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ADVOCEF em Revista Abril/2013

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Abril | 20132

www.advocef.org.br – Discagem gratuita 0800.601.3020

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ADVOGADOSDA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL

DIRETORIA EXECUTIVA 2012-2014Presidente: Carlos Alberto Regueira de Castro e Silva (Recife)Vice-Presidente: Álvaro Sérgio Weiler Junior (Porto Alegre)Primeira Secretária: Lenymara Carvalho (Brasília)Segunda Secretária: Lya Rachel Basseto Vieira (Campinas)Primeiro Tesoureiro: Estanislau Luciano de Oliveira (Brasília)Segunda Tesoureira: Daniele Cristina Alaniz Macedo (São Paulo)Diretor de Articulação e Relacionamento Institucional: Júlio Vitor Greve (Brasília)Diretor de Comunicação, Relacionamento Interno e Eventos: Roberto Maia (Porto Alegre)Diretor de Honorários Advocatícios: Dione Lima da Silva (Porto Alegre)Diretor de Negociação Coletiva: Marcelo Dutra Victor (Belo Horizonte)Diretora de Prerrogativas: Maria Rosa de Carvalho Leite Neta (Fortaleza)Diretor Jurídico: Magdiel Jeus Gomes Araújo (João Pessoa)Diretora Social: Isabella Gomes Machado (Brasília)REPRESENTANTES REGIONAISElisia Sousa Xavier (Dijur/Suaju)|Meire Aparecida de Amorim (Dijur/Suten)|Paula GironMargalho (Aracaju)|Rodrigo Trassi de Araújo (Bauru)|José de Anchieta Bandeira Moreira Filho(Belém)|Leandro Clementoni da Cunha (Belo Horizonte)|Marta Bufáiçal Rosa (Brasília)|LyaRachel Bassetto Vieira (Campinas)|Alfredo de Souza Briltes (Campo Grande)|Renato LuizOttoni Guedes (Cascavel)|Sandro Martinho Tiegs (Cuiabá)|Manoel Diniz Paz Neto(Curitiba)|Edson Maciel Monteiro (Florianópolis)|Karla Karam Medina (Fortaleza)|Ivan SérgioVaz Porto (Goiania)|Magdiel Jeus Gomes Araújo (João Pessoa)|Rodrigo Trezza Borges (Juizde Fora)|Altair Rodrigues de Paula (Londrina)|Dioclécio Cavalcante de Melo Neto (Maceió)|KátiaRegina Souza Nascimento (Manaus)|José Irajá de Almeida (Maringá)|Francisco FredericoFelipe Marrocos (Natal)|Daniel Burkle Ward (Niterói)|Leonardo da Silva Greff (NovoHamburgo)|Cassia Daniela da Silveira (Passo Fundo)|José Carlos de Castro(Piracicaba)|Pablo Drum (Porto Alegre)|Augusto Cruz Souza (Porto Velho)|Aldo Lins eSilva Pires (Recife)|Sandro Endrigo de Azevedo Chiaroti (Ribeirão Preto)|Luiz FernandoPadilha (Rio de Janeiro)|Linéia Ferreira Costa (Salvador)|Conrado de Figueiredo N. Borba(Santa Maria)|Leandro Biondi (São José dos Campos)|Antonio Carlos Origa Junior (São Josédo Rio Preto)|Marcelo de Mattos Pereira Moreira (São Luís)|Camila Modena Basseto Ribeiro(São Paulo)|Rômulo dos Santos Lima (Teresina)|Felipe Lima de Paula (Uberaba)|AquilinoNovaes Rodrigues (Uberlândia)|Angelo Ricardo Alves da Rocha (Vitória)|Aldir Gomes Selles(Volta Redonda).CONSELHO DELIBERATIVOMembros efetivos: Davi Duarte (Porto Alegre), Anna Claudia Vasconcellos (Florianópolis),Patrícia Raquel Caires Jost Guadanhim (Londrina), Fernando da Silva Abs da Cruz (PortoAlegre), Luciano Caixeta Amâncio (Brasília), Renato Luiz Harmi Hino (Curitiba) e HenriqueChagas (Presidente Prudente).Membros suplentes: Antônio Xavier de Moraes Primo (Recife), Justiniano Dias da Silva Junior(Recife) e Elton Nobre de Oliveira (Rio de Janeiro).CONSELHO FISCALMembros efetivos: Edson Pereira da Silva (Brasília), Jayme de Azevedo Lima (Curitiba) eAdonias Melo de Cordeiro (Fortaleza).Membros suplentes: Sandro Endrigo Chiarotti (Ribeirão Preto) e Melissa Santos PinheiroVassoler Silva (Porto Velho).Endereço em Brasília/DF:SBS, Quadra 2, Bloco Q, Lote 3, Sala 1410 | Edifício João Carlos Saad | Brasília/DFCEP 70070-120 | Fone (61) 3224-3020 | E-mail: [email protected] da ADVOCEF: Gerente administrativa e financeira: Ana Niedja Mendes Nunes |Assistente financeira: Kelly Carvalho | Assistente administrativa: Valquíria Dias deOliveira Lisboa | Recepcionista: Roane Gomes Máximo

Expe

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Edito

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Conselho Editorial: Álvaro Weiler Junior, Carlos Castro, Daniele Macedo, Dione Lima da Silva,Estanislau Luciano de Oliveira, Isabella Gomes Machado, Júlio Greve, Lenymara Carvalho, LyaRachel Basseto Vieira, Marcelo Dutra Victor, Maria Rosa de Carvalho Leite Neta, Magdiel JeusGomes Araújo e Roberto Maia|Jornalista responsável: Mário Goulart Duarte (Reg. Prof. 4662)- E-mail: [email protected].|Projeto gráfico: Eduardo Furasté|Editoração eletrônica:José Roberto Vazquez Elmo|Capa e contracapa: Eduardo Furasté|Ilustrações: Ronaldo Selistre|Tiragem: 1.100 exemplares|Impressão: Athalaia Gráfica e Editora|Periodicidade: Mensal.A ADVOCEF em Revista é distribuída aos advogados da CAIXA, a entidades associativas e a insti-tuições de ensino e jurídicas.

A versão eletrônica desta publicação está disponível no site da ADVOCEF.Para acesso e leitura exclusivamente naquele formato basta fazer a opção,

na área restrita do portal. Pense na sustentabilidade do Planeta.

As opiniões publicadas são de responsabilidade de seus autores,não refletindo necessariamente o pensamento da ADVOCEF.

Enfim, e após tanto tempo, uma colheita vigo-rosa e frutífera, recheada de sabores, cores eperfumes de uma nova era.

Esta que era para ser uma edição de fecho deum ciclo parece que ainda gerará mais outra, tal-vez outras. Bom para quem se reedifica sem ja-mais esmorecer, para aqueles que se fortalecemnas dificuldades e se nutrem de boas batalhas.

A luta, esta não se esgota, apenas se irradiaentre tantos que a exercitam continuamente, sa-bedores da finitude do homem e da imortalidadedos ideais.

Até o fechamento desde número não se havi-am concluído os movimentos alinhados pelaCONTRAF para a final chancela da nova estruturasalarial unificada das carreiras técnicas da CAI-XA.

Ainda assim, a edição se presta para elevar osânimos de todos, desde já e novamente, de formaa obter-se e comungar-se da energia positiva queeste movimento até aqui nos propiciou.

Relatos pungentes, alegres, de viva esperan-ça e com um destacado sentimento de resgatedeste longo tempo, por vezes vivido como um bar-co à deriva num canal tormentoso e quase semrumo.

A capa deste número, longe de significar ummaterialismo inconsequente, retrata com um sen-so estético ímpar a sensação de um intrincadoquebra-cabeça.

Um emaranhado de peças cuja montagem exi-giu a contribuição de muitos, cada um com suacompetência, cada qual com o seu melhor, emfavor de um coletivo e único resultado.

Que venha, de forma definitiva e pronta, a sem-pre sonhada e tão lutada estruturação, fruto dacomunhão de interesses e de um consenso posi-tivo, em favor não apenas de seus atuais destina-tários, mas da manutenção e engrandecimento dequadros técnicos perenes, fortes e envoltos nosanseios maiores de uma empresa com mais de150 anos de existência.

Diretoria Executiva da ADVOCEFDiretoria Executiva da ADVOCEFDiretoria Executiva da ADVOCEFDiretoria Executiva da ADVOCEFDiretoria Executiva da ADVOCEF

Estruturar ecrescer

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Hon

orár

ios

Salário e honorário são de mesma natureza para penhora, determina o TRF-4

A mesma importância

Honorário sucumbencial e verba salarial se equivalem,devendo ser considerados bens de igual grandeza, já que am-bos têm caráter alimentar. A tese, utilizada pela Rejur NovoHamburgo/RS, foi aceita pelo Tribunal Regional Federal da4ª Região, em processo de cumprimento de sentença por ver-ba sucumbencial.

O TRF determinou, através do Bacen-Jud, o desconto de30% dos rendimentos de um bolsista da Fundação Carlos Cha-gas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro(FAPERJ), até atingir o montante da dí-vida, de R$ 1.318,75.

Em texto para esta Revista, o advo-gado Jonatan Braun Ledesma explicacomo foi a atuação da CAIXA, vitoriosacontra a decisão da primeira instância,que considerou a renda salarial do de-vedor impenhorável. O advogado achaque o exemplo, se seguido pelos cole-gas, pode ser útil a todos. No comentá-rio, Jonatan vislumbra também a con-dição de utilizar melhor o programaInfojud (Sistema de Informações ao Ju-diciário). Leia a seguir:

A tese aceita "Como se sabe, o Código de Processo Civil considera tal

verba (bolsa estudo) absolutamente impenhorável (art. 649,CPC) e abre apenas duas exceções: prestação alimentícia (aquientendida a pensão alimentícia propriamente oriunda da açãode alimentos) e cobrança de crédito concedido para aquisiçãodo próprio bem.

Acontece que o STJ já decidiu anteriormente que os hono-rários sucumbenciais (e os contratuais também) possuem na-tureza jurídica de verba alimentar. Vale dizer, equivalem, juri-dicamente, a uma prestação alimentícia. Mas não há previ-são na lei de penhora para tal verba.

Utilizamos, então, o raciocínio constitucional do princípioda proporcionalidade/razoabilidade, o qual ensina que quan-do em choque dois bens de igual grandeza (no casoimpenhorabilidade de verba alimentar x cobrança de verbaalimentar) ambos deverão ceder um pouco para resolver alide, desde que não afete o que a doutrina chama de núcleoessencial do direito.

Diante do quadro, se afigurou que, obviamente, não pode-ríamos (e nem o magistrado aceitaria) penhorarmos aintegralidade da bolsa do devedor, pois nada a ele sobraria eviolaria o núcleo essencial do direito acima referido. Assim, asolução foi penhorar 'por partes'. No caso, 30% mensal atécompletar o valor corrigido, tese que o STJ vem aceitando e oTRF-4 finalmente concordou.

No caso, graças a esse raciocínio vamos conseguir rece-ber do devedor que não tinha outro bem, beneficiando a todosos colegas. Esse, acredito, deve ser o intuito de todos os cole-

gas para que aumentemos a arrecadação que só depende denós.

Mas não paramos aqui. Com base nesse precedente, jávisualizo à frente o seguinte. Normalmente pedimos o Infojude raramente há bens - mas quase sempre há fonte pagadorade salário. Com base na jurisprudência acima, poderemos daruma real utilidade ao Infojud, qual seja: descobrirmos a fontepagadora dos devedores e penhorarmos, por parcelas, os nos-sos honorários."

A exceção do art. 649Em sua decisão, o desembargador relator Carlos Eduardo

Thompson Flores Lenz, do TRF da 4ª Região, argumentou:

"Segundo o STJ, no confronto entre o direito do deve-dor à impenhorabilidade dos frutos de seu trabalho e odireito do credor, que defende fazer jus a prestação quetambém tem caráter alimentar, não há porque deixar deadmitir que se caracteriza a exceção prevista no art. 649,IV, do CPC, verbis:

'DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO. HO-NORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. NATUREZA ALIMENTAR, MESMOQUANDO SE TRATAR DE VERBAS DE SUCUMBÊNCIA. PRE-CEDENTES DA CORTE ESPECIAL E DO SUPREMO TRIBUNALFEDERAL. COLISÃO

ENTRE O DIREITO A ALIMENTOS DO CREDOR E O DIREI-TO DE MESMA NATUREZA DO DEVEDOR.

1. Honorários advocatícios, sejam contratuais, sejamsucumbenciais, possuem natureza alimentar. (EREsp706331/PR, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS,Corte Especial, DJe 31/03/2008).

2. Mostrando-se infrutífera a busca por bens a serempenhorados e dada a natureza de prestação alimentíciado crédito do exequente, de rigor admitir o desconto emfolha de pagamento do devedor, solução que, ademais,observa a gradaçãodo art. 655 do CPC,sem impedimento daimpenhorabilidadeconstatada do art.649, IV, do CPC.

3. Recurso Espe-cial provido. (REsp948492/ES, Rel. Mi-nistro SIDNEI BENETI,TERCEIRA TURMA,julgado em 01/12/2011, DJe 12/12/2011)'" |||||Desemb. Thompson Flores

(Pr(Pr(Pr(Pr(Processo 50005ocesso 50005ocesso 50005ocesso 50005ocesso 500054444473620736207362073620736201111111111404404404404404777771111108.)08.)08.)08.)08.)

|||||Jonatan: aumentandoa arrecadação

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Muito perto da vitóriaCONTRAF deve marcar assembleias para aprovar a NES/2013

Neg

ocia

ção

Adesão em massaÁlvÁlvÁlvÁlvÁlvarararararo Wo Wo Wo Wo Weilereilereilereilereiler, vice-president, vice-president, vice-president, vice-president, vice-presidente da ADe da ADe da ADe da ADe da ADVVVVVOCEFOCEFOCEFOCEFOCEF

O acordo entre a CAIXA, CONTEC,ADVOCEF e ANEAC, que resultou no Aditivoao Acordo Coletivo de Trabalho 2012/2013,constitui um avanço histórico para os profis-sionais da empresa. O longo processo detramitação e a pequena alteração ocorridano Departamento de Coordenação e Contro-le das Empresas Estatais do Ministério doPlanejamento (DEST/MPOG) em nada desme-rece o brilho da vitória alcançada após muitanegociação.

A adoção da Nova Estrutura Salarial daCarreira Profissional, denominada NES/2013, em substituição à NES/2006, trazganhos expressivos e novas perspectivaspara todos, em especial para a grande maioria dos profissio-nais, que foram admitidos a partir de 2001 e, se aderirem,

terão o seu teto salarial majorado em mais de50%.

Além disso, foi estabelecida uma forma inte-ligente de incorporação do valor do adicional portempo de serviço (ATS) e da vantagem pessoal doadicional por tempo de serviço (VPATS) ao valordo salário padrão dos profissionais admitidosantes de 2001. Trata-se de um fator indispensá-vel para a unificação da carreira.

Se é certo que ainda não resolvemos todos osproblemas da carreira profissional, não menos cer-to é que estamos dando um passo enorme nessadireção. Cada um deverá refletir e decidir, pois aadesão à nova tabela salarial ocorrerá por livreopção individual de cada profissional através de

termo específico. No entanto, diante dos benefícios da novatabela, tenho certeza que teremos uma adesão em massa.

|||||Álvaro: um passo enorme

Oito meses depoisdo acordo firmado emjulho de 2012 entre aCAIXA e a CONTEC,com a colaboração daADVOCEF e ANEAC,quando finalmente pa-recia estar tudo prontopara a assinatura apósa espera pelo parecerpositivo do DEST (De-partamento de Coorde-nação e Governançadas Empresas Esta-tais), marcada para 12de abril de 2013, sur-giu a "novidade": aCONTRAF precisa tam-bém aprovar o termodo aditivo do AcordoColetivo de Trabalho referente à nova es-trutura salarial da carreira profissional daCAIXA (NES/2013). Desde então, espera-se por esse aval, e até o fechamento destaedição ainda não haviam sido marcadasas assembleias pelos sindicatos no âmbi-to da Confederação.

O presidente da ADVOCEF, CarlosCastro, que participou pessoalmente de

todo o processo, não esmorece. "É ques-tão, agora, de um pouco mais de paci-ência. E algumas dificuldades a maissó servirão para valorizar ainda mais anossa vitória", diz o presidente. Ele con-ta com o bom senso dos dirigentes daCONTRAF, "já que a nova NES foi discu-tida e construída entre a CAIXA e a re-presentação dos seus profissionais,

const i tu indo-seuma nova práticademocrática nuncaantes vista na nos-sa empresa".

Outro partici-pante de corpo intei-ro nas conversas, odiretor de Negocia-ção da ADVOCEF,Marcelo Dutra Victor,conta na pág. 7 de-talhes do que acon-teceu nas inúmeras,longas e cansativasreuniões. Para solu-cionar os impasses,informa o diretor, foipreciso utilizar estu-dos estatísticos, ma-

temáticos e de mercado. Até mesmo a se-mântica foi necessária, em uma ocasião.

Antes de anunciada a necessidadeda presença da CONTRAF, nos primeirosdias de abril a ADVOCEF em Revista ou-viu os advogados da CAIXA, envolvidos einteressados na negociação. Veja nestapágina e nas seguintes como eles avalia-ram o acordo.

|||||Carlos Castro e Marcelo Victor, em mesa de negociação: vitória ainda mais valorizada

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Estou na NES/2013Lucas Ventura Carvalho Dias, advogado da CAIXA em RecifeLucas Ventura Carvalho Dias, advogado da CAIXA em RecifeLucas Ventura Carvalho Dias, advogado da CAIXA em RecifeLucas Ventura Carvalho Dias, advogado da CAIXA em RecifeLucas Ventura Carvalho Dias, advogado da CAIXA em Recife

Após quase uma gestação (foramoito meses para a aprovação final peloDEST e recebimento pela CAIXA), eis quetemos nosso novo PCS. Foi duro. A es-pera quase nos matou de ansiedade.Minha terapeuta estava quase desistin-do de mim de tanto que eu falava noassunto. Mas, finalmente, nosso PCSsaiu. Não como fizemos, não como que-ríamos, mas está aí.

Sou assíduo frequentador do Fórumdo site da ADVOCEF, pois gosto da trocade ideias entre a categoria. Vi no geralum sentimento de vitória, permeado poralguma decepção. Entendo. Mas, nestemomento, depois de tudo, não consigodeixar de ter a visão do "copo meiocheio".

Lembro que quando fiz o concursopara a CAIXA, o salário era cerca de R$ 3.800,00. Se no novoPCS o piso não é o ideal, é quase o dobro disso e, com regrasde enquadramento a serem definidas por Acordo Coletivo,será mais que o dobro. Com o novo teto, há um horizonte de

carreira para o advogado que ingressana empresa. Ele sabe que, quando che-gar ao topo do plano, receberá uma re-muneração digna e condizente com adedicação que prestou à CAIXA.

Se não conseguimos tudo que que-ríamos, conseguimos tudo que podía-mos. E isso é muito. O plano avança nacorreção das distorções. Unifica a car-reira de fato e de direito. Gera aumen-to imediato da remuneração de todose perspectivas reais de crescimentopara o futuro.

Tudo considerado, meu sentimento,no fim das contas, é o mais simples detodos: felicidade. Estou feliz. Mal possoesperar para assinar minha adesão aoplano e dizer: Estou na NES/2013! Souadvogado da CAIXA, farei carreira na em-

presa e quero me aposentar aqui!E, a Carlos Castro, Marcelo Dutra e todos os demais da

ADVOCEF que tanto trabalharam para tornar isso uma reali-dade, meu muito obrigado.

|||||Lucas: a terapeuta quase desistiu

A luta é contínua"Evoluímos. Esta é a minha princi-

pal conclusão em relação ao novoPCS", proclamou o advogado PauloEustáquio de Oliveira, do Jurídico BeloHorizonte. "Agora temos uma carreiramelhor definida e com um teto maispróximo das demais carreiras jurídicasfederais. Não conseguimos o ideal,mas alcançamos o possível. E isto foimuito importante."

O advogado André Luis Bertolino, doJurídico São Paulo, disse que a negoci-ação não tem precedentes no ambien-te da CAIXA e se deve ao "árduo esforçoda Diretoria da ADVOCEF", cujo marcoinicial foi a greve de 2009, "que tam-bém foi um marco na história da nego-ciação sindical da CAIXA".

André lembrou que após o movi-mento pare-dista a CAIXA passou a res-peitar mais a categoria. "O presente acor-do é um espelho desse fato. Demos umpasso enorme, mas a luta não acabou, etenho certeza que a ADVOCEF e todos nósvamos continuar trabalhando para me-lhorar as nossas condições de trabalho",afirmou. "A vitória é imediata, mas a lutaé contínua."

O advogado Bruno Queiroz Oliveira,do Jurir Fortaleza, acredita que a con-

quista é comparável apenas à regula-mentação do recolhimento e repassedos honorários advocatícios. "Evidenteque podemos avançar em algumasquestões como o piso e o teto", ponde-rou. "Olhando para o futuro, criamosuma realidade de crescimento dentroda empresa, que ao meu sentir antessomente existia na perspectiva dos ad-vogados que assumiam alguma funçãode confiança, como forma de melhorara remuneração."

Para o coordenador da Escola de Ad-vocacia CAIXA, Frederico Rennó, que inte-grou a Comissão de Negociação da CAIXA,a NES/2013 demonstra a importância dasdiscussões coletivas na solução dos con-flitos que naturalmente surgem da rela-ção entre empregados e empregadores."Mais uma vez a CAIXA demonstrou suadisposição em ouvir e propor soluções,dentro dos limites inerentes à sua condi-ção de ente da administração pública in-direta, solucionando uma reivindicaçãocom efetiva valorização da sua carreiraprofissional. Poucas (ou nenhuma) cate-gorias no país conseguiram uma revisãoque resultasse em aumento salarial forada data base, sem movimento paredista."

Para caber na tabelaJá o advogado Luiz Fernando

Schmidt, do Jurídico Goiânia, disse que,com o rebaixamento do teto, os profissi-onais terão que se curvar um pouco paracaber na tabela. "O horizonte dos que ain-da têm muito tempo pela frente na CAIXAfoi diminuído e essa diminuição pode serpequena, mas, veja o paradoxo, é comouma bola de neve: aumenta."

Apesar de tudo, para Schmidt, embo-ra a NES aprovada pelo DEST seja piorque a NES/2012 proposta, "ela não é de

|||||Bertolino: sem precedentes na CAIXA

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Neg

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Uma casa engraçadaVinícius Facenda, advogado da CAIXA em Passo Fundo/RSVinícius Facenda, advogado da CAIXA em Passo Fundo/RSVinícius Facenda, advogado da CAIXA em Passo Fundo/RSVinícius Facenda, advogado da CAIXA em Passo Fundo/RSVinícius Facenda, advogado da CAIXA em Passo Fundo/RS

Noutro dia estava cantando uma canção para o meufilho de apenas nove meses que dizia mais ou menos assim:

Era uma casa muito engraçada,não tinha teto, não tinha nadaninguém podia entrar nela, não,porque na casa não tinha chão.

Parei, pensei e disse a ele: calha àminha trajetória na Caixa Econômi-ca Federal, filho! Nem a minhaesposa entendeu e olhaque ela tem 29 anos, ima-ginem o Ângelo Augusto.

Vamos à explicação.Adentrei ao quadro de advoga-dos da CAIXA em 2009, durante omovimento paredista. No edital do meuconcurso o salário noticiado era de R$3.800,00. Comecei a perceber honorários inte-grais, após o sexto mês, que perfaziam em média R$1.000,00. Nessa época a casa tinha chão, mas era quasede chão batido. O salário aumentou com a greve e a arreca-dação de honorários também ascendeu. Eram as paredessendo construídas. Hoje chegamos ao teto.

É uma grande obra, por isso demorada, mas é fato quetemos um teto! Não estamos mais ao relento! Faltam agora

os acabamentos e as correções de alguns vícios construti-vos (nossos conhecidos do cotidiano). Tenho certeza que oacabamento será dado e os defeitos sanados. Espero quenão existam vícios redibitórios e que sejam todos aparen-

tes, pois fica mais fácil para resolvê-los.

Hoje comemoro e digo: que bomque a música acima não se aplicamais à minha trajetória na CAIXA! Pos-so dizer ao meu pequeno Ângelo

Augusto que se trata apenas deuma música infantil, dessas

sem sentido real.Colegas, estamos no

mesmo barco e como nortenosso dever agora é melhorar o

que já é realidade, para após poder-mos imprimir velocidade de cruzeiro.Tenho duas certezas: uma é a de que os

membros da nossa tripulação a partir de agorapensarão duas vezes antes de abandonar o navio por

algum outro transatlântico e a segunda é a de que no pró-ximo porto haverá uma fila de espera maior do que aquelaque existia no porto anterior.

À Diretoria da ADVOCEF registro meu muito obrigado eparabéns pelo trabalho realizado e pela consequente CON-QUISTA, que é de e para todos nós.

Um meio-termo?Maria Rosa de Carvalho Leite Neta,Maria Rosa de Carvalho Leite Neta,Maria Rosa de Carvalho Leite Neta,Maria Rosa de Carvalho Leite Neta,Maria Rosa de Carvalho Leite Neta,

diretora de Prerrogativas da ADVOCEFdiretora de Prerrogativas da ADVOCEFdiretora de Prerrogativas da ADVOCEFdiretora de Prerrogativas da ADVOCEFdiretora de Prerrogativas da ADVOCEF

Antes de tomar conhecimento daminuta do aditivo ao ACT (mesmo queextra oficialmente publicada no fórumda ADVOCEF), estava vendo a NES/2013 com ótimos olhos, com a res-salva de que sempre discordei da exi-gência de desistências de ações judi-ciais; agora, por outro lado, penso quea exigência de "transação" com aque-les que possuem ação judicial eleva apossibilidade de exclusão de parte dosprofissionais, por impossibilidade deadesão e, portanto, nega-se um futuropara a carreira daquele que permane-

todo horrorosa: o teto salarial aprova-do, mesmo que menor que o proposto,ainda é maior que o possível de se al-cançar na estrutura salarial atual, como adicional de tempo de serviço e van-tagens pessoais".

O valor do novo piso é inferior ao jávigente, comentou Schmidt, mas "comoa nova estrutura salarial é equilibradae permite aos novos profissionais che-gar ao teto em tempo razoável de servi-ço, esse piso menor acaba por ser su-portável, ante a expectativa de cresci-mento salarial muito mais ampla coma NES/2013 em relação à tabela sala-rial vigente".

Para Anna Claudia de Vasconcellos,advogada do Jurir Florianópolis e inte-grante do Conselho Deliberativo daADVOCEF, a tabela é um avanço nasconquistas da carreira. "Apesar de, nofim, ter sido menos do que esperáva-mos, é impossível não reconhecermosque ao mesmo tempo o 'fim' da negoci-ação, que redundou na NES, represen-ta, também, o começo de uma nova

cer na situação atual (por opção?).Acho que juridicamente a empre-

sa evoluiu, mas ainda peca por sim-plesmente colocar de lado decisõesjudiciais transitadas em julgado ou não(considerando as cláusulas doaditivo), o que talvez leve a uma máreceptividade por parte do Judiciáriode algumas situações existentes, alémde um não alcance da sonhada unifi-cação da carreira.

O tempo não é de conciliação? Porque não se analisar todas as situaçõese encontrar um meio-termo?

rodada de reivindicações, que se inicia-rá a partir de parâmetros melhores paraa carreira." E isso, para ela, é muito im-

portante: "a busca constante demelhorias na carreira a partir de con-quistas já implementadas".

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Histórias da negociaçãoMarMarMarMarMarcelo Dutra Victcelo Dutra Victcelo Dutra Victcelo Dutra Victcelo Dutra Victororororor, dire, dire, dire, dire, diretttttor de Negociação da ADor de Negociação da ADor de Negociação da ADor de Negociação da ADor de Negociação da ADVVVVVOCEFOCEFOCEFOCEFOCEF

Na verdade, a história dessa nego-ciação é anterior à nossa pauta de rei-vindicações aprovada no Congresso dePoconé/MT. Ela nasceu na tabela cria-da durante a vitoriosa greve de 2009 eque fora acolhida pelo ministro Dalazenno TST. Tal tabela criou uma curvaremuneratória, que, apesar de mantera distância entre os níveis para temposde serviço muito próximos, até dez, doponto de vista de valores tornou-os pró-ximos demais.

Mesmo os valores da tabela sendotão próximos, tanto que a maior referên-cia do primeiro terço da tabela não era10% menor que a maior referência dosegundo terço, ela acabou por gerar umdescontentamento na categoria, poisdava a impressão de que as distorçõesentre as referências, chamadas pelaCAIXA de diferenças, seriam perenes.

Com relação a essas "diferenças",há um episódio interessante. Nas reuni-ões, a CAIXA não admitia a nomenclatu-ra "distorções", pois dava a ideia de "defi-ciências". Para evitar o choque e buscarum denominador comum, propomos àmesa CONTEC e buscávamos sempreenfatizar a expressão "diferenças", nosentido de algo que quebrava a isonomiae que dependia de correção.

Entre o Congresso de Poconé e o deFortaleza, evoluímos pouco. Apesar dasvárias reuniões de mesa de negociação,o grande avanço do período foi a entregade um estudo conjunto que abarcavavalores praticados pelo mercado tantopara a categoria de engenheiros e arqui-tetos como da advocacia pública.

Esse estudo, inclusive, foi acolhidoem sua integralidade na pauta de reivin-dicações aprovada pela categoria, o quedeu uma força nunca vista a uma reivin-dicação, devido à sua base sólida emestudos estatísticos, matemáticos e demercado.

Houve um momento que as mesas,tanto da CAIXA como da CONTEC, chega-ram a um denominador comum com re-lação aos valores de piso e teto e seriapossível a incorporação do ATS e sua van-tagem pessoal.

No entanto, não havia uma fórmulapara tentar corrigir as "diferenças" nasreferências, apesar da proximidade devalores reconhecida por todos.

Quanto aos colegas oriundos do PCS89, a fórmula surgiu naturalmente, incor-poração com aproximação salarial e del-tas de incentivo à migração, o número decinco deltas negociado gerava benefíciopara todos em maior ou menor grau.

O grande impasse se deu para os pro-fissionais oriundos do PCS 98, a esmaga-dora maioria da categoria. Até ali não ha-via se imaginado como amenizar os pro-blemas decorrentes dos enquadramentosde 2006 e 2009.

Analisamos a tabela e já vislumbramosque a aproximação salarial já reduziria emmuito a distância, já que na nova tabela acurva não era tão acentuada e era ascen-dente.

Foi quando imaginamos desconsiderartodo o conjunto de promoções e reconsiderá-lo na nova tabela. Tal metodologia foi aceitapela CAIXA no que diz respeito às promo-ções por mérito, pois foi acolhida a tese quequanto a elas não era defensável se falarem distorções e muito menos diferenças quequebrassem o trato isonômico.

Com a aproximação salarial e areconsideração das promoções por méritona nova tabela, onde os deltas eram muitomais vantajosos, acabou-se por gerar umbenefício imediato para todos, ao mesmotempo em que as diferenças acentuadasentre os deltas praticamente desapareci-am. Em todas as simulações, diferençasde até 12 deltas passaram a no máximodois ou três.

Outra constatação era de que estavaassegurada uma evolução justa e equâni-me àqueles que estavam no início da ta-bela, de forma que pudessem alcançar no

mesmo tempo e com os mesmos méri-tos aqueles melhor enquadrados nanova tabela.

Enfim chegamos a um denominadorcomum, que fora submetido ao ConselhoDiretor da CAIXA e cuja implementaçãoestava condicionada à aprovação doscontroladores.

Mas, ao contrário do que imagináva-mos, a aprovação final com ajustes de-morou quase oito meses. Nesse ínterim,foi muito difícil controlar tanto a nossaansiedade como enfrentar as descren-ças e desesperanças.

Para superar esse momento, manti-vemos sempre o foco na busca constan-te de informações e nos esclarecimen-tos que fossem necessários. Além disso,a fé e uma tenaz perseverança foramnossas constantes companheiras, alémdas palavras amigas e a confiança demuitos e incontáveis companheiros.

O longo período de negociação foium grande aliado para suportar a pres-são da categoria, pois essas dificuldadesnos fizeram mais fortes. Talvez, se nãotivesse sido tão longo e árduo o cami-nho, não tivéssemos adquirido a resis-tência necessária para irmos até o final.O ponto crucial foi quando fomos notifi-cados que o DEST (Departamento deCoordenação e Governança das Empre-sas Estatais) aconselharia a aprovaçãocom ajustes. Fomos a princípio tomadospor uma onda de desesperança, logosuperada por uma análise global eacurada de todo o contexto. Como havía-mos bem costurado a negociação, mes-mo com os injustos ajustes, ainda assimtudo se encaixava às nossas aspirações.

Passada a natural comemoração eregozijo pela vitória que agora se aproxi-ma, a categoria dos profissionais da CAI-XA deve buscar forças e perseverançapara os novos desafios que desde já seapresentam. Alcançar a readequação dopiso salarial à realidade hoje praticadapela CAIXA e buscar um teto mais ade-quado às suas aspirações.

Mas isso é uma luta a longo e médioprazo. É preciso reconhecer que avança-mos muito e agradecer a cada uma e acada um dos companheiros profissionaisda CAIXA, que de uma forma ou de outracolaboraram para o sucesso dessa gran-de conquista.

|||||Marcelo: estatística, matemática e semântica

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Abril | 20138

Missão bem cumpridaAdvogados prestam homenagem a colega falecido em Volta Redonda

Ald

ir G

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Faleceu em 28 de março de 2013,aos 64 anos, o advogado da CAIXA AldirGomes Selles, representante da ADVOCEFna Rejur Volta Redonda/RJ. Ele trabalha-va normalmente em sua unidade, quan-do, por volta das 17h, teve um infarto ful-minante.

O falecimento no local de trabalhoocorreu num dia em que estava "extrema-mente feliz e, esbanjando alegria, conta-giava a todos", testemunhou o coordena-dor jurídico da unidade, Márcio de OliveiraRibeiro. Carioca, Aldir che-gou à Rejur, e à CAIXA, em2002, se transferindo parao Jurídico Rio de Janeiro em2003. "Como gostou mui-to de Volta Redonda,retornou em meados de2005", conta Márcio.

"Eu trabalhei com oAldir desde o retorno delepara Volta Redonda e pos-so descrevê-lo como exem-plo de amizade ecompanheirismo. Pessoaextremamente culta, since-ra e amiga dos amigos, Aldirsabia bem que uma dasespecificidades da Rejur éque os advogados passampor aqui e sempre queremretornar à capital. E ele fezexatamente o caminhocontrário. Colaborou imen-samente no treinamentode inúmeros colegas que passaram poraqui."

Márcio cita, entre os beneficiados, osadvogados Rodrigo Trezza, RenataBrandão, Maurício de Chateaubriand,Cristina Cidade, Jussara Regina, DanielaJunqueira, Cristiano Seabra e LeonardoSantos, além dos que já saíram da CAIXA,como Paulo Lustosa, Felipe Girdwood,Sylvio Imbassahy e Antônio Pádua.

Aldir ajudou muito, também, no trei-namento dos colegas do Apoio Adminis-trativo, por quem nutria grande amizade."Que o digam Isis Amorim, Luiz Antônio,Mariana Devezas e Ana Claudia", especi-fica Márcio.

Outro relatoDe acordo com o advogado Arcinélio

Caldas, o colega Aldir iniciou suas ativi-dades na CAIXA através da Rejur Cam-pos dos Goytacazes/RJ. "Posso dizer quesegurei na sua mão ao ser indicado pelogerente do Jurir Rio de Janeiro, Dr. LuizAntônio Azamor Rodrigues, para auxiliarna instalação da Rejur Volta Redonda",expôs Arcinélio no Fórum do site daADVOCEF.

CAIXA. Queríamos mais, muito mais. Queessa história não se interrompesse deforma tão abrupta. Dele vão ficar osexemplos de coragem, dignidade, abne-gação e dedicação profissional que sem-pre encantaram todos aqueles que tive-ram a oportunidade de privar da sua com-panhia e amizade."

Afirma Márcio Ribeiro: "O Aldir defen-dia a CAIXA com um entusiasmo ímpar ebuscava argumentos até mesmo quan-do não víamos saída. Como dizia o

Gryecos, ficava 'lamben-do' os processos do SFHe, nos dias em que esta-va muito afobado comos prazos, colocava seufone de ouvido e as mú-sicas o ajudavam a seconcentrar nas peçasprocessuais."

O coordenador ob-serva que na unidade,pequena, os advogadostrabalham juntos numasala grande, e o que po-deria ser um problemase mostrou solução. "Aunidade é unida e setransformou numa famí-lia com grandes debatessobre qualquer questão,seja política (paixão doDr. Aldir) ou jurídica,quando os embates tra-vados quase sempre

pela manhã acabam gerando grandes so-luções."

Conclui Márcio: "Ainda estamos sen-tindo um enorme vazio, mas suas posi-ções em defesa da CAIXA e de um mun-do mais justo vêm nos encorajando a nãopararmos, seguirmos em frente e deixar-mos que suas boas lembranças nos ani-mem a cada dia".

O sepultamento ocorreu em 29 demarço, em Volta Redonda. A ADVOCEF foirepresentada pelo ex-diretor Gryecos Lou-reiro, que levou à família do advogado - aesposa Maria Aparecida e os filhos André,Beatriz e Guilherme - a solidariedade doscolegas da CAIXA.

|||||Uma das últimas fotos de Aldir Selles (o primeiro à esquerda), tirada no sábado queantecedeu seu falecimento, quando os advogados da Rejur Volta Redonda se reuniram na casa do

colega Gryecos Loureiro, num dos habituais momentos de confraternização. Ao lado de Aldirestão, pela ordem: Márcio de Oliveira Ribeiro, Leonardo dos Santos, Mario Augusto M. de

Menezes Jr. e Gryecos Loureiro (em pé).

"Foram três meses de traço do proje-to e desenvolvimento das ações neces-sárias ao funcionamento da novel unida-de jurídica do Sul do Estado."

Arcinélio diz que não foi difícil paraAldir, "com a sua capacidade única de fa-zer amigos e influenciar pessoas", iniciarno prazo previsto a internalização dosprocessos que tramitavam no âmbito deVolta Redonda e eram acompanhadospelo Jurir Rio de Janeiro através de advo-gados terceirizados.

"Eis um breve relato do cumprimentode uma missão e um pouco da históriado admirável advogado Aldir GomesSelles na sua efêmera passagem pela

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Abril | 2013 9

Metas para o biênioADVOCEF apresenta seu Plano de Trabalho para 2012-2014

Açã

o

O presidente da ADVOCEF, CarlosCastro, encaminhou ao ConselhoDeliberativo, em 3 de abril de2013, o Plano de Trabalhodo Biênio 2012/2014. A apresenta-ção de exposiçãode metas da ad-ministração éprevista no Es-tatuto Social(cap. VIII, Da Di-retoria, art. 18),aprovado pelacategoria noCongresso dePoconé/MT, reali-zado em junho de2011. "É mais uma açãopioneira na história daADVOCEF, para dar a maior trans-parência possível às atividades da Dire-toria Executiva", declarou o presidente.

Carlos Castro diz que ele e o vice-pre-sidente, Álvaro Weiler, continuarão reali-zando visitas institucionais aos JurídicosRegionais, às Seccionais da OAB, ao Con-gresso Nacional e à Justiça em todas asesferas. "Também procuraremos, sempreque preciso, o Poder Executivo, na defe-sa de matérias do interesse dos advoga-dos da nossa empresa." Outro item a re-ceber atenção dos dirigentes são as reu-niões de ponto de controle com a equipeda DIJUR.

Está também entre os objetivos daDiretoria consolidar a instalação da sededa ADVOCEF na capital federal,estruturando a Associação para me-lhor atender os pleitos dos associa-dos.

A intenção, em suma, é continuaro trabalho de reconhecimento daADVOCEF como legítima representan-te do corpo jurídico da CAIXA, manter odiálogo permanente com a empresa efortalecer a gestão centralizada e pro-fissional dos recursos da entidade,com transparência.

"Até o final da gestão recebere-mos de bom grado as sugestões dosassociados", afirma Carlos Castro.

Opinião dos conselheirosO presidente do Conselho

Deliberativo, Davi Duarte, parabenizouo presidente Carlos Castro pelo Plano,salientando que o documento será umguia, a ser aperfeiçoado a cada gestão."Tem a finalidade precípua de traçar onorte a ser observado na administraçãoda ADVOCEF, conferindo maior transpa-rência à gestão e permitindo que os as-sociados possam acompanhar ao me-nos parte do imenso trabalho que é de-senvolvido."

|||||Carlos Castro: em busca datransparência

Aos colegas do Conselho, Davi res-saltou o fato de ser o primeiro Plano de

Trabalho elaborado por uma Di-retoria Executiva desde

que a Associação exis-te. "Dele serão extra-

ídos os aperfeiçoa-mentos necessá-rios. E todos sa-bemos o preçodo pioneirismo.Por isso, acredi-to, foi bom ter-mos tido paci-

ência e tolerân-cia."

Outro integrantedo Conselho Delibe-

rativo, Renato Hino, lem-bra que a apresentação do

Plano se tornou obrigatória após aalteração feita no Estatuto da ADVOCEF,no Congresso de Poconé. Desde então,o advogado vinha insistindo pelo cum-primento da norma estatutária.

"Por essa razão, recebi com entusi-asmo esse primeiro Plano de Trabalho,pois sei que ele corresponde a um novomarco em nossa Associação, pois tor-nará mais transparente e participativasua administração."

Segundo Renato, é preciso ser com-placente quanto ao conteúdo do traba-lho, por ser o primeiro, embora espe-rasse "algo mais prático, com planosefetivos de ação e menos progra-mático". Explica que, sem a

especificação das ações, fica pre-judicado o acompanhamento deseu cumprimento.

"Mas, isso não retira o méritodesse primeiro Plano de Trabalhoapresentado pela Diretoria Execu-tiva que, finalmente, deu cumpri-mento a essa obrigaçãoestatutária."

O Plano será avaliado oficial-mente pelo Conselho Deliberativoem reunião ordinária que ocorreráno XIX Congresso da ADVOCEF, emFlorianópolis, programado para osdias 16 a 19 de maio de 2013.

|||||Álvaro Weiler: visitas àsunidades jurídicas

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Os planos de cada DiretoriaVeja os principais pontos de cada Diretoria incluídos no Plano de Trabalho

para o Biênio 2012/2014

Açã

o

Diretoria de Comunicação,Relacionamento Interno e Eventos

Além da visibi l idadeinstitucional já conferida aosadvogados da CAIXA, pretendeimpulsionar a comunicação daAssociação com o público exter-no. Vai ampliar a tiragem e cir-culação das publ icaçõesADVOCEF em Revista e Revistade Direito junto às associaçõesde classe.

Permanecerá atuando naorganização do congresso anu-al e no encontro técnico do se-gundo semestre, para que se solidifiquem como refe-rências para os debates da categoria.

Continuará o processo de migração da ADVOCEF emRevista do meio físico para o virtual, reduzindo as des-pesas de produção gráfica e garantindo o permanente eágil acesso aos associados e à comunidade jurídica eassociativa.

Serão buscados mais convênios para a formação eaprimoramento dos associados, principalmente em te-mas como recuperação de créditos.

Executará o Acordo de Cooperação Técnica firmadoem dezembro de 2012 com a Escola de Advocacia daCAIXA, visando especialmente divulgar nos veículos daADVOCEF trabalhos técnicos produzidos pelos integran-tes da área jurídica em todo o país.

Através de campanhas, buscará aumentar o núme-ro de associados, que abrange hoje 94,5% dos advoga-dos, para 100% da categoria.

Diretoria de Negociação ColetivaEmpreenderá esforços para a real unificação da cate-

goria e o fim do achatamento das últimas referências, alémde eliminar as distorções salari-ais.

Será mantida a busca de plei-tos constantes da pauta de rei-vindicações, como a redução dacarga horária do advogado, semredução salarial; a proibição daatuação de advogado da CAIXAem ações postuladas por colegasda área jurídica; melhores condi-ções de trabalho e distribuição doserviço; adequação do nível dosJurídicos e das representações.

Diretoria SocialApoiará a Associação na

organização do Congressoanual e demais encontrosdos associados. Com a Dire-toria de Comunicação, traba-lhará para viabilizar eventos,estimulando atividades aca-dêmicas e técnicas de inte-resses dos associados. Isabella Gomes Machado

Diretoria JurídicaContinuará acompanhando

os processos relevantes em que aADVOCEF ou seus associados sãopartes, intercedendo perante osmagistrados e demais autoridadesenvolvidas. Atuará na elaboraçãoe supervisão das peças produzi-das pelos advogados contratados,assessorando os profissionaisquando forem necessárias susten-tações orais nos tribunais.

Atuará nas execuções de honorários relevantes eimplementará estratégias para o recebimento dos crédi-tos correspondentes.

Dará assessoria à Presidência e demais Diretorias naelaboração de documentos, realização de reuniões, escla-recimento de dúvidas dos associados. Auxiliará tambémna realização de estratégias com repercussões jurídicas ede interesse da categoria.

Estimulará os debates sobre as questões jurídicas dacategoria, utilizando o site da ADVOCEF ou os fóruns dediscussão, realizando também encontros de debates.

Dará o tratamento adequado às 73 ações em que sãopartes a ADVOCEF ou os associados, contatando as partesenvolvidas, informando à Presidência, Diretoria, ConselhosDeliberativo e Fiscal e associados.

Também auxiliará os associados nas suas demandasindividuais, fornecendo subsídios e indicando advogados.

Magdiel J. Gomes Araújo

Roberto Maia

Marcelo Dutra Victor

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Diretoria de PrerrogativasPretende aprimorar a comu-

nicação, o acompanhamento decasos e a atuação da Associaçãona questão das prerrogativas in-ternas e externas dos advogados,propondo uma padronização deprocedimento na ADVOCEF paraapoio irrestrito do associado.

Planeja abrir um canal espe-cifico no site para denúncias,debates e acompanhamento decasos sob responsabilidade daDiretoria, com a possibilidade de restrição de acesso, casoo envolvido prefira. No mínimo, um "Fale com a Diretoriade Prerrogativas".

Vai também manter um canal aberto com a DiretoriaJurídica da CAIXA, em forma de parceria para tratar even-tualmente de questões ligadas às prerrogativas dos advo-gados.

Estreitar a parceria e atuar com a OAB e demais asso-ciações de advogados de empresas públicas federais e aFENADV.

Secretaria e FinanceiroAperfeiçoarão o desempenho

de suas atividades, buscando sem-pre a diminuição das despesas. Aideia é facilitar a gestão, viabilizar oscontroles de forma constante e per-mitir a imediata correção de rumos,quando necessário.

Será dada também maior rapi-dez à disponibilização das demons-trações financeiras relativas à arre-cadação e rateio de honorários e àsdespesas e receitas da entidade.

Daniele Cristina A. MacedoSegunda Tesoureira

Diretoria de HonoráriosDará especial atenção às co-

missões de honorários, com umdiagnóstico permanente da arre-cadação e diálogo aberto com osgestores da CAIXA e associados.Estimulará o debate e a troca deexperiências entre os advogados,a fim de que haja um nivelamentonacional do conhecimento sobrea matéria. Serão traçadas metas,visando especialmente o incre-mento da arrecadação dos Esta-dos que apresentam os resulta-dos mais fracos na arrecadação.

Serão promovidas ações com os gestores das áreasde crédito, para acelerar a recuperação de valores para aCAIXA e aumentar a arrecadação de honorários.

Ampliará o debate sobre a terceirização na recupera-ção judicial do crédito da CAIXA e seus efeitos nefastospara a categoria. A meta é a valorização do advogado,demonstrando a importância da área jurídica para os re-sultados da empresa.

Responsável pelo relacionamento com aPresidência e Diretorias da CAIXA, tribunais su-periores, Conselho Federal da OAB, CongressoNacional e outros órgãos e instituições externos.

O objetivo principal, nessa gestão, é estrei-tar ainda mais o relacionamento com a DiretoriaJurídica da CAIXA, mantendo a boa parceria paramelhorar as condições de trabalho da categoria.

Constituem planos para a gestão:Incentivar a participação de advogados da

CAIXA em cargos de órgãos sindicais.

Diretoria de Articulação e Relacionamento InstitucionalApoiar a participação dos advogados em enti-

dades como as Seccionais da OAB e da ANPEPF(Associação Nacional dos Procuradores de Em-presas Públicas Federais).

Acompanhar, com a ANPEPF, em todas as ins-tâncias, o anteprojeto para regulamentação daatividade de procurador em empresas públicasfederais.

Manter contato com senadores e deputadosfederais, encaminhando e acompanhando proje-tos de interesse da categoria.Júlio Vitor Greve

Dione Lima da Silva

Maria Rosa de C. Leite Neta

Estanislau L. de OliveiraPrimeiro Tesoureiro

Lenymara CarvalhoPrimeira Secretária

Lya Rachel B. VieiraSegunda Secretária

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Fortaleza "for all"André Justi (*)Palco do XVIII Congresso da ADVOCEF

no ano de 2012, Fortaleza, capital do Es-tado do Ceará, é uma cidade que convi-da o visitante para uma intensa celebra-ção à vida.

Ao desembarcar no Aeroporto PintoMartins, o turista já percebe que o calornão é apenas a condição climática fre-quente nesta cidade, cujas temperaturasmédias oscilam entre os 25 e 31 grauscentígrados, mas também o modo de opovo acolher o seu visitante com a corte-sia e simplicidade típicas do cearense,fazendo-o se sentir em casa.

O modo coloquial e a rápida "intimi-dade" que se forma com o visitante sãono mínimo curiosos. Sem cerimônia, o ha-bitante local sempre está disposto a aju-dar, prestar informações e até convidarpara a festa.

Festa! Fortaleza é uma cidadefesteira mesmo! Dizem por aí que é aúnica cidade no mundo que tem uma pro-gramação certa para ir na segunda-feira,O Pirata, casa de show situadana Praia de Iracema, onde osdançarinos da casa se mistu-ram com os visitantes locais eturistas e tornam o ambienteum palco internacional de diver-são. De lá já saíram alguns ca-samentos sérios!

A Praia de Iracema aindatem o Estoril, restaurante his-tórico que reúne a boemiafortalezense; a Ponte dos Ingle-ses e a bela vista panorâmicaque se aprecia do seu píer; aCaixa Cultural, recentementeinaugurada e que já demons-tra o potencial de propagar acultura na região; o Centro Dra-gão do Mar, que é o principal espaço cul-tural de Fortaleza, com museus, teatros,cinemas, bibliotecas e planetário.

Outro referencial é o Teatro José deAlencar. Inaugurado em 1910, apresentaarquitetura eclética, sala de espetáculoem estilo art nouveau, auditório de 120lugares, foyer, espaço cênico a céu abertoe um prédio anexo, com dois mil metrosquadrados. A visita ao prédio, por si só, éinteressante, pois remete o visitante aoinício do século passado.

O recém inaugurado Centro de Even-tos do Estado do Ceará é reconhecidocomo o mais moderno da América Latina.

Abriga feiras, shows, congressos,workshops, exposições, eventos esportivos.Com capacidade para 30 mil pessoas, é osegundo maior do continente.

Mas não para por aí! O próximo grandeícone do turismo será o Acquario do Ceará,considerado como o maior e mais moder-no do hemisfério sul.

Mas, voltando às origens, porque onome Fortaleza? Batizada pelo poeta PaulaNey como a "loira desposada do Sol", Forta-leza é uma alusão ao Forte Schoonenborch,construído pelos holandeses em 1649, àsmargens do Riacho Pajeú. Em 1654, com aretirada dos holandeses, a construção foirebatizada como Forte de Nossa Senhorade Assunção. Por essa razão, a santa é con-siderada a padroeira de Fortaleza, e em seudia, 15 de agosto, é feriado municipal.

Dessa curta colonização holandesa,ainda se encontra um "galeguinho" (termousado para caracterizar o indivíduo dema-siado branco e louro) por aqui e ali, às vezesoriundo do interior do Estado.

Mas a herança mais expressiva pre-sente na região é mesmo a indígena. Naculinária, com a tapioca, originária damacaxeira, ou aipim para os sulistas (oShopping das Tapioqueiras e o CocoBambu são referências nesse quesito),o cuscuz, a pamonha, originários do mi-lho verde. Na cultura do artesanato, quecriou a rede de dormir. Até hoje tem gen-te que prefere dormir na redinha do quena cama. O artefato já foi homenageadoaté em letra de música. Recordo-me dacantora Eliane: "Arme a rede na varan-da/ que eu quero me deitar/ no balançodessa rede/ teu beijo me mata a sede

até o dia clarear...", nos idos da décadade 80. É o novo!

Aliás, essa e outras expressões colo-quiais têm a ver com o jeito meio "mole-que" do cearense, povo que, pela históriasofrida da seca e de escassez do sertanejo,aprendeu a brincar com a sua própria sorte,fazendo piadas do cotidiano.

De Fortaleza e de outras cidadescearenses foi formado um verdadeiro ce-

leiro de humoristas, desde osmais consagrados como RenatoAragão, Chico Anysio, Tom Caval-cante, Falcão e Tiririca, atualmen-te deputado federal, até os novos(alguns nem tanto) AdamastorPitaco, Hiran Delmar, Rossicléia eRaimundinha.

E como curtir um show desseshumoris-tas? Eles estão presentesem vários restaurantes da cidade,contando as suas estórias e tiran-do os turistas para brincar.

Outro aspecto da cultura po-pular são os livros de cordel, queexprimem uma poesia regional,fruto de muita criatividade eirreverência.

A rua Beira Mar, que margeia a orla dacapital, nos trechos do Meireles aoMucuripe, é uma das mais democráticasda cidade. É onde estão os prédios de luxo,alguns dos melhores restaurantes e bares,mas também é onde o calçadão abriga tu-ristas, vendedores ambulantes e atletas deocasião. Também acontece a famosa feirade artesanatos, conhecida como a "feirinhada beira mar".

No final da Beira Mar, chegamos aoMucuripe, famoso por sua comunidade depescadores e pela composição deRaimundo Fagner que retrata a jangada e ojangadeiro:

|||||André Justi,no Ceará:

celebração àvida

|||||Iracema Guardiã, na Praia de Iracema

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Abril | 2013

| Minha terra

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As velas do MucuripeVão sair para pescarVão levar as minhas mágoasPras águas fundas do marHoje à noite namorarSem ter medo da saudadeSem vontade de casar (...)Lá tem um movimentado mercado de

peixes e mariscos e a mais antiga estátuade Iracema e de Martim da cidade.

Logo depois do Mucuripe fica a Praiado Titãzinho, famosa pela prática do surf,que revelou talentos como Tita Tavares eFabinho. Até se comenta sobre treinamen-to de um aventureiro advogado da CAIXApor lá.

Seguindo viagem, temos o Porto doMucuripe, já no encontro com o bairroVincente Pinzón, nome do explorador espa-nhol que, segundo os historiadores, teriaaportado em um cabo que se acredita ser oMucuripe, antes mesmo da expedição deCabral. O Porto passa por reformas paraabrigar um moderno terminal de passagei-ros, a fim de explorar as grandes excursõesde navios.

Mais adiante, começa a Praia do Futu-ro, um verdadeiro oásis para o turista, poisas barracas conferem um espaço cada vezmais requintado, cercando o seu visitantecom mimos como piscinas, massagens eum verdadeiro banquete gastronômico, nãodeixando de se hidratar com a aguinha decoco geladinha que os "coqueiros" lhe ofe-recem a todo tempo. Às noites de quinta-feira o movimento é certo nas barracas daPraia do Futuro, pois é o dia dacaranguejada, ocasião em que os amigosse juntam para celebrar e saborear essaiguaria. Em noite de lua cheia o clima ro-mântico toma conta do local e de lá saembons namoros.

Para quem procura uma opção maisseletiva, pode seguir para o bairro da Varjota,reconhecidamente o polo gastronômico de

maior peso da cidade,com o perdão do tro-cadilho. Nesse bairrovai ser muito difícilnão encontrar umprato que combinecom o gosto do fre-guês: o camarão emtodas as formas eacompanhamentos,o churrasco (não es-queça da carne de solcom macaxeira, típi-ca comida local), apeixada cearense, obom bacalhau, além do feijão verde comqueijo coalho e do baião de dois. Huuum!É melhor parar, pois a fome está apertan-do!

Mas se você está mesmo a fim deesbanjar, é interessante seguir até o Por-to das Dunas - Aquiraz, por cerca de 20Km. A principal atração fica por conta doBeach Park. Um trecho da praia faz partedo complexo e o cenário é bastanteaprazível, digno de férias caribenhas.

Quem procura por esportes radicaisvai encontrar na cidade Caucaia, a cercade 20 minutos de carro, na praia doCumbuco, que é mundialmente reconhe-cida pela perfeita combinação de ventoscom as águas "cálidas" donordeste, gerando um cená-rio perfeito para a prática do"kitesurf". Nos finais de sema-na, o encontro dos desportistase aventureiros torna o céu develas coloridas um cartão pos-tal deslumbrante.

Como o forte por aqui épraia mesmo, vale lembraroutros cartões postais forada cidade, tais como CanoaQuebrada, Morro Branco eJericoacoara.

|||||Beira-Mar, Praia do Mucuripe

Pretexto não faltará para aportar poraqui, pois Fortaleza abrigará importantesjogos da Copa do Mundo, além de ter aCopa das Confederações como aperitivo.Por aqui passarão grandes seleções mun-diais, com destaque para a seleção cana-rinho, com garantia de casa cheia e muitavibração. Dentre outros eventos, os maisexpressivos no ano são as Festas Juninas,a Micareta Fortal, no final de julho, e asfestas de final de ano, com os showspirotécnicos no Aterro da Praia de Iracemae os grandes espetáculos musicais.

Falando em música, o forró é o gêneromusical mais popular, com várias casas deshow pela cidade. A banda Mastruz comLeite e as cantoras Kátia Cilene e Eliane,que surgiram em Fortaleza, são responsá-veis pelo fenômeno do forró eletrônico, quepopularizou um novo tipo de arranjo dasbandas com guitarra, contrabaixo e instru-mentos de sopro e teclado eletrônico, alémda sanfona que faz o som característico.

Fala a verdade, você não pode conhe-cer Fortaleza e não dançar o forró! Afinal,segundo a etimologia popular, a palavra forróteria origem na expressão inglesa "for all",cuja tradução livre significa "para todos". En-tão, se é para todos, fica o convite para expe-rimentar estas e outras atrações da terrinha.

(*) Advogado da CAIXA em Fortale(*) Advogado da CAIXA em Fortale(*) Advogado da CAIXA em Fortale(*) Advogado da CAIXA em Fortale(*) Advogado da CAIXA em Fortaleza.za.za.za.za.

|||||Entrada do centro cultural Dragão do Mar, com o Planetário Rubens de Azevedo

|||||Caixa Cultural, inaugurada recentemente

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Abril | 201314

Vale

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Rápidas

Reintegração de Posse. Valor da causa. Benefícioeconômico. STJ

"1. Por ausência de expressa disposição do CPC acerca dafixação do valor da causa nas ações possessórias, a jurispru-dência desta Corte tem entendido que ele deve corresponderao benefício patrimonial pretendido pelo autor. 2. Embora ocontrato de comodato não tenha conteúdo econômico ime-diato, o benefício patrimonial pretendido na ação de reinte-gração consubstancia-se no valor do aluguel que a autoraestaria deixando de receber enquanto o réu permanece naposse do bem. 3. É razoável a aplicação analógica do dispos-to no art. 58, III, da Lei de Locações, para estabelecer o valorda causa na possessória que busca a posse pelo rompimen-to do contrato de comodato." (STJ, REsp 1.230.839 MG, Ter-ceira Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJe 26/mar/2013.)

CPC. Apelação. Impossibilidade. Decisão queexclui litisconsorte. STJ

"2. A decisão que exclui um dos litisconsortes da relaçãoprocessual não extingue o processo e, portanto, é impugnávelmediante agravo. Inaplicabilidade do princípio dafungibilidade." (STJ, AgRg em REsp 1.184.036 DF, Quarta Tur-ma, Rel. Antonio Carlos Ferreira, DJe 21/fev/2013.)

Penal. Estelionato. Declaração falsa de pobreza.Atipicidade. Princípio da insignificância. TRF 1

"1. É atípica a conduta de firmar ou usar declaração de po-breza falsa em juízo, com a finalidade de obter os benefíciosda gratuidade de justiça. Precedentes do STJ e do STF. Assimnão fora, aplicar-se-ia à hipótese o princípio da insignificân-cia, posto tratar-se de suposto prejuízo de apenas R$ 12,00.2. Provimento da apelação. Absolvição da acusada." (TRF 1,AP 0022646-77.2007.4.01.3400, Quarta Turma, Rel. Des.Olindo Menezes, DJe 21/mar/2013.)

Danos morais. Bloqueio de cartão. Inexistência. TRF 1"1. Para que haja responsabilidade civil, é indispensável ademonstração dos seus elementos essenciais: o ato ilícito,doloso ou culposo; o dano experimentado e, finalmente, onexo de causalidade entre este e aquele; caso contrário, aimprocedência do pleito indenizatório constitui medida im-perativa. 2. A conduta da ré não causou abalo na honra daapelante, sendo certo que, não obstante a existência de even-tuais transtornos e aborrecimentos decorrentes do bloqueiode seu cartão de débito, não restou devidamente configura-da a violação à sua dignidade capaz de ensejar a compensa-ção por danos morais. 3. Não havendo nos autos nenhumademonstração de que o nome da autora tenha sido inscritoem órgãos de proteção ao crédito ou que tenha sido impedi-da de efetuar operações comerciais por força do bloqueiomomentâneo do cartão de débito da apelante, é improce-dente o pedido de indenização por dano moral. 4. Recursode Apelação a que se nega provimento." (TRF 1, AC 0021879-03.2007.4.01.3800, Sexta Turma, Rel. Juíza Conv. HindGhassan Kayath, DJe 25/mar/2013.)

Penhora on line. Requisitos. STJ"1. O entendimento desta Corte Superior orienta-se no senti-do de que apenas o executado validamente citado que nãopagar nem nomear bens à penhora é que poderá ter seusativos financeiros bloqueados por meio do sistema conheci-do como Bacen-Jud, sob pena de violação ao princípio dodevido processo legal. 2. A constrição de ativos financeirosda executada por meio do Sistema BACEN-Jud depende derequerimento expresso da exequente, não podendo ser de-terminada ex officio pelo magistrado. Inteligência do artigo655-A do Código de Processo Civil." (STJ, AgRg no REsp1.296.737 BA, Primeira Turma, Rel. Min. Napoleão NunesMaia Filho, DJe 21/fev/2013.)

PAR. Teoria da imprevisão. Inaplicabilidade.Valores devidos até a reintegração. TRF 2

"1 - A sentença recorrida determinou seja a CAIXA reintegradana posse do imóvel objeto do contrato de arrendamentoresidencial, fundada no seu inadimplemento e consequentedescumprimento de cláusulas contratuais ensejadoras de suarescisão, afastando a aplicação do Código de Defesa do Con-sumidor. 2 - O contrato de arrendamento, no âmbito do Progra-ma de Arrendamento Residencial, estabelece as condiçõespara a reintegração de posse, modalidade de ação compatívelcom a Constituição da República, eis que não conflita com odireito à moradia nem com a ampla defesa, o contraditório e odevido processo legal. Constatada a inadimplência e notifica-do o arrendatário, caracteriza-se o esbulho possessório, de-vendo ser conferida à CAIXA a medida reintegratória. Aplica-ção da Lei nº 10.188/2011, art. 9º. Precedente. 3 - O desem-prego involuntário, motivo alegado pela apelante para nãoadimplir as obrigações contratuais, não é fator capaz de possi-bilitar a aplicação da teoria da imprevisão, porque não se apre-senta como um fato superveniente imprevisível quando darealização do contrato. 4 - É devido o pagamento das parcelasdo arrendamento e das taxas condominiais em atraso, desdea data do início da inadimplência até a data da efetiva reinte-gração." (TRF 2, AC 2011.51.01.013459-8 RJ, Sexta Turma,Rel. Des. Nizete Lobato Carmo, DJe 25/jan/2013.)

Horas extras. Controle de ponto com horáriosvariáveis. Ônus da prova. TRT 15

"Instruídos os autos com os controles de ponto e neles cons-tando horários variáveis, é do reclamante o ônus de provar aincorreção dos horários assinalados, nos termos dos artigos818 da CLT e 333, inciso I, do CPC. Diante da ausência deprova hábil para desconstituir a documental, forçoso concluirque aquele a quem cabia o ônus processual dele não sedesvencilhou." (TRT 15, RO 0000704-53.2011.5.15.0044,Quinta Turma, Rel. Des. Fabio Grasselli, pub. 15/mar/2013.)

FGTS. Execução. Redirecionamento do art. 135 doCTN. Impossibilidade. STJ

"2. O redirecionamento previsto no art. 135 do CTN não écabível na hipótese de execução de dívida não tributária, comoocorre no caso vertente." (STJ, AgRg no Ag em REsp 242.114PB, Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe 02/fev/2013.)

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Abril | 2013

| Vale a pena saber

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Decisão contrária"ADMINISTRATIVO. CIVIL. CEF. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. AÇÃO DEINDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS. CONTRATO BANCÁRIO. FRAUDENA ASSINATURA. VALOR INDENIZATÓRIO. 1. A prova pericialcomprovou não ser da autora as assinaturas constantes nocontrato de mútuo; ademais, a CEF não tomou as cautelasque lhe competiam quando da celebração do pacto, aceitandogarantia prestada por pessoa que, de modo fraudulento,assinou como sendo a autora. 2. A responsabilidade civil daCaixa Econômica Federal é objetiva em razão do risco inerenteà atividade bancária que exerce (art. 927, parágrafo único, doCódigo Civil), quando caracterizado fortuito interno. 3. Nessesentido, a inscrição indevida em cadastros de devedores geradano moral in re ipsa, ou seja, independentemente decomprovação dos danos ocorridos, os quais são presumidos.

Elaboração

Jefferson Douglas Soares e Giuliano D'Andrea.

Sugestões e comentários dos colegas podem ser encaminhadospara os endereços:

[email protected] e [email protected].

Tratado de Responsabilidade Civil.Autor: Rui Stoco. Editora: RT. 9ª edição. Páginas: 2.280 (doisvolumes).A obra, já considerada um clássico, aborda com minúcia todos ostemas afetos à responsabilidade civil, sob os mais diversosaspectos (público e privado). A nova edição foi desmembradaem dois tomos, um dedicado à doutrina e outro reunindojurisprudência temática.

Leitura

"RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. CHEQUE.SUSTAÇÃO DE PROTESTO. AÇÃO DECLARATÓRIA. PRESCRIÇÃO.INTERRUPÇÃO DO PRAZO. ADMISSSIBILIDADE. 1. Inviável oreconhecimento de violação ao art. 535 do CPC quando nãoverificada no acórdão recorrido omissão, contradição ouobscuridade apontadas pela recorrente. 2. A ausência dedecisão sobre os dispositivos legais supostamente violados,não obstante a interposição de embargos de declaração,impede o conhecimento do recurso especial. Incidência daSúmula 211/STJ. 3. A propositura de demanda judicial pelodevedor, seja anulatória, seja de sustação de protesto, queimporte em impugnação do débito contratual ou de cártularepresentativa do direito do credor, é causa interruptiva daprescrição. 4. A manifestação do credor, de forma defensiva,nas ações impugnativas promovidas pelo devedor, afasta asua inércia no recebimento do crédito, a qual implicaria aprescrição da pretensão executiva; além de evidenciar que odevedor tinha inequívoca ciência do interesse do credor emreceber aquilo que lhe é devido. 5. O art. 585, §1º, do CPCdeve ser interpretado em consonância com o art. 202, VI, doCódigo Civil. Logo, se admitida a interrupção da prescrição,em razão das ações promovidas pelo devedor, mesmo quese entenda que o credor não estava impedido de ajuizar aexecução do título, ele não precisava fazê-lo antes do trânsitoem julgado dessas ações, quando voltaria a correr o prazoprescricional. 6. Negado provimento ao recurso especial." (STJ,REsp 1.321.610 SP, Terceira Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi,DJe 27/fev/2013.)

Jurisprudência

4. Levando em conta as circunstâncias dos autos, em que aautora teve o seu nome levianamente envolvido em contratode mútuo mediante admissão de assinatura falsa, entendorazoável a quantia de R$ 7.000 (sete mil reais), emconsonância com os parâmetros jurisprudenciais para casossimilares. 5. O valor da indenização (R$ 7.000,00) deve sercorrigido monetariamente desde a data do arbitramento, nostermos da Súmula 362 do STJ, acrescido de juros de mora de1% ao mês, a contar do evento danoso (20-01-2011), nostermos da Súmula 54 do STJ. 6. Arbitrados honoráriosadvocatícios fixados em 10% sobre o valor da condenação,nos termos do art. 20, §3º do CPC." (TRF 4, AC 5001047-05.2011.404.7108, Terceira Turma, Rel. Des. FernandoQuadros da Silva, DJe 20/fev/2013.)

"APELAÇÃO - EXTINÇÃO DE EXECUÇÃO - HONORÁRIOS -AUSÊNCIA DE INTERESSE RECONHECIDO DE OFÍCIO PELOJUÍZO - IMPOSSIBILIDADE - PROVIMENTO. 1. Cuida-se deapelação interposta contra a sentença que reconheceu aausência de interesse de agir da CEF e extinguiu a execuçãorelativa a honorários, sob o fundamento de que a quantiaexecutada não justif ica a movimentação da máquinajudiciária. 2. Considerando tratar-se de uma empresa pública,com personalidade jurídica própria, de direito privado, queatua no processo como par ticular, resta evidente anecessidade da Caixa Econômica Federal de postular seucrédito junto ao Judiciário, bem como constituir o processode execução o meio adequado para postular o crédito oriundode sentença judicial. Verifica-se, assim, a existência dobinômio necessidade da tutela jurisdicional e utilidade doprovimento pleiteado. 3. In casu, a parte autora foi condenadaao pagamento de honorários de sucumbência fixados em10% sobre o valor da causa. Inegável, assim, o direito daparte ré, de promover a execução no valor pretendido,devendo comprovar que a parte autora perdeu sua condiçãode necessitado. Não pode o Magistrado decidir se é ou nãode interesse do exequente a verba honorária, mesmo quesendo pequena a quantia executada, cabendo, apenas aoexequente tal prerrogativa. 4. Apelação conhecida e provida.Sentença anulada." (TRF 2, AC 2009.51.01.013440-3 RJ,Sexta Turma, Rel. Des. Guilherme Calmon Nogueira da Gama,DJe 06/mar/2013.)

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Cen

a ju

rídi

ca

Honorários trabalhistas11111..... Foi aprovada em caráter terminativo, na

Câmara Federal, em 12 de abril, o Projeto deLei 3392/2004, que estende os honorários

de sucumbência aos advogados que militamna Justiça do Trabalho. A OAB comemorou,

com a Abrat (Associação Brasileira dosAdvogados Trabalhistas), a obtenção do

número de assinaturas suficiente dedeputados para derrubar o recurso que

tramitava contra o projeto. Agora, a matériaserá encaminhada diretamente ao Senado.

2.2.2.2.2. O trabalhador deve ser tratado comocidadão de primeira categoria, não podendoo seu advogado receber tratamento diversoem relação aos colegas dos demais ramosda Justiça, afirmou o presidente da OAB,Marcus Vinicius Furtado. Os advogadostrabalhistas, hoje, não recebem oshonorários de sucumbência, sendo otrabalhador obrigado a custear, sozinho, averba do profissional contratado. (Fonte:OAB.)|||||Marcus Vinicius Furtado

Defesa dos honoráriosA OAB decidiu instituir a Campanha Nacional pela Dignidade dos

Honorários, que vai mobilizar as Seccionais para combater oaviltamento das verbas devidas aos advogados. O desrespeito na

fixação dos valores constitui ultraje ao direito de defesa,sustentará a campanha. Em março foi criada a Ouvidoria dos

Honorários, para recolher reclamações da categoria.

Estatuto da CAIXAFoi editado o Decreto 7.973, de 28/03/2013, que aprova o Estatuto daCaixa Econômica Federal. "Umimportantíssimo documento deDireito Administrativo Empresarial",comentou o advogado GladstonMamede, editor do informativoPandectas. Confira neste endereço:http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2011-2014/2013/Decreto/D7973.htm.

|||||Rosiska Darcy de Oliveira

Bacharel na AcademiaA escritora, jornalista, professora e bacharel em

Direito Rosiska Darcy de Oliveira foi eleita em 11 deabril para a Academia Brasileira de Letras.

Presidente do Centro de Liderança da Mulher,Rosiska vai ocupar a cadeira número 10, do poeta

Lêdo Ivo, falecido em dezembro do ano passado.Exilada durantea ditadura, seusprimeiros livros

forampublicados em

francês: "LeFéminan

Ambigu" e "LaCulture des

Femmes".

Engenharia X DireitoO número de calouros em Engenharia superou o de Direito pelaprimeira vez na história, segundo o Ministério da Educação.Informa a Folha de S. Paulo em 14/04 que o aumento dointeresse pela Engenharia acontece num momento de deficit deprofissionais. Em 2006, foram 95 mil ingressantes na área (5%do total). Cinco anos depois, eram 227 mil (10%). Cresceram onúmero de vagas e o de candidatos em Engenharia. Já aquantidade de calouros em Direito recuou 4%.

Pecado da línguaLeia uma amostra de "Os Pecados da Língua", sériede sucesso do professor Paulo Flávio Ledur (queassina coluna nesta Revista na pág. 18) e o humoristaSampaulo. O projeto, anual, foi encerrado em 1997,com a morte do humorista. Mas as reediçõescontinuam. O exemplo está no volume 3, lançadopela Editora Age em 2000, atualmente em 5ª edição.

Engenharia X Direito 2De acordo com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, há

uma mudança importante no sistema. "Nas décadas comhiperinflação e baixo crescimento havia muitos conflitos. A áreade interesse era o Direito. Agora, há crescimento da construção

civil, de obras de infraestrutura, de desenvolvimento tecnológico."

O juiz não atendeu aoapelo do réu. É precisoestar atento. Com ossentidos de deferir eauxiliar, o verbo atendernão rege preposição.Corrigida, a frase ficaassim: O juiz nãoatendeu o apelo do réu.

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Abril | 2013

| Cena jurídica

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Demissão nas estatais11111..... Empresas públicas e de economia

mista da União, dos Estados, do DistritoFederal e dos municípios precisam

justificar a dispensa de seusempregados. É o que garante decisão do

Supremo Tribunal Federal, em 20 demarço, dando provimento parcial ao RE

589998. O plenário reconheceu, noentanto, que a estabilidade no emprego é

assegurada somente aos servidores públicosestatutários, conforme o artigo 41 da Constituição

Federal.

2.2.2.2.2. O recurso foi interposto pela EmpresaBrasileira de Correios e Telégrafos (ECT)contra acórdão do Tribunal Superior doTrabalho, que entendeu inválida adespedida de um empregado, em 2001,por ausência de motivação. Para o TST, aECT gozaria de garantias equivalentes àsda Fazenda Pública. Dentre outros

fundamentos do acórdão, o STF rejeitou a necessidade deinstauração, pelas empresas públicas e sociedades de economiamista, de processo administrativo disciplinar, que deve preceder adispensa de servidor público estatutário. (Fonte: STF.)

Língua portuguesa

|||||Fernando Pessoa

Avisos paroquiais fixadosem portas de igrejas,

"escritos com boa vontadee má redação", foram

descobertos pela astrólogaAmanda Costa. Exemplo 1:

"Prezadas senhoras, nãoesqueçam da próxima

venda para beneficiência. Éuma boa ocasião para se

livrar das coisas inúteis quehá nas suas casas. Tragam

seus maridos!".

Língua portuguesa 2"O mês de novembro finalizará com uma missa cantadapor todos os defuntos da paróquia."

Língua portuguesa 3"Na sexta-feira, às sete, os meninos do Oratório farãouma representação da obra Hamlet, de Shakespeare,no Salão da Igreja. Toda a comunidade está convidada

para tomar parte nesta tragédia." (Fonte: Claudia Tajes,no caderno Donna, de Zero Hora.)

Revista 16Seis autores escreveram

artigos para o 16º volume daRevista de Direito da ADVOCEF.O lançamento acontecerá noCongresso de Florianópolis.

Congresso de Florianópolis11111..... Seguem intensos os trabalhos dos

advogados do Jurir Florianópolis e opessoal da Secretaria e das Diretorias

Social e de Comunicação da ADVOCEF,que organizam o XIX Congresso. O

evento será realizado na capitalcatarinense, nos dias 16 a 19

de maio de 2013.

2.2.2.2.2. Enquanto isso, já há advogadosdiscutindo propostas que serão,eventualmente, apresentadas noCongresso. O espaço para isso está nosite da ADVOCEF, acessível através dolink "Clique Aqui Participe do Debate dasPropostas", no canto esquerdo dapágina, abaixo da logomarca do evento.

Troca na Comissão do RSO advogado Wilson de Souza Malcher, do Jurídico Porto Alegre,foi nomeado para presidir a Comissão Especial do AdvogadoEmpregado da OAB/RS. Ele substitui o colega Davi Duarte, quepediu desligamento para atender compromissos particulares. Afunção principal da Comissão é trabalhar na defesa e naprestação de assistência ao advogado empregado inscrito naOAB do Rio Grande do Sul.

Mudanças no STFO número de ministros

que compõem o SupremoTribunal Federal poderá

passar de 11 para 15, seaprovada a PEC 3/2013,

apresentada pelo senadorFernando Collor (PTB/AL).A ideia, segundo o autor, é

dar conta da crescentedemanda no tribunal.Outras mudanças do

projeto mexem na idademínima para ser ministro,de 35 para 45 anos, e no

mandato, que seria de 15 anos.

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rte

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scre

ver

(*) Professor de Língua Portuguesa e Redação Oficial em diversas instituições, destacando-se: Fundação Escola doMinistério Público do Rio Grande do Sul, Justiça Federal no Rio Grande do Sul, Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, OAB-RS,

FAMURS – Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul, IEM – Instituto de Estudos Municipais, SENAC-RS,RBS – Rede Brasil Sul de Comunicações, entre outras. Autor de diversos livros em sua especialidade, como: “Português Prático”(AGE, 13.ª ed.), “Análise Sintática Aplicada” (em coautoria com Luiz Agostinho Cadore, AGE, 3.ª ed.), “Manual de Redação Oficial

dos Municípios” (AGE/Famurs) e “Guia Prático da Nova Ortografia” (AGE, 10.ª ed.), entre outros.

Isso posto, dessa forma,dessarte... Paulo Flávio Ledur (*)

O pronome demonstrativo é usado para demonstrar, mos-trar ou localizar os seres e as coisas no espaço, no tempo eno discurso. Atente para o quadro a seguir:

Coluna 1 Coluna 2 Coluna 3

Este Esse Aquele Esta Essa Aquela Isto Isso Aquilo

A opção de uso entre as três colunas acima se dá poruma relação de distância. As formas da coluna 1 são usadasquando não há distância, tantoem relação ao espaço, quantoao tempo e ao discurso: Estelivro é um livroque está comquem fala ou es-creve; esse livroestá com quemouve ou lê; aquelelivro está afastado deambos. Este dia é o diaque vivemos, não ha-vendo distância emrelação ao tempo;esse dia é passadopróximo; aquele dia é dis-tante. Em relação ao discurso, usa-seeste para o mais próximo em relaçãoao pronome demonstrativo e aquele parao mais distante; prefere-se não usar aopção da coluna 2: esse, devendo-se op-tar por outra forma para localizar o ser ou

a coisa. Acompanhe o exemplo: Eram eles Pedro, Tiago eMaria; esta é professora; aquele, servidor da CEF; e o domeio, advogado. Não seria errado, mas inadequado, usaresse em vez de o do meio, porque esta última forma facilitao entendimento.

Aplica-se o mesmo nas contrações do pronome demons-trativo com as preposições: disto, disso, daquilo, nisto, nisso,naquilo, etc.

Acompanhe os casos a seguir e aplique a estratégia aci-ma:

- Por issoPor issoPor issoPor issoPor isso: por remeter a algo já expresso, é, em regra, aforma correta; só não é na hipótese de se referir a algo queserá expresso depois: As medidas foram adotadas por istopor istopor istopor istopor istoque vou esclarecer agora.

- Isso postoIsso postoIsso postoIsso postoIsso posto: pela mesma razão, é a forma correta, por-que se refere ao(s) argumento(s) já expresso(s).

- Dessa forma, dessa maneiraDessa forma, dessa maneiraDessa forma, dessa maneiraDessa forma, dessa maneiraDessa forma, dessa maneira: porremeterem a algo já expresso anterior-

mente, são as for-mas corretas; sónão serão casose referirem a algo

a ser esclarecido: As coi-sas aconteceram desta ma-

neira, desta forma (seguindo-se adescrição).

- DessarteDessarteDessarteDessarteDessarte: opção rebuscada paradessa forma ou dessa maneira, por re-meter, em regra, a algo já expresso, é a

forma a ser preferida, e não a muitodifundida destarte, a não

ser que remetapara frente, aalgo que serádito após.

Page 19: ADVOCEF em Revista Abril/2013

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Mãe é mãeArcinélio Caldas (*)

Folc

lore

pol

ítico

As eleições municipais naqueleano foram atípicas. O Tribunal Regio-nal Eleitoral introduziu diversas refor-mas quanto ao modelo de cédulas,composição das seções eleitorais ejuntas apuradoras dos vo-tos.

O capitão Gon-çalves, homempúblico de tem-peramento fortee linguajar es-trambótico, can-didato aristocra-ta a vereadorpela quinta vez,distribuiu fartomaterial de campa-nha com os seus ca-bos eleitorais visandoa sua reeleição na Baixa-da da Égua, reduto eleitoralonde nascera, fora criado e se-guira administrando suas fazendasde gado de corte e sua plantação decana-de-açúcar.

A cabala dos votos dessa vez foiagressiva. Os adversários pretendiam atodo custo alterar pelas urnas o coman-do político da região. Os envelopes comas cédulas do candidato, para depósitonas urnas de votação, foram substituí-dos por cédulas emitidas pelo tribunal,indicando o cargo eletivo e, em branco,o espaço para o preenchimento do nomeou número do candidato no momentoda votação. Cuidaram os partidos políti-cos de substituir os tradicionais co-mícios por reuniões nas casas doseleitores, associações de bairros,clubes e outros locais de aglome-ração popular.

As inovações introduzidas nopleito foram sentidas de imedia-to. Nas primeiras pesquisas de opi-

nião, na época, efetuadas pelas equi-pes volantes das rádios locais, candi-datos de quem jamais se ouvira falarapareceram cotados na preferência doeleitorado.

Realizadas as eleições, foi criadauma central de rádios para transmissãodos resultados das urnas. O capitão Gon-çalves, ao lado do motorista Benilton, des-ceu do carro na subida da Rua 21 de abril,em frente ao tradicional Café Java. Na

porta do majestoso estabelecimento,ouve o locutor da Rádio Difusora anunci-

ar com eloquência o início datransmissão de conta-

gem dos votos, urnapor urna. Descansou

na sua bengala decipó cravo, pigar-reou para denotara sua estoica pre-sença e, na calça-da, passou a escu-tar os resultados

da urna de númerodezesseis, da octogé-

sima sexta zona eleito-ral, que funcionou na quin-

ta seção instalada no Colé-gio Municipal de Mussurepe.Casa cheia, todos atentos, o lo-

cutor com a voz empostada anunciavapelo apelido do candidato o total de su-frágios que ele obtivera na apuração dosvotos, a começar pelos mais votados:Padre Rosário, 30 votos; Lelé, 23 votos;Amaro da Sanfona, 18 votos; ArgeuMacabu, 12 votos; Gilberto Quintanilha,11 votos; Bem-te-vi, 11 votos; Didinhoda foice, 10 votos; Zé da Fazenda, 10votos; Ruço Peixeiro, igualmente, 10votos; Rosa Modesto, também 10 votos;Zoroastro Medrado, 3 votos; Aluizio TicTac, 2 votos; Capitão Gonçalves, só 1voto.

O Capitão não se fez de rogado:- Dá pra mãe!E disparou:- Eu bem que digo, eleitô é bi-

cho veiaco.

(*) Advogado da CAIXA em(*) Advogado da CAIXA em(*) Advogado da CAIXA em(*) Advogado da CAIXA em(*) Advogado da CAIXA emCampos dos Goytacazes/RJ.Campos dos Goytacazes/RJ.Campos dos Goytacazes/RJ.Campos dos Goytacazes/RJ.Campos dos Goytacazes/RJ.

“A cabala dos votos dessa vez foiagressiva. Os adversários

pretendiam a todo custo alterarpelas urnas o comando

político da região.”

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Abril | 2013 I

Suplemento integrante da ADVOCEF em Revista | Ano XII | Nº 122| Abril| 2013

Admissibilidade do recursoextraordinário lato sensu como

pressuposto para a aplicação dojulgado paradigma

Elpídio Donizetti NunesDesembargador do Tribunal de Justiça doEstado de Minas Gerais, membro dacomissão de juristas responsável pelaelaboração do novo CPC e autor de diversoslivros jurídicos, entre eles, “Curso Didáticode Direito Processual Civil”.

A última onda reformadora do Pro-cesso Civil acrescentou os arts. 543-B e 543-C ao CPC, disciplinando oprocessamento dos recursos extraor-dinários e especiais repetitivos e aconsequência do julgamento dos ca-sos representativos da controvérsiaaos processos que tratam de idênti-ca questão de direito.

A iniciativa, a par de louvável mo-tivação identificada com os princípi-os da celeridade processual e da se-gurança jurídica, não pode ser colo-cada em prática de maneira apres-sada, sob pena de se dar razãoàqueles que apontam na tendênciaatual uma preocupação desmesura-da com a rapidez, descurando daefetiva prestação jurisdicional, inclu-sive da almejada segurança jurídica.

O julgado paradigma, emitido peloSTJ ou pelo STF em casos represen-tativos de controvérsia, embora nãoostente a eficácia própria da SúmulaVinculante, foi acolhido no nossoordenamento como referênciainterpretativa, exortando osjulgadores rumo à unificação do en-tendimento jurisprudencial. Esta éa ratio dos arts. 557, §1o-A e dos arts.543-B e 543-C do CPC, que ensejamo retorno dos autos aos relatores nosTribunais estaduais e regionais.

Não se pode olvidar, porém, queo procedimento de retratação so-mente terá lugar se admissível o re-curso que o desencadeou, sob penade ofensa à coisa julgada.

Após o regime instituído pelas re-centes reformas, aparentemente oCódigo passou a prever dois mo-mentos para a realização do juízode admissibilidade do Recurso Es-pecial pelo Tribunal de origem.

Por um lado, estabelece o art.542, §1o do CPC que recebida apetição do recurso pela secreta-ria do Tribunal, será intimado o re-corrido, abrindo-se-lhe vista, paraapresentar contrarrazões. Findoesse prazo “serão os autosserão os autosserão os autosserão os autosserão os autosconclusos para admissão ouconclusos para admissão ouconclusos para admissão ouconclusos para admissão ouconclusos para admissão ounão do recursonão do recursonão do recursonão do recursonão do recurso, no prazo de 15(quinze) dias, em decisão funda-mentada”.

Contudo, nos termos do §8o doart. 543-C do mesmo diploma legal,após realizado o juízo de retrataçãodo acórdão recorrido, se “mantidaa decisão divergente pelo tribunalde origem, far-se-á o exame defar-se-á o exame defar-se-á o exame defar-se-á o exame defar-se-á o exame deadmissibilidade do recurso es-admissibilidade do recurso es-admissibilidade do recurso es-admissibilidade do recurso es-admissibilidade do recurso es-pecialpecialpecialpecialpecial”.

Os regimentos internos de al-guns Tribunais, como é o caso dode Minas Gerais, seguindo a trilhado CPC, previram que, se a teseadotada pelo STJ ou pelo STF nojulgamento do recurso paradigmadivergir do que restou decidido emalgum dos autos sobrestados oususpensos, estes serão remetidosao órgão julgador (Câmara ou outroórgão do Tribunal), para que possaexercer o juízo de retratação (art.516, III do Regimento Interno do Tri-bunal de Justiça do Estado de Mi-nas Gerais).

Esse procedimento – de reme-ter os autos ao órgão julgador, paraa retratação, antes do exercício dojuízo de admissibilidade do REsp oudo RE –, embora previsto na Lei(CPC), atenta contra a garantia dacoisa julgada. O que se percebe naprática forense é que o órgão in-cumbido da admissibilidade dos re-cursos especiais (a presidência ouvice-presidência, conforme dispu-ser os respectivos regimentos in-ternos), comprometido com o sa-lutar objetivo da celeridade, antes

"O exercício do juízo deadmissibilidade somente

depois que o órgão julgadorexerceu o juízo de retrataçãodecorre, com a devida vênia,de uma visão reducionista do

ordenamento jurídico."

Page 22: ADVOCEF em Revista Abril/2013

Abril | 2013II

mesmo do juízo de admissibilidade,remete os autos do processosobrestado aos relatores assim queconstatada a subsunção da lide aojulgado paradigma.

Com a devida vênia, parece-melógico que os dispositivos que esta-belecem o procedimento de reexameprevisto na legislação devem ser lidosem conformidade com o art. 5o, incisoXXXVI, da CF, segundo o qual, aindaque imbuído do melhor dos propósi-tos, lei alguma poderá desprezar a ga-rantia da coisa julgada. Por óbvio, aremessa do processo ao órgãojulgador, para retratação, deve pres-supor a admissibilidade do recursoque o ensejou. A seguir a lei ao pé daletra - como lamentavelmente se temfeito -, pode ocorrer de retratar de algoque irretratável se afigura. Pense-senum recurso especial (lato sensu) in-terposto fora do prazo e que tenhaficado suspenso em razão damultiplicidade de recursos com idên-tico fundamento. Decidindo o STJ ouo STF em sentido divergente ao querestou decidido no acórdão do Tribu-nal de 2o. Grau, os autos são remeti-dos (pelo presidente ou vice-presiden-te deste Tribunal) ao órgão julgador,para a retratação, isto é, para ade-quação do julgado ao que foi decididono recurso representativo da contro-

"Os dispositivos queestabelecem o procedimento

de reexame previsto nalegislação devem ser lidos emconformidade com o art. 5º,

inciso XXXVI, daConstituição Federal."

vérsia (caso piloto) pelo Tribunal Su-perior. Acatada a determinação da le-gislação infraconstitucional na sua es-treiteza, estará o órgão julgador des-respeitando a Lei Maior, ou seja, aConstituição Federal. Em outras pala-vras, estaria o órgão julgador rescin-dindo, fora das hipóteses da açãorescisória, um julgamento que já tran-sitou em julgado.

O exercício do juízo de admis-sibilidade somente depois que o ór-gão julgador exerceu o juízo de retra-tação decorre, com a devida vênia,de uma visão reducionista doordenamento jurídico. Essaantijurídica praxe, paradoxalmente,atenta contra a economia eceleridade processuais, valores queo instituto do julgamento dos recur-sos repetitivos visou potencializar,uma vez que, reformada decisão já

transitada em julgado, implica, nomínimo, o julgamento de outro recur-so - quiçá embargos declaratórios -para anular o que incorretamente sereformou (retratação é o termo utili-zado pelo CPC).

Em sendo a competência paraa análise dos recursos excepcionaistitulada pelo Presidente ou Vice-Pre-sidente do Tribunal recorrido (art.541 do CPC), cabe a tais autorida-des, antes de encaminhar o proces-so para a "retratação", verificar aadmissibilidade recursal.

Como errar é humano, pode serque haja equívoco na admissibilidadedo recurso. Nesse caso, se, num exa-me perfunctório, os julgadores do re-curso no qual deveria ocorrer a retra-tação, mormente o relator, puder ob-servar a patente inadmissibilidade dairresignação extraordinária (aindanum sentido lato), não se deve pro-ceder ao reexame do acórdão recor-rido, mas remeter os autos ao órgãocompetente para análise daadmissibilidade do recurso, de formaa evitar procedimento que, além deinútil, violaria a coisa julgada.

Fora disso, é a afronta à garan-tia da coisa julgada, é a ineficáciado segundo julgamento (refiro-meà retratação), a morosidade eleva-da ao quadrado.

Zulmar Duarte Oliveira JuniorAdvogado. Professor da Unibave. Ex-Procurador Geral do Município deImbituba/SC. Ex-Assessor da Câmara deVereadores. Pós-graduado em Direito Civile Processual Civil. Autor de diversos artigose pareceres jurídicos e do livro "Princípioda Oralidade no Processo Civil".

Na esteira de recente pronunci-amento do Supremo Tribunal Fede-ral, no recurso extraordinário no363.889, enfocando o tema da"relativização" (desconsideração) dacoisa julgada, enveredo, mais umavez, por tema que enfeixa o direitoconstitucional e o processual civil.

Seria escusado dizer, o tema nãoé novo, objeto de inúmeros estudos,diversos enfoques, díspares conclu-sões, um sem número de títulos,tudo a aconselhar distanciamentoda vexata quaestio.

Ainda assim, sem pretensão deexaurimento, penso que a matériamerece, para além do que vem sen-do dito, algumas inflexões, principal-mente ligadas à própria, esperada ealmejada, segurança jurídica.

A necessidade de segurança ju-rídica, estabilidade, é uma das justi-ficativas para a própria existência dodireito, no que permite, num proces-so de previsão e conhecimento an-tecipado, saber quais condutas sãoaceitáveis - padrões de conduta ju-rídica.

Numa perspectiva ou sob o pris-ma processual, possibilita que aspartes saibam de antemão, por as-sim dizer, qual delas será assistida

Réquiem sobre coisa julgada:coisa insegura

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Abril | 2013 III

pela força estatal (proteção juris-dicional) em determinada situação –anúncio de força (CALAMANDREI).

Mais aí vem o estado de guerra(GOLDSCHMIDT), momento em quetodos os direitos estão na ponta daespada, assumindo o direito a con-dição de medida para o juiz, para aofim novamente a situação ser gal-vanizada pela segurança jurídica,com a produção da coisa julgada.

Obviamente, essa descrição so-bre o processo de desenvolvimentoda segurança jurídica peca pela ge-neralidade e ausência deaprofundamento, mas bem ilustra anecessidade e a posição da coisajulgada.

A coisa julgada no sistema é umtópos da segurança jurídica e, porisso, não tem compromisso com adita verdade, mas em substituiresta. Cientes de que o descobrimen-to da verdade, em todos os casos,é impossível, o sistema passa a bus-car resultado diverso.

Não por outra razão, que se es-tabelecem regras de julgamentopara insuficiência das provas, vedan-do-se o juramento pela obscuridadeda causa (sibi non liquere 1), comoocorreu em algum momento no pro-cesso romano.

O eixo de gravidade da jurisdiçãodeixa de ser a justiça e a correçãoda decisão, para passar ao proces-so, sendo a observância deste opendor de legitimidade do provimen-to jurisdicional, como agudamenteobservou LUHMANN.

Essa concepção foi reforçadapela constatação de que, por vezes,o julgador, de acordo com conheci-

da alegoria, está num quarto escu-ro com uma lanterna na mão, guian-do-se pela indicação das partes noperscrutar o fato histórico que lhe ésubmetido. E aí tanto o facho quan-to a intensidade da luz têm íntimarelação com a atividade processualdas partes.

Assome-se, ademais, a concep-ção de que a atividade julgadora nãose reconduz a mero silogismo, sen-do dotado de um quê de novidade.

Dito às claras e às secas, a coi-sa julgada tem compromisso com asegurança jurídica.

A construção da ação declaratória,tão importante para estabelecimentoda autonomia do direito de ação(WACH), é a demonstração do com-prometimento da coisa julgada com asegurança jurídica, eis que esta é oprincipal objetivo daquela.

ta ou injusta, sendo um valor em simesmo.

A coisa julgada trabalha num pla-no diverso. Não pressupõe sua cor-respondência com a verdade, reali-dade, ao direito infraconstitucionalou constitucional, mas simplesmen-te que o caso tenha sido julgado de-finitivamente. O instituto da reper-cussão geral é uma boa prova, ex-pressivo de que o sistema se alheiaa questões de violação constitucio-nal não transcendentes.

Portanto, a coisa julgada está li-gada essencialmente ao interessepúblico de que as divergências soci-ais intestinais tenham um fim, quese legitima pela oportunidade daspartes contribuírem para o resulta-do do processo.

Pois bem, formada a coisajulgada, verdadeira ou falaciosa, cer-ta ou errada, constitucional ouinconstitucional, a coisa se impõeporque julgada definitivamente, porser produto final da atividadejurisdicional. A partir daí, sobre essacoisa julgada se desdobram novasrelações jurídicas, planificam-se di-reitos.

Nesta linha de inteligência, inde-pendentemente dos nobres propó-sitos que lhe anima, evidente a in-correção do raciocínio que permitea relativização ou desconsideraçãoda coisa julgada, para que se façajustiça no caso concreto.

E, para mim, não salva o argu-mento da ponderação de valores, aspautas da proporcionalidade ourazoabilidade, com o manejo, cadavez mais frequente, da dignidade dapessoa humana, como elementobalizador de toda e qualquer esco-lha jurisdicional.

Como bem observou o MinistroDIAS TOFFOLI, embora em voto in-correto (na minha visão), a dignida-de da pessoa humana não épanaceia de todos os males2.

“A coisa julgada no sistemaé um tópos da segurança

jurídica e, por isso, não temcompromisso com a dita

verdade, mas emsubstituir esta.”

1 A expressão non liquet, ou melhor, suas ini-ciais N.L., eram usadas pelos juízes roma-nos ao tempo da República (449-31 a. C.),quando do julgamento da questão mani-festavam-se não suficientemente esclare-cidos. Ao votarem nessa hipótese,apunham-nas em pequenas tábuas que tra-ziam essas siglas, ou as letras A (absolvo)C (condeno). No caso de pronunciamentopelo non liquet, procediam-se a novos de-bates várias vezes seguidas. Era a maneirade mostrar falta de convencimento neces-sário para o julgamento, como resultado daprova levada a efeito.

Não por menos, a Constituição,além de estabelecer a segurançacom vértebra do corpo constitucio-nal (CRFB/88, artigo 5o) – algo per-feitamente extraível do dístico “Es-tado de Direito” – ao trabalhar comos produtos da segurança jurídica in-seriu a coisa julgada (CRFB/88, arti-go 5o, inciso XXXVI).

Interessante notar, os dois pri-meiros produtos da segurança jurídi-ca — direito adquirido e ato jurídicoperfeito — são adjetivados com ex-pressões atreladas à sua juridicidade,pelo que não se aperfeiçoam frenteuma inconstitucionalidade, já que nãose teria direito adquirido e, muito me-nos, perfeição no ato jurídico.

À sua vez, a coisa julgada nãotem qualquer qualificação ou adjeti-vos ligados à (des)conformidade como direito, não é qualificada como jus-

2 “Creio ser indispensável enaltecer a cir-cunstância da desnecessidade da invoca-ção da dignidade humana como fundamen-to decisório da causa. Tenho refletido bas-tante sobre essa questão, e considero ha-ver certo abuso retórico em sua invocação

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Abril | 2013IV As matérias publicadas neste suplemento são de responsabilidade exclusiva de seus autores.O encarte pode ser acessado, na íntegra, no site da ADVOCEF (menu Publicações).

Ano XII | Nº 122 | Abril | 2013

“Formada a coisa julgada,verdadeira ou falaciosa,

constitucional ouinconstitucional, a coisa se

impõe porque julgadadefinitivamente, por ser

produto final da atividadejurisdicional.”

Mesmo porque a dignidade dapessoa humana pode igualmente jus-tificar o raciocínio contrário ao do jul-gamento. Sustentar-se que é ofen-sivo à dignidade da pessoa humanao perene estado de incerteza que éocasionado com a desconsideraçãoda coisa julgada.

Tanto é assim, que o MinistroFUX, em verdadeiro contorcionismojurídico, com todas as vênias de esti-lo, trincou a coisa julgada por estaestar mais distante da dignidade dapessoa humana do que o direito aidentidade genética3. A dignidade dapessoa humana seria o sol, orbitando

a identidade genética no lugar deMercúrio, enquanto a coisa julgadaseria Plutão (para ficar nos planetasmais conhecidos do sistema solar)4.

Noutro giro, mas ao redor domesmo epicentro, a desconsideraçãoda coisa julgada embute ainda o pe-rigo de olhar com as lentes de hoje oque foi visto com óculos no passa-do. O direito muda, por vezes silenci-osamente, pelo que as categorias ouconceitos jurídicos, notadamenteindeterminados, passam por altera-ções de sentido e, principalmente, dealcance.

Difici lmente um provimentojurisdicional do passado, tido à épo-ca como adequado, passaria incó-lume por juízo exercido no presen-te. A desconsideração da coisajulgada pode engendrar o perigo dereescrever a caneta o texto redigi-do a lápis.

Digno de nota, ainda, que o mes-mo Supremo que vem acertada-mente protegendo o princípio da se-gurança jurídica, da proteção à con-fiança, foi o que aplicou duro golpecontra o núcleo duro daquele prin-cípio, isto é, a coisa julgada.

Singular igualmente repetirmos,em vazia cantilena, a legitimação

nas decisões pretorianas, o que influenciacerta doutrina, especialmente de DireitoPrivado, transformando a conspícua digni-dade humana, esse conceito tão tributá-rio das Encíclicas papais e do ConcílioVaticano II, em verdadeira panaceia de to-dos os males. Dito de outro modo, se paratudo se há de fazer emprego desse princí-pio, em última análise, ele para nada ser-virá. Não se pode esquecer o processo dedeformação a que foi submetida a cláusu-la gerada da boa-fé na jurisprudência fran-cesa, a ponto de seu recurso excessivoimplicar por fazer cair no descrédito essaimportante figura jurídica.” (Disponível em:<http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/RE363889.pdf>. Acessoem: 07-jun-2011).

3 “Não é possível negar, como se assentoumais acima, que também a coisa julgadaguarda relação com o princípio da dignida-de da pessoa humana, na medida em queconcretiza o princípio da segurança jurídi-ca, assegurando estabilidade e paz social.Porém, tal conexão apresenta-se em graudistinto, mais tênue e, portanto, mais afas-tada do núcleo essencial do princípio dadignidade da pessoa humana do que opeso axiológico que, somados, ostentamos direitos fundamentais à filiação (CF,art. 227, caput e § 6o) e a garantia funda-mental da assistência jurídica aos desam-parados (CF, art. 5o, LXXIV). E é por estarazão que a regra da coisa julgada deveceder passo, em situações-limite como apresente, à concretização do direito fun-damental à identidade pessoal.” (Disponí-vel em: http://www.stf.jus.br/arquivo/c m s / n o t i c i a N o t i c i a S t f / a n e x o /RE363889LF.pdf Acesso em: 07-jun-2011).

pelo procedimento, o aspecto cria-tivo do provimento, as contingênci-as da atividade jurisdicional, e fi-quemos, por vezes, igualmente ten-tados a implodir a coisa julgadapara lhe afeiçoar a verdade, comose esse fosse o fim desta (coisajulgada).

Posta assim a questão, a coisajulgada não deve ser desconsi-derada, relativizada ou esmaecida,eis que é uma garantia constitucio-nal cuja resistência protege a se-gurança jurídica, valor indispensá-vel à existência e racionalidade doordenamento jurídico e, por quenão dizer, ao próprio reconhecimen-to da dignidade da pessoa huma-na.

Tangencialmente, com isso nãopretendo amesquinhar a gravidadedas situações estratificadas em pro-cessos debatendo a relativizaçãoda coisa julgada. Os postulados ju-rídicos somente são verdadeira-mente testados quando implicamem graves consequências e nãonas hipóteses que chancelam bonsmotivos.

Em sendo assim, é de se dar re-levo à vontade constitucional deproteção da coisa julgada [5], nadase ganhando com seu eclipsar pelarelevância de determinadas situa-ções desdobradas na realidade pro-cessual.

5 “b) Um ótimo desenvolvimento da forçanormativa da Constituição depende nãoapenas do seu conteúdo, mas tambémde sua práxis. De todos os partícipes davida constitucional, exige-se partilharaquela concepção anteriormente por mimdenominado vontade de Constituição(Wiile zur Verfassung). Ela é fundamen-tal, considerada global ou singularmen-te. Todos os interesses momentâneos —ainda quando realizados — não logramcompensar o incalculável ganho resultan-te do comprovado respeito à Constitui-ção, sobretudo naquelas situações emque sua observância revela-se incômo-da.” (HESSE, A força normativa da Cons-tituição, p. 22).

4 O professor CANOTILHO atribui à Constitui-ção um brilho autônomo, diretamente liga-do ao seu processo de formação e posiçãode suas normas.