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Universidade do Estado do Pará Centro de Ciências Biológicas e da Saúde Curso de Graduação em Enfermagem Cintia da Silva Moraes Juliana da Costa Santana Mayara Nicodemos da Conceição Sara Maria da Costa Negrão Vilma Regina Ferreira Rodrigues Análise do perfil epidemiológico de um grupo de pacientes portadores de doença vascular hipertensiva da cidade de Belém Belém 2014

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Page 1: Análise do perfil epidemiológico de um grupo de pacientes portadores de doença vascular hipertensiva da cidade de belém

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Universidade do Estado do Pará Centro de Ciências Biológicas e da Saúde Curso de Graduação em Enfermagem

Cintia da Silva Moraes Juliana da Costa Santana

Mayara Nicodemos da Conceição Sara Maria da Costa Negrão

Vilma Regina Ferreira Rodrigues

Análise do perfil epidemiológico de um grupo de pacientes portadores de doença vascular

hipertensiva da cidade de Belém

Belém 2014

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Cintia da Silva Moraes Juliana da Costa Santana

Mayara Nicodemos da Conceição Sara Maria da Costa Negrão

Vilma Regina Ferreira Rodrigues

Análise do perfil epidemiológico de um grupo de pacientes portadores de doença vascular hipertensiva da cidade de Belém

Trabalho avaliativo semestral apresentado como requisito parcial de avaliação das disciplinas da 2ª série/bloco I do Curso de Graduação em Enfermagem.

Belém 2014

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RESUMO

A doença vascular hipertensiva é caracterizada por uma elevação constante da pressão sanguínea sistólica e/ou diastólica e acomete milhões de pessoas. Em geral, seu tratamento é baseado em terapias farmacológicas de medicamentos pertencentes a distintas classes de anti-hipertensivos para, assim, reduzir eventos de morbidade e mortalidade cardiovasculares e controlar os níveis pressóricos em uma faixa normal. Este estudo tem como objetivo a análise quantitativa descritiva e qualitativa dos efeitos e da eficácia da terapia medicamentosa adotada por pacientes com doença vascular hipertensiva através do perfil epidemiológico dos mesmos. O método adotado foi a realização de uma entrevista estruturada junto a pacientes portadores de doença vascular hipertensiva de uma unidade de saúde, de determinados domicílios e do local de trabalho dos pesquisadores, de modo a obter informações a respeito da terapêutica adotada pelos mesmos. Foram levados em consideração determinados fatores como idade, gênero, presença de comorbidade ou patologia associada, entre outros. Em geral, verificou-se que a maioria dos indivíduos segue a monoterapia e os demais utilizam a terapêutica combinada, sendo que as drogas anti-hipertensivas mais utilizadas são a Losartana Potássica e a Hidroclorotiazida, e a maioria dos relatos dos entrevistados demonstrou efeitos benéficos, satisfação e melhorias no quadro clínico destes de acordo com a terapia medicamentosa adotada. Dessa forma, verificou-se que, embora o tratamento relatado pelos entrevistados, em geral, esteja de acordo com as recomendações do Ministério da Saúde, há necessidade de acompanhamento periódico dos pacientes portadores de doença vascular hipertensiva pelos profissionais de saúde, a fim de manter o tratamento medicamentoso adequado com o mínimo de efeitos adversos e evitar complicações mais sérias à saúde. Palavras-chave: Doença Vascular Hipertensiva. Classes de anti-hipertensivos. Tratamento farmacológico anti-hipertensivo.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 4

2 REFERENCIAL TEÓRICO 5

2.1 ASPECTOS GERAIS 5

2.2 FÁRMACOS ANTI-HIPERTENSIVOS 6

2.2.1 Diuréticos 7

2.2.2 Betabloqueadores 8

2.2.3 Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina 10

2.2.4 Bloqueadores dos Receptores AT1 da Angiotensina II 11

2.2.5 Bloqueadores dos Canais de Cálcio 12

2.3 TRATAMENTO FARMACOLÓGICO 13

2.3.1 Escolha Terapêutica 13

2.3.2 Monoterapia 14

2.3.3 Terapêutica Combinada 14

3 MÉTODO 16

3.1 LOCAIS 16

3.2 PARTICIPANTES 16

3.3 EQUIPAMENTOS E MATERIAIS 16

3.4 PROCEDIMENTOS 17

3.4.1 Procedimentos de Coleta 17

3.4.2 Procedimentos de Análise 17

4 RESULTADOS 18

5 DISCUSSÃO 23

6 CONCLUSÃO 27

REFERÊNCIAS 29

APÊNDICE A 31

APÊNDICE B 32

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1 INTRODUÇÃO

A Doença Vascular Hipertensiva (DVH) é uma condição clínica que é

caracterizada pela elevação dos valores normais da pressão sanguínea sistólica

e/ou diastólica que são de 120 mmHg e 80 mmHg, respectivamente. Uma vez que

um indivíduo apresenta o quadro clínico da DVH, é necessário estabelecer um

tratamento farmacológico para, possivelmente, diminuir o alto índice de morbidade e

mortalidade cardiovasculares, sendo este o objetivo primordial, assim como manter

os níveis pressóricos controlados, decorrentes da patologia em questão. (BRASIL,

2013, 2006; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA,

2010; VICTOR, 2009; ESTEVES, 2014).

Dessa maneira, é necessário levar em consideração determinados fatores,

como a idade, o gênero, a presença de comorbidade ou patologia associada, dentre

outros, os quais influenciam na necessidade de adotar medidas não farmacológicas

ou de estabelecer uma terapêutica medicamentosa de acordo com os mecanismos

de ação específicos das classes anti-hipertensiva (BRASIL, 2013, 2006). Deste

modo, verificam-se dois tipos de terapia: a monoterapia e a terapêutica combinada

(BRASIL, 2006; VICTOR, 2009). Com isso, foram analisados determinados fatores

que influenciam na escolha das drogas anti-hipertensivas, sendo estas de suma

importância para a análise da eficácia terapêutica em questão.

Em vista das problemáticas reveladas através dos resultados obtidos, o

presente artigo visa analisar qualitativa e quantitativamente os aspectos referentes

ao perfil epidemiológico e tratamento farmacológico da DVH relatados pelos

entrevistados no curso desta pesquisa. A referida análise busca abordar diversas

características do tratamento em questão, como a sua adequação e eficácia quanto

à idade, gênero, etnia, categoria de terapia farmacológica realizada, dentre outros

aspectos.

Dessa forma, busca-se definir quais motivos levaram os pacientes à procura

pelo tratamento da patologia estudada, se o tratamento farmacológico realizado

pelos indivíduos analisados está de acordo com o preconizado pelo Ministério da

Saúde, adequados para o biotipo e especificidades de cada portador de DVH, e se

este tratamento tem apresentado eficácia, levando-se em consideração os efeitos

adversos e melhoras do quadro clínico relatados.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 ASPECTOS GERAIS

A Doença Vascular Hipertensiva (DVH) é uma condição clínica caracterizada

pela elevação da pressão sanguínea sistólica e/ou da pressão sanguínea diastólica,

que, quando em estado normal, apresentam valor de 120 mmHg e 80 mmHg,

respectivamente. Consequentemente, este quadro clínico apresenta a hipertensão

arterial como principal sinal da doença, embora, na maioria dos casos, esta se

apresenta assintomática, sendo considerada uma assassina silenciosa. Esta

também pode implicar, geralmente, em determinadas manifestações patológicas por

alterações na fisiologia e/ou metabolismo dos sistemas envolvidos na regulação da

pressão sanguínea nas artérias, e desencadear processos patológicos secundários

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010; WILLIAMS,

2002; VICTOR, 2009; ESTEVES, 2014).

É uma doença considerada comum entre os países desenvolvidos que

acomete milhões de pessoas de distintas faixas etárias, sendo prevalente em

indivíduos acima de sessenta e cinco anos de idade. De acordo com inquéritos

populacionais em cidades do Brasil, nos últimos vinte anos a DVH teve uma

prevalência de 35,8% no gênero masculino e de 30% no gênero feminino, sendo que

nas mulheres há uma relação com a idade em que, com as alterações hormonais da

menopausa, é registrado um aumento de casos da doença nestas, em geral, após

os 50 anos de idade (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA,

2010; WILLIAMS, 2002). Dessa maneira, Victor (2009, p. 507) acrescenta:

Antes de 50 anos de idade, a prevalência de hipertensão é um pouco mais baixa

em mulheres que em homens, sugerindo um efeito protetor de estrogênio. Após a

menopausa, a prevalência de hipertensão aumenta rapidamente em mulheres e

excede aquela em homens.

A Sociedade Brasileira de Cardiologia, Sociedade Brasileira de Hipertensão,

Sociedade Brasileira de Nefrologia (2010), acrescenta que a DVH é mais frequente

em pessoas que não são de etnia branca, e Brasil (2013, p. 60) ressalta que “Na

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população negra, a prevalência e a gravidade da hipertensão é maior, o que pode

estar relacionado a fatores étnicos e/ou socioeconômicos. [...].”.

A DVH pode ser classificada de acordo com os níveis da pressão sistólica e

da pressão diastólica, que são de suma importância para a avaliação e continuidade

do atendimento ao paciente. Esta classificação é dividida em estágios, são eles:

Hipertensão estágio I, com níveis tensionais de 140-159/90-99 mmHg; Hipertensão

estágio II, com 160-179/100-109 mmHg; e Hipertensão estágio III, com pressão

arterial maior ou igual a 180/110 mmHg (BRASIL, 2013; SOCIEDADE BRASILEIRA

DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE

BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010).

Uma vez que um indivíduo apresenta o quadro clínico da DVH, é necessário

estabelecer um tratamento adequado para reduzir possíveis eventos de morbidade e

mortalidade cardiovasculares e manter os níveis pressóricos controlados, sendo

necessária a verificação de fatores condicionais, como idade, gênero, etnia,

presença de comorbidades entre outros, que influenciam na escolha terapêutica. Em

alguns casos, pacientes portadores de DVH conseguem regular a pressão

sanguínea com a adoção de medidas não farmacológicas, porém, na maioria dos

casos, é adotado o tratamento farmacológico que consiste no uso de fármacos anti-

hipertensivos (BRASIL, 2006, 2013; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA;

SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE

NEFROLOGIA, 2010; VICTOR, 2009).

2.2 FÁRMACOS ANTI-HIPERTENSIVOS

Os fármacos anti-hipertensivos atuam nos locais anatômicos do organismo

que estão relacionados com a elevação da pressão sanguínea, de modo a

estabelecer um mecanismo de ação regulatório da pressão sistólica e diastólica para

que os níveis pressóricos sejam inferiores a 140/90 mmHg e, em situações

específicas, valores inferiores a 130/85 mmHg. Além disso, eles são,

primordialmente, utilizados para reduzir possíveis eventos de morbidade e

mortalidade cardiovasculares (BRASIL, 2013; SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE

BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010).

Esses fármacos possuem mecanismos de ação específicos e, dessa

maneira, pertencem a distintas classes de anti-hipertensivos, que são: diuréticos;

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inibidores adrenérgicos (ação central, betabloqueadores e alfabloqueadores);

inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina (ECA); bloqueadores dos

receptores AT1 da Angiotensina II (BRA II); bloqueadores dos canais de cálcio

(BCC); vasodilatadores diretos; e inibidores diretos da renina (BENOWITZ, 2005;

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010; VICTOR,

2009; WILLIAMS, 2002). A seguir, há a relação característica apenas das classes

dos diuréticos, betabloqueadores, inibidores da ECA, BRA II e dos BCC.

2.2.1 Diuréticos

Os diuréticos são medicamentos antigos, com preços relativamente mais

acessíveis e, em geral, apresentam-se como escolha inicial para o tratamento anti-

hipertensivo. Seu mecanismo de ação é a depleção de sódio corporal que promove

uma diminuição do volume extracelular e, consequentemente, redução do débito

cardíaco (BRASIL, 2006, 2001; BENOWITZ, 2005; VICTOR, 2009; WILLIAMS,

2002).

Eles apresentam uma boa resposta ao exercerem efeitos vasodilatadores

diretos, por isso, são amplamente utilizados como fármacos de primeira escolha no

tratamento anti-hipertensivo, sejam associados ou não a outros medicamentos, pois

estudos recentes demonstraram que o uso destas drogas tem reduzido morbidades

e mortalidades cardiovasculares em diversas condições, como idade, gênero, etnia,

presença de comorbidades entre outras com o uso destas drogas (BENOWITZ,

2005; BRASIL, 2013; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA,

2010; WILLIAMS, 2002). Segundo Brasil (2010), os diuréticos e os BCC, não sendo

contraindicados, são as classes mais eficientes racionalmente para o tratamento da

DVH em população negra (apud BRASIL 2013).

Os diuréticos são subdivididos em: tiazídicos, diuréticos de alça e diuréticos

poupadores de potássio. Os mais utilizados são os diuréticos tiazídicos, pois

apresentam uma longa meia-vida, que favorece uma ação prolongada no organismo

e reduz a necessidade de altas doses, visto que é mais eficiente um tratamento com

baixas doses. Na monoterapia, os diuréticos e os BCC são mais potentes que os

inibidores da ECA e os BRA II, particularmente, em indivíduos de etnia negra, porém

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os dois últimos potencializam os efeitos destes primeiros quando são associados

(BENOWITZ, 2005; VICTOR, 2009).

A hidroclorotiazida é um diurético tiazídico amplamente utilizado e

apresenta-se eficaz no tratamento anti-hipertensivo, principalmente, em pacientes

portadores de DVH: sem comprometimento renal; maiores de 55 anos ou de etnia

negra em qualquer faixa etária; com hipertensão estágio I da DVH. Este

medicamento é recomendado como droga inicial, pois promove reação

compensatória reflexa com ação prolongada no organismo (BRASIL, 2001, 2006,

2013).

Segundo Brasil (2001), estudos recentes tem demonstrado uma menor

excreção urinária de cálcio em pacientes portadores de DVH com o uso da

hidroclorotiazida, sendo este um possível fator para a redução de fraturas em

idosos. Esta droga apresenta-se na forma de comprimido com dose diária

recomendada de 12,5 - 50 mg sendo 24 horas o intervalo de dose (BRASIL, 2006).

Os principais efeitos adversos dos diuréticos são: hipopotassemia (por vezes

seguida de hipomagnesemia), hiperuricemia, intolerância à glicose, que gera um alto

risco de desenvolvimento do quadro clínico inicial do diabetes mellitus, além do

aumento de triglicérides (BRASIL, 2013; SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE

BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010; VICTOR, 2009). Benowitz (2005) ressalta

que estes efeitos são minimizados com a utilização de baixa dose e sem o

comprometimento da ação dos diuréticos no organismo.

2.2.2 Betabloqueadores

Os betabloqueadores são drogas que bloqueiam os receptores beta das

catecolaminas, com isso, reduzem a frequência cardíaca, o débito cardíaco e a

síntese de renina no organismo. O uso destes é indicado em indivíduos com idade

inferior a sessenta anos de idade, pois não têm sido documentadas reduções

relevantes dos casos de morbimortalidades em pessoas em faixa superior a esta

(BRASIL, 2001; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA,

2010; WILLIAMS, 2002).

Estes também são indicados a pessoas que não apresentam comorbidade

ou patologia associada, pois no caso do diabetes mellitus, por exemplo, os

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betabloqueadores de primeira e segunda geração, como o propranolol e atenolol,

respectivamente, podem causar intolerância à glicose, o que acarreta em uma

complicação desta patologia associada a DVH, entretanto, as drogas de terceira

geração, como o carvedilol, possuem ação neutra não apresentando o efeito

adverso citado anteriormente (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA;

SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE

NEFROLOGIA, 2010; VICTOR, 2009).

Apesar de serem protocolados pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2001) e

reduzir eventos de morbidade e mortalidade cardiovasculares, o seu uso, em

determinados casos, nem sempre é recomendado como droga de primeira linha

para o tratamento anti-hipertensivo. Isto se deve ao fato da revisão sistemática da

Cochrane com treze ensaios clínicos randomizados ter demonstrado pouco efeito

farmacológico dos betabloqueadores em reduzir casos de acidente vascular

encefálico (AVE) e de doenças coronarianas, e pouca eficácia comparados à classe

dos diuréticos tiazídicos, inibidores da ECA e BCC (apud BRASIL, 2013; VICTOR,

2009). Entretanto, segundo Khan e Mcalister (2006), há relatos de algumas

evidências em que o uso dos betabloqueadores tem sido benéfico em reduzir casos

de morbimortalidades cardiovasculares em populações jovens (apud BRASIL, 2013).

Nesta classe, há o uso do atenolol e do succinato de metoprolol como

alguns dos medicamentos utilizados no tratamento farmacológico da DVH, sendo

que ambos são drogas de segunda geração e de caráter seletivo, e o último,

segundo estudos recentes, tem apresentado eficácia em reduzir casos de morbidade

e mortalidade cardiovasculares, independente de faixa etária, em pessoas com

insuficiência cardíaca associada a DVH. O uso destes é contraindicado em

indivíduos com asma brônquica, doença pulmonar obstrutiva crônica ou com

bloqueio atrioventricular e, segundo Williams (2002), também não é indicado a

pessoas diabéticas (BRASIL, 2013; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA;

SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE

NEFROLOGIA, 2010).

A dose mínima e dose máxima recomendada, respectivamente, para

administração do atenolol é de 25 mg e 100 mg, e a do succinato de metoprolol é de

25 - 50 mg e 200 mg (BRASIL, 2013). Quando estes são administrados em doses

baixas, há uma maior seletividade sobre os receptores β1 em relação aos β2.

Recentes meta-análises sugeriram que o uso do atenolol não é tão eficaz em reduzir

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processos patológicos cardiovasculares quando comparado ao das outras classes

de anti-hipertensivos (BRASIL, 2013; VICTOR, 2009). De acordo com Castanho

(2013), o uso do succinato de metoprolol em homens com DVH de leve a moderada

tem demonstrado uma redução do risco de doenças de origem cardiovascular, e tem

apresentado redução da pressão sanguínea sistólica e/ou diastólica em homens e

mulheres tanto na posição supina quanto na ortostática.

Os principais efeitos adversos desta classe são: broncoespasmo,

bradicardia, distúrbios da condução atrioventricular, vasoconstrição periférica,

insônia, pesadelos, depressão psíquica, astenia e disfunção sexual (BRASIL, 2013;

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010).

2.2.3 Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina

Os inibidores da ECA são drogas eficazes em reduzir casos de morbidade e

mortalidade cardiovasculares e atuam sobre o sistema renina-angiotensina de modo

a promover o bloqueio da conversão da angiotensina I em angiotensina II, que é um

potente vasoconstritor, no sangue e nos tecidos. São eficientes no tratamento de

pacientes portadores de DVH com insuficiência cardíaca ou com infarto do

miocárdio, e apresentam eficácia em prevenção secundária a casos de AVE

(BENOWITZ, 2005; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA,

2010; VICTOR, 2009; WILLIAMS, 2002).

O uso dos inibidores da ECA, BRA II e dos BCC é recomendado para

pessoas que apresentam quadro clínico de diabetes mellitus, sendo que eles podem

ser associados ou utilizados em monoterapia. Os inibidores da ECA se apresentam

como um medicamento protetor renal, pois, com a utilização destes, há a ocorrência

de uma diminuição intra-glomerular, o que acarreta em um bom funcionamento

renal. O uso destes é contraindicado na gravidez devido a uma possível má

formação fetal (BRASIL, 2013, 2001; BENOWITZ, 2005; VICTOR, 2009).

O Captopril é uma das drogas mais utilizadas dentre os inibidores da ECA e

se mostra eficaz na redução da pressão arterial. Ele se apresenta na forma de

comprimido com doses variáveis de 80 - 320 mg, 12,5 - 150 mg e 5 - 40 mg sendo o

intervalo destas de 6 - 12 horas e 12 - 24. Um fato um pouco preocupante, é a tosse

seca como um dos efeitos adversos deste medicamento que, na maioria dos casos,

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é relatado pelos pacientes com DVH, que, em alguns casos, chegam a abandonar o

tratamento devido a este efeito (BRASIL, 2006, 2013).

O maleato de Enalapril é outro exemplo dentre as drogas desta classe. Este

apresenta efeitos benéficos em indivíduos com insuficiência cardíaca ao melhorar a

função do coração, e promove hipotensão tanto na posição supina quanto na

posição ortostática, entretanto, o uso deste é contraindicado na gravidez. Em geral,

os efeitos adversos são a cefalalgia, cansaço entre outros, sendo contraindicados na

gravidez (GUIMARÃES, 2007).

Os principais efeitos adversos dos inibidores da ECA, de um modo geral,

são: tosse seca, alteração de paladar, e, raramente, casos de hipersensibilidade,

com erupção e angioedema cutâneo (BRASIL, 2013; SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE

BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010; VICTOR, 2009).

2.2.4 Bloqueadores dos Receptores AT1 da Angiotensina II

Os bloqueadores dos receptores AT1 da angiotensina II são drogas que

atuam sobre o sistema renina-angiotensina, e têm como mecanismo de ação o

bloqueio de forma específica dos receptores da angiotensina II de modo a evitar a

ação vasoconstritor favorecendo, assim, a redução da pressão arterial (BENOWITZ

2005; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010; VICTOR,

2009).

Esta classe, quanto ao mecanismo de ação, apresenta-se mais seletiva que

os inibidores da ECA visto que a ação da angiotensina II é impedida pelos BRA II, o

que não ocorre necessariamente com a segunda classe visto que a ECA não é o

único mecanismo que promove a síntese de angiotensina II (BENOWITZ, 2005). Os

BRA II também possuem efeitos benéficos em reduzir morbidade e mortalidade

cardiovasculares, são eficazes em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva e

são úteis em prevenir AVE (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA;

SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE

NEFROLOGIA, 2010).

Dentre os fármacos desta classe, observa-se o losartan e o valsartan como

um dos primeiros bloqueadores comercializados, sendo que o primeiro apresenta

uma pequena meia-vida, com dose inicial sugerida de 50 mg/dia e, em casos de

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insuficiência renal moderada, a redução da dose não é necessária. Além destes

fármacos, observa-se o uso de outros medicamentos como o candesartan,

telmisartan entre outros, sendo que estes foram recentemente aprovados e

apresentam ação semelhante aos do losartan e do valsartan (BENOWITZ, 2005).

As principais reações adversas são: tontura e, raramente, reação de

hipersensibilidade cutânea (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA;

SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE

NEFROLOGIA, 2010; BRASIL, 2013).

2.2.5 Bloqueadores dos Canais de Cálcio

Os bloqueadores dos canais de cálcio têm como mecanismo de ação o

bloqueio da abertura dos canais de cálcio que são ativados pela voltagem do tipo L,

o que inibe o influxo de cálcio nas células musculares lisas dos vasos sanguíneos.

Dessa forma ocorre a dilatação das arteríolas periféricas que desencadeia na

redução da resistência vascular periférica pelo fato da baixa concentração de cálcio

nessas células, e, logo, há a diminuição da pressão arterial até a normalidade

(VICTOR, 2009; BENOWITZ, 2005; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA;

SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE

NEFROLOGIA, 2010).

Esta classe é eficaz em reduzir casos de morbidade e de mortalidade por

patologias cardiovasculares, e, de acordo com Lip e Beevers (1998), em tratamento

terapêutico combinado, esta pode ser associada com as classes dos

betabloqueadores, dos inibidores da ECA ou dos BRA II (apud BRASIL, 2013).

Os BCC são subdivididos em três classes: fenilalquilaminas;

benzotiazepinas ou benzotiazepínicos; e as diidropiridinas. Segundo Victor (2009),

as diidropiridinas de ação curta não devem ser utilizadas por pacientes portadores

de DVH em tratamento, pois ao gerarem ativação simpática reflexa, estas podem

conduzir a um: quadro isquêmico miocárdico, infarto, AVE e, possivelmente, até à

morte. Dessa maneira, é preferível as drogas que são de duração longa. O uso de

drogas desta classe é contraindicado na gravidez, exceto se for extremamente

necessário e não houver outro medicamento que possa ser indicado (BRASIL, 2013;

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010).

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Nesta classe, verifica-se a utilização, em geral, de drogas diidropiridínicas

como o besilato de anlodipino, nifedipino, felodipino dentre outras, sendo que estas

atuam como um potente vasodilatador, o que contribui para o controle dos níveis

pressóricos. Os efeitos adversos gerados pelos BCC são: cefalalgia,tontura, rubor

facial e edema de extremidades, sobretudo maleolar (BRASIL, 2013; SOCIEDADE

BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO;

SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010).

2.3 TRATAMENTO FARMACOLÓGICO

O objetivo primordial do tratamento anti-hipertensivo é reduzir os eventos de

morbidade e mortalidade de origem cardiovascular, além de controlar os níveis

pressóricos. Na maioria dos casos, o método não farmacológico não é suficiente

para reduzir a pressão arterial até a normalidade e, com isso, é iniciado um

tratamento medicamentoso em que serão avaliados os fármacos anti-hipertensivos

que melhor se enquadram para o controle da DVH (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE

BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010; BRASIL, 2006).

2.3.1 Escolha Terapêutica

A escolha terapêutica deve consistir na utilização de qualquer medicamento

anti-hipertensivo comercializado de modo que contenha as indicações e

contraindicações específicas, e fornecer um tratamento adequado ao paciente com

DVH. Dessa maneira, é necessário que o profissional de saúde atente para os

fatores que influenciam na escolha do medicamento a ser utilizado pelo paciente,

sendo que os efeitos adversos devem ser mínimos. Para isso, leva-se em

consideração o estágio da DVH em que o paciente se enquadra, se a pessoa

apresenta comorbidade associada, o histórico familiar, a idade, o gênero, a etnia

entre outros fatores. Além disso, é necessário que o profissional de saúde oriente o

paciente sobre a importância do tratamento, dos efeitos adversos dos

medicamentos, em aderir fielmente a terapêutica adotada entre outras orientações

(BRASIL, 2013, 2006; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA,

2010).

Page 15: Análise do perfil epidemiológico de um grupo de pacientes portadores de doença vascular hipertensiva da cidade de belém

14

2.3.2 Monoterapia

A monoterapia, geralmente, caracteriza-se como estratégia inicial para

pacientes com hipertensão estágio I e que apresentam um risco cardiovascular

baixo ou moderado. Este tratamento consiste na utilização de um medicamento

individualizado e que deve estar baseado nos seguintes elementos: ser eficaz em

reduzir casos de morbidade e de mortalidade cardiovasculares; seja seguro e atue

no mecanismo fisiopatogênico presente no paciente; e ser adequado às

características individuais e condições socioeconômicas dos pacientes (BRASIL,

2006; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010).

O Ministério da Saúde recomenda que a escolha inicial seja de um diurético

tiazídico e, quando em situações específicas, é indicado o uso ou de um

betabloqueador, BCC, inibidores da ECA ou BRA II. Caso a terapêutica adotada não

venha reduzir a pressão arterial, três situações podem ocorrer: a dose deve ser

aumentada; o medicamento é substituído por outro; ou deve ser associado dois ou

mais medicamentos, caracterizando a terapêutica combinada (BRASIL, 2006;

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010).

2.3.3 Terapêutica Combinada

Quando a monoterapia não alcança o objetivo de reduzir os níveis

pressóricos ou se o paciente com DVH apresenta fatores condicionais em que é

necessária a associação de dois ou mais medicamentos, o tratamento adotado é

conhecido como terapêutica combinada. Geralmente, esta terapêutica é

recomendada a pacientes que: possuem alto risco cardiovascular; são diabéticos; ou

apresentam quadro clínico de doença renal crônica dentre outras alterações

patológicas (BRASIL, 2006; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA;

SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE

NEFROLOGIA, 2010).

O ministério da Saúde recomenda que os anti-hipertensivos associados

entre si não devem ser de ações semelhantes, com exceção dos diuréticos

tiazídicos e diuréticos poupadores de potássio. Dessa forma, as associações fixas

consideradas eficazes são diuréticos associados com: diuréticos de ações distintas;

betabloqueadores; inibidores da ECA; BRA II; e BCC. Também ocorre a associação

Page 16: Análise do perfil epidemiológico de um grupo de pacientes portadores de doença vascular hipertensiva da cidade de belém

15

de BCC com: betabloqueadores; inibidores da ECA; e BRA II (BRASIL, 2006;

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010). Dessa

forma, este trabalho visa analisar o perfil epidemiológico de um grupo de pacientes

portadores de DVH da cidade de Belém submetido ao presente instrumento de

estudo, levando em consideração os efeitos e eficácia do tratamento

medicamentoso relatados pelos mesmos.

Page 17: Análise do perfil epidemiológico de um grupo de pacientes portadores de doença vascular hipertensiva da cidade de belém

16

3 MÉTODO

3.1 LOCAIS

A pesquisa em questão foi realizada através da aplicação de roteiro de

entrevista em uma unidade de saúde vinculada a Universidade do Estado do Pará,

localizada em um bairro de classe média na cidade de Belém; em domicílios,

campus universitário e local de trabalho dos pesquisadores.

Na referida unidade de saúde, os entrevistados estavam no consultório de

enfermagem do setor de radioterapia, onde se encontravam sentados, descansados

e aguardando a anamnese. Nos domicílios, no campus universitário e no local de

trabalho dos pesquisadores os entrevistados, do mesmo modo, apresentavam-se

bem acomodados.

3.2 PARTICIPANTES

Os entrevistados nesta pesquisa eram tanto do sexo masculino, quanto do

sexo feminino, ocorrendo a prevalência deste último. Foram entrevistadas vinte

pessoas, das quais, cinco eram homens inclusos na faixa etária de 39 a 84 anos e

quinze eram mulheres, na faixa de 45 a 82 anos. A participação foi de caráter

voluntário, na qual ficou esclarecido que a identidade dos mesmos seria preservada.

De igual modo, 100% dos pacientes submetidos ao roteiro de entrevistas

apresentavam quadro clínico da DVH, estando em processo de tratamento.

3.3 EQUIPAMENTOS E MATERIAIS

Como objetos de suporte para esta pesquisa, foram utilizados: termo de

consentimento livre e esclarecido, juntamente com um roteiro de entrevista, ambos

impressos em papel A4; lápis e lapiseiras, bem como canetas esferográficas em cor

azul ou preta. O termo e o roteiro em questão foram formulados pelos docentes da

Universidade do Estado do Pará, os quais ministram disciplinas à turma da 2ª

série/bloco I, turno manhã; sendo, previamente, aprovados pelo Comitê de Ética da

referida instituição. Os instrumentos aplicados foram de caráter inespecífico, não

exclusivo para DVH, sendo também utilizados por outros discentes da mesma série.

Page 18: Análise do perfil epidemiológico de um grupo de pacientes portadores de doença vascular hipertensiva da cidade de belém

17

3.4 PROCEDIMENTOS

Os procedimentos realizados se desmembraram em duas etapas: a inicial,

na qual foram coletados os dados para a pesquisa mediante o roteiro de entrevista;

e a de análise dos referidos dados.

3.4.1 Procedimentos de Coleta

Os procedimentos de coleta foram realizados nos meses de março e maio

de 2014, procedendo da seguinte forma: uma visita à unidade de saúde, na qual

foram selecionados somente pacientes portadores de DVH, os quais aguardavam

atendimento; e dez visitas em outras localidades, sendo em residências (8); campus

universitário (1) e local de trabalho (1) dos pesquisadores, sendo que, nestes três

últimos, os entrevistados selecionados apresentavam diagnóstico fechado de DVH.

As entrevistas foram conduzidas pelos pesquisadores, sendo primeiramente exposto

o termo de consentimento livre e esclarecido, o qual era assinado por espontânea

vontade pelo participante após o completo entendimento do documento. As

questões levantadas eram formuladas através da livre adaptação do conteúdo do

roteiro de entrevistas, e o registro das respostas foi adaptado. Vale ressaltar que,

durante a entrevista dos participantes, os pesquisadores interrogaram a respeito da

autodeclaração étnica de cada um.

3.4.2 Procedimentos de Análise

A pesquisa realizada apresentou-se de caráter misto, na qual os dados

encontrados foram classificados e categorizados. Quanto à classificação, os

participantes foram divididos em diversos grupos relacionados a determinados

fatores como idade, gênero, etnia dentre outros. Depois, foram divididos em duas

categorias relacionados ao tipo de tratamento adotado, sendo estas: pacientes que

adotam a monoterapia e pacientes que utilizam outros fármacos com terapêutica

combinada, sendo estes aspectos de caráter quantitativo descritivo. Também foi

analisada a eficácia do tratamento farmacológico adotado pelos entrevistados, de

acordo com a qualidade de vida relatada pelos mesmos, sendo, dessa maneira, de

caráter qualitativo.

Page 19: Análise do perfil epidemiológico de um grupo de pacientes portadores de doença vascular hipertensiva da cidade de belém

18

4 RESULTADOS

Os indivíduos entrevistados foram divididos em faixas etárias intercaladas: a

faixa I corresponde dos 31 a 50 anos; a faixa II é dos 51 a 70 anos; e a faixa III é dos

71 a 90 anos (Tabela 1). Dentre eles, observou-se a prevalência de mulheres com

DVH em relação aos homens, sendo que no público feminino houve uma maior

incidência da doença na faixa II, e no gênero masculino ocorreu na faixa I.

Tabela 1: Prevalência da DVH nos homens e nas mulheres em distinta faixa etária.

Faixa Etária Homens Mulheres Total (%)

Faixa I (31 - 50 anos) 3 4 35

Faixa II (51 - 70 anos) 1 7 40

Faixa III (71 - 90 anos) 1 4 25

Outra característica relevante foi o levantamento de dados relacionados com

a autodeclaração étnica de cada entrevistado e, dessa forma, verificou-se a

existência de três grupos: brancos, pardos e negros (Tabela 2). Dentre os vinte, 45%

eram de etnia branca, 35% de etnia negra e 25% de etnia parda.

Tabela 2: Classificação de pessoas com DVH quanto a etnia

Etnia Homem Mulher Total (%)

Branca 2 7 45

Negra 1 5 30

Parda 2 3 25

Quanto a causa ou queixa principal, que foi determinante em conduzir os

indivíduos de forma a procurarem o serviço de saúde, para o diagnóstico da DVH,

observou-se que: 50% destes relataram sentir algum mal estar; 35 % foram casos

de acidente vascular encefálico (AVE); 10 % realizaram exames de rotina; e um

indivíduo (5%) relatou sentir intensa e frequente cefalalgia (Tabela 3).

As mulheres da faixa I apresentaram apenas mal estar e, juntamente com as

da faixa II, representam 80% destes casos, sendo que, destas últimas, uma (7%)

possui quadro clínico de depressão. Dentre os homens, apenas um (20%)

Page 20: Análise do perfil epidemiológico de um grupo de pacientes portadores de doença vascular hipertensiva da cidade de belém

19

apresentou esta queixa, sendo este da faixa I. E em menor incidência estão as

mulheres da faixa III.

Em relação aos que sofreram AVE, foram relatados: 57% dos casos em

mulheres, com predominância nas da faixa III, sendo que dessas, uma (7%)

apresentou como consequência a dislalia e hemiplegia esquerda e uma (7%)

apresenta quadro clínico do diabetes mellitus tipo I; e 43% dos casos em homens,

sem haver prevalência por faixa etária.

Representando a minoria das causas ou queixas principais relatadas,

apenas 10%, dentre as vinte pessoas com DVH, informaram ter diagnosticado a

doença ao realizar exames rotineiros, sendo que estes também apresentam o

quadro clínico do diabetes mellitus tipo II e são de etnia negra, e uma pessoa (5%)

diagnosticou a doença ao procurar o serviço de saúde devido a uma frequente e

intensa cefalalgia.

Tabela 3: Causa ou queixa principal determinante para o acesso ao serviço de

saúde pelos pacientes com DVH.

Causa ou queixa principal Homens Mulheres Total (%)

Acidente Vascular Encefálico (AVE) 3 4 35

Cefalalgia – 1 5

Exames de rotina 1 1 10

Mal estar 1 9 50

Quanto ao tipo de tratamento farmacológico adotado pelos entrevistados,

observou-se que 55% utilizam a monoterapia e 45% seguem uma terapêutica

combinada. De um modo geral, a Losartana Potássica e a Hidroclorotiazida são as

drogas mais utilizados no tratamento, sendo que o uso do primeiro é predominante

em ambas as terapias, já o segundo é frequente em associações com outros

medicamentos anti-hipertensivos e é utilizado por quatro (66,7%) indivíduos dentre

as pessoas de etnia negra e por dois (28,5%) dentre as de etnia branca.

Dentre os que utilizam o tratamento monoterápico, verificou-se que: 45,5%

são a maioria das pessoas que sofreram AVE; 36,5% são algumas das que

diagnosticaram a DVH ao procurarem o serviço de saúde por sentirem algum mal

estar; e 18% são os que relataram ter diagnosticado a doença ao realizarem exames

de rotina.

Page 21: Análise do perfil epidemiológico de um grupo de pacientes portadores de doença vascular hipertensiva da cidade de belém

20

Os indivíduos que realizam a monoterapia relataram o uso de várias drogas

pertencentes a determinadas classes de anti-hipertensivos (Quadro 1), sendo que

36,5% utilizam a Losartana Potássica, dos quais 50% são pessoas que sofreram

AVE e 50% são os que realizaram exame de rotina. Logo abaixo, observa-se o

percentual da utilização dos demais fármacos pelos indivíduos em tratamento

monoterápico (Tabela 4).

Quadro 1: Medicamentos anti-hipertensivos adotados na monoterapia dos indivíduos

com DVH e suas respectivas classes.

Classes de anti-hipertensivos Medicamentos

Betabloqueadores Atenolol

Inibidores da Enzima Conversora de

Angiotensina

Captopril

Enalapril

Diuréticos Tiazídicos Hidroclorotiazida

Bloqueadores dos Receptores AT1 da

Angiotensina II

Losartana Potássica

Micardis® (telmisartana)

Combinação medicamentosa

(BRA II + BCC)

ATACAND® Comb

(candesartana cilexetila + felodipino)

Tabela 4: Distribuição percentual dos medicamentos anti-hipertensivos utilizados

pelos indivíduos em tratamento monoterápico.

Medicamentos Quantidade de pessoas (%)

Atenolol 9

Captopril 9

Enalapril 9

Hidroclorotiazida 9

Losartana Potássica 36,5

Micardis® 18,1

ATACAND® Comb 9

Dentre os que utilizam a terapêutica combinada, observou-se que: 66,5% é a

maioria dos indivíduos que procuraram o serviço de saúde por sentirem algum mal

estar; 22,5% são alguns dos que sofreram AVE; e 11% são os que relataram uma

Page 22: Análise do perfil epidemiológico de um grupo de pacientes portadores de doença vascular hipertensiva da cidade de belém

21

frequente e intensa cefalalgia como queixa principal ao procurarem o serviço de

saúde.

Dentre as associações utilizadas pelos indivíduos que seguem uma

terapêutica combinada, observou-se que a maioria destas é entre a classe anti-

hipertensiva dos bloqueadores dos canais de cálcio com outras classes. Entretanto,

as drogas mais associadas foram a Losartana Potássica e a Hidroclorotiazida, sendo

que estas são adotadas em 50% das associações relatadas (Quadro 2). Dentre as

pessoas que sofreram AVE, observou-se que a associação utilizada pelo indivíduo

que apresenta diabetes mellitus tipo I é a da Losartana Potássica + Selozok®, sendo

esta uma combinação de BRA II + Betabloqueador.

Quadro 2: Associações de medicamentos anti-hipertensivos utilizados por indivíduos

com DVH em tratamento terapêutico combinado.

Combinações de anti-hipertensivos

Besilato de anlodipino + Captopril

Nifedipino + Captopril

Nifedipino + Losartana Potássica + Hidroclorotiazida

Nifedipino + Atenolol + Hidroclorotiazida

Cordarex (besilato de anlodipino) + Hidroclorotiazida

Atenolol + Losartana Potássica

Selozok® (succinato de metoprolol) + Losartana Potássica

Losartana Potássica + Hidroclorotiazida

Dentre os vinte entrevistados, 85% afirmaram não ter dúvidas a respeito da

DVH e consideram ser bem orientados pelos profissionais da área da saúde, e 15%

relataram que não foram bem orientados e apresentam dúvidas quanto a doença.

Outro fato relevante observado, é que, dentre estes, 55% adquirem os

medicamentos anti-hipertensivos por custeio próprio, 30% em postos de saúde e

15% pelo programa farmácia popular.

Em relação a subjetividade e convivência familiar dos entrevistados

verificadas após o início do tratamento farmacológico da DVH: 40% relataram

melhoras, como qualidade na dieta realizada, bem estar pessoal, apoio familiar entre

outros, sendo estes predominantemente da faixa I; 40% descreveram não ter

Page 23: Análise do perfil epidemiológico de um grupo de pacientes portadores de doença vascular hipertensiva da cidade de belém

22

ocorrido alterações, sendo estes, em geral, da faixa III; e 20% relataram aflições e

angústia devido as consequências da doença, como ter que usar cadeiras de rodas,

sentir-se limitado e cansado entre outras, com predominância desta categoria em

pessoas da faixa II.

Page 24: Análise do perfil epidemiológico de um grupo de pacientes portadores de doença vascular hipertensiva da cidade de belém

23

5 DISCUSSÃO

Em relação a faixa etária observada nos estudos, constatou-se nos

entrevistados a maior prevalência de DVH na faixa II, ratificando o que menciona a

Sociedade Brasileira de Cardiologia; Sociedade Brasileira de Hipertensão;

Sociedade Brasileira de Nefrologia (2010),onde afirma-se que 60% dos pacientes

que são hipertensos estão na faixa etária acima de 65 anos.

No levantamento de dados por grupo étnico foi constatado que 45% dos

entrevistados eram de etnia branca, sendo este os mais frequentes, o que diverge

da bibliografia consultada, pois de acordo com Brasil (2013) há uma prevalência da

DVH em indivíduos de etnia negra. Isto pode estar relacionado ao fato deste estudo

analisar apenas um grupo de pessoas em tratamento anti-hipertensivo que foi

selecionado de forma aleatória.

Em relação ao gênero, foi constatada maior frequência de mulheres

portadoras de DVH em relação aos homens, sendo estas, em geral, da faixa II,

estando de acordo com Victor (2009), onde este ressalta que antes dos 50 anos a

incidência da doença nas mulheres é menor, devido este efeito estar, possivelmente,

ligado ao hormônio feminino estrógeno, e após a menopausa observa-se o aumento

da quantidade de mulheres com DVH em relação aos homens.

No levantamento de dados coletados para a causa ou queixa principal que

levaram os entrevistados a recorrerem ao serviço de saúde, foi observado que, 50%

apresentaram mal estar e 35% sofreram AVE. Essas causas podem estar

relacionadas ao fato da doença, na maioria dos casos, ser assintomática, pois,

segundo Victor (2009) a DVH é denominada assassina silenciosa por não

apresentar sinais e/ou sintomas, em geral, e gradativamente ocorrem lesões nos

vasos sanguíneos que culminam em complicações mais sérias à saúde.

Levando em consideração o tratamento farmacológico, observou-se a

aplicabilidade dos dois tipos de terapia: a monoterapia e a terapia combinada.

Quanto à primeira, foi relatado o uso de Losartana Potássica (BRA II),

Hidroclorotiazida (diurético), Captopril (IECA), Enalapril (IECA), Micardis® (BRA II),

Atenolol (β - bloqueador) e ATACAND Comb® (BRAII + BCC).

Segundo Brasil (2013), a Hidroclorotiazida, classificada como diurético

tiazídico, tem uso indicado de maneira favorável em pessoas de etnia negra, idosos

e pacientes em quadro clínico de pós - AVE, o que foi reafirmado no caso da

entrevistada T.M.P., negra, 71 anos, que já sofreu a incidência de AVE, e relata

Page 25: Análise do perfil epidemiológico de um grupo de pacientes portadores de doença vascular hipertensiva da cidade de belém

24

melhorias em seu bem estar e ausência de efeitos adversos perceptíveis com o uso

do fármaco.

Em continuidade, Captopril e Enalapril (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE

BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010) são indicados em incidência de

comorbidades associadas, a exemplo das cardiopatias e diabetes mellitus. No

entanto, estas drogas podem causar efeitos adversos, como a tosse seca, o

angioedema, dentre outros. Em vista disso, E.M., branco, 49 anos, em quadro clínico

pós – AVE e cardiopata, descreve efeitos positivos do tratamento com Captopril,

sem a incidência de efeitos adversos. Já M.N.C, parda, 53 anos, diabética, em

tratamento monoterápico com Enalapril, refere mal estar com o uso do

medicamento. Dessa maneira, observa-se que os fármacos da classe dos IECA

possuem eficácia comprovada, bem como a possibilidade de incidência de efeitos

adversos.

Tratando-se do Atenolol, observa-se a indicação para pacientes com idade

inferiores a 60 anos, não portadores de comorbidades associadas. É contraindicado

para portadores de diabetes mellitus, asma, coronariopatias, dentre outras

patologias. No relato de F.M.O., parda, 45 anos, percebe-se a descrição de

sobrepeso. O medicamento em questão está condizente com a faixa etária da

entrevistada, de acordo com o exposto pela Sociedade Brasileira De Cardiologia;

Sociedade Brasileira De Hipertensão; Sociedade Brasileira De Nefrologia (2010).

Em continuidade, a Losartana Potássica, o Micardis® e ATACAND Comb®,

são considerados menos eficientes que os diuréticos em monoterapia e em negros,

como ressalta Victor (2009, p. 518): “Como monoterapia, eles [BRA II] são menos

potentes que diuréticos ou BCC, particularmente em afro americanos [...]”. No

entanto, ao se comparar a utilização destes fármacos com os resultados obtidos,

percebe-se que 18% dos pacientes que utilizam estas drogas são de etnia negra e

apresentam quadro clínico de diabetes mellitus tipo II, sendo o tratamento adequado

visto que, segundo Brasil (2013), o uso de diuréticos pode agravar esta

comorbidade. Quanto aos efeitos adversos, A.S., branco, 49 anos, relata dores no

pescoço e aumento da sudorese; e M.E.X., pardo, 52 anos, refere sensação de

formigamento nos pés e dificuldades na locomoção. Os sintomas relatados por

ambos não são relacionados em literatura como possíveis efeitos adversos dos

medicamentos em questão.

Page 26: Análise do perfil epidemiológico de um grupo de pacientes portadores de doença vascular hipertensiva da cidade de belém

25

A terapia combinada realizada pelos entrevistados apresentou

medicamentos das variadas classes de anti-hipertensivos. A combinação de

Hidroclorotiazida e Losartana Potássica foi descrita por dois pacientes, ambos do

sexo feminino, sendo os relatos de efeitos adversos, de cefalalgia e mal estar. Victor

(2009, p. 523) ressalta que: “[...] os diuréticos tiazídicos foram a única das seis

classes principais de drogas anti-hipertensivas associadas a mais casos novos de

disfunção sexual masculina [...]”. Reafirmando tal colocação, os resultados desta

pesquisa comprovaram que nenhum homem dos entrevistados faz uso de

Hidroclorotiazida ou outro diurético tiazídico, portanto, não acarretando em tal

consequência para a qualidade de vida e bem estar pessoal.

Também foi descrito o uso da associação de Hidroclorotiazida com Besilato

de Anlodipino, Nifedipino e Atenolol, sendo, em todos os casos, ressaltada a

presença de mal estar. Em relação aos BCC (Anlodipino e Nifedipino), Brasil (2006)

destaca a indicação de tais medicamentos somente para pacientes com idade igual

ou inferior a 65 anos. Em contrapartida, na pesquisa realizada, o uso de tais

medicações em terapia combinada foi referido por V.C.M. e M.L., com respectivas

idades de 80 e 82 anos, o que poderá implicar na diminuição da ação farmacológica

esperada para o medicamento.

Além destas, foram referidas combinações terapêuticas de Captopril com

Nifedipino e Besilato de Anlodipino. As principais reações adversas causadas por

estes dois últimos são: cefalalgia, tontura, rubor facial e edema de extremidades

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010). Todos os

entrevistados em uso de tal terapia relataram presença de mal estar e cansaço

físico, o que prejudica o bem estar. Neste tipo de terapia combinada, também

ressalta-se a descrição de constantes tosse e dor de garganta por A.C.B.A., branca,

64 anos. Isto é abordado por Victor (2009, p. 518), que afirma:

O efeito colateral mais comum dos inibidores da ECA é uma tosse seca. Os

pacientes podem queixar-se não de uma tosse, mas de ter que limpar a garganta,

ou de perda de voz mais tarde no dia. Esses sintomas ocorrem em 3% a 39% dos

pacientes [...] e podem ser eliminados com a mudança para um BRA.

Logo, infere-se que o tratamento para a paciente em questão não está

procedendo de forma adequada, sendo que, neste caso, o fármaco Captopril deveria

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26

ser substituído por um medicamento da classe dos BRA II, como a Losartana

Potássica.

Ainda ocorreram interações de Losartana Potássica com Atenolol e

Succinato de Metroprolol. Estes dois últimos medicamentos pertencem à classe dos

β-bloqueadores, dos quais a Sociedade Brasileira De Cardiologia; Sociedade

Brasileira De Hipertensão; Sociedade Brasileira De Nefrologia, (2010, p 25) afirma

que: “Betabloqueadores de primeira e segunda geração podem acarretar também

intolerância à glicose, induzir ao aparecimento de novos casos de diabetes [...]”. Em

uma das entrevistas, D.L.L., branca, 70 anos, relata ser portadora de diabetes

mellitus e fazer uso de tal terapia combinada. Tal situação é preocupante, em vista

de que, tanto a comorbidade pode ser intensificada devido o tratamento inadequado,

quanto o quadro clínico de DVH pode se cronificar devido o mau uso do fármaco.

Page 28: Análise do perfil epidemiológico de um grupo de pacientes portadores de doença vascular hipertensiva da cidade de belém

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6 CONCLUSÃO

Após o término da pesquisa, foi possível traçar o perfil epidemiológico de

pacientes portadores de DVH, levantou-se informações sobre o tratamento

farmacológico realizado e a avaliação do mesmo feito pelos entrevistados. Foi

demonstrado uma frequência epidemiológica da doença: no biotipo do sexo

feminino; na faixa etária de 51 a 70 anos; e em indivíduos de etnia branca, no

entanto foi significativa a presença desta patologia em pacientes negros , os quais

necessitam de um tratamento farmacológico mais restrito e adequado para atingir os

efeitos e eficácia desejados.

Em relação a avaliação realizada para o tratamentos descrito, verificou-se a

utilização de várias drogas pertencentes as classes de anti-hipertensivos, todas com

eficácia comprovada pelo relato empírico dos pacientes, sendo que algumas

apresentaram efeitos adversos, como o Enalapril e Captopril, por exemplo, e outros

não considerados adequados para o biotipo e especificidades de alguns pacientes,

adequação esta referida pelas bibliografias consultadas, a exemplo do uso de

Captopril com a incidência de tosse, e o uso de um betabloqueador por paciente

com diabetes mellitus.

Por conseguinte, ao analisar o trabalho realizado e os objetivos

estabelecidos pelos pesquisadores, concluiu-se que as metas constituídas foram

alcançadas. Isto é confirmado em vista de que, através do referencial teórico

abordado, resultados obtidos e da discussão construída sobre estes últimos, foi

possível traçar qual o perfil epidemiológico predominante entre os portadores de

DVH entrevistados, bem com efetivar a análise dos tratamentos farmacológicos

descritos por tais pacientes. Deste modo, estabeleceram-se vínculos com as

afirmações fornecidas pelas bibliografias consultadas, observando-se que, na

prática, determinados aspectos relatados por alguns dos entrevistados não

coincidem com os dados apresentados pelos autores nos quais esta pesquisa se

embasou, a exemplo do uso de medicamento não estabelecido como primeira

escolha para o tratamento farmacológico de um paciente portador de diabetes

mellitus, o que, possivelmente, prejudicará a resposta esperada para o tratamento

em questão.

Também foram encontradas dificuldades por parte dos pesquisadores para

relacionar bibliografias referentes ao termo Doença Vascular Hipertensiva, e foi

observado a necessidade de pesquisas mais sistemáticas e abrangentes sobre o

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28

tema em questão, bem como a atualização de literaturas que abordem tal patologia

com a denominação “hipertensão”, em vista de este termo ser componente do

quadro clínico da doença, e não sua denominação mais recente.

Aos leitores deste trabalho, tal abordagem pode apresentar relevância para

vindouras pesquisas sobre a temática abordada, sendo embasada em literaturas

fidedignas. Além deste aspecto, encontra-se informações práticas a respeito do

tratamento farmacológico para a patologia, as quais podem auxiliar na

conscientização de pacientes portadores de DVH a respeito da doença.

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REFERÊNCIAS

BENOWITZ, N. L. Fármacos Cardiovasculares e Renais. In: KATZUNG, B. G. Farmacologia: Básica & Clínica. 9 ed. Cap. 11. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Cadernos de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: Hipertensão Arterial Sistêmica, Brasília, DF, n. 37. 2013. Disponível em: <http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_37.pdf>. Acesso em: 16 Mar. 2014. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Cadernos de Atenção Básica. Hipertensão Arterial Sistêmica, Brasília, DF, n. 15. 2006. Disponível em: <http://dab.saude.gov.br/docs/publicacoes/cadernos_ab/abcad15.pdf >. Acesso em: 16 Mar. 2014. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Coordenação de Desenvolvimento de Práticas da Atenção Básica. Área Técnica de Diabetes e Hipertensão Arterial. Cadernos de Atenção Básica. Hipertensão arterial sistêmica – HAS e Diabetes mellitus – DM: PROTOCOLO, Brasília, DF, n. 7. 2001. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd05_06.pdf>. Acesso em: 16 Mar. 2014. ESTEVES, A. Sinonímia da Doença Vascular Hipertensiva. Orientação verbal não publicada. 2014. MALEATO DE ENALAPRIL: comprimidos. Responsável técnico Alberto Jorge Garcia Guimarães. São Paulo: Biosintética Farmacêutica Ltda., 2007. Bula de remédio. Disponível em: <http://www.ache.com.br/Downloads/LeafletText/185/Maleato%20de%20Enalapril.pdf>. Acesso em: 16 Mai. 2014. SELOZOK: comprimidos. Responsável técnico Daniela M. Castanho. São Paulo: AstraZeneca, 2013. Bula de remédio. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=9532422013&pIdAnexo=1861191>. Acesso em: 10 Mai. 2014.

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SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Arquivo Brasileiro de Cardiologia. v. 95 (1), Supl. 1, p. 1-51, 2010. Disponível em: <http://publicacoes.cardiol.br/consenso/2010/Diretriz_hipertensao_associados.pdf >. Acesso em: 18 Mar. 2014. VICTOR, R. G. Hipertensão Arterial. In: GOLDMAN, L.; AUSIELLO, D. Cecil Medicina. 23 ed. Cap. 66. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. WILLIAMS, G. H. Doença Vascular Hipertensiva. In: KASPER et al. Harrison: Medicina Interna. 15 ed.Cap. 246. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2002.

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APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

“AUTORIZAÇÃO PARA LEVANTAMENTO DE DADOS” TEMA GERADOR: Processo Saúde-Doença no Ser Humano: da Infância à Terceira Idade

Esta atividade acadêmica integrada tem como objetivo desenvolver um

estudo teórico-prático acerca dessa temática, buscando a integração sócio-acadêmica junto à Comunidade. Convidamos você a participar da pesquisa respondendo um conjunto de perguntas sobre o motivo que o traz a este serviço de saúde, na sua condição de paciente ou responsável, na forma de um formulário. Caso não saiba alguma pergunta ou lhe provoque constrangimento, você tem liberdade para não responder.

Para evitar a preocupação de que seus dados sejam divulgados, deixamos claro que as informações obtidas serão utilizadas somente para as atividades acadêmicas da 2ª série bloco I do Curso de Enfermagem e que na divulgação dos resultados seu nome não irá aparecer. Sua participação no estudo é muito importante, pois este levantamento possibilitará o conhecimento do perfil das pessoas atendidas nesta Unidade, com agravos diversos. Nesta pesquisa não será feito nenhum procedimento que lhe traga qualquer desconforto ou risco à sua vida. Não há despesas pessoais para você em qualquer fase do estudo. Não haverá nenhum pagamento por sua participação. Se você tiver dúvidas e desejar esclarecimentos sobre a pesquisa poderá fazer contato com a Universidade do Estado do Pará - UEPA, pelos telefones 3211-1600/ 3211-1602, contatos: Prof. Amauri Esteves e Prof. João Joaquim Costa.

Declaro que compreendi as informações que me foram explicadas sobre o

estudo em questão, autorizando a aplicação do formulário. Ficou claro que a minha participação não tem despesas nem receberei nenhum tipo de pagamento. Concordo voluntariamente em participar desse estudo.

Belém, ____/____/____

____________________________________________ Assinatura do sujeito

____________________________________________

Assinatura do responsável por obter o consentimento

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APÊNDICE B – Roteiro de Entrevista

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CAMPUS IV - ESCOLA DE ENFERMAGEM MAGALHÃES BARATA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

EIXOS TEMÁTICOS: ALTERAÇÕES E REAÇÕES DO ORGANISMO HUMANO/

ENSINO E INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA (2ª Série – Bloco I)

Instrumento para Registro de Dados

TEMA: Processo saúde-doença no ser humano: da Infância à Terceira Idade EIXO I – PERFIL SÓCIO-ECONÔMICO E CULTURAL

1) Idade:......................... 2) Sexo:.................................. 3) Bairro.................................

4) Nacionalidade:..................................... 5) Naturalidade:............................................

6) Escolaridade:.................................................

7) Possui Filhos:................ Quantos:..............

Outros (agregados, enteados etc.):..............................

No caso de criança ou adolescente, informar:

8) Nome do responsável:

........................................................................................................................................

9) Possui irmãos? ....................... Quantos? ................................

10) Quais os alimentos mais consumidos no seu dia-a-dia?

Café da manhã:............................................................................................................

Almoço:........................................................................................................................

Jantar:..........................................................................................................................

Lanches:.......................................................................................................................

11) Pratica alguma atividade física? Qual(is)? Com que frequência? Qual o tempo

dedicado a cada atividade?

........................................................................................................................................

........................................................................................................................................

........................................................................................................................................

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12) Faz uso de:

( ) Álcool ( ) Fumo ( ) Outras drogas

Caso afirmativo, com que frequência?

( ) 1 vez por semana

( ) 2 a 3 vezes por semana

( ) 4 a 5 vezes por semana

( ) todos os dias

EIXO II – PERFIL DESCRITIVO DO AGRAVO

13) O que o levou a procurar o serviço de saúde? (queixa principal)

........................................................................................................................................

........................................................................................................................................

14) Há quanto tempo já sente esses sinais e sintomas e como foi feito o

diagnóstico? (consultas, exames...)

........................................................................................................................................

........................................................................................................................................

15) Como começou essa doença/agravo? (H.D.A.)

........................................................................................................................................

........................................................................................................................................

16) Teve acesso a outro(s) serviço(s) de saúde para tratar deste problema?

........................................................................................................................................

........................................................................................................................................

17) Apresenta alguma complicação em relação a este agravo? Se sim, qual(is)?

........................................................................................................................................

........................................................................................................................................

18) Qual o tipo de tratamento que realiza? Sente algum mal-estar relacionado ao

tratamento? Se sim, qual(is)?

........................................................................................................................................

........................................................................................................................................

19) Como ficou sua vida após o seu diagnóstico, no que diz respeito à convivência

familiar, sua subjetividade (percepção de si mesmo) e outros aspectos que queira

destacar?

........................................................................................................................................

........................................................................................................................................

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EIXO III - SERVIÇOS E ACESSO: 20) Encontrou dificuldades no acesso aos serviços de saúde? Se sim, qual(is)?

........................................................................................................................................

........................................................................................................................................

21) Você tem dúvidas sobre a sua doença?

( ) sim ( ) não

Você considera que está bem orientado sobre seu tratamento?

( ) sim ( ) não

Como você avalia as orientações recebidas?

........................................................................................................................................

........................................................................................................................................

22) Como tem acesso aos medicamentos?

........................................................................................................................................

........................................................................................................................................

23) Utiliza tratamentos alternativos (chás, massagens, produtos naturais, tratamento

psicológico, fisioterapia...)? Se sim, qual (is)? A quanto tempo? Como os conheceu?

........................................................................................................................................

........................................................................................................................................

24) Quando há uma complicação decorrente desta doença, que tipo de auxílio

procura?

........................................................................................................................................

........................................................................................................................................

25) Quais as suas expectativas em relação ao seu tratamento?

........................................................................................................................................

........................................................................................................................................

Discentes:

Turma:............... Subgrupo:................

Local:

Data:

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Centro de Ciências Biológicas e da Saúde Curso de Graduação em Enfermagem

Av. José Bonifácio, 1298 - Guamá 66063-010 – Belém/PA

www.uepa.br