análise processo de pintura navios plataformas

39
ANÁLISE DO PROCESSO DE PINTURA NA CONVERSÃO DE NAVIOS EM PLATAFORMAS FPSO Gustavo Medina Araujo Rio de Janeiro 2011

Upload: andre-sampaio

Post on 11-Aug-2015

230 views

Category:

Documents


38 download

TRANSCRIPT

Page 1: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

ANÁLISE DO PROCESSO DE PINTURA NA CONVERSÃO DE

NAVIOS EM PLATAFORMAS FPSO

Gustavo Medina Araujo

Rio de Janeiro

2011

Page 2: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

v

RESUMO

As plataformas FPSOs (Floating, Production, Storage and Offloading) são navios

com capacitados para armazenar o petróleo, e realizar a transferência do petróleo e/ou gás

natural. No Brasil a conversão de navios em unidades flutuantes de produção e estocagem

(FPSO’s),tem sido muito usada pela PETROBRAS para aumentar sua produção de

Petróleo.

A pintura é a mais difundida técnica de proteção anticorrosiva, razão pela qual deve

ser encarada como uma tecnologia complexa, dinâmica, capaz de acompanhar o

desenvolvimento tecnológico em outras áreas e de se adaptar às tendências de um mundo

de economia globalizada, com forte apelo pela preservação do meio ambiente. A pintura

de uma FPSO se constitui num excelente campo de observação, envolvendo diferentes

procedimentos para novas construções e estruturas reaproveitadas.

Este trabalho tem como objetivo demonstrar todo o processo de pintura aplicado

na conversão de FPSOs, unidades que tem sido amplamente utilizadas no Brasil, partindo

desde a inspeção visual, passando pela preparação de superfície, analise de tintas,

esquemas de pintura, aplicação da pintura e terminado na verificação da qualidade da

pintura.

Palavras-chave: Pintura, Plataforma Petrolífera, FPSO, Jateamento, Tintas.

Page 3: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

vi

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1.1 - Exemplo de FPSO ............................................................................................... 1

FIGURA 2.1 - Inspeção Visual ................................................................................................... 3

FIGURA 3.1 - Bolha de Tinta ..................................................................................................... 5

FIGURA 3.2 – Chapa de Aço Laminado a Quente com Presença da Carepa ............................. 6

FIGURA 4.1 - Pistola de Agulhas na Limpeza de Porcas e Parafusos ..................................... 10

FIGURA 4.2 - Operário em Processo de Hidrojateamento ....................................................... 13

FIGURA 4.3 - Comparaçãoe entre perfis de rugosidade .......................................................... 14

FIGURA 6.1 - Sistema de pintura com primer ,intermediária e acabamento ........................... 19

Page 4: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

vii

LISTA DE TABELAS

TABELA 7.1 - RESUMO FUNCIONAL DOS COMPONENTES DE UM SISTEMA DE

PINTURA .................................................................................................................................. 19

Page 5: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

viii

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1

2 INSPEÇÃO VISUAL ............................................................................................ 3

3 CONTAMINATES ................................................................................................ 4

3.1 ÓLEOS OU GRAXAS ............................................................................................ 4

3.2 SUOR......... .............................................................................................................. 4

3.3 COMPOSTOS SOLÚVEIS ..................................................................................... 5

3.4 CAREPA DE LAMINAÇÃO .................................................................................. 6

4 PREPARAÇÃO PARA PINTURA ...................................................................... 8

4.1 LIMPEZA POR FERRAMENTAS MECÂNICAS ................................................ 9

4.1.1 Ferramentas mecânicas ( Elétricas ou a ar comprimido ) ................................ 9

4.1.2 Escovas rotativas .................................................................................................... 9

4.1.3 Lixadeiras rotativas ............................................................................................... 9

4.1.4 Pistola de agulhas ................................................................................................. 10

4.2 LIMPEZA POR JATEAMENTO .......................................................................... 11

4.2.1 Jateamento abrasivo ............................................................................................ 11

4.2.2 Jateamento com areia a úmido ........................................................................... 11

4.3 HIDROJATEAMENTO ........................................................................................ 12

4.3.1 Hidrojateamento com areia ................................................................................ 13

4.4 PERFIL DE ANCORAGEM ................................................................................. 14

5 TEMPO ENTRE O JATEAMENTO E A PINTURA ...................................... 15

6 APLICAÇÃO DA TINTA ................................................................................... 16

6.1 TINTA PRIMÁRIA (PRIMER) ............................................................................. 16

6.2 TINTA INTERMEDIÁRIA (UNDERCOATING OU BODY COAT) ................... 17

6.3 TINTA DE ACABAMENTO (FINISHING OU TOPCOAT) ............................... 18

6.4 MÉTODOS DE APLICAÇÃO DE TINTAS ........................................................ 20

6.4.1 Espalhamento – Trincha e rolo .......................................................................... 20

6.4.2 Pulverização – Pistola convencional e Pistola de ar (AIRLESS) ..................... 20

7 REVESTIMENTOS PARA APLICAÇÃO EM PLATAFORMAS FPSOs ... 21

Page 6: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

ix

7.1 TINTAS EPÓXI SEM SOLVENTES ( NO VOC ) ............................................... 21

7.1.1 Epóxi-Aminas Aromáticas .................................................................................. 22

7.1.2 Epóxi-Aminas Alifáticas Modificadas ............................................................... 22

7.1.3 Epóxi-Aminas Cicloalifáticas .............................................................................. 22

7.1.4 Epóxi Poliamida ................................................................................................... 23

7.1.5 Epóxi Pigmentada Com Alumínio ...................................................................... 23

7.2 Metalização ............................................................................................................ 24

7.3 EXEMPLO DE ESQUEMA DE PINTURA PARA APLICAÇÃO EM

PLATAFORMAS FPSOs BASEADA NA TECNOLOGIA EPÓXI SEM

SOLVENTES ........................................................................................................ 25

7.3.1 Tinta De Fundo (Epóxi Pigmentada Com Alumínio) ....................................... 25

7.3.2 Tinta Intermediaria (Epóxi Poliamida) ............................................................. 25

7.3.3 Tinta De Acabamento (Base De Resina Alquidica) .......................................... 25

8 PINTURA DE CHAPAS NOVAS ...................................................................... 27

9 VERIFICAÇÃO DA QUALIDADE DA PINTURA ........................................ 29

9.1 MEDIÇÃO DAS ESPESSURAS DAS PELÍCULAS DE TINTA ....................... 29

9.2 TESTE DE ADESÃO DAS PELÍCULAS DE TINTA ......................................... 29

9.3 DETERMINAÇÃO DE DESCONTINUIDADE EM PELÍCULA DE TINTA ... 30

10 CONCLUSÕES .................................................................................................... 31

11 REFERÊNCIAS BÍBLIOGRÁFICAS .............................................................. 32

Page 7: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

1 INTRODUÇÃO

A sigla FPSO significa Plataforma Flutuante de Produção, Processamento, Estocagem

e Escoamento de óleo e gás e vem do inglês Floating, Production, Storage and Offloading.

Ainda existem mais duas variações, a FPO (Floating Production and Offloading) – Unidades

Flutuantes de Produção e Descarga e a FSU (Floating Storage Unity) - Unidades Flutuantes de

Armazenamento. Geralmente são navios-plataforma de grande porte que tem capacidade para

produzir, processar e/ou armazenar petróleo e gás natural, estando ancorados em um local

definido. As maiores plataformas FPSOs têm produtividade em torno de 200 mil barris de

petróleo por dia, com produção associada de gás de aproximadamente 2 milhões de metros

cúbicos por dia.

FIGURA 1.1 - Exemplo de FPSO

Fonte: GROVE, 2005

Page 8: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

2

Em seu convés, é instalada uma planta de processo para separar e tratar os fluidos

produzidos pelos poços. Depois da separação da água e do gás, o petróleo gerado pode ser

armazenado nos tanques do próprio navio e/ou transferido para terra através de navios

aliviadores ou oleodutos. O gás comprimido é enviado para terra através de gasodutos e/ou

reinjetado no reservatório.

No Brasil a conversão de navios em unidades flutuantes de produção e estocagem

(FPSO’s), tem sido muito usada pela PETROBRAS para aumentar sua produção de Petróleo.

Durante a sua vida útil, a unidade fica exposta à atmosfera marinha e, em diversas áreas,

submetida a diferentes meios corrosivos, o que implica na especificação de sistemas

comprovadamente eficazes de proteção contra a corrosão.

A pintura é a mais difundida técnica de proteção anticorrosiva, razão pela qual deve

ser encarada como uma tecnologia complexa, dinâmica, capaz de acompanhar o

desenvolvimento tecnológico em outras áreas e de se adaptar às tendências de um mundo de

economia globalizada, com forte apelo pela preservação do meio ambiente. A pintura de uma

FPSO se constitui num excelente campo de observação, envolvendo diferentes procedimentos

para novas construções e estruturas reaproveitadas.

Page 9: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

3

2 INSPEÇÃO VISUAL

A inspeção visual é utilizada para a classificação das superfícies destinadas a receber

pintura anticorrosiva, aplicando-se a superfícies novas não pintadas e a superfícies que já

tenham sido pintadas anteriormente.

A superfície a ser tratada deve ser inspecionada, visualmente, antes de ter inicio a

qualquer procedimento de limpeza ou preparação da superfície. Durante a inspeção deverá ser

marcado e mapeado os locais onde existam vestígios de óleo, graxa, cimentação, pontos de

corrosão e outros materiais estranhos, onde também deverão ser anotados e mapeados os

locais onde não há mais a demão da tinta de acabamento.

FIGURA 2.1 - Inspeção Visual

Fonte : Desconhecida

Page 10: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

4

3 CONTAMINATES

O aço é uma liga ferro-carbono contendo outros elementos tais como Manganês,

Silício, Fósforo e Enxofre, seja porque estes integravam as matérias primas (minérios e coque)

com que foram fabricados, seja porque lhes foram deliberadamente adicionados, para lhes

conferirem determinadas propriedades.

Qualquer material diferente destes, mesmo se tratando de óxidos ou sais do Ferro

sobre a superfície do aço é considerado um contaminante.

Os contaminantes são classificados de acordo com a sua natureza, em:

3.1 ÓLEOS OU GRAXAS

Óleos de usinagem, óleos de prensagem ou óleos protetivos temporários lubrificantes

ou combustíveis espalhados ou derramados sobre a superfície ou levados pelas mãos de

operadores de máquinas. Qualquer gordura, oleosidades ou material estranho à superfície

prejudica a aderência das tintas.

3.2 SUOR

O líquido produzido pelas glândulas sudoríparas possui pH entre 4,5 e 7,5e contém

água, gorduras, ácidos e sais.

O toque das mãos nas superfícies a serem pintadas pode produzir manchas que

causam bolhas nas tintas e aceleram a processo de corrosão. O manuseio das peças prontas

para serem pintadas deve ser feito sempre com as mãos protegidas por luvas limpas. Mesmo

Page 11: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

5

quando as peças já estiverem pintadas, aguardando aplicações de demãos subsequentes, não se

deve tocá-las com as mãos desprotegidas, por que há o risco de contaminação entre as demãos.

3.3 COMPOSTOS SOLÚVEIS

As tintas, por mais modernas que sejam, nunca devem ser aplicadas sobre superfícies

contaminadas por compostos solúveis, pois há um grande risco deque sejam formadas bolhas

quando as peças forem submetidas a ambientes úmidos ou corrosivos.

As bolhas nas tintas se formam por causa da “OSMOSE”, que é a passagem de água

na forma de vapor através da película de tinta, do lado de menor concentração para o lado de

maior concentração de compostos solúveis.

FIGURA 3.1 - Bolha de Tinta [5]

Page 12: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

6

3.4 CAREPA DE LAMINAÇÃO

A carepa de laminação é uma camada de óxidos de ferro formada na superfície do aço

no processo de laminação a quente. A carepa é formada na faixa de temperatura entre 1250º C

e 450º C. Basta aquecer qualquer peça de aço em temperaturas dentro desta faixa que o

oxigênio reage com o ferro e forma-se a carepa. Durante o resfriamento a chapa se recobre de

uma camada cinza azulada. A carepa recentemente formada tem as seguintes características: é

aderente, impermeável, dura, lisa, e pode apresentar espessuras de 15 até vários milhares de

micrometros (a espessura depende do tempo que o aço fica exposto a temperaturas da faixa;

esta é a razão do porque chapas grossas têm carepas mais espessas: quanto maior a massa,

mais tempo demora a esfriar).

FIGURA 3.2 – Chapa de Aço Laminado a Quente com Presença da Carepa [5]

Analisando características da carepa tem-se a conclusão de que se trata de um ótimo

revestimento anticorrosivo. Se comparássemos uma camada de carepa com uma camada de

tinta, no mesmo ambiente pelo mesmo tempo, a pintura apresentaria um desempenho superior.

A explicação é que a tinta apresenta flexibilidade suficiente para acompanhar os movimentos

da base sem se trincar ou fissurar. A carepa não possui flexibilidade e não acompanha os

Page 13: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

7

movimentos do aço sobre a qual foi formada. Por possuir coeficiente de dilatação diferente do

aço e com os movimentos diários de dilatação por causa do calor do sol e com a contração

devido a temperaturas serem mais frias durante as noites, a carepa acaba se trincando e se

destacando levando a tinta junto consigo.

Outro problema da pintura sobre a carepa de laminação é que por ser uma superfície

muito lisa, há dificuldade de aderência da tinta. Pelos motivos acima expostos a carepa deve

ser removida completamente antes da pintura, inclusive a carepa dos cordões de solda,

formada pelo intenso calor gerado na operação.

Page 14: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

8

4 PREPARAÇÃO PARA PINTURA

Preparação da superfície significa executar operações que permitam obter limpeza e

rugosidade. Essa limpeza elimina os materiais estranhos, como contaminantes, oxidações e

tintas mal aderidas, que poderiam prejudicar a aderência da nova tinta. A rugosidade aumenta

a superfície de contato e também ajuda a melhorar esta aderência

O grau de preparação de superfície depende de restrições operacionais, do custo de

preparação, do tempo e dos métodos disponíveis, do tipo de superfície e da seleção do

esquema de tintas em função da agressividade do meio ambiente.

O desempenho da tinta, sua aderência à superfície, sua resistência e durabilidade, não

dependem exclusivamente da sua qualidade e características técnicas, mas também do estado e

preparo das superfícies em que foram aplicadas. De nada adianta aplicar tinta da melhor

qualidade se o substrato estiver contaminado com graxas, óleos, ferrugem, incrustações, etc.

A durabilidade de qualquer sistema de pintura depende diretamente da qualidade da

preparação da superfície. O preparo de superfície constitui uma etapa importantíssima na

execução da pintura, e está diretamente ligada ao seu bom desempenho. O preparo de

superfície é realizado com dois objetivos principais:

Limpeza superficial: Trata-se da remoção da superfície de materiais que possam

impedir o contato direto da tinta com o aço, tais como diversos tipos de pós, gorduras,

óleos, combustíveis, graxas, ferrugem, carepa de laminação, resíduos de tintas, suor e

outros. O nível requerido de limpeza superficial variará de acordo com as restrições

operacionais existentes, do tempo e dos métodos disponíveis para a limpeza, do tipo de

superfície presente e do sistema de pintura escolhido, uma vez que as tintas possuem

diferentes graus de aderência sobre as superfícies metálicas.

Page 15: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

9

Ancoragem mecânica: O aumento da rugosidade superficial proporciona um aumento

da superfície de contato entre o metal e a tinta, contribuindo, desse modo, para o

aumento da aderência. O perfil de rugosidade especificado está ligado à espessura da

camada seca.

4.1 LIMPEZA POR FERRAMENTAS MECÂNICAS

4.1.1 Ferramentas mecânicas (Elétricas ou a ar comprimido)

As ferramentas mecânicas são equipamentos movidos a energia elétrica ou a ar

comprimido (pneumáticas), que por terem mais força, proporcionam melhor rendimento e

melhor qualidade na limpeza do que as manuais.

4.1.2 Escovas rotativas

São utilizadas sobre aço novo ou sobre aço enferrujado ao grau C da norma sueca SIS

05 5900 [6]. Não são recomendadas para aço com carepa intacta, pois a carepa é mais dura dos

que as cerdas de aço das escovas.

4.1.3 Lixadeiras rotativas

Promovem uma limpeza de superfície razoável e conseguem remover carepa, porém

este processo é antieconômico e inviável porque o seu rendimento é muito baixo. No entanto,

para a remoção de ferrugem e tintas velhas e criar uma rugosidade razoável, a lixa pode ser

Page 16: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

10

empregada e deve ser mantida em um ângulo de 15º sobre a peça a ser trabalhada,

pressionando ligeiramente. Uma pressão excessiva provocará um rendimento baixo, além de

desgastar rapidamente o disco de lixa.

4.1.4 Pistola de agulhas

A pistola de agulhas, agulheira, ou desencrustador é uma ferramenta a ar comprimido

que percute agulhas de (carbeto de tungstênio) por meio de um martelete pneumático. Remove

ferrugens, tintas velhas e até carepas, mas tem baixa eficiência. É usada só onde outros

métodos são impraticáveis, pois produz muito ruído e vibração.

FIGURA 4.1 - Pistola de Agulhas na Limpeza de Porcas e Parafusos [5]

Fonte: Gnecco, 2003.

Page 17: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

11

4.2 LIMPEZA POR JATEAMENTO

O jateamento é um processo de preparação de superfícies que utiliza o impacto de

partículas abrasivas movimentadas em alta velocidade sobre uma superfície, objetivando a

remoção da pintura, ferrugem, e demais materiais contaminantes, deixando o substrato pronto

para receber um novo tratamento superficial criando um perfil de rugosidade favorável à

ancoragem do revestimento a ser aplicado após o jateamento. Dos muitos métodos utilizados,

o jateamento abrasivo produz uma preparação de superfície mais uniforme e por isso, na

maioria das vezes é o mais utilizado e também o mais econômico.

4.2.1 Jateamento abrasivo

A limpeza por jateamento abrasivo pode ser feita de duas maneiras: por ar comprimido

ou por turbinas centrífugas. Os abrasivos mais usados em operações de jateamento são: areia,

granalhas de aço e óxido de alumínio.

Quando se utiliza areia seca, este sistema gera muita poluição. Portanto, recomenda-se

a utilização de granalha metálica, reduzindo assim uma alta porcentagem de partículas sólidas

em suspensão. Através deste processo, não é possível obter uma rugosidade uniforme na

superfície, devido ao jateamento ser realizado manualmente.

4.2.2 Jateamento com areia a úmido

Este processo é praticamente o mesmo do jateamento a seco, exceto que é introduzida

água na corrente de ar + areia. Existem vários métodos, todos baseados no molhamento da

areia antes do bico, no bico, ou após o bico.

Page 18: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

12

O Jateamento com areia úmido pode ser feito com ou sem inibidor de corrosão:

Jateamento sem inibidor de corrosão: A água deve ser limpa e ligeiramente

alcalinizada (pH acima de 8,5),o processo deve ser rápido e após o jateamento, deve-se

secar rapidamente a superfície com ar comprimido limpo e seco.

Jateamento com inibidor de corrosão: O inibidor mais usado é o Nitrito de Sódio (Na

NO),a concentração mais usada: 0,5% (1 kg de nitrito para cada 200 de água), após o

jateamento à úmido, deve se lavar com água limpa e secar rapidamente com ar

comprimido limpo e seco.

4.3 HIDROJATEAMENTO

O processo de pintura aplicado na conversão de navios em plataformas FPSOs consiste

em uma pintura de manutenção onde abaixo da película de tinta já existe um perfil de

ancoragem. Dada as condições, o Hidrojateamento desponta como método ideal a ser

utilizado na remoção da camada de tinta .

O Hidrojateamento é considerado totalmente ecológico, consistindo no jateamento com

água sob alta pressão (20.000 a 45.000 psi). Nestas condições a água consegue remover a

carepa, as ferrugens e as tintas velhas. Como não há abrasivo na limpeza, não produz

rugosidade suficiente na superfície para o recebimento da primeira pintura . Por isso, o

hidrojateamento é indicado para superfícies já jateadas anteriormente. O hidrojateamento é

indicado para superfícies que já foram jateadas uma vez, por que removendo a tinta velha,

expõe a rugosidade do jateamento original.

O hidrojateamento pode ser realizado paralelamente a outras etapas da obra tais como

montagem, serviços de caldeiraria, reparos elétricos e pintura, propiciando redução no prazo

de execução e de custos.

Page 19: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

13

Ao contrário de outros tratamentos com abrasivos secos, os resíduos sólidos do

hidrojateamento são 95% menores do que a jateamento abrasivo. Além da limpeza da

superfície, outra propriedade muito importante desse processo é a remoção de sais solúveis

que podem ficar aderidos ao substrato. A eficiência dessa remoção é 85% maior também.

FIGURA 4.2 - Operário em Processo de Hidrojateamento

Fonte: Pisos Industriais, 2001.

4.3.1 Hidrojateamento com areia

Este processo é semelhante ao hidrojateamento, porém há a introdução da areia na

corrente de água. As pressões são menores do que no hidrojateamento, da ordem de 6.500 psi.

Consegue-se rugosidade suficiente para a aderência das tintas.

Page 20: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

14

4.4 PERFIL DE ANCORAGEM

Perfil de ancoragem é a altura máxima da rugosidade produzida pelo abrasivo na

superfície, medindo desde os vales até os picos mais altos. A profundidade obtida é controlada

pelo tamanho do grão do abrasivo utilizado. No impacto das partículas do abrasivo contra a

superfície, a carepa de laminação é arrancada e parte do metal também. Este impacto provoca

uma aspereza na superfície. A rugosidade provocada pelo abrasivo na superfície pode ser

medida e é chamada de perfil de rugosidade ou perfil de ancoragem.

O perfil de ancoragem é obtido quando se executa o processo completo de jateamento

da superfície (incluindo a lavagem inicial com água e detergente).

O perfil deve ser controlado, porque se for muito alto podem ficar picos fora da

camada de tinta e por este motivo, a corrosão se iniciará a partir destas áreas e se for muito

baixo a tinta pode não aderir satisfatoriamente. O perfil de Ancoragem ideal é aquele entre

1/4 e 1/3 da espessura total da camada de tinta somadas todas as demãos. Por exemplo, se a

espessura é igual a 120 µm, o perfil deverá estar entre 30 e 40 µm.

FIGURA 4.3 - Comparação entre perfis de rugosidade [5]

Page 21: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

15

5 TEMPO ENTRE O JATEAMENTO E A PINTURA

O tempo em que a superfície jateada pode ficar sem pintura, depende das condições de

clima e de localização do ambiente onde a superfície ficará exposta:

Entre 30% e 70%, o tempo de umidade relativa do ar pode ser de 8 horas.

Entre 70% e 85%, o tempo de umidade relativa do ar não deve passar de 4 horas.

Ambiente industrial agressivo ou à beira mar, não deve passar de 2 horas.

Se houver poeira no ar ou chuvisco de torres de resfriamento, deverá ser providenciada

a cobertura do local com lonas e o tempo deverá ser o mínimo possível.

Se a umidade relativa do ar estiver acima de 85%, não deve ser efetuado nem o serviço

de jateamento, nem o de pintura.

Os tempos acima são apenas indicativos, pois cada situação particular deve ser

avaliada quanto aos contaminantes presentes na atmosfera.

Page 22: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

16

6 APLICAÇÃO DA TINTA

Após a preparação da superfície a recontaminação por algum tipo de substância torna

necessária a aplicação de uma primeira demão de tinta, o mais rapidamente possível. Em se

tratando de FPSOs, a umidade tem fator relevante na escolha das técnicas de aplicação bem

como das tintas escolhidas.

Neste contexto, ganham importância tintas surface tolerant, que são tintas aplicáveis

em superfícies com umidade residual ou até completamente molhadas, com destaque para uma

tecnologia de tinta epóxi sem solventes que, além não ter restrições em relação a ponto de

orvalho, permite a aplicação sob condições de umidade relativa acima de 85%, nas quais uma

pintura convencional não deve ser aplicada.

Os sistemas de pintura aplicados em FPSOs são geralmente compostos por: uma tinta

primária ou de base (primer), uma tinta intermediária (undercoating ou body coat) e uma tinta

de acabamento (finishing ou topcoat).

6.1 TINTA PRIMÁRIA (PRIMER)

O primer é a tinta de base, sendo considerado o mais importante componente dos

sistemas de pintura, uma vez que contém os pigmentos anticorrosivos para assegurar uma boa

proteção do substrato.

As principais características de um primer são listadas como segue:

Aderência (forte ligação ao substrato);

Coesão (alta resistência interna);

Inércia e proteção anticorrosiva (forte resistência aos agentes químicos e corrosivos);

Page 23: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

17

Dilatação (flexibilidade apropriada).

O primer é a base na qual o restante do sistema de pintura é aplicado, sendo a base

para aderência do sistema de pintura total. O primer deve também ser uma base compatível e

adequada para a camada subsequente (seja o intermediário ou o acabamento). Primers,

portanto, têm três condições essenciais: aderência ao substrato, fornecimento de uma

superfície que permita uma aderência adequada dos revestimentos posteriores e,

principalmente, proteção anticorrosiva ao substrato.

Os primers são aplicados às vezes para proteção do metal por certo tempo, antes das

aplicações posteriores, chamando-se então tinta de oficina (shopprimer). Portanto, eles devem

também ter suficiente resistência à atmosfera para proteger o substrato de qualquer corrosão

durante o período desejado.

Os primers também, sob certas condições (particularmente onde eles são utilizados

para condições de imersão), devem ter resistência química equivalente ao restante do sistema

de pintura para proteção satisfatória contra a solução química na qual ele estiver imerso. Esta

propriedade é geralmente associada com a impermeabilidade do sistema de pintura e, a menos

que o primer seja tão altamente resistente quanto o restante do sistema, a quebra sob o filme

poderia causar rápida corrosão.

6.2 TINTA INTERMEDIÁRIA (UNDERCOATING OU BODY COAT)

As tintas intermediárias são geralmente utilizadas em sistemas de pintura para

complementar as características mecânicas e de impermeabilidade do sistema, permitindo

alcançar maiores espessuras e assegurando maior resistência iônica.

A formulação de um revestimento intermediário é importante, primeiramente, pelo

aumento da espessura total. A espessura física dos sistemas de pintura melhora muitas outras

propriedades essenciais de um revestimento, como o aumento da resistência química, redução

Page 24: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

18

da velocidade de transporte de vapor, aumento da resistência elétrica, resistência à abrasão e

resistência ao impacto. A tinta intermediária deve também ter forte aderência ao primer e ser

uma boa base para o acabamento, para que não haja problemas de aderência entre camadas.

6.3 TINTA DE ACABAMENTO (FINISHING OU TOPCOAT)

Os acabamentos também desempenham importantes funções em um sistema de

pintura:

Fornecem um selamento resistente para o sistema de pintura;

Formam a barreira inicial ao ambiente;

Fornecem resistência aos agentes químicos, água e intempéries;

Produzem uma superfície resistente ao desgaste;

Fornecem aparência e características estéticas de cor, textura e brilhos finais.

Em algumas situações, no entanto, a tinta intermediária fornece a barreira principal ao

ambiente, enquanto o acabamento é aplicado para diferentes finalidades. O acabamento pode

se utilizado para produzir uma superfície antiderrapante, enquanto que o intermediário e o

primer fornecem a barreira ao ambiente.

Page 25: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

19

FIGURA 6.1 - Sistema de pintura com primer ,intermediária e acabamento [5]

TABELA 6.1 - RESUMO FUNCIONAL DOS COMPONENTES DE UM SISTEMA DE

PINTURA [5]

Page 26: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

20

6.4 MÉTODOS DE APLICAÇÃO DE TINTAS

Na pintura industrial os dispositivos mais usuais para aplicação de tintas são: trincha,

rolo, pistola convencional e pistola airless. A finalidade destes dois dispositivos são as

mesmas, ou seja, aplicar a tinta para obtenção de uma película uniforme sobre uma superfície.

Os métodos podem ser classificados em dois grupos:

6.4.1 Espalhamento – Trincha e rolo

A tinta líquida, como se encontra no recipiente, é aplicada espalhando-se na superfície.

Normalmente, a espessura aplicada não é uniforme e não se consegue aplicar espessuras

elevadas com as tintas de alta espessura, requerendo, neste caso, maior número de demãos. O

seu rendimento produtivo é bastante baixo.

6.4.2 Pulverização – Pistola convencional e Pistola de ar (AIRLESS)

A tinta líquida é pulverizada antes de chegar à superfície. Esta pulverização se faz

usando-se pistola convencional com auxilio de ar comprimido, e com pistola sem ar (airless)

mediante elevada pressão na tinta e posterior descompressão através de um bico com

geometria especial.

A pulverização tem vantagens sobre o espalhamento, por conseguir maior rendimento

produtivo, melhor acabamento da película, uniformidade e espessuras mais elevadas.

Page 27: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

21

7 REVESTIMENTOS PARA APLICAÇÃO EM PLATAFORMAS FPSOs

As plataformas FPSOs além da retirada do petróleo do fundo do mar também fazem o

refino e a separação do óleo, do gás e da agua provenientes do petróleo. Para o processo de

separação utilizam a Planta de Processo que é composta por um montante de pré-aquecedores

que fazem com que essa unidade opere em altas temperaturas, temperaturas que ultrapassam a

barreira dos 140º C (temperatura necessária para separação), e esse calor gerado é dissipado

por toda superestrutura. Esse fator faz com que o sistema de pintura a ser escolhido deva

suportar essas condições de temperatura - principalmente nas zonas próximas a Planta de

Processo, sem que suas propriedades químicas e físicas sejam alteras. Dos sistemas de pintura

conhecidos os que mais se destacam devido a eficiência, vida útil e custo são os baseados na

tecnologia epóxi sem solvente (No VOC) .

7.1 TINTAS EPÓXI SEM SOLVENTES (NO VOC)

Os revestimentos baseados na tecnologia epóxi sem solventes apresentam excelente

desempenho anticorrosivo podendo ser aplicadas como primer ou como tinta de acabamento e

tem sido usados nos FPSOs PETROBRÁS. Apresentam boa aderência em substrato úmido, ou

seja, em superfície preparada com hidrojateamento com ultra-alta pressão e excelente

resistência química, em água salgada, superfícies expostas, as altas temperaturas de trabalho

da unidade, a óleos minerais e solventes. Seu desempenho anticorrosivo é superior a qualquer

tinta epóxi de altos sólidos convencionais.

São indicadas para uso em plataformas de petróleo, gasodutos, navios, incluindo

tanques de lastro, estruturas portuárias, tanques e silos de armazenamento, torres de

transmissão de energia, estruturas metálicas e equipamentos instalados na orla marítima,

transportadores de minérios, pontes, tubulações, industrias de papel e celulose, fertilizantes,

açúcar e álcool.

Page 28: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

22

Alguns tipos de tintas epóxi sem solventes:

7.1.1 Epóxi-Aminas Aromáticas

As aminas aromáticas estão sendo pouco usadas devido ao seu grau de toxicidade e sua

cor escura. Geralmente são aminas sólidas que necessitam ser fundidas e misturadas a quente

com a resina e posteriormente curadas a altas temperaturas. Devido a todo este processo, são

emitidos muitos vapores amínicos corrosivos e tóxicos. Quando curado, este sistema propicia

boa resistência química, elétrica, excelente resistência a hidrólise, boa resistência térmica.

7.1.2 Epóxi-Aminas Alifáticas Modificadas

São em sua maioria, líquidos de baixa viscosidade com odor característico e irritante..

Em geral são moléculas pequenas e muito voláteis, que basicamente, reagem através dos seus

radicais hidrogênio livre.

As tintas Aminas Alifáticas Modificada possuem como vantagens: rápida cura a

temperatura ambiente, baixo custo, baixa viscosidade, boa resistência, química e fácil mistura

com a resina, e como desvantagens: curto tempo de trabalho, alta exotermia, alta toxicidade,

relação critica de mistura e pode causar “blush”(névoa ou oleosidade superficial).

7.1.3 Epóxi-Aminas Cicloalifáticas

As aminas cicloalifáticas, diferentemente das alifáticas possuem anéis cíclicos fazendo

com que apresentem menor volatilidade, maior estabilidade a luz, menor reatividade e melhor

Page 29: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

23

retenção de cores. Em estado puro encontra grande dificuldade de cura a temperatura

ambiente, devido a sua baixa reatividade.

As tintas aminas ciclialifáticas possuem como vantagens: baixa viscosidade, excelente

estabilidade de cor ,alto brilho, boa resistência química e fácil mistura com a resina, e como

desvantagens: alto custo, cristalização, baixa reatividade e média resistência térmica.

7.1.4 Epóxi Poliamida

As poliamidas são obtidas através da reação de dimerização de aminas alifáticas como

o dietilenotriamina com diácidos ou ácidos graxos de cadeia longa, resultando em polímeros

de alto peso molecular que variam de um líquido viscoso até a sólidos.

As tintas Poliamidas possuem como algumas vantagens: baixa toxicidade, bom poder

de adesão, boa flexibilidade, relação de mistura não critica, longo tempo de trabalho e boa

resistência a água, e como desvantagens: alta viscosidade, custo elevado, baixa resistência

térmica, baixa resistência química e longo tempo de cura.

7.1.5 Epóxi Pigmentada Com Alumínio

É aplicado geralmente em equipamentos industriais em geral, onde a preparação de

superfície por jateamento abrasivo é impraticável.

Apresenta a possibilidade de aplicações em uma única demão em altas espessuras com

custo por m² menor que os produtos tradicionais. Permite uma boa ancoragem sobre

superfícies de aço carbono ou de aço galvanizado, preparadas através de limpeza mecânica ou

por jateamento úmido, podendo ser repintado com diversos tipos de acabamento.

Page 30: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

24

É um primer universal apropriado para repintura sobre tintas envelhecidas, porém

integras.

7.2 METALIZAÇÃO

A metalização é uma técnica de pintura empregada em situações onde os revestimentos

orgânicos não podem ser aplicados, ou não apresentam tanta eficácia. É o caso das Zonas da

Planta de Processo onde a tintas comuns não consegue suportar as condições operacionais,

devido as altas temperatura.

Esses revestimentos são aplicados normalmente em equipamentos de difícil acesso

(guindastes), alta temperatura (acima de 120C ) ou na zona de variação de maré (tubulações).

Eventualmente esses revestimentos são aplicados em meio totalmente imerso como no caso de

segmentos do sistema de ancoragem e tanques de lastro de risers.

Na metalização, as matérias-primas mais utilizadas são o alumínio e o zinco. A

aplicação se dá por uma pulverização conhecida como Termal Spray (aspersão térmica), no

caso do alumínio, TSA. O metal, em forma de pó ou arame, fundido, é impelido a aderir

contra o substrato. Existem vários métodos de aspersão térmica, chama oxiacetilênica, arco

elétrico, chama de alta velocidade (HVOF), plasma e detonação.

Page 31: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

25

7.3 EXEMPLO DE ESQUEMA DE PINTURA PARA APLICAÇÃO EM

PLATAFORMAS FPSOS BASEADA NA TECNOLOGIA EPÓXI SEM SOLVENTES

7.3.1 Tinta De Fundo (Epóxi Pigmentada Com Alumínio)

Aplicar uma demão de tinta de fundo à base de resina epóxi pigmentada com alumínio,

com uma espessura de película seca de 80 µm, em conformidade com a Norma N-2288 da

PETROBRAS [15], por meio de trincha ou rolo, em todas as áreas que tiveram as superfícies

tratadas.

7.3.2 Tinta Intermediaria (Epóxi Poliamida)

Aplicar uma demão de tinta intermediária a base de resina epóxi curada com

poliamida, com uma espessura de película seca de 120 µm, em conformidade com a Norma N-

1211 da PETROBRAS [11], por meio de trincha ou rolo, em todas áreas que sofreram

tratamentos e pintura de fundo.

7.3.3 Tinta De Acabamento (Base De Resina Alquidica)

Aplicar uma camada de tinta de acabamento a base de resina alquídica, na cor cinza

Munsel 6.5 para o tanque e vermelho Ferrari para o cabeçote, ambas com uma espessura de

película seca de no mínimo 30 µm, conforme Norma N-2492 PETROBRAS [16].

Page 32: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

26

Obs.: Em todas as etapas de aplicação das tintas deve-se seguir rigorosamente o

boletim técnico do fabricante da tinta observando:

Tempo de secagem ao toque;

Tempo de secagem para repintura / demão;

Tempo de cura;

Tempo de vida útil da mistura;

Tipo de aplicação (pistola / rolo / trincha);

Diluição / homogeneização;

Para diluir a tinta usar o diluente recomendado pelo fabricante da tinta.

Page 33: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

27

8 PINTURA DE CHAPAS NOVAS

Na pintura de novas chapas o hidrojateamento não pode ser usado com máxima

eficiência, pelo fato de não conferir o perfil de ancoragem necessário para a adesão correta da

tinta.

Nas chapas novas é necessário que seja removida a carepa de laminação que não

constituem superfície ideal para fixação da tinta. Apesar dos estudos e avanços na área, essa

remoção é feita a maneira antiga através do tratamento com abrasivos sólidos.

Na construção naval utiliza-se comumente a técnica denominada de shop-primer, que

função proteger as estruturas contra a corrosão, enquanto aguardam a pintura definitiva, e

facilitar os processos de soldagem, reduzindo assim os consumos de oxigênio e acetileno.

O shop-primer comum nada mais é do que um sistema epóxi-poliamida/óxido-de-ferro

com baixo teor de sólidos e que apresenta película seca de baixa coesão.

Atualmente os compostos ricos em zinco passaram a substituir os pigmentados com

óxido de ferro, havendo assim uma melhoria na qualidade do produto, mas esses também são

de baixa coesão e não representaram sensível melhoria no desempenho nos esquemas de

pintura.

Os procedimentos de pintura tradicionais requerem a remoção da camada de shop-

primer antes da aplicação do esquema de pintura definitivo.

Alguns estaleiros evitam a total remoção da camada de shop-primer alegando

problemas na redução de custos operacionais e assim um segundo jateamento não se faz

necessário. Isso contribui, de certa forma, para o desenvolvimento de novos shop-primers e

novos procedimentos de aplicação, sempre tendo em vista a redução de custos e melhoria da

tecnologia.

A pintura de estruturas novas em estaleiro pode ser dividida em dois tipos: a de chapas

em unidades automáticas de jateamento e pintura e a de grandes estruturas executada por

processo convencional.

Page 34: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

28

Nas unidades automáticas, devido a velocidade do processo, se faz necessário o uso de

tintas com secagem ultra-rápida. A tinta recomendada nesse processo é shop-primer

modificado, formulado com uma relação PVC/CPVC muito próxima a da tinta epóxi sem

solvente de acabamento. Quando comparada a um shop-primer convencional ela apresenta

maior aderência, coesão e resistência a corrosão.

A relação entre espessura da tinta de fundo e rugosidade do substrato influencia

diretamente as propriedades anteriormente mencionadas. A tinta com melhores propriedades

de coesão, mantidas as características de soldabilidade, pode ser aplicada com maior espessura

e assim proteger melhor, e por mais tempo, o aço contra a corrosão, facilitando a pintura

definitiva.

Page 35: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

29

9 VERIFICAÇÃO DA QUALIDADE DA PINTURA

9.1 MEDIÇÃO DAS ESPESSURAS DAS PELÍCULAS DE TINTA

A medição da espessura é feita inicialmente com a película úmida durante a aplicação e

finalmente com a película seca. Deve ser feita para cada demão de tinta aplicada em

conformidade com a Norma N-2135 da PETROBRAS [12].

A medição da espessura da película úmida é normalmente feita pelo próprio pessoal de

execução, pois visa a controlar as condições de aplicação, evitando descontinuidades ou

consumo exagerado de tinta.

A medição da espessura da película seca é feita para cada 250m² de área pintada.

9.2 TESTE DE ADESÃO DAS PELÍCULAS DE TINTA

Trata-se também de um teste frequentemente utilizado para efeito de controle da

qualidade na aplicação das tintas.

Existem dois métodos para execução do teste de adesão. O primeiro é o método do

corte em X, que é particularmente empregado para avaliar a adesão de tintas inorgânicas de

Zinco e outras tintas com espessura superior a 100µm por demão. O segundo é o teste

quadriculado, que é empregado para as demais tintas.

No teste de adesão em forma de quadriculado deve- se

em conformidade com a Norma

N-2241da PETROBRAS [14]:

Efetuar cinco cortes com 50 mm de comprimento, espaçados de 5 mm;

Efetuar cinco cortes com a mesma característica perpendicular aos primeiros;

Page 36: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

30

Colar uma fita adesiva;

Arrancar a fita adesiva instantaneamente.

O teste de adesão em forma de X assemelha-se ao quadriculado

e deve ser efetuado em

conformidade com a NORMA ASTM D-3359

[7].

O resultado do teste de adesão consiste na avaliação da quantidade de película de tinta

arrancada pela fita adesiva aplicada sobre a região do corte. As tintas que apresentam

excelente adesão não são removidas pela fita.

9.3 DETERMINAÇÃO DE DESCONTINUIDADE EM PELÍCULA DE TINTA

O teste de descontinuidade normalmente ocorre após a conclusão da aplicação de

esquemas de pintura de alto desempenho. Quando efetuado, deve abranger toda a superfície

pintada. É especialmente recomendado para esquemas de pintura que irão trabalhar em

imersão permanente.

O teste é feito em conformidade com a Norma N-2137

da PETROBRAS

[13].

Na Petrobras,

existem dois diferentes aparelhos para avaliar eventuais

descontinuidades no esquema de pintura. Ambos têm como mesmo objetivo avaliar a

capacidade de uma corrente elétrica atravessar a película da tinta.

Page 37: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

31

10 CONCLUSÕES

A conversão de navios em unidades flutuantes de produção e estocagem (FPSO s) tem

sido muito usada pela PETROBRAS para aumentar sua produção de Petróleo. Durante a sua

vida útil, a unidade fica exposta à atmosfera marinha e, em diversas áreas, submetida a

diferentes meios corrosivos, o que implica na especificação de sistemas comprovadamente

eficazes de proteção contra a corrosão.

A pintura é amplamente aceita como o principal processo anticorrosivo, a proteção

anticorrosiva, seja no casco seja nos tanques de carga ou, até mesmo, nos principais

equipamentos da embarcação, é uma preocupação constante. O navio, em geral, tem sua vida

útil limitada por problemas relacionados à corrosão que provoca danos as estruturas submersas

e causa diversos tipos de prejuízos econômicos, como por exemplo, o aumento no consumo de

combustível das embarcações por tornar a superfície dos cascos irregular e rugosa,

aumentando assim o arrasto e diminuindo a velocidade de navegação.

Uma nova visão de esquema de pintura, com ênfase na qualidade da especificação,

critérios de inspeção, tintas menos dependentes de condições climáticas, processos

enquadrados em conceitos de proteção ambiental e saúde ocupacional, é apresentada como

fator de redução de custos.

A tecnologia de pintura baseada em hidrojateamento e tinta epóxi sem solventes especial

tem se mostrado a mais ideal para os esquemas de pintura offshore, pois é menos sensível a

variações e controles de parâmetros ambientais e, também, compatível com hidrojateamento

em regiões confinadas.

Já para locais ou equipamentos com dificuldade de execução de pintura, excessivas

interrupções para manutenção, temperatura elevada ou condições de operação que provoquem

uma degradação acelerada das tintas, o revestimento mais indicado é aspersão térmica de

alumínio (TSA) com selante orgânico.

Page 38: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

32

11 REFERÊNCIAS BÍBLIOGRÁFICAS

1. ABRACO, Rio de janeiro: Apostilas Técnicas do Curso de Inspetor de Pintura (Nível

I), 2008.

2. AGENTES DE CURA PARA RESINAS EPÓXI, Disponível em <

http://www.silaex.com.br/agentes%20de%20cura.htm > acessado em 30 de junho

de 2011.

3. ANATIN, Informações Técnicas. Disponível em <

http://www.anatin.com.br/dicas.html > acessado em 25 de maio de 2011.

4. CARVALHO, Leonardo. A. S.; FILHO, Antônio. F.S.; Aspectos Técnicos de

Aplicação da Pintura Industrial na Proteção Anticorrosiva em Superfície Metálica,

Disponível em : < http://info.ucsal.br/banmon/Arquivos/Art3_0031.doc > acessado

em 23 de Junho de 2011.

5. GNECCO, C; MARIANO, R; FERNANDES, F; Tratamento de Superfície e Pintura,

Rio de janeiro: Instituto Brasileiro de Siderurgia, Centro Brasileiro da Construção em

Aço, 2003.

6. NORMA SIS-05-59 00, Pictorial Surface Preparation Standards for pinting steel

surfaces, 1967.

7. NORMA ASTM D-3359, Measuring Adhesion by tape test, 1983.

Page 39: Análise Processo de Pintura Navios Plataformas

33

8.

PETROBRAS, Exploração e Produção de Petróleo e Gás. Disponível em <

http://www.petrobras.com.br/pt/quem-somos/perfil/atividades/exploracao-producao-

petroleo-gas/ > acessado em 24 de junho de 2011.

9.

PETROBRAS, Norma N-6, Tratamento de Superfícies do Aço com Ferramentas

Manuais e Mecânicas, 1998.

10.

PETROBRAS, Norma N-9, Tratamentos de superfícies de Aço com Jateamento

Abrasivo, 1998.

11.

PETROBRAS,

Norma

N-1211, Tinta Intermediária Epóxi Poliamida.

12.

PETROBRAS, Norma N-2135,

Determinação de Espessuras de Películas Secas de

Tintas, 1992.

13.

PETROBRAS, Norma N-2137, Determinação de Descontinuidade em Película Seca de

Tinta, 2007.

14.

PETROBRAS, Norma N-2241, Determinação de aderência de películas secas de tintas,

1997.

15.

PETROBRAS, Norma N-2288, Tinta de Fundo Epóxi Pigmentada com Alumínio.

16.

PETROBRAS, Norma N-2492,

Tinta de acabamento

Epóxi

alquídica.

17. PROTEÇÃO ANTICORROSIVA PODE REUNIR CUSTOS, DESEMPENHO E

PROTEÇÃO AMBIENTAL, Disponível em < http://www.editoravalete.com.br/site_petroquimica/edicoes/ed_239/ed_239a.html >

acessado em 22 de junho de 2011.