-se com capacidade

para se controlar a si mesmo e para influenciar o meio de tal modo que possa atingir os

seus objetivos.

O empreendedorismo é um comportamento e não um traço de personalidade. Isso quer

dizer que as pessoas podem e devem aprender a agir de forma empreendedora. Não

existe um ser humano que reúna todas as características e atitudes empreendedoras

em alto nível e perfeito equilíbrio. Se você quer ser um empreendedor de sucesso,

desenvolva algumas atitudes e traga para sua convivência pessoas que possuam as

características complementares e favoráveis ao seu desenvolvimento.

“A diferença entre os empreendedores

e os loucos é que os empreendedores

conseguem comunicar com paixão a

sua loucura.” (Anita Roddick)

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TIPOS DE EMPREENDEDORES

Tipo 1 – Empreendedor Nato

Geralmente são os mais conhecidos e aclamados. Suas histórias são brilhantes e,

muitas vezes, começam do nada e criam grandes impérios. Começam a trabalhar

muito jovens e adquirem habilidade de negociação e de vendas. Em países ocidentais,

esses empreendedores natos são, em sua maioria, imigrante ou seus pais e avós o

foram. São visionários, otimistas, estão à frente do seu tempo e comprometem-se

100% para realizar seus sonhos. Suas referencias e exemplos a seguir são os valores

familiares e religiosos, e eles mesmos acabam por se tornar uma grande referencia.

Se você perguntar a um empreendedor nato quem ele admira será comum lembrar-se

da figura paterno-materna ou algum familiar mais próximo. Ex. Assis Gurgacz, Pedro

Mufatto, Bill Gates.

Tipo 2 – O Empreendedor que aprende (inesperado)

Este tipo de empreendedor tem sido muito comum. É normalmente uma pessoa que,

quando menos esperava, se deparou com uma oportunidade de negócio e tomou a

decisão de mudar o que fazia na vida para se dedicar ao negócio próprio. É uma

pessoa que nunca pensou em ser empreendedor, que antes de se tornar um via a

alternativa de carreira em grandes empresas como a única possível. O momento de

disparo ou de tomada de decisão ocorre quando alguém o convida para fazer parte de

uma sociedade ou ainda quando ele próprio percebe que pode criar um negocio

próprio. Geralmente demora um pouco para tomar a decisão de mudar de carreira, a

não ser que esteja em situação de perder o emprego ou já tenha sido demitido. Antes

de se tornar empreendedor, acreditava que não gostava de assumir riscos. Tem de

aprender a lidar com as novas situações e se envolver em todas as atividades de um

negócio próprio.

Tipo 3 – O empreendedor Serial (Cria Novos Negócios)

O Empreendedor serial é aquele apaixonado não apenas pelas empresas que cria,

mas principalmente pelo ato de empreender. É uma pessoa que não se contenta em

criar um negócio e ficar à frente dele até que se torne uma grande corporação. Como

geralmente é uma pessoa dinâmica, prefere os desafios e a adrenalina envolvidos na

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Empreendedorismo e Associativismo – Módulo 1 – Profª Cecília Meireles de Sá

criação de algo novo a assumir uma postura de executivo que lidera grandes equipes.

Normalmente está atento a tudo o que ocorre ao seu redor e adora conversar com as

pessoas, participar de eventos, associações, fazer networking. Geralmente tem uma

habilidade incrível de montar equipes, motivar o time, captar recursos para o início do

negócio e colocar a empresa em funcionamento. Sua habilidade maior é acreditar nas

oportunidades e não descansar enquanto não as vir implementadas. Ao concluir um

desafio, precisa de outros para se manter motivado. As vezes se envolve em vários

negócios ao mesmo tempo e não é incomum ter várias histórias de fracasso. Mas

estas servem de estímulo para a superação do próximo desafio.

Tipo 4 – O empreendedor Corporativo

O Empreendedor Corporativo tem ficado mais em evidencia nos últimos anos, devido à

necessidade das grandes organizações de se renovar, inovar e criar novos negócios.

São geralmente executivos muito competentes, com capacidade gerencial e

conhecimento de ferramentas administrativas. Trabalham de olho nos resultados para

crescer no mundo corporativo. Assumem riscos e tem o desafio de lidar com a falta de

autonomia, já que nunca terão o caminho 100% livre para agir. São hábeis

comunicadores e vendedores de suas idéias. Desenvolvem seu networking dentro e

fora da organização. Convencem as pessoas a fazerem parte de seu time, mas sabem

reconhecer o empenho da equipe. Sabem se autopromover e são ambiciosos. Não se

contentam em ganhar o que ganham e adoram planos com metas ousadas e

recompensas variáveis. Se saírem da corporação para criar o próprio negócio pode ter

problemas no inicio, já que estão acostumados com as regalias e o acesso a recursos

do mundo corporativo.

Tipo 5 – Empreendedor Social

O empreendedor social tem como missão de vida construir um mundo melhor para as

pessoas. Envolve-se em causas humanitárias com comprometimento singular. Tem

um desejo imenso de mudar o mundo criando oportunidades para aqueles que não

têm acesso a elas. Suas características são similares às dos demais empreendedores,

mas a diferença é que se realizam vendo seus projetos trazerem resultados para os

outros e não para si próprios. De todo os tipos de empreendedores é o único que não

busca desenvolver um patrimônio financeiro, ou seja, não tem como um de seus

objetivos ganhar dinheiro. Prefere compartilhar seus recursos e contribuir para o

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Empreendedorismo e Associativismo – Módulo 1 – Profª Cecília Meireles de Sá

desenvolvimento das pessoas.

Tipo 6 - O Empreendedor por Necessidade

O empreendedor por necessidade cria o próprio negocio porque não tem alternativa.

Geralmente não tem acesso ao mercado de trabalho ou foi demitido. Não resta outra

opção a não ser trabalhar por conta própria. Geralmente se envolve em negócio

informal, desenvolvendo tarefas simples, prestando serviços e conseguindo como

resultado pouco retorno financeiro. É um grande problema social para os países em

desenvolvimento, pois apesar de ter iniciativa, trabalhar arduamente e buscar de

todas as formas a sua sobrevivência e a dos seus familiares, não contribui para o

desenvolvimento econômico. Na verdade, os empreendedores por necessidade são

vitimas do modelo capitalista atual, pois não tem acesso a recursos, à educação e às

mínimas condições para empreender de maneira estruturada. Suas iniciativas

empreendedoras são simples, pouco inovadoras, geralmente não contribuem com

impostos e outras taxas, e acaba por inflar as estatísticas empreendedoras de países

em desenvolvimento, como o Brasil. Sua existência em grande quantidade é um

problema social que, no caso brasileiro, ainda está longe de ser resolvido.

Tipo 7 - O empreendedor Herdeiro (Sucessão Familiar)

O empreendedor herdeiro recebe logo cedo à missão de levar à frente o legado de sua

família. Empresas familiares fazem parte da estrutura empresarial de todos os paises,

e muitos impérios foram construídos nos últimos anos por famílias empreendedoras,

que mostraram habilidade de passar o bastão a cada nova geração. Mais

recentemente, porém, tem ocorrido a chamada profissionalização da gestão de

empresas familiares, através da contratação de executivos de mercado para a

administração da empresa e da criação de uma estrutura de governança corporativa,

com os herdeiros opinando no conselho de administração e não necessariamente

assumindo cargos executivos na empresa. O desafio do empreendedor herdeiro é

multiplicar o patrimônio recebido. Isso tem sido cada vez mais difícil. O empreendedor

herdeiro aprende a arte de empreender com exemplos da família, e geralmente segue

seus passos. Muitos começam bem cedo a entender como o negócio funciona e a

assumir responsabilidade na organização, e acabam por assumir cargos de direção

ainda jovens. Alguns têm senso de independência e desejo de inovar, de mudar as

regras do jogo. Outros são conservadores e preferem não mexer no que tem dado

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certo. Esses extremos, na verdade, mostram que existem variações no perfil do

empreendedor herdeiro. Mais recentemente, os próprios herdeiros e suas famílias,

preocupados com a futura de sues negócios, têm optado por buscar mais apoio

externo, através de cursos de especialização, MBA, programas especiais voltados

para empresas familiares.

Tipo 8 - O Empreendedor Normal (Planejado)

Toda teoria sobre empreendedorismo de sucesso sempre apresenta o planejamento

como uma das mais importantes atividades desenvolvidas pelos empreendedores. E

isso tem sido comprovado nos últimos anos, já que o planejamento aumenta a

probabilidade de um negócio ser bem sucedido e, em conseqüência, levar mais

empreendedores a usarem essa técnica para garantir melhores resultados. O

empreendedor que “faz a lição de casa”, que busca minimizar riscos, que se preocupa

com os próximos passos do negócio, que tem uma visão de futuro clara e que trabalha

em função de metas é o empreendedor aqui definido como o “normal” ou planejado.

Então o empreendedor normal seria o mais completo do ponto de vista da definição de

empreendedor e o que a teria como referencia a ser seguida, mas que na pratica ainda

não representa uma quantidade considerável de empreendedores. No entanto, ao se

analisar apenas empreendedores bem sucedidos, o planejamento aparece como uma

atividade bem comum nesse universo específico, apesar de muitos dos bem-

sucedidos também não se encaixarem nessa categoria.

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Empreendedorismo e Associativismo – Módulo 1 – Profª Cecília Meireles de Sá

EMPREENDEDORISMO NO BRASIL

No Brasil, o empreendedorismo começou a ganhar força na década de 1990, durante a

abertura da economia. A entrada de produtos importados ajudou a controlar os preços,

uma condição importante para o país voltar a crescer, mas trouxe problemas para

alguns setores que não conseguiam competir com os importados, como foi o caso dos

setores de brinquedos e de confecções, por exemplo. Para ajustar o passo com o resto

do mundo, o país precisou mudar. Empresas de todos os tamanhos e setores tiveram

que se modernizar para poder competir e voltar a crescer. O governo deu início a uma

série de reformas, controlando a inflação e ajustando a economia, em poucos anos o

País ganhou estabilidade, planejamento e respeito. A economia voltou a crescer. Só no

ano 2000, surgiu um milhão de novos postos de trabalho. Investidores de outros países

voltaram a aplicar seu dinheiro no Brasil e as exportações aumentaram. Juntas essas

empresas empregam cerca de 40 milhões de trabalhadores.

No Brasil, “a falta de uma ideologia do trabalho como valor positivo e como mecanismo

efetivo de ascensão social” faz com que se duvide “da capacidade do indivíduo de

moldar a realidade de acordo com a sua visão do mundo, por sua determinação e

esforço”. Portanto, essa energia não costuma ser proativa, mas de sobrevivência

passiva.

A idealização dos nossos heróis é uma confirmação da acomodação fatalista, quando

se diz que o brasileiro é “antes de tudo um forte”; ou “ triste” como o jeca Tatu; ou “

astucioso, alegre e irreverente” como Macunaíma. Herança dos valores da cultura

ibérica, a dignidade e o status, entre nós estavam vinculados mais à ociosidade do que

à ocupação. Sérgio Buarque de Holanda, em Raízes do Brasil, diz que “uma digna

ociosidade sempre pareceu mais nobilitante a um português ou a um espanhol que a

luta insana pelo pão de cada dia”. Além disto, o trabalho foi vinculado à imagem do

escravo, levando o homem livre a evitá-lo.

Que ações devem ser tomadas para que as iniciativas empreendedoras no Brasil

tenham sucesso? Fatores Sociais e Culturais incentivando a criação de novas

empresas. Por isso, devemos repensar alguns valores, como a valorização do

emprego, a estabilidade financeira e a formação universitária, autonomia,

independência, capacidade de gerar o próprio emprego, de inovar e gerar riqueza,

capacidade de assumir riscos e de crescer em ambientes instáveis.

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Empreendedorismo e Associativismo – Módulo 1 – Profª Cecília Meireles de Sá

CULTURA EMPREENDEDORA

Cultura (do latim cultura, cultivar o solo, cuidar) é um conceito desenvolvido

inicialmente pelo antropólogo Edward Burnett Tylor para designar o todo complexo e

metabiológico criado pelo homem. São práticas e ações sociais que seguem um

padrão determinado no espaço. Refere-se a crenças, comportamentos, valores,

instituições, regras morais que permeiam e identificam uma sociedade. Explica e dá

sentido à cosmologia social; É a identidade própria de um grupo humano em um

território e num determinado período.

Cultura se refere a toda atividade humana, seja ela cognitiva, afetiva, motora, sensorial,

uma vez que todo comportamento humano é

simbólico. Cultura é aprendida, transmitida e

partilhada (SROUR, 1998). Para este trabalho deve-

se entender cultura como o equivalente à dimensão

simbólica da coletividade. Não é apenas expressões

artísticas de um povo e nem como representação do

todo de uma sociedade. Para Santos (1998) cultura é

“tudo aquilo que caracteriza a existência social de um povo ou uma nação, ou então de

grupos no interior de uma sociedade”. São os “conhecimentos, as idéias e crenças,

assim como as maneiras que eles existem na vida social”.

A cultura é dinâmica, está em constante mudança, a todo momento incorpora novos

significados criados pelas pessoas por meio das relações sociais. Outra característica

importante para a compreensão do conceito é que a cultura também cria limites de

identificação entre si. Sendo assim, pode-se intencionalmente criar novos valores,

crenças e formas de convivência que levem à construção de uma nova cultura numa

sociedade.

Nesse caso, torna-se possível estimular o desenvolvimento de atitudes

empreendedoras e valorizar o espírito empreendedor das pessoas criativas, arrojadas

e inovadoras. É evidente que este processo é complexo, passa pela dimensão pessoal,

social e institucional, a clareza dos elementos facilitadores e dos elementos que

bloqueiam uma mudança cultural deve ser parte da reflexão pedagógica para uma

educação empreendedora. Para Dolabela (2002) obstáculos culturais existentes na

nossa sociedade tais como: fracasso como estigma, o valor negativo atribuído ao

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trabalho e o baixo nível de capacitação empreendedora precisam ser superados por

não serem favoráveis ao espírito empreendedor.

A cultura consolida as representações imaginárias, os símbolos, as convicções sociais

e os saberes que se manifestam nas práticas cotidianas. É necessário um processo de

mudança de princípios, valores e normas sociais sustentada culturalmente para que a

atitude empreendedora seja propositiva, e não reativa a problemas socioeconômicos e

aos desafios sociais, é importante conhecer os elementos capazes de facilitar ou

dificultar uma ação educacional voltada para o empreendedorismo para provocar uma

transformação cultural.

ALGUMAS RAZÕES PARA DISSEMINAR A CULTURA EMPREENDEDORA:

Auto-realização - Pesquisas indicam que o empreendedorismo oferece graus elevados

de realização pessoal. Por ser a exteriorização do que se passa no âmago de uma

pessoa e por receber o empreendedor com todas as suas características pessoais, a

atividade empreendedora faz com que trabalho e prazer andem juntos.

Estimular o desenvolvimento - Tudo leva a crer que o desenvolvimento econômico seja

função do grau de empreendedorismo de uma comunidade. As condições ambientais

favoráveis ao desenvolvimento precisam de

empreendedores que as aproveitem e que, através de

sua liderança, capacidade e de seu perfil, disparem e

coordenem o processo de desenvolvimento, cujas

raízes estão, sobretudo, em valores culturais, na forma de ver o mundo. O

empreendedor cria e aloca valores para indivíduos e para sociedade, ou seja, é fator de

inovação tecnológica e crescimento econômico.

Influenciar o desenvolvimento local - Existe relação entre o empreendedorismo e o

desenvolvimento econômico local? Até o fim dos anos 1970, o Estado e as grandes

empresas eram considerados os únicos suportes econômicos relevantes para a

sociedade. Nos anos 80, alguns fatores como: o endividamento crescente dos

governos, o aumento da concorrência dos mercados e sua mundialização, a utilização

intensiva de tecnologia nos processos produtivos – transformaram este panorama,

delineando uma nova organização econômica. As grandes empresas passaram a

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produzir mais com menos empregados; os governos buscaram diminuir os seus déficits

através de cortes e redimensionamento de seus quadros de pessoal. A partir daí, as

fortes criadoras de empregos passaram a ser as pequenas e médias empresas PME,

que não mais se restringiram ao mercado local ou regional, mas começaram a

concorrer no mercado internacional. Uma das características das PME é a sua

dependência de comunidade local, que poderá ou não estar dotada de fatores

importantes de aceleração do desenvolvimento, como ambiente favorável ao

empreendedorismo, a vontade comunitária de implementação de uma rede de

negócios, instituições de apoio, facilidades para obtenção de financiamentos, etc.

Apoiar a pequena empresa - A nova organização da produção no mundo coloca a

pequena e a média empresa em seu centro. Elas são

responsáveis pelas taxas crescentes de emprego, de

inovação tecnológica, de participação no PIB e de exportação.

A pequena empresa surge em função da existência de nichos

mercadológicos, ou seja, lacunas de necessidades não

atendidas pelas grandes empresas e pela produção de massa. Por isto, seu

nascimento está intimamente ligado a criatividade: o empreendedor tem que perceber o

mercado de forma diferenciada, ver o que os demais não percebem.

Ampliar a base tecnológica - As empresas de base tecnológicas

surgem no final do século 20 como uma das principais forças

econômicas. Pesquisadores professores e alunos de universidades

apresentam alto potencial para a criação de novos

empreendimentos baseados no conhecimento.

Responder ao desemprego - Em uma economia movida pelas grandes empresas e

pelo Estado, nada mais natural do que formar empregados. Este modelo, dirigido à

criação de empregados para as grandes empresa, cumpriu sua missão. Esgotou-se,

porém, diante das profundas alterações nas relações de trabalho e na produção. Ao ter

seu eixo deslocado para os pequenos negócios, as sociedades se vêem induzidas

agora a formar empregadores, pessoas com uma nova atitude diante do trabalho e com

uma nova visão do mundo.

Regras da falência - A regra é falir e não ter sucesso. A quantidade de empresas que

fecham prematuramente, ou seja, a mortalidade infantil entre empresas nascentes é

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elevada em todo o mundo. Apesar das estatísticas apresentarem falhas – pois

registram o fechamento de empresas, mas não acompanham o empreendedor, que

poderá estar abrindo outro negócio -, não há como negar que uma descomunal energia

e incalculáveis recursos são desperdiçados por novos empreendedores. O aprendizado

na área tem o objetivo de reduzir esses índices, de dar elementos ao pré-

empreendedor sobre sua empresa antes de abri-la, através do Plano de Negócios,

fundamentando uma decisão. De cada três empresas criadas, duas fecham as portas.

As pequenas empresas (menos de 100 empregados) são as que mais fracassam, 99%

das falências são de pequenos negócios.

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INTRAEMPREENDEDORISMO

Intraempreendedorismo é a versão em português da expressão intrapreneur, que

significa empreendedor interno, ou seja empreendedorismo dentro dos limites de uma

organização já estabelecida.

O conceito de intra-empreendedorismo foi estabelecido há duas décadas, mas as

empresas não estavam dispostas a dar aos empregados a

liberdade para criar e, conseqüentemente, errar e oferecer-

lhes um orçamento para financiar inovação, além do mais não

queriam arcar com os custos dos erros que inevitavelmente

acontecem no percurso. Hoje esse conceito já está muito

difundido e valorizado nas organizações. O intra-

empreendedorismo (intrapreneuring) é um sistema

revolucionário para acelerar as inovações dentro de grandes empresas, através do uso

melhor dos seus talentos empreendedores. É um sistema que oferece uma maneira

saudável para se reagir aos desafios empresariais do novo milênio. (Exli - Excelência

em intra-empreendedorismo - consultores credenciados pela ONU – Organizações das

Nações Unidas).

⇒ Diferenças entre Empreendedor e Intra-empreendedor:

Uma das grandes diferenças entre o empreendedor e as outras pessoas que trabalham

em organizações é que ele define o objeto que vai determinar seu próprio futuro (

Filion, apud FARAH, 2001, pg.358) e com freqüência é considerado uma pessoa que

sabe identificar as oportunidades de negócios, os nichos de mercado e que sabe se

organizar para progredir.

O empreendedor é pró-ativo, inovador, é motivado pela liberdade de ação, ele arregaça

as mangas, colabora no trabalho dos outros. O empreendedor tem mais faro para os

negócios que para habilidades gerenciais ou políticas, ele tem como centro de

interesse, principalmente, a tecnologia e o mercado, o erro e o fracasso são ocasiões

para aprender alguma coisa, ele segue a própria visão, toma suas próprias decisões e

privilegia a ação em relação à discussão e, se o sistema não o satisfaz, ele o rejeita

para construir o seu. O intra-empreendedor é motivado tanto pela liberdade de ação

quanto pelo acesso aos recursos organizacionais, ele é motivado, mas sensível às

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recompensas organizacionais; quanto às atividades, ele pode delegá-las, mas também

coloca a mão na massa quando necessário; quanto à competência ele é parecido com

o empreendedor, mas utiliza certa habilidade política. Ele se interessa por tudo que

acontece dentro e fora da empresa e compreende as necessidades do mercado, ele

dissimula os projetos de risco para não macular a imagem de qualidade e da empresa.

Quanto às decisões, ele é mestre na arte de convencer os outros da boa

fundamentação da sua visão, ele é orientado para a ação, mas pronto para o

compromisso e, finalmente, ele acomoda-se ao sistema ou o leva ao curto-circuito sem

o abandonar.( DOLABELA, 1999)

Para os especialistas ouvidos pelo site empregos.com o intra-empreendedor é um

profissional que apresenta características que o faz diferente dos demais: ele tem

atitude de dono na empresa, olhando não apenas para o seu departamento, mas para a

companhia como um todo; ele tem paixão pelo que faz, pelo seu trabalho e pela

empresa onde ele trabalha incluindo acreditar no negócio e ter a sensação de que a

experiência está valendo a pena; ele tem habilidade de implantar projetos com começo,

meio e fim; é persistente, sabendo que faz de tudo para que o negócio dê certo e

dissemina a idéia para os outros colaboradores atuando como líder da equipe e

encorajando-os a continuar; ele tem prazer em ensinar aos outros o que sabe, gerando

efeito cascata e formando outros executivos

empreendedores, pois é quase impossível uma empresa

funcionar com apenas um empreendedor; o intra-

empreendedor, assim como o empreendedor, também é

pró-ativo e se antecipa ao futuro, ele tem a capacidade

de ver na crise uma oportunidade de crescimento e

aprendizado e ainda, ele se excede aos limites, vai além

do pré-estabelecido e realmente faz acontecer.

⇒ Diferenças entre Empreendedor e o Administrador:

Uma das grandes diferenças entre o empreendedor e as pessoas que trabalham em

organizações é que o empreendedor define o objeto que vai determinar seu próprio

futuro (Filion, 1999). Ou seja, apesar das similaridades nas funções empreendedoras e

administradoras, conceituadas desde a abordagem clássica pelos atos de planejar,

organizar, dirigir e controlar existe o diferencial visionário característico dos

empreendedores.

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Por essa característica, o empreendedor direciona as atividades para o aspecto

estratégico das organizações, enquanto o administrador limita e coordena as atividades

diárias. Segundo Dornelas (2001), “as diferenças entre os domínios empreendedor e

administrativo podem ser comparadas em cinco dimensões distintas de negócio:

orientação estratégia, análise das oportunidades, comprometimento dos recursos,

controle dos recursos e estrutura gerencial”. Conforme detalhado no quadro abaixo:

Domínio Empreendedor Domínio Administrativo

Pressões nessa direção Dimensões-chave do negócio Pressões nessa direção

Mudanças Rápidas:

⇒ • Tecnológicas ⇒ • Valores sociais ⇒ • Regras políticas

Dirigido pela percepção de oportunidades

Orientação estratégica

Dirigido pelos recursos atuais

sob controle

Critérios de medição de desempenho; sistemas e ciclos de planejamento.

Orientações para ação; decisões rápidas; gerenciamento de risco.

Revolucionário com curta duração

Análise das oportunidades

Revolucionário de longa duração

Reconhecimento de várias alternativas;

negociação da estratégia; redução do risco.

Falta de previsibilidade das necessidades; falta de controle exato; necessidade de aproveitar mais oportunidades; pressão por mais eficiência.

Em estágios periódicos com mínima utilização em cada estágio

Comprometimento dos recursos

Decisão tomada passo a passo,

com base em um orçamento.

Redução dos riscos pessoais; utilização de

sistemas de alocação de capital e de

planejamento formal.

Risco de obsolescência; necessidade de flexibilidade.

Uso mínimo dos recursos existentes ou aluguel dos recursos extras necessários

Controle dos recursos

Habilidade no emprego dos

recursos

Poder, status e recompensa financeira; medição da eficiência; inércia e alto custo das mudanças; estrutura da

empresa.

Coordenação das áreas-chave de difícil controle; desafio de legitimar o controle da propriedade; desejo dos funcionários de serem independentes.

Informal, com muito relacionamento pessoal.

Estrutura gerencial Formal, com respeito à hierarquia.

Necessidade de definição clara de

autoridade e responsabilidade; cultura organizacional; sistemas de recompensa; inércia

dos conceitos administrativos.

Quadro 1: Comparação dos domínios empreendedores e administrativos (adaptado de Hisrich, 1986). Fonte: Dornelas (2001, p. 34 e 35).

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Conforme se percebe a partir do quadro, um empreendedor está sempre com foco em

futuro e o administrador, principalmente no presente, seria impossível escolher um

destes perfis como melhor que o outro, afinal o ideal é que todo administrador seja

empreendedor e vice-versa, porém isso nem sempre se faz necessário, depende da

posição que o sujeito ocupa numa empresa, do ideal de vida, do planejamento para

seu patrimônio entre outras motivações. E ainda, de acordo com o quadro, o

empreendedor privilegia as pessoas como fonte de obtenção de resultado, ao contrário

o administrador privilegia regras e procedimentos. A palavra estratégia define bem o

empreendedor e para definir administrador seria planejamento e controle.

No Quadro 2 encontra-se uma comparação entre as características de um

empreendedor e de um gerente tradicional. É importante lembrar que a difusão da

necessidade de empreender é muito recente.

Temas Gerentes Tradicionais Empreendedores

Motivação principal Promoção e outras recompensas tradicionais da corporação, como secretária, status, poder etc.

Independência, oportunidade para criar algo novo, ganhar dinheiro

Referência de tempo Curto prazo, gerenciando orçamentos semanais, mensais etc. e com horizonte de planejamento anual

Sobreviver e atingir cinco a dez anos de crescimento do negócio

Atividade Delega e supervisiona Envolve-se diretamente

Status Preocupa-se com o status e como é visto na empresa

Não se preocupa com o status

Como vê o risco Com cautela Assume riscos calculados

Falhas e erros Tenta evitar erros e surpresas Aprende com erros e falhas

Decisões Geralmente concorda com seus superiores

Segue seus sonhos para tomar decisões

A quem serve Aos outros (superiores) A si próprio e a seus clientes

Histórico familiar Membros da família trabalharam em grandes empresas

Membros da família possuem pequenas empresas ou já criaram algum negócio

Relacionamento com outras pessoas

A hierarquia é a base do relacionamento As transações e acordos são a base do relacionamento

Quadro 2: Comparação entre gerentes tradicionais e empreendedores (Hisrich, 1998) Fonte: Dornelas (2001. p. 36).

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EMPREENDEDORISMO SOCIAL

A palavra “empreendedor” não se limita à área de

negócios. Veio da língua francesa e significa “alguém

que se encarrega ou se compromete com um projeto ou

atividade significante”. A palavra foi associada aos

indivíduos que estimularam o crescimento econômico

por encontrarem diferentes e melhores maneiras de

fazer as coisas. Em vez do tipo do empreendimento que o individuo tem, a palavra

descreve uma postura, comportamento e conjunto de qualidades. Empreendedores

vêem possibilidades, e não problemas, para provocar mudanças na sociedade e não se

limitam aos recursos que têm num momento.

Empreendedores sociais têm características semelhantes aos empreendedores de

negócios, mas possuem uma missão social onde o objetivo final não é a geração de

lucro, mas o impacto social; são os agentes de

transformação no setor social. Não se contentam em

atuar apenas localmente. São extremamente

visionários e pensam sempre em inspirar a sociedade

com as suas idéias e como coloca-las em prática. São

persistentes e, ao invés de desistir ao enfrentar um

obstáculo, os empreendedores sociais se perguntam “como posso ultrapassar este

obstáculo?” e seguem com determinação suas respostas.

Empreendedores são inovadores. Eles criam novos paradigmas e são pioneiros de

novas abordagens. Isto não significa que criem algo completamente novo. Muitas

vezes, transformam algumas idéias já existentes; utilizam a criatividade para

aperfeiçoar ou reinventar processos. É um processo criativo e contínuo de explorar,

aprender e melhorar.

Embora o termo seja relativamente recente, o empreendedorismo social é uma

atividade antiga com vários exemplos ao longo da história. Durante os séculos XIX e

XX, os empreendedores sociais mais bem sucedidos promovendo avanços quanto à

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Empreendedorismo e Associativismo – Módulo 1 – Profª Cecília Meireles de Sá

serviços públicos como saúde e educação junto à sociedade civil, ao governo e ao

mundo de negócios.

Um empreendedor social é um "indivíduo com experiência na área social,

desenvolvimento comunitário ou de negócios, que persegue uma visão de

empoderamento econômico através da criação de empreendimentos sociais voltados

para prover oportunidades àqueles que estão à margem ou fora da economia de um

país". (Jed Emerson e Fay Twersky, editores do livro "New

Social Entrepreneurs: the success, challenge and lessons of Non-Profit Enterprise

creation" (The Roberts Foundation, São Francisco, 1996)

Empreendedores sociais são como empresários nos métodos que eles utilizam, mas

eles são motivados por objetivos sociais ao invés de benefícios materiais... Sua grande

habilidade é que eles, com freqüência, fazem as coisas a partir de quase nada, criando

formas inovadoras de promoção de bem estar, saúde, habitação, que são tanto de

baixo custo, quanto efetivas se comparadas aos serviços governamentais tradicionais.

(Charles Leadbeater, autor de "The rise of the Social Entrepreneur" (Demos,

Inglaterra).

Empreendedores sociais são executivos do setor sem fins lucrativos que prestam maior

atenção às forças do mercado sem perder de vista suas missões (sociais) e são

orientados por um propósito duplo: empreender projetos que funcionam e são

disponíveis às pessoas e se tornar menos dependentes do governo e da caridade. (The

National Center for Social Entrepreneurs)

O empreendedor social visa a maximização do capital social (relações de confiança e

respeito) existente para realizar mais iniciativas,

programas e ações que permitam para uma comunidade,

cidade ou região se desenvolverem de maneira

sustentável. Ele faz esses avanços disseminando

tecnologias produtivas, aumentando a articulação de

grupos produtivos e estimulando a participação da

população na esfera política, ampliando o "espaço público" dos cidadãos em situação

de exclusão e risco.

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Para tanto utiliza técnicas de gestão, inovações produtivas, técnicas de manejo

sustentável de recursos naturais e criatividade para fornecer produtos e serviços que

possibilitem a melhoria da condição de vida das pessoas envolvidas e beneficiadas,

através da ação dos empreendedores sociais externos e internos a comunidade.

O empreendedorismo social se refere aos trabalhos realizados pelo empreendedor

social, pessoa que reconhece problemas sociais e tenta utilizar ferramentas

empreendedoras para resolvê-los. Difere do empreendedorismo tradicional, pois tenta

maximizar retornos sociais ao invés de maximizar o lucro.

De maneira mais ampla, o termo pode se referir a qualquer iniciativa empreendedora

feita com o intuito de avançar causas sociais e ambientais. Essa iniciativa pode ser

com ou sem fins lucrativos, englobando tanto a criação de um centro de saúde com fins

lucrativos em uma aldeia onde não exista nenhuma assistência à saúde, como a

distribuição de remedios gratuitos para a população pobre.

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ANEXOS

ATIVIDADE 1:

Teste 1: Tenho um perfil empreendedor?

O objetivo deste teste é descobrir sua capacidade de enfrentar novos desafios e perceber as

características de empreendedor que você possui. Leia atentamente cada item e marque número 1 se

você se identifica pouco, e número 2 se você se identifica bastante. Depois some os pontos conforme

suas respostas.

Gosto de desafios

Estou sempre atento a tudo que acontece perto de mim e enxergo oportunidades onde os

outros só vêem ameaças.

Nunca acho que sei o bastante. Quando um assunto me interessa procuro pesquisar.

Tenho muita vontade de conhecer.

Gosto muito de conversar com as pessoas para conhecê-las melhor.

Sinto que minha opinião é importante para os colegas e amigos e que sou capaz de

influenciar as pessoas. Gosto de ajudar a todos, buscando soluções para os problemas.

Quando uma atividade me interessa, dedico-me completamente a ela.

Sou bastante organizado com minhas coisas. Não gosto de desordem.

Depois que inicio um trabalho, só sossego quando o termino.

Adoro novidades. Se me falam de um jogo novo, por exemplo, procuro conhece-lo.

Sou uma pessoa decidida. Sempre sei como e aonde chegar.

Sou bastante otimista, mesmo quando tenho algum problema.

Quando estou fazendo um trabalho em grupo, gosto de ouvir a opinião de todos os

integrantes.

Sinto que sou uma pessoa querida e importante para todos os que convivem comigo.

Análise dos resultados:

Abaixo de 12 pontos: Suas características podem prejudicar um pouco a atividade empreendedora. É

necessário esforço de sua parte para modificar essa situação.

Entre 12 e 18 pontos: Procure refletir sobre as informações em que você se avaliou com menor número

de pontos, porque elas poderão dificultar um pouco suas ações como empreendedor.

Acima de 18 pontos: Você possui a maioria das características de um empreendedor de sucesso.

Lembre-se, porém, de que elas sempre podem ser aperfeiçoadas.

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ATIVIDADE 2:

Teste 2: Teste de perfil de empreendedor

(Nota: a cada resposta é dada uma pontuação, 0 ou 1 ponto – indicadas)

1. Adapta-se rapidamente a uma

nova situação?

Sim (1)

Não (0)

2. Escuta os outros e está aberto a

mudanças?

Sim (1)

Não (0)

3. É organizado ou antes trapalhão?

Organizado (1)

Mais trapalhão (0)

4. Faz bem e rapidamente o seu

trabalho?

Sim (1)

Não (0)

5. É uma pessoa séria ou

desenvolta?

Séria (1)

Desenvolta (0)

6. Compreende rapidamente ou

lentamente?

Rapidamente (1)

Lentamente (0)

7. É criativo?

Sim (1)

Não (0)

8. Mantém sempre os pés sobre a

terra?

Sim (1)

Não (0)

9. É frio ou caloroso?

Frio (0)

Caloroso (1)

10. É tímido ou extrovertido?

Tímido (0)

Extrovertido (1)

11. É um líder ou um seguidor?

Líder (1)

Seguidor (0)

12. Procura as responsabilidades?

Sim (1)

Não (0)

13. É capaz de agir sozinho e de ir

até ao fim?

Sim (1)

Não (0)

14. A sua capacidade de trabalho é

grande?

Sim (1)

Não (0)

15. Tem um bom ou mau estado de

saúde?

Bom (1)

Mau (0)

16. É (muito) ansioso?

Sim (0)

Não (1)

17. Considera-se persistente ou

desencoraja rapidamente?

Persistente (1)

Rapidamente desencoraja (0)

18. Suporta as dificuldades

imprevistas e as criticas?

Sim (1)

Não (0)

19. Tem confiança em si mesmo?

Sim (1)

Não (0)

20. Mantém sempre, em qualquer

circunstância o sentido do humor?

Sim (1)

Não (0)

Feedback:

Se o total de pontos for maior ou igual a 17: Bravo! A priori, a sua personalidade tem tudo a ver com a

de um futuro criador de empresas. Contudo, desconfie das facilidades: as melhores qualidades precisam

ser trabalhadas no quotidiano!

Feedback:

Se o total de pontos for maior ou a 12 e menor ou igual a 16: Ainda que haja alguns aspectos a

melhorar, está no bom caminho para ter sucesso no seu projeto de criação de empresas.

Feedback:

Se o total de pontos for menor ou igual a 11: Não existe um bom perfil de empreendedor, mas antes

um conjunto, com os pontos fortes do seu caráter e os pontos fracos como a maior ou menor resistência

ao stress, que será necessário enfrentar em qualquer circunstância: os prazos a respeitar, as ofertas ao

melhor preço, as decisões tomadas sem que se saiba, o autoritarismo, as manipulações, as alterações

das regras do jogo, etc.

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Atualizada em fevereiro/ 2010

ATIVIDADE 3: Registre a seguir, quais são as suas características

empreendedoras mais marcantes e quais você deve aprimorar.

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Atualizada em fevereiro/ 2010

ATIVIDADE 4:

ESTUDO DE CASO: AFINAL, QUEM MANDA AQUI?

Recém-casado Ricardo abandonou o emprego para iniciar uma loja de materiais

esportivos em uma rua de grande movimento de um bairro comercial de São

Paulo. A empresa cresceu rapidamente. Em poucos anos, Ricardo abriu filiais da

loja e comprou uma pequena malharia para fabricar seus próprios uniformes

esportivos. A malharia tornou-se um negócio muito lucrativo, porque Ricardo

passou a fornecer para outras lojas independentes, redes de lojas de material

esportivo e diversos times. Finalmente, cerca de 10 anos depois de começar,

Ricardo abandonou o comércio para se dedicar integralmente à indústria.

A administração dos negócios tomava todo o seu tempo e Ricardo precisou

sacrificar seus estudos, interrompendo-os no primeiro ano do curso de

Economia. Seus dois filhos, Sérgio e Alberto, porém, foram educados, desde

pequenos, para assumir a empresa. Desde a adolescência, foram envolvidos

pelo pai nos negócios. Ambos formaram-se em Administração e Ricardo

providenciou para que fizessem estágios no exterior.

Cerca de 25 anos depois de ter começado, Ricardo era o proprietário de uma

grande confecção de uniformes esportivos, que agora tinha um novo tipo de

clientes: outros fabricantes de materiais esportivos, que dele compravam para

vender com sua própria marca. Diversos outros fornecedores concorriam pelos

mesmos clientes. Estabilizada, a empresa era administrada, no dia-a-dia, por

Sérgio e Alberto, que se dedicavam especialmente às atividades de marketing e

finanças. Ricardo concentrava-se nas decisões de produção e escolha de

produtos, além dos contatos com clientes grandes e tradicionais. Já não

precisava, porém, dedicar-se tanto quanto antes.

Tudo correu relativamente bem para Ricardo e seus concorrentes, antes da era

da globalização e dos Shoppings centers. Quando as grandes empresas

multinacionais de material esportivo chegaram ao Brasil, a competição tornou-se

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Empreendedorismo e Associativismo – Módulo 1 – Profª Cecília Meireles de Sá

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extremamente acirrada. Com grande poder de compra, agressivas na oferta de

patrocínios para as equipes esportivas e extremamente preocupadas com a

competitividade, essas empresas passaram a moldar o mercado segundo seus

interesses. Esse movimento coincidiu com a evolução da tecnologia nas fibras

para tecelagem, que a empresa de Ricardo comprava de fornecedores

multinacionais instalados no Brasil.

Ricardo foi obrigado a fazer grandes inovações em seu parque industrial, para

acompanhar a evolução da tecnologia e acompanhar os novos padrões criados

pela abertura do mercado. Exigindo grandes investimentos, essas inovações

obrigaram Ricardo a procurar financiamento, o que deixou a empresa em

situação financeira muito delicada. No final da década de 90, uma grande parte

da receita estava comprometida com o pagamento de juros. A crise econômica e

a alta do dólar contribuíram para tornar a situação ainda mais difícil no mercado

interno, embora tivessem facilitado a exportação, que a empresa fazia em

pequena escala.

Nos últimos cinco anos, as relações entre Ricardo e seus dois filhos tornaram-se

muito tensas, para desalento de Alice, a mãe, e do restante da família. Vendo a

empresa deteriorar-se, Sérgio e Alberto pretendem, nada mais nada menos, que

o pai abandone os negócios e deixe a empresa totalmente para eles. Alegam

que estudaram e se prepararam profissionalmente para administrar a empresa e

que a época do pai já passou. Ultimamente, Ricardo está tendo sérios conflitos

com os filhos por causa dessa questão. Depois de muita discussão, Alberto, o

filho mais velho, convenceu Ricardo de que novos mercados poderiam ser

explorados. Desenvolveu novos produtos e passou a fornecer para outros tipos

de clientes, que vendem roupas de griffe em shopping centers. Esse mercado

parece ter grande potencial. O êxito animou Alberto, que agora acredita ter um

argumento forte para discutir com o pai. Querendo evitar que o conflito se torne

mais agudo, Ricardo concordou em cuidar do suprimento de matérias-primas e

da produção. No entanto, não consegue deixar totalmente de se ocupar dos

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Empreendedorismo e Associativismo – Módulo 1 – Profª Cecília Meireles de Sá

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problemas de desenvolvimento de produtos, vendas, finanças e administração

geral da empresa, que os dois filhos disputam com ele.

Ricardo se pergunta freqüentemente:

Afinal, quem deve mandar aqui? Eu, que fiz esse negócio e meus filhos

nascerem e crescerem, ou eles? Eles alegam que estudaram Administração e

estão mais preparados do que eu para resolver os problemas da empresa.

Dizem até que minha experiência não vale mais nada hoje em dia. Não quero

aumentar o conflito, mas também não quero abandonar a empresa totalmente.

QUESTÕES

1. Identifique em Ricardo, as principais características que justificam o perfil

empreendedor.

2. Quais as causas principais do conflito entre Ricardo e seus filhos?

3. Qual o peso relativo da experiência e da educação formal, no processo de

administrar a empresa?

4. Quem deve mandar na empresa?

5. Quais as conseqüências previsíveis de Ricardo continuar administrando a

empresa?

6. Quais as conseqüências previsíveis de os filhos ficarem com a empresa?

7. Quais as conseqüências previsíveis de não haver um acordo entre as

duas partes?

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ATIVIDADE 5: ARTIGO

Disseminar A Cultura Empreendedora No Brasil

Cléo Afonso Aragão de Souza Junior Publicado em: 23-09-2008

Vivemos na era globalização, do conhecimento e do empreendedorismo. É necessário,

portanto, fomentar idéias claras e apresentar ferramentas práticas que possibilitem o domínio

tácito do conhecimento, transformando-o em conhecimento explícito, tornando, desse modo, o

conhecimento coletivo, partilhado por todos que a ele tenham acesso.

Outro aspecto concentra-se nos fundamentos culturais do empreendedorismo que se encontra

intrínseco em grande parte dos alunos e trabalhadores brasileiros, mas ainda adormecido

precisando ser despertado de uma forma pró-ativa, que possibilite vislumbrar oportunidades e

que não seja praticado somente por necessidade.

Analisando a característica social e empresarial da sociedade brasileira, as disposições para o

trabalho e a necessidade estão presentes, porém, não basta apenas querer fazer é preciso

saber fazer e conseqüentemente é preciso oferecer condições para poder fazer.

O desenvolvimento do empreendedorismo é um dos grandes desafios desta era pós-industrial.

Trata-se de um desafio à sociedade global, uma vez que envolve a ruptura de paradigmas

consolidados durante todo o último século. Promover a capacidade empreendedora da

sociedade é uma faceta multidimensional e, portanto, esforços isolados de alguns atores não

gerarão resultados consistentes. Uma transição paradigmática envolve o desenvolvimento de

novos valores, congruentes em toda a sociedade.

Assim, a criação de políticas governamentais macros e micros em nível nacional e políticas

educacionais mais efetivas, favoráveis à criação e ao desenvolvimento de novas práticas

educativas e o surgimento de empresas júnior e fortalecimento do movimento de incubadoras,

por exemplo, constituem medidas fundamentais, assim, como muitas outras iniciativas

brilhantes que têm contribuído para que empreendedores possam obter sucesso em seus

projetos.

Contudo, a transição paradigmática envolve o cultivo de novos valores na base da formação do

indivíduo na família e no sistema educacional. Estes são atores fundamentais para que a

sociedade possa contar com um maior número de empreendedores no futuro. Para lidar com a

complexidade do novo paradigma, todos deverão ser empreendedores, e não apenas aqueles

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Empreendedorismo e Associativismo – Módulo 1 – Profª Cecília Meireles de Sá

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que criarão novas empresas. As empresas já estabelecidas dependerão deles para manterem-

se competitivas.

Muitos brasileiros que abrem a sua empresa não passam de um ano de atividade, pois não tem

uma estrutura, conhecimento de seus concorrentes e do mercado. Uns dos fatores inibidores

do empreendedorismo por oportunidade, no Brasil, a falta de acesso a créditos e o alto custo

dos financiamentos, elevada carga de tributos e exigências legais e fiscais, a falta de

capacitação para gestão do negocio e também a questão da educação, refletida no fato de que

quanto menor anos de estudo, maior a motivação pela necessidade. Outro problema e quando

a empresa prospera e não faz as devidas providencias de mudanças para uma nova

adaptação. Isto faz com que as empresas de pequeno porte gerem tensões nos negocias e

retardam o seu desenvolvimento.

É o conhecimento que possibilitara as pessoas visualizarem oportunidades e realmente

empreenderem e serem gestores de empresas com praticas eficazes, garantindo, assim, a

longevidade de seus empreendimentos. Desse modo, para se fazer a ponte entre a informação

e o conhecimento é que entra o papel da cultura empreendedora.

Realmente para ter uma educação uma competência precisa: aprender a ser, aprender a

conviver, aprender a aprender e aprender a fazer. O empreendedor é o individuo capaz de

gerar novos conhecimentos a partir de saberes acumulados na sua própria historia de vida, os

quais conduzem a aprender a empreender.

Hoje estamos na era do conhecimento e do empreendedorismo, isto faz com q tenhamos

idéias claras e apresentar ferramentas práticas que possibilitem o domínio especifico do

conhecimento, transformando em conhecimento explicito, tornando, desse modo, o

conhecimento pessoal em conhecimento coletivo, partilhando por todos que ele tenham

acesso.

Os fundamentos culturais do empreendedorismo que estão intrínsecos em grande parte dos

trabalhadores brasileiros, precisa ser despertada de uma forma pró-ativa, que possibilite

vislumbrar oportunidades e que não seja praticada por necessidade. A cultura empreendedora

possibilita aos empreendedores estar preparado para definirem seus objetivos devidos,

detectarem e agarrarem oportunidades, buscarem informações e para inserirem o

planejamento e suas práticas gerenciais.

A característica social e empresarial da sociedade brasileira a disposição para trabalho e

necessidade estão presentes, porem, não basta apenas querer fazer e sim saber fazer e

conseqüentemente é preciso oferecer condições para poder fazer.

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ATIVIDADE 6: ARTIGO

Aumenta número de empreendedores no Brasil! por Alex César Moreira —20/04/2008

O brasileiro voltou a investir na abertura de novos negócios. Essa foi a principal mudança no cenário

empreendedor brasileiro apontada pela nova pesquisa do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), que

mede as taxas de empreendedorismo mundial. A taxa de empresas iniciais (TEA) cresceu de 11,6%, em

2006, para 12,72%, em 2007 (equivalente a 15 milhões de empreendimentos).

A pesquisa foi apresentada pelo pesquisador do Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade

(IBQP), Paulo Bastos, e comentada pelo professor da FGV/RJ, Marcelo Néri, na quarta-feira (19), na

sede do Instituto de Mercado de Capitais (Ibmec), em São Paulo. Com apoio do Instituto Empreender

Endeavor, o evento teve a transmissão ao vivo através de webconferência. O Instituto Endeavor é uma

organização sem fins lucrativos de apoio a empreendedores inovadores e do incentivo à cultura

empreendedora.

Em 2007, no ranking mundial, o Brasil se aproximou mais dos principais países empreendedores do

mundo, passando de 10º para 9º lugar. O valor da TEA para 2007 é muito semelhante à média dos

últimos seis anos de participação do Brasil na pesquisa, que é de 12,8%. Ao se comparar esse valor à

média da TEA dos países que participaram de todas as coletas de 2001 a 2007, pode-se observar que a

taxa média brasileira permanece sistematicamente acima da média mundial, que é 9,07%, estimando

222 milhões de empreendedores iniciais no mundo.

Ranking mundial

A pesquisa mostra que o Brasil é o nono país com o maior número de pessoas que abrem negócios no

mundo. São cerca de 15 milhões de empreendedores iniciais (que estão em fase de implantação do

negócio ou que já o mantêm por até 42 meses). Eles correspondem a 12,72% da população adulta de

118 milhões de brasileiros com 18 a 64 anos de idade.

Embora o Brasil tenha subido apenas uma colocação, esse crescimento é extremamente expressivo

quando se observa que nesta edição houve a inserção de cinco novos países: Cazaquistão, Porto Rico,

República Dominicana, Romênia e Sérvia. Como a taxa de empreendedorismo de cada país é calculada

individualmente, a inclusão de países na pesquisa GEM tende a alterar para as posições dos países

remanescentes no ranking mundial.

Nesta edição, a pesquisa GEM permaneceu trabalhando com duas categorias de ranking. Uma delas é a

taxa de empreendedores em estágio inicial, medida a partir da pesquisa com a população adulta (18 a

64 anos) que está ativamente envolvida na criação de novos empreendimentos ou à frente de

empreendimentos com até três anos e meio. A outra categoria é a de empresas estabelecidas há pelo

menos três anos e meio (42 meses).

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Empreendedorismo e Associativismo – Módulo 1 – Profª Cecília Meireles de Sá

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Na categoria de empreendedores iniciais, os países mais empreendedores são Tailândia (26,87%), Peru

(25,89%), Colômbia (22,72%), Venezuela (20,16%), República Dominicana (16,75%), China (16,43%),

Argentina (14,43%) e Chile (13,43%). Já os oito países menos empreendedores são Japão (4,34%),

Suécia (4,15%), Romênia (4,02%), França (3,17%), Bélgica (3,15%), Porto Rico (3,06%), Rússia (2,67%)

e Áustria (2,44%).

Na categoria de empresas estabelecidas, o Brasil ficou em 6º lugar (9,94%). A Tailândia (21,35%) e o

Peru (15,25%) também lideram esta categoria, seguido da Grécia (13,31%), Colômbia (11,56%) e

Argentina (9,96%). Entre os países com menos empresas estabelecidas estão Porto Rico (2,40%), Israel

(2,36%), França (1,74%), Rússia (1,68%) e Bélgica (1,40%).

Motivação x necessidade

Como nas edições passadas da pesquisa, o GEM também diferenciou os empreendedores em função de

sua motivação para desenvolver um negócio próprio. O objetivo é verificar se as iniciativas

empreendedoras decorrem de oportunidades de negócios, sobre esse aspecto está inserido também o

espírito empreendedor, ou se estão relacionadas à falta de opções no mercado de trabalho. Tem-se,

portanto, as taxas de empreendedorismo por oportunidade e por necessidade.

Quanto a essa classificação, no Brasil os números demonstram que o empreendedorismo por

oportunidade vem crescendo desde 2003 atingindo 57% (oito milhões de iniciativas) da população de

empreendedores iniciais no Brasil; no ranking mundial, o Brasil foi da 20ª posição para a 13ª.

No empreendedorismo por necessidade, houve uma pequena variação positiva: em 2006, a taxa era de

5,6% e passou para 5,30% em 2007 (6,3 milhões de iniciativas). No ranking, o Brasil permanece em

sexto lugar. Proporcionalmente, é possível dizer que no Brasil, para cada indivíduo que empreende por

oportunidade, existe outro que o faz por necessidade.

De acordo com o diretor-técnico do Sebrae Nacional, Luiz Carlos Barboza, esse aumento de novas

empresas está diretamente ligado à saúde da economia brasileira, além do elevado espírito

empreendedor dos brasileiros. “Depois de algumas décadas, o Brasil está experimentando um período

de crescimento continuado, com diminuição das taxas de juros e aumento significado de crédito,

especialmente para as pessoas físicas.

Barboza acredita que os pequenos negócios, notadamente aqueles nascentes, são muito susceptíveis

às variações na economia. São os primeiros a sentirem os efeitos de queda de consumo ou dificuldades

de crédito. No entanto, quando a economia vai bem há uma maior sobrevivência dos negócios

existentes, bem como estímulo ao surgimento de outros.

Com a implementação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, é possível que esse número venha a

crescer ainda mais nos próximos anos. Isso porque a lei traz um conjunto de normas que desburocratiza

não só a arrecadação de impostos, com o Simples Nacional, como também o processo de abertura de

empresa, por meio do Cadastro Sincronizado. “As medidas relativas à facilidade e agilidade na abertura

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das empresas ainda estão sendo gradativamente implementadas e, em breve, poderão contribuir para

que o espírito empreendedor dos brasileiros possa encontrar um ambiente mais favorável e estimulador”,

disse Barboza.

Cenário mundial

Além da análise das taxas de empresas iniciais (TEA) dos países, nesta edição, o GEM trouxe uma

inovação metodológica. Trata-se do aprofundamento da comparação entre o Brasil com três grupos de

países: G7 – grupo das sete nações mais ricas do mundo – Canadá, França, Grã-Bretanha, Alemanha,

Estados Unidos, Itália, Japão; Bric – Brasil, Rússia, China, Hong Kong e Índia; e os países da América

Latina.

Por essa análise, constatou-se que a taxa brasileira de 12,72% é representativa quando comparada com

outros países que desempenham importante papel no cenário mundial. Outra constatação trata da

relativa estabilidade da TEA ao longo do tempo, dos países que apresentam altas taxas. Países como

Brasil, China e Peru, com taxas superiores a 10, têm mantido sua posição entre os mais dinâmicos do

mundo em termos de atividade empreendedora.

Metodologia

Criado em 1999, o Global Entrepreneurship Monitor (GEM) é o maior estudo independente do mundo

sobre a atividade empreendedora, cobrindo mais de 50 países consorciados, o que representa 95% do

PIB e 2/3 da população mundial. O GEM é atualmente coordenado pela London Business School

(Inglaterra) e Babson College (Estados Unidos).

No Brasil, desde 2000, o GEM vem se consolidando como uma importante referência nacional para as

iniciativas relacionadas ao tema empreendedorismo. O projeto é liderado pelo Instituto Brasileiro da

Qualidade e Produtividade (IBQP), entidade que coordena e executa o Projeto GEM, tendo como

parceiros o Sebrae Nacional, a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Sistema Fiep), a

Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR), Centro Universitário Positivo (Unicenp).

Para compor a pesquisa no Brasil, em 2007, foram entrevistados dois mil indivíduos de idade adulta,

entre 18 e 64 anos, de todas as regiões brasileiras, selecionados por meio de amostra probabilística. A

pesquisa que tem nível de confiança de 95% e erro amostral de 1,47% conta ainda com opiniões de 36

especialistas brasileiros. Entre os anos de 2000 a 2007 foram entrevistados no Brasil, 17.900 adultos.

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ATIVIDADE 7: ARTIGO

10 DICAS PARA SER UM EMPREENDEDOR

Luiz Marins

Nunca como hoje, as empresas precisaram de verdadeiros “empreendedores”. Cada funcionário deve ter a atitude e comportamentos de “dono do negócio” e as empresas de sucesso são aquelas que tem em seus quadros verdadeiros “empreendedores”.

Até mesmo as universidades vêm discutindo como formar empreendedores em todas as áreas do conhecimento. Isso se deve ao fato de que mesmo como pesquisador, professor, cientista, se a pessoa não tiver espírito empreendedor dificilmente vencerá nos dias de hoje.

Com as empresas enxugando seus quadros, terceirizando seus serviços, o profissional moderno deve ter igualmente uma perspectiva de ser auto-empregado e portanto ser a cada dia mais empreendedor de suas próprias capacidades.

Uma das coisas que mais me perguntam nos programas de televisão ou durante cursos e atividades de consultoria é quais as reais características de um empreendedor e como formar ou transformar alguém em empreendedor.

Quais as principais características de um "empreendedor"? Aqui vão elas:

1. Boas idéias são comuns a muitas pessoas. A diferença está naqueles que conseguem fazer as idéias transformarem-se em realidade, isto é, implementar as idéias. A maioria das pessoas fica apenas na "boa idéia" e não passa para a ação. O empreendedor passa do pensamento à ação e faz as coisas acontecerem;

2. Todo empreendedor tem uma verdadeira paixão por aquilo que faz. Paixão faz a diferença. Entusiasmo e Paixão são as principais características de um empreendedor!

3. O empreendedor é aquele que consegue escolher entre várias alternativas e não fica pensando no que deixou para trás. Sabe ter foco e fica focado no que quer;

4. O empreendedor tem profundo conhecimento daquilo que quer e daquilo que faz e se esforça continuadamente para aumentar esse conhecimento sob todas as formas possíveis;

5. O empreendedor tem uma tenacidade incrível. Ele não desiste! 6. O empreendedor acredita na sua própria capacidade. Tem alto grau de auto-confiança; 7. O empreendedor não tem fracassos. Ele vê os "fracassos" como oportunidades de

aprendizagem e segue em frente; 8. O empreendedor faz uso de sua imaginação. Ele imagina-se sempre vencedor; 9. O empreendedor tem sempre uma visão de vários cenários pela frente. Tem, na cabeça,

várias alternativas para vencer; 10. O empreendedor nunca se acha uma "vítima". Ele não fica parado, reclamando das

coisas e dos acontecimentos. Ele age para modificar a realidade!

Pense nisso. Você tem estas características? Como é o seu pessoal? Você já pensou em criar programas para desenvolver no seu pessoal o necessário espírito empreendedor para enfrentar os desafios deste final de século?

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www.anthropos.com.br

ATIVIDADE 8: ARTIGO

Juan Rodrigues, empreendendo em família.

A história de empreendedorismo de Juan Rodrigues iniciou-se na geração anterior, movida, segundo ele próprio, por forças da circunstância.

Seu pai, militar espanhol, que após derrota na guerra civil passava por momentos de dificuldade, necessitava sustentar sua família e encontrou como saída comercializar produtos básicos, como alimentos e especiarias a uma região que foi devastada e estava excluída devido à guerra. Ainda na Espanha, chegou a abrir uma loja, mas sem muito sucesso decidiu-se mudar com a família para o Brasil, um país ainda completamente desconhecido.

As economias da família foram praticamente esgotadas com a viagem e estavam sem dinheiro em um país em que nem falavam a língua. Passado algum tempo, conseguiram reunir recursos para comprar uma chácara para plantar verduras. Os filhos, entre eles Juan, com cerca de cinco anos, eram encarregados de vender em feiras os produtos plantados.

Juan contou que sempre trabalhou muito desde cedo e já aos doze anos conseguiu comprar sua primeira bicicleta para fazer as vendas e entregas de verduras em Penápolis, interior de São Paulo. Durante a juventude, economizou para comprar seu primeiro caminhão e quando alcançou seus dezoito anos já era atacadista de verduras.

Por isso, Juan Rodrigues acredita fielmente que a ocasião faz o empreendedor. Outro fator que influenciou fortemente sua carreira empreendedora foi o fato de ter começado a trabalhar desde cedo, partilhando a responsabilidade de sustentar a família.

O início da carreira empreendedora

O primeiro negócio de Juan iniciou-se durante sua adolescência. Já a empresa de importação que administra atualmente, foi criada no início dos anos 90 por sua irmã e pelo cunhado, que posteriormente o convidaram a participar do negócio. Naquela época, Juan já atuava como atacadista há 28 anos e sentia-se cansado da atividade, que exigia turnos de trabalho incomuns (das 18h às 6h) e não havia permitido a ele, durante todo esse tempo, que tivesse férias.

Nunca tive férias. Hoje em dia tiro de 15 a 20 dias todo ano, e essas férias são mais importantes que os dias de trabalho. Você volta com uma gana, uma vontade que você já não tinha. Ajuda nos negócios..

Momento crítico e momento de satisfação

Para Juan, o momento mais crítico do negócio foi a época da crise cambial, por volta de 1999, quando a moeda norte americana valorizou-se violentamente, minando seu mercado e elevando suas dívidas em dólar. Naquele tempo Juan utilizava muito as linhas de crédito para importação, mas não possuía políticas de hedging (proteção às oscilações cambiais). Em suas palavras: "Dormi com a Tiazinha e acordei com a Aracy de Almeida!".

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O momento de maior satisfação está sendo vivido agora, ano em que o negócio está despontando e que a empresa está sendo tomada como referência no mercado. Juan expressa sua felicidade ao comentar que seus produtos estão constantemente na mídia, principalmente a especializada, ganhando importantes prêmios de qualidade, além de receber numerosos convites para participar de eventos, degustações eparcerias.

Formação e conhecimento

Juan não fez faculdade, diz que aprendeu com a escola da vida, mas ressalta a importância do ensino básico e ginasial: "O ensino fundamental é fundamental!". Juan não continuou com os estudos, pois precisava trabalhar e a conciliação estava inviável. A busca por conhecimento, porém, nunca cessou. Ávido por conhecimento, buscou especializar-se no que dizia respeito ao seu negócio e hoje, humildemente, esbanja conhecimento sobre vinhos, principalmente os espanhóis. A entrevista permitiu perceber, também, que Juan é bem dotado de cultura geral, fala tranqüilamente sobre política, economia e sociedade.

Pontos fortes e fracos que influenciam no negócio

Para Juan, seu principal ponto forte é o trabalho. Trabalho muito, vou atrás. Faço qualquer negócio, desde que coloque meus vinhos na loja. Perguntado sobre como se sentiu quando conquistou o primeiro cliente, respondeu de pronto: "Quando fiz o primeiro contrato não comemorei, já comecei a pensar no segundo".

Como ponto fraco, Juan considera ser sua postura ética perante os concorrentes, que não respeitam praticamente nada e estão sempre prontos para prejudicar seus negócios, custe o que custar. Para Juan, muitas vezes a ética atrapalha o crescimento, mas ainda assim ele prefere optar pela ética.

Sócios

Os sócios, além de familiares, possuem ótima relação de confiança e cooperação. Os sócios se complementam e se dão bem. "Somos um time. Um chuta com a esquerda, outro com a direita e o outro cabeceia para o gol! Discussões e divergências existem, mas sempre são superadas", complementa Juan.

Riscos e recursos

Quando veio o convite para deixar a atividade de atacadista e arriscar-se em um novo negócio, Juan não titubeou e aceitou a proposta. Dali por diante iniciou nova jornada empreendedora, desbravando um mercado desconhecido por completo: "Vim porque me parecia um desafio, com 40 anos mudar completamente de ramo e de atividade. Me sentia um garoto". Apesar de mostrar-se disposto a arriscar, Juan afirma que não gosta de arriscar, mas isso é algo que não se controla: "Não gosto de riscos, mas tem que assumir, senão não vendo. O risco não está a nosso alcance. É incontrolável".

No início do negócio não possuía recursos suficientes e precisou recorrer a empréstimos e cartas de crédito de bancos. Juan mostrou sua indignação com o sistema de crédito brasileiro, apontando que não há, de fato, linhas de crédito voltadas para o pequeno empresário no país, nem mesmo com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). "Tudo é muito burocrático e as taxas de juros ainda são altas".

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Lado positivo e lado negativo de ser empreendedor

O lado positivo está relacionado às conquistas e superações por que passou ao longo de sua vida, empreendedor de verdade é aquele que saiu do nada e empreende alguma coisa, inicia um negócio. O lado negativo é o fato de já começar o negócio com dívida, o que é muito comum, segundo Juan. "É duro começar sem dinheiro, reforçando a questão das dificuldades enfrentadas pelos empresários iniciantes no Brasil em relação ao sistema financeiro do país".

Com relação ao futuro, Juan está otimista: "A Espanha é a nova locomotiva do mercado de vinhos de qualidade". Sua expectativa é de que os vinhos espanhóis passem a ganhar espaço no mercado nacional e está confiante também que seus contratos de exclusividade reservam para sua carteira os melhores produtos da Espanha.

Conselhos que daria a um empreendedor iniciante

"Não peça empréstimos".

"Não tenha medo de nada. Para cada dificuldade, existe uma solução."

"Vá quebrar a cara."

"Se puder, faça uma pesquisa de mercado, conheça o mercado."

"Trabalhe muito."

* Entrevista realizada por Caio C. P. Ferraz Júnior

http://www.planodenegocios.com.br/dinamica_entrevista.asp?tipo_tabela=entrevista&id=533

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ATIVIDADE 9: ESTUDO DE CASO

MAURÍCIO SILVA: A VALORIZAÇÃO DAS IDÉIAS DOS INTRA-EMPREENDEDORES Apresentado por: Adriane Hoffmann, Bruna Calixto Braga, Felipe Pittella Rodrigues, Helyane Bronoski Borges,

Vinícius Tassi Rodrigues - Curso Superior de Tecnologia em Informática, Cefet-PR.

Para uma empresa se desenvolver e competir de forma eficaz, é preciso que busque cada vez mais a inovação. Mas inovação somente acontece se houver na empresa funcionários com espírito empreendedor - os chamados intra-empreendedores.

Algumas empresas como a Embraer, Magazine Luiza, Microsiga e Tals Informática têm percebido a importância de valorizar as idéias de seus funcionários:

EMBRAER: quando alguém tem uma boa sugestão, pode valer um jantar especial com direito a um acompanhante, ingressos para shows e teatro, fora o treinamento que os funcionários têm com um convênio de cursos de especialização da USP. Não há limites para crescimento profissional. Há conversas semanais entre gestores e funcionários do chão de fábrica para esclarecimentos de dúvidas e discussões criativas.

MAGAZINE LUIZA: O sistema funciona assim: quando uma loja atinge suas metas, o extra vira prêmio de produtividade para todos. Tudo isso faz com que os funcionários adorem trabalhar na loja. Há reuniões matinais diárias dos funcionários com a liderança.

MICROSIGA: Empresa que está sempre aberta a seus funcionários, faz questão de compartilhar a vitória com seus funcionários e criou várias formas de premiação de participação nos lucros e até de distribuição de ações. Um dos objetivos da empresa é aproximar funcionários com os diretores e o presidente. Para isso é feito todos os dias dois intervalos de quinze minutos. Todos fazem questão de marcar presença.

TALS INFORMÁTICA: Esta empresa localizada em Ponta Grossa, no Paraná, é propriedade do Sr. Maurício Silva, um empreendedor que nos deu um exemplo de determinação. Acompanhe a entrevista que tivemos o prazer de realizar.

Grupo: Com quantos anos você teve seu primeiro emprego?

Silva: Com 16 anos.

Grupo: E esse seu primeiro emprego, você considerou muito importante para sua carreira profissional?

Silva: Com certeza. Demorei muito para conseguir meu primeiro emprego, pois todas as empresas exigiam pelo menos uma experiência mínima e nem isso eu tinha. Mas felizmente, uma empresa me contratou como Office-boy e, através desse emprego, procurei ao máximo adquirir experiência, assimir riscos e aprender muito para, ao menos , ter algo a mostrar. Tanta era minha vontade de crescer, que um dia foi um consultor na empresa e na primeira oportunidade que tive, perguntei pra ele como fazer para crescer na empresa? Ele respondeu: ?Em que você trabalha??. Respondi: ?Sou um office-boy?. Ele me olhou e disse: ?Simplesmente seja o melhor deles?.

Grupo: E que benefício isso lhe trouxe?

Silva: Cinco anos depois eu já assinava documentos pela empresa.

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Grupo: Atualmente, você é um donos da Tals Informática, empresa que presta assessoria em informática, como você trata seus funcionários quando eles têm idéias inovadoras?

Silva: A porta da minha sala está sempre aberta, seja para discutir novas idéias, para resolver problemas internos, até pessoais. Quanto a idéias novas, procuro saber qual a idéia do funcionário e perguntar a ele o porquê daquilo, quais os benefícios que traria à empresa. Não podemos fazer as coisas sem pensar, isso é irresponsabilidade.

Grupo: Qual o recado que o senhor poderia deixar para aqueles que estão pensando em iniciar ou estão iniciando algo novo?

"Assuma riscos, quando assumimos algo que ninguém se pronunciou ganhamos clientes, mas assuma com responsabilidade, tenha idéias inovadoras e aprenda ao máximo."

QUESTÃO PARA REFLEXÃO:

Você acha que as empresas devem investir no potencial Intra-Empreendedor de seus funcionários? Justifique.

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ATIVIDADE 10: ARTIGO

Empreendedores sociais assumem o papel de agentes de mudança na sociedade

Ian MacMillan, diretor do Sol C. Snider Entrepreneurial Research Center da Wharton, define o empreendedorismo social da seguinte maneira: "É um processo no qual a criação de uma nova empresa leva ao aumento da riqueza social de modo a beneficiar tanto a sociedade quanto o empreendedor". Esses benefícios, segundo MacMillan, incluem a criação de empregos, o aumento da produtividade, a melhoria da competitividade nacional - "como na África, que tenta desesperadamente participar da economia mundial" - e melhor qualidade de vida.

“Não há nenhuma razão para que os empreendedores criativos não possam, simultaneamente, contribuir para a riqueza social e gerar fortunas para si mesmos", observa MacMillan, acrescentando que considera o empreendedorismo social, em muitos casos, como “uma alternativa que os governos têm para resolver os problemas sociais.”

Considerando a Índia a respeito da questão da definição, Harpreet Singh, de Nova Delhi, sugere que "é difícil definir o empreendedorismo social, pois existe uma ampla gama de opiniões a respeito do assunto. A literatura na área é tão nova que há pouco consenso sobre a questão... o termo abrange uma gama muito ampla de atividades e iniciativas."

Não obstante, Singh, que tem planos de iniciar um empreendimento para prestar serviços a empresas de pequeno e médio porte na Índia, dá continuidade à descrição do empreendedorismo social como "a fusão do empreendimento e da inovação freqüentemente associados ao setor privado com a contabilidade básica necessária para sustentar soluções no setor público. O empreendedorismo social procura combinar a essência do negócio com a essência da comunidade através da criatividade do indivíduo."

Os empreendedores sociais, acrescenta, "assumem o papel de agentes de mudança no setor social."

Robin Sparks, diretor executivo do Community Ministry of Northern Virginia, oferece uma definição de empreendedorismo social tirada do livro The Cathedral Within: Transforming

Your Life by Giving Something Back, de William Shore. Shore, fundador de uma organização americana sem fins lucrativos chamada Share Our Strength, afirma que “ser um empreendedor, social ou não, requer algo além de ser apaixonado por uma causa e/ou conduzi-la como um negócio. Empreendedorismo significa fazer as coisas de um modo nunca tentado antes.”

Para Noelle Lim, contadora na Malásia, o empreendedorismo social "envolve a combinação de necessidades comerciais com objetivos sociais para colher benefícios estratégicos ou competitivos". No seu país, o empreendedorismo social ainda está em seu estágio mais primário, "tão primário que o termo é raramente mencionado aqui ou entre as empresas, ONGs ou organizações de caridade... Algumas empresas da Malásia praticam filantropia, mas acho que se pode fazer mais intelectualmente para incluir essas atividades como parte da estratégia competitiva das empresas, e não só com fins de relações públicas, ou de fazer o bem". Por exemplo, diz Lim, as empresas varejistas poderiam vender cartões feitos por membros da Associação Malaia para o Cego.

O progresso é lento. "Existem algumas organizações que se dedicam ao levantamento de fundos, mas o envolvimento das comunidades necessitadas ainda é mínimo", observa Lim. "Portanto, é um cenário no qual constantemente se dá o peixe, mas não se ensina a pescar. Não há acúmulo de benefícios sustentáveis para estas comunidades."

Pamela Hartigan, diretora administrativa da Fundação Schwab de Empreendedorismo Social em Genebra, dá esta definição: um empreendedor social "é um tipo diferente de líder

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social" que, entre outras coisas, "aplica soluções práticas a problemas sociais através da combinação de inovação, disponibilização de recursos e oportunidade. A inovação do empreendedor social pode estar em um novo produto, serviço ou abordagem para um problema social. E este empreendedor concentra-se principalmente na criação de valores sociais, a despeito de sua empresa ser legalmente constituída como lucrativa ou não; além de se reportar totalmente à entidade à qual serve.”

O maior desafio da Fundação, conta, é "definir para os outros o que o empreendedorismo é e o que não é" (não é, por exemplo, a mesma coisa que filantropia ou caridade). E seu objetivo último é "mostrar como o empreendedorismo social bem-sucedido pode contribuir para o desenvolvimento sustentável e melhorar a vida dos pobres e das populações excluídas da atualidade."

Assando pão, tirando fotografias Está bem claro que o empreendedorismo social não é definido por medidas como quantidade ou números de vendas. Vai do trabalho realizado por grandes organizações como a Hartigan's ao sucesso resultante de projetos realizados em pequenas comunidades e até mesmo por indivíduos.

Consideremos a Lijjat Papad, uma cooperativa de mulheres em Mumbai, Índia, que produz um pão crocante chamado papad e é propriedade de mais de 40.000 mulheres indianas de baixa renda. Um artigo do Financial Times de dezembro último observou que a cooperativa "tornou-se um símbolo da libertação econômica das mulheres na Índia". Os membros da Lijjat Papad "comprometem-se com valores comuns de responsabilidade, igualdade e recusa de caridade... A lucratividade é considerada essencial", afirma o artigo.

Ou então consideremos um livro recente de fotografias e histórias chamado African Journal: A Child’s Continent, escrito e publicado por uma americana chamada Chellie Kew. Quando morava em Joannesburgh, na África do Sul, durante o final da década de 90, Kew fotografou centenas de crianças órfãs de pais aidéticos que moravam sozinhas em vilas onde havia poucos adultos para cuidar delas. O resultado é um livro e um site chamado The Q Fund. Kew tem planos de doar o dinheiro da venda de African Journal para melhorar a vida destas crianças.

O empreendedorismo social também floresce em nível local, a exemplo da área da Filadélfia, citada por Merrian Fuller. Fuller, coordenador da Sustainable Business Network of Greater Philadelphia (www.sbnphiladelphia.org), afirma que os empreendedores sociais "criam empreendimentos que podem se auto-sustentar financeiramente e, ao mesmo tempo, contribuir para alguma causa social ou ambiental. Estamos nos referindo a empresas que têm interesse em ‘pessoas, planeta e lucro' em vez de se preocuparem somente com o lucro.”

Fuller dá vários exemplos de empreendedores sociais na área da Filadélfia: a North Creek Nurseries trabalha com paisagismo não tóxico e plantas nativas que não prejudicam os ecossistemas locais; a Jubilee Chocolates utiliza chocolate com certificado Fair Trade e ingredientes fornecidos pela comunidade e paga um salário justo a seus funcionários. A Green Village comercializa produtos de limpeza biodegradáveis para áreas públicas, emprega moradores locais com um salário justo e oferece um programa de participação nos lucros; a Community Energy é uma empresa com fins lucrativos fundada por líderes americanos em marketing de energia eólica para expandir o mercado de energia limpa; e a Urban Works é uma empresa de limpeza com contrato de participação minoritária que fornece treinamento e emprego a trabalhadores mais pobres.

"Estudei relações internacionais no colégio e continuo acreditando que são as escolhas locais e diárias que importam e que existe uma força potencial incrível nas economias locais para abordar muitos problemas sociais e ambientais", afirma Fuller. 'Também tenho consciência de que os negócios são provavelmente a força mais poderosa atualmente."

A Universia-Knowledge@Wharton também está atenta a várias empresas que doam todo seu lucro ou parte dele a causas de caridade, desde a conhecida empresa de molhos de

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salada Newman's Own, que doa 100% do seu lucro pós-tributação para fins educacionais e de caridade, à Stonyfield Farms, que destina 10% dos seus lucros a causas ambientais. Um outro caso é a Keeper Springs, uma empresa engarrafadora de água mineral, privada e lucrativa, que doa todo o lucro pós-tributação resultante da venda de seus produtos para a Waterkeep Alliance, que se dedica à preservação das fontes de água dos Estados Unidos.

Um leitor escreveu perguntando se o empreendedorismo social incluía coisas como uma empresa iniciante que esteja tentando aumentar a arrecadação paroquial da igreja católica. Um outro perguntou sobre o impacto que o empreendedorismo social pode ter sobre a subrepresentada comunidade dos empresários afro-americanos. "Muitos empresários negros reclamam de serem excluídos de oportunidades de obtenção de capital de risco", escreveu ela. "O empreendedorismo social, através de grupos de capital de risco para o desenvolvimento da comunidade, é uma maneira de trazer um pouco deste capital" à comunidade negra?

Um e-mail de Cingapura nos contou sobre a AAvishkaar, um fundo de capital de risco social com fins lucrativos "que acredita que ao longo do tempo, ajudar a criar oportunidades e acabar com a pobreza pode ser um bom negócio". O grupo baseia-se "na crença fundamental de que as pessoas que dispõem de menos recursos são freqüentemente as mais inovadoras. No entanto, sua criatividade permanece inutilizada por não disporem de acesso ao capital e a habilidades empresariais."

Com relação a essa ausência de acesso, um jornalista de Bangalore respondeu a essa seção especial descrevendo um "paradoxo" na economia indiana: "Enquanto os bancos fazem fila para oferecer empréstimos para compra de automóveis e casas a 8% - 10%, puxadores de veículos para turistas e vendedores ambulantes teriam sorte se encontrassem empréstimos a 20%". Essa situação levou-o a considerar várias idéias, inclusive um fundo de capital de risco social em que o "microcrédito se equiparasse ao capital de risco" e um portal para caridade onde as pessoas pudessem fazer doações online "e os dividendos pudessem ser na forma de relatórios sobre o trabalho realizado com o dinheiro arrecadado.”

"Sempre rejeitei essas idéias que me vinham à mente como esotéricas, solitárias e irrealizáveis", concluiu o redator do e-mail. "Gostaria de saber se essas coisas existem."

Publicado em: 29/03/2005 http://www.wharton.universia.net/index.cfm?fa=viewArticle&id=597&language=portuguese#

QUESTÃO PARA REFLEXÃO:

Você considera bom para um país que existam muitos empreendedores

sociais? Justifique.

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ATIVIDADE 11: ARTIGO

Exemplo de empreendedorismo social 20.11.2005

Em Atibaia, interior de São Paulo, famílias pobres moram num terreno invadido. Todos os dias, Jéssica e a amiga Joyce, saem de casa e vão à pé até um centro para crianças e adolescentes carentes. As atividades duram o dia inteiro. Elas aprendem a fazer bolos e biscoitos (foto). As crianças também têm aula de bateria. E quem vai bem nos cursos, ganha um selo, que pode

ser trocado por roupas e brinquedos.

- Eu tenho selo para comprar um caminhão, uma canetona, um carrinho e uma caixinha - vibra Márcio Alves, de 11 anos.

Foi a empreendedora social Leila Novak quem criou este espaço para abrigar o Projeto Curumim, que tem objetivos definidos.

- A melhoria da qualidade de vida das famílias, que vivem em torno dessas áreas degradadas pelo homem. Nós fazemos ações sócio-educativas e ambientais.

O Projeto Curumim nasceu há dez anos e virou referência nacional. Mas, desperta uma pergunta em muita gente: como conseguir dinheiro para mantê-lo? A resposta é: montando um negócio lucrativo, no próprio local.

Na fábrica de papel reciclado, por exemplo, restos de papel, que as pessoas jogam fora - e até bagaço de cana - são transformados em cartões e agendas vendidos em todo o país.

O primeiro passo é selecionar o papel. O que sobra é liquidificado, até virar uma massa. O material é misturado com água e colocado numa prensa. Depois, vai para secar e o papel está pronto. Com bagaço de cana, o processo é semelhante, porém, é preciso cozinhar primeiro, para quebrar as fibras. O papel é vendido em folhas ou cortado e colado para fazer cartões e agendas.

- Não dá para querer fazer um projeto social e não ter como sustentar. Então, não é para passar chapéu, “ah, eu só quero doação de todo mundo”. Não! Você tem um produto e vende esse produto - explica Leila.

Também foi montada uma marcenaria, onde são feitos lápis com galhos de árvores podadas pela prefeitura. Os galhos são cortados, furados para colocar o grafite e, depois, é só fazer a ponta.

- Nós vendemos para empresas, que utilizam esse lápis para brindes, ou até mesmo para uso na própria empresa - conta Arnaldo Amieiro, gerente da marcenaria.

As duas fábricas faturam R$ 180 mil por mês. Todo o dinheiro é usado para manter as atividades de 400 crianças e jovens carentes.

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- Eu aprendi a fazer papel, bolinho, bateria. Também aprendi a respeitar as pessoas - se orgulha Diego Inácio, de 11 anos.

Para quem quer montar um projeto social, aqui vai uma dica de Célia Cruz, diretora da Ashoka, uma entidade sem fins lucrativos, que apóia projetos como o Curumim. Para ela, um empreendedor social é como qualquer empresário: deve ser estrategista e ter bom planejamento. Só que a finalidade dele é a transformação e o impacto social. Para receber a ajuda da entidade, é preciso enviar uma proposta inovadora para melhorar a vida das pessoas.

- A Ashoka apóia com uma bolsa salário, durante três anos, para a pessoa se dedicar integralmente a essa idéia inovadora e conseguir ampliar o impacto social. Além disso, a gente oferece uma série de cursos para profissionalizar esse empreendedor social com as características da área social - ensina Célia.

http://pegntv.globo.com/Pegn/0,6993,LIR163731-5027,00.html

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ATIVIDADE 12: ARTIGO

O mundo é cor-de-rosa

Clovis Souza aprendeu o ofício de florista aos dez anos de idade e transformou-o em um negócio de R$ 15 milhões

Por Adriana Fonseca

Clovis Souza, fundador da Giuliana Flores: paixão transformada em uma "gigante" floricultura online

Aos dez anos de idade, Clovis Souza começou a trabalhar em uma floricultura instalada embaixo de sua casa, no bairro da Mooca, em São Paulo. Não por necessidade. O garoto queria conquistar a sua independência financeira e tanto insistiu que a tia arrumou o serviço. Sua principal tarefa era tirar espinhos de rosas e limpar as flores que seriam usadas nos arranjos. Pegava no batente às 14 horas, depois de voltar da escola e almoçar. Nos fins de tarde, a mãe aparecia para saber se estava tudo bem - e trazer um lanchinho. "Os outros funcionários riam muito de mim", relembra. Com o primeiro salário, fez questão de comprar uma pizza de mussarela para toda a família. "Desde aquela idade, eu

queria ter o meu dinheiro", diz. Pois conseguiu: com seus próprios "trocados", comprou uma casa própria para cada membro do clã - a mãe, os três irmãos e ele mesmo. Souza transformou uma atividade prosaica em um negócio com faturamento anual de R$ 15 milhões projetado para 2009. Hoje, aos 39 anos, é dono da Giuliana Flores, uma das maiores floriculturas online do país. Com 89 funcionários - entre eles, nove familiares -, a empresa prevê neste ano vendas 40% superiores às de 2008.

Foram vários episódios e aprendizados em 29 anos de carreira, mas é possível afirmar que o destino do empresário foi traçado naquele primeiro ofício. O menino simplesmente apaixonou-se pelas flores. Manuseá-las dava-lhe um grande prazer e, curioso como só ele, Souza via um mundo se abrir naquela lojinha sob a sua casa. "Flores são usadas para presentear pessoas próximas em momentos de alegria. Poder participar dessas ocasiões é recompensador."

Ele permaneceu quatro anos em seu primeiro emprego. Depois, passou por outras quatro floriculturas. A ideia de abrir o próprio negócio surgiu quando tinha 22 anos. "Nesse momento, decidi que eu queria ter a minha floricultura, para implementar o meu jeito de trabalhar", diz. Souza tinha conhecimento e garra. O problema era a escassez de dinheiro. "Eu só podia contar com um carro velho e uma pequena poupança. Não daria para montar a empresa", conta. A saída foi recorrer à família, ou melhor, aos (semi) agregados. A mãe de sua namorada na época apostou no entusiasmo do então aspirante a empresário. Ela entrou com o capital e ele, com o trabalho. Como o orçamento ainda assim era apertado, Souza fez das tripas coração para montar a loja, em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo. Ele mesmo colocou o piso e pintou as paredes. No shopping Center Norte, onde dava consultoria a uma floricultura, notou certo dia que havia peças de vidro no lixo. Souza não teve dúvida: colocou-as no carro e fez delas prateleiras para a sua primeira unidade.

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No começo, o empresário manteve o emprego e a loja simultaneamente, porque receava não conseguir pagar o aluguel. A dupla jornada durou pouco. Dois meses depois de levantar as portas, a Giuliana Flores já tinha um faturamento que permitia arcar com as contas e caminhar com as próprias pernas. Souza logo mostrou a que veio. Escolheu o local a dedo, entre duas floriculturas tradicionais do bairro, uma com 19 anos de mercado e a outra com 27. "Sempre acreditei que a concorrência é saudável para o desenvolvimento do negócio, porque estimula a inovação", afirma. Para conquistar os clientes, ele procurava inventar arranjos diferentes. Visitava floriculturas de toda a cidade e ia a feiras de artesanato, com a de Embu, próxima à capital paulista, para buscar fontes de inspiração. "Em uma das feirinhas que visitei, no começo dos anos 90, vi pássaros de madeira que poderiam incrementar os arranjos. Comprei alguns e a novidade foi um sucesso."

GIULIANA FLORES Fundação >>> 1990 Sede >>> São Caetano do Sul, SP O que faz >>> Três lojas físicas e três virtuais comercializam flores e cestas de café da manhã Faturamento 2009 (estimado) >>> R$ 15 milhões

Depois que saem da empresa, os arranjos chegam aos clientes em, no máximo, 24 horas para manter a qualidade.

Dois anos depois de abrir as portas da Giuliana Flores, Souza inaugurou a segunda unidade, também em São Caetano do Sul. O que seria uma conquista importante - e suficiente - para qualquer empreendedor, para Souza era só um passo. Ele não queria ficar restrito à duas "lojinhas". Resolveu então criar a venda de flores por catálogo (na época, nem se esboçava a internet). "A gente tirava fotos dos produtos, imprimia e entregava na região do ABC paulista." A experiência foi importante para o início da Giuliana Flores online. Quando a empresa decidiu ir para a internet, no ano 2000, já tinha

experiência em fazer fotos dos arranjos, entregar as flores e receber pedidos a distância.

Em nove anos, os processos foram aperfeiçoados, com o desenvolvimento de softwares adequados às necessidades da empresa. Depois que o cliente faz o pedido pela internet, a linha de produção prepara o arranjo e uma das cinco transportadoras parceiras da Giuliana Flores retira o produto. O prazo máximo entre a saída da mercadoria e a entrega é de 24 horas. "Trabalhamos com esse limite para manter a qualidade do produto." Além disso, assim que um pedido é entregue, a central telefônica da empresa informa ao cliente quem recebeu a encomenda. "As pessoas ficam ansiosas para saber se as flores foram entregues. Encontramos um jeito de resolver a situação."

Sempre procurando aperfeiçoar o negócio, Souza começou, há quatro anos, a firmar parcerias para agregar valor aos seus produtos. Hoje, junto com as flores, o cliente pode presentear a pessoa querida com bombons, vinhos e bichinhos de pelúcia, entre outros itens. São mais de 40 marcas oferecidas no site da empresa - Kopenhagen, Havanna, Salton, Amor aos Pedaços -, sempre vendidas junto com os arranjos. "Flores e chocolate combinam perfeitamente na hora de presentear", diz Laury Roman, diretor comercial da Ofner, uma das empresas parceiras. "O

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público da Giuliana é muito similar ao nosso e a oferta de produtos da Ofner no site deles funciona como um reforço da nossa marca." O site da Giuliana também é uma forma de fazer com que a Ofner, confeitaria com 17 lojas em São Paulo, chegue além da capital paulista. "Eles sabem entregar itens delicados com qualidade em diversos estados brasileiros. Então por que não usufruir dessa logística?", analisa Roman.

Atualmente, a Giuliana Flores entrega as encomendas em 1.100 cidades do país e tem, em sua base de dados, mais de 230 mil pessoas cadastradas. Por dia, segundo Souza, a floricultura virtual recebe cerca de 500 pedidos. Em épocas fortes para o setor, como o Dia das Mães e o dos Namorados, o número de encomendas chega a 5 mil pedidos diários. Nos períodos de pico, com os trabalhadores temporários, a quantidade de funcionários dobra.

A loja da Giuliana Flores em São Caetano do Sul foi o começo de tudo e é mantida até os dias atuais. O grupo é formado por três lojas físicas - todas na região do ABC paulista - e três virtuais: a Giuliana Flores, voltada para as classes A e B, a Nova Flor, direcionada à classe C, e a Cestas Michelli, que entrega cestas de café da manhã. A internet representa 90% do faturamento do grupo e o carro-chefe é a Giuliana Flores, responsável por 60% dos ingressos. Segundo o instituto de pesquisa e-Bit, o comércio de flores movimenta 1% do varejo eletrônico no Brasil. Neste ano, a estimativa é que o setor fature R$ 100 milhões. Só o grupo Giuliana Flores deve representar 15% desse total. O negócio prospera. Mas que fim levou a ex-futura sogra que bancou o investimento inicial? Depois que terminou com a namorada - seis anos após a abertura da empresa -, Souza comprou a participação dela por R$ 80 mil, pagos metade à vista e o restante em dez parcelas. A quem interessar, ele hoje está muito bem casado.

OS PILARES DE CLOVIS SOUZA A Giuliana Flores começou pequena e cresceu pouco a pouco. Saiba como >>>EXPERIÊNCIA O conhecimento adquirido em 12 anos de trabalho como funcionário em outras floriculturas foi fundamental para que Clovis Souza se sentisse seguro para abrir o seu próprio negócio

>>>INOVAÇÃO Desde o começo, a Giuliana Flores não teme a concorrência. Para Souza, o mercado acirrado ajuda no desenvolvimento do negócio, pois força a buscar alternativas inovadoras

>>>ANTECIPAÇÃO A oferta de flores por catálogo anos antes de inaugurar a loja online facilitou a entrada da Giuliana Flores na internet

>>>ESTRATÉGIA A Nova Flor, loja virtual do grupo voltada à classe C e com movimento menor, é usada para testes de novos produtos e tecnologias. Depois de dar certo ali, implementa-se a novidade na Giuliana Flores, carro-chefe do grupo

http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/0,,EMI81911-17165,00-O+MUNDO+E+CORDEROSA.html

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ATIVIDADE 13: ARTIGO

Qual é a melhor idade para empreender? Por Marcelo Costa Menezes*

"Qual é a melhor idade para empreender? Existe uma idade mínima? E qual conselho você daria para um jovem de 20 anos que cursa Administração de Empresas para se capacitar para o processo de empreendedorismo?" Leandro Rodrigues de Oliveira

Nova Friburgo, RJ

Não há idade determinada, certa ou errada, para ser empreendedor, isso é algo que ocorrerá naturalmente de acordo com o perfil de cada um. Contudo, aos jovens que se veem empreendedores, sugiro:

· Ser altamente atualizado e informado. Sem informação fica difícil identificar oportunidades;

· Ser determinado em suas pesquisas, análises e estudos para minimizar os riscos;

· Não cair na rotina e entrar em um processo robótico de suas atividades. Sempre buscar novas

formas de melhorar;

· Ter senso crítico e questionar o porquê das coisas. Isso abrirá a mente para as sugestões e

questionamentos como: “por que não fazemos assim ou dessa outra forma”;

· Antes de se aventurarem em seus próprios negócios, procurem ser empreendedores nas

empresas em que trabalham;

· E o mais importante, perca o medo de arriscar, de fracassar, pois o fracasso nos fortalece.

Ademais, os jovens têm esse direito.

Mas, para responder melhor a esta pergunta, acho que é mais prudente definir primeiro o que é ser empreendedor. Muitas pessoas, inclusive as mais jovens, acham que ser empreendedor é ter seu próprio negócio, ou seja, a partir do momento em que se tornam empresários passam a ser empreendedores. Esse pensamento está completamente equivocado. Ser empreendedor é muito mais que isso e não se limita ao empresariado. Há muitos empresários que não são empreendedores e vice-versa.

Em momentos de crise, quando o índice de desemprego cresce substancialmente, surgem muitos que se acham “empreendedores”. As pessoas, sem opções, resolvem pegar suas economias e investir em algum negócio, seja uma loja, lanchonete, oficina, etc. Mas fazem isso sem estar preparadas. Criam um negócio qualquer (um mero mercador que compra e vende), sem ter na veia o sangue empreendedor. E o resultado disso, que podemos chamar de desespero, não passa de mais um incremento nas estatísticas das pequenas empresas que fecham em menos de um ano. Esse é um exemplo clássico de que ser empreendedor não é ser empresário. Ser empreendedor é pensar fora da “caixa”, do óbvio, e tentar novas soluções para melhorar sua atividade (seu trabalho). Um empresário empreendedor é aquele que vê oportunidades diferenciadas para o crescimento do seu negócio. Desde a área industrial, como formas mais

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eficazes e baratas de produção, até a área de vendas, como também vislumbrando novos mercados e apresentando seu produto de forma inovadora.

Uma pessoa pode também ser empreendedora no seu emprego, na sua função. Para isso basta desenvolver novos métodos, que de alguma forma gerem ganhos para o acionista da empresa. “Empreendedor é o individuo que detém uma capacidade nata de inovar, organizar, administrar e executar”. Destaca-se gerando novos produtos - mercadorias ou serviços - a partir de conhecimentos e bens comuns. Em outras palavras é o profissional que, à sua maneira, modifica, pioneiramente, a forma de atuação de procedimentos considerados universais, com resultados bem superiores aos denominados “lugar comum”.

O espírito empreendedor está dentro de cada pessoa. É nato. E como todo dom, tem que ser desenvolvido, lapidado. Porém, às vezes fica escondido, sem manifestar-se, por uma série de fatores entre os quais destaca-se o medo de arriscar. Para que possamos desenvolver nossas habilidades empreendedoras temos que nos livrar do medo do fracasso, sair da zona de conforto e procurar sempre formas de agregar valor ao negócio.

* Marcelo Costa Menezes é empresário do setor de bicombustíveis e energia renovável, diretor

do CJE – Comitê de Jovens Empreendedores da FIESP - e membro do Conselho dos Novos

Líderes