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    OAB 2 FASE XIII EXAME Direito Civil

    Cristiano Sobral

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    CONTRATOS EM ESPCIE

    Por Cristiano Sobral Instagram @cristianosobral

    Livros Indicados: Direito Civil Sistematizado 5 Ed. Gen/Mtodo e Direito do Consumidor

    para Concursos Ed. Saraiva. 1. COMPRA E VENDA 1.1. Conceito

    A definio do contrato de compra e venda esta conceituado da melhor maneira no Art. 481 CC: Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domnio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preo em dinheiro 1.2. Natureza jurdica a) Contrato bilateral ou sinalagmtico proporciona, reciprocamente, obrigaes para ambas as partes, com a transferncia obrigatria do domnio da coisa a outra parte, mediante o pagamento justo e certo da coisa; b) Contrato oneroso gera repercusso econmica com a sua elaborao para ambas as partes; c) Contratos que podem ser aleatrios ou comutativos regra geral, os contratos so comutativos em razo das prestaes serem certas.No entanto, a possibilidade de risco no est completamente excluda; d) Contrato consensual nasce do consenso entre as partes, uma delas ser responsvel em aceitar o preo e a outra a contraprestao; e) Contrato formal ou informal a compra e venda de bens imveis com valor superior a trinta salrios mnimos federais dever ser sempre por escritura pblica. Todavia, se inferior, a mesma poder ser feita por instrumento particular. f) Contrato pode ser instantneo ou de longa durao o instantneo se consumar com a prtica do ato, o de longa durao,necessita de tempo para se exaurir.

    g) Contrato paritrio ou de adeso ser paritrio quando as partes estiverem em p de igualdado; j o contrato de adeso ocorre quando uma das partes estipularem as clusulas e a outra, ter somente como escolha a aceitao das mesmas. 1.3. Elementos constitutivos a) Partes: Capazes b) Coisa: Deve ser disponvel para poder comercializar dentro do mercado. O objeto tem que ser lcito e determinado ou determinvel.O objeto do contrato para ser negociado no mercado, como prev o artigo 483 do Cdigo Civil, poder tambm ser futuro. c) Preo: Justo, certo, determinado e em moeda corrente, de acordo com o Art. 315 do Cdigo Civil. Tal elemento possui ainda algumas regras especiais: c.1) Preo por avaliao Art. 485 do Cdigo Civil. c.2) Preo taxa de mercado ou de bolsa Art. 486 do Cdigo Civil. c.3) Preo por cotao Art. 487 do Cdigo Civil. c.4) Preo tabelado e mdio Art. 488 do Cdigo Civil. c.5) Preo unilateral Art. 489 do Cdigo Civil. 1.4. As despesas e riscos do contrato Devemos destacar que nesse tpico, aplicvel a exceo de contrato no cumprido, disposto no art. 476 do Cdigo Civil, com a finalidade de no gerar danos ao vendedor. 1.5. Restries compra e venda a) venda de ascendente para descendente (hereditasviventis non datur) regulamentado pelo art. 496 do Cdigo Civil, possuindo o prazo decadencial de dois anos, conforme art. 179 desta lei. b) venda entre cnjuges permitida pelo art. 499 do Cdigo Civil.

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    c) venda de bens sob administrao proibida pelo art. 497 do Cdigo Civil. d) venda de parte indivisa em condomnio no pode um condmino de coisa indivisvel vender a sua parte a terceiros sem notificar o outro proprietrio da res. 1.6. Regras especiais da compra e venda a) venda por amostra, por prottipos ou por modelos se a venda ocorrer nesta forma,o vendedor assegurar ter a coisa as qualidades que a elas correspondem. b) da venda a contento (ad gustum) e da sujeita a prova entende-se que aquela realizada sob condio suspensiva, ainda que tenha recebido a coisa. c) venda por medida, por extenso ou ad mensuram aquela em que o preo do imvel determinado pela rea, formando o clculo que originar o preo do contrato. 1.7. Clusulas especiais ou pactos adjetos a) retrovenda ou clusula de resgate b) clusula de preempo, preferncia ou prelao c) clusula de venda com reserva de domnio ou pactumreservatidomini arts. 521 ao 525 do Cdigo Civil. d) venda sobre documentos ou trustreceipt arts. 529 ao 532 do Cdigo Civil. 2. TROCA OU PERMUTA 2.1. Conceito

    Nesta modalidade contratual, as partes pactuam suas obrigaes, remunerando-se, atravs da compensao dos ofcios estabelecidos por cada uma delas. 2.2. Natureza jurdica a) contrato bilateral ou sinalagmtico proporciona, reciprocamente, obrigaes paraambas as partes, com a transferncia obrigatria do domnio da coisa a outra parte, mediante o pagamento justo e certo da coisa;

    b) contrato comutativo as partes se cientificam de suas obrigaes no ato da elaborao, por serem certas e determinadas no ato da celebrao; c) Contrato consensual ocorre com a manifestao das partes; d) Contrato pode ser contrato ou informal, solene ou no solene; e) Contrato translativo a transmisso da coisa ocorrer com a tradio, trazendo consigo no contrato; f)Contrato oneroso proporciona repercusso econmica; 3. CONTRATO ESTIMATRIO 3.1. Conceito

    Esse contrato pode ser chamado tambm de venda em consignao, tem por finalidade vender,em nome prprio, bens de propriedade de terceiros.O proprietrio/consignante entregar somente a posse do bem ao vendedor/consignatrio, no sendo entregue o domnio da coisa. 3.2. Natureza jurdica a) contrato bilateral ou sinalagmtico caracterizado pela reciprocidade nas obrigaes entre os contratantes; b)contrato oneroso proporciona repercusso econmica; c) contrato real concretizado com a efetiva entrega do bem; d) contrato comutativo as partes so cientificadas de suas obrigaes no ato da elaborao; e)contrato informal, ou no solene pois a lei no impe maiores formalidades para a sua celebrao; f) contrato instantneo e temporrio o contrato instantneo se consuma com a prtica

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    do ato j o contrato temporrio se efetua atravs do termo final para a venda da coisa consignada. 3.3. Efeitos e regras - anlogo a uma obrigao alternativa, pois o vendedor/consignatrio poder devolver o valor inicialmente estimado ou a prpria coisa; - a coisa deve ser mvel e livre para alienao, no podendo estar gravada com clusula de inalienabilidade; Obs: nesta relao contratual, o consignante possui o domnio, transferindo ao consignatrio somente a posse do bem mvel. 4. DOAO 4.1. Conceito

    A sua definio encontra-se melhor conceituada no Art. 538, do CC:Considera-se doao o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimnio bens ou vantagens para o de outra. 4.2. Natureza jurdica a) contrato unilateral proporciona obrigao para somente uma das partes; b) contrato gratuito a doao ser em regra gratuita (excepcionalmente haver a doao modal, conferindo vantagens a ambas as partes); c) contrato consensual/formal a lei dispe que poder ser celebrado por instrumento pblico ou particular, sendo faculdade do doador; d) contrato real/formal ocorrer quando a doao envolver bem de pequeno valor seguido de sua tradio (doao oral/manual); e) contrato comutativo ocorre quando as partes so cientificadas de suas obrigaes no ato da elaborao;

    4.3. Espcies de doao a) pura e simples (art. 543, CC) o ato possui liberdade plena, no se submetendo a condio, termo ou encargo; b) contemplativa (art. 540, 1 parte, CC) o doador efetua a mesma por mera liberalidade, expressando o motivo; c) remuneratria (art. 540, 2 parte, CC) se origina da realizao de servios prestados, cujo pagamento o donatrio no pode ou no deseja cobrar; d) ao nascituro (art. 542, CC) vlida desde que aceita pelo seu representante legal. Trata-se de modalidade que depende necessariamente de condio suspensiva para vigorar, pois condiciona a validade do contrato de doaoao nascimento do feto com vida; e) feita ao absolutamente incapaz (art. 543, CC) trata-se de doao pura, no h necessidade da aceitao do donatrio, pois se presume que o incapaz aceitou, inexistindo prova em contrrio (iureetiure); f) de ascendente a descendente ou de um cnjuge ao outro (art. 544, CC) est relacionado ao adiantamento da legtima, visto que confere as doaes o valor, que dele em vida receberam, sob pena de sonegao. Devemos ressaltar que importante no confundir esse tipo de doao com a inoficiosa prevista no art. 549, CC; g) em forma de subveno peridica (art. 545, CC) trata-se de pagamentos mensais realizados pelo doador ao donatrio, extinguindo-se com o falecimento de uma das partes, exceto no caso de falecimento do doador, que poder estabelecer aos seus herdeiros a continuaodos pagamentos ao favorecido; h) propternuptias (art. 546, CC) aquele direcionado para as npcias, ou seja, aplicado para casamento futuro, no vigendo o contrato em caso de no consumao do mesmo; i) com clusula de reverso ou retorno (art. 547, CC) trata-se de contrato de doao

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    intuitu personae, visto que a mesma est direcionada somente ao donatrio, pois caso o mesmo venha a falecer antes do doador, o bem retornar ao patrimnio do doador ainda que tenha alienado o imvel antes da morte; j) universal (art. 548, CC) nula tal modalidade, pois a lei veda a doao pelo doador se o mesmo no possuir bens suficientes para a sua subsistncia. Tal medida visa tutelar a qualidade de vida do doador; l) inoficiosa (art. 549, CC) significa que a doao efetuada ultrapassou o quinho disponvel para testar. m) do cnjuge adultero (art. 550, CC) a doao feita entre amantes, geralmente por pessoas casadas com impedimento de contrair unio estvel, sendo anulvel no prazo decadencial de dois anos. A anulabilidade do contrato poder ser proposta pelo cnjuge trado ou tambm pelos herdeiros necessrios. Todavia a mesma poder ser convalidada no caso dos cnjuges estarem separados de fato; n) conjuntiva (art. 551, CC) trata-se da doao de um determinado bem a dois ou mais donatrios, onde os mesmo se tornarocotitulares do bem; o) modal ou onerosa (art. 553, CC) aquela em que o doador atribui ao donatrio um encargo, o qual se torna elemento modal do negcio jurdico; p) entidade futura (art. 554, CC) a entidade dever se constituir regularmente com a inscrio dos atos constitutivos no respectivo registro no prazo mximo de dois anos, no entanto, se a mesma no estiver devidamente composta dentro desse prazo, o contrato poder caducar; 4.4. Revogao da doao So os casos definidos nos arts. 555 ao 564, do CC, merecendo ser conferidos.

    4.5. Hipteses de irrevogabilidade por ingratido Conforme o art. 564 do CC, as doaes que no sero revogadas por ingratido sero as: a) as doaes puramente remuneratrias; b) as oneradas com encargo j cumprido; c) as que se fizerem em cumprimento de obrigao natural; d) as feitas para determinado casamento. 5. LOCAO DE COISAS 5.1. Conceito

    Trata-se do contrato em que o locador cede ao locatrio determinado bem, com o objetivo que o mesmo use e goze da coisa de forma continua e temporria, mediante opagamento de aluguel. 5.2. Natureza jurdica a) bilateral ou sinalagmtico as partes possuem vantagens e desvantagens recprocas; b) oneroso essencialmente econmico, atravs da cobrana de alugueres; c) comutativo as partes so cientificadas de suas obrigaes no ato da celebrao do contrato de locao; d) consensual a vontade das partes a essncia do contrato; e) informal e no solene inexiste obrigatoriedade de escritura pblica como tambm de contrato escrito; f) da execuo continuada as prestaes perduram com o passar do tempo; g) tpico caracterizado por possuir regulamentao legal no Cdigo Civil; h) paritrio ou de adeso - ser paritrio quando as partes estiverem em p de igualdade no ato de estabelecer as clusulas contratuais e ser caracterizado contrato de adeso quando uma das partes estipular as

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    clusulas e a outra somente puder aderi-las para que se possa obter o objeto do contrato; 5.3. Pressupostos * Coisa * Temporariedade * Aluguel 5.4. Dos deveres do locador

    O locador obrigado a entregar ao locatrio a coisa alugada, com suas pertenas,em estado de servir ao uso a que se destina, assegurando a utilizao pacifica da coisa. Devendo o locatrio, durante o perodo contratual, manter a coisa no estado em que se encontra, salvo, se previsto diversamente em clusula. 5.5. O direito potestativo da reduo proporcional do aluguel ou a resoluo do contrato

    Tais regras encontram-se conceituadas no art. 567 CC, para onde remetemos a sua leitura. 5.6. Dos deveres do locatrio Os deveres legais esto elencados no rol do art. 569, do CC: a) servir-se da coisa alugada para os usos convencionados ou presumidos, conforme a natureza dela e as circunstncias, bem como trat-la com o mesmo cuidado como se sua fosse; b) pagar pontualmente o aluguel nos prazos ajustados, e, em falta de ajuste, segundo o costume do lugar; c) levar ao conhecimento do locador as turbaes de terceiros, que se pretendam fundadas em direito; d) restituir a coisa, finda a locao, no estado em que a recebeu, salvas as deterioraes naturais ao uso regular.

    5.7. Locao por prazo determinado De acordo com a regra prevista no art. 573, do CC, esta modalidade cessa de pleno direito com o fimdo prazo estipulado, independentemente de notificao ou aviso.

    5.8. Aluguel pena Est relacionado a regra especial disposta no art. 575 do CC, para onde remetemos sua leitura. 5.9. A aquisio do bem por terceiro e a clusula de vigncia

    Se o bem objeto do contrato for alienado durante a vigncia do contrato delocao, o adquirente no ficar obrigado a respeitar o contrato, se nele no for consignada a clusula da sua vigncia no caso de alienao, e no constar de registro. 5.10. A sucesso na locao Importante que se faa a leitura do art. 577 do Cdigo Civil. 5.11. Indenizao por benfeitorias Importante que se faa a leitura do art. 578 do Cdigo Civil. 5.12. A Locao na Lei n 8.245/91 Esta lei se aplica somente nas relaes locatcias de imvel urbano, conforme previsto no art. 1 da mesma. 5.12.1. Aes inquilinrias ou locatcias 5.12.1.1. Conceito

    So quatro as aes previstas na lei de locaes: a ao de despejo, a ao consignatria de alugueres e encargos locatcios, ao revisional de aluguel e a ao renovatria de imveis no-residenciais.

    Alm dessas aes, podero ser propostas tambm; ao de execuo dos encargos locatcios conforme disposto no art. 585, inciso V, do CPC e ao indenizatria

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    proposta pelo locatrio em face do locador alegando que o imvel locado apresentava defeitos causadores tanto de danos morais, como de danos materiais. Portanto a Lei 8.245/91 uma norma hbrida, pois trata de aspectos materiais, procedimentais, como tambm processuais. 5.12.1.2. Lei do Inquilinato: aspectos gerais

    Algumas questes importantes devem ser analisadas, quando estudamos a lei 8.245/91. O primeiro ponto a ser estudado ojuzo competente para propor as aes de despejo. Aqui se aplica a regra de competncia do foro da situao da coisa, disposta no art. 95 do CPC, por trazer maior facilidade ao juzo a proximidade com o bem objeto do desalijo.

    Como previsto pelo art. 58 da lei 8.245/91 o valor da causa para a propositura da ao de despejo, corresponder a doze meses de aluguel, ou, na hiptese do inciso II do art. 47, a trs salrios vigentes por ocasio do ajuizamento;

    Segundo entendimento recente do STJ, o despejo para uso prprio poder serproposto nos Juizados Especiais Cveis, vez que os incisos do art. 3 da Lei 9.099/95 no so cumulativos e o inciso III do mesmo artigo no possui limite de valor tanto para bens imveis, como para os alugueres vencidos ou vincendos, se os mesmos existirem.

    Por ltimo, devemos esclarecer que o recurso contra sentena proferida, nesses casos, ser o de apelao e ser recebido somente no efeito devolutivo, permitindo assim o diploma legal, a execuo provisria do julgado. 5.12.1.3. Espcies 5.12.1.3.1. Ao de despejo (arts. 59 a 66, Lei 8.245/91) a) a nica ao que o locador pode propor para recuperar o imvel objeto da locao;

    b) tem natureza de ao de resciso de dissoluo contratual, com natureza pessoal e no possessria ou real; c) segue o rito ordinrio, conforme art. 59, Lei 8.245/91; d) no plo passivo figurar o locatrio, sublocatrio e/ou todo e eventual ocupante do imvel; e) permitido o deferimento de medidas liminares inaudita altera pars, conforme 1 do art. 59, Lei 8.245/91; f) o despejo tambm poder ocorrer por denncia cheia ou vazia.A primeira ao est baseada no art. 47 da lei do inquilinato; j a segunda est disposta no art. 6 da mesma lei. g) pode ser proposta ao de despejo por falta de pagamento ou por infrao contratual; pedido para uso prprio; ausncia de conservao ou deteriorao do imvel locado ou, ainda, realizar obras sem o consentimento do locador; h) a sentena tem carter mandamental por dispensar a fase final de liquidao da mesma; 5.12.1.3.2. Ao consignatria de aluguis e acessrios na locao a) esta ao tem por caracterstica evitar a inadimplncia do locatrio, atravs do depsito efetuado em juzo quando proposta a exordial; b) transcorre pelo rito especial; c) se caracteriza como uma ao que visa o pagamento indireto da obrigao e tem como parte autora o locatrio; d) diversamente da ao consignatria prevista no CPC, esta modalidade no tem carter dplice, pois a lei preceitua o cabimento de reconveno nos termos do inciso VI, do art. 67 da lei do inquilinato; 5.12.1.3.3. Ao revisional de aluguel a) pode ser proposta tanto pelo locador, buscando o aumento do valor dos alugueres,

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    como poder ser proposta pelo locatrio com o objetivo de reduzi-los; b) este beneficio poder ser utilizado somente pelo prazo de trs anos, ainda que quem tenha proposto a ao tenha sido a parte contrria; c) segue o rito sumrio, conforme art. 68 da lei do inquilinato; d) o juiz fixar o aluguel provisrio, atravs dos elementos fornecidos pelo autor da ao, que ser devido desde a citao; e) na audincia de conciliao, conforme recente alterao pela lei 12.112/09, dever ser apresentada a contestao, contendo a contraproposta; caso exista discordncia quanto ao valor pretendido, tentar o juiz a conciliao; em caso de impossibilidade, determinar a realizao de percia, se necessria, designando, desde logo, audincia de instruo e julgamento; f) o aluguel fixado em sentena retroage citao e a diferenas devidas durante a ao de reviso abranger os alugueres vincendos, bem como os vencidos e no pagos; as mensalidades locatcias sero pagas com correo monetria exigvel a partir do trnsito em julgado da deciso que fixar o novo aluguel; como tambm sero descontados os alugueres provisrios j satisfeitos; g) no final da ao locatcia sero cobradas as diferenas locatcias entre o aluguel provisrio e o definitivo; h) a ao de despejo poder ser fundamentada pelo inadimplemento dos alugueres provisrios; 5.12.1.3.4. Ao renovatria de contrato a) esta ao visa renovao compulsria do contrato de locaoescrito, e no residencial, por prazo determinado, vigendo no mnimo de forma ininterrupta pelo prazo de cinco anos, com explorao da mesma atividade pelo prazo mnimo de trs anos, devendo esta demanda correr rito ordinrio; b) essa ao dever ser proposta no prazo mximo de 1 ano e 6 meses aps o trmino do contrato;

    c) a legitimidade ativa do locatrio; d) nesta demanda ser fixado o aluguel provisrio a ser devido aps o trmino da vigncia do contrato de locao; e) o aluguel fixado na sentena poder ser cobrado imediatamente independentemente da propositura do recurso; f) no sendo renovada a locao, o juiz determinar a expedio de mandado de despejo, dentro do prazo de 30 (trinta) dias para a desocupao voluntria, se houver pedido na contestao. 6. EMPRSTIMO 6.1. Aspectos gerais

    Esse tipo de contrato abrange tanto o comodato como o mtuo. Ambos os institutos se assemelham por terem como objeto a entrega da coisa para ser usada e restituda ao dono originrio ao final do negcio estabelecido. Diferenciam-se em razo da natureza da coisa emprestada, pois se o bem for fungvel o contrato ser de mtuo e,se o mesmo for infungvel, ser comodato. 6.2. DO COMODATO (EMPRSTIMO DE USO) 6.2.1. Conceito

    Melhor definido pelo art. 579, do CC, O comodato o emprstimo gratuito decoisas no fungveis. Perfaz-se com a tradio do objeto. 6.2.2. Natureza jurdica a) real se limita obrigao de restituir a coisa entregue;

    b) gratuito como disposto acima, ainda que o comodatrio efetue o pagamento dos encargos de comodato (p.ex. condomnio, IPTU, dentre outros) este contrato considerado gratuito;

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    c) informal e no solene no possui forma prevista em lei; d) unilateral confere obrigaes somente ao comodatrio; e) personalssimo extingue-se com a morte do comodatrio; f) fiducirio como o prprio nome diz, baseado na confiana entre o comodante e comodatrio; 6.2.3. Legitimao para celebrar o contrato

    Em regra, todos os bens imveis so passiveis de ser objeto de contrato decomodato, no entanto, excepcionalmente a lei dispe que no podero dar em comodato, sem autorizao especial, os bens confiados guarda dos tutores, curadores e todos os administradores de bens alheios, em geral. 6.2.4. Prazo determinado e indeterminado

    Nos casos pactuados por prazo determinado, no poder o comodantesuspender o uso e gozo da coisa emprestada antes de findo o prazo convencional, salvo uma urgente necessidade reconhecida pelo juiz.

    O comodato poder no ter prazo convencionado, e nesse caso se presumir o prazo atravs da necessidade da utilizao da coisa. 6.2.5. Obrigaes do comodatrio e o chamado aluguel pena

    O comodatrio tem como obrigao conservar o imvel como se seu fosse, no podendo us-lo em desacordo com o contrato ou a sua natureza, sob pena de responder por perdas e danos.

    O comodatrio ser notificado para que dessa forma seja constitudo em mora, respondendo tanto pelo atraso, como tambm pelos alugueres da coisa que forem arbitrados pelo comodante at a efetiva entrega das chaves, caracterizando nesse caso, uma

    espcie de clusula penal tpica do contrato de comodato. 6.2.6. Responsabilidade do comodatrio

    Em situao de eminente risco da perda dos bens do comodante e docomodatrio e, este ltimo, tendo somente comosalvaguardar os seus pertences abandonando os do comodante, dever ser responsabilizado pelo dano ocorrido, ainda que se trate de caso fortuito ou fora maior. Vale dizer, quemesmo nestes casos no ser suprimida a culpa do comodatrio que pretere a coisa alheia emprestada em prol de seus pertences. 6.2.7. Despesas do contrato

    No possvel o comodatrio recobrar do comodante as despesas feitas com ouso e gozo da coisa emprestada. 6.2.8. A solidariedade no contrato

    S possvel a existncia da solidariedade no contrato de comodato,no caso de duas ou mais pessoas serem, simultaneamente, comodatrias da mesma coisa, ficando solidariamente responsveis para com o comodante. 6.3. DO MTUO (EMPRSTIMO DE CONSUMO) 6.3.1. Conceito

    O conceito do contrato de mtuo est previsto no art. 586 do Cdigo Civil; o mtuo o emprstimo de coisas fungveis. O muturio obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gnero, qualidade e quantidade. 6.3.2. Natureza jurdica a) unilateral gera obrigaes somente para uma das partes, neste caso, o muturio; b) gratuito s traz nus para o mutuante; o muturio ir devolver sem nus. Excepcionalmente esta modalidade contratual ser onerosa, nos casos de mtuo feneratcio

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    ou, como popularmente conhecido, emprstimo em dinheiro; c) informal e no solene por inexistir previso legal sobre a forma de celebrao, podendo ser feito por instrumento particular; d) real se concretiza com a entrega do bem fungvel; 6.3.3. A transferncia da coisa

    Este contrato se caracteriza pela transferncia do domnio da coisa emprestadaao muturio, que assume todos os riscos do bem fungvel desde a tradio. 6.3.4. Mtuo feito a pessoa menor

    O mtuo realizado por menor de idade, quando no autorizado por seus responsveis legais, ou seja, aqueles que possuem a guarda do mesmo, no poder ser reivindicado, nem do menor nem de quem possui a sua guarda. Todavia, esta regra possui cinco excees:

    a) se o representante legal do menor posteriormente ratificar a necessidade do mtuo; b) se o menor se viu obrigado a contrair o emprstimo para os seus alimentos habituais em razo da ausncia de seu representante legal; c) se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho, observando-se que a execuo do credor no lhes poder ultrapassar as foras; d) se o emprstimo reverteu em benefcio do menor; e) se o menor obteve o emprstimo maliciosamente. 6.3.5. A garantia no mtuo e a exceptio non adimplenticontractus

    Verificando o mutuante que o muturio poder inadimplir com o mesmo o contrato firmado, poder este exigir a garantia legal, podendo ser ela real ou fidejussria, com o objetivo de buscar maior segurana jurdica.

    Todavia, mesmo adimplindo o contrato, se o muturio no cumprir com seu mister, a dvida vencer antecipadamente ante a exceptio non riteadimpleticontractus, como disposto no art. 477 do Cdigo Civil. 6.3.6. O mtuo feneratcio ou mercantil e a limitao de juros

    Trata-se do mtuo destinado a fins econmicos, cujos juros cobradospresumir-se-o devidos, podendo at chegar ao limite previsto no art. 406 do Cdigo Civil, sob pena de reduo.

    Segundo entendimento do STJ, os contratos bancrios que no foram regulamentadospela legislao especfica, podero possuir juros moratriosno limite de 1% para se convencionar. Alm disso, a simples estipulao de juros remuneratrios superiores a 12% ao ano no traz indcios de abusividade.

    O STF ainda entende que a Lei de Usura (DL 22.626/33) no aplicvel sinstituies bancrias. 6.3.7. Prazo para a realizao do pagamento do mtuo Inexistindo conveno entre as partes, o mtuo ser devido: a) se for de produtos agrcolas, at a prxima colheita quando j estiverem prontos para o consumo ou para a semeadura; b) pelo prazo de trinta dias, se o mtuo for de dinheiro; c) se for de qualquer outra coisa fungvel quando declarar o mutuante; 7. DA PRESTAO DE SERVIO 7.1. Conceito

    So aquelas reguladas pelo Cdigo Civil, como toda espcie de servio ou trabalho lcito, material ou imaterial quepode ser contratada mediante retribuio, e que no

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    esteja sujeita s leis trabalhistas ou a lei especial. 7.2. Natureza jurdica a) bilateral gera deveres a ambas as partes; b) comutativo possuem o prvio conhecimento das obrigaes contratuais; c) personalssimo/intuitu personae deve ser prestado somente pelas partes que pactuaram os termos do contrato; d) oneroso possui repercusso econmica; e) informal/no solene no possui previso legal quanto a sua forma, podendo ser verbal, escrito, ou por instrumento particular; f) consensual deriva da vontade comum das partes; 7.3. Objeto do contrato

    Como informado acima, toda espcie de servio ou trabalho lcito, material ouimaterial que pode ser contratada mediante retribuio. 7.4. A remunerao (a no presuno de gratuidade)

    A remunerao ser, em regra, paga aps a prestao do servio, podendo serconvencionada de forma diversa, ou seja, o pagamento poder se dar no incio dos trabalhos ou tambm, poder ser dividido em trs parcelas, efetuando o pagamento de 1/3 no incio, outros 1/3 durante a execuo dos servios e o restante ao final.

    No que tange aos valores devidos, se inexistir estipulao prvia emuito menos a possibilidadedeacordo entre as partes, dever ser proposta ao para que o juiz arbitre a remunerao de acordo de acordo com o costume do lugar, o tempo de servio e sua qualidade. 7.5. Prazo mximo do contrato Importante que se faa a leitura do art. 598 do Cdigo Civil

    7.6. Resilio do contrato

    O prazo para estabelecer a resilio contratual ficar ao arbtrio de ambas as partes, mediante prvio aviso. Todavia, a lei estipula prazos gerais, caso as partes no pactuem previamente tais limites: a) oito dias de antecedncia, nos casos de remunerao fixada por tempo de um ms, ou mais; b) quatro dias de antecedncia, se a remunerao for ajustada por semana, ou quinzena; c) quando a contratao tenha sido por prazo inferior a sete dias, poder ser avisado na vspera; 7.7. Inexecuo do contrato

    A lei civil dispe que no ser contado o tempo em que o prestador de serviono tenha efetuado a sua tarefa. 7.8. Amplitude do contrato

    Quando nesta modalidade de contrato no se estabelecer a tarefa que o prestadorde servio dever executar, entende-se que o mesmo se obrigou a todo e qualquer servio compatvel com as suas foras e condies. 7.9. Responsabilidade pela ruptura culposa do contrato

    No poder o prestador de servio contratado por tempo certo ou por obradeterminada se ausentar sem justa causa antes de preenchido o tempo, ou concluda a obra.

    Neste caso, ter o contratante direito retribuio vencida, atravs das perdas e danos. Esta punio tambm se aplicar para o caso do prestador ser despedido por justa causa. 7.10. Perdas e danos

    Nos casos em que o prestador de servio for despedido sem justa causa,

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    ocontratante ser obrigado a lhe pagar a integral retribuio vencida acrescida da metade da remunerao a que lhe tocaria, caso pudesse cumprir com o termo legal do contrato. 7.11. A declarao formal da dissoluo do contrato

    O prestador de servio tem direito de exigir da outra parte uma declarao, ao final do contrato afirmando que as obrigaes contradas foram finalizadas bem como quando for despedido sem ou com justa causa. 7.12. Exigncia de capacitao

    Nos casos de prestao de servio por pessoa que no possua ttulo dehabilitao ou no satisfaa requisitos estabelecidos em lei, no poder ser cobrada retribuio correspondente ao trabalho executado por quem os prestou.

    Se o servio for prestado de boa-f, o juiz arbitrar compensao razovel, salvo quando a proibio da prestao de servio resultar de lei de ordem pblica. 7.13. Formas de extino do contrato

    A lei civil estabeleceu algumas formas de extino do contrato, dentre elasconsta a morte de qualquer das partes, escoamento do prazo contratualmente determinado, concluso da obra, resciso do contrato mediante aviso prvio, inadimplemento de qualquer das partes ou impossibilidade da continuao do contrato motivada por fora maior. 7.14. Aliciamento do prestador de servio

    Importante se faz a leitura do art. 608 do Cdigo Civil, Aquele que aliciarpessoas obrigadas em contrato escrito a prestar servio a outrem pagar a este a importncia que ao prestador de servio, pelo ajuste desfeito, houvesse de caber durante dois anos.

    7.15. Alienao do prdio agrcola e suas consequncias

    No implica a resciso do contrato quando o prdio agrcola, local da prestaode servios, alienado, salvo no caso em que o prestador opte em continuar com o adquirente da propriedade ou com o contratante inicial. 8. EMPREITADA 8.1. Conceito

    Trata-se de contrato em que o contratado/empreiteiro se obriga, semsubordinao ou dependncia, a realizar pessoalmente ou por terceiros determinada obra para o dono da obra ou para o empreiteiro contratado, com material prprio ou fornecido pelo dono da obra, mediante remunerao determinada ou proporcional ao trabalho executado. 8.2. Natureza jurdica a) bilateral gera deveres a ambas as partes; b) comutativo possuem o prvio conhecimento das obrigaes contratuais; c) oneroso proporciona repercusso econmica; d) informal e no solene no h haver previso legal quanto a sua forma, podendo ser verbal, escrito ou, por instrumento particular; e) consensual deriva da vontade comum das partes; f) instantneo ou de longa durao o instantneo se consumar com a prtica do ato ou j o de longa durao, necessita de tempo para se exaurir; g) no personalssimo sua execuo pode ser confiada a terceiros, sob a responsabilidade do empreiteiro; 8.3. Espcies a) de lavor neste contrato o empreiteiro somente contribui com o seu trabalho;

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    b) mista o empreiteiro contribui com o seu trabalho como tambm com os materiais necessrios para a sua realizao; c) de projeto a obrigatoriedade do empreiteiro somente entregar o seu projeto final; d) instantnea estabelecida remunerao fixa para a execuo da obra; e) por medida/ad mensuram nesta modalidade, a fixao do preo determinada pelas etapas realizadas, ou seja, a remunerao proporcional ao trabalho executado; f) por administrao - onde o empreiteiro se encarrega da execuo do projeto, pesquisando preo, profissionais, dentre outros aspectos, sendo remunerado de forma fixa ou atravs de um percentual sobre o custo da obra; 8.4. Deveres e direitos do dono da obra

    Quando a obra for concluda de acordo com o que foi pactuado inicialmente, odono da obra ser obrigado a aceit-la, podendo rejeitar a obra caso o empreiteiro se afaste das instrues recebidas, dos planos dados ou das regras tcnicas em trabalhos de tal natureza. 8.5. Responsabilidade do empreiteiro Existem 3 pontos a serem analisados: a) de acordo com o art. 617, do CC, o empreiteiro obrigado a pagar os materiais que recebeu, se por impercia ou negligncia os inutilizar; b) o empreiteiro responder durante o irredutvel prazo de cinco anos, pela solidez e segurana do trabalho, como tambm em razo dos materiais utilizados; todavia decair o direito do dono da obra que no propuser a ao contra o empreiteiro, nos cento e oitenta dias seguintes ao aparecimento do vcio ou defeito; cumpre ressaltar que tal responsabilidade objetiva segundo a norma do art. 618, do CC, cuja obrigao de resultado;

    c) se a obra ficar paralisada sem justo motivo resolve-se em perdas e danos, podendo o empreiteiro suspender a obra nos casos do art. 625, do CC; 8.6. Subempreitada

    Esta modalidade contratual no possui natureza personalssima, podendo a execuo da obra ser confiada a terceiros, desde que os mesmos no assumam a direo ou fiscalizao do servio, ficando limitados os danos resultantes de defeitos durante o irredutvel prazo de cinco anos; 9. DEPSITO 9.1. Conceito

    Neste contrato, o depositrio recebe um objeto mvel, para guardar, at que odepositante o reclame, sendo em regra gratuito, exceto se houver conveno em contrrio, e for frutode atividade negocial ou se o depositrio o praticar por profisso. 9.2. Natureza jurdica a) real depende da entrega da coisa; b) unilateral somente gera obrigaes a uma das partes, todavia excepcionalmente na hiptese do art. 643 do Cdigo Civil, poder se tornar contrato bilateral imperfeito; c) gratuito regra geral onera somente uma das partes, havendo excepcionalmente remunerao ao depositrio; d) informal no obstante o deposito voluntrio se provar por escrito, no h regramento especfico para a sua celebrao; e) no solene pode ser feito por instrumento particular; f) personalssimo o contrato ser ajustado de acordo com o depositrio, podendo ser afastado quando o depositrio for pessoa jurdica;

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    g) temporrio pode ser estipulado prazo final ou no nesta modalidade de contrato; 9.3. Modalidades a) voluntrio decorre da autonomia da vontade das partes; b) necessrio no decorre da autonomia da vontade, sendo subdividido em: b.1) legal decorrente do direito positivo; b.2) miservel decorrente de calamidade pblica; b.3) hospedeiro decorrente da guarda das bagagens de hospedes; c) regular decorre de bem infungvel e inconsumvel; d) irregular decorrente de bem fungvel ou consumvel; e) judicial possui como finalidade resguardar a coisa at a deciso final judicial, derivando de mandado judicial; f)bem indivisvel importante a leitura do art. 639, do CC; g) fechado conforme art. 630, do CC, Se o depsito se entregou fechado, colado, selado, ou lacrado, nesse mesmo estado se manter; 9.4. Direitos e deveres do depositrio A lei traz ao longo do texto os seguintes direitos: a) o depositante ter o direito de obter a restituio sobre as despesas necessrias; b) direito de reteno do bem depositado para o caso de inadimplemento; c) ser remunerado, nos casos que devida a remunerao; Alm disso, ter como dever: a) custodiar a coisa com o devido zelo;

    b) obter autorizao do depositante para usar a coisa depositada; c) restituir o bem no prazo final, no local pactuado, se responsabilizando pela coisa at a sua efetiva entrega; 9.5.Direitos e deveres do depositante

    Como dever, consta o de pagar pelas despesas referentes manuteno dodepsito, bem como sobre os prejuzos que a coisa gerar ao depositrio. O depositrio tem o direito de ser ressarcido no caso de deteriorao do bem depositado. 9.6. Da priso do depositrio infiel

    A presente matria, objeto de antigas controvrsias, foi pacificada recentementepela Smula Vinculante 25 do STF em que ilcita a priso civil de depositrio infiel, qualquer que seja a modalidade do depsito. 9.7. Extino do depsito

    O presente contrato ser extinto por resilio unilateral, pelo trmino do prazoestabelecido, pelo perecimento da coisa, morte do depositrio e pela incapacidade civil do depositrio. Importante se faz mencionar a Lei 2.313/54 em que aps o prazo de vinte e cinco anos, se a coisa no for reclamada, os bens sero recolhidos ao Tesouro Nacional. 10. DO MANDATO 10.1. Conceito

    Esta modalidade contratual ocorre quando algum substitui outra pessoa, com ospoderes legais necessrios confiados para agir em nome do representado, agindo de acordo com sua vontade. 10.2. Natureza jurdica a) unilateral gera somente obrigaes ao mandatrio; b) gratuito quando no ficar estipulada remunerao, exceto quando se tratar de ofcio ou profisso lucrativa do mandatrio;

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    c) oneroso ser cabvel a remunerao pactuada entre as partes e, na ausncia, a prevista em lei de acordo com a categoria profissional, estabelecendo-se, ainda, de acordo com os usos e costumes do lugar da celebrao ou por arbitramento judicial; d) consensual deriva da autonomia da vontade das partes; e) comutativo as partes j conhecem os seus efeitos; f) preparatrio serve para preparar a prtica de um terceiro ato; g) informal e no solene inexiste previso legal sobre o seu formato; 10.3. Espcies a) judicial possui a finalidade de representar perante o Poder Judicirio o outorgante; b) legal no h instrumento por decorrer da lei; c) escrito materializado por instrumento pblico ou particular; d) verbal inexiste documento escrito, sendo evidenciado por prova testemunhal; e) expresso e tcito o expresso se forma explicitamente atravs de sua forma, podendo ser verbal ou escrito, entretanto, o tcito se d com a definio dos deveres em decorrncia de outra pessoa; f) aparente ter o mandatrio o dever de remunerar, adiantar as despesas necessrias, reembolsar as despesas feitas na execuo do mandato, ressarcir os prejuzos, honrar os compromissos em seu nome assumidos, vincular-se com quem seu procurador contratou, responsabilizar-se solidariamente nas hipteses legais, pagar a remunerao do substabelecido e vincular-se a terceiro de boa f;

    g) salariado trata-se de obrigao de meio, em que a remunerao se d independente do resultado-fim; h) geral engloba todo o patrimnio do outorgante; i) especial abrange um ou mais negcios do mandante; j) conjunto quando h uma pluralidade de mandatrios que devem participar do ato designado; l) solidrio com clusula in solidum, cada mandatrio poder realizar o mister independente dos demais; m) fracionrio quando h diviso de tarefas devidamente delimitada entre os mandatrios; n) singular preza pela existncia de apenas um outorgado; o) plural quando vrios so os nomeados no instrumento de mandato; 10.4. Submandato

    Contrato acessrio ao mandato principal, devendo ser escrito, atravs doinstrumento de substabelecimento, e tem como objeto obrigao de fazer fungvel. Quando h reservas, tanto o mandatrio quanto o submandatrio podem realizar as tarefas. Todavia, quando este instrumento for sem reservas, o mandatrio revoga os seus prprios poderes perante o mandante, repassando-os para o submandatrio. 10.5. Obrigaes do mandatrio

    A lei civil estabelece as regras gerais de obrigaes do mandatrio nos arts. 667ao 674 cuja leitura se faz obrigatria, podendo listar aqui os principais deveres: a) agir em nome do mandante dentro dos limites outorgados no instrumento de mandato; b) ser diligente na execuo do contrato e indenizar no caso de prejuzo causado por sua culpa ou de quem substabeleceu;

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    c) prestar contas com o mandante, transferindo as vantagens provenientes do instrumento de mandato; d) se identificar como mandatrio perante terceiros com quem tratar; e) concluir a tarefa a que foi contratado; 10.6. Obrigaes do mandante

    Importante a leitura dos arts. 675 ao 681, do CC, podendo ser enumerado aqui os principais deveres: a) satisfazer todas as obrigaes contradas pelo mandatrio, na conformidade do mandato conferido, e adiantar a importncia das despesas necessrias execuo dele, quando necessrio se fizer; b) a pagar ao mandatrio pela remunerao ajustada e despesas da execuo do mandato, ainda que o negcio no surta o esperado efeito, salvo tendo o mandatrio culpa; c) obrigatrio o mandante ressarcir ao mandatrio as perdas que este sofrer com a execuo do mandato, sempre que no resultem de culpa sua ou de excesso de poderes; d) o mandante ficar obrigado para com aqueles com quem o seu procurador contratou, ainda que o mandatrio contrarie as instrues originrias; e) o mandatrio tem direito de reteno sobre a coisa de que tenha a posse em virtude do mandato, at se reembolsar do que no desempenho do encargo despendido; 10.7. Extino do contrato

    O Cdigo Civil regulamenta o tema nos arts. 682 ao 691 determinando a extino nas hipteses de revogao, renncia, morte de uma das partes, interdio de uma das partes, mudana de estado de uma das partes, trmino do prazo e concluso do negcio.

    11. CONTRATO DE FIANA 11.1. Conceito

    Trata-se de garantia fidejussria em que um terceiro (fiador) passa a garantirpessoalmente perante o credor a dvida do devedor com seu patrimnio, tendo dessa forma uma responsabilidade sem dbito. 11.2. Natureza jurdica a) gratuito quem obtm o benefcio deste contrato o credor, que tem o seu direito de crdito garantido; b) consensual atende a autonomia da vontade das partes; c) formal exige, minimamente, documento escrito; d) no solene no h necessidade de escritura pblica; e) obrigao acessria a sua existncia depende de um contrato principal; f) tpico possui previso legal; g) fiducirio essencialmente decorre da confiana das partes; 11.3. Seus efeitos e regras a) as dvidas futuras podem ser objeto de fiana, mas o fiador, neste caso, no ser demandado seno depois que se fizer certa e lquida a obrigao do principal devedor (art. 821, CC); b) a fiana poder abranger a totalidade da dvida (total) ou parte da dvida (parcial), sendo a primeira ilimitada e a segunda limitada; c) o credor possui o direito de examinar a idoneidade da fiana, no podendo ser obrigado a aceit-lo se o mesmo no for idneo, domiciliado no municpio onde tenha de prestar a fiana, e no possua bens suficientes para cumprir a obrigao;

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    d) em caso de insolvncia do fiador, o credor poder exigir a sua substituio; e) inerente fiana o benefcio de ordem, qual seja, o fiador exigir que inicialmente seja executado o bem do devedor para posteriormente ter o seu patrimnio atingido; f) a solidariedade no se presume, decorre da lei ou da vontade das partes, logo inexiste diploma legal dizendo que o devedor e o fiador so solidrios; se inexistir no contrato, no se poder presumi-los solidrio, pois se no violaria a regra legal; g) a fiana poder ser prestada conjuntamente a um s dbito, por mais de uma pessoa, importando o compromisso de solidariedade entre elas se declaradamente no se reservarem o benefcio da diviso, respondendo cada fiador unicamente pela parte que, em proporo, lhe couber no pagamento; h) o fiador tambm tem direito perante o devedor de ser ressarcido de todas as perdas e danos que vier a sofrer em razo da fiana; i) poder o fiador promover o andamento da execuo contra o devedor nos casos em que o credor, sem justa causa, demorar a executar; j) a renncia convencional nula, segundo a doutrina majoritria; l) a obrigao do fiador passa para os herdeiros, mas fica limitado ao quinho hereditrio (foras da herana); m) o nico contrato que h compensao sem reciprocidade de crditos e dbitos, podendo ser compensado com o credor o que este deve ao afianado; n) a desonerao de fiador em locao urbana regulada pelo art. 40 da Lei 8.245/91, em que o fiador ainda responde no perodo de 120 dias aps a sua desonerao, enquanto a da lei civil, o fiador ficar obrigado por todos os efeitos da fiana, durante sessenta dias aps a notificao do credor;

    o)no obstante discusses anteriores acerca da constitucionalidade da penhora do nico bem imvel do fiador, o STF recentemente pacificou este entendimento acerca da possibilidade, declarando a constitucionalidade do art. 3, inciso VII, da Lei 8.009. 11.4. Extino da fiana So casos de extino da fiana: a) resilio unilateral; b) morte; c) O fiador pode opor ao credor as excees que lhe forem pessoais e as extintivas da obrigao que competem ao devedor principal, se no provierem simplesmente de incapacidade pessoal, salvo o caso do mtuo feito a pessoa menor; d) O fiador, ainda que solidrio, ficar desobrigado se, sem consentimento seu, o credor conceder moratria ao devedor; se por fato do credor, for impossvel a sub-rogao nos seus direitos e preferncias; se o credor, em pagamento da dvida, aceitar amigavelmente do devedor objeto diverso do que este era obrigado a lhe dar, ainda que depois venha a perd-lo por evico; e) em caso de ser invocado o benefcio da excusso e o devedor, retardando-se a execuo, cair em insolvncia, ficar exonerado o fiador que o invocou, se provar que os bens por ele indicados eram, ao tempo da penhora, suficientes para a soluo da dvida afianada;

    CAPTULO 4: RESPONSABILIDADE CIVIL

    1. Conceito

    A matria a ser estudada vincula-se ao dever de no causar prejuizo injustamente, buscando-se a indenizao pelos danos sofridos, com a finalidade de reparao na medida do injusto causado resultante da violao do dever de cuidado.

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    2. Pressupostos a) ato ilcito ou conduta b) culpa c) dano d) nexo causal 2.1. Ato ilcito

    Conduta contrria ao direito positivado, tendo por elementos a antijuridicidade,ou seja, o ato ser contrrio ordem jurdica e o agente ser imputvel, respondendo pelo mesmo por possuir maturidade e sanidade para a prtica dos atos civis. 2.1.1. Espcies a) indenizatrio busca a reparao do estado inicial da vtima (status quo ante); b) invalidante tem como objetivo a invalidade do ato praticado de forma ilcita; c) caducificante resulta na efetiva perda do direito; d) autorizante a lei autoriza a prtica de uma conduta em rejeio a um ilcito; 2.2. Culpa A culpa pode ser dividida em dois casos: a) culpa latu sensu, tendo o dolo como sua modalidade mais grave, podendo o mesmo ser encontrado nas seguintes formas: - dolo direto: o agente deseja a prtica do ilcito; - dolo necessrio: diz respeito a um efeito colateral tpico decorrente do meio escolhido e admitido, pelo autor, como certo ou necessrio; - dolo eventual: o agente, com a sua conduta, assume o risco do ilcito;

    b) culpa strictu sensu (mera culpa): o agente pratica o ilcito com a ausncia do dever de cuidado, gerando as seguintes espcies: - negligncia conduta caracterizada pelo desleixo;

    - imprudncia a conduta omissiva; - impercia a falta de habilidade tcnica; Diante do tema abordado podemos afirmar a existncia de uma classificao referente graduao, em que a culpa poder ser grave em razo do erro grosseiro, culpa leve diante de falta evitvel e, ainda, culpa levssima ante falta de ateno extraordinria. Sendo, obrigatria em qualquer um desses graus a indenizao (in lege Aquilia ET levssima culpa venit). 2.2.1. Espcies de culpa strictu sensu a) culpa contratual violao de dever jurdico originariamente estabelecido; b) culpa extracontratual ou aquiliana aquela que ocorre sem qualquer estabelecimento de relao jurdica originria; c) in comitendo em cometer, por agir com imprudncia; d) in omitendo a culpa em omitir; e) in vigilando culpa pela vigilncia; f) in eligendo culpa pela escolha; g) in custodiando culpa pela custdia, por guardar; h) culpa presumida a culpa, nesse caso essencial para o dever de reparar, geralmente a lei j faz o juzo de presuno, no sendo a mesma adotada pelo CC/02 e, nos casos de previso em leis esparsas, a doutrina entende que se considera caso de responsabilidade objetiva; i) culpa concorrente a hiptese em que o agente e a vtima contribuem para a prtica do evento danoso, sendo devida, segundo a doutrina, a diviso proporcional dos graus de culpa entre os mesmos; 2.3. Dano As espcies de dano existentes so material, moral, esttico, coletivo e social.

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    2.3.1. Espcies 2.3.1.1. Dano material Trata-se de uma efetiva leso patrimonial, podendo ser total ou parcial, suscetvel de avaliao pecuniria. 2.3.1.1.1. Dano emergente, lucro cessante e perda de uma chance a) dano emergente do latim damnumemergens, significa a perda efetivamente sofrida; b) lucro cessante atinge patrimnio futuro (ganho espervel), impedindo seu crescimento; c) perda de uma chance ocorre quando a vtima possui, embora ainda de maneira incerta, a probabilidade razovel da conquista de seu objetivo e, por motivos alheios a sua vontade, a vitima impedida pelo agente atravs de um comportamento ilcito, p.ex., nas Olimpadas de Atenas em 2004, o maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima estava liderando a prova, quando por volta do 36 Km de prova, um padre irlands o empurrou desconcentrando-o e retirando o ritmo da prova, fazendo com que o atleta conquistasse apenas o bronze;

    Outro grande exemplo de perda de uma

    chance foi caso no programa Show do Milho, em que foi questionada ao participante uma pergunta que no possua resposta correta. Neste sentido o STJ entendeu por reduzir a indenizao para o valor de R$ 125.000,00 (cento e vinte e cinco mil reais) de acordo com a probabilidade matemtica de o participante acertar, o que, data vnia, saiu de graa para quem teria o dever de pagar um milho de reais. 2.3.1.2. Dano incerto

    Segundo entendimento do STJ, no se pode indenizar um dano incerto, em razo da prprianatureza da responsabilidade civil, que a efetiva reparao de dano causado ao patrimnio.

    2.3.1.3. Dano material futuro

    Inexiste a possibilidade desta modalidade, vez que somente se pode exigir reparao por danos causados e no por danos a causar, ou seja que podero se dar futuramente, inexistindo leso patrimonial. 2.3.1.4. Dano moral

    uma espcie de dano, extrapatrimonial, por violao aos direitos inerentes pessoa, contidos nos direitos da personalidade. 2.3.1.4.1. Formas de fixao 2.3.1.4.1. Compensatrio

    So analisados dois requisitos concomitantemente: extenso do dano +condies pessoais da vtima. 2.3.1.4.2. Punitiva

    Neste outro ponto, so outros dois requisitos: condies econmicas + grau deculpa do ofensor. 2.3.1.4.2.1. Punitive damages

    Traduzido para a lngua portuguesa, danos punitivos, seria aquilo que a doutrinachama de dano moral punitivo. Defendemos o entendimento de que tal instituto sejapossvel vez que o juiz pode entender que diante da proporcionalidade entre a culpa e o dano cabvel indenizao com o objetivo de punir o agente pela prtica.

    Todavia, parte da doutrina possui posicionamento diverso, entendendo que se inexiste previso noCC/02, logo, no possvel ser adotado, sob pena de configurar enriquecimento sem causa como disposto no art. 884, do CC. 2.3.1.4.2. Dano moral direto e o indireto ou ricochete

    Ocorre o dano moral direto quando o ofendido diretamente atingido nos seusdireitos da personalidade. J o dano moral

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    indireto refere-se leso patrimonial que reflete pessoa tambm na ordem extrapatrimonial, legitimando-se para pleitear esta modalidade de dano moral reflexo ou ricochete. 2.3.1.4.3. Dano moral pessoa jurdica

    No pacfico o entendimento da matria abordada, sendo majoritrio o entendimento de que possvel que a pessoa jurdica possa sofrer dano moral, conforme Smula 227 do STJ A pessoa jurdica pode sofrer dano moral. 2.3.1.4.4. A no possibilidade de incidncia de imposto de renda

    O dano moral uma recomposio de leso, ainda que extrapatrimonial, e por tal motivo a sua indenizao no significa um acrscimo patrimonial, no incidindo deste modo no imposto de renda sobre as verbas recebidas a ttulo de ressarcimento pelos danos causados. 2.3.1.4.5. Dano moral coletivo e social. Diferenas. Posicionamento da jurisprudncia do STJ

    O dano moral coletivo a leso extrapatrimonial aos direitos da personalidade de um determinado grupo, como p.ex., discriminao sexual, etnia, religio, dentre outras.J o dano moral social envolve a sociedade, ou seja, a um grupo indeterminado, no se podendo medir a quantidade de pessoas lesionadas. Um grande exemplo, a ao civil pblica movida pelo MPF/SP, em face da RedeTV, por ter entrevistado ao vivo a vtima Elo no cativeiro momento antes de seu assassinato. Nesta ocasio impossvel medir a quantidade de pessoas no pas queestavam assistindo ao programa, sendo indiscutvel, ainda, a exposio da vtima em rede nacional, argumentos estes objetos da discusso nos autos do processo n 2008.61.00.029505-0, distribudo perante a 6 Vara Federal Cvel de So Paulo.

    2.3.1.4.6. Prova do dano moral

    Segundo entendimento pacificodo STJ, o dano moral chamado de in reipsa,ou dano na prpria coisa, bastando demonstrar unicamente o fato. 2.3.1.4.7. A quantificao dos danos morais

    No momento de fixar o quantum debeatur, o magistrado dever estabelecer umareparao equitativa, baseada na culpa do agente, na extenso e gravidade do prejuzo causado e na capacidade econmica das partes.

    Na fixao do quantum debeatur, o magistrado dever utilizar o critrio da razoabilidade, dever ser proporcional, adequada e ao mesmo tempo necessria condenao do agente. 2.3.1.5. Dano esttico e sua natureza extrapatrimonial

    a efetiva leso a integridade corporal da vtima e, podendo ser indenizvel, o dano deve ser duradouro ou permanente ou, em alguns casos, impedir as capacidades laborativas.

    O STJ sumulou o seu entendimento no verbete 387, em que lcita acumulao das indenizaes de dano esttico e dano moral. 2.4. Nexo causal

    o vnculo ou relao de causa e efeito entre a conduta e o resultado, existindodiversas teorias, sendo adotada pela jurisprudncia a Teoria do Dano Direto e Imediato. No entanto, importante listar as principais teorias existentes:

    - Teoria da equivalncia das condies/conditio sinequa non para esta teoria no h diferena entre os antecedentes do resultado danoso, de forma que tudo ir concorrer para o evento considerado causador;

    - Teoria da causalidade adequada adotada pelo CC/02 majoritariamente nos arts. 944 e 945, para esta teoria, considera-se como causa

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    todo e qualquer evento que haja contribudo para a efetiva ocorrncia do resultado. Portanto, para se possa adot-la, devemos estar diante de uma causa adequada e que deva ser apta efetivao do resultado; - Teoria do dano direto e imediato segundo esta teoria, ser indenizvel todo o dano que se filia a uma causa, ainda que remota, desde que necessria, encontrando respaldo no art. 403 do atual Cdigo Civil; 2.4.1. Concorrncia de causas a) subsequentes causado pela prtica de conduta decorrente de um ato fundamentando por prtica posterior; b) complementares gerado pela a prtica da conduta de dois ou mais agentes que, sem a ajuda do outro, no seria atingido o fim pretendido; c) cumulativas no haveria necessidade da conduta dos agentes somarem-se, em razo de que ambas atingiriam o objetivo-fim da mesma maneira; d) alternativas no h como definir o agente causador do dano; e) preexistentes a conduta do agente por si s no atingiria o resultado fim, j tendo outra causa existente; f) concomitantes so causas geradoras do dano que so produzidas ao mesmo tempo; g) supervenientes surgem aps o evento danoso; 3. O risco H diversas espcies de risco dispostas no ordenamento jurdico, devendo ser mencionadas as principais:

    - risco proveito todo nus deve ser suportado por quem recebe o bnus; - risco profissional deriva das relaes de trabalho;

    - risco excepcional decorrente de atividades que exigem elevado grau de perigo; - risco integral modalidade mais elevada de responsabilidade objetiva por no admitir excluso de culpabilidade, em razo de o agente ser o responsvel universal, adotado excepcionalmente no ordenamento jurdico nas seguintes formas: - dano ambiental: art. 225, 3 CF/88 c/c art. 14, 1, da Lei n 6.931/81,defende que o dano ambiental dever ser reparado independentemente de culpa; - seguro obrigatrio DPVAT: Lei 6.194/74 com posterior alterao pela Lei 8.441/92 estabelece indenizao s vtimas de acidente de veculos automotores independente de culpa ou de identificao do veculo automotor; - danos nucleares art. 21, inciso XXIII d CF, responsabilidade civil por danos nucleares tambm foi adotada a teoria do risco integral; 4. Responsabilidade por ato prprio

    Decorre por ato do prprio agente, ora causador do dano. Est disposta nos arts. 939 e 940, do CC.

    Conforme o primeiro dispositivo, quem demandar judicialmente contra devedorantes de vencida a dvida, fora dos casos em que a lei o permita, ficar obrigado a aguardar o vencimento, bem como pagar as custas em dobro, sendo obrigado ainda a descontar os juros, por serem at o momento, indevidos.

    J o segundo dispositivo, quem demandar judicialmente por dvida j paga,ainda que somente parte desta, ficar obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado. E, ainda, se litigar sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficar obrigado a pagar ao devedor o equivalente do que dele exigir. Em ambos os casos fica ressalvado caso j tenha ocorrido prescrio.

    A diferena entre o art. 940, do CC, e o pargrafo nico do art. 42 da Lei 8.078/90, que o primeiro somente aplicvel a

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    cobranas judiciais e o segundo, a todas as judiciais e extrajudiciais. 5. Responsabilidade por ato de outrem ou responsabilidade indireta

    De acordo com os ditames do art. 932, do CC, o casoque terceiros praticam o ilcito e o responsvel legal responde pelo fato, ou seja, responde (Haftung) mesmo sem ter contrado o dbito (Schuld). O CC/02 adotou para estes casos a responsabilidade objetiva, conforme redao do art. 933.

    A responsabilidade solidria prevista no art. 942 da lei civil aplicvel nos casosdos incisos III, IV e V do art. 932. Os pais iro responder pelos atos dos filhos que estiverem sob sua guarda e companhia, mesmo que provarem no agir com negligncia. Como j mencionado anteriormente, a responsabilidade ser objetiva, e os pais iro substituir os filhos, de acordo com a Teoria da Substituio, ainda que os pais sejam separados e que no seja dia do filho estar com um dos genitores responsvel.

    Importante mencionar que somente no

    caso de no possuir a guarda ou no exercer o poder familiar, o genitor no ser responsabilizado.

    A responsabilidade do tutor e curador pelos pupilos e curatelados que se acharem sob sua autoridade e companhia, aplicada nos mesmos moldes que a responsabilidade dos genitores. Importante anotar que inexiste proibio legal sobre direito de regresso em face dos pupilos ou curatelados. No caso do empregador ou comitente, por seus empregados, serviais e prepostos, no exerccio do trabalho que lhes competir ou em razo dele, o CC/02 inovou. Anteriormente a aplicao do Cdigo Civil de 2002, nestes casos, havia a responsabilidade por culpa in elegendo, como culpa presumida na forma da Smula 341 do STF que, ao final, resultava nas mesmas consequncias

    previstas no atual diploma civil, que transformou em responsabilidade objetiva. A norma abrange no somente a relao de emprego, mas toda e qualquer outra relao empregatcia com subordinao, chamada de preposio.

    Os casos de excluso de responsabilidade do empregador so somente quando o empregado ou preposto age com abuso ou desvio de funo, de caso fortuito ou fora maior, ou de ter ocorrido fora das relaes de trabalho.

    Referente aos donos de hotis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educao, pelos seus hspedes, moradores e educandos, importante se faz analisar alguns pontos.

    A responsabilidade objetiva como acima mencionado. Os hotis, em especial,responderiam tambm, caso o CC/02 no dispusesse sobre esta matria, de maneira objetiva, por fora do art. 14 da Lei 8.078/90, visto que est presente o risco da atividade desenvolvida.

    Tanto nos casos dos hospitais, clnicas e outros estabelecimentos similares, bemcomo s escolas, enquanto estiverem no referido local, aplica-se a teoria da guarda.

    Quando o paciente nos hospitais for menor ou adolescente, dever ser observadoo art. 12 da Lei 8.069/90 (Art. 12 do ECA Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento sade devero proporcionar condies para a permanncia em tempo integral de um dos pais ou responsvel, nos casos de internao de criana ou adolescente.).

    Atualmente esta na moda os casos de bullying, em que consiste emapertadssima sntese, na pratica infantil de deboche com isolamento da pessoa naquela comunidade, geralmente ocorrendo nos colgios. Logo h responsabilidade pedaggica do estabelecimento de ensino, sob pena de infrao administrativa, conforme art. 245, do ECA(Art. 245 do ECA Art. 245. Deixar o mdico, professor ou responsvel por

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    estabelecimento de ateno sade e de ensino fundamental, pr-escola ou creche, de comunicar autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmao de maus-tratos contra criana ou adolescente:Pena - multa de trs a vinte salrios de referncia, aplicando-se o dobro em caso de reincidncia). Em relao aos que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, ser responsabilizado objetivamente at a concorrente quantia da qual tirou o proveito efetivo, consagrando o Princpio da reparao do indevido. Deve ser destacada norma do art.934 da lei civil, que trata do direito de regresso. Somente no caso do inc. I do art.932 no ser cabvel tal direito. Ateno! 5.1. Independncia das responsabilidades civil e criminal A responsabilidade civil e criminal possui comunicao, no entanto ir prevalecer de forma absoluta o reconhecimento do fato e de autoria na justia penal (art. 935 do CC). No corre a prescrio antes do trnsito em julgado da sentena penal condenatria (art. 200 do CC) e a sentena penal formar ttulo executivo judicial na jurisdio civil, conforme inciso II do art. 475-N, do CPC. 6. Responsabilidade por fato da coisa ou do animal

    No caso da responsabilidade pelo fato da coisa, a responsabilidade ser sempredo dono do imvel e no de eventuais ocupantes, como locatrio, comodatrio, dentre outros.

    Quando no possvel identificar de um prdio com diversos blocos o autor do lanamento de objetos, a doutrina entende que se aplica a Teoria da Pulverizao dos Danos, respondendo todos os condminos por no se conseguir individualizar a conduta.

    J a responsabilidade por fato do animal, aplicada tambm a teoria da guarda,devendo o dono ou o detentor de

    animal ressarcir o dano causado pelo animal. Esta regra aplicvel tanto a adestrador quanto a estabelecimentos especializados. Para estes casos so aplicveis a iseno de responsabilidade mediante produo probatria da culpa exclusiva da vtima ou fora maior. 7. Responsabilidade civil no Cdigo de Defesa do Consumidor

    Antes de entrarmos nesse tema, iremos caracterizar as relaes de consumo com osconceitos de fornecedor e consumidor. 7.1. Elementos

    Existem 2 elementos referentes s relaes jurdicas de consumo: elementos subjetivos e elementos objetivos. Os elementos subjetivos referem-se s partes envolvidas na relao jurdica de consumo. J os elementos objetivos, so o produto ou servio que recaem sobre a relao jurdica mencionada. 7.1.1. Elementos subjetivos 7.1.1.1. Consumidor

    Segundo a Lei 8.078/90, consumidor toda pessoa fsica ou jurdica queadquire ou utiliza produto ou servio como destinatrio final . Acerca da expresso destinatrio final trazida pela lei, temos trs teorias discutindo esta matria.

    A Teoria finalista/subjetiva preceitua que a pessoa,fsica ou jurdica, que retira o produto do mercado, possui fins de necessidade pessoal e no h a inteno de revend-lo, mantendo-o na cadeia econmica.

    Segundo a Teoria maximalista/objetiva, basta retirar o produto da cadeia deconsumo, independentemente de se tratar de uso pessoal ou no.

    A regra da Lei 8.078/90 a Teoria finalista. Todavia, o STJ em certos casos efetua um entendimento mais alargado, passando a adotar a teoria finalista mitigada/aprofundada, abrandando o critrio subjetivo da teoria inicialmente apresentada, com intuito de inserir consumidores

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    profissionais na dita relao, mas para isso, mister se faz desmembrar as vulnerabilidades e analis-las separadamente: a) tcnica desconhecimento sobre o produto ou servio adquirido; b) jurdica tambm contbil ou econmico, abrangendo tanto a pessoa fsica ou jurdica que necessita de alguns profissionais para o exerccio de alguma atividade, cuja funo seja de suprir sua deficincia ou usufruir de seus servios; c) ftica ou socioeconmica destavantagem profissional do fornecedor do ponto de vista contratual, por impor a sua superioridade perante o consumidor; d) informacional ausncia de informao essencial sobre o produto ou servio; 7.1.1.2. Consumidor equiparado

    A Lei 8.078/90 traz alguns dispositivos protegendo o direito de terceiros, queno participaram da relao jurdica, mas que se vitimaram do acidente de consumo, amparando-os na lei consumerista. 7.1.1.3. Fornecedor

    Conforme art. 3, caput da Lei 8.078/90, fornecedor toda pessoa fsica oujurdica, pblica ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produo, montagem, criao, construo, transformao, importao, exportao, distribuio ou comercializao de produtos ou prestao de servios.

    O conceito descrito acima abrange tanto os entes particulares, como entes pblicos ou concessionrias de servio pblico. Todavia, h necessidade que o desempenho da atividade seja de forma habitual para obter proteo consumerista.

    7.1.2. Elementos objetivos da relao de consumo

    O prprio art. 3 da Lei 8.078/90 conceitua o que seria produto e servio em seuspargrafos 1 e 2. Nesse sentido, produto qualquer bem, mvel ou imvel, material ou imaterial e servio qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remunerao, inclusive as de natureza bancria, financeira, de crdito e securitria, salvo as decorrentes das relaes de carter trabalhista.

    Importante frisar que o contrato entre cliente e advogado no configurarelao de consumo, conforme entende o STJ. So tambm excludos da aplicao da Lei 8.078/90 a relao cotista e o clube de investimento, servios de natureza ut universi (em que o consumidor observado como contribuinte), nos contratos de Franchising em que se relacionam o franqueado e franqueador 7.2. Modalidades da responsabilidade civil 7.2.1. A ocorrncia do vcio do produto e do servio

    A presente matria est protegida nos arts. 18, 19, 20, 23 e 26 da Lei 8.078/90. o desapontamento do consumidor por ter sua expectativa criada pelo produto ou servio.

    A obrigao dos fornecedores, regra geral, solidria, com exceo no 5 do art. 18 (No caso de fornecimento de produtos in natura, ser responsvel perante o consumidor o fornecedor imediato, exceto quando identificado claramente seu produtor.) e no 2 do art. 19 (O fornecedor imediato ser responsvel quando fizer a pesagem ou a medio e o instrumento utilizado no estiver aferido segundo os padres oficiais), ambos da Lei 8.078/90.

    O vcio do produto poder ser manifestado como de quantidade ou de qualidade.

    A primeira hiptese est prevista no art. 19 da Lei 8.078/90 e ocorrer sempreque, respeitadas as variaes decorrentes de sua

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    natureza, seu contedo lquido for inferior s indicaes constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitria.

    Na segunda hiptese, o vcio de qualidade ocorrer quando o produto se tornarimprprio ou inadequado para o consumo. Desta forma, o consumidor notificando o fornecedor de servios ter, alternativamente, como opes, aguardar o prazo mximo de trinta dias para o vcio ser sanado; a substituio do produto por outro da mesma espcie, em perfeitas condies de uso; a restituio imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuzo de eventuais perdas e danos; o abatimento proporcional do preo. Ateno as regras do art. 182 e3.

    O prazo para reclamar junto ao fornecedor sobre os vcios do produto e doservio so decadenciais de trinta dias para os bens no durveis e de noventa dias para os bens durveis. A contagem deste prazo inicia-se com a entrega efetiva do produto ou do trmino da execuo dos servios.

    O prazo decadencial suspenso com a reclamao comprovadamenteformulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e servios at a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequvoca, bem como pela instaurao de inqurito civil, at seu encerramento.

    Alm disso, tratando-se de vcio oculto, o prazo decadencial inicia-se nomomento em que ficar evidenciado o defeito. H ainda um critrio utilizado baseado na Teoria da Vida til, em que se avalia a durao do bem ou servio, para se estender o prazo inicial do consumidor de reclamar. 7.2.2. A ocorrncia do fato do produto e do servio

    o acidente causado pelo consumo, causando ao consumidor prejuzos materiaise morais. O fato do produto o dano causado pelo o mesmo, a ttulo de exemplo h alguns anos tinham alguns aparelhos celulares que explodiam enquanto carregava a bateria na

    tomada, o que poderiam causar incndios, desde pequenos at gerar maiores propores.

    Tambm poderia ser causado pela falta do dever de informar, como p.ex., hpouco tempo tinha um veculo automotor que no orientava como manusear determinada parte do veculo que decepava o dedo do consumidor.

    A responsabilidade do comerciante no fato do produto ser em regra subsidiriae objetiva, conforme dispe o art.13.

    O fato do servio, o dano causado pelo mesmo, cito o exemplo da apresentaoantecipada de cheque datado para posterior depsito chegando este tema a ser sumulado pelo STJ (Sumula 370 do STJ Caracteriza dano moral a apresentao antecipada de cheque pr-datado).

    A responsabilidade dos profissionais liberais, conforme a Lei 8.078/90, subjetiva na hiptese do art.144, ou seja, depende de anlise de culpa.

    Destaco as hipteses de excluso de responsabilidade nos art.12 e 14, ambos no3 da lei consumerista.

    O prazo para o consumidor exigir reparao pelos danos causados por fato doproduto ou do servio prescrever em cinco anos, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria. 7.3. Inverso do nus da prova

    A regra geral no processo civil que o nus da prova de quem alega. Todavia,o inciso VIII do art. 6 da Lei 8.078/90 com vistas a facilitar a defesa dos direitos do consumidor, poder o juiz, entendendo for verossmil a alegao ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinrias de experincias, inverter o dever da produo probatria.

    Devemos ressaltar que no obstante a responsabilidade do fornecedor debens e servios ser objetiva e ocorrer a inverso do nus probatrio, o consumidor no estar

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    isento de comprovar o dano e o nexo de causalidade.

    Alm da hiptese prevista acima, o CDC nos apresenta a modalidade opelegis ,ou seja, quando a lei dispuser, no necessitando de avaliao judicial, p.ex, arts. 12 3, 14 3 e 38 da Lei 8.078/90;

    A inverso do nus da prova no implica a inverso do nus financeiro. Logo,p.ex., se o consumidor pedir prova pericial, ele quem dever custear o perito. 7.4. Juzo competente para a propositura da ao indenizatria por fato epor vcio

    O consumidor poder, facultativamente, propor a ao tanto em seu domicilioquanto no domicilio do Ru, por fora da regra do art. 101, I e do art. 6, VII, ambos da Lei 8.078/90. 8. Excludentes de ilicitude e excludentes de responsabilidade

    As excludentes de ilicitude afastam a ilicitude da conduta, mas no o dever deindenizar, respondendo o agente por atos lcitos. Temos, como exemplo, o estado de necessidade, a legitima defesa e o exerccio regular do direito.

    J as excludentes de responsabilidade rompem o nexo causal e afastam o dever de indenizar. Como exemplo, tem-se o caso fortuito, a fora maior e a culpa exclusiva da vtima. 8.1. Estado de necessidade

    Basea-se na deteriorao ou destruio da coisa alheia, ou leso pessoa, com o fim de remover perigo iminente, quando as circunstncias no autorizarem outra forma de atuao. Neste caso, o agente ir atuar com o fim de resguardar direito seu ou de outra pessoa em situao de perigo concreto.

    Esta excludente est regulamentada no art. 188, inciso II c/c art. 929, ambos doCdigo Civil.

    8.2. Legtima defesa

    Este instituto preceitua que o agente, diante de situao de injusta agresso atuale iminente, a si ou a outra pessoa, age de forma moderada a repelir o acometido. Tal forma de excluso de ilicitude encontra-se prevista no art. 188, inciso I, 1 parte, do CC.

    No caso da defesa gerar danos a terceiros, dever o agente, ainda que licitamenteem sua defesa ou de outrem, indenizar o terceiro na forma dos arts. 929 e 930 do Cdigo Civil. 8.3. Exerccio regular do direito

    Presente no art. 188, inciso I, 2 parte, do CC, consiste na extrapolao dos finscolimados pela lei. Quando no for ilcito, ser exerccio regular do direito. Devemos ressaltar que o estrito cumprimento do dever legal no est previsto, dessa forma devemos encar-lo como uma espcie de exerccio regular do direito. 8.4. Caso fortuito e fora maior

    So institutos bem parecidos e iremos conceitu-los na seguinte maneira: a) Caso fortuito caracterizada pela imprevisibilidade, advm de causa desconhecida; b) Fora maior caracterizada pela inevitabilidade, advm de causa conhecida; 8.5. Culpa exclusiva da vtima

    Diferente da culpa concorrente da vtima, a culpa exclusiva da vtima ocorrerquando a vtima concorrer sozinha para a ocorrncia do evento danoso. H previso neste sentido no art. 14, 3, inciso II da Lei 8.078/90. Um exemplo seria um consumidor que compra uma passagem para um determinado horrio e no comparece, a companhia no obrigada a devolver o valor da passagem em razo do servio ter sido prestado adequadamente e o consumidor no ter se beneficiado pelo seu no comparecimento.

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    J a culpa concorrente, prevista no art.

    945 do Cdigo Civil, ocorrer se a vtimativer concorrido culposamente para o evento danoso. A indenizao ser fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.

    Importante se faz mencionar que se houver previso legal de responsabilidadeobjetiva no se discute a culpa, exceto quando se tratar de culpa exclusiva da vtima ou culpa concorrente. 8.6. Fato de terceiro

    Como o prprio nome diz, um terceiro estranho a relao jurdica entre a vtimae o fornecedor de bens ou servios causa dano. Desta forma, o fato de terceiro no exime o dever de indenizar, mas permite o direito de regresso em face do terceiro. 8.7. Clusula de no indenizar

    Somente poder ser utilizada nos casos de responsabilidade contratual, em que umadas partes estabelece clusula visando o afastamento do dever de indenizar quando ocorrer o dano. Casos em que no ser aceita: a) quando seu contedo tiver por fim exonerar devedor que incorreria em responsabilidade por dolo ou culpa grave; b) quando houver violao a interesse de ordem pblica; c) diante dos hipossuficientes e vulnerveis; d) nos casos dos arts. 424 e 734 do Cdigo Civil; e) nos casos dos arts. 25 e 51, inciso I da Lei 8.078/90; f) nos casos do art. 247 da Lei 7.565/86 (Cdigo Brasileiro de Aeronutica); Requisitos para a validade da clusula de no indenizar:

    a) bilateralidade do consentimento; b) que no colida com preceito de ordem pblica; c) igualdade das partes; d) inexistncia do escopo de eximir o dolo ou a culpa grave do estipulante; e) ausncia da inteno de afastar obrigao inerente funo;