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Tópicos contemporâneos de Direito Civil Aplicado I (DCV0517) Antonio Carlos Morato Professor Associado Departamento de Direito Civil Faculdade de Direito Universidade de São Paulo 5º ANO - PERÍODO NOTURNO Prof. Antonio Carlos Morato - Esta aula é protegida de acordo com o artigo 7º, II da Lei 9.610/98 (Lei de Direitos Autorais)

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Tópicos contemporâneos de Direito Civil Aplicado I

(DCV0517)

Antonio Carlos Morato Professor Associado

Departamento de Direito Civil Faculdade de Direito

Universidade de São Paulo

5º ANO - PERÍODO NOTURNO

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Responsabilidade Civil Contemporânea

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3. Responsabilidade Civil Contemporânea

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Tema 3 (Aula 5...)

3. Responsabilidade Civil Contemporânea3.1. A teoria da causalidade adequada e o nexo

causal probabilístico.3.2. As atividades de risco e a jurisprudência3.3. Responsabilidade por perda de uma chance3.4. Proteção aquiliana do crédito3.5. O terceiro cúmplice3.6. Classificação dos danos. Visão crítica.3.7. Punitive damages.3.8. Prescrição da responsabilidade civil contratual

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Tema 3 (Aula 5...)

3. Responsabilidade Civil Contemporânea

3.1. A teoria da causalidadeadequada e o nexo causalprobabilístico.

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NEXO CAUSAL

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Otavio Luiz Rodrigues Junior: “A causalidade é um conceito comum aoDireito Civil e ao Direito Penal, embora ambos devam sua inspiração àFísica e à Matemática dos séculos XVIII e XIX. O Direito experimentou umprocesso de naturalização e biologização conceitual desde a RevoluçãoCientífica, uma circunstância comum às Ciências Sociais em geral. Écorriqueiro encontrar-se em textos jurídicos expressões como morfologia,natureza, anatomia, gênero, espécie, fenomenologia, orgânico, funcional,estrutural e outras que permitem identificar os traços dessa contaminaçãoterminológica e metodológica do Direito, ainda que se possa traçar sua origemnas Idades Antiga e Medieval, com a Filosofia grega e a Teologia cristã. Nesseprocesso de naturalização ou de biologização da linguagem jurídica ocorreram– e até hoje ocorrem – problemas com a recepção de conceitos, categorias,teorias, expressões e teoremas metajurídicos. Desde a incompreensãodaqueles pelos juristas até mesmo a natural evolução científica podem serconsiderados como fontes dessa assimilação muita vez pouco ortodoxa, aindaque, em sua origem, haja sido adequada. A defasagem do conhecimentojurídico não é algo tão grave quanto a má compreensão dos conceitoscientíficos ou sua apropriação original imperfeita.” (Cf. Otavio Luiz RodriguesJunior. Nexo causal probabilístico: elementos para a crítica de um conceito.Revista de Direito Civil Contemporâneo. vol. 8. ano 3. p. 115-137. São Paulo:RT, jul.-set. 2016. p. 120 - 121).

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TEORIA DA EQUIVALÊNCIA

DAS CONDIÇÕES

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TÍTULO II DO CRIME Relação de causalidade

(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Superveniência de causa independente(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

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TEORIA DA CAUSALIDADE

ADEQUADA

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TEORIA DO EFEITO DIREITO E IMEDIATO

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Art. 403 do Código Civil. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual.

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Nexo Causal

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Teoria da Causalidade Adequada

Art. 403 do CC

TJ-SP - APL: 03113592520108260000 SP 0311359-25.2010.8.26.0000, Relator: Hamid Bdine,Data de Julgamento: 27/08/2013, 31ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação:29/08/2013.

Responsabilidade civil extracontratual. Acidente de trânsito. Indenização por danosmateriais. Preliminar. Nulidade do julgamento. Ausência de fundamentação (CF, art. 93, IX).Afastamento. Mérito. Nexo causal e quantificação dos danos indenizáveis. Perda total doveículo. Configuração. Prova fotográfica suficiente, porque impressionante e conducente àverossimilhança da inutilização do bem (CPC, art. 383). Quantificação do veículo. Valorcontrovertido. Indenização fixada pelo valor médio do bem, apurado com base nas ofertas deveículos semelhantes pelas partes. Inviabilidade da utilização de referencial de instituto depesquisa amplamente reconhecido (FIPE). Dedução do valor dos salvados. Despesasdecorrentes. Guincho e aluguel de vaga de garagem para depósito de salvados. Nexocausal. Teoria da causalidade adequada. Subteoria da causalidade necessária.Causalidade configurada. Concausa superveniente que decorreu necessariamente do eventodanoso. Recurso improvido.

(...) o valor despendido com o guincho de remoção está comprovado pelo recibode fs. 26, enquanto as despesas com locação de vaga de garagem constam dosrecibos de 38/49, que se apresentam razoáveis e ambas as despesas,diferentemente do sustendo, se inserem no desdobramento normal dos fatos.O art. 403 do CC, embora previsto para o inadimplemento contratual, traça osparâmetros do nexo causal também para a responsabilidade extracontratual.Fernando Noronha adverte que o reconhecimento do nexo causal é uma das questões maisdifíceis da civil, pois nem sempre é fácil saber se a contribuição de um fato é suficiente parao resultado lesivo, que, ademais, pode ter origem em várias causas ( Direito das Obrigações,v. 1, Saraiva, 2003, p. 587 ).(...)Assim, pois, ainda que, abstratamente, pela aplicação da teoria da causalidadeadequada, não se conceba a necessidade de aquisição doutro veículo em substituição aoperecido por força do acidente como desdobramento normal dele (despesa com garagem);no caso em concreto é inarredável a conclusão de que a concausa próxima (aquisição deveículo em substituição) foi consequência necessária do acidente de trânsito.

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Teoria do efeito direto e

imediatoArt. 403 do CC

TJ-MG - AC: 10699150051372001 MG, Relator: Luiz Carlos Gomes da Mata, Data de Julgamento: 14/02/2019, Data de Publicação: 22/02/2019EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. QUEDA EM POÇO. MORTE. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA DO PROPRIETÁRIO DO IMÓVEL NA ESFERA CRIMINAL. COISA JULGADA NO CÍVEL. INOCORRÊNCIA. RESPONSABILIZAÇÃO CIVIL. AUSÊNCIA DE NEXO DE CAUSALIDADE. TEORIA DA CAUSA DIRETA E IMEDIATA. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO. - Consoante artigo 67 do Código de Processo Penal, a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime não impede a propositura da ação civil - Dentre as várias teorias existentes para explicar o nexo de causalidade, o Código Civil, no seu artigo 403, adotou a teoria da causa direta e imediata, de modo que para a responsabilização civil é necessário que o dano se ligue diretamente à causa determinante para a sua ocorrência - Ausente a demonstração do nexo entre a causa e o efeito, incabível se mostra a responsabilização civil pleiteada.(...)Afasto, de início, a tese levantada pelo requerido no presente recurso de que foi absolvido sumariamente no juízo criminal e, por tal razão, não deve ser responsabilizado civilmente pela morte do companheiro da autora.Isso porque a absolvição se deu com base no artigo 397, inciso III do Código de Processo Penal, que assim dispõe:

Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar:[...]III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; [...]

E, nos termos do artigo 67, inciso III do mesmo Código Processual a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime não impede a propositura da ação civil. Vejamos a integralidade do texto legal:

Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da ação civil:[...]III - a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime.

Com efeito, faz coisa julgada no cível apenas a sentença criminal que reconhecer a existência de alguma excludente de ilicitude, quais sejam, estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal ou exercício regular de direito (artigo 65 do Código de Processo Penal), o que não se verifica no presente caso.Assim, cabível nesta esfera judicial a discussão a respeito da responsabilidade civil do requerido quanto ao fato narrado na inicial.Para o surgimento do dever de indenizar, é preciso estar presentes os elementos necessários à configuração da responsabilidade civil, que são o ato ilícito, o dano, o nexo causal com a ação dolosa ou culposa do agente. No caso, o segundo requisito é evidente, o falecimento do companheiro da autora por afogamento; resta saber se preenchido os outros dois elementos.Em relação ao ato culposo, pela análise das provas produzidas nos autos, é de se reconhecer a conduta negligente do ora apelante.

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Concausasa) Preexistente b) Concomitante c) Superveniente

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Concausapreexistente

TJ-BA - APL: 00074853020128050256, Relatora: Pilar Celia Tobio de Claro, Primeira Câmara Cível, Data de Publicação: 15/07/2016.

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO INDENIZATÓRIA. ACIDENTE DE CONSUMO.CONSUMIDOR ATINGIDO POR VASSOURA UTILIZADA POR FUNCIONÁRIA DENTRO DOESTABELECIMENTO COMERCIAL DO SUPERMERCADO. LESÃO NO OLHO ESQUERDO. PERDA DEVISÃO TOTAL E PERMANENTE. INCAPACIDADE LABORATIVA PARCIAL, APENAS PARA ATIVIDADEQUE EXIGEM VISÃO BINOCULAR. RESPONSABILIDADE CIVIL CONFIGURADA. NEXO DECAUSALIDADE E DANO. CONCAUSA PREEXISTENTE QUE NÃO EXCLUI ARESPONSABILIDADE. DEVER DE INDENIZAR. INEXISTÊNCIA DE INCAPACIDADE PARA APROFISSÃO REGULARMENTE DESEMPENHADA. DIMINUIÇÃO DA CAPACIDADE LABORAL QUEENSEJA INDENIZAÇÃO POR PENSIONAMENTO. ART. 950 DO CC. PRECEDENTES DO STJ. PENSÃOPROPORCIONAL À PERDA DA FUNÇÃO VISUAL (50%). NÃO COMPROVAÇÃO DA RENDA PRÉVIAAO EVENTO DANOSO. FIXAÇÃO SOBRE O SALÁRIO MÍNIMO. TERMO AD QUEM. PENSÃO VITALÍCIA.PRINCÍPIO DA CONGRUÊNCIA. PEDIDO DE LIMITAÇÃO À SOBREVIDA ESPERADA. CONSTITUIÇÃODE CAPITAL. NÃO COMPROVAÇÃO DOS DANOS MATERIAIS COM TRATAMENTO MÉDICO E DOSLUCROS CESSANTES. DANO MORAL CONFIGURADO. AUXÍLIO PRESTADO COM CARÁTERMITIGADOR. CARÁTER RESSARCITÓRIO. NATUREZA PUNITIVA AFASTADA. RECURSO CONHECIDOE PARCIALMENTE PROVIDO.(...) Na espécie, pontua-se que não há nos autos provas acerca de excludentes de nexo causal.Primeiro, o CDC é claro ao afirmar, em seu art. 14, §3º, que o fornecedor de serviços só não seráresponsabilizado quando provar que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste, ou a culpaexclusiva do consumidor ou de terceiro, não sendo estes os caso dos autos. Segundo, de fato, nãohouve controvérsia, por parte do autor/recorrente, no que toca à doença preexistente que o acometia,consistente em trauma anterior no olho esquerdo e propensão ao descolamento de retina no direito(...)Desse quadro probatório extrai-se que, deveras, o acionante/recorrente tinha a indicada doençapreexistente, consistente em trauma anterior e propensão ao descolamento de retina, inclusive comintervenção cirúrgica prévia no olho esquerdo. Contudo, e diante da ausência de elementosprobatórios em sentido contrário, também se extrai que foi com o novo trauma ocorrido noestabelecimento da acionada/apelada, o novo descolamento de retina dele decorrente e ascomplicações ocorridas no transcurso dessa segunda cirurgia, com “a intercorrência de Hemorragiade Coróide e posteriormente Catarata e Glaucoma” (fls. 159 sic), que o quadro de perda de visão noolho esquerdo se instalou. As intercorrências anteriores pelas quais passou o acionante/recorrente,portanto, afiguram-se como concausas preexistentes.

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Concausaspreexistentes ou concomitantes

TRT-24 00013562420105240022, Relator: AMAURY RODRIGUES PINTO JUNIOR, Data de Julgamento: 19/10/2011, 1ª TURMA

DOENÇA DO TRABALHO. CONCAUSA. OPERADOR DE CAIXA. TRABALHO DESENVOLVIDOPOR ANOS NA MESMA FUNÇÃO. PARTICIPAÇÃO CULPOSA DA EMPRESA. 1. Para aconcausa ser considerada elemento definidor da responsabilidade civil, devemser somados todos os fatores já existentes ou concomitantes para desencadeara doença, sendo desnecessário apurar se uma causa é mais preponderante que a outra, jáque ambas se somam para a ocorrência do dano. 2. Durante a prestação de serviços, ficouprovado que não eram usufruídas as pausas intervalares para a recuperação muscular, masapenas do intervalo para refeição, e que os trabalhadores da função de operador de caixanão realizavam ginástica laboral e tinham que ficar de pé para passar as mercadorias dosclientes, sendo frequentes os defeitos nas esteiras e nas cadeiras de apoio. 3. Some-se aisso a confirmação reconhecida no laudo de que a doença da autora possui como causas otrabalho manual com movimentos repetidos, daí a razão de ficar caracterizada a doençaocupacional se a atividade laborativa concorreu para a ocorrência ou agravamento doresultado, pois a concausa não exclui o nexo etiológico. 4. Recurso a que se negaprovimento por unanimidade.(...) Some-se a isso a confirmação reconhecida no laudo de que a doença daautora possui como causas o trabalho manual com movimentos repetidos (f.280), daí a razão de ficar caracterizada a doença ocupacional se a atividadelaborativa concorreu para a ocorrência ou agravamento do resultado, pois aconcausa não exclui o nexo etiológico. Logo, é inquestionável o dever deindenizar, pois presentes os requisitos da responsabilidade civil (artigos 186,927 e 932 do Código Civil). Em relação aos danos, restou comprovada a reduçãoparcial e permanente da capacidade laborativa da autora em relação aostrabalhos que demandem esforço repetitivo com os membros superiores (f.281), em decorrência de enfermidade ocupacional adquirida pelo labor anteriorao afastamento previdenciário.

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Concausaconcomitante

(ou simultânea)

TJ-PR - ACR: 4300603 PR 0430060-3, Relator: Miguel Pessoa, Data de Julgamento: 28/08/2008, 4ªCâmara Criminal, Data de Publicação: DJ: 7698

LATROCÍNIO. CONJUNTO PROBATÓRIO APTO A ENSEJAR O DECRETO CONDENATÓRIO. PROVASCOLHIDAS NA INSTRUÇÃO HARMÔNICAS E COERENTES ENTRE SI. NEXO DE CAUSALIDADE,ENTRE A CONDUTA DO AGENTE E O RESULTADO, MORTE. INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO NOMOMENTO EM QUE A VÍTIMA SOFRIA ESGANADURA. CONCAUSA CONCOMITANTERELATIVAMENTE INDEPENDENTE NÃO QUEBRA O NEXO DE CAUSALIDADE. 'ANIMUS NECANDI'COMPROVADO. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO PROVIDO. 1- Causa concomitanterelativamente independente não quebra o nexo de causalidade, devendo o agente responder peloresultado naturalístico causado. Inteligência do artigo 13 do Código Penal. 2- Havendo nexo decausalidade entre a conduta do agente e o resultado naturalístico a condenação é medida de rigor. Oréu que causa um risco proibido a um bem juridicamente tutelado, responde pelos danos causados aele. No caso em tela, a morte da vitima em decorrência de infarto no momento em que estava sendoasfixiada pelo agente é causa relativamente independente que não exclui o nexo causal entre aconduta do réu e o resultado. Dolo comprovado.(...) Saliento ainda que o Laudo de Exame de Necropsia de fls. 186/186-verso constatou lesões naregião da pálpebra da vitima o que indica que foi espancada antes de sofrer a esganadura.Presente está o nexo de causalidade entre a conduta agente e o resultado produzido, visto que o réu,de maneira dolosa, criou um risco de produzir a morte. O forte abalo emocional, a falta de ardecorrente da esganadura, as lesões corporais, a grave ameaça, o temor que a vítima sofreu foramcausadas pelo apelado. Conforme se vê do Laudo de Necropsia a morte da vítima foi causada porinfarto agudo do miocárdio (fls. 186-verso).Às fls. 209, em resposta às informações requisitadas pelo representante do Ministério Público, osexperts informaram ser possível afirmar, com base nos achados anátomo-patológicos (marcas delesões encontradas nas vítimas) que o infarto do miocárdio apontado como a causa mortis ter sidocausada pela violência sofrida por ela. Por conseguinte, pode-se concluir que a conduta do réu deucausa ao resultado morte, pois o ato de asfixia, juntamente com todas as circunstâncias do fato, foi àcausa do problema cardíaco sofrido pela vítima. Eliminando-se a conduta do autor, a vítima não viria afalecer.Consoante a doutrina pátria, deve-se enquadrar a situação fática da vítima sofrer parada cardíaca nomomento da esganadura, levando-a ao falecimento posterior, como uma concausa oucausa concomitante relativamente independente. Causa esta, que não quebra o nexo de causalidade,devendo o agente responder pelo resultado naturalístico causado. Pode-se inferir pela leitura doart. 13, § 1o, do CP que a concausa concomitante não desfaz o nexo causal da relação. Essedispositivo estabelece que somente as causas relativamente independentes supervenientes, que porsi só produzem o resultado, é que quebram o nexo de causalidade.

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Concausasuperveniente absolutamente independente

TJ-SP - APL: 00555645720138260050 SP 0055564-57.2013.8.26.0050, Relator:Nelson Fonseca Junior, Data de Julgamento: 06/04/2017, 10ª Câmara de DireitoCriminal, Data de Publicação: 06/04/2017.

APELAÇÃO CRIMINAL - LATROCÍNIO E ROUBO CIRCUNSTANCIADO -PRELIMINAR - Alegação de nulidade da r. sentença sob o argumento de falta defundamentação - Magistrada que indicou um a um os elementos de suaconvicção e refutou os argumentos defensivos - Preliminar rejeitada.APELAÇÃO CRIMINAL - MÉRITO, PENAS E REGIME PRISIONAL - Rés quecolocaram o medicamento midazolam (Dormonid) na bebida das vítimas paraque elas adormecessem, reduzindo-as à impossibilidade de resistência, a fim desubtrair os pertences da residência delas, sendo certo que 04 (quatro) dias apósingerir o fármaco ministrado pelas acusadas, uma das ofendidas se sentiu mal esofreu uma queda em casa, quando foi levada ao hospital, onde faleceu depoisde alguns dias - Ausência de nexo de causalidade entre a ingestão doremédio e o evento morte, devendo as rés responder apenaspelos atos praticados anteriormente - Hipótese de concausasuperveniente absolutamente independente (artigo 13, caput, doCódigo Penal) - Delito de latrocínio que deve ser desclassificado pararoubo circunstanciado - Alegação de participação de menor importância, emrelação à corré Carmen, afastada - Concurso formal de delitos configurado, jáque, num mesmo contexto fático, as acusadas, dolosamente, subtraíram bensde duas vítimas, sabendo perfeitamente dessa circunstância, não havendo,portanto, que se falar em crime único - Penas mitigadas - Necessidade - Regimeprisional inicial fechado devido - Recursos parcialmente providos.

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Concausasuperveniente absolutamente

dependente

TJ-SP - APL: 00080996520128260445 SP 0008099-65.2012.8.26.0445, Relator:Edgard Rosa, Data de Julgamento: 19/03/2015, 25ª Câmara de Direito Privado,Data de Publicação: 19/03/2015.

DPVAT Ação de cobrança de indenização do Seguro Obrigatório por invalideztotal e permanente Segurado, vítima de acidente de trânsito envolvendomotocicleta Lesões neurológicas Incapacidade Dano cognitivo ecomportamental Traumatismo craniano encefálico de natureza grave Nexo decausalidade configurado Concausa superveniente absolutamentedependente Laudo médico conclusivo sobre a completa incapacidade davítima: "dependência completa e necessita de supervisão de terceiros parahigiene pessoal íntima, deambulação e atividades da vida diária" - Indenizaçãoque deve paga nos termos da Lei nº 11.482/07 e na sua integralidade (R$13.500,00) Acidente de trânsito ocorrido já na vigência da nova lei Ação julgadaprocedente Sentença confirmada. - Recurso desprovido.(...)A Cia. Seguradora alega ausência de cobertura, negando o nexo de causalidadeentre a incapacidade da vítima e o acidente de trânsito.Mas no caso é devida a indenização, nos termos da sentença. De fato, verifica-se que a prova pericial não deixa dúvidas que o segurado encontra-se com“dependência completa e necessita de supervisão de terceiros para higienepessoal íntima, deambulação e atividades de vida diária. Desta forma (...) hácaracterização de incapacidade total e permanente para atividade laborativa eatividade diária.

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Concausasuperveniente a uma concausapreexistente

TJ-SP - APL: 00021742720108260197 SP 0002174-27.2010.8.26.0197, Relator: Paulo Barcellos Gatti, Data de Julgamento: 09/06/2014, 4ª Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 10/06/2014.

APELAÇÃO RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO SERVIDOR PÚBLICO - ACIDENTE DE TRABALHO Explosão depanela de pressão que atuou como concausa superveniente à perda da visão do olho esquerdo da autora Omissãoculposa da Municipalidade Empregador que tem o dever de adotar medidas fiscalizatórias periódicas, no sentido deprevenir acidentes no local de trabalho Danos materiais Não configuração Autora que, embora tenha tido suacapacidade laborativa reduzida, continuou a ocupar o cargo e não sofreu redução em seus vencimentos Danos moraiscaracterizados Servidora que, apesar de sofrer com doença degenerativa em ambos os olhos, teve a visão de seu olhoesquerdo severamente comprometida em razão do acidente de trabalho, bem como passou a apresentar deformidadeestética em sua órbita ocular Violação aos direitos da personalidade Quantum indenizatório fixado pelo r. Juízo dePrimeiro Grau em R$ 30.000,00 mantido, em respeito aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, a fim de seatender às funções reparatória e punitiva do instituto Inteligência do art. 944, do CC/2002 Recursos voluntário daMunicipalidade e adesivo da autora improvidos. Sentença de Primeiro Grau mantida, com observação quanto ao modode aplicação dos consectários legais.Acrescente-se, neste ponto, que embora a autora estivesse acometida de doença degenerativa (estrias angióides) emambos os olhos (fls. 19 e 79), a aludida falta estatal, segundo consta da conclusão do laudo pericial de fls. 208/212,contribuiu significativamente para que a requerente viesse, mais tarde, a perder completamente a visão de seu olhoesquerdo e, com isso, ter diminuída expressivamente a sua capacidade laborativa (concausa superveniente a umaconcausa pré-existente). Assim, demonstrada a omissão ilícita do Estado, bem como o nexo de causalidadeestabelecido entre esta e os prejuízos alegadamente suportados pela autora (an debeatur), resta tão-somente apreciara extensão dos danos, para os exatos fins do art. 944, do CC/2002 (quantum debeatur).Neste diapasão, os alegados danos materiais, oriundos da “perda funcional de 30% por doença” (fl. 211), nãoencontram respaldo nas provas coligidas aos autos. Isso porque a postulante não suportou qualquer espécie deprejuízo pecuniário, mantendo-se no cargo que anteriormente ocupava e não sofrendo qualquer redução em suaremuneração (fls. 109/111) ou mesmo incapacitação total para o trabalho (fl. 211). Por isso, tal como consignado peloJuízo a quo, não há como se admitir a ocorrência de danos materiais, sendo induvidoso que, para tal fim, exige-seprova contundente do dano, sob o risco de se gerar verdadeiro enriquecimento injustificado daquele indevidamenteindenizado (art. 844, do CC/2002). Ato contínuo, no que pertine aos danos morais, cediço que para sua ocorrência,deve a ação provocar prejuízo à honra subjetiva (aspecto íntimo, equilíbrio anímico, ego, dignidade) e/ou objetiva(aspecto exterior, imagem social, boa fama, reputação) da vítima, sem o que não haverá se falar em obrigaçãoreparatória, já que inexiste responsabilidade no âmbito civil sem o respectivo dano. Assim, tendo como parâmetro osprincípios citados, considerando a capacidade econômica da causadora do dano (Municipalidade de FranciscoMorato), sua desídia com as regras de segurança e fiscalização do ambiente de trabalho, a consequência da suaconduta omissiva (acidente envolvendo a panela de pressão fls. 14/15), bem como as condições pessoais da vítima,pessoa já com certa idade (62 anos), portadora de doença degenerativa em ambos os olhos (estrias angióides), queteve a visão de seu olho esquerdo severa e irreversivelmente comprometida, mostra-se adequado o arbitramentodo quantum indenizatório no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), tal como consignado pelo MM. Juízo aquo. Este valor indeniza corretamente os prejuízos morais da autora, sem locupletá-la à custa do Poder Judiciário,servindo, por outro lado, para punir e desestimular a perpetuação do defeito nas atividades fiscalizatórias periódicasda Administração Pública, em relação à adequação do ambiente de trabalho de seus servidores

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Nexo Causal Probabilístico

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Luiz Edson Fachin: “Será causa de um dano aquela (condição) que, em um juízo probabilístico e abstrato, venha a melhor se adequar à sua consecução.” (Cf. Luiz Edson Fachin. Nexo de causalidade como pilar essencial da responsabilidade civil. Soluções práticas de direito. Pareceres – contratos e responsabilidade civil. v. 1. São Paulo: RT, 2011. p. 371.).

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Otavio Luiz Rodrigues Junior: “a expressão “nexo causal probabilístico” é uma contradição em termos. Mais do que uma má importação de conceitos matemáticos, o que seria suficiente para sua não utilização, essa expressão pode gerar muitas confusões em sua aplicação a casos jurídicos. A primeira delas está em seu emprego como argumento de autoridade para fundamentar decisões judiciais, como se correspondesse a um conceito matemático universal. Como dito, o nexo de causalidade não se pode adjetivar de probabilístico. A segunda está em que não existe um método científico que fundamente a chamada causalidade probabilística. (...) Não se desconhece a utilização do adjetivo probabilístico em um sentido figurativo e sem pretensão de se apresentar como um argumento de autoridade matemática, quando se estuda a responsabilidade por perda de uma chance. Em tal circunstância, esse emprego linguístico é mais uma licença poética do que propriamente uma invocação de conceitos da teoria das probabilidades. Encontra-se também essa expressão em um sentido equivalente a chances e suas respectivas probabilidades de ocorrência. Trata-se de uma associação muito comum nos estudos sobre a responsabilidade por perda de uma chance. Os trabalhos sérios sobre o tema fazem distinções entre elementos probabilísticos, impossíveis ou certos. É também encontrável a menção ao ‘grau de probabilidade’ de uma cura, de uma vitória processual ou de um acerto em jogos de memória.” (Cf. Otavio Luiz Rodrigues Junior. Nexo causal probabilístico: elementos para a crítica de um conceito. Revista de Direito Civil Contemporâneo. vol. 8. ano 3. p. 115-137. São Paulo: RT, jul.-set. 2016. p. 122 -123).

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Nexo causal probabilístico

STJ - AgInt no REsp: 1403785 MG 2013/0308222-2, Relator: MinistroLUIS FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento: 14/08/2018, T4 -QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 21/08/2018.

AGRAVO INTERNO. SEGURO OBRIGATÓRIO. DPVAT. INCÊNDIO EMVEÍCULO AUTOMOTOR. CAUSALIDADE ADEQUADA. PRESENÇA.DEVER DE INDENIZAR. EXISTÊNCIA. SÚMULA 7/STJ. 1. Esta CorteSuperior perfilha o entendimento de que o acidente que dá ensejo aopagamento do seguro não tem, necessariamente, causa no trânsito,mas na existência de acidente com o veículo, ainda que este seencontre parado no momento do sinistro. Precedentes. 2. Casoconcreto em que não merece acolhida a irresignação da recorrente nosentido de que o acidente não foi causado pelo veículo automotor,mas por equipamento acoplado a ele, isto é, pela "correia doalternador". Com efeito, se por um lado é certo que tal equipamentointegra a estrutura mesma do veículo, por outro, partindo-se doarcabouço fático delineado pela Corte de origem, não é possívelconcluir que o veículo fazia parte tão somente do cenário doinfortúnio, máxime porque a lesão suportada pelo ora recorrenteocorreu em razão do fogo no veículo no momento do conserto, demodo que é possível apontá-lo como causa adequada (possível eprovável) do acidente. 3. Ir além do arcabouço fático delineado peloTribunal estadual para verificar, no caso concreto, a comprovação ounão do nexo de causalidade, demandaria o revolvimento de fatos eprovas, o que é vedado pelo enunciado da Súmula 7 do STJ. 4. Agravointerno não provido.

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Nexo causal probabilístico

STJ - AgInt no REsp: 1403785 MG 2013/0308222-2, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento:14/08/2018, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 21/08/2018.

No mérito, aduz a parte agravante que não restou comprovado qualquer acidente de trânsito, nem, tampouco, sinistroprovocado pelo veículo automotor envolvido, uma vez que o acidente não foi causado pelo veículo, mas por equipamentoacoplado a ele - correia do alternador - quando o demandante tentava apagar incêndio ocorrido no momento em queefetuava o conserto deste. A Corte de origem, não obstante, entendeu que o simples fato de o veículo automotor encontrar-se parado no momento do acidente não descaracterizaria o direito ao recebimento do seguro obrigatório DPVAT, pois aindaassim o fato gerador da cobertura securitária - dano decorrente de sinistro envolvendo veículo automotor - estariacristalizado na espécie (...)Como consignado na decisão objurgada, esta Corte Superior perfilha o entendimento de que o acidente que dá ensejo aopagamento do seguro não tem, necessariamente, causa no trânsito, mas na existência de acidente com o veículo, aindaque este se encontre parado no momento do sinistro. (...)

Observa-se, desse modo, que a questão resolve-se no âmbito da causalidade, a qual deve ser aferida conformeas regras do direito civil comum. Nesse sentido, segundo a teoria da causalidade adequada, que buscaselecionar critérios para a definição do alcance da causalidade, examina-se a adequação da ação em razão da

possibilidade e da probabilidade de determinado resultado ocorrer, o que vale dizer que a açãosupostamente indicada como causa deve ser idônea à produção do resultado. Confira-se, a propósito, doutrinaespecializada sobre o tema:

A mais conhecida de entre as teorias da causalidade adequada é de autoria de Johannes Adolf von Kries (1853-1928),fisiologista de Baden, que posteriormente se tornou súdito do Reich alemão (...) Haveria um método na aplicação dessateoria. O agente causador do dano é responsabilizável pelo modo como agiu, mas dentro do que conhecia ou podiaconhecer na situação sob investigação. Essa primeira etapa é metajurídica seguida de uma fase jurídica, baseada na máximalatina id quod prelumque accidit, aquilo que geralmente acontece. Ou, na linguagem de von Kries, o conhecimento empíricogeral existente (vorhandenen generellen Erfahrungswissens), expressão usada nas decisões do Bundesgerichtshof(Tribunal Federal alemão, parcialmente equivalente ao STJ do Brasil) (RODRIGUES JUNIOR, Otavio Luiz. Nexo causalprobabilístico: elementos para a crítica de um conceito. Revista de Direito Civil Contemporâneo. vol. 8. ano 3. p. 130. SãoPaulo: Ed. RT, jul.-set. 2016).

De acordo com esta teoria, quanto maior é a probabilidade com que determinada causa se apresente para gerar um dano,tanto mais adequada é em relação a esse dano. Assim, diante de uma pluralidade de concausas, indaga-se qual delas, emtese, poderia ser considerada apta a causar o resultado ("domínio do saber ontológico"). Respondida esta primeirapergunta, questiona-se se essa causa, capaz de causar o dano, é também hábil segundo as leis naturais ("domínio do sabergnomológico") (CRUZ, Gisela Sampaio da. O problema da causalidade na responsabilidade civil. Rio de Janeiro: Renovar,2005, p. 65).

Destarte, no caso concreto, não merece acolhida a irresignação da recorrente no sentido de que o acidente não foi causadopelo veículo automotor, mas por equipamento acoplado a ele, isto é, pela "correia do alternador". Com efeito, se por um ladoé certo que tal equipamento integra a estrutura mesma do veículo, por outro, partindo-se do arcabouço fático delineado pelaCorte de origem, não é possível concluir que o veículo fazia parte tão somente do cenário do infortúnio, máxime porque alesão suportada pelo ora recorrente ocorreu em razão do fogo no veículo no momento do conserto, de modo que é possívelapontá-lo como causa adequada (possível e provável) do acidente

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Tema 3 (Aula 5...)

3. Responsabilidade Civil Contemporânea(...)

3.2. As atividades de risco e ajurisprudência

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Foi Carlos Alberto Bittar quem, mais uma vez, examinou com acuidade a repercussão constitucional nesse campo, posto que “a Constituição de 1988 edita, dentro da tendência de objetivação da responsabilidade civil, várias regras em que adota a diretriz da responsabilidade sem culpa, instituindo assim o risco como fundamento da teoria em questão. Com isso, esse princípio será inscrito na futura codificação privada, sufragando-se a tese da responsabilidade objetiva nas atividades perigosas. Concluiu o professor da Universidade de São Paulo, dizendo que a teoria do risco, ao lado da culpa, passaria “a compor o Código como esteio de responsabilidade no campo privado e, também, no plano da responsabilidade do Estado (arts. 21, XXIII, “c” e 37, § 6º) ”(Cf. Carlos Alberto Bittar . O Direito Civil na Constituição de 1988 apud Antonio Carlos Morato . Pessoa Jurídica Consumidora).

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TENDÊNCIA DE OBJETIVAÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL

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Silmara Juny Chinellato: “A tendência à objetivação da responsabilidade civil atende à sociedade pós-moderna, sociedade de massa e globalizada, caracterizada pelos riscos da produção e do desenvolvimento, nos quais se inclui a tecnologia, que tornam mais vulneráveis as pessoas, possíveis vítimas. A quarta era dos direitos, conforme denomina Norberto Bobbio, ou era da técnica, no dizer de Hans Jonas, traz uma responsabilidade diferenciada aos produtores de tecnologia, imputando-lhes indenizar os lesados sem indagação de culpa, bastando a comprovação do nexo causal entre o ato ou fato lesivo e o dano. Prestigia a vítima, parte mais fraca, seguindo a tendência da legislação em vários âmbitos, ao reconhecer expressamente que o menos forte será protegido de modo expresso” (CHINELLATO, Silmara Juny de Abreu . Tendências da responsabilidade civil no direito contemporâneo: reflexos no Código de 2002. In: : DELGADO, Mário Luiz; ALVES, Jones Figueiredo. (Org.). Novo Código Civil: questões controvertidas. v. 5 . São Paulo: Método, 2006)

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TENDÊNCIA DE OBJETIVAÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL

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art. 21, XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições: d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa;

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Risco Integral

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Art. 37. (...) § 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicosresponderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

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Risco Administrativo

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Art. 225. (...). § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

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Risco Integral

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Acidentes de TrabalhoArt. 7º da CF: São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;

RE 828040 RECURSO EXTRAORDINÁRIO

Origem: DF - DISTRITO FEDERAL Relator: MIN. ALEXANDRE DE MORAES

12/03/2020- Fixada a Tese - Decisão: O Tribunal, por maioria, fixou aseguinte tese de repercussão geral: "O artigo 927, parágrafo único, doCódigo Civil é compatível com o artigo 7º, XXVIII, da ConstituiçãoFederal, sendo constitucional a responsabilização objetiva doempregador por danos decorrentes de acidentes de trabalho, noscasos especificados em lei, ou quando a atividade normalmentedesenvolvida, por sua natureza, apresentar exposição habitual a riscoespecial, com potencialidade lesiva e implicar ao trabalhador ônusmaior do que aos demais membros da coletividade", nos termos dovoto do Ministro Alexandre de Moraes (Relator), vencido o MinistroMarco Aurélio. Ausente, por motivo de licença médica, o MinistroCelso de Mello. Presidência do Ministro Dias Toffoli. Plenário,12.03.2020.

05/09/2019 – Tribunal Pleno - Julgado mérito de tema com repercussãogeral - O Tribunal, por maioria, apreciando o tema 932 da repercussão geral, negouprovimento ao recurso extraordinário, nos termos do voto do Relator, vencidos osMinistros Marco Aurélio e Luiz Fux. Em seguida, o Tribunal deliberou fixar a tese derepercussão geral em assentada posterior. Ausentes, justificadamente, os Ministros Celsode Mello e Dias Toffoli (Presidente). Presidência do Ministro Luiz Fux (Vice-Presidente).Plenário, 5.9.2019.

04/09/2019 - Decisão: Após os votos dos Ministros Alexandre de Moraes (Relator), EdsonFachin, Roberto Barroso, Rosa Weber, Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski, quenegavam provimento ao recurso extraordinário, o julgamento foi suspenso. Falaram: pelarecorrente, o Dr. José Alberto Couto Maciel; pelo recorrido Marcos da Costa Santos, o Dr.José Belga Assis Trad; pelo amicus curiae JSL S/A, o Dr. Estêvão Mallet; pelo amicuscuriae Confederação Nacional da Indústria, a Dra. Fernanda de Menezes Barbosa; e, peloamicus curiae Confederação Nacional dos Transportes - CNT, o Dr. Sérgio AntônioFerreira Victor. Ausentes, justificadamente, os Ministros Celso de Mello e Dias Toffoli(Presidente). Presidência do Ministro Luiz Fux (Vice-Presidente). Plenário, 4.9.2019.

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Acidentes de TrabalhoArt. 927 do CC. Aquele que, por ato ilícito ( arts. 186 e 187 ), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

RE 828040 RECURSO EXTRAORDINÁRIO

Origem: DF - DISTRITO FEDERAL Relator: MIN. ALEXANDRE DE MORAES

12/03/2020- Fixada a Tese - Decisão: O Tribunal, por maioria, fixou aseguinte tese de repercussão geral: "O artigo 927, parágrafo único, doCódigo Civil é compatível com o artigo 7º, XXVIII, da ConstituiçãoFederal, sendo constitucional a responsabilização objetiva doempregador por danos decorrentes de acidentes de trabalho, noscasos especificados em lei, ou quando a atividade normalmentedesenvolvida, por sua natureza, apresentar exposição habitual a riscoespecial, com potencialidade lesiva e implicar ao trabalhador ônusmaior do que aos demais membros da coletividade", nos termos dovoto do Ministro Alexandre de Moraes (Relator), vencido o MinistroMarco Aurélio. Ausente, por motivo de licença médica, o MinistroCelso de Mello. Presidência do Ministro Dias Toffoli. Plenário,12.03.2020.

05/09/2019 – Tribunal Pleno - Julgado mérito de tema com repercussãogeral - O Tribunal, por maioria, apreciando o tema 932 da repercussão geral, negouprovimento ao recurso extraordinário, nos termos do voto do Relator, vencidos osMinistros Marco Aurélio e Luiz Fux. Em seguida, o Tribunal deliberou fixar a tese derepercussão geral em assentada posterior. Ausentes, justificadamente, os Ministros Celsode Mello e Dias Toffoli (Presidente). Presidência do Ministro Luiz Fux (Vice-Presidente).Plenário, 5.9.2019.

04/09/2019 - Decisão: Após os votos dos Ministros Alexandre de Moraes (Relator), EdsonFachin, Roberto Barroso, Rosa Weber, Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski, quenegavam provimento ao recurso extraordinário, o julgamento foi suspenso. Falaram: pelarecorrente, o Dr. José Alberto Couto Maciel; pelo recorrido Marcos da Costa Santos, o Dr.José Belga Assis Trad; pelo amicus curiae JSL S/A, o Dr. Estêvão Mallet; pelo amicuscuriae Confederação Nacional da Indústria, a Dra. Fernanda de Menezes Barbosa; e, peloamicus curiae Confederação Nacional dos Transportes - CNT, o Dr. Sérgio AntônioFerreira Victor. Ausentes, justificadamente, os Ministros Celso de Mello e Dias Toffoli(Presidente). Presidência do Ministro Luiz Fux (Vice-Presidente). Plenário, 4.9.2019.

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IResponsabilidadeObjetiva do Empregador

STFRE 828040

RECURSO EXTRAORDINÁRIOOrigem: DF - DISTRITO FEDERAL

Relator: MIN. ALEXANDRE DE MORAES

Decisão: O Tribunal, por maioria, fixou a seguinte tese derepercussão geral: “O artigo 927, parágrafo único, do CódigoCivil é compatível com o artigo 7º, XXVIII, da ConstituiçãoFederal, sendo constitucional a responsabilizaçãoobjetiva do empregador por danos decorrentes deacidentes de trabalho, nos casos especificados em lei, ouquando a atividade normalmente desenvolvida, por suanatureza, apresentar exposição habitual a risco especial, compotencialidade lesiva e implicar ao trabalhador ônus maior doque aos demais membros da coletividade”, nos termos dovoto do Ministro Alexandre de Moraes (Relator), vencido oMinistro Marco Aurélio. Ausente, por motivo de licençamédica, o Ministro Celso de Mello. Presidência do MinistroDias Toffoli. Plenário, 12.03.2020.

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Teoria do RiscoCorrentes Principais

Risco-proveito Risco criado Risco IntegralRisco Administrativo

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Teoria do RiscoCorrentes Principais

Risco proveito (...)

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TJ-PR - 3ª Turma Recursal - RI: 00025552220188160136 PR 0002555-22.2018.8.16.0136 (Decisãomonocrática), Relator: Juiz Fernando Swain Ganem, Data de Julgamento: 29/11/2018, Data de Publicação:

29/11/2018.

TELECOMUNICAÇÕES. SUSPENSÃO DE SERVIÇO DE TELEFONIA. ALEGA O AUTOR, EM SÍNTESE, QUE NO MÊS DEJUNHO/2018 NÃO RECEBEU A FATURA PARA PAGAMENTO, QUE EM CONTATO COM A RÉ FOI INFORMADO PARA SEDIRIGIR A UMA LOJA MAIS PRÓXIMA PARA RETIRA-LA, QUE É MORADOR DE BOAVENTURA DE SÃO ROQUE E A LOJAMAIS PRÓXIMA FICA EM PITANGA, QUE REALIZOU O PAGAMENTO E MESMO ASSIM TEVE SEU SERVIÇO SUSPENSO.AFIRMA QUE EFETUOU DIVERSAS RECLAMAÇÕES ATRAVÉS DO SERVIÇO DE CALL CENTER (PROTOCOLOS AO MOV.1.15). SOBREVEIO SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA QUE DETERMINOU O RESTABELECIMENTO DOS SERVIÇOS,NA ABSTENÇÃO DE INSCRIÇÃO DO NOME DA PARTE AUTORA NOS CADASTROS DE INADIMPLENTES E CONDENOU AOPAGAMENTO DE R$ 5.000,00. INSURGÊNCIA RECURSAL DA RÉ. DECIDO.DEPREENDE-SE DO CONJUNTO PROBATÓRIOCOLACIONADO AOS AUTOS QUE O AUTOR INDICOU QUE MESMO APÓS O PAGAMENTO DA FATURA TEVE SEUSSERVIÇOS SUSPENSOS, AINDA, COMPROVOU QUE EFETUOU RECLAMAÇÕES ADMINISTRATIVAS SEM TER A SOLUÇÃO.DIANTE DAS PROVAS APRESENTADAS PELO AUTOR, INCUMBIA À RÉ DEMONSTRAR A REGULARIDADE DOS SERVIÇOSPRESTADOS. COMPETE À FORNECEDORA DO SERVIÇO PROCEDER COM A SOLUÇÃO DO PROBLEMA, QUANTO MAISQUANDO É REMUNERADA INTEGRAMENTE POR SERVIÇO NÃO PRESTADO DE FORMA ADEQUADA E CONTÍNUA,QUANDO ENTÃO OBTÉM ENRIQUECIMENTO ILÍCITO, JÁ QUE SE ABSTÉM DE SOLUCIONAR OS MOTIVOS TÉCNICOS OUBUROCRÁTICOS QUE DÃO ORIGEM ÀS FALHAS. SENDO O CONSUMIDOR PRIVADO DA UTILIZAÇÃO DE SERVIÇOESSENCIAL DE COMUNICAÇÃO E VERIFICADA SUA PATENTE VULNERABILIDADE, PRINCIPALMENTE FRENTE ÀSEMPRESAS DE GRANDE PORTE, RESTA EVIDENCIADO O DEVER DE INDENIZAR, POIS ULTRAPASSA O MERO DISSABORCOTIDIANO, JÁ QUE É INCONCEBÍVEL QUE O CONSUMIDOR SEJA PRIVADO DA UTILIZAÇÃO COMPLETA DOS SERVIÇOSSEM QUE A RÉ TENHA TOMADO AS PROVIDÊNCIAS NECESSÁRIAS AO RESTABELECIMENTO DO SERVIÇO.INTELIGÊNCIA DO ENUNCIADO 1.5 DAS TR’S/PR. FRISA-SE, AINDA, QUE NÃO MERECE PROSPERAR A ALEGAÇÃO DA RÉDE QUE O AUTOR UTILIZA OS SERVIÇOS EM ÁREA DE SOMBRA. PRIMEIRO PORQUE TRATA-SE DE SUSPENSÃO TOTALDOS SERVIÇOS, SEGUNDO PORQUE OS ACIDENTES GEOGRÁFICOS NÃO SÃO EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADEDA RÉ, ISTO PORQUE EXTREMAMENTE PREVISÍVEIS, E, ADEMAIS, AQUI O DEVER DE INDENIZAR DECORRE DARESPONSABILIDADE OBJETIVA, COM FULCRO NO ART. 14 DO CDC, OU SEJA, O FORNECEDOR DEVE RESSARCIROS DANOS CAUSADOS AO CONSUMIDOR INDEPENDENTE DA EXISTÊNCIA DE CULPA, VISTO QUE ASSUMEOS RISCOS DE SUA ATIVIDADE. ADEMAIS, TEM-SE QUE A RÉ DEVE SUPORTAR O ÔNUS DE SEU NEGÓCIO,DIANTE DA TEORIA DO RISCO PROVEITO. DANO MORAL CARACTERIZADO. INDENIZAÇÃO JUSTA. MONTANTEINDENIZATÓRIO ESCORREITO, UMA VEZ QUE ATENDE AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DAPROPORCIONALIDADE, BEM COMO O CARÁTER PUNITIVO DO INSTITUTO. SENTENÇA QUE DEVE SER MANTIDA NAÍNTEGRA, PELOS SEUS PRÓPRIOS DESTA FORMA,FUNDAMENTOS, NOS TERMOS DO ART. 46 DA LJE. CONSIDERANDOQUE AS RAZÕES RECURSAIS SÃO CONTRÁRIAS AO ENTENDIMENTO DESTA TURMA RECURSAL, COM FULCRO NO ART.932, INCISO IV, ALÍNEA ‘A’, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO DE FORMAMONOCRÁTICA. CONDENO A RECORRENTE AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS, OS QUAIS FIXO EM 20%SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO. CONFORME PREVISÃO DO ART. 4º DA LEI ESTADUAL 18.413/2014, NÃO HAVERÁDEVOLUÇÃO DAS CUSTAS RECURSAIS. SERVE A PRESENTE EMENTA COMO VOTO. Curitiba, 28 de novembro de 2018.

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Risco Proveito

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Risco Proveito

TJ-ES - ED: 00040875120038080048, Relator: SAMUEL MEIRA BRASIL JUNIOR, Data de Julgamento: 20/06/2011,QUARTA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 07/07/2011)

EMENTA: PROCESSO CIVIL E CIVL. DECISÃO MONOCRÁTICA. ART. 557 DO CPC. EMBARGOS DEDECLARAÇÃO. NÍTIDO PROPÓSITO INFRINGENTE. FUNGIBILIDADE RECURSAL. RECEBIMENTO COMOAGRAVO INTERNO. POSSIBILIDADE. APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DETRÂNSITO. FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO. INOCORRÊNCIA. INDEFERIMENTO DE PROVA. CERCEAMENTO DEDEFESA. INOCORRÊNCIA. CULPA DO PREPOSTO. DEMONSTRAÇÃO. TEORIA DO RISCO-PROVEITO.ARTIGO 942, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO CIVIL. APLICAÇÃO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA ESOLIDÁRIA DA TRANSPORTADORA E DA PROPRIETÁRIA DA CARGA. RECURSO DESPROVIDO. 1. OsEmbargos de Declaração opostos em face de decisão monocrática, que possuam intuito notadamenteinfringente, podem ser recebidos como Agravo Interno, por força dos princípios da fungibilidade recursal e daceleridade processual. Precedentes do STJ. 2. Não há nulidade por falta de fundamentação se o julgador semanifestou de forma clara e suficiente sobre a questão posta nos autos, não estando obrigado a rebater, um aum, os argumentos da parte. Precedentes do STJ. 3. Não há cerceamento de defesa por ausência de produçãode prova na hipótese em que os fatos encontram-se suficientemente demonstrados nos autos. Precedentes doSTJ. 4. Provada a responsabilidade pela ocorrência do acidente, respondem objetiva e solidariamente pelareparação dos danos dele resultantes a transportadora e a proprietária da carga transportada, que ao cair,atingiu veículo de terceiro, causando-lhe lesões. Inteligência do parágrafo único do artigo 942 do CPC. 5. Nãosão passíveis de reforma os valores fixados a título de danos morais e estéticos se, além de atenderem aoduplo caráter da indenização: reparatório e punitivo⁄preventivo, observam os valores aplicados pelo SuperiorTribunal de Justiça em casos semelhantes ao dos autos. 6. Recurso desprovido. ACÓRDÃO Vistos, relatados ediscutidos estes autos em que são partes as acima indicadas. Acorda a colenda QUARTA CÂMARA CÍVEL, emconformidade com a ata e notas taquigráficas que integram o presente julgado, à unanimidade de votos,NEGAR PROVIMENTO ao recurso.(...) Extrai-se do conjunto probatório dos autos, que restou devidamente comprovada a culpa (negligência) domotorista do caminhão de propriedade da Primeira Requerida (W. O. Basílio Agenciamento e Transportes Ltda),que transportava carga de propriedade da Apelante pelo acidente que vitimou o autor, tanto na falta de cautelanecessária à condução do veículo, quanto na forma como a carga foi colocada e presa à carroceria do veículo.Segundo a dinâmica do acidente, descrita no Boletim de Ocorrência, que prevalece diante da ausência de provas aptas a desconstituí-lo, o acidente ocorreu pois, ao curvar, o caminhão que realizava o transporte contratado pela PETROBRÁS DISTRIBUIDORA S/A, teve a carga (canos de ferro) derramada sobre a pista, de forma que um dos canos colidiu frontalmente com o veículo conduzido pelo Autor Dorval Strutz, que trafegava em sua mão de direção.Assim, resta evidente a aplicação da teoria do risco-proveito ao caso dos autos, o que implica em responsabilidade objetiva e solidária da PETROBRÁS DISTRIBUIDORA S/A e de W. O. Basílio Agenciamento e Transportes Ltda, esta útlima contratada para realizar o transporte da carga de propriedade da daquela. Inteligência do parágrafo único do artigo 942 do Código Civil.Quanto aos danos experimentados pelo Autor, ora Apelado, em razão do acidente em questão, as provas dos autos deixaram evidente a sua ocorrência, bem como o nexo de causalidade entre estes e a conduta do motorista do veículo da Primeira Requerida, contratado para o transporte de carga da Segunda Requerida, ora Apelante.

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Art. 942 do CC. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação. Parágrafo único. Sãosolidariamente responsáveiscom os autores os co-autorese as pessoas designadas noart. 932 .

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Teoria do RiscoCorrentes Principais

(...)Risco criado

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Risco CriadoTJ-PB APELAÇÃO Nº 00065261520148152001 PB, Data de Julgamento: 14/05/2019, 4ª Câmara Especializada Cível.ORIGEM: Juízo da 9ª Vara Cível da Comarca da CapitalRELATOR: Desembargador João Alves da SilvaAPELANTE : Ismael Jorge de Oliveira Neto (Adv. Rapahel Felippe Correia Lima do Amaral –OAB/PB 15.535)APELADO : American Airlines Inc (Adv. Alfredo Zucca Neto – OAB/SP 154.694)

APELAÇÃO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. CONSUMIDOR. TRANSPORTEAÉREO. CANCELAMENTO DE VOO. FALHA NO SERVIÇO. RESPONSABILIDADE CIVILOBJETIVA. INEXISTÊNCIA DE EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE. RISCO DAATIVIDADE. DANO MORAL "IN RE IPSA". OCORRÊNCIA. QUANTUM INDENIZATÓRIO.NECESSIDADE DE MAJORAÇÃO LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO O CARÁTERPEDAGÓGICO E CONDIÇÃO ECONÔMICA DOS ENVOLVIDOS. FALTA DE OBSERVÂNCIA OSPRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. REFORMA. PROVIMENTO DORECURSO. - O Código de Defesa do Consumidor estabelece a responsabilidade objetiva dofornecedor pela prestação do serviço de forma defeituosa, bastando para o consumidorcomprovar o dano e o nexo de causalidade. Tal responsabilidade funda-se na teoriado risco da atividade (risco criado ou risco objetivo), o qual se justificaem razão do próprio tipo de relação que o CDC tutela - A responsabilidade dacompanhia aérea, em razão de atraso de voos, funda-se na teoria do risco daatividade (risco criado ou risco objetivo), o qual se justifica em razão do própriotipo de relação que o CDC tutela. Desse modo, problemas climáticos, bem como ostécnicos, encontram-se dentro do campo da previsibilidade e são inerentes ao serviçoprestado, isto é, estão englobados na ideia de risco da atividade, caracterizando-se comofortuito interno, o que não afasta a responsabilidade, sob pena de privatização dos lucros esocialização dos prejuízos, notadamente quando a empresa aérea sequer prestou asinformações suficientes e adequadas.

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Risco Criado

TJ-MG - AC: 10701130352563001 MG, Relator: Antônio Bispo, Data de Julgamento:26/04/2018, Data de Publicação: 09/05/2018,

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS - PENSÃOVITALÍCIA - ACIDENTE - VÍTIMA FATAL - AFOGAMENTO EM BOLSÃO D'ÁGUACONSTRUÍDO POR EMPRESA PARTICULAR - RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA -CULPA NÃO COMPROVADA - TEORIA DO RISCO CRIADO - RISCO NÃO SUFICIENTE AATRAIR RESPONSABILIZAÇÃO OBJETIVA. A regra geral para a responsabilidade civilé subjetiva, demandando, assim, a necessidade de demonstração da culpa oudolo como componente do dever de indenizar. Inexiste culpa se o afogamento davítima, menor de idade, se deu em bolsão de retenção de água construído por empresaprivada, com viés preventivo, situado em terreno particular suficientemente delimitado ecercado com arame farpado. Incabível a atração da responsabilização objetiva por força dateoria do risco criado, se a obra realizada não se apresenta com potencialidade lesiva desorte a exigir da requerida cuidados superiores àqueles já empreendidos. (VvP) APELAÇÃO.INDENIZAÇÃO. PRELIMINAR DE AUSENCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA AFASTADA.ACIDENTE. VÍTIMA FATAL. AFOGAMENTO. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA. CULPACOMPROVADA. DANOS MORAIS DEVIDOS. PENSÃO. MENSAL VITALÍCIA. FIXAÇÃO.POSSIBILIDADE. Rebatidos os fundamentos da sentença de improcedência do pedido eatendidos os requisitos do artigo 1010 do CPC na elaboração do recurso, não há que se falarem ausência de impugnação específica da sentença. A responsabilidade civilaquiliana/teoria subjetiva tem por escopo a obrigação de reparar um dano advindo daqueleque cometeu ato ilícito, consoante preveem os artigos 186 e 927 do CC. A empresa tem aobrigação de manter o local considerado perigoso, inclusive pelo Poder Público, protegido.Tal obrigação advém do seu dever de cautela, principalmente quando já fora notificada paraa solução do problema. A criança que morre afogada em represa, cuja construção poderiaser evitada por outros meios de proteção de alegada erosão, deflagra culpa exclusiva daempresa. O dano moral deve ser estabelecido com razoabilidade, de modo a servir delenitivo ao sofrimento da vítima. A pensão mensal vitalícia em casos de morte é devida novalor de 2/3 (dois terços) do salário mínimo desde os 14 (quatorze) anos até o dia em que ofalecido alcançaria seus 25 (vinte e cinco) anos e, a partir de então, serão reduzidos para 1/3(um terço) do salário mínimo até a data em que o falecido atingiria 65 (sessenta e cinco)anos, se antes não ocorrer o falecimento dos beneficiários.

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Teoria do RiscoCorrentes Principais

(...)Risco Administrativo

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Risco Administrativo

STFRE: 631214

RECURSO EXTRAORDINÁRIOOrigem: RJ – Rio de Janeiro

Relator: MIN. CELSO DE MELLO

STF - RE: 631214 RJ, Relator: Min. CELSO DE MELLO, Data de Julgamento:19/02/2013, Segunda Turma, Data de Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-057 DIVULG 25-03-2013 PUBLIC 26-03-2013

RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO ESTADO (CF, ART. 37, § 6º)CONFIGURAÇÃO TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO QUEDA EM BUEIRO,COM FERIMENTOS NA PERNA DIREITA RECONHECIMENTO, PELO TRIBUNALDE JUSTIÇA LOCAL, DE QUE SE ACHAM PRESENTES TODOS OSELEMENTOS IDENTIFICADORES DO DEVER ESTATAL DE REPARAR O DANO.CARÁTER SOBERANO DA DECISÃO LOCAL, QUE, PROFERIDA EM SEDERECURSAL ORDINÁRIA, RECONHECEU, COM APOIO NO EXAME DOS FATOSE PROVAS, A INEXISTÊNCIA DE CAUSA EXCLUDENTE DARESPONSABILIDADE CIVIL DO PODER PÚBLICO INADMISSIBILIDADE DEREEXAME DE PROVAS E FATOS EM SEDE RECURSAL EXTRAORDINÁRIA(SÚMULA 279/STF) DOUTRINA E PRECEDENTES EM TEMA DERESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO ESTADO ACÓRDÃO RECORRIDOQUE SE AJUSTA À JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERALRECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO.

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Risco Administrativo

TJ-DF 20180110312940 DF 0000560-28.2014.8.07.0018, Relator: VERA ANDRIGHI, Data de Julgamento: 14/11/2018, 6ª TURMA CÍVEL, Data de Publicação: Publicado no DJE : 27/11/2018 . Pág.: 468/480.

RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO ESTADO. FALHA NA PRESTAÇÃO DOSERVIÇO PÚBLICO DE MANUTENÇÃO DE BUEIROS. NEXO CAUSAL CONFIGURADO.DEVER DE INDENIZAR. PENSÃO VITALÍCIA. INCAPACIDADE LABORAL DEFINITIVA.REDUÇÃO DA PENSÃO. UM SALÁRIO MÍNIMO. IMPOSSIBILIDADE. AJUSTE ÀSVARIAÇOES ULTERIORES DE VALOR. SUBSTITUIÇÃO DA CONSTITUIÇÃO DECAPITAL PELA INCLUSÃO EM FOLHA DE PAGAMENTO. NOVACAP. EMPRESAPÚBLICA. INAPLICABILIDADE DOS BENEFÍCIOS DA FAZENDA PÚBLICA QUANTO AJUROS DE MORA E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. I - As empresas públicas doDistrito Federal respondem objetivamente pelo dano causado à vítima, nos termos doart. 37, § 6º, da CF/88. II - Comprovada a lesão irreversível e a sua incapacidade totalpara o trabalho, a autora faz jus à percepção de pensão vitalícia, segundo estabeleceo art. 950 do CC. III - Ausente qualquer prova da renda que a vítima recebia à épocado acidente, deve ser arbitrada a pensão mensal vitalícia no valor equivalente a umsalário mínimo. IV - A pensão correspondente à indenização oriunda deresponsabilidade civil deve ser calculada com base no salário mínimo vigente aotempo da sentença e ajustar-se-á às variações ulteriores (Súmula 490 do STF). V -Provado o requisito da notória capacidade econômica da ré, sendo empresa públicaidônea e solvente, é permitida a substituição de constituição de capital pela inclusãodo beneficiário da pensão em folha de pagamento do devedor, na forma do § 2º doart. 533 do CPC. VI - Diante da natureza jurídica da ré, qual seja, empresa pública, sesujeita ao regime jurídico próprio das empresas privadas quanto a direitos eobrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributárias, não usufruindo, portanto, dasprerrogativas concedidas à Fazenda Pública, em especial no que diz respeito à jurosde mora (art. 1.º-F da Lei 9.494/97) e honorários advocatícios (art. 85, § 3º, do CPC).VII - Apelação da ré parcialmente provida.

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Risco Administrativo

TJ-DF 20150110213629 DF 0004426-10.2015.8.07.0018, Relator: FERNANDOHABIBE, Data de Julgamento: 03/07/2019, 4ª TURMA CÍVEL, Data dePublicação: Publicado no DJE : 09/07/2019 . Pág.: 449/454

Responsabilidade civil objetiva do Estado - indisponibilidade de UTI - Óbito dopaciente por falta de atendimento adequado - Nexo causou comprovado - Danomoral in re ipsa experimentado pela viúva - Valor da compensação: R$100.000,00, de acordo com os princípios da razoabilidade e proporcionalidade eque, assim, não comporta redução.(...) O réu apela (241-246) da sentença da 5ª Vara da Fazenda Pública (236-238) que condenou a pagarR$ 100.000,00, a título de dano moral decorrente do falecimento do cônjuge da autora nasdependências do Hospital Regional de Taguatinga, por falha na prestação de serviços de saúde,inclusive com o descumprimento da decisão que antecipou a tutela para determinar a internação emUTI. Nega a existência de relação de causalidade entre a omissão e o óbito, alegando que não háprovas de que a internação em UTI aumentaria as chances de sobrevivência. Reafirma que o óbitodecorreu somente do infarto agudo do miocárdio e suas consequências. Subsidiariamente, requerseja reduzido proporcionalmente o quantum indenizatório para valor condizente com a realidadepatrimonial da autora.Em contrarrazões (249-253v), a autora defende a sentença.(...) Atente-se para a conclusão do expert: "Em face ao histórico médico contido no prontuárioanexado a este processo e após avaliação médica pericial, concluímos que o Sr. João BoscoAlexandrino e Lima portador de miocardiopatia chagásica, arritmia cardíaca, hipertensão arterial,sofreu infarto agudo do miocárdio, permanecendo em estado grave, insuficiência cardíaca, chocado,complicações pulmonares e hemorragia digestiva, não sendo transferido para UTI especializada,mesmo a despeito de reiteradas solicitações, inclusive judiciais, e, no entanto existia vaga,justamente na UTI CORONARIANA do HBDF, tirando a chance de acesso a um atendimentoespecializado, que aumentariam as possibilidades de sobrevivência."

Destarte, acha-se comprovado o nexo causal entre a omissão do DF,agravada pelo desrespeito à decisão judicial que determinara ainternação em UTI, e o óbito do paciente, cujas chances de recuperaçãoforam prejudicadas pela conduta reprovável, desidiosa do Poder Público. Tem-se no caso responsabilidade civil objetiva - CF 37, § 6º.

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Teoria do RiscoCorrentes Principais

(...)Risco Integral

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TJ-PR - 10ª Câmara Cível - AC: 4461794 PR 0446179-4APELAÇÃO CÍVEL Nº 446.179-4, DA 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE PARANAGUÁAPELANTE: REDINEGUES CORDEIRO VALVANAAPELANTE: PETROBRÁS PETRÓLEO BRASILEIRO S/AAPELADOS: OS MESMOSRelator: Marcos de Luca FanchinData de Julgamento: 26/08/2008

APELAÇÃO CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. PESCADOR QUE PRETENDE SER INDENIZADO PELA PETROBRÁS EM RAZÃO DO ACIDENTE AMBIENTAL OCORRIDO EM 16.02.2001. VAZAMENTO DE ÓLEO COMBUSTÍVEL DO POLIDUTO "OLAPA" QUE IMPEDIU A PESCA NOS RIOS E BAÍAS DE ANTONINA E PARANAGUÁ. SENTENÇA QUE JULGOU PROCEDENTE EM PARTE O PEDIDO FORMULADO PELO AUTOR, CONDENANDO O RÉU A PAGAR-LHE, A TÍTULO DE INDENIZAÇÃO PELOS DANOS MORAIS, O VALOR DE R$16.000,00, CORRIGIDO A PARTIR DA SENTENÇA E ACRESCIDOS DE JUROS DESDE A CITAÇÃO. (...) . 1.2. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. PROVA DOCUMENTAL JUNTADA QUE PERMITE SATISFATORIAMENTE EXTRAIR A CONDIÇÃO DE PESCADOR E O LOCAL ONDE O AUTOR EXERCIA A ATIVIDADE LABORATIVA. OFENSA AO ART. 396, DO CPC. INOCORRÊNCIA. LEGITIMIDADE ATIVA CONFIGURADA. PROVA DO EVENTO DESNECESSÁRIA POR SE TRATAR DE FATO PÚBLICO E NOTÓRIO. PRELIMINAR AFASTADA. 1.3. DANO AMBIENTAL. PRETENSÃO DE EXCLUIR A RESPONSABILIDADE OBJETIVA E RECONHECER A EXISTÊNCIA DE CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR. ALEGAÇÃO NÃO ACEITA. APLICAÇÃO DA TEORIA DO RISCO INTEGRAL NA RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DEVER DE REPARAR O DANO INDEPENDENTEMENTE DA CULPA. CIRCUNSTÂNCIAS DO FATO CAUSADOR DO DANO QUE SE MOSTRAM IRRELEVANTES. INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 225, § 3º, C/C ART. 14, § 1º, LEI 6938/81. APELAÇÃO DESPROVIDA NESTE ASPECTO. Para o Direito Ambiental, são irrelevantes as circunstâncias do fato causador do dano. Se o evento ocorreu no curso ou em razão de atividade potencialmente degradadora, incumbe ao responsável reparar eventuais danos causados, independentemente de culpa. 1.4. DANOS MORAIS. PRETENSÃO DE EXCLUIR OU REDUZIR O VALOR DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. EXCLUSÃO TOTAL QUE NÃO PODE SER ATENDIDA PORQUE HOUVE IMPOSSIBILIDADE DE EXERCER ATIVIDADE PROFISSIONAL. HONRA E ESFERA ÍNTIMA ATINGIDA. PRETENSÃO DE REDUÇÃO DO VALOR FIXADO. INVIABILIDADE, EM VISTAS À GRAVIDADE DA LESÃO E DAS CONDIÇÕES ECONÔMICAS DO OFENSOR. MANUTENÇÃO DA CONDENAÇÃO EM R$16.000,00. APELAÇÃO DESPROVIDA NESTE ASPECTO. 1.5. JUROS DE MORA NOS DANOS MORAIS. TERMO INICIAL. FIXAÇÃO A PARTIR DA PUBLICAÇÃO DA DECISÃO QUE OS FIXOU. INOCORRÊNCIA DE OFENSA À SÚMULA 54, DO STJ. RECURSO PROVIDO NESTE PONTO.

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Risco Integral

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TJ-PR - 10ª Câmara Cível - AC: 4461794 PR 0446179-4APELAÇÃO CÍVEL Nº 446.179-4, DA 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE PARANAGUÁ

1.3. Responsabilidade objetiva e fato imprevisível;A alegação de o rompimento do poliduto "Olapa" se deu por força maior não exime a ré da responsabilidade que lhe foi imputada.É que, em se tratando de dano ambiental, aplica-se à responsabilidade objetiva pelo dano ambiental a teoria do risco integral, conforme inteligência dos arts. 225, § 3º, c/c art. 14, § 1º, Lei 6938/81.Isso significa que o agente poluidor é responsável pela reparação do dano causado independentemente de existir um fato culposo. Para o Direito Ambiental, é irrelevante as circunstâncias do fato causador do dano. As excludentes do fato de terceiro, de culpa concorrente da vítima e do caso fortuito ou força maior não podem ser aceitas, de modo que, se o evento ocorreu no curso ou em razão de atividade potencialmente degradadora, incumbe ao responsável reparar eventuais danos causados.É entendimento da doutrina:"No Brasil, e em muitos países, foi adotada, na área ambiental, a teoria da responsabilização objetiva, pelo risco criado e pela reparação integral. Entendem-se, por riscos criados, os produzidos por atividades e bens dos agentes que multiplicam, aumentam ou potencializam um dano ambiental. O risco criado tem lugar quando uma pessoa faz uso de mecanismos, instrumentos ou de meios que aumentam o perigo de dano. Nestas hipóteses, as pessoas que causaram dano respondem pela lesão praticada devido à criação de risco ou perigo, e não pela culpa.A reparação integral significa que o dano ambiental deve ser recomposto na sua integralidade, e não limitadamente, trazendo uma proteção mais efetiva ao bem ambiental. Benjamim diz que no direito brasileiro prevalece o princípio da reparabilidade integral do dano ao meio ambiente, por força de norma constitucional. Resultam deste princípio todas as formas de exclusão, modificação e limitação do reparo do dano ambiental.

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TJ-PR - 10ª Câmara Cível - AC: 4461794 PR 0446179-4Lembre-se, ademais, de que o autor do dano não se exime do dever de reparar, ainda que possua autorização administrativa. É oportuno reafirmar que a responsabilização subjetiva, por culpa, limita a aplicação do regime da responsabilidade civil por dano ambiental, considerando que boa parte das condutas lesivas ao meio ambiente não são contra legem, pois contam, muitas vezes, com autorização administrativa requerida, o que elimina a existência de culpa.Neste caso, o fundamento de sua responsabilidade civil não é a culpa, mas, sim, o risco, e sua obrigação não depende nem altera a existência de autorização, pois está alicerçado em uma exigência de justiça e eqüidade, o lesado não deve suportar um dano que, em sua origem, beneficia economicamente o agente. Neste sentido se manifestou Custódio: Naturalmente, com a teoria do risco, o juiz não mais examina o caráter lícito ou ilícito do ato reprovado, evidenciando-se que as questões de responsabilidade se transformam em simples problemas objetivos que se reduzem a simples verificação de um nexo de causalidade." (LEITE, José Rubens Morato. Dano Ambiental: do individual ao coletivo extrapatrimonial. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003, p. 128/130).Basta, por isso, provar o dano e o nexo de causalidade.O dano ambiental foi fato público e notório.Em relação ao nexo de causalidade, também restou configurado, porquanto foi a atividade potencialmente degradadora e a intoxicação causada que impediu o exercício profissional da autora.Por isso, não merece provimento o recurso neste ponto.

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Tema 3 (Aula 5...)

3. Responsabilidade Civil Contemporânea(...)

3.3. Responsabilidade por perdade uma chance

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Noções

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Otavio Luiz Rodrigues Junior: “a expressão “nexo causal probabilístico” é uma contradição em termos. Mais do que uma má importação de conceitos matemáticos, o que seria suficiente para sua não utilização, essa expressão pode gerar muitas confusões em sua aplicação a casos jurídicos. A primeira delas está em seu emprego como argumento de autoridade para fundamentar decisões judiciais, como se correspondesse a um conceito matemático universal. Como dito, o nexo de causalidade não se pode adjetivar de probabilístico. A segunda está em que não existe um método científico que fundamente a chamada causalidade probabilística. (...) Não se desconhece a utilização do adjetivo probabilístico em um sentido figurativo e sem pretensão de se apresentar como um argumento de autoridade matemática, quando se estuda a responsabilidade por perda de uma chance. Em tal circunstância, esse emprego linguístico é mais uma licença poética do que propriamente uma invocação de conceitos da teoria das probabilidades. Encontra-se também essa expressão em um sentido equivalente a chances e suas respectivas probabilidades de ocorrência. Trata-se de uma associação muito comum nos estudos sobre a responsabilidade por perda de uma chance. Os trabalhos sérios sobre o tema fazem distinções entre elementos probabilísticos, impossíveis ou certos. É também encontrável a menção ao ‘grau de probabilidade’ de uma cura, de uma vitória processual ou de um acerto em jogos de memória.” (Cf. Otavio Luiz Rodrigues Junior. Nexo causal probabilístico: elementos para a crítica de um conceito. Revista de Direito Civil Contemporâneo. vol. 8. ano 3. p. 115-137. São Paulo: RT, jul.-set. 2016. p. 122 -123).

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Teoria da perda de uma chance - Indenização - Reprovação em exame psicotécnico - Inaplicabilidade

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.PROCESSUAL CIVIL E DIREITO CIVIL. TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE.PRESSUPOSTOS INDENIZATÓRIOS. ALEGADA VIOLAÇÃO DO ART. 159 DOCÓDIGO CIVIL. DANO MATERIAL HIPOTÉTICO. IMPOSSIBILIDADE. DANO MORAL.ACÓRDÃO A QUO BASEADO NO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. REVISÃO DEFATOS E PROVAS. SÚMULA N.º 07⁄STJ. (STJ - AgRg no REsp 1220911/RS - 2.ª T. -Rel. Min. Castro Meira - DJe de 25.3.11)

1. Cuida-se, na origem, de ação ordinária por meio da qual pretende o agravante serindenizado pela União, em face dos danos materiais e morais sofridos emdecorrência da sua reprovação no exame psicotécnico, com a consequenteexclusão no concurso público destinado ao provimento de vagas para o cargo dePolicial Rodoviário Federal.

2. O agravante logrou aprovação apenas na prova de conhecimento. Dessarte, ficarampendentes as quatro fases seguintes da primeira etapa, compreendendo osseguintes exames: psicotécnico (considerando a inexistência de resultado válido),médicos, capacidade física e motricidade; e, ainda, a segunda etapa, de carátereliminatório - Curso de Formação.

3. A pretensão não encontra amparo na "teoria da perda de uma chance" (perte d'unechance) pois, ainda que seja aplicável quando o ato ilícito resulte na perda daoportunidade de alcançar uma situação futura melhor, é preciso, na lição de SérgioCavalieri Filho, que: "se trate de uma chance real e séria, que proporcioneao lesado efetivas condições pessoais de concorrer à situação futuraesperada" (Programa de Responsabilidade Civil, 4.ª ed., São Paulo: Malheiros, p. 92).

4. Ademais, não se admite a alegação de prejuízo que elida um bem hipotético, como naespécie dos autos, em que não há meios de aferir a probabilidade do agravante emser não apenas aprovado, mas também classificado dentro das 30 (trinta) vagasdestinadas no Edital à jurisdição para a qual concorreu, levando ainda emconsideração o nível de dificuldade inerente aos concursos públicos e o númerode candidatos inscritos.

5. De mais a mais, o próprio autor afirma que não pretendia a investidura no cargo dePolicial Rodoviário Federal, em face da sua nomeação para o de ProcuradorFederal. A pretensão não encontra guarida na teoria da perda de uma chance,aplicada somente "nos casos em que o ato ilícito tira da vítima a oportunidade deobter uma situação futura melhor, como progredir na carreira artística ou notrabalho, arrumar um novo emprego" (CAVALIERI FILHO, Sérgio. Op. cit., pp. 91-92), dentre outras. 6. Indevida indenização por dano moral, à míngua de efetivacomprovação, eis que o reexame dos aspectos de fato que lastreiam o processo,bem como sobre os elementos de prova e de convicção, encontra óbice noenunciado da Súmula 7⁄STJ, pois não há nos autos informação que justifique acondenação nessa verba. 7. Agravo regimental não provido.

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Perda da Chance

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL.AGRAVO DE INSTRUMENTO. OMISSÃO. E CONTRADIÇÃO. EXISTÊNCIA. SORTEIO.PROMOÇÃO PUBLICITÁRIA. VIOLAÇÃO DE DEVER CONTRATUAL. PERDA DE UMACHANCE. EDcl no AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.196.957 – DF(2009/0104129-6) RELATORA : MINISTRA MARIA ISABEL GALLOTTI – Quarta Turma –j. 10 de abril de 2012 .

1. A recorrente recebeu bilhete para participar de sorteio em razão de comprasefetuadas em hipermercado. Neste constava "você concorre a 900 vales-compras de R$ 100,00 e a 30 casas." Foi sorteada e, ao comparecer parareceber o prêmio, obteve apenas um vale-compras, tomando, então,conhecimento de que, segundo o regulamento, as casas seriam sorteadasàqueles que tivessem sido premiados com os vale-compras. Este segundosorteio, todavia, já tinha ocorrido, sem a sua participação. As trinta casas jáhaviam sido sorteadas entre os demais participantes.

2. Violação do dever contratual, previsto no regulamento, de comunicação àautora de que fora uma das contempladas no primeiro sorteio e de quereceberia um segundo bilhete, com novo número, para concorrer às casas emnovo sorteio. Fato incontroverso, reconhecido pelo acórdão recorrido, de que afalta de comunicação a cargo dos recorridos a impediu de participar dosegundo sorteio e, portanto, de concorrer, efetivamente, a uma das trintacasas.

3. A circunstância de a participação no sorteio não ter sido diretamenteremunerada pelos consumidores, sendo contrapartida à aquisição de produtosno hipermercado, não exime os promotores do evento do dever de cumprir oregulamento da promoção, ao qual se vincularam.

4. Dano material que, na espécie, não corresponde ao valor de uma das trintacasas sorteadas, mas à perda da chance, no caso, de 30 chances, em 900, deobter o bem da vida almejado.

5. Ausência de publicidade enganosa ou fraude a justificar indenização por danomoral. O hipermercado sorteou as trinta casas prometidas entre osparticipantes, faltando apenas com o dever contratual de informar, a tempo, aautora do segundo sorteio. Não é conseqüência inerente a qualquer danomaterial a existência de dano moral indenizável. Não foram descritas nos autosconsequências extrapatrimoniais passíveis de indenização em decorrência doaborrecimento de se ver a autora privada de participar do segundo sorteio. 6.Embargos de declaração acolhidos com efeitos modificativos.

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Perda da Chance

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Muito obrigado Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo

Departamento de Direito CivilProfessor Associado Antonio Carlos Morato

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