apostila do livro sociologia geral

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Apostila da Disciplina SOCIOLOGIA Elaborada pelo Prof. Paulo Antonini em Julho de 2008 com base no livro Sociologia Geral de Eva Maria LAKATOS e Marina de Andrade MARCONI So Paulo: Editora Atlas, 2006 7 edio.

Apostila da Disciplina SOCIOLOGIA Elaborada pelo Prof. Paulo Antonini em Julho de 2008 com base no livro Sociologia Geral de Eva Maria LAKATOS e Marina de Andrade MARCONI So Paulo: Editora Atlas 7 edio.

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Sociologia Geral Eva Maria LAKATOS e Marina de Andrade MARCONI Editora Atlas, SP, 2006 7 edio. Captulo 01 Cincias Sociais e Sociologia Os trs nveis do conhecimento cientfico As especificidades das Cincias Sociais ou Humanas na anlise de A Sociologia nas Cincias Sociais ou Humanas e suas especificidades Para conceituar a Sociologia e contextualiza-la no mbito das cincias em geral e das cincias sociais em particular, vamos identificar os trs nveis de conhecimento cientfico: inorgnico, orgnico e superorgnico. Assim, o conhecimento cientfico do inorgnico o das Cincias Fsicas; o orgnico, investigado pelas Cincias Biolgicas e o superorgnico, abrangido pelas Cincias Sociais. De acordo com esta concepo, o campo de ao das Cincias Sociais tem incio justamente quando os estudos fsico e biolgico do homem e seu universo terminam. Os trs nveis encontram-se inter-relacionados, e a transio de um para outro gradativa. O superorgnico observado no mundo dos seres humanos em interao e nos produtos desta interao: linguagem, religio, filosofia, cincia, tecnologia, tica, usos e costumes e outros aspectos culturais e da organizao social. homem em sociedade. Podem ser classificadas como Cincias Sociais ou Humanas: Portanto, ao estudar o superorgnico, as Cincias Sociais tm seu interesse voltado para o

seu objeto de estudo

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A Antropologia: Estuda as semelhanas e diferenas culturais, origem e histria das culturas do homem, sua evoluo e desenvolvimento, estrutura e funcionamento. Exemplos: ritos de passagem, tipos de organizao familiar; religio e magia; artes e artesanato; mitos, meios de comunicao. O Direito: Estuda as normas que regulam o comportamento social, estabelecendo direitos e obrigaes entre as partes, atravs dos sistemas legislativos caractersticos das sociedades. Concentra-se, portanto, na anlise dos fatores normativos do comportamento social. Exemplos: direito trabalhista, direito comercial, direito civil, etc. A Economia: Estuda as atividades humanas no campo da organizao de recursos, isto , produo, circulao, distribuio e consumo de bens e servios. Exemplos: macroeconomia e microeconomia. A Poltica: Estuda a distribuio do poder nas sociedades humanas. Exemplos: formas de governo, partidos polticos; mecanismos de eleies. A Psicologia Social: Estuda o comportamento e a motivao do indivduo, determinados pela sociedade, e, seus valores. Os estmulos que indivduo recebe do grupo e as influncias que os contatos sociais exercem sobre a sua personalidade, constituem o campo de interesse da Psicologia Social. Exemplos: comportamento em relao s questes raciais; comportamentos e atitudes de adolescentes, etc.

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A Sociologia: Estudo cientfico das relaes sociais, das formas de associao, destacando-se os caracteres gerais comuns a todas as classes de fenmenos sociais, fenmenos que se produzem nas relaes de grupos entre seres humanos. Estuda o homem e o meio humano em suas interaes recprocas. A Sociologia, desta forma, o estudo e o conhecimento objetivo da realidade social. Exemplos: formao e desintegrao de grupos; diviso das sociedades em estratos, mobilidade de indivduos e grupos nas camadas sociais; processos de competio e cooperao, etc. Verificamos, portanto, que o objeto material das Cincias Sociais ou Humanas o mesmo: o homem na sociedade. Todavia, essas cincias possuem seu objeto formal distinto, apesar de relacionadas e complementares entre si. Cabe Sociologia estudar a sociedade como um todo, com caractersticas e relaes que podem ser observadas em qualquer sociedade. Em relao natureza do homem, cada Cincia Social concebe um tipo especfico, por exemplo, o homo economicus ou o homo politicus, com caractersticas singulares, ou seja, dominado pelo interesse econmico ou pelo desejo de poder. Para a Sociologia, o homo socius, , ao mesmo tempo, econmico, poltico, religioso, tico, artstico, dominado pelos mais diferentes interesses ou desejos. Compete, portanto Sociologia, o estudo do homem e do universo sociocultural como um todo, analisando as relaes entre os diversos fenmenos sociais, uma vez que, as outras Cincias Sociais, em virtude de seu carter especializado, consideram apenas um aspecto.

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Mtodos e Tcnicas de Pesquisa da Sociologia Mtodo um conjunto de regras teis para a investigao, um

procedimento cuidadosamente elaborado, visando provocar respostas na natureza e na sociedade, e, paulatinamente, descobrir sua lgica e leis. Cada cincia possui um conjunto de mtodos. A tcnica engloba processos de que se serve uma cincia: a habilidade para usar normas; a parte prtica. Metodologia engloba mtodos de abordagem, procedimento e tcnicas. Teoria toda generalizao relativa a fenmenos fsicos ou sociais, estabelecida com rigor cientfico necessrio para que possa servir de base segura interpretao da realidade. Mtodo Histrico: Partindo do princpio de que as atuais formas de vida social, as instituies e os costumes tm origem no passado, importante pesquisar suas razes, para compreender sua natureza e funo representante: Franz Boas. Mtodo Comparativo: Considerando que o estudo das semelhanas e diferenas entre diversos tipos e grupos, sociedades ou povos contribui do com comportamento a finalidade de humano, verificar para uma melhor mtodo e realiza explicar compreenso comparaes este

similitudes

divergncias representante Tylor. Mtodo Monogrfico: Partindo do princpio de que qualquer caso que se estude em profundidade pode ser considerado representativo de muitos outros ou at de todos os casos semelhantes, o mtodo monogrfico consiste no estudo de determinados casos particulares com a finalidade de obter generalizaes - representante Le Play.

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Mtodo Estatstico: O mtodo estatstico representa os fenmenos sociolgicos por meio de termos quantitativos e procedimentos estatsticos que permite verificar relaes de fenmenos e obter generalizaes representante Quetelet. Mtodo Tipolgico: Apresenta semelhanas com o Mtodo Comparativo, pois, ao comparar fenmenos sociais, o pesquisador cria tipos ideais (ou modelos). Max Weber, representante deste mtodo, comparou e classificou diversos tipos de cidades, estabelecendo as caractersticas essenciais da cidade. Mtodo Funcionalista: Levando-se em conta que a sociedade formada por grupos com suas particularidades, mas, relacionados entre si, cada qual satisfazendo funes essenciais da vida social, tais grupos sero mais bem compreendidos, compreendendo-se as funes que desempenham no todo. O Mtodo Funcionalista estuda a sociedade do ponto de vista da funo de suas unidades, organizadas em um sistema-representante: Malinowski. Mtodo Estruturalista: O mtodo parte da investigao de um fenmeno concreto, eleva-se a seguir ao nvel abstrato, por intermdio da constituio de um modelo que represente o objeto de estudo, retornando por fim ao concreto, dessa vez, como uma realidade estruturada e relacionada com a experincia do sujeito social. Utilizando-se o Mtodo Estruturalista, no se analisam mais os elementos em si, mas as relaes que entre eles ocorrem, pois somente estas so constantes, ao passo que os elementos podem variar; dessa forma, no existem fatos isolados passveis de conhecimento, pois a verdadeira significao resulta da relao entre eles representante: Lvi-Strauss. Exemplo: estudo das relaes sociais e a posio que estas relaes determinam para indivduos e grupos, visando a construo de um modelo que passe a retratar a estrutura social onde tais relaes ocorrem.

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Tcnicas de Pesquisa: Documental, com as fontes primrias e fontes secundrias; Sociometria: estudo das relaes interpessoais de um grupo; Histria de Vida; Entrevista, em suas diversas modalidades; Questionrio, auto-preenchido e formulrio, preenchido pelo pesquisador; Observao sistemtica ou participativa; Cartografia. Captulo 02 Histria da Sociologia Os pensadores sociais e suas obras mais significativas: Antigidade, Os pensadores sociais e suas obras mais significativas na

Idade Mdia, Renascena at o sculo XVIII. modernidade e contemporaneidade. Os pensadores sociais e suas obras mais significativas: Antigidade,

Idade Mdia, Renascena. As relaes entre os homens e a constituio dos grupos foi pensada na cultura ocidental, h pelo menos 2.500 anos. Podemos destacar as obras de Plato (429-341 a.C.), A Repblica e de Aristteles (384-322 a.C.), A Poltica. Estes filsofos foram a grande influncia do pensamento medieval, expressos, por exemplo, nas obras de Santo Agostinho (neo-platnico 354-430), Cidade de Deus e So Toms de Aquino (1226-1274), em particular na obra Summa theologica. Durante a Renascena apareceram obras vigorosas em que se propunham normas entrosadas de poltica, delas destacando-se a de Campanella (1568-1639), Cidade do Sol e, sobretudo, a conhecidssima

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Utopia de Thomas Morus (1478-1535), romance poltico e social avanado para a sua poca. Na transio da Renascena para o Iluminismo, encontramos obras e autores relevantes para o pensamento do Homem em Sociedade: O prncipe, de Maquiavel (1469-1527), o Leviat, de Thomas Hobbes (15881679), os Ensaios sobre o entendimento humano, de John Locke e o Novum Organum de Francis Bacon (1561-1626). Os pensadores sociais e suas obras mais significativas: O

Iluminismo e o sculo XVIII. A passagem do sculo XVIII para o XIX foi profcua para o pensamento sociolgico. Sob o pensamento Iluminista que preconizava a observao e a experimentao, origens das prticas cientficas, e uma compreenso linear da histria e do conhecimento em progresso, foram escritas: O esprito das leis, por Montesquieu (1689-1775), o Tratado sobre a natureza humana, de David Hume (1711-1776), A Riqueza das naes, de Adam Smith (1723-1790), o Contrato Social, por Rousseau (1712-1778). Davi Ricardo (1772-1823) escreveu Princpios de economia poltica e Malthus (1766-1834) escreveu Ensaios sobre o princpio de populao. Deste perodo merecem destaque tambm as obras de Hegel e dos chamados socialistas utpicos. Desse perodo em diante, sempre sob a inspirao de problemas criados pela evoluo econmica, multiplicaram-se as chamadas doutrinas socialistas, cujos autores, tentando atenuar as justias imperantes na distribuio de riquezas e na explorao dos trabalhadores, criticavam a situao existente e pregavam novas e mais eqitativas relaes entre os homens. Entre eles podemos destacar Fourier (17721837), que estabeleceu uma correlao entre os sentimentos e as estruturas sociais (...) Saint Simon (1760-1825), verdadeiro fundador do

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socialismo, autor da famosa frase de cada um de acordo com sua capacidade, e a cada um, de acordo com sua necessidade; Owen (17711858), Uma nova viso da sociedade, fundador das primeiras sociedades cooperativas; Proudhon (1809-1865), O que propriedade, criador do sistema mutualista. Os lderes socialistas, para fundamentar suas crticas e seus projetos, procediam anlise da realidade social. A tnica de suas diretrizes residia, entretanto, na inteno de mudar as instituies e costumes vigentes e de criar, atravs de radicais alteraes da ordem poltica, uma ordem social mais equilibrada. Hegel (1770-1831) promove m movimento de ntimo entrosamento entre princpios puramente filosficos e as cincias sociais. A dialtica de Hegel baseia-se no mtodo antittico, dando origem explicao das mudanas ocorridas no universo, mediante um processo em trs tempos: tese, anttese e sntese. Os pensadores sociais e suas obras mais significativas na

modernidade e contemporaneidade: Durkheim, Weber e Marx. Marx: Fundador do materialismo histrico, Karl Marx (1818-1883), na realidade um filsofo social e economista alemo, contribuiu para o desenvolvimento da Sociologia, salientando que as relaes sociais decorrem dos modos de produo (fator de transformao da sociedade), numa tentativa de elaborar uma teoria sistemtica da estrutura e das transformaes sociais. O postulado bsico do marxismo o determinismo econmico, segundo o qual o fator econmico determinante da estrutura do desenvolvimento da sociedade. O homem, para satisfazer suas necessidades, atua sobre a natureza, criando relaes tcnicas de produo. Todavia, essa atuao no

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isolada: na produo e distribuio necessrias ao consumo, o homem relaciona-se com outros seres humanos, dando origem s relaes de produo. O conjunto dessas relaes leva ao modo de produo. Os homens desenvolvem as relaes tcnicas de produo atravs do processo de trabalho (fora humana e ferramentas), dando origem a foras produtivas que, por sua vez, geram um determinado sistema de produo (distribuio, circulao e consumo de mercadorias); o sistema de produo provoca uma diviso de trabalho (proprietrios e noproprietrios das ferramentas de trabalho ou dos meios de produo) e o choque entre as foras produtivas e os proprietrios dos meios de produo determina a mudana social. Para Marx, a sociedade divide-se em infra-estrutura e superestrutura. A infra-estrutura a estrutura econmica, formada das relaes de produo foras produtivas. A superestrutura divide-se em dois nveis: o primeiro a estrutura jurdico-poltica, formado pelas normas e leis que correspondem sistematizao das relaes j existentes; o segundo, a estrutura ideolgica (filosofia, arte, religio, etc.), justificativa do real, formado por um conjunto de idias de determinada classe social que, atravs de sua ideologia, defende seus interesses. Sendo a infra-estrutura determinante, toda mudana social se origina das modificaes nas foras produtivas e nas relaes de produo (...). Obra principal O Capital.

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Durkheim: mile Durkheim (1858-1917), francs, considerado por muitos estudiosos o fundador da Sociologia como cincia independente das demais Cincias Sociais. Ao preconizar o estudo dos fatos sociais como coisas, atravs de regras de rigor cientfico, determinou seu objeto, prprio dos estudos sociolgicos, e sua metodologia. Sua primeira obra, A diviso do trabalho social (1893) (...) enuncia dois princpios bsicos: conscincia coletiva e solidariedade mecnica e orgnica. Por conscincia coletiva entende-se a soma de crenas e sentimentos comuns mdia dos membros da comunidade, formando um sistema autnomo, isto , uma realidade distinta que persiste no tempo e une as geraes (...) Durkheim acusa a existncia, em cada indivduo, de duas conscincias, a coletiva e a individual; a primeira, predominante, compartilhar com o grupo; a segunda, peculiar ao indivduo (...) medida que as sociedades se tornam mais complexas, a diviso de trabalho e as conseqentes diferenas entre os indivduos conduzem a uma crescente independncia das conscincias. As sanes repressivas, que existem nas sociedades primitivas, do origem a um sistema legislativo (...). As primitivas coletividades humanas so caracterizadas pela solidariedade mecnica, que se origina das semelhanas entre os membros individuais. Para a manuteno dessa igualdade, necessria sobrevivncia do grupo, deve a coero social, baseada na conscincia coletiva, ser severa e repressiva (...) Todavia, o progresso da diviso de trabalho faz com transforme. Para Durkheim, o princpio de diviso do trabalho est baseado nas diversidades das pessoas e dos grupos e se ope diretamente solidariedade por semelhana. A diviso do trabalho gera um novo tipo de que a sociedade de solidariedade mecnica se

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solidariedade, baseado na complementao de partes diversificadas. O encontro de interesses complementares cria um lao social novo, ou seja, um outro tipo de princpio de solidariedade, com moral prpria, e que d origem a uma nova organizao esta social. Durkheim no mais denomina baseada de nas solidariedade orgnica solidariedade,

semelhanas de indivduos e grupos, mas na sua independncia. Sendo seu fundamento a diversidade, a solidariedade orgnica implica maior autonomia com uma conscincia individual mais livre. Em 1895, Durkheim publica As regras do mtodo sociolgico. o seu trabalho mais importante, pois estabelece as regras que devem ser seguidas na anlise dos fenmenos sociais. Para esse autor, a primeira regra, fundamental, relativa observao dos fatos sociais, consiste em consider-los como coisas. Somente assim, desvinculada de concepes filosficas e no subordinada s noes biolgicas e psicolgicas, a Sociologia pode manipular, com finalidade de estudo e anlise, os fenmenos sociais. Coisas opem-se a idias, como as coisas exteriores se opem s coisas interiores (...). Na anlise dos fenmenos sociais como coisas, o pesquisador deve abandonar as pr-noes e a pressuposio do significado ou carter de uma prtica ou instituio social. Deve ser objetivo e estabelecer, atravs da investigao, o prprio significado do fenmeno estudado, dentro da sociedade particular em pauta (...) Para explicar um fenmeno social, deve-se procurar a causa que o produz e a funo que desempenha. Procura-se a causa nos fatos anteriores, sociais e no individuais; e a funo, atravs da relao que o fato mantm com algum fim social. Durkheim, ao estabelecer as regras de distino entre o normal e o patolgico, props: um fato social normal, para um tipo social determinado, quando considerado numa determinada fase de seu desenvolvimento, desde que se apresente na mdia das sociedades da mesma categoria, e na mesma fase de evoluo. Esta regra estabelece

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uma norma de relatividade e de objetividade na observao dos fatos sociais, como foi ilustrado em sua obra sobre o suicdio. Demonstra, tambm, que certos fenmenos sociais, tidos como patolgicos, s o so medida que ultrapassam uma taxa dita normal, em determinado momento, em sociedades de mesmo nvel ou estgio de evoluo. Assim, a Sociologia estuda fatos sociais. Uma proposio que estabelece relao de regularidade entre esses fatos sociais, uma lei sociolgica. Em uma de suas obras centrais, Suicdio, de 1897, Durkheim demonstra que o suicdio varia inversamente ao grau de integrao do grupo social do qual o indivduo faz parte, com algumas excees por ele apontadas. Weber: Max Weber (1864 1920) era alemo. Obras principais: A tica protestante e o esprito do capitalismo (1905) e Economia e sociedade, publicao pstuma (1922). Segundo Max Weber, a Sociologia o Estudo das interaes significativas de indivduos que formam uma teia de relaes sociais, sendo seu objetivo a compreenso da conduta social. Esta nfase dada compreenso subjetiva levou Weber a definir ao social como a conduta humana, pblica ou no, a que o agente atribui significado subjetivo. Para Weber, a conduta social se apresenta em quatro formas ou categorias: a. b. c. a conduta tradicional, relativa s antigas tradies; a conduta emocional, reao habitual ou comportamento dos a conduta valorizada, agindo de acordo com o que os outros

outros, expressando-se em termos de lealdade ou antagonismo; indivduos esperam de ns;

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d.

a conduta racional-objetiva, que consiste em agir segundo um A contribuio de Max Weber metodologia foi a distino

plano concebido em relao conduta que se espera dos demais. preconizada entre o mtodo cientifico de abordar os dados sociolgicos e o mtodo do valor-julgamento: a validade dos valores um problema de f, no de conhecimentos, em conseqncia, as Cincias Sociais devem libertar-se dos valores. O principal objetivo da anlise sociolgica a formulao de regras sociolgicas. Weber desenvolveu um instrumento de anlise dos acontecimentos ou situaes concretas que exigia conceitos precisos e claramente definidos o tipo ideal. Quando a realidade concreta estudada desta forma, torna-se possvel estabelecer relaes causais entre seus elementos. Sua obra A tica protestante e o esprito do capitalismo permite verificar esta relao. Por esprito, o autor entendia um sistema de mximas de comportamento humano (...) Weber chegou concluso de que o surgimento do capitalismo no assegurado s por condies econmicas especficas; deve haver pelo menos uma segunda condio. Essa condio deve pertencer ao mundo interior do homem, isto , existe forosamente um poder motivador especfico, qual seja, a aceitao psicolgica de idias e valores favorveis e essa transformao. Os pensadores sociais e suas obras mais significativas na

modernidade e contemporaneidade. Augusto Comte: Augusto Comte (1798 1857), pensador francs, foi o criador da doutrina positivista, preconizando que em todos os ramos de estudos, se obedecesse preocupao da mxima objetividade. Em sua classificao das cincias, colocou a matemtica na base e, no pice, os esforos de compreenso de tudo o que se referia ao homem, principalmente as relaes entre eles.

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Nessa atitude, entretanto, assumia uma posio diferente da dos socialistas. Defendia o ponto de vista de somente serem vlidas as anlises das sociedades quando feitas com verdadeiro esprito cientfico, com objetividade e com ausncia de metas preconcebidas, prprios das cincias em geral. Os estudos das relaes humanas, assim, deveriam constituir uma nova cincia, a que se deu o nome de Sociologia. Esta na deveria limitar-se apenas anlise, mas propor normas de comportamento, seguindo a orientao resumida na famosa frmula positivista saber para prever, a fim de prover (...). Podemos discernir, nos estudos de Comte, trs princpios bsicos: a. prioridade do todo sobre as partes: significa que, para compreender e explicar um fenmeno social, devemos analisa-lo no contexto global a que pertence; b. o progresso dos conhecimentos caracterstico da sociedade humana: a sucesso de geraes, com seus conhecimentos, permite uma acumulao de experincias e de saber que constitui um patrimnio espiritual objetivo e liga as geraes entre si; existe uma coerncia entre o estgio dos conhecimentos e a organizao social; c. o homem o mesmo por toda parte e em todos os tempos, em Desses princpios bsicos, Comte conclui ser natural que a sociedade, em toda parte, evolua da mesma maneira e no mesmo sentido, resultando da que a humanidade em geral caminha para um mesmo tipo de sociedade mais avanada. De tais idias surgiu a classificao das sociedades denominada A Lei dos Trs Estados: a. estado teolgico ou fictcio, em que se explicam os diversos fenmenos atravs de causas primeiras, em geral personificadas em fenmenos da natureza ou corpos celestes (fetichismo), potncias sobrenaturais (politesmo) ou em um deus nico (monotesmo); virtude de possuir idntica constituio biolgica e sistema cerebral.

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b.

estado metafsico ou abstrato, em que as causas primeiras so

substitudas por causas metafsicas/abstratas, como as idias, na explicao dos fenmenos naturais; c. estado positivo ou cientfico, no qual o homem tenta compreender os fenmenos naturais e sociais atravs da observao cientfica e do raciocnio, formulando leis; portanto no mais procura conhecer a natureza ntima das coisas e as causas absolutas. So obras significativas: Curso de filosofia positiva (1830 1842) e Poltica positiva (1851 1854). Herbert Spencer: Na segunda metade do sculo XIX, as idias de Darwin sobre a evoluo das espcies influenciaram a maioria dos estudiosos. A Sociologia foi, depois da Biologia, a cincia que maior impacto recebeu da teoria de Darwin, levando ao aparecimento da Escola Biolgica, iniciada pelo ingls Herbert Spencer (1820 1903). Segundo a concepo desse pensador, a sociedade assemelhase a um organismo biolgico, sendo o crescimento caracterizado pelo aumento da massa; o processo de crescimento d origem complexidade da estrutura; aparece ntida interdependncia entre as partes (...) Desses princpios bsicos chega-se formulao de uma lei geral, segundo a qual a evoluo de todos os corpos (e, por analogia, a das sociedades), passa por um estgio primitivo, caracterizado pela simplicidade de estrutura e pela homogeneidade, a estgios de complexidade crescente, assinalados por uma heterogeneidade progressiva das partes, acompanhadas por novas maneiras de integrao. Especificamente no que concerne s sociedades, para Spencer, a Histria demonstra a diferenciao progressiva das mesmas: de pequenas coletividades nmades, homogneas, indiferenciadas, sem qualquer organizao poltica e de reduzida diviso de trabalho, as sociedades tornam-se cada vez mais complexas, mais heterogneas,

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compostas de grupos diferentes, mais numerosos, onde a autoridade poltica se torna organizada, aparecendo uma multiplicidade de funes econmicas e sociais, exigindo maior diviso de trabalho. Obras mais importantes: Princpios de sociologia (1876 1896) e O estudo da sociedade (1873) Georg Simmel: Em sua obra Sociologia, editada em 1908, Simmel indica formas de socializao tendo por base a interao social. Portanto, a Sociologia , para esse autor, a cincia que estuda as maneiras pelas quais as interaes sociais se repetem constantemente. O processo de socializao seria resultante da forma que mais se repetisse, a mais importante. Simmel entendia por forma o elemento relativamente estvel, padronizado, da vida social, distinto do contedo, que varivel (...) as formas sociais, como as relaes de autoridade e subordinao, a concorrncia e outras, so anlogas, apesar das mltiplas variaes de contedo. Talcott Parsons: Norte-americano, nascido em 1902. Obras principais: Estrutura da ao social (1937), Ensaios de teoria sociolgica pura e aplicada (1949) e Sistema social (1951) A primeira contribuio de Parsons foi a indicao do objeto de estudo da Sociologia, isto , a ao social O tema central da Teoria Sociolgica de Parsons o funcionamento das estruturas. Para ele, a estrutura a resultante do processo de institucionalizao dos elementos culturais idias, valores e smbolos, transformados em normas de ao. Por exemplo: o valor geral da educao (conhecimento) institucionaliza-se no papel do professor, da escola, dos rgos educacionais em geral; o valor geral da justia institucionaliza-se no papel do juiz, dos tribunais, etc. Desta maneira, a

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institucionalizao um processo de integrao e de estabilidade, formando laos entre a sociedade e a cultura, e entre a personalidade e a motivao. O processo de famlia, escola, direito, etc. . Para Parsons, todo sistema social um sistema aberto, devendo ajustar-se ao meio (social e biolgico), no qual se insere. Para este autor, podem-se identificar quatro problemas fundamentais de ajustamento, enfrentados por qualquer sistema social em sua subsistncia: a. b. c. d. estabilidade normativa: processo de aceitao dos valores de integrao: coordenao das diferentes instncias do sistema consecuo: atingimento dos objetivos de partes do sistema adaptao: organizao dos recursos para obteno dos uma sociedade por seus integrantes; social, o que inclui lidar com conflitos e contradies; ou do sistema como um todo; objetivos do sistema e suas partes. Robert Merton: Norte-americano. Obra principal: Teoria social e estrutura social (1957). Embora funcionalista Merton combate a pressuposio bsica de que todos os elementos da cultura so funcionalmente interrelacionados, isto , que os itens culturais e individuais se integram em sistemas (...) Merton desenvolveu novos conceitos funcionais destinados a tornar relativos os postulados: a. Noo de equivalente funcional ou substituto funcional: assim como por elementos intermutveis (...) Exemplo: o um s elemento pode ter vrias funes, uma s funo pode tambm ser desempenhada curandeirismo pode substituir um determinado tratamento mdico institucionalizao realiza-se ainda pela formao de conjuntos estruturais concretos, isto , instituies sociais:

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b.

Noo

de

disfuno:

as

disfunes

so

conseqncias

que

perturbam a adaptao ou o ajustamento do sistema (...) Exemplo: na ndia, as prticas religiosas probem o abate da vaca, por ser animal sagrado, aumentando assim o problema da subnutrio. c. Distino entre funo manifesta e latente: as funes manifestas so conseqncias objetivas de prticas compreendidas e desejadas pelos participantes do sistema, por contriburem para o ajustamento ou adaptao dos mesmos ao sistema. As funes latentes, ao contrrio, constituem conseqncias de prticas no pretendidas nem previstas, ou somente perceptveis ao observador [externo]. Como exemplo, podemos citar os ritos relativos chuva, entre os ndios Pueblo, no Mxico. Embora a funo manifesta de agir sobre as condies meteorolgicas no sejam notadas, tais rituais desencadeiam uma funo latente, a saber, a promoo da unio e identidade do grupo.

Captulo 03 Objeto da Sociologia CONCEITOS FUNDAMENTAIS O conceito de fato social, proposto por Durkheim; O conceito de ao social enunciado por Weber; O conceito de ao social proposto por Parsons O conceito de fato social, proposto por Durkheim Uma cincia caracteriza-se pelo seu objeto e pelos seus mtodos. Quanto Sociologia, o seu objeto se encontra no exame dos fenmenos coletivos, atravs de teorias e mtodos prprios. O estudo cientfico da sociedade sofreu indiscutvel impacto, no sculo XX, com a contribuio de Durkheim. Ele formulou, com

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firmeza e convico, uma assertiva que fortemente repercutiu nas interpretaes sociolgicas. Qualificou, com efeito, o fato social como uma coisa, e preconizou que, para estud-lo, fossem aplicados os mtodos e processos (...) empregados nas cincias exatas. [DEFINIO] fato social toda maneira de agir, fixa ou no, suscetvel de exercer sobre o indivduo uma coero exterior, que geral na extenso de uma sociedade dada, apresentando uma existncia prpria, independente das manifestaes individuais que possa ter. Caractersticas do Fato Social: De sua definio podemos tirar as caractersticas especificas do fato social: a. exterioridade, em relao s conscincias individuais; b. coercitividade, a coero que o fato social exerce ou suscetvel de exercer sobre os indivduos; c. generalidade, em virtude de ser comum ao grupo ou sociedade. EXTERIORIDADE. O conceito de exterioridade dos fatos sociais baseiase na concepo durkheimiana de conscincia coletiva, por ele definida como o conjunto das maneiras de agir, de pensar e de sentir, comum mdia dos membros de determinada sociedade e que compe a herana prpria dessa sociedade. Essa herana persiste no tempo, transmitindo-se de gerao para gerao. As maneiras de agir, de pensar e de sentir so exteriores s pessoas, porque as precedem, transcendem e a elas sobrevivem (...) Essas caractersticas de anterioridade e de posterioridade levam concluso de que os fatos sociais transcendem os indivduos, e esto acima e fora deles, sendo, portanto, independentes do indivduo em particular. Exemplo: quando desempenhamos nosso papel de cidados, de filhos, de adeptos de determinada religio, estamos praticando deveres definidos fora de ns e de nossos hbitos individuais, no direito e nos costumes.

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COERCITIVIDADE. As normas de conduta ou de pensamento so, alm de externas aos indivduos, dotadas de poder coercitivo, por que se impe aos indivduos, independentes de suas vontades (...) A coero no necessita ser drstica; igualmente so eficazes o riso, a zombaria, o afastamento dos amigos, quando nosso comportamento no constitui transgresses s leis, mas s convenes da sociedade GENERALIDADE. A conscincia coletiva, isto , o conjunto das maneiras de agir, de pensar e de sentir, caracterstica geral de determinado grupo ou sociedade; dar feio a uma sociedade e permitir distinguir, por exemplo, um brasileiro de um boliviano (...) Para Durkheim, o fato social geral ainda porque coletivo, isto , mais ou menos obrigatrio, e est bem longe de ser coletivo porque geral. Constitui um estado de grupo porque se repete nos indivduos e a eles se impe. Est bem longe de existir no todo por existir nas partes, mas, ao contrrio, existe nas partes porque existe no todo. Os fatos sociais so explicados por causas sociais. Quando procuramos explicar um fenmeno social, preciso buscar separadamente a causa eficiente que o produz e a funo que desempenha... A causa determinante de um fato social deve ser buscada entre os fatos sociais anteriores, e no entre os estados de conscincia individual... a funo de um fato social deve ser sempre buscada na relao que mantm com algum fim social. Exemplo: um indivduo seqestra e mata uma criana, apesar de ter recebido resgate de seus pais (causa da penalidade); descoberto, preso e condenado a uma longa pena: o castigo tem, por outro lado, uma funo til: manter esses sentimentos em determinado grau de intensidade, pois, sem isso, se exacerbariam, podendo, inclusive, ocorrer o linchamento do culpado.

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O conceito de ao social enunciado por Weber Com mile Durkheim, a definio do objeto da Sociologia fato

social tem carter objetivo, porque determina o carter social da ao a partir da coero exercida do exterior sobre a conduta dos indivduos. Quando Max Weber conceitua de modo subjetivo a ao social objeto da Sociologia baseia-se em critrios internos dos indivduos participantes. Weber considerava que as Cincias Sociais tinham certas vantagens sobre as Cincias Naturais, havendo a possibilidade de uma espcie de compreenso, baseada no fato de que os seres humanos so diretamente conscientes das suas aes. Assim, por exemplo, no estudo dos grupos sociais, pode-se ir alm da demonstrao de relaes funcionais e de uniformidades; podem-se compreender as aes e intenes subjetivas dos membros individuais. [DEFINIO] A ao social, segundo o autor, seria a conduta humana, pblica ou no, a que o agente atribui significado subjetivo; acentua a importncia de ser a ao social uma espcie de conduta que envolve significado para o prprio agente. Esta compreenso ao nvel do significado pode ocorrer de duas maneiras: Em primeiro lugar, a compreenso por observao direta do significado subjetivo do ato de outra pessoa (compreenso atual). Exemplo: algum declarar que a terra redonda, ou presenciar algum que, num momento de raiva quebra coisas ou diz palavres. Em segundo lugar, chega-se compreenso do motivo, reproduzindo em ns o raciocnio do agente, ou, no caso de uma ao irracional, compreendendo o contexto emocional em que ocorreu sua ao (compreenso explicativa). A Sociologia, na interpretao de Weber, uma cincia que tem por objeto compreender claramente a conduta humana e fornecer explicao causal de sua origem e resultados. Se so as atitudes que explicam a conduta social, faz-se necessrio pesquisar a natureza e a

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operao desses fatores, levando-se em considerao, principalmente, serem estas atitudes afetadas ou modificadas por motivos e aes de outros indivduos (...) A ao humana, para Max Weber social medida que, em funo da significao subjetiva que o individuo ou os indivduos que agem lhe atribuem, toma em considerao o comportamento dos outros e por ele afetada no seu curso. A ao social social, pois: a. as pessoas devem levar em considerao a existncia e a presena de outros, assim como o seu comportamento; b. a ao de um individuo deve ter um valor simblico para os outros e vice-versa .Ligar significado conduta prpria e dos outros atribuir a ela um sentido simblico suscetvel de ser transmitido e compreendido, graas a um cdigo (...) e mais exatamente ainda, inserir essa conduta num sistema de comunicao. c. toda conduta de indivduos empenhados em uma ao social deve sofrer influncia da percepo do significado da ao dos outros e da sua prpria. Para Weber, a ao social, da mesma maneira que toda ao, pode ser: racional, visando aos fins; racional, visando aos valores; afetiva (emotiva) ou tradicional. O conceito de ao social proposto por Parsons Talcott Parsons sofreu forte influencia de Max Weber na definio do objeto de estudo da Sociologia: a ao social. Ao expor um esquema de referncia para o estudo da ao social, Parsons distinguiu trs elementos imprescindveis: o agente (ator), a situao e a orientao desse agente em relao situao. Analisando a orientao do agente, dividiu-a em dois componentes: orientao motivacional e orientao de valor. A orientao motivacional (...) consiste nas disposies do ator e fornece a energia a ser gasta na

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ao, apresentando trs modalidades: cognitiva (...), avaliativa (...), cattica, processo pelo qual o agente d ao objeto um significado emocional ou afetivo. A orientao de valor, em contraposio s necessidades, que constituem o centro da orientao motivacional, indica a observncia de normas e padres sociais, consistindo a submisso do ator s suas determinaes. A orientao de valor apresenta tambm trs modalidades: cognitiva (...) apreciativa (...) e moral. Por sua vez, a situao em que est integrado o agente (ator) composta de objetos fsicos, objetos sociais (outras pessoas) e objetos culturais (elementos simblicos). Por esse motivo, a interao supe uma cultura comum, que possibilite por parte do ego (eu), a interpretao das provveis reaes do alter (outro) e vice-versa. Segundo Parsons, o processo de interao entre ego e alter pode ser entendido como microcosmo dos sistemas sociais, pois contm os elementos constitutivos dos sistemas sociais: sistemas partilhados de crenas, sentimentos e valores, critrios culturalmente padronizados de avaliao tcnica, esttica e moral. Por outro lado, a ao social, para Parsons, situa-se sempre simultaneamente em quatro contextos ou sistemas: biolgico, psquico ou da personalidade, social e cultural. Captulo 04 Processos Sociais CONCEITOS FUNDAMENTAIS Processo Social: isolamento e contato Interao Social: comunicao; cooperao, competio e conflito; Processo Social: isolamento e contato

adaptao, acomodao e assimilao.

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[DEFINIO] Aos nos referirmos s relaes sociais, devemos compreend-las em seus aspectos dinmicos. Os indivduos, atravs das relaes sociais, podem aproximar-se ou afastar-se, dando origem a formas de associao ou dissociao. A esse aspecto dinmico damos o nome de processo social. Isolamento e contato: ISOLAMENTO pode ser entendido como a falta de contato ou de comunicao entre grupos ou indivduos. Purk e Burgess indicaram quatro tipos de isolamento: isolamento espacial ou fsico; isolamento estrutural (constitudo pelas diferenas biolgicas tais como sexo, raa, idade); isolamento funcional (tem origem nos defeitos fsicos, cegueira, surdez, mudez e outras limitaes fsicas) e isolamento habitudinal, que diz respeito separao ocasionada pela diferena de hbitos, costumes, usos, linguagem, religio e outros fatores. CONTATO a fase inicial da interestimulao e as modificaes resultantes so denominadas de interao. O contato social um processo primrio, fundamental do processo social. Os contatos podem ser diretos, quando ocorrem face a face por meio da percepo fsica e indireta, mediados por meios tcnicos de comunicao; podem ser voluntrios e involuntrios; podem ser contatos com o passado, cuja finalidade a transmisso da herana social e com o presente; podem ser contatos primrios, pessoais, ntimos e espontneos e secundrios, formais, impessoais e racionais. Os vrios tipos de contato no so mutuamente exclusivos (...) no mundo moderno, nas sociedades complexas, h um nmero maiorde contatos secundrios (...) e os contatos tendem a tornar-se cada vez mais superficiais e passageiros.

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Interao Social: comunicao; cooperao, competio e conflito;

adaptao, acomodao e assimilao. [DEFINIO] Interao social a ao social, mutuamente orientada, de dois ou mais indivduos em contato. Distingue-se da mera interestimulao em virtude de envolver significados e expectativas em relao s aes de outras pessoas. Podemos dizer que a interao a reciprocidade de aes sociais. Comunicao: pode ocorrer por meios no-verbais, palavras e smbolos. Cooperao, competio e conflito: [DEFINIO] A cooperao o tipo particular de processo social em que dois ou mais indivduos ou grupos atuam em conjunto para a consecuo de um objetivo comum. requisito especial e indispensvel para a manuteno e continuidade dos grupos e sociedades. A cooperao pode ser temporria ou contnua, direta ou indireta. Em todas as sociedades existem diferenas de capacidades e de desejos entre seus componentes. Para a satisfao de suas necessidades e aspiraes, os indivduos (e tambm os grupos menores, integrantes do grupo total) competem entre si, com maior ou menor energia. Verificamos que competio consiste em esforos de indivduos ou grupos para obter melhores condies de vida. Quando uma pessoa se interpe no caminho da satisfao ou dos desejos da outra, surgem os choques (conflitos). Variando em intensidade e extenso, os conflitos se apresentam como rivalidade, debate, discusso, litgio, contenda e guerras.

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Adaptao, acomodao e assimilao: A adaptao social de um indivduo ao grupo no significa necessariamente conformidade social, mas supe a utilizao de certa margem de liberdade ou de autonomia que o meio concede. A adaptao do indivduo ao meio social realiza-se principalmente em trs nveis: biolgico e psicomotor, nvel afetivo e de pensamento. [DEFINIO] Acomodao um processo social com o objetivo de diminuir o conflito entre os indivduos ou grupos, reduzindo-o e encontrando um novo modus vivendi. um ajustamento formal e externo, aparecendo apenas nos aspectos externos do comportamento, sendo pequena ou nula a mudana interna. Variando o grau de liberdade ou restrio, a acomodao pode se dar por meio de: conciliao, tolerncia, arbitragem, compromisso e coero. [DEFINIO] Assimilao o processo social em virtude do qual indivduos e grupos diferentes aceitam e adquirem padres comportamentais, tradio, sentimentos e atitudes da outra parte. um indcio de integrao sociocultural.

Captulo 05 Status e Papel Status Papel Status e Papel Status

[DEFINIO] Status o lugar ou posio que a pessoa ocupa na estrutura social, de acordo com o julgamento coletivo ou consenso de

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opinio do grupo. Portanto, o status a posio em funo dos valores sociais correntes na sociedade. [DEFINIO] Status legal uma posio caracterizada por direitos (reivindicaes apoiadas por normas) e obrigaes (deveres prescritos por normas), capacidades e incapacidades, reconhecidos pblica e juridicamente, importantes para a posio e as funes na sociedade. [DEFINIO] Status social abrange caractersticas da posio que no so determinadas por meios legais. o comportamento socialmente esperado e/ou aprovado, de ocupante do status, assim como o comportamento dos outros em relao a ele. Critrios de determinao do Status Ao se dizer que o status algo definido socialmente, consideramos que definido por fatores extrnsecos s pessoas e, dessa forma, existem certos critrios universais, contidos nos valores sociais, para a atribuio do status. parentesco riqueza ocupao educao religio caractersticas biolgicas

Papel [DEFINIO] As maneiras de se comportar que se esperam de

qualquer indivduo que ocupa certa posio constituem o papel associado com aquela posio.

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Status e Papel O status salienta a posio tal como concebida pelo grupo ou pela

sociedade que a mantm, e o papel destaca a pessoa que ocupa a posio. Se o status reala o fato de que nos grupos sociais relevantes existem expectativas de tipo normativo, o papel enfatiza os elementos que compem o comportamento esperado. Uma pessoa a mesma personalidade bsica, independente do grupo de que participa, mas espera que se comporte de forma diferente em cada grupo (...) As expectativas dos outros, baseadas em normas socialmente aprovadas, determinam a maneira pela qual cada um deve desempenhar seu papel; entretanto, existe certa amplitude nessa determinao, permitindo variaes individuais. Captulo 06 Grupos Sociais Categorias Sociais Esteretipos Agregados Opinio Pblica, Pblico e Massa. Comunicao e Cultura de Massas Grupos sociais grupos primrios e grupos secundrios Categorias Sociais [DEFINIO] Uma categoria social uma pluralidade de pessoas que so consideradas como uma unidade social pelo fato de serem efetivamente semelhantes em um ou mais aspectos (Fichter, 1973:85). No h necessidade de proximidade ou contato mtuo para que as pessoas pertenam a uma categoria social. Exemplos: adolescentes, operrios, soldados, analfabetos, etc..

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Em relao aos aspectos semelhantes entre as pessoas, s nos interessam aqueles que tm significao sociolgica, e mesmo estes variam de acordo com o objetivo do estudo. Exemplo: se quisermos analisar os padres de comportamento religiosos, a classificao abrangeria a categoria de crentes, ateus, cristos, judeus, budistas e outras; homens, mulheres, jovens, adultos e idosos. As principais categorias estudadas pela Sociologia so as que implicam valores sociais. Embora estes variem nas sociedades, alguns constituem determinantes quase universais de status e, portanto, servem de base para a classificao das categorias sociais significativas. a) parentesco; b) riqueza; c) ocupao; d) educao; e) religio; f) fatores biolgicos. Esteretipos Ao lado das categorias, construes mentais baseadas nos fatos, encontramos os esteretipos, construes mentais falsas, imagens e idias de contedo Os algico que estabelecem em critrios socialmente no falsificados. esteretipos baseiam-se caractersticas

comprovadas e no demonstradas, atribudas a pessoas, coisas e situaes sociais, mas que, na realidade no existem. Os principais esteretipos referem-se classe, etnia e religio. Pelo fato de um esteretipo salientar qualidades em vez de defeitos, no significa que deixe de ser esteretipo.

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Mais do que criaes do indivduo, os esteretipos so criaes do grupo e, medida que o indivduo se isola, diminuindo a oportunidade de experincias novas, os esteretipos tendem a se fortalecer, o mesmo acontecendo com o esteretipo que se propaga e passa a ser aceito por maior nmero de pessoas. Os meios de comunicao de massa colaboram na criao e difuso de esteretipos. Agregados Agregado uma reunio de pessoas frouxamente aglomeradas que, apesar da proximidade fsica, tm um mnimo de comunicao e de relaes sociais. Os principais agregados, segundo Fichter, so: manifestaes pblicas, agregados residenciais e agregados funcionais, e os diferentes tipos de multido. Opinio Pblica, pblico e massa. Pblico. Conjunto de indivduos em que: a. b. c. praticamente igual o nmero de pessoas que expressam e recebem opinies; a organizao da comunicao pblica permite uma resposta imediata e efetiva a uma opinio publicamente expressa; a opinio, formada atravs dessa discusso, encontra possibilidade de se transformar em ao efetiva, mesmo contra o sistema de autoridade vigente, se necessrio; d. as instituies de autoridade no tm penetrao: o pblico , portanto, mais ou menos autnomo em suas aes. Massa. Conjunto de elementos em que: a. o nmero de pessoas que expressam opinies incomparavelmente menor do que aquele que as recebe; a massa uma coleo abstrata de indivduos, recebendo impresses e

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opinies j formadas, veiculadas pelos meios de comunicao de massa; b. c. d. a organizao da comunicao pblica impede ou dificulta a resposta imediata e efetiva s opinies externadas publicamente; as autoridades controlam e fiscalizam os canais por meio dos quais a opinio se transforma em ao; os agentes institucionais tm maior penetrao; a massa, portanto, no tem autonomia, sendo reduzida a formao da opinio independente atravs da discusso Opinio Pblica. James Bryce A Comunidade Americana: S existe opinio pblica quando os indivduos de uma sociedade tm acesso livre e total s informaes da atualidade e, em conseqncia, podem formular opinies autoconscientes (...) o processo de formao de opinio pblica pressupe o acesso potencial de todos os cidados s informaes estereotipadas que os meios de comunicao divulgam. Diante dessas informaes, que cada indivduo recebeu (ou pode receber) livremente, em igualdade de condies com os demais, afigura-se a etapa de tomada de posio: pessoal, grupal, coletiva [atravs da livre discusso]. Hans Speier Desenvolvimento histrico da opinio pblica / Jornal Americano de Sociologia: Consideramos como opinio pblica as opinies sobre assuntos de interesse da nao, livre e publicamente expressas por homens que no participam do governo e reivindicam para suas opinies o direito de influenciarem ou determinarem as aes, o pessoal ou a estrutura de governo.

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Comunicao e Cultura de Massas Entende-se por comunicao ou relao comunicativa aquela que

tanto supe quanto produz uma interao bilateral, isto , em que os dois plos transmissor e receptor apresentam relao de ambivalncia, podendo o transmissor passar a receptor e vice-versa. Entende-se por meio de comunicao no apenas o emprego de smbolos por parte dos homens para significar, expressar e comunicar o saber a diferentes linguagens mas, principal e concretamente, os canais artificiais utilizados para veicular entre seres racionais transmissores / receptores essas mesmas linguagens. Assim, em seu sentido mais amplo, os meios de comunicao seriam, de um lado, todas as linguagens, cuja caracterstica serem mais convencionais do que artificiais e, de outro, todos os meios tcnicos ou tecnolgicos capazes de excitar um receptor, atravs da transmisso de um sentido ou significado, tanto oral quanto visual (sinais de fumaa, desenhos, cartazes, rdio, televiso, satlites, microcomputadores, etc.). Quando a bilateralidade da autntica intercomunicao atrofiada pela enorme desproporo entre os agentes transmissores e receptores, e quando o primeiro se assenhora e monopoliza o papel de informador, reduzindo os segundos a um papel de pessoas passivamente informadas, de modo irreversvel a fora expansiva e autocriadora do saber diminui, ficando reduzida sua funo a uma relao unilateral entre dois plos: uma oligarquia informadora, convertida em elite, e uma pluralidade indiferenciada de receptores, transformada em massa. Considera-se cultura de massa o resduo de todas as mensagens em que h um predomnio da informao sobre a comunicao, veiculadas pelos agentes e sedimentadas no plo receptor que se constitui numa sociedade de massas (...) Define-se a cultura de massa justamente pela sedimentao das formas de saber, que induzem condutas, ideologias e

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motivaes, depositadas sem contestao na conscincia do homemmassa. Grupos sociais grupos primrios e grupos secundrios Segundo Morris Ginsberg, as categorias e os agregados sociais, assim como as classes sociais, so quase grupos, podendo dar origem a grupos plenamente desenvolvidos. Esses quase grupos constituem um campo de recrutamento para grupos. O homem, como ser social, vive em grupos. Isto implica o surgimento contnuo de novos grupos, cuja criao e manuteno levantam o problema do recrutamento de membros, que ocorre de diferentes maneiras: a. aceitao voluntria da participao; b. indicao, nomeao ou designao; c. eleio; d. contrato; e. conscrio; f. coero. Caractersticas dos Grupos Os grupos apresentam diversidade entre si, no s na forma de recrutamento, como tambm na organizao, finalidade e objetivos. Porm, todos eles possuem determinadas caractersticas, que levaram Fichter a definir grupo social como uma coletividade identificvel, estruturada, contnua, de pessoas sociais que desempenham papis recprocos, segundo determinadas normas, interesses e valores sociais, para a consecuo de objetivos comuns (1973:140) Para esse autor, as caractersticas dos grupos sociais so as seguintes:

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identificao; estrutura social; papis individuais; relaes recprocas; normas comportamentais; interesses e valores comuns; finalidade social; permanncia. Caractersticas dos Grupos Quanto origem: espontneos ou contratuais; Quanto durao: acidentais ou peridicos ou permanentes ou contnuos; Quanto estrutura: difusos ou organizados. Esses trs fatores origem, durao e estrutura no so mutuamente exclusivos e podem aparecer conjuntamente. Exemplo: a escola constitui um grupo social contratual, permanente ou contnuo e organizado; a multido espontnea, peridica ou acidental e difusa. Grupos primrios e grupos secundrios [DEFINIO] Entendemos por grupos primrios aqueles caracterizados por uma ntima cooperao e associao face a face. So primrios sob vrios aspectos, principalmente porque so fundamentais na formao da natureza social e nos ideais do indivduo. O resultado dessa associao ntima , psicologicamente, certa fuso das individualidades num todo comum, de modo que o prprio ego individual se identifica, pelo menos para vrios fins, com a vida e o propsito comuns ao grupo. Possivelmente, a maneira mais simples de descrever essa totalidade consiste em apresenta-la como ns, porque envolve a espcie de simpatia e identificao mtua para as quais o ns a expresso natural (COOLEY).

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Por sua vez, o grupo secundrio possui certas caractersticas que se apresentam como opostas s do grupo primrio. As relaes geralmente so estabelecidas por contato indireto e, no caso de serem por contato direto, so passageiras e desprovidas de intimidade; as relaes so ainda formais e impessoais. No grupo secundrio, a conscincia de ns fraca, o tipo de contato predominantemente secundrio e categrico, a posio dos membros define-se em relao aos papis que lhes cabem, sendo sua participao limitada contribuio que prestam. So exemplos de grupos primrios: famlia, grupo de amigos, aldeia ou vizinhana. So exemplos de grupos secundrios: empresa, exrcito, igreja. Captulo 07 Cultura e Sociedade Conceito de Cultura Relativismo Cultural e Etnocentrismo Subcultura, aculturao e endoculturao Opinio Pblica, Pblico e Massa. Comunicao e Cultura de Massas Grupos sociais grupos primrios e grupos secundrios Conceito de Cultura Para os antroplogos a cultura tem significado amplo: engloba os modos comuns e aprendidos da vida, transmitidos pelos indivduos e grupos, em sociedade. Desde o fim do sculo XIX, os antroplogos vem elaborando inmeros conceitos sobre cultura. Apesar da cifra ter ultrapassado 160 definies, ainda no chegaram a um consenso sobre o significado exato do termo.

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G. M. Foster (1962) descreve a cultura como a forma comum e aprendida da vida, compartilhada pelos membros de uma sociedade, constante da totalidade dos instrumentos, tcnicas, instituies, atitudes, crenas, motivaes e sistemas de valores conhecidos pelo grupo (1964:21). Mais recentemente, Clifford Geertz (1973) prope: a cultura deve ser vista como um conjunto de mecanismos de controle planos, receitas, regras, instituies para governar o comportamento. Para ele mecanismos de controle consiste (...) qualquer coisa que seja usada para impor um significado experincia. Relativismo Cultural e Etnocentrismo A posio cultural relativista tem como fundamento a idia de que os indivduos so condicionados a um modo de vida especfico e particular, por meio do processo de endoculturao. Adquire, assim, seus prprios sistemas de valores e sua prpria integridade cultural. As culturas, de modo geral, diferem umas das outras em relao aos postulados bsicos, embora tenham caractersticas comuns. Toda cultura considerada como configurao saudvel para os indivduos que as praticam. Todos os povos formulam juzos em relao aos modos de vida diferentes dos seus. Por isso, o relativismo cultural no concorda com a idia de normas e valores absolutos e defende o pressuposto de que as avaliaes devem ser sempre relativas prpria cultura onde surgem. Em contrapartida, etnocentrismo significa a supervalorizao da prpria cultura em detrimento das demais. Subcultura, aculturao e endoculturao Subcultura pode ser considerada como um meio peculiar de vida de um grupo menor dentro de uma sociedade maior. Embora os padres da subcultura apresentem algumas divergncias em relao cultura central ou a outras subculturas, mantm-se coesos entre si.

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Aculturao a fuso de duas culturas diferentes que, entrando em contato continuo, originam mudanas nos padres culturais de ambos os grupos. chamado endoculturao o processo de aprendizagem e educao em uma cultura desde a infncia. O material a seguir foi elaborado pelo Prof. Paulo Antonini e, embora originalmente produzido para discusso da Cultura Organizacional, permite generalizaes para o tema aqui abordado:

CULTURA ORGANIZACIONAL

CULTURA Quando o indivduo ingressa em uma organizao, existe um encontro deste, com seus valores, atitudes, personalidade, subjetividade ... e as caractersticas (objetivos e metas, valores e necessidades ...) da organizao. Dentro da organizao formal com valores, regras e objetivos explcitos e claramente definidos, ocorrem grupos informais que podem se transformar em verdadeiras organizaes paralelas e cujas caractersticas podem diferir e at antagonizar com as da organizao formal. Com o passar do tempo, cada organizao constitui sua prpria cultura que orienta o modo de perceber a realidade, pensar, sentir e agir de seus funcionrios entre si e para com os parceiros, fornecedores, clientes, concorrentes, etc. A tendncia a de se transmitir a cultura aos novos integrantes, cristalizando-a. Cultura e identidade organizacionais so muito prximos o que nos ajuda a entender porque, freqentemente, to difcil mudar a cultura.

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Elementos e nveis da Cultura Organizacional Elementos formais explcitos simblicos ou tangveis: Normas, valores explcitos, tecnologia, estrutura

Rituais, Mitos, Heris

Valores, motivos e afetos no explcitos/inconscientes Podemos comparar a cultura da organizao a um iceberg, no qual a diminuta parte visvel acima da linha dgua corresponderia aos elementos formais explcitos simblicos ou tangveis: normas, valores explcitos, tecnologia, estrutura. E a grande parte submersa, aos valores, motivos e afetos no explcitos/inconscientes. Na linha divisria poderamos situar rituais, mitos e heris.

Apostila da Disciplina SOCIOLOGIA Elaborada pelo Prof. Paulo Antonini em Julho de 2008 com base no livro Sociologia Geral de Eva Maria LAKATOS e Marina de Andrade MARCONI So Paulo: Editora Atlas, 2006 7 edio.

Definio de Cultura Organizacional de Edgar SCHEIN Cultura organizacional o conjunto de pressupostos bsicos que um grupo inventou, descobriu ou desenvolveu ao aprender como lidar com os problemas de adaptao externa e integrao interna e que funcionaram bem o suficiente para serem considerados vlidos e ensinados a novos membros, como a forma correta de perceber, pensar e sentir em relao a esses problemas Os laos que os indivduos desenvolvem em suas relaes com as organizaes so mais do que simplesmente econmicos (...) so carregados de afeto e, portanto, tambm de natureza psicolgica"

Os principais elementos que compem a cultura organizacional Valores: o que importante para se atingir o sucesso Normas e regulamentos Crenas e pressupostos: o que tido como verdade na organizao Rituais e Cerimnias: atividades que tornam a cultura mais tangvel e coesa Histrias e mitos: relatos de fatos ou verses compatveis com os valores da empresa Heris: personificao dos valores da empresa Tabus: o interdito, o mal-dito Processos de comunicao formais e informais.

Apostila da Disciplina SOCIOLOGIA Elaborada pelo Prof. Paulo Antonini em Julho de 2008 com base no livro Sociologia Geral de Eva Maria LAKATOS e Marina de Andrade MARCONI So Paulo: Editora Atlas, 2006 7 edio.

Funes desempenhadas pela cultura organizacional Integrao e coeso de pessoas e grupos Referencial para a construo da identidade do grupo/organizao Como mecanismo de defesa coletivo de evitao de ansiedades Previsibilidade de atitudes e comportamentos circunscritos aos papis que as pessoas desempenham Para o controle de pessoas e grupos dimenso ideolgica

Mudana cultural Assim podemos compreender porque s vezes a mudana (qualquer mudana), pode gerar o medo da desidentificao e da desestruturao, passando a ser temida ou evitada. Alguns fatores e algumas aes podem diminuir as resistncias e favorecer as mudanas, com destaque para: Presses externas legislao, clientes, concorrncia, etc. Conflitos de interesses e pontos-de-vista dos subgrupos na empresa Percepo da necessidade da mudana Acreditar na possibilidade da mudana Identificao dos medos e ansiedades Percepo de ganhos ou diminuio de perdas com a mudana Histrico de mudanas bem sucedidas Adeso e compromisso da alta direo e das lideranas Fluxo constante de informaes fidedignas atravs de canais de comunicao formalmente constitudos Tecnologia e recursos disponveis para proceder s mudanas Apoio de consultoria externa

Referncias Bibliogrficas: FLEURY, M T L, SHINYASHIKI, G e STEVANATO, L A, Entre a Antropologia e a Psicanlise: dilemas metodolgicos dos estudos sobre cultura organizacional Revista de Administrao de Empresas (ERA) da Fundao Getlio Vargas/SP, v. 32, n 1, pginas 23 a 27. FREITAS, M E, Cultura Organizacional: Identidade, Seduo e Carisma? RJ: Editora da Fundao Getlio Vargas, 1999.

Apostila da Disciplina SOCIOLOGIA Elaborada pelo Prof. Paulo Antonini em Julho de 2008 com base no livro Sociologia Geral de Eva Maria LAKATOS e Marina de Andrade MARCONI So Paulo: Editora Atlas, 2006 7 edio.

A Sociologia no Brasil Em um artigo publicado na Revista Interamericana de Sociologia, Alfonso Trujillo Ferrari faz uma anlise do desenvolvimento da Sociologia no Brasil (...) trs grandes etapas podem ser identificadas: a. a dos precursores, at mais ou menos 1928; b. a da afirmao da cincia perante profundas modificaes polticoeconmicas , entre 1929 e 1964: crash da Bolsa de Valores de NY e suas repercusses, em especial nos negcios do caf; os governos de Getlio Vargas, Juscelino Kubitschek e a nova Capital, o golpe de Estado de 1964; c. a crise e a reao da Sociologia a partir de 1964, com o reconhecimento da profisso em 1980. Temas sociolgicos tm sido abordados tambm por antroplogos, historiadores, crticos de literatura, economistas, etc. Alguns dos grandes temas sociolgicos abordados em nosso pas, no sculo XX e incio deste sculo: a. a formao do povo brasileiro e a identidade nacional, como os estudos de Gilberto Freire, Euclydes da Cunha (Os Sertes) ou Darcy Ribeiro ou identidades locais, como o Parceiros do Rio Bonito de Antonio Candido de Mello e Souza; b. temas especficos como a escravido e a abolio, como os estudos da historiadora Emlia Viotti ou o belssimo ensaio de Jos Miguel Wisnik sobre o futebol (Remdio Veneno) ou a erudio de Roberto Schwartz nos estudos sobre Machado de Assis; c. o desenvolvimento econmico e social do Pas, como os estudos de Caio Prado Jr., Srgio Buarque de Holanda, Florestan Fernandes e Fernando Henrique Cardoso.

Apostila da Disciplina SOCIOLOGIA Elaborada pelo Prof. Paulo Antonini em Julho de 2008 com base no livro Sociologia Geral de Eva Maria LAKATOS e Marina de Andrade MARCONI So Paulo: Editora Atlas, 2006 7 edio.

Grandes temas sociolgicos da atualidade a. a crise das grandes ideologias e a crise da crise das grandes ideologias, como (alguns) estudos de Michel Foucault, Francis Fukuyama (com a tese do fim da Histria) ou Robert Kurz (sobre o colapso da modernizao); b. a questo da identidade e massificao da cultura, da incluso e da excluso, como, por exemplo em (algumas) obras de Hannah Arendt, Adorno e Horkheimer, Agnes Heller, Zygmunt Bauman, Christopher Lasch; c. as mudanas nas relaes de produo e trabalho e os impactos sobre a cultura e a subjetividade: Richard Sennett, Christopher Dejours, dentre outros; d. as bases do conhecimento e do conhecimento sociolgico epistemologia: Boaventura de Souza Santos, Humberto Maturana, Francisco Varella, dentre outros. Para aprofundar estes e outros temas, consulte a bibliografia mais detalhada que compe o material do curso.