apostila de tÓpicos do dir. civil

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TPICOS DE DIREITO CIVILFabrcia Estrella Advogada e Palestrante Consultora Jurdica do IBRADI Prof de Direito Civil da UNESA e do Curso MERITUM Prof de Direito Civil da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro

PARTE GERAL Sujeitos do Direito. Pessoa Natural So sujeitos do direito as pessoas natural e jurdica (grupo de pessoas naturais). Toda pessoa tem aptido genrica para adquirir direitos e contrair obrigaes ou, em outras palavras, para ser sujeito de direito, a pessoa tem que ter personalidade. Melhor nos parece o conceito do CC (art.1), que ressalta a condio de ser humano como suficiente para se afirmar como sujeito de direitos e obrigaes, ao estabelecer que todo ser humano capaz de direitos e obrigaes na ordem civil. Personalidade Jurdica um atributo inerente ao ser humano, sem qualquer distino (ex: preso, etc.), independentemente de sua vontade e conscincia (ex: estado de coma). Portanto, tm personalidade jurdica o deficiente mental, a criana, o preso e o recmnascido. A personalidade comea com o nascimento com vida, que a separao do feto do ventre materno, coincidindo, segundo a medicina legal e a maioria da doutrina, com o incio da respirao pulmonar (art.2, CC). A prova do nascimento se faz, geralmente, pela certido de nascimento, efetuada pelo oficial do registro civil de pessoas naturais (art.29, I, Lei 6.015/73). No caso de dvida sobre se a criana nasceu viva (respirou) ou no, deve-se recorrer ao exame mdico-legal conhecido como docimasia pulmonar. O fim da personalidade ocorre com a morte. O momento da morte provado, geralmente, atravs da certido de bito (art.29, III, Lei 6.015/73) que, normalmente, feita com base em atestado de bito. Nascituro O nascituro, ou seja, o ser em formao no ventre materno, no tem personalidade jurdica, isto , no sujeito de direito. Porm, tem seus direitos assegurados no art.2, CC. Desta forma, dizemos que ele tem expectativa de direito, ficando seus direitos resguardados at seu nascimento com vida. Para a corrente denominada natalista (Prof Caio Mrio, Gustavo Tepedino e outros), o nascituro no tem personalidade, embora protegido juridicamente (art. 2 do Cdigo Civil), aguardando-se seu nascimento com vida para tanto e, at l ter mera expectativa de direito. Para os concepcionistas (como o Prof Francisco Amaral e J.M. Leoni de Oliveira), a personalidade civil do ser humano se adquire com a concepo, at porque o mencionado art.2 do Cdigo Civil afirma categoricamente que a lei pe a salvo os direitos do nascituro e no a mera expectativa de direito do nascituro. Ademais, o legislador expressamente confere diversos direitos ao nascituro (vide, por ex., os arts. 5, caput, art. 227, da CR/88, e arts. 542, 1.609, nico, do Cdigo Civil).

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TPICOS DE DIREITO CIVILFinalmente para os condicionalistas (como o Prof Arnald Wald) o nascituro no sujeito de direito, embora protegido, tendo personalidade condicional suspensiva. Comorincia Trata-se da anlise da hiptese do art. 8, CC. A dvida se refere constatao de quem faleceu em primeiro lugar. Se a medicina moderna identificar que morreu em 1 lugar ser usado o Princpio da Verdade Real. Se no for possvel, presume-se (presuno relativa) que faleceram ao mesmo tempo. Os efeitos sucessrios da comorincia so que os comorientes no herdam entre si, devendo-se chamar os herdeiros de cada um deles. Capacidade um atributo da personalidade. a aptido oriunda da personalidade para se adquirir e exercer por si mesmo, ou por intermdio de outrem, direitos na vida civil. Todo ser humano, em tese, teria capacidade se tem personalidade, pois esta um atributo da personalidade. Porm, h um tipo de capacidade que alguns no tm o direito de exercer, qual seja, a capacidade de fato. Ento, existem duas espcies de capacidade: a de direito (de aquisio ou de gozo) e a de fato (de exerccio ou de ao). A capacidade de direito no pode ser recusada ao indivduo, sob pena de retirar-lhe um dos atributos da personalidade. Todo homem dotado, em princpio, de capacidade de direito. Se falta esta capacidade porque no h personalidade. J a capacidade de fato diz respeito ao exerccio pessoal dos direitos do indivduo, ou seja, todo indivduo tem capacidade de direito, mas, nem sempre, pode exercer pessoalmente seus direitos, dependendo sempre da interveno de outra pessoa que o represente ou o assista. Neste caso, diz-se que o indivduo incapaz. A regra a capacidade; a incapacidade exceo. Logo, presumida a capacidade de fato, que s pode ser retirada nos casos previstos em lei. Ningum pode abdicar de sua capacidade (de direito ou de fato), vale dizer, se declarar incapaz. A incapacidade s declarada por sentena judicial. Incapacidade Absoluta. Incapacidade Relativa. Representao. Assistncia Incapazes so os indivduos que, sem perder os atributos da personalidade, dentre eles a capacidade de direito, no podem exercer pessoalmente seus direitos. Toda incapacidade legal, com carter de ordem pblica (imperativa). De acordo com a extenso da incapacidade temos: a) o absolutamente incapaz; b) o relativamente incapaz. O absolutamente incapaz s exerce seus direitos e aes por representao. Os representantes agem em nome do incapaz. A representao ocorre: a) automaticamente por parentesco. Ex: pais; b) por nomeao da autoridade judicial - curatela para loucos e tutela para rfos. Os absolutamente incapazes esto includos no rol do art. 3, CC. J o relativamente incapaz (art. 4, CC) no privado totalmente da capacidade de fato, sendo o exerccio de seus direitos praticado com sua participao. Entretanto, ele ter sempre assistncia de um parente ou de pessoa designada judicialmente. A regra que os atos praticados sem assistncia so anulveis.

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Maioridade. Emancipao A maioridade civil d-se aos dezoito anos de idade hoje (art.5, CC). Entretanto, a lei reconhece que, em determinadas hipteses, o menor, apesar de no ter atingido a maioridade, j possui discernimento completo para exercer os atos da vida civil. Nestes casos a lei admite a denominada emancipao, que visa a atribuir ao menor de 18 anos, a plena capacidade de fato ou de exerccio. Temos dois tipos de emancipao: a) voluntria, que concedida pelos pais ou tutor (art.5, nico, I, CC); b) legal, que a obtida pelo casamento, pelo exerccio de emprego pblico efetivo, pela colao de grau em curso de ensino superior ou pelo estabelecimento civil ou comercial, com economia prpria (art.5, nico, II, III, IV e V, CC). Em ambos os casos o registro indispensvel, face ao disposto no art. 91, nico, Lei 6.015/73. Pessoa Jurdica Trata-se de um centro de imputao de direitos e obrigaes que persegue determinados fins, formado por um grupo de pessoas fsicas, cujo patrimnio distinto do de seus membros. A pessoa jurdica tem personalidade e capacidade de direito. A pessoa jurdica pode ser: a) de direito pblico (interno ou externo); b) de direito privado. A pessoa jurdica de direito pblico interno tem sua previso no art. 41, CC. Seu paradigma o Estado, que a pessoa jurdica necessria. J as pessoas jurdicas de direito pblico externo so os prprios Estados estrangeiros soberanos. O art. 44, CC enumera as pessoas jurdicas de direito privado. O incio da pessoa jurdica de direito privado se d a partir do momento em que seus atos constitutivos so registrados no registro pblico competente. o registro que atribui personalidade jurdica, conforme art. 45, CC. J a pessoa jurdica de direito pblico surge de acordo com o estabelecido pelas leis especficas de direito pblico. Logo, h dois momentos para o incio da pessoa jurdica: 1) ato constitutivo (emisso de vontade); 2) registro (atribui personalidade). Os atos constitutivos (ex: contrato) por si s no bastam. S o registro desses atos que dar existncia legal pessoa jurdica, conforme art. 45, CC (c/c art.114 e seguintes da Lei 6.015/73). As sociedades de advogados so registradas na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de cada Estado, conforme art.15, 1, Lei 8.906/94 (Estatuto da OAB). O fim da existncia da pessoa jurdica de direito pblico se d conforme previso de leis prprias de direito pblico. J o fim das de direito privado d-se por vontade ou morte das partes. A pessoa jurdica pode sofrer dano moral (art. 52, CC e Smula 227/STJ). A capacidade da pessoa jurdica restrita a seus fins sociais (Princpio da Especializao).

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TPICOS DE DIREITO CIVILO representante da pessoa jurdica vincula a mesma dentro dos seus fins sociais; se ele exorbita destes fins, responde pessoalmente. Conforme art. 43, CC, as pessoas jurdicas de direito pblico so civilmente responsveis pelos atos praticados por seus representantes nessa qualidade. Este entendimento est consolidado pela CR em seu art.37, 6. Contudo, tm tais pessoas jurdicas direito regressivo contra os causadores do dano (seus empregados), em alguns casos. A pessoa jurdica possui personalidade jurdica distinta da dos seus membros. Assim, no se confunde o patrimnio da pessoa jurdica com o patrimnio de seus membros, no respondendo estes, como regra geral, pelas dvidas assumidas por aquela. Contudo, se a pessoa jurdica serve de testa-de-ferro para proteger os interesses de seus membros, quando estes exorbitam os fins da sociedade para se satisfazer individualmente, com abuso do direito de scio, tem-se reconhecido a Teoria da Desconsiderao da Pessoa Jurdica, tambm conhecida como Teoria da Penetrao ou Disregard of Legal Entity, sendo esta ltima denominao da doutrina americana. Atravs desta teoria, o magistrado levanta o vu da pessoa jurdica, nela penetrando para atingir pessoalmente a responsabilidade de seus scios, impedindo a consumao de fraudes contra terceiros. Desta forma, os scios, quando se utilizam dos fins da pessoa jurdica para satisfazer seus prprios interesses, respondem com seu patrimnio pessoal pelos danos causados a terceiros. Esta idia encontra-se hoje no art. 50, CC, alm do art.28, Lei 8.078/90 (Cdigo de Defesa do Consumidor), no art. 18, Lei 8884/94 (Lei de Infraes Ordem Econmica) e no art.135, do CTN (Cdigo Tributrio Nacional). A doutrina se dividiu criando duas correntes, quais sejam a teoria maior e a teoria menor, cujos maiores expoentes so Rubens Requio e Fbio Konder Comparato. Na teoria maior, tambm denominada teoria subjetiva, o magistrado, usando de seu livre convencimento, se entender que houve fraude ou abuso de direito, pode aplicar a desconsiderao da personalidade jurdica. Para tanto, necessrio fundamentao porquanto utiliza o livre convencimento. J na teoria menor, teoria objetiva como denomina parte da doutrina, consoante aos dizeres de Fbio Ulha Coelho:"H uma tentativa, da parte de Fbio Konder Comparato, no sentido de desvincular o superamento da pessoa jurdica desse elemento subjetivo. Elenca, ento, um conjunto de fatores objetivos que, no seu modo de ver, fundamentam a desconsiderao. So os seguintes: ausncia do pressuposto formal estabelecido em lei, desaparecimento do objetivo social especfico ou do objetivo social e confuso entre estes e uma atividade ou interesse individual de um scio. Mas, de qualquer forma, ainda que se adote uma concepo objetiva nesses moldes, dvida no pode haver quanto natureza excepcional da desconsiderao (COELHO, Fbio Ulhoa. Direito antitruste brasileiro. So Paulo: Saraiva, 1995.)."

Contudo, a teoria menor, baseada em critrios objetivos, tem seu mbito de aplicao restrito ao Direito Ambiental (art. 4 da Lei n. 9.605/1998) e Direito do Consumidor (art. 28, 5, da Lei n. 8.078/1990), consoante, inclusive, deciso noticiada. No se tratando desses dois casos, caber a teoria maior, a qual exige fundamentao robusta do magistrado, por ser subjetiva. E, aqui, est o cerne da fundamentao da deciso informada. Cabe ressaltar que h severas crticas aos dispositivos legais concernentes teoria menor,vez que alguns afirmam haver falta de relao da lei com as possibilidades pontuadas pela doutrina, tanto para positivar algumas no contempladas por ela, como quando no o fizeram com outras que foram consideradas.

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TPICOS DE DIREITO CIVILA aplicao da Teoria da Desconsiderao Inversa (construo jurisprudencial e doutrinria) atinge o patrimnio da pessoa jurdica por dvidas do scio. Comum no direito de famlia. Isto ocorre quando o scio da empresa frauda credores, desviando os bens pessoais e incorporando-os ao patrimnio da pessoa jurdica. Ato jurdico e negcio jurdico No ato jurdico, seus efeitos emanam diretamente do ordenamento jurdico. No negcio jurdico a vontade manifestada pelas partes que produz os efeitos jurdicos. O plano da existncia do negcio jurdico anterior e, necessariamente, uma questo prvia ao plano de sua validade ou eficcia. Ou algo entrou e produziu efeitos no mundo jurdico ou nele no entrou nem produziu efeitos. Os negcios jurdicos inexistentes so os que no entraram no mundo jurdico. Ex: Pedro j havia falecido quando lhe atriburam a feitura de um testamento. O plano da validade pressupe o da existncia. A validade de um negcio jurdico diz respeito: a) aos sujeitos que o celebram; b) ao seu objeto; c) a sua forma (art. 104, I ao III, CC). O plano da eficcia tem por pressuposto o plano da existncia, mas no necessariamente o da validade. possvel que um negcio seja eficaz e invlido. Ex: casamento putativo (art. 1561, caput, CC). Elementos constitutivos do ato jurdico Ato jurdico conduta externa, consciente e voluntria. No so atos jurdicos:

a) b)

os estados psicolgicos internos, alm da conduta externa que se produz inconscientemente ou involuntariamente. Ex: ato reflexo; os processos do mundo externo que produzem efeitos jurdicos independentemente da vontade humana. Ex: extino do direito real pela destruio da coisa.

Conceito. Elementos: essenciais, naturais e acidentais Trata-se de declaraes de vontade destinadas produo de efeitos jurdicos desejados pelo agente. o ato atravs do qual os particulares regulamentam seus interesses, estabelecendo preceitos ou regras jurdicas, nas suas relaes com os outros. Os elementos essenciais so os que devem necessariamente existir para a formao do negcio jurdico em geral. A ausncia de qualquer deles impede a formao do negcio jurdico. So eles: a) manifestao de vontade; b) sujeitos; c) objeto; d) forma (art. 104, I ao III, CC). Os elementos naturais, na verdade, constituem efeitos de determinados negcios jurdicos previstos atravs de normas supletivas, que podem, como conseqncia, ser afastadas pela vontade das partes. Ex: vcios redibitrios na compra e venda. Os elementos acidentais ou as modalidades do negcio jurdico so os que, apesar de no serem necessrios para a formao do negcio jurdico, nele so includos pela manifestao de vontade das partes, tornando-se, assim, essenciais para que o negcio no qual foram includos produza seus efeitos, alm de excluir ou limitar tais efeitos. So eles: a) condio; b) termo ou prazo; c) encargo ou modo. Condio a clusula acessria, inserida em um negcio jurdico, pela manifestao de vontade das partes, que subordina os efeitos do negcio celebrado a um acontecimento

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TPICOS DE DIREITO CIVILfuturo e incerto (art. 121, CC). Ex: Joo promete doar a Pedro uma casa se ele passar no vestibular para a faculdade de Direito. A condio pode ser suspensiva (se cria expectativa de direito, onde fica condicionado o acontecimento do ato ao da condio, gerando efeito ex tunc - art. 125, CC) ou resolutiva (que, enquanto no se verificar, vigorar o ato jurdico; verificada a condio, extingue-se o direito a que ela se ope; seu efeito ex nunc - arts. 127 e 128, CC). Alguns negcios so incondicionais por expressa determinao legal, tais como, o reconhecimento de filho (art. 1.613, CC), adoo, a aceitao ou renncia da herana (art. 1.808, caput e 1, CC). So lcitas, em geral, todas as condies que a lei no vedar expressamente (art. 122, CC). Termo a clusula acessria, inserida em um negcio jurdico, pela manifestao de vontade das partes, que subordina os efeitos do negcio celebrado a um acontecimento futuro e certo. Ex: Joo se compromete a entregar a Jos dois mil reais no dia 6 de maio de 2006; Manoel permite que Joaquim use sua residncia at a sua morte. Tambm aqui a lei veda expressamente a clusula de termo como, por exemplo, o art. 1.808, caput e 1, CC, veda a aceitao ou renncia da herana a termo; o art. 375, CC, veda a adoo a termo; o art. 1.613, CC), no admite o reconhecimento de filho a termo, etc. O termo pode ser inicial (art. 131, CC) ou final (art. 135, CC), certo (o descumprimento da obrigao leva mora art. 394, CC) ou incerto (o devedor tem que interpelar, notificar ou protestar). Prazo o perodo entre dois termos (art. 132, CC). Encargo ou modo um nus imposto a uma liberalidade (doao ou testamento), ou seja, a clusula pela qual se impe uma obrigao a quem se faz uma liberalidade (arts. 553, caput e 1.938, CC). Ex: doao de um terreno ao Municpio para nele ser edificado um hospital. Na dvida sobre se a clusula se trata de condio ou encargo, costuma-se diferenciar pelo teor da mesma: caso se utilize a conjuno se, estamos diante de uma condio; se forem usadas as locues para que, a fim de que, com a obrigao de, estamos diante de um encargo. Forma O art. 104, I ao III, CC afirma que a validade do negcio jurdico requer forma prescrita ou no defesa em lei. O art. 107, CC ressalta que a validade das declaraes de vontade no depender de forma especial, seno quando a lei expressamente a exigir. Finalmente, estabelece o art. 166, IV e V, CC que nulo o ato jurdico quando no revestir a forma prescrita em lei (art. 104, I ao III, CC). Prova Os negcios jurdicos que no possuem forma especial podero provar-se mediante (art. 212, CC): a) confisso; b) atos processados em juzo; c) documentos pblicos ou particulares; d) testemunhas; e) presuno; f) exames e vistorias; g) arbitramento (ex: art. 596, CC). O art. 228, CC possui o rol de pessoas que no podem ser testemunhas, como, por exemplo, os loucos de todo o gnero e os menores de dezesseis anos. Contudo, o instrumento particular, subscrito por duas testemunhas, prova as obrigaes de qualquer valor (art. 221, CC). Porm, seus efeitos, bem como os da cesso, no se operam, a respeito de terceiros, antes de transcrito no registro pblico competente. Faro a mesma prova que os originais as certides de qualquer pea judicial, bem como as extradas por oficial pblico (arts. 216 e 217, CC). Interpretao

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TPICOS DE DIREITO CIVIL o processo, atravs do qual, se determinam os efeitos das regras jurdicas estabelecidas pelas partes em determinado negcio jurdico. Ela tem por finalidade indagar a concreta inteno dos contraentes. Pode ser: subjetiva (se busca a vontade do contratante) ou objetiva (privilegia o sentido das declaraes). Deve obedecer a alguns princpios: 1) princpio da boa-f; 2) princpio da conservao do negcio jurdico; 3) princpio do favor debitoris (as clusulas ambguas devem ser interpretadas em favor do devedor). Nos contratos de adeso, a interpretao deve ser, em princpio, em favor do aderente. Defeitos dos negcios jurdicos. Vcios da vontade: erro, dolo e coao O nosso CC trata a matria nos arts. 138 ao 165, CC. Os defeitos dos negcios jurdicos incluem os vcios da vontade (erro, dolo e coao) e os vcios sociais (simulao e fraude), alm da leso, que por ser vizinha dos vcios do consentimento, encontra perfeita localizao topogrfica entre os defeitos do negcio jurdico. De qualquer forma, o efeito de qualquer negcio jurdico viciado ser sua anulao (art. 171, II, CC). Os vcios da vontade surgem quando o princpio da autonomia da vontade ferido, levando divergncia entre a vontade e a declarao de vontade. Nestes casos, a declarao de vontade no reflete a verdadeira inteno do emitente, eis que viciada por: a) erro; b) dolo; c) coao ou violncia. O erro o conhecimento falso sobre a natureza do negcio jurdico, do seu objeto ou da pessoa com quem se negocia. Ele apresenta alguns requisitos: a) deve ser substancial; b) deve ser escusvel. So anulveis os atos jurdicos quando as declaraes de vontade emanarem de erro (art. 138, CC). O erro substancial o que, se fosse conhecido pelo declarante, no teria ele celebrado o negcio jurdico (arts. 139, caput, I e II, CC). J o erro escusvel o desculpvel, ou seja, o que nele incidiria o homem de diligncia mdia. Em ambos os casos, deve o erro ser provado. Aquele que alega que incidiu em erro tem o nus de prov-lo, pois o nus da prova caba a quem alega, conforme dispe o art. 333, CPC. O dolo o artifcio astucioso, empregado para induzir algum prtica de um ato, que o prejudica, e aproveita ao autor do dolo ou terceiro. Atravs da conduta dolosa, o sujeito obtm uma declarao de vontade do outro contraente que no seria emitida, se ele no incidisse em erro em virtude do dolo. Da dizer-se que o dolo o erro induzido por um dos contraentes do negcio jurdico. So requisitos do dolo: a) inteno de enganar o outro contraente; b) induzir o outro contraente em erro ou engano; c) causar prejuzo ao outro contraente; d) angariar benefcio para seu autor ou terceiro. So espcies de dolo: a) dolo principal (determinante do negcio jurdico celebrado) e dolo acidental (a seu despeito o ato se teria praticado, embora por outro modo - art. 146, CC. Ex: negociao de dvida por preo menor para obter vantagens); b) dolus bonus (manobras empregadas no comrcio, como, por exemplo, defender, de maneira exagerada, as qualidades do produto, atravs da publicidade) e dolus malus (artifcio determinante do engano da outra parte, com idoneidade para tanto. Ex: propaganda enganosa). O erro se diferencia do dolo eis que, no erro, h uma valorao unilateral da realidade, ao passo que no dolo, h uma valorao bilateral, tanto do que incidiu em erro, como do que determinou o erro. Os atos jurdicos so anulveis por dolo, quando este for a sua causa (art. 145, CC). Efetivamente o dolo que se leva em conta como vcio do consentimento o praticado por uma das partes. Porm, se uma das partes teve conhecimento ou atuou como cmplice de terceiro, o dolo deste tambm determina a anulao do negcio celebrado (art. 148, CC).

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TPICOS DE DIREITO CIVILTambm, o dolo do representante de uma das partes s obriga o representado a responder civilmente at a importncia do proveito que teve (art. 149, CC). Aqui no h anulao do negcio, eis que o representante no terceiro. Porm, se h conluio entre procurador e procurado, anula-se o negcio. O dolo bilateral aquele onde ambas as partes agiram com conduta dolosa. Neste caso, nenhuma delas poder aleg-lo para anular o ato ou reclamar indenizao (art. 150, CC). Por ltimo, a prova do dolo incumbe vtima, pois o dolo no se presume. A coao ou violncia consiste no exerccio de uma ameaa injusta sobre uma pessoa, para persuad-la a celebrar um negcio jurdico que no celebraria em condies diferentes, isto , se no estivesse sob o temor da ameaa (art. 151, caput, CC). Ela pode se dar por violncia fsica (ausncia de consentimento; nulidade do negcio) ou moral (consentimento viciado; anulao do negcio). So requisitos da coao: a) deve ser a causa da celebrao do negcio; b) ser grave; c) ser injusta; d) ser atual ou iminente; e) recair sobre a pessoa da vtima, sua famlia ou seus bens; f) intensidade da ameaa (deve ser intensa o suficiente para submeter a vtima). So causas de excluso da coao (art. 153, CC): a) exerccio regular de direito (execuo judicial de uma dvida); b) temor reverencial (receio de desagradar os pais). A coao de terceiro vicia o negcio jurdico (art. 154, CC). A leso o prejuzo econmico que resulta da desproporo entre as prestaes de um contrato. Atualmente, encontramos o instituto da leso no Cdigo de Defesa do Consumidor, arts. 6, V e 39, e na lei dos crimes contra a economia popular (Lei 1521/51, art. 4). Tambm o CC prev a leso no art. 157: ocorre a leso quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperincia, se obriga prestao manifestamente desproporcional ao valor da prestao oposta. A desproporo na leso h de ser manifesta, perceptvel, indubitvel e inquestionvel. Dentro do sistema do CC, se reconhecida a leso, o negcio anulvel (art. 171, II). O estado de perigo o defeito do negcio jurdico que guarda caractersticas comuns com o estado de necessidade (excludente de ilicitude penal). Configura-se quando o agente, diante de situao de perigo conhecido pela outra parte, emite declarao de vontade para salvaguardar direito seu, ou de pessoa prxima, assumindo obrigao excessivamente onerosa (art. 156, CC). Exemplo disso o caso do indivduo, abordado por assaltantes, que oferece uma recompensa ao seu libertador para salvar-se. Outro do sujeito que est se afogando e promete doar significativa quantia ao seu salvador. O estado de perigo gera a anulabilidade do negcio jurdico (art. 171, II, CC). A simulao ocorre quando as partes, conscientemente, emitem declarao em desconformidade com a realidade, criando a aparncia de negcio inexistente ou diverso do desejado, visando a enganar terceiros (art. 167, 1, CC). Ex: doao concubina por meio de terceiro, eis que a lei prev sua anulao (art. 550, CC).

No Cdigo Civil (art. 167) o negcio simulado ser nulo. A simulao deve ser provada por quem alega a existncia do negcio simulado.

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TPICOS DE DIREITO CIVILA fraude conta credores todo ato de disposio, a ttulo gratuito ou oneroso, atravs do qual o devedor deteriora seu prprio patrimnio, para que o remanescente no possa mais exercer a funo de garantia patrimonial a seus credores (art. 158, CC). Os requisitos da fraude so a m-f e a inteno de causar prejuzo aos credores, eis que retira-lhes, o devedor, a garantia de satisfao de seus dbitos. tambm anulvel o negcio contrado por meio de fraude (art. 171, II, CC). A ao a que se refere o art. 161, CC chamada de pauliana ou revocatria. Ela visa a tornar ineficazes os atos praticados em fraude contra credores. A conseqncia desta ao a anulao dos atos fraudulentos, revertendo-se a vantagem resultante, em proveito do acervo reservado ao concurso de credores. Esta ao prescreve em quatro anos. S os credores quirografrios tm legitimao para propor a ao (art. 158, CC). Isto porque os credores com garantia real (hipoteca, penhor) tm, no prprio bem, a satisfao de seus crditos, podendo execut-los em juzo. O CC prev a fraude contra credores nos arts. 158 a 165. A fraude execuo ocorre quando o bem do devedor j est sendo executado e este o aliena mesmo assim, visando a no satisfazer o crdito dos credores. Caracteriza-se pela alienao ou onerao de bens (art. 593, CPC): a) quando sobre eles pender ao fundada em direito real; b) quando, ao tempo da alienao ou onerao, corria contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo insolvncia; c) nos demais casos expressos em lei. Atos ilcitos Trata-se do comportamento humano voluntrio, contrrio ao direito, e causador de prejuzo de ordem material ou moral (arts. 186 e 927, CC). A Constituio da Repblica de 1988 consagrou, em seu art. 5, V e X, expressamente, a reparabilidade do dano moral. O art. 187, CC, dispe sobre a Teoria do Abuso de Direito. Ao apreciar a aplicao da teoria, deve o julgador recorrer regra do art. 5, LICC. Ex: 1) pessoa que, sem motivo justificvel, constri um muro alto em prejuzo de seu vizinho; 2) no Direito de Famlia, a exacerbao do poder correcional dos pais em relao aos filhos. So causas excludentes de ilicitude as do art. 188, CC. Em algumas situaes excepcionais, os atos lcitos podero impor a obrigao de indenizar. Ex: art. 1313, CC.

Ineficcia dos negcios jurdicos. Nulidade. Anulabilidade Conforme ensina Carvalho Santos, a nulidade um vcio que retira todo ou parte de seu valor a um ato jurdico, ou o torna ineficaz apenas para certas pessoas. A nulidade sofre gradaes, de acordo com o tipo de elemento violado, podendo ser absoluta (nulidade) ou relativa (anulabilidade). O ato nulo (arts. 166 e 167, CC) viola norma de ordem pblica e carrega em si vcio considerado grave. J o ato anulvel (art. 171, CC) contaminado por vcio de menor gravidade, decorrendo da no observncia de norma jurdica de direito privado.

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TPICOS DE DIREITO CIVILO novo CC, corretamente, adota a expresso invalidade como categoria genrica das nulidades absoluta e relativa, destinando um captulo prprio para suas disposies gerais (art. 166 a 184). A nulidade do ato poder ser argida por qualquer interessado ou pelo Ministrio Pblico, podendo, inclusive, o juiz declar-la de ofcio, razo por que se diz que a nulidade opera-se de pleno direito (art. 168, CC). O ato nulo no pode ser ratificado (art. 169, CC), tendo, inclusive a sentena declaratria de nulidade efeito ex tunc, dizendo-se que o ato reputa-se como no escrito. imprescritvel a ao declaratria de nulidade. Declarado nulo o ato, as partes restituir-se-o ao estado em que antes dele se achavam, e, no sendo possvel restitu-las, sero indenizadas com o equivalente (art. 182, CC). S os interessados podem alegar a anulabilidade do ato, no podendo o juiz pronunci-la de ofcio (art. 177, CC), no se operando, pois, de pleno direito. A impugnao do ato anulvel d-se por meio de ao anulatria de negcio jurdico, cujo prazo decadencial de quatro anos (art. 178, CC), podendo o ato ser ratificado (art. 172, CC). O efeito da sentena desconstitutiva ou constitutiva negativa de anulabilidade ex tunc. Entendendo ser o efeito da sentena declaratrio, este operar-se-ia ex nunc. Em hiptese alguma a ratificao poder violar direito de terceiro de boa-f (arts. 180 e 181, CC). Prescrio

Trata-se do decurso do tempo que faz convalescer uma leso de direito no interesse social. Isto porque o titular do direito lesado no prope, no prazo legal, uma ao para obter ressarcimento, perdendo, em virtude da inrcia, o direito propositura dessa ao.

Tem-se um direito subjetivo e pode-se passar anos sem que o tempo tenha a mnima influncia sobre o direito de seu titular, mas, eis que de repente, tal direito entra em leso..., d-se a leso do direito. Nasce da leso do direito o dever de ressarcir e, para o titular, o direito de propor uma ao para obter o ressarcimento. Se, porm, se deixa que o tempo passe sem fazer valer o direito de ao, que acontece? A leso se cura... a situao que era anti-jurdica, torna-se jurdica... (San Tiago Dantas, Programa de Direito Civil, vol. I).

So caractersticas da prescrio: 1) O direito do titular deve corresponder a um dever jurdico para que, pela violao deste dever jurdico, surja a leso e, por conseguinte, a prescrio; 2) A prescrio pode ser declarada de ofcio pelo juiz. Caber tambm parte interessada alegar sua ocorrncia, se for o caso (arts. 193 e 194, CC); 3) O prazo prescricional conta-se a partir da data em que se verificou a leso do direito. Ex: o prazo prescricional para propor ao de alimentos vencidos e no pagos, conta-se da data que cada prestao for exigvel, e pode ser ajuizada no prazo de 2 anos, conforme art. 206, 2, CC; 4) A prescrio pode ser interrompida ou suspensa (interrupo - art. 202, CC e suspenso arts. 197 ao 199, CC). Por conseqncia, pode recomear a ser contada por diversas vezes. Na interrupo, o prazo prescricional volta a ser contado, desde o seu incio, em razo da ocorrncia de um fato, que cria um obstculo intransponvel sua fluncia (art. 202, nico, CC). J na suspenso, uma vez iniciada a contagem do prazo prescricional h, em razo de

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TPICOS DE DIREITO CIVILcerto fato, um corte momentneo na sua fluncia que, depois de certo tempo, volta a correr, adicionado do perodo transcorrido inicialmente; 5) Os prazos de prescrio no podem ser acrescidos ou reduzidos pela vontade das partes (art. 192, CC). No se pode renunciar a prescrio enquanto ela est correndo. A renncia do art. 191, CC aquela feita aps o decurso do prazo, em que o sujeito passivo no a invoca, optando por cumprir a obrigao. Decadncia

a perda do prprio direito por seu titular pelo seu no exerccio, durante certo lapso de tempo determinado pela lei. Assim, no se trata da simples perda do direito de ao que ampara aquela direito. A decadncia ocorre quando o titular de um direito potestativo deixa de exerc-lo num dado prazo fixado pelo ordenamento jurdico. Lembre-se de que o direito potestativo no passvel de leso, cabendo ao sujeito passivo apenas a sujeio. Somente o direito subjetivo passvel de leso e, portanto, submetido a prazos prescricionais. O prazo decadencial fatal, vez que este no pode ser interrompido ou suspenso, fluindo de maneira contnua e ininterrupta.

Prescrio x Decadncia

As principais diferenas entre a prescrio e a decadncia so:

Prescrio:

1) extingue apenas a ao que protege o direito; 2) prejudica s o tipo de ao em que foi estipulada, podendo o direito ser pleiteado por outra via, se houver; 3) pode ser decretada de ofcio pelo juiz; 4) sujeita interrupo e suspenso; 5) aplicam-se os prazos gerais na falta de prazo especial; 6) abrange somente as aes condenatrias (Amorim Filho); 7) em regra, abrange direitos patrimoniais; 8) nasce quando o direito violado (Cmara Leal); 9) renuncivel (art. 191, CC).

Decadncia:

1) extingue o prprio direito; 2) prejudica todas as aes possveis; 3) deve ser decretada de ofcio pelo juiz (art. 210, CC); 4) no se interrompe nem se suspende; 5) s tem prazos especiais e expressos, no havendo prazo geral; 6) abrange as aes constitutivas (Amorim Filho);

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TPICOS DE DIREITO CIVIL7) abrange tanto direitos patrimoniais como no-patrimoniais; 8) nasce junto com o direito (Cmara Leal); 9) irrenuncivel (art. 209, CC).

OBSERVAES:

1) O CC/02 separou os prazos prescricionais dos decadenciais. Todos os prazos no previstos nos arts. 205 e 206 (que cuidam da prescrio), so decadenciais. Ex: art. 45, nico; art. 48, nico; arts. 445; 446; 501; 512; 513, nico; 516; 539; 550, entre outros;

2) H tambm prazos decadenciais em normas especficas. Ex: art. 26, CDC (Lei n 8.078/90).

DIREITO DAS OBRIGAES Obrigaes. Conceito Obrigao o vnculo jurdico em virtude do qual uma pessoa (credor) pode exigir de outra (devedor) uma prestao economicamente aprecivel. Seu objeto uma prestao, que pode ser a entrega de uma coisa (obrigao de dar) ou a realizao/absteno de uma ao humana especfica (obrigao de fazer ou no fazer). A importncia do direito das obrigaes encontra-se no fato de ser a obrigao a essncia do contrato, delineando e norteando as regras de cada espcie contratual. Atravs do direito das obrigaes regulam-se os direitos e deveres assumidos pelas partes quando resolvem acordar entre si. A obrigao tem natureza de vnculo jurdico em virtude do qual uma pessoa pode exigir de outra uma prestao economicamente aprecivel. A obrigao uma relao jurdica de carter transitrio. Estrutura da obrigao: elementos Compe-se a obrigao de trs elementos: 1) subjetivo; 2) objetivo; 3) vnculo jurdico. O elemento subjetivo ser composto do sujeito ativo (credor) e do sujeito passivo (devedor). O elemento objetivo traduz-se na prestao do devedor, que pode ser de dar, de fazer ou de no fazer. J o vnculo jurdico a essncia abstrata da obrigao. Traduz-se no poder que o sujeito ativo tem de impor ao outro uma ao positiva ou negativa, exprimindo uma sujeio.

Obrigao natural e dvida prescrita A obrigao natural aquela sem garantia, ou seja, no existe ao para que esta seja exigvel. Encontra-se situada entre o dever de conscincia (moral) e a obrigao juridicamente exigvel. O dbito contrado (schuld), mas o credor no tem o poder de efetivar a responsabilidade do devedor (haftung). Trata-se de obrigao sem sano.

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Ex: dvida de jogo; dvida prescrita; pagamento de juros no convencionados (art. 591, CC). Todas essas dvidas no obrigam o seu pagamento eis que no mais exigvel. O jogo ilcito; a prescrio apaga a dvida; os juros, como no pactuados, no so exigveis (pacta sunt servanda). Obrigao propter rem A obrigao propter rem tambm chamada de obrigao in rem scriptae ou ob. Possui natureza jurdica de obrigao mista. a obrigao por causa da coisa. Constitui-se no direito real + a faculdade da reclamar uma prestao. Por um lado, o credor tem o jus ad rem (direito contra a coisa), sendo credor de coisa certa e determinada; por outro lado, o devedor, que tambm pessoa certa e determinada, tem obrigao ob ou propter rem (a que vinculada coisa). Quem quer que seja o proprietrio da coisa, ou titular de outro direito real, devedor da prestao. Desta forma, o devedor determinado de acordo com a relao que o mesmo possua em face de uma coisa (propriedade ou deteno) que conexa ao dbito. (Serpa Lopes) Dentre outras, so obrigaes ob ou propter rem: a dos condminos de contribuir para a conservao da coisa comum (art. 1315, CC); a do proprietrio de concorrer para as despesas de construo. A obrigao propter rem tem natureza jurdica de obrigao mista pelo fato de, ao mesmo tempo, possuir aspectos de natureza pessoal e outros de natureza real. A natureza pessoal proveniente do fato de ser o objeto da relao jurdica uma prestao, pouco importando que seja devida por pessoa indeterminada. J a natureza real vem do fato de ser a obrigao por causa da coisa, o principal da relao jurdica, pouco importando a relao obrigacional, isto , a prestao em si. Obrigao de dar coisa certa A obrigao de dar coisa certa traduz-se com a entrega de uma coisa antes escolhida (determinada - art. 313, CC), perfazendo-se com a tradio (entrega - art. 237, CC). O credor no obrigado a receber coisa diversa da pactuada. Sua natureza jurdica de vnculo em virtude do qual pode o credor exigir do devedor, no tempo pactuado, a entrega da coisa. Se a obrigao no se concretiza, sem culpa do devedor, antes da tradio ou pendente condio suspensiva, resolve-se a obrigao (art. 234, CC). Porm, se houver culpa do devedor, responder este pelo equivalente, alm das perdas e danos (art. 234, 2 parte, CC). Se a deteriorao da coisa se der sem culpa do devedor, poder o credor resolver a obrigao ou aceitar a coisa, abatido o seu preo (art. 235, CC); se com culpa do devedor, poder o credor exigir o equivalente ou aceitar a coisa no seu estado, acrescida de perdas e danos (art. 236 c/c art. 402, CC).

Obrigao de restituir A obrigao de restituir se assemelha a uma espcie de locao, onde o devedor restitui a coisa ao credor, temporariamente em seu poder, no tempo pactuado.

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Tem natureza jurdica de mtuo (emprstimo oneroso), eis que o credor empresta ao devedor, de forma onerosa e por tempo determinado, uma coisa certa que este, ao final, restitui quele. Se a coisa se perde, sem culpa do devedor, antes da tradio, o credor suportar a perda, resolvendo-se a obrigao, sendo remunerados os seus direitos at o dia da perda (art. 238, CC). Perdendo-se a coisa por culpa do devedor, responder este pelo equivalente, alm das perdas e danos, mesma regra da perda da coisa certa por culpa do devedor (art. 239 c/c art. 234, 2 parte, CC). Risco de perecimento e deteriorao do objeto Se a coisa se deteriorar, sem culpa do devedor, o credor a receber, sem direito indenizao (art. 240, CC). Se por culpa do devedor, poder o credor exigir o equivalente ou aceitar a coisa no seu estado, acrescida de perdas e danos, aplicando-se a regra do art. 867, CC e do art. 236, novo CC (art. 240, CC). Obrigao de dar coisa incerta A obrigao de dar coisa incerta deve ter indicada ao menos o gnero e a quantidade (art. 243, CC). Cessa o estado de indeterminao da coisa com a escolha (art. 245,CC), passando a considerar-se obrigao de dar coisa certa; a escolha pertencer, em regra, ao devedor (art. 244, 1 parte, CC). Tem esta obrigao natureza jurdica de vnculo entre devedor e credor onde aquele cumpre a obrigao entregando coisa de qualidade mdia, isto , nem a pior, nem a melhor (art. 244, 2 parte, CC). Antes da escolha, o devedor no poder alegar perda ou deteriorao da coisa, ainda que por caso fortuito ou fora maior (art. 246, CC). A obrigao persiste enquanto puder ser encontrado ao menos um exemplar da coisa incerta devida, pois, s por exceo, desapareceria completamente todo um gnero. Obrigao de fazer Concretiza-se atravs de um ato do devedor. Muito freqentemente, reduz-se a uma prestao de trabalho. Ex: cortar a grama do campo de futebol. Pode constituir-se intuito personae, levando-se em conta as condies pessoais do devedor. Ex: encomenda de um quadro a um pintor de renome. Se foi convencionado que s o prprio devedor pode executar a prestao, no o credor obrigado a aceit-la de terceiro. Impossibilitando-se a prestao sem culpa do devedor, resolve-se a obrigao (art. 248, 1 parte, CC). Como regra geral, o inadimplemento da obrigao de fazer, com culpa do devedor, converte a prestao no seu equivalente pecunirio (art. 248, 2 parte, CC). Tambm se a obrigao for intuito personae, recusando-se o devedor a cumpri-la, converterse- a obrigao em perdas e danos (art. 247, CC).

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TPICOS DE DIREITO CIVILPorm, se a obrigao puder ser executada por terceiro, poder o credor mandar execut-la s custas do devedor ou pedir indenizao por perdas e danos, no caso de recusa ou mora do mesmo (art. 249, caput, CC). O objeto da obrigao de fazer a concluso do contrato, ou seja, do negcio jurdico estabelecido entre credor e devedor. A obrigao de fazer tem natureza de vnculo jurdico em virtude do qual uma pessoa pode exigir de outra uma prestao de fazer economicamente aprecivel. A obrigao de fazer uma relao jurdica de carter transitrio. Obrigao de meio e de resultado Nas obrigaes de resultado, a execuo considera-se atingida quando o devedor cumpre o objetivo final. Ex: entrega do quadro encomendado pronto. J nas obrigaes de meio, a inexecuo caracteriza-se pelo desvio de certa conduta ou omisso de certas precaues, a que algum se comprometeu, sem se cogitar do resultado final. Ex: entrega do quadro encomendado pela metade. Obrigao de no fazer Aqui, o devedor obriga-se a uma absteno, conservando-se em uma situao omissiva, negativa. Ento, desde que o devedor pratica o que deve omitir, inadimplente. Porm, terminado o prazo, o devedor recuperar a liberdade. Ex: abster-se o devedor de fazer reformas no apartamento alugado. A natureza jurdica da obrigao de no fazer de um vnculo jurdico de absteno, ou seja de uma relao jurdica negativa, onde o devedor se obriga a no fazer algo. A responsabilidade aqui se divide em duas hiptese distintas: 1) quando se impossibilita a absteno do fato, sem culpa do devedor, a obrigao se extingue (art. 250, CC); 2) realizando o devedor o que no podia efetivar, culposamente, pode o credor exigir do devedor que o desfaa, sob pena de conseguir que se destrua sob suas expensas (art. 251, caput, CC). Obrigaes alternativas e obrigaes com prestao facultativa A obrigao alternativa tem pluralidade de prestaes, liberando-se o devedor mediante o pagamento de uma s delas (art. 252, CC). Aqui, o vnculo jurdico abrange um conjunto de objetos, dos quais um s tem que se prestado. Ex: devedor tem a obrigao, desde o incio, de entregar um cavalo ou um boi. A obrigao com prestao facultativa possui um s vnculo e uma s prestao, com clusula que permite ao devedor se exonerar mediante o pagamento de prestao diferente. Trata-se de construo doutrinria, eis que o CC no prev este tipo de obrigao. Ex: devedor tem obrigao de entregar um cavalo, mas guarda a faculdade de entregar um boi, quitando a obrigao de entregar um cavalo. Concentrao e escolha Implica a concentrao da obrigao numa escolha. A regra geral a do art. 252, CC, onde o devedor far a escolha, no podendo este obrigar o credor a receber parte em uma prestao e parte em outra, conforme art. 252, 1, CC.

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TPICOS DE DIREITO CIVILSe o devedor no quiser fazer a escolha, esta passar ao credor ou ao juiz, no caso do credor tambm no querer. A escolha definitiva e irrevogvel. Nas prestaes anuais, todos os anos o credor tem o direito de exercer a opo (art. 252, 2, CC). Feita a escolha, a obrigao alternativa se converte em obrigao simples. Se uma das obrigaes no puder ser objeto da obrigao, esta subsiste quanto outra (concentrao automtica - art. 253, CC).

Impossibilidade da prestao Se a prestao se impossibilitar por culpa do devedor, no competindo ao credor a escolha, o devedor pagar o valor da ltima prestao impossibilitada, alm das perdas e danos (art. 254 c/c art. 402, CC). Porm, se a prestao se impossibilitar por culpa do devedor e couber ao credor a escolha, este poder exigir a prestao subsistente ou o valor da outra, alm das perdas e danos (art. 255, 1 parte c/c art. 402, CC). Se ambas as prestaes se tornarem inexeqveis, o credor poder reclamar o valor de qualquer das duas, alm das perdas e danos (art. 255, 2 parte c/c art. 402, CC). Contudo, se as prestaes se tornarem impossveis sem a culpa do devedor, a obrigao se extinguir (art. 256, CC). Obrigaes divisveis e indivisveis Nas obrigaes divisveis suas partes, quando fracionadas, no perdem as caractersticas essenciais do todo, formando um conjunto de unidades autnomas. Ex: terreno. As obrigaes indivisveis so as que, fracionadas, perdem as caractersticas essenciais, gerando fraes economicamente depreciadas. Ex: anel. Se o sujeito ativo um e o passivo tambm um, a regra a do art. 314, CC, segundo a qual o credor no pode ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim no se ajustou. Ex: se a dvida for pagar 3 pedaos de terra, no se pode pagar em prestaes, se assim no ficou ajustado. Porm, na obrigao divisvel, havendo mais de um credor ou mais de um devedor, a obrigao presumir-se- dividida em obrigaes proporcionais ao n de credores ou devedores (art. 257, CC). Cumpre observar que a solidariedade no se presume, conforme art. 265, CC. Ex1: C1, C2, C3 recebero a dvida de D. Logo, D pagar a cada credor 1/3 da dvida, s podendo cada credor exigir a sua parte. Ex2: D1, D2, D3 devem uma quantia a C, recebendo este de cada devedor 1/3 da dvida toda e exonerando-se, cada um, pagando a sua parte. Se a obrigao for indivisvel, e houver dois ou mais devedores, cada um se obrigar pela dvida toda e, o devedor que pagar a dvida, sub-roga-se no direito do credor, em relao aos outros co-obrigados (art. 259, CC). Contudo, se a pluralidade for de credores, poder, cada um deles, exigir a dvida inteira e o devedor ou devedores se desobrigaro pagando: a) a todos os credores, conjuntamente; b) a um deles, dando este cauo dos outros credores (art. 260, CC). Na pluralidade de credores, se s um deles receber a prestao por inteiro, cada um dos outros poder exigir, em dinheiro, sua parte do todo (art. 261, CC). Porm, se um dos credores remitir (perdoar) a dvida (art. 262, CC), a obrigao no se extinguir para com os outros, mas estes s a podero exigir, descontada a cota do credor remitente, o mesmo

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TPICOS DE DIREITO CIVILvalendo para a transao (art. 840, CC), novao (art. 360, CC), compensao (art. 368, CC) ou confuso (art. 381, CC). Se a obrigao, ao final, se resolver em perdas e danos (art. 402, CC), perder a qualidade de indivisvel (art. 263, CC), eis que ser paga em dinheiro (divisvel). Se, neste caso, houver culpa de todos os devedores, respondero todos por partes iguais; se for de um s a culpa, ficaro exonerados os outros, respondendo s esse pelas perdas e danos (art. 402, CC). Solidariedade Existe solidariedade quando, na mesma obrigao, concorre pluralidade de credores (solidariedade ativa), cada um com direito dvida toda, ou pluralidade de devedores (solidariedade passiva), cada um obrigado ela por inteiro (art. 264, CC). Desta forma, imprescindvel a pluralidade subjetiva na relao. Alm disso, a solidariedade no se presume, resultando de lei ou da vontade das partes (art. 265, CC). Embora incindvel a prestao, ela pode ser pura e simples (sem modalidades, quais sejam, condio - art. 121, CC; termo - art. 131, CC; encargo - art. 136, CC) para alguns credores ou devedores e, condicional ou, a prazo, para outros (art. 266, CC). Na solidariedade ativa, cada um dos credores tem direito a exigir do devedor, o cumprimento da prestao, por inteiro (art. 267, CC). Tambm, enquanto algum credor solidrio no demandar o devedor comum, a qualquer daqueles poder este pagar (art. 268, CC). Trata-se de preveno judicial, pois se um dos credores acionar o devedor, este somente se libera, pagando ao credor que o acionou. A preveno perdura enquanto perdurar o efeito jurdico da demanda. Contudo, o pagamento feito a um dos credores solidrios, extingue a dvida por completo (art. 269, CC). Esta regra tambm vale para a novao, compensao ou remisso. Se por ventura falecer um dos credores solidrios (art. 270, CC), deixando herdeiros, cada um dos herdeiros s ter direito a exigir a cota do crdito correspondente ao seu quinho hereditrio, cessando a solidariedade para os herdeiros, salvo se a obrigao for indivisvel, onde os herdeiros podero cobrar a totalidade da obrigao (art. 260, CC). Se a prestao, em caso de inadimplemento, se converter em perdas e danos, subsistir a solidariedade, correndo em proveito de todos os credores, os juros da mora (art. 271, CC). O credor que remeter (perdoar) a dvida ou receber o pagamento por esta, responder aos outros pela parte que lhes caiba (art. 272, CC). Na solidariedade passiva, o credor pode receber de um ou alguns devedores, parcial ou totalmente, a dvida comum (art. 275, CC). Assim, se um devedor paga a dvida toda, os demais se liberam e extingue-se a obrigao, conforme art. 269, CC. Se morrer um dos devedores solidrios (art. 276, CC), deixando herdeiros, cada devedor no ser obrigado a pagar, seno a cota que corresponder ao seu quinho hereditrio, cessando a solidariedade para os herdeiros, salvo se a obrigao for indivisvel (aqui, os herdeiros sero obrigados a pagar a totalidade da obrigao, conforme art. 259, CC. Impossibilitando-se a prestao, por culpa de um dos devedores solidrios, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos, s responde o culpado (art. 279, CC). Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ao tenha sido proposta contra um deles (art. 280, CC). O credor, mesmo tendo acionado um dos devedores solidrios, poder acionar os outros ao mesmo tempo. Porm, s ganhar de um deles, ao final, para que no se caracterize o enriquecimento ilcito (art. 275, nico, CC).

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TPICOS DE DIREITO CIVILO devedor demandado pode opor ao credor as excees que lhe forem pessoais (ex: confuso, isto , devedor e credor na mesma pessoa) e as comuns a todos (ex: prescrio), no lhe aproveitando, pois, as pessoais a outro co-devedor (art. 281, CC). O credor pode renunciar (exonerar) a solidariedade em favor de um, alguns ou todos os devedores, s podendo acionar os devedores que no obtiveram a renncia, abatendo no dbito a parte correspondente aos devedores, cuja obrigao remitiu (art. 282, CC). O devedor que pagar a dvida por inteiro poder exigir de cada um dos co-devedores a sua cota, presumindo-se iguais as partes de todos os co-devedores (art. 283, CC). Distino entre obrigao solidria e indivisvel A indivisibilidade d-se quanto ao objeto, eis que se dividido, perderia suas caractersticas essenciais (ex: anel). Se, por inadimplemento, a obrigao se resolver pelo seu equivalente pecunirio (perdas e danos), esta se tornar divisvel. J a solidariedade ocorre quanto aos sujeitos da relao, podendo ser quanto aos credores (solidariedade ativa) ou quanto aos devedores (solidariedade passiva). A solidariedade cessa com a morte dos devedores, mas a indivisibilidade subsiste enquanto a prestao suportar. A indivisibilidade termina quando a obrigao se converte em perdas e danos (art. 402, CC), enquanto que a solidariedade conserva este atributo. Pagamento O desfecho natural da obrigao seu cumprimento. O pagamento, no rigor da tcnica jurdica, significa o cumprimento voluntrio da obrigao, seja quando o devedor toma a iniciativa, seja quando atende solicitao do credor, desde que no o faa compelido. Porm, a obrigao pode cessar ainda: a) pela execuo forada; b) pela satisfao direta ou indireta do credor, por exemplo, na compensao; c) pela extino sem carter satisfatrio, como na impossibilidade da prestao sem culpa do devedor, ou na remisso da dvida. Em relao ao pagamento, quem deve efetu-lo? Quando personalssima a obrigao, vigora to somente entre as partes, extinguindo-se com elas. Caso contrrio, opera tanto entre as partes, como entre seus herdeiros (art. 928, CC), aos quais se transfere. Quando a obrigao contrada intuito personae, somente ao devedor incumbe a soluo, no podendo o credor ser compelido a aceitar de outrem a prestao. Com exceo deste tipo de obrigao, a regra a de que qualquer interessado na extino da dvida poder pag-la (art. 304, CC), no tendo o credor o direito de recusar sua soluo. Se realizado o pagamento por terceiro interessado ou por terceiro, por ordem do devedor, d-se sua sub-rogao nos direitos creditrios, ocupando aqueles a posio do credor. Se o pagamento realizado por terceiro no interessado (art. 304, nico, CC), este ter o direito de reembolsar-se do que pagou, no ocorrendo, nesta hiptese, a sub-rogao (art. 305, CC). Se o devedor, com justo motivo, se opuser ao pagamento da dvida por outrem, se este se efetuar, no ser o devedor obrigado a reembols-lo, seno at a importncia em que lhe aproveite (art. 306, CC). Ex: A devia R$ 10,00 a B, tendo um crdito de R$ 6,00 com B. O terceiro C, s tem o direito de se reembolsar de R$ 4,00, mesmo tendo pago R$ 10,00. Quando o pagamento importar em transmisso de domnio (art. 307, CC) necessrio, para sua validade, que o solvente tenha capacidade para alienar (seja dono do objeto), sob pena de ser ineficaz o ato, conservando o prejudicado ao contra o solvente para indenizar-se do dano sofrido.

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Quanto a quem se deve pagar, trata-se do credor ou quem de direito o represente, s valendo depois que o credor o ratifique (art. 308, CC). Se o pagamento for feito a quem no o verdadeiro credor (credor putativo), se de boa-f, ser vlido (art. 309, CC). Contudo, no valer o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, vigorando o princpio de quem paga mal paga duas vezes (art. 310, CC). Quem possui a quitao autorizado a receber o pagamento. Ex: recibo da loja (art. 311, CC). Se o devedor paga ao credor com algo que no dele (ex: objeto do pagamento foi penhorado a terceiro), no ter o credor poder de receber, e o pagamento a ele feito no vlido. O devedor pagar novamente e o terceiro ter direito de regresso contra o credor para reaver seu bem (art. 312, CC). Quanto ao objeto do pagamento e sua prova, o devedor que paga, ter direito quitao, podendo reter o pagamento, enquanto no lhe for dada (art. 319, CC). A quitao conter todas as caractersticas da dvida (art. 320, CC). Se o credor recusar a quitao ou no a der na forma do art. 320, CC, poder o devedor cit-lo para este fim, sendo, a sentena que condenar o credor, forma de quitao. Se a quitao consistir em devoluo do ttulo (ex: nota promissria), perdido este, poder o devedor exigir, retendo o pagamento, declarao do credor, que inutilize o ttulo sumido (art. 321, CC). Se o pagamento for em cotas, a quitao da ltima cria a presuno de estarem solvidas as anteriores (art. 322, CC). A entrega do ttulo ao devedor firma a presuno do pagamento, tendo o credor que provar que no o recebeu (art. 324, CC). Entretanto, ficar sem efeito a quitao se o credor provar em 60 dias o no-pagamento (art. 324, nico, CC). As despesas com o pagamento ficaro a cargo do devedor; mudando, pois, o credor de domiclio, ou deixando herdeiros em lugares diferentes, correro por conta do credor as despesas acrescidas (art. 325, CC). O pagamento em dinheiro far-se- em moeda corrente no lugar do cumprimento da obrigao (art. 315, CC). Quanto ao lugar do pagamento, ser efetuado no domiclio do devedor (dvida querable da dvida portable, onde o pagamento levado pelo devedor ao credor), salvo se as partes convencionarem de modo diverso, ou se assim dispuser a natureza da obrigao (art. 327, CC). Porm, se o pagamento consistir na tradio de um imvel, far-se- no lugar onde este se achar (art. 328, CC). Em relao ao tempo do pagamento, se no se ajustar uma poca para que este ocorra, o credor poder exigi-lo imediatamente (art. 331, CC). As obrigaes condicionais sero cumpridas na data do implemento da condio (art. 332 c/c 939, CC). Em alguns casos poder o credor cobrar a dvida antes de vencido o prazo (art. 333, CC): a) se, executado o devedor, abrir-se concurso creditrio; b) se os bens empenhados forem penhorados em execuo por outro credor; c) se cessarem ou se tornarem insuficientes as garantias do dbito e o devedor se negar a refor-las. Considera-se em mora o devedor que no efetuar o pagamento e o credor que no o quiser receber no tempo, lugar e forma convencionados (art. 394 c/c 393, CC).

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O devedor em mora responder pela impossibilidade da prestao, mesmo que esta resulte de caso fortuito ou fora maior, salvo se provar que o dano sobreviria, ainda que a obrigao fosse tempestivamente desempenhada (cabe ao devedor o nus da prova - art. 399, CC). Purga-se a mora (art. 401, CC): a) por parte do devedor, oferecendo este a prestao e os prejuzos decorrentes at o dia da oferta (juros); b) por parte do credor, oferecendo-se a receber o pagamento e sujeitando-se aos efeitos da mora at a mesma data; c) por parte de ambos, renunciando, aquele que se julgar por ela prejudicado, os direitos que a mesma lhe provierem. O inadimplemento da obrigao constituir em mora o devedor (art. 397, caput e nico, CC).

Pagamento indevido. Enriquecimento sem causa Fica obrigado a restituir aquele que recebeu o que no lhe era devido, e quem receber dvida condicional antes de cumprida a condio (art. 876, CC). Isto para que se evite o princpio do enriquecimento sem causa ou ilcito. Quem pagou erroneamente dever provar o erro (art. 877, CC). s benfeitorias acrescidas coisa dada em pagamento indevido, aplica-se o disposto nos arts. 1214 ao 1222, CC. Se quem indevidamente recebeu um imvel, o tiver alienado em boa-f, responder pelo preo recebido; mas se de m-f se deu o negcio, alm do valor do imvel, responder por perdas e danos (art. 879, CC). Contudo, ficar isento de restituir o pagamento indevido quem, recebendo-o por conta de dvida verdadeira, inutilizou o ttulo ou deixou prescrever a ao; mas o que pagou, ter ao regressiva contra o verdadeiro devedor e seu fiador (art. 880, CC). Aqui, o devedor paga pessoa errada, pensando que se trata do verdadeiro devedor. No se pode pedir de volta (repetir) o que se pagou para solver dvida prescrita ou cumprir obrigao natural (art. 882, CC). Vide art. 814, CC. Tambm no ter direito repetio quem deu alguma coisa para obter fim ilcito ou imoral (art. 883, CC). Pagamento por consignao tambm forma de extino da obrigao. Trata-se do depsito judicial da dvida pelo devedor (art. 334, CC - depsito bancrio), tambm chamado de oferta real. incompatvel com as obrigaes de no fazer e de fazer puramente, salvo se compreendendo tambm uma obrigao de dar. Ele s admissvel nos casos previstos em lei (art. 335, CC). Ex: recusando-se o credor a receber o pagamento. Combinar o art. 335, V, c/ o art. 344, CC. No basta a promessa ou a declarao de que a coisa devida se encontra disposio do credor, devendo consistir o pagamento no efetivo oferecimento da coisa devida. A ao de consignao encontra-se regulada nos arts. 890 ao 900, CPC. O devedor em mora no pode consignar, caso contrrio, no subsistiriam os juros da mora. O depsito deve ser integral para que tenha efeito liberatrio. Caso contrrio, deve-se antes apur-lo nas vias ordinrias (art. 336, CC). O depsito ser feito no lugar do pagamento (art. 337, CC - foro da ao).

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TPICOS DE DIREITO CIVILO devedor poder levantar o depsito enquanto o credor no declarar que o aceita ou impugn-lo, subsistindo a obrigao (art. 338, CC). Depois de julgado procedente o depsito, o devedor j no poder levant-lo, salvo se o credor consentir e os outros devedores estiverem de acordo (art. 339, CC). Se a escolha da coisa indeterminada competir ao credor, ele ser citado para tal, sob pena de perder o direito e de ser depositada a coisa que o devedor escolher (art. 342, CC). As despesas com o depsito, se procedente, correro por conta do credor e, caso contrrio, do devedor (art. 343, CC). Se a coisa for litigiosa, o devedor se exonerar mediante consignao, mas, se pagar a qualquer dos credores, assumir o risco do pagamento (art. 344, CC). Pagamento por consignao bancria Trata-se da consignao particular, com dispensa ao ingresso na via judicial. As partes devem admiti-la ou as circunstncias autorizarem sua eficcia. Ex: o contrato prev o depsito bancrio da prestao como forma de pagamento. Pagamento com sub-rogao Trata-se a sub-rogao de transferncia de direito ou dever. Esta modalidade de pagamento forma de extino da obrigao com satisfao direta do credor. Ele transfere a qualidade creditria para o que solver a obrigao de outrem. Ocorre automaticamente, conforme art. 346, caput, CC (sub-rogao legal). Ex: fiador (terceiro interessado que paga a dvida pela qual era obrigado, no todo ou em parte). Existe tambm a forma de sub-rogao convencional (convencionada pelas partes), conforme art. 347, caput, CC. Ex: terceira pessoa empresta ao devedor a quantia necessria para a soluo da dvida, sob a condio de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor. A sub-rogao transfere todos os direitos ao novo credor em relao dvida, contra o devedor principal e os fiadores (art. 349, CC). O credor originrio, s em parte reembolsado, ter preferncia ao sub-rogado, na cobrana da dvida restante, se os bens do devedor no chegarem para saldar inteiramente o que a um e outro dever (art. 351, CC). Imputao do pagamento a faculdade de escolher, dentre vrias prestaes de coisa fungvel, devidas ao mesmo credor pelo mesmo devedor, qual dos dbitos satisfazer. Trata-se tambm de forma de extino da obrigao com satisfao direta do credor. Na imputao do devedor (art. 352, CC), se ele for obrigado por dois ou mais dbitos da mesma natureza, a um s credor, ter o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem lquidos e vencidos. Porm, se a dvida for ilquida ou no vencida, sem o consentimento do credor, no se far imputao do pagamento. A imputao ser do credor (art. 353, CC), se o devedor no declarar em qual das dvidas lquidas e vencidas quer imputar o pagamento. Aceitando a quitao de uma delas, no ter direito a reclamar contra a imputao feita pelo credor, salvo provando haver ele cometido violncia ou dolo. Contudo, se o devedor no fizer a indicao do art. 352, CC, e a quitao for omissa quanto imputao, esta se far nas dvidas lquidas e vencidas em primeiro lugar (art. 355, CC).

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TPICOS DE DIREITO CIVILSe as dvidas forem todas lquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputao far-se- na mais onerosa.

Dao em pagamento o acordo liberatrio em virtude do qual o credor, recebendo coisa diferente da devida, libera o devedor (art. 356, CC). Se for ttulo de crdito a coisa dada em pagamento, a transferncia importar em cesso de crdito (aqui se transfere um direito, qual seja, o crdito - art. 358, CC). Contudo, se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento (se ele perder a coisa recebida por recuperao judicial), restabelecer-se- a obrigao primitiva, ficando sem efeito a quitao dada (art. 359, CC). Novao Aqui, o devedor se exonera pagando com outra obrigao. Logo, extingue-se uma obrigao e cria-se outra. D-se a novao nos casos do art. 360, caput, CC: I) novao objetiva ou real; II) novao subjetiva passiva; III) novao subjetiva ativa. Ex: quando o devedor contrai com o credor nova dvida, para extinguir e substituir a anterior. Tambm existe a novao por substituio do devedor, que poder ser efetuada sem o consentimento do mesmo (expromisso - art. 362, CC). Contudo, se o novo devedor for insolvente, no ter o credor, que o aceitou, ao regressiva contra o primeiro, salvo se este obteve por m-f a substituio (art. 363, CC). A novao extingue os acessrios e garantias da dvida, salvo se houver estipulao em contrrio (o acessrio segue o principal - art. 364, CC). O fiador ser exonerado se a novao for feita sem o seu consenso com o devedor principal (art. 366, CC). Porm, no se podem validar por novao as obrigaes nulas ou extintas (art. 367, CC). J a obrigao simplesmente anulvel pode ser confirmada pelo novao (art. 367, CC). Compensao Trata-se de forma de extino da obrigao, ocorrendo quando duas pessoas forem, reciprocamente, credora e devedora. Se os dbitos forem de igual valor desaparecem ambos e nenhum dos credores tem mais ao, nem mais obrigado a qualquer prestao (compensao total). Porm, se forem de valores diferentes, haver compensao parcial, que extingue o de menor valor, sobrevivendo apenas o saldo no de menor quantidade, conforme art. 368, CC. Para que ocorra a compensao, as dvidas precisam abranger coisas fungveis, alm de ser lquidas e vencidas (art. 369, CC). Se a origem das dvidas for diferente nada impede sua compensao, com exceo dos casos do art. 373, CC. Tambm no se pode compensar em caso de renncia prvia de um dos devedores, ou se as dvidas forem fiscais, exceto nos casos autorizados em lei (art. 374, CC). Quando credor e devedor por mtuo acordo exclurem a compensao ela no se verificar (art. 375, CC).

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TPICOS DE DIREITO CIVILSe uma pessoa age como representante de algum, no pode opor o crdito do representado para compensar seu prprio dbito (art. 376, CC). Nas obrigaes solidrias, o devedor pode compensar com o credor o que este lhe dever, mas somente pode invocar a extino da dvida, at o equivalente de sua parte na dvida comum. Se duas dvidas so pagveis em lugares diferentes, segue-se a regra do art. 378, CC. Transao Trata-se de negcio jurdico que se realiza atravs de um acordo de vontades (concesses recprocas das partes), com o objetivo de extinguir a obrigao (art. 840, CC). O CC/02 deu tratamento de contrato transao e no mais de forma de extino da obrigao. Contudo, sendo nula qualquer das clusulas da transao ela tambm ser (art. 848, CC), alm de ser interpretada restritivamente (art. 843, CC). A transao se faz por escritura pblica ou particular, produzindo entre as partes efeito de coisa julgada. A transao s admitida em relao a direitos patrimoniais de carter privado (art. 841, CC). Confuso Na confuso, a obrigao se extingue se na mesma pessoa se confundirem as qualidades de credor e devedor (art. 381, CC). Ex: a) sucesso mortis causa, em que o herdeiro recebe de seu antecessor o ttulo de crdito contra si mesmo; b) no casamento, quando marido e mulher antes dele eram credor e devedor, d-se a comunicao dos patrimnios. A confuso pode acontecer em toda a dvida ou parte dela (art. 382, CC). Em relao solidariedade, a confuso operada na pessoa do credor ou devedor solidrio s extingue a obrigao at a concorrncia da respectiva parte no crdito, ou na dvida, subsistindo no resto a solidariedade (art. 383, CC). Cessando a confuso, a obrigao anterior se restabelece (art. 384, CC). Remisso Trata-se da liberao graciosa do devedor, emanada do credor. uma espcie de renncia. No h forma especial para a remisso da dvida. Mas, se for contida em outro negcio jurdico, deve acompanhar os requisitos formais deste. Logo, se for feita por testamento, deve revestir sua forma, sendo nulo sem a sua observncia. A remisso da dvida, aceita pelo devedor, extingue a obrigao, sem prejuzo de terceiro (art. 385, CC). A entrega do ttulo da obrigao prova a desonerao do devedor (art. 386, CC). A entrega do objeto empenhado prova a renncia do credor garantia, mas no extino da dvida (art. 387, CC). Em relao solidariedade, a parte do devedor solidrio remitida deve ser deduzida da dvida, permanecendo a solidariedade contra os outros (art. 388, CC). Inexecuo das obrigaes. Juros moratrios e compensatrios

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TPICOS DE DIREITO CIVILO inadimplemento da obrigao surge quando faltar a prestao devida, isto , quando o devedor no a cumprir voluntria ou involuntariamente (arts. 389 e 402, CC). O caso fortuito e a fora maior eximem o devedor do prejuzo, salvo se expressamente se responsabilizou por eles (art. 393, CC). Segundo R. Limongi Frana, a mora abrange no s a inexecuo culposa da obrigao, mas tambm a injusta recusa de receb-la no tempo, lugar e forma devidos. Trs so as espcies de mora: a) mora do devedor (mora debitoris); b) mora do credor (mora accipiendi); c) mora de ambos (art. 394, CC). O devedor responde pelos prejuzos a que sua mora der causa (juros moratrios - art. 395, CC). Os juros so o rendimento do capital, sendo considerados bem acessrio (art. 92, CC). Os juros remuneram o credor por ficar privado de seu capital, pagando-lhe o risco em que incorre de no mais o receber de volta. Os juros podem ser: a) moratrios; b) compensatrios. Os juros moratrios constituem pena imposta ao devedor pelo atraso no cumprimento da obrigao (RT, 435/100). Em relao ao percentual admitido em lei para cobrana de juros moratrios ser de 12% ao ano ou 1% ao ms, conforme art. 406, CC; art. 1, caput e 3, Dec. 22.626/33 (Lei de Usura), sendo vedados a usura (art. 13, Dec. 22.626/33) e o anatocismo (capitalizao - art. 4, Dec. 22.626/33). Vide Enunciado 20 de I Jornada do STJ. De acordo com a Smula 596/STF, as instituies financeiras no se subordinam ao limite de 12% ao ano na cobrana de juros moratrios do art. 1, Dec. 22.626/33. Tambm pela Lei n 8.078/90 (CDC - art. 52, 1), as multas moratrias decorrentes do inadimplemento de uma relao de consumo, no podero ser superiores a 2% do valor da prestao. J os juros compensatrios decorrem da utilizao consentida do capital alheio, estando anteriormente estabelecidos no ttulo constitutivo da obrigao, onde os contraentes fixam os limites de seu proveito, enquanto durar o negcio jurdico, ficando fora do mbito da inexecuo. Estes juros devero ser convencionados, sendo proibida a estipulao de taxas superiores ao dobro da taxa legal (art. 1, Dec. 22.626/33), alm de nulos os negcios jurdicos celebrados com infrao da lei (art. 11, Dec. 22.626/33). Existe controvrsia atualmente, no que diz respeito ao valor de seu percentual. O Dec. 22.626/33, em seu art. 9, estabelece o limite de 10% do valor da obrigao. J o CC, em seu art. 412, dispe que a clusula penal compensatria poder ter o limite de 100% do valor da dvida. Clusula Penal Trata-se de clusula acessria pelo qual as partes fixam previamente o valor das perdas e danos que por acaso se verifiquem em conseqncia da inexecuo culposa da obrigao. tambm chamada de pena convencional (art. 408, CC). Sua funo pr-liquidar danos. Convenciona-se tendo em vista (art. 409, CC): a) a inexecuo do contrato; b) a infrao de uma de suas clusulas; c) a mora. Quando se estipular a clusula penal para o caso de total inadimplemento da obrigao (clusula compensatria), observe-se o art. 410, CC. Quando se estipular para o caso de mora (clusula moratria), ou de uma das clusulas do contrato, observe-se o art. 411, CC.

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TPICOS DE DIREITO CIVILAlm disso, o valor da clusula penal no pode exceder o da obrigao principal (art. 412, CC), sendo limitada importncia de 10% do valor da dvida (art. 9, Dec. 22.626/33). Contudo, a nulidade da obrigao importa a da clusula penal e, resolvida a obrigao, sem culpa do devedor, resolve-se a clusula penal. Finalmente, uma das principais vantagens da clusula penal para o credor, ao lado da simplificao do clculo da indenizao, est no fato de dispensar a prova do dano (art. 416, CC). O art. 416, nico, do CC, limita o prejuzo sofrido ao valor da clusula. Nas obrigaes de condminos de edifcios (Lei n 4.591/64, art. 12, 3), a multa no pode ser superior a 20%. J nas relaes de consumo, o CDC (art. 52, 1) no permite multa convencional moratria alm de 2% do valor da prestao.

Cesso de crdito Substituio, por ato inter vivos, da figura do credor. O cedente aquele que aliena o direito; o cessionrio, o que adquire. O cedido o devedor, a quem incumbe cumprir a obrigao. O objeto da obrigao mantido. H apenas uma modificao do sujeito ativo (art. 286, CC). O consentimento do devedor no necessrio na cesso, devendo ele apenas ter cincia do mesmo atravs de notificao (arts. 290 e 292, CC). Difere da novao eis que nesta extingue-se a obrigao e constitui-se outra; j na cesso, a obrigao preservada. Difere da sub-rogao eis que o efeito da cesso s ocorre a partir do momento em que se notifica o devedor, o que no ocorre na sub-rogao. Existe sub-rogao por fora de lei, enquanto a cesso ato voluntrio. O art. 349, CC diz que quando o credor recebe o pagamento de 3 e expressamente lhe transfere todos os seus direitos (art. 348, CC), vigorar o disposto acerca da cesso de crdito. Cesso de dbito ou Assuno de dvida Substituio do plo passivo da obrigao, devendo ter a anuncia do credor (art. 299, CC). A obrigao mantm-se inalterada. Difere da novao eis que nesta extingue-se a obrigao e constitui-se outra; j na cesso, a obrigao preservada.

DIREITO CONTRATUAL Contratos: conceito e funo social Contrato o negcio jurdico bilateral, ou plurilateral, que sujeita as partes observncia de conduta idnea satisfao dos interesses regulados. Os sujeitos da relao contratual chamam-se partes. Parte no se confunde com pessoa, sendo, pois, um centro de interesse, indicando-se com essa expresso a posio dos sujeitos em face da situao na qual incide o ato.

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TPICOS DE DIREITO CIVILA funo econmico-social do contrato foi reconhecida como a razo determinante de sua proteo jurdica. Desta forma, os contratos devem ser socialmente teis, de modo que haja interesse pblico na sua tutela (art. 421, CC). Princpios fundamentais do regime contratual 1) Princpio da autonomia da vontade - trata-se da liberdade que as partes tm para contratar. Contudo, os interesses no podem ferir a ordem pblica e os bons costumes, sob pena de nulidade do contrato. O Estado moderno tem o dever de interferir em alguns contratos, visando a coibir a prtica de abusos (dirigismo estatal). Ex: Cdigo de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90); Lei de Locao (Lei 8.245/91). 2) Princpio do consensualismo - o contrato nasce no momento em que h consenso entre as partes, isto , na aceitao integral da proposta. Em princpio, no se exige forma especial. Contudo, alguns contratos tm sua validade condicionada observncia de certos requisitos legais. 3) Princpio da fora obrigatria - o contrato lei entre as partes (pacta sunt servanda), obrigando os contratantes. tambm chamado de princpio da imutabilidade dos contratos. Seu objetivo garantir a segurana das relaes jurdicas. 4) Princpio da boa-f - as pessoas devem contratar com o firme propsito de cumprir o contrato. No se pode contratar para transformar o contrato em instrumento de enriquecimento, em detrimento de uma ou outra parte. A segurana das relaes jurdicas depende da lealdade e da confiana recprocas (art. 422, CC). 5) Princpio da Funo Social do Contrato encontra-se atualmente regulado no art. 421, CC, no tendo sido previsto no CC/16. Informa que o contato deve ter uma utilidade relevante para a sociedade, isto , deve ser socialmente til. Pressupostos e requisitos de validade do contrato Conforme art. 104, I ao III, CC, a validade do ato jurdico requer agente capaz, objeto lcito e forma prescrita e no defesa em lei. Existem, pois, requisitos subjetivos, objetivos e formais para a validade de um contrato. Todo negcio jurdico pressupe agente capaz (requisito subjetivo), objeto idneo e lcito (requisito objetivo) e forma compatvel com a espcie (requisito formal). Para os contratos vigora o princpio da liberdade de forma, constituindo os contratos solenes ou formais, exceo. A forma escrita a preferida para efeitos de prova. Ordinariamente, os contratos celebramse por instrumento particular. Para valer, deve ser assinado por pessoa capaz, alm de ser subscrito por duas testemunhas que lhe garantiro executividade (art. 221, CC, que suprimiu as duas testemunhas). Nulidade, anulabilidade e ineficcia dos contratos O art. 166, CC prev as hipteses de nulidade do ato jurdico. A nulidade pode ser total ou parcial, conforme atinja todo o contrato ou apenas algumas de suas clusulas. A nulidade imediata, absoluta, insanvel e perptua, operando-se de pleno direito. Pode ser argida por qualquer interessado ou pelo Ministrio Pblico (art. 168, CC), alm de se pronunciar de ofcio (art. 168, nico, CC). O art. 171, CC prev as hipteses de anulabilidade do ato jurdico. O contrato anulvel produz efeitos at ser anulado. A anulabilidade diferida, relativa, sanvel e provisria, isto , o contrato subsiste at o momento em que o juiz o anula. Apenas pode ser pleiteada pela pessoa a quem a lei protege (art. 177, CC), no se pronunciando de ofcio.

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TPICOS DE DIREITO CIVILA validade dos contratos requer a observncia das regras legais relativas a seus pressupostos e requisitos. Se as partes transgridem-nas, o negcio jurdico privado de seus efeitos. A invalidade implica na ineficcia. O contrato invlido quando falta um de seus pressupostos ou requisitos. Ex: contrato celebrado por absolutamente incapaz.

Contratos. Formao do contrato. Fases. Contrato preliminar. Proposta. Aceitao. As negociaes preliminares ou tratativas, freqentemente reduzidas a escrito em instrumento particular, chamam-se minuta, que pode ser ou no assinada pelos negociadores. A minuta no passa de simples projeto de contrato, sem eficcia vinculante. O contrato preliminar trata-se de espcie de compromisso preparatrio. Todo contrato preliminar tem sua causa na preparao de um contrato definitivo, sendo, pois, seu efeito especfico, a criao da obrigao de contra-lo. Ex: a promessa unilateral de venda obriga o promitente vendedor a prestar seu consentimento para a realizao do contrato definitivo de compra e venda, se a outra parte o exigir. O contrato preliminar j deve conter os elementos essenciais do contrato definitivo. A proposta a firme declarao receptcia de vontade dirigida pessoa com a qual pretende algum celebrar um contrato. Exige-se que seja inequvoca, precisa e completa, de tal maneira que, em virtude da aceitao, se possa obter o acordo sobre a totalidade do contrato. Deve conter todas as clusulas essenciais. A proposta de contrato obriga o proponente (art. 427, CC). Contudo, a proposta deixa de ser obrigatria nos casos do art. 428, CC. Se a proposta representa o reflexo da vontade de uma das partes, a aceitao o reflexo da vontade da outra. Esta ser feita dentro do prazo e envolver adeso integral proposta recebida. A aceitao fora do prazo, com alguma modificao, importar nova proposta (art. 431, CC). Se a aceitao, em virtude de imprevisto, chegar tarde ao conhecimento do proponente, este dever comunicar ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos (art. 430, CC). A aceitao, em regra expressa, pode se operar tacitamente (art. 432, CC). Considera-se inexistente a aceitao se, antes dela ou com ela, chegar ao proponente a retratao do aceitante (art. 433, CC). O principal efeito da aceitao no apenas vincular o aceitante, como tambm prender o proponente que, a partir desse momento, se encontra ligado a um contrato. Tempo e lugar dos contratos Os contratos por correspondncia tornam-se perfeitos desde que a aceitao expedida, com exceo das hipteses do art. 434, CC. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contraentes, antes de cumprida a sua obrigao, pode exigir o implemento da do outro (exceo de contrato no cumprido - art. 476, CC). O contrato reputa-se celebrado no lugar em que foi proposto (art. 435, CC). Forma e prova dos contratos Como regra geral, prevalece o princpio da liberdade de forma, sendo os contratos solenes ou formais, exceo. Dentre os contratos solenes encontram-se os que dependem de escritura pblica como, por exemplo, os contratos translativos de direitos reais sobre imveis.

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A forma escrita a preferida para efeitos de prova. Ordinariamente, os contratos celebramse por instrumento particular. Para valer, devem ser assinados por pessoa capaz (art. 221, CC, que suprimiu as duas testemunhas). Interpretao dos contratos Na hermenutica tradicional, a interpretao dos contratos conceituada como processo de esclarecimento da vontade subjetiva dos contratantes e, na doutrina mais recente, como investigao da vontade objetivada no contedo do vnculo contratual. O intrprete de um contrato tem que indagar a verdadeira inteno dos contratantes (art. 112, CC) e deve esclarecer o sentido da declarao. O Cdigo Civil/02 deixou a tarefa da hermenutica contratual, quase que por inteiro, para a doutrina e a jurisprudncia. De maneira geral, as regras tm carter subjetivo ou objetivo. As regras de carter subjetivo verificam a efetiva vontade (inteno) das partes. J as de carter objetivo, analisam a vontade contratual em abstrato, considerando-se a presumvel vontade das partes. Contratos em espcie Compra e venda Contrato pelo qual uma das partes se obriga a transferir a propriedade de uma coisa outra, recebendo, em contraprestao, determinada soma em dinheiro ou valor fiducirio equivalente. Neste contrato, uma das partes vende e a outra compra. A parte que se obriga a entregar a coisa com a inteno de alien-la chama-se vendedor. A que se obriga a pagar o preo para habilitar-se aquisio da propriedade da coisa chama-se comprador. O sinalagma perfeito. Trata-se de contrato bilateral, oneroso, comutativo ou aleatrio, de execuo instantnea ou diferida. Se a venda tiver por objeto bem imvel de certo valor, dever ser realizada atravs de escritura pblica, tratando-se de contrato solene. Cumpre observar que s depois do registro no RGI o comprador adquirir o domnio do bem, art. 1245, caput, CC. O vendedor deve ser capaz de alienar e o comprador de contrair obrigao. So partes ilegtimas para figurar num contrato de compra e venda como vendedores: a) o ascendente; b) o falido; c) o condmino de coisa indivisvel; d) marido ou mulher, na venda de imvel, sem outorga conjugal. A venda de ascendente a descendente, com infrao do art. 1132, CC/16, nula, no simplesmente anulvel (STF, RE 83.176, in RTJ, 80/180). Outras pessoas no podem comprar, ainda que em hasta pblica, faltando-lhes legitimao, entre elas: os tutores, os curadores, os testamenteiros e os administradores no podem comprar os bens confiados sua guarda e administrao. Trs elementos so essenciais compra e venda: coisa, preo e consentimento. Em princpio, todas as coisas podem ser objeto de venda. A venda de bens incorpreos, compreendidos os direitos, denomina-se cesso. Ex: cesso de herana (cessionrio se torna titular das relaes jurdicas da cesso - patrimnio). , pois, ilcita a venda de herana de pessoa viva (art. 426, CC).

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TPICOS DE DIREITO CIVILAlm disso, h coisas fora do comrcio, como o ar, o mar, os bens de uso comum, o bem de famlia (Lei n 8009/90), etc. J o preo deve consistir em dinheiro, bastando que seja a parcela principal, sob pena de se caracterizar a permuta ou troca (art. 533, CC). Para se saber se venda ou troca, aplica-se o princpio major pars ad se minorem trahit, sendo venda se a parte em dinheiro superior, e troca se o valor do imvel. O preo pode ser pago de uma s vez ou em parcelas. Deve ser certo (constar no contrato), podendo ser determinvel (taxa de mercado). Deve tambm ser fixado em moeda corrente do pas (art. 315, CC; Lei n 10.192/01 - Lei do Plano Real). A substituio de dinheiro por outra coisa, com o consentimento do vendedor, depois de concludo o contrato, no o converte em troca ou permuta, eis que faz parte da execuo da compra e venda. Neste caso, dar-se- a dao em pagamento (art. 356, CC). No comrcio exterior utilizam-se as clusulas CIF e FOB. A venda CIF tem compreendidos em seu preo o custo, o seguro e o frete. J na FOB, eles ficam a cargo do comprador, livre a bordo (free on board). As principais obrigaes do vendedor so: a)entregar a coisa, transferindo ao comprador sua propriedade; b) garantir-lhe a efetividade do direito sobre a coisa. Como a transmisso do domnio de bens imveis de certo valor s se perfaz com o registro no RGI, a transmisso de bens mveis se perfaz com a tradio (entrega do bem). Contudo, se no se tratar de venda a prestao, o vendedor no obrigado a entregar o bem antes de receber o preo (art. 319, CC). Salvo estipulao em contrrio, as despesas com a tradio ficam por conta do vendedor (art. 325, CC). A principal obrigao do comprador pagar o preo. Em regra, efetua-se o pagamento aps o recebimento da coisa, podendo, contudo, preceder sua entrega. Neste caso, se a coisa no for entregue, ter direito restituio do que pagou. Salvo clusula em contrrio, na venda de imveis, as despesas da escritura ficam a cargo do comprador, compreendido o imposto de transmisso. O preo deve ser pago no tempo e lugar estipulados. Em regra, no momento e lugar da entrega da coisa (art. 327, caput, CC). Em relao aos riscos, at o momento da tradio os riscos correm por conta do vendedor. Se perecer a coisa em virtude de caso fortuito (art. 393, caput, CC), antes da tradio, o vendedor perde o direito de exigir o pagamento e, se j o recebeu, deve restitu-lo. Depois da tradio, os riscos sero suportados pelo comprador (art. 237, caput, CC). Cumpre observar que a lei no imperativa no direito contratual, vigorando o princpio pacta sunt servanda.

Promessa de venda Constitui a promessa de venda contrato preliminar pelo qual as partes contrairiam a obrigao de estipular contrato definitivo de compra e venda. Trata-se de futura estipulao contratual. Pode ser unilateral ou bilateral. Na unilateral, tanto pode ser contrada pelo vendedor (promessa de venda), como pelo comprador (promessa de compra), tendo carter vinculante. Na promessa de compra, quem se obriga a compr-lo est adstrito ao cumprimento da obrigao. Sua eficcia fica na dependncia do exerccio do direito de exigir da parte que compre a coisa. J na promessa de venda, sua eficcia depende do exerccio do direito de comprar, contratualmente assegurado outra parte.

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Em ambos os casos, o descumprimento da obrigao de consentir na concluso do contrato definitivo sujeita o inadimplemento ao pagamento de perdas e danos (art. 402, CC).

Promessa bilateral de venda ou promessa de compra e venda

Na promessa de compra e venda, uma parte se obriga a vender e a outra a comprar. tambm chamada de compromisso de venda. Trata-se de pr-contrato e gera para ambas as partes a obrigao de contrair o contrato definitivo de compra e venda. Contm a faculdade de arrependimento (inexecuo culposa - art. 420, CC). Concludo o compromisso, no pode qualquer das partes arrepender-se. Ele irretratvel. Se levado ao RGI, impede que o bem seja alienado a terceiro. Como a promessa bilateral de venda encerra todos os elementos da compra e venda, constituir ttulo hbil transferncia do domnio mediante sua transcrio no RGI e a do documento de quitao ao promitente-comprador, se este j no constar da promessa escrita. Se a escritura no assinada, o promitente-comprador no tem ttulo para levar transcrio, mas no se pode afirmar a inexistncia dos efeitos da promessa, que ainda no foi cumprida, pois no se praticou a solenidade de que depende a eficcia da promessa. A promessa bilateral pode subordinar a exigibilidade da obrigao de quem se comprometeu a vender ao cumprimento de prestaes sucessivas, a cargo de quem se comprometeu a comprar, relativas ao pagamento do preo (execuo diferida). Nesse caso, cabe a exceo de contrato no cumprido, ou seja, no se pode exigir que a outra parte satisfaa sua prestao antes do cumprimento integral da obrigao (arts. 476 e 477, CC). Sendo impossvel compelir algum a concluir um contrato, a obrigao de contratar resolvese em perdas e danos (art. 402, CC), se uma das partes descumprir a promessa bilateral. As partes devem ser capazes de contratar, sob pena de invalidade do contrato de compra e venda definitivo. Se a pessoa casada, precisa da outorga do cnjuge. A execuo do contrato de promessa bilateral irrevogvel efetiva-se de duas formas: a) pela escritura definitiva de compra e venda; b) pela sentena de adjudicao compulsria. Regula-se a promessa bilateral pela Lei n 6.766/79 (Lei de Parcelamento do Solo Urbano), estando a irretratabilidade da promessa disposta no art. 25 e sua concepo como prcontrato no art. 27. Tambm o DL 58/37 trata da matria em relao aos imveis no loteados. Atualmente, a adjudicao compulsria no se condiciona prvia existncia do registro do compromisso de compra e venda eis que a promessa de venda gera pretenses de direito pessoal, no dependendo para sua eficcia e validade, de ser formalizada em instrumento pblico. A obligatio faciendi assumida pelo promitente vendedor pode dar ensejo adjudicao compulsria. O registro imobilirio somente necessrio para a produo de efeitos relativamente a terceiros.(STJ, RESP 9.945/SP) Desta forma, caiu em desuso a Smula 167/STF e o art. 22, DL 58/37, em relao exigncia do registro da promessa de compra e venda. Contudo, para que se torne cabvel a adjudicao compulsria, indispensvel que: a) o preo do imvel tenha sido pago integralmente. (TARJ, Ap. 1980/84, RT 604/195); b) inexista clusula de arrependimento no pr-contrato (art. 22, DL 58/37).

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TPICOS DE DIREITO CIVILEm relao clusula de arrependimento, entende-se majoritariamente na jurisprudncia que a faculdade de se arrepender s pode ser exercida, pelo alienante, antes de o adquirente cumprir integralmente a prestao. Pago todo o preo, extingue-se o direito de arrependimento por parte do promitente vendedor (STF, RE 95.844/SP, in RTJ, 119/705). Troca Trata-se de contrato pelo qual cada contratante tem como obrigao entre