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1 ATIVIDADES DA ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL 1 - A Função do Centro Espírita O Centro Espírita é um PRONTO SOCORRO ESPIRITUAL, pois os necessitados (encarnados e desencarnados) nele são auxiliados espiritualmente. Todos nós, deficientes espirituais que somos, nele encontramos o remédio para os nossos males. É um TEMPLO, um SANTUÁRIO, no sentido de propiciar a comunhão com Deus e com a espiritualidade superior. É uma ESCOLA, pois nele se ensina o Evangelho, busca-se o estudo das leis divinas e dos princípios espirituais e, principalmente, a vivência dessa Boa Nova, reeducando para um mundo melhor. Visa -se pois, o auto-conhecimento, para propiciar a luta contra vícios e defeitos e pelo aprimoramento de virtudes. Nos lembra Divaldo Pereira Franco (in Novos Rumos para o Centro Espírita, Editora Leal, palestra de 08/05/98) que a Casa Espírita é também uma OFICINA DE TRABALHO, pois nela desenvolvemos aptidões, realizamos experiências, procurando sair da teoria para a prática. Complementaríamos que ela nos prepara também e principalmente para o trabalho no mundo, enquanto sal, fermento e luz, nos dizeres evangélicos. A Casa Espírita é também um CENTRO DE CONVIVÊNCIA FRATERNAL, pois se procura despertar a fraternidade e o amor, unindo-se e fortificando-se os laços entre os trabalhadores, com vistas à realização de um bem comum. Assim, um Centro Espírita deve ser um foco de luz a irradiar nas trevas desse mundo denso, iluminando os caminhos da espiritualização , propiciando a consolação, e, essencialmente, a libertação ou redenção do Homem. A REFORMA ÍNTIMA dos trabalhadores é uma condição essencial para que um Centro Espírita atinja os seus objetivos, ou seja, para que possa ser o que deve ser (e, em muitos casos, infelizmente, não é). Também é essencial o APRIMORAMENTO TÉCNICO, pelo estudo constante e perseverante (individual e em grupo) e pela praticagem correta , com conhecimento de causa e, portanto, desenvoltura funcional eficaz. Boa Vontade só não basta. Tudo isso se resume no preceito AMAI-VOS E INSTRUÍ-VOS, ditado pelo Espírito de Verdade (in O Evangelho Segundo o Espiritismo , capítulo VI, item 5, de Allan Kardec ). Só assim há irradiação de luz , auxílio efetivo , esclarecimento , vivência fraternal , testemunho e espiritualização . Tudo isso pressupõe coerência de vida, o que propicia a autoridade moral , através do comportamento cristão em todo e qualquer ambiente de nossas relações, dando-se exemplo, em primeiro lugar, para os desencarnados , antes que aos encarnados . Pois aqueles nos vêem o íntimo, mesmo nos nossos momento s de solidão, de lazer e aquilatam o que se encontra por de trás de muitas de nossas máscaras, no campo das nossas verdadeiras intenções. Todo o trabalho do Centro Espírita só se efetiva em equipe . Em não havendo o esforço de todos e de cada um, a qualidad e espiritual dos trabalhos sofrerá conseqüências em algum grau. Através, portanto, do fortalecimento espiritual individual, se estará fortalecendo espiritualmente o Grupo, o qual, enquanto ente coletivo, tem um papel a desempenhar. Assim, estará o Centro E spírita cumprindo a sua função.

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ATIVIDADES DA ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL

1 - A Função do Centro Espírita

O Centro Espírita é um PRONTO SOCORRO ESPIRITUAL, pois osnecessitados (encarnados e desencarnados) nele são auxiliados espiritualmente. Todosnós, deficientes espirituais que somos, nele encontramos o remédio para os nossosmales.

É um TEMPLO, um SANTUÁRIO, no sentido de propiciar a comunhão comDeus e com a espiritualidade superior.

É uma ESCOLA, pois nele se ensina o Evangelho, busca-se o estudo das leisdivinas e dos princípios espirituais e, principalmente, a vivência dessa Boa Nova,reeducando para um mundo melhor. Visa -se pois, o auto-conhecimento, para propiciar aluta contra vícios e defeitos e pelo aprimoramento de virtudes.

Nos lembra Divaldo Pereira Franco (in Novos Rumos para o CentroEspírita, Editora Leal, palestra de 08/05/98) que a Casa Espírita é também umaOFICINA DE TRABALHO, pois nela desenvolvemos aptidões, realizamosexperiências, procurando sair da teoria para a prática. Complementaríamos que ela nosprepara também e principalmente para o trabalho no mundo, enquanto sal, fermento eluz, nos dizeres evangélicos.

A Casa Espírita é também um CENTRO DE CONVIVÊNCIA FRATERNAL,pois se procura despertar a fraternidade e o amor, unindo-se e fortificando-se os laçosentre os trabalhadores, com vistas à realização de um bem comum.

Assim, um Centro Espírita deve ser um foco de luz a irradiar nas trevas dessemundo denso, iluminando os caminhos da espiritualização, propiciando a consolação,e, essencialmente, a libertação ou redenção do Homem.

A REFORMA ÍNTIMA dos trabalhadores é uma condição essencial para queum Centro Espírita atinja os seus objetivos, ou seja, para que possa ser o que deve ser(e, em muitos casos, infelizmente, não é).

Também é essencial o APRIMORAMENTO TÉCNICO, pelo estudoconstante e perseverante (individual e em grupo) e pela praticagem correta, comconhecimento de causa e, portanto, desenvoltura funcional eficaz. Boa Vontade só nãobasta.

Tudo isso se resume no preceito AMAI-VOS E INSTRUÍ-VOS, ditado peloEspírito de Verdade (in O Evangelho Segundo o Espiritismo , capítulo VI, item 5, deAllan Kardec). Só assim há irradiação de luz, auxílio efetivo, esclarecimento, vivênciafraternal, testemunho e espiritualização.

Tudo isso pressupõe coerência de vida, o que propicia a autoridade moral,através do comportamento cristão em todo e qualquer ambiente de nossas relações,dando-se exemplo, em primeiro lugar, para os desencarnados, antes que aosencarnados. Pois aqueles nos vêem o íntimo, mesmo nos nossos momento s de solidão,de lazer e aquilatam o que se encontra por de trás de muitas de nossas máscaras, nocampo das nossas verdadeiras intenções.

Todo o trabalho do Centro Espírita só se efetiva em equipe . Em nãohavendo o esforço de todos e de cada um, a qualidad e espiritual dos trabalhos sofreráconseqüências em algum grau. Através, portanto, do fortalecimento espiritualindividual, se estará fortalecendo espiritualmente o Grupo, o qual, enquanto entecoletivo, tem um papel a desempenhar. Assim, estará o Centro E spírita cumprindo a suafunção.

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Diz Herculano Pires: “se os espíritas soubessem o que é o Centro Espírita,quais são realmente a sua função e a sua significação, o Espiritismo seria hoje o maisimportante movimento cultural e espiritual da Terra ”.

Portanto, estar num Centro Espírita não pode se constituir num passatempo. OCentro não pode ser um mero clube de amigos. Não pode ser um lugar onde vamosjogar conversa fora. Não é um local que temos a obrigação de ir e executarmecanicamente um trabalho para que tenhamos a consciência tranqüila.

Estar trabalhando num Centro Espírita é assumir a responsabilidade deuma tarefa a que nos comprometemos no plano espiritual, antes da encarnação . Éa busca constante de qualidade na colaboração em um trabalho que não é nosso, massim, de JESUS!

Portanto, devemos VALORIZAR ao máximo – nos lembra o confradeAzamar Bragança Trindade – os minutinhos que tivermos a honra de vivenciar juntoàs entidades do amor e do bem, ao adentrarmos num Centro Espírita. Seja para receberauxílio ou para auxiliarmo-nos mutuamente. E prossegue, inspiradamente, o nossocompanheiro: “banalizar o Centro Espírita é endividamento sério e cármico ”.Conscientizados dessa questão tão importante, estaremos colaborando de fato, para aevolução evangélica no planeta.

2 - Postura nos Serviços de Acolhida e Encaminhamento

Pergunta-se: o que sentimos na primeira vez que colocamos o pé dentro de umCentro Espírita?

Em que pese os inúmeros casos de pessoas que se sentiram em paz, emharmonia e em clima espiritual elevado, um percentual grande de pessoas, mormente asprovenientes de religiões dogmáticas, em especial quando praticantes, mas mesmo asque apenas assimilaram determinados princípios, relatam sentir medo, insegurança,desconforto, ansiedade, estranheza e expectativa diante do desconhecido. Muitos sejulgam naquele primeiro instante, traindo seus valores mais íntimos recebidos nainfância. Sabemos, aliás, que várias pessoas com problemas dolorosos só buscam a CasaEspírita após terem esgotado outro s recursos.

Logo, o primeiro fator de importância capital é o ACOLHIMENTO. É lógicoque, mesmo que não haja medo ou qualquer desconforto fruto de algum preconceito,todos gostamos de ser bem tratados, acolhidos. É uma condição prévia para aharmonização íntima. Mas é notadamente nesses casos em que já chegamos ao Centrocom desconforto, nos esforçando em muitas ocasiões para não deixarmos o ambienteprecipitadamente, até também por problemas emocionais e obsessivos, que oacolhimento se faz essencial para nos acalmar e auxiliar na assimilação do tratamento(falamos não só do passe em si, mas também da preleção evangélica).

A acolhida carinhosa e fraternal é importantíssima para que a pessoa se sintabem. E isso pressupõe o sorriso. Não o sorriso forçado, maquinal, exterior, mas osorriso primeiramente do coração. O sorriso, para ser verdadeiro e, portanto,contagiante, deve vir de dentro para fora. Para isso, temos que fazer um exercícioíntimo para enxergar no próximo, verdadeiramente, o nosso irmão que ele é.

Jesus nos disse: “quando fizeres o bem ao necessitado, é a mim que ofizestes” (Mateus 25, 40). O Mestre, reconhecendo -se um igual a todos nós, Espíritosem evolução, na Sua grandeza proclama a identidade fraternal entre os filhos do Pai,sentindo-se assim beneficiado intimamente quando qualquer outro seu irmão também o

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é, sentindo alegria íntima tanto pelo que recebe, quanto pelo que doa. Vivenciando oamor em comunhão com o Pai, vislumbrando o estado de perfeição relativa a que todasas criaturas alcançarão, alimenta-se o Mestre de certo modo, pelo amor que é semeadono coração do irmão necessitado e que o desperta progressivamente para a sua condiçãodivina, fazendo brotar o sentimento de fraternidade cuja plenitude é obra dos séculos.Assim, o amor que acalenta a criatura carente é o amor que acalenta a Jesus!

Por conseguinte, procuremos ver Jesus no outro. Procuremos agir para como outro como agiríamos se ele fosse Jesus. Sem servilismos, sem afetação, mas comamor, com acolhida fraternal. Façamos de conta que os homens, mulheres e criançasque adentram à Casa Espírita sejam Jesus e Maria disfarçados – fazendo a eles tudo oque faríamos se os encontrássemos de fato, ou seja, tudo o que gostaríamos que fossefeito para nós.

Se tivermos isso em mente, sorriremos espontaneamente, com solicitude,respeito, carinho, gentileza, etc. Verdade é que umas pessoas são mais sorridentes queoutras. Há um traço característico diferenciado em cada ser. O Comandante EdgardArmond era uma pessoa mais séria, contida, porém extremamente amorosa. Existempessoas francamente extrovertidas, mas não necessariamente amorosas. Há pessoas quesentem mais dificuldade em sorrir, em acolher o outro, por uma introversão ou mesmotimidez. Às vezes não gostaríamos de ser assim, gost aríamos de ser mais atirados,porém se ainda não somos, é importante nos auto -avaliarmos na função da acolhida. Àsvezes queremos desempenhar uma função para a qual ainda não rendemos devidamente,em detrimento de outra para a qual seríamos excelentes. Iss o não significa que nãopodemos nos desenvolver nesse ou naquele sentido, mas sim, procurar em determinadomomento “não dar o passo maior que a perna”.

Armond junto aos trabalhadores, buscava conhecer as potencialidades de cadaum para adequar a pessoa na função que pudesse desempenhar melhor. Essa é umatarefa difícil dos dirigentes. E é também uma responsabilidade de todos nósprocurarmos o auto-conhecimento, estudando as nossas potencialidades paradesenvolvê-las da melhor forma possível. É como na mediu nidade: às vezes queremosuma faculdade que não temos, ou queremos o aprimoramento de uma que é secundáriaem detrimento da principal, quando o nosso dever é trabalhar a faculdade dominante.

Portanto, para acolher, precisamos sorrir, criar empatia, e verda deiramentevibrar amorosidade. Mesmo quando diante dos problemas da vida, cairmos na tristeza –buscar passar otimismo, positividade, alegria é fundamental, pois se aparecer umassistido com depressão e, nos mostramos deprimidos, aí é que ele vai “para o b uraco”.Dirá de si para consigo: “O que é que vim buscar aqui?!”.

E a nossa luta é, apesar dos nossos sofrimentos, procurarmos ir modificando onosso íntimo, desenvolvendo com perseverança, a fé e a confiança, para buscarmos nãofingir, mas passarmos ao outro o que é positivo por estarmos buscando vivenciar de fatoo positivo. Isso é esforço de reforma íntima.

Dar as explicações necessárias, corretas, com solicitude, fineza, carinho, semjamais perdermos a paciência – é fundamental. Pois então, mesmo que a s vibrações dooutro não estejam boas, estando ele irritado, nervoso, impaciente – não haverá sintoniae, com a ajuda dos bons Espíritos que procuram atuar em colaboração conosco – haveráa influenciação positiva do mal -humorado, com a alteração de suas di sposições íntimas.

Por isso, em muitos casos, o sorriso é mais importante que o próprio passe,pois propiciará a receptividade necessária para recebê -lo. E o simples fato de a pessoaestar num lugar onde é bem tratada de fato, em não estando acostumada a e ssa acolhidaem sociedade, em sua vida, aí, nesse instante, já começa o seu despertamento, operando -se em certa medida um choque em sua alma, sentindo -se tocada no íntimo do seu ser e

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sendo levada, assim, a refletir que existem pessoas diferentes, afáveis, boas, carinhosas.E assim o grau de ameaça cai, o nível de temor (se houver) cai e o plano espiritual podeagir com mais facilidade.

Por isso também o ENCAMINHADOR deve sorrir e ser extremamenteamoroso para verdadeiramente encaminhar, procurando agir efi cientemente para quenão haja margem para nenhuma dúvida por parte do assistido quanto à realidade que ocerca. “O local para sentar-se é aqui”, “a caixa de vibrações fica ali”, “o banheiro e obebedouro ficam acolá”, “tenha um bom tratamento”; se perguntado, esclarecerpacientemente, por exemplo, que “ as vibrações são sentimentos de amor que servempara auxiliar os necessitados”, “o tempo de preleção é cerca de vinte minutos ” e assimpor diante.

3-Preparação Diária, Oração, Vigilância e Abertura Prévia do s Trabalhos

Para que possamos assim atuar de forma satisfatória, não podemos olvidar aimportância de nossa preparação diária. A oração e a vigilância são preceitos deimportância capital recomendados pelo Cristo. A preparação individual dostrabalhadores de um Templo Espírita deveria ser uma realização de todos os dias.Porém, em razão da nossa inferioridade, mesmo com esforço, ainda estamos sujeitos aquedas inúmeras. Procuremos, assim, diminuir as nossas falhas em especial nos dias deatividade espiritual, através de uma preparação mais intensa. Vigiarmos as ocasiões quepodem nos comprometer espiritualmente. Evitarmos nesse dia, no lar, no trabalhoprofissional, na sociedade enfim, discussões, ainda que amistosas, altercações,pensamentos menos dignos, sentimentos inferiores, bebidas alcoólicas, carne,procurando comer de forma moderada, e, diante de uma situação inusitada, nosvalermos sempre da prece.

Gostaríamos de lembrar, nesse sentido, duas passagens da vida de FranciscoCândido Xavier, narradas por Marcel Souto Maior , em seu livro As Vidas de ChicoXavier, que nos mostra a importância da oração.

“Numa tarde, quando voltava da Fazenda Modelo, a pé e sozinho, parou nomeio da estrada de terra e se jogou ao chão de joelhos, com os olhos voltados para océu e as mãos enlaçadas em prece. Em sua direção, cada vez mais perto, avançava umalegião de quase seiscentas criaturas descontroladas, armadas com pau e aos berros:

– Você é o Chico Xavier? Agora você vai ver. Miserável, protegido.Os agressores já estavam a cinco passos de distância e nem sinal de

Emmanuel, o protetor. Chico rezou, pediu perdão a Deus e se preparou para olinchamento. De repente, as figuras começaram a se desfazer. Não sobrou uma paracontar a história. Chico se levantou, sacudiu a poei ra da calça e, a caminho de casa,decifrou a lição do dia: a reza era um santo remédio.

Semanas depois, Chico foi surpreendido por três mulheres nuas seensaboando embaixo do chuveiro em sua casa. Elas riam, jogavam água uma nasoutras e encaravam o moço com olhares convidativos. O autor de Libertação fechou osolhos rezou e, quando voltou à tona, estava sozinho de novo no banheiro, pronto para obanho” (capítulo V).

Além da nossa preparação individual no dia -a-dia, visando a nossa atuaçãosatisfatória no Templo Espírita, não podemos desprezar a importância dapreparação antes do começo do trabalho, ou seja, de nossa ligação prévia com oAlto. Seria bom que os que pudessem chegar mais cedo, sempre participassem dessaabertura prévia. Isso para a devida ligação fraternal com o colega de serviço, o irmãode jornada e, principalmente, para a ligação com o Plano Espiritual. A integração plena

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de todos com o dirigente e os mentores e colaboradores espirituais do trabalho é fatorimportante. Isso nos dá força ínti ma para mantermos o padrão vibratório elevado nocontato com os assistidos, mesmo os mais perturbados. Os trabalhadores que chegarem,por motivo profissional ou outro relevante, após essa preparação inicial, devem, tomadoo passe de limpeza ao adentrarem a o Centro, se recolher em profunda prece antes dequalquer contato com os assistidos.

Para a postura íntima adequada, além de procurarmos passar o amor, o sorrisoe o calor necessários, vendo Jesus no outro, tratando -o como a um verdadeiro irmão –como se fosse o nosso pai, a nossa mãe, o nosso filho – precisamos também aprender avisualizar o companheiro espiritual ou os companheiros espirituais que estão aliatuando conosco no desenvolvimento do trabalho. Mesmo não tendo a faculdade devidência ou uma sensibilidade mais aflorada, a busca da elevação cotidiana e apreparação bem feita nos possibilitam perceber as entidades que trabalham conosco ereceber as suas orientações para cada caso.

Em determinado sentido, todos somos médiuns, todos recebemos inspira çõesda espiritualidade. Procurando sentirmo -nos diante dessas entidades – o que é umarealidade – não nos permitiremos pensamentos menos dignos, distrações, posturasmeramente exteriores e comportamentos incompatíveis com o desempenho de tãodignificante função. Assim, estaremos em estado de prece contínua . Em sentindoqualquer dificuldade nesse sentido, lembremos de Agostinho, que quando encarnadocomo tal afirmou: “há uma oração interior que nunca se cala. Teu desejo. Portanto, sequeres orar sem cessar, não cesses nunca de desejar”.

Isso vale para os que fazem a acolhida, os encaminhadores, os passistas, osplantonistas ou entrevistadores e os preletores.

4 - Os Passistas e a Higiene das Transmissões

Quanto à higiene das transmissões (capítulo 28 d o livro Passes e Radiações)afirma o Comandante Armond que tal pressupõe tanto quanto possível que os passistas“tenham boa saúde, sejam sóbrios na alimentação , no vestuário, nos costumes ealtamente moralizados; que eliminem vícios, evitem tóxicos, inclusive os provindos deseus próprios organismos e aprendam a dominar suas emoções, para evitar a perdainútil de energia fluídica, mormente as do campo sexual, pois que um sistema nervosoesgotado ou desequilibrado, impedirá a emissão e a livre movimentação d e fluidoscurativos e levará o operador a uma condição de hipersensibilidade que o exporá avários e sérios riscos” (grifos nossos).

E prossegue: “realmente, sempre que houver excesso de sensibilidade, porparte do doente ou do operador, haverá possibilid ade mais ampla de permuta defluidos bons e maus, sendo comuns os casos de transmissão de fluidos mórbidos dodoente para o operador e vice -versa. Este último, além dos fluidos de cura, transmitirácom os passes, toxinas orgânicas ou medicamentosas e ainda mais: produtos vindos daesfera moral, de suas próprias paixões inferiores que, porventura, constituam suanatural tonalidade vibratória”. “São muito comuns os casos de doentes submetidos apasses dados por servidores sinceros e de boa vontade que, todavi a, sentem após aaplicação, inexplicável agravação de seus males, ou o acréscimo de novos,acompanhados de visível mal -estar que, justamente, resultam dessas impurezas a quenos referimos”, esclarece.

E finaliza: “para dar passes, pois, não basta a boa von tade; é necessáriotambém que o operador preencha uma série de condições físicas e psíquicas, tendentesà purificação do corpo e espírito”.

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No que toca à sobriedade do vestuário, na questão 219 do livro Respondendoe Esclarecendo, perguntado como a gente deve se vestir hoje em dia, respondeArmond: “discretamente, com decência, simplicidade e conforto ”.

“Alimentação sóbria, abstenção de tóxicos e outros fatores, influemsobremodo no trânsito livre e desembaraçado das energias pelo binômio centro deforça-plexo; isto é muito importante para aqueles que dão passes e que necessitammanter sempre suas próprias forças em perfeito ritmo e capacidade ”, lembra nossoIrmão Edgard no capítulo 2 do livro Passes e Radiações, e enfatiza no capítulo 3 anecessidade da reforma íntima (vencer vícios e defeitos, dominar paixões inferiores,conquistar virtudes espirituais), da higiene do corpo físico, da alimentação racional esóbria, do repouso necessário, distrações benéficas e úteis e de um programa individualde ação.

André Luiz, nos lembra o Comandante, “ demonstra que a carne é alimentotão tóxico e desaconselhável quanto o fumo ou o álcool ” (capítulo 28 do mencionadolivro).

E no capítulo 8, enfatizando que os sensitivos mais que quaisquer outros estãosujeitos ao constante recebimento de fluidos pesados, Armond recomenda como umanecessidade a LIMPEZA PSÍQUICA DIÁRIA . Isso, para que se não tornem “ vítimascrônicas e submissas de graves perturbações provindas da contaminação fluídica ”. Ohábito do autopasse diário compensa a nossa inferioridade imanente, diz Edgard,“própria dos nossos corpos de carne, sujeitos a tantas imperfeições e impurezas ”. E nocapítulo 18: “justamente por causa das contaminações diretas que sofrem a todos osmomentos, devem os médiuns se utiliza r – sobretudo eles – do Autopasse para alimpeza psíquica de si mesmos e o recarregamento de energias dos plexos e centros deforça”.

Diz ele que, “os médiuns e as pessoas que dão passes não devem ser viciadasno fumo, no álcool, etc. para que, juntamente com seu próprio fluido, não transmitampara os doentes as emanações naturais desses tóxicos, que produzem males inúmerosaos organismos doentes e sensíveis ”, bem como, prossegue, “não devem dar passesquando estiverem doentes, fracos ou intoxicados por e xcessos de alimentação oumedicamentos, porque, da mesma forma, transferirão para os doentes esses venenosorgânicos”. “E, ainda, quando estiverem espiritualmente perturbados, vitimados porencostos, obsessões, etc., porque além dos seus fluidos, já de si mesmos prejudiciais,ainda transferirão para o doente os fluidos maus dos espíritos perturbadores com osquais estejam em contato” (grifos nossos), finaliza. No livro Trabalhos Práticos deEspiritismo, contido atualmente na coletânea Prática Mediúnica, Armond, além dosreferidos casos, ainda recomenda que não devem ministrar o passe, “ aqueles que,moralmente, sejam julgados indignos ” (capítulo 4, item 4.3, Regras). Deve referir-se aalguém cujo comportamento incompatível com a moral e a ética se tornou conh ecido demodo comprovado e insofismável.

Nessas condições, portanto, tais trabalhadores devem se afastar do passe,da doação magnética, o que não significa afastamento do trabalho . O trabalho éessencial para o equilíbrio psíquico do ser, de modo que, nas referidas condições nãodevem doar suas energias, mas devem procurar realizar qualquer outra função nostrabalhos da Assistência Espiritual. Assim como cabe ao trabalhador saber quanto aeventual necessidade de se submeter a tratamento espiritual (detectan do o desequilíbrioem si), cabe também a ele a responsabilidade de revelar a sua condição ao dirigente dotrabalho, para que as providências cabíveis sejam tomadas.

Compreende-se que, nesses casos, não poderá o trabalhador realizar o passe delimpeza, bem como a aplicação de todo e qualquer passe ou imposição de mãos; da

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mesma forma, mesmo que esteja tão somente na corrente doando magnetismo, seenquadra igualmente na proibição, pois haverá doação de fluidos impuros. É verdadeque em nosso mundo de provas e expiações não existe passe isento de impurezas,porém, nesses casos, elas adquirem uma condição negativa superlativa e, portanto,prejudicial.

Por conseguinte, o passista necessitado de tratamento espiritual não poderádoar energias mesmo se apenas na c orrente de aplicação do P1, P3A e P2 (nesse,embora seja o aplicador quem conscientemente cuida do físico do assistido, estando osobsessores recebendo as vibrações de amor emitidas pelos participantes da corrente,esses, têm também o seu magnetismo utiliz ado pela espiritualidade no tratamento); noque toca ao CH, como em tese, a doação é puramente de fluidos amorosos,cientificamente não haveria problema na doação, porém entrar na roda que já estavaharmonizada apenas nesse momento, o que implicaria ainda em arrastamento decadeiras se revelaria contraproducente. Falamos “em tese”, pois na prática, poderiaocorrer de um trabalhador, incorretamente, invés de realizar doação fluídica (emissãopelo coração de vibrações amoráveis) – não obstante seja a doação sabida de todos paraesse caso – efetuar doação magnética. Tal problemática (erro na natureza datransmissão) poderia ocorrer também no que tange ao P3B.

No livro Chico Xavier Amor e Sabedoria , o autor, João Cuin, narra tertrabalhado durante muitos anos num grupo de desobsessão com o Chico, na ComunhãoEspírita Cristã, em Uberaba, revelando que durante todo esse período era vítima de umassédio espiritual muito grande que lhe ocasionava muito sofrimento, dando a entendertratar-se de uma obsessão cármica. Nesse sentido, uma dirigente de um grupo de P3B deum Centro Espírita do interior, nos contou certa vez que um trabalhador da equipe,médium, padecia de obsessão cármica, e, não obstante, os trabalhos transcorriam emplena harmonia, sem qualquer problema ou efeito colateral negativo para os assistidos.Ora, perguntaríamos, e como ficaria a questão da doação e sua participação na corrente,nesse caso?

A médium Martha Gallego Thomaz nos esclareceu que “quando o médium éinexperiente ele passa energia ao as sistido, dando sem saber, força ao obsessor. Naverdade a vibração deve ser de amor, fluídica -luminosa, sem magnetismo. Emmanuelcerta vez nos disse ‘amor é luz e luz é vida’. Para o assistido na desobsessão só se devedoar amor. Na corrente se dá sustenta ção, inclusive magnética, ao médium queincorpora e não ao assistido. Deve -se ter esse cuidado também com tumores, pois aenergia o ativa. Vimos o caso de uma pessoa que tinha uma ‘bola’ no final do esôfagoe, com a energia, ela começou a destilar luz e a crescer. Havendo tumor não se devedar energia”.

Logo, no que tange à participação do médium com envolvimento espiritual notrabalho de um grupo de desobsessão, concluiríamos que sua participação seria possível,desde que bem orientado pelo dirigente do g rupo no que toca à sua atuação ou tipo dedoação. Malgrado o desequilíbrio em algum grau que possa possuir, desde que estejabuscando sua reforma íntima e sentindo -se em condições para a realização do trabalhode modo plenamente satisfatório (o que pressup õe o acompanhamento do dirigente, quedeverá observar todos os aspectos da realização da atividade em questão), e evitando adoação magnética para o assistido, nesse caso, não haveria problemas.

5 - Passe de Limpeza

O PASSE DE LIMPEZA deve ser “utilizado na preparação dos atendidos epassistas, logo que adentram ao Centro Espírita, para que não venham a perturbar a

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harmonia dos trabalhos e para que os necessitados possam assimilar com maiorproveito os tratamentos que irão receber ”, conforme reza o início do capítulo 17 dolivro Passes e Radiações. Todavia, no capítulo 26 afirma Armond que, “após arecepção e entrevista, o assistido recebe o passe de limpeza. Notar que este ato deve serrealizado sempre fora do recinto do trabalho”.

Entendemos a contradição aparente no sentido de que, se possível, o passelogo ao adentrarmos ao Centro é recomendável, o que dependerá contudo dasinstalações de cada qual, não se constituindo a falta desse passe em fator impeditivo aostrabalhos da recepção e da entrevista, sendo contudo essencial que este ato seja“realizado sempre fora do recinto do trabalho ”, vale dizer, onde se dará o tratamento,tanto a evangelização, que se dá numa sala determinada, quanto a aplicação do passeespecífico, realizada a seguir, noutro reci nto.

Com efeito, na nota final do capítulo 15, do mencionado livro, o nosso IrmãoEdgard reforça que “em todos os tratamentos materiais ou espirituais, é obrigatória aprévia limpeza psíquica dos doentes e dos operadores, antes de penetrarem no recintodo trabalho (...)” (grifos nossos).

Evidencie-se que o passe de limpeza não pode se dar de modo tumultuado .Mais que a execução do passe em si nos referimos à postura dos passistas, como porexemplo: um passista ficar conversando com outro ; ficar observando o que se passa naentrada (às vezes até durante a aplicação do passe); sair do local para ler o quadro deavisos ou para escrever nomes para as vibrações, deixando, por vezes, um único passistapara aplicar o passe em homens e mulheres .

No que toca à questão de gênero, salvo impossibilidade, cada um deve receberpasse de passista do próprio sexo; normas como essa, bem como a preocupação paraque não haja contato físico pela imposição de mãos, ou com aquela sobre indumentáriaimprópria para com o ambiente e spiritualizado, incompatível com a decência, visamevitar situações que possam ensejar pensamento ou impressão sensual, pois talmodificaria a natureza do fluido a transmitir, carregando -o de vibrações negativas –prejudiciais aos doentes e operadores, atr aindo Espíritos inferiores, aumentando asperturbações e ensejando, caso a situação se perdure de modo irresponsável, corrupçãopsíquica do ambiente, conforme o capítulo 25 da obra Passes e Radiações.

O passista em seu posto deve estar ligado ao Plano Esp iritual; sorrirá aoassistido para atrair-lhe a simpatia assim que esse tomar o seu lugar a sua frente edesempenhará sua função em comunhão com a espiritualidade. “ Para que os passesmagnéticos produzam melhor efeito, é necessário que, previamente, o oper adorestabeleça laços fluídicos de simpatia, solidariedade e confiança entre si e o doente;qualquer sentimento de antipatia, temor ou desconfiança de qualquer deles, impedirá ofluxo natural e espontâneo dos fluidos entre ambos ”, ensina nosso Irmão Edgard, nocapítulo 10, item “m” do referido livro.

Se o assistido estiver incomodado, impaciente, for mal educado ou agressivo,jamais devemos entrar na mesma sintonia, e o conseguiremos, desde que previamente edurante todo o trabalho estejamos orando e vigiando. Tratando-se, como se trata, detrabalho em equipe, recordamos Allan Kardec: “(...) para que todos os pensamentosconcorram para o mesmo fim é necessário que vibrem em uníssono, que se confundampor assim dizer em um só, o que não pode se dar sem concen tração” (item 331, capítuloXXIX de O Livro dos Médiuns).

Como costuma lembrar o confrade Flávio Focássio, o passista que fica atentoao que se passa na entrada, fazendo gestos com a mão para chamar à cadeira osassistidos para o passe, é porque não está concentrado. Evidentemente, acrescentamos,se não há um encaminhador, não há alternativa para o passista. A responsabilidade,

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então, seria do dirigente do trabalho, que deveria organizá -lo de modo condizente com aimportância que a espiritualidade lhe confe re, salvo situação de impossibilidademomentânea insuperável. Todo o corpo de trabalhadores estando consciente dasimplicações que um trabalho como esse oferece, deverá contribuir à altura para evitaressas falhas, com responsabilidade e em sintonia com a espiritualidade.

A busca cotidiana da espiritualização – através do esforço de reforma íntima,de preces, da vibração das 22 horas, evangelho no lar, utilização da caderneta pessoal,da revisão preconizada por Agostinho (questão 919-A de O Livro dos Espíritos), davigilância (de pensamentos, atos, ocasiões que podem nos prejudicar espiritualmente),da prática da caridade (não somente a eventual, mas a sistemática, habitual, periódica),da aceitação diante das dificuldades momentaneamente insuperáveis da vid a – vai nospossibilitando uma maior qualidade de nossa doação em todos os sentidos, inclusive,uma ligação mais poderosa com os Bons Espíritos, nos permitindo uma maiorinspiração e intuição diante dos problemas que se nos afigurem nos trabalhosespirituais.

O comportamento íntimo de se procurar evitar as sintonias indesejáveis,mesmo quando somos francamente atacados, com o tempo, nos fortifica e nos dásegurança na nossa atuação. Gostaríamos de lembrar, nesse sentido, um fato da vida deChico Xavier, contida no livro Chico, de Francisco – de autoria de Adelino daSilveira (“Razão e Necessidade”).

“Muita gente procurava o Chico em seu emprego e isto começou a causar -lheproblemas.

Certa vez, uma senhora em adiantado estado de perturbação foi procurá -lo. Ochefe não queria que ele atendesse ninguém em seu ambiente de trabalho e foi dito àsenhora que o Chico estava em casa. Para lá se dirigiu ela, sendo informada de que oChico estava trabalhando. Voltou novamente ao emprego e disseram que o nosso amigosaíra a serviço.

Ela resmungou qualquer palavrão e se foi.À noite, quando as portas do Centro se abriram, ela avançou sobre ele e lhe

deu inúmeros bofetões no rosto.Quando acabou de desabafar através da agressão, falou com voz nervosa e

trêmula.– Está pensando que tenho tempo para andar atrás de você para cima e para

baixo? E, agora, já para aquela sala que você vai me dar um passe...cachorro...A senhora sentou-se numa cadeira e ficou esperando.O Chico começou a pensar: “Senhor Jesus, para se transmitir u m passe

precisamos estar calmos, com o coração voltado para o amor do próximo. O Senhorsabe todas as coisas e sabe que não estou com raiva dela, mas ela me deixou numestado meio diferente. Ajude-me Senhor”.

Então, o espírito de Emmanuel lhe aparece e diz :– Para ajudá-la é preciso alcançar-lhe o coração. Converse com ela.E o Chico, para a irmã em sofrimento:– Minha irmã, a senhora me perdoe ser uma pessoa tão ocupada. Não

pude atendê-la em meu emprego porque meu chefe não permite. A senhoracompreende... estou ali para servir à empresa, que me paga. Não posso perder aqueleserviço porque tenho muitos irmãos para ajudar.

Foi conversando... conversando, e a mulher se acalmando, para em seguidacomeçar a chorar. O Chico, então, transmitiu -lhe o passe e ela foi devolvida à razão.

Depois de sua saída, o médium perguntou ao espírito de Emmanuel:– Emmanuel, eu não estou com a razão?

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A resposta foi esta jóia de caridade cristã:– Você está com a razão, mas ela está com a necessidade.No outro dia, quando o Chico chegou ao serviço, estava com o rosto todo

inchado. Seu chefe indagou o que ocorrera.– Bati na porta.Ele então olhou-o por sobre os óculos e perguntou novamente:– Mas... dos dois lados?”A história fala por si mesma.

6 - Conscientização Quanto ao Efeito do Passe de Limpeza

Costumamos notar que, por vezes, não temos a devida consciência do quesignifica o passe de limpeza e qual o seu efeito em termos perispirituais. Isso porquetemos visto, constantemente, mesmo trabalhadores antigos e supostamenteexperimentados nesses trabalhos, logo após a recepção da limpeza, cumprimentarem,com beijos, apertos de mão e abraços efusivos, pessoas – trabalhadoras ou não – quevão entrando no Centro antes de ainda terem tomado o passe.

Ora, o contato de seus corpos fluídicos e energias, como costuma acontecer narua, fora do Centro, casam-se, permitindo a permuta de fluidos nocivos daquele que nãotomou o passe para aquele que tomou. Em seguida, enquanto o que acabou de entrar vaipara o passe, aquele outro, vai adentrando nas o utras dependências do Centrodespreocupadamente, acarretando aos mentores encarregados uma situação que eles nãotêm a obrigação de sanar. Evidentemente que, olhando para a boa vontade dostrabalhadores, podem procurar sanar os prejuízos, provenientes de m era ignorância.Porém, se os trabalhadores não estudam e, mesmo com uma certa consciência “dão deombros”, só resta à espiritualidade largá -los aos efeitos que semeiam para si mesmos.

Veja-se a importância do estudo, da instrução, também preceituada peloEspírito de Verdade. O passe, nessas condições, se assemelha aos gestos exterioresformalísticos, litúrgicos ou ritualísticos, eis que aplicados sem a noção de seusfundamentos e efeitos, inculcando nos assistidos que chegam a Casa, vícios e uma visãodeturpada da realidade.

O passe não pode ser ato maquinal e nem aplicado com distração, sob pena dese constituir em gesto puramente exterior. A figura do dirigente e do encaminhadornesse processo para o saneamento das falhas, torna -se fundamental. E, em havendo aconscientização geral, mesmo que o assistido que chega venha querer nos abraçar nomomento que estamos saindo do passe, diríamos com muita cortesia: tomeprimeiramente o passe, e depois nos cumprimentamos . E assim, após, poderemosconversar e explicar fraternalmente o porquê do nosso comportamento.

Lembremos que aqueles que realizam a função de acolhida (na entrada doCentro), diferentemente dos demais estão em contato direto com os assistidos quechegam, cumprimentando-os, apertando-lhes as mãos. Eles se prepararamespiritualmente para isso e, enquanto estiverem no seu posto é isso que devem fazer. Otrabalhador na função da acolhida, ao terminar seu trabalho, ou, caso tenha (por justomotivo) que se ausentar do seu posto antes da hora aprazada (o q ue pressupõe que outrapessoa também esteja no local de entrada, disponível para o exercício da referidafunção) – deverá tomar o passe de limpeza, como todos os demais que se introduzem naCasa. Isso tudo é muito lógico para que continuemos a insistir.

Evidente, contudo, que o bom senso deve sempre imperar. Suponhamos quemembros de um grupo do Centro que trabalhe com moradores de rua tenham queadentrar ao local com um grande carregamento de cobertores a serem guardados numa

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sala qualquer, de modo que, diante da quantidade, mesmo carregando vários de cadavez, necessitem entrar e sair inúmeras vezes. Se a cada entrada tivessem de se desfazerdo grande pacote de cobertores para tomar o passe de limpeza, para a seguir novamentepegá-lo e depositá-lo no local devido, estaríamos diante de uma situação inusitada edesgastante.

Tal atividade (transporte de cobertores ou de outros bens quaisquer),logicamente, deverá ser evitada durante o horário de atendimento da AssistênciaEspiritual para não tumultuar o ambie nte. Evitando-se essa situação, o cumprimentodessa “regra” (limpeza prévia), nesse caso, não teria razão de ser, porque, então, estariasendo cumprida em função dela própria, o que seria irracional. As regras existem emfunção de uma dada realidade, e não em razão de si mesmas. Elas são úteis, por suafinalidade diante de uma situação concreta que as justifique, não existindo simplesmentepara serem cumpridas.

Verdade é que tomar o passe de limpeza não é mera regra disciplinar, mas tem,cientificamente falando (do ponto de vista da Ciência Espírita), uma razão profilática(consoante vemos no capítulo 17 do livro Passes e Radiações): evitar que a harmoniados trabalhos seja perturbada e possibilitar a assimilação mais proveitosa dostratamentos. A imposição da mão direita sobre a cabeça do assistido (após a captação daforça fluídica para a cura) visa agir diretamente sobre a mente do obsessor,neutralizando sua ação e desligando -o da mente do doente. Os movimentos transversaiscruzados visam projetar fluidos dispersivos, produzindo um choque que desarticula asligações fluídicas do obsessor com o assistido. Os transversais simples dispersam osfluidos nocivos do perispírito do doente. Os longitudinais promovem a regularidade dofluxo do fluido nervoso pelo o rganismo em geral. A imposição final, visa a benção deDeus sobre o paciente.

Note-se, porém, que o referido livro sobre métodos espíritas de cura,estabelece que a limpeza psíquica prévia é obrigatória em todos os tratamentos (nota aofinal do capítulo 15). Fora do horário desses trabalhos, em razão da manutenção de umamaior pureza ambiente (em termos fluídicos) a limpeza seria recomendável, mas nãoobrigatória.

Na suposição em pauta, embora não haja a limpeza dos indivíduos (quecarregam os cobertores), a Assistência Espiritual não estaria funcionando nessemomento, pelo que eles não quebrariam a harmonia dos trabalhos e nem teriamqualquer problema de assimilação do tratamento (que não estaria acontecendo) e nemestariam interferindo no tratamento de ou trem pelo mesmo motivo. Mesmo assim,poderia haver eventualmente contaminação fluídica no ambiente. Havendo necessidadede limpeza ambiente, esta será realizada pela espiritualidade somente ao final daatividade (carregamento dos cobertores), por questão ó bvia, racional, ou noutromomento posterior em que os espíritos protetores julgarem conveniente, como naassepsia que começa a ser realizada horas antes do início dos trabalhos espirituais.Quanto aos encarnados que fazem o carregamento, uma prece simples inicial e/ou aofinal do mesmo, poderá ser feita.

Porém alguém poderia questionar: e se por questão hipotética tal carregamentosó pudesse se dar imperiosamente durante o horário de realização de um determinadotrabalho de Assistência Espiritual? Responder íamos: se fossem apenas uma ou duas“viagens”, o passe de limpeza seria uma necessidade; porém, se o peso carregado forconsiderável ou se o tamanho do pacote dificultar o seu carregar, ou ainda se as“viagens” forem muitas, haverá falta de caridade em sac rificar os carregadores com talprocedimento. O argumento de que se faltará com a caridade para com os assistidos, nãoprocede, pois se tem como pressuposto ser essa uma situação excepcional e

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absolutamente necessária. Mormente se esse carregamento for rea lizado por pessoas nãoespíritas, meros entregadores que aí estão simplesmente para cumprir seu deverprofissional. Assim sendo, deverá se procurar que os assistidos não tenham contato, namedida do possível, com os carregadores, cuidando -se para que o passe seja realizado,de fato, na ante-sala da preleção.

De qualquer modo, sendo situação que extrapola as responsabilidadesindividuais, nesse caso, com certeza, a espiritualidade auxiliaria com recursos especiaise empenho no que for necessário para que tu do transcorra da melhor maneira possível,sem prejuízos para os assistidos.

Portanto, enquanto regra, o passe de limpeza deverá ser realizadoobrigatoriamente por todos os que adentram na Casa Espírita nos horários de tratamentoespiritual e de trabalhos mediúnicos diversos no campo da cura. Fora dos horários daAssistência Espiritual, a limpeza psíquica é recomendável para a manutenção dahigienização ambiente, mas não obrigatória. Nas palestras para o público em geraltambém não haveria uma obrigatoriedad e, até porque se trata de evento isolado, semcompromisso e sem caráter de tratamento.

Nos cursos e escolas evangélicas regulares, ainda que não se revistam deobrigatoriedade, pelo entendimento de que não se constituem em tratamento em sentidoliteral, entendemos a utilização da limpeza psíquica como altamente recomendável, emsendo possível, até porque se visa estimular o livre -arbítrio do ser para a realização dareforma íntima, a qual ensejará a cura no seu sentido mais profundo (atuação nas causase não nos efeitos, possibilitando a redenção), fazendo -se mister evitar, na medida dopossível, perturbações ambientes e ensejar uma circunstância de maior assimilação dosensinamentos evangélicos. Não se pense, entretanto, que a falta do passe (por umaimpossibilidade qualquer) se constituiria num impedimento ao processo de iniciaçãoespiritual, o qual, em essência, transcende as religiões. Pensar diferentemente implicariaem admitir que fora da verdade espírita não haveria salvação, o que é um erro. O bomsenso e a ausência de fanatismo e meticulosidade pueril devem sempre imperar, pois aDoutrina Espírita será sempre pautada no amor e na racionalidade.

7 - Manutenção da Ordem e Doação Fraterna

Devemos todos colaborar para evitar conversas altas próximas ao recinto deaplicação de passes durante o desenrolar do trabalho, auxiliando a concentração dospassistas. Mas é justamente pela concentração, alguém dirá, que conseguimos nos alheardos barulhos externos – o que é verdade, mas em função da condição ainda precária emmuitos de nós no que tange a um maior controle da vida interior, estamos sujeitos afalhas na concentração, pelo que não custa nada que duas ou três pessoas colaboremcom sete ou mais nesse sentido.

Quanto aos trabalhadores que permanecem no l ocal de aplicações de passesantes da abertura do trabalho para os passes específicos, preceitua Armond que fiquem“(...) lendo e meditando até a abertura, sendo prejudicial, neste ínterim, qualquerespécie de conversa” (capítulo 26, item 4, letra b do livro Passes e Radiações).

Na qualidade de passistas, procuremos passar para o assistido no instante dopasse, tudo aquilo que gostaríamos de doar se o necessitado fosse o nosso pai, ou nossamãe, ou nosso filho, enfim, se fosse alguém a quem amamos profundam ente. Desejarprofundamente, assim, a sua cura. Esse exercício de fraternização é importante, poisnosso sentimento de fraternidade é ainda precário.

Diante de um mendigo, na via pública, poderemos dar uma esmola, pagar umlanche, fornecer um agasalho, de spender um tempo para uma conversa... Tudo isso é

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muito positivo. Contudo, se reconhecêssemos nesse morador de rua, por hipótese, nossopai há anos desaparecido, em regra, o levaríamos para nossa casa, visando suareintegração na sociedade. Essa situação d e tratamento diferenciado para com os nossosparentes consangüíneos, diante de outros indivíduos quaisquer, demonstra a nossanecessidade de crescer muito ainda em fraternidade. Vislumbramos, então, a grandedistância que nos separa dos mundos adiantados. Quiçá, entre os mendigos aos quaisrenegamos auxílio, não está um parente nosso de outra encarnação? Mas mesmo queassim não fosse, todos somos filhos do mesmo Pai, logo, todos somos irmãos. Não semrazão estabelece O Livro dos Espíritos que, “numa sociedade orientada segundo a Leido Cristo, ninguém deve morrer de fome ” (resposta à questão 930).

Em verdade ainda estamos muito longe dessa vivência, tendo muito aprogredir, mas que possamos nos exercitar, ainda que minimamente, de acordo com asnossas possibilidades. E os nossos trabalhos de assistência espiritual se constituem paratanto em oportunidades benditas! Que possamos, pois, exercitar a nossa doação deamor, vendo em cada necessitado um ente muito amado, amando, pelo menos nessemomento do passe, como gostaríamos de fato que nos amassem.

8 - Atendimento Fraterno

Todas as considerações aqui expendidas no que toca à postura no trabalho, àdoação amorosa e à comunhão com a espiritualidade, se aplicam a todos ostrabalhadores, em especial aos entrevistadores ou plantonistas, os quais, em razão daespecificidade da função, dialogam mais profundamente com os assistidos. Uma vezque devem estar sintonizados com os trabalhadores do plano espiritual – até porqueenfrentam maiores dificuldades no trato com cada um, percebendo mais nitidamentepela conversa o estado interior dos mesmos (como agitação, angústia, desconfiança,inibição, inconformismo, raiva etc.) – mesmo nos momentos em que não há quematender durante o período do trabalho, devem evitar conver sas inoportunas, trocas dereceitas culinárias, tudo, enfim, que não se coadune com aquele momento reservado aoatendimento espiritual, para que tenham condição de agirem em sintonia com osmentores no desenrolar das conversas fraternas e nas situações inu sitadas que possamvir a ocorrer. Oração, meditação e vigilância sempre!

O trabalho de atendimento fraterno através do diálogo é de importânciacapital, pois dele “depende o benefício a distribuir e, até mesmo, o bom nome da Casa eda própria Doutrina” (capítulo 27 do livro Passes e Radiações).

9 - Preleção Evangélica

Não menos importante é o trabalho de realização das preleções evangélicas ,através do qual se visa o primeiro passo no processo de conscientização do assistido,procurando-se atuar no âmbito das causas e não dos efeitos. Ou seja, procura-seesclarecer para que posturas e comportamentos se modifiquem.

Suponhamos alguém que mantenha suas mãos em contato com lama e detritosimundos. Lacerando o dedo num objeto qualquer, seu ferimento se inflam ará em contatocom esses elementos. Através da assepsia e de um curativo o ferimento melhoraria. Nãoobstante, se esse alguém não modificar sua postura de manter as mãos na lama fétida econtaminada, a situação de sua ferida acabará por ficar pior. Analogi camente, o passe écomo essa assepsia, que age no efeito (inflamação) causado pelos detritos deletérios.Mas se a postura da pessoa não se modificar (“tirar as mãos da lama”), poderá tomarpasses durante a vida inteira que seu problema permanecerá e até se agravará. A

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preleção tem por objetivo justamente trabalhar a postura do ser, visando tocar -lhe oíntimo, para que ele passe a atuar na causa ou origem do seu mal.

A Assistência Espiritual deve ser um portal e não o caminho em si; é umprimeiro passo no método de auto-libertação, e não um meio de escravização; é umamola propulsora, um “dar o peixe”, em primeiro lugar e num primeiro momento(através do passe), para então, dar início (ainda que de forma tímida e mui relativa) aum processo de conscientização (através da preleção), ou seja, dar um primeiro passo no“aprender a pescar”, porquanto os demais só poderão ser dados pelo interessado, osquais serão melhor aproveitados num processo de iniciação espiritual, que extrapola emmuito os estritos limites da Assistência Espiritual.

A função da preleção, assim, reveste -se de uma importância fundamental notratamento espiritual e, para que o preletor cumpra essa difícil tarefa, necessita tocar ocoração do assistido . “Tocar-lhe o coração” significa proporcionar -lhe em certa medidaum choque de amor na profundidade do ser, fazê -lo sentir a emoção vibratória doensinamento evangélico, descortinando -lhe sentimentos sublimes e uma compreensãonova da realidade. A explicação puramente racional se esclarece (e esclare ce) nãofornece de per si a vibração sublime que cala no fundo d’alma, proporcionando umaforça íntima, interior, capaz de fazer o ser levantar do fundo do seu abismo íntimo.Muitos fumantes sabem à saciedade os males que o cigarro proporciona, mas é sóquando se sentem tocados no íntimo de si mesmos é que acumulam forças para largar ovício.

Vinte minutos de preleção amorosa e edificante que alcance o seu objetivo,vale mais que duas horas de exposição que, não obstante o enriquecimento intelectualque possa proporcionar, seja estéril no campo do desabrochar dos sentimentos elevados.Isso não significa que a conscientização no campo meramente doutrinário sejainfecunda, mas é a história de fundo moral que toca as fibras do ser ou aquelas palavrasque alcançam o problema íntimo do necessitado, é que não só vincarão a suaemotividade, como e principalmente se lhe reterão na memória, propiciando reflexõesprofundas posteriores.

Com propriedade o confrade Flávio Focássio, ao referir-se ao trabalho dapreleção, relembra a figura evangélica do semeador, aquele que sai a semear, atirandosementes ao solo com uma finalidade nobre. A visualização desse ato simbólico porparte do preletor, ajuda-o a compreender a responsabilidade e a sublimidade da tarefa,revelando-lhe uma situação real através da qual se visa a germinação da mensagemevangélica no coração de nossos irmãos. Daí a necessidade que temos de comunhãocom a espiritualidade para atingir esse elevado e essencial objetivo.

O preletor, para tanto, deve prepa rar-se de modo muito especial para aqueledia de trabalho e, antes de se dedicar à tarefa da palavra, deve unir -se em prece intensa,prévia, ligando-se com os mentores espirituais. Pedirá auxílio para que seja inspiradodevidamente para atender às necessid ades espirituais do auditório, para que, diante doque preparou em torno do tema, possa utilizar todos os seus recursos para tocar ocoração do assistido. Nesse sentido, o estudo e a meditação devem fazer parte integrantedo cotidiano do preletor. E quanto mais procurar aprimorar a sua humildade, comsinceridade, maior será o auxílio que lhe será conferido, na proporcionalidade doesforço realizado. Sabedor que é um pecador como todos os demais e que carregagrandes débitos para com a coletividade, pois a n atureza das tarefas é proporcional ànatureza dos débitos, e que aquilo que realiza não o faz por mérito mas por puramisericórdia divina, procurará se nivelar sempre como a qualquer irmão que lhe ouve aspalavras. E bendito será se procurar vivenciar as p alavras que emite, sem o quecarregará brasas para a sua consciência no futuro.

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A palavra, nessas condições, intermedeia não só aquele que fala, mas o própriomentor espiritual que coopera na tarefa, de modo que, em havendo esforço de reformaíntima do tarefeiro encarnado, tal parceria mediúnica comunicará uma mensagem maisprecisa, genuína, com vibração elevada, que poderá assim elevar a vibração dosouvintes, encarnados e desencarnados, possibilitando esse “chacoalhar” íntimo em suasalmas. Ressalta André Luiz, no livro Missionários da Luz (capítulo 18), referindo-seàs doutrinações, mas cujo ensinamento se aplica, entendemos, às preleções, que “ ocompanheiro que ensina a virtude, vivendo -lhe as grandezas em si mesmo, tem o verbocarregado de magnetismo positivo, estabelecendo edificações espirituais nas almas queo ouvem”.

O olhar magnetizado nos olhos dos assistidos, prende -os, por assim dizer, nofio da narrativa e, essa, sendo detentora de vibração elevada enseja ainda maisimantação, possibilitando a té o corte das ondas hipnóticas dos obsessores que atuam àdistância, de modo que as condições tornam -se amplamente satisfatórias para que asintonia íntima dos presentes possa ser elevada, pelo que se beneficiam com otratamento em todos os sentidos. Todo esse processo começa desde a porta de entrada,com a acolhida, o encaminhamento, o passe de limpeza, a entrevista, possibilitando umacomplementaridade que permite que a espiritualidade possa agir com profundidade eeficiência, o que se dá a partir de nos sa própria atuação enquanto trabalhadores doCristo.

Para tanto, a concentração nessa tarefa é fundamental. Assim como aquele quefaz a preparação dos trabalhos espirituais procura catalisar as atenções e proporcionar aelevação vibratória de todos e de ca da um, utilizando a palavra certa, na medida certa(sem perda inútil de energia), da mesma forma dá -se o trabalho na preleção, onde cadapalavra é uma peça na construção de um clima mais e mais elevado, que culminará coma “abertura do coração do assistido ”. Isso não é tarefa fácil e demanda muita vontade,determinação e sensibilidade.

Estando ligados aos mentores do trabalho de evangelização, buscandoenxergar no outro o irmão verdadeiro que ele é, teremos a possibilidade de desenvolveruma doação verdadeiramente amorosa, eis que desejaremos intimamente abarcar a todoscom um sentimento carinhoso capaz de propiciar a cura em seu sentido mais profundo eredentor, como gostaríamos para nós mesmos ou para alguém muito amado.Lembremos mais uma vez dos ensinam entos de André Luiz, bem como de EdgardArmond no que toca às doutrinações, cujo princípio aqui é o mesmo, entendemos,segundo o qual, o importante não é a quantidade das palavras em si, a eloqüência, mas osentimento de amor, base pelas quais as mesmas se estruturam. Tal é que tocará osdesencarnados e encarnados e, inclusive, o próprio preletor.

Em última análise, é Jesus quem bate à porta do coração de cada um, porémcompete somente a nós mesmos a abertura dessa porta, sendo que a preleção procurainfluenciar positivamente o necessitado para essa abertura. Nessas condições aassimilação do passe, a seguir, será muito maior e os conseqüentes benefícios também,de tal arte que, estando toda a equipe trabalhando nesse mesmo padrão, a cobertura daespiritualidade será grandiosa pela identidade de ideais e até mesmo verdadeirosprodígios poderão acontecer. Não sem razão diz Edgard Armond, que “a reformaíntima, quando feita em profundidade, dá ao discípulo o poder de curar em nome deDeus desde que, todavia, seja positiva sua evangelização estando, além disso,harmonizado com o débito cármico trazido para esta encarnação. E desde que o doentedeseje a cura, tenha fé e merecimento espiritual ” (conforme o texto ComentandoPensamentos Construtivos – item 27, inserido em sua obra Falando ao Coração).

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10 - Manutenção de Sintonia Elevada

Como tudo deve colaborar para esse clima especial, não é bom que, após arealização das preleções, os assistidos fiquem muito tempo esperando a chamada para opasse específico, em razão de preparações e vibrações muito longas na sala deaplicações de passes. As preparações devem ser bem feitas, mas concisas, semdivagações, para que haja concentração e elevação conjunta do começo ao fim. Asvibrações também não podem ser excessivas , o que é desgastante até para o trabalhador,justificando-se um maior número de intenções somente em se tratando de trabalhoespecífico para esse fim (Trabalho de Vibrações Coletivas). Isso em razão de nossadificuldade de manter uma sintonia elevada por muito tempo, em silêncio, mormente osassistidos, os quais na situação referida, embora possam refletir por um certo temposobre a evangelização terminada, têm a tendência natural a desviar seu pensamento paraos problemas que os afligem. Deve -se procurar nesse caso, na medida do possível, umasincronia das referidas atividades. Tudo deve pois se realizar em ordem e harmonia paraque os objetivos sejam alcançados.

11 - Sessão Doutrinária

Como o passe é para quem realmente necessita, havendo o restabeleci mentodo assistido, não há justificativa para que continue a ele submetido. Mas mesmoconferida a alta, como a questão fundamental a ser observada diz respeito ao seuesclarecimento e à sua evangelização, é ele convidado a participar das SessõesDoutrinárias, onde os tarefeiros procuram proporcionar um mais profundoesclarecimento espírita evangélico, a partir de temas rotativos, aqui com abertura para odiálogo fraterno e questionamentos, elucidando -se as dúvidas porventura existentes,sem discussões, em clima de prece. Como sempre, a comunhão com a espiritualidade ea doação fraterna, são fundamentos básicos também para os coordenadores das SessõesDoutrinárias, os quais procurarão manter o mesmo padrão espiritual existente nosdemais trabalhos da Assistência Espiritual.

As Sessões Doutrinárias procuram também proporcionar assim, a transiçãonatural entre a Assistência Espiritual e os cursos que a Casa oferece, notadamente, aEscola de Aprendizes do Evangelho , eis que a evangelização e o esclarecimento seconstituem na essência e na finalidade principal da Doutrina Espírita.

12 - Fraternização entre Trabalhadores e Vivência Plena

No livro O Espírito de Chico Xavier (médium: Carlos A. Baccelli), vemosuma colocação interessante: “estar com os espíritos é uma tarefa cômoda, mesmo comos chamados obsessores; estar com os espíritas é que são elas, mesmo com os que sedizem companheiros”.

Da mesma forma que os membros de uma família não estão juntos por acaso,aqueles que partilham a convivência num Centro Esp írita se comprometeram a trabalharjuntos em prol do Evangelho de Jesus. Não por situação fortuita, nos inter -relacionamos mais intimamente com esses e não aqueles e, surgem as diferenças, muitasvezes com raízes no pretérito obscuro, que nos cumprem super ar como condiçãonecessária ao processo de espiritualização.

Por vezes, em função de um passado esquecido, guardamos problemas que semanifestam no presente através de sentimentos contraditórios que geram atritos semrazão de ser; algo no outro eventualme nte nos incomoda, e, então, procurando

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racionalizar a questão, pautando -nos naquilo que supostamente decidimos chamar de“pontos de vista”, criticamos desnecessariamente ou de forma não condizente com oEvangelho que professamos. Dizemos que o outro é isso ou aquilo, porém, se oproblema é do outro, como pensamos, por que isso nos incomoda? O que está por trásdesse sentimento? Que misterioso processo de transferência para o outro ou deidentificação no outro de nossos defeitos se opera, sem que nossas más caras nospermitam discernir a real situação?

O esforço de fraternização se faz necessário, até mesmo enquanto exercíciopara que, amanhã, tal se dê naturalmente. Aquilo que é fácil para uns e difícil paraoutros, pressupõe esforço realizado no primeiro c aso e a realizar no segundo. Aconvivência fraternal com os que conosco partilham os ideais se constitui numpressuposto para termos condição de iluminarmos o mundo. Assim como devemosidentificar Jesus nos assistidos, e tratá -los como gostaríamos de ser t ratados, da mesmaforma, devemos vivenciar a fraternidade entre os companheiros de trabalho. Superarmágoas, críticas negativas ou não, melindres, indiferenças, problemas vários derelacionamento, enfim, é tarefa nossa de todos os dias.

A busca de confraternização, de estreitamento dos laços de amizade nosgrupos de trabalho se torna necessária nesse processo. A conversa fraterna ao final dostrabalhos, ou, o encontro do grupo fora do Centro, periodicamente ou não, seriaimportante método para reforçar os l aços de amizade. Ainda do livro O Espírito deChico Xavier: “Infelizmente, sem querer generalizar, os espíritas têm falhado no que ébásico: no amor com que deveriam se amar uns aos outros ”.

Jesus nos ensinou que seus discípulos deverão ser conhecidos pel o muito queamarem. Mas como falar de amor se não procuramos, de fato, amar os que nos são maispróximos? Devemos procurar conciliar discurso e prática. As nossas manifestasimperfeições, assim, se constituem na razão pela qual, com humildade, devemos nosconsiderar como eternos aprendizes. Espíritos ainda muito imperfeitos e carentes deevolução, e, como tais, necessitados de vivência plena.

Ensina-nos o apóstolo Tiago: “confessem mutuamente os próprios pecados erezem uns pelos outros, para serem curados. A oração do justo, feita com insistência,tem muita força” (Tg 5, 16).

Os exercícios de Vida Plena, exortados (em verdade) há pelo menos dois milanos, através dos quais, em comunidade buscamos abrir o nosso coração, falar atravésdo nosso sentimento, reconhecer a nossa real situação na relação com Deus, com o outroe conosco mesmo, derramando-nos em oração mútua, se constituem numa necessidadede crescimento interior e de cura (e, portanto, de uma vida mais plena e feliz).

No momento em que aquele “confe ssa” o que está sob suas máscarasconscientes, no reconhecimento dos defeitos e das virtudes que possui, o restante dogrupo vibra amor intensamente para o irmão, desejando a ele cura, felicidade e paz,como gostaria para si. A oração do justo – ou seja, daquele que busca a justiça em todosos seus relacionamentos, que busca a vivência em plenitude, vale dizer, aespiritualização – feita com insistência, a partir da equipe, do grupo, daquela irmandade,em uníssono uns com os outros, adquire grande força flu ídico-vibratória. Ampliada pelaassembléia espiritual que lhe confere apoio em razão da identidade dos sinceros ideais,essa força se torna verdadeiramente poderosa. O “confessar” e o orar em conjunto, unsno auxílio dos outros, portanto, em real convivênc ia fraternal possibilita a cura emsentido profundo e transcendente.

Orar insistentemente pelo companheiro de trabalho, na realização dessesexercícios e fora deles, por impulso do coração, não visando qualquer retribuição, étrabalhar na estruturação de nossa personalidade de homem novo. Trata-se de um

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preparo para a realização de uma sociedade mais justa no futuro, como a prenunciadapelos apóstolos no passado, a partir de gestos concretos através dos quais ninguémconsiderava propriedade particular as c oisas que possuía, sendo tudo posto em comumentre eles, de modo que, mesmo inexistindo a igualdade absoluta, o que contraria adiversidade dos caracteres, ninguém passava necessidade entre eles ( Atos dosApóstolos, capítulo 4, versículos 32-35).

Assim é que, o exercício de Vida Plena, sem debates e interferênciasdesgastantes, mas realizado em consonância com a recomendação do apóstolo, seconstitui em mais um fator essencial não só de reforma íntima, mas de exemplificação etestemunho evangélico em socied ade, no sentido em que, possibilita à Casa Espíritarealizar a sua função de foco resplendente de luz nesse mundo denso, propiciando odespertamento de encarnados e desencarnados. E cada componente queprogressivamente se vai curando, fortificando e se ali mentando por essa convivênciafraternal tem, pois, as condições necessárias e suficientes para realizar no mundo o queJesus espera de um seu discípulo. Dar de comer, beber, vestir, acolher, auxiliar e visitarnão só no sentido literal, porém no mais profu ndo. Assim se dará a redenção daHumanidade.

O que há de mais santo, mais espetacular, mais maravilhoso na encarnação?O que mais nos pode arrebatar das planuras da nossa animalidade que o

esforço individual e conjunto de reforma íntima, ensejador de vivê ncia plena em todosos sentidos?

Por isso é que, todo aquele que devotadamente se consagra a transformar oCentro Espírita no que deve ser (pronto socorro espiritual, templo, escola, oficina detrabalho, centro de convivência fraternal), através da transfo rmação de si próprio, essevivencia o preceito de Amor e Instrução ditado pelo Espírito de Verdade , econseqüentemente refulge, salga e fermenta em todos os ambientes do qual participa, nacaminhada gradativa de sua auto -iluminação pelos páramos das ondas divinas criativas,de modo que, naquele dia ouvirá:

“Vinde, bendito de meu Pai” ...............................................................................................................................

Trabalho para reciclagem de Assistência Espiritual do CEAE/Genebra27/Nov/2004