sociologia para o ensino mÉdio - caderno de revisÃo

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Sociologia Caderno de revisão M_SOCP_caderno de revisão_U1_001-016.indd 1 22/06/11 11:46

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Page 1: SOCIOLOGIA PARA O ENSINO MÉDIO - CADERNO DE REVISÃO

Sociologia

Cadernode

revisão

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Asociedade

dosindivíduos Unidade 1

A Sociologia, assim como as demais ciên-cias humanas, tem como objetivo compreender e explicar as permanências e as transformações que ocorrem nas sociedades humanas. Um dos pontos de partida para isso, da perspectiva so-ciológica, é o entendimento da relação entre o individual e o social.

Podemos dizer que indivíduos e socieda-de fazem parte da mesma trama, tecida pelas relações sociais. Não há separação entre eles. Porém, quando analisamos historicamente al-gumas sociedades, verificamos que ao longo do tempo houve uma variação na ênfase dada ao individual ou ao social.

Entre os povos antigos, o que se valorizava era o grupo a que a pessoa pertencia, como a família ou a comunidade. Apesar das diferen-ças entre os indivíduos, não havia a possibili-dade de pensar em alguém desvinculado de seu grupo.

A valorização do indivíduo começou a ganhar força no século XVI, com a reforma Protestante. Segundo os adeptos desse movi-mento religioso, as pessoas podiam relacionar-se diretamente com Deus, sem a necessida-de de intermediários. Assim, o ser humano, individual mente, ganhava poder.

No século XVIII, com o desenvolvimento do capitalismo e do pensamento liberal, o indi-víduo e o individualismo ganharam mais es-

paço, pois a felicidade humana, definida como o acesso a bens materiais, passou a ocupar o centro das atenções.

Luís XIV e membros da Academia real de Ciências da França. Tela de henri Testelin (1667), representativa da crescente valo-rização das ciências e, portanto, da autonomia do indivíduo em relação às explicações religiosas do mundo.

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NNo século XIX, a sociedade capitalista esta-

va consolidada, e a posição do indivíduo pas-sou a ser definida pela propriedade de bens, de dinheiro ou da própria força de trabalho.

Nossasescolhas,seuslimiteserepercussões

Até que ponto a sociedade nos condiciona? Até que ponto somos livres para decidir e agir?

A vida do indivíduo é condicionada por práticas sociais que existiam antes de seu nas-cimento e por decisões tomadas sem sua par-ticipação direta, como a definição das regras de uma eleição.

Capítulo1—Oindivíduo,suahistóriaeasociedade

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Dia de eleições em Canutama, no Amazonas, em 1998.

O indivíduo muitas vezes não tem como interferir nem como fugir dos valores, nor-mas, costumes ou das formas já estabelecidas de produção da vida material. Entretanto, ele pode tomar decisões que conduzem a diferen-tes direções na vida.

A direção seguida sempre é resultado das escolhas do indivíduo. Assim, o indivíduo cons-trói a própria história e também a história de sua sociedade, que é feita por todos os que nela vivem.

A sociedade não é um baile à fantasia, em que cada um pode mudar a máscara ou a fantasia a qualquer momento.

Desde o nascimento, estamos presos às relações que foram estabelecidas antes de nós e que existem e se estruturam durante nossa vida.

Norbert Elias

Dasquestõesindividuaisàsquestõessociais

Podemos chamar de questões sociais:• problemas que vão além do nosso dia a dia

e estão ligados à estrutura de uma ou de vá-rias sociedades;

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Fila de desempregados em Chicago, nos Estados Unidos, em 1931: reflexo da depressão financeira desencadeada pela que-bra da bolsa de Nova york.

• situações que afetam o cotidiano das pes-soas, desde problemas locais até aconteci-mentos que atingem a maioria dos países.

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Ataque às Torres Gêmeas em Nova york no dia 11 de setem-bro de 2011.

Um exemplo dado pelo sociólogo estadu-nidense Wright Mills ajuda a diferenciar uma questão individual de uma questão social. Em seu livro A imaginação sociológica, publicado em 1959, Mills afirma que, se numa cidade de 100 mil habitantes poucos indivíduos es-tão sem trabalho, há um problema pessoal que pode ser resolvido tratando as habilidades e potencialidades de cada um. Entretanto, se em um país com 50 milhões de trabalhadores, 5 milhões não encontram emprego, a ques-tão passa a ser social e não pode ser resolvida como um problema individual.

Charles Wright Mills. A imaginação sociológica (1959).

Concluindo:• Acontecimentos independentes de nossa

vontade estão presentes na biografia de cada um de nós e fazem parte da história da sociedade em que vivemos.

• Esses acontecimentos podem resultar de si-tuações pro vocadas pelas decisões de algu-mas pessoas e ter um grande alcance, afe-tando as relações políticas, econômicas e financeiras de todos os países e prejudicando os indivíduos em muitos lugares.

• Tomar uma decisão é algo individual e social ao mesmo tempo, sendo impossível separar esses planos.

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Atividades

1 Leia o texto e responda às questões.

Seja o objeto do exame uma grande po-tência, ou uma passageira moda literária, uma família, uma prisão, um credo — são essas as perguntas que os melhores analistas sociais formularam. São [...] perguntas for-muladas inevitavelmente por qualquer espí-rito que possua uma imaginação sociológica. Pois essa imaginação é a capacidade de pas-sar de uma perspectiva a outra — da polí-tica para a psicológica; do exame de uma única família para a análise comparativa dos orçamentos nacionais do mundo; da escola teológica para a estrutura militar; de consi-derações de uma indústria petrolífera para estudos da poesia contemporânea. É a capa-cidade de ir das mais impessoais e remotas transformações para as características mais íntimas do ser humano — e ver as relações entre as duas. Sua utilização se fundamenta sempre na necessidade de conhecer o senti-do social e histórico do indivíduo na socie-dade e no período no qual sua qualidade e seu ser se manifestaram.

É por isso, em suma, que por meio da imaginação sociológica os homens esperam, hoje, perceber o que está acontecendo no mundo, e compreender o que está aconte-cendo com eles, como minúsculos pontos de cruzamento da biografia e da história, den-tro da sociedade. Em grande parte, a visão autoconsciente que o homem contemporâ-neo tem de si, considerando-se pelo menos um forasteiro, quando não um estrangeiro permanente, baseia-se na compreensão da relatividade social e da capacidade transfor-madora da história. A imaginação sociológi-ca é a forma mais frutífera dessa consciência. [...]

Mills, Wright. A imaginação sociológica.Rio de Janeiro: Zahar, 1980. p. 13-14.

a) Segundo o trecho acima e o que você es-tudou no livro, o que se pode entender por imaginação sociológica? Procure argumen-tar a partir de seu ponto de vista, evitando fazer uso de exemplos dos textos.

Espera-se que o aluno demonstre ter compreendido que

a imaginação sociológica é uma percepção da relação

entre história, sociedade e indivíduo; ter tal percepção

é fundamental para incitar a reflexão crítica e a ação

transformadora.

b) Escolha um fato de sua experiência indivi-dual e, por meio dele, escreva como sua biografia se relaciona com a história de seu bairro, sua cidade, seu país ou até mesmo do mundo.

Espera-se que o aluno tenha compreendido a definição

de imaginação sociológica e tenha exercitado a reflexão

ao estabelecer vínculos entre sua biografia pessoal

(individual) e o todo no qual está inserido (coletivo).

2 Leia o texto a seguir e responda às questões.

[...] Não existe um grau zero da vincula-bilidade social do indivíduo, um “começo” ou ruptura nítida em que ele ingresse na so-ciedade como que vindo de fora, como um ser não afetado pela rede, e então comece a se vincular a outros seres humanos. Ao con-trário, assim como os pais são necessários para trazer um filho ao mundo, assim como a mãe nutre o filho, primeiro com seu san-gue e depois com o alimento vindo de seu corpo, o indivíduo sempre existe, no nível mais fundamental, na relação com os outros, e essa relação tem uma estrutura particular que é específica de sua sociedade. Ele ad-quire sua marca individual a partir da histó-ria dessas relações, dessas dependências, e assim, num contexto mais amplo, da histó-ria de toda a rede humana em que cresce e vive. Essa história e essa rede humana estão presentes nele e são representadas por ele, quer ele esteja de fato em relação com outras pessoas ou sozinho, quer trabalhe ativamen-te numa grande cidade ou seja um náufrago numa ilha a mil milhas de sua sociedade. [...]

Elias, Norbert. A sociedade dos indivíduos.Rio de Janeiro: Zahar, 1994. p. 31.

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a) De acordo com o texto, as relações sociais são importantes na formação do indivíduo? Indique trechos do texto que confirmem sua resposta.

Ao indicar trechos do texto que confirmem

afirmativamente a pergunta, o aluno exercita a

identificação, em obras propriamente sociológicas, de

descrições dos temas abordados no livro.

b) No texto, o autor afirma que as relações sociais são específicas, ou seja, que cada sociedade possui uma maneira diferente de socializar o indivíduo. Apresente dois exemplos de socialização da criança na so-ciedade brasileira e comente como estes contribuem para a formação do indivíduo.

O objetivo da pergunta é fazer o aluno refletir sobre o tema

do capítulo utilizando exemplos de sua própria realidade

3 Nós, indivíduos modernos, geralmente acre-ditamos que todos os nossos pensamentos e ações são resultado de escolhas próprias e autônomas. Também tendemos a perceber no ser humano uma propensão a estar sempre voltado aos próprios interesses. Como a Socio-logia concebe as ações individuais?.

A cultura ocidental está marcada pela ideia de que o indivíduo

— como unidade soberana — é autônomo perante a sociedade

para analisar, julgar e decidir. Assim, as perguntas incitam o

aluno a refletir sobre o argumento sociológico de que somos

produtores e produtos de nosso meio social. Além disso, o

estimulam a confrontar. tal argumento com as pressuposições

da sociedade ocidental.

Capítulo2—Oprocessodesocializaçãodomina os códigos sociais. Aos poucos, vai to-mando contato com o seu meio, aprendendo palavras, significados e regras.

Ao conviver com a família e com os vi-zinhos, frequentar a escola, ver televisão, passear e conhecer novos lugares, coisas e pessoas, a criança se socializa, isto é, interio-riza os valores e o modo de vida da sociedade da qual faz parte.

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Cena registrada em escola da Carolina do Norte, nos Estados Unidos.

Indivíduos e sociedade fazem parte da mesma engrenagem, são indissociáveis. Neste capítulo, vamos investigar como essa engrena-gem se mantém. Para isso, a Sociologia dispõe de um conceito-chave: socialização.

É chamado de socialização o processo pelo qual os indivíduos formam a sociedade e são formados por ela. Inseridos em múltiplos gu-pos e instituições que se entrecruzam, como a família, a escola e a igreja, os membros de uma sociedade formam uma complexa rede de relações que permeia o cotidiano. Embora cada um tenha a sua individualidade, esta se constitui no contexto dessas relações sociais.

OquenosécomumAo nascer, a criança chega a um mundo

que já está pronto. Nesse momento ela ain-da não se reconhece como pessoa, pois não

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De bebês a adultos, em seu caminho de descoberta do mundo, todos os integrantes de uma sociedade passam pelo processo de so-cialização.

Asdiferençasnoprocessodesocialização

As desigualdades sociais promovem for-mas diferentes de socialização: nascer e viver submetido a condições precárias de habitação, trabalho, educação e saúde é muito diferente de dispor, desde o nascimento, de fácil acesso aos bens materiais e culturais.

O contexto histórico também imprime di-ferenças no processo de socialização. A sociali-zação das pessoas que vivem em um país em guerra, por exemplo, é diferente daquela das pessoas que moram em um local em que há paz. A socialização nos dias de hoje, profunda-mente afetada pelos avanços tecnológicos nos setores de comunicação e informação, é bem diferente da socialização nos anos 1950.

Tudocomeçanafamília

Mesmo considerando todas as diferenças, normalmente há um processo de socialização formal, conduzido por instituições como a es-cola e a Igreja, e um processo informal, que acontece inicialmente na família, na vizinhança e pela exposição aos meios de comunicação.

No espaço privado das relações de intimi-dade e afeto, representado pela família, apren-demos a obedecer às regras de convivência e a lidar com as diferenças e a diversidade.

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Cena de família, de Adolfo Augusto Pinto. Óleo sobre tela de Almeida Júnior, 1891.

Nos outros espaços que frequentamos em nosso cotidiano, os espaços públicos de sociali-zação, precisamos observar as normas e regras próprias de cada situação.

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Galeria principal do Museu de Orsay em Paris, na França.

Atividades

1 Observe as imagens e responda:

Guerra ou paz, miséria ou abundância: como essas condições podem afetar a socialização das crianças?

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Israel, 2005.

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Costa rica, 2007.

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2 Leia o trecho do poema de Carlos Drummond de Andrade, Família, e responda à questão.

Três meninos e duas meninas,sendo uma ainda de colo.A cozinheira preta, a copeira mulata,o papagaio, o gato, o cachorro,as galinhas gordas no palmo de hortae a mulher que trata de tudo.[...]

andradE, Carlos Drummond de. Família. In: _______. Poesia e prosa.

Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1998. p. 24.

a) Para a Sociologia, a família é um agente de socialização? Por quê?

Se julgar necessário, recomende aos alunos a releitura

das páginas 18 a 21 do livro; em seguida, eles deverão

explicar, com suas próprias palavras, o papel fundamental

da família na formação social do indivíduo.

b) A família retratada no poema apresenta ca-racterísticas diferentes da família moderna? Se a resposta for afirmativa, cite duas dife-renças entre a família do poema e a família moderna.

Esse exercício de comparação histórica objetiva que o

aluno apreenda as transformações pelas quais a família

passou. O estudante pode tratar tanto das questões raciais,

vinculadas mais especificamente à realidade brasileira,

quanto do papel ocupado pela mulher na família.

3 Observe a charge do cartunista Adão Iturrus-garai.

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F001 SOCPcr Charge de Adão. Disponível em:<http://noticias.uol.com.br/album/umadecadaemcharges_album.jhtm?abrefoto=2#fotoNav=14>. Acesso em 26 fev. 2011.

Com base na charge e em seus conhecimen-tos acerca do processo de socialização, aponte como a internet molda as formas de comuni-cação da juventude contemporânea.

Nesse tipo de questão, é preciso orientar o aluno para que

ele não utilize argumentos moralizantes acerca da internet,

afirmando, por exemplo, que a rede mundial de computadores

distancia o jovem do mundo real. Trata-se, aqui, de analisar e

não de julgar, a fim de perceber os mecanismos de socialização

condicionados por esse meio amplamente utilizado nos dias de

hoje.

4 Leia o texto e responda à questão.

O futebol, esporte das multidões, é ca-paz de levar milhões de torcedores brasilei-ros a assistirem as partidas nos estádios ou em frente aos televisores, capaz de parar as atividades cotidianas do país em períodos de Copa do Mundo. Objeto que suscita paixões e discussões sempre acaloradas, por isso mesmo, ingenuamente classificado fora dos assuntos ditos sérios. Porém, o futebol é um elemento marcante da identidade brasileira. Ele é capaz de engendrar sentimentos com-pletamente díspares: alegria — tristeza, amor — ódio, delírio — desprezo, realização — fracasso, entre muitas outras possibilidades.

[...]

BorgEs, Luiz H. de A. Do complexo de vira-latas aohomem genial: futebol e identidade no Brasil. Histórica

— Revista Eletrônica do Arquivo do Estado de São Paulo. n. 24, p. 38, 24 ago. 2007. Disponível em: www.historica.

arquivoestado.sp.gov.br/materias/anteriores/edicao24/materia02. Acesso em: 18 mar. 2011.

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Considerando o texto e os temas abordados

pela Sociologia, apresente e comente um as-

pecto positivo ou negativo do futebol que o

faz ser um elemento marcante da identidade

brasileira. Depois, reflita: de que modo a im-

portância do futebol no brasil influencia sua

formação como indivíduo?

Socialização implica conformação com o meio específico no

qual se vive. Assim, é importante que o aluno reconheça e

compreenda os elementos que condicionam os diferentes

círculos sociais nos quais se insere. Nessa questão, espera-se

que cada estudante reflita sobre o papel do futebol na

identidade brasileira e avalie a relevância ou não desse fator

para sua formação como indivíduo.

Capítulo3—Asrelaçõesentreindivíduoesociedade

cia em grupo. A relação entre um empresário e um empregado, por exemplo, não é apenas entre indivíduos, mas também entre classes sociais. As condições que permitem esse re-lacionamento são definidas pela luta que se estabelece entre as classes, com a intervenção do Estado.

De acordo com Marx, as pessoas cons-troem sua história, mas não da maneira que querem, pois os fatos são condicionados por situações anteriores.

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O “homem real” faz a história: populares invadem a Assem-bleia Constituinte da França em 15 de maio de 1848, para reivindicar a manutenção de suas conquistas democráticas e sociais. Pintura de autor desconhecido, s. d.

Entre os estudiosos que se preocuparam em analisar a relação dos indivíduos com a socie-dade, destacam-se os clássicos Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber, e os contemporâneos Norbert Elias e Pierre Bourdieu. Vamos sintetizar a seguir a visão de cada um.

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Da esquerda para a direita: karl Marx, Émile Durkheim, Max Weber, Norbert Elias e Pierre bourdieu.

KarlMarx,osindivíduoseasclassessociais

Para o pensador alemão karl Marx (1818-1883), os indivíduos devem ser analisados de acordo com o contexto das situa ções sociais, já que produzem as condições de sua existên-

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Para Marx, só é possível entender as rela-ções sociais dos indivíduos com base nos anta-gonismos, nas contradições e na complemen-taridade entre as classes sociais. A chave para compreender a vida social contemporânea está assim na luta de classes, que se desen-volve à medida que homens e mulheres pro-curam satisfazer suas necessidades, “oriundas do estômago ou da fantasia”.

ÉmileDurkheim,asinstituiçõeseoindivíduo

Para o francês Émile Durkheim (1858-1917), a sociedade sempre prevalece sobre o indivíduo, dispondo de certas regras, normas, costumes e leis que formam uma consciência coletiva. Esses elementos essenciais da socie-dade independem do indivíduo, solidificando-se em instituições como a família, a escola, o sistema judiciário e o Estado.

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Faculdade de Direito da USP, em São Paulo, na década de 1930.

Condicionado e controlado pelas institui-ções, cada membro de uma sociedade sabe como deve agir para não desestabilizar a vida comunitária. Sabe também que, se não agir da forma estabelecida, será repreendido ou puni-do, dependendo da falta cometida.

Segundo Durkheim, o processo de sociali-zação dissemina as normas e valores gerais da sociedade e assegura a difusão de ideias que formam um conjunto homogêneo, para que a comunidade permaneça integrada e se perpe-tue no tempo.

Ao contrário de Marx, que vê a contradição e o conflito como elementos essenciais da so-

ciedade, Durkheim coloca a ênfase na coesão e na integração. Para ele, o conflito resulta da anomia, isto é, da ausência ou insuficiência da normatização ou das instituições que regula-mentam as relações sociais.

MaxWeber,oindivíduoeaaçãosocialPara o alemão Max Weber (1864-1920),

a sociedade existe concretamente, mas não é algo externo e acima das pessoas, e sim o con-junto das ações dos indivíduos relacionando-se. Partindo do indivíduo e de suas motivações, Weber pretende compreender a sociedade.

O conceito básico para Weber é o de ação social, entendido como o ato de alguém se co-municar, se relacionar, tendo alguma orienta-ção quanto às ações dos outros. O termo “ou-tros” pode significar tanto um indivíduo como vários, indeterminados e até desconhecidos.

Ao analisar o modo como as pessoas agem e levando em conta a maneira como orientam suas ações, Max Weber agrupou as ações indi-viduais em quatro grandes tipos:• tradicional;• afetiva;• racional com relação a valores;• racional com relação a fins.

Segundo esse pensador, as normas, os cos-tumes e as regras sociais estão internalizados nos indivíduos, que escolhem condutas e com-portamentos dependendo de cada situação.

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Estudantes confeccionam a “colcha da solidariedade” no Dia Mundial de Combate à Aids, em brasília, 2003. Uma ação social orientada pela expectativa de reduzir o preconceito em relação aos portadores do vírus hIV.

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NorbertEliasePierreBourdieu:asociedadedosindivíduos

Segundo o alemão Norbert Elias (1897-1990), em seu livro A sociedade dos indivídu-os, é somente nas relações e por meio delas que “os indivíduos podem possuir característi-cas humanas, como falar, pensar e amar”.

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O jogador brasileiro ronaldo após a partida entre os times do brasil e da França na Copa do Mundo de 2006. A imagem da derrota reflete o fluxo de relações e expectativas que ocorre em uma partida de futebol.

Só é possível trabalhar, estudar e divertir-se em uma sociedade que tenha história, cul-tura e educação, e não isoladamente.

Para superar a dicotomia entre indivíduo e sociedade, Elias formulou o conceito de con-figuração, que pode ser aplicado a pequenos grupos ou a sociedades inteiras, constituídas de pessoas que se relacionam. Para realçar a interdependência entre as pessoas, ele utili-za a expressão sociedade dos indivíduos, que destaca a unidade, e não a divisão.

O francês Pierre bourdieu (1930-2002) des-taca a articulação entre as condições de existên-cia do indivíduo e suas formas de ação e per-cepção, dentro ou fora dos grupos.

Ele retoma o conceito de habitus, formula-do por Elias.

Para Elias, habitus é um saber incorpora-do à vida em sociedade.

Para bourdieu, é a relação entre as práti-cas cotidianas — a vida concreta dos indivídu-os — e as condições de classe de determinada sociedade.

Segundo bourdieu: • o indivíduo constrói um habitus próprio à

medida que se relaciona com pessoas de ou-tros universos;

• os conceitos e valores dos indivíduos têm uma relação com o lugar que ocupam na so-ciedade;

• não há igualdade de posições, pois se vive numa sociedade desigual.

Atividades

1 A respeito das características e das possibilida-des da Sociologia, leia o texto e considere as afirmativas a seguir.

Podemos entender a sociologia como uma das manifestações do pensamento mo-derno. A evolução do pensamento científico, que vinha se constituindo desde Copérnico, passa a cobrir, com a sociologia, uma nova área do conhecimento ainda não incorpo-rada ao saber científico, ou seja, o mundo social. [...]

Martins, Carlos Benedito. O que é Sociologia?.33. ed. São Paulo: Brasiliense, 1993. p. 10.

I. Sendo a Sociologia o estudo científico das sociedades, ela não contribui para a com-preensão dos indivíduos e de seus compor-tamentos. Afinal, sociedade e indivíduo são diferentes e estão sempre separados.

II. Como a Sociologia não está baseada no senso comum, ela pode evidenciar forças e poderes sociais que, muitas vezes, não percebemos sem um instrumental de aná-lise adequado.

III. Sendo um resultado das transformações sociais ocorridas na Europa entre os sécu-los XVIII e XIX, a Sociologia dispõe de um instrumental inadequado para analisar as questões do mundo atual.

IV. A Sociologia contribui para a análise das nossas vivências cotidianas e para o esta-belecimento de relações entre elas e as si-tuações sociais mais amplas.

V. Como a Sociologia só estuda as questões políticas e econômicas, ela não colabora

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para uma compreensão científica dos com-portamentos culturais relacionados ao ves-tuário e à alimentação, por exemplo.

As afirmativas corretas são:

a) somente a II.

X b) II e IV. A questão procura exercitar a reflexão sobre a natureza do conhecimento sociológico confrontando-o, nas afirmativas, com certos axiomas do senso comum.

c) I e IV.

d) II, III e V.

e) I, III e V.

2 A seguir, estão transcritos trechos de obras de três autores clássicos da Sociologia, sem a indi-cação de suas respectivas autorias. Identique o autor de cada trecho.

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Este exercício de localização apresenta trechos originais de obras dos três autores clássicos da Sociologia (Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx), bem como os argumentos centrais desses três autores, amplamente abordados no livro.

É fato social toda maneira de agir, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indi-víduo uma coerção exterior; ou ainda, toda maneira de fazer que é geral na extensão de uma sociedade dada e, ao mesmo tempo, possui uma existência própria, independente de suas manifestações individuais.

Émile Durkheim (As regras do método sociológico. São Paulo:

Martins Fontes, 1999. p. 13.).

B[...] tão logo tentamos tomar consciência

do modo como se nos apresenta imedia-tamente a vida, verificamos que ela se nos manifesta “dentro” e “fora” de nós, sob uma quase infinita diversidade de eventos que aparecem e desaparecem sucessiva e simul-taneamente. [...] Assim, todo o conhecimento da realidade infinita, realizado pelo espírito humano finito, baseia-se na premissa tácita de que apenas um fragmento limitado dessa realidade poderá constituir de cada vez o ob-jeto da compreensão científica [...].

Max Weber (Metodologia das Ciências Sociais. São Paulo: Cortez,

1999. p. 124.)

CAo contrário da filosofia alemã, que desce

do céu para a terra, aqui é da terra que se sobe ao céu. Em outras palavras, não partimos do que os homens dizem, imaginam e represen-tam, tampouco do que eles são nas palavras,

no pensamento, na imaginação e na representa-ção dos outros, para depois se chegar aos homens de carne e osso; mas partimos dos homens em sua atividade real, é a partir de seu processo de vida real que representamos também o desenvolvimen-to dos reflexos e das repercussões ideológicas des-se processo vital.

Karl Marx (Marx, Karl; EngEls, Friedrich. A ideologia alemã.

São Paulo: Martins Fontes, 1998. p. 19.)

3 A relação entre indivíduo e sociedade é um dos principais temas da Sociologia. Neste capítulo, você conheceu as ideias de dois sociólogos — Norbert Elias e Pierre bourdieu — que procuraram entender o indivíduo e a sociedade de maneira integrada. Agora, vamos exercitar esse conhe-cimento por meio de um trabalho de pesquisa.

1º passo — Escolha um professor ou uma pro-fessora para realizar uma entrevista. Não pre-cisa ser o professor de Sociologia.

2º passo — Entreviste o(a) professor(a) esco-lhido(a) sobre a cultura escolar do colégio onde você estuda e ele (ela) ensina. Faça perguntas e anotações sobre: as avaliações; o tempo pro-gramado para cada disciplina (por exemplo: por que há mais aulas de Matemática do que de Filosofia?); a quantidade de alunos por tur-ma; a condição das salas; os horários de entra-da, intervalo e saída; enfim, tudo aquilo que você acha importante na organização de sua escola. Peça a ajuda a seu professor de Socio-logia para organizar um roteiro da entrevista.

3º passo — A partir de sua entrevista, escreva um texto com o título “Como funciona minha escola?”.

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4º passo — Agora, você vai redigir outro texto, mais reflexivo do que descritivo, com o título “Como o funcionamento de minha escola in-fluencia minha vida?”. Nesse segundo texto, procure pensar como o funcionamento de sua escola afeta seu modo de viver, seus pensa-mentos e suas perspectivas de futuro.

Em vez de exigir do aluno a reprodução dos conceitos de bour-

dieu e Elias, a questão permite que ele investigue a própria rea-

lidade e procure analisá-la considerando tais conceitos. Além de

fazer uma leitura da realidade com base em conceitos socioló-

gicos, o aluno é estimulado a exercer o próprio fazer sociológi-

co, qual seja, a pesquisa. O professor encontra, nesse exercício,

uma significativa possibilidade para realizar avaliações parciais

e processuais. E, como se demandam várias produções de texto,

pode oferecer uma oportunidade interessante de trabalhar em

conjunto com a disciplina de Língua Portuguesa.

Questõesdevestibularrelacionadasaotemadaunidade

1 (UEM, inverno/2010)

“O casamento é assim há cerca de três mil anos. A monogamia surgiu com a família, para garantir a manutenção da herança nas mesmas mãos. A relação fora do casamento era um crime inadmissível, o adultério. Mas só para as mulheres, pois o marido não po-dia correr o risco de ter um filho bastardo. Os homens não tinham esse problema. Sem-pre se sabe quem é a mãe de uma criança. Já o pai precisou esperar até a Ciência desen-volver os testes com base no DNA para ter certeza de que o filho é seu.”

olivEira, Malu. Homem e mulher a caminhodo século XXI. São Paulo: Ática, 1997. p. 30.

Considerando o texto acima e seus conheci-mentos sociológicos sobre a instituição família, assinale o que for correto.

X (01) Os laços de parentesco são estabelecidos a partir da consanguinidade ou do casa-mento.

X (02) Em determinados contextos, o crime de adultério serviu para penalizar e expor as mulheres a severos julgamentos sociais sobre sua idoneidade moral.

(04) Os modelos de família patriarcais não in-fluenciaram a formação social e cultural das sociedades ocidentais.

(08) A família é uma instituição social estática, e os exames de DNA são recursos moder-nos que dificilmente são utilizados para definir a paternidade.

X (16) Nas sociedades ocidentais, as uniões mo-nogâmicas são instituições que auxiliam a perpetuação das heranças em uma mesma unidade familiar.

A somatória correta é (01 1 02 1 16 5 19) .

2 (UEM, verão/2010) Tendo como referência que a família é tratada pela Sociologia como uma instituição social, assinale o que for correto.

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(01) O senso comum atribui à família uma na-turalidade, problematizada pela Sociolo-gia, que a vê como a primeira instituição social à qual os indivíduos pertencem.

(02) A Sociologia busca a construção de um modelo familiar que deveria servir de re-ferência para todos os grupos sociais, nas mais diferentes sociedades.

(04) É norma que as famílias se organizem de forma nuclear e que o casamento siga re-gras fixas que indicam uma uniformiza-ção em diferentes épocas históricas.

(08) As sociedades matrilineares definem que a mãe é a referência para o estabeleci-mento das relações de parentesco e de descendência.

X (16) As famílias patriarcais são típicas das socie-dades que passaram pela experiência da escravidão. Nelas, o pai é o grande “pro-prietário” de terras, dos bens e das pessoas.

A somatória correta é 16 .

3 (UEL, transferência externa/2010) Leia o texto a seguir.

De acordo com Susie Orbach, “Muitas coisas fei-tas em nome da saúde geram dificuldades pessoais e psicológicas. Olhar fotos de cor-pos que passaram por tratamento de imagem e achar que correspondem à realidade cria problema de autoimagem, o que leva muitas mulheres às mesas de cirurgia. Na geração das minhas filhas, há garotas que gostam e outras que não gostam de seus corpos. Elas têm medo de comida e do que a comida pode fazer aos seus corpos. Essa é a nova norma, mas isso não é normal. Elas têm pâ-nico de ter apetite e de atender aos seus de-sejos”.

Adaptado: As mulheres estão famintas, mas têm medo da comida, Folha de S.Paulo, São Paulo, 15 ago. 2010. Saúde. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/

fsp/saude/sd1508201001.htm. Acesso em: 15 out. 2010.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Émile Durkheim, é correto afirmar:

a) O conflito geracional produz anomia social, dada a incapacidade de os mais velhos com-preenderem as aspirações dos mais novos.

b) Normas são prejudiciais ao desenvolvimen-to social por criarem parâmetros e regras que institucionalizam o agir dos indivíduos.

c) A consciência coletiva é mais forte entre os jovens, voltados que estão a princípios me-nos individualistas e egoístas.

X d) Os padrões do que se considera saudável e belo são exemplos de fato social e, portan-to, são suscetíveis de exercer coerção sobre o indivíduo.

e) A base para a formação de princípios mo-rais e de solidez das instituições são os de-sejos individuais, visto estes traduzirem o que é melhor para a sociedade.

4 (UEL, transferência externa/2010) O concei-to de ação social desempenha papel funda-mental no conjunto teórico construído por Max Weber. Sobre este conceito utilizado por Max Weber, considere as afirmativas a seguir.

I. A ação social foca o agente individual, pois este é o único capaz de agir e de atribuir sentido à sua ação.

II. Interpretar a reciprocidade entre as ações sociais possibilita ao cientista social a com-preensão sobre as regularidades nas rela-ções sociais.

III. A imitação e as ações condicionadas pelas massas são exemplos típicos de ação social, pois são motivadas pela consciência racio-nal da importância de viver em sociedade.

IV. O que permite compreender o agir humano enquanto ação social é o fato de ele possuir um sentido único e objetivo para todos os agentes envolvidos.

Assinale a alternativa correta.

X a) Somente as afirmativas I e II são corretas.

b) Somente as afirmativas II e IV são corretas.

c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.

d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.

e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.

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2) Para o sociólogo húngaro Karl Man-nheim, a geração consiste em um grupo de pessoas nascidas na mesma época, que vive-ram os mesmos acontecimentos sociais du-rante a sua formação e crescimento e que partilham a mesma experiência histórica, sendo esta significativa para todo o grupo. Estes fatores dão origem a uma consciência comum, que permanece ao longo do res-pectivo curso de vida. A interação de uma geração mais nova com as precedentes ori-gina tensões potencializadoras de mudança social. O conceito que aqui está patente atri-bui à geração uma forte identidade histórica, visível quando nos referimos, por exemplo, à “geração do pós-guerra”.

O conceito de “geração” impõe a con-sideração da complexidade dos fatores de estratificação social e da convergência sin-crônica de todos eles; a geração não dilui os efeitos de classe, de gênero ou de raça na caracterização das posições sociais, mas conjuga-se com eles, numa relação que não é meramente aditiva nem complementar, antes se exerce na sua especificidade, ati-vando ou desativando parcialmente esses efeitos.

(Adaptado de Manuel Jacinto Sarmento, Gerações e alteridade: interrogações a partir da sociologia da

infância. Educação e Sociedade, Campinas,vol. 26, n. 91, p. 361-378, Maio/Ago. 2005.

Disponível em: http://www.cedes.unicamp.br)

5 (Unicamp, 2010)

A história de todas as sociedades tem sido a história das lutas de classe. Classe oprimida pelo despotismo feudal, a burgue-sia conquistou a soberania política no Estado moderno, no qual uma exploração aberta e direta substituiu a exploração velada por ilu-sões religiosas.

A estrutura econômica da sociedade condiciona as suas formas jurídicas, políti-cas, religiosas, artísticas ou filosóficas. Não é a consciência do homem que determina o seu ser, mas, ao contrário, são as relações de produção que ele contrai que determinam a sua consciência.

(Adaptado de: K. Marx e F. Engels. Obras escolhidas. São Paulo: Alfa Ômega, s/d,

vol. 1. p. 21-23, p. 301-302.)

As proposições dos enunciados acima podem ser associadas ao pensamento conhecido como

a) materialismo histórico, que compreende as sociedades humanas a partir de ideias uni-versais independentes da realidade históri-ca e social.

X b) materialismo histórico, que concebe a his-tória a partir da luta de classes e da de-terminação das formas ideológicas pelas relações de produção.

c) socialismo utópico, que propõe a destruição do capitalismo por meio de uma revolução e a implantação de uma ditadura do prole-tariado.

d) socialismo utópico, que defende a reforma do capitalismo, com o fim da exploração econômica e a abolição do Estado por meio da ação direta.

6 (Unicamp, 2010) Proposta de redação

Apresentação da Coletânea

Em toda sociedade convivem gerações diver-sas, que se relacionam de formas distintas, exigindo de todos o exercício contínuo de lidar com a diferença.

[Veja a coletânea de imagens e textos motiva-dores a seguir.]

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3) A partir do advento do computador, as empresas se reorganizaram rapidamente nos moldes exigidos por essa nova ferra-menta de gestão. As organizações procura-ram avidamente os “quadros técnicos” e os encontraram na quantidade demandada. Os primeiros quadros “bem formados” tiveram em geral carreiras fulminantes. Suas trajetó-rias pessoais foram tomadas como referên-cia pelos executivos mais jovens. Aqueles “grandes executivos” foram considerados portadores de uma “visão de conjunto” dos problemas empresariais, que os colocava no campo superior da “administração estratégi-ca”, enquanto o principal atributo da nova geração passa a ser a contemporaneidade tecnológica. Os constrangimentos advindos do choque geracional encarregaram-se de fazer esses “jovens” encarnarem essa carac-terística, dando a esse trunfo a maior renta-bilidade possível. Assim, exacerbaram-se as diferenças entre os recém-chegados e os an-tigos ocupantes dos cargos. No plano simbó-lico, toda a ética construída nas carreiras au-todidatas é posta em xeque no conflito que opõe a técnica dos novos executivos contra a lealdade dos antigos funcionários que, no mais das vezes, perdem até a capacidade de expressar o seu descontentamento, tamanha é a violência simbólica posta em marcha no processo, que não se trava simplesmente em cada ambiente organizacional isolado, mas se generaliza.

(Adaptado de Roberto Grün, Conflitos de geração e competição no mundo do trabalho. Cadernos Pagu.

Campinas, vol. 13, p. 63-107, 1999.)

4) Ao longo da década de 1990, a renda das famílias brasileiras com filhos pequenos deteriorou-se com relação à das famílias de idosos. Ao mesmo tempo, há crescentes evi-dências de que os idosos aumentaram sua responsabilidade pela provisão econômica de seus filhos adultos e netos.

(Ana Maria Goldani, Relações intergeracionais e reconstrução do estado de bem-estar. Por que se deve repensar essa relação para o Brasil, p. 211.

Disponível em: http://www.abep.nepo.unicamp.br/docs/PopPobreza/GoldaniAnaMariaCapitulo7.pdf).

5) As relações intergeracionais permitem a transformação e a reconstrução da tradição no espaço dos grupos sociais. A transmissão dos saberes não é linear; ambas as gerações possuem sabedorias que podem ser desco-nhecidas para a outra geração, e a troca de saberes possibilita vivenciar diversos modos de pensar, de agir e de sentir, e, assim, re-novar as opiniões e visões acerca do mundo e das pessoas. As gerações se renovam e se transformam reciprocamente, em um movi-mento constante de construção e descons-trução.

(Adaptado de Maria Clotilde B. N. M. de Carvalho, Diálogo intergeracional entre idosos e crianças.

Rio de Janeiro: PUC-RJ, 2007. p. 52.)

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[...]Depois de analisar a coletânea, elabore sua narrativa a partir do seguinte recorte temático:

O convívio entre gerações tem lugar privilegia-do no ambiente familiar.

INSTrUçõES:

1. Imagine uma personagem jovem que vai estudar em outra cidade e passa a morar com os avós.

2. Narre o(s) conflito(s) da personagem, divi-dida entre os sentimentos em relação aos avós e as dificuldades de convívio com essa outra geração.

3. Sua história pode ser narrada em primeira ou terceira pessoa.

Nessa atividade de produção textual, espera-se que o aluno

estabeleça vínculo entre as perspectivas oferecidas pelas

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imagens e trechos de textos, e o recorte temático proposto na

apresentação da coletânea (“O convívio entre gerações tem

lugar privilegiado no ambiente familiar.”). Considerando os

diferentes aspectos sugeridos pela coletânea para a relação

entre gerações — como a tecnologia e a reconstrução das

tradições —, o aluno tem uma série de elementos para agregar

a sua narrativa.

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