apostila de sociologia 3° ano

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E.E.E.F.M. Profº “Filomena Quitiba” Apostila organizada pelo profº Cristiano Bodart E.E.E.F.M. PROFª “FILOMENA QUITIBA” SOCIOLOGIA 3º ANO DO ENSINO MÉDIO Eixo: : CULTURA, VIDA E SOCIEDADE Aluno(a): ______________________________________ Piúma, ES 2010 1 Profº Cristiano Bodart

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Page 1: Apostila de sociologia 3° ano

E.E.E.F.M. Profº “Filomena Quitiba” Apostila organizada pelo profº Cristiano Bodart

E.E.E.F.M. PROFª “FILOMENA QUITIBA”

SOCIOLOGIA

3º ANO DO ENSINO MÉDIOEixo: : CULTURA, VIDA E SOCIEDADE

Aluno(a): ______________________________________

Piúma, ES2010

1

Profº Cristiano Bodart

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A SOCIOLOGIA estuda as relações sociais e as formas de associação, considerando as interações que ocorrem na vida em sociedade. Desta forma, estudar Sociologia é buscar compreender criticamente o mundo que está ao nosso redor e entender nosso papel como agente de mudança nele. A Sociologia nos permite enxergar o mundo com outros olhos. Bom estudo!

Primeiro trimestre

Unidade 1: Sociologia Cultural

O Conceito Sociológico de Cultura

«O conceito de cultura, tal como o de sociedade, é uma das noções mais amplamente usadas

em Sociologia. A cultura consiste nos valores de um dado grupo de pessoas, nas normas que seguem e nos bens materiais que criam. Os valores são idéias abstratas, enquanto as normas são princípios definidos ou regras que se espera que o povo cumpra. As normas representam o «permitido» e o «interdito» da vida social. Assim, a monogamia – ser fiel a um único parceiro matrimonial – é um valor proeminente na maioria das sociedades ocidentais. Em muitas outras culturas, uma pessoa é autorizada a ter várias esposas ou esposos simultaneamente. As normas de comportamento no casamento incluem, por exemplo, como se espera que os esposos se comportem com os seus parentes por afinidade. Em algumas sociedades, o marido ou a mulher devem estabelecer uma relação próxima com os seus parentes por afinidade; noutras, espera-se que se mantenham nítidas distâncias entre eles.

Quando usamos o termo, na conversa quotidiana comum, pensamos muitas vezes na «cultura» como equivalente às «coisas mais elevadas do espírito» – arte, literatura, música e pintura. Os sociólogos incluem no conceito estas atividades, mas também muito mais. A cultura refere-se aos modos de vida dos membros de uma sociedade, ou de grupos dessa sociedade. Inclui a forma como se vestem, os costumes de casamento e de vida familiar, as formas de trabalho, as cerimônias religiosas e as ocupações dos tempos livres. Abrange também os bens que criam e que se tornam portadores de sentido para eles – arcos e flechas, arados, fábricas e máquinas, computadores, livros, habitações.

A cultura pode ser distinguida conceptualmente da sociedade, mas há conexões muito estreitas entre estas noções. Uma sociedade é um sistema de inter-relações que ligam os indivíduos em conjunto. Nenhuma cultura pode existir sem uma sociedade. Mas, igualmente, nenhuma sociedade existe sem cultura. Sem cultura, não seríamos de modo algum humanos, no sentido em que normalmente usamos este termo. Não teríamos uma língua em que nos expressássemos, nem o sentido

da autoconsciência, e a nossa capacidade de pensar ou raciocinar seria severamente limitada [...].»

A. Giddens – Sociologia, FCG, pp.46-47

Etnocentrismo e relativismo cultural

Você já ouviu falar destes dois termos? Imagino que você deva

estar aprendendo um monte de coisas novas, termos e conceitos, não é? Esperamos que eles sejam de muita valia para a sua vida profissional e pessoal.

Você lembra que em alguns momentos falamos que os europeus, quando se lançaram ao mar nas grandes navegações, consideravam o “outro” – geralmente o nativo das terras “recém descobertas” – inferior? E você lembra porque eles se referiam ao outro desta maneira? Pois bem, agora você vai estudar um pouco mais sobre um importante conceito que está intrínseco nestas idéias e em muitas outras de grandes pensadores, antropólogos, historiadores e até cientistas que entraram em contato com povos desconhecidos e desenvolveram estudos acerca dos mesmos, e que muitas vezes ainda se fazem presentes nas atitudes das pessoas mais comuns – como nós!

Ao depararmos com formas de viver e de ver o mundo diferentes das nossas, muitas vezes acabamos emitindo juízos de valor acerca de tais realidades, essa observação nos remete ao que pode ser chamado de etnocentrismo.

Podemos assim conceituar etnocentrismo como:

(...) uma visão de mundo em que o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo, visão segundo a qual todos os outros grupos são pensados e sentidos através de nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que seja a existência. No plano intelectual, o etnocentrismo pode ser identificado na dificuldade de pensarmos a diferença; já no aspecto afetivo, é percebido nos sentimentos de estranheza, de medo e de hostilidade. (Mortari, 2002, p.32)

O etnocentrismo é considerado um julgamento da cultura do “outro”, em que a nossa cultura é tomada como única referência. Dessa forma negamos o “outro” muitas vezes sem mesmo conhecer melhor a sua cultura, criamos assim uma imagem distorcida e manipulada da realidade social e cultural.

Quando nossas atitudes ou olhares sobre o “outro” são caracterizados pelo etnocentrismo, a nossa sociedade é representada como melhor e superior, como modelo de cultura e civilização. Ao passo que a sociedade, a cultura, ou até mesmo o próprio “outro” é considerado inferior, atrasado, selvagem. Isso lhe faz lembrar algo?

Alguma semelhança com o primeiro contato dos europeus com os povos da América?

Mas como falamos anteriormente, não precisamos ir muito longe nem no tempo, nem no espaço; no nosso dia-a-dia muitas vezes temos atitudes como estas diante de grupos com os quais temos contato quase que diário. Negros, mulheres, homossexuais, portadores de necessidades especiais, moradores de rua, idosos, acabam sendo

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rotulados ou esteriotipados por nós quando nos deparamos com seu modo de ser e viver, eventualmente diferente do nosso. Ao transformarmos as diferenças em obstáculos para nos aproximarmos ou nos relacionarmos com tais pessoas e emitir juízo de valor sobre seu modo de ser e viver estamos tendo atitudes etnocêntricas.

O conceito de etnocentrismo está, porém, bastante ligado ao outro conceito – o relativismo cultural. Pode-se dizer que seu elo encontra-se no fato de uma posição relativista servir para libertar o indivíduo das perspectivas deturpadoras do etnocentrismo, ou seja, ao relativizarmos nossa posição diante das diferenças culturais do outro aceitamos a idéia de que os indivíduos são resultado de um modo de vida específico e particular com seus próprios sistemas de valor e sua cultura.

A partir da idéia de relativismo cultural tivemos mudanças significativas nos estudos antropológicos uma vez que tais estudos buscam estudar, mas sobretudo compreender os costumes dos diferentes povos a partir de seus próprios valores, permitindo desta forma conhecer e entender de forma mais próxima os significado dos costumes destas diferentes culturas e assim conviver melhor com aquilo que parecia “exótico”.

As culturas são diferentes umas das outras, e nesse sentido o relativismo cultural defende o pressuposto de que as análises e estudos devem ser sempre relativas a cultura na sua origem, sendo assim impossível a aplicação de normas e valores absolutos em tais estudos.

Relativizar, portanto, é não transformar a diferença em hierarquia, não valorar aos seres humanos com base em critérios de superioridade e de inferioridade, ou conceber diferentes culturas sob uma perspectiva dicotômica de bem e mal; é preciso vê-las sob sua dimensão de riqueza, o que decorre da diferença. (Mortari, 2002, p. 34)

Relativizar, porém, não significa tornar tudo relativo. Devemos olhar, por exemplo, o significado de um ato não na sua dimensão absoluta, mas no contexto em que o mesmo aconteceu.

Compreender o outro de acordo com os seus próprios valores e não com base nos nossos, perceber as coisas de forma que se desenvolva uma perspectiva inter-relacional e não como uma via de mão única. Nesse sentido a relativização cultural deve ser uma via de mão dupla em que o contato e conhecimento com a cultura ou o modo de ser do “outro” deve nos levar a repensar nossas atitudes e conceitos, percebendo que os mesmos não são únicos e não devem se tornar a única referência em nossas vidas, ou “as lentes” da realidade. Desta forma a diferença pode-se tornar uma alternativa e não uma ameaça e a sociedade se tornar menos hostil e preconceituosa!

ATIVIDADE

1) Conceitue com suas palavras os seguintes

termos:Cultura;Relativismo cultural;Etnocentrismo.

2) Dê um exemplo de situação onde ocorre o etnocentrismo.

3) O que é relativizar, dentro do conceito de ralativismo cultural?

TEXTO COMPLEMENTAROs Esquimós

Por Thais Pacievitch

Os esquimós (ou inuit como se autodenominam) vivem no Ártico, uma das regiões mais frias da Terra. As teorias mais propagadas afirmam que seu assentamento nas regiões mais frias do planeta se deve ao rechaço de que foram objeto por parte dos índios americanos (há 12.000 anos), quando chegaram ao Alaska, vindos do nordeste da Ásia e através do Estreito de Bering.

Hoje, os esquimós não formam nem pertencem a alguma nação. Trata-se de um povo solidário, acolhedor e muito pacífico. São nômades por natureza. Sua civilização se baseia na família, patriarcal e poligâmica, na qual o homem tem mais mulheres na medida em que possui mais riquezas.

As crianças são muito importantes para os esquimós porque, de acordo com suas crenças, os pequenos são reencarnações de seus antepassados. Os inuit crêem na existência de seres superiores aos quais não é necessário cultuar ou mesmo fazer orações.

Vila de EsquimósA estatura dos esquimós é pequena, os

homens medem, em média, 1,60 m e as mulheres 10 cm menos. Seus corpos são fortes e seus membros curtos.

As terras do norte, extremamente frias, não permitem o crescimento de plantas, as únicas coisas que os esquimós podem fazer para sobreviver é caçar e pescar. É muito característico dos esquimós andar acompanhados de cães, usados para caçar e puxar os trenós, seu principal meio de transporte.

Dentro de suas casas, as mulheres se dedicam a cozinhar e costurar, enquanto os homens preparam seus utensílios para caçar e pescar focas e baleias. Os esquimós aproveitam tudo dos animais caçados: carne, gordura, pele, ossos e intestinos. Sua dieta habitual era a carne fervida, mas devido à lentidão deste processo e a escassez do combustível animal que era necessário, este povo passou a come carne crua. A origem da palavra esquimó (no idioma algonquino) quer dizer comedor de carne crua.

As roupas dos esquimós são feitas com pele de foca, com a pelagem voltada para dentro e forradas com pele de urso ou de raposas, que as mulheres mascam com seus dentes e curtem com urina. Estas roupas são costuradas com os tendões dos animais.

Durante o inverno é comum que os alimentos fiquem escassos, época em que os homens saem para viajar e caçar. Quando as expedições duram muitos dias, é necessário construir casas temporárias, feitos com gelo, os iglus são estes famosos refúgios.

A língua esquimó está dividida em quatro dialetos bem parecidos, que só tem Substantivos e verbos.

Fonte:http://www.infoescola.com/curiosidades/esquimos/

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Pesquisa: Produza uma pesquisa sobre um povo

que possui uma cultura bem diferente da nossa. Produza um pequeno (10 linhas) texto descritivo sobre ele (o melhor texto da turma receberá ponto extra).

Tradição versus CostumeAs tradições, mesmo as inventadas, se caracterizam pela invariabilidade (são fixas) e pela repetição do passado real ou forjado

ao qual elas se referem. O costume não pode ser invariável, porque a própria vida não é assim.

Um bom exemplo está no direito: costume é o que fazem os juízes; a tradição é a peruca, a toga e os demais acessórios rituais que cercam a ação do magistrado. É como também a universidade: costume é se formar após o término do curso; tradição é jogar o barrete para o alto.

Manifestações culturais e patrimônio

culturalO que se entende por manifestações

culturais?

Para a Antropologia Cultural, manifestação cultural é toda forma de expressão humana, seja através de celebrações e rituais ou através de outros suportes como imagens fotográficas e fílmicas.

Além disso, sabemos que as expressões das culturas humanas também são veiculadas através de outras linguagens, escritas ou verbais. O patrimônio também se constitui como uma linguagem que expressa uma forma de sentir e pensar um acontecimento, um tempo, uma dada forma de ver as coisas do mundo.

Em sua origem, o patrimônio estava ligado às estruturas familiares, econômicas e jurídicas de uma sociedade estável, enraizada no tempo e no espaço. Hoje a idéia de patrimônio designa um bem destinado ao usufruto de uma comunidade, constituído pela acumulação contínua de uma diversidade de objetos que se congregam por seu passado comum: obras e obras primas das belas artes e das artes aplicadas, trabalhos e produtos de todos os saberes das comunidades humanas.

A idéia de um patrimônio comum a um grupo social, definidor de sua identidade e enquanto tal merecedor de proteção perfaz-se através de práticas que ampliaram o círculo dos colecionadores e apreciadores de antiguidades e se abriram a novas camadas sociais: exposições, vendas públicas, edição de catálogos das grandes vendas e das coleções particulares.

Inicialmente, a categoria do patrimônio que mereceu atenção foi a que se relaciona mais diretamente com a vida de todos, qual seja o patrimônio histórico representado pelas edifi cações e objetos de arte.

Paulatinamente, ocorreu a passagem da noção de patrimônio histórico para a de patrimônio cultural, de tal modo que uma visão inicial reducionista que enfatizava a noção do patrimônio nos aspectos históricos consagrados por uma historiografia oficial foi-se projetando até uma nova perspectiva mais ampla que incluiu o “cultural”, incorporando ao “histórico” as dimensões testemunhais do cotidiano e os feitos não-tangíveis.

Portanto, a noção moderna de patrimônio cultural não se restringe mais à arquitetura, mesmo sendo indiscutível que a presença de edificações é um ponto alto da realização humana.

Deste modo, o significado de patrimônio cultural é muito mais amplo, incluindo diversos produtos do sentir, do pensar e do agir humano.

No âmbito internacional, durante as últimas décadas, delinearam-se uma série de instrumentos jurídicos, convenções, declarações, resoluções e recomendações relativas à proteção do patrimônio cultural, de tal maneira que as convenções e recomendações aprovadas pela UNESCO vêm enriquecer o Direito Internacional da cultura e os direitos internos com a elaboração de leis próprias no sentido dado pela UNESCO. Como “Patrimônio Mundial” a UNESCO define todos os bens que possuam um caráter excepcional. Ao considerarmos o “Patrimônio” um bem herdado do passado, investimo-lo de um significado de “referência”. Em outras palavras, tornamos o “Patrimônio” insubstituível para nossa identidade, portanto cabe a nós a efetiva defesa da preservação e divulgação desse legado cultural.

De acordo com a Constituição Brasileira de 1988, os bens sócio-ambientais diferem-se em culturais, históricos, artísticos, arqueológicos, etnográficos e paisagísticos. São bens que têm a característica de estarem vinculados à história, memória ou cultura do país.

Portanto, tem-se que o patrimônio pode abarcar manifestações culturais intangíveis, como as tradições orais, a música, idiomas e festas, além dos bens artísticos.

Neste sentido, as festas populares expressam as formas identitárias de grupos locais, onde o motivo de encontro, de fé ou simplesmente de celebrar atrai e identifca devotos e indivíduos de mesma identidade. As manifestações populares possuem um caráter ideológico uma vez que comemorar é, antes de mais nada, conservar algo que ficou na memória coletiva (Paiva Moura, 2001) e forma de manifestação cultural.

É importante ressaltar que patrimônio histórico-cultural não é apenas o acervo de obras raras ou da cultura de um passado distante; é a valorização e o conhecimento dos bens culturais que podem contar a história ou a vida de uma sociedade, de um povo, de uma comunidade. Será através do

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contato com tais bens que conheceremos a memória ou até mesmo a identidade de um povo.

Cabe lembrar ainda que todos os bens naturais, ou culturais, materiais ou imateriais, constituem o patrimônio cultural do Brasil, desde que estes sejam portadores de referência à identidade, à ação e à memória de diferentes elementos étnicoculturais formadores da nação brasileira.

Através do conhecimento do nosso patrimônio cultural, podemos aprender sobre nossa memória e, conseqüentemente, exercer a cidadania.

ATIVIDADE de auto-avaliação

Após você ter desenvolvido os estudos desta unidade realize uma leitura cuidadosa sobre as questões a seguir.

4) Defina tradição inventada e procure exemplificar observando em sua cidade essa manifestação.

5) Dê um exemplo de manifestação popular realizado em seu município.

A importância do capital cultural: contribuição de

Pierre Bourdieu(...) o capital cultural é o que pode designar

o sucesso ou o fracasso de cada aluno. Afinal, algumas evidências apontam que as limitações do conceito de capital econômico explicam a ligação entre o nível socioeconômico e os bons resultados educacionais. Isso nos faz considerar que outras formas de capital, como o social e o cultural, contribuem diretamente e interagem com o capital econômico para fortalecer as relações sociais.

Ao longo da primeira metade do século XX, a visão predominante atribuía à escola o papel central na construção de uma nova sociedade, justa, moderna, aberta e democrática, na qual a escola pública e gratuita garantiria o acesso à educação, e, conseqüentemente, à igualdade de oportunidades. Foi, entretanto, no contexto da democratização do acesso à escola fundamental e do prolongamento da escolaridade obrigatória que se tornou evidente o problema das desigualdades de escolarização entre os grupos sociais. O otimismo marcante do período anterior foi substituído por uma postura de cunho mais pessimista, embasada na influência da origem social nos resultados escolares, ou seja, a forte relação existente entre desempenho escolar e origem social (classe, etnia, sexo, local de moradia, entre outros). Nas palavras de Pierre Bourdieu:

Não há dúvida de que os julgamentos que pretendem aplicar-se a pessoas em seu todo levam em conta não somente a aparência física propriamente dita, que é sempre

socialmente marcada (através de índices como corpulência, cor, forma do rosto), mas também o corpo socialmente tratado (com a roupa, os adereços, a cosmética e, principalmente, as maneiras e a conduta) (1998, p. 193).

(...) o processo inicial de acumulação do capital cultural tem inicio, ainda que inconscientemente, desde a origem, sem atraso, sem perda de tempo, pelos membros das famílias que possuem capital cultural. Isso permite pensar que um filho de família de classe média terá mais sucesso do que o filho de um operário, que por sua vez terá mais que um filho de um trabalhador do campo. Desse modo, a posse de capital cultural favoreceria o desempenho escolar na medida em que facilita a aprendizagem dos conteúdos e códigos escolares. As referências culturais, a erudição e o domínio maior ou menor da língua culta, trazidos de casa por certas crianças, facilitam o aprendizado escolar à medida que funcionariam como ponte entre o mundo familiar e a cultura escolar. A educação escolar, no caso de crianças oriundas de meios culturalmente favorecidos, seria uma espécie de continuação da educação familiar, enquanto para as outras crianças significaria algo estranho, distante ou mesmo ameaçador.

Capital cultural, nas palavras de Bourdieu, pode ser assim definido:

(...) conjunto de recursos atuais ou potenciais que estão ligados à posse de uma rede durável de relações mais ou menos institucionalizadas de interconhecimento e de interreconhecimento ou, em outros termos, à vinculação a um grupo, como conjunto de agentes que não somente são dotados de propriedades comuns (passíveis de serem percebidas pelo observador, pelos outros ou por eles mesmos), mas também são unidos por ligações permanentes e úteis (Bourdieu, 1998, p. 28).

De acordo com o que foi dito, para Bourdieu, é a família que realiza os investimentos educativos que transmitem para a criança um determinado quantum de capital cultural durante seu processo de socialização, que inclui saberes, valores, práticas, expectativas quanto ao futuro profissional e a atitude da família em relação à escola. Bourdieu observa também que o grau de investimento na carreira escolar está vinculado ao retorno provável que se pode obter com o título escolar, não apenas no mercado de trabalho, mas também nos diferentes mercados simbólicos, como o matrimonial, por exemplo.

Fonte: www.educacaopublica.rj.gov.br

ATIVIDADE

6) O que é capital cultural?

7) Qual a importância do capital cultural?

8) Você concorda que indivíduos dotados de capital cultural tendem a ter maiores sucessos na escola e na vida profissional? Por quê?

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RegionalismoPor Cristiano das Neves Bodart

O regionalismo é uma manifestação ideológica, marcada por uma identidade social imposta. Como força política, apresenta a

possibilidade de mobilizar a sociedade em torno de um dado interesse ou de um projeto identitário da região. O regionalismo manifesta-se por porta-vozes, as lideranças regionais, que são legitimadas a falar em nome do grupo.

Bourdieu se refere ao regionalismo como uma manifestação étinico-cultural, mas é possível analisá-la com uma óptica política, de um jogo de dominação. A identidade “consensual” podendo ser interpretada como uma afirmação das relações de poder, sendo ela a manifestação de uma visão da classe hegemônica. O regionalismo é uma expressão da luta de classe dentro do território, representando as manifestações hegemônicas ideológicas.

O fenômeno do regionalismo possibilita uma abordagem dos elos entre os processos e relações internos à região e os externos a ela. A noção de região é bem delimitada pelo regionalismo, portanto, podemos afirmar que o regionalismo proporciona a legitimidade de uma região. A título de exemplificação podemos citar as relações de poder que se dá sobre o território. Em Piúma, por exemplo, existe uma espécie de regionalismo em alguns bairros, onde os indivíduos que ali residem se sentem donos do território e dos elementos que ali existem. É (ou pelo menos era) comum um indivíduo “dono do território” ao brigar em uma festa (em seu bairro) com alguém de outro lugar receber apoio do grupo local, principalmente quando esse outro alguém buscou conquistar alguma mulher daquele território. O que motivará a briga será a identificação do grupo e a ameaça de seu domínio.

ATIVIDADE

9) Busque identificar uma situação onde há manifestação do regionalismo em Piúma ou no estado.

Cultuara Material e Cultura Imaterial

A cultura divide-se em dois aspectos que compõem-na: a cultura material e a cultura imaterial. A cultura material envolve a parte concreta desta, e é fabricada pelos homens com materiais concretos, portanto exige um certo grau de tecnologia, e também produtos, técnicas, construções, normas e costumes que regulamentam sua utilização. Fazem parte dela os rituais, os cultos, os objetos sagrados (como imagens, objetos dos rituais, textos sagrados, entre outros), oferendas, manifestações, santuários, lugares sagrados, instrumentos, vestes, casas, artes plásticas, etc. Já a cultura imaterial, que envolve a parte espiritual desta, é intangível, não é feita de

substâncias materiais, e têm seus conhecimentos tomados como reais e verdadeiros por todos os membros da sociedade. Fazem parte dela as crenças, a fé, as orações, as preces, os valores, os hábitos, os conhecimentos, as normas, os costumes, as idéias, os comportamentos, as aptidões, os significados, entre outras coisas.

Podemos assim esquematizá-la:

TRABALHO AVALIATIVOTarefa: produzir um pequeno documentário

em vídeo utilizando o “Windows Movie maker” abordando uma manifestação cultural típica da nossa região;

Formato obrigatório do vídeo: “Windows Media Player”

Tempo máximo: 8 minutos;

ATIVIDADE

10) Dê três exemplos de cultura material e

dois exemplos de cultura imaterial que está diretamente ligada a sua cultura.

Cultura capixaba:Dicionário Capixabês

Para o capixaba não tem essa de "mermão", nem de "ô loco"...

- Nada de "meu rei", "barbaridade", "uai", "sô", muito menos "vixe". Capaixaba tem linguajar próprio. Duvida?

Então veja só:- Em qualquer lugar do Brasil, a bola

ESTOURA. Para o capixaba, ela POCA (pronuncia-se "póca", com ênfase no "ó", como pó...) - Por sinal, "pocar" é um verbo que só existe na língua capixabesa.

Eu poço Tu poçasEle poca...Capixaba não vai embora. Ele "poca fora".Outras:Capixaba não rouba, ele "cata".Para o capixaba, um acidente de carro é

uma "chapoletada".Capixaba não desembarca do ônibus, ele

"salta".Capixaba não tem medo de lagartixa, mas

sim de "taruíra".Capixaba não vai ao centro, ele vai À

CIDADE.Capixaba não chama a polícia, chama

"uszomi".

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Capixaba não pega ônibus, pega "buzú".Capixaba não sente agonia, ele sente

"gastura". Capixaba não se estressa, ele fica

INJURIADO.Capixaba não pára no semáforo, pára no

SINAL.Para o capixaba, as coisas não se estragam,

elas "dão tilt".Capixaba não come pão francês, ele come

PÃO DE SAL.Capixaba inicia as frases com "deixa falar..."- Para capixaba, não existe tangerina, e sim

"mixirica".Capixaba não sai à noite. Ele vai "pros rock",

mesmo se "os rock" for techno, axé, pagode...Capixaba não acha Sem graça, ela acha

"palha".Capixaba não BEIJA MULHER, "PEGA (ou

'PANHA)". Capixaba não diz COMO VAI, diz "QUALÉ".Capixaba não fala NÃO, fala "É RUIM,

HEIN!".Capixaba não vai DUPLICAR a rodovia, vai

"ENLARGUECER."Capixaba não fala UM, DOIS, TRÊS E JÁ,

fala "UM, DÓ, LÁ, SI, JÁ."Se você entender pelo menos 3/4 desse

texto, parabéns! Você tem é capixaba.

ATIVIDADE

11) A “linguagem do capixaba” faz parte da cultura material ou imaterial? Justifique sua resposta.

Conceituando: Patrimônio Cultural Imaterial e Material

A Unesco define como Patrimônio Cultural Imaterial "as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas - junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados - que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural."O Patrimônio Imaterial é transmitido de geração em geração e constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo assim para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.

O Patrimônio Material com base em legislações específicas é composto por um conjunto de bens culturais classificados segundo sua natureza nos quatro Livros do Tombo: arqueológico, paisagístico e etnográfico; histórico; belas artes; e das artes aplicadas. Eles estão divididos em bens imóveis como os núcleos urbanos, sítios arqueológicos e paisagísticos e bens individuais; e móveis como

coleções arqueológicas, acervos museológicos, documentais, bibliográficos, arquivísticos, videográficos, fotográficos e cinematográficos.

Fonte: http://portal.iphan.gov.br/

ATIVIDADE

12) Diferencie patrimônio material de patrimônio imaterial. Dê dois exemplos de cada tipo de patrimônio.

13) Dê quatro exemplos de patrimônio imaterial existente em Piúma? Faça o mesmo em relação ao patrimônio material

CULTURA, SUBCULTURA,

CONTRACULTURA

Na Sociologia, Antropologia e estudos culturais, uma subcultura é um grupo de pessoas com características distintas de comportamentos e credos que os diferenciam de uma cultura mais ampla da qual elas fazem parte. A subcultura pode se destacar devido à idade de seus integrantes, ou por sua raça, etnia, classe e/ou gênero, e as qualidades que determinam uma subcultura como distinta podem ser de ordem estética, religiosa, ocupacional, política, sexual, ou por uma combinação desses fatores.

O termo contracultura pode se referir ao conjunto de movimentos de rebelião da juventude que marcaram os anos 60: o movimento hippie, a música rock, uma certa movimentação nas universidades, viagens de mochila, drogas e assim por diante. Trata-se, então, de um fenômeno datado e situado historicamente e que, embora muito próximo de nós, já faz parte do passado. De outro lado, o mesmo termo pode também se referir a alguma coisa mais geral, mais abstrata, um certo espírito, um certo modo de contestação, de enfrentamento diante da ordem vigente, de caráter profundamente radical e bastante estranho às forças mais tradicionais de oposição a esta mesma ordem dominante. Um tipo de crítica anárquica – esta parece ser a palavra-chave – que, de certa maneira, ‗rompe com as regras do jogo‘ em termos de modo de se fazer oposição a uma determinada situação. Uma contracultura, entendida assim, reaparece de

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ATIVIDADE AVALIATIVA EM GRUPO

Produzir um documentário abordando os patrimônios imateriais e materiais de

Piúma.

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tempos em tempos, em diferentes épocas e situações, e costuma ter um papel fortemente revigorador da crítica social.

A partir de todos esse fatos era difícil ignorar-se a contracultura como forma de contestação radical, pois rompia com praticamente todos os hábitos consagrados de pensamentos e comportamentos da cultura dominante, surgindo inicialmente na imprensa, foi ganhando espaço no sentido de lançar rótulos ou modismos.

ATIVIDADE

14) Qual a diferença entre cultura, subcultura e contracultura nas organizações?

15) A partir de suas observações da sociedade local, exemplifique uma manifestação social que pode ser classificada como:

a) Cultura. b) Subcultura c) Contracultura

A Contra-culturaPodemos notar que o

desenvolvimento de costumes vão justamente contra os pressupostos

comungados pela maioria. Foi nesse momento em que passou a se trabalhar com o conceito de “contracultura”, definidor de todas as práticas e manifestações que visam criticar, debater e questionar tudo aquilo que é visto como vigente em um determinado contexto sócio-histórico.

Um dos mais reconhecidos tipos de manifestação contra-cultural aconteceu nas décadas de 1950 e 1960, nos Estados Unidos. Após a saída deste país da Segunda Guerra Mundial, um verdadeiro “baby-boom” foi responsável pelo surgimento de uma nova geração que viveria todo o conforto de um país que se enriqueceu rapidamente. Contudo, ao contrário do que se podia esperar, essa geração desempenhou o papel de apontar os limites e problemas gerados pela sociedade capitalista.

Rejeitando o elogio cego à nação, o trabalho e a rápida ascensão social, esses jovens buscaram um refúgio contra as instituições e valores que defendiam o consumismo e o cumprimento das obrigações. A partir daí foi dado o aparecimento do movimento hippie, que incitou milhares de jovens a cultuarem o amor livre, o desprendimento às convenções e o desenvolvimento de todo um mundo que fosse alternativo ao que fosse oferecido pelo sempre tão criticado “sistema”.

No Brasil, essa ideia de contracultura pode ser observada com o desenvolvimento do movimento hip hop. Embalados pela “beat” eletrônico e letras com rimas ácidas, diversos jovens da periferia dos grandes centros urbanos absorveram um gênero musical estrangeiro para retratar a miséria e violência que se alastravam em várias cidades do país.

Atualmente, essa manifestação se diversificou e protagoniza a realização de diversos projetos sociais que divulgam cultura e educação.

Com respeito ao conceito de contracultura, não podemos simplesmente pensar que ele vá simplesmente definir a existência de uma cultura única e original. Pelo contrário, as manifestações de traço contracultural têm a importante função de revisar os valores absorvidos em nosso cotidiano e, dessa forma, indicar novos caminhos pelo qual o homem trilha suas opções. Assim, é necessário sempre afirmar que contracultura também é cultura!

ATIVIDADE

16) O que é contra-cultura?

17) Dê um exemplo de contra-cultura não apresentado no texto.

CULTURA DE MASSA E INDÚSTRIA CULTURAL

A indústria cultural foi um termo criado por Adorno e Horkheimer, autores da escola de Frankfurt, que

referenciavam este fenômeno ao que também conhecemos como “cultura de massa”, ou seja, a produção em larga escala de elementos da cultura. Ela é um dos frutos do sistema capitalista em que vivemos.

Com o estabelecimento do capitalismo, as cidades vão se transformando em pólos industriais e de importância social. Com isso, a população urbana aumenta e se torna o alvo do mercado e seus integrantes se transformam em consumidores em potencial, o que é conseqüência de um barateamento da mercadoria industrializada, produzida em série.

O mercado, em geral, se dinamiza, atingindo até a esfera cultural que, também, passa a ser transformada em mercadoria.

Você já se perguntou por que os hábitos e até os padrões de beleza sempre mudam? Com a propagação da cultura de massa entra em cena um novo padrão de beleza, uma nova estética que influencia o gosto das pessoas.

O sistema de capital percebe que uma massa emerge e, mais ainda, percebe que além de se produzir mercadorias de consumo geral para essa massa, poderia ser possível produzir, também, e em larga escala, elementos da cultura, transformando-os em mercadorias. Daí o termo cultura de massa ou para as massas, pois a partir do momento que se produz em série para o consumo do povo em geral, para existir um novo padrão de significações na visão de mundo, no que as pessoas pensam, sentem e agem. Sabe aquela propaganda na TV que lhe deixou com uma vontade de tomar um refrigerante bem gelado, em pleno dia de verão?

Ou... Aquele belíssimo carro, aquela casa dos seus sonhos, as roupas da última moda... Os celulares de última geração... Hum... São tantas as emoções e opções expostas e impostas pela mídia!

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Realmente são muitas as opções, no entanto... Tudo o que é produzido pela indústria cultural custa dinheiro, ou seja, podemos “comprar” se tivermos as condições financeiras.

E o capital, onde ele entra em tudo isso? Bom, este por sua vez se apropria das expressões culturais, que podem ser: os jornais, livros, filmes, peças teatrais, músicas, tudo o que possa expressar a cultura de determinado grupo social. E então, ele a transforma em produto para o consumo fazendo com que a dicotomia entre popular e erudito quase se anule, pois a indústria cultural visa a compra e venda de tudo que ela produz, não importando se a burguesia está consumindo um CD de música Funk, originado e tocado nos bailes da periferia.

Quando falamos em cultura e, principalmente em cultura de massa e indústria cultural a coisa não é diferente. O que sempre vai estar em jogo é a manipulação dos valores e padrões estéticos visando ao controle das massas. Contudo, as classes sociais podem ter suas percepções e visões de mundo e também propagá-las.

Indústria cultural é o nome dado à empresas e instituições que trabalham com a produção de projetos, canais, jornais, rádios, revistas e outras formas de descontração, baseadas na cultura, visando o lucro. Sua origem se deu através da sociedade capitalista que transformou a cultura num produto comercializado.

(Lu iz Reg ina ldo S i lva )

Assista ao vídeo “A História das coisas” em:http://www.youtube.com/watch?v=lgmTfPzLl4E

ATIVIDADE

18) O que é cultura de massa? Quem a produz e com qual objetivo?

PROPAGANDA: IDEOLOGIA E MANIPULAÇÃO

Ao assistir à televisão, ler um jornal ou revista, ouvir rádio ou olhar um

cartaz de rua, tem-se a atenção despertada para mensagens que convidam a experimentar um determinado produto ou a utilizar algum serviço. São anúncios que pedem para usar um sabonete, fumar cigarros de certa marca, depositar dinheiro numa caderneta de poupança e inúmeros outros. Outras vezes, embora sem se referir especificamente aos produtos ou serviços, os anúncios mencionam uma determinada empresa ou instituição, falam de sua importância para a sociedade, dos empregos que ela propicia ou de sua contribuição para o progresso do país. Procuram, dessa forma, criar uma imagem positiva da entidade para que se a considere com simpatia. Trata-se, em todos esses exemplos, de

publicidade, também denominada propaganda comercial.

A propaganda eleitoral, geralmente, é realizada em vésperas de eleições. Suas mensagens, veiculadas pelos meios de comunicação ou divulgadas diretamente através de discursos e apelos pessoais, convidam a votar em determinado candidato, enaltecem suas qualidades positivas e informam sobre as obras que realizou no passado e as que irá fazer no futuro, se eleito.

A produção desses anúncios envolve diversas e diferentes etapas. A empresa que deseja aumentar as vendas, o número de usuários de seus serviços, ou o candidato que quer ser eleito, contrata uma agência de propaganda. A partir daí, profissionais especializados passam a estudar cuidadosamente os diversos aspectos que lhes permitam adquirir um perfeito conhecimento da situação. Verificam as características do produto ou serviço, formas de distribuição, preços e informam-se sobre os concorrentes. No caso de candidatos a cargos políticos, analisam suas qualidades, aspectos físicos, idéias que defendem etc. Obtido o maior número possível de informações, a agência passa a investigar os prováveis consumidores ou eleitores. Pesquisa seus hábitos, expectativas, motivações, desejos e todos aqueles elementos necessários para prever as atitudes que poderão assumir em face das propostas a serem apresentadas. Verifica, ainda, os hábitos de leitura, locais que freqüentam, canais de televisão e estações de rádio que preferem e os respectivos horários. De posse de todos esses dados, relativos ao que deve ser anunciado, às pessoas que devem receber as mensagens e aos veículos de divulgação, a agência prepara a campanha. Tem condição, assim, de criar os comerciais e anúncios de forma atrativa e convincente para, em seguida, difundi-los nos locais, veículos e horários mais adequados à consecução dos objetivos que tem em vista.

A pessoa que recebe a comunicação não encontra nenhuma dificuldade em perceber que se trata de propaganda, ou seja, de que existe o fim específico de gerar uma predisposição para a compra ou utilização da serviço, criar uma imagem favorável da empresa ou obter votos. Pode, inclusive, evitar os apelos desligando a TV, mudando a estação do rádio ou simplesmente não prestando atenção.

Há uma outra forma de propaganda que se desenvolve de maneira bem mais complexa. Nos casos até agora mencionados a meta era estimular apenas a prática de um ou alguns atos isolados. Promovia-se, como vimos, a escolha de bens ou serviços de certas empresas ou a opção de voto para o candidato de determinado partido. A propaganda ideológica ao contrário, é mais ampla e mais global. Sua função é a de formar a maior parte das idéias e convicções dos indivíduos e, com isso, orientar todo o seu comportamento social. As mensagens apresentam uma versão da realidade a partir da qual se propõe a necessidade de manter a sociedade nas condições em que se encontra ou de transformá-la em sua estrutura econômica, regime político ou sistema cultural.

Não é mais tão fácil perceber que se trata de propaganda e que há pessoas tentando convencer outras a se comportarem de determinada maneira. As idéias difundidas nem sempre deixam transparecer sua origem nem os objetivos a que se destina. Por trás delas, contudo, existem sempre certos grupos que precisam do apoio e participação de outros para a realização de seus intentos e, com esse objetivo,

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procuram persuadi-los agir numa certa direção. E eles conseguem, muitas vezes, controlar todos os meios e formas de comunicação, manipulando o conteúdo das mensagens, deixando passar algumas informações e censurando outras, de tal forma que só é possível ver e ouvir aquilo que lhes interessa.

Os noticiários de jornais, rádio e televisão e os documentários cinematográficos transmitem as informações como se fossem neutras, mera e simples descrição dos fatos ocorridos. Mas, em verdade, essa neutralidade é apenas aparente, pois as notícias são previamente selecionadas e interpretadas de molde a favorecer determinados pontos de vista. Os filmes de ficção, romances, poesias, as letras de músicas e expressões artísticas de maneira geral parecem resultar da livre imaginação dos mais variados artistas. Todavia, a distribuição a promoção das obras são controladas de modo a só tornar conhecidas aquelas cujo conteúdo não contrarie as idéias dominantes. As denominações de ruas e praças, as placas comemorativas e de sinalização, as estátuas e efígies de pessoas, colocadas nos mais diversos logradouros, aparentemente se destinam apenas a servir de orientação ou a decorar os ambientes. Porém, na maioria dos casos, cuja vida deva servir de exemplo, com o objetivo de que sejam imitadas em benefício da realização dos interesses promovidos pela propaganda. Professores extravasam sua função de transmitir conhecimentos científicos para divulgar concepções comprometidas com certas posições. Líderes religiosos, que se propõe a orientar seus adeptos pelos caminhos da paz espiritual e da salvação eterna, acabam empurrando-os para ações que favorecem lucros materiais e ambições terrenas.

Por toda a parte e em todos os momentos são propagadas idéias que interferem nas opiniões das pessoas sem que elas apercebam isso. Desse modo, são levadas a agir de uma outra forma que lhes é imposta, mas que parece por elas escolhida livremente. Obrigadas a conhecer a realidade somente naqueles aspectos que tenham sido previamente permitidos e liberados, acabam tão envolvidas que não têm outra alternativa senão a de pensar e agir de acordo com o que pretendem delas.

(Nélson Jahr Garcia)

IDEOLOGIA: é um conjunto de idéias, de procedimentos, de valores, de normas, de pensamentos, de concepções religiosas, filosóficas, intelectuais, que possui uma certa lógica, uma certa coerência interna e que orienta o sujeito para determinadas ações, de uma forma partidária e responsável. A ideologia é um poder social invisível que nos força a pensar como pensamos e agir como agimos sem consciência crítica.

ATIVIDADE

19) Dê três exemplos de manipulação exercida pela mídia sobre a sociedade atual.

20) Os noticiários são neutros quanto aquilo que transmitem? Justifique sua resposta.

O papel da mídia no consumismo

Os órgãos midiáticos são os maiores responsáveis pela compulsividade consumista dos últimos tempos. Com propagandas apelativas e com o alto poder de persuasão, a televisão influencia a sociedade à prática do consumismo.

Tal poder de influência da mídia a torna capaz de distorcer ilusoriamente a natureza de certos produtos, transformando o supérfluo em essencial. Esta transformação vem causando uma exagerada valorização material por parte da sociedade, e atribuindo ao homem a necessidade psicológica de comprar mais, e cada vez mais.

A supervalorização material é um grave problema, pois faz com que as pessoas gastem mais do que possuem. Ou pior, muitas vezes é responsável pelo desvio de conduta do homem, pois este passa a priorizar a posse, mesmo que para obtê-la seja necessário ignorar princípios éticos e morais.

A mídia brasileira está recheada de informações fúteis e alienadoras, bem como de vários programas que têm como a finalidade exclusiva de promover a própria emissora. Um bom exemplo é o programa Vídeo Show, que promove as "estrelas" da própria Rede Globo desde o primeiro até o último minuto da exibição.

Uma séria intervenção política, na área da comunicação, é essencial para mudar o quadro de alienação populacional causada pela televisão. Impulsionar o desenvolvimento de programas educativos que conscientizem a população dos problemas sociais e econômicos do país e, ao mesmo tempo, fiscalizar os conteúdos abusivos das propagandas televisivas, são medidas que devem contribuir decisivamente para diminuir o problema do consumismo.

Melhorar este quadro de ignorância populacional é possível, sim, mas é algo que só se concretizará quando o Estado deixar de preocupar-se com o domínio da massa através da alienação, e passar a priorizar o desenvolvimento social, usufruindo primordialmente da educação.

Fonte: http://luizreginaldo.blogspot.com/

Sugestão de Filme: “História das Coisas”Disponível em: http://videolog.uol.com.br/video.php?id_video=353307

ATIVIDADE

21) Dê um exemplo de propaganda que exerce uma forte influência sobre o gosto das pessoas e outro exemplo de propaganda que influencia no comportamento da sociedade.

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22) Qual o principal objetivo dos anúncios de TV?

23) Já observaram que sempre que há um comercial de bebida alcoólica é envolvido neles mulheres bonitas. Qual seria o objetivo dessa ação?

24) Dê um exemplo de ideologia.

25) Com base nas charges (a e b) produza um texto abordando a temática “manipulação da indústria cultural”.

a)

b)

Comportamento - Consumir para sublimar

Algumas pessoas costumam avaliar seu grau de sucesso e mesmo de felicidade, através dos bens materiais que possuem ou através da facilidade e da disponibilidade para comprá-los. É a sociedade consumista incentivando o Ter as coisas e levando pessoas a se sentirem extremamente mal e por baixo, na medida em que não conseguem atender aos apelos consumistas que lhes vêm de

todas as partes.Estes apelos consumistas acabam tentando achatar as necessidades humanas em algumas faixas, padronizando desejos, as aspirações e colocando como condições única de bem estar a aquisição daquele apetrecho que se encontra em moda.Com isso, as necessidades passam a ser impostas de fora para dentro, de uma forma massacrante. Muitas vezes, as pessoas nem questionam as imposições sociais, mas dentro delas nasce o conflito entre as necessidades interiores e autênticas e as exteriores, impostas.Um dos dois pólos tem que ser esmagado para o outro sobreviver e, infelizmente, a força social e a demanda consumista parecem falar mais alto.Aliado a isso, as próprias dificuldades pessoais fazem com que as pessoas se voltem mais para a aquisição de coisas que lhes proporcionarão mais prazer. Como o relacionamento com os outros não lhes está sendo uma fonte de prazer, passam a comprar esse prazer em forma de casa bonita, carro novo, roupas, jóias etc.

Talvez, aí, possa estar uma explicação para o fato de pessoas lutarem tanto para conseguir alguma coisa e, quando conseguem, desinteressam-se imediatamente. Ter como guia necessidades e valores impostos de fora para dentro levam, no mínimo, a uma grande decepção, quando não levam a depressão e a falta de motivação para a luta e para a vida.

SANDRA STELA GRECO, psicóloga.

A Influência da Mídia Sobre os Padrões de Beleza

Os padrões de beleza é um assunto polêmico e gerador de controvérsias, o que se vê nos dias atuais são mulheres insatisfeitas com sua imagem e atrativos físicos.

O que ocorre é que estes padrões mexem com o psicológico das mulheres, pois fica claro o conflito, não sabem como se valorizar pelos pensamentos e atitudes, pois existe uma influência acirrada que impõe padrões magérrimos fazendo-as acreditar, cada vez mais, que só serão bem aceitas pela sociedade se aproximando dos mesmos.

Esses padrões são definidos pelas propagandas na TV e em revistas. Isto é resultante de uma mídia capitalista que bombardeiam tantas informações de forma que a mulher chega até mesmo a esquecer sua individualidade e a natureza da beleza.

Os resultados desta forte influência são notórios, como a obsessão pela magreza, as dietas, a malhação, a cirurgia plástica, a moda, os produtos de beleza, todos vendidos pela mídia.

O que fica claro é o mito existente dentro destes padrões “vendidos”, uma vez que estas mulheres são magérrimas, vivem em prol da beleza, ganham milhões para terem corpos esbeltos; o que difere bastante da realidade da mulher moderna que precisa sair para o mercado de trabalho, se desdobrarem entre suas várias funções e ainda lidar com a cobrança interna e externa exigidas por esses padrões.

Para fugir desses padrões, que às vezes agridem tanto o aspecto físico quanto o emocional, talvez seja necessário que as pessoas ressignifiquem

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seus conceitos de beleza, priorizando seus pontos fortes, afim de, descobrir sua beleza natural.

Patrícia Lopes - Equipe Brasil Escola

Fonte: http://www.brasilescola.com/sociologia/a-influencia-midia-sobre-os-padroes-beleza.htm

Globalização cultural: imperialismo ou diversidade?

“O impacto cultural da globalização foi alvo de muita atenção. Imagens, idéias, produtos e estilos disseminam-se hoje em dia pelo mundo inteiro de uma forma muito mais rápida. O comércio, as novas tecnologias de informação, os meios de comunicação internacionais e a migração global fomentaram um fluxo sem restrições de cultura que transpõe as fronteiras das diversas nações. Muitas pessoas defendem que vivemos hoje numa única ordem de informação – uma gigantesca rede mundial, onde a informação é partilhada rapidamente e em grande quantidade. (…)

Segundo estimativas, centenas de milhões de pessoas do mundo inteiro assistiram ao filme Titanic, em salas de cinema ou em vídeo. Estreado em 1997, o Titanic conta a história de um jovem casal que se apaixona a bordo do fatídico navio transoceânico, e é um dos filmes mais populares de sempre. O Titanic quebrou todos os records de bilheteira, acumulando mais de 1,8 mil milhões de dólares de receitas provenientes de salas de cinema em cinquenta e cinco países diferentes. Quando da estréia do filme, formaram-se em muitos países filas de centenas de pessoas para comprar bilhete, e as sessões estavam permanentemente esgotadas (…)

O filme é um dos muitos produtos culturais que conseguiu quebrar as fronteiras nacionais e dar origem a um fenómeno de verdadeiras proporções internacionais. (…)

Uma razão que explica o sucesso de Titanic é o facto do filme reflectir um conjunto particular de ideias e valores com que as assistências pelo mundo fora conseguiam identificar-se. Uma das temáticas centrais do filme é a da possibilidade do amor romântico vencer as diferenças de classe social e as tradições familiares. Embora este ideal seja, de uma forma geral, aceite na maior parte dos países ocidentais, ainda não prevalece em muitas outras regiões do mundo. O sucesso de uma película como o Titanic reflete a mudança de atitudes em relação a relacionamentos pessoais e casamentos, por exemplo, em partes do mundo onde os valores mais tradicionais têm prevalecido. No entanto, pode dizer-se que o Titanic, tal como muitos outros filmes ocidentais, contribui para essa mudança de valores. Os filmes e programas de televisão produzidos no Ocidente, que dominam as mídias mundiais, tendem a avançar uma série de agendas políticas, sociais e econômicas que refletem uma visão do mundo especificamente ocidental. Alguns preocupam-se com o fato da globalização estar a conduzir à criação de uma ‘cultura global’, em que os valores dos mais ricos e poderosos – neste caso, os estúdios de cinema de Hollywood – se sobrepõem à força dos hábitos e das tradições locais. De acordo com esta perspectiva, a globalização é uma forma de ‘imperialismo cultural’, em que os valores, os estilos e as perspectivas ocidentais são divulgados de um

modo tão agressivo que suprimem as outras culturas nacionais.

Outros autores, pelo contrário, associaram os processos de globalização a uma crescente diferenciação no que diz respeito a formas e tradições culturais. Ao contrário dos que insistem no argumento da homogeneização cultural, estes autores afirmam que a sociedade global se caracteriza atualmente pela coexistência lado a lado de uma enorme diversidade de culturas. Às tradições locais, junta-se um conjunto de formas culturais adicionais provenientes do estrangeiro, presenteando as pessoas com um leque estonteante de opções de escolha de estilos de vida. Estaremos a assistir à fragmentação de formas culturais, e não à formação de uma cultura mundial unificada. As antigas identidades e modos de vida enraizados em culturas e em comunidades locais estão a dar lugar a novas formas de ‘identidade híbrida’, compostas por elementos de diferentes origens culturais. Deste modo, um cidadão negro e urbano da África do Sul atual pode permanecer fortemente influenciado pelas tradições e perspectivas culturais das suas raízes tribais, mas simultaneamente adaptar um gosto e um estilo de vida cosmopolitas – na roupa, no lazer, nos tempos livres, etc. – que resultam da globalização.”

Fonte: Anthony Giddens, Sociologia, 5ª edição, F. C. Gulbenkian, 2007, Lisboa, pp. 64-65.

Atividade26) Descreva em poucas palavras a

globalização cultural.

27) Dê exemplos ilustrativos da globalização cultural diferentes dos exemplos dados pelo autor.

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Segundo trimestre

Unidade 2: Identidade Cultural e Multiculturalismo

IDENTIDADE

O termo "identidade" reapareceu tanto no vocabulário das ciências sociais como na linguagem corrente. Um pouco por todo o lado

fala-se de "crise das identidades" sem se saber bem o conteúdo desta expressão: dificuldades de inserção profissional dos jovens, aumento da exclusão social, mal-estar face às mudanças, desagregação das categorias que servem para se definir a si próprio e para definir os outros... Como em qualquer período que se segue a uma crise econômica de grande dimensão, a incerteza quanto ao futuro domina todos os esforços de reconstrução de novos quadros sociais: os do passado já não são pertinentes e os do futuro ainda não estão estabilizados.

A identidade de alguém é, no entanto, aquilo que ele tem de mais precioso: a perda de identidade é sinónimo de alienação, de sofrimento, de angústia e de morte. Ora, a identidade humana não é dada, de uma vez por todas, no ato do nascimento: constrói-se na infância e deve reconstruir-se sempre ao longo da vida. O indivíduo nunca a constrói sozinho: ela depende tanto dos julgamentos dos outros como das suas próprias orientações e autodefinições. A identidade é um produto de sucessivas socializações.

Entre as múltiplas dimensões da identidade dos indivíduos, a dimensão profissional adquiriu uma importância particular. Porque se tornou um bem raro, o “emprego” condiciona a construção das identidades sociais; porque sofreu importantes mudanças, o trabalho apela a subtis transformações identitárias; porque acompanha intimamente todas as mudanças do trabalho e do emprego, a “formação” intervém nas dinâmicas identitárias muito para além do período escolar.

(DUBAR, Claude. A Socialização Construção das Identidades Sociais. Porto Editora. Lisboa. Portugal. 1997)

ATIVIDADE

28) O que é identidade? Qual sua importância?

EthosEthos, na Sociologia, é uma

espécie de síntese dos costumes de um povo ou grupo social. O termo indica, de

maneira geral, os traços característicos de um grupo, do ponto de vista social e cultural, que o diferencia de outros. Seria assim, um valor de identidade social.

A palavra ethos tem origem grega e significa valores, ética, hábitos e harmonia. É o "conjunto de hábitos e ações que visam o bem comum de determinada comunidade". Embora constitua uma criação humana, tal expressão normativa pode ser simplesmente observada, como no caso das ações por hábito, ou refletida a partir de um distanciamento consciente. Nesse caso, adentramos o terreno da ética enquanto discurso racional sobre o ethos.

Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.

ATIVIDADE

29) O que é ethos? Dê um exemplo.

30) Defina, em suas palavras, o que é identidade.

Minorias

Com o crescimento cada vez maior da globalização, as culturas vêm sofrendo alterações comprometendo

as identidades culturais. É uma espécie de “rotulação” mundial da cultura ou uma globalização cultural.

Na sociedade consumista os meios de comunicação em massa determinam o que devemos comer vestir, assistir, ouvir, usar, comprar, entre outras imposições.

Diante da “padronização” cultural, existem no mundo vários grupos com práticas culturais,

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Trabalho de campoApós escolher um ethos realize um

estudo de campo a partir de entrevistas e observações, a fim de, produzir um trabalho apresentando as principais características culturais do ethos estudado.

O trabalho deverá ser apresentado com auxílio de Data Show.

Em grupo de no máximo 5 alunos.Sugestões de Ethos: Pescadores; Funkeiros; Patricínhas; Capoeiristas; Emo; Rockeiros.

Page 14: Apostila de sociologia 3° ano

religiosas peculiares, são grupos diferentes denominados de minorias, correspondem a grupos ou nações que lutam por seus ideais, o primeiro luta pelo respeito e cidadania, o segundo aspiram por sua independência territorial, cultural, religiosa e política, para defender os interesses de suas peculiaridades.

Mas as minorias não são compostas apenas de nações reivindicando sua independência territorial, existem as minorias inseridas em praticamente todas as sociedades. A situação de exclusão e/ou discriminação provoca o surgimento de organizações que buscam dignidade e respeito através de ações políticas.

Podemos exemplificar vários grupos de minorias, como os homossexuais, os sem terra, os sem teto, as feministas e os povos indígenas, todos eles tem seus motivos para lutar, todos eles são minorias dentro das sociedades, no fim todos querem o mesmo, ser respeitados.

ATIVIDADE

31) Dê dois exemplos de minorias que sofrem preconceitos?

32) Dê um exemplo de minorias organizadas em busca de dignidade e respeito.

PRECONCEITO

Preconceito é uma postura ou idéia pré-concebida, uma atitude de

alienação a tudo aquilo que foge dos “padrões” de uma sociedade. As principais formas são: preconceito racial, social e sexual.

O preconceito racial é caracterizado pela convicção da existência de indivíduos com características físicas hereditárias, determinados traços de caráter e inteligência e manifestações culturais superiores a outros pertencentes a etnias diferentes. O preconceito racial, ou racismo, é uma violação aos direitos humanos, visto que fora utilizado para justificar a escravidão, o domínio de alguns povos sobre outros e as atrocidades que ocorreram ao longo da história.

Nas sociedades, o preconceito é desenvolvido a partir da busca, por parte das pessoas preconceituosas, em tentar localizar naquelas vítimas do preconceito o que lhes “faltam” para serem semelhantes à grande maioria. Podemos citar o exemplo da civilização grega, onde o bárbaro (estrangeiro) era o que "transgredia" toda a lei e costumes da época. Atualmente, um exemplo claro de discriminação e preconceito social é a existência de favelas e condomínios fechados tão próximos fisicamente e tão longes socialmente. Outra forma de preconceito muito comum é o sexual, o qual é baseado na discriminação devido à orientação sexual de cada indivíduo.

O preconceito leva à discriminação, à marginalização e à violência, uma vez que é baseado unicamente nas aparências e na empatia.

ATITUDES, PRECONCEITOS E

ESTERIÓTIPOS

O preconceito seja ele do tipo que for, é um atestado de insegurança, de autoritarismo, de absolutismo intelectual, enquadrando automaticamente em categorias classificatórias e pejorativas tudo aquilo que represente diferença. No fundo, viver em democracia está na proporção direta do quanto somos pessoal e coletivamente capazes de superar os nossos medos.

O esteriótipo é simplesmente o "rótulo" com que costumamos classificar certos grupos de pessoas, e é muito mais comum do que possa parecer. É introduzido no seio da sociedade e se agrega a psique das pessoas por meio de anedotas, frases feitas, "adágios", contos populares etc, pois, desde a mais tenra idade, as pessoas são condicionadas a acreditar que certos grupos de pessoas estão ligados a determinados atributos ou características. Este condicionamento, ou esta verdadeira lavagem cerebral, ocorre as vezes de forma bastante despretensiosa quando as pessoas, por exemplo, afirmam convictamente ou em tom de gracejo que "o negro é malandro", "o negro só sabe jogar bola e sambar", "o português é burro", "o judeu é negociante e é capaz de vender qualquer coisa", "o negro quando não erra na entrada, erra na saída", "as mulheres só têm jeito para cuidar de crianças, velhos e pessoas doentes", "as mulheres bonitas são burras", "as mulheres não são boas para comandar porque são excessivamente emotivas", "as mulheres só conseguem alcançar o topo da carreira seduzindo", "os baianos não gostam de trabalhar", "o carioca é malandro", "o brasileiro procura levar vantagem em tudo" etc.

(Otávio B. Lopes)

Sugestão de música: “Racismo é burrice” de Gabriel, o Pensadorhttp://www.youtube.com/watch?

v=MDaB8muAANc

ATIVIDADE

33) Comente a frase: "A BASE DO PRECONCEITO É O DESCONHECIMENTO SOBRE O FATO, OU SOBRE O OUTRO".

34) O que é esteriótipo? Dê dois exemplos não empregados no texto.

35) O piumense possui um esteriótipo próprio? Qual?

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Texto complementar: Anti-semitismo

Anti-semitismo é a ideologia de aversão cultural, étnica e social aos judeus. O termo foi utilizado pela primeira vez pelo escritor anti-semita Wilhelm Marr, em 1873, surgindo como uma forma de eufemizar a palavra alemã "Judenhass", que significava “ódio aos

judeus”. Ao pé da letra, o termo “anti-semita” é errôneo, visto que os árabes também são“semitas”, descendentes de Sem, filho de Noé. No entanto, a palavra se refere unicamente ao povo judeu. Desde o fim do século XI, os judeus eram segregados na Alemanha, embora o anti-semitismo em si tenha surgido a partir da década de 1870.

Durante anos, foi criado na Alemanha, no entanto em uma intensidade menor, o sentimento de que os judeus eram os responsáveis pelos males ocorridos no país. O diplomata, escritor e filósofo francês Arthur de Gobineau, um dos maiores teóricos do racismo, afirmava que os judeus eram inferiores aos arianos, tanto moral quanto fisicamente. Essa ideologia encontrou seu ponto máximo no nazismo. Em seu livro “Mein Kamff”, Adolf Hitler traçou o perfil dos judeus: um povo parasita, incorporado ao organismo de outros povos. Segundo ele, eram um povo explorador, que vivia do trabalho dos outros e da exploração econômica, visando apenas o lucro, nunca o bem da comunidade.

A forte e eficiente propaganda nazista fez com que a população alemã tomasse ódio pelos judeus, assim, as pessoas foram convencidas de que eliminá-los era conveniente para a nação. Como consequência de uma ideologia bem trabalhada, todas as tensões sociais eram canalizadas para a questão anti-semita.

Em 1933, foi aprovada uma lei que deixava os judeus fora da proteção da legislação. Dessa forma, os mesmos passaram a ser presos de forma legal e confinados em campos de concentração sem nenhum motivo. No fim da Segunda Guerra Mundial, cerca de 6 milhões de judeus (dois terços da população da Europa) haviam sido mortos.

Fonte: www.mundoeducacao.com.br/

Reportagem: Avanço do neonazismo

preocupa alemãesPor GEORGES MARION, Tradução de Clara Allain

18/10/2004

Com 9,2% do total de votos, o partido alemão NPD conquistou 12 lugares no Parlamento da Saxônia, em setembro.

Ao conquistar 12 lugares no Parlamento da Saxônia (com 9,2% dos votos) em setembro, o partido neonazista alemão, o NPD, provocou consternação em todo o país.

Peter Marx, um de seus dirigentes, não faz mistério em relação ao feito: a chegada à Saxônia dos neonazistas do Partido Nacional-Democrata da Alemanha (Nationaldemokratische Partei Deutschlands, ou NPD) foi tudo, menos improvisada.

Ela foi preparada como uma operação militar, com a definição do alvo, estudo do terreno, plano de ação, mobilização dos meios. Alguns anos mais tarde, o resultado está aí para quem quiser ver: pela primeira vez em sua história, o NPD entrou para o Parlamento Regional do Estado da Saxônia.

No dia 19 de setembro, 19.087 votos (ou seja, 9,2% do total) aprovaram 12 deputados neonazistas, provocando consternação na Alemanha e no resto da Europa. O NPD só tivera resultados semelhantes uma única vez antes, em 1969, em Baden-Wurttemberg. Depois disso o partido praticamente desapareceu do cenário político oficial, no qual acaba de reaparecer, depois de 35 anos de resultados eleitorais medíocres.

“Milhares de activistas de extrema-esquerda e militantes neonazis semearam o caos na cidade alemã de Dresden” (Euronews, 10/02/2010).

“Depois de um longo inquérito as autoridades alemãs passam finalmente à acção. Uma série de buscas tiveram lugar na madrugada desta terça-feira em quatro estados, no domicílio de líderes de numa organização de extrema-direita que se fazia passar por uma associação de defesa do ambiente, alvo de investigação desde há alguns meses. A HDJ – Associação da Juventude fiel à pátria, para quem judeus e estrangeiros são uma ameaça para a nação, foi ilegalizada, tinha como projecto criar uma elite neo-nazi e edoutrinava crianças dos 8 aos 14 anos. O ministro do Interior faz questão de assinalar que o governo “está decidido a combater o neo-nazismo, a extrema direita e a xenofobia” (Euronews, 31/03/2009).

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Atividade de pesquisa:Qual era o contexto social da Alemanha quando o nazismo de Hitler assumiu o poder? Há alguma semelhança com a atual situação desse país? Em caso afirmativo, relacione-as.

Sugestão de leitura inicial para a atividade de pesquisa:http://www.espacoacademico.com.br/046/46andrioli.htm

Page 16: Apostila de sociologia 3° ano

Multiculturalismo

A cultura, como vista anteriormente, explicita as relações entre homens, a natureza e o processo

de sua transformação. Explicita também as relações dos homens entre si no interior de uma sociedade e entre sociedades diferentes, e ainda a produção simbólica de valores que dão sentido às relações vividas entre o homem e a sociedade.

Logo, se a cultura diz respeito aos significados socialmente produzidos, ela pode sobreviver e se manter sem a sociedade. A sociedade desaparece, mas a cultura que se produziu permanece através de sua produção remanescente. O oposto, porém, não ocorre: não há sociedade sem cultura, pois a cultura faz parte da vida social e das relações entre os homens.

Um exemplo disso foi a cultura grega na antiguidade. A Grécia clássica quando vivia seu apogeu foi dominada por Roma. A política e a sociedade “sucumbiram” ao poder romano, mas a cultura perdurou fascinando e influenciado os povos com os quais estabelecia contato.

Assim, quando falamos de Brasil, temos que pensar no contexto histórico em que se configurou o que hoje se chama de cultura brasileira. O contexto histórico aqui referido é o período colonial cuja sociedade compunha-se, sobretudo, de brancos, índios e negros. É neste contexto que a sociedade e a cultura se constituem.

Desde a origem do país, portanto, possuímos uma formação social diversa, onde a diferença fica a cargo das relações sociais desenvolvidas entre os grupos.

Nesse sentido, estes grupos desde o início desenvolveram formas próprias de se alocar na sociedade colonial, maneiras particulares de se expressar, o que acaba por produzir a diferenciação na vida social. A cultura enquanto dimensão da vida social, do processo social, é um produto coletivo, envolvendo essas maneiras diversas de viver dentro da sociedade. Portanto, desde a sua origem, a sociedade brasileira se caracteriza como plural, no sentido étnico e cultural.

Com a abolição da escravatura e a conseqüente proclamação da república, a relação entre dominação e subordinação não desaparece. As estruturas coloniais se mantêm então nas figuras do patrão e do trabalhador livre. O que muda é a relação de trabalho, modernizada, porquanto seu conteúdo continue o mesmo. O emprego do trabalho livre não afeta a mudança do conteúdo da relação.

Portanto, é no capitalismo agrário da Colônia e do Império que a base da cultura brasileira é formada. Durante a República, mantém-se a tradição conservadora moldada em um estado liberal que limita e marginaliza a participação da população na gestão política. Entre os anos 30 e 40, consolida-se a sociedade urbano-industrial, emergindo uma nova tradição cultural que acaba por romper com o capitalismo agrário, mas sem superá-lo, contudo.

O processo de modernização dessa sociedade é desigual, difundindo-se a idéia de uma cultura de elite e uma cultura popular, construindo-se uma pseudo desigualdade em relação à cultura.

Apesar de cada fração da sociedade desenvolver sua cultura, cabe lembrar que as realidades sociais dessas diversas expressões culturais obedecem às determinações do sistema capitalista.

A particularidade identitária dos grupos sociais e suas ações sofrem determinações econômicas, institucionais e ideológicas da sociedade da qual fazem parte.

Portanto, os diferentes grupos sociais criam soluções culturais, configurando, dessa forma, particularidades e possibilidades dentro do sistema cultural.

Como dito anteriormente, o Brasil é um país plural e este é o caráter da sociedade e da cultura brasileira. Assim, quando se pensa uma cultura particular como a nossa, a existência de uma variedade de formas culturais expressa realidades diferentes, ligadas à intensa diversidade interna do país.

Em nosso país, a diversidade é bastante complexa, pois envolve culturas das sociedades que vivem no interior da sociedade nacional, como os indígenas, até a cultura de grupos sociais locais, que vivem tradicionalmente no campo, ou a cultura de agrupamentos religiosos, que vivem no meio urbano, por exemplo.

Essa diversidade de cultura interna da sociedade brasileira envolve modos diversos de viver que devem ser estudados e relativizados sem etnocentrismos, o que auxiliará a compreensão das diversas culturas e o conseqüente respeito a elas, superando os preconceitos advindos das diferenças.

Assim, é preciso ter claro que a diversidade interna de expressões culturais não pode ser considerada isoladamente. É o caso da cultura indígena, que constitui a expressão mais radical da nossa diversidade interna: uma vez que ela se associa interna e externamente aos processos sociais mais amplos de nossa sociedade moderna.

As discussões sobre diferença cultural, combate ao preconceito e respeito a cidadania começaram a se tornar alvo de discussões a partir dos anos 60 nos EUA e no Canadá, porém foi se fortalecendo à medida que o processo de globalização foi se espalhando pelo mundo, a partir da integração das economias, dos meios de comunicação de massa e das políticas governamentais.

Como podemos ver a seguir diversos foram os grupos que começaram a se formar em torno de alguma causa ligada a estes aspectos – cidadania, preconceito, reconhecimento: Esses grupos reivindicam uma política de reconhecimento, tanto de suas diferenças, das suas várias identidades, como de suas desvantagens e desigualdades sociais, decorrentes da discriminação social de gênero, de raça, de orientação sexual e de origem regional, mas essas reivindicações não têm ocorrido apenas no Brasil. Trata-se de um movimento mundial. (Mortari, 2002, p.55)

Tais movimentos nos mostram a necessidade de se discutir e respeitar o direito a diferença, seja étnica, sexual, religiosa, ou social, mas os mesmos também servem de alerta, pois uma vez que se fazem presentes na nossa realidade apontam a existência de conflitos. É possível ver nos noticiários, a todo momento, conflitos em e entre diversos países do mundo sustentados por questões ligadas ao desrespeito a diferença. E é em luta pelo respeito a diferença e as suas especificidades culturais que muitas instituições vêm desenvolvendo ações embasadas no multiculturalismo.

Você já entendeu então o significado desta palavra, tão ouvida atualmente? Você sabe o que é multiculturalismo?

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Trata-se de uma série de ações institucionais desenvolvidas na sociedade civil (a população organizada em associações, sindicatos, centros comunitários etc.) e nos diversos níveis de poder da República, ações voltadas para a compreensão do problema das diferenças e para a elaboração de projetos capazes de fazer frente aos mecanismos que permitem a reprodução das desigualdades. A palavra multiculturalismo é um termo típico do contexto do mundo globalizado e constitui um dos mecanismos para lutar contra toda forma de intolerância e em favor de políticas públicas capazes de garantir os direitos civis e básicos a todos (Mortari, 2002).

Mas não pense que são só maravilhas e que tais organizações não sofrem represálias, ameaças, ou que não são fruto de combate. No próprio EUA, onde se deu início a tais idéias, a resistência e a oposição é muito forte, uma vez que este país é símbolo da aplicabilidade das idéias liberais – de “igualdade e liberdade”.

Mas daí você pode se perguntar: mas qual o problema ou o que tem de errado num país que considera todos iguais e livres? O problema é que não somos todos iguais, temos referenciais culturais muito particulares e a partir do momento que temos liberdade de fazermos o que quiser podemos invadir o terreno do “outro”, muitas vezes diferente, a partir de atitudes hostis a este “outro”.

ATIVIDADE

36) Defina multiculturalismo.

37) Por que a cultura é vista como um produto coletivo?

38) De acordo com o texto anterior, como superar o preconceito advindo das diferenças existentes no Brasil?

CONFERÊNCIA DE ABERTURA NO

SEMINÁRIO “IDENTIDADE E DIVERSIDADE CULTURAL – PARA UMA CULTURA DA CONVIVÊNCIA

DO DIVERSO”Por Gilberto Gil*

(...) A cultura não é uma estrutura definida e cristalizada, mas um processo, um fluxo contraditório. A cultura é sinônimo de transformação, de invenção, de fazer e refazer, de ação e reação, uma teia contínua de significados e significantes que nos envolve a todos, e que será sempre maior do que nós, por sua extensão e sua capacidade de nos abrigar, surpreender, iluminar e - por que não? - identificar.

As culturas são como rios, como disse o antropólogo Marshall Sahlins, pois não se pode mergulhar duas vezes nas mesmas águas, porque

elas estão sempre mudando. Então, culturas se criam, alteram-se e se resignificam, ou seja, se reinventam. E quanto maior for o grau de partilha, mais democrática, criativa e tolerante será nossa sociedade. E assim se afirma a noção de diversidade.

Neste sentido, é normal que, num dado momento do seu desenvolvimento, uma sociedade seja levada a abandonar ou a modificar esta ou aquela forma tradicional de sua cultura, à medida em que esta não responde mais às aspirações que deveria satisfazer. Não fazer esta modificação seria levar a cultura à esclerose e ao imobilismo e, portanto, condená-la a uma inevitável decadência. O que se designa pelo termo de identidade cultural é, assim, o produto de um incessante vai e vem entre dois pólos: a resistência e a adaptação.

E essa diversidade de idéias, pontos de vistas, estilos de abordagem e formas de argumentação, é que vai plasmando a nova ou as novas identidades que a vida concreta propõe, ela mesma, em seu cotidiano. É o que se passa aqui nestes encontros, a afirmação da diversidade intelectual que necessariamente deve haver para que uma esfera pública aconteça no dia de hoje. O maior resultado é tornar visível e audível uma série de vozes e discursos que não apenas os chancelados pelos cursos universitários ou pelos cadernos culturais da mídia, mas que podem trazer uma grande vitalidade a esses meios que se tornaram, por inúmeras razões, lugares especializados ou restritivos.

O que temos aqui é uma proliferação de enunciados e lugares de enunciação. Mais do que reconhecer a existência de muitas vozes é necessário gerar as condições para que elas tomem da palavra e se valham do sentido que querem verbalizar, isso pela sua própria iniciativa e risco, sem precisar pedir permissão ou ter que se adequar a formatos e espaços determinados, linguagens ou modalidades de expressão.

No mundo de hoje já não basta apenas o reconhecimento, como há anos atrás se reivindicava; não é só o lugar de legitimação em que um indivíduo ou um povo passa a existir de forma consentida e que é objeto da tolerância dos demais. Precisamos construir também os lugares em que esses sujeitos fazem-se e tornam-se sujeitos. Tenho a certeza que o modo mais pleno de auto-afirmação que há é aquele que faculta a palavra, a capacidade de um sujeito anunciar e enunciar o seu lugar e sentido (...).

As diferenças como desafio político

Silvio Antonio Colognese

1. INTRODUÇÃOA política é uma atividade complexa. Não

existem receitas prontas para o seu exercício competente. A sua qualificação depende das respostas que ela dá aos desafios da sociedade. Neste sentido, um dos grandes desafios políticos da atualidade é como lidar com as diferenças. A existência de diferenças culturais, étnicas, econômicas, de gênero, históricas e identitárias é uma realidade antiga e indiscutível. A novidade são as reivindicações dos grupos portadores destas diferenças por um tratamento político especial e privilegiado. Esta não é uma questão simples de

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resolver. O problema é como conciliar a legitimidade destas reivindicações com os postulados democráticos e liberais de igualdade de tratamento dos cidadãos na esfera pública. Em outros termos, o desafio político é como responder as exigências de tratamento desigual para quem o privilegiamento político é a única alternativa para a promoção da sua igualdade. (...).

2. AS DIFICULDADES PARA LIDAR COM A DIFERENÇA

A humanidade apresenta uma dificuldade histórica para lidar com as diferenças. A atitude mais comum das pessoas diante das diferenças em quase todas as sociedades e épocas tem sido a etnocêntrica. Este talvez seja um dos comportamentos de maior unanimidade jamais existentes (Rocha, 1984).

(...). Pelo etnocentrismo não se aceita que o diferente de nós possa viver da sua própria maneira. Por isso é um preconceito negativo em relação ao diferente, por que ignora que outros grupos humanos podem viver de maneira diferente da nossa.(...) o diferente de nós tem somente duas alternativas: deixar de existir ou se tornar igual a nós.

Vejamos alguns exemplos de manifestação da atitude etnocêntrica:

(...); * Certos segmentos religiosos tradicionais consideram as outras igrejas como seitas exploradoras da boa fé das pessoas, como uma enganação e um desvio da verdadeira fé;

* Para alguns indivíduos racistas, os negros e os índios são considerados uma degeneração racial, pessoas portadoras de uma inferioridade natural;

(...) * Certas pessoas do meio urbano consideram o homem do campo como grosseiro e atrasado;

* Determinados habitantes do sul do Brasil consideram os nordestinos como preguiçosos e despreocupados com o futuro;

(...) O comportamento etnocêntrico não leva em consideração a grande diversidade de normas e práticas culturais, identidades e opções de vida que existem na humanidade. Senão vejamos ainda os seguintes exemplos:

“É norma socialmente reconhecida entre nós que devemos cuidar dos nossos pais e de familiares quando atingem uma idade avançada; os Esquimós deixam-nos morrer de fome e de frio nessas mesmas condições. Algumas culturas permitem práticas homossexuais enquanto outras as condenam (pena de morte na Arábia Saudita). Em vários países muçulmanos a poligamia é uma prática normal, ao passo que nas sociedades cristãs ela é vista como imoral e ilegal. (...). Em certos países a pena de morte vigora, ao passo que noutras foi abolida; algumas tribos do deserto consideram um dever sagrado matar após terríveis torturas um membro qualquer da tribo a que pertenciam os assassinos de um dos seus” (Rodrigues, 2003. In: Sampaio, 2007).

Assim, o diferente existe: é uma realidade concreta, abrangente e indiscutível. O que se deve perguntar é como lidar com o diferente, como se comportar diante do diferente! E isto depende de como explicamos o outro, o diferente de nós. O etnocentrismo é apenas uma maneira preconceituosa de se comportar diante da diferença. No entanto, existem outras explicações e comportamentos possíveis. Eles dependem de como respondemos a seguinte questão: por que existem as diferenças

entre pessoas e grupos humanos? É o que procuramos desenvolver na seqüência.

3. EXPLICAÇÕES PARA A EXISTÊNCIA DO DIFERENTE

A Antropologia pode ser considerada a principal área do conhecimento que busca conhecer o diferente. Em sua trajetória de pesquisas, ela produziu diversas explicações para a existência do diferente, como condição para a superação do etnocentrismo. Cada uma delas leva a um determinado comportamento em relação aos outros, os diferentes de nós! Vejamos três destes passos dados pela Antropologia (sugeridos por Rocha, 1984) e que podem levar a superação do etnocentrismo, pela relativização das diferenças.

O PRIMEIRO PASSO: diante do espanto, da perplexidade e da violência que caracterizaram a atitude etnocêntrica dos europeus diante das diferenças encontradas nos novos mundos descobertos pelas grandes navegações, um dos primeiros passos em relação à relativização é representado pela explicação evolucionista.

Para os evolucionistas as diferenças se devem aos variados níveis de evolução em que se encontram os povos. Mas qual seria o medidor capaz de atestar o estágio mais avançado ou atrasado de um povo em relação aos outros?

Quais seriam os critérios de evolução capazes de atestar e hierarquizar os povos entre si? Historicamente a Europa elegeu a si mesma como a expressão maior da evolução, classificando os outros povos como inferiores (bárbaros ou primitivos).

Esta concepção evolucionista se reproduz em outros níveis e situações, de forma que a sociedade do ‘nós’ sempre é percebida como o estágio mais avançado, e a sociedade dos ‘outros’ (diferentes), como representando estágios mais atrasados de evolução. Assim, para os evolucionistas, o outro é diferente por que é atrasado, não evoluído. Logo, o diferente é inferior a nós. Diante disso, a solução para o diferente é progredir, ou seja, trilhar o mesmo caminho seguido pelos povos evoluídos.

(...) O SEGUNDO PASSO: chamado de pensamento ‘difusionista’, foi desenvolvido a partir das idéias do antropólogo Franz Boas. Ele percebeu a importância de considerar cada cultura em sua particularidade. Para ele, cada grupo produz uma cultura própria, que é única e especifica. Nenhuma cultura é superior e nem inferior a outra: apenas diferente.

A partir desta relativização inicial, novos desenvolvimentos destas idéias foram realizados pelos seus seguidores.

O primeiro considera que o ambiente geográfico e físico onde as pessoas vivem, influencia a sua cultura. Por isso, o diferente existiria como uma resposta especifica de cada grupo ao ambiente onde vive. O outro seria diferente por que vive em um ambiente diferente, onde os desafios, os problemas e o modo-de-ser exigidos são particulares. Por exemplo, o ambiente de uma favela levaria ao desenvolvimento de uma cultura diferente do ambiente do meio rural. O ambiente de um deserto levaria ao desenvolvimento de uma cultura diferente de um ambiente montanhoso e gelado.

O segundo considera que as diferenças culturais se devem a personalidade, ao caráter e ao temperamento dos indivíduos de cada grupo. Assim, por exemplo, os descendentes de cada povo carregariam consigo traços próprios de personalidade que os fariam diferentes uns dos outros. Por isso as

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diferenças seriam decorrentes da personalidade própria de cada povo ou grupo social.

O terceiro entende que as diferenças culturais se devem aos diferentes sentidos carregados pela linguagem de cada grupo. Considera que as falas (linguagem) de cada grupo são maneiras diferentes de ver o mundo e de dar sentido a vida e as coisas que nos cercam. E estes sentidos são incomparáveis entre si. São simplesmente diferentes, nem melhores e nem piores! Consequentemente, o que faz sentido em uma cultura, parece um absurdo para a outra. Assim, neste segundo passo, há uma relativização do etnocentrismo. Este passo foi importante por que descartou a idéia de que o diferente possa ser simplesmente considerado como inferior. . Vamos a ele.

TERCEIRO PASSO: (...) A situação presente de um povo não precisa ser explicada necessariamente pelo passado. Isto para permitir que a sociedade do outro se mostre tal como ela realmente é. Ou seja, o outro (o diferente) precisa ser pensado em seus próprios termos. A diferença entre a sociedade do eu e a sociedade do outro deixa de ter na hierarquia a sua regra de comparação. Cada sociedade tem uma lógica própria de ser e existir: é nestes termos particulares que ela deve ser compreendida e explicada.

Nesta mesma direção, o Sociólogo Durkheim complementa que o social existe independentemente do individuo. O ‘fato social’ é uma realidade que pressiona o individuo com uma autonomia que o submete a sua lógica, independente da sua vontade particular. Ele se estende por todo o grupo onde ele acontece e ninguém pode se excluir do seu envolvimento. E isto não depende do querer e nem do poder do individuo. (...) Cada sociedade é única: nem melhor e nem pior, nem superior e nem inferior. (...) o outro emerge como alternativa possível de ser e de viver. Cada diferente é mais uma possibilidade de ser humano. O método de ‘Estudo de Campo’ que propõe, exige ir em direção ao outro, adentrar em seus mundos, mergulhar em seus universos de sentido. Com isso, a diferença se torna possibilidade de ser e de existir.

Superar o etnocentrismo e contemplar as diferenças de toda ordem é um dos grandes desafios políticos da atualidade. É o que desenvolvemos na seqüência.

4. A DIFERENÇA COMO DESAFIO POLÍTICO

O percurso do etnocentrismo em direção à relativização das diferenças, embora com particularidades, também foi realizado pela cultura moderna ocidental.

Tanto que a exaltação da diferença é uma das características marcantes na sociedade atual. Esta valorização da diferença acontece em um ambiente em que a esfera do político se encontra em profunda crise. Crise que se expressa por uma baixa freqüência relativa às urnas eleitorais em todo o mundo, pelo desinteresse da maioria das pessoas pelos partidos políticos, pela desconfiança de muitos cidadãos para com as instituições políticas e pelo desprezo generalizado dos cidadãos pelos políticos.

Através da esfera cultural, a dinâmica deste espaço vem assumindo crescentemente feições que a definem como sendo multicultural.

A caracterização desta dinâmica como multicultural decorre exatamente do enfraquecimento do Estado Nação e da multiplicação dos fluxos e encontros entre as diferenças no ambiente

globalizado. Por isso, a sociedade multicultural é um conceito descritivo que visa caracterizar um espaço real, no qual existe e convive uma série de identidades diferentes. Esta diversidade se refere em primeiro lugar a existência de diversas nações com uma língua e uma história própria, convivendo no interior da mesma comunidade política. Em segundo lugar se refere à existência de diversos grupos étnicos no interior dos estados nações, gerados pela imigração voluntária ou forçada. Em terceiro lugar se estende ainda aos diferentes movimentos sociais e de reivindicação de identidades particulares como: feministas, gays, lésbicas, negros, índios, portadores de deficiências e excluídos em geral.

Assim, no ambiente globalizado as características do espaço e a sua dinâmica são crescentemente influenciadas pelos fatores econômico e cultural, em detrimento do político. Já a dinâmica social na atualidade é marcada pela valorização crescente da diferença em detrimento da igualdade. E esta valorização da diferença desafia as sociedades a redefinir o que devem fazer em termos políticos em relação a ela.

Particularmente nas sociedades democráticas liberais, este desafio suscitado pela crescente valorização das diferenças tem renovado as polêmicas em torno da cidadania a partir dos anos 1990. (...).

O modelo político liberal serve de base para muitas constituições clássicas, como as dos Estados Unidos e do Brasil. No modelo liberal há uma clara distinção entre as esferas pública e privada da vida coletiva. A esfera publica se refere aos direitos e deveres cívicos e políticos dos indivíduos, como: o respeito às leis, o pagamento de impostos, o exercício do direito de voto e a liberdade de expressão e de locomoção. Na medida em que o individuo obedece a estes direitos e obrigações ele se torna cidadão. É nesta condição que ele tem acesso ao espaço público. Como cidadão, ele se encontra num plano de igualdade absoluta com seus semelhantes, pois o espaço público é neutro e homogêneo, um espaço cego às diferenças. Mas as diferenças não são ignoradas. Elas são confinadas na esfera privada da vida coletiva.

A esfera privada inclui as decisões morais, as crenças religiosas, a orientação sexual, os comportamentos e preferências de cada um etc. Nele as diferenças são incentivadas, desde que não comprometam os direitos e deveres de cada cidadão. Assim, o confinamento das diferenças à esfera privada da vida, é indispensável para que a esfera pública possa preservar o tratamento igualitário a todos. Por isso, apenas os comportamentos privados que comprometem os direitos e deveres de cada cidadão é que devem ser punidos.

A crescente exaltação das diferenças na sociedade atual é acompanhada

de uma crítica ao modelo político liberal, pela corrente comunitarista (...). Estas críticas negam que o espaço público liberal esteja aberto a todos e que exista igualdade de fato entre os indivíduos. (...) Com isso, dimensões que são decisivas na existência de muitas pessoas na atualidade são excluídas do espaço público liberal. Consequentemente, o espaço público liberal seria incapaz de responder satisfatoriamente as aspirações de reconhecimento e de consideração das diferenças.

Com isso argumentam que a suposta igualdade entre os cidadãos, que o modelo liberal pretende assegurar, não passa de uma grande enganação. Isto por que esta igualdade seria apenas

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formal, administrativa e legal. A igualdade não seria real por que não se aplicaria as desigualdades econômicas, culturais, sociais, étnicas e de identidade que de fato existem entre as pessoas. Assim, por exemplo, o direito igual de todos os cidadãos de acesso à educação, à saúde, à habitação etc não passa de uma fantasia. Embora formalmente iguais, na realidade os indivíduos são profundamente diferentes em relação a estas numerosas dimensões da vida. O que é real é a profunda diferença existente entre os indivíduos. A igualdade seria fantasiosa e enganadora.

Por isso os críticos do modelo político liberal consideram indispensável o reconhecimento da diferença como uma realidade fundamental. Este reconhecimento, para além da atitude etnocêntrica, faz com que a garantia dos direitos de cidadania destes ‘diferentes’, pressuponha a adoção de políticas diferenciadas voltadas para a promoção da sua igualdade real. Ou seja, o desafio político diante da valorização das diferenças passa a ser o de responder as exigências de tratamento diferenciado que emergem do interior da sociedade civil. Por exemplo:

* Como responder as reivindicações dos negros por um sistema de cotas para o ingresso nas universidades públicas?

* Como responder as exigências de reservas de vagas de trabalho para portadores de deficiências?

* Como responder as exigências de reconhecimento dos direitos aos indivíduos com opções sexuais homossexuais, lésbicas e gays?

* Como responder as reivindicações de tratamento especial aos povos indígenas?

* Como responder a reivindicação de tratamento diferenciado das parcelas excluídas da sociedade, como: desempregados (seguro desemprego); famílias carentes (programas de renda mínima); comunidades das favelas e bairros pobres?

* Como responder as reivindicações feministas contra as diversas formas de discriminação (delegacias especiais da mulher etc)?

* Como responder às reivindicações de respeito às diferenças étnicas, culturais e religiosas (nos currículos escolares, na legislação)?

* Enfim, como assegurar que indivíduos desiguais sejam tratados de maneira desigual?

Esta não é uma questão simples de se resolver. O problema é como conciliar o reconhecimento destas especificidades (diferenças), com os postulados democráticos e liberais de igualdade de tratamento para todos. (...).

E a justiça na concepção política liberal não pode depender de critérios morais.

Mas por outro lado para enormes parcelas da sociedade, o reconhecimento da diferença e a proposição de políticas específicas de privilegiamento e justiça, são indispensáveis para o seu tratamento igualitário. Reconhecer a diferença é superar a indiferença, que é a negação e o desinteresse pelo outro. Promover a igualdade é superar a desigualdade. Diferença e igualdade representam o pólo positivo na promoção da justiça social..

(...) A política precisa superar a concepção liberal tradicional, para que a igualdade real ocupe o lugar hoje ocupado pela igualdade formal. Sem isso, a legitimidade e a força da política certamente continuarão perdendo vigor na sociedade atual, na qual a exaltação da diferença ganha valor a cada dia. Mais importante que a promoção da igualdade formal, a política precisa perseguir a justiça social. E isto não

ocorre sem que se conjuguem as diferenças e a igualdade. Superar a desigualdade e a indiferença, promovendo a igualdade e a diferença. Este é o grande desafio.

Debate em salaQuestões a serem discutidas:

A existência de cotas para negros em universidades;

A existência de cotas em empregos para portadores de deficiência física;

Adoção de crianças por casais homossexuais;

A liberação de cultos afrodescendentes em praças púbicas (candomblé, por exemplo).

Ao fim do debate elaborar um texto a partir se suas principais conclusões alcançadas com o debate.

Bullying na EscolaPor Thais Pacievitch

Bullying é um ato caracterizado pela violência física e/ou psicológica, de forma intencional e continuada, de um individuo, ou grupo contra outro(s) individuo(s), ou grupo(s), sem motivo claro.

A palavra “Bullying” é de origem inglesa. No Brasil, a palavra “Bullying” é utilizada

principalmente em relação aos atos agressivos entre alunos e/ou grupos de alunos nas escolas. Até pouco tempo, o que hoje reconhecemos como Bullying, era visto como fatos isolados, “briguinhas de criança”, e normalmente família e escola não tomavam atitude nenhuma a respeito.

Atualmente o Bullying é reconhecido como problema crônico nas escolas, e com conseqüências sérias, tanto para vitimas, quanto para agressores.

As formas de agressão entre alunos são as mais diversas, como empurrões, pontapés, insultos, espalhar histórias humilhantes, mentiras para implicar a vitima a situações vexatórias, inventar apelidos que ferem a dignidade, captar e difundir imagens (inclusive pela internet), ameaças (enviar mensagens, por exemplo), e a exclusão.

Entre os meninos, os tipos de vitimação são mais de cunho físico. Ainda que não efetivada a agressão, os agressores costumam ameaçar, meter medo em suas vitimas.

Já as meninas agressoras costumam espalhar rumores mentirosos, ou ameaçarem e espalharem segredos para causar mal estar.

As ameaças podem vir acompanhadas de extorsão, chantagem para obter dinheiro, sobretudo com alunos de 5ª e 6ª série.

Tanto vitimas, quanto agressores podem sofrer conseqüências psicológicas desta situação de abuso, porém o que normalmente acontece, é que

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todas as atenções dos responsáveis (pais e professores) se voltem para o agressor, visto como um marginal em potencial, e a vitima é esquecida.

O Bullying atrapalha inclusive a aprendizagem, sendo que normalmente os agressores são as crianças com maior porcentagem de reprovação.

Os casos de agressão, que acontecem por um período maior devem ser encaminhadas para atendimento psicológico.

Intimidação entre alunos não é brincadeira e pára na Justiça

25/08/2008 - 00h00 (Outros - A Gazeta)

Elisangela Bello

[email protected]

Quem nunca se sentiu envergonhado ou sem vontade de voltar à escola por causa da implicância constante de um colega? Mais que briguinha entre alunos, essa situação pode chegar ao extremo da agressão física e ir parar na Justiça. O nome dado a essa prática - bullying nn - ainda confunde pais e mesmo os professores, mas as conseqüências do problema são cada vez mais conhecidas no ambiente escolar: intolerância, preconceito e violência.

Na semana passada, no Distrito Federal, uma escola foi condenada a indenizar uma mãe por não ter dado a devida atenção à agressão sofrida por uma aluno de apenas 8 anos.

Aqui no Estado também há casos em que o bullying ultrapassa os muros da escola e pára nos registros dos conselhos tutelares e até nas Varas de Infância. "O ideal seria que pudéssemos fazer um trabalho preventivo, mas quando o caso chega aqui já está no extremo", explica a conselheira tutelar de Vitória, Ísis Lugon Neves.

Quem pratica o bullying contra um colega, em geral, tem alguma vantagem sobre ele. É mais forte ou articulado e tenta depreciar o outro a todo custo, sem motivo aparente. Para a vítima, as conseqüências podem ser graves. "Ela perde a motivação para ir à escola, não tem amigos, tem prejuízo na aprendizagem, pode até sofrer com depressão", explica a professora da FDV e PHD em Sociologia do Direito, Gilsilene Passon.

Para ela, o que agrava a situação é a falta de preparo de muitas escolas para lidar com o problema. "Esse não é um tema presente na formação dos professores. Noto um desconhecimento também das formas de prevenir o bullying."

Apesar das conseqüências graves para a vítima, ela não é a única que sofre. "Numa escola que visitei, foi contratado um psicólogo também para tratar os agressores que, em geral, escondem angústias, sofrem de carência afetiva, de ausência de limites e por isso tentam sobressair de alguma forma", explica.

Na opinião de Gilsilene, a palavra de ordem é vigilância. "Pais e escola devem estar atentos, se informar sobre o assunto, agir em parceria."

ATIVIDADE

39) O que é Bullyng?

40)Você já praticou bullyng? Relate como ocorreu.

41) Você já foi vítima de bullyng? Relate sua experiência.

42)Quais as conseqüências da prática do bullyng?

43) Você concorda que a culpa de práticas de bullyng se restringe a escola, como afirmou Gilsilene Passon? Justifique sua resposta.

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Terceiro trimestreUnidade 4: Movimentos sociais

contemporâneos

Participação PolíticaPor Renato Cancian

Conforme o contexto histórico, social e político, a

expressão "participação política" se presta a inúmeras interpretações. Se considerarmos apenas as sociedades ocidentais que consolidaram regimes democráticos, por si só, o conceito pode ser extremamente abrangente.

A participação política designa uma grande variedade de atividades, como votar, se candidatar a algum cargo eletivo, apoiar um candidato ou agremiação política, contribuir financeiramente para um partido político, participar de reuniões, manifestações ou comícios públicos, proceder à discussão de assuntos políticos etc.

Níveis de participação políticaO conceito de participação política tem seu

significado fortemente vinculado à conquista dos direitos de cidadania. Em particular, à extensão dos direitos políticos aos cidadãos adultos. Sob essa perspectiva, podemos delimitar três níveis de participação política.

O primeiro nível de participação pode ser denominado de presença. Trata-se da forma menos intensa de participação, pois engloba comportamentos tipicamente passivos, como, por exemplo, a participação em reuniões, ou meramente receptivos, como a exposição a mensagens e propagandas políticas.

O segundo nível de participação pode ser designado de ativação. Está relacionada com atividades voluntárias que os indivíduos desenvolvem dentro ou fora de uma organização política, podendo abranger participação em campanhas eleitorais, propaganda e militância partidária, além de participação em manifestações públicas.

O terceiro nível de participação política será representado pelo termo decisão. Trata-se da situação em que o indivíduo contribui direta ou indiretamente para uma decisão política, elegendo um representante político (delegação de poderes) ou se candidatando a um cargo governamental (legislativo ou executivo).

Ideal democráticoTomando por base sociedades

contemporâneas que consolidaram regimes democráticos representativos (países da Europa Ocidental, América do Norte e Japão), o ideal democrático que emergiu nessas sociedades supõe cidadãos tendentes a uma participação política cada vez maior. Contudo, numerosas pesquisas sociológicas na área apontam que não há correlação entre os três níveis de participação política considerados acima. Ademais, a participação política envolve apenas uma parcela mínima dos cidadãos.

A forma mais comum e abrangente de participação política está relacionada à participação

eleitoral. É um engano, no entanto, supor que haja, com o passar dos anos, um crescimento ou elevação dos índices desse tipo de participação.

Mesmo em países de longa tradição democrática, o ato de abstenção (isto é, quando o cidadão deixa de votar) às vezes atinge índices elevados (os Estados Unidos são um bom exemplo). Em outros casos, porém, quando a participação nos processos eleitorais chega a alcançar altos índices de participação, isso não se traduz em aumento de outras formas de participação política (o caso da Itália é um bom exemplo).Fonte: http://educacao.uol.com.br/sociologia

Poesia: O Analfabeto PolíticoO pior analfabeto é o

analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não

sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.

Bertolt Brecht

ATIVIDADE

44) O que é participação política?

45) A participação Política é importante para a sociedade? Por quê?

46) Quais os níveis de participação política?

Formas de Governo

Governo, na acepção de Queiroz Lima, é o conjunto de funções pelas quais, é assegurada a ordem jurídica

no Estado. Este elemento estatal apresenta-se sob várias modalidades, quanto a sua origem, natureza e composição resultando nas diversas formas de governo.

Três aspectos do direito público interno devem

ser considerados preliminarmente: a) segundo a origem do poder, o governo

pode ser de direito ou de fato;b) pela natureza das suas relações com os

governados, pode ser legal ou despótico e;c) quanto à extensão do poder, classifica-se

como constitucional ou absolutista.

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Governo de direito é aquele que foi constituído de conformidade com a lei fundamental do Estado, sendo, por isso, positivo. Subordinando-se ele próprio aos preceitos jurídicos como condição de harmonia e equilíbrio sociais.

Governo despótico (ao contrário do governo legal) é aquele que se conduz pelo arbítrio dos detentores eventuais do poder, oscilando ao sabor dos interesses e caprichos pessoais.

Governo Constitucional é aquele que se forma e se desenvolve sob a égide de urna Constituição, instituindo o poder em três órgãos distintos e assegurando a todos os cidadãos a garantia dos direitos fundamentais, expressamente declarados.

Governo Absolutista é o que concentra todos os poderes num só órgão. O regime absolutista tem suas raízes nas monarquias de direito divino e se explicam pela máxima do cesarismo romano que dava a vontade do príncipe como fonte da lei.

Classificação de Aristóteles:Aristóteles enquadrava em dois grupos as

formas de governo: normais (aquelas que têm por objetivo o bem da comunidade) e anormais (aquelas que visam somente vantagem para os governantes).

As formas normais, também denominadas formas puras, segundo a classificação de Aristóteles, ainda geralmente aceita, são as seguintes:

a) Monarquia – governo de uma só pessoa;

b) Aristocracia – governo de uma classe restrita;

c) Democracia – governo de todos os cidadãos.

A essas formas normais de

governo correspondem, respectivamente, as três seguintes, consideradas anormais: tirania, oligarquia e demagogia.

Coube a Montesquieu trazer à doutrina aristotélica os retoques da metafísica: a monarquia caracteriza-se pela Honra, a aristocracia pela Moderação e a democracia pela Virtude. Faltando a qualquer das formas normais de governo o respectivo princípio básico, ela se degenera, caindo na forma anormal correspondente.

Alguns autores acrescentam à tríade aristotélica uma Quarta expressão: a Teocracia, tendo por forma anormal correspondente a Cleocracia (governo despótico dos sacerdotes).

Entendemos, porém, que a teocracia é simplesmente uma modalidade de aristocracia ou oligarquia, assim como a chamada plutocracia. A classe governante pode ser formada por nobres, sacerdotes, detentores do poder econômico ou qualquer outro grupo social privilegiado, formando uma aristocracia dominante.

Fenelon sintetizou o pensamento dominante no espaço e no tempo sobre o tema: “a corrupção pode ser idêntica em todas as formas de governo; o principal não é o regime em si, mas a virtude na execução dele”.

MONARQUIA E REPÚBLICA Maquiavel, consagrado como fundador da

ciência política moderna, substituiu a divisão tríplice de Aristóteles pelo dualismo: Monarquia e República (governo da minoria ou da maioria)

Colocou o problema nos seus exatos termos pois aristocracia e democracia não são propriamente formas de governo, mas, sim, modalidades intrínsecas de qualquer das duas formas básicas monárquica ou republicana.

O governo renova-se mediante eleições periódicas – estamos diante da forma republicana; o governo é hereditário e vitalício – está caracterizada a monarquia.

Queiroz Lima enumera as seguintes características da forma monárquica: a) autoridade unipessoal; b) vitaliciedade; c) hereditariedade; d) ilimitabilidade do poder e indivisibilidade das supremas funções de mando; e) irresponsabilidade legal, inviolabilidade corporal e sua dignidade. Evidentemente, essas são as características das monarquias absolutistas, mas há também as monarquias limitadas, cujas conotações essenciais e comuns são apenas duas hereditariedade e vitaliciedade.

A forma monárquica não se refere apenas aos soberanos coroados; nela se enquadram os consulados e as ditaduras (governo de uma só pessoa).

Por outro lado, as características essenciais da forma republicana são:

a) Eletividade, eb) temporariedade. AbsolutaA Monarquia pode ser: de estamentos Limitada Constitucional Parlamentar

Aristocrática (governo de elites)A República pode ser: Direta Democrática Indireta Semidireta

Monarquia Absoluta é aquela em que todo o poder se concentra na pessoa, do monarca. Exerce ele, por direito próprio, as funções de legislador, administrador e supremo aplicador da justiça. Age por seu próprio e exclusivo arbítrio, não tendo que prestar contas dos seus atos senão a Deus. 0 monarca absolutista justifica-se pela origem divina do seu poder. O Faraó do Egito, o Tzar da Rússia, o Sultão da Turquia, o Imperador da China, diziam-se representantes ou descendentes dos Deuses. Na crença popular da origem sobrenatural do poder exercido pelos soberanos coroados repousou a estabilidade das instituições monárquicas desde a mais remota antigüidade até ao limiar da Idade Moderna. Entre as monarquias absolutistas se incluem o cesarismo romano, o consulado napoleônico e certas ditaduras latino-americanas.

São limitadas as monarquias onde o poder central se reparte admitindo órgãos autônomos de funções paralelas, ou se submete às manifestações da soberania nacional.

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Destacam-se três tipos de Monarquias limitadas: a) de estamentos; b) constitucional; c) parlamentar.

MONARQUIA DE ESTAMENTOS, também denominada por alguns autores como Monarquia de braços, é aquela onde o Rei descentraliza certas funções que são delegadas a certos elementos da nobreza, reunidos em cortes ou órgãos semelhantes que funcionam como desdobramento do poder real. Geralmente, eram delegadas a tais órgãos estamentários, funções de ordem tributária. A Monarquia de estamentos é forma antiga, típica do regime feudal. Os exemplos mais recentes foram a Suécia e o Mecklemburgo, tendo esta última perdurado até 1918.

MONARQUIA CONSTITUCIONAL é aquela em que o Rei só exerce o poder executivo, ao lado dos poderes legislativo e judiciário, nos termos de uma constituição escrita. Exemplos: Bélgica, Holanda, Suécia e Brasil Império.

MONARQUIA PARLAMENTAR é aquela em que o Rei não exerce função de governo. O Rei reina, mas não governa, segundo a fórmula dos ingleses. O poder executivo é exercido por um Conselho de Ministros (Gabinete) responsável perante o Parlamento.

O rei se atribui um quarto poder - Poder Moderador - com ascendência moral sobre o povo e sobre os próprios órgãos governamentais, um "símbolo vivo da nação, porém sem participação ativa no funcionamento da máquina estatal. É exatamente a forma decorrente da adoção do sistema parlamentar no Estado Monárquico. O Rei preside a nação, não propriamente o governo.

República é o governo temporário e eletivo.Existirá República toda vez que o poder em

esferas essenciais do Estado, pertencer ao povo ou a um parlamento que o represente. (Machado Paupério).

A República pode ser aristocrática ou

democrática. REPÚBLICA ARISTOCRÁTICA é o governo

de uma classe privilegiada por direitos de nascimento ou de conquista. É o governo dos melhores, no exato sentido do termo, pois a palavra aristoi não corresponde a nobreza, mas a escol social, isto é, os melhores da sociedade. Atenas e Veneza foram repúblicas aristocráticas.

A República aristocrática pode ser direta ou indireta, conforme seja o poder do governo exercido diretamente pela classe dominante, em assembléias gerais, ou por delegados eleitos, em assembléia representativa. Teoricamente, admito-se também a forma semidireta.

REPÚBLICA DEMOCRATICA é aquela em que todo poder emana do povo. Pode ser direta, indireta ou semidireta.

Na REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DIRETA governa a totalidade dos cidadãos, deliberando em assembléias populares, como faziam os gregos no antigo Estado ateniense.

O governo popular direto se reduz atualmente a uma simples reminiscência histórica. Está completamente abandonado, em face da evolução social e da crescente complexidade dos problemas governamentais.

A REPÚBLICA DEMOCRÁTICA INDIRETA,

ou REPRESENTATIVA, é a solução racional, apregoada pelos filósofos dos séculos XVII e XVIII e concretizada pela Revolução Francesa. Firmado o

princípio da soberania nacional e admitida a impraticabilidade do governo direto, apresentou-se a necessidade irrecusável de se conferir, por via do processo eleitoral, o poder de governo aos representantes ou delegados da comunidade. É o que se denomina sistema representativo, que estudaremos nos pontos seguintes, quanto as suas diversas modalidades.

Na República Democrática Indireta (ou Representativa) o poder público se concentra nas mãos de magistrados eletivos, com investidura temporária e atribuições predeterminadas. Sob este ponto de vista, definiu Rui Barbosa: “República não é coexistência de três poderes, mas a condição que, sobre existirem os três poderes constitucionais: Legislativo, o Executivo, e o Judiciário. Os dois primeiros derivam, realmente, de eleição popular”. Efetivamente, os órgãos componentes dos Poderes Legislativo e Executivo devem ser eleitos pelo povo, por via de sufrágio universal. No tocante ao Poder Judiciário, sua composição tem obedecido ao princípio da nomeação, pelos dois outros poderes de natureza eletiva, sob o fundamento, de certo modo razoável, de que os atos desse poder, mais do que os dos dois outros, são essencialmente funcionais, isto é, decorrem da vontade da lei e não do arbítrio dos magistrados.

Não obstante, o provimento das magistraturas componentes do poder judiciário é assunto que merece destaque. A efetividade é a regra, em face da verdadeira doutrina republicana democrática. As mais adiantadas democracias do mundo adotam, pelo menos em parte, o princípio da eletividade. Isso ocorreu aqui mesmo no Brasil, ao tempo do segundo Império, contribuindo para o conceito de que o Império foi mas democrático do que a República. A eletividade dos magistrados implica a temporariedade das funções. A temporariedade, por sua vez, leva a uma eficiência constante, afastando em grande parte os inegáveis inconvenientes da vitaliciedade.

REPÚBLICA DEMOCRÁTICA SEMIDIRETA. Entre a solução originária da democracia direta e o regime representativo, surge uma terceira expressão denominada democracia semidireta ou mista. Consiste esse sistema em restringir o poder da assembléia representativa, reservando-se ao pronunciamento direto da assembléia geral dos cidadãos os assuntos de maior importância, particularmente os de ordem constitucional.

Esse sistema é adotado atualmente na Suíça e em alguns Estados da federação norte-americana. A constituição da República alemã de Weimar, de 1o

de agosto de 1919, que foi imitada pela Prússia, Áustria e Checoslováquia, antes do advento dos "Estados Novos" de feição autocrática, foi um modelo de sistema semidireto.

A delegação de poderes, neste sistema, é feita com as devidas restrições, de tal sorte que os problemas considerados de vital importância nacional são decididos pelo próprio povo por processos típicos de democracia direta, como o referendum, a iniciativa popular, o veto popular, etc.

Em todos os casos de conflito entre os poderes do Estado, reforma constitucional, ratificação de tratados ou convenções internacionais, empréstimos externos, modificações territoriais, declaração de guerra ou tratado de paz, leis de magno interesse nacional etc. decide o povo em última instância.

Sem embargo das objeções de ordem técnica que pesam em contrário, o sistema misto se apresenta na atualidade qual porto de salvação no

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mar bravio em que navega o barco da democracia representativa. Os Estados Unidos da América do Norte introduzem cada vez mais no sistema institutos de democracia direta. O Brasil mesmo, pela constituição de 1946, adotou o plebiscito, em tudo semelhante ao referendum, para a solução dos casos de divisas internas, administrativas ou judiciárias, subordinando as decisões das câmaras representativas ao pronunciamento das populações interessadas. E excelência teórica da medida foi confirmada pela prática.

Fonte: http://www.loveira.adv.br/material/tc6.htm

ATIVIDADE47) Qual a diferença entre

governo de direito e governo despótico? Dê um exemplo de cada um deles dentro da história do Brasil.

48) Diferencie: a) Monarquia de República;b) Monarquia Parlamentar de

Monarquia Constitucional;c) Democracia Indireta de Democracia

Semi-direta;d) Democracia Indireta de Democracia

Direta.

49) Em sua opinião, qual o tipo ideal de democracia? Direta, Indireta ou Semidireta?

PoliarquiaPor Renato Cancian

Como avaliar um regime democrático?Poliarquia é um conceito que surgiu no

âmbito da ciência política americana, criado por Robert Dahl para designar a forma e o modo como funcionam os regimes democráticos dos países ocidentais desenvolvidos (ou industrializados).

O conceito de poliarquia tem o mérito de permitir que a ciência social efetue uma análise mais realística dos regimes democráticos existentes, uma vez que, a partir desse conceito, torna-se possível estabelecer "graus de democratização" e, desse modo, avaliar e comparar os regimes políticos.

Parâmetros de análiseAs categorias de análise básica que

fundamentam o conceito de poliarquia se referem a "participação política" e "competição política". A participação política envolve a inclusão da maioria da população no processo de escolha dos líderes e governantes; enquanto que a dimensão da competição política envolve a disputa pelo poder político que pode levar ao governo.

A partir dos dois parâmetros de análise mencionados é possível avaliar o grau de democracia de um regime ou sistema político. Quanto maior a inclusão dos cidadãos no processo de escolha dos líderes e governantes (extensão do direito de voto) e quanto mais grupos dentro de uma sociedade

competirem pelo poder político, mais democrática é essa sociedade.

Uma democracia atinge seu grau máximo de desenvolvimento (poliarquia) quando o direito de voto abrange a maioria da população e quando a competição pelo poder político envolve grupos distintos, que têm, no entanto, as mesmas chances de chegar ao governo.

Tipologia dos regimes democráticosÉ importante ressaltar que o conceito de

poliarquia formulado por Dahl está fortemente baseado na concepção shumpeteriana de democracia, que se refere aos estudos pioneiros de Joseph Alois Schumpeter (1883-1950).

Dentro da perspectiva schumpeteriana, a democracia que vigora no mundo moderno pode ser definida como um arcabouço institucional que estabelece regras que definem quem está apto a participar do processo político para escolha dos governantes e quais os meios de disputa do poder político. O modelo schumpeteriano de democracia também é chamado de "modelo procedimental" ou modelo de "democracia formal".

No seu livro intitulado Poliarquia: participação e oposição, Dahl adota plenamente o modelo procedimental de democracia e apresenta uma tipologia de sistemas e regimes democráticos que permite a consecução de uma análise comparativa.

As definições de Dahl são as seguintes:a) hegemonias fechadas: regimes

em que a disputa pelo poder é baixa e a participação política é limitada;

b) hegemonias inclusivas: regimes em que a disputa pelo poder é baixa, mas a participação política é mais extensa;

c) oligarquias competitivas: regimes em que a disputa pelo poder é alta, mas a participação política é limitada;

d) poliarquias: regimes em que a disputa pelo poder é alta e a participação política é ampla.

Dahl também formula hipóteses acerca das condições mais favoráveis para que um sistema político não-democrático ou com baixo grau de democracia caminhe em direção a um sistema poliárquico. Neste sentido, o autor considera que há mais chances da democracia se desenvolver quando a dimensão da competição política precede a dimensão da inclusão política.

Dentro desta perspectiva, um sistema de limitada inclusão, mas com elevado grau de competição e tolerância à oposição e contestação política tem mais chances de se transformar numa poliarquia, pois quando a inclusão política ocorrer o sistema político já terá institucionalizado os procedimentos democráticos de disputa pelo poder.

Fonte: http://educacao.uol.com.br/sociologia/poliarquia-conceituacao.jhtm

ATIVIDADE

50) Defina, em suas palavras, a Poliarquia.51) Segundo Dahl, quais os tipos de

regimes democráticos?

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Construção da Cidadania: Conceito de Cidadania

(...) Na democracia grega dos séculos V e IV a.C., cidadão era o membro da cidade-estado que participava ativamente na gestão dos assuntos que diziam respeito a todos. Portanto, para os Gregos, cidadania era a expressão do direito e dever de governar, fundados na qualidade de homem livre e na relação de pertença à polis. Porém, na democracia grega, a cidadania:

• Era uma prerrogativa dos homens livres • Excluía as mulheres, os estrangeiros e os escravos; • Pressupunha uma participação ativa e efetiva (conceito de cidadania ativa) Na Roma antiga, o conceito de cidadania

traduz o reconhecimento jurídico de inclusão. Assim, cidadão era o indivíduo que estava submetido e protegido pelas leis do Império. As concepções políticas liberais, originadas a partir da Revolução Francesa, dão expressão à cidadania moderna. A cidadania moderna é o reconhecimento universal (isto é, a todos os indivíduos, independentemente de etnia, religião, sexo, etc.) em condições de igualdade política e jurídica, do direito de integração e de participação numa comunidade. No século XX, com os movimentos sociais e a luta em prol do reconhecimento de direitos humanos universais, recupera-se a concepção de cidadania ativa, isto é, o reconhecimento universal do direito e do dever de participação política, exigindo que os indivíduos e o Estado assumam os seus deveres e responsabilidades.

Fonte: BARBOSA, Jorge. Democracia e Cidadania. Disponível em: www.cebrap.org.br

ATIVIDADE

52) Quais as diferenças entre a cidadania moderna e a cidadania da Grécia Antiga?

Juventude e participação social

Ao longo da História da Cultura Ocidental, a participação dos jovens era desconsiderada nos movimentos e transformações sociais ocorridas ao longo do tempo. A “voz da juventude” foi por muito tempo reclusa aos olhos de uma sociedade conservadora que, na maioria das vezes, ligava o jovem à imaturidade, ignorância e subserviência familiar. No entanto, a partir da segunda metade do

século XX, esse cenário começou a sofrer consideráveis transformações.

A partir da década de 1960, intensas manifestações culturais e políticas juvenis indicavam que o papel do jovem começava a ter outro lugar. Nesse período, podemos destacar a ação do movimento hippie, que se contrapôs aos valores morais de sua época pregando ideais de “paz e amor”, criticando a sociedade de consumo e realizando intensa oposição à Guerra do Vietnã. Embalados pelo prazer, o uso de alucinógenos e o rock’n’roll mostraram o novo lugar da juventude.

Com o esvaziamento desse primeiro movimento, a geração hippie deu lugar a uma juventude mais conservadora que não mais se simpatizava com a ação transgressora da geração anterior. Os chamados yuppies da década de 1980, mediante a expansão do capitalismo e a competitividade do mercado de trabalho, começaram a estudar cada vez mais cedo, buscando uma carreira profissional proeminente acompanhada do tão sonhado conforto material.

A consolidação de um mundo cada vez mais integrado pelo processo de globalização provocou uma nova onda de movimentos juvenis que se colocam contra a própria sociedade que o exclui. O movimento punk é um claro exemplo de ação juvenil calcada pela crítica de um sistema que visa padronizar comportamentos em torno de um mundo cada vez mais atrelado aos resultados imediatos e à eficiência. Em contrapartida, essa reação à globalização também trouxe outras conseqüências.

A juventude nascida na década de 1980 integra, de acordo com alguns estudiosos e analistas, a chamada geração “Z”. O uso desta letra vem do termo inglês “zapping”, ou seja, dar “uma volta”. Essa tal volta, por conseguinte, simboliza a enxurrada de tecnologias que colocaram esses jovens em contato simultâneo com a TV, telefone celular e internet. A facilidade de acesso à informação transforma essa nova geração, de carta maneira, um pouco mais acomodada.

Em contrapartida, essa nova situação da juventude não indica uma morte das utopias e da ação direta do jovem na sociedade. Por mais que não possamos ver claramente a ascendência de novos movimentos juvenis politizados, não podemos desconsiderar a presença de uma juventude que possui e demonstra suas demandas sob as mais diferentes formas. Enquanto isso, as gerações futuras nos reservam a transformação que os adultos de amanhã talvez não imaginassem.

Movimentos populares e a conquista do espaço urbano

Ivo Lesbaupin1. A cidade é resultado de uma disputaA cidade é construída pelos homens. Mas os

homens que a constróem têm interesses e valores diferentes: a cidade que conhecemos hoje é resultado de uma disputa entre os que tratam a cidade como fonte de lucro (os capitalistas) e os que tratam a cidade como espaço de vida (os moradores).

Nesta disputa, como os interesses dominantes são os dos grupos econômicos

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dominantes - que conseguem, geralmente, eleger autoridades e representantes que vão defender seus interesses (do presidente ao prefeito, passando pelo governador) -, as cidades são, primeiramente, montadas e organizadas para servir ao capital (Ã s grandes empresas, ao grande comércio, aos bancos, Ã indústria automobilística, Ã s grandes imobiliárias). E o que vai ocorrer é que os recursos públicos (os impostos pagos por toda a população) vão ser usados prioritariamente a serviço de interesses particulares, de um pequeno grupo, de uma elite, e não de toda a população.

Para os donos do capital, a cidade é fonte de lucro: ela é encarada e tratada como meio de produzir e acumular, como fonte de negócio para construtoras e empreiteiras: a construção de ruas, avenidas e viadutos - a cidade a serviço do carro e do asfalto, do cimento e do concreto (a construção de imóveis em áreas de proteção ao meio ambiente, com altura acima do gabarito permitido, a não construção de praças em favor de obras imobiliárias); a valorização do solo urbano (a especulação imobiliária; os loteamentos clandestinos - onde quem sofre as consequências das irregularidades é quem foi enganado, não o loteador).

Um exemplo de especulação imobiliária bastante comum é o praticado por grandes proprietários de terrenos na periferia. Para valorizar o solo eles deixam uma grande extensão vazia ("terreno baldio") e loteiam um terreno mais distante; quando as pessoas começam a morar neste terreno mais distante, um mínimo de infra-estrutura começa a surgir com o tempo (transporte, iluminação, água, etc.); isto automaticamente valoriza o terreno baldio que fica no caminho e o proprietário pode, então, vendê-lo em condições extremamente favoráveis. Já a população trabalhadora que foi morar no terreno adiante sofre as dificuldades do trajeto maior para o trabalho. Tal prática só pode ser feita com a conivência das autoridades.

O ponto de vista do lucro contamina todos os elementos que compõem a cidade:

A moradia - é o imóvel, a ser vendido ou alugado; A rua - é a oportunidade de a empreiteira ser contratada para asfaltar ou refazer; A praça - é o lugar para um futuro edifício ou uma futura obra; O solo urbano - é o terreno que pode ser cada vez mais valorizado, e fonte de lucros sempre maiores; A prefeitura - é onde as empreiteiras conseguem o maior número de obras, a preços em geral superfaturados, através de licitação viciada.

Para os moradores: cidade como espaço de vida

Mas, para o morador, a cidade é para viver, não para dar lucro: é um espaço de vida - de moradia, de trabalho, de transporte, de escola para os filhos, de convivência, de lazer (a praça, o bar, o campo de futebol).

2. Os movimentos popularesE é por isso que, depois de muito tempo

vendo o seu lugar de viver abandonado pelas autoridades, os moradores saíram de sua passividade, se mobilizaram e começaram a lutar por seus direitos, pelo direito a uma rua asfaltada, a iluminação elétrica, a um transporte decente, a água canalizada, a esgoto canalizado, ao recolhimento do lixo e assim por diante.

Por que esta explosão urbana?O regime autoritário havia organizado uma

política urbana a serviço dos grandes grupos

imobiliários e da construção civil, o que provocou uma forte especulação imobiliária;

Uma política agrária que expulsava o homem da terra, privilegiando grandes propriedades, modernização agrícola e pecuária para exportação, o que provocou um forte aumento do êxodo rural (a população urbana era de 45% em 1960 e chegou a 75% em 1991, apenas 30 anos depois): o campo foi esvaziado e as cidades incharam;

Forte repressão sobre as organizações populares nos primeiros anos da década de 70 (1969-1973: período Médici).

Devido a estas políticas, o atendimento às necessidades de consumo coletivo (infraestrutura urbana) das camadas populares e dos bairros periféricos tornou-se secundário. Os setores populares sofriam a carência destes serviços mas não podiam se manifestar. Com a distensão de Geisel, a insatisfação pôde se expressar.

Os movimentos populares urbanos lutam para se reapropriar da cidade. De meados dos anos 70 em diante, o Brasil viu surgir inúmeros movimentos de luta por todos os serviços urbanos que faziam falta nos bairros populares. Formaram-se associações de moradores e federações de associações, que pressionaram as autoridades e, em muitos casos, conseguiram obter suas reivindicações, ao menos em parte. As prefeituras que, antes, nem se preocupavam em dar explicações à população, tiveram de prestar cada vez mais atenção à s reivindicações populares. Só no município do Rio de Janeiro, entre 1946 e 1963 - dezessete anos - haviam sido criadas 124 associações de moradores - uma média de 7 por ano; pois bem, em apenas dois anos, entre 1979 e 1981, foram criadas 166 novas associações de moradores - uma média de 83 por ano, dez vezes mais.

Mesmo nos lugares onde os movimentos populares não obtiveram vitórias a nível do poder executivo, houve avanços no processo de democratização e também na melhoria dos serviços à população. Numa pesquisa feita junto a 50 municípios do Estado do Rio de Janeiro, verificou-se que houve melhoria nos serviços públicos: em primeiro lugar, por causa das pressões populares e, em segundo lugar, pela introdução de novos organismos ou novas instâncias de controle do serviço público (Ribeiro e Santos Júnior, 1993). Um dos frutos da Constituição de 1988 foi a possibilidade de se constituírem Conselhos Municipais (da Saúde, da Educação, da Criança e do Adolescente, etc.) compostos por representantes da sociedade civil. Tais conselhos têm poder para controlar o que o governo municipal está realizando no seu setor específico. Em vários lugares, estes conselhos têm sido instrumentos importantes de interferência da sociedade civil junto aos governos.

O movimento de associações em defesa dos interesses dos moradores não começou nos anos 70: data de muito antes. Mas a grande maioria delas funcionava dentro do esquema clientelista: vinculada a algum partido ou candidato, solicitando favores em troca de votos. Este esquema tinha deturpado, por exemplo, as SABs (Sociedades de Amigos do Bairro) - criadas no período municipal de Jânio Quadros - enquanto representantes dos moradores. Foi o movimento das comunidades de base nos anos 70 que provocou uma mudança fundamental neste processo associativo. Surgidas durante o período mais repressivo da ditadura militar, as CEBs, embora fossem comunidades religiosas, começaram a promover a mobilização de seu bairro para reivindicar

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melhores condições urbanas (transporte, asfalto, creche, etc.). E, na sua perspectiva, tais reivindicações não eram favores, mas direitos - direitos que eram obrigação das autoridades municipais e dos representantes políticos. Os moradores, organizados pelas CEBs, passaram a exigir e não mais pedir. Onde não havia associações, as comunidades funcionaram como tal. Onde havia, elas entraram nas mesmas e as mudaram por dentro. A relação com o poder político, com os candidatos, mudou.

As CEBs tinham (têm) o hábito de utilizar procedimentos democráticos em sua atividade cotidiana: decisões coletivas, tomadas por maioria, longas discussões para se chegar a um consenso, etc. E tinham uma preocupação especial com a autonomia da base (os movimentos de base da Igreja católica durante muito tempo foram criticados, inclusive, como “basistas”). A contribuição das CEBs para os movimentos populares foram em duas direções, sobretudo: de um modo geral, elas puseram em ação nestes movimentos práticas democráticas, insistindo na participação nas informações, nas reuniões e assembléias, na tomada de decisões, nas ações coletivas. E influíram no sentido da participação democrática e da busca de autonomia dos movimentos e organizações populares. Autonomia com relação ao Estado, aos políticos, aos líderes populistas, aos partidos políticos, aos agentes externos (intelectuais ou estudantes) que agem junto aos grupos populares.

As comunidades de base contribuíram, portanto, para o processo de democratização da vida política brasileira. De duas maneiras, principalmente: opondo-se ao elitismo, ao autoritarismo e ao clientelismo característicos da cultura política brasileira; e atuando pela participação das classes populares no processo de tomada de decisões políticas. Singer, por exemplo, lembra que o movimento de associações de moradores em São Paulo se transformou profundamente a partir da ação das Cebs, porque os membros das Cebs tinham uma concepção clara de seus direitos: eles não admitiam "relações de clientelismo" (voto em troca de favor) entre os moradores e os políticos ou o prefeito, porque consideravam que suas reivindicações eram um direito e que as autoridades públicas tinham a obrigação de atendê-las (Singer, 1980: 92). Pode-se dizer que a ação das Cebs em seu conjunto foi um dos fatores para o desenvolvimento, em certos setores populares, de uma consciência que vê a atividade política como um serviço ao público, que exige "ética na política".

Papel fundamental, no caso de São Paulo, teve o Movimento do Custo de Vida como impulsionador da mobilização urbana na cidade. O MCV foi o primeiro grande movimento social depois do AI-5. A partir dos clubes de mães organizados nos bairros, iniciou-se uma tomada de consciência do alto custo de vida para as classes populares e da necessidade de uma reação coletiva a esta situação. A pesquisa sobre as despesas familiares feitas pelos próprios membros dos clubes de mães foi o estopim do movimento. Daí para a frente promoveram-se reuniões cada vez mais amplas, reunindo os bairros mais carentes. Em 1976, a assembléia chegou a congregar 4 mil pessoas. Em plena ditadura, era um número significativo. Daí passou-se à coleta de assinaturas - pelo congelamento dos preços e aumento dos salários -, em campanhas sucessivas, que chegaram a 1 milhão e 250 mil assianturas.

Esta mobilização, que começou em 1973 e chegou ao auge em 1978, foi o ponto de partida ou o mecanismo propulsor de várias outras mobilizações urbanas - a luta dos loteamentos clandestinos, a luta por creches, por saúde, etc. Em todas estas lutas, o papel das comunidades de base, alimentando as lutas, fornecendo quadros, se manteve muito importante. Isto confirma uma reflexão dos estudiosos dos movimentos sociais: quanto menos organizada uma dada população, mais difícil de mobilizar; quanto mais organizada (em qualquer tipo de associação: esportiva, religiosa, de lazer, etc.), mais condições existem para a mobilização. O hábito associativo oferece elementos positivos para uma ação coletiva. Evidentemente, se essa associação promove o debate sobre o interesse coletivo, se incentiva a participação, a possibilidade de ação aumenta.

A vinculação entre as lutas urbanas e a luta pela democratização do país. Os movimentos urbanos dos anos 70 e 80 foram também parte do amplo movimento pela redemocratização do país. As classes populares haviam sido alijadas da atenção pública, tanto os trabalhadores - vítimas do arrocho salarial que sustentou o “milagre econômico” - quanto seus bairros - vítimas do desinteresse governamental. Os movimentos urbanos contribuíram para derrubar um regime que, estruturalmente, não poderia levar em conta as demandas populares. Eles foram obrigando os governos a se voltarem para as massas, para as reivindicações populares, para as condições de vida urbanas, foram obrigando os governos (municipais, estaduais, federal) a atenderem a suas exigências, ao menos parcialmente. Com a população organizada em associações, movimentos, federações, a ditadura não tinha condições de se manter. Neste particular, há muita semelhança entre o processo vivido no Brasil neste período e os anos 70 na Espanha - transição da ditadura para a democracia (embora a ditadura de Franco fosse muito mais enraizada que a nossa e embora o povo espanhol tivesse um passado de lutas significativo). É notório lá - pela descrição que faz Castells - que as associações de moradores e as federações municipais de associações se envolveram não apenas em movimentos reivindicatórios de bens coletivos (canalização de água, esgoto, iluminação, transporte, áreas de lazer, etc.) como também procuraram resgatar suas raízes culturais - abafadas pela ditadura - e buscaram intervir no poder local, transformando-o em um poder a seu serviço.

A partir desta experiência, Castells elabora uma tipologia dos movimentos de protesto urbano de nosso tempo. Eles parecem se desenvolver em torno de três temas principais:

Reivindicações enfocadas no consumo coletivo, isto é, bens e serviços direta ou indiretamente providos pelo Estado - ele chama estes movimentos reivindicatórios de "sindicalismo de consumo coletivo";

A defesa da identidade cultural associada com e organizada em torno de um território específico - movimentos em torno da comunidade, buscando revalorizar os laços sociais entre os moradores;

A mobilização política em relação com o Estado, enfatizando particularmente o papel do governo local - movimentos em busca da auto-gestão urbana.

Este último aspecto é plenamente confirmado no caso brasileiro: um resultado importante destes movimentos foi a conquista, em algumas cidades, de prefeituras comprometidas em

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fazer do governo municipal um serviço de toda a população - um serviço efetivamente público: prefeituras com participação democrática e priorizando a maioria pobre da população da cidade. A chegada ao poder de governos comprometidos com a democratização do poder público ocorreu fundamentalmente em municipalidades onde se deram lutas urbanas, onde se desenvolveram anteriormente movimentos reivindicatórios: isto vale tanto para São Paulo, Porto Alegre, como para Santos, Angra dos Reis, Barra Mansa (Estado do Rio), Belém, Betim (em Minas Gerais) e muitas outras cidades. Em São Paulo, o MCV, a luta dos loteamentos clandestinos. a luta por creches, a luta por um melhor serviço de saúde e pelo controle popular da saúde, a luta pelos conselhos muncipais, tudo isso levou a conquistar a prefeitura em 1988. Do mesmo modo, foi a ampla luta dos bairros populares em Porto Alegre que fêz crescer a participação popular e levou à vitória de uma proposta de governo identificada com seus interesses. O mesmo pode ser dito do forte movimento de bairros de Belém. Idem, em Angra dos Reis: o primeiro prefeito eleito pelo PT em Angra (1988) era um líder, militante de movimentos populares.

O que isto revela? Que, embora seja um processo lento, cujos resultados demoram a aparecer, os movimentos sociais acabam produzindo efeitos na cena pública, na sociedade. O que os movimentos reivindicam? que os direitos dos setores populares sejam também atendidos, que os serviços urbanos também sejam oferecidos a eles, que os recursos públicos sejam aplicados onde o público precisa, que os setores populares tenham participação nas decisões políticas. São estas mobilizações que acabam conduzindo à vitória, mais cedo ou mais tarde, de governos comprometidos com a causa pública, sensibilizados pela dívida social com a maioria mal-atendida.

Fonte:

http://vinculando.org/brasil/movimentos_populares.html;

A Todos os Trabalhadores e Trabalhadoras que como nós estão cansados de esperar. A Todos

os Governantes deste país, que há muito tempo estão nos cansando.

Hoje, o povo pobre de vários cantos do Brasil se levanta num único gesto de resistência contra as condições de vida miseráveis que nos afetam. São ações desenvolvidas por movimentos populares em nove estados do país com o objetivo de fazer valer nossos direitos e fazer ouvir nossa voz. São milhares de favelas, de cortiços, de áreas de risco em que vivemos indignamente. São milhares de trabalhadores e trabalhadoras desempregados, informais ou trabalhando em situação de extrema precariedade, submetidos à grande exploração que lhe arranca o sangue, o suor e, às vezes, a lágrima.

São milhares, transportados no caos da cidade como gado, de crianças sem creche, de jovens e adultos sem educação pública com um

mínimo de qualidade. Na cidade do lucro não cabe o pobre, não cabe o negro, não cabe o nordestino, não cabe a mulher, não cabem os trabalhadores e trabalhadoras que deram sua força para construí-la. Somos milhões a quem tentam privar da esperança, mas que, resistindo, mantivemos nossa dignidade. É essa dignidade que transformamos hoje em ocupações de todos os tipos, exigindo e reivindicando todos os direitos que ficaram esquecidos, mortos nas leis e que faremos reviver nas lutas do povo pobre.

O modelo neoliberal nos sufoca. O dinheiro que vai para o bolso de banqueiros e especuladores como pagamento de uma dívida impagável seria mais que suficiente para resolver os problemas de habitação, infra-estrutura urbana e serviços no país. Ao povo sobram migalhas, apresentadas num jogo de ilusões como grandes políticas públicas. Os vultuosos recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) tem alegrado muito mais os empresários da construção civil e do ramo imobiliário do que o povo que necessita de moradia. Uma Política de Reforma Urbana que tenha como prioridade os interesses populares nunca foi agenda de nenhum governo e Lula apenas aprofundou este caminho, que mata pela violência, pela fome, pelo cansaço, pela enchente, pela falta de habitação, etc. O Ministério das Cidades e seus "espaços de participação", apresentados como avanços na efetivação de uma política urbana democrática, não representaram nenhum grande passo na solução de nossos problemas. Ao contrário, reproduzem uma forma burocrática e elitista de se tratar as questões urbanas.

Neste sentido, nossas ações de ocupação em todo o país são a única forma de sermos ouvidos e atendidos. Os movimentos que assinam este manifesto propõem:

- Uma política habitacional popular baseada em subsídios, com valor adequado à realidade das metrópoles, sem o entrave burocrático e elitista dos financiamentos bancários. Que o Governo Federal desenvolva uma política nacional de desapropriações de terrenos e edifícios urbanos que não cumprem função social, destinando-os às demandas popularesorganizadas.

- Uma política nacional integrada de transporte urbano público gratuito, de qualidade, priorizado em relação ao transporte individual, que tem levado as metrópoles ao caos.

- Uma política de educação que crie creches financiadas pelo Estado sob o controle dos trabalhadores, que valorize os professores e profissionais da educação, que qualifique o ensino não visando o mercado mas a consciência crítica e social dos alunos.

-Controle restritivo das taxas cobradas por serviços públicos básicos como água e energia elétrica, garantindo a aplicação de Tarifas Sociais previstas na lei.

-Políticas de geração de trabalho e renda que dêem alternativas sociais e não policiais aos trabalhadores informais.

Hoje, somos a voz de quem não tem voz. Hoje, não elegemos ninguém para falar, pois falamos nós mesmos por meio de nossas ações. Hoje, cada ocupação realizada neste país é a voz de milhares que foram calados e se cansaram. A cidade que queremos vamos por de pé, por ela vamos resistir e combater e por ela vamos nos organizar e mobilizar nossa esperança. Porque aprendemos que a esperança de muitos hoje é a realidade de amanhã, a que queremos deixar para os que virão.

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Fonte:http://www.mtst.info/?q=taxonomy/term/66%2B67

Sugestão de leituraCartilha do Militante nº 1: Movimento dos Trabalhadores Sem-TetoDisponível em: http://www.mtst.info/files/mtst/CartilhadomilitanteMTST.pdf

UNE e UBES

A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) representa os alunos dos Ensinos

Fundamental, Médio, Técnico, Profissionalizante e Pré-Vestibular de Brasil. Reúne em torno de si todos os grêmios das escolas públicas e particulares, além das entidades estaduais e municipais secundaristas. Desde 1948, a UBES defende a juventude, a educação e uma nação livre e soberana, ao lado dos principais movimentos sociais.

Os estudantes secundaristas participaram de diversos momentos da história do país, como na época da ditadura militar, no governo Collor com os cara pintadas, durante o governo FHC contra o neoliberalismo no Brasil e na América Latina. Qualquer estudante pode fazer parte desta história e se unir à UBES. Basta procurar o movimento estudantil na sua escola.

Curiosidade Saiba como fundar um Grêmio Estudantil em http://www.une.org.br/

FeminismoPor Luiz Molina Luz

O feminismo é um movimento que tem origem no ano de 1848, na convenção dos direitos da mulher em Nova Iorque. Este movimento adquire cunho reivindicatório por ocasião das grandes revoluções. As conquistas da Revolução Francesa, que tinha como lema Igualdade, Liberdade e Fraternidade, são reivindicadas pelas feministas porque elas acreditavam que os direitos sociais e políticos adquiridos a partir das revoluções deveriam se estender a elas enquanto cidadãs. Algumas conquistas podem ser registradas como conseqüência da participação da mulher nesta revolução, um exemplo é o divórcio.

Os movimentos feministas são, sobretudo, movimentos políticos cuja meta é conquistar a igualdade de direitos entre homens e mulheres, isto é, garantir a participação da mulher na sociedade de forma equivalente à dos homens. Além disso, os movimentos feministas são movimentos intelectuais e teóricos que procuram desnaturalizar a idéia de que há uma diferença entre os gêneros. No que se refere aos seus direitos, não deve haver diferenciação entre os sexos. No entanto, a diferenciação dos gêneros é naturalizada em praticamente todas as culturas humanas.

Houve momentos na história da humanidade, como na Idade Média, em que a mulher tinha direitos mais abrangentes como acesso total à profissão e à propriedade além de chefiar a família. Estes espaços se fecharam com o advento do capitalismo. De modo geral, quase sempre houve hegemonia masculina nos diferentes espaços públicos e da mulher no espaço doméstico.

A luta dos movimentos feministas não se esgota na equalização das condições de trabalho entre homens e mulheres. Trata-se de modificar a concepção, naturalizada, de que a mulher é mais “frágil” que o homem.

O movimento feminista se fortifica por ocasião da Revolução Industrial, quando a mulher assume postos de trabalho e é explorada pelo fato de que assume uma tripla jornada de trabalho, dentro e fora de casa.

Na década de 1960, a publicação do livro O Segundo Sexo, de Simone de Behavoir, viria influenciar os movimentos feministas na medida em que mostra que a hierarquização dos sexos é uma construção social e não uma questão biológica. Ou seja, a condição da mulher na sociedade é uma construção da sociedade patriarcal. Assim, a luta dos movimentos feministas, além dos direitos pela igualdade de direitos incorpora a discussão acerca das raízes culturais da desigualdade entre os sexos.

Porque os movimentos feministas se opõem às normas hegemônicas de atuação dos homens na sociedade, e por desinformação acerca dos objetivos do movimento, estes sofrem diversas críticas. Muitos acreditam que as mulheres pregam o ódio contra os homens ou tentam vê-los como inferiores. Os grupos feministas podem ser vistos, ainda, como destruidores dos papéis tradicionais assumidos por homens e mulheres ou como destruidores da família.

As feministas afirmam que sua luta não tem por objetivo destruir tradições ou a família, mas alterar a concepção de que “lugar de mulher é em casa, cuidando dos filhos”. O compromisso dos movimentos feministas é pôr fim à dominação masculina e à estrutura patriarcal. Com isso, acreditam, garantirão a igualdade de direitos sem, contudo, assumir o espaço dos homens.

Fonte: http://www.infoescola.com/sociologia/feminismo/

O PacifismoA atual política externa

americana, baseada no uso da força militar contra nações consideradas sedes ou financiadoras de

organizações terroristas, fez ressurgir pelo mundo vários movimentos pacifistas, em oposição às guerras do Afeganistão e do Iraque.

O pacifismo está fundamentado em dois princípios básicos: a condenação da guerra como meio para solucionar os conflitos entre Estados soberanos e a defesa da paz permanente ou perpétua entre as nações inseridas no contexto das relações internacionais.

O pacifismo se opõe às doutrinas belicistas, que consagram a guerra como meio de se alcançar o progresso tecnológico. É também contra a idéia da consecução da paz por meio do uso da força, ou

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seja, por intermédio da conquista de povos e países por nações militarmente mais poderosas.

Origens do pacifismoO pacifismo surgiu no século 18 com as

idéias do abade Charles Frené Castel de Saint Pierre (1658-1743), que escreveu, em 1713, o "Projeto para Tornar a Paz Perpétua na Europa". O projeto, de caráter filosófico-jurídico, previa um acordo entre os Estados soberanos europeus, o qual estabeleceria uma assembléia permanente formada por representantes dos Estados membros. Tal assembléia se encarregaria de solucionar pacificamente os conflitos de qualquer natureza que por ventura viessem a surgir entre eles.

As idéias do abade Frené Castel influenciaram o pensamento do filósofo prussiano Immanuel Kant (1724-1804). Kant acreditava que a filosofia poderia fornecer uma contribuição à política. Em 1795, ele publicou o tratado "Para a Paz Perpétua", que resultou na consolidação de uma nova corrente pacifista, talvez a mais influente.

O tratado kantiano, de raiz iluminista, se baseia numa concepção determinista da história. Segundo ela, a consciência cívica dos indivíduos evolui no sentido de tornar possível a coexistência pacífica entre os povos, a partir da consecução de acordos mútuos.

Propostas pacifistasDa mesma forma que nas sociedades

modernas os indivíduos foram capazes de criar sistemas jurídicos para preservar a liberdade individual e solucionar os conflitos coletivos, Kant acreditava que os povos inevitavelmente tenderiam à criação de uma ordem jurídica mais ampla, que assumiria a forma de um governo supranacional ou uma federação de Estados. Dessa forma, os povos poderiam solucionar pacificamente seus conflitos e contendas.

Fonte: http://educacao.uol.com.br/sociologia

ATIVIDADE

53) O que defendem os movimentos:a) Feminista;b) Pacifista;

54) Como surgiu o movimento Pacifista?

55) Qual a mensagem transmitida pela gravura abaixo?

Fundamentalismo Mundial

Por Leonardo Boff

Três tipos de fundamentalismo dominam a cena mundial: o do pensamento único representado pela globalização imperante, o suicidário dos muçulmanos cujo principal representante é Bin Laden e o do Estado terrorista da guerra preventiva, corporificado por Bush e por Sharon. Sabidamente, o fundamentalismo não é uma doutrina mas uma maneira excludente de ver a doutrina. O fundamentalista está absolutamente convicto de que sua doutrina é a única verdadeira e todas as demais, falsas. Por isso elas não têm direito, podem e devem ser combatidas.

O fundamentalismo do pensamento único apresenta o modo de produção capitalista com seu mercado globalizado e a ideologia política do neoliberalismo com sua democracia eleitoral e delegatícia como a única forma razoável de organizar o mundo. O que Bush quer impor por própria conta ao Iraque destroçado traduz esse fundamentalismo.

O fundamentalismo suicidário muçulmano parte da convicção de que o Ocidente, inimigo histórico desde os tempos das cruzadas, é o Grande Satã, porque é ateu prático, materialista, imperialista e sexista. Por isso, deve ser combatido em todas as frentes e fazer vítimas mais que se puder com as bênçãos do Altíssimo. São os únicos tão convencidos que aceitam jovialmente ser homens-bomba.

O fundamentalismo do Estado terrorista à la Sharon é movido pela convicção de que os judeus têm o direito, acima de qualquer outro direito dos palestinos, de montar Israel ao tamanho que tinha nos tempos do rei Davi. Por isso Sharon prossegue com as colonizações e enquanto não realizar esse propósito boicotará qualquer projeto de paz.

O fundamentalismo do Estado terrorista à la Bush possui fortes raízes religiosas, ligadas a sua biografia pregressa. Foi por vinte anos dependente de álcool até que em 1984, a convite de um amigo, Don Evans, atual secretário do comércio, começou a freqüentar o círculo bíblico dos evangélicos fundamentalistas. Após dois anos não era mais ébrio de álcool mas ébrio da ideologia salvacionista destes fundamentalistas que se divulgava fortemente dentro do partido republicano.

Segundo ela, “o destino manifesto” dos EUA hoje é melhorar o mundo na medida em que o impregnar com os valores da cultura norte-americana: com liberdade, democracia, e livre mercado. Bush filho fazia a campanha da reeleição do pai se apresentando como “um homem que tem Jesus em seu coração”. O brasilianista Ralph della Cava e o teólogo J. Stam contam que mais tarde, ao postular-se candidato, Bush reuniu os pastores da zona e lhes comunicou: “fui chamado [por Deus]”. Em seguida fez-se o ritual “da imposição das mãos”, sagrando-o Presidente preventivo.

Essa pré-história é importante para se entender a fúria fundamentalista que se apossou de Bush após os atentados de 11 de setembro de 2001. Optou combater o mal com o mal, ameaçando com guerra preventiva a todos os países do “eixo do mal”. Deixou claro: “Quem não está conosco, está contra nós”, é terrorista.

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Antes do ultimato a Saddam Hussein, pediu aos assessores que “o deixassem a sós por dez minutos”. Qual Moisés foi consultar-se com Deus. E numa entrevista ao New York Times de 26/04/03 declarou: "Tenho uma missão a realizar e com os joelhos dobrados peço ao bom Senhor que me ajude a cumpri-la com sabedoria”. Pobre Deus! Como salvaremos a humanidade desses desvairados?

Atividade

56) O que é fundamentalismo? É necessário combate-lo?

57) Quais os tipos de fundamentalismos apresentado por Leonardo Boff?

Relativismo e Fundamentalismo

Midiáticopor Jonas Medeiros

A revista Veja (n.º 1.721, de 10/10/01) escreve na reportagem intitulada ‘O que querem os fundamentalistas’: "[o fundamentalismo] está entranhado no próprio código genético do Islã, religião que tem uma visão totalizante do mundo e apresenta um modelo para tudo o que se faz em qualquer das esferas da vida, públicas ou privadas".

Há um enorme esforço da mídia e dos governos que têm manifestado apoio à coalizão militar liderada pelos EUA de afirmar que a guerra está sendo travada contra o terror (Bin Laden e o Taleban) e não contra o povo afegão ou o Islã. Veja, inesperadamente, coloca toda a religião islâmica como responsável pelo aparecimento de práticas radicais.

A revista insiste em apontar a religião muçulmana como primitiva. Primeiramente em 26/11/01, Veja entrevista o historiador inglês Paul Johnson que diz: "Já o islamismo [em oposição ao judaísmo e o cristianismo] não passou por um correspondente período de modernização. Permaneceu uma religião de feições medievais e gerou Estados de feições medievais, nos quais religião e política não se separaram uma da outra".

Duas semanas depois a revista retoma este discurso: "Uma comparação que ajuda a entender a mentalidade fundamentalista é com a Igreja Católica na fase em que se encontrava quando tinham a mesma "idade" do Islã hoje". Incapaz de pensar a história de diferentes religiões como o cristianismo e o islamismo de forma separada, Veja faz uma interpretação positivista, pois pensa ser necessário que o desenvolvimento das religiões passe pelas mesmas fases. A revista não consegue ver as duas religiões de maneira separada, como processos que tem um desenvolvimento próprio e não necessariamente paralelo.

Atividade

58) Você concorda com Jonas Medeiros? Por quê?

59) Recorte uma reportagem sobre o Islamismo e identifique se ela induz o leitor a desenvolver uma visão negativa ou positiva dos seguidores dessa religião.

60) Pesquise sobre a crença dos islâmicos relacionada ao céu e relacione os conhecimentos obtidos a charge abaixo.

Nota: Tradução: Pare, pare. Nós ficamos sem virgens!

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Orientações Gerais aos alunos Os trabalhos deverão ser entregues no horário previamente marcado. Em caso de atraso, serão

decrescidos cerca de 20% do valor total por dia de atraso;

Os trabalhos deverão está de acordo com as exigências de padronização pré-estabelecido pelo professor. Caso isso não ocorra o trabalho terá seu valor decrescido de acordo com as suas variações do formato previamente determinado;

Em caso de atraso de chegada em sala de aula, o aluno deverá pedir permissão ao coordenador e ao professor para entrar em sala. Atrasos frequentes não serão tolerados (exceto por força maior);

Para computar pontos no caderno o aluno deverá receber o visto do professor em tempo previsto. Atividade sem visto não será computada na nota do caderno;

Toda a atividade de sala deverá ser realizada dentro do tempo previsto pelo professor;

As atividades de sala de aula ou de casa deverão ser realizadas individualmente;

Caso o aluno empreste o caderno para que o colega copie as resposta, os dois não receberão visto; No caso da cola ocorrer sem a permissão do dono do caderno, o aluno “colador” não terá o visto na atividade.

Em caso de ausência do aluno na aula este deverá, na aula seguinte, apresentar a tarefa efetivada da aula perdida;

A nota trimestral estará assim distribuída (Ensino Médio Regular):

o Primeiro trimestre: 06 pontos no caderno; 14 pontos em trabalhos extra-classe em grupo ou individual (o número máximo

será previamente estabelecido); 10 pontos em prova escrita;

• Total: 30 pontos

o Segundo trimestre: 06 pontos no caderno; 14 pontos em trabalhos extra-classe em grupo ou individual (o número máximo

será previamente estabelecido); 10 pontos em prova escrita;

• Total: 30 pontos

o Terceiro trimestre: 10 pontos no caderno; 15 pontos em trabalhos extra-classe em grupo ou individual (o número máximo

será previamente estabelecido); 15 pontos em prova escrita;

• Total: 40 pontos

Os alunos poderão sugerir outra opção de trabalho a ser realizado (no lugar do pré-estabelecido). Este será analisado pelo professor. Caso atenda os objetivos traçados, este poderá ser permitido no lugar do trabalho pedido inicialmente.

Apostila organizada pelo profº Cristiano Bodart

Visite o blog de Sociologiahttp://cafecomsociologia.blogspot.com/

Nele você encontrará parte do material utilizado em sala de aula (que não consta na apostila).