andré luiz d’aqui moura universidade federal do rio de ... · jornadas em atividades de...

122
ESTRATÉGIAS DE INOVAÇÃO: UM ESTUDO NA INDÚSTRIA QUÍMICA BRASILEIRA André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituto COPPEAD de Administração Mestrado em Administração Orientador: Prof. Cesar Gonçalves Neto, Ph.D. Rio de Janeiro, Brasil Setembro de 2008

Upload: duongmien

Post on 15-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

ESTRATÉGIAS DE INOVAÇÃO: UM ESTUDO NA INDÚSTRIA

QUÍMICA BRASILEIRA

André Luiz D’Aqui Moura

Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituto COPPEAD de Administração

Mestrado em Administração

Orientador: Prof. Cesar Gonçalves Neto, Ph.D.

Rio de Janeiro, Brasil

Setembro de 2008

Page 2: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

1  

ESTRATÉGIAS DE INOVAÇÃO: UM ESTUDO NA INDÚSTRIA QUÍMICA NO

BRASIL

André Luiz D’Aqui Moura

Dissertação submetida ao corpo docente do

Instituto COPPEAD de Administração da

Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ,

como parte dos requisitos necessários à obtenção

do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.).

Aprovada por: Prof. _____________________________________ - Orientador Cesar Gonçalves Neto, Ph.D. – COPPEAD/UFRJ Prof. ____________________________________ Agrícola de Souza Bethlem, D.Sc. – COPPEAD/UFRJ Prof. ____________________________________ José Geraldo Pereira Barbosa, D.Sc. – MADE/UNESA

Rio de Janeiro

2008

Page 3: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

2  

Ficha Catalográfica

Moura, André Luiz D’Aqui Estratégias de Inovação: Um estudo na Indústria Química Brasileira 122 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, Instituto COPPEAD de Administração, 2008 Orientador: Cesar Gonçalves Neto 1. Gestão da inovação. 2. Indústria Química. 3. Administração - Teses. I. Neto, Cesar Gonçalves (Orient.). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto COPPEAD de Administração. III. Título.

Page 4: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

3  

“Inovação é o impulso fundamental

que coloca e mantém em movimento

a engrenagem da economia” Joseph

Schumpeter.

Page 5: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

4  

Agradecimentos

Aos meus pais, Élcio e Francisca, pela oportunidade de conquistar uma boa

formação e por todo o apoio que sempre me proporcionaram.

Ao Prof. Cesar Gonçalves, professor e orientador, pelo apoio, dedicação e

compreensão.

Aos Professores Agrícola de Souza Bethlem e José Geraldo Pereira Barbosa,

pela participação na banca examinadora da defesa desta dissertação.

Ao Sr. Marcelo Kós, Diretor da ABIQUIM, pela ajuda com o contato junto às

empresas associadas. A todos os participantes que dedicaram seu tempo

respondendo ao questionário.

Aos amigos de infância Eduardo Benayon, Luiz Gustavo, Rafael Bruno,

Rodrigo Bragança e Wagner Xavier que sempre proporcionaram momentos de

alegria.

Aos amigos da UERJ Luiz Neves e Sérgio Estermínio que sempre ajudaram

quando foi preciso. Aos professores Celso Campos e Domenico Mandarino

pela motivação para realizar o mestrado.

Aos meus colegas de trabalho Andrei Nestorov, Carla Kinugawa, Elizabete

Gonçalves, Flávia Machado, Mariana Guimarães, Rene Parente e Sandro

Simas que de alguma forma contribuíram para o profissional que começou e

agora se forma no COPPEAD.

A todos os colegas da Turma 2006/2007, especialmente Diana Johnson,

Leonardo Siqueira, Renata Maia e Thiago Cruz, companheiros de longas

Page 6: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

5  

jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de

trabalho; e Gustavo Almeida, que além da ajuda com a parte de estatística e de

SPSS desta pesquisa, fez parte do grupo do Summer Job no Maranhão.

Aos professores do Instituto, principalmente Victor Almeida e Roberto Nogueira

pelas presenças marcantes ao longo do curso, através de conversas de

corredor, reuniões e orientação.

Aos funcionários do COPPEAD, pela paciência e pelo apoio durante todo o

curso e na realização deste trabalho.

Muito obrigado.

Page 7: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

6  

Resumo

MOURA, André Luiz D’Aqui. Estratégias de Inovação: Um Estudo na

Indústria Química Brasileira. Orientador: Cesar Gonçalves Neto. Rio de

Janeiro: UFRJ/COPPEAD, 2008. Dissertação (Mestrado em Administração)

A inclusão formal da inovação nos modelos gerenciais reflete sua crescente

importância como diferencial competitivo, tanto no ambiente empresarial, como

na literatura gerencial. Baseado no modelo desenvolvido por Freeman (1997)

no livro “The Economics of Industrial Innovation”, o objetivo deste estudo

exploratório foi identificar as estratégias de inovação adotadas pela Indústria

Química Brasileira e suas empresas. Utilizou-se, para tanto, a aplicação de

questionário autoadministrado e composto por perguntas objetivas e, a partir

daí, teceu-se inferências estatísticas. Os resultados da pesquisa demonstraram

que as empresas pesquisadas estão buscando maneiras de manter seu

portfólio de produtos atualizado, mesmo as que não possuem atividades

internas específicas de pesquisa e desenvolvimento estabelecidas.

Page 8: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

7  

Abstract

MOURA, André Luiz D’Aqui. Estratégias de Inovação: Um Estudo na

Indústria Química Brasileira. Orientador: Cesar Gonçalves Neto. Rio de

Janeiro: UFRJ/COPPEAD, 2008. Dissertação (Mestrado em Administração)

The formal inclusion of the innovation in the management models reflects its

increasing importance as competitive differential in the enterprise environment

as well as in management literature. Based oh the model developed by

Freeman (1997) in the book `The Economics of Industrial Innovation’, the

objective of this investigative study was to identify the innovation strategies

adopted by the Brazilian Chemical Industry and its companies. In order to

obtain the best result, an auto-managed questionnaire consisting of objective

questions was applied, from which statistical inferences were drawn. The

results indicate that the searched companies are searching for ways to keep

their products portfolios updated, even tough some companies may not have

internal research and development activities.

Page 9: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

8  

Lista de Siglas

ABIQUIM – Associação Brasileira da Indústria Química

COINCO – Conselho Estadual de Política Industrial, Comercial e Agroindustrial

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

OECD – Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico

P&D – Pesquisa e desenvolvimento

PIB – Produto Interno Bruto

Page 10: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

9  

Lista de Figuras

Figura 1 - Roteiro de Determinação de Estratégias ..................................................... 27

Figura 2 - Elementos da Estrutura Industrial ................................................................ 30

Figura 3 - Estratégias Genéricas de Porter .................................................................. 31

Figura 4 - Tipos de projetos desenvolvidos de acordo com o grau de mudança ......... 35

Figura 5 - Tipos de projetos, segundo as dimensões Produto e Tecnologia ................ 36

Figura 6 – Etapas da Análise de Clusters .................................................................... 79

Page 11: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

10  

Lista de Tabelas 

Tabela 1 – Estratégias da Firma ................................................................................................. 42

Tabela 2 - Dez maiores indústria químicas do mundo (Faturamento Líquido, 2006) ................. 49

Tabela 3 – Faturamento da Indústria Química no Brasil - 2007 ................................................. 51

Tabela 4 - Distribuição de Funções por Perguntas ..................................................................... 68

Tabela 5 - Tempo de Atuação no Mercado ................................................................................. 73

Tabela 6 – Segmento da Indústria Química ................................................................................ 73

Tabela 7 – Faturamento em 2007 (milhões) ............................................................................... 74

Tabela 8 – Número de Funcionários ........................................................................................... 74

Tabela 9 – Existência de Departamento Exclusivo de P&D ....................................................... 74

Tabela 10 – Número de Funcionários envolvidos com Pesquisa e Desenvolvimento ............... 74

Tabela 11 – Número de patentes ................................................................................................ 75

Tabela 12 – Fonte de idéias para novos produtos ...................................................................... 75

Tabela 13 – Participação em Feiras e Congressos (2007) ......................................................... 76

Tabela 14 – Número de parcerias com o meio acadêmico ........................................................ 76

Tabela 15 - Importância das Funções Inovadoras na Visão dos Respondentes ....................... 77

Tabela 16 – Clusters obtidos ....................................................................................................... 85

Tabela 17 – Médias das importâncias das funções (2ª parte do questionário) .......................... 89

Tabela 18 – Médias das respostas das funções na 3ª parte do questionário ............................ 90

Tabela 19 – Perguntas do Questionário ................................................................................... 103

Tabela 20 – Média de Concordância na 3ª parte do questionário – por cluster ....................... 112

Tabela 21 – Correlação “Pesquisa Básica e Aplicada” ............................................................. 113

Tabela 22 – Correlação “Desenvolvimento Experimental” ....................................................... 113

Tabela 23 – Correlação “Engenharia de Projeto” ..................................................................... 114

Tabela 24 – Correlação “Controle e Qualidade da Produção” .................................................. 114

Tabela 25 – Correlação “Serviços Técnicos” ............................................................................ 115

Tabela 26 – Correlação “Patentes” ........................................................................................... 115

Tabela 27 – Correlação “Informações técnicas e científicas” ................................................... 116

Tabela 28 – Correlação “Educação e Treinamento” ................................................................. 116

Tabela 29 – Correlação “Planejamento de Longo Prazo e de Produto” ................................... 117

Page 12: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

11  

Sumário  

1 Introdução 12

1.1 Tema e Problema da Pesquisa 12 1.2 Pergunta da pesquisa 12 1.3 Objetivos do Estudo 13 1.4 Justificativa 13 1.5 Delimitação do Estudo 14 1.6 Relevância da Pesquisa 15 1.7 Estrutura do Estudo 15 1.8 Definição de Termos 16

2 Revisão de Literatura 23

2.1 Introdução 23 2.2 Estratégia 24 2.3 Inovação 33

3 A Indústria Química 45

3.1 A Indústria Química Brasileira 48

4 Metodologia 54

4.1 Tipo de Pesquisa 54 4.2 A Escolha do Setor a Pesquisar 57 4.3 Coleta de Dados 58 4.4 Análise dos Dados 70

5 Resultados do Estudo 72

5.1 Caracterização da Amostra 72 5.2 Análise de Clusters 78 5.3 Conclusões sobre os resultados 91

6 Considerações Finais 93

6.1 Conclusões 93 6.2 Limitações da pesquisa 94 6.3 Sugestões para estudos futuros 95

7 Referências Bibliográficas 97

Anexo 1 – Perguntas do Questionário 103

Anexo 2 – Questionário Web 105

Anexo 3 – Análises Estatísticas 111

Anexo 4 – Histogramas da 3ª parte do Questionário 118

Page 13: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

12  

1 Introdução

 

1.1 Tema e Problema da Pesquisa

A inovação é uma das ferramentas mais importantes para a manutenção

da competitividade das organizações. Na indústria química, um dos principais

setores da economia brasileira, a inovação é uma atividade importante para

boa parte das empresas, sendo possível acompanhar tal característica através

dos constantes lançamentos de novos produtos no mercado.

Esta pesquisa tem o objetivo de analisar a orientação estratégica

relacionada à inovação tecnológica nessa indústria e como as empresas se

comportam.

1.2 Pergunta da pesquisa

A pergunta desta pesquisa pode ser expressa por: até que ponto as

estratégias empresariais na indústria química brasileira estão focadas na

inovação tecnológica?

Além da pergunta principal, ficam ainda algumas questões, como: existe

realmente uma estratégia de inovação dentro das empresas deste setor? Quais

seriam as estratégias de inovação tecnológica adotadas por ele?

Page 14: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

13  

1.3 Objetivos do Estudo

O objetivo desta pesquisa é identificar quais estratégias de inovação são

adotadas pela indústria química brasileira estão focadas na inovação

tecnológica, através do modelo desenvolvido por Freeman (1997).

1.4 Justificativa

A inovação é uma questão fundamental no desenvolvimento de

produtos, processos e serviços, criando um diferencial para as organizações,

permitindo que elas cresçam e aumentem sua produtividade e a qualidade de

seus produtos.

A indústria química é um dos setores que mais se desenvolve no Brasil.

Este setor teve um crescimento de 12,2% em 2007 (ABIQUIM), enquanto o PIB

nacional cresceu apenas 5,4% (IBGE). Este crescimento é observado no setor

como um todo. Verifica-se principalmente nos segmentos de produtos químicos

para uso industrial e produtos farmacêuticos, que possuem os maiores índices

de expansão. Além do crescimento acentuado, a Indústria Química brasileira

tem importância relevante tanto na economia brasileira (3º maior setor do PIB)

e internacional (9ª maior indústria deste setor no mundo).

Uma característica interessante da Indústria Química é que ela é

composta por empresas que podem ser classificadas em quatro grupos, sendo

a metade, teoricamente, com fortes traços de pesquisa e desenvolvimento. Os

Page 15: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

14  

outros dois grupos possuem características que apontam para produtos do tipo

commodities.

1.5 Delimitação do Estudo

O presente estudo foi desenvolvido com empresas do ambiente

econômico brasileiro. Assim, a utilização destes resultados em outros países

estará sujeita a uma análise de viabilidade das premissas de crescimento e

importância aqui utilizadas.

Esta pesquisa não tem o intuito de elencar todas as estratégias

possíveis nem de desenvolver novos modelos, uma vez que a estratégia é

particularmente relacionada às empresas estudadas, ao tipo de gestão e outros

fatores, tais como mercado, tamanho, etc.

Uma das premissas desta pesquisa é que a classificação de estratégias

de inovação proposta por Freeman (1997) pode ser aplicada à indústria

química.

Devido ao ritmo de expansão deste setor observado ao longo dos

últimos anos, é provável que os resultados aqui obtidos precisem ser

atualizados com o passar dos anos.

Por último, esta pesquisa tem o foco na inovação e no desenvolvimento

de novos produtos, isto é, não serão estudadas as inovações relativas aos

processos de fabricação ou organizacionais.

Page 16: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

15  

1.6 Relevância da Pesquisa

A inovação tecnológica é um dos elementos-chave na competitividade

de empresas em setores de alta concorrência. Portanto, identificar estratégias

de inovação pode ajudar a compreender melhor a estrutura e as relações na

indústria química.

Os resultados do presente estudo podem servir, adicionalmente, como

base para a formulação de políticas públicas de fomento e incentivo à inovação

tecnológica na indústria química, e aos outros setores membros de sua cadeia

de valor.

1.7 Estrutura do Estudo

A presente pesquisa está dividida em seis capítulos. O primeiro capítulo,

como parte introdutória, apresenta tanto aspectos relativos ao tema, ao

objetivo, às justificativas e às delimitações, quanto à definição de termos

amplamente utilizados ao longo deste trabalho e que não são de uso corrente.

O segundo capítulo procura definir e relacionar Pesquisa &

Desenvolvimento e a Estratégia Empresarial, sendo as colocações

apresentadas de fundamental importância para contextualizar o trabalho de

Freeman (1997), além de servirem como base conceitual deste estudo.

O terceiro capítulo apresenta o setor escolhido para a pesquisa. O

quarto capítulo descreve a metodologia utilizada no estudo, apresentando o

Page 17: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

16  

tipo de pesquisa, o levantamento de dados e as possíveis limitações

conhecidas da análise escolhida.

O quinto capítulo apresenta os resultados obtidos e as análises

estatísticas realizadas.

O sexto capítulo traz a conclusão da pesquisa, suas limitações e

algumas sugestões para estudos futuros.

Ao fim deste relatório, em anexo, estão os dados de apoio à análise e o

questionário utilizado para levantamento de dados.

1.8 Definição de Termos

Para uma melhor compreensão deste estudo, é fundamental o

entendimento dos principais termos recorrentes da literatura sobre inovação

tecnológica. Logo, faz-se necessário uma apresentação dos mesmos através

de uma breve revisão de literatura.

Administração da Inovação Tecnológica e seus mais importantes termos

para este presente estudo: Tecnologia, Pesquisa & Desenvolvimento e

Inovação.

1.8.1 Tecnologia

 

Tecnologia, do grego techné — "ofício, arte ou habilidade”, e logo —

"estudo, tratamento ou conhecimento" é um termo que engloba o conhecimento

Page 18: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

17  

técnico e científico e suas ferramentas, processos e materiais criados e/ou

utilizados a partir de tal conhecimento (Cunha, 1986).

O Dicionário Aurélio apresenta uma definição para o termo como ”o

conjunto de conhecimentos, especialmente princípios científicos, que se

aplicam a um determinado ramo de atividade” (Ferreira, 1988), indicando que

tecnologia seja uma ciência aplicada.

Para Rosenberg (1990), tecnologia e o conhecimento são resultados de

investimentos de longo prazo realizados, através de órgãos públicos ou

organizações privadas, em pesquisa científica, sendo que investimentos

privados visam à conquista de vantagem competitiva em seus diversos setores.

Assim, de acordo com o contexto utilizado, é possível definir tecnologia

como ferramentas, maquinário, técnicas, conhecimentos, métodos, materiais,

processos utilizados na solução de problemas; um método ou processo de

construção e trabalho; a aplicação de recursos para a solução de problemas; o

nível de conhecimento científico, técnico e matemático de uma cultura; ou o

estado atual do conhecimento para a combinação de recursos que buscam o

desenvolvimento de produtos desejados.

Portanto, tecnologia é a conjunção da ciência com a engenharia, que

contemplam desde processos simples aos mais complexos. Porém, o assunto

tecnologia traz à tona a preocupação da sociedade com temas ecológicos,

filosóficos e sociológicos, como desemprego e poluição, por exemplo.

  

 

Page 19: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

18  

1.8.2 Inovação

 

A palavra Inovação, em seu sentido mais genérico, pode ser definida

como algo novo para a organização. Origina do latim e significa “tornar novo,

renovar”, sendo inovação a ação de inovar. O termo Inovação é

freqüentemente utilizado para descrever algo novo, como por exemplo, um

novo modelo de aparelho celular ou um novo material de revestimento.

Segundo Rogers e Shoemaker (1971), uma inovação pode ser uma

idéia, um novo material ou uma nova prática que será utilizada ao longo de um

processo. As inovações ainda podem ser classificadas como Administrativas e

Técnicas (Kimberly e Evanisko, 1981), ou inovação no trabalho organizacional,

em produtos e em processos (Whipp e Clark, 1986). Vale ressaltar que existe

uma diferença entre os termos “novidade” e “originalidade”, uma vez que nem

todas as novidades podem ser consideradas inovações. Originalidade vem da

palavra Original, oriundo do latim originalle, e significa “origem, qualidade de

original, inicial, primordial, primitivo, originário”. Já o termo Novidade, originado

do latim novitate, tem sua definição como “que se reporta à qualidade ou

caráter de novo, uma inovação, um novo uso para algo já existente”. Para

Zaltman et al (1973), toda inovação implica em mudança, mas nem toda

mudança implica em inovação. Ainda segundo estes autores, a definição de

inovação pode ser compreendida como um artefato, uma idéia ou uma prática

percebida como nova, relevante e única, adotada por uma determinada área,

processo, ou por toda a organização.

Page 20: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

19  

Para Schumpeter (1934), autor de trabalhos que deram início a Teoria

da Inovação, significa “um novo produto, um novo processo de produção ou

uma nova forma de organização, como uma aquisição ou abertura de novos

mercados.” Foi ao final do século XX que a Teoria da Inovação deixou de ter

um caráter marginal e passou a contemplar outros campos do conhecimento,

como Sociologia, Psicologia, Administração, Geografia, entre outros, através de

trabalhos como o de Sundbo (1998), que define Inovação como um processo

que se inicia com a invenção de um novo elemento e segue até o seu

desenvolvimento para uso comercial e tendo valor comercial; e de Edquist

(1997), que a define como criações com significado econômico e de natureza

complexa.

Um posicionamento importante que vem ganhando espaço na literatura

sobre inovação afirma que a proximidade e a localização das empresas são

responsáveis por uma maior competitividade e inovatividade na região onde

existem aglomerações de empresas e outros organismos, como agências de

governo, universidades, escolas, laboratórios de pesquisas etc., também

conhecidas como Arranjos Produtivos Locais ou Clusters. Porém, uma questão

interessante surge em 2001 com a publicação “Innovative Clusters: Drivers of

National Innovation Systems” da OECD. Segundo esta pesquisa, a inovação

como fenômeno territorial nas sociedades modernas vai contra algumas

correntes tradicionais que afirmam que a globalização financeira e produtiva, a

difusão das novas tecnologias de informação e a comunicação impuseram ao

mundo uma redução da importância do espaço geográfico como variável de

análise.

Page 21: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

20  

Entre os autores regularmente citados na literatura sobre Inovação,

como Schumpeter, Sundbo e Edquist, e seus determinantes sociais e

tecnológicos, surge o argumento de que a função primária da Inovação é

incrementar a produção, o emprego e alterar o comportamento do mercado,

gerando um crescimento econômico mais rápido.

Além da combinação entre o novo e atual conhecimento, é possível

definir Inovação como um processo de aprendizado interativo e

empreendedorismo coletivo. Adicionalmente, pode ser como um processo que

se inicia com a invenção de um novo elemento e se finaliza com o seu

desenvolvimento para uso comercial. Ela é influenciada por condições

culturais, políticas, econômicas, geográficas e pelo ambiente no qual está

inserida.

Para fins desse trabalho, não foi considerado apenas o conceito

econômico da inovação, mas também os conceitos mais amplos, como

inovações incrementais.

 

1.8.3 Pesquisa e Desenvolvimento

Pesquisa e Desenvolvimento, ou P&D, é definido por Foster (1998)

como o conjunto de ações que trazem o progresso técnico para a empresa

gerando o potencial para alcançar o lucro. Desta forma, as ações de Pesquisa

& Desenvolvimento não devem ser analisadas de forma isolada na

organização, uma vez que se trata de potencial e não de resultados finais.

Page 22: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

21  

Ainda segundo Foster, Pesquisa & Desenvolvimento é responsável por

conhecer as alternativas técnicas básicas e seus limites e como as

organizações podem desenvolver e melhorar esses fatores.

Freeman (1997) afirma que a Inovação envolve tanto o reconhecimento

de uma necessidade, quanto o conhecimento técnico, incluindo novas

informações tecnológicas e científicas. Assim, Pesquisa & Desenvolvimento é

também uma forma de levar ao mercado as possibilidades técnicas existentes.

Nesta linha, as inovações que negligenciam as características e demandas de

mercados potenciais, possuem menos chances de sucesso comercial que as

inovações que buscam entender as necessidades de seus potenciais usuários.

De acordo com o Manual Frascati da OECD (2002), “Pesquisa e

Desenvolvimento compreende a realização de trabalho criativo e sistemático

com o objetivo do aumento do estoque de conhecimento, inclusive sobre o

homem, cultura e sociedade, e o uso deste em novas aplicações”. Este

trabalho define que o termo P&D compreende três atividades: pesquisa básica,

pesquisa aplicada e desenvolvimento experimental. Pesquisa básica é o

esforço teórico e experimental que visa o desenvolvimento de novos

conhecimentos, através da descoberta de fenômenos e a observação dos

fatos, antes mesmo de definida uma aplicação para os mesmos. Já a pesquisa

aplicada é aquela quando, mesmo tendo como objetivo a busca de novos

conhecimentos, existe um objetivo para a realização da pesquisa. O

desenvolvimento experimental é um trabalho sistemático que tem início a partir

de um conhecimento já desenvolvido, e será responsável pela criação de

novos ou melhorados produtos, materiais, ferramentas, processos, sistemas ou

Page 23: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

22  

serviços. Ainda segundo a OECD, o conceito de Pesquisa e Desenvolvimento

engloba a P&D formal – aquelas com desenvolvimento em centros específicos

para tal finalidade, e a P&D ocasional, surgida em outras áreas.

Numa definição mais ampla, é possível conceituar Pesquisa &

Desenvolvimento através de um conjunto de atividades, com pesquisa básica,

pesquisa aplicada, desenvolvimento experimental, engenharia de projeto,

controle de qualidade da produção, serviços técnicos, registro de patentes,

informações técnicas e científicas, educação e treinamento e previsões de

longo prazo e planejamento de produto (Freeman, 1997).

As definições aqui apresentadas serão utilizadas ao longo deste trabalho

como ferramenta de suporte aos estudos sobre estratégia de inovação de

Freeman.

Page 24: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

23  

2 Revisão de Literatura

 

2.1 Introdução

Após meia década de extrema liquidez na economia internacional, as

turbulências do mercado, agora causadas pela atual recessão norte-americana

que implica numa nova e grande retração de capital externo aos países em

desenvolvimento nesse início de 2008, exigem que as vantagens competitivas

sejam constantemente reinventadas, desafiando principalmente aqueles

setores em que a participação econômica já estava em franca queda.

A indústria da música, por exemplo, desde o final dos anos 1990 não

consegue encontrar uma resposta inovadora aos downloads ilegais de arquivos

na Internet sem apelar para os meios jurídicos contra seus próprios

consumidores, contextualizando o medo de abandonar velhas fórmulas para

efetuarem as mudanças necessárias para sobreviverem em uma nova

realidade Segundo Foster e Kaplan (2002), essas mudança são parte da

capacidade fundamental para a permanência em um cenário econômico no

qual os mercados de capitais e as inovações exercem pressão constante e

crescente.

Neste sentido, Freeman (1997) explica que a clássica teoria econômica

já não é capaz de apresentar todas as singularidades comportamentais

adotadas pelas empresas inovadoras, que desenvolveram um novo padrão de

comportamento determinado pela necessidade de ajuste às realidades de uma

Page 25: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

24  

economia globalizada, na qual predomina a preocupação pela competitividade.

A diversidade do assunto abrange outros modelos teóricos e conhecimentos

mais atuais que buscam acompanhar a velocidade das transformações e a

complexidade crescente dos desafios, pois a época em que novos produtos

levavam anos para serem planejados e desenvolvidos, padronizados,

produzidos em massa e “empurrados” para o mercado por meio de campanhas

promocionais e de vendas, já faz parte da história.

A geração de novos conhecimentos, como um processo contínuo nas

empresas inovadoras, estimula a coordenação sistêmica de esforços em vários

planos: organizacional e individual; estratégico e operacional. O processo de

inovação requer a combinação de diferentes habilidades, conhecimentos e

tecnologias de campos distintos do conhecimento.

Logo, num ambiente cheio de novidades e surpresas, que aumentam a

imprevisibilidade e dificultam a compreensão do presente, relacionar inovação

e estratégia é um dos caminhos para apresentar o assunto, pretensão deste

capítulo.

2.2 Estratégia

Estratégia, segundo o Dicionário Aurélio, refere-se à arte militar de

planejar e executar movimento e operações de tropas, navios e/ou aviões para

alcançar ou manter posições relativas e potenciais bélicos favoráveis a futuras

ações táticas. Sua segunda definição relaciona-se à arte de aplicar os meios

disponíveis ou explorar condições favoráveis com vista a objetivos específicos.

Page 26: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

25  

Ghemawat (2000) ensina que Estratégia se trata de um termo

originariamente criado pelos gregos há alguns milênios, que para estes

significava um magistrado ou comandante-chefe militar. Explica, ainda, que ao

longo dos séculos seguintes as interpretações focaram no planejamento e

execução militares, como o fez Carl von Clausewitz na primeira metade do

século XIX que definiu estratégia como o uso de batalhas para objetivo da

guerra. O conceito somente começou ser usado no âmbito dos negócios a

partir da Segunda Revolução Industrial, quando a estratégia emerge como

forma de moldar as forças do mercado e afetar o ambiente competitivo.

Ansoff (1990) a define como regras e diretrizes para decisão que

orientam o processo de desenvolvimento de uma organização. Segundo

Campos (1996), trata-se das ações de longo e médio prazos necessárias para

atingir a visão estabelecida. Para Almeida (2001) é o caminho que a empresa

deverá seguir, sendo que se pode considerar uma decisão mais estratégica à

medida que seja mais difícil voltar atrás e se tenha uma interferência maior em

toda a entidade. Segundo Zaccarelli (2000), estratégia é um guia para decisões

sobre interações com oponentes, de reações imprevisíveis, que compreende

duas partes: a primeira que contém ações e reações envolvendo aspectos do

negócio e a segunda, que se refere à preparação para obter vantagens nas

interações.

Conforme afirma Nicolau (2001), entre essas e muitas outras definições

de estratégia, pode-se agrupá-las em dois principais posicionamentos: um

primeiro grupo que separa a definição dos objetivos da formulação de

estratégias. A estratégia seria a principal ligação entre as políticas operacionais

Page 27: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

26  

e os objetivos, compreendendo a escolha dos meios e articulação de recursos

para atingir os fins almejados. O importante é o produto final que se obtém do

trabalho estratégico, expresso normalmente através de um plano escrito para

um período determinado de tempo e com mecanismo de ajustes periódicos no

qual a estratégia deve ser tratada como a síntese de um processo de busca

que determina a direção que a empresa vai tomar no caminho para o futuro. O

segundo grupo considera os objetivos inseparáveis do planejamento

operacional, compreendendo tanto a definição dos objetivos quanto dos meios.

Bethlem (2004), representante do primeiro grupo, propõe um modelo de

determinação de estratégias que parte de três conjuntos de questões que

definirão a visão da situação atual da empresa, as previsões sobre as

condições que a empresa encontrará no futuro e as prioridades e os desafios a

responder, nas quais são reexaminadas as condições ambientais e os recursos

disponíveis, conforme pode ser verificado na Figura 1.

Page 28: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

27  

Figura 1 – Roteiro de Determinação de Estratégias

Visão da situação atual da empresa

O que a empresa é?O que a empresa faz?Como a empresa está?

Avaliação dos Recursos

Avaliação das Circunstâncias

- Desafios a responder- Prioridades

Previsões

- O que vem por aí?- Como vai a empresa?

Decisões estratégicas

Desejos e aspirações da estrutura do

poder

Desejos e aspirações do pessoal

Fonte: Bethlem, 2004

A determinação de uma estratégia depende do que se quer de uma

organização. Bethlem (2004) cita como objetivos genéricos de uma

organização o lucro, o crescimento, a sobrevivência e o prestígio, apesar de

existirem aquelas que caminhem em direção contrária, tais como as ONGs, ou

organizações sem-fins lucrativos, que normalmente são voltadas para o

atendimento de algum tipo de causa social. No entanto, dentro da realidade

empresarial, a maioria busca remunerar o capital investido pelos acionistas.

Porter (1999) explica que “todas as empresas devem melhorar de forma

contínua a eficácia operacional das suas atividades, mas as diferenças de

Page 29: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

28  

desempenhos sustentáveis quase sempre dependem de uma posição

estratégica distinta”. Daí que a escolha de qual estratégia seguir deve

considerar qual a vantagem competitiva que a empresa possui ou deseja

desenvolver: as estratégias são sustentáveis em razão das opções

excludentes, ou seja, as escolhas quanto à oferta de certos tipos de valor

sacrificam outras. Tanto as vantagens competitivas como as opções

excludentes dependem não apenas das atividades individuais, mas também da

compatibilidade entre as numerosas atividades da empresa. Deve-se ter em

mente que vantagem competitiva nada mais é do que a capacidade da

empresa de criar valor para seus compradores e que ultrapassa o custo de

fabricação.

Pina (1994) cita que as mudanças que surgem ao longo do tempo no

ambiente criam situações diferentes para as empresas. Uma estratégia que na

conjuntura atual pode parecer adequada torna-se um desastre na medida em

que alterações econômicas ou políticas mudam o ambiente. Para reduzir os

riscos na escolha da estratégia é fundamental formular diversas alternativas e

avaliar cada uma delas em termos de vantagens e desvantagens; retorno dos

investimentos; possibilidades de crescimento; vulnerabilidade às novas

tecnologias e etc.

Entre as ferramentas que permitem o desenvolvimento de estratégias

adaptativas destacam-se a análise de SWOT e a Vantagem Competitiva. A

análise de SWOT, dos termos em inglês Strengths, Weaknesses,

Opportunities, Threats, permite a avaliação global das forças, fraquezas,

oportunidades e ameaças que afetam os ambientes externo e interno da

Page 30: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

29  

empresa. A potência coletiva dessas forças determinaria as perspectivas de

lucro do setor, devendo o estrategista encontrar uma posição na qual a

empresa seja capaz de melhor se defender contra elas ou de influenciá-las em

seu favor. Analisando-se as fontes de pressão competitiva é possível

determinar os pontos fortes e fracos mais importantes da empresa, o que

indicaria as ações adaptativas necessárias para a obtenção de maior retorno

do capital investido e as tendências setoriais mais significativas em termos de

oportunidades e ameaças.

O modelo de Vantagem Competitiva está relacionado a Michael Porter

(1989), que explica que a essência da formulação da melhor estratégia

consiste em enfrentar a competição e que o seu estado depende de cinco

forças básicas:

A ameaça de novos entrantes;

O poder de negociação dos fornecedores;

O poder de negociação dos clientes;

A ameaça de produtos ou serviços substitutos;

As manobras pelo posicionamento entre os atuais concorrentes.

A análise dessas cinco forças permitiria a manutenção da vantagem

competitiva que a empresa busca sustentar ou desenvolver, conforme a Figura

2 demonstra.

Page 31: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

30  

Figura 2 – Elementos da Estrutura Industrial

Fonte: Porter, 1989

Porter (1989) expõe os quatro tipos de escopo que devem ser

considerados:

Escopo de segmento, que contém as variedades de produtos

produzidos e de compradores atendidos;

Page 32: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

31  

Escopo vertical, onde se verifica as atividades produzidas

externamente até o grau em que são internalizadas;

Escopo geográfico, que envolve o grau de coordenação das

estratégias aplicadas nos diversos territórios em que a empresa atua;

Escopo da indústria, que identifica o grau de coordenação das

estratégias adotadas pela empresa em sua diversificação adotada.

Quando cruzadas os tipos de vantagens competitivas com cada um

desses escopos chega-se às três estratégias genéricas por ele identificadas:

liderança em custo, diferenciação e enfoque. Cada uma dessas três estratégias

genéricas envolve uma escolha sobre o tipo de vantagem competitiva ser

alcançada combinando com o escopo do alvo estratégico onde ela deve ser

verificada, conforme pode ser verificado na Figura 3.

Figura 3 – Estratégias Genéricas de Porter

Fonte: Porter, 1989

Page 33: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

32  

As estratégias de liderança no custo e de diferenciação buscam a

vantagem competitiva em um limite amplo de segmentos industriais, enquanto

estratégia de enfoque visa uma vantagem de custo ou uma diferenciação num

segmento estreito.

Na liderança de custo a empresa tem um escopo amplo e atende a

muitos segmentos industriais, uma necessidade para o desenvolvimento ou

sustentação de sua vantagem de custo. As fontes de vantagem de custo

variam e dependem da estrutura da indústria. Segundo Porter (1989), algumas

empresas buscam a economia de escala, tecnologia patenteada e acesso

preferencial a matérias-primas, por exemplo.

A segunda estratégia genérica, diferenciação, envolve a questão da

empresa em buscar ser a única em sua indústria que cria valor ao atender as

necessidades do seu público consumidor. Essa singularidade seria

recompensada com um preço-prêmio.

A terceira estratégia genérica, enfoque ou nicho, surge quando o

estrategista seleciona um segmento ou um grupo de segmentos na indústria e

adapta sua estratégia para melhor atendê-los, excluindo outros grupos.

Dependendo do segmento escolhido, o enfoque pode ser no custo ou na

diferenciação.

Porter (1989) observa que uma empresa está no meio-termo quando se

engaja em cada estratégia genérica, mas não alcança nenhuma delas. Nesta

situação ela não possui nenhuma vantagem competitiva, o que levaria a um

desempenho abaixo da média, pressupondo que a concorrência adote com

Page 34: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

33  

ênfase alguma das estratégias genéricas. Essa situação ocorre normalmente

quando há uma relutância da empresa em fazer escolhas sobre como competir.

No entanto, as estratégias genéricas de Porter (1989) são apenas

referenciais teóricos. Não há modelo absoluto ou ferramenta infalível para o

sucesso. No momento de escolher a estratégia, o gestor pode lançar mão de

uma série de classificações ou temas estratégicos. Pode-se escolher uma

delas ou procurar soluções híbridas, compondo estratégias que não sejam

incompatíveis entre si. A empresa deve analisar e avaliar a conjuntura externa

e suas competências internas, descobrir tendências e imaginar cenários com

um único e exclusivo propósito de buscar qual a estratégia que possibilita a

sobrevivência do negócio no qual atua.

2.3 Inovação

Para Dosi (1988), o processo de inovação consiste, em sua essência, na

busca, descoberta, experimentação, desenvolvimento e adoção de novos

produtos ou processos produtivos. Pesquisadores de diversas áreas parecem

convergir para a definição de “inovação” que significa desenvolvimento e

produção de novos produtos e serviços capazes de obterem sucesso comercial

(Garcia e Calantone, 2002).

Uma das principais características do processo de inovação é a

incerteza. Dosi (1988) reforça que o termo “incerteza” se refere não apenas à

falta de informações relevantes sobre a ocorrência de eventos, mas,

Page 35: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

34  

fundamentalmente, a dois outros aspectos: a existência de problemas técnico-

econômicos cujas soluções são ainda desconhecidas; e a falta de capacidade

de se prever com precisão os resultados obtidos com cada ação.

Rosenberg (1990), afirma que apesar das incertezas intrínsecas aos

projetos de pesquisa básica, as empresas que investem nela não o fazem

necessariamente em busca de retornos financeiros ou por alguma vantagem

custo-benefício, mas por força de alguns incentivos, tais como:

Vantagens de first-mover, isto é, a empresa desbravadora pode

extrair os benefícios comerciais da tecnologia antes da concorrência;

A própria necessidade de desenvolver pesquisa básica para ser

utilizada na pesquisa aplicada;

A demanda do próprio Estado.

Apesar desses e outros incentivos, nos países em desenvolvimento a

pesquisa básica é majoritariamente desenvolvida pelas universidades ou

institutos de pesquisa com participação governamental, configurando os

receios das empresas em relação às incertezas.

Tendo algumas das características fundamentais do processo de

inovação estabelecidas, é necessário estabelecer critérios e tipologias capazes

de classificar os vários tipos de projetos inovadores. É importante saber

diferenciar os projetos dentro de uma tipologia ligada aos seus graus de

inovação, não somente para auxiliar a gerência no planejamento e organização

dos projetos individualmente, mas também para permitir o funcionamento de

Page 36: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

35  

um planejamento agregado que seja capaz de considerar as necessidades

específicas de cada um deles (Clark e Wheelwright, 1992).

Na abordagem de Clark e Wheelwright (1992), os autores classificam os

projetos de desenvolvimento a partir do grau de novidade presente no produto

e em seu processo de produção. Essa classificação é apresentada pelo modelo

da Figura 4.

Figura 4 – Tipos de projetos desenvolvidos de acordo com o grau de mudança

Radical

Plataforma

MelhoriasIncrementais, Derivados

P&DAvançados

Grau de Mudançado Produto

Graude Mudan

çado Processo

Radical  Plataforma Incremental

Radical 

Plataforma

Incremental

Fonte: Clark e Wheelwright, 1992

Veryzer (1998) utiliza como dimensões de análise do grau de inovação

de um projeto as capacidades do produto desenvolvido e das tecnologias

utilizadas em comparação com os produtos e tecnologias já existentes. Na

Figura 5 observamos a classificação resultante desta abordagem.

Page 37: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

36  

Figura 5 – Tipos de projetos, segundo as dimensões Produto e Tecnologia

Contínuo Ruptura Comercial

Ruptura TecnológicaRuptura Comercial e 

Tecnológica

Igual Melhoria

Igual

Avanço

Capacidadedo Produto

Cap

acidadeTecnológica

Fonte: Veryzer, 1998

Garcia e Calantone (2002) identificam a utilização de vários construtos

na definição de tipologias de inovação ao longo da década de 1990 e

classificam a inovação presente em determinado projeto em:

Incremental / radical;

Incremental / Modular / Arquitetural / Radical;

Evolucionária / Revolucionária;

Sustentadora / Disruptiva.

Existem duas variáveis fundamentais para se modelar a tipologia de

identificação do grau de inovação de um produto (Garcia e Calantone, 2002):

Perspectiva macro ou micro: uma inovação de perspectiva macro é

identificada como aquela que introduz uma novidade para o mundo,

para o mercado ou para uma indústria. Uma inovação é identificada

Page 38: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

37  

através da perspectiva micro quando o produto introduz uma

novidade para a organização ou para o cliente;

Descontinuidade tecnológica ou de mercado: é uma variável que está

ligada à força que gera a descontinuidade introduzida pela inovação.

Produtos podem ser inovadores por estarem relacionados a novos

mercados e necessitam de novas habilidades de marketing da

organização. Entretanto, novos produtos podem surgir a partir de

avanços tecnológicos e científicos, sendo possível uma combinação

destas duas perspectivas.

Assim, baseados nestas duas variáveis, Garcia e Calantone (2002)

propõem a uniformização da nomenclatura utilizada a partir da determinação

do grau de inovação. A partir da tipologia proposta, observam-se três tipos de

inovação:

Inovação radical: aquela que introduz tanto macros descontinuidades

tecnológicas como de mercado;

Inovação really new: aquela que introduz apenas um tipo de macro

descontinuidade, isto é, tecnologia ou de mercado;

Inovação incremental: aquela que apresenta micro descontinuidades

tecnológicas e/ou de mercado.

Page 39: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

38  

Ao identificar os diferentes tipos de inovação, faz-se necessário

conscientizar a importância do gerenciamento do portfólio de projetos

inovadores da organização. Este portfólio precisa estar alinhado com a

estratégia tecnológica e de mercado da empresa. Porém, Tidd et al (2001)

afirmam que o processo de supervisionar o mix de produtos e projetos não é

fácil. Isto ocorre porque as organizações têm uma tendência natural de suas

atividades inovadoras, expressas em uma “taxa constante de mudança”, onde

a inovação ocorre, porém apontando em direção do que a empresa já sabe

fazer bem.

A necessidade permanente de ruptura com o status quo que permeia a

natureza do processo de inovação é denominada por “The innovator´s Dillema”

(Christensen, 2000). Para o autor, vários fracassos vividos pelas empresas

líderes em mercados de tecnologia poderiam ser explicados através da

consolidação de um ritmo de inovação centrado nas tecnologias existentes, o

que acaba enfraquecendo a capacidade das empresas em responder às

mudanças disruptivas.

Para Barnett (1990), um sistema tecnológico é um conjunto de

tecnologias básicas que são adotadas por um setor industrial. Ainda, a

competição entre empresas que operam dentro de um mesmo sistema está

envolvida em vários processos de diferenciação de tecnologias, padronização e

de relação entre empresas dominantes e periféricas.

Padrões tecnológicos são conjuntos de especificações técnicas que

fabricantes adotam, tacitamente ou como resultado de um acordo formal

Page 40: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

39  

(David, 1995, apud Santos Jr. & Alves Filho, 2000). Estes padrões podem ser

estabelecidos de forma especializada, desenvolvidos e aprovados por comitês

reconhecidos através de deliberações políticas ou procedimentos

administrativos, ou desenvolvidos por empresas, grupos de empresas ou

associações industriais, surgindo a partir de intensa competição no mercado.

A evolução destes padrões acaba exercendo um papel fundamental na

dinâmica da competição entre as empresas, principalmente quando se tratam

de tecnologias sistêmicas como as existentes na informática e nas

telecomunicações. Desta maneira, é de grande importância a compreensão da

influência destes padrões tecnológicos nos processos de inovação de produtos

e nas estratégias das empresas (Barnett, 1990).

As inovações estratégicas causam impactos significativos no mercado

tradicional. As inovações estratégicas de Charitou e Markides (2003) são

aquelas que definem um novo modelo de negócios para um setor que não seja

o já estabelecido. Para Govindarajan e Trimble (2004), as inovações

estratégicas são aquelas observadas em uma ou mais de três áreas:

desenvolvimento da arquitetura de cadeia de valor; o conceito de valor que é

entregue ao consumidor ou identificação dos potenciais consumidores.

Já a inovação que gera uma ruptura no mercado, além de criar um novo

modelo de negócios, estabelece um modelo conflitante com o já existente

(Charitou e Markides, 2003).

Ainda para Charitou e Markides (2003), as inovações estratégicas que

geram ruptura no mercado possuem características comuns. Elas acabam

Page 41: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

40  

enfatizando diferentes atributos, de produtos ou serviços, quando comparados

com a indústria tradicional. Em alguns casos surgem como pequenos negócios

ou negócios de baixa margem de retorno, porém, ao crescerem, são capazes

de conquistar significativas parcelas do mercado estabelecido. Ao longo do

tempo, novos competidores podem adquirir uma capacidade similar aos

atributos que já são oferecidos ao mercado, além de uma capacidade extra

graças aos atributos oriundos do novo modelo.

As empresas já estabelecidas na indústria terão diferentes reações aos

resultados do processo de ruptura. O aparecimento de novos concorrentes e a

alteração do ambiente competitivo fazem com que os competidores tradicionais

tenham que decidir pelo melhor posicionamento em relação à ruptura de

mercado.

Segundo Kim e Mauborgne (1999), empresas inovadoras são aquelas

que criam soluções para as quais ainda não existem competidores diretos,

proporcionando assim o surgimento de um novo mercado consumidor. A

motivação destas empresas, em geral, é a dificuldade de competir em um

mercado já estruturado e estável. Inovar neste cenário depende na maioria das

vezes de análises das informações já conhecidas, mas sob uma nova

perspectiva.

As oportunidades inovadoras surgem normalmente quando

competidores similares conseguem neutralizar as vantagens competitivas dos

seus concorrentes. Para Govindarajan e Trimble (2004), o tempo de vida dos

negócios é limitado, sendo necessário que a empresa seja empreendedora e

Page 42: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

41  

sempre busque excelência. Desta maneira, as empresas podem inovar e

desenvolver novos negócios antes mesmo que seus antigos produtos ou

serviços passem a ser pouco interessantes.

Normalmente, gerentes de empresas tradicionais não costumam

questionar a capacidade de suas organizações, diferente do que fazem em

relação aos seus colaboradores (Christensen e Overdorf, 2000). Para estes

autores, é um comportamento prejudicial para as empresas de maior porte, que

seriam capazes de se posicionarem como inovadoras, uma vez que deixam de

aproveitar certas oportunidades percebidas e, conseqüentemente, acabam

sendo atingidas por movimentações de empresas de menor porte, que são

mais ágeis na estrutura de inovações.

Além das dificuldades intrínsecas das empresas, as incertezas

relacionadas às inovações acabam corroborando as dificuldades na tomada de

decisão da criação de novos negócios. Kim e Mauborgne (2000)

desenvolveram três ferramentas de análise que servem para auxiliar os

executivos nos processos de eliminação de incertezas na avaliação dos

negócios inovadores.

A primeira ferramenta é um mapa de utilização que busca o grau de

atratividade de uma inovação para o consumidor. A segunda ferramenta é o

corredor de preços, que define o nível de preços capaz de atingir o maior

número de consumidores. A última ferramenta é o guia do modelo de negócio,

que visa agrupar os resultados das duas primeiras ferramentas em uma

Page 43: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

42  

estrutura de análise que permita verificar se a empresa é capaz de oferecer a

inovação de forma economicamente viável através do preço determinado.

As empresas que estão em um ambiente competitivo estável, com

pouca ou nenhuma perspectiva de conseguirem destaque neste grupo,

preocupam-se com a busca de novas oportunidades para conquistar novos

espaços no mercado. Esta busca pode ser realizada a partir de uma análise

das indústrias de substitutos, de grupos estratégicos do setor, de grupos de

compradores, de produtos complementares ou de mudanças ocorridas com o

tempo (Kim e Maugborne, 1999).

Empresas que investem em tecnologia estão mais propensas ao

sucesso. Por isso elas devem conhecer qual a melhor abordagem estratégica

de inovação. Freeman (1997) enumera seis tipos de estratégia ponderando

numa escala de 1 a 5 a importância de diversas funções científicas e técnicas a

serem desempenhadas dentro da empresa, conforme pode ser verificado na

Tabela 1.

Tabela 1 – Estratégias da Firma

Funções Técnicas e Científicas Realizadas dentro da Firma

Ofe

nsi

va

Def

ensi

va

Imit

ativ

a

Dep

end

ente

Tra

dic

ion

al

Op

ort

un

ista

Pesquisa Básica 4 2 1 1 1 1 Pesquisa Aplicada 5 3 2 1 1 1 Desenvolvimento Experimental 5 5 3 2 1 1 Engenharia de Projeto 5 5 4 3 1 1 Controle de Qualidade e Engenharia de Produção 4 4 5 5 5 1 Serviços Técnicos 5 4 3 2 1 2 Patentes 5 4 2 1 1 1 Informação Técnica e Científica 4 5 5 3 1 5 Educação e Treinamento 5 4 3 3 1 1 Previsão de Longo Prazo e Planejamento da Produção 5 4 3 2 1 5

A escala de 1 a 5 indica fraco (ou inexistente) a muito forte. Fonte: FREEMAN, 1997, p. 267

Page 44: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

43  

Ofensiva: visa à liderança técnica do mercado. Se não desenvolve

pesquisa básica, buscam desenvolver relacionamento/parceria com

centros de pesquisa e de tecnologia, tais como universidades ou

outras empresas; independência da área de Pesquisa &

Desenvolvimento na firma, sendo que esta desempenha um papel-

chave; rapidez na exploração de novas oportunidades; combinação

dos fatores anteriores;

Defensiva: adotadas por empresas que também se preocupam com

pesquisa, mas sem correrem muitos riscos. As empresas que adotam

esta postura preferem assimilar a inovação lançada pelos

concorrentes;

Imitativa: é meramente a intenção de copiar a inovação, adquirir a

licença do produto inovador ou reproduzi-la. É uma característica dos

mercados maduros e de países em desenvolvimento, permitindo

treinamento e serviços técnicos, através de joint-ventures ou acordos

de colaboração com empresas estrangeiras;

Dependente: quando as empresas ficam subordinadas aos

interesses do cliente, modificando-os segundo suas especificações

ou necessidades;

Tradicional: adotada em mercados com baixa concorrência e sem

demanda identificada por inovações nos produtos por empresas com

pouca capacidade técnica ou científica para iniciar projetos de longo

alcance e dificuldade de responder às mudanças tecnológicas;

Page 45: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

44  

Oportunista: estratégia de nicho, isto é, empresas que a adotam

agem em oportunidades identificadas no mercado e que não exijam

grande capacidade de pesquisa ou de projeto.

Freeman (1997) explica que a estratégia depende tanto do ambiente no

qual a empresa se insere quanto de seus recursos e habilidades.

O presente estudo utilizará as definições das funções relacionadas à

P&D e das estratégias genéricas de inovação de Freeman (1997) no objetivo

de caracterizar as estratégias adotadas pelo setor químico brasileiro. Além

disso, as informações anteriores, a respeito das vantagens do investimento em

inovação para a empresa, bem como seus riscos e incertezas, servirão de

subsídio para as conclusões finais.

Page 46: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

45  

3 A Indústria Química

Ao final da Segunda Guerra Mundial, as indústrias química e

petroquímica passaram a ter uma importância maior para a economia global. A

partir dos novos conhecimentos científico e tecnológico acumulados ao longo

das décadas anteriores e da demanda crescente por novos produtos, iniciou-se

um intenso processo de substituição de materiais extraídos da natureza por

materiais sintéticos. No entanto, o grande passo na transformação da Indústria

Química foi dado com a mudança dos processos produtivos em bateladas para

processos de fluxo contínuo. Essa mudança gerou grandes ganhos de

eficiência e um melhor controle do processo, fazendo com que os produtos

ficassem mais acessíveis. Essa passagem para processos de fluxo contínuo foi

facilitada, segundo Freeman e Soete (1997), por seis desenvolvimentos

realizados ao longo dos séculos XIX e XX:

1) O boom do mercado para produtos químicos básicos, como soda, cloro,

amônia, ácido sulfúrico, etileno e propileno. Esses produtos, também

conhecidos como building blocks, são utilizados como materiais

intermediários, em processos produtivos de diversas indústrias, inclusive

a química;

2) A mudança nos materiais básicos da química orgânica, do carvão para o

petróleo e gás natural. Este desenvolvimento estimulou os processos

contínuos agregados às refinarias;

Page 47: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

46  

3) Maior oferta de eletricidade como fonte de energia e o desenvolvimento

de processos eletrotérmicos e eletrolíticos;

4) O desenvolvimento de novos materiais para construção de novas

plantas. Esse desenvolvimento foi fundamental por permitir o uso de

equipamentos em condições mais severas de pressão e temperatura

exigidas pelos processos contínuos;

5) O desenvolvimento de novos instrumentos para monitorar e controlar os

fluxos no processo contínuo, assim como as análises em laboratório;

6) A aplicação do conhecimento científico básico para o processo produtivo

e o desenvolvimento da engenharia química.

Para Freeman e Soete (1997), durante o século XIX, as descobertas na

área química que se concretizaram como inovações importantes foram na sua

maior parte empreendimentos individuais conduzidos por químicos. Cientistas

como Alfred Nobel e Ernest Solvay, investiram vários anos em pesquisas

patrocinadas por eles próprios, e as empresas oriundas das inovações geradas

por eles vieram a se tornar grandes indústrias químicas no século XX.

No início do século XX, surge o processo de craqueamento do petróleo

e com ele se inicia a grande expansão das refinarias nos Estados Unidos. O

desenvolvimento de novos processos, não apenas nas refinarias de petróleo

como também nas indústrias químicas, se transforma em um negócio de altos

investimentos e não mais capaz de ser mantido por pesquisadores individuais.

Page 48: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

47  

Começa assim uma nova era de Pesquisa & Desenvolvimento no comando das

grandes corporações.

Somado ao alto investimento necessário para se desenvolver um novo

processo ou produto na indústria química, Freeman & Soete (1997) observam

que o fator economia de escala encontra-se presente nas plantas de grande

capacidade. Isto se deve ao fato de que uma planta química é formada, em sua

grande parte, por equipamentos com formato cilíndrico, como colunas, tanques,

tubulação, trocadores de calor e outros. Como a capacidade é função do

volume e o custo do capital é, em grande parte, função da área dos

equipamentos, é possível obter aumentos consideráveis da capacidade através

de pequenos acréscimos de capital. Porém, segundo os autores, as grandes

plantas obtiveram, além do ganho em custo de capital, vantagens oriundas da

economia com energia, manutenção, mão-de-obra operacional, supervisão, e

outros.

Ao longo dos anos 80 e 90, graças às mudanças no campo da ciência e

tecnologia, novos materiais surgiram, principalmente em desenvolvimento da

biologia e da bioquímica. E, a partir desses novos produtos, observa-se o

surgimento de pequenas empresas de base tecnológica, muitas delas

resultados de pesquisas universitárias.

Segundo Chandler (2005), o possível sucesso ou o fracasso das

empresas químicas Americanas e Européias são explicados a partir de três

pontos: barreiras de entrada, fronteiras estratégicas e limites de crescimento.

Ele afirma que empresas de sucesso da indústria química seguiram “caminhos

Page 49: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

48  

de aprendizagem” definidos, enquanto as empresas first-movers e close

followers criaram barreiras de entrada para as possíveis rivais, ao criarem

“bases integradas de aprendizagem” (ou capacidades organizacionais), que

permitiram que elas desenvolvessem, produzissem, distribuíssem e vendessem

no mercado local e, a seguir, no mundial. Elas também seguiram uma

estratégia virtuosa de reinvestimento dos lucros retidos e de crescimento

através de diversificação, principalmente para utilizar as economias de escopo

e de escala dinâmicas, relacionadas a novos conhecimentos em lançar novas

gerações de produtos.

3.1 A Indústria Química Brasileira

Segundo a ABIQUIM, em 2007, o setor foi responsável por 7,8% do PIB

e alcançou o 3º lugar nos setores que mais contribuíram para o avanço do

índice, ficando apenas atrás dos setores de Alimentos e Petróleo (coque, refino

e combustíveis). Podemos observar na Tabela 2 que as empresas brasileiras

contribuíram para que o país alcançasse o 9º lugar entre as indústrias químicas

no mundo.

Page 50: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

49  

Tabela 2 - Dez maiores indústria químicas do mundo (Faturamento Líquido, 2006)

País Faturamento Líquido (em US$

bilhões) EUA 637 China 310 Japão 223

Alemanha 204 França 125

Coréia do Sul 105 Reino Unido 101

Itália 99 Brasil 82 Índia 76

Espanha 58 Fonte: Site ABIQUIM

O IBGE, em sua Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica, indica

que as empresas do setor investem aproximadamente 2% de suas receitas

com vendas líquidas em pesquisa e desenvolvimento, sendo a média da

indústria brasileira é de 0,6%. É importante salientar que este número não

contempla outros setores como farmacêuticos (10%) e borracha e plástico

(1%). A média da indústria mundial em investimentos com Pesquisa e

Desenolvimento é de 0,5% das receitas. Para o BNDES, o setor vive um

importante momento de expansão. Para o período 2007-2010, são esperados

investimentos na ordem de R$ 17,6 bilhões, um incremento de 200% em

relação aos números reais do período de 2003-2006.

Segundo o IBI – Índice Brasileiro de Inovação, uma iniciativa da revista

Inovação, em parceria com o Instituto Uniemp, o Departamento de Política

Científica e Tecnológica do Instituto de Geociências (IGE), da Universidade

Estadual de Campinas (Unicamp) e da FAPESP, desenvolvido a partir dos

dados disponibilizados através da PINTEC (2003) do IBGE, o grupo formado

Page 51: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

50  

por empresas de setores de média-alta intensidade tecnológica, as três

primeiras colocadas são do setor químico. Este grupo é formado também por

empresas dos setores de Máquinas e Equipamentos, Materiais Elétricos,

Refino de Petróleo e Álcool e Produtos de fumo. Este índice avalia o grau da

capacidade de inovação das empresas, levando em conta os esforços de

inovação e os seus resultados, permitindo assim classificar empresas dos

vários setores industriais ordenados por intensidade tecnológica.

Segundo a Classificação Nacional das Atividades Econômicas versão

2.0, ou CNAE, do IBGE, são consideradas como indústria química as

atividades econômicas relacionadas no capítulo 20, Fabricação de Produtos

Químicos, onde estão listados os segmentos:

o Fabricação de produtos químicos inorgânicos;

o Fabricação de produtos químicos orgânicos;

o Fabricação de resinas e elastômeros;

o Fabricação de fibras artificiais e sintéticas;

o Fabricação de defensivos agrícolas e desinfestantes

domissanitários;

o Fabricação de sabões, detergentes, produtos de limpeza,

cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene pessoal;

o Fabricação de tintas, vernizes, esmaltes, lacas e produtos afins;

o Fabricação de produtos e preparados químicos diversos.

Page 52: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

51  

Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Químicas, ABIQUIM, o

faturamento global líquido da indústria química brasileira em 2007 foi de R$

201,6 bilhões, ou aproximadamente, US$ 103,5 bilhões. A Tabela 3 apresenta

a distribuição deste faturamento pelos diversos segmentos.

Tabela 3 – Faturamento da Indústria Química no Brasil - 2007

Setor Industrial Químico Faturamento (em US$ bi)

Produtos químicos para uso industrial 55,1 Farmacêuticos 14,6

Higiene pessoal, perfumaria e cosméticos 8,8 Adubos e fertilizantes 9,0 Sabões e detergentes 5,5

Tintas e vernizes 2,4 Defensivos agrícolas 5,4

Outros 2,7 Fonte: ABIQUIM, Relatório Anual 2007

Segundo Pratten (1991), uma característica particular da indústria

química é a sua grande variedade de produtos, o que acaba dificultando

qualquer tentativa de classificação. Assim, para facilitar um pouco o

entendimento, freqüentemente estes produtos são classificados em três

grupos: produtos básicos, intermediários químicos e produtos finais.

De acordo com o diagnóstico setorial da indústria químico-petroquímica

brasileira, desenvolvido pelo Conselho Estadual de Política Industrial,

Comercial e Agroindustrial de São Paulo, ou COINCO, em 1985, são três os

estágios de processamento petroquímico:

a) O processo primário é o responsável pela maior parte da produção

petroquímica, e onde a maior parte das commodities é produzida;

Page 53: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

52  

b) O estágio intermediário, quando se inicia a modificação dos produtos

primários, que geram um grande número de produtos químicos.

Nesta etapa, os produtos são comercializados em volumes menores,

mas mesmo assim ainda são considerados como commodities ou

“pseudo-commodities”;

c) O estágio final é formado por “pseudo-commodities” que são

produzidos em grandes volumes e através de processo contínuo,

assim como as formulações de pequeno volume produzidas em

bateladas.

Assim, as indústrias química e petroquímica podem ser segmentadas

em grupos de produtos e empresas que possuem características semelhantes,

conforme o Quadro 1.

Quadro 1 – Características dos quatro segmentos de produtos petroquímicos

Características Commodities “Pseudo-

commodities” Química fina

Especialidades químicas

Volume de produção

Processo

Matérias-primas

Especificações

Tamanho do mercado

Concentração do mercado

Grande

Síntese

(geralmente)

Freqüentemente cativas

Composição

Grande

Alta

Grande

Síntese, algumas vezes, formulação

Freqüentemente

cativas

Desempenho

Grande

Alta

Pequeno

Síntese

Freqüentemente compradas

Composição

Pequeno

Alta

Pequeno

Formulação, algumas

vezes, síntese

Freqüentemente Compradas

Solução do problema

do usuário

Pequeno

Freqüentemente pequeno

Fonte: COINCO, 1985

Page 54: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

53  

Esta pesquisa tem como objetivo realizar um estudo com todos os

segmentos da Indústria Química.

Page 55: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

54  

4 Metodologia

 

4.1 Tipo de Pesquisa

Segundo a taxonomia apresentada por Vergara (1997), classifica-se a

pesquisa em relação a dois pontos principais: quanto aos fins e quanto aos

meios.

Quanto aos fins, o presente estudo é exploratório, como definido por

Vergara (1997), como aquele que é realizado em setores com pouco

conhecimento acumulado ou sistematizado. Quanto aos meios, a pesquisa

pode ser classificada em documental e de campo. Documental, pois se utilizou

de outros informativos sobre a indústria química, além dos recursos disponíveis

ao público em geral. No contexto desta pesquisa, os dados bibliográficos e

documentais estão relacionados com a indústria estudada. A pesquisa também

é classificada como de campo, uma vez que se trata de uma investigação

empírica, que teve sua coleta de dados primários das empresas do setor,

através da utilização de questionário, visando definir como as organizações

desenvolvem suas estratégias de inovação.

4.1.1 Survey

Segundo Gil (1987), o levantamento, ou survey, é a interrogação direta

das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Esta pesquisa tem como

Page 56: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

55  

objetivo conhecer a postura das empresas da Indústria Química quanto à

definição de suas estratégias de inovação a serem seguidas.

Para Freitas et al (apud Castro, 2004), o survey é apropriado quando:

Busca-se responder questionamentos às seguintes questões: “o quê?”,

“por quê?”, “como?” e/ou “quanto?”. O foco deve estar sobre “o que está

acontecendo?” ou “como está acontecendo?”;

Não é possível (ou não se tem interesse) em controlar variáveis

dependentes e independentes;

O ambiente natural é a melhor situação para estudar o fenômeno;

O objeto de interesse ocorreu recentemente (passado ou presente).

Segundo Gil (1987), as vantagens dos surveys são as seguintes:

Conhecimento direto da realidade, pois, devido à interrogação direta,

as próprias empresas informam acerca de seu comportamento, fazendo

com que, desta forma, a investigação seja mais livre de opiniões e

subjetivismo dos pesquisadores;

Economia e rapidez, devido à mediante aplicação de questionários

sem a necessidade de uma equipe treinada;

Quantificação, pois o método permite o agrupamento em tabelas e

análises estatísticas. As variáveis permitem correlações e outros

procedimentos estatísticos.

Page 57: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

56  

O método, no entanto, apresenta algumas limitações como observado

pelo próprio autor:

Ênfase nos aspectos perspectivos. As respostas recebidas durante o

levantamento são baseadas na percepção do entrevistado sobre o

assunto, e por este motivo, podem ser distorcidas da realidade. Este

problema pode ser minimizado, primeiramente, pela omissão de

perguntas cujas respostas são sabidamente desconhecidas ou

indesejáveis. Pode-se também, mediante perguntas indiretas, controlar

as respostas fornecidas;

Pouca profundidade no estudo da estrutura e dos processos

sociais. Por serem os fenômenos sociais determinados, sobretudo, por

fatores interpessoais e institucionais, os levantamentos não são

adequados para investigação desses fenômenos;

Limitada apreensão do processo de mudança. O método permite

uma visão estática do fenômeno, não permitindo que sejam observadas

possíveis variações e mudanças estruturais. Uma solução para este

problema é a utilização de painéis, que consiste da coleta de dados da

mesma amostra ao longo do tempo.

Devido ao objetivo da pesquisa e às descrições e as vantagens

expostas, decidiu-se pela adoção do survey como instrumento para a

realização deste estudo.

Page 58: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

57  

4.2 A Escolha do Setor a Pesquisar

Ao analisar a teoria proposta por Freeman (1997), observa-se que no

processo de Inovação de caráter sistêmico e de natureza complexa e interativa,

a importância não está relacionada apenas às fontes internas (Departamento

de Pesquisa & Desenvolvimento, atividades de Marketing e o processo

produtivo), mas também, às diversas relações externas mantidas por uma

empresa, sejam elas com instituições responsáveis por fluxos de informações

técnicas e científicas (como por exemplo, institutos de pesquisa e tecnologia,

ou universidades), seja com outras firmas, seus clientes, fornecedores,

instituições de fomento, agências de governo e laboratórios.

As principais características das redes de relacionamento existentes,

assim como os métodos de aprendizado e os serviços executados, são

consideravelmente variadas e dependem do: tamanho das empresas, tipo de

atividade, tecnologias envolvidas e ambiente institucional.

Assim, a escolha da Indústria Química como setor a ser estudado, levou

em consideração os seguintes aspectos:

O universo amostral no Brasil;

Disponibilidade de dados, cadastrais e bibliográficos, sobre o setor, com

acesso a dados públicos da ABIQUIM;

A premissa que o setor é formado tanto por empresas inovadoras como

empresas voltadas para commodities;

Page 59: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

58  

Importância e dimensões da indústria no contexto nacional (3ª principal

indústria a contribuir com o PIB) e global (a indústria química brasileira é

a 9ª maior).

4.3 Coleta de Dados

4.3.1 Instrumento

Buscando atingir os objetivos propostos, escolheu-se o questionário

(auto-administrado e composto por perguntas objetivas) como ferramenta de

coleta de dados deste estudo.

Segundo Gil (1987), este instrumento apresenta as seguintes vantagens:

Possibilidade de atingir grande número de pessoas, mesmo que

distribuídas em diversas regiões: além de poderem ser enviados pelo

correio, podem ainda ser aplicados através de meio eletrônico;

Economia de recursos financeiros, uma vez que não é necessário o

treinamento de pesquisadores;

Garantia do anonimato dos participantes;

Os participantes podem responder ao questionário no momento em que

lhes for conveniente;

Elimina a influência do pesquisador no momento da resposta.

Page 60: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

59  

O autor ainda cita algumas limitações relativas ao instrumento escolhido:

Exclusão de pessoas que não são alfabetizadas – esse problema não é

esperado neste estudo, uma vez observado o perfil dos respondentes;

Falta de um mecanismo de maiores informações, caso o respondente

tenha algum dificuldade em entender as instruções ou perguntas;

Não permite conhecer em quais condições o questionário foi respondido;

Possibilidade de baixa amostragem por preenchimento incorreto ou não

devolução – no caso de questionário utilizando o correio;

Pela dificuldade de resposta em questionários muito extensos, envolvem

número limitado de questões;

Pode perder objetividade, uma vez que os itens podem ter significado

diferente para cada respondente.

As empresas respondentes foram selecionadas a partir de uma lista de

instituições apresentadas no Guia da Indústria Química Brasileira da ABIQUIM

– Associação Brasileira da Indústria Química. A amostra constituiu-se de

empresas da indústria petroquímica e que possuíam endereço de correio

eletrônico e contato telefônico válidos. Empresas que tinham suas unidades de

negócios também listadas foram consideradas apenas uma única vez,

totalizando assim o universo em 721 possíveis respondentes.

Page 61: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

60  

Uma mensagem enviada por correio eletrônico, com a apresentação do

estudo, foi enviado para os convidados visando garantir a confidencialidade

das respostas. Juntamente, foi enviado um link para o questionário em formato

Web disponibilizado num serviço de pesquisas online.

Este questionário foi enviado inicialmente para 721 participantes,

durante a segunda metade do mês de Maio de 2008.

4.3.2 Desenvolvimento do Questionário

O questionário desta pesquisa foi desenvolvido a partir do modelo

desenvolvido por Castro (2004) em seu estudo, e aperfeiçoado por Toldo

(2006). Algumas alterações foram necessárias para que o mesmo se

adequasse ao universo e indústria pesquisada.

Castro (2004) utilizou para o desenvolvimento de seu questionário,

assim como este estudo, as estratégias de inovações identificadas por

Freeman (1997), quais sejam:

Defensiva;

Dependente;

Imitativa;

Ofensiva;

Oportunista;

Tradicional.

Page 62: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

61  

Para a identificação destas estratégias, correlacionou-se as mesmas

com algumas funções técnicas e científicas realizadas pelas firmas, conforme

já mostrado no Tabela 1. A seguir as funções listadas por Freeman:

Pesquisa básica;

Pesquisa aplicada;

Desenvolvimento experimental;

Engenharia de projeto;

Controle de qualidade de produção;

Serviços técnicos;

Patentes;

Informações técnicas e científicas;

Educação e treinamento;

Previsões de longo prazo e planejamento de produto.

A aplicação do questionário no presente estudo teve por objetivo

verificar empiricamente, a partir da teoria proposta por Freeman, as estratégias

adotadas pelas organizações do universo pesquisado.

As respostas eram de preenchimento obrigatório (com exceção das

perguntas sobre faturamento). A técnica adotada para estimular o

Page 63: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

62  

preenchimento do questionário foi a garantia de confidencialidade dos dados

das empresas participantes. Foi ainda ressaltada a importância dos resultados

da pesquisa para o setor após o tratamento e análise dos dados.

A maioria das perguntas era fechada (com alternativas de respostas

fornecidas no questionário), porém, devido à abrangência do setor e a

diversidade de empresas que o compõe, algumas respostas foram elaborados

em campo aberto, permitindo uma maior flexibilidade e precisão das respostas.

O questionário foi dividido em três partes: a primeira compreende

questões que têm como objetivo identificar o perfil da empresa (tempo no

mercado, área de atuação, faturamento bruto, número de profissionais

vinculados à empresa e fonte de idéias para o desenvolvimento do produto).

Outras perguntas serviram como dados adicionais ou instrumento de

verificação de respostas fornecidas na terceira parte do questionário como, por

exemplo, o número de funcionários envolvidos no desenvolvimento e

aperfeiçoamento de produtos, número de patentes da empresa e participação

em feiras e/ou congressos.

A segunda parte do questionário foi desenvolvida a partir das funções

técnicas e científicas relacionadas à inovação, com o objetivo de capturar uma

medição aproximada e direta das estratégias de inovação. As perguntas foram

organizadas da seguinte maneira:

Page 64: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

63  

1. Anuncia-se a função;

2. Para cada função é fornecida uma pequena explicação mais didática

para facilitar o entendimento do respondente conforme orienta Gil

(1987);

3. As funções são classificadas pelo respondente de acordo com o grau de

importância que a mesma possui dentro da empresa (“atividade não

realizada pela empresa”, “pouca importância”, “média importância” e

“muita importância”).

Na terceira parte, base para o tratamento estatístico das respostas,

utilizou-se em grande parte o modelo de Castro (2004). Foram formuladas 28

questões – observando como regra o limite convencionado por Gil (1987), de

cerca de trinta perguntas – relacionadas às funções técnicas e científicas

propostas por Freeman (1997), de modo a medir a importância de cada uma e,

conseqüentemente, avaliar a capacidade de inovação das empresas

participantes do estudo, conforme modelo exposto na Tabela 1.

Para cada uma das perguntas, o respondente deveria expor sua opinião,

através da seleção de uma das opções disponibilizadas em uma escala de

cinco níveis, como uma escala Likert, assim formulada: discordo fortemente (1),

discordo (2), indiferente (3), concordo (4) e concordo fortemente (5). Por ser

mais objetivo, esse método foi escolhido, pois segundo Gil (1987), torna mais

fácil o tratamento posterior das respostas.

Page 65: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

64  

Castro (2004), na formulação das perguntas, visa à avaliação de cada

uma das funções, utilizando os aspectos ressaltados pelo próprio Freeman

(1997). Outras características, apontadas por outros autores, também foram

incluídas no questionário. A seguir, apresentamos como as funções foram

avaliadas no questionário.

4.3.2.1 Questionários e as Funções do Modelo de Freeman

Pelas características do setor pesquisado e, portanto, pela inadequação

do desenvolvimento de “pesquisa básica” no segmento, optou-se por analisar

essa função juntamente com a de “pesquisa aplicada”. As perguntas

direcionadas à avaliação dessas funções levaram em consideração os contatos

externos de pesquisa no processo de desenvolvimento tecnológico (pergunta

4.2) e o desenvolvimento de tecnologias no laboratório central de Pesquisa &

Desenvolvimento (pergunta 4.1) (Friar e Horwitch, 1986, apud Castro, 2004).

Pode-se verificar também, a importância atribuída à pesquisa aplicada, por

exemplo, pela procura de profissionais especializados (pergunta 4.4), conforme

afirma Freeman (1997). Freeman ainda cita a necessidade desses profissionais

(cientistas, técnicos) na busca de uma estratégia ofensiva pela empresa

(pergunta 4.3).

A atividade de resolução/previsão de problemas que ocorre durante o

processo produtivo é um importante meio para o desenvolvimento e

aperfeiçoamento de um produto. A partir da necessidade de solucionar um

Page 66: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

65  

problema, organizações utilizam a criatividade e experiência do seu pessoal,

além do conhecimento científico do qual dispõe (Zawislak, Graziadio e

Marques, 1997, apud Marques, 1997). Desta maneira, o “desenvolvimento

experimental”, fundamental para a verificação das estratégias ofensiva e

defensiva propostas por Freeman (1997), tem sua importância confirmada

pelas colocações de Porter (apud Castro, 2004), que afirma ser essa função

uma das formas de desaceleração da difusão de tecnologia em empresas

inovadoras, fazendo com que as mesmas usufruam de vantagem competitiva,

fruto da liderança. Essa função foi levantada a partir da questão 4.8.

A função “engenharia de projeto” determina a capacidade de

desenvolvimento de um plano para realizar algo, demonstrando este plano em

plantas, desenhos, croquis ou mesmo textualmente. A existência desses tipos

de documentos pode comprovar a preocupação com a essa função (pergunta

4.14). A existência de profissionais qualificados, alocados no desenvolvimento

de projetos, também pode ser um indicativo dessa preocupação (pergunta 4.9).

Esses comportamentos podem ser identificados em empresas que possuem

estratégias ofensivas – intensivas em Pesquisa & Desenvolvimento e elevada

capacidade em “engenharia de projetos” e pesquisa aplicada. Porém, essa

função também é importante para empresas que adotam uma estratégia

imitativa, pois devem obter vantagens para que possam competir com as

inovadoras, tornando-se capazes de operar, com alta eficiência, o processo de

produção (Freeman, 1997).

A função “controle de qualidade da produção” está relacionada com o

controle e ao planejamento do processo produtivo, além de determinar as

Page 67: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

66  

condições em que o projeto será realizado. Esta fase busca a redução de

falhas no processo e a melhoria na produtividade. Segundo Freeman (1997),

esta função também pode representar uma forma de avaliar a capacidade

inovativa da empresa, uma vez que o processo de criação influencia

diretamente o produto ou serviço final. A análise desta função foi tratada de

forma direta, questionando-se a existência de procedimentos de controle

(perguntas 4.11) e de certificação de qualidade através de auditoria externa

(perguntas 4.12).

O desenvolvimento e/ou comercialização de um produto ou serviço

exige também que a organização passe pela implantação de práticas ou

procedimentos que maximizem os resultados buscados. A função “serviços

técnicos” tem esse objetivo no processo inovativo e foi analisada através dos

exemplos indicados por Freeman (1997), através da verificação da existência

de assistência técnica (pergunta 5.1) e manuais de utilização (pergunta 5.2).

As atividades de Pesquisa & Desenvolvimento podem ser medidas

através do entendimento de como as empresas pesquisadas tratam o assunto

patentes. O ponto foi avaliado no questionário através de perguntas 5.3 e 5.4.

Além disso, na primeira parte do questionário foi perguntado sobre o número

de patentes da empresa como forma de identificar o perfil dos participantes.

Segundo Brazil (2004), o processo de inovação não apenas está

relacionado às fontes internas, mas também através de múltiplas relações

externas mantidas pela firma. A função “informações técnicas e científicas”

captura essa interação, em diversas frentes, como por exemplo, com os

Page 68: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

67  

responsáveis pelos fluxos de informações técnicas e científicas (pergunta 5.7),

com concorrentes (pergunta 5.8) ou clientes (pergunta 5.5). Foi também

levantada a importância dada pelas empresas participantes às tecnologias

existentes no mercado como fonte para o desenvolvimento de novos produtos

(pergunta 5.12).

Além das áreas ligadas diretamente ao desenvolvimento e controle de

produto e processo, também é fundamental para a execução do projeto o

recrutamento e o treinamento de pessoal para a realização das tarefas

relacionadas com o desenvolvimento e aprimoramento da tecnologia. Quanto

mais qualificados forem os profissionais, melhores serão as condições para

que a empresa possa desenvolver seus conhecimentos e se torne mais

inovativa, exercendo, por exemplo, uma estratégia ofensiva. Segundo Freeman

(1997), a função “educação e treinamento” de pessoal próprio, avaliadas pelas

questões 5.9 e 5.10, pode ser percebida, através da existência de cursos,

universidades corporativas e pela preocupação em ter profissionais treinados

para lidar com Pesquisa & Desenvolvimento.

Bethlem (2004) afirma que a partir da definição da visão e previsões

para a organização são definidas as estratégias que vão fixar o futuro da

organização. Desta maneira, a identificação da importância de “previsões de

longo prazo e planejamento do produto” é uma função importante para

conhecer as estratégias (inclusive as de Inovação) desenvolvidas pela

organização. Essa função foi avaliada no questionário através da questão 5.11.

Page 69: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

68  

As perguntas que foram utilizadas com o objetivo de captura de

indicativos da adoção de determinada estratégia foram baseadas no modelo

das perguntas formuladas por Castro (2004) em sua pesquisa. Algumas destas

perguntas estão relacionadas a mais de uma estratégia proposta por Freeman

(1997) como demonstrado a seguir:

- Estratégia ofensiva: perguntas 4.5 e 5.14;

- Estratégia defensiva: perguntas 4.6, 4.7 e 5.14;

- Estratégia imitativa: perguntas 4.6, 4.7 e 5.13;

- Estratégia dependente: perguntas 4.13 e 5.6;

- Estratégia tradicional: perguntas 4.13 e 5.1;

- Estratégia oportunista: perguntas 5.6.

Tabela 4 - Distribuição de Funções por Perguntas

Funções Perguntas Pesquisa básica e aplicada 4.1, 4.2, 4.3, 4.4 Desenvolvimento experimental 4.8, 5.12 Engenharia de projeto 4.9, 4.10, 4.14 Controle de qualidade da produção 4.11, 4.12 Serviços técnicos 5.1, 5.2 Patentes 5.3, 5.4 Informações técnicas e científicas 5.5, 5.7, 5.8 Educação e treinamento 5.9, 5.10 Previsões de longo prazo e planejamento de produto 5.11

Perguntas indicativas da adoção de determinada estratégia 4.5, 4.6, 4.7, 4.13, 5.6, 5.13, 5.14

Page 70: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

69  

O questionário completo, disponibilizado para os participantes da

pesquisa, está disponível no Anexo 2 – Questionário, ao final desse trabalho.

4.3.3 Validade e Confiabilidade

A validade e a confiabilidade são requisitos essenciais para uma

medição. Segundo Mattar (apud Freitas et al., 2000):

“a validade de uma medição refere-se a quanto o processo de medição

está isento, simultaneamente, de erros amostrais e de erros não

amostrais”;

“a confiabilidade de uma medição refere-se a quanto o processo está

isento apenas dos erros amostrais”.

Erros amostrais podem ocorrer em virtude do tamanho e do processo de

seleção da amostra. Já os erros não amostrais são aqueles que ocorrem

durante o processo de realização da pesquisa e não são classificados como

erros amostrais, como, por exemplo, as não-respostas.

Segundo Gil (1987), pode ser adotado dois procedimentos para verificar

a validade das escalas de medição:

- Opinião de um júri, onde a validade é confirmada a partir da opinião de um

grupo de pessoas consideradas especialistas no campo onde se aplica a

escala;

Page 71: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

70  

- Grupos conhecidos, onde a validade é obtida através de opiniões ou atitudes

manifestadas por grupos opostos.

Esta pesquisa teve sua validade verificada, através da análise do

questionário desenvolvido, por dois profissionais com ampla experiência

indústria química e familiarizados com os conceitos de inovação adotados.

4.4 Análise dos Dados

A análise de dados foi desenvolvida em duas partes. Uma de

caracterização da amostra ou análise descritiva e uma segunda com a análise

de clusters.

Na etapa de caracterização da amostra, os dados considerados foram

os da primeira parte do questionário – demonstrado na seção

“Desenvolvimento do Questionário”. A apresentação resumiu-se em apresentar

a distribuição das respostas de cada uma das categorias. Em alguns casos,

quando a análise assim necessitou, foi apresentada a média aritmética das

respostas.

Na etapa de análise estatística dos dados, foram consideradas apenas

as respostas da última parte do questionário, com 28 perguntas escalonadas.

Neste caso, após a tabulação eletrônica dos dados, foi adotado um

procedimento estatístico com auxílio de um aplicativo computacional para este

fim, o SPSS v.16.0 (Statistical Package for Social Sciences).

Page 72: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

71  

A Análise de Cluster foi escolhida por consistir em uma técnica que

permite a formação de grupos de empresas de acordo com características

parecidas, isto é, respostas similares indicam que determinada empresa possui

estratégia comum às das demais empresas do seu grupo.

As análises estão apresentadas no capítulo 5, denominado “Resultados

do Estudo”.

Page 73: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

72  

5 Resultados do Estudo

As empresas que participaram desta pesquisa estão catalogadas pela

ABIQUIM – Associação Brasileira da Indústria Química em seu Guia da

Indústria Química Brasileira, e localizadas em todos os estados do Brasil.

A partir dos 721 questionários enviados, obteve-se uma amostra efetiva

de 391 empresas (emails visualizados ou questionários iniciados) e 146

questionários completos (20% de retorno). Ao longo dos 30 dias que o

questionário foi disponibilizado, foram enviados três emails de follow-up para as

empresas que ainda não tinham respondido.

Com os dados em mãos, foram desenvolvidas duas análises: a primeira,

diz respeito à caracterização da amostra. Na segunda, as empresas

participantes foram agrupadas por características individuais mais importantes

através da análise de clusters.

5.1 Caracterização da Amostra

Na análise da amostra, foram utilizadas as perguntas 1 a 13 da

segunda parte do questionário para a apresentação do perfil das empresas

respondentes. Nenhuma questão do questionário tinha a obrigatoriedade de

resposta. Mesmo assim, as perguntas foram sempre respondidas, com

exceção das questões 2.4 e 2.5 sobre faturamento da empresa (apenas 18

respostas sobre faturamento e 12 respostas sobre percentual de faturamento

Page 74: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

73  

com produtos lançados a partir de 2005). Ao todo foram coletados 146

questionários completos.

Na maioria das perguntas, foram desenvolvidas alternativas de

respostas para que os resultados pudessem ser agrupados. Desta maneira, as

tabelas apresentadas nesta seção são significativas dos resultados obtidos.

A maioria das empresas participantes (59%) possui até 30 anos de

atuação no mercado, sendo duas com mais de 100 anos.

Tabela 5 - Tempo de Atuação no Mercado

Anos Quantidade de empresas Até 10 33 22,6% Até 30 53 36,4% Até 50 41 28,0%

Mais de 50 19 13,0%

O segmento com maior representação na pesquisa é o de

Especialidades Químicas, com 93% dos respondentes. Não houve nenhum

participante do segmento de Pseudo-commodities.

Tabela 6 – Segmento da Indústria Química

Segmento Quantidade de empresas Commodities 3 2,0%

Especialidades Químicas 136 93,0% Química Fina 7 5,0%

A pergunta sobre do faturamento era através de um campo aberto para

a resposta, permitindo que as empresas, com seus mais diferentes tamanhos,

pudessem registrar seu faturamento com maior precisão.

O faturamento médio das empresas respondentes foi de

R$1.320.770.083,20 (DP= R$ $5.319.488.910,22) e mediana de R$

Page 75: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

74  

65.000.000,00. O menor faturamento observado foi de R$ 284.444,00 e o maior

de R$ 23,9 bilhões.

Tabela 7 – Faturamento em 2007 (milhões)

Faturamento Quantidade de empresas Não informado 126 87,0% Até 20 milhões 6 4,0%

De 20 a 100 milhões 6 4,0% Mais de 100 milhões 8 5,0%

 

5.1.1 A Capacidade de Inovação das Empresas Pesquisadas

O número de funcionários envolvidos diretamente em atividades de

pesquisa e desenvolvimento de produtos pode ser uma referência para qual a

estratégia de posicionamento que a empresa busca.

Tabela 8 – Número de Funcionários

Quantidade de empresas Até 100 51 35,0%

Entre 101 e 200 65 45,0% Entre 201 e 1000 27 18,0%

Mais de 1000 3 2,0%

 

Tabela 9 – Existência de Departamento Exclusivo de P&D

Funcionários Quantidade de empresas Sim 120 82,0% Não 26 18,0%

 

Tabela 10 – Número de Funcionários envolvidos com Pesquisa e Desenvolvimento

% Funcionários Quantidade de empresas 0% 10 7,0%

De 0,1% até 5% 121 83,0% De 5,1% até 10% 9 6,0% De 10,1% até 20% 5 3,0% De 20,1% até 100% 1 1,0%

Page 76: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

75  

A questão acerca da quantidade de patentes registradas pela empresa

também foi disponibilizada através de campo aberto. Entre as respostas

analisadas, o menor valor foi 0 (zero), o maior 188. Devido a esse valor

máximo muito distinto dos demais, os dados foram agrupados (Tabela 12),

para evitar que essa resposta distorcesse a média obtida com as outras

observações.

Tabela 11 – Número de patentes

Patentes Quantidade de empresas Nenhuma 68 47,0% De 1 a 5 15 10,0% De 6 a 10 54 34,0% Mais de 10 13 9,0%

Para quase metade das empresas participantes, a principal fonte de

idéias para novos produtos são os produtos dos concorrentes no mercado,

seguida pela demanda dos clientes.

Tabela 12 – Fonte de idéias para novos produtos

Fonte Quantidade de empresas Demanda de Clientes 36 25,0%

Demanda de Fornecedores 6 4,0% Departamento de Pesquisa & Desenvolvimento 10 7,0%

Idéias de funcionários 22 15,0% Produtos de concorrentes no mercado 70 48,0%

Seminários e Congressos 2 1,0%

Mesmo não sendo uma fonte importante de desenvolvimento de novos

produtos (apenas 1%), 76% das empresas freqüentaram de 4 a 13 feiras ao

longo de 2007. O número mínimo observado foi de nenhum evento e o máximo

de 15.

Page 77: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

76  

Tabela 13 – Participação em Feiras e Congressos (2007)

Quantidade Quantidade de empresas Até 3 32 22,0%

De 4 a 8 74 51,0% De 9 a 13 37 25,0% 14 ou mais 3 2,0%

 

Pouco mais de 2/3 das empresas dos segmentos da indústria química

estudados utilizam algum tipo de parceria com o meio acadêmico para

desenvolvimento de seus produtos.

Tabela 14 – Número de parcerias com o meio acadêmico

Quantidade Quantidade de empresas Nenhuma 42 29,0% De 1 a 3 73 50,0% 4 ou mais 31 21,0%

Os resultados obtidos podem ser resumidos da seguinte forma:

- 77,4% de empresas com mais de 10 anos de atuação no mercado;

- 65% das empresas apresentaram faturamento bruto de até 100 milhões de

reais em 2007;

- 96,6% das empresas são formadas por mais de 50 profissionais;

- 83% das empresas empregam até 10% de seus funcionários na área de

Pesquisa e Desenvolvimento;

- 47% das empresas não possuem nenhuma patente, enquanto 43% possuem

6 ou mais patentes;

- A maioria dos participantes (48%) declarou estar nos produtos dos

concorrentes sua principal fonte de idéias;

Page 78: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

77  

- 51% dos respondentes participaram de 4 a 8 feiras ou congressos em 2007

(média de 6 eventos);

- 71% das empresas têm pelo menos uma parceria de desenvolvimento de

produtos com o meio acadêmico.

A tabela a seguir demonstra o nível de importância dado pelas empresas

às atividades listadas, conforme respostas às perguntas da segunda parte do

questionário:

Tabela 15 - Importância das Funções Inovadoras na Visão dos Respondentes

Atividade não realizada pela

empresa

Pouca importância

Média importância

Alta importância

Pesquisa básica e aplicada 15 21 35 75

10% 14% 24% 51%

Desenvolvimento experimental 12 13 40 81

8% 9% 27% 55%

Engenharia de projeto 11 16 46 73

8% 11% 32% 50%

Controle e qualidade da produção 2 11 38 95

1% 8% 26% 65%

Serviços técnicos 1 1 26 118

1% 1% 18% 81%

Registros de patentes 30 83 20 13

21% 57% 14% 9%

Informações técnicas e científicas 4 3 72 67

3% 2% 49% 46%

Educação e treinamento 5 5 48 88

3% 3% 33% 60%

Planejamento de longo prazo 0 10 89 47

0% 7% 61% 32%

Planejamento de produto 8 4 105 29

5% 3% 72% 20%

Page 79: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

78  

5.2 Análise de Clusters

Segundo Hair et al (2005), a análise de cluster, também conhecida como

análise de conglomerados, consiste de uma técnica analítica que agrupa

objetos ou indivíduos segundo suas características, formando assim grupos ou

conglomerados homogêneos. O objetivo é classificar uma amostra de

indivíduos ou objetos em um número menor de grupos mutuamente

excludentes, baseado nas similaridades entre os indivíduos ou objetos. Os

objetos em cada conglomerado tendem a ser semelhantes entre si e diferentes

dos objetos dos outros grupos.

Segundo Malhotra (2001), existem diversos conceitos estatísticos para o

desenvolvimento de análise de agrupamentos, entre eles:

Esquema de aglomeração;

Centróide de conglomerados;

Centro de conglomerados;

Composição de um conglomerado;

Dendrograma;

Distância entre os centros de conglomerados;

Matriz de coeficientes de semelhança/distância.

Page 80: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

79  

Para o desenvolvimento do agrupamento, independente da técnica

utilizada, é necessário seguir as etapas de análise ilustradas na Figura 6.

Figura 6 – Etapas da Análise de Clusters

 

FONTE: Malhotra (2001)

A etapa de formulação do problema é uma das mais importantes na

técnica de agrupamento, uma vez que a inclusão de variáveis sem importância

poderá distorcer o resultado. Assim, as variáveis escolhidas devem descrever a

semelhança entre os índices de ações de maneira relevante para o problema

proposto.

A escolha de uma medida de distância ou semelhança é necessária para

avaliar o quão semelhantes ou diferentes são as entidades, através dos dados

analisados, sendo mais comum a avaliação da semelhança das distâncias

Page 81: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

80  

entre os pares de objetos. Assim, objetos mais próximos são mais semelhantes

que objetos mais distantes. A distância log-likelihood estabelece uma

distribuição de probabilidades nas variáveis. Variáveis contínuas são

distribuídas normalmente, enquanto variáveis categóricas são multinominais.

Todas as variáveis, categóricas ou contínuas, são independentes.

Existem dois tipos de processo de agrupamento: o hierárquico e o não

hierárquico. O hierárquico se caracteriza pelo estabelecimento de uma

estrutura em forma de árvore, envolvendo a maioria dos métodos utilizados,

como, por exemplo, ligação simples (single linkage), método do centróide,

métodos da variância. O não hierárquico, que também é conhecido como o

método de k-médias, assume um centro de conglomerado, agrupando em

seguida todos os objetos que estão a menos de um valor pré-definido do

centro.

O método de aglomeração denominado de two-step, faz a diferença

entre variáveis com características contínuas e categóricas e recebe este

nome, pois a aglutinação é realizada em dois estágios. Quando as variáveis

são contínuas o método utiliza medidas como média e variância e quando são

categóricas utiliza a medida de contagem das variáveis. Este método além de

tratar variáveis contínuas e categóricas ele é útil para formar grupos quando

não se tem idéia de que variáveis pertencem a cada grupo, sendo possível

também determinar um número de agrupamentos que se deseja. O algoritmo

empregado neste procedimento possui várias características que não são

encontradas em outros métodos, como:

Page 82: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

81  

• utilização de variáveis contínuas e categóricas. Assumindo que as

variáveis são independentes, uma distribuição multinomial-normal pode ser

aplicada em variáveis categóricas e contínuas;

• o procedimento fornece o número ótimo de clusters automaticamente;

• é um procedimento que possui como importante característica a

escalabilidade, que permite a análise de grande quantidade de dados.

O procedimento básico, de todos os métodos de agrupamento, inicia-se

com o cálculo de uma matriz de distâncias entre as variáveis, repete-se este

procedimento até se aglutinar os indivíduos com a menor distância, isto é,

aqueles mais semelhantes. Na realidade, os métodos de aglomeração

dependem do tipo de distância que é utilizada para o cálculo: euclidiana, city-

block, Mahalanobis entre outras e o tipo de ligação, tais como o do vizinho mais

próximo, o mais distante, o método de Ward.

O objetivo da primeira etapa do algoritmo é reduzir a dimensão do

problema através da identificação de regiões densas (nuvens de observações

que estatísticamente se encontram próximas), mediante a construção de uma

árvore de objetos simbólicos.

A etapa de sumarização usa uma aproximação de agrupamento

incremental. Explora as observações uma a uma e decide se a observação

deve ser integrada nos grupos formados previamente, ou se, por outro lado, se

deve começar um novo grupo, tendo como base um critério que limita a

distância máxima entre duas observações do mesmo grupo.

Page 83: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

82  

Cada observação é processada uma única vez sendo encaminhada para

o nó folha e correspondente sub-grupo mais próximo, que se designa por

Cluster Feature Entry (CFE). Cada subconjunto Ck é identificado por um

conjunto de estatísticas que sumariza informação sobre ele, a que se dá o

nome de Cluster Feature (CF). A árvore construída chama-se Cluster Feature-

Tree (CF-Tree).

Cada CF tem informação sobre o número de elementos do subgrupo, a

média e variância para cada variável contínua e a frequência associada a cada

categoria de cada variável categorizada. Assim, cada nó folha da CF-Tree é

caracterizado pelo CFk em que se inclui informação sobre:

o número de observações no grupo Ck;

a soma dos valores de cada atributo contínuo associado às observações

do grupo Ck;

a soma dos quadrados dos valores de cada atributo contínuo para as

observações do grupo Ck;

um vetor onde se reúnem os números de observações do grupo Ck por

cada categoria de cada variável categorizada.

A constituição de CF é um fator determinante na eficiência

computacional alcançada pelo algoritmo, pois armazena menos informação que

se mostra ser a necessária para o cálculo de todas as medidas para efetuar o

agrupamento.

Page 84: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

83  

Quando dois grupos são reunidos, a CF do novo grupo corresponde à

“soma” das duas ClusterFeatures dos dois grupos iniciais.

Da análise de pré-agrupamento que é realizada na primeira etapa

resulta, assim, uma CF-Tree. A construção desta árvore encontra-se

dependente de três parâmetros: B - Branching Factor que limita o número de

nós descendentes numa ramificação; T – Threshold Value que limita a

distância de fusão de dois subgrupos; D - Maximum Tree Depth que é o

número máximo de níveis que a árvore pode ter.

Deste modo cada nó tem, no máximo, B entradas da forma [Ck,Childk]

onde k=1, …, B. Childi representa o sub-grupo que é uma das entradas para o

nó-folha e CFk representa o CF de cada folha. Em cada nó deverá verificar-se

que todos os registos estão a uma distância máxima T uns dos outros. Caso

contrário, se o número de nós descendentes de uma ramificação for inferior ao

limite B inicia-se um novo subgrupo. Caso seja excedido o número de

ramificações B, o nó-folha é dividido em dois, as Cluster Features Entries são

redistribuídas pelos dois novos nós. A partição inicializa-se pelas duas mais

afastadas, sendo as restantes afetadas segundo a proximidade, aos novos nós.

Se a árvore crescer além do tamanho máximo permitido, ela será

reconstruída utilizando um valor maior para T.

O valor de T condiciona o número de regiões densas. Por um lado,

valores elevados de T originam menos sub-grupos, potencialmente com mais

heterogeneidade intra-grupos, mas computacionalmente o processo torna-se

mais eficiente. Por outro lado, um valor pequeno de T pode originar um número

Page 85: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

84  

elevado de sub-grupos, mais homogéneos, mas simultaneamente pode tornar

o processo de agrupamento mais lento. Assim sendo, a escolha do valor T

deverá ser efetuada de forma cautelosa, de forma a não diminuir a eficiência

computacional e por outro lado, não produzir resultados desajustados.

Na segunda etapa, após a construção da árvore, os sub-grupos

identificados constituem as novas entidades a agrupar. Estas novas entidades

são, naturalmente, em número menor do que o número de observações na

base de dados. As estatísticas entretanto armazenadas nos Cluster Features

são suficientes para calcular a distância e podem ser aplicadas posteriormente.

5.2.1 Descrição dos Clusters obtidos

Para a classificação dos dados foi utilizado o SPSS v.16.0 (Statistical

Package for Social Sciences). O método utilizado foi o TwoStep Cluster, pois

permitiu a seleção e análise de variáveis categóricas e contínuas no mesmo

modelo (Hair, 2005), com o uso de critério de clusterização BIC (Schwarz's

Bayesian Criterion) e da distância log-likelihood. O Anexo 3 apresenta outras

informações da geração dos clusters.

Para o desenvolvimento dos clusters, foram utilizadas as variáveis da

primeira parte do questionário. A pergunta 2.6 referente à área de atuação do

respondente foi excluída da análise, pois não foi considerável como variável

relevante na construção dos clusters.

Page 86: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

85  

Para as conclusões apresentadas posteriormente, foram consideradas

as médias do índice de respostas das perguntas da terceira parte (perguntas

4.1 a 5.14), distribuídas de acordo com os clusters encontrados.

Tabela 16 – Clusters obtidos

Clusters Empresas

1

2, 6, 12, 15, 18, 19, 20, 27, 31, 39, 42, 43, 46, 47, 53, 56, 57, 62, 63, 64, 65, 66, 71, 76, 84, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 99, 100, 101, 102, 103,

104, 105, 106, 108, 109, 110, 111, 112, 113, 114, 115, 117, 118, 119, 120, 121, 133, 134, 138, 139, 140, 141, 142, 143, 144, 145,146

2 1, 3, 5, 7, 8, 10, 11, 13, 14, 25, 26, 28, 30, 33, 35, 41, 44, 45, 48, 49,

50, 51, 52, 54, 55, 58, 59, 60, 61, 67, 68, 69, 70, 73, 77, 78, 79, 80, 82, 83, 89, 97, 98, 107, 116, 122, 124, 125, 126, 136, 137

3 4, 9, 16, 17, 21, 22, 23, 24, 29, 32, 34, 36, 37, 38, 40, 72, 74, 75, 81,

85, 86, 87, 88, 90, 123, 127, 128, 129, 130, 131, 132, 135

Foram observadas 63 empresas no Cluster 1. Seu tempo médio de

atuação no mercado é de 24,67 anos. Destas empresas, 60 atuam no

segmento de Especialidades Químicas (95,2%) e todas elas possuem um

departamento exclusivo de Pesquisa & Desenvolvimento. Como fonte de idéias

de novos produtos, todas as empresas do Cluster afirmaram acompanhar os

produtos de seus concorrentes. A estrutura de capital das empresas tem média

de 56% de capital nacional. São empresas de médio porte (73% com até 150

funcionários) e seus quadros são formados por aproximadamente 204

funcionários, sendo que 3,25% realizam algum tipo de atividade de P&D. Suas

empresas registraram uma média de 4,43 patentes e 2,15 parcerias de

Page 87: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

86  

desenvolvimento de novos produtos com o meio acadêmico ou centros de

pesquisa. Seus funcionários participaram de 5,46 feiras e seminários em 2007.

É o grupo mais jovem de empresas, com a menor taxa de colaboradores

em atividades de pesquisa e desenvolvimento e menos parcerias com centros

de pesquisa. Mesmo sendo formado por organizações que observam os

concorrentes para buscar novas idéias, esta postura não é observada na baixa

média de feiras e seminários freqüentados no último ano. Suas patentes

podem ser resultado de pequenas inovações incrementais geradas a partir de

produtos de concorrentes. Podem ser vistas como novos participantes no

mercado, mas talvez com pouca força e com baixo custo como uma vantagem

competitiva. Estas firmas se aproximam mais da Estratégia Defensiva definida

por Freeman (1997).

As 51 empresas do Cluster 2 também atuam em sua maioria no

segmento de Especialidades Químicas (98%) há 33,6 anos. Suas empresas

são compostas em média por 54,4% de capital nacional. Empregando 143

colaboradores aproximadamente, 94,1% delas possuem mais de 50

funcionários. De sua equipe, 3,8% de seus colaboradores atuam em algum tipo

de atividade de P&D. Em média possuem quatro patentes registradas e 2,5

parcerias com o meio acadêmico. Em 2007, seus funcionários freqüentaram

5,8 feiras e seminários. Suas principais fontes de idéias são demanda de

clientes (45,1%) e idéias de seus funcionários (37,3%). Assim como o Cluster

1, as empresas do Cluster 2 concordam com a importância do

Desenvolvimento Experimental (Cluster 2: 4,24; Cluster 1: 4,22; Cluster 3:

3,81).

Page 88: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

87  

São empresas com mais experiência de mercado que as do Cluster 1 e

com uma equipe envolvida com pesquisa maior – o que pode explicar

funcionários como uma importante fonte de idéias, mas esse posicionamento

não reflete em alguns números como participação em feiras e relacionamento

com centros de pesquisa. Outro ponto importante é que o investimento em

pesquisa e desenvolvimento através de uma equipe maior não conseguiu

produzir um número superior ao de patentes do Cluster 1. Sua estratégia não

está claramente definida, sendo observadas características das estratégias

Ofensiva, Defensiva e Imitativa.

As 32 organizações restantes, agrupadas no Cluster 3, atuam no

mercado há 41,3 anos e são formadas por 57,8% de capital nacional. Atuam na

maioria dos segmentos, porém com maior presença em Especialidades

Químicas (81,3%) e Química Fina (15,6%). De seus 346 funcionários, 3,9%

realizam alguma atividade de Pesquisa e Desenvolvimento, mas apenas 18,8%

das organizações possuem um departamento exclusivo de Pesquisa e

Desenvolvimento. Suas empresas têm em registro aproximadamente 9

patentes. Em 2007, as empresas estiveram presentes em aproximadamente

7,13 feiras e seminários. Seus membros estabeleceram nos últimos anos 4,91

parcerias com centros de pesquisa. Sua principal fonte de idéias de novos

produtos vem através da demanda de clientes (40,6%), sendo ainda produto de

concorrentes (21,9%) e demanda de fornecedores (18,8%) importantes

indicativos para onde a empresa deve seguir. Este cluster agrupou grande

parte das empresas que responderam as questões de faturamento. Em 2007,

foram observados faturamentos entre R$ 700 mil e R$ 1 bilhão, registrando um

Page 89: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

88  

faturamento médio de R$ 150 milhões do grupo, sendo que os produtos com

dois anos no mercado (lançados em 2005) participaram de 8% deste total. As

empresas do Cluster 3 se diferenciam das outras empresas por concordarem

com a importância da Pesquisa Básica e Aplicada para seus negócios. (Cluster

3: 4,20; Cluster 1: 3,89; Cluster 2: 3,97).

Um ponto em comum entre os clusters é a observação que todos

concordaram com a importância dos Serviços Técnicos (Cluster 1: 4,07; Cluster

2: 4,31; Cluster 3: 4,33).

É o grupo com maior experiência e com maior número de pessoas

envolvidas em atividades de pesquisa e desenvolvimento e o que pode explicar

o maior número de patentes entre os grupos. Seu elevando número de

parcerias com universidades pode estar relacionado com o fato de apenas 19%

de seus integrantes possuírem departamento exclusivo de pesquisa e

desenvolvimento, o que acaba confirmando uma adoção da Estratégia

Ofensiva. Provavelmente são vistas como possuidoras de vantagem

competitiva através da diferenciação de seus produtos, uma vez que são

focadas no desenvolvimento de seus produtos.

Os Anexos 3 e 4 apresentam alguns resultados da análise estatística

desenvolvida a partir das respostas obtidas, sendo a média relativa de cada

função disponibilizada na Tabela 18 utilizada para identificação das possíveis

estratégias adotadas.

Page 90: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

89  

Tabela 17 – Médias das importâncias das funções (2ª parte do questionário)

Função Cluster

1 Cluster

2 Cluster

3 Pesquisa Básica e Aplicada 3,37 3,12 2,84 Desenvolvimento experimental 3,49 3,51 2,59 Engenharia de Projeto 3,25 3,18 3,31 Controle e Qualidade da Produção 3,70 3,57 3,22 Serviços técnicos 3,92 3,75 3,59 Registro de Patentes 1,98 2,35 1,97 Informações técnicas e científicas 3,37 3,41 3,38 Educação e Treinamento 3,62 3,47 3,31 Planejamento de Longo Prazo 3,19 3,16 3,53 Planejamento de Produto 2,95 3,16 3,13

Para análise dos clusters e obtenção das estratégias adotadas, foram

alocadas as médias dos índices de respostas das perguntas da 3ª parte do

questionário (questões 4.1 a 5.14), distribuídas pelos clusters encontrados, e a

Tabela 1 – Estratégias da Firma, com o modelo proposto por Freeman (1997).

Para tanto, encontrou-se a média relativa a cada função que se desejava

analisar por meio das respostas contidas nas tabelas 18 e 19. Devido a

diferença de escalas, esses números foram adequados para uma análise mais

precisa.

Curiosamente se observa que ao perguntarmos diretamente sobre a

importância atribuída a cada função do modelo proposto por Freeman

(perguntas 3.1 a 3.10), é possível concluir que as empresas teriam estratégias

diferentes daquelas encontradas (3ª parte).

Page 91: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

90  

Tabela 18 – Médias das respostas das funções na 3ª parte do questionário

Função Cluster

1 Cluster

2 Cluster

3 Pesquisa Básica e Aplicada 3,89 3,97 4,20 Desenvolvimento Experimental 4,22 4,24 3,81 Engenharia de Projetos 3,57 3,63 3,24 Controle de Qualidade da Produção 3,68 3,61 3,78 Serviços técnicos 4,07 4,31 4,33 Registro de Patentes 3,06 2,79 2,83 Informações Técnicas e Científicas 3,68 3,85 3,59 Educação e Treinamento 3,56 3,52 3,94 Previsões de longo prazo e Planejamento de Produtos 3,83 3,69 3,84

Analisando os resultados do nível de importância (2ª parte), observamos

que as empresas do Cluster 1 foram as únicas que levaram para a prática o

grau de importância demonstrado para cada uma das funções (Defensiva).

As empresas do Cluster 2 também não possuem uma estratégia clara ao

graduar as funções por importância (Defensiva, Imitativa e Dependente),

situação observada ao analisar as atividades realizadas através da 3ª parte do

questionário (Ofensiva, Imitativa e Defensiva).

O Cluster 3 se mostrou mais definido durante a análise das atividades

realizadas, porém ao classificar as funções, se apresentou também com uma

abordagem confusa, demonstrando características das estratégias Defensiva,

Imitativa e Dependente.

Uma outra análise diz respeito às perguntas elaboradas com o intuito de

indicar a adoção de determinada estratégia pelas empresas (perguntas 4.5,

4.6, 4.7, 4.13, 5.6, 5.13 e 5.14). O maior índice encontrado entre essas

perguntas foi relativo às respostas da questão 5.14, que era indicativa de uma

estratégia defensiva ou ofensiva, como descrito na metodologia deste estudo.

Page 92: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

91  

Os três clusters obtiveram índices de respostas praticamente acima de 4 para

essa questão (Cluster 1: 3,97; Cluster 2: 4,08; e Cluster 3: 4,25).

5.3 Conclusões sobre os resultados

Podemos observar que mais de 80% das empresas possuem

departamento de pesquisa e apenas 7% não possuem nenhum funcionário

alocado em atividades de P&D. Como o segmento de Especialidades Químicas

é o que tem maior representatividade nos dados coletados, é possível supor

que estas empresas que deveriam gerar produtos de valor agregado (COINCO,

1985) o estão fazendo através de outras formas, como compra de direitos de

uso de patentes, que não o desenvolvimento interno.

Podemos observar nas análises da pesquisa que as empresas do setor

químico estão adotando claramente as estratégias Ofensiva e Defensiva,

porém é possível observar em um dos clusters gerados algumas características

destas duas estratégias, além da Imitativa, não sendo possível afirmar que

direcionamento as empresas do grupo seguem.

Porém não foi possível observar empresas que tenham abordagens

práticas das estratégicas do tipo Tradicional, Oportunista e Dependente.

É possível inferir que a inexistência de um grupo de empresas que

adotem a estratégia Tradicional seja devido à alta competição no setor e que o

mercado, independente do volume, busca inovação em seus produtos.

Empresas com abordagem Oportunista talvez não faça sentido nesta

Page 93: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

92  

indústria, uma vez que sua característica principal é agir em oportunidades

específicas no mercado e que não demandem grandes esforços de pesquisa e

desenvolvimento. Já a ausência da estratégia Dependente pode ser

considerada uma surpresa, uma vez que muitas empresas químicas fazem

parte de outras cadeias de valores e seus clientes regularmente necessitam de

inovações para o desenvolvimento de seus mercados.

São observadas também consideráveis diferenças entre algumas

respostas sobre cada uma das funções, ao compararmos o nível de

importância dada a cada um e com a média das respostas obtidas das ações

realizadas (Tabela 18 x Tabela 19). Mesmo assim, os resultados aparentam

consistência e são aceitáveis, uma vez que é possível a existência entre a

percepção dos participantes da pesquisa com as ações realizadas

efetivamente.

Page 94: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

93  

6 Considerações Finais

 

6.1 Conclusões

O objetivo desta pesquisa foi identificar as estratégias de inovação

adotadas pelas empresas do setor químico brasileiro através do modelo

desenvolvido por Freeman em 1997, que apresenta seis possíveis estratégias

exploradas aqui ao longo do trabalho.

A pesquisa partiu da hipótese da segmentação da Indústria Química

desenvolvida pelo COINCO em 1985, formada por empresas totalmente

voltadas a alto volume e produtos comoditizados a organizações que são

especializadas em desenvolver soluções para seus clientes. Esta suposição foi

verificada uma vez que a quase totalidade das empresas possuem um

departamento de P&D e/ou alocam funcionários em atividades de pesquisa.

Em seus três agrupamentos desenvolvidos, foi possível observar que as

empresas mais novas abordam o mercado de forma mais Defensiva,

preocupando-se com a atividade de P&D, mas de uma forma que os riscos

sejam minimizados. As empresas com mais tempo no mercado se mostraram

com uma estratégia mais Ofensiva, talvez explicada pelo conhecimento do

mercado e das opções existentes, possibilitando que já tenham um conjunto de

atividades como melhor prática. O grupo intermediário demonstra estar entre

um período de transição, ainda buscando se conhecer melhor e uma melhor

Page 95: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

94  

posição no mercado, uma vez que não estão claramente adotando uma única

estratégia.

A indústria como um todo tem um viés de inovação observado que

praticamente 100% da amostra têm algum tipo de envolvimento interno com

P&D. Outra característica importante é que as empresas que não possuem

patentes registradas têm pelo menos 1 parceria com centros de pesquisa,

demonstrando que mesmo não desenvolvendo inovação, buscam uma

atualização de seu portfólio através de relacionamentos externos.

6.2 Limitações da pesquisa

Algumas limitações são encontradas nesta pesquisa, sendo as

principais:

Tamanho da amostra: a amostra obtida através do levantamento de

questionários foi suficiente para realizar analisar estatísticas. Mas

observando sobre o prisma das empresas participantes

(aproximadamente 20% das empresas abordadas), uma amostra

maior poderia conter resultados mais significativos;

Segmentos da indústria: mesmo tendo sido abordadas empresas

de todos os segmentos, a maior participação foi registrada com

empresas que se declararam como oriundas de Especialidades

Químicas, enquanto o segmento de pseudo-commodities não

registrou nenhum participante;

Page 96: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

95  

Abordagem aos respondentes: mesmo com a atenção de explicitar

as perguntas, o método survey implica na ausência de um

entrevistador que possa esclarecer possíveis dúvidas, podendo

prejudicar o levantamento das informações (Gil, 1987);

Representatividade do modelo: foi encontrada alguma dificuldade

em adequar os resultados obtidos ao modelo proposto por Freeman

(1997), uma vez que o modelo utilizado é composto por variáveis

com valores pré-definidos e não faixas de valores.

6.3 Sugestões para estudos futuros

Algumas sugestões para pesquisas futuras surgem a partir das

limitações encontradas ao longo do trabalho.

A primeira é analisar o modelo de Freeman, visando sua atualização e

aperfeiçoamento. Uma possível nova aplicação do questionário, utilizando

entrevistadores, abordagem mais eficiente que o levantamento através da

Internet, porém com altos custos associados, poderia ampliar a amostra e

conseguir novas informações a respeito das estratégias adotadas pelo setor.

A partir da identificação de estratégias de inovação no setor, um próximo

trabalho a ser desenvolvido poderia ser um estudo de caso com empresas de

acordo com as estratégias adotadas, inclusive detalhando o relacionamento

das empresas com centros de pesquisa.

Page 97: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

96  

Os resultados do presente estudo podem servir, adicionalmente, como

base para a formulação de políticas públicas de fomento e incentivo à inovação

tecnológica na indústria química, assim como outros setores que tenham algum

tipo de envolvimento.

Page 98: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

97  

7 Referências Bibliográficas

ALMEIDA, M. I. R, Manual de planejamento estratégico. São Paulo: Atlas,

2001

ANSOFF, H. I. Estratégia empresarial, São Paulo: Atlas, 1990

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA QUÍMICA. Guia da Indústria

Química Brasileira. São Paulo: ABIQUIM, 2004.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA QUÍMICA. Relatório Anual 2007.

São Paulo: 2008.

BARNETT, W. P. The organizational ecology of a technological system.

Administrative Science Quarterly v.35, no. n.1 (1990): p.31-60.

BETHLEM, A. S. Estratégia empresarial: conceitos, processo e

administração estratégica. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2004.

BNDES., Potencial de Investimentos no Setor Petroquímico Brasileiro

2007-2010. Disponível em

http://www.bndes.gov.br/conhecimento/liv_perspectivas/05.pdf. Acessado em

15 de julho de 2008.

BRAZIL, V. R. Análise do Processo de Inovação a partir de dois Centros de

Tecnologia do Senai/BA: Os Casos Cimatec e Cetind. Cadernos do

SepAdm, n.1, 2004.

CAMPOS, V. F. Gerenciamento pelas diretrizes. 2ª edição, Belo Horizonte:

Fundação Christiano Ottoni, Escola de Engenharia da UFMG, 1996

CASTRO, B. H. R. Estratégias de Inovação: Um Estudo na Indústria de

Máquinas e Implementos Agrícolas no Brasil. Rio de Janeiro. Tese de

Mestrado – Instituto COPPEAD de Administração, 2004.

Page 99: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

98  

CHANDLER, A. Shaping the Industrial Century: The Remarkable Story of

the Evolution of the Modern Chemical and Pharmaceutical Industries.

Cambridge: Harvard University Press, 2005.

CHARITOU, C. D., e Constantinos C. Markides. Responses to disruptive

strategic innovation. MIT Sloan Management Review Inverno (2003).

CHRISTENSEN, C. M. The innovator’s dilemma. New York: Harper

Business., 2000.

CHRISTENSEN, C. M., e Michael Overdorf. Meeting the challenge of

disruptive change. Harvard Business Review, Março-Abril 2000.

COINCO – CONSELHO ESTADUAL DE POLÍTICA INDUSTRIAL,

COMERCIAL E AGROINDUSTRIAL. A indústria química-petroquímca

brasileira: diagnóstico setorial. São Paulo: Outubro de 1985

CUNHA, A. G. da. Dicionário etimológico Nova Fronteira da língua

portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

DAY, G. S., e David J. Reibstein. A dinâmica da estratégia competitiva. Rio

de Janeiro: Campus, 1999.

DOS SANTOS JUNIOR, Dionísio, e Alceu G Alves Filho. Padrões

tecnológicos e processo de inovação de produtos: o caso da Itautec-

Philco S.A. Gestão e Produção v.7, no. n.2 (2000): p.106-117.

DOSI, G. The nature of the innovation process. In Dosi, Giovanni et al.

(Orgs.) Technical change and economic theory, by Giovanni et al Dosi. London;

New York: Pinter Publishers, 1988.

EDQUIST, C. (ed.). Systems of Innovation: technologies, institutions and

organizations. Londres: Printer Publisher, 1997.

FERREIRA, A. B. H. Dicionário Aurélio. Curitiba: Editora Positivo, 1ª

impressão, 2004

Page 100: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

99  

FOSTER, R. Inovação: a vantagem do atacante. 3. ed. São Paulo: Best

Seller, 1988.

FOSTER, R., e Kaplan, S.. Destruição Criativa. Rio de Janeiro: Editora

Campus, 2002

FREEMAN, C. e Soete, L. The economics of industrial innovation. 3. ed.

Cambridge: MIT Press, 1997.

FREEMAN, C. The National Innovation Systems in Historical Perspective.

Cambridge Journal of Economics. 19(1): 5-24, 1997.

FREITAS, H. et al. O método de pesquisa survey. Revista de Administração,

v.35, n.3, p.105-12, jul-set.2000.

GARCIA, R., e Roger Calantone. A critical look at technological innovation

typology and innovativeness terminology: a literature review. Journal of

Product Innovation Management v.19 (2002): p.110-132.

GHEMAWAT, P. A Estratégia e o cenário dos negócios: textos e casos.

Porto Alegre: Editora Bookman, 2000

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1987

GOVINDARAJAN, V., e Chris Trimble. Strategic innovation and the science

of learning. MIT Sloan Management Review Inverno (2004).

HAIR Jr, J. F.; Babin, B; Money, A.H. Samouel, P. Fundamentos de métodos

de pesquisa em Administração. Porto Alegre: Bookman, 2005.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Classificação

Nacional de Atividades Econômicas - CNAE Versão 2.0. 2007.

http://www.ibge.gov.br/concla/revisao2007.php (acessado em 20 de Abril de

2008).

Page 101: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

100  

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Contas

Nacionais Trimestrais-Indicadores de Volume e Valores Correntes.

http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_notic

ia=1106&id_pagina=1 (acessado em 01 de Julho de 2008)

IPEA., Principais características da inovação na indústria de

transformação no Brasil. Disponível em

http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/comunicado_presidencia/InovacaonaIndustri

a.pdf. Acessado em 15 de julho de 2008.

IZIQUE, C., As chaves do desenvolvimento. Pesquisa Fapesp Online, Junho

2007. Disponível em

http://www.revistapesquisa.fapesp.br/?art=3253&bd=1&pg=1. Acessado em 15

de julho de 2008.

KIM, W. Chan, e Renée Mauborgne. Creating new market space. Harvard

Business Review, Janeiro-Fevereiro 1999.

KIM, W. Chan, e Renée Mauborgne. Knowing a winning business idea when

you see one. Harvard Business Review, Setembro-Outubro 2000.

KIMBERLY, J.R. e Evanisko, M.J. Organizational innovation: the influence

of individual, organizational, and contextual factors on hospital adoption

of technological and administrative innovations. Academy of Management

Journal. Academy of Management. Volume 24. 4a Edição. Dezembro, 1981.

KOTLER, P. Administração de marketing: a edição do novo milênio. São

Paulo: Prentice Hall, 2000.

MALHOTRA, N. K. Pesquisa de Marketing: uma orientação aplicada. Porto

Alegre: Bookman, 4ª edição, 2006.

MARQUES, R. A. A capacidade tecnológica em empresas do segmento de

autopeças no rio grande do sul: uma análise descritiva. Porto Alegre. Tese

de Mestrado – UFRS, 1997.

Page 102: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

101  

NICOLAU, I. O conceito de Estratégia. Lisboa: INDEG/ ISCTE, 2001.

OECD. Frascati Manual 2002: Proposed standard practice for surveys on

research and experimental development. OECD, 2002. Disponível em

http://www.oecdbookshop.org. Acessado em 31 de maio de 2008.

OECD. Innovative Clusters: drivers of national innovation systems. Paris:

OECD, 2001.

PINA, V. Inteligência Estratégica Nos Negócios. São Paulo: Editora Atlas,

1994

PORTER, M. E. Competição - on competition: estratégias competitivas

essenciais. Rio de Janeiro: Campus, 1999.

PORTER, M. E. Vantagem competitiva: criando e sustentando um

desempenho superior. 16a ed. Rio de Janeiro: Campus, 1989.

PRATTEN, C.F. The competitiviness of small firms. Cambridge: Cambridge

University Press, 1991.

ROGERS, E. M. e Floyd F. Shoemaker. Communication of Innovations: A

Cross-Cultural Approach. 2a edição. New York: The Free Press, 1971.

ROSENBERG, N. Why do firms do basic research (with their own money)?

Research Policy v.19, p.165-174, 1990.

SCHUMPETER, J. A teoria do desenvolvimento econômico. São Paulo:

Nova Cultural, 1985.

SUNDBO, J. The Theory of Innovation: entrepreneurs, technology and

strategy. Cheltenham: Edward Elgar, 1998.

TIDD, J., John Bessant, e Keith Pavitt. Managing Innovation: integrating

technological, managerial and organizational change. 2nd Edition.

Chichester: Wiley, 2001.

Page 103: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

102  

TOLDO, L. Adoção de estratégias de inovação: um estudo em empresas

de software do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. Tese de Mestrado

– Instituto COPPEAD de Administração, 2006.

VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São

Paulo: Atlas, 1997.

VERYZER, R. W. Discontinuos Innovation and the New Product

Development Process. Journal of Product Innovation Management v.15

(1998): p. 305-321.

WHEELER, S., Evan Hirsh, e William F. Stasior. Channel champions : how

leading companies build new strategies to serve customers. São

Francisco: Jossey-Bass, 1999.

WHEELWRIGHT, S. C, e K. B. Clark. Revolutionizing Product Development:

quantum leaps in speed, efficiency, and quality. New York: The Free Press,

1992.

WHIPP, R. e Peter Clark. Innovation and the auto industry. London: Pinter,

1986.

ZACCARELLI, S.B., Estratégia e sucesso nas empresas. São Paulo:

Saraiva, 2000.

ZALTMAN, G., Robert Duncan, e Jonny Holbek. Innovations and

organizations. New York: Wiley, 1973.

ZHANG, T., Ramakrishnon, R. e Livny M. BIRCH: An Efficient Data

Clustering Method for Very Large Datebases. Montreal, Canada:

Proceedings of the ACM SIGMOD Conference on Management of Data, 1996.

Page 104: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

103  

8 Anexo 1 – Perguntas do Questionário

Tabela 19 – Perguntas do Questionário

Questão Pergunta

2.1 Tempo de Atuação no Mercado (anos)

2.2 Em qual área da Indústria Química sua empresa atua?

2.3 Percentual nacional do capital total da empresa:

2.4 Qual foi o faturamento total da sua empresa em 2007?

2.5 Qual o percentual do faturamento de 2007 gerado por produtos lançados comercialmente a partir de 2005?

2.6 Qual sua função na empresa?

2.7 Qual o número de funcionários de sua empresa?

2.8 Sua empresa possui um departamento exclusivo para Pesquisa e Desenvolvimento?

2.9 Qual o % de funcionários envolvidos com atividades de Pesquisa e Desenvolvimento?

2.10 Quantas patentes sua empresa possui?

2.11 Quantas parcerias de desenvolvimento de novos produtos sua empresa estabeleceu com o meio acadêmico nos últimos cinco anos?

2.12 Qual a principal fonte de idéias para o desenvolvimento de novos produtos na sua empresa?

2.13 Quantas feiras, seminários e congressos os funcionários da sua empresa participaram em 2007?

3.1 Pesquisa (Básica e Aplicada): Atividades para gerar novos conhecimentos para a organização

3.2 Desenvolvimento experimental: Atividades de desenvolvimento de produto

3.3 Engenharia de Projeto: Atividades de especificação de novos projetos

3.4 Controle e Qualidade da Produção: Atividades de controle de qualidade durante processo de desenvolvimento de novos produtos

3.5 Serviços técnicos: Atividades de assistência técnica pós-venda

3.6 Registro de Patentes: Atividades de registro de novas patentes

3.7 Informações técnicas e científicas: Atividades de consulta de material científico em artigos técnicos e revistas, além de acesso a novos conteúdos através de feiras, congressos e seminários

3.8 Educação e Treinamento: Atividades regulares e estruturadas de treinamento incentivadas pela empresa para o desenvolvimento de seus funcionários

3.9 Planejamento de Longo Prazo: Atividades de planejamento e desenho de cenários de longo prazo da empresa

3.10 Planejamento de Produto: Atividades de análise de investimentos em futuros lançamentos

4.1 Na pesquisa acadêmica ou científica surgem novas idéias para produtos da minha empresa

4.2 Parcerias com institutos de pesquisa ou universidades são importantes para o processo de desenvolvimento de novos produtos

4.3 O desenvolvimento de produtos é facilitado quando a equipe de projeto é formada por profissionais pós-graduados

4.4 Universidades e centros de pesquisa são celeiros importantes de pessoal capacitado

4.5 Minha empresa tem a estratégia de lançar novos produtos regularmente

4.6 O principal ponto de partida do processo de desenvolvimento de um novo produto é um produto já existente

4.7 Nossos novos produtos são, na maioria das vezes, melhorias de produtos já comercializados pela empresa

4.8 Minha empresa considera os testes com protótipos fundamentais antes da produção para fins comerciais dos novos produtos

4.9 Idéias para novos produtos são registradas pelos funcionários antes do início do desenvolvimento de um novo projeto

4.10 Uma das tarefas mais importantes dos engenheiros da minha empresa é especificar e

Page 105: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

104  

Questão Pergunta detalhar o projeto de um novo produto

4.11 O controle de qualidade através da avaliação do produto pronto é suficiente para garantir um bom produto a meus clientes

4.12 Minha empresa está sempre buscando novas certificações e a manutenção de certificações de qualidade

4.13 É mais importante lançar um produto mais barato que o concorrente, do que um produto diferenciado.

4.14 Minha empresa detalha no papel (ou no computador) qualquer idéia de um novo produto antes de desenvolver um protótipo ou produzir para fins comerciais.

5.1 O pós-venda é fundamental para a estratégia de vendas da empresa

5.2 A empresa considera elaborar manuais ou ministrar cursos de utilização de seus produtos uma forma importante de se aproximar de seus clientes

5.3 Estamos sempre buscando produtos que gerem novas patentes para a empresa

5.4 Consideramos o registro de patentes como uma forma de impedir que nossos produtos sejam copiados

5.5 Antes de lançar um produto no mercado, sempre realizamos (ou encomendamos) uma pesquisa para verificar sua aceitação

5.6 Regularmente nos baseamos em demandas de clientes para o lançamento de novos produtos

5.7 Participação em congressos, feiras e seminários é uma importante atividade no processo de desenvolvimento de novos produtos

5.8 Participação em congressos, feiras e seminários é uma importante atividade no estudo dos produtos da concorrência

5.9 Levamos em consideração mais o nível de escolaridade que a experiência no momento da contratação de novos colaboradores

5.10 Consideramos que atividades de desenvolvimentos de funcionários é fundamental para o processo de desenvolvimento de novos produtos

5.11 Analisamos diversos cenários futuros para tomar a decisão em quais projetos investir

5.12 É mais importante que nossos produtos sejam competitivos no mercado que desenvolver novos produtos

5.13 Preferimos investir em produtos já comercializados a investir em pesquisa e desenvolvimento

5.14 Regularmente precisamos inovar nossos produtos para acompanhar as empresar líderes de nosso segmento

 

   

Page 106: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

105  

9 Anexo 2 – Questionário Web

Apresentação da Pesquisa

Perguntas sobre a empresa do participante

Page 107: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

106  

Page 108: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

107  

Perguntas sobre a importâncias das atividades

Page 109: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

108  

Perguntas de Análise das Afirmações

Page 110: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

109  

Page 111: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

110  

Registro de endereço para recebimento dos resultados da pesquisa

Agradecimento

Page 112: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

111  

10 Anexo 3 – Análises Estatísticas

Intervalos de Confiança

 

 

 

 

Page 113: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

112  

Tabela 20 – Média de Concordância na 3ª parte do questionário – por cluster

Questão Perguntas Média dos Clusters

1 2 3

4.1 Na pesquisa acadêmica ou científica surgem novas idéias para produtos da minha empresa

3,51 3,67 3,97

4.2 Parcerias com institutos de pesquisa ou universidades são importantes para o processo de desenvolvimento de novos produtos

4,11 4,24 4,16

4.3 O desenvolvimento de produtos é facilitado quando a equipe de projeto é formada por profissionais pós-graduados

3,76 3,63 4,06

4.4 Universidades e centros de pesquisa são celeiros importantes de pessoal capacitado

4,19 4,33 4,59

4.5 Minha empresa tem a estratégia de lançar novos produtos regularmente

3,56 3,78 2,63

4.6 O principal ponto de partida do processo de desenvolvimento de um novo produto é um produto já existente

2,97 2,94 3,09

4.7 Nossos novos produtos são, na maioria das vezes, melhorias de produtos já comercializados pela empresa

3,43 3,25 3,78

4.8 Minha empresa considera os testes com protótipos fundamentais antes da produção para fins comerciais dos novos produtos

4,22 4,24 3,81

4.9 Idéias para novos produtos são registradas pelos funcionários antes do início do desenvolvimento de um novo projeto

3,60 3,86 3,06

4.10 Uma das tarefas mais importantes dos engenheiros da minha empresa é especificar e detalhar o projeto de um novo produto

3,51 3,61 3,38

4.11 O controle de qualidade através da avaliação do produto pronto é suficiente para garantir um bom produto a meus clientes

3,37 3,08 2,97

4.12 Minha empresa está sempre buscando novas certificações e a manutenção de certificações de qualidade

4,00 4,14 4,59

4.13 É mais importante lançar um produto mais barato que o concorrente, do que um produto diferenciado.

1,94 1,65 2,25

4.14 Minha empresa detalha no papel (ou no computador) qualquer idéia de um novo produto antes de desenvolver um protótipo ou produzir para fins comerciais.

3,59 3,41 3,28

5.1 O pós-venda é fundamental para a estratégia de vendas da empresa 4,08 4,51 4,31

5.2 A empresa considera elaborar manuais ou ministrar cursos de utilização de seus produtos uma forma importante de se aproximar de seus clientes

4,06 4,12 4,34

5.3 Estamos sempre buscando produtos que gerem novas patentes para a empresa

2,97 2,73 2,84

5.4 Consideramos o registro de patentes como uma forma de impedir que nossos produtos sejam copiados

3,14 2,86 2,81

5.5 Antes de lançar um produto no mercado, sempre realizamos (ou encomendamos) uma pesquisa para verificar sua aceitação

3,03 2,98 2,97

5.6 Regularmente nos baseamos em demandas de clientes para o lançamento de novos produtos

3,92 3,90 3,94

5.7 Participação em congressos, feiras e seminários é uma importante atividade no processo de desenvolvimento de novos produtos

3,97 4,27 3,75

5.8 Participação em congressos, feiras e seminários é uma importante atividade no estudo dos produtos da concorrência

4,05 4,29 4,06

5.9 Levamos em consideração mais o nível de escolaridade que a experiência no momento da contratação de novos colaboradores

3,21 3,14 3,72

5.10 Consideramos que atividades de desenvolvimentos de funcionários é fundamental para o processo de desenvolvimento de novos produtos

3,90 3,90 4,16

5.11 Analisamos diversos cenários futuros para tomar a decisão em quais projetos investir

3,83 3,69 3,84

5.12 É mais importante que nossos produtos sejam competitivos no mercado que desenvolver novos produtos

3,13 2,92 3,38

5.13 Preferimos investir em produtos já comercializados a investir em pesquisa e desenvolvimento

2,86 2,73 3,16

5.14 Regularmente precisamos inovar nossos produtos para acompanhar as empresar líderes de nosso segmento

3,97 4,08 4,25

 

Page 114: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

113  

Tabela 21 – Correlação “Pesquisa Básica e Aplicada”

11

Pesquisa Básica e Aplicada

Na pesquisa acadêmica ou

científica surgem novas idéias para

produtos da minha empresa

Parcerias com institutos de pesquisa ou

universidades são importantes para

o processo de desenvolvimento

de novos produtos

O desenvolvimento

de produtos é facilitado quando

a equipe de projeto é formada por profissionais pós-graduados

Universidades e centros de

pesquisa são celeiros

importantes de pessoal

capacitado

Correlation Coefficient 1.000 -.035 -.564** -.487** -.095

Sig. (2-tailed) . .674 .000 .000 .256

N 146 146 146 146 146Correlation Coefficient -.035 1.000 .361** .521** .728**

Sig. (2-tailed) .674 . .000 .000 .000

N 146 146 146 146 146

Correlation Coefficient-.564** .361** 1.000 .458** .248**

Sig. (2-tailed).000 .000 . .000 .003

N146 146 146 146 146

Correlation Coefficient -.487** .521** .458** 1.000 .454**

Sig. (2-tailed) .000 .000 .000 . .000

N 146 146 146 146 146

Correlation Coefficient -.095 .728** .248** .454** 1.000

Sig. (2-tailed) .256 .000 .003 .000 .N

146 146 146 146 146

**. Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).

Correlations

Spearman's rho Pesquisa Básica e Aplicada

Na pesquisa acadêmica ou científica surgem novas idéias para produtos da minha empresa

Parcerias com institutos de pesquisa ou universidades são importantes para o processo de desenvolvimento de novos produtos

O desenvolvimento de produtos é facilitado quando a equipe de projeto é formada por profissionais pós-graduadosUniversidades e centros de pesquisa são celeiros importantes de pessoal capacitado

Tabela 22 – Correlação “Desenvolvimento Experimental”

12

Desenvolvimento experimental

Minha empresa considera os testes com protótipos

fundamentais antes da

produção para fins comerciais

dos novos produtos

É mais importante que nossos

produtos sejam competitivos no

mercado que desenvolver

novos produtos

Correlation Coefficient 1.000 .182* -.230**

Sig. (2-tailed) . .028 .005N 146 146 146

Correlation Coefficient .182* 1.000 -.337**

Sig. (2-tailed) .028 . .000

N 146 146 146

Correlation Coefficient -.230** -.337** 1.000

Sig. (2-tailed) .005 .000 .

N 146 146 146

*. Correlation is significant at the 0.05 level (2-tailed).

**. Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).

Correlations

Spearman's rho Desenvolvimento experimental

Minha empresa considera os testes com protótipos fundamentais antes da produção para fins comerciais dos novos produtosÉ mais importante que nossos produtos sejam competitivos no mercado que desenvolver novos produtos

Page 115: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

114  

Tabela 23 – Correlação “Engenharia de Projeto”

13

Engenharia de Projeto

Idéias para novos produtos são

registradas pelos funcionários

antes do início do desenvolvimento

de um novo projeto

Uma das tarefas mais importantes dos engenheiros

da minha empresa é

especificar e detalhar o projeto

de um novo produto

Minha empresa detalha no papel

(ou no computador)

qualquer idéia de um novo produto

antes de desenvolver um

protótipo ou produzir para fins

comerciais.

Correlation Coefficient 1.000 -.031 .465** -.526**

Sig. (2-tailed) . .709 .000 .000N 146 146 146 146Correlation Coefficient -.031 1.000 .210* .245**

Sig. (2-tailed) .709 . .011 .003

N 146 146 146 146

Correlation Coefficient .465** .210* 1.000 -.378**

Sig. (2-tailed) .000 .011 . .000

N 146 146 146 146

Correlation Coefficient-.526** .245** -.378** 1.000

Sig. (2-tailed).000 .003 .000 .

N

146 146 146 146

**. Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).

*. Correlation is significant at the 0.05 level (2-tailed).

Correlations

Spearman's rho Engenharia de Projeto

Idéias para novos produtos são registradas pelos funcionários antes do início do desenvolvimento de um novo projetoUma das tarefas mais importantes dos engenheiros da minha empresa é especificar e detalhar o projeto de um novo produtoMinha empresa detalha no papel (ou no computador) qualquer idéia de um novo produto antes de desenvolver um protótipo ou produzir para fins comerciais.

Tabela 24 – Correlação “Controle e Qualidade da Produção”

14

Controle e Qualidade da

Produção

O controle de qualidade através da avaliação do produto pronto é suficiente para

garantir um bom produto a meus

clientes

Minha empresa está sempre

buscando novas certificações e a manutenção de certificações de

qualidade

Correlation Coefficient 1.000 -.004 .007

Sig. (2-tailed) . .962 .936

N 146 146 146Correlation Coefficient -.004 1.000 .061

Sig. (2-tailed) .962 . .462

N 146 146 146

Correlation Coefficient .007 .061 1.000

Sig. (2-tailed) .936 .462 .

N146 146 146

Correlations

Spearman's rho Controle e Qualidade da Produção

O controle de qualidade através da avaliação do produto pronto é suficiente para garantir um bom produto a meus clientesMinha empresa está sempre buscando novas certificações e a manutenção de certificações de qualidade

Page 116: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

115  

Tabela 25 – Correlação “Serviços Técnicos”

15

Serviços técnicos

O pós-venda é fundamental para

a estratégia de vendas da empresa

A empresa considera

elaborar manuais ou ministrar cursos de

utilização de seus produtos uma

forma importante de se aproximar de seus clientes

Correlation Coefficient 1.000 .325** .132

Sig. (2-tailed) . .000 .112

N 146 146 146

Correlation Coefficient .325** 1.000 .380**

Sig. (2-tailed) .000 . .000N 146 146 146

Correlation Coefficient.132 .380** 1.000

Sig. (2-tailed).112 .000 .

N146 146 146

Correlations

Spearman's rho Serviços técnicos

O pós-venda é fundamental para a estratégia de vendas da empresa

A empresa considera elaborar manuais ou ministrar cursos de utilização de seus produtos uma forma importante de se aproximar de seus clientes

**. Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).

Tabela 26 – Correlação “Patentes”

16

Registro de Patentes

Estamos sempre buscando

produtos que gerem novas

patentes para a empresa

Consideramos o registro de

patentes como uma forma de impedir que

nossos produtos sejam copiados

Correlation Coefficient 1.000 .033 -.324**

Sig. (2-tailed) . .693 .000

N 146 146 146Correlation Coefficient .033 1.000 .354**

Sig. (2-tailed) .693 . .000

N 146 146 146

Correlation Coefficient -.324** .354** 1.000

Sig. (2-tailed) .000 .000 .

N146 146 146

Correlations

Spearman's rho Registro de Patentes

Estamos sempre buscando produtos que gerem novas patentes para a empresa

Consideramos o registro de patentes como uma forma de impedir que nossos produtos sejam copiados

**. Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).

Page 117: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

116  

Tabela 27 – Correlação “Informações técnicas e científicas”

17

Informações técnicas e científicas

Antes de lançar um produto no

mercado, sempre realizamos (ou

encomendamos) uma pesquisa

para verificar sua aceitação

Participação em congressos,

feiras e seminários é uma

importante atividade no processo de

desenvolvimento de novos produtos

Participação em congressos,

feiras e seminários é uma

importante atividade no estudo dos produtos da concorrência

Correlation Coefficient 1.000 -.181* .095 -.134Sig. (2-tailed) . .029 .254 .107N 146 146 146 146Correlation Coefficient -.181* 1.000 -.182* .075

Sig. (2-tailed) .029 . .028 .370

N 146 146 146 146

Correlation Coefficient.095 -.182* 1.000 .439**

Sig. (2-tailed).254 .028 . .000

N 146 146 146 146

Correlation Coefficient -.134 .075 .439** 1.000

Sig. (2-tailed) .107 .370 .000 .

N146 146 146 146

*. Correlation is significant at the 0.05 level (2-tailed).

**. Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).

Correlations

Spearman's rho Informações técnicas e científicas

Antes de lançar um produto no mercado, sempre realizamos (ou encomendamos) uma pesquisa para verificar sua aceitaçãoParticipação em congressos, feiras e seminários é uma importante atividade no processo de desenvolvimento de novos produtos

Participação em congressos, feiras e seminários é uma importante atividade no estudo dos produtos da concorrência

Tabela 28 – Correlação “Educação e Treinamento”

18

Educação e Treinamento

Levamos em consideração

mais o nível de escolaridade que a experiência no

momento da contratação de

novos colaboradores

Consideramos que atividades de desenvolvimentos de funcionários é fundamental para

o processo de desenvolvimento

de novos produtos

Correlation Coefficient 1.000 -.023 .300**

Sig. (2-tailed) . .782 .000

N 146 146 146

Correlation Coefficient -.023 1.000 .070

Sig. (2-tailed) .782 . .399

N 146 146 146

Correlation Coefficient.300** .070 1.000

Sig. (2-tailed).000 .399 .

N146 146 146

**. Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).

Correlations

Spearman's rho Educação e Treinamento

Levamos em consideração mais o nível de escolaridade que a experiência no momento da contratação de novos colaboradoresConsideramos que atividades de desenvolvimentos de funcionários é fundamental para o processo de desenvolvimento de novos produtos

Page 118: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

117  

Tabela 29 – Correlação “Planejamento de Longo Prazo e de Produto”

19

Planejamento de Longo Prazo

Planejamento de Produto

Analisamos diversos cenários

futuros para tomar a decisão

em quais projetos investir

Correlation Coefficient 1.000 .127 .299**

Sig. (2-tailed) . .126 .000N 146 146 146Correlation Coefficient .127 1.000 .038

Sig. (2-tailed) .126 . .650

N 146 146 146Correlation Coefficient .299** .038 1.000Sig. (2-tailed) .000 .650 .

N 146 146 146

**. Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).

Correlations

Spearman's rho Planejamento de Longo Prazo

Planejamento de Produto

Analisamos diversos cenários futuros para tomar a decisão em quais projetos investir

Page 119: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

118  

Anexo 4 – Histogramas da 3ª parte do Questionário

Page 120: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

119  

Page 121: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

120  

Page 122: André Luiz D’Aqui Moura Universidade Federal do Rio de ... · jornadas em atividades de recolocação, jogos empresariais e grupos de trabalho; e Gustavo Almeida, que além da

121