apostila de sociologia para o 1º ano ensino mÉdio

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1 APOSTILA DE SOCIOLOGIA PARA O 1º ANO DO ENSINO MÉDIO __________________________________________ 1.1. A PALAVRA SOCIOLOGIA A palavra sociologia foi criada pelo pensador francês Augusto Comte em 1839 em seu curso de filosofia positiva. A palavra sociologia é híbrida, isto é, ela é formada por duas línguas diferentes: Sócio do latim significa social ou sociedade, logia do grego significa estudo, formando assim, o “estudo do social” ou “estudo da sociedade”. _______________________________________________ 1.2. CONCEITOS DE SOCIOLOGIA A sociologia possui uma infinidade de conceitos para identificá-la e explicá-la, diferenciando-a de outras ciências ou tipos de conhecimentos. Vejamos alguns conceitos segundo alguns sociólogos: para Durkheim “a sociologia é a ciência das instituições”; para L. Ward e W. G. Summer “a sociologia é a ciência da sociedade”; para F. H. Gilddings “a sociologia é a ciência dos fenômenos sociais”. Ela também já foi definida por Robert Park como “ciência do comportamento coletivo”, por Small de “ciência das relações humanas”. Para Weber a “sociologia é a ciência que procura uma compreensão interpretativa da ação social para a partir daí chegar à explicação causal do seu sentido e dos seus efeitos”. Para alguns sociólogos brasileiros como Carlos Benedito Martins a “sociologia é o resultado de uma tentativa de compreensão de situações sociais radicalmente novas criada pela então sociedade capitalista”; para Costa Pinto a “sociologia é o estudo científico da formação, organização e transformação da sociedade humana”. ________________________________________________ 1.3. OBJETIVO, OBJETO, CAMPO DE ESTUDO E IMPORTÂNCIA. O objetivo da sociologia é aumentar ao máximo o conhecimento do homem e da sociedade através da investigação científica. O objeto de estudo da sociologia é os fenômenos sociais, isto é, tudo aquilo que se refere às relações entre as pessoas, suas questões nos seus grupos sociais ou entre os grupos dinamizando a sociedade como um todo. O campo de estudo da sociologia é a sociedade como um todo, envolvendo todas as suas particularidades, sejam em características políticas, econômicas, sociais, culturais, históricas, etc. A sociologia é importante porque nos permite compreender melhor a sociedade em que vivemos e conseqüentemente, explicar e buscar soluções para a complexidade das questões sociais. Assim a sociologia vem se tornando uma ciência imprescindível para o conhecimento do mundo atual. ATIVIDADE Responda em seu caderno: a) Explique o significado da palavra sociologia. b) O que é social? c) O que é sociedade? d) Formule um conceito de sociologia. e) Qual o objetivo, objeto, campo de estudo e importância da sociologia? ________________________________________________ 1.4. A SOCIOLOGIA E AS DEMAIS CIÊNCIAS SOCIAIS Com a complexidade do mundo social e o avanço do conhecimento, tornou-se necessária uma divisão das ciências sociais em diversas disciplinas, com a finalidade de produzir um conhecimento mais rigoroso e criterioso, facilitando a sistematização do estudo e das pesquisas. Assim podemos destacar algumas ciências sociais que contribuem para os estudos sociológicos e o entendimento do mundo social: 1. Economia estuda as atividades ligadas à produção, distribuição, circulação de bens e serviços; 2. Ciência política estuda a distribuição de poder nas sociedades, bem como a formação e o desenvolvimento das diversas formas de governos; 3. Antropologia estuda e pesquisa as semelhanças e diferenças culturais entre os vários agrupamentos humanos, assim como a origem e a evolução das culturas. ________________________________________________ 1.5. O CONHECIMENTO SOCIOLÓGICO A sociologia se baseia no conhecimento científico, por isso, utiliza-se das regras metodológicas da ciência social como a pesquisa, a objetividade, a observação, as entrevistas e questionários. ________________________________________________ 1.6. O SER SOCIOLÓGICO E O SER BIOLÓGICO Observando a sociedade, percebemos que as pessoas caminham, correm, dormem, respiram isso é biológico (orgânico). Mas as pessoas também cooperam umas com as outras no trabalho, recebem salários, descontam cheques, entram em greve, estudam, namoram, casam e etc isso é sociológico (superorgânico); são essas atividades que fazem do homem um ser sociológico e, que merecem toda a atenção da sociologia enquanto ciência que busca a compreensão e explicação dos diversos tipos de relações sociais.

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1

APOSTILA DE SOCIOLOGIA PARA O 1º ANO DO

ENSINO MÉDIO

__________________________________________

1.1. A PALAVRA SOCIOLOGIA

A palavra sociologia foi criada pelo pensador

francês Augusto Comte em 1839 em seu curso de filosofia

positiva. A palavra sociologia é híbrida, isto é, ela é formada

por duas línguas diferentes: Sócio do latim significa social

ou sociedade, logia do grego significa estudo, formando

assim, o “estudo do social” ou “estudo da sociedade”.

_______________________________________________

1.2. CONCEITOS DE SOCIOLOGIA

A sociologia possui uma infinidade de conceitos

para identificá-la e explicá-la, diferenciando-a de outras

ciências ou tipos de conhecimentos. Vejamos alguns

conceitos segundo alguns sociólogos: para Durkheim “a

sociologia é a ciência das instituições”; para L. Ward e W.

G. Summer “a sociologia é a ciência da sociedade”; para F.

H. Gilddings “a sociologia é a ciência dos fenômenos

sociais”. Ela também já foi definida por Robert Park como

“ciência do comportamento coletivo”, por Small de “ciência

das relações humanas”. Para Weber a “sociologia é a ciência

que procura uma compreensão interpretativa da ação social

para a partir daí chegar à explicação causal do seu sentido e

dos seus efeitos”.

Para alguns sociólogos brasileiros como Carlos

Benedito Martins a “sociologia é o resultado de uma

tentativa de compreensão de situações sociais radicalmente

novas criada pela então sociedade capitalista”; para Costa

Pinto a “sociologia é o estudo científico da formação,

organização e transformação da sociedade humana”.

________________________________________________

1.3. OBJETIVO, OBJETO, CAMPO DE ESTUDO E

IMPORTÂNCIA.

O objetivo da sociologia é aumentar ao máximo o

conhecimento do homem e da sociedade através da

investigação científica.

O objeto de estudo da sociologia é os fenômenos

sociais, isto é, tudo aquilo que se refere às relações entre

as pessoas, suas questões nos seus grupos sociais ou entre

os grupos dinamizando a sociedade como um todo.

O campo de estudo da sociologia é a sociedade

como um todo, envolvendo todas as suas particularidades,

sejam em características políticas, econômicas, sociais,

culturais, históricas, etc.

A sociologia é importante porque nos permite

compreender melhor a sociedade em que vivemos e

conseqüentemente, explicar e buscar soluções para a

complexidade das questões sociais. Assim a sociologia vem

se tornando uma ciência imprescindível para o

conhecimento do mundo atual.

1ª – ATIVIDADE – Responda em seu caderno:

a) – Explique o significado da palavra sociologia.

b) – O que é social?

c) – O que é sociedade?

d) – Formule um conceito de sociologia.

e) – Qual o objetivo, objeto, campo de estudo e importância

da sociologia?

________________________________________________

1.4. A SOCIOLOGIA E AS DEMAIS CIÊNCIAS SOCIAIS

Com a complexidade do mundo social e o avanço

do conhecimento, tornou-se necessária uma divisão das

ciências sociais em diversas disciplinas, com a finalidade de

produzir um conhecimento mais rigoroso e criterioso,

facilitando a sistematização do estudo e das pesquisas.

Assim podemos destacar algumas ciências sociais que

contribuem para os estudos sociológicos e o entendimento

do mundo social:

1. Economia – estuda as atividades ligadas à produção,

distribuição, circulação de bens e serviços;

2. Ciência política – estuda a distribuição de poder nas

sociedades, bem como a formação e o

desenvolvimento das diversas formas de governos;

3. Antropologia – estuda e pesquisa as semelhanças e

diferenças culturais entre os vários agrupamentos

humanos, assim como a origem e a evolução das

culturas.

________________________________________________

1.5. O CONHECIMENTO SOCIOLÓGICO

A sociologia se baseia no conhecimento científico,

por isso, utiliza-se das regras metodológicas da ciência

social como a pesquisa, a objetividade, a observação, as

entrevistas e questionários.

________________________________________________

1.6. O SER SOCIOLÓGICO E O SER BIOLÓGICO

Observando a sociedade, percebemos que as

pessoas caminham, correm, dormem, respiram – isso é

biológico (orgânico). Mas as pessoas também cooperam

umas com as outras no trabalho, recebem salários,

descontam cheques, entram em greve, estudam, namoram,

casam e etc – isso é sociológico (superorgânico); são essas

atividades que fazem do homem um ser sociológico e, que

merecem toda a atenção da sociologia enquanto ciência que

busca a compreensão e explicação dos diversos tipos de

relações sociais.

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________________________________________________

1.7. PRINCIPAIS TEMAS SOCIOLÓGICOS

Como a sociedade é formada pelos diversos tipos

de relações sociais, a sociologia se interessa por essas

relações que dinamizam a sociedade, por isso, seus

principais temas se envolvem e se confundem dentro da

complexidade das relações sociais - dentro dos grupos

sociais: da família, de amigos, do trabalho, da cultura, da

ideologia, da cidadania, da política, da economia, isto é, em

todos os níveis de relações sociais.

________________________________________________

1.8. A SOCIOLOGIA EM NOSSO COTIDIANO

A sociologia convive constantemente em nosso dia-

a-dia. Vivemos em sociedade, estamos sempre nos

relacionando com outras pessoas através dos grupos

sociais, quando não estamos em casa com o nosso grupo

familiar, estamos na rua com o grupo de amigos ou na

escola nos relacionando com os colegas, enfim estamos

sempre nos relacionando socialmente. Fazemos parte de

um sistema estrutural e conjuntural no qual precisamos

compreender e descobrir que muitos fatos (“problemas”)

que ocorrem em nossa vida diária esta ligada às condições

sociais. É neste conjunto de ralações sociais que a

sociologia busca compreender e explicar a sociedade, nossa

complexidade, antagonismo, harmonia, crises, etc.

2ª – ATIVIDADE – Responda em seu caderno:

a) – Cite e explique as principais ciências sociais.

b) – Em que se baseia o conhecimento sociológico?

c) – Diferencie o ser sociológico do ser biológico.

d) – Cite alguns temas de interesse da sociologia.

e) – Explique como o conhecimento sociológico pode ser

importante em nosso cotidiano?

__________________________________________

2.1. HISTÓRIA DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO

A busca de compreensão e explicação da sociedade

já existia desde a Antiguidade, passando pelo Período

Medieval e Idade Moderna, mas este pensamento não tinha

uma base sociológica, pois os filósofos dessa época

acreditavam que Deus e a natureza controlavam a

sociedade, teorizavam modelos de sociedades ideais

requisitando às pessoas que seguissem esses modelos, por

isso, durante todos esses períodos o pensamento sobre o

social estava influenciado por um

caráter normativo (estabelecer regras para vida social)

e finalista (objetivo de uma organização social ideal),

impedindo um entendimento científico da realidade social.

Outro fator que contribuiu para a inexistência da sociologia

foi o fato de que as sociedades pré-capitalistas eram

relativamente estáveis, o ritmo e o nível das mudanças

eram razoavelmente lentos, não se percebendo a sociedade

enquanto um “problema” merecedor de análises e

investigação minuciosa (científica).

________________________________________________

2.2. TEORIAS QUE INFLUENCIARAM NA FORMAÇÃO

DA SOCIOLOGIA

Para a sociologia se consolidar como ciência ela teve que

abandonar seu caráter normativo e finalista. Por isso, ela

sofreu a influência de teorias e métodos das ciências

biológicas e naturais: a teoria evolucionista de Charles

Darwin (1809-1882), onde diz que ao longo de milhões de

anos todas as espécies de seres vivos evoluíram; A biologia

foi outra ciência que influenciou na cientificidade

sociológica, através de Herbert Spencer (1820-1903), que

criou uma sociologia organicista onde se fazia uma

analogia do organismo vivo com a sociedade. Neste

contexto foi fundamental aceitar a idéia de que os

fenômenos sociais obedecem a leis naturais, embora

produzidas pelos homens, esta foi a importância

do positivismo que deu os primeiros passos para a

cientificidade da sociologia. Foi, por isso, também, que logo

no seu início, a sociologia recebeu outros nomes como

fisiologia social (por Saint-Simon), ou física social (por

Augusto Comte).

Outros teóricos fizeram suas interpretações sociais

buscando dar à sociologia um caráter de ciência, buscando

a consolidação definitiva sobre um conhecimento verdadeiro

e importante para a sociedade; estes desenvolveram um

conhecimento científico-social onde abrange todos os

aspectos da sociedade, utilizando-se de outras ciências

sociais como a economia (produção material), política

(relações de poder), antropologia (aspectos culturais) e

outras. Neste processo foram importantes as contribuições

de Karl Marx, Emile Durkheim e Max Weber.

________________________________________________

2.3. FATORES HISTÓRICOS

Os fatores ou transformações históricas que

contribuíram para a consolidação do capitalismo e o

surgimento da sociologia estão relacionados ao contexto

geral da transição do feudalismo para o capitalismo,

onde podemos destacar:

1. Os fatores históricos que vinham ocorrendo

desde o século XVI como: Reforma Protestante

(mudança religiosa), Formação dos Estados Nacionais

e o Absolutismo (mudança política e territorial),

Grandes navegações (mudança geográfica),

Humanismo/Renascimento (mudança cultural),

3

Revolução científica (mudança na ciência), Iluminismo

(mudança ideológica).

2. As transformações socioeconômicas do século

XVIII provocadas pela dupla revolução:

Revolução Francesa representou a mudança política-

jurídica na história das sociedades ocidental, baseado

nos ideais iluministas de liberdade, igualdade e

fraternidade, a burguesia que já dominava o poder

econômico reivindicava agora o poder político, o que

aconteceu durante a revolução francesa. Assim

adotaram novo regime político de representatividade

política e sistemas econômicos favoráveis aos seus

interesses.

3. Revolução Industrial representou as transformações

de mudança socioeconômicas, com o surgimento das

máquinas, com maior divisão técnica do trabalho, com

o aumento da produção, da urbanização, do êxodo

rural; a sociedade torna-se mais complexa e dinâmica,

agravando-se também as questões sociais

como:crescimento acelerado do desemprego, miséria,

alcoolismo, prostituição e etc.

________________________________________________

2.4. A RELAÇÃO DO CAPITALISMO COM A

SOCIOLOGIA

O surgimento, a formação e o desenvolvimento da

sociologia está relacionados diretamente com a

consolidação do capitalismo a partir da Revolução

industrial e daRevolução francesa do século XVIII, que

criaram novas condições sócio-econômicas e político-

ideológico, que caracterizam a sociedade capitalista, como o

surgimento da indústria, da relação entre burguesia e

operário, de regimes políticos e leis burguesas.

O sistema capitalista possui uma estrutura social

inédita na história da humanidade, que nos instiga a uma

reflexão sobre este sistema, suas transformações, suas

crises, seus antagonismos.

É dentro desse contexto que surge a necessidade

de se compreender e explicar essa nova realidade. Por isso,

precisou-se de uma ciência que estivesse voltada para

essas transformações. A sociologia constitui em certa

medida uma resposta intelectual às novas situações

geradas pela nascente sociedade capitalista industrial.

3ª– ATIVIDADE – Responda em seu caderno:

a) – Por que a sociologia não existia antes? O que é um

pensamento sociológico?

b) – Como era o pensamento social na antiguidade, idade

média e moderna?

c) – Que teorias influenciaram na formação da sociologia?

d) – Cite os fatores históricos que contribuíram para o

surgimento da sociologia.

e) – Que revoluções do século XVIII criaram as condições

para o surgimento da sociologia?

f) – Explique a relação da consolidação do capitalismo com

o surgimento da sociologia.

________________________________________________

2.5. AS CORRENTES SOCIOLÓGICAS

A existência de interesses opostos na sociedade

capitalista penetrou e invadiu a formação da sociologia,

impedindo um entendimento comum por parte dos

pensadores, por isso, a sociologia se dividiu

ideologicamente entre a conservação e a transformação do

status quo, dando margem ao nascimento de diferentes

tradições sociológicas (correntes sociológicas) que

representam as diferentes tendências ideológicas de

compreensão e explicação da sociedade capitalista. Assim,

temos as primeiras teorias sobre as transformações

provocadas pelo capitalismo:

1. Profetas do passado – representados pelos

pensadores Edmund Burk (1729-1797), Joseph de

Maistre (1753-1821) e Louis de Bonald (1754-1840).

Estes eram conservadores e tradicionalistas, tinham

um pensamento reacionário: condenavam o

iluminismo e a revolução francesa, culpavam pelo caos

social, desorganização da família, da religião, das

corporações. Estes ideólogos eram apaixonados pelo

equilíbrio das instituições religiosas, monárquicas e

aristocráticas da época feudal. Por isso, defendiam a

ordem e o equilíbrio da sociedade, preocuparam-se

com o controle, integração, posição, hierarquias

sociais e também com os rituais da sociedade.

2. Socialismo utópico (ou romântico) –

representados por Saint-Simon (1760-1825), Charles

Fourier (1772-1837), Pierre-Joseph Proudhon (1809-

1865), Louis Blanc (1811-1882) e Robert Owen (1771-

1858). Estes eram transformadores, mas românticos,

pois acreditavam que os ricos capitalistas

voluntariamente abririam mão de suas riquezas

partilhando com os pobres; apelavam para a natureza

boa do ser humano que foi pervertida pelo sistema

capitalista. Eram utópicos porque criticavam o

capitalismo e anunciavam os princípios de uma

sociedade futura ideal, mas sem indicar os meios para

torná-la real.

3. Positivismo – O positivismo é uma matriz teórico-

filosófica que deu origem a uma sociologia

conservadora e afirmadora da sociedade capitalista.

Representado por Augusto Comte (1798-1857) e Emile

Durkheim (1858-1917). Estes se dedicaram em buscar

4

a estabilidade social, preocuparam-se com os

problemas da manutenção da ordem capitalista,

queriam estabelecer o bom funcionamento desta

sociedade, pretendiam solucionar os problemas sociais

através da coerção física e da educação moral, esta

seria a função da sociologia enquanto ciência positiva.

4. Socialismo científico – representado por Karl Marx

(1818-1883) e Frederic Engels (1820-1895). As idéias

marxianas eram de base estritamente econômica,

assim, todas as questões sociais tinham origem na

desigualdade econômica entre as classes proprietárias

e as não proprietárias dos meios de produção. Por

isso, pretendiam realizar mudanças radicais nesta

sociedade através de uma revolução socialista do

proletariado, introduzindo a sociedade comunista como

uma sociedade justa e igualitária. Essa perspectiva

despertou um pensamento sociológico crítico e

negador da sociedade capitalista.

5. Funcionalismo – representa uma teoria reprodutora

e conservadora da sociedade capitalista. O principal

representante do funcionalismo é Emile Durkheim

(1858-1917), este pensador estabelece uma analogia

entre a sociedade e o organismo biológico

humano. Assim a sociedade funciona graças a seu

sistema orgânico, onde cada instituição ou pessoa faz

parte de relações funcionais, fazendo uma organização

social de dependência e complementaridade das

atividades sociais, assim a sociedade é um todo

organizado e harmônico.

6. Marxismo – corresponde às várias interpretações e

continuação complementares das teorias de Karl Marx

e Engels. Entre seus principais representantes

podemos destacar: Lênin (1870-1924), Rosa

Luxemburgo (1871-1919), Gramsci (1891-1937) e

outros. Baseado no socialismo científico e nas novas

conjunturas e contexto em que viviam, estes

pensadores desenvolveram novas perspectivas

teóricas e práticas, implementando assim o socialismo

real, diferente do socialismo ideal (proposto por Marx).

7. Escola de Chicago – fundada em 1892, seus

principais representantes são George Homans Cooley

(1846-1929), Talcott Parsons (1902), Robert K.

Merton (1910). Estes foram influenciados pelo

positivismo e o funcionalismo do francês Durkheim, do

polonês Malinowski (1884-1942), e do italiano Vilfredo

Pareto (1848-1923). Assim a sociologia chegou aos

E.U.A, através da escola de Chicago que desenvolveu

a investigação de campo, de dados empíricos neutros

e objetivos, com procedimentos quantitativos e

estatísticos, foram pioneiros nos métodos ecológicos e

etnográficos; desvinculando-se da realidade concreta

de sua época, construíram vários conceitos arbitrários

e artificiais, dedicando-se a casos isolados e

irrelevantes como as relações sociais em outras

sociedades e outros momentos. A sociologia norte-

americana pretendia neutralizar os ideais e teorias do

socialismo marxista, entretanto, também romperam

com o estilo dos clássicos que se dedicaram a uma

significação histórica como a formação do capitalismo

e a totalidade da vida social.

8. Escola de Frankfurt – fundada em 1923, sob o nome

de Instituto de Pesquisa Social, seus principais

representantes são: Max Horkheimer (1895-1973),

Walter Benjamin (1892-1940), Theodor W. Adorno

(1906-1969), Herbert Marcuse (1898-1979) e Jurgem

Habermas (1929). Sua filosofia também é conhecida

como Teoria crítica. Os frankfurtianos criticam a

dominação da natureza para fins lucrativos colocando

a ciência e a técnica a serviço do capital. Os

frankfurtianos querem recuperar a razão não

repressora, capaz de autocrítica e a serviço da

emancipação humana. Esses pensadores reutilizam o

conceito de iluminismo em sentido mais amplo – um

pensador iluminista sempre combate as supertições, o

arbítrio do poder e defende o pluralismo e a tolerância.

4ª – ATIVIDADE – Responda em seu caderno:

a) – O que são correntes sociológicas?

b) – Por que existem diferentes correntes sociológicas?

c) – Diferencie as idéias dos Profetas do Passado do

Positivismo?

d) – Diferencie o Socialismo Utópico do Socialismo

Científico.

e) – Diferencie o Marxismo de Funcionalismo.

f) – Diferencie as idéias propostas na Escola de Chicago da

Escola de Frankfurt

__________________________________________

2.6. OS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA

Os primeiros pensadores que testemunharam as

transformações sociais que ocorriam desde o século XVIII e

que se preocuparam em compreender e explicá-las, não

eram homens de ciência ou sociólogos que viviam desta

profissão. Eram antes de tudo homens voltados para a

ação, que desejavam introduzir determinadas modificações

na sociedade. Participavam ativamente dos debates

ideológicos em que se envolviam as correntes liberais,

conservadoras e socialistas. Eles não desejaram introduzir

um mero conhecimento sobre as novas condições de vida

geradas pela revolução industrial, mas procuravam extrair

dele orientações para a ação, tanto para manter, como para

reformar ou modificar radicalmente a sociedade de seu

5

tempo. Entre esses pensadores podemos

destacar: Comte, Marx, Durkheim e Weber. Estes são

considerados clássicos da sociologia, pois seus pensamentos

ainda têm poder explicativo, sua vitalidade teórica e

explicativa ainda alcança a era contemporânea, embora

apresente limitações.

5ª – ATIVIDADE – Responda em seu caderno:

a) – Cite os principais pensadores sociais do século XVIII

considerados clássicos da sociologia.

b) – Por que os primeiros os pensadores do século XVIII

não eram homens de ciência ou sociólogos que viviam

dessa profissão?

c) – Por que os pensadores sociais do século XVIII não

desejavam apenas introduzir um mero conhecimento sobre

as novas condições de vida geradas pela revolução

industrial?

d) – Por que os principais pensadores sociais do século

XVIII são considerados clássicos da sociologia?

________________________________________________

3.1. COMTE - VIDA E OBRA

Isidore Augusto Marie François Xavier Comte,

filósofo e matemático francês, nasceu em Montpelier a 19

de janeiro de 1798. Foi fundador do positivismo foi ele

também que batizou com o nome de sociologia uma nova

ciência que antes ele chamava de “física social”. Augusto

Comte foi importante para a sociologia, pois, através de sua

perspectiva positivista que deu os primeiros passos para a

cientificidade da sociologia, mas ainda confundida com uma

filosofia social e religiosidade de tipo ideologicamente

conservadora. Suas principais obras são: Curso de Filosofia

Positiva e Sistema de Política Positiva.

6ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:

a) – Explique a importância de Augusto Comte para a

sociologia?

b) – Cite as principais obras de Augusto Comte.

c) – Que nome Comte usou pela primeira vez antes de

sociologia?

d) – Com o que é confundida a cientificidade de Comte?

e) – Comte é um pensador de tendência ideologicamente?

__________________________________________

3.2. OS TRÊS PRINCÍPIOS BÁSICOS DO POSITIVISMO

COMTEANO

I – Prioridade do todo sobre as partes:

significa que, para compreender e explicar um fenômeno

social particular devemos analisá-lo no contexto global a

que pertence. Considerava que tanto a sociologia estática

(estudo da ordem das sociedades em determinado

momento histórico) quanto à sociologia dinâmica (estudo da

evolução das sociedades no tempo) deveriam analisar a

sociedade, de uma determinada época, correlacionando-a a

sua história e a história da humanidade (a sociologia de

Comte é, na realidade, sociologia comparada, tendo como

quadro de referência a história universal);

II – O progresso do conhecimento é

característica da sociedade humana: a sucessão de

gerações, com seus conhecimentos permiti uma cumulação

de experiências e de saber que constitui um patrimônio

espiritual objetivo e liga as gerações entre si, existe uma

coerência entre o estágio dos conhecimentos e a

organização social;

III – O homem é o mesmo por toda à parte e

em todos os termos: em virtude de possuir idêntica

constituição biológica e sistema cerebral.

7ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:

a) – Cite os três princípios básicos do positivismo comteano.

b) – Explique o primeiro principio básico do positivismo

comteano.

c) – Diferencie sociologia estática de sociologia dinâmica

segundo os princípios comteano.

d) – Como é a sociologia de Comte?

e) – Como Comte explique o progresso da sociedade

humana?

f) – Explique por que Comte diz que o “homem é o mesmo

por toda a parte e em todos os tempos”?

________________________________________________

3.3. A LEI DOS TRÊS ESTADOS

1°. Estado teológico ou fictício – na fase inicial da

evolução histórica, o mundo, a vida, os fenômenos em geral

são explicados através dos recursos das forças

sobrenaturais, mágicas dos deuses, primeiramente é a

forma de feiticismo no monoteísmo.

A esta forma de conhecimento, corresponde uma

forma de organização sócio-política: o Governo Monárquico

em que o poder real absoluto é legitimado pelo direito

divino. Aqui se explicam os diversos fenômenos através de

causas primeiras, em geral personificadas nos deuses. O

estado teológico subdividiu-se em:

a). Fetichismo, em que o homem confere vida, ação e

poder sobrenaturais a seres inanimados e a animais.

b). Politeísmo, quando atribui às diversas potências

sobrenaturais ou deuses certos traços da natureza

humana (motivações, vícios e virtudes).

c). Monoteísmo, quando se desenvolve a crença num

Deus único.

2º. Estado metafísico ou abstrato – nesta fase assim

como na anterior a sociedade ainda busca explicações de

6

caráter absoluto. A diferença é que a divindade é

substituída por conceitos como a “essência” e substância (a

coisa em si), “causas primárias” (origem absoluta), “causas

finais” (destinado absoluto), que embora produzidos pela

razão, não pode ser comparadas objetivamente. A

organização sócio-política próprio a esta fase é a República

liberal, fundamentada em suposições metafísicas, ou seja,

nos direitos humanos.

As causas primárias são substituídas por causas

mais gerais – as entidades metafísicas – , buscando nestas

entidades (idéias) explicações sobre a natureza das coisas e

a causa dos acontecimentos.

3°. Estado positivo ou científico – é o último estágio da

evolução humana, em que a sociedade atinge o

conhecimento científico, isto é, verificável, objetivo e que se

expressa em termos de leis naturais. A filosofia de Comte é

justamente uma análise do estado positivo. O homem tenta

compreender as relações entre as coisas e os

acontecimentos através da observação científica e do

raciocínio, formulando leis; portanto, não mais procura

conhecer a última das coisas e as causas absolutas.

8ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:

a). Cite os três estados do progresso da evolução da

humanidade segundo a teoria de Comte.

b) – O que é o estado teológico ou fictício?

c) – Explique a que corresponde o estado teológico ou

fictício segundo uma organização sócio-política?

d) – Qual o segundo estado da evolução da humanidade

segundo a teoria de Comte?

e) – Diferencie o estado teológico do estado metafísico.

f) – Segundo Comte, qual o terceiro estado da evolução da

humanidade? E o que ele significa?

________________________________________________

3.4. O CONHECIMENTO POSITIVO

Segundo Comte, o único conhecimento válido é

que se baseia em fatos. Por isso, a imaginação deve estar

completamente subordinada a observação da realidade

sensível e manipulável pela técnica. Constantemente,

abandona-se qualquer tentativa de conhecimento absoluto

ou pelas causas, o objetivo é chegar às leis, ou seja, as

relações constantes que os fatos possuem entre si.

Para Comte, somente a filosofia positivista, livre

das teologias e da metafísica, poderia superar as

contradições da humanidade, levando a alcançar o seu

destino de progresso.

________________________________________________

3.5. A CLASSIFICAÇÃO DAS CIÊNCIAS

Comte classificou as ciências segundo dois critérios

interdependentes:

a).O critério de generalidade decrescente e

complexidade crescente;

b).O critério histórico, a ordem histórica das ciências:

matemática, astronomia, física, química, biologia e

sociologia.

________________________________________________

3.6. A POLÍTICA POSITIVISTA

O fundamento da política positiva é: “o amor por

princípio, a ordem por base e o progresso por fim”. Só pode

haver progresso social na medida em que o governo

mantém a ordem, reprimindo as manifestações críticas,

sufocando revoltas, garantindo desta forma a paz, a ordem

e o progresso.

Para Comte, o governo deve ser ditatorial, para poder

instaurar a nova moral positiva, subordinando os interesses

individuais ao coletivo, garantir a ordem social a qualquer

custo.

________________________________________________

3.7. A RELIGIÃO DA HUMANIDADE

Comte propôs uma religião positivista, cujo objeto

de culto é a própria humanidade, através da veneração dos

motivos, principalmente os filósofos e cientistas. Essa

religião seria a base da política positiva, na medida em que

seus sacerdotes, os sábios deveriam inculcar na sociedade

os princípios morais.

9ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:

a) – Segundo Augusto Comte, o que é o conhecimento

positivo?

b) – Como Comte classifica as ciências?

c) – Em que se fundamenta a política positivista?

d) – Para Comte, como deve ser o governo?

e) – Explique a religião da humanidade como uma religião

positivista proposta por Comte.

________________________________________________

4.1. MARX - VIDA E OBRA

Karl Heinrich Marx nasceu em 5 de maio de 1818

em Trier cidade situada na fronteira da Prússia Renana com

a França. Marx foi um dos principais pensadores do século

XIX, ele foi fundador do socialismo científico e grande

ativista a favor da revolução proletária, apesar de não ser

um sociólogo de profissão, suas teorias despertaram a

consciência de uma sociologia crítica. Uma das principais

características do pensamento de Marx é a Práxis, isto é,

7

não foi um teórico de gabinete ele aliava teoria e prática,

participando dos movimentos sociais e revolucionários. Era

um pensador de tendência ideológica transformadora,

pretendia transformar a sociedade capitalista em uma

sociedade comunista através da revolução socialista

proletária. Entre suas principais obras podemos destacar: A

Sagrada Família (1845), A Ideologia Alemã (1845-1846),

Miséria da Filosofia, Manifesto do partido comunista, As

lutas de classe na França (1850/59), o 18 Brumário de Luis

Bonaparte (1852/55), Crítica da economia política (1859) e

O capital.

10ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:

a) – Quem foi Karl Marx?

b) – Qual a principal característica do pensamento de Marx?

c) – O que é Práxis?

d) – Qual a tendência ideológica de Karl Marx?

e) – Quais as principais obras de Marx?

________________________________________________

4.2. INFRAESTRUTURA (BASE) E SUPERESTRUTURA

Marx considerava que não se pode pensar a

relação individuo e sociedade separadamente das condições

materiais em que essas relações se apoiam. Para ele, as

condições materiais de toda sociedade condicionam as

demais relações sociais. Em outras palavras, para viver, os

homens têm de, inicialmente transformar a natureza, ou

seja, caçar, construir abrigos, utensílios, etc., sem o que

não poderiam existir como seres vivos. Por isso, o estudo

de qualquer sociedade deveria partir justamente das

relações sociais (de produção) que os homens estabelecem

entre si e no processo de produção. Essas relações sociais

de produção são a base (infraestrutura) – é o modo de

produção, a maneira básica como a sociedade organiza a

produção de bens. Asuperestrutura repousa sobre a base

e tem que refletir sua forma, na produção da vida os

homens geram também outra espécie de produtos que não

têm forma material: as ideologias políticas, concepções

religiosas, códigos morais e estéticos, sistemas legais, de

ensino, de comunicação, o conhecimento filosófico e

científico, representações coletivas de sentimentos, ilusões,

modos de pensar e concepções de vida diversa e plasmada

de um modo peculiar.

Para Marx, portanto, a produção é a raiz de toda a

estrutura social. Na sociedade antiga, por exemplo, a

relação social básica era a relação senhor x escravo. Não

podemos, segundo Marx, entender a política ou a cultura

dessa época sem primeiramente estudar essa relação básica

que condicionava todo o resto da sociedade.

________________________________________________

4.3. CLASSES SOCIAIS E LUTA DE CLASSES

Para Marx, o modo de produção capitalista se

caracteriza pela divisão da sociedade em classes, na

exploração do trabalhador e na alienação, gerando assim

uma sociedade desigual, antagônica, injusta, irracional e

anárquica que deve ser substituída pelo socialismo através

da revolução proletária.

Segundo Marx, na sociedade capitalista as relações

sociais de produção definem duas grandes classes: de um

lado, os capitalistas, que são aquelas pessoas que

possuem os meios de produção (máquinas, ferramentas,

capital, etc) necessários para transformar a natureza e

produzir mercadorias; do outro lado, os trabalhadores,

também chamados, no seu conjunto, de proletariados,

aqueles que nada possuem, a não ser o seu corpo e sua

disposição para trabalhar. Assim o conceito de classe em

Marx estabelece um grupo de indivíduos que ocupam uma

mesma posição no processo de produção e nas relações de

produção, em determinada sociedade. A classe a que

pertencemos é que condiciona de maneira decisiva nossa

atuação social. Neste sentido, é principalmente a situação

de classe que condiciona a existência do individuo e sua

relação com o resto da sociedade: podemos compartilhar

idéias, amizades e comportamentos de indivíduos de outras

classes, mas no momento de conflito, como nas greves ou

mesmo no mercado (consumo), as diferenças irão aparecer

de acordo com a classe a que pertencemos. Nessa relação

de classes surgem a “classe em si” e “classe para si”:

- “Classe em si” – quando o individuo não tem

consciência de classe, ele encontra-se em qualquer

posição (status) na estrutura econômica;

- “Classe para si” – quando a pessoa tem

consciência de classe, ele assume uma posição

político-ideológica.

11ª – ATIVIDADE. Responda em caderno:

a) – Por que Marx considera que não se pode pensar a

relação individuo e sociedade separadamente das condições

materiais que essas relações se apoiam?

b) – Segundo Marx, o que se entende por infraestrutura e

superestrutura?

c) – Para Marx, o que caracteriza o modo de produção

capitalista?

d) – Para Marx, como a sociedade capitalista deve ser

substituída?

e) – Explique as duas grandes classes que existem na

sociedade capitalista definidas por Marx?

f) – Conceitue classe, segundo Karl Marx.

g) – Segundo Marx, o que condiciona ou determina a vida

das pessoas na sociedade capitalista?

8

h) – Diferencie “classe em si” de “classe para si”.

__________________________________________

4.4. MODO DE PRODUÇÃO E RELAÇÕES DE PRODUÇÃO

Ao viverem em sociedade, as pessoas participam

diretamente da produção, da distribuição e do consumo de

bens e serviços, ou seja, participam da vida econômica da

sociedade. Para Marx, a produção é um processo de

transformação da natureza da qual resultam bens que vão

satisfazer as necessidades do homem. Portanto, produzir é

dar uma nova combinação aos elementos da natureza. O

processo de produção compõe-se de três elementos

associados: trabalho, matéria-prima e instrumentos de

produção:

Matéria-prima + instrumentos de produção =

meios de produção.

Meios de produção + trabalho = forças produtivas.

Relações de produção + forças produtivas = modo

de produção.

No processo produtivo, os homens estão ligados

entre si e dependem uns dos outros. O trabalho é um ato

social, no sentido de que é realizado na sociedade. As

relações que se estabelecem entre os homens na produção,

na troca e na distribuição dos bens são relações de

produção. Essas relações existem em todos os processos de

produção, no caso capitalista, ela ocorre antagonicamente

entre os proprietários dos meios de produção e os

trabalhadores.

O modo de produção é a maneira pela qual a

sociedade produz seus bens e serviços, como os utiliza e

como os distribui. Assim, numa determinada época

histórica, uma sociedade tem uma certa maneira de se

organizar para produzir e para distribuir sua produção.

Nesta teoria as relações de produção são o centro

organizador de todos os aspectos da sociedade. Isto é,

como era a relação de produção na sociedade primitiva?

Como eram a relações de produção na sociedade

escravista? Como eram as relações de produção na

sociedade feudal? Como são as relações de produção na

sociedade capitalista?

Para Marx, as forças produtivas alteram-se no

percorrer da história, antes se produzia com instrumentos

simples hoje se utiliza instrumentos complexos. Ao longo da

história, os homens têm produzido aquilo de que

necessitam de vários modos e se organizado também. Por

isso, segundo a dialética marxista e seu materialismo

histórico, pode-se afirmar que a história da humanidade é a

história da transformação da sociedade humana pelos

diversos modos de produção: modo de produção primitivo,

modo de produção escravista, modo de produção asiático,

modo de produção feudal, modo de produção capitalista e

modo de produção socialista.

________________________________________________

4.5. O CAPITAL E A MAIS-VALIA

Na obra O capital, Marx analisa detalhadamente as

condições do sistema capitalista, expõe suas contradições e

limites. Neste livro, Marx usa os princípios e categorias da

dialética (filosofia) em uma questão econômica, para que a

classe trabalhadora tenha melhores instrumentos em sua

luta (prática social). Nesta obra ele desvenda a

complexidade das relações entre a acumulação capitalista e

a força de trabalho.

A fórmula do capital: D - M - D¹ - M - D² - M -

D³...

Para entender o processo da acumulação capitalista

precisamos conhecer os conceitos de mercadoria, dinheiro,

capital, mais-valia, lucro, salário, força de trabalho e como

esses elementos se relacionam neste

processo: mercadoria = é tudo aquilo que se produz para

ser vendido ou trocado no mercado, ela possui dois valores,

valor de uso (serve para satisfazer necessidades pessoais) e

valor de troca (serve para gerar dinheiro/lucro/capital) um

bem só se torna mercadoria quando passa a ter valor de

troca; força de trabalho = é a energia física e mental

utilizada para produzir bens ou serviços. A fonte de valor da

mercadoria é a força de trabalho, o valor da mercadoria é

determinado pelo tempo de trabalho socialmente necessário

para produzi-la, sem trabalho os objetos não tem valor de

troca, logo não podem ser mercadorias; dinheiro = é uma

mercadoria especial que pelo costume ou lei monopoliza o

posto de equivalente geral capaz de comprar outras

mercadorias que satisfazem algumas necessidades

humanas (tem valor de uso); capital = é a riqueza

(dinheiro, máquinas, matéria-prima) destinada a obter lucro

que é reinvestido na obtenção de mais riquezas;lucro= é

uma parte variável (depende das condições de mercado) da

mais-valia derivada das vendas das mercadorias; salário=

é o valor pago para o trabalhador (força de trabalho) que

não corresponde a riqueza gerada por ele, mas a penas ao

suficiente para sua manutenção e de seus filhos

(alimentação, roupas, habitação); mais-valia= é o valor a

mais, criado pelo trabalhador no processo produtivo e que

não é repassado para ele; é a diferença entre o valor da

produção total e o valor pago pelo trabalho, é o excedente

da produção, tudo que é produzido além do valor do salário.

Para Marx, o processo de produção e de relação social na

sociedade capitalista se realiza de maneira desigual e de

exploração, pois nesse processo de produção e na relação

capitalista é que surge a mais-valia.

A fórmula da mais-valia:

9

A ------- D ------------- C ----------------------- B

Existem dois tipos básicos de mais-valia:

-Mais-valia absoluta – cresce simplesmente

prolongando a jornada de trabalho;

-Mais-valia relativa – cresce em relação ao

aumento do sobre-trabalho e à correspondente

diminuição do tempo de trabalho necessário que

ocorre através do uso de tecnologia.

________________________________________________

4.6. ALIENAÇÃO

A palavra alienação vem do latim (alienare,

alienus) significa “que pertence a um outro”. Alius é o

outro. Portanto, sob determinado aspecto, alienar é tornar

alheio, transferir para outrem o que é seu. Para Marx, a

alienação ocorre no processo produtivo e nas relações

sociais de produção capitalista. A alienação não é

puramente teórica, manifesta-se na vida real, a partir da

divisão do trabalho, quando o produto do trabalho deixa de

pertencer a quem o produziu; a divisão do trabalho na

sociedade capitalista torna o homem um ser incompleto e

não-realizado. O operário que trabalha em uma fábrica e

produz determinado objeto não escolhe seu próprio salário,

o seu horário ou ritmo da produção, isso é determinado por

forças que lhe são estranhas. Além de tudo isso, o produto

produzido pelo operário não lhe é reconhecido e nem lhe

pertence, pois devido à divisão do trabalho ele executou

apenas uma parte da produção e recebeu um salário para

tanto. Esta divisão do trabalho gera também uma certa

indiferença entre os trabalhadores que executam atividades

diferentes, ficando estranhos entre si. A alienação no

processo produtivo gera:

- Fetichismo da mercadoria – ocorre quando a

mercadoria passa a ser considerada mais importante

que o individuo que produziu. Ocorre quando o valor

de troca (o que a mercadoria vale no mercado) se

torna superior ao valor de uso (o que a mercadoria

vale por sua utilidade) determinando as relações

humanas.

- Reificação do trabalhador – (do latim, res = coisa)

ocorre quando o trabalhador se torna um mero

instrumento produtor de mercadoria, quando a força

de trabalho da pessoa se torna mercadoria e pode ser

vendida e comprada em troca de um salário. “É a

humanização da mercadoria e a desumanização da

pessoa”.

12ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:

a) – O que é produção e quais os elementos que compõe

este processo?

b) – O que é modo de produção?

c) – Por que a dialética marxista e o materialismo histórico

afirmam que a história da humanidade é a história da

transformação das sociedades pelos modo de produção?

d) – O que Marx analisa e defende em sua obra “O Capital”?

e) – Qual a fórmula do capital?

f) – Explique os conceitos de: mercadoria, força de

trabalho, dinheiro, capital, lucro, salário e mais-valia.

g) – Explique a fórmula da mais-valia.

h) – Diferencie mais valia absoluta de mais-valia relativa.

i) – O que significa alienação?

j) – Como ocorre a alienação?

k) – Como a divisão do trabalho contribui para a alienação?

l) – O que a alienação no processo produtivo gera?

m) – Como ocorre o fetichismo da mercadoria?

n) – Como ocorre a reificação do trabalhador?

__________________________________________

4.7. IDEOLOGIA

No seu livro A ideologia alemã, Marx se refere à

ideologia como um sistema elaborado de representações e

de idéias, que correspondem a formas de consciência que

os homens tem em determinada época. Essas

representações e idéias são qualificadas como quimeras,

formas imaginárias, ilusão, sonho, enfim, algo que esta em

oposição às condições materiais da vida real. Aparece ai

também a concepção de que a ideologia é a inversão da

realidade, no sentido de reflexo, como na câmara

fotográfica, onde a imagem aparece “invertida”. Marx diz

que: “a existência condiciona a consciência”, ou seja, não é

consciência que determina a vida, é a vida que determina a

consciência.

Para Marx, a ideologia é “um sistema de crenças

ilusórias relacionadas a uma classe social determinada”. Por

isso, ele diz: “as idéias dominantes de uma época

representam as idéias da classe dominante”.

Percebe-se nas teorias de Marx, que o tema

ideologia veicula uma relação fundamental que é a oposição

entre o falso (ideologia) e o verdadeiro (saber científico). O

falso representa a ideologia e o verdadeiro é representado

pela ciência, que libertará o proletariado da dominação

burguesa.

Segundo as teorias marxianas, a ideologia é um

conjunto lógico, sistemático e coerente de representações

(idéias e valores) e de normas ou regras (de conduta) que

indicam e prescrevem aos membros da sociedade o que

devem pensar e como devem pensar, o que devem valorizar

e como devem valorizar, o que devem sentir e como devem

sentir, o que devem fazer e como devem fazer. A ideologia

é, portanto, tem as seguintes características: é um corpo

explicativo (representações) e prático (normas, regras,

preceitos) de caráter prescritivo, normativo, regulador.

10

________________________________________________

4.8. A FUNÇÃO DA IDEOLOGIA

A função da ideologia é dar aos membros de uma

sociedade dividida em classes uma explicação racional para

as diferenças sociais, políticas e culturais, sem jamais

atribuir tais diferenças à divisão da sociedade em classes, a

partir das divisões na esfera da produção. Busca camuflar

as diferenças de classes sociais antagônicas e de fornecer

aos membros da sociedade o sentimento da identidade

social, encontrando certos referenciais identificadores de

todos e para todos, como, por exemplo: a Humanidade, a

Liberdade, a Igualdade, a Nação, o Estado, a Pátria, o

Progresso, a Família e etc.

13ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:

a) – Para Marx, o que é ideologia?

b) – Defina ideologia, segundo as teorias marxianas.

c) – Explique a frase: “as idéias dominantes de uma época

são as idéias da classe dominante”.

d) – Cite algumas características da ideologia.

e) – Qual a função da ideologia?

__________________________________________

4.9. A QUESTÃO DO MÉTODO EM MARX:

A DIALÉTICA MATERIALISTA e MATERIALISMO

HISTÓRICO

Em termos de método, Marx enfatiza que o

pesquisador não deve se restringir à descrição da realidade

social, mas deve também se ater á análise de como essa

realidade se produz e se reproduz ao longo da história. Por

exemplo, em relação às classes na sociedade capitalista não

basta a descrição das duas classes sociais existentes – a

capitalista e a dos trabalhadores –, mas é preciso mostrar a

maneira como essas classes surgiram na história, como o

conflito entre elas se mantém e quais as possibilidades de

transformação dessas relações de classe no futuro.

Mostrando as possibilidades de transformação da realidade

social, o cientista social pode desempenhar um papel

político revolucionário, ao tomar partido da classe

trabalhadora. Por isso, em Marx, a ciência tem um papel

político necessariamente crítico em relação à sociedade

capitalista, devendo ser um instrumento não só de

compreensão, mas também de transformação da

realidade. A metodologia sociológica de Marx baseia-se na

aplicação do seu materialismo dialético(concepção filosófica)

aos fenômenos sociais, que por sua vez, teve mérito de

fundar uma teoria científica de inegável alcance explicativo:

o materialismo histórico(concepção científica). A teoria da

dialética materialista se resume em: tese, antítese e

síntese. E as características de sua dialética são: tudo se

relaciona, tudo se transforma, mudança qualitativa e luta

dos contrários.

________________________________________________

4.10. A CONCEPÇÃO DE ESTADO

Marx relacionou a existência do Estado às

condições das classes sociais existentes na sociedade.

Assim, em vez do Estado imanente e superior, acima dos

homens (como pensavam os filósofos Hobbes, Locke e

Rousseau), Marx apresenta-o como um instrumento da

classe dominante. A gênese do Estado reside, portanto na

divisão da sociedade em classes, sendo sua principal função

conservar e reproduzir esta divisão, garantindo os

interesses da classe que domina as outras classes.

14ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:

a) – Para Marx, qual o papel da ciência?

b) – Em que se baseia a metodologia sociológica de Marx?

c) – Cite as características da dialética marxista.

d) – Explique como Marx analisa o papel do Estado na

sociedade?

__________________________________________

5.1. DURKHEIM - VIDA E OBRA

David Émile Durkheim, sociólogo francês nasceu

em Épinal em 15 de abril de 1858, estudou na Ecole

Normale Superfieure de Paris, tendo-se doutorado em

filosofia. Em 1885 foi estudar na Alemanha, sendo muito

influenciado pelas idéias do positivismo de Wilhelm Wundt.

Durkheim é um dos principais clássicos da sociologia, foi

responsável pela introdução da sociologia nas universidades

como disciplina e ciência acadêmica. De tendência

ideológica conservadora, ele corresponde a uma corrente

sociológica funcionalista, cuja teorias e metodologia de

caráter comparativas consolidaram a sociologia como

ciência social. Entre suas principais obras podemos

destacar: A divisão do trabalho social (1893), As regras do

método sociológico (1894), O suicídio (1897).

O sistema sociológico de Durkheim baseia-se em

quatro princípios fundamentais:

1º. A sociologia é uma ciência independente das

demais ciências sociais e da filosofia;

2º. A realidade social é formada pelos fenômenos

coletivos considerados como “coisas”;

3º. A causa de cada fato social deve ser procurada

entre os fenômenos sociais que antecedem. Para

explicar um fenômeno social deve-se procurar suas

causas;

4º. Todos os fatos sociais são exteriores aos

indivíduos, formando uma realidade especifica.

11

15ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:

a) – Quem foi Emille Durkheim?

b) – Qual a tendência ideológica de Durkheim?

c) – A qual corrente sociológica Durkheim corresponde?

d) – Que caráter tem as teorias e metodologia de

Durkheim?

e) – Cite as principais obras de Durkheim.

f) – Explique os quatro princípios fundamentais do sistema

sociológico de Durkheim.

________________________________________________

5.2. A DIVISÃO DO TRABALHO E A SOLIDARIEDADE

Durkheim possuía uma visão otimista da nascente

sociedade capitalista industrial. Considerava que a

crescente divisão do trabalho que estava ocorrendo a todo

vapor na sociedade européia e acarretava, ao invés de

conflitos sociais, um sensível aumento da solidariedade

entre os homens.

De acordo com ele, cada membro da sociedade,

tendo uma atividade profissional mais especializada,

passava a depender cada vez mais do outro. Julgava, assim

que o efeito mais importante da divisão de trabalho não

era o aspecto econômico, ou seja, o aumento da

produtividade, mas sim, o fato de que ela tornava possível a

união e a solidariedade entre os homens (de maneira

funcional.). A origem da divisão do trabalho está na

densidade dinâmica ou moral, é o aumento das dimensões

absolutas ou do volume da sociedade que determina o

processo da divisão do trabalho, que é o fator

preponderante de integração social na sociedade moderna.

O progresso da divisão do trabalho é o fio condutor do

processo evolutivo que liga as formas de sociedade mais

simples às mais complexas, numa evolução de estrutura

segmentar a uma estrutura organizada – a divisão do

trabalho progride quanto mais existem indivíduos que

estejam suficientemente em contato para poder agir e

reagir uns sobre os outros.

________________________________________________

5.3. SOLIDARIEDADE MECÂNICA E SOLIDARIEDADE

ORGÂNICA (da sociedade tradicional à sociedade

moderna)

Inspirado em idéias de Spencer e em um método

analógico (comparação), Durkheim desenvolveu a teoria no

qual acreditava que as espécies sociais à semelhança das

espécies vivas podem ser classificadas numa escala

evolutiva das mais simples às mais complexas:

caracterizou-se dois tipos de sociedade que

corresponderiam ao inferior e superior da escala evolutiva,

ou seja, de uma sociedade simples/tradicional à uma

sociedade complexa/moderna; tais tipos consistem em duas

formas de solidariedade social – dois princípios de

integração entre indivíduos e grupos no interior das

sociedades: solidariedade mecânica e a solidariedade

orgânica.

» Solidariedade mecânica: ocorre quando a

consciência coletiva exerce um papel preponderante como

princípio de integração social. A sociedade se apresenta

como um conjunto mais ou menos organizado de crenças e

sentimentos comuns a todos os indivíduos (membros do

grupo) é a semelhança de crenças e sentimentos que

mantêm os indivíduos e grupos unidos nesse tipo de

sociedade todos exercem aproximadamente as mesmas

atividades, dividem os mesmos deuses. São sociedades

primitivas (tribais), onde existe a homogeneidade

econômica e cultural. As consciências individuais são

subordinadas à consciência coletiva. O direito é repressivo,

para manter a coesão social.

» Solidariedade orgânica: a integração social é

realizada a partir da diferenciação entre indivíduos e grupos

no interior da sociedade, existe um sistema de funções

diferentes e especiais, que unem relações definidas, trata-

se da solidariedade produtiva pela divisão do trabalho, que

supõe precisamente a diferenciação e a complementaridade

de funções com forma de cooperação e entre os membros

da sociedade. São sociedades modernas que possuem uma

organização complexa. O direito é restitutivo, não é tanto

para punir as condutas desviantes, mas impor a separação

dos prejuízos causados pelo descumprimento das

obrigações profissionais ou funcionais (juridicamente seria o

direito civil, comercial, processual, administrativo).

16ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:

a) – Qual era a visão de Durkheim sobre a sociedade

capitalista industrial?

b) – Como Durkheim julgava a importância da divisão do

trabalho?

c) – Qual a origem e o progresso da divisão do trabalho na

sociedade?

d) – Explique a teoria de Durkheim no qual as sociedades

passam de uma sociedade simples/tradicional à uma

sociedade complexa/moderna.

e) – Explique a diferença de uma sociedade tradicional e

uma sociedade moderna destacando os dois tipos de

solidariedade mecânica e orgânica desenvolvida por

Durkheim.

________________________________________________

5.4. A QUESTÃO PATOLÓGICA E ANÔMICA DA

SOCIEDADE

Durkheim é também admirado pelo estudo dos

problemas da personalidade, realizado em sua obra O

12

suicídio (1897), em que a divisão do trabalho é tratada

como um desenvolvimento normal da sociedade humana,

que propicia o aumento da iniciativa pessoal em detrimento

da autoridade exercida pela tradição. Entretanto, o número

crescente de suicidas nas sociedades desenvolvidas foi por

ele considerado como um traço patológico na organização

social. Nesse sentido, Durkheim descreve três tipos de

suicídios:

* Altruísta – quando o individuo fortemente ligado a um

grupo não distingue entre seus próprios interesses e os do

grupo, sendo capaz de sacrificar-se por ele. É o caso de

soldados que se sacrificam para salvar companheiros. Esse

tipo de suicídio também pode ser levado a efeito pelo

individuo que deixa de satisfazer os padrões do grupo: a

morte é, então, preferível a qualquer outra coisa;

* Egoísta – é o suicídio que ocorre quando o individuo não

está envolvido com ninguém nem com nenhuma causa,

faltando-lhe laços emocionais que lhe tornem a vida digna

de viver;

* Anômico – é o suicídio que se manifesta quando o

individuo participa de uma sociedade caracterizada pela

anomia (ausência de regras, sem normas), sendo comum

em épocas de depressão econômica.

A importância de O suicídio está intimamente relacionada

aos esclarecimentos que presta quanto ao relacionamento

humano, tanto no que se refere aos grupos quanto ao que

diz respeito às normas dos grupos.

17ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:

a) – Como Durkheim considera o número crescente de

suicídios na sociedade moderna?

b) – Como se chama a o obra no qual Durkheim desenvolve

um estudo sobre a personalidade?

c) – Cite os três tipos de suicídio estudados por Durkheim.

d) – Explique o que é um suicídio Altruísta?

e) – Explique o que é um suicídio Egoísta?

f) – Explique o que é um suicídio Anômico?

g) – Qual a importância do estudo do suicídio?

________________________________________________

5.5. O MÉTODO DE ESTUDO DA SOCIOLOGIA

Em sua obra As regras do método

sociológico (1894), Durkheim propõem alguns

procedimentos aos pesquisadores: o método de uma ciência

consiste no conjunto de regras que o pesquisador deve

seguir para realizar, de maneira correta, suas pesquisas.

Como Durkheim enfatiza o caráter exterior e coercitivo dos

fatos sociais, ele colocará como regra básica de seu método

que o pesquisador deve analisar os fatos sociais como se

eles fossem coisas, isto é, como se fossem objetos que

existem independentemente de nossas idéias e vontades.

Com isso, Durkheim enfatiza como fundamental para uma

pesquisa científica a posição de neutralidade e objetividade

que o pesquisador deve descrever a realidade social, sem

deixar que suas idéias e opiniões interfiram na observação

dos fatos sociais.

________________________________________________

5.6. FATO SOCIAL

Para Durkheim, na relação individuo e sociedade,

ele destaca que a sociedade prevalece sobre o individuo. A

sociedade é, para esse autor, um conjunto de normas de

ação, pensamento e sentimento que não existem apenas na

consciência dos indivíduos, mas que são construídos

exteriormente. Isto é, fora das consciências individuais. Em

outras palavras, na vida em sociedade o homem defronta

com regras de conduta que não foram diretamente criadas

por ele, mas que existem e são aceitas na vida em

sociedade, devendo ser seguidas por todos. Sem essas

regras, a sociedade não existiria e é por isso que os

indivíduos devem obedecê-las. Os fatos sociais são os

modos de pensar, sentir e agir de um grupo social. O modo

de vestir, a língua, o sistema monetário, a religião e uma

infinidade de outros fenômenos são consideradas fatos

sociais.

As leis são um bom exemplo do raciocínio de

Durkheim. Em toda sociedade existem leis que organizam a

vida em conjunto. O individuo isolado não cria leis nem

pode modificá-las. São as gerações de homens que vão

criando e reformulando coletivamente as leis. Essas leis são

transmitidas para as gerações seguintes na forma de

códigos, decretos, constituições, etc. como indivíduos

isolados, temos de aceita-las; sob pena de sofrer castigos

por viola-las.

Seguindo essas idéias, Durkheim afirmara que os

fatos sociais, ou seja, o objeto de estudo da sociologia, é

justamente essas regras e normas coletivas que orientam a

vida dos indivíduos em sociedade. Tais fatos sociais são

diferentes dos fatos estudados por outras ciências por

terem origem na sociedade, e não na natureza (como nas

ciências naturais) ou no individuo (na psicologia).

________________________________________________

5.7. CARACTERÍSTICAS DO FATO SOCIAL

Esses fatos sociais têm três características básicas

que permitirão sua identificação na realidade, elas são:

gerais, exteriores e coercitivos.

1ª. Generalidade – o fato social é comum aos

membros de um grupo;

2ª. Exterioridade – o fato social é externo ao

individuo, existe independentemente de sua vontade. Isto

é, consistem em idéias, normas ou regras de conduta que

13

não são criadas isoladamente pelos indivíduos, mas foram

criadas pela coletividade e já existem fora de nós quando

nascemos.

3ª. Coercitividade – os indivíduos vêem-se

obrigados a seguir o comportamento estabelecido porque

essas idéias, normas e regras devem ser seguidas pelos

membros da sociedade; se isso não acontece, se alguém

desobedece a elas, é punido, de alguma maneira pelo resto

do grupo.

É justamente a educação um dos exemplos

preferidos por Durkheim para mostrar o que é um fato

social. O individuo, segundo ele, não nasce sabendo

previamente as normas de conduta necessárias para a vida

em sociedade. Por isso, toda sociedade tem de educar seus

membros, fazendo com que aprendam as regras

necessárias à organização da vida social. As gerações

adultas transmitem às crianças e aos adolescentes aquilo

que aprenderam ao longo de sua vida em sociedade. Com

isso, o grupo social é perpetuado, a pesar da morte dos

indivíduos.

O que a criança aprende na escola? Idéias,

sentimentos e hábitos que ela não possui quando nasce,

mas que são essenciais para a vida em sociedade. A

linguagem, por exemplo, é aprendida, em grande medida,

na escola. Ninguém nasce conhecendo a língua de seu país.

É necessário um aprendizado, que começa já nos primeiros

dias de vida e se prolonga no decorrer dos muitos anos na

escola, para que a criança consiga se comunicar de maneira

adequada com seus semelhantes. Sem o aprendizado da

linguagem, a criança não poderia participar da vida em

sociedade.

________________________________________________

5.8. INSTITUIÇÃO

Outro conceito importante para Durkheim é o de

instituição. Para ele, uma instituição é um conjunto de

normas e regras de vida que se consolidam fora dos

indivíduos e que as gerações transmitem uma às outras. Há

ainda muitos outros exemplos de instituições: família,

Estado, Igreja, Exército, etc. Assim, para Durkheim é a

sociedade, como coletividade, que organiza, condiciona as

ações individuais. O individuo aprende a seguir normas e

regras de ação que lhes são exteriores. Ou seja, que não

foram criadas por ele, e são coercitivas, pois limitam sua

ação e prescreve punições para quem não obedecer aos

limites sociais. A função das instituições é socializar os

indivíduos, fazer com que eles assimilem as regras e

normas necessárias à vida em comum.

18ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:

a) – O que Durkheim coloca como regra básica de seu

método de pesquisa?

b) – O que Durkheim enfatiza como fundamental para uma

pesquisa científica?

c) – Como Durkheim vê a relação individuo e sociedade?

d) – O que é sociedade para Durkheim?

e) – Para Durkheim, qual a importância das regras sociais?

f) – Na concepção de Durkheim, O que é fato social?

g) – Qual o objeto de estudo da sociologia, segundo

Durkheim?

h) – Cite e explique as características dos fatos sociais.

i) – Qual a importância da educação, segundo Durkheim?

j) – O que é instituição?, Cite exemplos e explique sua

função.

________________________________________________

6.1. WEBER - VIDA E OBRA

Nascido em Erfut, a 21 de Abril de 1864, Max

Weber tornou-se um dos sociólogos e economistas político

mais importante da Alemanha nos séculos XIX e XX. Max

Weber foi um dos mais importantes clássicos da sociologia,

pois suas teorias contribuem até hoje para a análise da vida

social. Filho de uma abastada família de comerciantes

formou-se em direito e economia nas Universidades de

Berlim e de Heidelberg respectivamente. Mais tarde

trabalhou como professor nas Universidades de Berlim

(1893), Freiburg (1894), Heidelberg (1897), Viena (1917).

Pode-se afirmar que a vida de Max Weber foi totalmente

dedicada aos estudos, à pesquisa e à participação ativa na

política alemã de seu tempo, principalmente mediante suas

intervenções em conferências, seus artigos para jornais e

revistas e seus escritos publicados em vida e

postumamente. Max Weber é um pensador de tendência

ideológica conservadora e suas análises têm características

histórico-comparativa. Entre suas principais obras podemos

destacar: A ética protestante e o espírito do capitalismo e

Economia e sociedade.

19ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:

a) – Quem foi Max Weber?

b) – Como foi a vida de Max Weber?

c) – Qual a tendência ideológica de Max Weber?

d) – Qual as características das análises teóricas de Weber?

e) – Quais as principais obras de Weber?

__________________________________________

6.2. A METODOLOGIA E A NEUTRALIDADE CIENTÍFICA

A sua insistência em compreender as motivações

das ações humanas levou-o a rejeitar a proposta do

positivismo de transferir para a sociologia a metodologia de

14

investigação utilizada pelas ciências naturais. Não havia,

para ele, fundamento para esta resposta, uma vez que o

sociólogo não trabalha sobre uma matéria inerte, como

acontece com as cientistas naturais. Weber diz que o ponto

chave de uma investigação sociológica é o individuo e sua

ação, é a compreensão da ação dos indivíduos e não a

análise das “instituições sociais” ou “grupo social” que vai

nos permitir entender a sociedade. Para compreender as

instituições temos que partir das intenções e motivações

dos indivíduos que vivenciam estas situações sociais.

Ao contrário do positivismo, que dava maior ênfase

aos fatos, à realidade empírica, transformando geralmente

o pesquisador num mero registrador de informações, a

metodologia de Weber atribuía-lhe um papel ativo na

elaboração do conhecimento.

A intenção de conferir à sociologia uma reputação

científica encontra na figura de Max Weber, um marco de

referência. Durante toda a sua vida, insistiu em estabelecer

uma clara distinção entre o conhecimento científico, fruto

de cuidadosa investigação, e os julgamentos de valor sobre

a realidade. Com isso, desejava assinalar que um cientista

não tinha o direito de possuir, a partir de sua profissão,

preferência políticas e ideológicas. No entanto, julgava ele,

sendo todo cientista também um cidadão, poderia ele

assumir posições apaixonadas em face dos problemas

econômicos e políticos, mas jamais deveria defende-los a

partir de sua atividade profissional. Essa posição de Weber,

que tantas discussões têm provocado entre os cientistas

sociais, constitui, ao isolar a sociologia dos movimentos

revolucionários, um dos momentos decisivos da

profissionalização dessa disciplina. A idéia de uma ciência

social neutra seria um argumento útil e fascinante para

aqueles que viviam e iriam viver da sociologia como

profissão. Ela abria a possibilidade de conceber a sociologia

como um conjunto de técnicas neutras que poderiam ser

oferecidas a qualquer comprador público ou privado. Vários

estudiosos da formação da sociologia têm assinalado, no

entanto, que a neutralidade defendida por Weber foi um

recurso utilizado por ele na luta pela liberdade intelectual,

uma forma de manter a autonomia da sociologia em face da

burocracia e do Estado alemão da época.

________________________________________________

6.3. CIENTISTA x POLÍTICO

A busca de uma neutralidade científica levou Weber

a estabelecer uma rigorosa fronteira entre o cientista,

homem do saber, das análises frias e penetrantes; e o

político, homem de ação e de decisão comprometido com

questões práticas da vida. O que a ciência tem a oferecer a

esse homem de ação, segundo Weber, é um entendimento

claro de sua conduta, das motivações e das conseqüências

de seus atos.

A sociologia por ele desenvolvida considerava o

indivíduo e sua ação como ponto chave da investigação.

Com isso, ele queria salientar que o verdadeiro ponto de

partida da sociologia era a compreensão da ação dos

indivíduos e não a análise das “instituições sociais” ou de

“grupos sociais”, tão enfatizadas pelo pensamento

conservador. Com essa posição, não tinha a intenção de

negar a existência ou a importância dos fenômenos sociais,

como o Estado, a empresa capitalista, a sociedade anônima,

mas tão somente a de ressaltar a necessidade de

compreender as intenções e motivações dos indivíduos que

vivenciam estas situações sociais.

A ciência não pode propor fins a ação prática:

“uma ciência empírica não está apta a ensinar a ninguém

aquilo que ‘deve’, mas, sim, apenas aquilo que ‘pode’ – em

certas circunstâncias – aquilo que ‘quer fazer’”. O domínio

da ciência empírica deve ser definida como o dos meios e

não como o dos fins.

20ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:

a) – Segundo Weber, qual é ponto chave de uma

investigação sociológica?

b) – Por que Weber foi importante para a reputação

científica da sociologia?

c) – Por que Weber diferencia o cientista do político?

d) – O que Weber quis salientar ao dizer que o ponto chave

da investigação é o individuo e sua ação?

e) – Por que Weber afirma que a ciência não pode propor

fins a ação prática?

________________________________________________

6.4. A ÉTICA PROTESTANTE E O ESPÍRITO DO

CAPITALISMO

Vivendo em uma nação retardatária quanto ao

desenvolvimento capitalista, Weber procurou conhecer a

fundo a essência do capitalismo moderno. Ao contrário de

Marx, Weber não considerava o capitalismo um sistema

injusto, irracional e anárquico. Para ele, as instituições

produzidas pelo capitalismo, como uma grande empresa,

constituíam clara demonstração de uma organização

racional que desenvolvia suas atividades dentro de um

padrão de precisão e eficiência. Exaltou em diversas

oportunidades a formação histórica das sociedades inglesa e

norte-americana, ressaltando a figura do empresário,

considerado às vezes um verdadeiro revolucionário. De

certa forma, o seu elogio a seu caráter antitradicional do

capitalismo inglês, especialmente do norte-americano, era a

forma utilizada por ele para atacar os aspectos retrógrados

15

da sociedade alemã, principalmente os latifundiários

prussianos.

Em sua obra: “A ética protestante e o espírito do

capitalismo”, Weber procurou demonstrar que a formação

do capitalismo europeu não seguiu apenas causalidades

econômicas como propôs Karl Marx em suas teorias

estritamente economicistas. Para Weber, as idéias religiosas

e éticas foram de importância fundamental na formação do

capitalismo, buscou também esclarecer os caracteres

específicos do capitalismo como um regime econômico de

grande desenvolvimento, principalmente nos países

protestantes, especialmente naqueles em que predominava

o calvinismo. Para ele, não havia fundamento em admitir o

principio de que a economia dominasse as demais esferas

da realidade social. Esse estudo o levou a pesquisar

também a história religiosa e social da Índia, da China e do

povo judeu. O resultado desse trabalho foi publicado em

três volumes sob o titulo Estudos Reunidos sobre a

Sociologia das Religiões. Assim Weber fundou uma nova

ramificação da sociologia que foi a Sociologia da Religião.

21ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:

a) – Por que Max Weber discordava de Marx sobre o

capitalismo?

b) – O que Weber buscou demonstrar em sua obra: A ética

protestante e o espirito do capitalismo”?

c) – Que ramificação da sociologia Weber fundou?

__________________________________________

6.5. TIPO IDEAL

É o instrumento principal da compreensão.

Corresponde a um processo que representa o primeiro nível

de generalização de conceitos absolutos e correspondendo

as exigências lógicas da prova, então intimamente ligados à

realidade concreta e particular (de relações sociais).

Corresponde a um processo de conceituação que

abstrai de fenômenos concretos o que existe de particular,

construindo assim um conceito individualizante ou como diz

o próprio Weber: “um conceito histórico concreto”.

É um procedimento metodológico que incorporam

relações sociais abstratas, características universais da ação

social e conjuntura histórica definida.

O tipo ideal não deve ser aceito somente como

generalizações, proposições, definições e hipóteses.

________________________________________________

6.6. AÇÃO E RELAÇÃO SOCIAL

A ação é definida por Weber como toda conduta

humana (ato, omissão, permissão) dotada de um

significado dado por quem a executa e que orienta essa

ação. Quando tal orientação tem vista a ação – passada,

presente, ou futura – de outro ou de outros agentes que

podem ser “individualizados e conhecidos ou uma

pluralidade de indivíduos indeterminados e completamente

desconhecidos” – o público, a audiência de um programa, a

família do agente etc – a ação passa a ser definida como

social. A ação é determinada pelas intenções, motivações e

expectativas de outros.

A relação social se refere à conduta de múltiplos

agentes que se orientam reciprocamente em conformidade

com um conteúdo específico (conflito, hostilidade, amizade,

competição, atração sexual etc) do próprio sentido das suas

ações. As relações sociais podem ser de natureza

transitória, assimétrica: quando não há o mesmo sentido

subjetivo e se expõe atitudes diferentes sem reciprocidade,

mas mutuamente orientado à mesma expectativa;

simétrica: quando a relação corresponde em suas

expectativas o mesmo significado para todos envolvidos.

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6.7. AÇÃO SOCIAL

Para Weber a sociologia é a ciência que procura

uma compreensão interpretativa da ação social para a partir

daí chegar à explicação causal do seu sentido e dos seus

efeitos.

Para Max Weber, a análise sociológica estará

centrada nos atores e em suas ações. O agente individual é

a unidade da análise sociológica, a única entidade capaz de

conferir significado às suas ações. A sociedade não é algo

exterior e superior aos indivíduos; a sociedade pode ser

compreendida a partir do conjunto das ações individuais

reciprocamente referidas. Por isso, Weber define como

objeto da sociologia a ação social, que é qualquer ação que

o individuo faz orientando-se pela ação de outros. Toda vez

que se estabelecer uma relação significativa, isto é, algum

tipo de sentido entre várias ações sociais, terá então

relações sociais. Só existe ação social quando o individuo

tenta estabelecer algum tipo de comunicação a partir de

suas ações com os demais. Nem toda ação, desse ponto de

vista, será social, mas apenas aquelas que impliquem

alguma orientação significativa visando outros indivíduos.

______________________________________________

6.8. TIPOS DE AÇÃO SOCIAL

Weber afirma que podemos pensar em diferentes

tipos de ação social, agrupando-os de acordo com o modo

pelo qual os indivíduos orientam suas ações. Assim ele

estabelece quatro tipos de ação social:

1º. Ação tradicional – que é determinada por um costume

ou um hábito arraigado;

2º. Ação afetiva – aquela determinada por afetos ou

estados sentimentais;

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3º. Ação racional com relação a valores – determinada

pela crença consciente num valor considerado importante,

independente do êxito desse valor na realidade;

4º. Ação racional com relação a fins – determinada pelo

cálculo racional que coloca fins e organiza os meios

necessários.

Weber admite não existir ação pura todas são possíveis de

misturas.

22ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:

a) – O que é o tipo ideal e o que ele corresponde?

b) – O que é ação?

c) – O que é relação social?

d) – O que é sociologia para Weber?

e) – Em que está centrada a análise sociológica?

f) – Qual o objeto de estudo da sociologia segundo Weber?

g) – Quando existe ação social?

h) – Cite e explique os diferentes tipos de ação social.

__________________________________________

6.9. TEORIA DA ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL: CLASSES,

ESTAMENTOS E PARTIDOS.

No estudo das relações sociais, Weber percebeu

que nas sociedades a existência de diferenças sociais pode

ter vários princípios explicativos, sendo que o critério de

classificação mais relevante é dado pela dominância, em

cada unidade histórica, de uma forma de organização ou

pelo peso particular que cada uma das diversas esferas da

vida coletiva possa ter, essas esferas são: econômica,

religiosa, política, jurídica, social, cultural – cada uma com

sua lógica particular de funcionamento. Assim Weber,

destacou as três esferas (dimensões) da sociedade, sendo

que cada esfera possui sua ordem de estratificação própria:

▪ Classes – refere-se a ordem econômica, o interesse

econômico é fator que cria uma classe, podendo-se até

considerar que as classes estão estratificadas segundo

suas relações com a produção e a aquisição de bens; a

estratificação econômica é, portanto, representada pelos

rendimentos, bens e serviços que o individuo possui ou

de que dispõe.

▪ Estamentos (status) – refere-se a ordem social,

onde os grupos de status estratificam-se em função do

principio de consumo de bens, representados por estilos

de vida específicos, a estratificação social é, portanto,

evidenciada pelo prestigio e honra desfrutados.

▪ Partidos – refere-se a ordem política, que manifesta-

se através do poder; a estratificação política é assim

observada através da distribuição do poder entre grupos

e partidos políticos, entre indivíduos no interior dos

grupos e partidos, assim como entre os indivíduos na

esfera da ação política.

________________________________________________

6.10. A CONCEPÇÃO DE ESTADO

Segundo Weber, o Estado é uma instituição social

que mantém o monopólio do uso legitimo da força física

dentro de determinado território, para que este estado

exista é preciso que sua autoridade seja reconhecida como

legitima. Neste sentido, o Estado é definido por sua

autoridade para gerar e aplicar poder coletivo. Como

acontece com todas as instituições sociais, o Estado é

organizado em torno de um conjunto de funções sociais,

incluindo manter a lei, a ordem e a estabilidade, resolver

vários tipos de litígios através do sistema judiciário, cobrar

impostos, censo, identificação e registro da população,

alistamento militar, encarrega-se da defesa comum e cuidar

do bem-estar da população de maneira que estão além dos

meios do indivíduo, tal como implementar medidas de

saúde pública, prover educação de massa etc.

________________________________________________

6.11. DOMINAÇÃO E AUTORIDADE

Para Weber, os conceitos de dominação e

autoridade possibilitam a explicação da regularidade do

conteúdo de ações e das relações sociais ligada à

determinada obediência dentro de determinados grupos

sociais. Segundo Weber, dominação é um estado de coisas

pelo qual uma vontade manifesta (mandato) do dominador

ou dos dominadores influi sobre os atos de outros (do

dominado ou dos dominados), de tal modo que, em um

grau socialmente relevante, estes atos têm lugar como se

os dominados tivessem adotado por si mesmos e como

máxima de sua ação o conteúdo do mandato (obediência).

Assim destaca-se três tipos de dominação legitima

justificadas por motivos (fontes) de submissão ou princípios

de autoridades distintas:

* Racional-legal – se baseia na racionalidade das leis,

é um empreendimento contínuo de funções públicas,

empreendimento este que envolve regulamentos e

registros escritos, bem como um corpo de funcionários

especializados. A dominação legal apresenta como

característica a noção mais ou menos disseminada de

direito. Weber focaliza o problema de que a autoridade

dos governantes, baseada na legalidade, é limitada pela

ordem impessoal do direito, e que os governados

(cidadãos) só devem obediência a essa ordem

impessoal. A mais típica forma de domínio legal é a

burocracia.

* Tradicional – é baseado na autoridade pessoal do

governante, investida por força do costume, é uma

autoridade discricionária, não submetida a princípios

fixos e formais. Pertencem ao domínio tradicionais tipos

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de dominação gerontocrática, tais como

patrimonialismo, patriarcalismo, sultanismo.

* Carismático – é baseado no carisma (emoção),

qualidade tida como excepcional de liderança, que se

manifesta como uma espécie de magnetismo pessoal

mágico e que leva a pessoa carismática a ter certa

preponderância sobre as demais. Assim o carisma pode

estar presente num demagogo ou num ditador, num

herói militar ou num líder revolucionário. É o carisma

encarnado na pessoa do chefe que leva os liderados a se

entregar emocionalmente a essa liderança pessoal.

23ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:

a) – Explique a teoria da estratificação social segundo

Weber.

b) – Explique a concepção de Estado para Weber.

c) – Qual a importância de estudo dos conceitos de

dominação e autoridade?

d) – O que é dominação para Weber?

e) – Cite e explique os três tipos de dominação legitima

________________________________________________

BIBLIOGRAFIA:

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Editora Centauro, 2001.

CASTRO, A. M.; EDMUNDO, F. D. (Org.). Durkheim, Marx

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para uma análise marxista. São Paulo: editora Cortez,

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MARTINS, Carlos Benedito. O que é sociologia. São Paulo:

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OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia.

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VIEIRA, Evaldo. Sociologia da Educação. São Paulo: FTD

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http://jkcarlossofia.blogspot.com.br/2011/09/apostila-de-

sociologia-para-o-1-ano.html