aplicação do estudo de tempos e movimentos no processo de
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APLICAÇÃO DO ESTUDO DE TEMPOS E
MOVIMENTOS NO PROCESSO DE
PRODUÇÃO DE AÇAÍ EM UMA
EMPRESA LOCALIZADA EM
ANANIDEUA-PA.
Mara Juliana Sena Goncalves (uepa )
ANDRESA OLIVEIRA DE MENEZES (uepa )
LARISSA BARATA DA SILVEIRA (uepa )
O estudo de tempos e movimentos tem como meta determinar a
capacidade produtiva de um setor. Ou seja, é possível relacionar com
a capacidade real, concebendo informações para tomada de decisões.
Tal estudo é de suma importância para o setorr produtivo atual, pois
define o tempo padrão e ampara a organização dos processos
produtivos, sendo uma ferramenta que acompanha a prosperidade
contínua das melhorias. A pesquisa em questão é um estudo de campo
em uma empresa do ramo de produção e venda de açaí. Foram
necessários para o desenvolvimento do trabalho: a identificação do
processo de produção de açaí da empresa, a cronometragem do tempo
padrão, e a análise dos micro movimentos. Para resultados deste
estudo, foram feitas 5 (cinco) cronometragens prévias com finalidade
de definir a quantidade de cronometragens ideais a serem feitas. Por
fim, foram obtidos os elementos da operação, os tempos para cada um,
o tempo médio total e diversos outros elementos necessários para
realizar o cálculo que estabelece a quantidade de cronometragens
necessárias. Com a aplicação da cronometragem foi possível
estabelecer o tempo padrão real para cada etapa do processo
produtivo, que viabilizou revelar ao produtor a sua capacidade
produtiva diária, que é igual a 2 ciclos por dia, ou seja, ele só
consegue realizar todo seu processo produtivo 2 vezes ao dia, mediante
o tempo disponível para trabalho.
Palavras-chave: Tempos e movimentos; Tempos cronometrados;
Capacidade produtiva; XXXVI ENEGEP.
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
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1. Introdução
O fruto açaí, além de fazer parte da cultura, realiza grande movimentação na economia da
região amazônica, ou seja, boa parte da população trabalha com a fabricação da bebida
proveniente desse fruto. O estado que mais se destaca como produtor e consumidor do fruto é
sem dúvidas o Pará. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE
(2015) o estado do Pará possui uma produção anual em torno de 850 mil toneladas do fruto,
gerando para a economia estadual um valor aproximado de R$ 677 milhões. Entretanto, os
produtores geralmente não possuem noções aprofundadas no que tange o estudo de tempos e
movimentos, o que poderia tornar a produção ainda mais rentável.
A utilização das ferramentas de estudos de tempos e movimentos pode ser realizada para
eliminar esforços desnecessários ao executar uma operação, habilitar os empregados a sua
função, estabelecer normas para execução do trabalho e descobrir novos métodos que possam
proporcionar melhorias no processo produtivo. (FIGUEIREDO; OLIVEIRA; SANTOS,
2011).
Diante disso, o referido artigo tem como objetivo realizar a aplicação do estudo de tempos e
movimentos no processo de produção de açaí em uma empresa de pequeno porte, localizada
no município de Ananindeua no estado do Pará. Busca também minimizar, controlar e
padronizar o tempo de execução do produto e evidenciar a capacidade produtiva da empresa.
2. Referencial teórico
Para dar início ao estudo de tempos e movimentos, deve-se lembrar de Frederick W. Taylor,
que observou que não havia padronização na organização do trabalho. Por volta de 1903, ele
publicou o primeiro livro com suas ideias, chamado “Administração de Oficinas”, tendo como
ideia principal a ORT (Organização Racional do Trabalho).
De acordo com Barnes (1977), o objetivo do estudo de tempos e movimentos é o estudo dos
sistemas de trabalho, visando padronizar esses sistemas e métodos, determinar o tempo gasto
por uma pessoa qualificada e devidamente treinada, trabalhando num ritmo normal, para
executar uma tarefa ou operação específica e orientar o treinamento do trabalhador no método
escolhido.
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É válido ressaltar que se deve fazer presente o estudo de tempos cronometrados, estudo de
tempos sintéticos e também gráficos de controle como base fundamental para a realização do
estudo de tempos e movimentos.
2.1 Estudo de tempos cronometrados
Embora seja um processo bastante antigo, a divisão de tarefas e cronometragem dos tempos
padrões, ainda é um método utilizado nas organizações industriais. O tempo padrão engloba a
determinação da velocidade de trabalho do operador e aplica fatores de tolerância para
atendimento às necessidades pessoais, alívio de fadiga e tempo de espera. (PEINADO e
GRAEML, 2007).
Com o estudo de tempos cronometrados é possível estabelecer padrões para as programações
de produção, permitindo assim o planejamento da fábrica, utilizando os recursos com eficácia.
2.1.1 Determinação do número de ciclos a serem cronometrados
Para determinar o número de cronometragens necessárias para a operação, deve-se utilizar a
seguinte fórmula:
Sendo:
n = número de ciclos a serem cronometrados
z = coeficiente da distribuição normal padrão para uma probabilidade determinada
R = amplitude da amostra (diferença entre a amostra maior e menor)
Er = Erro relativo
d2 = coeficiente em função do número de cronometragens realizadas preliminarmente
= média dos tempos cronometrados
Antes da fórmula ser utilizada, faz-se necessário uma cronometragem prévia, para obter os
valores de “R” e “ ”, estipulando o nível de confiança e o erro relativo.
Os valores de z, que correspondem às porcentagens de 90% à 95%, são descritos abaixo, na
Tabela1.
Tabela 1 – Nível de confiança
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Probabilidade (%) 90 91 92 93 94 95
Z 1,65 1,70 1,75 1,81 1,88 1,96
Fonte: Peinado e Graeml (2007).
Foi visto também que para executar a fórmula utilizada para determinação do número de
cronometragens é utilizado um coeficiente denominado “d2”, que o mesmo está relacionado
ao número preliminar de cronometragens realizadas, então o d2 será obtido a partir da Tabela
2 abaixo:
Tabela 2 – Número preliminar de cronometragem
N 2 3 4 5 6 7 8 9 10
d2 1,123 1,693 2,059 2,326 2,534 2,704 2,847 2,970 3,078
Fonte: Peinado e Graeml (2007).
2.1.2 Calculo de tempo cronometrado
O calculo é obtido a partir da média dos tempos cronometrados para cada elemento da
operação e pode ser calculado a partir da seguinte fórmula:
Sendo:
= tempo cronometrado na enésima medição
𝑛 = número de cronometragens
2.1.3 Fatores de ritmo
Também denominado como avaliador de velocidade da operação, que deve ser determinado
subjetivamente por quem executa a cronometragem, onde é atribuído um valor menor que
100% para a velocidade lenta de operação, igual a 100% para a velocidade normal de
operação e maior que 100% para a velocidade acelerada de operação.
O fator de ritmo pode ser determinado por meio do teste do baralho, proposto por Barnes
(1977). E funciona da seguinte forma: Um único operador utiliza um baralho de 52 (cinquenta
e duas) cartas, que deve ser distribuído uniformemente e na mesma direção sobre uma
superfície. O teste deve ser repetido cinco vezes, com cada etapa sendo cronometrada, logo
após calcula-se a média dos cinco testes, para definir a velocidade do operador pela equação:
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2.1.4 Tempo normal (TN)
O tempo normal representa o tempo utilizado por um operador qualificado e treinado,
trabalhando em um determinado período com um ritmo normal, para completar um ciclo de
operação. É utilizada a seguinte fórmula para designar o tempo normal:
Sendo:
TC= Tempo Cronometrado
V= Velocidade da Operação
2.1.5 Fator de tolerância
É a previsão da interrupção do trabalho para atender necessidades pessoais e para aliviar a
fadiga. Para determinar o fator de tolerância, deve-se primeiramente, determinar , que leva
em consideração a reação entre o tempo permissivo e o tempo trabalhado, como é mostrado
abaixo:
Com isso, deve-se substituir o valor de encontrado, na seguinte fórmula:
2.1.6 Cálculo do tempo padrão
Este cálculo determina o tempo padrão de cada operação em que o item é processado. O
Tempo padrão é calculado em função do Tempo Normal (TN) e do Fator de Tolerância (FT),
pela fórmula:
2.1.7 Capacidade produtiva
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Segundo Moreira (2004), capacidade produtiva pode ser determinada como a quantidade
máxima de peças/produtos e/ou serviços que podem ser produzidos em alguma unidade
produtiva, em um período de tempo já determinado.
A capacidade produtiva pode ser determinada através da seguinte fórmula:
Onde:
CP – Capacidade produtiva
– Horas trabalhadas ao dia
TP – Tempo padrão
– Número de funcionários
2.1.8 Tempo de setup
É denominado como o tempo que não agrega valor algum, entretanto pode causar danos ao
processo de produção de uma empresa. O setup tem que ser tratado frequentemente, pois
cliente nenhum paga por movimentos e ações que não acrescentam valor ao produto final, ou
seja, as empresas que fazem descaso ao tempo de setup podem acabar perdendo lugar no
mercado em que atuam. (MOURA, BANZATO, 1996)
2.2 Estudo de tempos sintéticos
A principal vantagem da utilização de tempos pré-determinados é a eliminação da
necessidade de nova análise. Assim é possível levantar o tempo de execução do novo produto
antes mesmo dele ter sido colocado em produção. (PEINADO e GRAEML, 2007).
Barnes (1977) fala a respeito de alguns tipos de sistemas de tempos sintéticos, comentando
que, devido à falta de informação publicada e as especificidades de cada método feito ou
adaptado para cada empresa em particular é impossível saber quantos sistemas distintos de
tempos sintéticos podem estar em uso nas organizações.
2.3 Gráficos de fluxo de processo
Os gráficos de fluxos de processos servem para examinar se o processo está sob controle.
Segundo Reno (2015), esses gráficos sintetizam um conjunto de dados, que fazem uso de
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métodos estatísticos para observar as mudanças que ocorrem dentro do processo, baseado em
dados amostrais.
2.4 Layout
Layout corresponde à organização dos elementos em determinado espaço físico, com o
objetivo de atender às necessidades dos clientes, fornecedores e funcionários, fazendo-os
interagir com o ambiente organizacional e, consequentemente, aumentando a produtividade e
reduzindo custos. (VENANZI, 2013).
2.5 Fluxograma
De acordo com Rebouças (2009), o fluxograma seria uma representação gráfica realizada para
mostrar a sequência de um trabalho de forma analítica, caracterizando as operações
envolvidas no processo.
2.6 Carta de atividades múltiplas
Segundo Barnes (1977), carta de atividades múltiplas, é uma tabela realizada com a finalidade
de analisar as atividades simultaneamente executadas por homens e máquinas. É representada
através de colunas que identificam a participação do homem ou da máquina nas atividades
produtivas, sendo o retângulo preto o indicador de quem realiza a etapa, o retângulo branco, o
indicador de quem não está fazendo parte do processo no momento indicado e o retângulo
listrado indica que ambos estão operando.
3. Método de pesquisa
No presente artigo, foi realizado um estudo de campo tendo abordagem quantitativa, com o
objetivo de aplicar o estudo de tempos e movimentos no processo de produção de açaí em
uma empresa de pequeno porte.
Segundo Popper (1972), de uma forma geral, tal como a pesquisa experimental, os estudos de
campo quantitativos guiam-se por um modelo de pesquisa onde o pesquisador parte de
quadros conceituais de referência bem estruturados, a partir dos quais formula hipóteses sobre
os fenômenos e situações que quer estudar. Para realizar a coleta de dados, faz-se necessário
enfatizar números ou informações que podem ser convertidas em números, que permitam
verificar a ocorrência ou não das consequências, e daí então a aceitação ou não das hipóteses.
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Para Gil (2008), a pesquisa de campo procura mostrar o aprofundamento de uma realidade
específica. É realizada por meio da observação direta das atividades de um grupo estudado e
de entrevistas para obter as explicações e interpretações do que ocorre naquela realidade.
Sendo assim, foi feita a coleta de dados, por meio da visita in loco, para obter o tempo padrão
da produção da bebida de açaí, através da cronometragem de fenômenos do processo
produtivo e filmagens, a fim de conseguir a duração de cada etapa, analisar e listar os
micromovimentos presentes nesse processo.
No dia 05 de dezembro de 2015, ocorreu a visita ao local para conversar com o empresário,
observar como ocorria a produção e conhecer o ambiente. Nos dias 06, 07, 08, 11 e 12 de
dezembro de 2015, foi realizada a visita de campo para coletar os dados necessários. Tal
coleta ocorreu através de anotações do que era observado e filmado no momento em que o
funcionário da empresa realizava a produção. Vale frisar, que o funcionário foi informado do
objetivo das observações e consentiu em realizar suas devidas funções como de costume.
O processo produtivo ocorre de oito às dez horas da manhã, todos os dias da semana. Segundo
o empresário, o tempo permissivo é de vinte minutos para necessidades pessoais, sendo
inviável tempo para aliviar a fadiga por ser um trabalho de curta duração.
Depois do processo produtivo finalizado, o produtor apenas vende o açaí. O mesmo
funcionário que produz, também realiza a atividade de venda. A cada dia foi realizada apenas
uma cronometragem, pois algumas etapas, como a de lavagem completa, que inclui as três
lavagens e molho, ocorrem apenas uma vez ao dia, devido o produtor realizá-las com toda a
matéria prima que será usada no dia.
No decorrer do artigo busca-se, a aplicação das ferramentas dispostas no estudo dos tempos e
movimentos para a mensuração de resultados em números, que irão fornecer dados relevantes,
como o tempo padrão e o tempo sintético, evidenciando também cada etapa do processo
produtivo.
4. Análise do processo produtivo e resultados
A empresa dispõe de um funcionário no processo produtivo e um empresário no processo
administrativo. O processo produtivo ocorre em duas horas, sete dias por semana. É possível
visualizar o quadro da empresa através do layout da mesma, como mostra a Figura 1.
Figura 1 – Layout do espaço produtivo
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Antes do processo de produção ter início, ocorre o setup com as seguintes atividades: lavar as
mãos, vestir o uniforme, lavar as vasilhas, secá-las, arrumá-las sobre o balcão, limpar o
estabelecimento e montar a máquina. Esse tempo foi cronometrado cinco vezes e possui a
média de aproximadamente dezenove minutos.
Feito isso, é iniciado o processo de produção do açaí, que passa primeiramente pela lavagem
do fruto, que ocorre com o produtor enchendo o tanque com água, e em seguida, submergindo
o açaí, mexendo o produto e crivando as impurezas. Depois, a água do tanque é escoada e este
processo é repetido três vezes, para que o fruto esteja bem higienizado para consumo. Após as
lavagens, o fruto permanece no tanque e o produtor despeja água no mesmo e deixa o fruto de
molho em torno de trinta minutos, para amolecer o fruto. Em seguida, o açaí que estava
contido no molho, passa por um processo de choque térmico, ou seja, o produtor retira o açaí
do molho com água em temperatura ambiente e passa para um recipiente com água quente,
que está sendo aquecida pelo ebulidor. Com isso, dá-se início ao processo de batimento,
realizado pela máquina e o produtor, que despeja água enquanto a máquina funciona. A
próxima etapa é retirar o caroço da máquina, depois ocorre a preparação para o embalamento,
que é quando o produtor posiciona a vasilha que contém o açaí despejado pela máquina para
que fique mais próximo das embalagens. É feito o processo de embalamento e depois o
produtor armazena o produto no freezer. Esse processo pode ser melhor visualizado no
fluxograma a seguir e na folha de registro, ilustrada na Figura 2.
Fluxograma da operação:
Colocar a água e o açaí no tanque
↓
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Lavar, inspecionar e crivar a sujeira
↓
Esperar escoar a água do tanque
↓
Lavar, inspecionar e crivar a sujeira
↓
Esperar escoar a água do tanque
↓
Lavar, inspecionar e crivar a sujeira
↓
Esperar escoar a água do tanque
↓
Esperar o açaí amolecer (molho no tanque)
↓
Retirar do molho
↓
Levar para o choque térmico
↓
Esperar o processo de choque térmico
↓
Retirar do processo de choque térmico
↓
Levar para a máquina de bater açaí
↓
Esperar a máquina bater o fruto enquanto coloca água na máquina
↓
Retirar o caroço da máquina
↓
Preparar para embalar
↓
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Embalar
↓
Levar até o Freezer
↓
Armazenar no Freezer
A legenda dos símbolos utilizados para representar as atividades realizadas está ilustrada na figura 3.
Figura 2 – Folha de registro
Figura 3 – Símbolos das subdivisões das atividades
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Figura 3 – Símbolos utilizados no fluxograma
Fonte: Slack (2002).
Durante o processo de produção, em algumas etapas, ocorre a ação apenas do operador, e em
outras, a ação da máquina e do operador, simultaneamente, como é ilustrado na a carta de
atividades múltiplas (Figura 4).
Figura 4 - Carta de atividades múltiplas para a operação
Atividades Operador Máquina
Lavagem do Açaí
Molho
Choque Térmico
Batimento
Tirar o Caroço
Ensacar
Armazenar
Para estipular a velocidade média do funcionário, foi realizado o teste do baralho. Os
resultados obtidos na cronometragem do teste estão apresentados na Tabela 3.
Tabela 3 – Tempos cronometrados no teste do baralho (em segundos)
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Tempo 1 Tempo 2 Tempo 3 Tempo 4 Tempo 5 Média (Mm)
Operador 35,2 37,8 42,5 29,7 17,86 32,612
Para determinar o fator de ritmo (FT) do operador, foi necessário calcular, primeiramente sua
velocidade, a partir da média das médias (Mm).
Com o subsídio destas cronometragens, a velocidade resultou em 92 %. Como a média ideal é
considerada 100%, pôde-se concluir que a velocidade do operador é considerada lenta. Após o
teste do baralho iniciou-se a cronometragem dos elementos que compõem o processo de
produção de açaí. A Tabela 4 mostra os tempos (em minutos) cronometrados em cada
atividade.
Tabela 4 – Tempos cronometrados do processo
Folha 1 - Cronometragens prévias Período: 5 dias
Operação: Produção de açaí
Nome do produto: Açaí Tipo de produto: Açaí
Líquido
Ingredientes: Água e açaí
Materiais e Máquinas Utilizadas: tanque, crivo, ebulidor, máquina de bater açaí, filtro, vasilhas, jarra medidora,
embalagens e freezer.
Nome da Equipe: Paulo Sérgio e Paulo Luiz Sexo do operador:
Masculino
Supervisor: Paulo Sérgio Setor: Ponto de produção
e venda de açaí
Início: 8 h Fim: 10h Tempo decorrido: 2 h Turno: Manhã
Nº de máquinas operadas: 2
Cronometragens Tempo (minutos)
Elementos 1º dia 2º dia 3º dia 4º dia 5º dia
1° Lavagem 5.58 5.23 5.5 5.33 5.38
Escoamento 1 1.01 1.16 1.11 1.15 1.08
2° Lavagem 1.93 2.6 1.98 1.78 1.91
Escoamento 2 1.05 1.08 1.13 1.08 1.16
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3° Lavagem 5.25 4.86 4.33 4.91 5.03
Escoamento 3 1.25 1.26 1.2 1.2 1.21
Encher o tanque para o molho 1.51 4.01 3.76 3.98 3.88
Molho (água em temperatura ambiente) 35.11 28.05 29.13 32.06 25.25
Choque Térmico 0.18 0.21 0.25 0.13 0.28
Batimento 3.38 3.55 3.53 3.4 3.95
Tirar caroço 0.05 0.083 0.06 0.06 0.05
Ensacar 0.26 0.36 0.35 0.3 0.41
Armazenamento
Total
O cálculo prévio permitiu determinar o número de cronometragens (n) necessárias para
utilizar na cronometragem efetiva. Para alcançar este objetivo, calculou-se um n para cada
componente da referida operação, utilizando-se um erro de 10% e um grau de confiança de
95%. A partir das seguintes cronometragens médias: 56,92 - 52,03 - 52,64 - 55,79 - 50,1.
Obteve-se = 2. Isso caracteriza que para o número de cronometragens efetivas serem
estatisticamente válido, o número satisfatório de amostras seria dois.
Através dos dados coletados foi realizada uma análise detalhada do processo de produção de
açaí. A partir das cronometragens foram realizados os cálculos do Tempo Médio, Tempo
Normal, Fator de Tolerância, Tempo Padrão e Capacidade Produtiva:
Cálculo do Tempo Médio (TM):
Cálculo do Tempo Normal (TN):
Cálculo do Fator de Tolerância (FT):
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O tempo permissivo disponibilizado é de 20 min. O tempo de trabalho do funcionário da
empresa é de 2 horas diárias, ou 120 minutos.
Cálculo do Tempo Padrão (TP):
Cálculo da Capacidade Produtiva (CP):
Com base na coleta de dados foi elaborado também um gráfico de controle, onde se calculou
parâmetros estatísticos como o limite superior e limite inferior. Foram desenhadas linhas de
controle, depois plotada as médias das amostras no gráfico e por último verificou-se que os
pontos estão dentro dos limites de controle, ou seja, o processo está sob controle, como
mostra o Gráfico 1 abaixo:
Gráfico 1 - Gráfico de Controle
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Tempo sintético (tabela TMU):
No presente artigo, foi selecionada a operação de armazenamento do açaí para realização da
cronometragem de micromovimentos, ou seja, o tempo sintético. A cronometragem tem início
no momento em que o produtor está com o açaí em mãos, já embalado e encerra-se quando
ele, após ter colocado o açaí no freezer, fecha o mesmo. É possível observar os resultados da
cronometragem realizada logo abaixo, na Tabela 5.
Tabela 5 – Cronometragem dos micromovimentos do processo de armazenamento
Op
era
ções
Mic
ro o
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açõ
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Des
criç
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Mã
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tal
Min
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s
Arm
azen
ar o
Aça
í
Lev
ar o
Aça
í at
é o
lo
cal
de
Arm
azen
amen
to Girar o corpo - - - - 8,5
840,8 841
840,8 0,008408 0,50448
Andar até certo ponto - - - 157 393,7
Girar o corpo - - - - 8,5
Andar até o freezer - - - 157 393,7
Girar o corpo - - - - 8,5
Fixar os olhos - - - - 7,3
Alcançar o puxador do
freezer - - - 1 2,5
Abrir o freezer - - - - 2
Posicionar o açaí dentro
do freezer - - - - 5,6
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Soltar o açaí no freezer - - - - 2
Tempo de espera - - - - 4
Alcançar o puxador do
freezer - - - 1 2,5
Fechar o freezer - - - - 2
5. Conclusão
Com base no estudo efetuado na empresa, observou-se que foi possível alcançar o objetivo
traçado de realizar um estudo de tempos e movimentos na empresa em questão, mediante ao
estudo de tempos cronometrados feito na empresa abordada foi possível a realização de todos
os cálculos pré-estabelecidos, conseguindo evidenciar a capacidade produtiva através do
tempo padrão. Obtendo os valores de TN 49,38; FT= 1,2; TP 59,3; a capacidade produtiva
calculada foi de 2 ciclos ao dia , ou seja, a empresa estudada que trabalha com a produção de
açaí tem capacidade de realizar 2 vezes ao dia todo seu processo produtivo, devido ao tempo
disponível para o trabalho.
Para tentar reduzir mais o tempo de produção é sugerido unificar em um mesmo local o
freezer para que a tarefa de armazenamento seja executada sem movimentação desnecessária
e com maior velocidade. Por consequência, se essa alteração fosse adotada pelo produtor,
resultaria em um menor tempo de espera entre a próxima atividade.
Como sugestão para trabalhos futuros é possível identificar as variáveis do processo produtivo
para melhor encaixar as restrições da organização, estabelecendo um plano de trabalho mais
efetivo baseado em ferramentas como as de Pesquisa Operacional (PO).
Referências
BARNES, Ralph Mosser. Estudo de movimentos e de tempos: projeto e medida do trabalho. 6. Ed. São
Paulo: Blucher, 1977.
FIGUEIREDO Francisca Jeanne Sidrim de; OLIVEIRA Teresa Rachel Costa de; SANTOS Ana Paula bezerra
Machado. Estudo de tempos em uma indústria e comércio de calçados e injetados LTDA.XXXI Encontro
Nacional de Engenharia de Produção. Belo Horizonte, MG, Brasil, 2011.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Indicadores. Disponível em: <www.ibge.gov.br.> Acesso
em: 04/12/2015.
MOREIRA, Daniel A. Administração de produção e operações. São Paulo: Pioneira, 2004.
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João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
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