alteraÇÃo cognitiva e comportamental na doenÇa … · 2018-06-21 · conjunto de habilidades...
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ALTERAÇÃO COGNITIVA E
COMPORTAMENTAL NA DOENÇA DE
ALZHEIMER:
ORIENTANDO O FAMILIAR E O CUIDADOR
Luciane Ponte Neuropsicóloga
COGNIÇÃO
Cognição é a capacidade de processar
informações e transformá-las
em conhecimento, com base em um
conjunto de habilidades mentais e/ou
cerebrais como a percepção, a
atenção, a associação, a imaginação, o
juízo, o raciocínio, a memória e a
linguagem.
COGNIÇÃO E CÉREBRO
COGNIÇÃO E CÉREBRO
COGNIÇÃO E CÉREBRO
NEUROPSICOLOGIA
Neuropsicologia é uma ciência que
estuda o funcionamento do cérebro e
sua relação com o comportamento
humano, ou seja, visa estabelecer a
relação entre uma atividade psicológica e a condição cerebral correspondente.
AVALIAÇÃO
NEUROPSICOLÓGICA NA
DEMÊNCIA
Auxílio Diagnóstico
Orientação para o tratamento psicoterápico
Orientação para o tratamento
farmacológico
Auxílio para planejamento de reabilitação
Perícia (interdição)
Prognóstico
Orientação para o paciente e a família
PROPÓSITO DO CONHECIMENTO
Informar ao paciente acerca das
dificuldades cognitivas evidenciadas
Cientificar à família e ao cuidador, quanto a
repercussão das dificuldades cognitivas no
desempenho da pessoa com Alzheimer
(julgamento, crítica, segurança, finanças,
etc)
Esclarecer aos familiares e cuidador sobre as
mudanças comportamentais
DEMÊNCIA
“Demência é um declínio cognitivo e/ou
comportamental crônico e geralmente
progressivo, que causa restrições
graduais nas atividades da vida diária e
que não pode ser explicado por
modificações na consciência, na
mobilidade ou no sensório.”
DEMÊNCIA
Hoje em dia, o conceito de Demência está
constituído a partir da igual importância dos
seguintes fatores:
Alterações cognitivas
Alterações do comportamento
Prejuízo das atividades da vida diária
DOENÇA DE ALZHEIMER Caracteriza-se pelo desenvolvimento de déficits cognitivos múltiplos que incluem comprometimento da memória e pelo menos um dos seguintes transtornos cognitivos: afasia, apraxia, agnosia ou distúrbio da função executiva.
Os déficits cognitivos devem ser suficientemente severos para comprometer o funcionamento ocupacional ou social e representar um declínio em relação a um nível anteriormente superior de funcionamento.
O diagnóstico não deve ser feito se os déficits cognitivos ocorrerem exclusivamente durante o curso de delirium.
AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES
COGNITIVAS NA DEMÊNCIA
Atenção
“Processo pelo qual uma abundância de estímulos é ordenada e integrada dentro da rede de tarefas e atividades correntes; ela integra as atividades correntes e a informação recém-chegada. Essa integração resulta na seleção da informação”.
AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES
COGNITIVAS - ATENÇÃO
ALTERAÇÕES COGNITIVAS NA
DA
Déficits na Atenção
• Extensão da atenção preservada no início
• Atenção alternada e dividida precocemente alteradas
• Não se “desligam” dos estímulos
• Contaminações de informações
• Prejuízo em todos os aspectos com a evolução
AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES
COGNITIVAS - MEMÓRIA
Memória
Memória envolve um complexo sistema através
do qual o indivíduo registra, codifica, consolida
e recorda alguma exposição prévia a um
evento ou experiência.
AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES
COGNITIVAS - MEMÓRIA
Memória de
Procedimento – Está
relacionada a memória
de capacidades ou
habilidades motoras e
sensoriais e o que
chamamos de
“hábitos”.
AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES
COGNITIVAS - MEMÓRIA
Memória Declarativa – Está relacionada à recordação consciente de estímulos diversos como palavras, cenas, faces, histórias e eventos (recuperação explícita da informação)
AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES
COGNITIVAS - MEMÓRIA Episódica: conhecimento autobiográfico
Semântica: conhecimento do mundo
ALTERAÇÕES COGNITIVAS NA
DA
Déficits na Memória
Os problemas de memória precocemente antecedem as manifestações clínicas
- inicia com prejuízo na memória anterógrada
- não resiste à interferência
- déficits no registro inicial e na consolidação
- não conseguem aprender
- déficit na memória retrógrada com a evolução
AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES
COGNITIVAS - LINGUAGEM
Linguagem
Linguagem é o sistema de sinal usado por um
indivíduo para se comunicar com outro
AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES
COGNITIVAS - LINGUAGEM
ALTERAÇÕES COGNITIVAS NA
DA
Déficits na Linguagem
- prejuízo precoce da nomeação e fluência verbal
- preservação do vocabulário no início da doença e deterioração com o tempo
- aspecto semântico mais prejudicado
(compreensão)
AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES
COGNITIVAS – HABILIDADE
VISUOESPACIAL Habilidade vísuo-espacial e vísuo-
construtiva
Capacidade de estabelecer relações
espaciais, análise e organização visual, bem
como realizar construções
AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES
COGNITIVAS – HABILIDADE
VISUOESPACIAL
ALTERAÇÕES COGNITIVAS NA
DA
Déficits na função vísuo-espacial e vísuo-
construtiva
- “closing in”
- rotações
- desorientação espacial
- negligência espacial
AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES
COGNITIVAS – FUNÇÃO EXECUTIVA
Função Executiva
Esse termo refere-se às habilidades cognitivas
envolvidas no planejamento, iniciação,
seguimento e monitoramento de complexos
comportamentos dirigidos a um fim.
AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES
COGNITIVAS – FUNÇÃO EXECUTIVA
ALTERAÇÕES COGNITIVAS NA
DA
Déficits na Função Executiva
- Prejuízo da flexibilidade mental
- Déficit na monitoração do comportamento
- Diminuição na capacidade de julgamento
- Planejamento deficitário
AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES
COGNITIVAS - INTELIGÊNCIA
Função Intelectual
“Inteligência refere-se à capacidade que
permite ao ser humano aprender,
conhecer, utilizar seu saber, criar, adaptar-
se ao mundo e dominá-lo.”
AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES
COGNITIVAS - INTELIGÊNCIA
ALTERAÇÕES COGNITIVAS NA
DA
Déficits na Função Intelectual
- Diminuição do nível de Inteligência (QI) prévio
- As habilidades verbais mantém-se preservadas no
início, enquanto as não verbais apresentam-se mais
comprometidas
- Redução do desempenho em todas as habilidades
cognitivas com a evolução da doença
ALTERAÇÕES COGNITIVAS NA
DA - IMPACTO
Funcionamento no cotidiano: refere-se a capacidade do indivíduo em realizar uma tarefa e a execução atual dessa capacidade.
Habilidade: um talento do próprio indivíduo que é avaliado através de testes neuropsicológicos.
Função: a execução daquela habilidade dentro do contexto ambiental
ALTERAÇÕES COGNITIVAS NA
DA - IMPACTO
A pessoa com demência desenvolve um
prejuízo em uma determinada habilidade
(p.ex.: atenção), o que pode levar a um
déficit funcional (p.ex.: dirigir um carro).
ALTERAÇÕES COGNITIVAS NA
DA - IMPACTO
Dirigir
Uso de transporte
Deslocamento
Manejo das finanças
Realizar compras
Cozinhar
Executar trabalhos domésticos
Manejo dos medicamentos
Realizar venda ou compra de bens e propriedades
COMPORTAMENTO
Comportamento diz respeito a qualquer
coisa que um indivíduo faz, ou seja,
qualquer ação que podemos observar e
registrar.
ALTERAÇÕES
COMPORTAMENTAIS NA DA
o As alterações comportamentais são
consideradas, atualmente, tão importantes
quanto as cognitivas e é um fenômeno
constante em todas as demências,
incluindo a Doença de Alzheimer.
o As alterações do comportamento na
Doença de Alzheimer são o fardo mais
pesado para o cuidador e a família
ANÁLISE DAS ALTERAÇÕES
COMPORTAMENTAIS NA DA
o Identificar a alteração comportamental
- Entender o que está se passando e ser capaz
de explicar ao médico e a outras pessoas.
ANÁLISE DAS ALTERAÇÕES
COMPORTAMENTAIS NA DA
o Detectar as repercussões do
comportamento no paciente, em você e
nos outros
- Avaliar se é perigoso para o doente e
demais pessoas ou se é somente
constrangedor.
ANÁLISE DAS ALTERAÇÕES
COMPORTAMENTAIS NA DA
o Procurar eventual causa desencadeadora
- Desconforto físico, meio ambiente,
dificuldades de comunicação ou as próprias
alterações cerebrais.
- Mudanças ou eventos ocorrendo no
ambiente têm um papel importante, no
entanto, deve-se pensar em uma avaliação
médica caso os sintomas apareçam de
forma abrupta.
ALTERAÇÕES
COMPORTAMENTAIS NA DA
Delírios: ideias de cunho persecutório, de
furto e de infidelidade. Cerca de 50% dos
casos de DA desenvolvem algum tipo de
delírio ao longo do curso da doença.
ALTERAÇÕES
COMPORTAMENTAIS NA DA
Alucinações: visuais, auditivas, olfativas e
táteis foram descritas em 10 a 30% dos
pacientes, não se correlacionando
necessariamente com o grau de
gravidade da demência.
ALTERAÇÕES
COMPORTAMENTAIS NA DA
40-70% dos pacientes apresentam
distúrbio do sono
30-60% apresentam alteração do
comportamento alimentar
20-50% apresentam incontinência urinária
e fecal
ALTERAÇÕES
COMPORTAMENTAIS NA DA
Até 70% dos casos podem apresentar
sintomas como hipersexualidade, desinibição
e incontinência emocional
Alteração da atividade psicomotora como a
perambulação ou o vaguear incessante é
observado em 20 a 30% dos pacientes,
podendo estar associado a atividades sem
propósito.
ALTERAÇÕES
COMPORTAMENTAIS NA DA
Alterações da personalidade: ocorre na maioria dos pacientes com a progressão da doença.
Sintomas mais frequentes incluem: menor entusiasmo, energia e cuidado; maior impulsividade; não reconhecimento da doença, irritabilidade; apatia; inflexibilidade e agressividade.
MANEJO DAS ALTERAÇÕES
COMPORTAMENTAIS
Entender que o paciente não escolhe
mudar e que as alterações são
decorrentes da doença, portanto não
são passíveis de serem controladas pela
pessoa.
Evitar conflitos desnecessários,
interrompendo a situação conflituosa
antes do desfecho indesejável.
MANEJO DAS ALTERAÇÕES
COMPORTAMENTAIS
Identificar se há um desencadeador para
cada situação e eliminar o que gerou o
comportamento ou identificar
antecipadamente que o problema irá
ocorrer e mudar o curso da situação.
Utilizar uma expressão de linguagem que
transmita calma e serenidade, visto que a
percepção por meios não verbais se
mantém ao longo do tempo.
MANEJO DAS ALTERAÇÕES
COMPORTAMENTAIS
Usar sempre que possível as estratégias
positivas de modo a não alterá-las
enquanto estiver funcionando.
Isso traz segurança ao paciente e aos
demais familiares que podem sair
rapidamente de situações que geram
mal estar, reduzindo a tensão.
MANEJO DAS ALTERAÇÕES
COMPORTAMENTAIS
Importante estar atento aos diferentes tipos de comunicação por parte do paciente, não se limitando à expressão verbal que irá ficar limitada ao longo da doença.
Investir sempre na qualidade da interação, para que seja baseada no afeto e no contato físico.