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Conselho Editorial: Davi Duarte, Bruno Vanuzzi, Carlos Alberto R. de Castro Silva, Roberto Maia, GryecosAttom V. Loureiro, Anna Claudia de Vasconcellos e Júlio Vítor Greve|Jornalista responsável: Mário GoulartDuarte (Reg. Prof. 4662) - E-mail: [email protected]. Projeto gráfico: Eduardo Furasté|Editoração ele-trônica: José Rober to Vazquez Elmo|Capa e contracapa: Eduardo Furasté|Ilustrações: RonaldoSelistre|Tiragem: 1.100 exemplares| Impressão: Nova Prova|Periodicidade: Mensal.A ADVOCEF em Revista é distribuída aos advogados da CAIXA, a entidades associativas e a instituições deensino e jurídicas.

Janeiro | 20092

www.advocef.org.br – Discagem gratuita 0800.647.8899

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ADVOGADOSDA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL

DIRETORIA EXECUTIVA 2008-2010Presidente: Davi Duarte (JURIR/Porto Alegre)|Vice-Presidente: BrunoVicente Becker Vanuzzi (JURIR/Porto Alegre)|1º Secretário: RicardoGonçalez Tavares (JURIR/Porto Alegre)|2º Secretário: José CarlosPinotti Filho (REJUR/Londrina)|1º Tesoureiro: Fernando da Silva Absda Cruz (REJUR/Novo Hamburgo)|2º Tesoureiro: Mariano Moreira Júnior(JURIR/Florianópolis)|Diretor de Articulação e RelacionamentoInstitucional: Carlos Alberto Regueira de Castro Silva (JURIR/Recife)[email protected]|Diretor de Comunicação: Roberto Maia(JURIR/Porto Alegre) [email protected]|Diretor deHonorários: Gryecos Attom Valente Loureiro (REJUR/Niterói)[email protected]|Diretor de Negociação: Anna Claudiade Vasconcellos (JURIR/Florianópolis) [email protected]| Diretor de Prerrogativas: Júlio Vitor Greve (GETEN)[email protected] REGIONAISDIJUR/GEAJU/GERID: Elisia Sousa Xavier|GETEN: Júlio Vitor Greve|JURIR/AJ: Laert Nascimento Araújo|JURIR/BE: Patrick Ruiz Lima|JURIR/BH: Helena Discini Silveira|JURIR/BR: Juliana Varella Barcade Miranda Porto|JURIR/BU: Henrique Chagas|JURIR/CB: EberSaraiva de Souza|JURIR/CG: Alfredo de Souza Briltes|JURIR/CP:Carlos Henrique Bernardes C. Chiossi|JURIR/CT: Jayme de AzevedoLima|JURIR/FL: Edson Maciel Monteiro|JURIR/FO: Adonias Melo deCordeiro| JURIR/GO: Ivan Sérgio Vaz Porto|JURIR/JP: Leopoldo VianaBatista Junior|JURIR/ME: Dioclécio Cavalcante de Melo Neto|JURIR/MN: Alcefredo Pereira de Souza|JURIR/NA: Myerson Leandro daCosta|JURIR/PO: Marcelo Quevedo do Amaral|JURIR/PV: Melissados Santos Pinheiro|JURIR/RE: Pedro Jorge Santana Pereira|JURIR/SA: Jair Oliveira Figueiredo Mendes|JURIR/SL: Enio Leite Alves daSilva|JURIR/SP: Roland Gomes Pinheiro da Silva|JURIR/TE: RenatoCavalcante de Farias|JURIR/VT: Ângelo Ricardo Alves daRocha|REJUR/CV: Renato Luiz Ottoni Guedes|REJUR/JF: RodrigoTrezza Borges|REJUR/LD: Altair Rodrigues de Paula|REJUR/MR: JoséIrajá de Almeida|REJUR/NH: Clarissa Pires da Costa|REJUR/NT: DanielBurkle Ward|REJUR/RP: Sandro Endrigo de Azevedo Chiaroti|REJUR/SJ: Flávia Elisabete de Oliveira Fidalgo Souza Karrer|REJUR/SM:Leonardo da Silva Greff|REJUR/SR: Antônio Carlos OrigaJunior|REJUR/UB: Lucíola Parreira Vasconcelos|REJUR/VR: AldirGomes Selles.CONSELHO DELIBERATIVOMembros efetivos: Patrícia Raquel Caires Jost Guadanhim (REJUR/Londrina), Marcelo Dutra Victor (JURIR/Belo Horizonte), RenatoLuiz Harmi Hino (JURIR/Curitiba), Laert Nascimento Araújo (JURIR/Aracaju) e Henrique Chagas (REJUR/Presidente Prudente).Membros suplentes: Arcinélio de Azevedo Caldas (REJUR/Camposdos Goytacazes), Daniele Cristina Alaniz Macedo (JURIR/São Paulo)e Maria Eliza Nogueira da Silva (JURIR/Brasília).CONSELHO FISCALMembros efetivos: Rogério Rubim de Miranda Magalhães (JURIR/Belo Horizonte), Alfredo Ambrósio Neto (JURIR/Goiânia), e LianaCunha Mousinho Coelho (JURIR/Belém).Membros suplentes: Fábio Romero de Souza Rangel (JURIR/JoãoPessoa) e Sandro Cordeiro Lopes (JURIR/Rio de Janeiro).Endereço em Brasília/DF:SBS, Quadra 2, Lote 1, BL S, Sala 1205 | Edifício Empire CenterCEP 70070-904 | Fone (61) 3224-3020E-mail: [email protected] | Auxiliar administrativo:Priscila Christiane da Silva.Endereço em Porto Alegre/RS:Rua Siqueira Campos, 940 / 201 | Centro | CEP 90010-000Fones (51) 3286-5366 e (51) 3221-7936Auxiliares administrativos: Elisabeth Maria Vazquez Elmo(Administrativo), Lisandra de Andrade Pereira (Secretaria) eVirginia Mary Junges Casagrande (Financeiro).

| Editorial

Esta primeira edição de2009 chega às mãos de seusleitores repleta de novidadese informação.

Uma matéria técnica so-bre a repercussão geral derecursos no Supremo Tribu-nal Federal traz informaçõesatuais e absolutamente úteissobre a nova ferramenta, cri-ada e posta a serviço daagilização da prestação juris-dicional.

O tema também é merece-dor de artigo no encarte JurisTantum, ecoando a linha edi-torial perseguida pelo veículoda Associação dos Advogadosda CAIXA: informar sempre ecom qualidade, formandopara a crítica e para a multi-plicidade de posicionamentose realidades.

Vários outros quadros, namesma linha, trazem tópicosinformativos com muitas va-riantes, com a expectativa debrindar os leitores com diver-sificação e leveza, informa-ção de qualidade e atualiza-ção permanente sobre temasde inegável interesse da ca-tegoria.

Repercussõesgerais e especiais

Noutra matéria, revelamosos passos em curso na cam-panha por uma matriz remu-neratória que fixe os quadrosna área jurídica, conferindo atodos os seus integrantes oreconhecimento desde hámuito discursado, mas histo-ricamente postergado.

Não poderia faltar, num tí-pico contraponto às por vezessisudas discussões técnicassobre temas do cotidiano dosoperadores do Direito, algu-mas páginas de puro prazer,mas também reveladoras deconhecimentos múltiplos. Asérie viagens, quadro já con-firmado e com repercussãobastante positiva no seio dacomunidade leitora, traz maisuma matéria enfocando asmuitas faces de nossos intré-pidos, bravos e incansáveisleitores-repórteres-viajantes.

Viajando concretamenteou em sonhos muitos, estãopostas as cartas para maisum ano de muitas emoçõese informações.

DireDireDireDireDiretttttoria eoria eoria eoria eoria exxxxxecutivecutivecutivecutivecutiva daa daa daa daa daADADADADADVVVVVOCEFOCEFOCEFOCEFOCEF

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| Negociação

A advogada Andrea de Jesus Carvalho,ex-JURIR/Teresina, assumiu na DefensoriaPública do Estado do Piauí em maio de2008, para perceber uma remuneraçãoquase 100% maior do que a da CAIXA. Oadvogado Breno Adami Zandonadi, ex-JURIR/São Paulo, tornou-se delegado daPolícia Federal em julho de 2008, com ven-cimento inicial de R$ 12.900,00.

Por razões e estímulos parecidos, cer-ca de 60 advogados saíram da CAIXA em2008, rumando para a Advocacia-Geral daUnião (AGU), Banco Nacional de Desenvol-vimento Econômico e Social (BNDES), oupara exercer as atividades de analista judi-ciário e de defensor público - carreiras quemais acolheram os profissionais, segundoinformações repassadas à ADVOCEF (*).Três advogados optaram pela advocaciaprivada e seis se aposentaram.

Houve mais admissões que saídas noano - foram contratados 104 advogados -,mas se mantém a alta rotatividade na em-presa. Em 2007, saíram 54 advogados eapenas 46 foram admitidos.

Roteiro antigoRoteiro antigoRoteiro antigoRoteiro antigoRoteiro antigoRotatividade de pessoal ainda é alta no Jurídico

| Pessoal

Melhores resultados"A rotatividade faz com que a CAIXA

perca o ganho do aprendizado e do investi-mento que, no mais, o próprio advogadofaz em si mesmo", comenta o presidente

da ADVOCEF, Davi Duarte. Ele descreve oroteiro já conhecido na empresa:

O advogado chega e, por sua conta eàs vezes com o auxílio de outros colegas,que investem tempo e dedicação, passa adominar o conhecimento interno (estrutu-ra, relacionamentos, sistemas, teses, infor-mações) e externo (modo como o Judiciá-rio e as partes adversas atuam).

Então o advogado se instrui e começaa produzir. Estabelece como que uma zonade conforto, mas logo a seguir muda deemprego. Quem perde é a CAIXA e os de-mais colegas que retomam o contato comos novos advogados.

"A equipe joga como pode, mas a altarotatividade não é a melhor solução", ava-lia Davi. Ele garante que, com remunera-ção compatível e melhores condições detrabalho, haverá resultados maissatisfatórios para todos.

(*) Dados inf(*) Dados inf(*) Dados inf(*) Dados inf(*) Dados informados mensalmentormados mensalmentormados mensalmentormados mensalmentormados mensalmenteeeeepara o contrpara o contrpara o contrpara o contrpara o controle de arrecadação deole de arrecadação deole de arrecadação deole de arrecadação deole de arrecadação de

honorários.honorários.honorários.honorários.honorários.

A CAIXA voltou atrás em relação aocompromisso assumido com os advoga-dos de entregar o projeto de revisão dacarreira profissional até 31/12/2008.Em reuniões com a ADVOCEF e ANEACem 26 e 29 de dezembro, a empresa "re-afirmou" sua intenção de atender acáusula 47ª do Acordo Coletivo firmadocom a CONTEC, em que consta a implan-tação da nova estrutura a partir do pri-meiro trimestre de 2009.

O projeto em estudo pela CAIXA paraas carreiras profissionais inclui a divisãoda tabela salarial por cargos, aumentodo número de referências de 36 para 48,jornada de oito horas, alteração na cur-va remuneratória e utilização de pisos

Trato não cumpridoCAIXA decide seguir prazo firmado no Acordo Coletivo

| Davi: a CAIXA não honrou a palavra

salariais de acordo com pesquisas demercado. Ficou definido o prazo de8/1/2009 para entrega da avaliação doestudo preliminar, a ser feito pelas As-sociações. Novo encontro com a CAIXAserá em 15 de janeiro.

Diante da atitude da CAIXA, o presi-dente da ADVOCEF pediu "um poucomais de paciência" à categoria. "A CAIXAestá em mora, não honrou a palavraempenhada e não soube dar uma res-posta habilidosa ao assunto em tela",comentou Davi Duarte. Ele lamentou oocorrido, pois "a administração da em-presa precisa e deve ser traçada e reali-zada independentemente de quem esti-ver no cargo".

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A mensagem e o meioADVOCEF destaca representantes e o processo de comunicação

A representação jurídica e os veícu-los de comunicação ocupam lugar dedestaque nos planos da Diretoria de Co-municação da ADVOCEF, que assumiuem agosto de 2008. Os representan-tes da entidade nas unidades jurídicas,oficializados na gestão anterior, sãoconsiderados essenciais por suas atri-buições de "legítimo e importanteinterlocutor cotidiano de cada ad-vogado da CAIXA".

A manifestação é do diretorRoberto Maia, que confere tam-bém à ADVOCEF em Revista, novonome do Boletim da ADVOCEF, amissão de prosseguir na integraçãode pessoas e ações do Jurídico daempresa. O mesmo papel é destina-do ao site, que informa com agilida-de os fatos de interesse dos advoga-dos e, através da seção Fórum, per-mite a interatividade e o debate deideias entre os associados.

Assim, não só na área da Comu-nicação, mas em todas as outras daADVOCEF, a importância dos repre-sentantes jurídicos é notória, segun-do Maia. "Através deles é possível tro-car, interceder e colher opiniões, crí-ticas, apreensões e cuidados, atosque por vezes são de difícil execuçãonuma entidade com integrantes espa-lhados por todo o país."

A edição da ADVOCEF em Revis-ta é de responsabilidade dosdiretores, que integram o Conse-lho Editorial. Não se trata de um"conceito institucional" apenas,diz Roberto Maia, mas de "ummeio de viabilizarmos verdadei-ra construção coletiva dasideias".

Leia o texto em que o diretorexpressa seus objetivos aos represen-tantes jurídicos.

"AOS REPRESENTANTES

Os advogados eleitos representan-tes em cada unidade jurídica podem serpoderosos veículos de transmissão de

| Comunicação

ideias, fatos e realidades por vezes to-talmente próprias de um grupo, ou deum local ou de um determinado tempo.

Dentro destas premissas, convida-mos todos os representantes a serem,também, os correspondentes de nossaADVOCEF em Revista. Temos todos con-vivido, há mais de sete anos, com esteque é nosso mais importante canal decomunicação institucional da Associ-ação com seus membros e com umaextensa comunidade que também re-

cebe a Revista regularmente.Através da Revista, a Associa-

ção tem procurado destacar os fa-tos mais importantes que envol-vem nossa comunidade, vitóriasinstitucionais no desempenho das

atribuições profissionais e umacrescente variedade de notícias,

contendo análise crítica, conhecimen-to técnico, ou simplesmenteoportunizando prazer à leitura.

Este órgão é integrado por nós erealizado para nós todos, advogadosda CAIXA, principais personagens desuas páginas, com nossas histórias enosso conhecimento sobre importan-tes fatos que mereçam ser comparti-lhados com os demais integrantesdesta comunidade.

Teia complexaNossa Revista não cria notícias,

mas sente-se na obrigação de trans-miti-las, com fidelidade e isenção. Epara transmiti-las, necessita conhe-

cer seus atores, autores e inte-grantes desta rica e complexateia de pessoas, com suas vir-tudes, conhecimento e vonta-de de fazer algo mais pelo gru-po todo.

Um colega de nossa unida-de que está produzindo ou de-

fendeu seu trabalho de doutorado,ou de mestrado, ou de especializa-

ção, pode ter muito a nos dizer sobre otema a que se dedicou com afinco e de-nodo. O nosso colega de unidade quetem uma predileção especial por litera-tura, por cinema, por determinadas cu-riosidades jurídicas, ou que participa deONGs ou simplesmente pratica um

Conclamamos a todos, dentro des-tes princípios de integração pelosanseios comuns, a fazerem parte con-creta desta nova realidade de ora emdiante viabilizada.

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hobby diferenciado, por certo mereceespaço nas páginas da Revista, desta-cando a riqueza e o valor humano denossos quadros.

A Associação quer divulgar, e mui-tos colegas por certo têm interesse emconhecer o que está sendo estudado epreparado em qualquer recanto do país,por profissionais que vivenciam as mes-mas dificuldades e que em tantas opor-tunidades encontraram alternativas ino-vadoras, quiçá únicas, mas que foramcapazes de superar as momentâneasaflições.

Esta é uma das missões - e por cer-to não a única nem a mais importantedelas - em que talvez possamos nos en-volver com interesse e determinação.

A Associação acredita que, na me-dida em que todos formos nos conhecendo mais, tendo a certeza do quesomos capazes de realizar, teremos uma crescente capacidade de nosenxergarmos uns aos outros e a nós mesmos como um corpo único, comos mesmos ideais e uma incansável história a ser construída, noticiada,copiada e aperfeiçoada."

Outros veículosOutros veículosOutros veículosOutros veículosOutros veículos

Outro instrumento da área de Comu-nicação é a Revista de Direito daADVOCEF, que já tem sete ediçõeslançadas (a última em 6/12/2008) e exer-ce uma função acadêmica, igualmenteimportante, segundo o diretor RobertoMaia, para difundir e compartilhar o know-how jurídico dos profissionais da CAIXA.

Entre os projetos da Diretoria está aelaboração de um newsletter, para divul-gar notícias através da internet. O conteú-do e a periodicidade da publicação de-penderão do envolvimento da categoria,que deve enviar à Diretoria o que consi-derar relevante. "Queremos trabalharmais e buscar a participação de um nú-mero cada vez maior de colegas no nos-so trabalho", resume Maia.

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| Profissão

A contratação de advogadospor parte de órgãos e agentes daadministração pública não re-quer processo licitatório, deven-do a função ser exercida somen-te por advogados habilitados. Oentendimento foi ratificado emsessão do Pleno da Ordem dosAdvogados do Brasil (OAB), combase no voto do relator, o con-selheiro do Ceará, Jorge HélioChaves de Oliveira, que conside-rou parecer já aprovado do ex-conselheiro Sérgio Ferraz, queafirmou se tratar de trabalho in-telectual de alta especialização,"impossível de ser aferido emtermos de preço mais baixo".

O relator citou decisão recente doSupremo Tribunal Federal (HC nº 86198-

Competência e éticaCompetência e éticaCompetência e éticaCompetência e éticaCompetência e éticaTrabalho de advogado não pode ser objeto de licitação

qual "a presença de requisitos denotória especialização e confian-ça, ao lado do relevo do trabalhoa ser contratado, permite concluirpela inexigibilidade da licitaçãopara a contratação dos serviços deadvocacia". O ministro afirmou ain-da: "Se for para disputar preço, pa-rece de todo incompatível com aslimitações éticas e mesmo legaisque a disciplina e a tradição da ad-vocacia trazem para o profissio-nal".

Segundo o relator Jorge Hélio,nem cabe falar em competição. "OCódigo de Ética e Disciplina daOAB veda expressamente qualquerprocedimento de mercantilização

da atividade advocatícia", afirmou.(Fonte: Conselho Federal da OAB.)

|Sessão do Pleno da OAB: advocacia não aceita mercantilização

9-PR), em que foi relator o ministro apo-sentado Sepúlveda Pertence, segundo o

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|Maia: os representantes jurídicossão essenciais

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Pela primeira vez em sua história, aADVOCEF cumpre, literalmente, o artigo 2º,alínea "c" de seu Estatuto Social, e investediretamente no desenvolvimento técnicode seus associados. Em parceria com aEscola de Advocacia CAIXA, patrocina cur-sos de Direito Processual Civil e Direito eProcesso do Trabalho na UNISC (Universi-dade Santa Cruz do Sul), com carga horá-ria de 390 horas. A Escola participa com70% do valor do curso, enquanto aADVOCEF se responsabiliza por 15%. Aproposição foi aprovada, por maioria, peloConselho Deliberativo (*).

A contrapartida exigida do advogadoé a cessão dos direitos autorais, não ex-clusiva, para publicação dos trabalhos deconclusão nos veículos ADVOCEF em Re-vista e Revista de Direito. É uma maneirade repassar os conhecimentos adquiridos.A publicação das monografias garante adivulgação junto às principais faculdadesde Direito do país e a leitura qualificadade magistrados, desembargadores e mi-nistros dos tribunais brasileiros. De cará-ter científico, a publicação segue o padrãoda ABNT e é cadastrada com registro ISSN(International Standard Serial Number).

Os textos estarão também na páginada Universidade Corporativa CAIXA e po-derão ser publicados em revistas científi-cas conveniadas, informa o coordenadorda Escola de Advocacia CAIXA, CláudioGonçalves Marques. "Emsuma, haverá visibilidade dostrabalhos, transparênciaquanto aos gastos e, mais im-portante, disseminação doconhecimento."

O coordenador diz que oprojeto de especialização dosadvogados resulta de um pro-cesso de construção coletivofirmado em 2008. Na reuniãode fim de ano em Curitiba, osgestores da área jurídica su-geriram temas para desenvol-vimento pela Escola. "AADVOCEF é peça importanteneste contexto, por represen-tar outros mas correlatosanseios dos advogados da CAIXA." Com aparceria, acrescenta Cláudio, a Escola po-derá gerir melhor seus recursos e atender

Patrocínio legalADVOCEF cumpre o Estatuto e investe nos associados

as pretensões dos advogados e daCAIXA.

O advogado Alaim Stefanello, doJURIR/Curitiba, espera que seja a primei-ra de muitas iniciativas desse tipo. Ob-serva que o apoio à formação tam-bém fortalece a imagem da Asso-ciação, que já possui "uma impor-tância institucional muito grandena CAIXA e fora dela".

E deverão vir mesmo outras parce-rias, como indicam os contatos entreADVOCEF e Escola. Segundo Davi Duarte,pode ser assinado em seguida um convê-nio para aumentar a tiragem da Revistade Direito da ADVOCEF. "Estamos renova-dos em nossas energias. Os advogados daCAIXA podem esperar por boas notíciaspara 2009", promete o coordenador Cláu-dio Marques.

Desproporcional aobenefício

No mesmo dia de seu anúncio no siteda ADVOCEF, a medida foi criticada peloadvogado Natanael Lobão Cruz, do JURIR/Recife. A iniciativa, segundo ele, "esbarraem questões institucionais", pois propos-tas semelhantes foram rejeitadas nos Con-gressos de Maragogi/AL e Vitória/ES.

Ouvido para esta matéria, o advoga-do mantém a crítica e esclarece que seuposicionamento é jurídico. "Em nenhum

momento afirmei que eracontra a ADVOCEF subsidiaro aprimoramento acadêmicodos associados." No entanto,entende que "a decisão doConselho Deliberativo nãotem o condão de revogar oque foi decidido pelaAssembleia".

Natanael acha "preocu-pante que se fiquem estabe-lecendo situações de exce-ção, ao livre alvedrio da Di-retoria, principalmentenessa questão, que gerarácustos para a ADVOCEF". Oadvogado preferiu não semanifestar a respeito do

mérito da medida nem sugerir outra for-ma de auxílio ao aperfeiçoamento dos pro-fissionais do Jurídico.

"Há uma diferença fundamental entreo que foi aprovado em Assembleia Geral eo que a ADVOCEF implementou", rebate opresidente Davi Duarte. Ele explica que,no Congresso, a análise considerava ob-jetivamente o patrocínio de cursos promo-vidos pela ADVOCEF. Desse modo, depen-deria de convênio com uma universidade.No caso implementado pela ADVOCEF, emprimeiro lugar o que se pretende é umaparceria com a Escola de Advocacia CAI-XA. "Buscamos, precipuamente, estreitaros laços com a CAIXA, inclusive para futu-ras parcerias."

Outro ponto a ser considerado, segun-do Davi, é que o aporte da ADVOCEF nãocausa prejuízo algum, sendo a polêmica"desproporcional ao benefício". O valormensal liberado a cada pós-graduando éde R$35,00. A Diretoria seguiu fielmentea decisão da Assembleia. "É preciso dei-xar claro que, tal como na ConstituiçãoFederal existem cláusulas que não podemser alteradas, assim também ocorre como Estatuto da Associação. Deliberaçõescontrárias ao seu objetivo primordial nãopodem ser aprovadas, salvo se forem mu-dados esses objetivos sociais."

Davi ressalta que os recursos usadossão da Associação e não do associado. Seo associado se aposentar ou se retirar,como ocorre em qualquer clube, não re-cebe nada. "O valor não pode ser rateado,de sorte que se destina à aplicação emproveito dos sócios." Outra crítica que nãose sustenta, conforme Davi, é a de que ocritério para concessão do benefício nãoalcançaria a todos. "No entanto, sobraramvagas. Logo, quem quisesse fazer o cur-so poderia tê-lo feito."

Na reunião da Diretoria, em 6/12/2008,foi decidida a elaboração de um Regula-

|Davi: cláusulas do Estatutonão podem ser alteradas

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mento, com regras claras, para seguran-ça de todos.

Estimulante como o PCSSegundo o diretor de Comunicação,

Roberto Maia, há nos quadros da ADVOCEFprofessores, instrutores, cientistas do Direi-to "e também um contingente enorme deprofissionais que precisam ser apoiados noseu desenvolvimento pessoal e técnico".Afirma que os advogados daCAIXA não lutam apenas poruma remuneração compatí-vel com suas atribuições eresponsabilidades. "Quere-mos ser reconhecidos tam-bém, e cada vez mais, pelanossa qualificação individu-al e coletiva, e para isto te-mos de investir. Investir emnós mesmos, com nossosrecursos, esforços e econo-mias individuais, porque acada um interessa se quali-ficar e melhor enfrentar oacirrado mercado. Investirde forma coletiva, apoiandoa realização de eventos, a formação com-plementar e o aprofundamento da relaçãoda ADVOCEF com seus associados."

Maia diz que a própria inscrição para oco-patrocínio mostra a diferença que fazquando uma Associação se envolve porseus associados. Enquanto o empregadorainda exigia o preenchimento de inúmerosdocumentos, alguns advogados já eramreembolsados através de um procedimen-to formal simples e desburocratizado.

O advogado Marcelo Quevedo doAmaral, do JURIR/Porto Alegre, seautoproclama um grande defensor da ini-ciativa. "As constantes mudanças da legis-lação, a própria evolução da doutrina e ju-risprudência e a ampla área de atuação doJurídico da CAIXA impõem uma permanen-te política de atualização e aperfeiçoamentodo nosso corpo funcional", argumenta.

Para ele, a política de incentivo atendeos interesses da empresa e dosadvogados. "Por exemplo, ao re-alizar um curso de especializa-ção em Direito ImobiliárioRegistral na PUCMinas, por con-ta própria, a grande beneficiária,não tenho dúvida, foi a CAIXA.Consegui não só aprimorar mi-nha atuação profissional mastambém agilizar os procedimen-tos nos quais atuo na área con-sultiva." Com os mesmos objeti-vos, se inscreveu para o curso deespecialização em Direito Proces-sual Civil, na UNISC, utilizando oco-patrocínio.

Marcelo diz que sua maiorexpectativa agora é que a iniciativa se tor-ne uma política permanente da empresa eda ADVOCEF. "Isso me traria um retorno emotivação semelhante à tão pleiteada esonhada valorização do nosso Plano de Car-gos e Salários."

(*) O v(*) O v(*) O v(*) O v(*) O valor do curalor do curalor do curalor do curalor do curso por aluno é deso por aluno é deso por aluno é deso por aluno é deso por aluno é deR$ 4.3R$ 4.3R$ 4.3R$ 4.3R$ 4.3111110,00. A Escola ressarce0,00. A Escola ressarce0,00. A Escola ressarce0,00. A Escola ressarce0,00. A Escola ressarce

R$ 3.02R$ 3.02R$ 3.02R$ 3.02R$ 3.024,00, a AD4,00, a AD4,00, a AD4,00, a AD4,00, a ADVVVVVOCEF entra comOCEF entra comOCEF entra comOCEF entra comOCEF entra comR$ 648,00. Cerca de 20 advR$ 648,00. Cerca de 20 advR$ 648,00. Cerca de 20 advR$ 648,00. Cerca de 20 advR$ 648,00. Cerca de 20 advogadosogadosogadosogadosogados

utilizam o conutilizam o conutilizam o conutilizam o conutilizam o convênio atualmentvênio atualmentvênio atualmentvênio atualmentvênio atualmente.e.e.e.e.

À espera doÀ espera doÀ espera doÀ espera doÀ espera dodoutoradodoutoradodoutoradodoutoradodoutorado

O advogado Alaim Stefanello suge-re que a ADVOCEF e a Escola de Advo-cacia CAIXA estudem medidas de in-centivo também ao mestrado e douto-rado. Haveria grande interesse, na suaopinião. "Afinal, todas as empresas degrande porte buscam qualificar seusfuncionários investindo e reconhecen-do os mestres e doutores."

Afirma que, no Brasil, a maioria de-les está nas instituições públicas depesquisa, mas asoutras empre-sas procuramcada vez maispor estes profis-sionais. "NosEUA, por exemplo,a maioria dospro f i ss iona iscom doutoradojá está na inicia-tiva privada."

Recentemente aprovado para odoutorado em Direito na PUC/PR, Alaimpassa a integrar um grupo que, na CAI-XA, tem pouquíssimos membros (VolnirAragão, do JURIR/RS, é outro selecio-nado, para o doutorado na PUC/RS)."Nosso desafio de praticar e ser reco-nhecida como a melhor advocacia pú-blica do país passa pela pós-graduaçãostricto sensu dos advogados da Empre-sa", acredita o advogado.

Uma de Rui BarbosaContam que certa vez Rui Barbosa,

ao chegar em casa, ouviu um barulhoestranho vindo do quintal. Chegando lá,constatou que havia um ladrão tentandolevar seus patos de criação.

Aproximou-se vagarosamente do in-divíduo e, surpreendendo-o ao tentar pu-lar o muro com seus amados patos, dis-se-lhe:

- Oh, bucéfalo anácroto! Não o inter-pelo pelo valor intrínseco dos bípedespalmípedes, mas sim pelo ato vil e sorra-teiro de profanares o recôndito da minha

| Humor

habitação, levando meus ovíparos àsorrelfa e à socapa. Se fazes isso por ne-cessidade, transijo; mas se é para zom-bares da minha elevada prosopopeia decidadão digno e honrado, dar-te-ei comminha bengala fosfórica bem no alto datua sinagoga, e o farei com tal ímpeto quete reduzirei à quinquagésima potência doque o vulgo denomina nada!

E o ladrão, confuso, respondeu:- Doutor, eu levo ou deixo os patos?

(Fonte: texto que circula na internet.)

|Natanael: a medida esbarraem questões institucionais

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Janeiro | 20098

Os números são animadores. Des-de que iniciaram os julgamentos de re-percussão geral no Supremo TribunalFederal, já se contabilizou uma reduçãoem mais de 40% na distribuição de pro-cessos. A explicação é simples, de acor-do com a juíza federal auxiliar da Presi-dência do STF, Taís Schilling Ferraz. Anova ferramenta, que praticamente eli-mina a necessidade da repetição de jul-gamentos sobre um mesmo tema peloSTF, reserva os esforços para as gran-des questões constitucionais - que te-nham relevância sob os aspectos políti-co, jurídico, social ou econômico e quenão visem apenas apenas aos interes-ses subjetivos da causa.

Em consequência, ressalta a juíza,as demais instâncias recebem relevan-tes subsídios no julgamento dos proces-sos. Além disso, obtém-se a redução dotempo de tramitação e a própriaadmissibilidade de recursos em casosde jurisprudência já consolidada.

E tem mais. "Sempre que associadaao novo instrumento a súmulavinculante, o alcance da decisão do STFse amplia, para atingir a administraçãopública, evitando, com isto, o surgimentode novas e repetitivas lides, com ganhosnão apenas para o funcionamento doPoder Judiciário, mas para a segurançadas relações jurídicas", afirma a juíza.

Ela observa que o sucesso da re-percussão geral depende de ampla co-municação entre os atores do proces-so. As matérias que foram levadas àanálise estão disponíveis no portal doSTF, com os resultados dos julgamen-tos e o seu inteiro teor. Foi desenvolvi-do um módulo de pesquisa por assun-to, para facilitar a localização dos te-mas de interesse. É possível acompa-nhar a distribuição dos processos e aedição de normativos, entre outrosdados.

Votação em tempo realOs tribunais e turmas recursais co-

municam-se com o STF, que podepriorizar julgamentos a partir do impac-to maior de uma determinada matériasobre os demais órgãos do Poder Judi-ciário. A juíza diz que, nos vários julga-mentos de mérito já realizados, o STFtem aprofundado as discussões, permi-tindo a atuação de amicus curiae, apre-sentação de memoriais, sustentaçõesorais, deixando claro o objetivo de so-lucionar da forma mais abrangente asquestões constitucionais.

Segundo a juíza, o STF vem demons-trando nos julgados a disposição de ex-plorar todo o potencial do novo instru-mento, utilizando soluções criativas,modificando procedimentos, abrindo

canais de comunicação com os agen-tes do processo.

"Recentemente o Plenário decidiu,por exemplo, assentar a competênciados tribunais e turmas recursais para oexame de ações cautelares destinadasa conferir efeito suspensivo ou a anteci-par a tutela em recursos extraordináriosque se encontram sobrestados na ori-gem, ainda que tais recursos já tenhamsido admitidos, remetidos ao STF e pos-teriormente devolvidos para o aguardodo julgamento de tema sobre o qual jáse reconheceu repercussão geral."

Segundo a juíza, se trata de enten-dimento que inova, frente à jurisprudên-cia consolidada nas súmulas 634 e635. "Na ocasião, mesmo mantendo apossibil idade de conhecimento decautelares em circunstâncias excepci-onais, o STF decidiu que é dos tribunaisde origem a análise individual das even-tuais situações de urgência relaciona-das aos processos sobrestados."

No final de novembro de 2008, o STFatendeu à solicitação da OAB e liberou adivulgação, em tempo real, da votação noPlenário Virtual das questões levadas àanálise de repercussão geral. A priorizaçãodos julgamentos leva em consideração, en-tre outros fatores, o volume de processossobrestados nos tribunais e turmasrecursais.

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|Sessão plenária do Supremo Tribunal Federal

Repercussão favorávelNovo instrumento processual corresponde às expectativas

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Janeiro | 2009 9

| Entrevista

As questões constitucionais já con-sideradas de repercussão geral são, namaioria, relacionadas ao Direito Tribu-tário e ao Direito Administrativo, todascom extenso potencial de multiplicaçãode processos. "Mas não há restri-ção quanto ao ramo do Direito",explica a juíza federal TaísSchilling Ferraz, que trabalha jun-to à Presidência do Supremo Tri-bunal Federal. Destacamos a se-guir trechos de sua entrevista àADVOCEF em Revista, em que es-clarece algumas questões quepreocupam os advogados.

ADADADADADVVVVVOCEF EM REVISOCEF EM REVISOCEF EM REVISOCEF EM REVISOCEF EM REVISTTTTTA - QuaisA - QuaisA - QuaisA - QuaisA - Quaissão as principais dúvidas aindasão as principais dúvidas aindasão as principais dúvidas aindasão as principais dúvidas aindasão as principais dúvidas aindaeeeeexistxistxistxistxistentententententes sobre a reperes sobre a reperes sobre a reperes sobre a reperes sobre a repercussãocussãocussãocussãocussãogeral?geral?geral?geral?geral?

TTTTTAÍS SCHILLING FERRAZAÍS SCHILLING FERRAZAÍS SCHILLING FERRAZAÍS SCHILLING FERRAZAÍS SCHILLING FERRAZ -Uma delas diz com o alcance efeti-vo das decisões da Suprema Cortefrente aos processos que tratam dequestões constitucionais equiva-lentes ou compatíveis com as já so-lucionadas no mérito, mas que te-nham origem em situações autô-nomas. Quando o STF decidir, porexemplo, que o IPTU de um deter-minado município é constitucional,porque não houve violação a de-terminado dispositivo da Carta, surgiráa indagação quanto ao alcance, comesta decisão, de recursos extraordinári-os que tratem da constitucionalidade doIPTU de um outro município, contestadoem face do mesmo dispositivo, que tra-te da mesma questão constitucional.

Outro ponto que vem suscitandoquestionamentos pelos tribunais e ad-vogados diz respeito à convivência darepercussão geral com os demais pres-supostos de admissibilidade dos recur-sos extraordinários. Na medida em queo sobrestamento dos processos múlti-plos (CPC, art. 543-B) ocorrerá antes dorespectivo juízo de admissibilidade dosrecursos extraordinários (RISTF, art.328-A), poderá haver retratação, pos-teriormente, pelos tribunais, em um re-curso carente de prequestionamento?

Respostas às dúvidasSão questionamentos que surgem namedida em que o novo instrumento al-cança fases mais adiantadas de aplica-ção e que vão sendo solucionados naapreciação de situações concretas.

ADADADADADVVVVVOCEF - O SOCEF - O SOCEF - O SOCEF - O SOCEF - O STF recebeu da OTF recebeu da OTF recebeu da OTF recebeu da OTF recebeu da OABABABABABo pedido de qo pedido de qo pedido de qo pedido de qo pedido de que haja maior objeue haja maior objeue haja maior objeue haja maior objeue haja maior objetivi-tivi-tivi-tivi-tivi-dade na defdade na defdade na defdade na defdade na definição dos reqinição dos reqinição dos reqinição dos reqinição dos requisituisituisituisituisitos paraos paraos paraos paraos paraa repera repera repera repera repercussão geral.cussão geral.cussão geral.cussão geral.cussão geral.

TTTTTAÍS FERRAZAÍS FERRAZAÍS FERRAZAÍS FERRAZAÍS FERRAZ - É importante lembrarque o legislador, quanto ao ponto, op-tou por não trabalhar com conceitos fe-chados, ao estabelecer comodefinidores da repercussão geral requi-sitos como relevância e transcendência.A definição dos contornos deste novopressuposto de admissibilidade estásendo dada pela jurisprudência do STF,nos mais de 140 casos já levados aoexame de repercussão geral.

ADADADADADVVVVVOCEF - UOCEF - UOCEF - UOCEF - UOCEF - Um tm tm tm tm temor qemor qemor qemor qemor que paira aíue paira aíue paira aíue paira aíue paira aíé qé qé qé qé que haja cerue haja cerue haja cerue haja cerue haja cerceamentceamentceamentceamentceamento do direito do direito do direito do direito do direito deo deo deo deo dedefdefdefdefdefesa.esa.esa.esa.esa.

TTTTTAÍS FERRAZAÍS FERRAZAÍS FERRAZAÍS FERRAZAÍS FERRAZ - O novo instituto nãoestá direcionado a eliminar ou reduzir

a possibilidade do exercício do direitode defesa pela parte, apenas racionali-za a forma pela qual a eventualinconformidade transitará, quando for-mulada através de recurso extraordiná-

rio. O que ocorre é uma mudançade paradigma: a parte poderá fa-zer seus argumentos chegarem aoSTF, ainda que seu recurso tenhapermanecido sobrestado enquan-to outro foi identificado e remeti-do ao STF como representativo deidêntica controvérsia. Só que seusargumentos terão que chegaratravés de outras vias que não ada remessa do recurso individu-al, permitindo que ao decidir amatéria o STF, em um único jul-gamento, possa contar com am-pla contribuição à formação doconvencimento. Isto se viabilizarápela entrega de memoriais, pelaintervenção dos amici curiae, in-clusive através de sustentaçõesorais. O STF vem realizando, noâmbito do controle concentradode constitucionalidade, audiênci-as públicas voltadas à ouvidamais ampla da sociedade sobre ostemas de grande relevância. Nãoé desarrazoado supor que esta

possibilidade venha a se estender paraalguns temas de repercussão geral aque justifiquem.

|Taís Ferraz: direito de defesa está garantido

Balanço do STFBalanço do STFBalanço do STFBalanço do STFBalanço do STFEm 2008, o Supremo Tribunal

Federal recebeu 99.218 novas açõespara julgar, representando uma redu-ção de 16,5% em relação a 2007. Onúmero de processos em tramitaçãopassou de 129.206 para 109.204.Foi reduzida também, em 41%, aquantidade de recursos distribuídosa cada ministro. O Supremo tomou123.641 decisões, em 2008, contra159.522 no ano anterior. Cerca de14,4 mil decisões STF trataram dematérias de repercussão geral.

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Janeiro | 200910

| Artigo

No esforço para desafogar o PoderJudiciário, o legislador brasileiro, ape-sar de não primar pela boa técnicalegislativa, tem editado algumas leisdesburocratizantes.

Dentre essas normas legais, pode-se destacar a Lei nº 11.441/2007, quedeu nova redação ao artigo 982 do Có-digo de Processo Civil, verbis: "HaHaHaHaHavvvvven-en-en-en-en-do tdo tdo tdo tdo testamentestamentestamentestamentestamento ou into ou into ou into ou into ou interessado incapaz,eressado incapaz,eressado incapaz,eressado incapaz,eressado incapaz,prprprprprocederocederocederocederoceder-se-á ao in-se-á ao in-se-á ao in-se-á ao in-se-á ao invvvvventário judicial; seentário judicial; seentário judicial; seentário judicial; seentário judicial; setttttodas as parodas as parodas as parodas as parodas as partttttes fes fes fes fes forem capazes e con-orem capazes e con-orem capazes e con-orem capazes e con-orem capazes e con-corcorcorcorcordes, poderá fdes, poderá fdes, poderá fdes, poderá fdes, poderá fazerazerazerazerazer-se o in-se o in-se o in-se o in-se o invvvvventário eentário eentário eentário eentário ea para para para para partilha por escritura pública, a qtilha por escritura pública, a qtilha por escritura pública, a qtilha por escritura pública, a qtilha por escritura pública, a qualualualualualconstituirá título hábil para o registrconstituirá título hábil para o registrconstituirá título hábil para o registrconstituirá título hábil para o registrconstituirá título hábil para o registroooooimobiliário.imobiliário.imobiliário.imobiliário.imobiliário."

A inovação trazida pela lei encon-tra-se inserida na segunda par tedo mencionado artigo 982, acimanegritada.

Significa dizer que se todos os legi-timados a habilitarem-se num inventá-rio/arrolamento (basicamente, cônjugesupérstite/companheiro sobrevivente eherdeiros) forem capazes e não haven-do divergências entre eles, é dispensá-vel a intervenção do Poder Judiciário,processando-se o inventário/arrola-mento por escritura pública, perante oTabelionato.

A inovação não tornou dispensávela figura do advogado na matéria e nemdeu poderes absolutos ao tabelião,como poderão imaginar os mais apres-sados.

Ao contrário, o tabelião somentepoderá lavrar a escritura de inventáriose os interessados estiverem assistidospor advogado, conforme previsão do

Bancos ainda nãoBancos ainda nãoBancos ainda nãoBancos ainda nãoBancos ainda nãoassimilaram oassimilaram oassimilaram oassimilaram oassimilaram o

inventárioinventárioinventárioinventárioinventárioextrajudicialextrajudicialextrajudicialextrajudicialextrajudicial

Antônio Dílson Pereira (*)

ou "formal de partilha". Em algumasvezes, não adianta argumentar quehouve alteração na lei. A resposta ésempre a mesma, "sem alvará judici-al ou formal de partilha não será pos-sível liberar os valores". Depois demuita insistência e de vários telefone-mas, os empregados dos bancos con-cordam em receber o pedido, a ser en-caminhado ao setor jurídico para aanálise e parecer, o que, quase sem-pre, é demorado.

Ao trazer o tema à discussão, con-cluo fazendo uma sugestão aos seto-res jurídicos dos bancos: emitam ori-entação às suas agências, esclarecen-do a matéria e facilitando a vida dosclientes. Caso contrário, todos estarãoautorizados a imaginar que essas difi-culdades são criadas, na verdade, como objetivo segurar o dinheiro alheio, evi-tando os saques dos valores existen-tes em nomes das pessoas falecidas.

Ademais, essa postura representaum obstáculo à tentativa de des-burocratização pretendida pelo legisla-dor.

(*) A(*) A(*) A(*) A(*) Advdvdvdvdvogado (eogado (eogado (eogado (eogado (ex-CAIXA e ex-CAIXA e ex-CAIXA e ex-CAIXA e ex-CAIXA e ex-Itaipux-Itaipux-Itaipux-Itaipux-ItaipuBinacional) e prBinacional) e prBinacional) e prBinacional) e prBinacional) e profofofofofessor deessor deessor deessor deessor deDireitDireitDireitDireitDireito Civil da Uo Civil da Uo Civil da Uo Civil da Uo Civil da Unicuritiba,nicuritiba,nicuritiba,nicuritiba,nicuritiba,

em Curitiba/PR.em Curitiba/PR.em Curitiba/PR.em Curitiba/PR.em Curitiba/PR.

parágrafo único do artigo,que dispõe: "O tabelião so-mente lavrará a escritura pú-blica se todas as partes inte-ressadas estiverem assisti-das por advogado comum ouadvogados de cada uma de-las, cuja qualificação e assinaturaconstarão do ato notarial."

Apesar de não ser o foco deste co-mentário, lembra-se que referida lei in-seriu, também, no mencionado Código,o artigo 124-A e seus parágrafos, per-mitindo a adoção da mesma sistemá-tica nas hipóteses de separaçãoconsensual e de divórcio consensual,desde que não haja menores ou inca-pazes. O que será abordado em outraoportunidade.

É forçoso reconhecer que essa mo-dificação legal foi boa e vem produzin-do bons frutos.

Contudo, a inovação ainda não foiassimilada por alguns setores, princi-palmente os bancos, acostumados coma sistemática anterior que dependiasempre da intervenção do Poder Judi-ciário.

Na prática, os interessados ou osadvogados, quando apresentam umaescritura de inventário a um estabele-cimento bancário, para sacarem valo-res neles existentes em nome do fale-cido, encontram grandes dificuldades,o que se deve à falta de orientação dasáreas jurídicas desses estabelecimen-tos às suas agências.

A primeira coisa que o empregadoda agência pede é o "alvará judicial"

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Janeiro | 2009 11

| Artigo

Há quase dez anos os advogados daCAIXA anseiam recuperar as perdas im-postas à sua remuneração, que hojediscrepa brutalmente da nossa forma-ção profissional, atribuições, responsa-bilidades e desempenho econômico daempregadora, sendo que a cada anoessa remuneração se afasta mais dasantigas referências, sem que nenhumaprovidência séria seja tomada.

Nesse período, o piso salarial foiachatado, o teto comprimido, de formaque os planos de cargos e salários apre-sentados projetam apenas para o de-salento de uma carreira sem perspecti-va, a carga horária foi aumentada de6h para 8h diárias, passamos a patro-cinar causas de terceiros e o númerode processos e demandas internas mul-tiplicou sobremaneira.

Perdemos totalmente o contato comos salários pagos à magistratura e aoMinistério Público, federal e estadual,sendo que categorias que percebiamsalários inferiores, como os defensorespúblicos e a AGU, há alguns anos nosultrapassaram. Atualmente o pisoda carreira jurídica da União é deR$ 14.049,53 e o teto de R$ 16.680,00,o que representa praticamente três ve-zes a remuneração inicial do advogadoda CAIXA 8h, que é de R$ 5.030,00, eo dobro do teto, fixado em R$ 8.289,00.

O Anexo I da Lei 11.358/06 esta-belece a tabela de subsídios (ver abai-xo) para as carreiras da área jurídica daUniãoconform tabela abaixo:

Não é questão demercado Angelo Ricardo Alves da Rocha (*)

Analisando a tabela acima fica muitoclaro que quando se quer reconhecer ereconhecer ereconhecer ereconhecer ereconhecer evvvvvalorizaralorizaralorizaralorizaralorizar o profissional a solução é sim-ples. Não existem formas mirabolantesamparadas em dados de mercado,coletados e analisados ao bel prazer dopesquisador. Observe-se que são apenas

"Maus ventos sopramas notícias de que a

estratégia da empresaserá aumentar o piso

de forma a incentivar oingresso e manutenção

dos novos."

EFEITEFEITEFEITEFEITEFEITOS FINANCEIROS FINANCEIROS FINANCEIROS FINANCEIROS FINANCEIROS A POS A POS A POS A POS A PARARARARARTIR DETIR DETIR DETIR DETIR DE1º JUL 20081º JUL 20081º JUL 20081º JUL 20081º JUL 2008 1º JUL 20091º JUL 20091º JUL 20091º JUL 20091º JUL 2009 1º JUL 201º JUL 201º JUL 201º JUL 201º JUL 201111100000

Especial R$ 16.680,00 R$ 18.260,00 R$ 19.451,00Primeira R$ 16.014,13 R$ 16.584,15 R$ 17.201,90Segunda R$ 14.049,53 R$ 14.549,53 R$ 14.970,60

CACACACACATEGORIATEGORIATEGORIATEGORIATEGORIA

três categorias, três faixas salariais ondea diferença gira em torno de R$ 1.000,00da segunda para a primeira, e de mais oumenos R$ 600,00 da primeira para a es-pecial. Poderia ser Júnior, Pleno e Sênior.Poucos anos de serviço, essencialmente,promovem a passagem de uma faixa sala-rial para outra, sendo que o profissionalnão precisará de 72 anos para alcançar aúltima categoria, que em julho de 2010terá salário de R$ 1R$ 1R$ 1R$ 1R$ 19.459.459.459.459.4511111,00,00,00,00,00.

Enquanto isso, no mesmo ano dacitada lei, a CAIXA apresentou um PCScom 36 referências, com remuneraçãoinicial em R$ 5.030,00 e final emR$ 8.289,00R$ 8.289,00R$ 8.289,00R$ 8.289,00R$ 8.289,00, onde um advogado daCAIXA com 35 anos de serviço vale a me-tade de um iniciante na carreira jurídicada União. As fantásticas regras dessePCS promoveram incompreensíveisdistorções salariais entre advogadoscom praticamente o mesmo tempo deserviço, e assim, a centenária Caixa Eco-nômica Federal caminha a passos largospara desmantelar o que já foi conside-rada como uma das melhores advocaci-as públicas do país.

Os advogados aprovados nos concur-sos públicos da CAIXA não querem ingres-sar e os recém-chegados se apressam emsair. Diante desse desinteresse crescen-te pela nossa "carreira jurídica", quemsabe com a participação da tentativa, ain-da tímida, de buscar o reconhecimentode categoria diferenciada e dos rumoresde greve, a empresa assumiu o compro-misso de revisão da tabela salarial.

Pessimista, entretanto, os maus ven-tos sopram as notícias de que a estraté-gia da empresa será aumentar o piso deforma a incentivar o ingresso e manuten-ção dos novos. Na hipótese de confirma-ção dessa medida, a empresa acenarápara mais uma armadilha e protelação da

solução que o caso exige, haja vista queos novos advogados, ainda que fiquemsatisfeitos por algum tempo, em breve es-tarão na mesma situação dos demais co-legas: com baixa remuneração, sem tem-po para estudar e sobrecarregados de tra-balho, tendo reduzido grandemente suaschances de sair da empresa.

Note-se, porém, que mesmo esse pro-vável ardil elevará o piso da carreira parauma faixa em tem tem tem tem torno de 1orno de 1orno de 1orno de 1orno de 100% de dif00% de dif00% de dif00% de dif00% de diferen-eren-eren-eren-eren-ça entre o piso das carreiras jurídicas daça entre o piso das carreiras jurídicas daça entre o piso das carreiras jurídicas daça entre o piso das carreiras jurídicas daça entre o piso das carreiras jurídicas daUUUUUniãoniãoniãoniãonião, além de não promover a VALORIZA-ÇÃO profissional que precisamos e mere-cemos. Esperemos, então, que essas pés-simas notícias sejam apenas intrigas dosque não acreditam na boa fé da empresa.

(*) A(*) A(*) A(*) A(*) Advdvdvdvdvogado da CAIXAogado da CAIXAogado da CAIXAogado da CAIXAogado da CAIXAem Vitória/ES.em Vitória/ES.em Vitória/ES.em Vitória/ES.em Vitória/ES.

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Janeiro | 200912

| Cena Jurídica

É advogadoO presidente que

assume o cargoneste mês nos

Estados Unidos,Barack Obama,

formou-se emDireito em 1991,sendo o primeiro

presidente negro -também - da

prestigiada HarvardLaw Review, revista da Universidade. Foi líder

comunitário, advogado na defesa de direitos civise professor de Direito Constitucional na

Universidade de Chicago. Foi eleito ao Senado deIllinois em 1996 e reeleito em 2000.

Tamanho da letraOs contratos de adesãodevem ser escritos comtamanho de fonte nãoinferior ao corpo 12,conforme determina a Lei nº11.785, de 22/9/2008. Oparágrafo 3º, do artigo 54, doCódigo de Defesa doConsumidor, passa a vigorarassim: "§ 3º. Os contratos deadesão escritos serãoredigidos em termos claros ecom caracteres ostensivos elegíveis, cujo tamanho dafonte não será inferior aocorpo doze, de modo afacilitar sua compreensãopelo consumidor."

Furor legislativoO advogado Gladston Mamede reclama da falta de tempo para atualizar o

Pandectas, informativo jurídico que edita e distribui pela internet(http://pandectas.blogspot.com/). Entre as causas, o grande volume de leis,

decretos e medidas provisórias existente hoje. "Esse furor legislativo éfenômeno que deve ser recebido com atenção por juristas, operadores doDireito e estudantes: o Direito tornou-se mais veloz em suas alterações,

exigindo estudo mais constante e acurado."

Chegou 2009Chegou 2009Chegou 2009Chegou 2009Chegou 2009"É tempo de novas esperanças, de realizações e, sobretudo, de olharmos para nosso

potencial, acreditar em nossa força e concretizar, com a velocidade possível, as obras quepretendemos edificar. Um ano repleto de projetos concluídos, de sonhos e de novas metas,

em virtuoso ciclo de homenagem à vida, em sentido amplo, e com a tenacidadecaracterizadora da atuação de advogadas, advogados e demais trabalhadores que atuam no

Jurídico da CAIXA." (Saudação de Ano Novo da ADVOCEF.)

O ano de 2008 estava emjulgamento. Para começar,

tinha se estendido para 366dias, apontou a acusação. E

continuou: aumento deimpostos, destruição

ambiental, febre amarela,dengue, escândalos dos

dossiês, crise dos grampos,queda das bolsas. "Que suaretrospectiva seja apagada",

pediu o acusador.

Julgamento de 20081. 2. O advogado de defesa, por sua vez,

começou informando que logo nocomeço do ano uma conceituadaagência classificou o Brasil como umpaís confiável. E no período houve a leiseca, proibição do nepotismo,descoberta do pré-sal, soltura de IngridBetancourt, Olimpíadas na China,eleição de Obama. Segundo o escritor Moacyr Scliar, omagistrado ficou tão indeciso que, antesde dar o veredicto, a sessão acabou.

3.

Punição dePunição dePunição dePunição dePunição deadvogadoadvogadoadvogadoadvogadoadvogado

O Projeto de Lei 4074/08,do deputado Juvenil

(PRTB-MG), puneadvogados por litigância de

má-fé e aumenta o valoratual da multa nesses

casos. Atualmente, sãopunidos apenas os

litigantes, com multa de1% do valor da causa.

Juvenil aumenta esse valorpara 5%. A proposta alteraa Lei 5.869/73. Segundo

o deputado, as máscondutas no processo

judicial muitas vezes nãosão provocadas pelo

litigante, que desconheceaspectos técnicos e

jurídicos do Judiciário.(Fonte: Agência Câmara.)

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|Moacyr Scliar

Verdes TrigosVerdes TrigosVerdes TrigosVerdes TrigosVerdes TrigosEm sessão de

10/11/2008, aCâmara

Municipal dePresidente

Prudente aprovouvotos de

congratulaçõesao site culturalVerdes Trigos,desenvolvido

pelo advogadoHenrique Chagas,

membro do Conselho Deliberativo daADVOCEF. O site completou dez anos

de existência. A homenagem foiproposta pela vereadora Alba Lucena

Gandia, que justificou: “Proporcionar oacesso à cultura e à reflexão são

ações que devem pautar o trabalhodos homens que pretendam viver em

uma sociedade realmentedemocrática. Parabéns!”.

|Henrique Chagas

Sobre gramposSobre gramposSobre gramposSobre gramposSobre gramposDefinição do humorista Jésus Rocha:

"Grampear telefone é um crime que sóa Justiça pode autorizar".

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Janeiro | 2009 13

| Cena Jurídica

Revista de Direitono TRF-1

O Tribunal Regional Federal da 1ªRegião já recebeu o último númeroda Revista de Direito da ADVOCEF.

A novidade foi repassada aosmagistrados e diretores do Tribunal

pela supervisora da Seção deBiblioteca, Lourdete de Castro

Martins de Oliveira.

Carimbo do tempoCarimbo do tempoCarimbo do tempoCarimbo do tempoCarimbo do tempoO momento em que um documento eletrônico

é assinado torna-se imprescindível muitasvezes para determinar a eficácia jurídica das

transações. É o que resolve o carimbo detempo ICP-Brasil, segundo o diretor do

Instituto de Tecnologia da Informação (ITI).Regulamentada em 1º/12/2008, a nova

tecnologia, de acordo com Maurício Coelho,agrega a sexta

propriedade àstransações

eletrônicas, depois daautenticidade,

integridade,confidencialidade, não-repúdio e validade jurídica.

Segurança para juízesFoi arquivado o Projeto de Lei 3491/

2008, que criava o Fundo Nacional deSegurança da Justiça Federal, para

implantar um sistema de segurançapara os juízes federais. O fundo seria

formado por 12,5% dos recursosprovenientes da alienação dos bens

perdidos em favor da União. Segundoo relator, deputado Silvio Costa (PMN-PE), norma da Comissão de Finanças

veda a utilização de recursos da Uniãoem casos como esse, em que as

atribuições previstas já sãodesenvolvidas pela Justiça Federal.

Espaço para o dissensoEspaço para o dissensoEspaço para o dissensoEspaço para o dissensoEspaço para o dissensoOs presidentes da Seccional da OAB/DF, Estefânia Viveiros, e da Comissão

de Advocacia Pública, Djacyr deArruda Filho, enviaram ofício à AGU

pedindo que se esclareça e sediferencie dissenso de mera

desobediência institucional oufuncional na advocacia. Destaca o

documento: "A hipótese deresponsabilização de advogado

público por contrariedade a parecervinculante, por ser delicada e situar-

se nos limites da imunidade porpalavras e atos - artigo 133 da

Constituição Federal - mereceriatratamento normativo especial porparte da Advocacia-Geral da União,para que seja assegurado espaço

necessário para o dissenso".

Posse na Agecef/SPPosse na Agecef/SPPosse na Agecef/SPPosse na Agecef/SPPosse na Agecef/SPTomou posse em 17 de dezembro anova Diretoria da AGECEF/SP(Associação dos Gestores da CAIXA/SP),eleita para a gestão 2008/2010. "Umagestão de muito progresso", desejou opresidente da ADVOCEF, Davi Duarte, aopresidente empossado, NilsonAlexandre de Moura Junior, e demaisintegrantes da chapa Ageceforte.

Coincidências editoriaisCoincidências editoriaisCoincidências editoriaisCoincidências editoriaisCoincidências editoriaisA edição de 31/12/2008 da revistaVeja contém matéria sobre o AcordoOrtográfico com o mesmo títulousado pelo Boletim da ADVOCEFem setembro de 2007: "A última doportuguês". Uma das ilustraçõesda matéria provém de reproduçãotambém usada pela ADVOCEFem Revista em novembro de

2008 (abaixo).

Estreia sem acento2. O advogado da CAIXA

Jefferson Douglas Soares,co-responsável pelacoluna Vale a Pena Saber,é favorável às mudanças elembra “que temos umavacatio legis muito boapara adaptação”: até 31de dezembro de 2012coexistirão as duasnormas.

1.Nesta edição, a ADVOCEF em Revista estreia(sem acento) no uso das novas regras

ortográficas, que estão em vigor desde 1º dejaneiro de 2009. Há ainda algumas confusões e

os dicionários não se entendem. Por exemplo:"pára-raios" passou a ser escrito como "para-

raios", segundo o Houaiss, e como "pararraios",segundo o Aurélio (ambos lançados em edições

de bolso, atualizados). A solução para esse eoutros impasses deverá vir até fevereiro, com a

posição oficial da Academia Brasileira de Letras.

Uso da internetUso da internetUso da internetUso da internetUso da internetO governo federal, o DistritoFederal, estados e municípiospoderão utilizar a internet comoveículo de comunicação oficial. OProjeto 323/06, do senadorDemóstenes Torres (DEM-GO), foiaprovado pela Comissão deConstituição, Justiça e Cidadaniado Senado. Se transformado emlei, segundo Demóstenes, haverámaior controle social da gestãopública, principalmente nospequenos municípios, onde osatos administrativos muitas vezessão fixados em murais internos daprefeitura.

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Janeiro | 200914

| Vale a Pena Saber

Breves considerações sobre o litisconsórcioativo necessário

Litisconsórcio nada mais é que a pluralidade de pessoas,quer no polo ativo (mais de um autor), passivo (mais de um réu)ou em ambos (mais de um autor e mais de um réu, recebendoa classificação de misto neste caso). Sobre a ótica do alcancedos seus efeitos ele pode ser classificado em unitário (quandoa decisão deve ser uniforme para todas as partes) ou não uni-tário (quando a decisão, embora proferida no mesmo proces-so, deve tratar de forma diferenciada cada parte. Ainda, sobrea obrigatoriedade do litisconsórcio temos o facultativo (quandoa sua ocorrência depende do interesse da parte) e o obrigató-rio (quanto a pluralidade de autores ou de réus é exigida pelalei ou pela situação fática).

Registre-se, por oportuno, que existe o litisconsórcio anô-malo ou anormal, onde as partes que atuam no mesmo polo darelação processual já atuaram como adversários no mesmoprocesso ou em outro feito.

Prosseguindo, é certo que o litisconsórcio necessário obri-ga a pessoa a litigar e restringe o poder de litigar, visto que aparte é obrigada a trazer ao processo o litisconsorte necessá-rio. Assim, discute-se na doutrina sobre a possibilidade da exis-tência de litisconsórcio ativo necessário, pois poderia haver umconflito de interesses entre dois pretensos autores, onde umdeles não concordaria com o ingresso da ação.

O professor Candido Rangel Dinamarco (Instituições de Di-reito Processual Civil. V. II. 5º ed. São Paulo: Malheiros Ed., 2005)sustenta que nesse caso de discordância, diante do princípioda liberdade, visto que ninguém seria obrigado a litigar contraa sua vontade, deveria ser sacrificado o direito de quem queriaingressar com a ação.

Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery (Códigode Processo Civil Comentado, 10º ed. São Paulo: RT, 2007)sustentam que o sujeito que se nega a ingressar com a ação

deve figurar no polo passivo da demanda, podendo após a cita-ção permanecer no polo passivo ou se deslocar para o poloativo da demanda.

O professor Cássio Scarpinella (Partes e terceiros no pro-cesso civil brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2003) preconiza queo sujeito que não quer litigar deve ser citado para assumir umadas três posturas processuais: a) assumir o polo ativo; b) assu-mir o polo passivo; ou, c) manter-se inerte, se sujeitando aosefeitos da sentença.

Já José Roberto dos Santos Bedaque (Código de ProcessoCivil Interpretado. Antônio Carlos Marcato (coord.). São Paulo:Atlas, 2004) sustenta que aquele que se reluta a integrar alide, cuja presença é indispensável, deve ser incluído no polopassivo e ser tratado como réu em toda a relação jurídica.

Por fim, consigna-se que o professor Fredie Didier Júnior(in artigo sobre o litisconsórcio ativo disponibilizado no sítiowww.frediedidier.com.br) afirma que inexiste tal litisconsórcio,porquanto o direito de ir a juízo não pode depender da vontadede outrem (inciso XXXV do art. 5.º da CF/88).

Em tempo, cita-se julgado que expressamente reconhece anecessidade do litisconsórcio necessário em caso que envolvea discussão de contratos habitacionais: "Tendo em vista que ocontrato de financiamento habitacional vinculado ao SistemaFinanceiro de Habitação (SFH) foi assinado pela apelante e porseu ex-marido (houve divórcio após a assinatura do contrato),cuja remuneração foi a única utilizada na composição da ren-da, há litisconsórcio necessário pela natureza da relação jurídi-ca (C.P.C., art. 47), uma vez que a decisão da causa propende aacarretar obrigação direta para ele, a prejudicá-lo ou a afetarseu direito subjetivo. 2. Dessa forma, constitui ônus processualda autora promover a intimação do ex-marido para integrar alide no polo ativo (C.P.C., art. 47, parágrafo único), podendo ojuiz suprir a eventual recusa dele (C.P.C., art. 11, aplicável poranalogia)" (TRF 1, AC 1999.38.00.020271-8 MG, Sexta Turma,Rel Des. Maria Isabel Gallotti Rodrigues, DJ 28/nov/2005).

Boa Ideia - A Nova Ortografia para Advogados,Estudantes e Curiosos

Autor: Jônatas Junqueira de Mello,Editora Saraiva, 1ª ed., 2009, 87 páginas.A obra apresenta as principais inovações decorrentes do Acor-

do Ortográfico da Língua Portuguesa, promulgado pelo Decreto6.583, de 29/set/2008, com ótima didática e objetividade. Inicial-mente, o autor aborda os impactos e as vantagens do Acordo, dan-do um breve histórico sobre as discussões precedentes, a forma-ção da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e a incum-bência deste órgão. A seguir, ele analisa as mudanças que afeta-ram nossa ortografia, como a alteração no alfabeto, na acentua-ção, no emprego do hífen e na pontuação, trazendo, ainda, o textodo Decreto e seus anexos para consulta.

SFH. FCVS. Duplo financiamento.Inaplicabilidade do artigo 3.° da Lei 8.100/90.

Cobertura do FCVS. Quitação da dívida."1. O art. 3.° da Lei 8.100/90, com redação dada pela Lei10.150/00, é expresso ao prever a possibilidade de utiliza-ção do FCVS, e a consequente quitação do saldo devedor,desde que os contratos tenham sido celebrados até 5 de de-zembro de 1990. 2. Dessa forma, não há qualquer restriçãoà possibilidade de quitação do saldo devedor de contratosfirmados até 5.12.1990. O legislador não estabeleceu qual-quer exceção, não se reportou para o fato de os imóveis se-rem localizados em Municípios diferentes, como condição dequitação do financiamento. Sendo assim, não há como seinterpretar extensivamente o referido artigo, como pretendea apelante." (TRF 5, AC 2004.81.00.022990-9 CE, SegundaTurma, Rel. Des. Manoel Erhardt, DJe 15/out/2008).

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| Vale a Pena Saber

Janeiro | 2009 15

ELABORAÇÃO

Giuliano D'Andrea, da REJUR/Ribeirão Preto([email protected])

e Jefferson Douglas Soares, do JURIR/Campinas([email protected]).

Colaborou: Vinícius Greghi Losano do JURIR/Campinas.

Sugestões dos colegas são bem-vindas.

Dano moral. Registros em cadastro deinadimplentes. Inexistência de dano.

Julgamento de recurso repetivo.A Seção, ao julgar recurso repetitivo (art. 543-C do CPC), re-afirmou a jurisprudência ao fixar a tese de que a ausênciade notificação prévia para a inscrição do devedor nos ór-gãos de restrição ao crédito, quando já existentes outrasinscrições, gera direito ao cancelamento da inscrição, masnão dá direito à indenização por dano moral. (...) Para o Min.João Otávio de Noronha, a situação jurídica do devedor é deinadimplemento, assim o mero descumprimento de formali-dades, no caso, não aprofunda sua dor quando já existen-tes várias anotações nesses cadastros. Pode haver até aimpontualidade por absoluta impotência financeira; não im-porta se por negligência, imprudência ou contingências alhei-as a sua vontade. Isso é um estado que abala o crédito, e oserviço de proteção ao crédito existe para procurar manter ahigidez no sistema, de modo que elevar r iscos,consequentemente, eleva preços não só das mercadoriascomo do próprio dinheiro, por meio dos juros. O Min. AldirPassarinho Junior ressaltou, ainda, que o objetivo do CDCquando exigiu a notificação prévia era permitir que o deve-dor providenciasse o pagamento em atraso, por isso a juris-prudência passou a fixar um valor para o ressarcimento quan-do não ocorresse a notificação prévia. Entretanto, com opassar do tempo, ocorreu que o devedor reconhecia a dívi-da nos autos, tinha várias anotações como inadimplente,mas queria ser indenizado por não ter sido notificado emuma delas. A partir daí, a jurisprudência evoluiu e passou aentender que o ilícito, nesses casos, era somente a inscri-ção irregular que deveria ser cancelada e, também, passoua não reconhecer o dano moral, porque a indenização per-dia a razão de ser, tendo em vista que o objetivo do art. 43,§ 2º, do CDC não estava sendo atingido até porque não ha-via a pretensão do devedor de pagar suas dívidas." (STJ, REsp1.062.336 RS e REsp 1.061.134 RS, Segunda Seção, Rel.Min. Nancy Andrighi, julgados em 10/dez/2008).

Trabalhista. Arquiteto. Categoria diferenciada.CAIXA. Jornada de trabalho diferenciada.

Validade."O arquiteto está inserido em categoria profissional diferen-ciada, com regulamentação específica através de estatutoespecial (Lei nº 4.950-A/66), pelo que não deve ser enqua-drado de acordo com a categoria econômica preponderantedo empregador. Portanto, quando contratado por Banco, nãopode ser equiparado aos trabalhadores bancários, sendo-lhe aplicáveis as disposições legais e convencionais especí-ficas de sua categoria diferenciada. Neste sentido, a Súmulanº 117/TST. Assim, não encontra óbice a contratação de ar-quiteto, por instituição bancária, para a jornada de oito ho-ras diárias, mormente quando expressamente prevista norespectivo edital de concurso público e no contrato individu-al celebrado pelas partes." (TRT 15, RO 01718-2006-096-15-00-9, Primeira Câmara, Rel. Des. Luiz Roberto Nunes, DJede 05/dez/2008).

Execução fiscal. Penhora online."Na espécie, recusado o bem imóvel oferecido à penhora,foi determinada a penhora online nos termos do art. 655-Ado CPC, com a redação dada pela Lei n. 11.382/2006. OMin. Relator ressaltou não desconhecer que, no julgamen-to dos EREsp 791.231-SP (DJ 19/12/2005), decidiu-se queo rol dos bens penhoráveis estabelecido no CPC não se en-contra graduado de modo absoluto e inflexível, bem comoa penhora em dinheiro é medida excepcional. Entretanto,no processo de execução, hoje o devedor não só alega, mastem que comprovar de modo irrefutável que a penhora emdinheiro pode acarretar a quebra da empresa ou o grave eirreparável dano e, simultaneamente, demonstrar que aconstrição de outro bem pode satisfazer o crédito. Dessaforma, não pode alegar o devedor a violação de modo ge-nérico e singelo, o que não afasta a carência dos recursosfinanceiros devidos e não pagos suportados pelo credor,titular de crédito líquido, certo e exigível. Diante do expos-to, a Turma negou provimento ao agravo regimental." (STJ,AgRg no REsp 1.051.276 RJ, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, julgado em 02/dez/2008).

FGTS. Despesas com perícia. Pagamentopor parte da CAIXA.

"Os honorários para pagamento de perícia contábil solici-tada pela CEF em execução de título judicial referente àcorreção monetária do FGTS não estão abrangidos pelaisenção prevista no art. 24-A da Lei n. 9.028/1995 - queeximiu o gestor do FGTS do pagamento de custas,emolumentos, taxas judiciais, além do depósito prévio eda multa em ação rescisória. Os honorários periciais, nocaso, encontram-se no conceito de despesas processuais,que não se confunde com custas e emolumentos, que sãocustas processuais, portanto são devidos os honorários doperito, passíveis, inclusive, de ser antecipados (Súm. n.232-STJ). (STJ, REsp 978.976 ES, Primeira Turma, Rel. Min.Luiz Fux, julgado em 09/dez/2008).

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| Série VIAGENS

Como nos livrosComo nos livrosComo nos livrosComo nos livrosComo nos livrosNas viagens, o reencontro com os cenários da literatura

Leitora voraz desde criança, a advogadaGisela Ladeira Bizarra Morone, do JURIR/SãoPaulo, sonhava ir aos lugares que conhecianos livros. Todos os anos, antes do Natal, via-java com a família sempre para o Rio (cidadede nascimento), onde ficava até o Carnaval.Só quando começou a trabalhar pôde reali-zar as viagens inspiradas pela literatura. "Ado-ro lugares históricos, cidades antigas, prédi-os centenários, onde fatos importantes daHistória ocorreram", conta.

Fez 17 viagens ao exterior, metade de-las à Europa. Nos Estados Unidos, aprovei-tando uma escala, passou uns dias emMiami, "mas não me empolga a cultura nor-te-americana". No Brasil, perdeu a conta dasviagens, mas ainda há muito por ver. "Infeliz-mente, é mais complicado, caro e insegurofazer uma viagem em nosso próprio país."

Inesquecível foi a primeira viagem a Pa-ris e Londres, em 1986, cenários dos livrosde Victor Hugo e Charles Dickens. Depois,outra viagem à França, em 2003, quando,com o marido, começou um estilo diferente,concentrando-se em apenas um país.

"O tour foi pelo Vale do Loire, região cen-tral da França, onde estão as raízes maisantigas daquele país, belos castelos, cidadesmedievais, muita história, produção de quei-jos, vinhos, feirinhas do interior. Ficamos hos-pedados em Saumur e de lá nos deslocáva-

mos para as cidades próximas. Depois se-guimos para a região da Normandia, SaintMalo (cidade dos corsários), região onde omar é o grande personagem, tudo gira emtorno de esportes náuticos e da pesca."

Segundo a advogada, o mais importan-te nas viagens é a sensação de "desligamen-to" da reali-dade:

"Deixamos todas as preocupações delado e nos divertimos o tempo todo, pareceaté que estamos constantemente embriaga-dos! Além disso, o tempo rende muito mais,tal a diversidade de informações. Daí a mi-nha preferência pelas viagens ao exterior, por-que essa sensação é maior.

"Talvez por força da diversidade cultural,o distanciamento da nossa realidade, pare-ce que nos tornamos personagens de outrahistória. Nenhum dia repete outro: são hábi-tos culturais diferentes, a alimentação, o idi-oma, o modo das pessoas se vestirem, de secomportarem, em tudo há novidades. Esse'colecionar' de descobertas logo se torna umvício, uma necessidade imperiosa de outraviagem, que só é amenizado pela prepara-ção da próxima, ainda que isso possa levarum, dois anos ou até mais para ocorrer, de-pendendo de nossas disponibilidades finan-ceiras!"| Subida para Montmartre, em Paris

A velhinha e a bigodudaGisela conta um episódio."Após almoçar muito bem, passeava pelo

centro de Viena, esperando as lojas reabri-rem, que faziam uma espécie de sesta. Emuma confeitaria, com doces confeitados demodo bem original, muito delicados, pareipara olhar a vitrine. Não havia quase ninguémna rua, eu lia o cartaz com os horários defuncionamento, quando apareceu uma se-nhora, bem velhinha, que falava comigo emalemão sem parar, gesticulando para que eua seguisse.

Não entendendo nada, eu a seguia (elaparecia uma pessoa normal!), enquanto ten-tava falar alguma coisa em inglês, mas nãonos entendíamos e ela continuava a andar eme chamava. Ela chegou a parar uma moça,para que traduzisse do alemão que iria meajudar, que eu deveria segui-la e não me pre-ocupar. Eu disse que não tinha nenhum pro-blema. A moça riu, mas não explicou nada àsimpática, mas complicada senhora, quecontinuava me chamando até algum lugar.

Finalmente, ficou esclarecido. Paramosem frente a uma outra confeitaria, daquelasde sonho, e a senhora gesticulava para queeu entrasse, numa alegria, como quem apon-

| Rio Loire, na França. Ao fundo, o Castelo de Chenonceau

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| Série VIAGENS

Antecipar as reservasNormalmente, a advogada Gisela

Morone volta de uma viagem já progra-mando a próxima. Nem sempre é possívelviajar ao exterior em anos seguidos. Porisso, intercala com viagens no Brasil ou apaíses próximos. Sendo para a Europa,sua preferida, procura viajar em abril/maioou setembro/outubro, períodos de baixaestação e clima agradável. Nesse casocomeça a reservar os hotéis cerca de oitomeses antes.

Antecipa pagamentos e compra euros,fugindo das variações cambiais. "Mas boaparte da moeda compramos mesmo como adiantamento de férias. Para as primei-ras contas usamos dinheiro e deixamos os

cartões de crédito mais para ofinal, para termos menos con-tas a pagar logo na volta. Masisso não deve ser feito em tem-pos de moeda instável, comoagora."

Para economizar (se exage-rou na véspera em restaurantecaro), apela: faz lanches ("quei-jos, vinhos, pães e frutas") nohotel. Afora percursos muitograndes, que justifiquem umaviagem de avião, prefere se des-locar de carro, mais divertido econfortável. "Considerando to-dos os custos, talvez vocês nãoacreditem, mas os 30 diascorrespondem a duas semanasem resort."

Guia deViajante

Todas as reservas são feitas pelainternet: hotéis, locação de carro, ticketspara museus ou lugares de interesse e vanpara os traslados ao aeroporto.

"É rápido, prático e seguro. Além dis-so, todos os roteiros e percursos (princi-palmente as condições das estradas, pe-dágios, distâncias e consumo de diesel)são analisados previamente e, depois dedefinidos, imprimimos os mapas detalha-dos. Um site que sempre utilizamos é o daMichelin."

Recomendações úteisAlém dos atrativos da própria cidade,

contam muito a facilidade de locomoção,boas estradas, oferta e custo das acomo-dações, gastronomia. "Não costumo esco-lher cidades que tenham um só atrativo,por exemplo, só praia, ou só montanha,porque acaba cansativo."

"Indispensável, também, é levar umapasta com cópia de todas as reservas fei-tas pela internet (por precaução!), dos ma-pas e roteiros e dos documentos pessoaise cartões de crédito. Aliás, dos documen-tos (passaportes) e cartões, é aconselhá-vel manter uma cópia em cada mala."

Em resumo, hoje é muito fácil organi-zar uma viagem:

"Existem diversos sites confiáveis. Ébom ler as opiniões dos usuários, no casode hotéis. Existem inúmeros guias à ven-da nas livrarias, mas só compre quando játiver certeza do destino. Para ajudar napreparação da viagem recomendo ler o'Cem Dicas Para Viajar Melhor', do RicardoFreire, e o 'Pequeno Livro de Viagem - GuiaPara Toda Hora', de Mari Campos. São bempequenos, mas trazem informações inte-ressantes e muitos endereços de sites re-lacionados ao tema."

ta a tábua de salvação. E ficou do lado defora, me olhando. Entrei e enquanto não com-prei alguns doces a senhora não parou deme vigiar. Só depois ela foi embora, tranqüi-la. Bem, não foi um sacrifício comer um da-queles doces maravilhosos."

Outra história:"Os portugueses gostam de nos pregar

algumas peças. Percebemos que em outrospaíses eles gostam de nos atender em fran-cês, mesmo vendo que somos brasileiros.Então eu, meu marido e amigos aprendemosa ficar atentos, até sabermos que língua fa-lam as pessoas que nos atendem, principal-mente em cafés ou restaurantes. Apesar dis-so, certa vez, em Genebra, no final de umalmoço com comida excelente mas com aten-dimento sofrível, depois de já termos faladoalgumas bobagens, nossos amigos disseramque pagariam logo em dinheiro, pois nãoaguentavam mais a "bigoduda mal-humorada" que estava nos atendendo. Nis-to, a tal atendente-bigoduda, e que só falouem bom francês o tempo todo, vira-se paranós e pergunta, com ar irônico e em fluenteportuguês, se preferíamos o troco em francosuíço ou em euros!"

De castelos a presídiosNa última viagem, em 2007, Gisela pas-

sou 33 dias em Brugges (Bélgica),Amsterdam, Milão, Veneza, Chagny (Regiãoda Borgonha) e Paris, tudo de carro, percor-rendo 4.500 Km.

"Além das visitas aos castelos, museus eaté presídios, o que mais gosto é simplesmen-te andar, descobrir vielas, parques, jardins."De avião, foi a Portugal visitar parentes e

retornou a Paris por mais três dias, para en-cerrar a viagem. "É uma tradição nossa termi-nar a viagem em Paris, a minha cidade prefe-rida. Gastamos cerca de 6 mil euros por ca-sal, considerando todas as despesas que ci-tei, inclusive os ingressos e até os cafezinhos(estes é que pesam no orçamento!)"

Sobre a próxima viagem."Antes das novidades na economia mun-

dial programávamos a viagem para setembrode 2009, Itália (região da Toscana) e França,possivelmente a região de Bordeaux, para ter-

minar em Paris. Ou o nordeste da França(Alsácia), depois uma parte da Alemanha, delá iríamos de carro até Londres e voltando peloEurotúnel a Paris, onde terminaríamos a via-gem. Assim, até o final de janeiro de 2009 de-veríamos fechar o roteiro, as cidades ou re-gião do país em que ficaríamos baseados, paraentão começar a procurar bons preços e fa-zer reservas. Mas agora adiaremos um pou-co, para avaliar em janeiro se manteremos aEuropa. Se não der, temos destinos interes-santes no Brasil e na América do Sul."

| Em Murano, ilha próxima a Veneza

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| Lançamento

Origens do FundoOrigens do FundoOrigens do FundoOrigens do FundoOrigens do Fundo"Foi um caso específico de dificuldades

que acabou dando o impulso decisivo paraa concepção do FGTS. Segundo o relatoautobiográfico do economista Roberto Cam-pos, ministro do Planejamento à época, opresidente Castello Branco es-tava determinado a privatizar aFábrica Nacional de Motores(FNM), uma empresa estatalconcebida durante a SegundaGuerra Mundial para fabrica-ção de motores de avião e que,posteriormente, foi transforma-da numa fábrica de cami-nhões. Com o tempo, a FNM foise tornando obsoleta e defici-tária, sendo fonte de grandesprejuízos ao governo. Camposrelata o curioso episódio:

‘A intenção de Castello era vender aFNM a interesses particulares. Pediu-mepara que examinasse o assunto. Depois derudimentar análise, a ele voltei, com o vere-dicto de que a empresa era invendável. Ha-via cerca de 4.000 funcionários, na grande

maioria estáveis. Quem a comprasse, com-praria um gigantesco passivo trabalhista. Esteera um fator inibidor da compra e venda deempresas e, portanto, do capitalismo moder-no, que pressupõe dinamismo industrial,

através de um processo contí-nuo de aquisição, incorporação,fusão e cisão de empresas. Pe-diu-me Castello engenheiraruma fórmula capaz de criar al-guma flexibilidade na relaçãocapital/trabalho. Daí se originoua fórmula do FGTS, de substitui-ção da estabilidade por um pe-cúlio financeiro, em conta nomi-nal do empregado, que ele po-deria transportar consigo de em-presa para empresa’.

(...) Após um intenso traba-lho de convencimento junto aos sindicatos eà mídia, além de forte atuação parlamentarde Castello Branco, o projeto de lei que criavao Fundo de Garantia foi finalmente submeti-do ao Congresso Nacional em agosto de1966."

O livro "FGTS - Fundo de Garantia do Tem-po de Serviço" (Editora LTR, 300 páginas),lançado em 9/12/2008, em Brasília, é frutodireto da experiência vivida pelo autor naCaixa Econômica Federal. Ao ingressar naempresa em 2002, o advogado FabianoJantalia se deparou com 1,4 milhão de pro-cessos que questionavam o Fundo, devidoprincipalmente aos chamados expurgos in-flacionários.

Já como gerente do Contencioso deFGTS, Fabiano constatou a escassez de pu-blicações a respeito do Fundo. A última obrapublicada, em 2000, além de defasada, emrazão de alterações posteriores na Lei nº8.036/90, não contemplava dois pontos im-portantes: as hipóteses de saque e as con-trovérsias jurisprudenciais. Com estas moti-vações, Fabiano partiu para a pesquisa e re-alização da sua obra. "Não tenho medo deinovar, de criar, de produzir", declara o advo-gado, hoje procurador do Banco Central, emBrasília.

Fabiano concluiu que o excessivo volu-me de processos se devia à falta de conhe-cimento mais profundo do FGTS por todosos agentes envolvidos. De um lado, os auto-res e seus advogados levando ao Judiciárioas mais diversas teses, "com fundamentosde duvidosa consistência jurídica". De outro,a CAIXA, cumprindo seu dever na defesa doFundo de Garantia. "Entre as partes envolvi-das, um Judiciário cada vez mais impacien-te e incomodado com tantos processos so-bre o mesmo assunto e extremamente re-fratário a um exame mais detido eaprofundado do tema", lembra Fabiano.

Controvérsias nos tribunaisAs ações e os recursos se multiplica-

vam, os processos se prolongavam demais.Ainda mais grave, segundo o advogado, eraa banalização da temática jurídica em ques-tão, "com a prolação de decisões judiciaisguiadas mais pela equidade do que pelasdisposições legais aplicáveis".

Como o livro foi escrito com base naslacunas da doutrina, Fabiano afirma que hámuita coisa que pode ser útil aos advoga-dos em geral e, especialmente, aos da CAI-XA. Na verdade, o livro se destina tambéma juízes, promotores e acadêmicos que pre-tendam estudar o assunto. "Há reflexõesminhas sobre cada uma das hipóteses desaque do FGTS. E quase metade do livro édedicada ao estudo das controvérsias

Lições do frontLivro sobre FGTS retrata experiência na CAIXA

jurisprudenciais acercado FGTS, tema ao qualdediquei quase toda aminha atuação profissio-nal na CEF."

A CAIXA, aliás, foi"uma grande escola devida, onde tive a honra defazer grandes amigos e dereceber preciosos conselhos e orientações",conforme registra o autor. A revisão final dolivro foi feita pelo amigo Roberto Maia, advo-gado do JURIR/Porto Alegre e diretor de Co-municação da ADVOCEF.

A obra inclui um histórico sobre a relaçãode emprego no Direito internacional e no con-texto brasileiro e faz uma análise sobre a com-posição do patrimônio do Fundo e sua estru-tura de administração. O autor examina ain-da o FGTS sob a ótica dos empregados eempregadores.

Instituto maltratadoFabiano diz que escreveu o livro com amor

e dedicação, para contribuir no debate sobre otema. Garante, por isso, que não se restringiu "auma narrativa insossa das disposições da lei. O

que o leitor terá, segundo Fabiano, é a sua visãocrítica "dos variados componentes desse enge-nhoso, mas hoje maltratado instituto".

Há espaço também para aspectos curio-sos, como a revelação sobre os bastidores dacriação do Fundo, envolvendo a fábrica queproduzia os populares caminhões "fenemês",nos anos 60 (leia no quadro).

Fabiano Jantalia é especialista em Direi-to Público. Em 2005, integrava a equipe res-ponsável pela vitória da CAIXA nas ações dosexpurgos inflacionários do FGTS. Desde 2006,é procurador do Banco Central, onde atua naCoordenação-Geral de Consultoria Monetáriae Internacional. É diretor da Associação Naci-onal dos Procuradores do Banco Central(APBC) e membro fundador da AssociaçãoBrasileira de Direito e Economia (ABDE).

|Fabiano autografa exemplar de seu livro para o colega daCAIXA Estanislau Luciano de Oliveira

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Janeiro | 2009 19

André Falcão de Melo (*)Tava aqui na frente deste teclado ami-go (bajulando..., pra ver se ele me ajudacom a inspiração que teima em bater-me aporta à cara), matutando como abordar otema das mal-traçadas linhas a que meincumbi criar (ou seria alinhavar?) até ama-nhã, quando minha mãe vem me lembrarque hoje, véspera de ano-novo, não secome bicho que cisca pra trás. Na verda-de, não sei se algum bicho cisca pra frente- donde haveria aí redundância imperdoá-vel dela, e minha, que a absorvi -, mas va-mos admitir que sim, tá? Se não por mim,ao menos pela minha mãe querida. Assim,na véspera e, claro, na ceia de ano-novo,nada de comer galinha, frango, pinto, perue por aí vai (parece até que tô maliciando,ao citar essas últimas espécies, pinto eperu, mas tô não. Juro! Afinal, pinto, não,mas peru não se come na ceia do Natal,mesmo?). E parei no peru - olha ele aí,involuntariamente, de novo - porque nãome lembro mais de nenhum bicho quecisque pra trás e a gente eventual ou coti-dianamente trace. Se houver outros, con-sidere-os igualmente proibidos; só isto.

A propósito, e ao contrário, esclare-ceu-me minha antenada mãe (algo me dizque ela não vai gostar muito de suainvoluntária participação nesta crônica)que muito bom para a ceia de ano-novo éo porco, já que fuça a terra... pra frente!Percebeu? A lógica é a mesma. A diferen-ça é que enquanto aqueles ciscam, e pratrás; este, o porco, fuça, e pra frente. Ali-ás, vai ter porco na ceia aqui de casa.

Pois bem, o alerta materno, que mepropiciou os devaneios rasgados acima e,espero, adiante (quando mal ou bem con-cluirei a crônica, dando por encerrado omister), se deu porque em meus planosprimitivos - já, naturalmente, abortados -imaginava comer um peito de frango noalmoço. Mas como disse: ideia sepultada.Segundo dona Ilka é porque levaria a gen-te pra trás - pro ano que finda - e não prafrente, pro novo ano, como deve ser. "Masnem sem comer os pés do bicho?", inda-guei. Afinal, pretendia alimentar-me do seupeito, não dos seus pés. "Não adianta", va-ticinou, categórica. "Dá pra trás." Humm...Seja lá como for, tem sentido. Afinal, quemcisca pra trás, olhe-se por onde se queira,é mesmo o dono dos pés. Estes o fazem

porque são pelo proprietário, no caso o bi-cho, mandados. Aliás, galinha tem pés oupatas? Bom, custa nada adiar o peito dofrango...

Eita! Lembrei-me agora, agorinha mes-mo, do nosso amigo cachorro. Não, não éo apelido de alguém, não. Tô falando docão! É, o cão, melhor amigo do homem! Oxe!Por que o espanto? E ele então não cisca(e pra trás) quando faz suas necessidades?Só que no caso do nosso velho companhei-ro, não tenho dúvidas, são as patas queciscam. E será que os chineses e a velhaguarda coreana o comem também na vés-pera de ano-novo? Bom, se comem, lá nãodeve valer a crença, já que esses países,ao menos economicamente, vão de vento

em popa. Valha-me, Deus! Mais um motivopra nunca incluirmos nosso companheirono cardápio. Minha cadela e o cão da mi-nha namorada, respectivamente a Kika e oBruce Willis, além dos cães do resto domundo quase todo, agradecem.

Então peguei meus dois filhos quemoram aqui em Maceió e minha namora-da e fomos ao Xópin almoçar. Enquantoescolhíamos o que iríamos comer dentreas alternativas proteicas restantes (carnede boi, peixe, camarão, etecétera), não re-sisti em dar uma passada d'olhos nas me-sas das outras pessoas que se serviam,acomodadas na "praça de alimentação".

Incrível! Juro! Não vi, nos pratos alheiosimperdoavelmente, mas discretamente, in-vestigados por mim, uma mísera asa defrango sequer, pra contar história. O quedizer-se de um belo peito do bicho, ou mes-mo um empanado. Nada! Caramba! Entãose trata de um verdadeiro dogma popular!Bom, ao menos hoje os frangos estariam asalvo, foi a conclusão inarredável. Que bom.

Findo já o almoço, toca o telefone ce-lular. É minha preocupada mãe - preocupa-da com o meu futuro próximo (o ano-novoque se aproxima): "Oi, mãe. Diz aí." "Filho,você já almoçou?" "Já, mãe". "Comeu fran-go, não, né?" "Não, mãe. Comi, não", disse-lhe, tranquilizando-a.

Ah! Ia esquecendo de contar. Ato con-tínuo - isto é, imediatamente após rece-ber o importante conselho e alerta ma-terno -, tratei de providenciar fossem deleavisados, o quanto antes, minha namo-rada, meus filhos, demais familiares,amigos e, claro, vocês, meus queridosleitores e leitoras que, aliás, tiveram asimpressionantes, quase inacreditáveis,generosidade e paciência de ler-me atéaqui. Jamais seriam, até por isto, esque-cidos, tanto que a crônica pretende cum-prir essa missão.

Portanto, eis o aviso (e quem avisaamigo é): não comam bicho que ciscapra trás na véspera de ano-novo! Hein?Como assim? Não vão lê-la a tempo deeu conseguir evitar o desastre? Eita! É

mesmo! E agora? Nossa Senhora! É verda-de; quando esta crônica for publicada - istoé, quando vocês virem a conhecê-la - já es-taremos no novo ano! Nada; preocupem-se, não. Vamos deixar de drama. Afinal, ésó uma crendice popular. Confie em mim.Você que, desconhecendo o fato, comeuaquele peru na ceia de ano-novo, não vaiandar pra trás, coisa nenhuma. Repita co-migo: eu vou pra frente, eu vou pra frente,eu vou pra frente... Isto, continue dizendoumas cinquenta vezes por dia durante, di-gamos, o primeiro mês do ano. Pronto. Podeficar tranquilo. Contra a força da crendice,a força do pensamento positivo. É infalível.Feliz Ano-Novo! Coitado...

(*) A(*) A(*) A(*) A(*) Advdvdvdvdvogado da CAIXAogado da CAIXAogado da CAIXAogado da CAIXAogado da CAIXAem Maceió/AL.em Maceió/AL.em Maceió/AL.em Maceió/AL.em Maceió/AL.

| Crônica

Nada que cisque pra trásNada que cisque pra trásNada que cisque pra trásNada que cisque pra trásNada que cisque pra trás

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