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ADVOCEF em Revista Agosto/2012

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Agosto | 20122

www.advocef.org.br � Discagem gratuita 0800.601.3020

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ADVOGADOSDA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL

DIRETORIA EXECUTIVA 2012-2014Presidente: Carlos Alberto Regueira de Castro e Silva (Recife)Vice-Presidente: Álvaro Sérgio Weiler Junior (Porto Alegre)Primeiro Secretário: Lenymara Carvalho (Brasília)Segundo Secretário: Lya Rachel Basseto Vieira (Campinas)Primeiro Tesoureiro: Estanislau Luciano de Oliveira (Brasília)Segundo Tesoureiro: Daniele Cristina Alaniz Macedo (São Paulo)Diretor de Articulação e Relacionamento Institucional: Júlio Vitor Greve (Brasília)Diretor de Comunicação, Relacionamento Interno e Eventos: Roberto Maia (Porto Alegre)Diretor de Honorários Advocatícios: Dione Lima da Silva (Porto Alegre)Diretor de Negociação Coletiva: Marcelo Dutra Victor (Belo Horizonte)Diretor de Prerrogativas: Maria Rosa de Carvalho Leite Neta (Fortaleza)Diretor Jurídico: Pedro Jorge Santana Pereira (Recife)Diretor Social: Isabella Gomes Machado (Brasília)REPRESENTANTES REGIONAISElisia Sousa Xavier (Dijur/Suaju)|Meire Aparecida de Amorim (Dijur/Suten)|Paula GironMargalho (Aracaju)|Rodrigo Trassi de Araújo (Bauru)|José de Anchieta Bandeira Moreira Filho(Belém)|Leandro Clementoni da Cunha (Belo Horizonte)|Marta Bufáiçal Rosa (Brasília)|LyaRachel Bassetto Vieira (Campinas)|Alfredo de Souza Briltes (Campo Grande)|Renato LuizOttoni Guedes (Cascavel)|Sandro Martinho Tiegs (Cuiabá)|Manoel Diniz Paz Neto(Curitiba)|Edson Maciel Monteiro (Florianópolis)|Karla Karam Medina (Fortaleza)|Ivan SérgioVaz Porto (Goiania)|Magdiel Jeus Gomes Araújo (João Pessoa)|Rodrigo Trezza Borges (Juizde Fora)|Altair Rodrigues de Paula (Londrina)|Dioclécio Cavalcante de Melo Neto (Maceió)|KátiaRegina Souza Nascimento (Manaus)|José Irajá de Almeida (Maringá)|Francisco FredericoFelipe Marrocos (Natal)|Daniel Burkle Ward (Niterói)|Leonardo da Silva Greff (NovoHamburgo)|Cassia Daniela da Silveira (Passo Fundo)|José Carlos de Castro(Piracicaba)|Pablo Drum (Porto Alegre)|Augusto Cruz Souza (Porto Velho)|Aldo Lins eSilva Pires (Recife)|Sandro Endrigo de Azevedo Chiaroti (Ribeirão Preto)|Luiz FernandoPadilha (Rio de Janeiro)|Linéia Ferreira Costa (Salvador)|Conrado de Figueiredo N. Borba(Santa Maria)|Leandro Biondi (São José dos Campos)|Antonio Carlos Origa Junior (São Josédo Rio Preto)|Marcelo de Mattos Pereira Moreira (São Luís)|Camila Modena Basseto Ribeiro(São Paulo)|Rômulo dos Santos Lima (Teresina)|Felipe Lima de Paula (Uberaba)|AquilinoNovaes Rodrigues (Uberlândia)|Angelo Ricardo Alves da Rocha (Vitória)|Aldir Gomes Selles(Volta Redonda).CONSELHO DELIBERATIVOMembros efetivos: Davi Duarte (Porto Alegre), Anna Claudia Vasconcellos (Florianópolis),Patrícia Raquel Caires Jost Guadanhim (Londrina), Fernando da Silva Abs da Cruz (PortoAlegre), Luciano Caixeta Amâncio (Brasília), Renato Luiz Harmi Hino (Curitiba) e HenriqueChagas (Presidente Prudente).Membros suplentes: Antônio Xavier de Moraes Primo (Recife), Justiniano Dias da Silva Junior(Recife) e Elton Nobre de Oliveira (Rio de Janeiro).CONSELHO FISCALMembros efetivos: Edson Pereira da Silva (Brasília), Jayme de Azevedo Lima (Curitiba) eAdonias Melo de Cordeiro (Fortaleza).Membros suplentes: Sandro Endrigo Chiarotti (Ribeirão Preto) e Melissa Santos PinheiroVassoler Silva (Porto Velho).Endereço em Brasília/DF:SBS, Quadra 2, Bloco Q, Lote 3, Sala 1410 | Edifício João Carlos Saad | Brasília/DFCEP 70070-120 | Fone (61) 3224-3020 | E-mail: [email protected] da ADVOCEF: Gerente administrativa e financeira: Ana Niedja Mendes Nunes |Assistente financeira: Kelly Carvalho | Assistente administrativa: Valquíria Dias deOliveira Lisboa | Recepcionista: Roane Gomes Máximo

Expe

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Edito

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Conselho Editorial: Álvaro Weiler Junior, Carlos Castro, Daniele Macedo, Dione Lima da Silva,Estanislau Luciano de Oliveira, Isabella Gomes Machado, Júlio Greve, Lenymara Carvalho, LyaRachel Basseto Vieira, Marcelo Dutra Victor, Maria Rosa de Carvalho Leite Neta, Pedro JorgeSantana Pereira e Roberto Maia|Jornalista responsável: Mário Goulart Duarte (Reg. Prof. 4662)- E-mail: [email protected].|Projeto gráfico: Eduardo Furasté|Editoração eletrônica:José Roberto Vazquez Elmo|Capa e contracapa: Eduardo Furasté|Ilustrações: Ronaldo Selistre|Tiragem: 1.100 exemplares|Impressão: Athalaia Gráfica e Editora|Periodicidade: Mensal.A ADVOCEF em Revista é distribuída aos advogados da CAIXA, a entidades associativas e a insti-tuições de ensino e jurídicas.

A versão eletrônica desta publicação está disponível no site da ADVOCEF.Para acesso e leitura exclusivamente naquele formato basta fazer a opção,

na área restrita do portal. Pense na sustentabilidade do Planeta.

As opiniões publicadas são de responsabilidade de seus autores,não refletindo necessariamente o pensamento da ADVOCEF.

Neste mês de agosto, nossa ADVOCEF comemoraseus vinte anos de fundação.

Pode-se dizer que seu nascimento foi de "parto natu-ral", concebida que foi por uma soma de ideais de muitos ebons companheiros que, no início da década de 90 do"século passado", entendiam que estava madura a ideiade somar-se forças e anseios.

Pois esse pequeno grupo de pioneiros e entusiastas,reforçado e imediatamente seguido por cerca de 400 pro-fissionais, viram então a necessidade, somada à oportuni-dade, de fazerem algo maior do que eles próprios.

Frutificou a ideia do coletivo superando o individual, otodo maior do que o único.

E aquela ideia, durante as duas últimas décadas, foicada vez mais se frutificando em ações concretas, emba-ladas pelo espírito do avanço e do aprimoramento.

Na esteira desse tempo, houve uma tentativa de qua-se extinção dos quadros técnicos, seguida por um fortemovimento em direção da privatização da própria CAIXA.

A todos esses ataques os advogados responderamcom inteligência e união. Rechaçaram, de forma organiza-da e dentro da estrita legalidade, aqueles ataques, contri-buindo decisivamente na reversão dos nefastos projetos.

Sem perder a fibra, avançaram ainda mais os advoga-dos, reafirmando a identidade corporativa com o históricoacordo que reconheceu os direitos trazidos com o Estatutoda Advocacia.

Quis o destino que, no mesmo mês em que se come-moram os vinte anos de criação da entidade de todos osadvogados, mais um grande passo fosse dado na direçãodo reconhecimento do valor dos profissionais da CAIXA.

Entabulado o acordo, em mesa de negociação, pelaconstituição de uma nova estrutura salarial, os advogados,juntamente com os demais quadros técnicos profissionais,passam a ter uma verdadeira carreira profissional.

Pendente ainda de ratificações pelas instâncias su-periores, o histórico acordo reconhece o valor das carreirasque, com sua qualificação e inteiro denodo, fazem a CAIXAassumir de modo integral as vibrantes e cada vez maisgraves atribuições conferidas pelo Executivo, em favor dasociedade brasileira.

A ADVOCEF sente-se orgulhosa de ter participado detantos e tão importantes capítulos da história nacional re-cente.

Essas notícias, mais do que a história que trazem,integram a vida de muitos que, como advogados eadvogadas conscientes de suas responsabilidades, fazemcada dia mais e melhor.

Que venham outros aniversários e que possamos to-dos comemorar muitas e maiores vitórias de todos.

Um presente deaniversário

Diretoria Executiva da ADVOCEFDiretoria Executiva da ADVOCEFDiretoria Executiva da ADVOCEFDiretoria Executiva da ADVOCEFDiretoria Executiva da ADVOCEF

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Unificação e isonomia, afinalA

cord

o

Advogados, arquitetos e engenheiros constroem sua carreira profissionalA carreira unificada e

isonômica, buscada háanos pelos advogados, ar-quitetos e engenheiros daCAIXA, está agora no papel,garantida por acordo histó-rico assinado em 27 de ju-lho de 2012 na mesa denegociação entre CAIXA eCONTEC, com a presençade sempre da ADVOCEF eANEAC (Associação Nacio-nal dos Engenheiros e Ar-quitetos da CAIXA). Deve-se comemorar a constru-ção da proposta final paraa revisão da remuneraçãoda carreira profissional, en-quadrada em Nova Estru-tura Salarial (NES/2012).

O presidente da ADVOCEF, CarlosCastro, e o diretor de Negociação Coleti-va, Marcelo Dutra Victor, que participaramda reunião, explicam o que foi acordado:

"A CAIXA atende as reivindicações dacategoria profissional relativas à incorpo-ração do ATS (Adicional por Tempo deServiço) e VPATS (Vantagem Pessoal doAdicional por Tempo de Serviço) ao Salá-rio Padrão. Soluciona o sério problemado achatamento do teto salarial com suaadequação à média praticada pelo mer-cado. E atende as justas reclamações dacategoria relativas às distorções salariaisrelativas à NES vigente."

Condicionada à aprovação do Con-selho Diretor da CAIXA e do Ministério daFazenda, a NES/2012 vigora a partir de1º/08/2012. Carlos Castro conta com oapoio do presidente e dos vice-presiden-tes da CAIXA, considerado fundamental."Ainda que venha a demorar um poucomais, garantimos na mesa a sua implan-tação retroativa a 1º de agosto, tendogarantido o reajuste salarial decorrentedo dissídio coletivo de setembro."

A CAIXA e a CONTEC assinarão aditivoao Acordo Coletivo de Trabalho 2011/2012 e formalizarão acordo para extinçãocom a devida homologação das ações judi-ciais cujos objetos impliquem alteração nas

regras de enquadramentoestabelecidas na NES/2012.

Os detalhes do enqua-dramento podem ser vistosno site da ADVOCEF.

A greve de 2009Segundo Carlos Castro

e Marcelo Victor, "a CON-TEC, ADVOCEF e ANEAC en-tendem que tal acordo,exaustivamente discutido econstruído com a CAIXA hámais de dois anos, repre-senta conquista históricados profissionais da Empre-sa, somente comparávelem grandeza com a greve

de 51 dias do ano de 2009 e com o mo-vimento dos economiários pelas seis ho-ras".

Afirmam que a proposta aperfeiçoao estudo entregue em mesa de negocia-ção, propiciando que a CAIXA cumpra oscompromissos assumidos em AcordoColetivo de Trabalho.

"As distorções aviltantes são imensa-mente superadas, pois os critérios utili-zados promovem uma nova, equânime ejusta distribuição dos profissionais pelasreferências da NES/2012."

Os dirigentes da ADVOCEF salientamque são muitos os desafios vencidos. "Osmais representativos dizem respeito ànova amplitude que ganha a carreira, comum salto no seu teto e um novo horizonteremuneratório para todos os profissionaisda CAIXA indistintamente, propiciando atão almejada unificação."

Na reunião de 27 de julho, participa-ram pela Comissão de Negociação CAI-XA, Sebastião Martins Andrade, JoãoManoel da Cruz Simões e Wesley Cardo-so dos Santos, tendo como convidadosAna Telma Sobreira do Monte, Inês Cam-pos M. de Melo, Salomão Lopes AzulayFilho e Frederico Rennó.

Pela CONTEC, estavam presentesRumiko Tanaka (coordenadora), Louren-ço Ferreira do Prado (presidente) e, comoconvidados, Carlos Castro e Marcelo DutraVictor, da ADVOCEF, e Marcelo SporlederSalis e Valdecir Santos Reis, da ANEAC.

A aceitação da proposta apresentada é um marco histórico para a categoriaprofissional da CAIXA e representa a consolidação da ADVOCEF como associaçãode uma categoria que caminha a passos largos para se firmar como INSTITUIÇÃO.

O NES/2012 é uma conquista sem precedentes, por fazer justiça à categoriaprofissional, ao eliminar o subteto ao incorporar o ATS e a VP ao teto da categoria.

Temos ajustes a fazer, mas o principal está posto e temos muito a comemorar.Nós, advogados públicos, procuradores de Empresa Pública Federal, conquis-

tamos o reconhecimento devido em termos de carreira e alçaremos os níveis aque estamos destinados a alcançar em breve lapso de tempo e isso decorrerádiretamente do sucesso obtido na mesa de negociação com a aprovação da nos-sa proposta.

A maior beneficiada com o sucesso alcançado pela ADVOCEF é a CAIXA, poisconseguiu fazer justiça à sua categoria profissional, o que certamente lhe traráinfinitos benefícios.

Muito a comemorarAntônio XaAntônio XaAntônio XaAntônio XaAntônio Xavierviervierviervier, membr, membr, membr, membr, membro do Conselho Deliberativo do Conselho Deliberativo do Conselho Deliberativo do Conselho Deliberativo do Conselho Deliberativo da ADo da ADo da ADo da ADo da ADVVVVVOCEFOCEFOCEFOCEFOCEF

|||||Participantes da reunião de 27/07/2012. Em pé, da esq. para a dir.: Marcelo Salis,Carlos Castro, Marcelo Dutra, Rumiko Tanaka, Valdecir Reis, Inêz Campos e Salomão

Azulay. Sentados: Lourenço do Prado, João Manoel Simões, Ana Telma do Monte,Wesley Santos, Sebastião Andrade e Frederico Rennó

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"Uma carreira, doutores"Advogados endossam plano histórico assinado com a CAIXA

Aco

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A notícia do acordo que cria a novacarreira jurídica da CAIXA foi recebidacom entusiasmo pela categoria. Nagrande maioria, os advogados en-trevistados consideram que oresultado foi o melhor possí-vel, contemplando a unifica-ção entre novos e antigos,reduzindo em muito asdistorções existentes."Agora temos uma carrei-ra, doutores!", expressouo advogado Lucas Ventu-ra Carvalho Dias, doJURIR Recife/PE, aos co-legas do Fórum do site daADVOCEF.

O diretor de Comunica-ção da ADVOCEF, RobertoMaia, avalia que o plano, ratifi-cado, mostrará que a CAIXA va-loriza seus quadros técnicos, aten-dendo reivindicações históricas dosprofissionais. Por outro lado, "a ADVOCEFe a ANEAC, mais uma vez, deram provasde sua combatividade e capacidade dediálogo, revelando o valor dos quadrosque representam, sempre buscando acomposição possível, num contexto mui-to mais amplo e sobre o qual sempre de-monstraram sensibilidade e espírito pú-blico ímpares".

"Trata-se do melhor resultado possívelde ser obtido após longa negociação", de-finiu o vice-presidente da ADVOCEF, Álva-ro Weiler. Ele não tem dúvida de que have-rá adesão em massa pelos advogados doquadro, "que passarão a ter um novo hori-zonte".

A 2ª secretária daADVOCEF, Lya RachelVieira, salienta que oresultado da negocia-ção é fruto da persis-tência da Diretoria, quesoube aproveitar oscontatos ocorridos nosúltimos dois anos. "Re-presentará um marcoaos profissionais daárea jurídica da CAIXA,que terão um horizon-te de carreira ampliado

contando com remuneração (e teto)menos defasada em relação às demaiscarreiras jurídicas."

Não fazer comparações"Temos ajustes a fazer, mas o princi-

pal está posto e temos muito a come-morar", declarou o advogado AntônioXavier, membro do Conselho Deliberativoda ADVOCEF. Ele diz que a maior benefi-ciada é a CAIXA, pois conseguiu fazer jus-

tiça à sua categoriaprofissional.

Na ótica do advo-gado Daniel Viana, doJURIR Salvador/BA, oprincipal foi a unifica-ção da carreira, coma eliminação das ATSe VPs. "Embora, paramuitos, não tenhaocorrido integral cor-reção das distorções,é necessário compre-ender a impossibili-dade de se moldar

toda a carreira de uma só vez. Este éum processo lento que envolve muita

negociação, interesses divergentes esujeitos externos."

Para a diretora de Prerrogati-vas da ADVOCEF, Maria Rosa

Leite Neta, o que se conseguiufoi "a unificação da carreira

que tanto buscávamos, oupelo menos aquilo quemelhor viabiliza isso". Estácontente com o resultado,mesmo não tendo, no seucaso, um aumento signifi-cativo.

"Recomenda-se nãofazer comparações com os

colegas de trabalho ao lado,mas com a própria situação

anterior e as novas perspecti-vas que se abrem", alerta o 1º

tesoureiro da ADVOCEF, EstanislauLuciano de Oliveira.

Na concepção do advogado Lean-dro Jacob Neto, do JURIR Goiânia/GO, aconquista "se aproximou da perfeiçãoem todos os detalhes, digna de come-moração com os 20 anos da ADVOCEF".

Dando a medida da importância quecredita ao plano, o advogado Lucas Ven-tura Dias afirma que o dia 27/07/2012deve ser incluído entre as datas come-morativas da CAIXA e dos advogados.

Para o advogado Magdiel Araújo, doJURIR João Pessoa/PB, o plano é fruto devárias batalhas e veio para resolver boaparte das injustiças que atingem a cate-goria. "Através de uma irrepreensível ma-

temática foi capaz de di-minuir sensivelmenteas distorções existentesentre os colegas de umamesma carreira, algoque até então pareciaimpossível."

O velho dilemaVencida a mais re-

cente batalha, o advoga-do Ismael Solé Filho,do JURIR Porto Alegre,quer que a ADVOCEFdirecione agora sua atu-

|||||Ismael: agora, os do inícioda carreira

|||||Lya: um horizonte decarreira ampliado

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Esta é uma luta que vem desde odissídio de 2008, quando a CAIXA, atra-vés da Cláusula 47 do Acordo Coletivode Trabalho assinado com a CONTEC,comprometeu-se a apresentar até janei-ro de 2009 um novo PCS para os profis-sionais. Como houve o descumprimentodo acordo pela empregadora, deu-se iní-cio, em abril de 2009, à maior e históri-ca greve dos empregados da CAIXA,quando os profissionais da Empresaparalisaram por 51 dias.

O aditivo do ACT fir-mado com a CAIXA, pordeterminação do entãovice-presidente do TribunalSuperior do Trabalho, nãofoi o que esperava a cate-goria e permaneceram asgrandes distorções entreos advogados, ainda que,à época, representasseum avanço para a grandemaioria dos novos colegas.

A partir de então, começamos a tra-balhar na mesa permanente de negoci-ação coletiva novas alternativas para aunificação da carreira profissional, ain-da na gestão do companheiro DaviDuarte. Passei a presidir a ADVOCEF apartir de 13 de maio de 2010, tendocomo meta a unificação e a isonomiada carreira. Não foram poucas as reuni-ões com a CONTEC, com a CONTRAF,com gestores, vice-presidentes e presi-dente da nossa Empresa, sempre acom-panhado dos dirigentes da ANEAC.

Tem sido uma construção, em queacompanhamos o assentamento de cadatijolo, muitas das vezes com sérios emba-tes com os representantes da CAIXA.

ação em benefício dos colegas que estãono início da carreira.

O advogado Luís Gustavo Franco, daDIAJUR/SUAJU, faz ressalvas a algumascondicionantes do acordo, como a desis-tência obrigatória de ações. Mas acha quequestões pontuais, que não contemplamalguns colegas ("o velho dilema de sacri-fícios individuais em prol de melhorias co-letivas"), não tiram o mérito de outrosavanços.

Como advogado recém-chega-do à CAIXA, em 2008, tive a oportu-nidade de vivenciar a força da cate-goria, quando a maioria dos nossoscolegas, em ato de muita coragem,deflagrou uma greve que se esten-deu por aproximadamente 50 dias,juntamente com os engenheiros earquitetos. Recordo-me da célebrefrase que marcou aquele momen-to: "Unidos somos bem mais fortes".

O curioso é que, naquela oca-sião, pela primeira vez me vi senta-do do outro lado da mesa.

Certas ações durante a grevedeixaram-me cético quanto à possi-bilidade do reconhecimento futuroda carreira jurídica de forma digna econdizente com a grandeza dos pro-fissionais que a compõem.

Por estarmos bem representa-dos, tivemos uma vitória. Todavia,ela ainda parecia um pouco amar-ga.

Tratava-se, pois, de apenas umabatalha, e segundo alguns colegas,os nossos anseios tinham que serconquistados "dia a dia", sem afo-bação e brutalidade ou impaciência.

Eis que no dia 27 de julho de2012 apresentou-se um plano queveio para resolver boa parte das in-justiças que atingem nossa catego-ria. Através de uma irrepreensívelmatemática, foi capaz de diminuirsensivelmente as distorções exis-tentes entre os colegas de umamesma carreira, algo que até entãoparecia impossível.

Unidos somos fortesCarlos Castro, presidente da ADVOCEFCarlos Castro, presidente da ADVOCEFCarlos Castro, presidente da ADVOCEFCarlos Castro, presidente da ADVOCEFCarlos Castro, presidente da ADVOCEF

Com a firme determinação donosso presidente Jorge Hereda e oapoio do nosso VIPES Sérgio Pinheiro,finalmente, no último dia 27 de julho,chegamos a um consenso na mesade negociação. Numa reunião históri-ca coordenada pela DEPES em exercí-cio, Ana Telma do Monte, e RumikoTanaka, representando a CONTEC, aCAIXA finalmente reconheceu a im-portância do atendimento do nosso

pleito e conjuntamenteconstruímos a solução.

Amadurecemos nes-ses 20 anos de criaçãoda ADVOCEF e vivemosum momento ímpar defortalecimento e reco-nhecimento institu-cional, seja no âmbito in-terno como externo daEmpresa. Muito já foi fei-to e muito mais ainda háque ser trabalhado, sob

todos os aspectos, mas não tenho dú-vida alguma que, em sendo aprovadapelos órgãos con-troladores a nova ta-bela proposta, está se desenvolven-do o equilíbrio à nossa carreira, tor-nando-a justa e isonômica.

Terá sido o maior marco da nossagestão, num trabalho que não temsido só deste presidente, mas de to-dos os nossos diretores, bem comode cada um dos companheiros e com-panheiras, profissionais do Direito naCAIXA, que em nossas mãos coloca-ram todas as suas esperanças de diasmelhores na Empresa.

Está provado que unidos somosbem mais fortes!

Matemáticairrepreensível

Magdiel Jeus Gomes Araújo, doMagdiel Jeus Gomes Araújo, doMagdiel Jeus Gomes Araújo, doMagdiel Jeus Gomes Araújo, doMagdiel Jeus Gomes Araújo, doJURIR João Pessoa/PBJURIR João Pessoa/PBJURIR João Pessoa/PBJURIR João Pessoa/PBJURIR João Pessoa/PB

O advogado Márcio Ricardo PiresSantana, do JURIR Salvador/BA, louva arenovação da esperança coletiva de um fu-turo melhor, que traz "ganhos imateriaisimensuráveis", mas lamenta que para umpequeno grupo a alegria tenha sidoefêmera. "Ao contrário do que foi noticiado,as distorções não foram minoradas comose pensava", adverte, assim como "outrasforam criadas, atingindo colegas que ingres-saram no Jurídico a partir de 2010".

Apesar disso, Márcio admite que, "di-ante do atual quadro, foi feito o que erarealmente possível e isto deve ser reco-nhecido indistintamente".

O advogado Altair Rodrigues dePaula, ex-presidente da ADVOCEF, sabepor experiência própria que não é fácilatingir o ponto idealizado pela catego-ria, mas observa que não se deve igno-rar os avanços significativos das nego-ciações.

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Momentoímpar

Leandro Jacob Neto, doLeandro Jacob Neto, doLeandro Jacob Neto, doLeandro Jacob Neto, doLeandro Jacob Neto, doJURIR Goiânia/GOJURIR Goiânia/GOJURIR Goiânia/GOJURIR Goiânia/GOJURIR Goiânia/GO

Viver é muito perigosoEstanislau Luciano de Oliveira, 1º tesoureiro da ADVOCEFEstanislau Luciano de Oliveira, 1º tesoureiro da ADVOCEFEstanislau Luciano de Oliveira, 1º tesoureiro da ADVOCEFEstanislau Luciano de Oliveira, 1º tesoureiro da ADVOCEFEstanislau Luciano de Oliveira, 1º tesoureiro da ADVOCEF

Aco

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A proposta de revisão da remunera-ção da carreira profissional negociadapela CAIXA com a ADVOCEF e ANEAC, apoi-adas pela CONTEC, espelha o bom mo-mento do relacionamento institucionalentre as associações repre-sentativas dos profissionaisempregados e a emprega-dora.

A negociação só foi pos-sível na medida em que aspartes abandonaram posi-ções radicais e trabalharampela construção de soluçõessatisfatórias aos interessa-dos, ainda que não ideais.

Quando falamos dobom momento do relacio-namento institucional é por-que já houve períodos de confronto (gre-ve dos profissionais) e mesmo de negati-va de negociação por parte da Empresa(1999/2000).

Não podemos deixar de comemorara conquista, principalmente por ocorrerquando a crise econômica mundial atin-ge de modo inconteste o Brasil. A NES/2012 permitirá que enfrentemos o perío-do de vacas magras que se anuncia comalguma tranquilidade.

Com certeza, o resulta-do apresentado retrata umamemorável vitória em prol deabsolutamente todos os co-legas, representando ummarco histórico para a cate-goria e para a própria Empre-sa, edificado após um longoe árduo percurso trilhado porvalentes e valorosos compa-nheiros, os quais abdicaramde parte da vida pessoal embenefício da coletividade.

Em minha concepção,considerando todo o conjun-to, tal conquista aproximou-se da perfeição em todos osdetalhes, sendo digna de co-memoração conjunta com os20 anos da ADVOCEF, e, semdúvida, contribuirá para a al-mejada formação de umaverdadeira "equipe de altaperformance", como um dosindicadores estratégicos doobjetivo empresarial CAIXA +10 (2012 - 2022).

Alguns devem lembrar do meu texto de no-vembro de 2011, sobre qual seria o emprego dosmeus sonhos. Agora, com a iminente aprovação(assim esperamos!) do nosso novo Plano de Car-gos e Salários, vejo o cargo de advogado da CAIXAbastante próximo de se tornar esse emprego tãosonhado.

O PCS acordado entre CAIXA, CONTEC,ADVOCEF e ANEAC é um marco histórico na Em-presa e na ADVOCEF. A participação direta de em-pregados, dos maiores interessados, naformatação de um plano de cargos justo, que reduz distorçõese traz perspectivas reais para que efetivamente se faça carrei-ra na Empresa a longo prazo é algo, creio, sem antecedentesna CAIXA. Esse é o nosso plano. Nós o construímos, da melhorforma que pudemos, para contemplar o máximo de colegas. Éum plano que nasce do desejo de uma mudança boa paratodos, profissionais e Empresa, advogados "novos" e "antigos".

Lembremos que o nosso acordo aindadepende de aprovação do Ministério da Fa-zenda e é fato que as negociações dos ser-vidores públicos com o governo não estãofáceis, como demonstram as inúmeras gre-

ves que se multiplicam e seprolongam neste ano, semum cenário de soluçãosatisfatório.

Vamos aguardar que osórgãos competentes da CAI-XA aprovem e implantem aNES/2012 no menor tem-po possível, de modo quepossamos desfrutar da novacondição o quanto antes.

O acordado não esgotaas pretensões da categoria,em especial a dos advoga-

dos, que continua com a bandeira de bus-car uma remuneração e condições de tra-balho dignas da melhor advocacia públicado país.

É certo que não poderemos descansarem berço esplêndido, pois viver é negócioperigoso, já alertava o ex-jagunço Riobaldo,e é preciso estar atento e forte, sem perdertempo com a sorte imutável. Sigamos fir-mes e preparados para defesa dos interes-ses da CAIXA, sem descuidar dos nossos.

Data comemorativaLucas Ventura Carvalho Dias, do JURIR Recife/PELucas Ventura Carvalho Dias, do JURIR Recife/PELucas Ventura Carvalho Dias, do JURIR Recife/PELucas Ventura Carvalho Dias, do JURIR Recife/PELucas Ventura Carvalho Dias, do JURIR Recife/PE

A verdade é que o dia 27/07/2012, em se con-cretizando a aprovação do plano, deveria ser marca-do para sempre no rol de datas comemorativas daEmpresa, da ADVOCEF, de todos nós advogados daCAIXA. O PCS é a primeira grande mudança que nossacarreira precisava. O PCS nos dá um horizonte, fazcom que nos vejamos ficando na CAIXA por toda anossa vida profissional. Se antes já amávamos o nos-so trabalho, já éramos apaixonados pela defesa daCAIXA, agora teremos a sensação de que a Empresareconhece essa entrega e está disposta a nos recom-

pensar adequadamente por isso.Gostaria de conseguir dar a dimensão do que esse momento

significa para mim e para os demais advogados da CAIXA, mas nãoconsigo encontrar uma forma de traduzir a importância desse mar-co histórico.

Somente posso dizer que vale a máxima que se tornou nossoemblema: "Unidos somos mais fortes. Unificados seremos imbatíveis".

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| Prerrogativas

O velho dilemaLuís Gustavo Franco, advo-Luís Gustavo Franco, advo-Luís Gustavo Franco, advo-Luís Gustavo Franco, advo-Luís Gustavo Franco, advo-

gado da DIAJUR/SUAJUgado da DIAJUR/SUAJUgado da DIAJUR/SUAJUgado da DIAJUR/SUAJUgado da DIAJUR/SUAJU

O ponto idealAltair Rodrigues de Paula, ex-presidente da ADVOCEFAltair Rodrigues de Paula, ex-presidente da ADVOCEFAltair Rodrigues de Paula, ex-presidente da ADVOCEFAltair Rodrigues de Paula, ex-presidente da ADVOCEFAltair Rodrigues de Paula, ex-presidente da ADVOCEF

Não analisei a questão a fun-do, mas tenho algumas ressalvasa determinadas condicionantesque foram acordadas (como adesistência de ações), tanto maisporque parte das distorções(como o piso de Assistente) nãofoi corrigida nas regras de migra-ção e enquadramento. São ques-tões pontuais, que não contem-plam alguns colegas (o velho di-lema de sacrifícios individuais emprol de melhorias coletivas oupara um número maior de bene-ficiados), mas que não tiram o mé-rito de outros avanços, como aunificação da categoria e a pers-pectiva de um teto bastante me-lhor do que o atual.

A questão agora passa a serequacionar o grande descompas-so que existe entre o início e ofim da carreira (talvez com pro-gressiva eliminação de referênci-as), pois como muito bem referi-do por outros advogados noFórum do site da ADVOCEF, nadajustifica que o mesmo trabalhoseja remunerado de forma tãodíspar, considerando apenas otempo que os colegas têm deempresa.

A atuação da Diretoria da ADVOCEF nabusca de alterar algumas inconsistênciasde planos anteriores merece os maioreselogios, pois tem agido de forma incessan-te e não medindo esforço para atingir oanseio da categoria.

Sei, por experiência própria, que não éfácil atingir o ponto idealizado pelos mem-bros da categoria, porém nãodevemos ignorar os avançossignificativos das negociações.

Acredito que a harmoniaexistente entre a Diretoria daADVOCEF e a Diretoria da CAI-XA, em especial a Diretoria Ju-rídica, poderá possibilitar a re-gularização de eventuais equí-vocos ocorridos em plano an-teriores.

Não posso deixar de dar omeu testemunho com respeitoà atuação da Diretoria da ADVOCEF na bus-ca da adequação da carreira profissional ena busca da isonomia entre os advogados,muito menos deixar de enaltecer o traba-lho realizado diuturnamente por todos osmembros da Diretoria Executiva daADVOCEF.

Com esta nova proposta, vemos cla-ramente a unificação da categoria com ainclusão de todos os advogados em umúnico plano de cargos e salários apresen-tando ganhos efetivos para a grande mai-

oria dos profissionais. E, o mais impor-tante, uma perspectiva de crescimentodentro da Empresa, seja para quem ini-ciou há um ano, seja para quem labutanesta Empresa há mais de 32 anos,como eu.

Em consulta aos colegas da REJURLondrina/PR, com diferentes tempos

de CAIXA, foram unânimesem exaltar essa unificaçãocom a possibilidade decrescimento conquistadapela atual Diretoria daADVOCEF.

Acredito que talvez al-gum colega, ainda, se sintaprejudicado, pois não exis-te um sistema perfeito quepossa levar em considera-ção uma série de variantesexistente na carreira profis-

sional e satisfazer todos os nossosanseios, porém não podemos deixar dedar os parabéns à Diretoria da ADVOCEFpela conquista realizada.

Após todo o empenho da Diretoriada ADVOCEF, em conjunto com aCONTEC e ANEAC, cabe a todos nós tor-cer para que seja obtida a aprovação daproposta no Conselho Diretor da CAIXA eno Ministério da Fazenda, para fecharcom chave de ouro todo o trabalho reali-zado.

De acordo com a leiOAB defende a independência técnica e funcional do advogado público

"O papel do advogado público deve sero de chamar o gestor à realidade e fazercom que ele atue dentro da legalidade. Suafunção transcende à mera assessoria aogestor: deve atuar com independência téc-nica e funcional para zelar pelo cumprimen-to da lei em benefício do Estado e não dogovernante". A declaração é do presidente

da OAB, Ophir Cavalcante, em palestra no Congresso Nacional daAssociação Brasileira de Advogados Públicos (ABRAP), em São Pau-lo, no dia 10 de agosto.

Ophir lembrou que o artigo 133 da Constituição de 1988 prevêque cabe ao advogado zelar pela garantia dos direitos fundamen-tais do cidadão, sendo imprescindível à administração da Justiça. Aí

está incluído o advogado público, segundo Ophir, para tornar efetivosos princípios do artigo 37 da Carta Magna, como o da moralidade eda eficiência. "Lamentavelmente, esses princípios não vêm sendorespeitados pelos gestores, que muitas vezes acreditam que o car-go os faz mais do que tudo, atuando, inclusive, como se fossemsuperiores à lei."

O presidente ressaltou que a OAB atua na defesa das prerroga-tivas profissionais do advogado público. Narrou um caso recente deum advogado da União que recebeu ordem de prisão porque o gestorpúblico por ele representado não cumpria uma ordem judicial. "AOAB foi ao Conselho Nacional de Justiça para questionar essa confu-são de papéis e o CNJ acabou revendo a decisão, salvaguardando alivre atuação do advogado público", disse.

(Com informações do site da OAB.)

||||| Ophir Cavalcante: asrelações entre advogado

e gestor

Page 8: ADVOCEF em Revista Agosto/2012

Agosto | 20128

| Condecoração

| Evento

Plenamente utilizado em alguns Esta-dos e prestes a ser implantado em todo oJudiciário brasileiro, o processo eletrônicofoi tema de seminário promovido pela Co-missão Especial do Advogado Empregadoda OAB/RS, em Porto Alegre, no dia 14 deagosto. Presidida pelo advogado DaviDuarte, conselheiro deliberativo daADVOCEF, a CEAE está empenhada emmapear as condições de trabalho do advo-gado empregado, para, ao final do estudo,propor medidas que auxiliem na avaliaçãoda carga ideal.

É preciso dispor de parâmetros queauxiliem na busca do equilíbrio entre quali-dade e quantidade, declara Davi, "para queos profissionais do Direito possam manteradequadas condições de saúde, no exercí-cio da nobre e difícil arte de advogar".

Falaram sobre o assunto no evento ojuiz federal Sérgio Renato Tejada Garcia, pre-

Trabalho na era virtualSeminário estuda a implantação do processo eletrônico

sidente da Comissão para Aperfeiçoamen-to e Viabilização do Processo Judicial Ele-trônico do Tribunal Regional Federal da 4ªRegião, e o advogado Carlos ThomazAlbornoz, conselheiro seccional e presiden-te da Comissão Especial do Processo Virtu-al da OAB/RS.

A economista Ana Carla Terra Sandri,empregada da CAIXA, apresentou um estu-do de caso, correspondente ao trabalho deconclusão de pós-graduação em Gestão dePessoas. Participaram também os integran-tes da CEAE Cristina Scheer (vice-presiden-te), Fernando Abs da Cruz, Rogério Spanheda Silva e Wilson Malcher (advogados daCAIXA).

Quebra de paradigmaAbrindo o seminário, Davi Duarte

alertou sobre a necessidade de advogados,juízes e outros agentes do cenáriojurídico fazerem a sua parte. Salien-tou que o aprendizado pessoal é deinteresse individual e responsabilida-de de todos, para que ninguém fiqueà margem do progresso e do merca-do de trabalho.

"Há uma nova cultura que preci-sa ser assimilada. A quebra deparadigma em uma área tão conser-vadora, como é o 'meio papel', exige

ampla e profunda reformulação de condu-tas e pensamentos", afirmou.

Por outro lado, observou Davi, é preci-so que o sistema eletrônico, além de pre-servar a segurança, a economicidade e aeficiência da prestação jurisdicional, nãoseja, também, fonte de agravamento dascondições de trabalho dos profissionais daJustiça.

O funcionamento do processo eletrôni-co deve ser benéfico a todos, insiste. "Paratanto, é necessário que os mais remotospontos do território brasileiro estejamconectados ao novo sistema, sem maioresriscos de falha na prestação do serviço." Davidiz que um exemplo da dificuldade está naausência de telefonia celular e rede de servi-ços em muitos municípios brasileiros.

Segundo o advogado, o meio virtual,mais limpo e desburocratizado, com eco-nomia de papel, mão de obra tradicional edeslocamentos, também é seguro contraextravios, garantido por mais de um arqui-vamento instantâneo de todas as peçasdos autos.

"Mas preservar a saúde, por meio deações que levem ao conhecimento plenodessa nova forma de atuar, se mostra ade-quado, para que esta geração possa estarbem após completar a transição de um sis-tema para outro", concluiu.

O diretor jurídico da CAIXA, Jailton Zanon da Silveira, recebeu aComenda da Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho de 2012. Ahomenagem, prestada pelo Tribunal Superior do Trabalho em 8 deagosto, premia a atuação da CAIXA na Justiça do Trabalho, marcadapela redução de recursos e pela prioridade dedicada à conciliação.

Jailton disse que a comenda pertence a toda a equipe daDiretoria Jurídica, que compreende, além dos advogados, os técni-cos da área administrativa. "Este mérito deve-se à soma dos esfor-ços de cada um de vocês", disse Jailton, em mensagem dirigidaaos colegas do Jurídico.

A Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho, criada em 1970, éconcedida a juristas eminentes, personalidades e servidores públi-cos que se tenham distinguido por suas atividades em benefícioda Justiça do Trabalho. Segundo o presidente do TST, João OresteDalazen, é uma forma de o Tribunal demonstrar sua admiração a

Homenagem ao méritoDiretor jurídico da CAIXA recebe comenda do Tribunal Superior do Trabalho

|||||Na OAB/RS: as condições de trabalho do advogado

instituições e personalidades que, no exercício de suas atividades,prestaram um tributo à sociedade brasileira.

Entre outras personalidades, também receberam a comendaeste ano a presiden-te da República,Dilma Rousseff, opresidente do Supre-mo Tribunal Federal,Ayres Britto, o presi-dente da Câmarados Deputados, Mar-co Maia, a cantoraIvete Sangalo e o te-nista GustavoKuerten (Guga).

|||||Jailton condecorado, com parte da equipe daDIJUR: Leonardo Patzlaff, Alberto Braga,Gisela Morone e Josnei de Oliveira Pinto

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| Dissídio coletivo

| Recuperação de crédito

Pauta entregue à CAIXAADVOCEF inclui cláusulas aprovadas no Congresso de Fortaleza

O presidente da ADVOCEF,Carlos Castro, participou como con-vidado da reunião da mesa de nego-ciação coletiva CONTEC-CAIXA, em13 de agosto, quando foi entregue apauta de reivindicações dos empre-gados referente ao dissídio 2012/2013.

Atendendo proposta daADVOCEF, aprovada no Congressode Fortaleza, foram incluídas no tex-to as seguintes cláusulas:

Cláusula 46Cláusula 46Cláusula 46Cláusula 46Cláusula 46 � Licença Aper-feiçoamento. A CAIXA propiciará afas-tamento integral ou parcial das ativi-dades laborativas, sem prejuízo daremuneração e demais benefícios, de formaque os empregados da carreira profissionalpossam cursar pós-graduação lacto e strictusensu (mestrado e doutorado) ou para reali-zar pós-doutoramento, inclusive no exterior,quando tal atividade não possa ocorrer simul-taneamente com o exercício da jornada efrequência contratual.

Cláusula 4Cláusula 4Cláusula 4Cláusula 4Cláusula 477777 � Licença paraCapacitação. A CAIXA concederá licença pelo

prazo de até três meses, após cada quinquêniode efetivo exercício, ao empregado que ve-nha a participar de curso de capacitação pro-fissional, com direito a remuneração do cargoocupado.

Parágrafo primeiroParágrafo primeiroParágrafo primeiroParágrafo primeiroParágrafo primeiro � São requisitospara a concessão o cumprimento de cincoanos de efetivo exercício e vir a aperfeiçoar-seem curso correlato à área de atuação comoempregado no cargo ou função ocupados.

Parágrafo segundoParágrafo segundoParágrafo segundoParágrafo segundoParágrafo segundo � A licen-ça poderá ser parcelada conformeduração do curso pretendido, semultrapassar o limite máximo de trêsmeses.

Parágrafo terceiroParágrafo terceiroParágrafo terceiroParágrafo terceiroParágrafo terceiro � É possí-vel a concessão desta licença parafins de elaboração de trabalho deconclusão de curso de pós-gradua-ção, dissertação de mestrado ou tesede doutorado.

Carlos Castro ressalta que a Li-cença para Capacitação é previstaem disposição federal para os servi-dores da União e foi criada em subs-

tituição à Licença-Prêmio. �Portanto, a luta émais do que justa para que os nossos compa-nheiros também tenham esse direito.�

O presidente da ADVOCEF esteve tam-bém na segunda reunião, em 20 de agos-to, quando ficou pré-acordada a aprova-ção da maior parte das cláusulas do Acor-do Coletivo atual. Sobre as reivindicaçõesde natureza econômica, a CAIXA declarouque acompanha a negociação na mesaúnica FENABAN.

De olho nos autosPenhora de créditos obtidos em outros processos incrementa a recuperação

Medidas criativas têm ajudado aREJUR Novo Hamburgo/RS a tornar maiseficiente a recuperação de crédito judicial.Algumas delas, como a que estende a pe-nhora online às cooperativas de crédito,divulgadas na ADVOCEF em Revista de ju-lho, foram elogiadas pelo gerente executi-vo da Gerência Nacional do Contencioso,Jean Pablo de Paiva Lopes. "Parabéns pelainovação", escreveu o gerente em mensa-gem interna, em que prometeu difundir asações entre os Jurídicos.

Ex-diretor de Honorários da ADVOCEFe um dos responsáveis pela área de recu-peração da REJUR Novo Hamburgo, oadvogado Marcelo Quevedo do Amaralinforma que a equipe da unidade temobtido bons resultados na pesquisa paradetectar clientes candidatos a penhorano rosto dos autos. A medida tem aumen-

tado a percepção de risco dos devedorese estimulado a renegociação das dívidas,diz Marcelo. Leia seu relato, a seguir.

Penhora mantida"No último mutirão de conciliação, por

exemplo, um devedor afirmou que so-mente realizou a quitação do débito emrazão de penhora realizado em um pro-cesso de inventário no qual era herdeiro.

Nessa matéria, houve interessantedecisão obtida em processo conduzido peloDr. Luis Fernando Miguel, na qual o juiz afas-tou a alegação de natureza alimentar dacondenação advinda de desconto indevidodo benefício previdenciário do devedor.

O comando sentencial havia determi-nado o pagamento em 'dobro' do valordescontado indevidamente, mais conde-nação em danos morais. Realizada pe-nhora no rosto dos autos, o executadoimpugnou, sob o fundamento daimpenhorabilidade dos valores constritospor sua natureza alimentar.

A decisão manteve a penhora, reco-nhecendo que sobre o valor penhorado(indenização do dano moral e restituiçãoem dobro dos valores indevidamente des-contados) não pesa qualquer forma deimpenhorabilidade."

|||||Na entrega da pauta, da esq. para a dir.: Célio Mascarenhas Alencar (SINTEC/TO), Eudimar JoséBandeira de Oliveira (SEEB/AM), Carlos Castro (ADVOCEF), Rumiko Tanaka (CONTEC), Sérgio

Pinheiro (VIPES CAIXA), Ana Telma do Monte (DIPES CAIXA), Sebastião Andrade (coordenador damesa de negociação coletiva da CAIXA) e Willian Louzada (Sindicato dos Bancários de Goiás)

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A sedução das tesesconspiratóriasLi

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Fabiano Jantalia lança obra que desvenda a história dos juros no BrasilObjeto de contestações filosófi-

cas, morais, econômicas e jurídicas hávários séculos, o juro virou tema domais recente livro do professor e pro-curador do Banco Central FabianoJantalia. Com 300 páginas, publicaçãoda Editora Atlas e prefácio do ministroRicardo Villas Bôas Cueva, do SuperiorTribunal de Justiça, "Juros Bancários"tem lançamento previsto para o mêsde agosto, em São Paulo.

Ex-advogado da CAIXA, um dos cri-adores da Revista de Direito daADVOCEF e até pouco tempo integran-te de seu Conselho Editorial, Fabianoé mestre em Direito, Estado e Consti-tuição pela Universidade de Brasília (UnB) e especialista em Direi-to do Estado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).Leciona Direito Econômico, Direito da Regulação e Direito Bancáriono Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP) e na Escola Superior

de Advocacia da OAB/DF, entre ou-tras instituições.

Fabiano salienta que não sãopoucos os autores de prestígio quedestilaram e ainda destilam "argu-mentos furiosos" contra o juro. Emtempos de crise como os atuais, en-tão, ganha fôlego "a sedução de umantigo maniqueísmo que projeta nosistema financeiro toda sorte de ex-plorações e iniquidades", fazendoreviver teses conspiratórias, em queos juros figuram como um dos maio-res instrumentos de opressão.

Destinado aos juristasCom a incorporação de segmentos até então fora do setor

bancário no Brasil, os juristas passaram a se dedicar ao assunto,buscando soluções para dar segurança ao setor. Fabiano mencio-na ações importantes empreendidas para baratear o crédito, que

|||||Fabiano: abordando os "argumentos furiosos"

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Dissertação premiadaRicardo Villas Bôas Cueva (*)Ricardo Villas Bôas Cueva (*)Ricardo Villas Bôas Cueva (*)Ricardo Villas Bôas Cueva (*)Ricardo Villas Bôas Cueva (*)

Na premiada dissertação demestrado que deu origem a este livro,Fabiano Jantalia debruçou-se sobre temade grande atualidade e relevância práti-ca: a revisão judicial das taxas de jurosnos contratos bancários.

Sob a ótica da análise econômica doDireito, as decisões dos tribunais superi-ores foram analisadas por suas possíveisconsequências nos mercados de crédito.Da análise resultou claro que a revisãodas taxas de juros por abusividade, combase em parâmetros nem sempre con-

sistentes, ten-de a afetar ap r o p e n s ã o

das instituições financeiras a conceder no-vos créditos.

O uso das taxas médias divulgadas peloBanco Central revelou-se particularmenteproblemático por não levar em conta o prin-cipal fator para a determinação da taxa dejuros nos negócios concretamente entabu-lados pelos bancos: o risco do tomador.

As revisões judiciais das taxas de ju-ros, assim, acabam por constituir risco adi-cional ao contrato de crédito, podendo tam-bém contribuir para o aumento do chama-do risco moral e, com isso, para umaretração do crédito e para a elevação dastaxas de juros.

Cuida-se aqui de um aparente parado-xo: a tutela do consumidor bancário,validamente ancorada na Constituição e nasleis, pode ser vista, sob certas circunstâncias,como intervenção estatal tendente a quebrara força vinculante dos contratos e a reduzir aautonomia da vontade, o que resultaria, aseguir a racionalidade econômica, em efeitoinverso ao originalmente pretendido.

Mas o autor demonstra que é perfei-tamente possível e razoável conciliar anecessidade, reconhecida pelos tribunaissuperiores, de efetuar, pontual e eventu-almente, a revisão de taxas de juros quese revelem concretamente abusivas como imperativo da segurança jurídica.

Basta, para tanto, que se definam pa-drões confiáveis e consistentes deabusividade, a começar pela identifica-ção do que seja o custo do crédito e docomponente de risco envolvido na fixa-ção da taxa de juros.

A partir daí, Fabiano constrói instiganteproposta, que contribui significativamentepara o debate acerca das políticas públi-cas de incremento da concorrência ban-cária e de aprimoramento da defesa doconsumidor bancário. (...)

(*) Minis(*) Minis(*) Minis(*) Minis(*) Ministrtrtrtrtro do Superior To do Superior To do Superior To do Superior To do Superior Tribunalribunalribunalribunalribunalde Jusde Jusde Jusde Jusde Justiça. Ttiça. Ttiça. Ttiça. Ttiça. Trecrecrecrecrecho do prefácioho do prefácioho do prefácioho do prefácioho do prefácio

escrito para a obra "Juros Bancári-escrito para a obra "Juros Bancári-escrito para a obra "Juros Bancári-escrito para a obra "Juros Bancári-escrito para a obra "Juros Bancári-os", de Fabiano Jantalia.os", de Fabiano Jantalia.os", de Fabiano Jantalia.os", de Fabiano Jantalia.os", de Fabiano Jantalia.

||||| MinistroRicardo VillasBôas Cueva

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| Institucional

O presidente da ADVOCEF, Carlos Castro, o vice-presiden-te, Álvaro Weiler, e o diretor jurídico, Pedro Jorge Pereira, esti-veram em 24 de julho no JURIR João Pessoa/PB, cumprindoa agenda de visitas institucionais às unidades jurídicas.

Os representantes da ADVOCEF conheceram asinstalações do Jurídico, se informaram sobre as ati-vidades da equipe local e relataram as ações desen-volvidas pela Associação.

|||||ADVOCEF em visita ao JURIR João Pessoa...

mexem com a legislação processual (contra ainadimplência) e criam um cadastro positivo (queestimula a adimplência).

Explica:"Sendo o juro um importante componente do

custo das operações de crédito, cabe a nós, juristas,um esforço adicional de elaboração teórica e práticasobre o tema. Pensando nisto, e movido pela angús-tia de ver um tema tão importante e complexo serusualmente enfrentado de forma tão reducionista, éque me dediquei a estudá-lo de forma maisaprofundada."

Fabiano fez pesquisas para sua dissertação noPrograma de Pós-Graduação em Direito da Universi-dade de Brasília, sob a orientação do professor Marcus Faro deCastro. Com o projeto, venceu o 4º Prêmio ANBID de Mercado deCapitais, em 2008, na categoria de mestrado. Usou na obra aexperiência de mais de dez anos, inicialmente como advogado da

CAIXA e depois como procurador do Banco Central.Misturando reflexões teóricas com aspectos

práticos da dinâmica do mercado financeiro, Fabia-no trata dos juros não apenas na área jurídica, abor-dando também a evolução do pensamento econô-mico e aspectos da matemática financeira.

O livro contém um estudo dos principais prece-dentes jurisprudenciais sobre os juros bancários noBrasil. São analisados todos os enunciados desúmulas já editados pelo Superior Tribunal de Justi-ça e pelo Supremo Tribunal Federal, permitindo umaanálise crítica do posicio-namento dos tribunais su-periores sobre cada uma das controvérsias. Há tam-bém na obra um estudo da revisão judicial das taxas

de juros bancários.Destinado aos juristas, "por definição", Fabiano dedica o livro

aos magistrados, promotores, procuradores, advogados e estu-dantes interessados nos mercados financeiros.

ADVOCEF visita os Jurídicos João Pessoa e Recife

...e com a equipe do Jurídico de Recife

No dia seguinte, Álvaro Weiler esteve no JURIR Recife/PE,onde participou também de reunião com os integrantes da uni-dade.

O vice-presidente considerou proveitosas as visitas feitasaos Jurídicos, confirmando o acerto do projeto daDiretoria da ADVOCEF, que é executado desde 2011."São valiosos esses contatos diretos com os associa-dos nos próprios locais de trabalho, pois há muitatroca de informações", comentou Álvaro Weiler.

O vice-presidente da ADVOCEF, Álvaro Weiler,participou em 26 de julho de visita institucionalao diretor de Riscos da CAIXA, Rauelison Santos,um dos palestrantes do Congresso da ADVOCEFde Fortaleza, em maio de 2012. Álvaro estavaacompanhado do consultor jurídico da DIJURFrederico Rennó, do gerente nacional da GERID,Alessandro Maciel, e da gerente executiva da Re-cuperação de Crédito em substituição, JuciléiaOliveira.

Na reunião, o vice-presidente afirmou que aADVOCEF está empenhada em aproximar cada vez mais

|||||Rauelison Santos

ADVOCEF visita a Diretoria de Riscosas áreas jurídica e de crédito, integrando a atua-ção desde a concessão até a recuperação dos va-lores. Parabenizou o diretor da CAIXA pela propos-ta de uma pauta permanente de trabalho entre aDiretoria de Riscos (DECOR) e a Diretoria Jurídica(DIJUR).

Álvaro Weiler salientou que a ADVOCEF podecolaborar muito nessa relação, nas diversas ques-tões relativas a honorários. Exemplos: a padroniza-ção na base de apuração, aproximação com os co-ordenadores dos mutirões dos TRFs, na fase pré-

processual, e a postura negocial dos advogados nos mutirões.

Page 12: ADVOCEF em Revista Agosto/2012

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"AÇÃO DE COBRANÇA - CRÉDITO DIRETO CAIXA - DESCONTO AUTOMÁ-TICO DAS PARCELAS DO EMPRÉSTIMO NA CONTA DO CLIENTE - SALDOINSUFICIENTE À QUITAÇÃO DE DUAS PRESTAÇÕES - VENCIMENTO ANTECI-PADO DA DÍVIDA - INÉRCIA DO CORRENTISTA EM ACOMPANHAR O DESEN-VOLVIMENTO DA OPERAÇÃO, MUITO MENOS PROCUROU A CEF PARA RE-GULARIZAR AS PENDÊNCIAS - PROCEDÊNCIA AO PEDIDO. 1- O próprio ape-lante reconhece que os valores existentes na conta poupança eram insu-ficientes ao integral adimplemento da parcela do empréstimo, que eradebitada automaticamente. 2- Se o valor da parcela montava em R$ 209,80,dever do correntista certificar-se de que, no dia avençado para desconto,referida cifra encontrar-se-ia à disposição do credor. 3- Como se observados extratos carreados, no dia 02/05/2003, José teve creditada a impor-tância de R$ 2.200,00, a título de empréstimo, sendo que, nos mesessubsequentes, até agosto/2003, ocorreu o desconto de R$ 209,80, afigu-rando-se cristalino o extrato de fls. 20 ao evidenciar que o saldo, no dia 04/09, era de R$ 209,04, destacando-se que no dia 19/09 o autor efetuou umsaque de R$ 200,00. 4- No mês outubro/2003, o valor da prestação voltoua ser debitado, todavia, o saldo existente, em 28/11/2003, aponta créditode apenas 209,67, significando dizer que duas prestações deixaram deser pagas, quais sejam, setembro e novembro, ocasionando, assim, o an-tecipado vencimento do débito. 5- Cristalino aflora dos autos que o clientedescuidou de suas finanças e inobservou que as prestações não foramdebitadas, quando sua postura, se corretamente acompanhasse o trans-curso da operação, deveria ser a de procurar a Caixa Econômica Federal erealizar o pagamento correlato (prestações de setembro e novembro). 6-Sua omissão culminou na presente cobrança, a qual revestida dejuridicidade, tanto que, como mui bem salientado pelo E. Juízo a quo,consoante os autos, não prova o autor o pagamento das outras parcelasatinentes ao mútuo (pagamento diretamente à CEF, pois os extratos es-tampam não mais houve débito do empréstimo), nada tendo feito parasaldar a dívida então contratada, sendo cristalino usufruiu dos valores queforam liberados, nos termos dos saques efetuados após o crédito. 7- Sevem a parte credora a Juízo e narra, com base em elementos documentais,o descumprimento do que avençado, em sede de empréstimo, patente queincumba à parte devedora demonstrar não se esteja a verificar qualquerinadimplência, ao plano em tese das discussões aqui figuradasexemplificativamente - o que, nos autos, ao contrário se dá. 8- Suficientes,sim, as afirmações comprobatórias da parte apelada, pecando o recorrentejustamente no ângulo de que deixou de manter saldo suficiente na épocaadequada, este o ponto nodal da controvérsia, bem como quedou-se inertediante do flagrante inadimplemento, em nenhum momento tendo procura-do a CEF para regularizar a pendência. 9- Improvimento à apelação. Proce-dência ao pedido." (TRF 3, AC 0008693-11.2005.4.03.6100 SP, PrimeiraTurma, Rel. Juiz Conv. Silva Neto, DJe 05/mar/2012.)

"ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL. PENHOR DE JOIAS.ROUBO DE AGÊNCIA BANCÁRIA. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL NÃOIMPLEMENTADA. TERMO INICIAL. DATA DO EVENTO LESIVO. CLÁUSULACONTRATUAL INDENIZATÓRIA. LEGALIDADE. 1.- É de cinco anos o prazoprescricional para pleitear indenização por dano moral em face da CEF,tendo como início a data do evento lesivo. 2.- Não há ilegalidade ouabusividade na cláusula do contrato de empréstimo pignoratício celebradoentre as partes que fixa a responsabilidade da instituição financeira em1,5 vezes o valor da avaliação das joias dadas como garantia do penhor,devidamente atualizado, em caso de furto, roubo ou extravio. 3.- Não com-provada a alegada desproporção entre a avaliação feita pela instituiçãobancária, no cotejo com o valor mercadológico, improcede o pedidoreparatório por danos morais e materiais." (TRF 4, AC 5009093-16.2011.404.7000 PR, Terceira Turma, Rel. Des. Maria Lúcia Luz Leiria,DJe 17/maio/2012.)

É comum o ajuizamento de ação por parte de ex-mutuáriosvisando a anulação de execuções extrajudiciais promovidas emface de inadimplemento das prestações. Em muitas vezes aexecução já se encerrou há muito tempo, onde a parte procurao Judiciário quanto o imóvel é alienado para terceiros e ou oimóvel é incluído em concorrência pública para tanto. Sobre otema, recente decisão monocrática do Des. Nelton dos Santos,do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, aplicou o prazo de 02(dois) anos para essa discussão, reconhecendo a decadênciada parte em argui-la. Veja-se: �O autor aduz ter firmado com a ré,em 08.06.92, contrato de financiamento para aquisição de imó-vel residencial, segundo as normas do Sistema Financeiro deHabitação. Afirma que, em razão de sua inadimplência, o bemfoi levado a leilão extrajudicial, sendo arrematado pela EmpresaGestora de Ativos - EMGEA. Pleiteia o autor a declaração denulidade da execução extrajudicial, sustentando, para tanto, aexistência de vícios no procedimento. À f. 179, foi determinadaa inclusão da Sra. Marinete Dias Vergueiro, adquirente do imó-vel, no pólo passivo do feito. O MM. Juiz de 1º grau julgou impro-cedente o pedido de anulação da adjudicação/arrematação, comfulcro no art. 269, IV, do Código de Processo Civil, reconhecendoa ocorrência de decadência. Em seu recurso, o apelante alega,em síntese, que (f. 259-267): a) deve ser aplicado o prazoprescricional de 10 anos previsto no art. 205 do Código Civil, enão o prazo decadencial de 2 anos reconhecido pelo Juízo a quo;b) o agente fiduciário foi escolhido unilateralmente pela ré; c) éinconstitucional o procedimento descrito no Decreto-Lei n° 70/66, vez que viola os princípios da inafastabilidade da jurisdição,do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório.Com as contrarrazões, os autos vieram a este Tribunal. É orelatório. Pretende o autor a anulação de execução extrajudicialfundada no Decreto-Lei n° 70/66, que culminou na arremataçãodo bem em 12.08.2003, alegando, para tanto, a ocorrência devícios no procedimento. Acerca do prazo decadencial para sepleitear a anulação de ato jurídico, o artigo 179 do Código Civilassim dispõe: Art. 179. Quando a lei dispuser que determinadoato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anula-ção, será este de dois anos, a contar da data da conclusão doato. No caso em comento, a decadência rege-se pelo prazogeral do art. 179 do Código Civil, já que não há prazo específicoprevisto na legislação para pleitear-se a anulação de leilãoextrajudicial. Considerando que, nos termos do dispositivosupra, a contagem do prazo decadencial tem início na data daconclusão do ato, temos que referido prazo começou a fluirem 12 de agosto de 2003, data em que o bem foi arrematado,conforme carta de arrematação acostada à f. 145-147. Assim,o autor teria até a data 11.08.2005 para ingressar em juízorequerendo a anulação do processo de execução extrajudicial.Todavia, a presente ação foi ajuizada apenas em 15.04.2009,ou seja, muito após o transcurso do prazo decadencial de doisanos. Assim, tendo havido o transcurso do prazo sem que oautor tivesse exercido o seu direito, imperioso reconhecer-se aocorrência de decadência. Irretocável, pois, a sentença recor-rida. Pelo exposto, ante a manifesta improcedência da teseautoral, NEGO SEGUIMENTO à apelação, com fulcro no art.557, caput, do Código de Processo Civil. Intimem-se. Decorri-dos os prazos recursais e procedidas às devidas anotações,remetam-se os autos ao juízo de origem.� (TRF 3, AC 0004601-33.2009.4.03.6105 SP, Segunda Turma, Rel. Des. Nelton dosSantos, DJe 03/abr/2012.)

Jurisprudência Doutrina

Page 13: ADVOCEF em Revista Agosto/2012

Agosto | 2012

| Vale a pena saber

13

Elaboração

Jefferson Douglas Soares e Giuliano D'Andrea.

Sugestões e comentários dos colegas podem ser encaminhadospara os endereços:

[email protected] e [email protected].

Poderes Instrutórios do JuizAutor: José Roberto dos Santos Bedaque.Edição: 6ª. Editora: RT. Ano: 2012. Páginas: 192.O livro trata da postura ativa do juiz no conjunto probatório. O

autor, renomado processualista, depois de fazer uma exposição su-cinta dos principais institutos do processo, analisa os aspectosfundamentais da atividade instrutória do juiz, apresentando umaabordagem moderna sobre o tema.

SFH. PES. Não aplicação no saldo devedor. STJ"3.- O Plano de Equivalência Salarial - PES somente se aplicapara o cálculo das prestações mensais a serem pagas pelomutuário, sendo incabível a sua utilização como índice de cor-reção monetária do saldo devedor, o qual deverá ser atualizadosegundo o indexador pactuado, em obediência às regras doSistema Financeiro de Habitação." (STJ, AgRg no AREsp 95.894RS, Terceira Turma, Rel. Min. Sidnei Benetti, DJe 02/maio/2012.)

Repetitivo. Notificação extrajudicial por Cartório deoutra Comarca. Validade. STJ

"1. A notificação extrajudicial realizada e entregue no endereçodo devedor, por via postal e com aviso de recebimento, é válidaquando realizada por Cartório de Títulos e Documentos de ou-tra Comarca, mesmo que não seja aquele do domicílio do deve-dor." (STJ, REsp 1.184.570 MG, Segunda Seção, Rel. Min. MariaIsabel Gallotti, DJe 15/maio/2012).

CPC. Impugnação. Art. 475-J do CPC. Necessidadeda penhora. STJ

"I - A garantia do juízo é pressuposto para o processamento daimpugnação ao cumprimento de sentença. Inteligência do Art.475-J, §1º, do CPC. II - No cumprimento de sentença, executa-se título executivo judicial, em que a instrução probatória éampla. Por seu turno, nos embargos do devedor, de título exe-cutivo extrajudicial, a situação difere-se, sensivelmente, namedida em que o embargante não tem oportunidade de contra-ditório e ampla defesa. III - Se o dispositivo - art. 475-J, §1º, doCPC - prevê a impugnação posteriormente à lavratura do autode penhora e avaliação, é de se concluir pela exigência de ga-rantia do juízo anterior ao oferecimento da impugnação. Talexegese é respaldada pelo disposto no inciso III do artigo 475-Ldo Código de Processo Civil, que admite como uma das matéri-as a serem alegadas por meio da impugnação a penhora incor-reta ou avaliação errônea, que deve, assim, preceder àimpugnação." (STJ, REsp 1.195.929 SP, Terceira Turma, Rel.Min. Massami Uyeda, DJe 09/maio/2012.)

FGTS. Critério do cálculo da sucumbência. TRF 1"1. A jurisprudência majoritária da Quinta Turma desta Cortetem entendido que a proporção de sucumbência de cada umadas partes deverá ser calculada com base na quantidade depedidos formulados e deferidos no título judicial. Logo, cadaíndice postulado corresponde a um pedido, não se podendocalcular o êxito na ação pela somatória dos índices, mas, sim,pelo número de pedidos deferidos. 2. Se foi requerida a aplica-ção em conta de FGTS de 4 (quatro) índices e acolhidos apenas2 (dois), conclui-se que os embargados sucumbiram em 50%(cinquenta por cento) de sua pretensão, não lhes sendo, emrazão da compensação, devidos honorários advocatícios (CPC,art. 21, caput)." (TRF 1, AC 0017073-92.2006.4.01.3400 DF,Quinta Turma, Rel. Des. Selene Maria de Almeida, DJe 18/maio/2012.)

Contratos. Capitalização de juros. Fixaçãoexpressa. STJ

"1. A contratação expressa da capitalização de juros deve serclara, precisa e ostensiva, não podendo ser deduzida da meradivergência entre a taxa de juros anual e o duodécuplo da taxade juros mensal. 2. Reconhecida a abusividade dos encargosexigidos no período de normalidade contratual, descaracteriza-se a mora." (STJ, REsp 1.302.738-SC, Terceira Turma, Rel. Min.Nancy Andrighi, Dje 10/maio/2012.)

nformações. Internet. Erro. Impossibilidade dereabertura de prazo. TRF 1

"1. Consoante o disposto no art. 236 do Código de ProcessoCivil, as intimações são feitas pela publicação dos atos noórgão oficial. As informações prestadas, via internet, têm na-tureza meramente informativa, não possuindo, portanto, ca-ráter oficial, razão por que, em ocorrendo eventual erro/omis-são na divulgação destas informações, não é configurada jus-ta causa para efeito de reabertura de prazo nos moldes do art.183, § 1°, do CPC." (TRF 1, AI 0060945-07.2008.4.01.0000MA, Quinta Turma, Rel. Des. Selene Maria de Almeida,DJe 18/maio/2012.)

Leitura

Rápidas

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Agosto | 201214

Cen

a ju

rídi

ca

ADVOCEF mais forte2.1. No dia do aniversário, a Diretoriada Associação divulgou mensagemcumprimentando os associados."Parabéns às advogadas eadvogados da CAIXA, que souberamtransformar a expressão 'Unidos

somos mais fortes' em ummarco de progresso econcreta realidade,materializados na'ADVOCEF muito maisforte e representativa'".

Vem aí "ADVOCEF, 20 anos",publicação especial que vai reviver

os 20 anos da Associação. Umahistória bem sucedida de união e

solidariedade, vivida e contadapelos próprios personagens, os

associados. O aniversáriose comemora neste

mês. A fundaçãoaconteceu em 15 deagosto de 1992, em

Brasília.

Mês do AdvogadoO vice-presidente Álvaro Weiler representou a ADVOCEF na

sessão de abertura do Mês do Advogado 2012 naSeccional da OAB/RS, em Porto Alegre, em 01/08/2012.

Álvaro foi acompanhado dos conselheiros deliberativosDavi Duarte e Fernando Abs, integrantes da ComissãoEspecial do Advogado Empregado da OAB/RS (CEAE).

No evento, foiapresentado ocalendário das

atividades, que incluipalestras, seminários,

encontros e debatessobre temas

jurídicos.

Encontro em CuritibaNo dia 05/07/2012, Álvaro Weiler representou

a ADVOCEF na abertura do 2º EncontroNacional dos Advogados Empregados na

Administração Direta e Indireta, em Curitiba/PR. Estavam presentes os advogados do JURIR

Curitiba/PR Susan Soeiro (membro daComissão de Honorários) e Alaim Stefanello

(gerente da unidade), que também participouda mesa de abertura.

Bancários e securitários

A convite da CONTEC, o presidente da ADVOCEF,Carlos Castro, participou do XLI Encontro

Nacional de Dirigentes Sindicais Bancários eSecuritários, realizado em João Pessoa/PB, nosdias 2 e 3 de agosto. No evento, foi discutida eaprovada a pauta de reivindicações das duas

categorias, para envio à FENABAN.

Não perca o prazoTermina em 24 de setembro o prazo para entregados artigos (e também sugestões dejurisprudências) que vão compor a 15ª edição daRevista de Direito da ADVOCEF. O lançamento dovolume ocorrerá em dezembro, juntamente com oseminário técnico e as comemorações oficiais dos20 anos de fundação da Associação, em Brasília.

Gritando com o juizA juíza Fabiana dos Santos Kaspary, da 18ª Vara Cível de Porto Alegre,

determinou que um advogado entre com nova petição "em termosadequados, em respeito ao juízo, aos serventuários que devem ler o texto

e, principalmente, à parte adversa". A juíza disse não ver necessidade deletras garrafais e de muitos pontos de exclamação na petição. "O

entendimento não pode ser outro senão o de que está o advogado a gritarcom o juízo e com a parte adversa dentro dos autos." A juíza sugere o uso

do sublinhado ou negrito. (Fonte: Espaço Vital.)

Saúde CAIXA informa 1Não esqueça do cartão do Saúde CAIXA, lembra a equipe daGESAD em mensagens enviadas aos empregados que saem deférias. Caso o cartão esteja vencido, é possível imprimir umaAutorização Provisória de Utilização (APU) por meio doAutoatendimento (www.gesad.mz.caixa/autosc):opção Beneficiários > Cartão > Gerar cartão provisório; ou dosite (www.caixa.gov.br/saudecaixa): Acesso ao Sistema deSaúde, link Beneficiário; após login, opção SISBE >Beneficiários > Autorização Provisória de Utilização, botãoGerar APU.

Saúde CAIXA informa 2Se viajar, recomenda também a GESAD, levar a relação de

credenciados da cidade de destino, disponívelno Autoatendimento, opção

Credenciados > Consultar credenciados.

Page 15: ADVOCEF em Revista Agosto/2012

Agosto | 2012

| Cena jurídica

15

O presidente da OABcriticou mais uma vez apostura dos juízes quereduzem os honorários avalores irrisórios,subestimando assim opapel do advogado que,conforme o artigo 133 daConstituição, éindispensável à Justiça. "Oadvogado não é adereço. Aredução recorrente doshonorários diminui aparidade de armas que devehaver entre a acusação e adefesa", argumenta Ophir.

O lançamento da data integra a Campanha Nacional de Valorização dos HonoráriosAdvocatícios, desenvolvida pelas 27 Seccionais. Outra medida tomada pela OAB é ingressarcomo assistente nos processos em que os honorários são fixados em valores aviltantes. Ao

mesmo tempo, mantém a busca de maior diálogo com magistrados sobre o tema.

Gore VidalMorreu em 31 de julho, aos

86 anos, o escritor americanoGore Vidal, conhecido pela

crítica - bem-humorada,embora ácida - à vida política

de seu país. O colega brasileiroRuy Castro testemunhou essa

fama ao se encontrar comVidal em 1987. Quando era

apresentado a alguém, Vidalperguntava: "Sabia que a

biblioteca do [presidente]Reagan acaba de pegar fogo?

Ambos os livros foramdestruídos!". E, enquanto o

outro ria, ele completava: "E,um deles, Reagan ainda nem

tinha acabado de colorir".

Duas frases doescritor: "Andy Warholé o único gênio que eujá conheci com um QIde 60." "Escreva algo,mesmo que sejaapenas uma nota desuicídio."

2.

1.

Dia nacional dos honorários2.

3.

1.O presidenteda OAB

lançou em10 de agosto

o DiaNacional deDefesa dosHonorários

Advocatícios,conclamandoos advogados

a enfrentarem de forma aguerrida as campanhas destinadas àredução dos valores, especialmente por parte das associações de

magistrados. "Esta data passa a representar o compromissopúblico da advocacia brasileira para com a cidadania e para com

a própria categoria", declarou Ophir Cavalcante.

Nova Diretoria da CONTECO presidente, Lourenço Ferreira

do Prado, e a diretora deFinanças, Rumiko Tanaka, foram

reeleitos em 2 de agosto paraadministrar a CONTEC no

quadriênio 2012-2016. As Vice-Presidências serão ocupadas por

Serafim Gianocaro, ÉdsonRoberto dos Santos,

João Barbosa e José Jesus

|||||Lançamento da campanha pelos honorários na Seccional de Sergipe

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Máquina deescrever

Em artigo sobre os 15anos da revista eletrônica

Consultor Jurídico, ojornalista João Ozorio deMelo relata um caso que

mostra a incredulidade e aresistência encontradas noinício da publicação, que éveiculada exclusivamente

pela internet. "Umadvogado disse que nossoprojeto era inútil, porque

ele sequer usavacomputador. Tentei falar

sobre a utilidade doscomputadores, mas ele

interrompeu: 'Já fiz demaisem passar da máquina deescrever para a máquina

de escrever elétrica'."

|||||Lourenço Ferreira do Prado,com Carlos Castro

Petições amazônicasO advogado Manuel Alceu Affonso Ferreira destaca um

paradoxo da tecnologia. "Nos arrazoados, graças àsfacilidades do computador e das 'montagens' redacionais

que a máquina permite, tudo aquilo que poderia serabreviado é desnecessária e improdutivamente alongadoem cansativas exposições, como se amazônicas petições

pudessem significar talento e perícia, quando é exatamenteo contrário aquilo que ordinariamente acontece".

(Fonte: Consultor Jurídico.)

Nélson, 100 anosNascido em Recife/PE, em 23 de agosto de 1912, o

dramaturgo Nélson Rodrigues faria 100 anos neste mês.Morreu em 21 de dezembro de 1980, no Rio de Janeiro/RJ.

Jornalista, cronista, dramaturgo e, principalmente, polemista.Além de peças, contos e romances, deixou frases que se

tornaram populares. Exemplos:"Nem todas as mulheres gostam de apanhar, só as normais."

"Se todos conhecessem aintimidade sexual uns dos

outros, ninguémcumprimentaria ninguém."

"O dinheiro compra até oamor verdadeiro."

"O jovem tem todos osdefeitos do adulto e mais um:

o da inexperiência."

Page 16: ADVOCEF em Revista Agosto/2012

Agosto | 201216

Adv

ocac

ia

Em agosto, mês em que os advoga-dos comemoram o seu dia (11), mais detrinta representantes da classe ocuparama tribuna mais importante do país � a doSupremo Tribunal Federal �, para a defe-sa de 37 réus acusados de crimes comocorrupção, peculato, formação de quadri-lha e lavagem de dinheiro, na Ação Penal470, conhecida como mensalão.

No centro da atenção nacional, res-pondendo à denúncia formulada pelo pro-curador-geral da República, RobertoGurgel, os advogados abordaram em suassustentações orais a suposta fragilidadedas provas e a pressa na condenação.

No último dia de apresentação dasdefesas, o ministro relator Joaquim Bar-bosa quis encaminhar uma representa-

O mês do advogadoO primeiro time da advocacia brasileira se apresenta na tribuna do STF

ção contra três advogados, mas não teveo apoio dos demais ministros, com exce-ção de Luiz Fux.

O presidente da OAB, Ophir Cavalcan-te, reagiu: �Se o advogado for calado, é acidadania que será calada. Não se poderestringir o exercício da ampla defesa.�Mas no próprio ato a advocacia receberaa solidariedade veemente do ministroCelso de Mello: �O Supremo não podepermitir que se cale a voz do advogado�.

Veja a seguir uma seleção de momen-tos do julgamento até o último dia deapresentação das defesas, em 15 deagosto.

�Foi, sem dúvida, o maisatrevido e escandalosocaso de corrupção e desviode dinheiro público flagradono Brasil. Como tenho des-tacado, maculou-se grave-mente a República.�

Roberto Gurgel,procurador-geral da

República.

�Dormia, a nossa pátriamãe, tão distraída, sem per-ceber que era subtraída, emtenebrosas transações.�

Idem, citando a canção�Vai Passar�, de Chico

Buarque.

�Este é um julgamento de bala de pra-ta. É um julgamento que se faz só umavez.�Márcio Thomaz Bastos, advogado do

ex-vice-presidente do Banco Rural,José Roberto Salgado.

�Senhor presidente, mais relevanteque cumprir um cronograma é cumprira Constituição Federal.�

Marcelo Leonardo, advogadode Marcos Valério.

�Se isso [suspeita contra ProfessorLuizinho] é lavagem de dinheiro, trata-se da mais solene, pública e registra-da da história brasileira.�

Pierpaolo Bottini, advogado do ex-deputado petista Professor Luizinho.

�Entendo que o Ministério Público, comseus poderes excepcionais, não podeusar da retórica, essa é apenas paraos advogados. O primeiro direito de umréu, apesar do que possa parecer, éser bem acusado.�

Antonio de Almeida Castro, o Kakay,advogado de Zilmar Fernandes, sócia

do publicitário Duda Mendonça.

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|||||Advogados no julgamento da Ação Penal 470, no STF

|||||Ministro do STF Joaquim Barbosa

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Page 17: ADVOCEF em Revista Agosto/2012

Agosto | 2012 17

�O pedido de condenação deJosé Dirceu, com base nasprovas dos autos, é o maisatrevido e escandaloso ata-que à Constituição Federal.�

Idem.

�Como em qualquer país domundo, um partido conquis-ta apoio com a partilha depoder, não com dinheiro.�

�A prova é pífia, é esgarçada,é rala.�

Arnaldo Malheiros Filho,advogado de Delúbio

Soares.

�Se este Tribunal, cumprindo sua tare-fa, concluir que a prova não permitecondenações, digam ao povo que issofoi coisa do procurador-geral da Repú-blica, que não fez o seu trabalho�.

Luiz Francisco Corrêa Barbosa,advogado de Roberto Jefferson.

�Afirmam que eu teria agido de formaparcial no processo, proferindo deci-sões de forma midiática. Ultrapassamo limite da deselegância e da falta delealdade que se exige de todos os ato-res do processo, se aproximando dapura ofensa pessoal.�

Ministro Joaquim Barbosa, justifican-do seu pedido de representação

contra os advogados Antonio Sérgiode Moraes Pitombo, Leonardo

Magalhães Avelar e Conrado Almeida.

|||||Ministro do STF Ricardo Lewandowski

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/STF �Peço vênia para me apartar do minis-

tro relator pela última parte. A Consti-tuição Federal é muito clara quandodiz que advogado é indispensável paraa Justiça, sendo inviolável no exercí-cio da profissão.�

Ministro relator RicardoLewandowski.

�O Supremo não pode permitir que secale a voz do advogado. As prerrogati-vas profissionais dos advogados repre-sentam emanações da própria Consti-tuição Federal.�

Ministro Celso de Mello.

�Cada país tem o modelo e o tipo deJustiça que merece. Justiça que sedeixa ameaçar e agredir por umaguilda ou o modelo de uma guilda, eulamento o fim que terá. [...] Lamentomuito que nós como brasileiros tenha-mos que carregar certas taras antro-pológicas, como essa do bacharelismo.A Corte Suprema do país, diante deuma agressão clara contra um de seusmembros, entende que isso não temsignificância.�

Ministro Joaquim Barbosa.

�É lamentável essa reação do minis-tro Joaquim Barbosa. Não houve ofen-sa pessoal. Se o advogado for calado,é a cidadania que é calada. Não sepode restringir o exercício da ampladefesa.�

Ophir Cavalcante, presidente doConselho Federal da OAB.

�[O mensalão] É uma tese de defesa queum parlamentar [Roberto Jefferson]criou quando o seu partido foi flagradoem um esquema de corrupção nos Cor-reios. Ele não pôde se defender, entãoele atacou. Vocês devem lembrar quan-do ele disse para Dirceu, em depoimen-to na CPI: �Vossa excelência desperta emmim instintos primitivos�. (...) É essa pro-va que vocês querem usar?�

Idem.

�Eu acho e já afirmei: algum auxiliardo eminente procurador, que susten-tou essa denúncia, que eu tenho paramim como ruim e fraca, teve preguiçamental de ler os autos.�

Paulo Sérgio Abreu e Silva,advogado de Rogério Tolentino, ex-

advogado de Marcos Valério.

�O Judiciário não representa o povo.Representa a lei. Justiça seja feita, mes-mo que os céus venham abaixo. E éna busca dessa Justiça que eu estouaqui defendendo Rogério Tolentino.�

Idem.

�O Ministério Público Federal, com fra-ses de efeito, quer a condenação deJosé Dirceu para servir de exemplo.Desde quando uma condenação como desprezo ao amplo direito ao contra-ditório, sem provas, pode servir deexemplo?�

José Oliveira Lima,advogado de José Dirceu.

|||||Presidente da OAB, Ophir Cavalcante

||||| Ministro do STF Celso de Mello

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Page 18: ADVOCEF em Revista Agosto/2012

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Risco de frustraçãoAntônio Dilson Pereira (*)Pessoalmente, tenho certa implicân-

cia com nossa mania de rotular determi-nados fatos, o que, a princípio, parece serpositivo e capaz de levar a algumaconsequência. Às vezes, o rótulo nãoguarda semelhança com os fatos, acar-retando distorções e desviando as inves-tigações do foco da questão.

Parece-me que isso ocorreu com ochamado mensalão, denominação impró-pria porque fazia supor que havia paga-mentos regulares e periódicos a deputa-dos, na busca de apoio a projetos de inte-resse do governo federal no CongressoNacional e não uma prática condenávelde cooptação de parlamentares a cadavotação.

Que aconte-ceram transferên-cias de valorespara partidos polí-ticos aliados eparlamentares dabase do governo,ninguém tem dúvi-das. Tanto que,nas defesas a quetenho assistidonas sessões doSupremo TribunalFederal, todos osenvolvidos, com amaior desfaçatez,admitem haverrecebido dinheiro,só que via caixadois, como seessa prática, tam-bém, não fosse condenável.

Essa manobra resulta da falta de cla-reza das apurações que não chegaram adefinir a metodologia adotada para astransferências dos recursos e nem a fina-lidade buscada. Será que era apenas cai-xa dois? Difícil de acreditar, particularmen-te, porque confessam uma ilegalidademenor para encobrir outra maior.

O certo é que o imbróglio foi criado, aCPI concluiu seus trabalhos, a Polícia Fe-deral também, o Ministério Público Fede-ral denunciou mais de três dezenas deenvolvidos e o Supremo Tribunal Federalacatou a denúncia, o que resultou na AçãoPenal n° 470. O processo teve seu anda-mento normal, se é que se pode falar em

normalidade de um processo que já tra-mita há mais de sete anos, iniciando-se ojulgamento, cuja conclusão deve consu-mir próximo de sessenta dias do esforçoe da pauta daquela Colenda Corte.

Como eleitor e observador, tenhoacompanhado o desenrolar do caso,mesmo não tendo atuação profissionalna esfera do Direito Penal. Apenas exer-ço meu direito de cidadão, como grandeparte da sociedade brasileira.

Nessa posição de observador, tenhoacompanhado com atenção o noticiáriosobre o julgamento do processo, o quetem me deixado com uma sensação de-sagradável, na medida em que tenho a

impressão de que os meios de comuni-cação vendem a ideia errada, de que jul-gamento é sinônimo de condenação. Emoutras palavras, que o julgamento é acerteza de que os denunciados serãocondenados, levando a uma purificaçãode nossa lamentável prática político/par-tidária.

Isso não é verdade. Apesar de cha-mado de julgamento do século, outradesignação esdrúxula, levando-se emconsideração que estamos apenas nodécimo segundo ano do século XXI, tem-se ainda mais oitenta e oito anos pelafrente e muita coisa pode acontecer nes-te século. Afinal, o ser humano é muitocriativo.

Na minha visão pessoal, não se podeconfundir e criar falsa expectativa, afinal,julgamento é uma coisa, condenação éum de seus possíveis resultados, não sedevendo desprezar a possibilidade deabsolvição, se não de todos, pelos me-nos de parte dos réus.

A sensação desagradável leva-me atemer a reação da sociedade, havendoou não condenação dos envolvidos. Comoserá encarado o resultado do julgamen-to?

Ocorrendo condenação, estará aber-ta a porta para os acusados alegarem que

não houve rigor téc-nico na apreciaçãodo processo, que ojulgamento foi polí-tico e fruto de pres-são feita pela mídia,a famosa questão"midiática". Umacoisa que chama aatenção é que ospolíticos não gos-tam de julgamentospolíticos.

Não havendocondenação algu-ma, ou pelo menosda maioria, virá afrustração pela fal-sa expectativa cria-da com a ideia equi-vocada de que jul-gamento é sinôni-

mo de condenação. Aí todos invocarão amáxima de que o Brasil não tem o mono-pólio da corrupção, mas tem o da impuni-dade, especialmente quando os envolvi-dos são pessoas influentes ou podero-sas.

Contudo, não se pode deixar de re-gistrar que o Supremo Tribunal Federalenfrenta uma questão de alta indagaçãoe complexidade. Seus ilustres integran-tes terão que decidir tecnicamente, mes-mo que isto desagrade a uma ou outraparcela da população. Esta é sua respon-sabilidade e de mais ninguém.

(*) Advogado aposentado da(*) Advogado aposentado da(*) Advogado aposentado da(*) Advogado aposentado da(*) Advogado aposentado daCAIXA em Curitiba/PR.CAIXA em Curitiba/PR.CAIXA em Curitiba/PR.CAIXA em Curitiba/PR.CAIXA em Curitiba/PR.

Foto

: STF

||||| Sessão no STF, no julgamento da Ação Penal 470, denominada mensalão

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Agosto | 2012 19

Crô

nica

Olho gordoArcinélio Caldas (*)Balouçando sob o vento nordeste,

girassóis resplandeciam ao sol e enchi-am de brilho a chácara onde foram plan-tados no subdistrito de Guarús. A lavou-ra aguçava a curiosidade dos vizinhose estendia-se por mais de um alqueirede terras do calculista, matemático eengenheiro Gil Terra.

Gil, homem impulsivo, empreende-dor, que ocupava a vanguarda de suaépoca, tanto sobre as pranchetas decálculos aritméticos como na vidacomum, tinha determinado oplantio da flor. Andava, girava,ele sempre surpreendia afamília com novidades degosto extravagante.

Enquanto os prédiossubiam pela lavra dosoperários contratadospara dar forma às suascriativas plantas, o en-genheiro cuidava dasviagens à fazenda decafé da família em Mi-nas Gerais e da casa deveraneio em Atafona,praia do seu coração. Asatividades não preenchiam ovazio do seu tempo. Estava per-manentemente à procura de coi-sas novas para fazer.

De certa feita ouviu um amigo doNorte falar das vantagens de criaçãodos papagaios falantes. Colocou delado o criatório de peixes ornamentaisGupis, o adestramento de cães polici-ais de seu canil e iniciou o cultivo dopapagaio Jandaia da Testa Vermelha,conhecido por Chauá, encontrado naMata Atlântica, e do papagaio verda-deiro, denominado Aestiva, habitanteda região amazônica.

Um dos viveiros foi colocado no sí-tio de Guarús, em frente ao aeroportoBartolomeu Lizandro, e outro em suacasa de praia no município de São João

da Barra. A comida preferida das avescoloridas era a semente de girassol. Naépoca, rareou no comércio de Camposa ração dos falantes de penas. O em-pregado Osvaldo comunicou o fato aopatrão:

- Dr. Gil, já estive em todas as lojasda cidade e não consigo comprar a co-mida dos bichos. Seu Décio Lusitano, lá

da Gaiola de Ouro, falou que está ha-vendo falta da semente de girassol noBrasil.

Homem de soluções, imediatamen-te Gil comprou em São Paulo as semen-tes do vegetal e determinou o plantiona área de seu sítio em Campos dosGoytacazes.

O possante trator Massey Fergusson75 cortou e recortou a terra para rece-ber a plantação e os passantes, poucotempo depois, testemunharam o belo

espetáculo de encher os olhos de ad-miração.

Os vizinhos, fartos da lavoura de ca-nas, cujos preços pagos pelas usinasse encontravam aviltados, viram umaexcelente oportunidade de aventurarno negócio do Dr. Gil, pois, em tudo queo vizinho botava a mão, florescia o lu-cro e o sucesso. Informados sobre a

aquisição das sementes e forma deplantio, resolveram encarar a em-

preitada.Passados alguns meses,

Dr. Gil colheu mais de dezmil quilos de sementes e alavoura dos vizinhos dobairro parecia um jardimverde e amarelo. Os car-ros paravam na beirada estrada e seus ocu-

pantes ficavam admira-dos com a beleza da la-

voura.Certa noite, ao encer-

rar o expediente, Dr. Gil foiprocurado por uma comis-

são de vizinhos com a pergun-ta:

- O que o senhor fez com a co-lheita dos girassóis?

O engenheiro respondeu com outra:- Por quê?- Porque nós vimos o senhor plan-

tar e resolvemos plantar também. Ago-ra, temos que colher e vender o produ-to para recuperar o investimento.

- Bom! - exclamou Dr. Gil e acres-centou: - Estou com semente até o tetodo depósito. Fiz a minha lavoura paradar de comida aos papagaios de Cam-pos e Atafona. Agora, vocês decidam oque fazer com a sua. Boa noite!

(*) Advogado da CAIXA em(*) Advogado da CAIXA em(*) Advogado da CAIXA em(*) Advogado da CAIXA em(*) Advogado da CAIXA emCampos dos Goytacazes/RJ.Campos dos Goytacazes/RJ.Campos dos Goytacazes/RJ.Campos dos Goytacazes/RJ.Campos dos Goytacazes/RJ.

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Agosto | 2012 I

Suplemento integrante da ADVOCEF em Revista | Ano XI | Nº 114| Agosto| 2012

Devoção de advogadoGoffredo Telles JúniorNasceu em São Paulo/SP, em 16/05/1915.Faleceu em 27/06/2009. Advogadoformado pela Faculdade de Direito daUniversidade de São Paulo (USP), em 1937.Foi professor emérito da USP. Aclamadodefensor do estado de direito no Brasil.Autor da �Carta aos Brasileiros�, que, emagosto de 1977, em plena ditadura, leu aosestudantes, políticos e público em geral,no pátio da Faculdade de Direito da USP,

em comemoração aosesquicentenário dafundação dos cursosjurídicos no Brasil. Odocumento se tornouimportante noprocesso de aberturademocrática no país.Texto transcrito dosite Migalhas.

Advogado sempre fui. Sou advo-gado por destinação genética. Masnão só por isso: sou advogado poramor. Tirante a mais sublime das pro-fissões � que é a de professor daFaculdade de Direito do Largo deSão Francisco �, não conheço pro-fissão tão fascinante como a de ad-vogado.

Devo dizer que o estudo do Di-reito me deslumbrou desde o primei-ro dia, depois da aprovação no exa-me vestibular � desde aquela primei-ra noite, em que permaneci acorda-do, a ler, por indicação de meu pai,�Le Droit Pur�, obra célebre deEdmond Picard. Lembro-me de que,quando entrei, bem cedo, na minhaescola, com a vibração comum doscalouros, eu levava o sentimento dejá ser um pouco responsável pelaordem jurídica no meu país.

Quando completei o curso de Di-reito e me promovi a bacharel, logoentendi que meu diploma era umavaliosa chave para as portas do mun-do. Chave, é claro, para as profis-sões específicas da área jurídica,mas, também, chave utilíssima paraoutras inúmeras profissões. E, ain-da, é chave para o comportamentonas ocorrências da vida.

Logo percebi que o bacharel emDireito é um cientista da sociabilida-de humana. Sim, um cientista da dis-ciplina da Convivência.

Preciosa ciência é a ciência des-sa disciplina! Preciosa, sem dúvida,porque, para os seres humanos,como bem sabemos, viver é convi-ver.

Quem fizer, com seriedade, o cur-so de uma Faculdade de Direito, eobtiver o conhecimento científico dadisciplina da Convivência, está pron-to para a vida. Está superiormenteformado para enfrentar as exigênci-as do quotidiano.

O diplomado em curso de Direitosabe o que é permitido e o que éproibido pelas leis. Possui, pois, oconhecimento básico de como sedeve conduzir nos encontros edesencontros, nos acertos e desa-certos, de que é feita a trama dacomunidade humana.

Seu diploma de bacharel em Di-reito é o título valiosíssimo de quemestudou as formas legais e ilegaisdos relacionamentos humanos, e seinformou sobre os caminhos edescaminhos do comportamento.

Por força dessa mesma razão,abre chaga no seio da sociedade obacharel corrupto. Seja advogado,juiz, promotor de justiça, delegadode polícia, o bacharel corrupto é umatriste figura. É traidor de seu diplo-ma e da categoria profissional a quepertence. É traidor da ordem insti-tuída � dessa ordem de que ele éesteio e intérprete. O bacharel cor-rupto é traidor da disciplina da Con-vivência, de que ele é natural senti-nela e guardião.

A mim, desde os tempos de es-tudante, desde os inícios de minhaadvocacia, o Direito sempre se apre-sentou como a segurança da liber-dade humana e do império da justi-ça. As leis sempre pareceram, ameus olhos, como extraordinários

acervos de respostas, dadas pelaexperiência dos séculos e pela pru-dência dos legisladores, às pergun-tas que permanentemente fazemos,no correr simples de nossas vidasquotidianas. Como casar? Comocomprar um terreno? Como cobrar oque nos é devido? Como saldar umcompromisso? Quem é herdeiro?Que pena imputar ao delinquente?O Direito responde.

O que logo entendi foi que as leisnos esclarecem, nos instruem, nosconduzem, nos aconselham. Se que-remos chegar a um determinado ob-jetivo, o Direito nos indica o cami-nho.

Verifiquei que o que caracterizao Direito, antes de mais nada, é suanatureza informativa, instrutiva,conselheira, pedagógica.

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Agosto | 2012II

Convenci-me, sem demora, deque o Direito é feito para servir o ho-mem, e não para tiranizá-lo. É feitopara dar-lhe segurança, e não paraoprimi-lo. Senti que o Direito é amigodo homem.

Há quem sustente � eu bem osabia � que o Direito é uma armaçãocoercitiva.

A meus olhos, porém, o Direito le-gítimo, expresso em suas leis, longede ser um instrumento de opressão,sempre me pareceu uma estruturasolidária com o ser humano.

Tenho horror à opressão. Tenhohorror à coação. Eu teria abandona-do o estudo do Direito se o Direitofosse coativo. A vida não valeria apena, se viver conforme o Direito fos-se viver coagido.

Desde cedo percebi que a coa-ção, na área do Direito, não éexercida pelas próprias normas jurí-dicas, mas por quem é lesado, quan-do as normas jurídicas são violadas.O lesado é que exerce a coação, nãoa norma jurídica.

Jamais defini a norma jurídica pormeio da coação. Para mim, até osdias de hoje, a norma se define: im-perativo autorizante.

Nessa definição, o adjetivoautorizante, como bem sabem os es-tudantes da minha Faculdade, pos-sui sentido estrito e peculiar. A nor-ma jurídica é autorizante porque au-toriza o lesado pela violação dela aempregar, pelos meios competentes,as sanções da lei, contra o violador.

Lembro-me bem de que, no meutempo de estudante, muito me preo-cupou a distinção entre a sanção e acoação, na ordem jurídica. Só metranquilizei quando entendi, commeridiana clareza, que a sanção ju-rídica não se confunde com a coa-ção.

Verifiquei que as sanções jurídi-cas são as providências prescritaspelas normas jurídicas, para os ca-sos de violação dessas normas. Decerta maneira, fazem o papel de re-ceitas de remédios de Direito, formu-

ladas preventivamente e conservadaspor prudência. Poderão ser aviadas,como poderão não o ser. Mas elassempre ali se encontram, devidamen-te preceituadas, para serem usadasou não, quando o Direito é ferido, ouseja, quando a norma jurídica é vio-lada e um dano é causado a alguém;e quando o lesado, num ato de von-tade, providenciar a aplicação delas.Importante é acentuar que, aplicadasou não, as sanções ali estão prescri-tas, no próprio texto escrito das nor-mas jurídicas.

A coação � logo aprendi � é outracoisa. A coação não é uma providên-cia meramente preconizada, uma �sal-vaguarda� prevista no texto escrito danorma. Ela não é sanção. A coação éa aplicação da sanção. Coação é ação.É execução de um ato. É uma pres-são efetiva, exercida de fato por umapessoa sobre outra pessoa, com o fimde constranger esta outra a fazer oque ela não quer fazer, ou a não fazero que ela quer. Em suma, a coação éo ato de compelir.

Ainda estudante, compreendi quea coação não é exercida, nem o podeser, pela própria norma jurídica, pelaprópria lei. Considerada apenas noque ela é, mera fórmula verbal, sim-ples enunciado de um modelo de com-portamento, a norma jurídica não écoativa. Como poderia a norma sair dopapel em que está escrita, erguer-se,pegar alguém pelo braço, forçar al-guém a fazer isto ou aquilo?

A entidade que exerce a coação(que a requer e providencia a aplica-ção da sanção) é a pessoa que, even-

tualmente, tenha sido prejudicadapela violação da norma.

Mesmo nos casos de crime, amissão da lei é a de ser normaautorizante. Nesses casos, a vítimanão é a única atingida pelo violador.A própria sociedade também se sen-te lesada, também se senteagredida. Em consequência, a soci-edade também fica autorizada a pro-mover, por meio da Polícia, do Minis-tério Público e do Poder Judiciário, aaplicação das sanções competentes,que a própria lei estabelece. A socie-dade, pois, é que, sentindo-se feri-da, exerce a coação.

Hoje, já não mais frequento oFórum, e minha banca de advogadoparece arvorar-se em consultório deamigos. Devo confessar que aorelembrar o passado e a obstinaçãode minhas contendas processuais,sou invadido, às vezes, por um mun-do de lembranças, que uma névoadiáfana de vaga ansiedade envolvee inquieta.

Que terei eu sempre almejado,em minhas pelejas judiciais: a justi-ça ou a vitória?

Reflito, reexamino, reconstituo.Terei eu sempre andado em busca dajustiça? Torturo a minha consciência.Ora me digo �sim�, ora me digo �não�.Invoco razões e contrarrazões. Sofrocom esse debate, mas nele meu es-pírito insiste, parece comprazer-se.

Minhas petições em juízo termi-navam, como era natural, com a con-sagrada fórmula: �Por ser de justi-ça, espera e pede deferimento�.

Hoje, o que me pergunto, amedo, é o seguinte: Estava eu sem-pre convencido de que o deferimen-to, por mim requerido em minhaspetições, seria verdadeiramente umato de justiça?

É claro que tais interrogações edúvidas nunca foram tropeço na mi-nha impávida advocacia contenciosa.Mas bem me lembro de vacilações,na aurora de minha atividade de pro-fessor, a respeito da própria defini-ção da justiça.

�Quem fizer, com seriedade, ocurso de uma Faculdade de

Direito, e obtiver oconhecimento científico dadisciplina da Convivência,está pronto para a vida.�

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Agosto | 2012 III

Eu dizia a meus alunos: �Justiçanão é fazer justiça�. Não é o fazer des-sa expressão. Isolemos a justiça doverbo que a acompanha. Deixemo-lasozinha. Que é, afinal, a justiça emsi mesma?

Lembro-me de minhas cismassobre a definição de Ulpiano: �Justitiaest constans et perpetua voluntas jussuum cuique tribuendi�. E sobre adefinição de Cícero: �Justitia esthabitus animi, communi utilitateconservata, suam cuique tribuensdignitatem�.

Eu me perguntava: A justiça évontade? É �constante e perpétuavontade�, a que se referia Ulpiano? Ajustiça é hábito? �O hábito da alma�,a que se referia Cícero?

A mim me parecia, nos alvores deminhas preocupações na área da Fi-losofia Jurídica, que a justiça, consi-derada em si mesma, não era vonta-de, nem hábito. Ela era, isto sim, aequivalência entre algo dado e algoretribuído.

Essa ideia de equivalência entreo dado e o retribuído levava-me à con-sideração de que a justiça implicava,forçosamente, uma relação de umcom outro. Só havia justiça � diziaeu � quando alguém deu ou fez algo,e outrem retribuiu o algo que lhe foidado ou feito.

Eu me lembrava de que, na �Éti-ca a Nicômaco�, Aristóteles já insis-tia nessa relação de um com outro,como caráter próprio da justiça, e deque Santo Tomás de Aquino, funda-do em Aristóteles, escreveu na�Summa Theologica�: �É próprio dajustiça ordenar o homem naquilo queé relativo a outro�.

Logo me conscientizei de que ajustiça não está apenas na equivalên-cia. Embora soubesse que não há jus-tiça sem equivalência, eu percebi quea justiça está sempre num ato, numaação, numa atitude. Está sempre numato de dar ou de fazer. Está semprenum ato de dar ou de fazer algo equi-valente ao que foi dado ou feito. A jus-tiça está no ato de retribuir o equiva-

lente ao que foi recebido. Tem, pois, oreferido caráter de um relacionamen-to de um com outro.

Eu estava bem enganado, nosprimórdios de minhas indagações so-bre a essência da justiça, quando eume dizia que a justiça não era fazerjustiça. A verdade � como depois des-cobri � era que a justiça consiste,precisamente, num fazer. Impossívelisolar a justiça da ação que a acom-panha. Impossível deixá-la sozinha,defini-la sem o ato que a constitui.

Hoje, defino a justiça nos seguin-tes termos: retribuição equivalente aoque foi dado ou feito.

Pois bem, a pergunta insidiosa,que dormita e às vezes desperta nofundo do pensamento, é sobre seaquela obstinação, aquela pertináciados advogados, deve sempre conci-liar-se com a prática da equivalên-cia, que define a justiça.

Para nós, advogados, que signi-fica pedir justiça?

Quando o bacharel que eu fuichegou a ser o que chamam de ju-rista, a experiência da vida e a medi-tação sobre a realidade me demons-traram que pedir justiça ao juiz é pe-dir que o juiz declare a vontade dalei, relativamente ao caso específicodos autos.

Essa declaração (que é uma sen-tença), requerida ao juiz, é, muitasvezes, obra delicada, produto de umaciência sutil, que consiste na ciên-cia da interpretação. Esta ciência sefunda numa lógica que não é somen-te a eterna lógica do racional, mas é,também, a lógica especial dos juris-tas, ou seja, a lógica do razoável.

Para o jurista, a lei não é uma pro-posição solta; não é, apenas, o quese lê em seu texto. Ela é, também,aquilo que ela pretende, como parti-cipante de uma ordenação geral.

O jurista sabe que a lei tem letrae tem espírito. O velho advogado sen-te que a lei tem corpo e tem alma. Averdade é que a lei, para o jurista �para o advogado arguto e para o juizsagaz �, não se esgota em sua letra.A lei se acha, também, em sua inten-ção.

O juiz, é claro, não pode deixarde aplicar a lei, nos casos para osquais ela foi feita. Deve, porém, sa-ber interpretá-la com sabedoria,para aplicá-la adequadamente, istoé, para aplicá-la com o espírito � osentido � que ela, em cada casoconcreto, precisa ter para alcançaros objetivos que determinaram suaelaboração.

Na �Filosofia do Direito�, MiguelReale escreveu: �uma norma é a suainterpretação� (Parte II, Tít. X, Cap.XXXVIII, nº 214, da 5ª ed.). ERecasens Siches, na sua �Nova Filo-sofia da Interpretação do Direito�,sustentou que, na interpretação dasleis, mais importante do que o rigorda lógica racional é o entendimentorazoável dos preceitos, porque o quese espera inferir das leis não é, ne-cessariamente, a melhor conclusãológica, mas uma justa e humana so-lução (Cap. III).

A experiência demonstra que, mui-tas vezes, os bons juízes conseguemmelhorar, por meio de uma inteligen-te interpretação, a qualidade de másleis. Já houve quem dissesse que nãohaveria motivo de temer as más leis,se elas fossem sempre aplicadascompetentemente. Em regra � acre-dito eu �, a sábia aplicação da lei écapaz de dar solução razoável aodesafio de quaisquer casos concre-tos, até mesmo dos casos mais me-lindrosos.

É verdade que, atualmente, asleis andam em onda de descrédito.Para setores consideráveis da popu-

�As leis sempre pareceram, ameus olhos, como

extraordinários acervos derespostas, dadas pela

experiência dos séculos e pelaprudência dos legisladores.�

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Agosto | 2012IV As matérias publicadas neste suplemento são de responsabilidade exclusiva de seus autores.O encarte pode ser acessado, na íntegra, no site da ADVOCEF (menu Publicações).

Ano XI | Nº 114 | Agosto | 2012

lação e da mídia, o que só importa é ajustiça: a justiça com lei ou contra alei. Aliás, isto faz lembrar a exclama-ção de Getúlio Vargas: �A lei? Ora, alei!�. Sim, para grande parte do povoe para muitos locutores de rádio e te-levisão, a lei, a vontade da lei, vêmsempre ligadas às desgraças daopressão e da iniquidade.

A lei se apresenta aos olhos demultidões como norma inflexível, in-diferente ao que é �o seu de cada um�;indiferente à realidade vivida de cadapessoa. O povo pensa: Como pode alei, feita lá em cima pelos poderosos,ser meio do que é justo para nós, daplebe desfavorecida aqui embaixo?

Não é de espantar que o povo lei-go � e mesmo alguns espíritos ilus-tres, condoídos com as misérias rei-nantes e inspirados por sentimentosde caridade �, o povo meio perdido eabandonado, dentro de um capitalis-mo insensível, se insurja contra cer-tos arestos, e exclame: �Abaixo as leis!Queremos justiça!�.

Na semana passada, ouvi um co-nhecido radialista blaterar contra de-cisões do Tribunal, e concluir com es-tas palavras: �O que agora nos inte-ressa não são as leis. O que agoranos interessa é somente a justiça�.Outro locutor, âncora da televisão, co-mentando uma decisão judicial, to-mou um certo ar de sábio e disse: �De-cisão conforme a lei esta, mas serájusta?�. Sempre o mesmo questio-namento, sempre a mesma controvér-sia entre o justo legal e o justo verda-deiro.

Até juízes! É verdade! Até algunseminentes juízes, que chamaram a sipróprios juízes orgânicos (?), procla-maram: �O compromisso do juiz é coma justiça, não com a lei!�. Exclama-ram: Quando a lei, aos olhos do juiz,parecer injusta, �dane-se a lei!� (Jor-nal da Tarde, de 24/10/1990).

Péssimo exemplo deram essesjuízes. Péssimo, sem dúvida, apesarde seu amor à justiça. Não terão elespercebido que a sentença proferidadeliberadamente contra legem é atoilícito? Que é violação que pode acar-retar a responsabilidade do própriojuiz, por danos causados voluntaria-mente? Creio que o autor de uma talsentença contra legem pode passar,eventualmente, de juiz a réu, em açãode reparação de danos.

Quando os juízes declaram quenão cumprem as leis, quem as cum-prirá?

Que heresia é essa? Que heresiaé a de querer fazer justiça sem lei?Fazer justiça contra a lei? Lamentávelheresia, negação do Estado de Direi-to, caminho direto para a anarquia oupara o despotismo, em que a devo-ção dos advogados de nosso país nãoincidirá jamais.

Não, não é possível aceitar a levi-andade dessa tese insensata. Não épossível concordar com a entrega dopoder de decidir sobre o que é o seude cada um ao arbítrio de quem querque seja.

A lei, só ela, a lei elaborada se-gundo os cânones do processolegislativo, nas Câmaras do PoderCompetente, a lei sabiamente interpre-tada, é que constitui o critério, a bali-za, a regra do justo � do justo possí-vel, do justo dos homens. Se a lei nãoé justa, substitua-se por outra. Se

�A verdade é que a lei, para ojurista � para o advogado

arguto e para o juiz sagaz �,não se esgota em sua letra. Alei se acha, também, em sua

intenção.�

uma decisão judicial não é correta,recorra-se para obter nova decisão.Mas o que todos nós queremos, quan-do somos lesados em nossos direi-tos, é poder nos abraçar às leis, paragranjear o que for de justiça.

Muito verdadeira sempre me pa-receu a célebre frase de Lacordaire:Quando a desordem impera, �a liber-dade escraviza, a lei é que liberta�.

No decurso de minha própria vida,o espetáculo dos sofrimentos causa-dos pelo arbítrio de vários governosautoritários � prisões, torturas, assas-sinatos, banimentos, cassações �,toda espécie de perseguições ilegais,tudo isto locupletou meu espírito dehorror pelos regimes de força, em quea justiça é simples manifestação davontade discricionária de alguém.

A justiça, de fato, é o que sobera-namente interessa. Mas, sem lei, emque se há de apoiar a justiça? Semlei, há de ela decorrer, acaso, do sus-peito critério pessoal, da vontade sol-ta de quem a pronuncia?

Ao fim destas linhas, quero con-fessar que estou persuadido de quea verdadeira compreensão das leis, acriteriosa interpretação delas, a suaaplicação prudente ao caso concretonão dependem de muita erudição.Mais dependem, creio eu, do que osvelhos chamam de sabedoria, isto é,daquele patrimônio da consciência,adquirido em segredo, no lento fluirda existência: �Not knowledge, butwisdom�, eis o lema. Menos ciência,mais sabedoria � aquela �sabedoriaprofunda e silenciosa�, de que falameu irmão Ignácio (�Páginas de umavida�, Parte I, I).

Com a lógica do razoável e comessa íntima sabedoria, a devoção dosadvogados e dos juízes fará a justiçaque �excede a justiça dos escribas edos fariseus�, a que se referiu Jesus,no Sermão da Montanha.