crise hipertensiva: definição, epidemiologia e abordagem...

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-; ~ j Artigos Crise hipertensiva: definição, epidemiologia e abordagem diagnóstica Roberto J.S.Franco Resumo mais importante que o nível da pressão arterial. É com- Crise hipertensiva designa uma condição de elevação plicação querefleteaprecariedade do tratamento crônico rápidae sintomática da pressão arterial com risco de de- da hipertensão e acomete populações menos favorecidas, terioração deórgão-alvo oudevidaem potencial. Constitui de baixa renda e escolaridade e atendimento primário naemergência clínica mais freqüente nos prontos-socorros ineficaz.O exame de fundo de olho é fundamental para e podem exigir ação rápida com necessidade deinternação estabelecer o diagnóstico. O controle crônicoda pressão emterapia intensiva no caso de emergência hipertensiva. arterial é o melhor método paradiminuir a incidênciade Na maioria das vezes, a lesãoem órgãonobre pode ser urgências e emergências hipertensivas. Palavras-chave: Crise hipertensiva; Emergência hipertensiva; Urgência hipertensiva. Recebido: 10/1 0/02 -Aceito: 13/11/02 Rev Bras Hipertens 9: 340-345, 2002 Introdução valor da PA, do mesmo modoque a estarcomplicandournadoençaconco- necessidade imediata de tratamento. mitante como no infartodo miocárdio O termo crise hipertensiva abrange Crise hipertensiva pode ser o resultado e no aneurisma dissecante da aorta. uma série de situações clínicas com de aumento extremo da PA comona Também nessas situações graus graus diferentes de severidadede hipertensãoarterial maligna ou da modestosde elevaçãoda P A irão elevação da pressão arterial(PA). A elevação aguda da PA em indivíduo necessitar tratamento imediato. defmição exata doquadro em urgência previamentenormotenso. Por outro lado, PA de 240/140 ou emergência pode ter conseqüências Um adolescente com glomerulo- mmHgempaciente de50 anos assin- quanto à escolha do tratamento. Em nefrite aguda pode desenvolver ence- tomático, semevidênciade dano a algumas circunstâncias o fatordeter- falopatia hipertensiva ou uma mulher órgão-alvo pode não necessitar de minante seria a severidade ou rapidez grávida com edema eproteinúria pode terapia anti-hipertensiva parenteral da elevação da P A. Em outras, a apresentar convulsãoda eclâmpsia ou, até mesmo, nem necessitar de relevância depende da natureza da com níveis pressóricos deapenas 160/ hospitalização se puder seracompa- complicação médica subjacente. 100 mmHg.Ambos são considerados nhado de perto. A definição de urgência ou como emergência e devem ser tra- Muitas vezes a PA elevada pode emergência não pode ser feita pelo tados como tais. A hipertensão pode não ser considerada como crise Correspondência: RobertoJ. S. Franco Centro de Hipertensão Arterial Disciplina deNefrologia Departamento de Clínica Médicada Faculdade de Medicinade Botucatu -UNESP CEP 18618-000 -Botucatu, SP Tel.: (14) 6822-2969 E-mail: [email protected] FrancoRJS RevBras Hipertens voI9(4): outubro/dezembro de 2002

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j Artigos

Crise hipertensiva:definição, epidemiologia e abordagem diagnóstica

Roberto J. S. Franco

Resumo mais importante que o nível da pressão arterial. É com-

Crise hipertensiva designa uma condição de elevação plicação que reflete a precariedade do tratamento crônicorápida e sintomática da pressão arterial com risco de de- da hipertensão e acomete populações menos favorecidas,terioração de órgão-alvo ou de vida em potencial. Constitui de baixa renda e escolaridade e atendimento primáriona emergência clínica mais freqüente nos prontos-socorros ineficaz. O exame de fundo de olho é fundamental parae podem exigir ação rápida com necessidade de internação estabelecer o diagnóstico. O controle crônico da pressãoem terapia intensiva no caso de emergência hipertensiva. arterial é o melhor método para diminuir a incidência deNa maioria das vezes, a lesão em órgão nobre pode ser urgências e emergências hipertensivas.

Palavras-chave: Crise hipertensiva; Emergência hipertensiva; Urgência hipertensiva.

Recebido: 10/1 0/02 -Aceito: 13/11/02 Rev Bras Hipertens 9: 340-345, 2002

Introdução valor da PA, do mesmo modo que a estarcomplicandournadoençaconco-necessidade imediata de tratamento. mitante como no infarto do miocárdio

O termo crise hipertensiva abrange Crise hipertensiva pode ser o resultado e no aneurisma dissecante da aorta.uma série de situações clínicas com de aumento extremo da PA como na Também nessas situações grausgraus diferentes de severidade de hipertensão arterial maligna ou da modestos de elevação da P A irãoelevação da pressão arterial (PA). A elevação aguda da PA em indivíduo necessitar tratamento imediato.defmição exata do quadro em urgência previamentenormotenso. Por outro lado, PA de 240/140ou emergência pode ter conseqüências Um adolescente com glomerulo- mmHg em paciente de 50 anos assin-quanto à escolha do tratamento. Em nefrite aguda pode desenvolver ence- tomático, sem evidência de dano aalgumas circunstâncias o fator deter- falopatia hipertensiva ou uma mulher órgão-alvo pode não necessitar deminante seria a severidade ou rapidez grávida com edema e proteinúria pode terapia anti-hipertensiva parenteralda elevação da P A. Em outras, a apresentar convulsão da eclâmpsia ou, até mesmo, nem necessitar derelevância depende da natureza da com níveis pressóricos de apenas 160/ hospitalização se puder ser acompa-complicação médica subjacente. 100 mmHg. Ambos são considerados nhado de perto.

A definição de urgência ou como emergência e devem ser tra- Muitas vezes a PA elevada podeemergência não pode ser feita pelo tados como tais. A hipertensão pode não ser considerada como crise

Correspondência:Roberto J. S. FrancoCentro de Hipertensão ArterialDisciplina de NefrologiaDepartamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Botucatu -UNESPCEP 18618-000 -Botucatu, SPTel.: (14) 6822-2969E-mail: [email protected]

Franco RJS Rev Bras Hipertens voI9(4): outubro/dezembro de 2002

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hipertensiva e pode haver risco se a A chamada pseudocrise hiperten- americanos que podem ter compli-

redução pressórica for rápida e feita. siva se acompanha de elevação cações do tipo crise hipertensiva'.

-de maneira intempestiva. Exemplos acentuada da P A, desencadeada, na Hipertensão primária não tratada

clínicos incluem hipertensão crônica e maioria das vezes, pelo abandono do pode progredir para crise hipertensiva

severa as sintomática, com fundo de tratamento medicamentoso em em 1% a 2% dos casos por razões

olho grau I ou lI, em paciente idoso, pacientes hipertensos crônicos, mas desconhecidas2. Crise hipertensiva é

causando acidente vascular cerebral também por dor, desconforto e ansie- mais freqüente entre negros, fumantes,

isquêmico como iatrogenia do trata- dade. A evidência clínica marcante é mulheres em uso de anticoncepcio-l

mento. Também elevações pressóricas a ausência de sinais de deterioração nal, classe social de nível inferior

associadas à ansiedade e pseudo- rápida de órgão-alvo, Não existe a ou paciente submetido a alto grau de

hipertensão podem simular um quadro necessidade de se empregar medica- estresse3; portadores de hipertensão

de crise hipertensiva. ções para controle rápido da P A, bas- secundária renovascular e com

Avanços na farmacoterapia permi- tando o uso de medicação sintomática excesso de catecolaminas como1-

tiram reduções agudas da PA na e introduzir os anti-hipertensivos de feocromocitoma;envolvidoscomuso:0

maioria dos casos. Sempre deve ser uso crônico. Seria prudente reter o de cocaína4; pacientes que suspende-s,

consideradooequilíbrioentrereduzir paciente por algumas horas e reintro- ram abruptamente o uso de alfa-2-io

a PA de forma eficaz e manter a duzir a medicação anti-hipertensiva, agonistas5 ou betabloqueadores5 oura

perfusãosanguínea aos órgãos nobres, se houver necessidade, antes de en- álcool; e aqueles não aderentes aoio

para que o risco não exceda o bene- caminhá-lo para atendimento ambu- tratamento com anti-hipertensivosde

fício, Este artigo tem como objetivo latorial. orais3.

introduzir o tema "crisehipertensiva" Até recentemente, hipertensão A prevalência de urgências e

quanto a definições, epidemiologia, maligna era empregada para designar emergências foi avaliada em estudo

etiologia e quadro clínico. hipertensão na presença de edema de italian06 no período de um ano em

papila ao fundo de olho, retinopatia pacientes que necessitaram de serviço

..-grau IV na classificação de Keith- de pronto-atendimento com aumento~

DefmlçOeS Wagener-Barker ou simplesmente rápido da PA. Observou-se que crise

., .s: KW-IV. Hipertensão acelerada hi p ertensiva re p resentou 25% dosCnse hlpertenslva se relere ao .. fi d -, . 1 SIgn1 cavaumagra açaomenosgrave casos clínicos deste serviço de atendi-co-

termo genenco em que ocorre e eva- da maligna com fundo de olho com A... .d.

ção rápida e sintomática da P A, inva- .' mento de emergencla, A mmona fOI10 ., . d -hemorragIas e exsudatos ou KW-III. considerada como ur gência hi p er-rta

navelmente com mvels e pressao A 1 b d ', " .. 20 tua mente am as evem ser consI- tensiva (76%) e os 24% restantes co-aus

dlastol1ca (PAD) supenores a 1 d d .A .... 1 d d era as como smommos, pOIS a mo emer

g ência Não tinham conhe-lrão

mmHg, comnsco potencla e ete- d .s: f d .-., -, -al d. d Ilerença na un oscopla nao repre- cimento de hipertensão prévia até

noraçao de orgao- vo ou e VI a senta formas clínicas e prognósticos .'140 imediato ou em potencial. Se houver .aquela consulta, 8% dos pacIentes

dIversos. A . 28m A..-risco remoto de deterioração de com emergencla e 'locomurgencla.

.sm -.. O d 7 lhórgaos-alvo ou de vIda em potencIal a utro estu o , seme ante ao ante-;Od:

denominação éde urgênciahiperten- Epidemiologia rior reali~do em ~~spi~al de Nova

t I siva. A redução da P A pode ser feita York, avalIou a frequencla, o custo, oera rfil ' od ' fi d .r

de de forma mais lenta em até 24 horas e A incidência de hipertensão tem pe 1 SOCI A e~o~ra ICO .e pacIentes

-geralmente a medicação empregada dirninuídodesde 1940, quando não era comemergenclahiperteJlSlva.Otemponpa

d A. h . 1 f .pode implicar formulações por via oral. considerada uma doença de conse- e permanencla osplta ar 01 em

ode Emergência hipertensiva é utilizada qüências clínicas maiores, Era vista médiade 12 dias, Cuidados em serviço~rise

para definir aquele paciente portador por muitos como um "elemento de terapia intensiva foram necessários

de níveis pressóricos elevados, com essencial" para forçar o sangue em 75% dos pacientes, com perma--risco

iminente de vida ou de deterio- através das artérias escleróticas até a nência no setor, em média, por três

ração de órgão-alvo, em que as me- intimidade dos diversos tecidos e dias. O custo hospitalaranualestirnado

didas empregadas para combate aos órgãos. A introdução do tratamento foi de aproximadamente 450 mil

níveis elevados devem ser imediatas, farmacológico efetivo em 1940 dolares. A maioria tinha idade ao redor

em minutos ou poucas horas, neces- diminuiu a morbidade e mortalidade de 50 anos, era do sexo masculino, da

sitando do uso de drogas de ação associada à hipertensão e resultou em raça negra ou hispânica e apresentava

rápida e pela via parenteral. uma estimativa de menos de 1% de nível de classe econômica inferior.-

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--342 IPelo menos 93% dos pacientes tinham pobres, com baixo nível educacional e Abordagem clínicaconhecimento prévio de serem hiper- acesso limitado aos serviços de saúde.tensos. Uma das conclusões do estudo A maioria dos consensos em A distinção entre urgência e emer-sugere que o tratamento crônico da hipertensão discute a importância do gênciaéimportanteporquepodedefinirhipertensão é a melhor estratégia para tratamento anti-hipertensivo na redu- a conduta. Pacientes com lesão recen-reduzir a incidência de emergências çãodo risco da lesão crônica de órgão- te de órgão-alvo, como encefalopatiahipertensivas. alvo e não valoriza o benefício quanto ou dissecção da aorta, requerem redu-

A continuidade deste estud08, am- à prevenção das complicações agudas. ção da P A de emergência com monito-pliando-se a rede de hospitais incluída Dados do estudo de Framingham 12 rização intensa e terapia com drogas

na área de Nova York, procurou confirnlalnqueomonitoramentoapro- anti-hipertensivas de uso parenteral.investigar os fatores predisponentes priado e em longo prazo da hiperten- Pacientes com aumentos significativosde hipertensão severa e não controlada são pode diminuir a incidência de emer -da P A, mas sem evidência de lesão deque pudessem favorecer a ocorrência gências hipertensivas. Infelizmente, o órgão-alvo, necessitam urgência e nãode crise hipertensiva. Foram apontados reconhecimentoeotratamentocorre- emergência na redução da PA.como fatores independentes a falta de tos da hipertensão na população geral As manifestações clínicas de criseseguro-saúde, atendimento médico estão longe de ser adequados e a hipertensiva,segundoalgunsautoresl4-16,primário, abuso de álcool e drogas maioria dos médicos é complacente seriam cefaléia sem causa definida,ilícitas como fa vorecedores para inci -sobre a necessidade do controle agres- náuseas e vômitos, palpitações, tontura,dência de urgências e emergências sivo da P A elevada. Os quadros 13 1 e astenia e outros, simultâneas à P A

hipertensivas. Outro fator apontado 2 enumeram as causas mais comuns igualou superior a 130 mmHg. Essespara a permanência e, talvez, o agra- de emergências e urgências hiperten- sintomas são inespecíficos, pois avamento deste status quo, que perfei- sivas. O quadro 3 descreve situações maior parte dos pacientes com essestamente poderia ser aplicado às nossas que simulam crise hipertensiva2. níveis pressóricos está assintomática 17.

condições, estaria ligado aos cortes deverbas para hospitais públicos. Estudo Quadro 1- Emergência hipertensivafeito na Califórnia9 sobre redução do Hipertensãomaligna(co;papiledema)-orçamento destinado a esses hospitais H o rte -o d 10 - d-'

I - d b .Ipe nsao grave associa a a comp Icaçoes agu assao ameaças as popu açoes e aIxa C b 1, .ere rovascu aresrenda, sem seguro-saude, aumentando E I' I . ho .

..A .-ncela apatia Ipertenslvaa vulnerabll1dade para a ocorrenCla H .. b IA. .--emorragla mtracere radasconseqüenclasdahlpertensaonão .,.. , .d.. d ' .-Hemorragia subaracnoldea, acidente vascular encefaltco com

lagnoStlca aesemonecessarlotrata- -, .,....transformaçao hemorraglca ou em uso de trombolttlcosmento antl-hIpertensIvo. C do . I tó o

.ar loclrcu a nasO desenvolvimento de vasto arma- D .- Ó t. d, ., ..-Issecçao a rica agu a

mentáno farmacologlco e a dIsse- I fi .A . d ' d I h...- d . f --nsu Iclencla car laca com e ema pu monar Ipertenslvo

mmaçao a m ormaçao para os I I' d d .' d., .--fuartO agu o o mlocar 10

medIcos que para populaçao pelos A .., Id .' d .--ngma mstáveIversos consensos e uma Ireçao R .

.enalscorreta que tem melhorado o controle A .

, ... dA . d .d t -Insuficiencla renal rapidamente progressivapressonco e a mcI encIa e acI en e 1-vascular encefálicolo e doença cardía- Crises adrenérgicas gravesca isquêmicall. As emergências e .Crise do feocromocitomaurgências hipertensivas são as formas .Dose excessiva de drogas ilícitas (cocaína, crack, LSD, etc.)

mais extremas de péssimo controle Hipertensão na gestaçãopressórico e podem ser utilizadas como .Eclâmpsiamarcadores do cuidado inadequado .SíndromeHELLPcom a doença hipertensiva. Apesar .Hipertensão grave em final de gestaçãodo ganho acima assinalado, o baixocontrole da hipertensão continua sendo Cirurgia e traumaum problema de saúde pública, particu- .Traumatismo cranianolarmente entre populações minoritárias, .Hemorragias cirúrgicas (vasculares, videolaparoscópicas ou endoscópicas, etc.)

Franco RJS Rev Bras Hipertens vol9(4): outubro/dezembro de 2002

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:;4:;

Muitas vezes, a simples repetição A história inicial e o exame físico de se fazer um monitoramento car-das medições encontra valores pro- devem rapidamente diferenciar díaco no paciente, assim como umagressivamente menores, explicado emergência de urgência. Tão logo via para acesso venoso. Internaçãopela regressão à média e pela síndrome seja confinnado ou suspeito o diagnós- hospitalar deve ser providenciada, dedo avental brancols,19. tico de emergência, há necessidade preferência em unidade de cuidados

intensivos, enquanto se inicia a tera-Q d 2 U A . h. te o pêutica de ataque. Na maioria dosua ro -rgencla Iper DSlva

casos o tratamento não deve ser retar-Hipertensão maligna (sempapiledema) dado no sentido de se aguardar osHipertensão grave associada a resultados dos exames laboratoriais.

.Insuficiênciacoronária Os dados obtidos na história e no

.Insuficiência cardíaca exame físico do paciente buscam

.Aneurisma de aorta identificar as causas que precipitaram

.Acidente vascular encefálico não complicado a elevação pressórica, evidências deI .Qu~imaduras extensas lesão de órgão-alvo causada pelaI .Eplstaxes severas pressão severa ou ambos. O médico

.Estados de hipocoagulabilidade deveobterinforrnações sobre a história, Crises renais pregressa de hipertensão quanto à

~ I 'Olomerulonefriteaguda duração, à seve~dade e ao nív~l ~es 1 .Crise renal do escleroderma controle; extensao do dano de orgaoa

I 'Síndromehemolíticaurêmica pr~v.io; medic~ç.ão ~rescrita porS i V I Ot . t A o medIco ou adqumda dlfetamente no

ascu I es SIS emlcas7 i I ., o balcão sem receita médica e eventual

I Perloperatóno d d .d d .1'. .! P , , .o o d A o uso e rogas consl era as lICItaS,

.re-operatono em cIrurgias e urgencla b d d A., o ( o o d ' I o o so re oenças agu as ou cromcas

.Intra-operatono cIrurgIas car lacas, vascu ares, neuroclrurglas, . d 1 .

-feocromocitoma,etco) aSSOCIa as e qua quer srntoma

.Hipertensão severa no pós-operatório (transplante de órgão, relaci~nado à elevação ~evera da P Aoneurocirurgias, cirurgias vasculares, cardíacas etco) Alem da mensuraçao da PA nas

posiçÕes supina ou sentada e em pé,Crises adrenérgicas leves/moderadas para evidenciar a presença de hipoten-

I .Síndrome do rebate (sus~nsão abru~tao e inibidores adrenérgicos são ostural, o exame deve serdirecio-como propranolol, alfameuldopa, clomdma) dp alo .

ed ° 10 ( O o o ob od daMAO) na oparaav lar o comprometImento.Interação m lcamentoso-a lmentar uramma vs. 1m I ores d o. . 1 ..

d 1. d o I ( ti .o , 10 ) os pnnClpalS a vos atrngl os pe a.Consumo exceSSIVO e esumu antes an etammas, trlCIC ICOS, etc. h.-., blpertensao como nns, cere ro e

Na gestação coração o Ness,e sentido, o exame de.Pré-eclâmpsia fundo de olho é obrigatório em todos.Hipertensão severa os pacientes suspeitos de apresenta-

o -o o,. rem crise hipertensiva. Como esteQuadro3-Sltuaçoes que simulam crise hlpertenslva exame procura alterações mais

.Insuficiência ventricular esquerda aguda grosseiras no fundo de ólho, pode não

.Uremia de qualquer etiologia, particularmente com sobrecarga de volume necessitar de colírios rnidriáticos, que

.Acidente vascular encefálico isquêmico podem acidentalmente causar crises.Tumor cerebral de glaucoma agudo se o médico não.Trauma craniano procurar saber se o paciente sofre

.Epistaxes (pós-ictal) dessa moléstia. A dilatação pode

.Doenças do colágeno particularmente lúpus, com vasculite cerebral causar perda de parâmetro neuro-

.Encefalite lógico importante para seguimento

.Ingestão de drogas (cocaína), fenilclidina posterior. As alteraçÕes de retinopatia~ .Porfiria intermitente aguda aguda que incluem hemorragias,

.Hipercalcemia exsudatos algodonosos e edema de~

.Ansiedade aguda com hiperventilação e síndrome do pânico papila são facilmente visualizáveis sem

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necessidade de dilatação e sem a ne- da pressão intracraniana como confu- A crise hipertensiva faz parte do

cessidadede especialistas específicos, são, sonolência, estupor, déficitneuro- dia-a-dia dos centros de emergênciabastando ter ambiente com menos lógico. Todos esses achados auxiliam clinica e o médico geral, não somentelurninosidade. na diferenciação da crise hipertensiva os especialistas da área, deve ser

São consideradas manifestações em urgência e emergência. treinado no reconhecimento correto

de lesão de órgão-alvo como renais a Pacientes sem evidências de lesão do quadro de urgência e emergência,

presença de proteinúria, hematúria e progressiva em órgão-alvo devem ser e não simplesmente tratar todo

níveis aumentados de uréia e creati- colocados em ambiente tranqüilo, de paciente com hipertensão severa, poisnina. Anemia hemolítica microan- preferência com pouca luz e a P A muitos deles são totalmente assinto-

giopática na hipertensão maligna, avaliada novamente após trinta mi- máticos. As sociedades de nefro-

podendo também haver a presença de nutos. Se a pressão permanecer se- logia, cardiologia e hipertensão orga-

esquizócitos; sinais de descompensa- veramente elevada à terapêutica oral nizaram no ano de 2000 um consenso

ção cardíaca aguda como galope, esta- deve ser estabelecida. Se a P A não sobre crise hipertensi va, disponi-

se jugular, cardiomegalia, taquicardia, continuar nos níveis tão elevados, o bilizado como documento recomen-estertores crepitantes no caso de ede- paciente deve ser encaminhado para dado para pacientes portadores dessa

ma pulmonar; evidência de aumento seguimento. complicação!3.

Abstract ofblood pressure. The emergency or urgency cannot always

be distinguished by the height of the blood pressure but usua11y

Hypertensive crisis: definition, epidemiology and by the extension of organ damage. Hypertensive crisis are the

diagnosis most extreme form of poorly controlled hypertension.

Hypertensivecrisisisadisorderofrapidandsymptomatic Predispose factors are lower socioeconomic and education

elevation ofblood pressure with a risk of acute or progressing status, without primary care physician and health insurance.

target organ damage. It is the most frequentclinical emergency Fundoscopic examination is mandatory in alI cases to diagnosisin an emergency department. The distinction between establishment and detects papilledema. The improvement of

emergencies and urgencies is important because it dictates the treatment of chronic hypertension should reduce the

managementlfisanemergencyrequiresimmediatereduction incidence ofhypertensive urgency and emergencies.

Keywords: Hypertensive crisis; Hypertensive emergency; Hypertensive urgency.

Rev Bras Hipertens 9: 340-345, 2002; ",!, ':

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