análise da conjuntura econômica nos anos de 1990

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Análise da Conjuntura Econômica nos anos de 1990-1991 assuntos a serem abordados na analise de conjuntura :politica fiscal, politica monetaria, setor externo e comercio exterior , preços , conjuntura agropecuaria e mineral, atividade economica ( emprego, desemprego, pib , salarios, poupanca, endividamento, gasto de energia, etc.... Os anos 1990 e 1991 foram marcados coincidentemente com o período do Governo Collor no Brasil. O ex-presidente assumiu o país através da primeira eleição democrática e direta realizada em 1989, renunciando ao cargo em janeiro de 1992, após ser iniciado contra ele um conturbado processo de impeachment. Quando o Collor assumiu a presidência, o país passava por um processo de hiperinflação que não foi contida através dos planos heterodoxos do governo Sarney, o que fez surgir novos diagnósticos sobre a natureza da inflação brasileira e sobre as causas do fracasso de estabilização até então implementadas. Uma tese durante esse período começou a ganhar forças: que o insucesso dos choques inflacionários do governo Sarney devia-se a elevada e crescente liquidez dos haveres financeiros não monetários. Esta tese tinha como base o argumento de que, a possibilidade de rápida monetização das aplicações financeiras levava a um aumento abrupto da demanda de bens de consumo, ativos reais e de risco, com as conseqüentes pressões inflacionárias. Outra conseqüência dessa situação era a ineficácia da política cambial, uma vez que a posição líquida dos exportadores permitia o retardamento no

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Page 1: Análise da Conjuntura Econômica nos anos de 1990

Análise da Conjuntura Econômica nos anos de 1990-1991

assuntos a serem abordados na analise de conjuntura :politica fiscal, politica

monetaria, setor externo e comercio exterior, preços, conjuntura agropecuaria e

mineral, atividade economica ( emprego, desemprego, pib, salarios, poupanca,

endividamento, gasto de energia, etc....

Os anos 1990 e 1991 foram marcados coincidentemente com o período do

Governo Collor no Brasil. O ex-presidente assumiu o país através da primeira eleição

democrática e direta realizada em 1989, renunciando ao cargo em janeiro de 1992, após

ser iniciado contra ele um conturbado processo de impeachment.

Quando o Collor assumiu a presidência, o país passava por um processo de

hiperinflação que não foi contida através dos planos heterodoxos do governo Sarney, o

que fez surgir novos diagnósticos sobre a natureza da inflação brasileira e sobre as

causas do fracasso de estabilização até então implementadas. Uma tese durante esse

período começou a ganhar forças: que o insucesso dos choques inflacionários do

governo Sarney devia-se a elevada e crescente liquidez dos haveres financeiros não

monetários.

Esta tese tinha como base o argumento de que, a possibilidade de rápida

monetização das aplicações financeiras levava a um aumento abrupto da demanda de

bens de consumo, ativos reais e de risco, com as conseqüentes pressões inflacionárias.

Outra conseqüência dessa situação era a ineficácia da política cambial, uma vez que a

posição líquida dos exportadores permitia o retardamento no fechamento dos negócios,

que, associados ao aumento na demanda por ativos dolarizados, forçavam a

desvalorização cambial.

Para evitar a especulação, o governo deveria manter a taxa de juros alta e

estável. A necessidade de fixar as taxas de juros levava a uma política monetária

passiva, impedindo o controle dos agregados monetários. Como a demanda por crédito

era muito escassa, não era possível a utilização de reservas compulsórias para afetar

efetivamente as variáveis monetárias. O único instrumento com que contava o governo

eram as operações de mercado aberto, a colocação de títulos públicos, que, devido a

incerteza do momento, obrigava o Banco Central a formar taxas diárias de overnight,

com base na expectativa de inflação corrente. Essa indexação diária tinha impacto sobre

preços e câmbio que também passavam para a indexação plena.

Page 2: Análise da Conjuntura Econômica nos anos de 1990

Através desse diagnóstico o governo Collor iniciou-se com a implantação de um

plano para romper com a indexação da economia: o Plano Collor.

O Plano Collor foi adotado em 16 de março de 1990. Os principais instrumentos

utilizados foram:

o bloqueio de 70% da dívida pública mobiliária, através de uma reforma

monetária. A adoção dessa política baseou-se na drástica redução da

liquidez da economia. Visava-se com isso evitar as pressões de consumo

e retomar a capacidade do Banco Central de fazer política monetária

ativa, não mais ficando a mercê do mercado financeiro e da necessidade

de rolar a dívida pública;

o congelamento dos preços e desindexação de salários em relação à

inflação passada, definindo novas regras de prefixação para ambos;

corte nos gastos públicos, também se reduz a máquina do Estado com a

demissão de funcionários e privatização de empresas estatais ;

abertura do mercado interno, com a redução gradativa das alíquotas de

importação.

A remonetização da economia fez com que os meios de pagamento

aumentassem 194% em março, 36% em abril e 36% em maio. A conversão dos

cruzados bloqueados em títulos fez a dívida pública mobiliária elevar-se, em maio, a

90% do seu valor no dia imediatamente anterior ao Plano.

Inflação

TABELA 1 – INFLAÇÃO ANUAL (INPC – em %)

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998

1585,18 475,11 1149,06 2489,11 929,32 21,98 9,12 4,34 2,49

Fonte: IBGE

* Projeção de “Conjuntura Econômica”

O período de 1990 a 1991 foi marcado por uma grande deflação, ocasionada pela

adoção do Plano Collor.

Emprego

TABELA - TAXA MÉDIA ANUAL DE DESEMPREGO (%)

1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995

3,4 4,8 5,5 6,4 5,7 5,0 5,2

Fonte: IBGE

Page 3: Análise da Conjuntura Econômica nos anos de 1990

* Projeção de “Conjuntura Econômica”

Como demonstrado na tabela acima, o impacto do Plano Collor gerou uma

desestruturação no sistema produtivo através de demissões, férias coletivas, redução nas

jornadas de trabalho, redução nos salários.

Agricultura e Pecuária

Tabela 1613 - Área plantada, área colhida, quantidade produzida e valor da produção da lavoura permanente

Lavoura permanente = Total

Ano = 1990

Brasil e Região

Geográfica

Variável

Área plantada

(Hectares)

Área plantada

(Percentual)

Área colhida

(Hectares)

Área colhida (Percentual)

Quantidade produzida

Valor da produção (Mil

Cruzeiros)

Valor da produção

(Percentual)

Brasil 7.171.708 100,00 7.017.498 100,00 - 434.062.853 100,00

Norte 462.829 100,00 451.452 100,00 - 30.948.170 100,00

Nordeste 2.691.579 100,00 2.612.529 100,00 - 91.348.480 100,00

Sudeste 3.173.384 100,00 3.149.266 100,00 - 249.330.069 100,00

Sul 635.392 100,00 631.820 100,00 - 52.436.378 100,00

Centro-Oeste 208.524 100,00 172.431 100,00 - 9.999.754 100,00

Tabela 1613 - Área plantada, área colhida, quantidade produzida e valor da produção da lavoura permanente

Lavoura permanente = Total

Ano = 1991

Brasil e Região

Geográfica

Variável

Área plantada

(Hectares)

Área plantada

(Percentual)

Área colhida

(Hectares)

Área colhida (Percentual)

Quantidade produzida

Valor da produção (Mil

Cruzeiros)

Valor da produção

(Percentual)

Brasil 6.997.728 100,00 6.927.439 100,00 - 2.391.404.696 100,00

Norte 449.334 100,00 443.519 100,00 - 194.376.345 100,00

Nordeste 2.627.151 100,00 2.590.088 100,00 - 497.800.109 100,00

Sudeste 3.160.581 100,00 3.146.560 100,00 - 1.353.888.892 100,00

Sul 594.876 100,00 594.161 100,00 - 277.936.708 100,00

Centro-Oeste 165.786 100,00 153.111 100,00 - 67.402.642 100,00

http://www.sociedadedigital.com.br/artigo.php?artigo=114&item=4

Page 4: Análise da Conjuntura Econômica nos anos de 1990

http://www.economiabr.net/2001/09/02/03desemprego.html

Comércio Exterior

Data Exportações - (FOB)

1989 34.382,6201990 31.413,7561991 31.620,4391992 35.792,986Fonte: Banco Central do Brasil, Boletim, Seção Balanço de Pagamentos (BCB

Boletim/BP)

Data Balança comercial - (FOB) - saldo

1989 16.119,18701990 10.752,39401991 10.579,96871992 15.238,8948Fonte: Banco Central do Brasil, Boletim, Seção Balanço de Pagamentos (BCB

Boletim/BP)

Data Importações – (FOB)

1989 18.263,4331990 20.661,3621991 21.040,4711992 20.554,091Fonte: Banco Central do Brasil, Boletim, Seção Balanço de Pagamentos (BCB Boletim/BP)

Produto Interno Bruto (PIB)

Data PIB - var. real anual

1989 3,161990 -4,351991 1,031992 -0,47Produto interno bruto (PIB): variação real anual

Frequência: Anual de 1901 até 2010

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Sistema de Contas Nacionais Referência

2000 (IBGE/SCN 2000 Anual)

Unidade: (% a.a.)

Comentário: Fontes: Para 2009 e 2010: resultados preliminares estimados a partir das Contas

Nacionais Trimestrais Referência 2000. Para 1992-1995, Sistema de Contas Nacionais Trimestrais

Referência 2000 (dados oriundos do Sidra/IBGE). Para 1948-1991, Sistema de Contas Nacionais

Consolidadas. Para 1921-1947, Haddad, Claudio Luiz da Silva. Crescimento do Produto Real no

Brasil, 1900-1947. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, 1978 apud Abreu, Marcelo de Paiva

(Org.). A ordem do progresso: cem anos de política econômica republicana. Rio de Janeiro:

Page 5: Análise da Conjuntura Econômica nos anos de 1990

Campus, 1992. Para 1901-1920, elaborado a partir da série de produto total reformulado

disponível em: Haddad, Claudio Luiz da Silva. Crescimento Econômico do Brasil, 1900-1976. In:

Neuhaus, Paulo (Coord.). Economia Brasileira: Uma Visão Histórica. Rio de Janeiro: Campus, 1980.

Para definição da variável: Contas Nacionais - Conceitos.

Atualizado em: 03/03/2011

Data PIB (preços 2009)

1989 1.969.790,561990 1.884.104,671991 1.903.538,911992 1.894.651,01

PIB (preços 2009)

Frequência: Anual de 1900 até 2009

Fonte: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA)

Unidade: R$ de 2009 (milhões)

Comentário: Elaboração IPEA. Série estimada a partir do valor do PIB nominal de 2009 (Contas

Nacionais Referência 2000) e a taxa de variação real do PIB anual (IBGE). Obs.: Para 2009:

resultados preliminares estimados a partir das Contas Nacionais Trimestrais - Referência 2000.

Atualizado em: 12/03/2010