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Advocef em Revista Janeiro/2012

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Page 1: Advocef em Revista Janeiro/2012
Page 2: Advocef em Revista Janeiro/2012

Janeiro | 20122

www.advocef.org.br � Discagem gratuita 0800.601.3020

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ADVOGADOSDA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL

DIRETORIA EXECUTIVA 2011-2012Presidente: Carlos Alberto Regueira de Castro e Silva (Recife)Vice-Presidente: Anna Claudia de Vasconcellos (Florianópolis)1º Secretário: Luciano Caixeta Amâncio (Brasília)2º Secretário: Jair Oliveira Figueiredo Mendes (Salvador)1º Tesoureiro: Isabella Gomes Machado(Brasília)2º Tesoureiro: Estanislau Luciano de Oliveira (Brasília)Diretor de Articulação e Relacionamento Institucional:Júlio Vitor Greve (Brasília)|[email protected] de Comunicação, Relacionamento Interno e Eventos:Roberto Maia (Porto Alegre)|[email protected] de Honorários Advocatícios:Álvaro Sérgio Weiler Junior (Porto Alegre)|[email protected] de Negociação Coletiva:Marcelo Dutra Victor (Belo Horizonte)|[email protected] de Prerrogativas:Pedro Jorge Santana Pereira (Recife)|[email protected] Jurídico:Fernando da Silva Abs da Cruz (Porto Alegre)|[email protected] Social:Elenise Peruzzo dos Santos (Porto Alegre)|[email protected] REGIONAISBianco Souza Morelli (Aracaju)|Tânia Maria Trevisan (Bauru)|Patrick Ruiz Lima(Belém)|Leandro Clementoni da Cunha (Belo Horizonte)|Júlio Vitor Greve(Brasília)|Ricardo Tavares Baraviera (Brasília)|Lya Rachel Basseto Vieira(Campinas)|Alfredo de Souza Briltes (Campo Grande)| Daniele Cristina das Neves(Cascavel)|Juel Prudêncio Borges (Cuiabá)| Susan Emily Iancoski Soeiro(Curitiba)|Edson Maciel Monteiro (Florianópolis)|Maria Rosa de Carvalho Leite Neta(Fortaleza)|Ivan Sergio Por to Vaz (Goiânia)|Isaac Marques Catão (JoãoPessoa)|Rodrigo Trezza Borges (Juiz de Fora)|Altair Rodrigues de Paula(Londrina)|Dioclécio Cavalcante Neto (Maceió)|Raimundo Anastácio Carvalho DutraFilho (Manaus)|José Irajá de Almeida (Maringá)|Carlos Rober to de Araujo(Natal)|Daniel Burkle Ward (Niterói)|João Batista Gabbardo (Novo Hamburgo)|PabloDrum (Porto Alegre)|Bruno Ricardo Carvalho de Souza (Porto Velho)|Justiniano Diasda Silva Júnior (Recife)|Sandro Endrigo Chiarotti (Ribeirão Preto)|Carlos Eduardo LeiteSaboya (Rio de Janeiro)|Jair Oliveira Figueiredo Mendes (Salvador)|Fabio Radin(Santa Maria)|Antonio Carlos Origa Júnior (São José do Rio Preto)|Flávia ElisabeteKarrer (São José dos Campos)|Virginia Neusa Lima Cardoso (São Luís)|RolandGomes Pinheiro da Silva (São Paulo)|Edvaldo Martins Viana Júnior (Teresina)|TiagoNeder Barroca (Uberaba)|Lucíola Parreira Vasconcelos (Uberlândia)|Angelo RicardoAlves da Rocha (Vitória)|Aldir Gomes Selles (Volta Redonda)CONSELHO DELIBERATIVOMembros efetivos:Davi Duarte (Porto Alegre), Renato Luiz Harmi Hino (Curitiba),Alfredo Ambrósio Neto (Goiânia), Juliana Varella Barca de Miranda Porto (Brasília) eElton Nobre de Oliveira (Rio de Janeiro).Membros suplentes: Antônio Xavier de Moraes Primo (Recife), Fábio Romero de SouzaRangel (João Pessoa) e Jayme de Azevedo Lima (Curitiba).CONSELHO FISCALMembros efetivos: Daniele Cristina Alaniz Macedo (São Paulo), Rogério Rubim deMiranda Magalhães (Belo Horizonte) e Adonias Melo de Cordeiro (Fortaleza).Membro suplente: Melissa Santos Pinheiro Vassoler Silva (Porto Velho).Endereço em Brasília/DF:SBS, Quadra 2, Bloco Q, Lote 3, Sala 1410 | Edifício João Carlos SaadCEP 70070-120 | Fone (61) 3224-3020E-mail: [email protected] | Gerente administrativa e financeira: Ana NiedjaMendes Nunes | Assistente financeira: Kelly Carvalho | Assistente administrativa:Valquíria Dias de Oliveira Lisboa | Recepcionista: Roane Gomes Máximo

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Edito

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Conselho Editorial: Álvaro Sérgio Weiler Junior, Anna Claudia de Vasconcellos, CarlosCastro, Davi Duarte, Estanislau Luciano de Oliveira, Fernando Abs da Cruz, Isabella GomesMachado, Jair Mendes, Júlio Greve, Luciano Caixeta Amâncio, Marcelo Dutra Victor e RobertoMaia|Jornalista responsável: Mário Goular t Duar te (Reg. Prof. 4662) - E-mail:[email protected].|Projeto gráfico: Eduardo Furasté|Editoração eletrônica: JoséRoberto Vazquez Elmo|Capa e contracapa: Eduardo Furasté|Ilustrações: Ronaldo Selistre|Tiragem: 1.000 exemplares|Impressão: Gráfica Pallotti|Periodicidade: Mensal.

A ADVOCEF em Revista é distribuída aos advogados da CAIXA, a entidades associativas e ainstituições de ensino e jurídicas.

Esta edição está também disponível no site da ADVOCEF (www.advocef.org.br).

As opiniões publicadas são de responsabilidade de seus autores,não refletindo necessariamente o pensamento da ADVOCEF.

Trata-se de lugar-comum afirmar que um bom pro-fissional torna-se excelente quando às suas habilidadespode somar o ferramental mais apropriado.

Assim funciona com o pedreiro, o marceneiro, enfim,com todos os exercentes de uma profissão ou labor.

Com o advogado não poderia ser diferente.E quais são suas ferramentas: o conhecimento, a

perspicácia, bons livros e outras mídias de suporte, massobretudo o somatório de todas essas, aliadas à experi-ência por tudo quanto tenha passado ou vivenciado emsua jornada pessoal.

Esta edição procura trazer alguns tópicos acerca deuma parcela do ferramental de que dispõem os Opera-dores do Direito, no afã de melhor atuar e responder àscrescentes exigências que o mercado e a atualidade ofe-recem.

Uma matéria sobre técnicas para uma melhor atua-ção nas conhecidas sustentações orais, uma das ima-gens mais reconhecidas - até mesmo fora dos domíniosexclusivos da advocacia - da atuação do advogado.

Depoimentos, informações e também o reconheci-mento pela boa iniciativa que culminou na realização deeventos que habilitam os advogados da CAIXA a bemdesempenharem suas atribuições perante os tribunais.

Outros tantos tópicos e matérias são trazidos paramostrar bons exemplos de resultados deste aprimora-mento permanente: a publicação de produção intelectu-al em veículos de reconhecida qualificação, o desempe-nho em órgãos vinculados ao Direito, os resultados posi-tivos e crescentes na condução de toda espécie de pro-cessos judiciais.

Exemplos concretos de que os investimentos noaprimoramento profissional rendem bons frutos, tantoaos sujeitos quanto às instituições, que passam a terretorno ainda mais qualificado e permanente de seusprofissionais.

Estamos em janeiro, mês propício à renovação eatualização das boas e desejáveis previsões e augúrios,por vezes fonte mesmo de motivações positivas e desuporte a um ano melhor.

Como não pode faltar num veículo com desejosmúltiplos, as próximas páginas também acolhem bemhumorados textos, outros tantos técnicos e com conteú-do que bem se prestam a fornecer outras ferramentasaos seus leitores: entretenimento, informação, debate,polêmica, mas, acima de tudo, oportunidades ao cresci-mento e aprimoramento, pessoal e profissional.

Boa leitura!

O profissionale suas

ferramentas

Diretoria Executiva da ADVOCEFDiretoria Executiva da ADVOCEFDiretoria Executiva da ADVOCEFDiretoria Executiva da ADVOCEFDiretoria Executiva da ADVOCEF

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Os sustentadores oraisEs

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Como advogados bons de oratória defendem a CAIXA nos tribunais

Mais de 40 advogados da GETEN,GEATS, GEAJU e JURIR/BR participaramdo curso "Sustentação Oral em Tribu-nais", realizado nos dias 27 e 28 de de-zembro no auditório do Jurídico Regio-nal de Brasília. Promovido pela Escolade Advocacia CAIXA em parceria com osJurídicos Regionais do Rio de Janeiro ede Brasília e elaborado e apresentadopelo advogado Sérgio Luiz Fuks, instru-tor formado pela Universidade CAIXA, oprojeto transmite orientações práticas epropicia a troca de experiências entreos participantes.

Na segunda parte, conforme explicao consultor jurídico da CAIXA FredericoRennó, os advogados exercitam as liçõesaprendidas em um ambiente amistoso esem a pressão da realidade austera dostribunais. Os papéis de desembargadores,presidente de sessão, relator, advogadoda parte contrária, advogado impertinen-te e sustentador são exercidos pelos pró-prios colegas, com feedback e avaliaçãoconjunta, diz Rennó.

O curso foi além das expectativas daadvogada Jucileia Gomes de OliveiraFélix, que já fez algumas defesas no tri-

bunal do júri, antes de entrar na CAIXA,mas nunca praticou sustentação oral emsegunda instância ou em tribunais supe-riores.

"A palestra apresentou ótima técni-ca. Senti-me encorajada", disse Jucileia."É um complemento não apenascurricular, mas um investimento da CEFem seus profissionais que certamentetrará ótimos resultados nas demandasjudiciais. Que o curso seja ministrado emtodos os Jurídicos da Empresa."

Segundo Frederico Rennó, as dicasdo instrutor Fuks municiam o advogadodos necessários conhecimentos e técni-cas para atuação na área. "Mesmo advo-gados experientes, procuradores estadu-ais, federais, da Fazenda cometem osequívocos que retiram as vantagens dasustentação", diz Rennó. Exemplos dis-so, diz, são as sustentações extensas eprolixas e as que não abordam aspectostécnicos do processo ou específicos dorecurso.

Para o advogado João Cardoso, ou-tro participante, o ponto forte do curso foimostrar que a tarefa da sustentação oralnão é "bicho de sete cabeças". "E isso, na

verdade, em grande parte partiu da óti-ma metodologia empregada pelo Dr.Fuks."

Às vezes a mão tremeO gerente executivo da GEATS,

Natanael Lobão Cruz, lembra que algunscolegas se esquivam de fazer sustenta-ção oral, alegando os mais variados mo-tivos. "Entendo que é um instrumentoimportantíssimo na atuação do advoga-do e deve ser utilizado sempre que pos-sível e necessário", afirma. Natanael re-comenda o recurso principalmente paraadvogados que atuam em tribunais, pois"é inegável que faz diferença nos resul-tados".

O advogado Carlos HenriqueBernardes Chiossi tranquiliza os colegasque têm receio de sustentar. "Às vezes amão quer tremer um pouco, às vezesbate um 'friozinho' na barriga. Tudo issoé normal e diminui com o tempo. Aliás,se pensarmos bem, nos grandes mo-mentos da nossa vida não nos sentimosassim?"

Qualquer advogado é capaz de fazersustentações orais, garante Frederico

|||||Advogado em ação na tribuna do Supremo Tribunal Federal

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: STF

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Rennó. "Basta que estude o processo, sai-ba o que irá dizer e pratique."

Na CAIXA, em regra, todos os casosrelevantes devem ser precedidos de au-diências com os julgadores, entrega dememoriais e sustentação oral. SegundoFrederico, a condução do caso deve seranalisada e planejada nos termos do Ma-nual Normativo AE018.

Em 2012, a Escola de Advocacia CAI-XA pretende lançar outras iniciativas paraaprimorar a atividade, extensivas aos Ju-rídicos Regionais.

Quem admira quemEntre os bons sustentadores orais do

Jurídico da CAIXA, Frederico Rennó cita,no âmbito da Matriz, os advogados Mar-cos Ulhoa Dani, Wesley Cardoso dos San-tos e Osival Dantas Barreto, "notórios porsuas sustentações no TST, reconhecidospelos próprios ministros". No âmbito doSTJ/STF, Rennó refere os advogados Leo-nardo Patzlaff (GN da GEATS) e CarlosHenrique Chiossi(GE GETEN).

O advogadoJoão Cardoso,também tido co-mo bom orador,diz que aprendeumuito com o cole-ga do JurídicoBrasília AugustoClaudio Guterres,em quem desta-

ca a experiência no assunto e o poder deconcisão.

Wesley Cardoso dos Santos:"O Dr. Osival Dantas Barreto, da equi-

pe do TST, me impressiona. Chega comum jeito manso, na tribuna, fala manso,também, mas consegue atrair a atençãodos julgadores e frequentementeconvencê-los com suas teses".

Marcos Dani acha injusto citar ape-nas um entre os vários talentos na CAIXA,pede desculpas pelas ausências e cita:Luciano Peixoto, Osival Dantas Barreto,Luciano Paiva, Wesley Cardoso, NatanaelLobão, Felipe Mattos, Leonardo Patzlaff,"entre outros que, com técnica e compe-tência, vêm defendendo a CAIXA nas cor-tes mais importantes do país".

Entre os profissionais de fora da CAI-XA, Marcos Dani lista dois: VictorRussomano Júnior, "pela capacidade deconvencimento e admirável memória",e José Torres das Neves, "decano dosadvogados do TST, que, no alto de seus

84 anos, sobe àtribuna e, comfantástica com-petência, des-fralda suas te-ses. Em váriasconversas quetive com o mes-mo, ele reafirmao desejo de mor-rer sustentandoda tribuna".

Wesley Cardoso endossa:"O Dr. Victor Russomano tem uma ha-

bilidade impressionante na condução dasustentação oral, envolvendo a turmajulgadora".

Concorda também a respeito de JoséTorres das Neves, "pela coragem de apre-sentar teses que à primeira vista são atémesmo engraçadas, mas que represen-tam a luta incessante do advogado nadefesa dos interesses do cliente".

A importância daferramenta

A sustentação oral propicia que sedestaquem pontos técnicos importantesda defesa para todos os julgadores, sali-enta o consultor jurídico Rennó, notandoque muitas vezes apenas o relator tem oconhecimento completo do processo.

"Em verdade, ela é um complementodo trabalho institucional realizado pormeio de visita aos desembar-gadores ouministros e entrega de memo-riais. Emconjunto com tais ações, tem grande va-lia para que o entendimento pretendidopela CAIXA seja confirmado nos tribunais."

Marcos Dani:"A sustentação oral é uma ferramen-

ta a ser usada nos casos em que aspec-tos fáticos ou jurídicos dos recursos de-vem ser ressaltados para o colegiadojulgador. O simples fato de o advogadoestar presente para a sustentação já sen-sibiliza o magistrado para a importânciada lide.

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|||||José Torres das Neves: luta incessante na defesa do cliente

|||||Sérgio Fuks, no curso da Escola de Advocacia CAIXA: prática e troca de experiências

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Não raro, é possível destacar aspectosprocessuais que podem não ter sido nota-dos, como, por exemplo, pressupostosextrínsecos do apelo, que podem ser co-nhecidos de ofício pelos magistrados. Nes-tas situações é comum o próprio relatorreconsiderar um voto, revertendo uma situ-ação desfavorável."

Carlos Henrique Chiossi:"A principal vantagem da sustentação

oral é permitir explicar o caso aos demaisintegrantes da corte. Sem ela, eles consi-derarão como verdadeiros apenas os fatosinformados pelo relator, o qual pode se equi-

vocar - como qualquer ser humano - e com-prometer a compreensão exata da contro-vérsia.

Não é raro, por ausência de sustenta-ção, o tribunal julgar de modo incompleto aquestão que está no recurso e até julgarquestão diversa, que sequer fora submeti-da pelas partes. Assim, a sustentação ofe-rece melhor compreensão, melhor intimi-dade do julgador com o caso."

Luciano Paiva Nogueira, do JurídicoBelo Horizonte/MG:

"A sustentação oral tem a vantagemprincipal de levar o julgador à reflexão na-

A própria atuaçãoEm qualquer atividade há momen-

tos que dão um prazer especial ao pro-fissional, pelo trabalho bem feito. "Umacoisa que é muito gratificante é a per-cepção, durante a sustentação, daque-le discreto movimento dos julgadores -às vezes com os olhos ou um assenti-mento com a cabeça - indicando queeles estão concordando com a nossaargumentação", ilustra o sustentadororal Henrique Chiossi. "Na sequência,quando ouvimos o voto favorável, sen-timos que cumprimos bem a nossa obri-gação."

Luciano Paiva Nogueira narra umcaso de pedido de vistas que não haviasido despachado:

"Reiterei antes de iniciado o julga-mento e o desembargador afirmou queo deferia pelo fato de eu estar semprepresente na tribuna e me mostrar umadvogado extremamente sério e lealnas minhas atuações. Me senti valori-zado naquele momento".

Marcos Dani, que já teve vários êxi-

quele momento. Quando se expressa oral-mente o raciocínio, há uma possibilidademaior de compreensão pelo julgador. Issocom certeza facilita o convencimento."

Wesley Cardoso dos Santos:"A sustentação oral chama a atenção

dos julgadores para o processo. Além dis-so, quando destaca questões relevantes,ela no mínimo cria dúvida nos julgadores, oque pode fazer com que eles tenham maisatenção para o processo."

Natanael Lobão Cruz:"A sustentação oral é a última oportu-

nidade que a parte tem de se manifestar

tos no TST, conta:"Um caso que me marcou foi em

2009, na SBDI-I do TST, em que sustenteipela ausência de recepção na CRFB-88,do artigo 384 da CLT (15 minutos de in-tervalo da mulher antes do labor extraor-dinário)".

Na época, não havia decisão a res-peito da matéria no TST, hoje sob a análi-se do STF, e havia uma forte corrente naSBDI-I desfavorável à CAIXA. Marcos Danicontinua:

"Pedi a palavra, depois de ter estuda-do muito o caso, e citei a obra da minhaex-professora na UFMG, a Dra. AliceMonteiro de Barros, desembargadora doTRT da 3ª Região, que sempre foi favorá-vel à tese de defesa. A sustentação foi nalinha da igualdade existente entre ho-mens e mulheres e a evolução de nossasociedade em direção a esta desejadaigualdade de gêneros.

Naquele dia, houve vista regimentalde um dos ministros, que pediu notasdegravadas de minha sustentação. Ao fi-nal do julgamento, a CAIXA restou vitorio-sa por maioria, sendo que dois ministrosjuntaram votos convergentes à tese ven-cedora, citando trechos da minha susten-tação. Guardo cópia do processo atéhoje."

O advogado "perigoso"Natanael Lobão:"Destaco um habeas corpus no TRF

de Recife, em que sustentei em defesade um gerente de Jurídico que estava res-pondendo uma absurda ação penal, por-que os autos de um processo foram de-

volvidos com atraso. O resultado foi quea turma do TRF mandou trancar a ação.Esse caso foi importante pra mim, poisconseguimos reverter uma grande in-justiça que se estava cometendo con-tra um colega."

Wesley Cardoso dos Santos:"O momento mais gratificante foi

quando o ministro Walmir Oliveira daCosta, da Primeira Turma do TST, afir-mou que ficava muito atento às minhassustentações, pois eu 'era muito peri-goso', já que minhas sustentações tra-ziam 'fortes teses e embasamentos'. Namesma oportunidade o ministro LuisPhillipe Vieira de Melo Filho concordoue apontou que eu 'estava sempre pre-sente para vigiá-los'. Embora à primei-ra vista os comentários sejam agressi-vos e pejorativos, tenho que, se sou um'desafio' para o ministro, estou no ca-minho certo."|||||Natanael: última oportunidade

antes do julgamento

|||||Luciano: os juízes querem ver os advogados

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antes do julgamento do seu recurso. Éna sustentação oral que podem seresclarecidas as questões principais datese defendida, que podem ser feitos osesclarecimentos de fato necessários aoconvencimento do órgão julgador."

Receitas dos especialistasSem se considerar um orador exem-

plar ou cativante, o advogado CarlosHenrique Chiossi acredita que, nas susten-tações que fez, teve a seu favor: 1º) a pos-sibilidade de compreender a controvérsiae o seu contexto; 2º) a possibilidade deconhecer a jurisprudência do STJ e o en-tendimento dos integrantes sobre o casojulgado; 3º) a possibilidade de identificaros pontos relevantes que mereceriam serdestacados na sustentação; 4º) a possibi-lidade de resumir a lide e a defesa empoucas palavras.

"Isso foi o que me ajudou", garante.Outras dicas de Henrique:"Olhar para os julgadores durante a

exposição, ou seja, dirigir-lhes efetivamen-te a palavra; não pretender 'dar aula deprocesso civil' e estar atento às questõespreliminares que obstam ao julgamentodo mérito do recurso".

Henrique gosta de ressaltar para oscolegas a importância da correlação lógi-ca entre a decisão anterior e o recurso in-terposto, bem como os óbices processu-ais. "A compreensão e a arguição oral des-sas matérias são fundamentais, visto quea maioria dos recursos que chega aos tri-bunais superiores é, em razão delas, rejei-tada."

O advogado Luciano Paiva procurasempre destacar alguns pontos do proces-so para dar foco na sustentação. "Tenhoimpressão que a abordagem de diversostemas e assuntos dispersa a atenção dos

julgadores. Também não divago muito,procuro sintetizar o raciocínio em poucosminutos."

Também aconselha: "Não atacar ojulgador da decisão recorrida, mas sim osfundamentos da decisão. Ser cortês comos julgadores e os advogados da partecontrária".

A presença nos julgamentos é impor-tante, ressalta Luciano, pois os juízes di-zem sentir falta dos advogados, até paraconhecer aqueles que assinam as peti-ções.

"Já houve casos em que eu não esta-va inscrito no processo que foi chamado àpauta e antes de proferir o julgamento umdos desembargadores apontou para mime disse: 'Calma, primeiro temos que ouviras razões do advogado da CAIXA, que estápresente'. Esclareci que não estava inscri-to para aquele processo, mas o presiden-te da turma entendeu por bem em me con-ceder a palavra assim mesmo!"

Os conselhos do advogado MarcosDani:

"Transmita confiança e creia no quevai sustentar. Estude bem o caso antes,para que não seja surpreendido e possaesclarecer na hipótese de o colegiadoquestioná-lo. Seja simples, sem ser sim-plório, pontuando os tópicos que vai abor-dar, de modo que o julgador capte a suamensagem. Leve precedentes favoráveis."

Marcos Dani considera que a técnicae o conhecimento da matéria são indis-pensáveis.

"Em segundo lugar, é fundamentalser correto quanto aos fatos do proces-so. Tentar levantar fatos ou teses não pré-

|||||Cardoso: não é "bicho de sete cabeças"

|||||Marcos Dani: técnico e firme, sem, contudo,perder a emoção

questionados só prejudica a credibilidadedo procurador. Finalmente, penso ser in-teressante incluir, sem perder a técnica,um pouco de emoção - perpetrar a difícilmissão de expressar em palavras oenvolvimento do procurador com a suadefesa e a sua crença no que defende.Em suma, é importante ser técnico e fir-me, sem, contudo, perder a emoção."

Os nervos no lugarNatanael Lobão Cruz:"O mais importante é o que é feito

ANTES da sustentação. Deve-se sempreque possível visitar os integrantes do ór-gão julgador, entregando os memoriais,antes do julgamento. Às vezes, quandose sustenta, o relator já está com o votopronto, e aí é bem mais difícil conseguirreverter um resultado negativo."

Natanael diz que busca ser sempre omais objetivo possível.

"Os julgadores não gostam de susten-tações demoradas ou cheias de rodeios.Como eles têm muitos casos a julgar, aobjetividade na sustentação pode até ga-nhar a sua simpatia. Já a sustentação pro-lixa terá o efeito contrário. Recentemen-te, o ministro Massami Uyeda me elogiouna sessão de julgamento, pela objetivi-dade da minha sustentação."

O advogado não pode ser cansativo,diz Wesley Cardoso dos Santos.

"Deve ser sintético e direto. Sem ro-deios. Sequer precisa cumprimentar todaa bancada nominalmente, o que já o fazperder até um minuto e a atenção dosjulgadores. Conhecer o perfil dosjulgadores também ajuda, de forma quea sustentação oral deve ser 'moldada'conforme a turma julgadora."

Outras recomendações de Wesley:"Conhecer muito bem o processo;

lembrar que os julgadores têm a mes-ma função dos advogados, qual seja, tra-

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cial

|||||Wesley: no mínimo, a dúvida nos julgadores

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| Artigo

balhar pelo fim útil e mais adequado e jus-to para o processo; fazer apontamentos;não ler na tribuna ou ler apenas o essenci-al, tal como uma decisão impactante ouum pequeno trecho de algum documentodos autos; ater-se à situação do processo(não discutir fatos e provas em instânciaextraordinária, por exemplo).

O uso racional da sustentação oraltambém é essencial, de forma que, com

o tempo, o advogado torna-se extrema-mente respeitado e acreditado em virtu-de de sustentar somente nos casos quenecessitam e fogem da 'vala comum'."

O advogado João Cardoso destacao conhecimento do Direito e da tese,imprescindível para a convicção doorador sobre os pontos doutrinários eos julgados dos tribunais. Em seguidavêm as já conhecidas concisão e obje-

O jogo de cinturaQuando o professor Clovis Paulo da Ro-

cha foi paraninfo dos formandos da Facul-dade Nacional de Direito da Universidadedo Brasil, fez a seguinte afirmação:

"O advogado, antes de aparecer emjuízo com uma causa cível, já foi o magistra-do que no seu gabinete a estudou, apreciousua moralidade e sua justiça e aquiesceuem dar-lhe o seu patrocínio. Julgou, antesque fosse sobre ela proferida decisão ofici-al. Para bem exercer sua função é mister oconhecimento exato da sua ciência e umavez aceita a causa, deve identificar-se comela, dedicar-se, estudá-la e apresentá-la comroupagem escorreita e com todos os ângu-los ou feições jurídicas devidamente apre-ciados, a fim de que possa obter o necessá-rio êxito."

Assim é a atividade do advogado. Quan-do chega ao tribunal, além dos argumentosque deseja utilizar, prepara-se também pararefutar as objeções contrárias e planeja ain-da as objeções com as quais poderá contarpara enfraquecer os argumentos da parteadversária.

Até aí nada de novo. Esse é o dia a diado profissional do Direito, que com o passardo tempo vai afinando um de seus maisimportantes instrumentos - a habilidadepara o debate. Entretanto, a situação apre-senta uma face distinta quando a objeçãoocorre em circunstâncias inesperadas. Sãomomentos em que o advogado precisa con-tar com a presença de espírito e capacida-de de improvisação.

Não seria natural, por exemplo, que emuma homenagem alguém pudesse se ma-nifestar contra as palavras do orador. Porisso mesmo, um dos momentos mais ex-traordinários da oratória em todos os tem-pos ocorreu quando o orador teve de en-frentar objeções à homenagem que fazia.

Três longas décadas jáse passaram desde que co-mecei a dar aulas de oratória. Devo ter lidopraticamente todos os discursos marcantesda história mundial. No entanto, posso afir-mar que nunca encontrei discurso mais re-presentativo que este proferido por BrasílioMachado, chamado de "o paladino do Di-reito".

O orador precisou lançar mão de toda asua competência oratória para contornarum momento delicado e extremamentecomplexo. Os abolicionistas de São Paulohaviam preparado uma homenagem a JoséBonifácio de Andrada e Silva. Brasílio Ma-chado foi o orador convidado para fazer odiscurso e falar em nome de todos. Entre-tanto, depois de tudo acertado, ocorreu umfato constrangedor: o homenageado nãocompareceu ao evento.

As pessoas não se conformaram comtamanha desconsideração e passaram acriticar aquela ausência. Imagine a situaçãoem que se encontrava Brasílio Machado,precisando fazer a homenagemenaltecendo as qualidades do homenage-ado e ao mesmo tempo considerar a revol-ta que se apossara da plateia. Veja comque habilidade o famoso advogado supe-rou o desafio:

"Senhores: Se não me fora consentidodominar as revoltas do pesar, que uma cir-cunstância do momento instiga, mas que areflexão modera, e eu pudesse, numa sín-tese enérgica, condensar as interrogaçõesque mal se calam na boca de quantos meescutam, sob cada palavra minha eu deve-ria sentir as palpitações de uma surpresaamarga, e em cada gesto deveria adivinharo constrangimento.

Por que nos reunimos? Para afirmar...E o que afirmamos? Uma homenagem.

Mas, quempressurosoacode recebê-la? Ninguém!Pois que oeminente ci-dadão, emcuja honra se organiza esta homenagem,não pode vencer as travadas linhas da soli-dão e da modéstia em que se isolou, edestarte se esquiva às exclamações que oesperavam. (...)

(...) Não! Senhores, o que afirmamosnão é um homem, é um princípio; não é aestátua, é a significação; não é o foco, masa irradiação; não é a pessoa, mas a propa-ganda.

Ausente, José Bonifácio se distancia,mas pela elevação: a luz quanto mais sobe,mais se aproxima; a ideia quanto mais do-mina, mais se eleva. Senti-lo ausente é maissignificativo que o saudar de perto. Deixe-mos, pois, o grande solitário da liberdade:não perturbemos em seu retiro oevangelista dos escravos."

Esteja sempre muito atento dentro efora dos tribunais. Embora não seja um fatocomum, você não estará imune a situaçõesdessa natureza. Talvez um dia também te-nha de usar toda a sua competência paracomparar a ausência de um José Bonifáciocom a luz que se distancia e que, por isso,mais ilumina.

(*) Professor de expressão(*) Professor de expressão(*) Professor de expressão(*) Professor de expressão(*) Professor de expressãoverbal e palestrante, autor do livroverbal e palestrante, autor do livroverbal e palestrante, autor do livroverbal e palestrante, autor do livroverbal e palestrante, autor do livro

"Oratória para Advogados e Estudan-"Oratória para Advogados e Estudan-"Oratória para Advogados e Estudan-"Oratória para Advogados e Estudan-"Oratória para Advogados e Estudan-tes de Direito", da editora Saraiva,tes de Direito", da editora Saraiva,tes de Direito", da editora Saraiva,tes de Direito", da editora Saraiva,tes de Direito", da editora Saraiva,

com prefácio do presidente da OAB/com prefácio do presidente da OAB/com prefácio do presidente da OAB/com prefácio do presidente da OAB/com prefácio do presidente da OAB/SPSPSPSPSP, L, L, L, L, Luiz Flávio Borges D'Uuiz Flávio Borges D'Uuiz Flávio Borges D'Uuiz Flávio Borges D'Uuiz Flávio Borges D'Urrrrrso.so.so.so.so.

Reinaldo Polito (*)

tividade. "Apontar o cerne da contro-vérsia de teses, facilitando a compre-ensão dos julgadores e favorecendo osucesso no apelo."

Por fim, é preciso ter os nervos nolugar, conclui o advogado.

"De nada adianta conhecer do seu Di-reito, ser objetivo e, no momento em quevai sustentar a sua convicção, ficar ner-voso ou mesmo tímido em demasia."

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Doutrinadores essenciaisAdvogado da CAIXA integra coleção da Editora Revista dos Tribunais

O advogadoMauro Antônio Ro-cha, do Jurídico SãoPaulo/SP, é um dosautores que inte-gram a coleção "Dou-trinas Essenciais -Direito Registral", or-ganizada pelos juris-tas Ricardo Dip e Ser-gio Jacomino elançada em dezem-bro de 2011, em co-memoração ao cen-tenário da EditoraRevista dos Tribu-nais.

Com encaderna-ção de luxo, a cole-ção reproduz emsete volumes as mais relevantes con-tribuições doutrinárias publicadas pelaeditora, elaboradas por renomados es-pecialistas dos negócios imobiliários edo Direito Registral.

Mauro Antônio Rocha contribuicom o artigo "O regime da afetaçãopatrimonial na incorporação imobiliá-ria. Uma visão crítica da lei", publicadono volume IV da coleção, que tem otítulo de "Registro Imobiliário: Modifi-cações da Propriedade", com 1.406 pá-ginas e 76 textos, divididos nos capí-tulos "Aspectos Gerais", "Condomínioe Incorporação" e "Parcelamento doSolo Urbano e Rural".

Mauro Rocha explica por que seuartigo foi escolhido para compor a obra:

"Provavelmente por ser o único -ou o primeiro - a enfrentar a lei de for-ma crítica, desconstruindo seus pres-supostos jurídicos e demonstrando acada passo que, da forma como foi pro-

mulgada a lei, o ob-jetivo principal deconferir proteção aocomprador de imó-vel transformou-seem simples decla-ração de propósitose o próprio institutoda afetaçãopatrimonial foitransformado emmero instrumentode marketing co-mercial."

Artigospublicados

Na Revista deDireito da ADVOCEF,Mauro publicou "Da

regularização do condomínio horizontalconstituído em fraude à lei deparcelamento do solo" (agosto de 2006)e "Breve estudo sobre os riscos econsequências jurídico-patrimoniais dosubfaturamento na transação imobiliá-ria" (maio de 2008).

Na revista men-sal da ADVOCEF,onde já participoude reportagens so-bre o Fundo de Ga-rantia, publicou osartigos "O mercadoimobiliário e o res-peito à lei das in-corporações" (feve-reiro de 2008),"Normas de apura-ção e tributação dolucro imobiliário naalienação de imó-vel residencial" (ju-

nho de 2008) e "A quem interessatungar o FGTS?" (março de 2009).

Entre os participantes da coleçãoda RT, com centenas de artigos, apa-recem nomes como Afrânio de Carva-lho, Alfredo Buzaid, Caio Mario da Sil-va Pereira, Celso Antonio Bandeira deMello, Clóvis Bevilacqua, Eros RobertoGrau, José Renato Nalini, MelhinNamen Chalhub, Miguel Reale, Pon-tes de Miranda e Vicente Ráo.

A coleção pode ser encontrada naslivrarias jurídicas e, especialmente,nas lojas da Livraria RT e pela internet,no site www.livrariart.com.br. Custa R$1.980,00 (durante o lançamento foivendida por R$ 1.485,00). A coleçãocompleta do advogado Mauro Rochaestá na Coordenadoria de ContratosHabitacionais do Jurídico São Paulo/SP, à disposição dos colegas advoga-dos da CAIXA para pesquisas.

A Editora Revista dos Tribunais,fundada em 1912, é reconhecida pordifundir a jurisprudência no país, queantes não saía dos tribunais.

|||||...para a coleção de doutrinas essenciais

|||||Mauro Rocha: um dos selecionados...

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| Opinião

O sucesso da recuperação de créditosArtigo no Juris Tantum destaca acertos do trabalho jurídico

Em artigo escrito para o suplemento Juris Tantumdesta edição, o advogado Silvio do Lago Padilha, doJurídico Belo Horizonte/MG, avalia o bom momentovivido pela área de recuperação de créditos, que cre-dita a várias razões. Ele destaca a melhor estruturaçãoda área, as políticas de conciliação e, entre outrosfatores, o aumento da renda da população.

Silvio menciona ainda as alterações trazidas pelaLei 11.382/2006, a penhora online e a postura favo-rável de muitos juízes da Justiça Federal, ao menosem Minas Gerais. Um caso especial são as decisões

| Registro

Posse na Justiça DesportivaAdvogado da CAIXA é o novo presidente do TJD do Futebol de Goiás

O advogado Alfredo Ambrósio Neto,do Jurídico Goiânia/GO, tomou posse em13/01/2012 como presidente do Tribu-nal de Justiça Desportiva do Futebol deGoiás, para o biênio 2012/2013. Com ele,assumiu no Tribunal o vice-presidenteMarcello Terto e Silva, seu colega no Con-selho da OAB/GO.

O presidente da ADVOCEF, Carlos Cas-tro, o presidente do Conselho Deliberativo,Davi Duarte, e advogados de várias unida-des da CAIXA enviaram cumprimentos aocolega. O advogado Ricardo Ribeiro, repre-sentando a gerência do Jurídico Goiânia, afir-mou que "a posse do Dr. Alfredo será ummarco na história do Tribunal, pois a liderançae o conhecimento do colega trarão uma novavisão àquela corte e, por certo, trará inúmerosbenefícios aos profissionais do esporte e àpopulação goiana de maneira geral".

Em seu discurso, Alfredo disse que sepreparou para assumir "tão grande e honro-sa missão" durante sua atuação no TJD goianodesde 2001, como auditor nas comissõesdisciplinares, e a partir de 2008 como audi-tor do Pleno e, especialmente, como vice-presidente na gestão de Clodomir FerreiraPimentel.

"Eu acredito que nada acontece por aca-so. Primeiro foi preciso enfrentar os desafiosque me impulsionaram ao aprendizado eexperiências para assumir tamanho encar-

go e responsabilidade", disse Alfredo. Citou oescritor francês Victor Hugo - "Não há podermaior que o de uma ideia cuja hora chegou"-, aludindo à expectativa de vários colegasque o levaram a aceitar o novo desafio.

Relevância da JustiçaDesportiva

Com a ajuda de seu "valoroso e com-petente" vice-presidente Marcello Terto eSilva, Alfredo disse que pretende contribuirpara que o TJD goiano continue reconheci-do como um dos melhores do país e quermostrar a todos a relevância da JustiçaDesportiva. "Não é por acaso que ela pos-sui previsão constitucional no artigo 217 da

Constituição Federal e que 'o membro doTJD exerce função considerada de rele-vante interesse público', conforme previs-to no artigo 54 da Lei Geral do Desporto -Lei 9.615/98."

Em seus planos para a reorganizaçãodo TJD, consta a criação da Ouvidoria Ge-ral, constituição de novo Pleno e mais rapi-dez no julgamento dos processos. Entreoutras medidas, vai buscar a implantaçãodo processo eletrônico e da transmissãodas sessões via internet ou informaçãoonline dos julgamentos, como já ocorre noSTJD.

Estavam presentes na cerimônia, re-alizada no auditório da Escola Superior deAdvocacia, o presidente em exercício daOAB/GO, Sebastião Cassimiro Macalé; o di-retor tesoureiro do CFOAB, Miguel Cançado;o procurador geral de Justiça, Eliseu Taveira;o desembargador Norival Santomé, do TJ/GO; o desembargador Julio César, do TRT/GO; a superintendente regional da CAIXA emGoiás, Marise Fernandes; e o advogadoRicardo Ribeiro, representando a Gerênciado Jurídico Regional Goiânia.

Compareceram também à posse diver-sas outras autoridades ligadas à OAB/GO eOAB/DF, membros da Comissão de DireitoDesportivo presidida por Adalberto Grecco,auditores das comissões disciplinares e doPleno e procuradores do TJD.

|||||Alfredo Neto (à dir.), com Marcello Terto e Silva (à esq.)e Adalberto Grecco, secretário geral do TJD/GO (ao centro)

|||||Silvio: as várias razõespara o bom momento

do juiz da 10ª Vara Federal de Belo Horizonte, Fabia-no Verli, que costuma indeferir pedidos de liberaçãode valores bloqueados se não há razões convincen-tes.

Uma das decisões de Verli, transcrita pelo advo-gado: "Só uma coisinha: como a PARTE REQUERIDApretende pagar o que deve? Uma pergunta simples.Antes de liberar qualquer valor que engloba uma certaparcela de seus rendimentos, quero saber como aPARTE REQUERIDA pretende honrar o seu nome, hon-rar as suas obrigações de pessoa honesta."

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| Escola de Advocacia CAIXA

Seminário debate os consórcios públicosEvento reúne advogados, prefeitos, gestores e representantes do setor

Com o apoio da Escolade Advocacia CAIXA, ocor-reu em São Paulo, nos dias10 e 11 de novembro de2011, o seminário "MarcoLegal dos Consórcios Públi-cos". Realizado na sede doObservatório dos Consórci-os Públicos e do Federalis-mo, o evento apresentouum panorama do setorapós a edição da Lei11.107/2005 e propiciouum debate sobre asmelhorias legislativas con-sideradas necessárias. Osorganizadores salientarama riqueza e profundidade das discus-sões, graças à presença de representan-tes do governo federal, Tribunal de Con-tas, CAIXA, prefeitos, advogados,

gestores e representantes de consórci-os públicos.

Houve grande participação dos advo-gados da CAIXA, representados na expo-

sição do painel "ConsórciosPúblicos e o Federalismo Bra-sileiro", feita pelo superinten-dente nacional doContencioso, Alberto Caval-cante Braga, e pelo gerentenacional de Atendimento Ju-rídico, Leonardo Groba Men-des.

A CAIXA participou, em2010, do lançamento doObservatório dos ConsórciosPúblicos e do Federalismo,em conjunto com a FrenteNacional dos Prefeitos (FNP)e do Programa das NaçõesUnidas para o Desenvolvi-

mento (PNUD). O objetivo do projeto éacompanhar o trabalho e experiênciasdos consórcios públicos, com seus refle-xos no federalismo brasileiro.

|||||Da esq. para a dir.: Leonardo Groba Mendes (gerente nacional da GEAJU), AlbertoCavalcante Braga (superintendente nacional da SUTEN), Vicente Trevas (consultor da

Presidência da CAIXA), Paula Ravanelli Losada (da Secretaria de Relações Institucionaisda Presidência da República) e Luis Fernando Cordeiro Barreto (advogado do Jurídico

São Paulo/SP junto ao Observatório dos Consórcios Públicos e do Federalismo)

| Carreira

Procuradores federais vão ao Senado

O PLS 695/2011, que regulamen-ta a carreira de procurador de empresapública federal, pode ser votado já emfevereiro de 2012, segundo estimativade seu autor, o senador Gim Argello(PTB/DF). Em 16/12/2011, o senadorrecebeu para um café da manhã repre-sentantes da Associação Nacional dosProcuradores de Em-presas Públicas Fede-rais (ANPEPF), presidi-da por Otávio Rochados Santos.

O presidente daOAB/DF, FranciscoQueiroz Caputo Neto,que participou da comi-tiva, definiu o pleito dosprocuradores como"justíssimo" e disse que

Senador Gim Argello discute o PLS 695/2011 com a categoriafoi bom a iniciativa ter partido de umparlamentar do Distrito Federal. "Ape-sar de ser um assunto de abrangêncianacional, o impacto aqui em Brasília émuito grande, porque nós temos boaparte do jurídico dessas empresas con-centrada aqui na capital".

Em matéria publicada no site do Se-nado, Gim Argello referiu-se às diretri-zes estabelecidas para a estruturaçãoda carreira, como critérios para ahierarquização, fixação de jornada detrabalho, recebimento de proventos ehonorários e tratamento isonômico.

"Como não há uma lei que regula-mente tudo isso,cada empresa trataesses assuntos demaneira diferente. Àsvezes, os profissio-nais de uma mesmaempresa estão sujei-tos a regimes de tra-balho diferentes. Nãoé justo que continuesendo assim", afir-mou.|||||Senador Gim Argello recebe os procuradores de empresas públicas federais

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Janeiro | 2012

| Cena Jurídica

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Adeus, papel

Instalada em 05/12/2011, a Vara do Trabalho

de Navegantes (SC) é aprimeira do país em que otrabalhador, preenchendoapenas alguns campos na

tela de um computador, dáinício a uma reclamaçãotrabalhista e, no mesmo

ato, obtém a data daprimeira audiência de

conciliação. Foi lançadoassim o Processo Judicial

Eletrônico da Justiça doTrabalho (PJe-JT), sistema

que integrará todos osórgãos do Judiciário

Trabalhista.

Há outras vantagens,além da rapidez e daeconomia de papel, segundoo juiz Luiz Carlos Roveda,titular da Vara deNavegantes. "Estamospercebendo que até alinguagem usada pelosadvogados está maisobjetiva." (Fonte: site do TST)

1.

2.

Um paraense no Sul

O advogado Wilson de SouzaMalcher, que nasceu em Belémdo Pará e viveu durante 18 anosem Brasília, está completamenteintegrado à cultura do Rio Grandedo Sul. Trabalha há três anos no

Jurídico Porto Alegre. Em texto dasérie Viagens, publicado nestaedição, Malcher mostra seus

conhecimentos sobre acapital gaúcha.

Além dos recordes naconcessão de crédito eno saldo da poupança,

da ampliação domercado e do sucessonos programas Minha

Casa Minha Vida e PAC 2,a CAIXA - destacou o

presidente Jorge Hereda,no aniversário de 12/01

- foi apontada como oMaior Banco Público da

América Latina. Em 2010já havia sido apontadapelos consumidores como o bancoque mais respeita os seus direitos.No fim da mensagem, o presidente

salienta que os sucessos da CAIXA sóforam possíveis "graças ao

envolvimento e compromisso de cadaum de seus empregados".

A CAIXA aos 151 Cronograma da RD 14A Revista de Direito da ADVOCEF tem

pronto o cronograma para a edição do14º volume, que será lançado em

maio de 2012, durante o Congressode Fortaleza. Os artigos serão

recebidos até 12 de março. Maisinformações estão disponíveis no site

da ADVOCEF.

"No momento em quea Caixa Econômica Federalcomemora os seus 151anos de existência, emnome dos advogados doquadro desta EmpresaPública Federal, que tantotem contribuído para ocumprimento da suamissão e a consecuçãodos excelentes resultadosalcançados na gestãodessa Presidência, venhoreafirmar o nosso

compromisso com a nossa Instituição,especialmente com os seus relevantestrabalhos em busca de uma naçãosocialmente mais justa e igualitária."Mensagem enviada ao presidente daCAIXA, Jorge Hereda, assinada pelopresidente da ADVOCEF, Carlos Castro.

Luta da advocacia

|||||Reunião em setembro de 2011: ministrosavaliam os movimentos hostis

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Um dos maiores avançospara a advocacia em 2011, de

acordo com o presidente da OABnacional, Ophir Cavalcante Júnior,

foi a aprovação, na Câmara dosDeputados, da lei que institui os

honorários de sucumbência paraos advogados que militam na

Justiça do Trabalho.

Por outro lado,segundo Ophir, no"próprio Judiciário sepercebe claramentemovimentos hostis aotrabalho do advogado,com muitos juízesdeliberadamentefixando valoresirrisórios aoshonorários devidos".No artigo publicado naConsultor Jurídico,Ophir lembra que asituação foi avaliadaem reunião da OABcom ministros do STJoriundos do QuintoConstitucional.

1. 2.

Convite da OABA OAB convocou os advogados para um Ato Público em Defesa do Conselho Nacional

de Justiça, que acontecerá em 31 de janeiro, na sede da entidade em Brasília. "A OAB ea advocacia brasileira não poderiam se furtar de externar sua intransigente defesaquanto à competência concorrente do CNJ para apuração de desvios de condutaséticas por magistrados por ser o advogado parte indissociável da Justiça", diz no

convite o presidente Ophir Cavalcante.

1. 2.

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Vale

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Rápidas

SFH. Vencimento antecipado do contrato.Faculdade. TRF 5

"2. Tendo ocorrido a inadimplência do devedor e prevendo oinstrumento negocial o vencimento antecipado da dívida,cumpre perquirir o momento em que começa a correr o pra-zo prescricional. 3. Consoante o entendimento do col. STJ, ovencimento antecipado do contrato não possui o condão demodificar o termo a quo do prazo prescricional. Assim, o pac-to firmado em 1° de abril de 1993, com prazo de duzentos equarenta meses, a findar em 1º de abril de 2013, preserva adata do vencimento da última parcela como marcodeflagrador do fluxo do lustro prescricional, sendo irrelevantea inadimplência do mutuário desde 1993 para alterá-lo." (TRF5, AC 2008.83.00.003274-7 PE, Primeira Turma, Rel. Des.José Maria Lucena, DJe 24/nov/2011.)

CPC. Embargos de declaração. Cabimento.Qualquer decisão. STJ

"2. De acordo com o hodierno entendimento deste SuperiorTribunal de Justiça, cabem embargos declaratórios contra qual-quer decisão judicial, tendo-se conferido interpretação exten-siva ao teor do art. 535 do CPC, e, uma vez apresentados,interrompem o prazo recursal." (STJ, REsp 1.263.265 PA, Se-gunda Turma, Rel. Min. Campbell Marques, DJe 28/nov/2011.)

Bem de família. Indicação pelo credor. Sucumbência.Inexistência. TRF 5

"Apelação em face de sentença que julgou procedentes osembargos à execução fiscal, para desconstituir a penhorarealizada no feito principal, condenando a Fazenda Nacionalem honorários advocatícios no valor de R$ 2.000,00. 2. Re-lativamente à condenação ao pagamento da verba honorá-ria, a imposição dos ônus processuais, no direito pátrio, pau-ta-se pelo princípio da sucumbência, associado ao princípioda causalidade, segundo o qual aquele que deu causa à ins-tauração do processo deve arcar com as despesas dele de-correntes. 3. In casu, a Fazenda Nacional indicou o bem emquestão à penhora no feito executivo. Entretanto, não há nosautos elementos que demonstrem que a apelante tinha ci-ência de servir o imóvel como residência do executado. Cum-priria ao Oficial de justiça verificar a penhorabilidade ou nãodo bem a ser levado à constrição. 4. É de se observar, ainda,que a Fazenda Nacional, na impugnação, com base nos do-cumentos trazidos pelos embargantes na exordial, reconhe-ceu a impenhorabilidade do bem constrito e pugnou pelaprocedência destes embargos. 5. Apelação provida, para exi-mir a apelante da condenação em honorários advocatícios."(TRF 5, 200980000024815 AL, Primeira Turma, Rel. JuizConv. Francisco de Barros e Silva, DJe 07/jul/2011.)

Multa. Astreintes. Inexistência de coisajulgada material. STJ

"1 - A decisão que arbitra a astreinte não faz coisa julgadamaterial, pois ao magistrado é facultado impor essa coerção,de ofício ou a requerimento da parte, cabendo a ele, da mes-ma forma, a sua revogação nos casos em que a multa setornar desnecessária. 2. É cabível exceção de pré-executividade com objetivo de discutir matéria atinente àastreinte." (STJ, REsp 1.019.455 MT, Terceira Turma, Rel. Min.Massami Uyeda, DJe 15/dez/2011.)

Execução. Sentença declaratória. Possibilidade. STJ

"1. Com a atual redação do art. 475-N, inc. I, do CPC, atribuiu-se 'eficácia executiva' às sentenças 'que reconhecem a exis-tência de obrigação de pagar quantia'. 2. No caso concreto, asentença que se pretende executar está incluída nessa es-pécie de provimento judicial, uma vez que julgou parcialmen-te procedente o pedido autoral para (i) reconhecer a legalida-de do débito impugnado, embora (ii) declarando inexigível acobrança de custo administrativo de 30% do cálculo de recu-peração de consumo elaborado pela concessionária recor-rente, e (iii) discriminar os ônus da sucumbência (v. fl. 26, e-STJ)." (STJ, REsp 1.261.888 RS, Segunda Turma, Min. CampbellMarques, DJe 22/nov/2011.)

SFH. Vícios construtivos. Irresponsabilidade.Caixa. TRF 4

"Tendo como objeto o contrato de mútuo firmado entre omutuário/comprador e o agente financeiro (no caso a CaixaEconômica Federal) tão somente a disponibilização de em-préstimo em dinheiro para a construção de imóvel, bem comoa constituição de hipoteca sobre o respectivo bem, não deveeste responder por eventuais vícios construtivos." (TRF 4, AC2007.71.18.000095-0 RS, Terceira Turma, Rel. Des. FernandoQuadros Da Silva, DJe 09/jan/2012.)

Fies. Ação ordinária e monitória. Suspensãoda monitória. TRF 4

"1. Considerando que eventual acolhimento, integral ou par-cial, da ação revisional repercutirá na apuração ou na própriaconstituição do débito objeto desta ação monitória, restaconfigurada a prejudicialidade do julgamento vertido naque-la demanda em relação ao caso sub examine. 2. Todavia,cabível a conjugação do dispositivo com a ressalva assegura-da no processamento dos embargos à execução, quandoatribuídos a estes o efeito suspensivo, como preconizado no§ 6º do art. 739 do CPC. Assim, a suspensão doprocessamento da ação monitória deverá efetivar-se apósrealizados os atos de penhora e de avaliação de bens, perdu-rando o sobrestamento enquanto não se consolidar em defi-nitivo o julgamento da ação revisional. (TRF4, AC2007.71.02.005781-6 RS, Terceira Turma, Rel. Des. FernandoQuadros da Silva, DJe 09/jan/2012.)

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| Vale a pena saber

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"RESPONSABILIDADE CIVIL. RECURSO ESPECIAL. TRAVAMENTODE PORTA ELETRÔNICA DE SEGURANÇA DE BANCO. DISSABOR, MASQUE, POR CONSEQUÊNCIA DE SEUS EVENTUAIS DESDOBRAMEN-TOS, PODE OCASIONAR DANOS MORAIS. CONSUMIDOR QUE FICA,DESNECESSARIAMENTE, RETIDO POR PERÍODO DE DEZ MINUTOS,SOFRENDO, DURANTE ESSE LAPSO TEMPORAL, DESPROPOSITADOINSULTO POR PARTE DE FUNCIONÁRIO DO BANCO. DANOS MORAISCARACTERIZADOS. FIXAÇÃO, QUE DEVE ATENDER A CRITÉRIOS DERAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. 1. Conforme reconheci-do em reiterados precedentes das duas Turmas da Segunda Seçãodo STJ, em regra, o simples travamento de porta giratória de bancoconstitui mero aborrecimento, de modo que, em sendo a situaçãoadequadamente conduzida pelos vigilantes e prepostos do banco,é inidônea, por si só, para ocasionar efetivo abalo moral, nãoexsurgindo, por isso, o dever de indenizar. 2. No caso, porém, dian-te das circunstâncias fáticas e constrangimento experimentadopelo consumidor, ultrapassando o mero aborrecimento, o Banconão questiona a sua obrigação de reparar os danos morais, insur-gindo-se apenas quanto ao valor arbitrado que, segundo afirma,mostra-se exorbitante. Está assentado na jurisprudência do STJque, em sede de recurso especial, só é cabível a revisão de taisvalores quando se mostrarem ínfimos ou exorbitantes, ressaindoda necessária proporcionalidade e razoabilidade que deve norteara sua fixação. 3. O arbitramento efetuado pelo acórdão recorrido,consistente ao equivalente a 100 salários mínimos, mostra-se dis-crepante da jurisprudência desta Corte, em casos análogos. 4. Re-curso especial parcialmente provido para fixar, em atenção às cir-cunstâncias do caso, o valor de R$30.000,00 (trinta mil reais)."(STJ, REsp 983.016 SP, Quarta Turma, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,DJe 22/nov/2011.)

"RESPONSABILIDADE CIVIL. CONTRATO DE PENHOR. ROUBO DOBEM EMPENHADO NAS DEPENDÊNCIAS DA AGÊNCIA DEPOSITÁRIA.DANOS MORAIS. PROVA. IMPROCEDÊNCIA. 1. Em princípio, não cabeindenização por dano moral em virtude de perda ou roubo de joiasempenhadas à Caixa Econômica Federal - CEF (TRF da 3ª Região, 1ªSeção, EmbsInfrAC n. 1999.61.05.01 4254-6, Rel. Des. Fed. RamzTartuce, j. 04.12.08). 2. Apenas na hipótese de a parte demonstrarsatisfatoriamente a efetiva ocorrência dos alegados danos moraisadmite-se a condenação da instituição bancária, pois da obrigaçãode indenizar o prejuízo material não decorre automaticamente pres-suposição de prejuízo imaterial (STJ, REsp n. 200400600713, Rel.Min. Jorge Scartezzini, j. 16.05.05; TRF da 3

Região, AC n. 200261050123840, Rel. Des. Fed. Ramza Tartuce,j. 07.07.11). 3. As provas produzidas não são suficientes para embasaro decreto condenatório, uma vez que não restou demonstrado queo autor tenha efetivamente sofrido danos imateriais (fls. 11/12).Referidos danos não exsurgem automaticamente de mera necessi-dade de recomposição do dano material causado pela perda dasjoias, tendo em vista que o autor assumiu risco de perdê-las aoconcluir o contrato de penhor, e inclusive porque não eram utilizadaspor ele, mas por sua esposa e sua filha (fls. 125/128). 4. Apelaçãodo autor não provida." (TRF 3, AC 0007620-30.2003.4.03.6114 SP,Quinta Turma, Rel. Des. André Nekatschalow, DJe 14/dez/2011.)

Jurisprudência"CIVIL. AÇÃO ORDINÁRIA. EMPREENDIMENTO HABITACIONAL.

CONSTRUÇÃO EM LOCAL INADEQUADO, SUJEITO A ALAGAMENTOS.INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. RESPONSABILIDA-DE DA CONSTRUTORA, DO MUNICÍPIO E DA INSTITUIÇÃO QUE FINAN-CIOU A OBRA. 1. Ficou comprovado, nos autos, que o empreendi-mento Conjunto Parque das Orquídeas, do qual faz parte o imóveladquirido pelo autor, foi construído em local inadequado (uma de-pressão), próximo a uma lagoa de captação de águas pluviais, sobresolo com baixa capacidade de escoamento e absorção. 2. Impõe-sea responsabilização do MUNICÍPIO pelos danos sofridos pelodemandante, já que autorizou a obra e concedeu o 'habite-se', mes-mo em se tratando de área imprópria para a moradia, restandodemonstrado que os alagamentos não decorreram de excessivaprecipitação pluviométrica, mas das próprias características da refe-rida área. 3. Na sentença, foi rejeitada a denunciação da lide doantigo Prefeito, cabendo ao citado ente, se for o caso, mover outrademanda, caso pretenda responsabilizá-lo, onde deverá comprovarque o mesmo laborou com dolo ou culpa. 4. A CAIXA ECONÔMICAFEDERAL - CEF também deve, juntamente com o MUNICÍPIO e aconstrutora, arcar com o valor da indenização devida ao demandante,por danos morais e materiais, porque financiou toda a obra, e não,apenas, a compra do imóvel pelo mesmo. 5. Ao associar o seu nomee a sua imagem ao empreendimento, acompanhar a sua implanta-ção e liberar os recursos, na medida do seu andamento, a citadainstituição financeira gerou, no autor, a presunção de que se tratavade uma obra regular, própria para a habitação com dignidade. 6. Noentanto, revela-se excessivo o valor fixado a título de indenizaçãopor danos morais, da ordem de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais),que se reduz para R$ 10.000,00 (dez mil reais). 7. Apelações eremessa oficial tida como interposta parcialmente providas. (TRF 5,AC 0006018-71.2006.4.05.8400 RN, Segunda Turma, Rel. Des.Élio Siqueira, DJe 17/nov/2011.)

Decisão desfavorável

LeituraControle Abstrato de Constitucionalidade

ADI, ADC e ADO

Autor: Gilmar Ferreira Mendes. 1. ed., Saraiva, 2012. 732p.O autor, ministro de Supremo Tribunal Federal, discorre so-

bre a ação direta de inconstitucionalidade, da ação direta deinconstitucionalidade por omissão e da ação declaratória deconstitucionalidade. Expõe o tema com comentários doutrinári-os e práticos.

Elaboração

Jefferson Douglas Soares e Giuliano D'Andrea.

Sugestões e comentários dos colegas podem ser encaminhadospara os endereços:

[email protected] e [email protected].

Page 14: Advocef em Revista Janeiro/2012

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Séri

e V

IAG

ENS Que tal visitar Porto Alegre?

Recebi o convite daADVOCEF em Revista paraescrever sobre uma via-gem e pensei: por que nãoescrever sobre uma via-gem que dura há trêsanos? Sim, ousar escreversobre a capital dos gaú-chos, local que escolhipara viver, após 18 anos deBrasília.

Já entrando no espíri-to gaúcho, vou começar di-zendo que a cidade de Por-to Alegre, fundada por aço-rianos, em meados do sé-culo XVIII, é consideradauma das melhores capitaisbrasileiras para morar, estudar e traba-lhar. Não posso deixar de mencionar, noentanto, que, como toda grande cidadebrasileira, enfrenta problemas de trânsi-to e de saneamento urbano.

Se você chegar a Porto Alegre em ple-na Semana Farroupilha, período de co-memorações da Revolução dos Farrapos,de culto especial às tradições gaúchas,não perca tempo, caia direto no Acampa-mento Farroupilha. O local de realizaçãodo evento é de fácil localização (ParqueMaurício Sirotski Sobrinho), pois grandeparte da região central de Porto Alegrefica tomada por um aroma especial: ocheiro do churrasco. No local, éconstruído um típico acampamento gaú-cho, onde circulam �prendas� e �peões�a caráter.

Só para ilustrar: considera-se que 50%

Wilson de Souza Malcher (*)da população gaúcha usama vestimenta típica. E, es-pecialmente na SemanaFarroupilha, é muito co-mum encontrar pessoasnas ruas usando aindumentária, principal-mente a bombacha (calçatípica abotoada no tornoze-lo).

Em qualquer época doano, como primeiro pas-seio, aconselharia um citytour nos ônibus da Secreta-ria Municipal de Turismo(com segundo andar aber-to - no inverno, é claro, pre-fira o andar inferior, total-

mente fechado, a não ser que você sejaum apreciador do frio gaúcho). Com saí-da, a partir de 9h, na Travessa do Carmo,nº 84, na Cidade Baixa, o bairro boêmioda cidade. O ônibus percorre várias ruasda cidade e a beira-rio, contornando o fa-moso estádio do Internacional, o �cam-peão de tudo� e orgulho de metade dopovo gaúcho.

O pôr do sol do GuaíbaUm passeio de barco pelo Guaíba é

imperdível. O barco sai da famosa Usinado Gasômetro ou, simplesmente, Gasô-metro, uma antiga usina de carvão, e,hoje, um centro cultural efervescente,com salas de exposições, cafés, cinemase amplo espaço cultural. O passeio duracerca de três horas. E, quem sabe, de-pois do passeio, aproveita e aprecia ou-

tro orgulho do porto-alegrense: o pôr dosol do Guaíba. Aliás, venha e participe dadiscussão que não tem fim: o Guaíba ério ou lago?

A novidade na cidade é a retomada,após 50 anos, da travessia Porto Alegre-Guaíba, com duração de 20 minutos, numcatamarã com ambiente climatizado.Esse transporte hidroviário foi restabele-cido visando atender à população local,mas se tornou um atrativo turístico dosmais procurados. E, após o passeio (ida evolta), passe no Mercado Público de Por-to Alegre, onde se encontram produtosgastronômicos de todos os cantos dopaís; aliás, onde compro o pato para fa-zer uma iguaria paraense, o famoso �patoao tucupi�. No mercado, há restaurantesrecomendáveis, inclusive, umatemakeria de comida de preço honesto elocal agradável, onde você pode almoçarou jantar por menos de R$ 25,00.

Ao lado do Mercado Público, tambémpara um almoço caprichado ou para to-mar uma Polar (cerveja gaúcha), temos oChalé da Praça XV, local tradicional da ci-dade e, segundo conta a história, um doslocais preferidos do jornalista e poeta Ma-rio Quintana.

Por falar em Mario Quintana, que talum passeio pela famosa Rua da Praia? Ah,antes, não deixe de admirar a linda fonteTalavera de La Reina, o marco zero da cida-de, um presente da colonização espanho-la. Está cravada na Praça Montevidéu, em

|||||Wilson Malcher: autênticoespírito gaúcho

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|||||O pôr do sol do Guaíba: orgulho do porto-alegrense |||||Museu Iberê Camargo: visitação obrigatória

Considerada uma das melhores capitais brasileiras para morar, estudar e trabalhar

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Janeiro | 2012

| Série VIAGENS

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frente à Prefeitura Municipal. Depois, sigapela Rua da Praia, passe na Praça da Alfân-dega, conheça o prédio da �filial� da CAIXAem Porto Alegre (quem é mais velho deCAIXA sabe do que estou falando!). E, naRua dos Andradas, nº 736 (sim, a Rua daPraia, como conhecida por todos, é arebatizada Rua dos Andradas), faça umavisita à Casa de Cultura Mario Quintana, oantigo Hotel Majestic, transformado emcentro cultural. Entre, conheça as salas deexposição, em especial a sala Elis Regina eo quarto conservado do poeta que moroupor vários anos no antigo hotel.

A rua mais bonitado mundo

Outra visitação obrigatória é o MuseuIberê Camargo, na verdade, uma funda-ção que reúne a obra do pintor, um dosmaiores nomes da arte brasileira do sé-

O mapaMario Quintana

Olho o mapa da cidadeComo quem examinasseA anatomia de um corpo...

(E nem que fosse o meu corpo!)

Sinto uma dor infinitaDas ruas de Porto AlegreOnde jamais passarei...

Há tanta esquina esquisita,Tanta nuança de paredes,Há tanta moça bonitaNas ruas que não andei(E há uma rua encantadaQue nem em sonhos sonhei...)

Quando eu for, um dia desses,Poeira ou folha levadaNo vento da madrugada,Serei um pouco do nadaInvisível, delicioso

Que faz com que o teu arPareça mais um olhar,Suave mistério amoroso,Cidade de meu andar(Deste já tão longo andar!)

E talvez de meu repouso...|||||O túnel de árvores da rua mais bonita do mundo

culo XX. O prédio de arquiteturamoderna foi projetado pelo por-tuguês Álvaro Siza, um dos cin-co arquitetos contemporâneosmais importantes do mundo.Está localizado na Rua Padre Ca-cique, 2000, em frente aoGuaíba, bem próximo aoShopping Barra Sul, um dos cen-tros comerciais mais chiques dacidade, com restaurantes comvista para o rio. E, para comple-tar o passeio, siga adiante nazona sul da cidade e curta o bair-ro Ipanema, região bucólica dePorto Alegre, com um belo calçadão eservido de excelentes restaurantes e ba-res ao longo do rio. E, claro, não deixe deapreciar mais um pôr do sol.

Para a noite, uma dica para os maischiques e para quem gosta de ver gentebonita, um passeio pela famosa �Calça-da da Fama�, nas Ruas Padre Chagas eFernando Gomes, uma concentração debares, restaurantes e casas noturnas domais alto nível.

E, para concluir e manter o espíritogaúcho, que tal conhecer a rua mais bo-nita do mundo? Sim, fica em Porto Ale-gre. A Rua Gonçalo de Carvalho ganhoua fama de ser �a mais bonita do mun-do�. São quase 500 metros de calçada,com mais de cem árvores da espécietipuana, árvores altas que podem alcan-çar o sétimo andar dos edifícios e queformam um verdadeiro �túnel de árvo-res�. Imperdível!

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E, como somos todos colegas, que taluma visita ao JURIR/PO? Estamos aloja-dos em um prédio moderno, com uma belavista do rio Guaíba, no Bairro Praia de Be-las. Venham. Todos serão bem recebidos.

(*) Advogado da CAIXA(*) Advogado da CAIXA(*) Advogado da CAIXA(*) Advogado da CAIXA(*) Advogado da CAIXAem Porto Alegre.em Porto Alegre.em Porto Alegre.em Porto Alegre.em Porto Alegre.

|||||Prédio onde está o Jurídico da CAIXA, na Av. Ipiranga |||||Usina do Gasômetro: centro cultural efervescente

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A comunidade de Morro do Cococultiva feliz feijão, arroz e o café queabastece a mesa dos fazendeiros lo-cais. O salário dos trabalhadores maldá para adquirir a cesta básica domês, comprar roupas para as crian-ças frequentarem a escola e prover acasa de velas, querosene, remédioscaseiros, dízimo da igreja e apurinha, pois ninguém é de ferro.

Em época de eleição, surgemos cabos eleitorais para cabalaros votos da população local, es-timada em torno de um mil e qui-nhentos eleitores, distribuídospor quatro seções receptorasde votos. No dia do pleitodisponibilizam condução paratransporte dos votantes até olocal da festa cívica.

Numa dessas manifesta-ções de escolha dos candi-datos aos cargos eletivos,Aparecido, a mulher Zizinhae o filho mais velho, Ditinho,deslocaram-se para a sededo distrito em busca da se-ção onde votariam. Foramorientados por cabo elei-toral que fazia campanhapara Fulano, Sicrano,Beltrano, sob o olhar dis-traído dos fiscais. Rece-beram santinhos deum, de outro, até cópi-as de cédulas simulan-do o voto em determi-nado candidato.

A seção eleitoralreceptora dos sufrágios dos eleitorescadastrados pelo TRE era compostade membros da comunidade convo-cados pelo Juízo Eleitoral. Encerradaa votação e iniciada a apuração, ao seranunciado o resultado de uma das ur-nas de Morro do Coco, na qual haviaDitinho depositado seu voto, consta-

Questão de caligrafia

Arcinélio Caldas (*)tou-se inusitada unanimidade na pre-ferência dos eleitores. Todos os su-frágios da referida urna para verea-dor foram contados para o candidatoà reeleição Alcides Pé de Meia, filiadoao partido da situação.

Imediatamente, a oposição, atra-vés do delegado de seu maior parti-

ção maciça dos eleitores no candida-to Pé de Meia.

Alcebíades esclareceu que o mo-tivo da preferência dos eleitores pelocandidato vitorioso era o fatoincontroverso de que todos eram nas-cidos e criados em Morro do Coco, in-

clusive Pé de Meia.Desde a mais tenrainfância, jogavambaleba, futebol, solta-vam pipas, brincavamde esconde-esconde,trocavam mariolas eeram gratos ao verea-dor reeleito pelo seuapoio ao distrito de nas-cimento.

O magistrado, des-confiado, pergunta:

- Como o senhor expli-ca o fato de todas as cé-dulas ostentarem a mesmaletra e a mesma tinta de ca-neta no preenchimento orado número, ora do nome docandidato?

Exclama Alcibíades, im-passível:

- O eleitor dessa seçãoeleitoral, doutor, tem mais oumenos a mesma idade, estu-dou no mesmo colégio, sob ori-entação da mesma professora,que ao adotar um único cader-no de caligrafia, induziu seusalunos a assimilarem a mesmaarte de escrever à mão!

Ninguém foi punido, mas, por pre-caução, todos os votos foram anula-dos.

(*) Advogado da CAIXA em(*) Advogado da CAIXA em(*) Advogado da CAIXA em(*) Advogado da CAIXA em(*) Advogado da CAIXA emCampos dos Goytacazes/RJ.Campos dos Goytacazes/RJ.Campos dos Goytacazes/RJ.Campos dos Goytacazes/RJ.Campos dos Goytacazes/RJ.

Folc

lore

Pol

ítico

do, impugnou a urna onde votouDitinho, que foi encaminhada para aná-lise e julgamento pelo juiz eleitoral.Nesse mesmo dia, foi convocado oAlcibíades, presidente da seção elei-toral, para explicar o motivo da vota-

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Crô

nica

O penhor da socialiteAntônio Dilson Pereira (*)

A operação de Penhor sempre sofreupreconceitos. A sociedade não entendiaque se trata de uma operação de créditocomo outra qualquer, com a vantagem dadesburocratização. Basta a pessoa compa-recer à CAIXA, portando bem passível deser dado em penhor. Juridicamente, dispen-sa documento de propriedade, bastandoapresentar sua identidade, seu CPF e umcomprovante de endereço.

Até por volta da década de 80, pesso-as da classe média tinham receio de utili-zar essa operação. Era o medo de que al-guém comentasse com seus amigos que"fulano estava colocando suas joias no pre-go, deve estar em situação muito difícil".

Esse receio levava à utilização de al-guns artifícios para não aparecerem, princi-palmente recorrendo a preposto para ob-ter o financiamento. As madames costu-mavam se valer de suas costureiras ou ca-beleireiras de confiança diante de algumaemergência, não desejando recorrer aosmaridos, por razões que não cabe discutiraqui.

É claro que essa prática uma hora po-deria dar zebra. E foi o que aconteceu nocaso aqui contado.

Socialite curitibana, na década de 70,já enfrentando algumas dificuldades emseu casamento, utilizava sempre desseexpediente, recorrendo à sua costureira deconfiança, entregando-lhe suas valiosasjoias, que eram empenhadas. Feita a ope-ração, dava uma gorjeta à amiga e tudocorria normal. Até o dia em que a costureiraviu ali uma chance de obter um lucro maior.Na última operação, repassou o dinheiro àpatroa, mas se recusou a endossar as cau-telas. Estava feita a confusão.

O assunto foi submetido ao JurídicoRegional, que, após análise, recomendouo depósito judicial das joias, já que existi-am dúvidas quanto à real titular do direitode propriedade. Na mesma oportunidade,solicitou que fossem encaminhados todosos documentos para que a medida judicialfosse aforada. Não restou outra alternativaà nossa personagem a não ser levar o fatoao conhecimento do maridão, que ela ha-via poupado de pedido de dinheiro paraseus gastos extravagantes. Não contavacom o susto do homem. Este sofreu amea-ça de infarto, terminou internado num hos-pital, de onde se comunicou com seu advo-gado. Não era para menos, as joias eramde elevados valores, quase todas adquiri-das no exterior.

As coisas se precipitaram e, antes quea área operacional encaminhasse a docu-mentação, iniciou-se uma batalha. O mari-do da socialite, por intermédio de seu ad-vogado, imediatamente notificouextrajudicialmente a CAIXA, instruindo suanotificação com todas as notas de aquisi-ção das joias, afirmando que eram de pro-priedade de sua esposa. Requereu que nãofossem entregues à costureira, propondo-se a quitar o valor total do empréstimo.

A costureira, por sua vez, notificou aCAIXA afirmando que as joias na verdadepertenciam à sua patroa e que se recusavaa endossar as cautelas por ser credora de

valor referente a serviços de costuras reali-zados e não pagos. Requereu que a CAIXAsomente entregasse as joias após o paga-mento desses serviços.

O assunto voltou ao Jurídico Regionalque, após nova análise, concluiu não maisexistir dúvidas quanto à verdadeira donadas joias e recomendou fossem elas entre-gues à socialite, especialmente porque aárea operacional havia permitido que seu

marido quitasse o valor do empréstimo.Não havia mais fundamento para apropositura de qualquer ação.

Aqui entra o inusitado. Afinal, se esta-va em plena ditadura militar e era práticaameaçar pessoas, notadamente emprega-dos de órgãos do governo com denúnciajunto aos órgãos de informação. Foi o quefez o advogado da costureira. Informou aogerente da área que, se as joias fossementregues à socialite, faria denúncia àque-les órgãos, revelando que a CAIXA protegiauma ricaça em detrimento de uma pobrecostureira. É evidente que a ameaça coloue a área operacional devolveu o assuntoao Jurídico exigindo que a ação pertinentefosse proposta.

Enquanto isso, o advogado do maridoda socialite ajuizou ação reivindicatória,instruindo a inicial com as notas fiscais e aprova da quitação do débito. Era uma açãona qual a CAIXA não teria a menor chancede vencer. Mesmo assim, o Jurídico Regio-nal contestou-a, vindo, posteriormente, asentença de procedência, da qual foi inter-posto recurso de apelação ao antigo Tribu-nal Federal de Recursos. Enquanto o recur-so era processado, o casal separou-se e acostureira resolveu fazer um acordo, porintermédio do qual endossaria as cautelas,dispensando-se eventuais condenações daCAIXA por verba de sucumbência.

O acordo foi firmado e a grande surpre-sa foi na hora de se abrirem os envelopes.As joias ocuparam toda a superfície de umamesa de reuniões, destacando-se algumaspeças interessantes, como um medalhãoque, juntamente com o colar, pesava 800gramas. Somadas as notas fiscais de com-pra, totalizavam um bilhão e meio da moe-da da época.

O acordo foi firmado, as joias foramentregues ao filho do casal, já que o casalencontrava-se separado e o ex-marido nãoconcordava que fossem levantadas pelaex-mulher, com o que esta concordou.

Todos ficaram satisfeitos.Uma lição que ficou: os ricos guardam

todas as notas fiscais das joias com asquais presenteiam suas esposas, o quenem sempre é seguido pelas pessoas co-muns.

(*) Advogado aposentado(*) Advogado aposentado(*) Advogado aposentado(*) Advogado aposentado(*) Advogado aposentadoda CAIXA no Paraná.da CAIXA no Paraná.da CAIXA no Paraná.da CAIXA no Paraná.da CAIXA no Paraná.

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Janeiro | 201218

O que esperar pra 2012?C

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André Falcão de Melo (*)Sobejam motivos pra comemorar oque já se conquistou e (man)ter otimis-mo quanto ao por conquistar! Pra come-çar, o país já inicia o ano como a 6ª eco-nomia mundial, ultrapassando nada maisnada menos do que o Reino Unido. Embreve suplantará a França, segundo osprognósticos deles mesmos. Isto tendosobrevivido com surpreendente desenvol-tura à crise de 2008 � aquela que o pre-sidente nordestino-operário-que-não-gos-ta-de-ler (mas que sabe ler a alma do povocomo poucos), doutor honoris causa dosmaiores centros de saber do mundo, con-feriu a alcunha de marolinha, quando estaainda se punha no horizonte, referênciacontraditória às ondas marítima gigantesque castigaram tragicamente aÁsia �, bem assim so-brevivendo à crise

atual, vivida porUnião Europeia e EUA.

Aliás, aqueles que tentam des-merecer o feito, bem assim o caminho desucesso, econômico e social que vem sen-do paulatina e firmemente seguido e per-seguido pelo Brasil nos últimos noveanos, costumam creditar exatamente àscrises europeia e norte-americana a res-ponsabilidade pelo destaque brasileiro. Aquestão principal, entretanto, soa-me ou-tra: como estariam aqueles países se nãofosse a pujança experimentada, com so-lidez, por Brasil, Rússia China e Índia?

Ainda no plano internacional, o Brasilgoza de um respeito e admiração nuncaantes experimentados. Hoje sua voz seimpõe com altivez, soberania, indepen-dência e coragem. Não aceitamos maistirar os sapatos para entrar em país ne-nhum. E nosso anterior presidente, fosse

no fórum mundial que fosse, dava o seurecado no idioma nacional; quem o qui-sesse ouvir e não entendesse a línguapátria que se socorresse dos intérpretesde plantão. Não foram poucos, nemdesimportantes, os que desejaram e ofizeram.

A CAIXA, por sua vez, conforme nosinforma o seu presidente, em mensagemde agradecimento enviada aos seus em-pregados mal ultrapassada a porta donovo ano, �bateu recordes na concessãode crédito, no saldo de poupança, forta-leceu sua participação no mercado, atuoucom determinação do desenvolvimentodos programas [por nós, advogados, tãoconhecidos] Minha Casa Minha Vida e

PAC 2, e contribuiu com a meta do Gover-no Federal de vivermos em um país sempobreza.� Não bastasse, �foi apontadapela imprensa especializada internacio-nal como o Maior Banco Público da Amé-rica Latina�! É pouco ou quer mais? Émuito, mas a CAIXA, sabidamente (e sa-biamente), quer mais. Como não?

Nossa ADVOCEF tampouco destoa dotrilho seguro por onde seguem aqueles. Enesse norte a crônica encheria páginas epáginas de meu micro configurado paraA4 � tempos modernos (!) � fosse conti-nuar dando azo ao entusiasmo à frentede números e dados tão positivamentesignificativos para nosso país e para seufundamental agente, a CAIXA.

Vou, portanto, encerrar. Mas peçopermissão, primeiro aos colegas de ou-tros Jurídicos, e depois àqueles torcedo-res azulinos (torcedores do CentroSportivo Alagoano � CSA, o Azulão) quepor cá ou por aí possam ainda se encon-trar, para dar os parabéns aos colegasregatianos (torcedores do Clube de Re-gatas Brasil � CRB, o Galo de Campina),inicialmente pelo Vice-Campeonato doBrasileiro da Série C/2011 e conquistado acesso à Série B/2012 � onde, aliás,atuara por quinze anos ininterruptos(1993/2008) e para onde voltou no ano

de seu centenário (exatamente2012) �, e também

pela goleada apli-

cada no rival,na tarde do último sá-

bado/14, no tradicional Está-dio Rei Pelé, o Trapichão, por 3 x 0, noseu jogo de estreia no recém-iniciadoCampeonato Alagoano. Dizem osazulinos, a propósito, que a sorte do Galofoi que a Lei da Palmada ainda não estáem vigor. É que pai não pode mais baterem filho. Porém, lá nas bandas daPajuçara � reduto do Regatas �, a res-posta foi dada, incontinenti: mesmoquando promulgada venha a ser, conti-nuará batendo, e aguardando os proces-sos. Aí gosta de espancar!...

Pois bem, face a tantos fatosalvissareiros, o que posso esperar pra2012? Preciso mesmo dizer?

(*) Advogado da CAIXA(*) Advogado da CAIXA(*) Advogado da CAIXA(*) Advogado da CAIXA(*) Advogado da CAIXAem Maceió/AL.em Maceió/AL.em Maceió/AL.em Maceió/AL.em Maceió/AL.

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Lucíola Parreira Vasconcelos,Lucíola Parreira Vasconcelos,Lucíola Parreira Vasconcelos,Lucíola Parreira Vasconcelos,Lucíola Parreira Vasconcelos,da REJUR Uberlândia/MGda REJUR Uberlândia/MGda REJUR Uberlândia/MGda REJUR Uberlândia/MGda REJUR Uberlândia/MG

Principais objetivos:Principais objetivos:Principais objetivos:Principais objetivos:Principais objetivos:"Gostaria de me aperfeiçoar

enquanto profissional do Direito,concretizando meu projeto de ini-ciar um mestrado, começandocom meu retorno ao estudo da lín-gua estrangeira.

Dedicar-me mais às tarefas re-levantes, separar melhor as atri-buições específicas de advogado e delegar bem mais as burocráti-cas, que podem ser executadas pelos apoios e estagiários. Assim,atingirei meus objetivos de forma menos desgastante e mais efi-caz."

Não quer que se repita em 2012:Não quer que se repita em 2012:Não quer que se repita em 2012:Não quer que se repita em 2012:Não quer que se repita em 2012:"Não gostaria de rever as metas de extinção de ações da área

jurídica sendo emergencialmente cobradas somente ao fim do ano -e não periodicamente; as audiências conciliatórias sendo marcadasde forma aleatória apenas para cumprimento de meta da áreaoperacional, sem prévia análise em parceria com a área jurídica; osempregados fazendo cursos na Universidade CAIXA somente parafins de promoção por mérito e não para aperfeiçoamento pessoal."

Um desejo:Um desejo:Um desejo:Um desejo:Um desejo:"Que as atividades da área jurídica fossem planejadas com an-

tecedência, sem que os advogados fossem engolidos pelos incêndi-os e tivessem que agir feito verdadeiros bombeiros."

Resoluções de ano novoDois advogados da CAIXA falam de suas expectativas para 2012

|||||Lucíola: advogados como bombeiros

Vinícius Ramalho,Vinícius Ramalho,Vinícius Ramalho,Vinícius Ramalho,Vinícius Ramalho,da REJUR Governa-da REJUR Governa-da REJUR Governa-da REJUR Governa-da REJUR Governa-dor Valadares/MGdor Valadares/MGdor Valadares/MGdor Valadares/MGdor Valadares/MG

Principais objeti-Principais objeti-Principais objeti-Principais objeti-Principais objeti-vos:vos:vos:vos:vos:

"No âmbito profissi-onal, cumprir as metase objetivos traçados pormeus superiores no quediz respeito às ativida-des à frente da REJUR/Governador Valadares.

No âmbito pessoal, pretendo aumentar a minha parti-cipação em ações de voluntariado e de ajuda ao próximo."

Não quer que se repita em 2012:Não quer que se repita em 2012:Não quer que se repita em 2012:Não quer que se repita em 2012:Não quer que se repita em 2012:"Não quero despender tempo e energia com coisas

irrelevantes, situações que tanto profissional quanto pes-soalmente não irão me tornar uma pessoa melhor e, por-tanto, mais útil para a sociedade."

Um desejo:Um desejo:Um desejo:Um desejo:Um desejo:"Que as questões polêmicas e nebulosas que arranha-

ram a imagem do Poder Judiciário no ano de 2011 possamser esclarecidas e superadas de modo que o cidadão co-mum não perca a confiança e a crença na justiça brasileira.

Que juntos possamos aprimorar ainda mais o excelen-te nível dos trabalhos desenvolvidos pelo Jurídico no queconcerne à defesa dos interesses da CAIXA."

|||||Vinícius: as questões nebulosasdo Judiciário

| Relacionamento

O casamento de Marx e RafaelleAdvogados da CAIXA casaram no dia 12 de janeiro, em Fortaleza

Os advogados Marx AntonioTeixeira Segundo e Rafaelle Portelade Arruda Coelho, ambos lotadosno Jurídico Fortaleza/CE, casaram-se em 12 de janeiro de 2012 - datade anivearsário da CAIXA -, na Igre-ja de Nossa Senhora do Líbano, nacapital cearense. A solenidade foiprestigiada pelos familiares, ami-gos e colegas da CAIXA. Estava pre-sente o presidente da ADVOCEF,Carlos Castro, que foi levar seuabraço em nome de todos os asso-ciados.

A história de amor de Marx eRafaelle foi tema de reportagemdesta Revista publi-cada em de-zembro de 2011. A noiva rece-beu o pedido de casamento atra-vés de outdoor. Os padrinhos Ma-ria Rosa e Paulo César - colegasda unidade que incentivaram onamoro - afirmam brincando que,após a publicação, não param dereceber e-mails e telefonemas decolegas de todo o Brasil pedindo"uma ajudinha para arrumar umcasamento".

|||||Com os noivos, o presidente Carlos Castro e colegas do Jurídico Fortaleza

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Janeiro | 2012 I

Suplemento integrante da ADVOCEF em Revista | Ano XI | Nº 107 | Janeiro | 2012

Reflexão sobre o bommomento vivenciado pela área

de recuperação de créditosHá alguns meses circulou no Outlook

um artigo que foi publicado no jornal Cor-reio Brasiliense, comentando acerca deprovidências administrativas que vêmsendo adotadas pela CAIXA com o intuitode melhorar a recuperação de seus cré-ditos, como as ações de telecobrança ede credenciamento das empresas queatuam nesse segmento, as terceirizadas.O título da matéria é �a Caixa Econômicanão é mais a mesma� e a notícia começadizendo que �ficar devendo na Caixa Eco-nômica Federal não é um bom negócio�.

Sabendo que a cobrança administra-tiva tem cumprido o seu papel, a notícianos leva a questionar se esse dinamis-mo tem sido constatado também noâmbito judicial, após as significativas al-terações levadas a efeito pela legislaçãoprocessual civil, principalmente aquelasque imprimiram celeridade e efetividadeao processo de execução e que foraminseridas no CPC pela Lei nº 11.382/06.

A pergunta é: percebe-se hoje umaexpressiva evolução no que diz respeitoà rapidez na tramitação das ações decobrança em geral e em relação à suaeficácia? Penso que sim e por váriosmotivos.

Em primeiro lugar, é preciso reconhe-cer que nos últimos anos houve umamelhor estruturação da área internamen-te. De fato, alguns Jurídicos que não pos-suíam acervos de processos de recupe-ração de créditos em separado passarama adotar esse modelo, o qual, em meumodo de ver, melhor atende aos interes-ses da CAIXA, uma vez que permite atua-ção proativa. Ademais, parte significativadas atividades da área é absorvida com

Silvio do Lago PadilhaAdvogado da CAIXA em Belo Horizonte/MG, pós-graduado em Direito de Empresae bacharel em Administração deEmpresas.

a elaboração de inúmeros pareceres so-bre a situação atual do processo de co-brança, inclusive opinamento sobre se ocrédito é ou não de difícil recuperação,manifestações essas que servem de sub-sídios para a análise e a aprovação doacordo pela Área Operacional devinculação do contrato. Calcula-se queessa atividade administrativa absorvapelo menos 40% do tempo do advogadoque atua na área.

Esse melhor aparelhamento da áreafoi fundamental para a redução do acer-vo que se encontrava terceirizado. Aquino Jurídico de Minas a internalização dosprocessos começou há mais de sete anose hoje praticamente não mais existemprocessos terceirizados. O que seterceiriza nessa área, quando necessá-rio, são apenas atos.

A reestruturação da área também foiimportante para a absorção do aumentoda demanda de processos a ajuizar � econsequentemente do acervo em geral �,fato originado pelo encurtamento do prazoprescricional pelo advento do novo CódigoCivil, e, posteriormente, pelo aumento dainadimplência causado pelo volume deempréstimos concedidos em razão da po-lítica adotada pelo Governo anterior, quan-do houve grande incentivo ao crédito, políti-ca essa que foi executada principalmentepelo Banco do Brasil e pela CAIXA.

Em minha opinião, a questão daredução do prazo prescricional para acobrança de dívidas tem repercussãopositiva, isso porque a demora noajuizamento sempre foi vista como umdos principais dificultadores para se ob-ter sucesso na recuperação do crédito,

por induzir o devedor a adotar uma pos-tura comodista. Outro ponto importanteque não pode ser esquecido é a expan-são da Justiça Federal. Penso que ainteriorização das Varas Federais igual-mente está contribuindo para a melhoreficiência dos processos da área. Quantasvezes ouvimos os gerentes dizerem quea CAIXA sempre era a última a receber?Contribuía para isso a necessidade daexpedição de cartas precatórias aosJuízos Estaduais para realização da cita-ção do devedor e da penhora de bens,em razão do foro privilegiado da CAIXA.Há alguns anos, a rapidez com que trami-tavam as cobranças realizadas pelosbancos privados e pelo Banco do Brasil,cuja competência é da Justiça Estadual,mais próxima dos devedores, de fato nãoera a mesma observada para as açõesda CAIXA, já que a Justiça Federal somen-te possuía varas nas capitais e em umaou outra cidade-polo do interior dos esta-dos. Entretanto, o que se percebe é queatualmente esse obstáculo não mais exis-te, ou, se ainda persiste em algum lugar,provavelmente não contribui para o re-tardamento da cobrança com a mesmafrequência de antes, haja vista que ainteriorização da Justiça Federal tem ca-minhado a passos largos, já dispondo atu-almente de varas instaladas na maioriadas grandes cidades do interior.

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Janeiro | 2012II

O próximo fator decisivo para a efi-cácia da recuperação do crédito decorredas políticas de acordo adotadas pelaempresa, seja nos projetos de concilia-ção implementados para os contratos daEMGEA, seja nas sucessivas campanhasestabelecidas para os créditos comerci-ais. A propósito, nota-se, em relação aoscréditos antigos, inclusive aqueles já fo-ram lançados em prejuízo e cuja tendên-cia é suspensão do processo por anos afio, que muitas vezes é preferível recu-perar pelo menos as despesas já desem-bolsadas ao longo da tramitação proces-sual a manter ativa a ação quesabidamente não terá qualquer possibi-lidade de êxito.

Por último, outro acontecimento queem meu entendimento vem contribuindopara o sucesso das ações de recupera-ção de créditos em geral, o qual tem sidoum fator de equilíbrio em relação ao au-mento da inadimplência causado pelovolume de empréstimos concedidos, re-fere-se ao crescimento econômico expe-rimentado pelo nosso país nos últimosanos. Com efeito, o incremento de rendadecorrente do aumento do emprego e damelhoria da situação financeira do deve-dor favorece muito a realização de acor-dos. A propósito, no momento em queescrevo este artigo chega a boa notícia atodos nós, brasileiros, de que o Brasil aca-ba de ultrapassar o Reino Unido, passan-do a ocupar o posto de sexta economiado mundo.

Como observado acima, a melhoriados resultados na área de recuperaçãode créditos da CAIXA tem origem na ado-ção de algumas medidas internas, comoa reestruturação da área pelo Jurídico, ainternalização de processos terceirizadose as políticas de acordos constantemen-te implementadas pela empresa. Comoreforço dessas ações, vejo como fatorespositivos externos a interiorização da Jus-tiça Federal e o aumento da renda da po-pulação ativa, originado pelo progressoeconômico do nosso país.

Mas não é só, pois nota-se que tam-bém exercem um papel importante nes-sa transição as alterações realizadas nalegislação processual civil (aquelastrazidas pela Lei nº 11.382/2006) e apostura da maioria dos juízes da JustiçaFederal, ao menos em relação ao estadode Minas Gerais.

Antes de entrar nesses dois assuntos,quero chamar a atenção para a contribui-ção igualmente trazida pela Jurisprudên-

cia do Superior Tribunal de Justiça, no fi-nal de 2004, quando editou as Súmulasnº 294 e 296, resolvendo de vez as dis-cussões que se travavam em relação aosencargos cobrados pelos bancos em rela-ção aos créditos comerciais, principal-mente no período de inadimplemento.Além de definir parâmetros para a cobran-

ça da comissão de permanência ou dosjuros remuneratórios para a fase posteri-or ao adimplemento do contrato, assúmulas editadas pelo STJ contribuíram,e muito, para afastar o risco desucumbência em valores elevados, situa-ção muitas vezes enfrentada pelos advo-gados da área devido às cobranças atéentão ajuizadas com base em quantiasapuradas mediante a aplicação de todosos encargos previstos no contrato, de for-ma cumulativa. Hoje se pode dizer que osexecutados/embargantes quase não dis-põem de teses para as suas defesas.Quando muito, não obstante o adventoda MP 1.963-17, de 31/03/2000, osdevedores discutem acerca da cobrançade juros capitalizados mensalmente; so-bre a impossibilidade de cumulação dacobrança de juros remuneratórios comcorreção monetária, aliás, não vedada, jáque a Súmula nº 30-STJ veda apenas acumulação da cobrança da comissão depermanência com correção monetária;pedem a aplicação de juros de 12% a.a. einvocam outras teses de somenos impor-tância, algumas delas já superadas pelaJurisprudência dos Tribunais Superiores.

Passando agora à análise das altera-ções implementadas pela Lei nº 11.382/2006 no Código de Processo Civil, pensoque três delas são extremamente impor-tantes e vêm contribuindo decisivamentepara a celeridade e a efetividade proces-sual vivenciada hodiernamente. A primei-ra refere-se à previsão de que o executa-do deve opor embargos independente-mente de penhora, de depósito ou de ofe-

recimento de caução (art. 736, CPC). Essamodificação deu maior agilidade ao pro-cesso de execução, uma vez que, pelaregra anterior, além de exigida a seguran-ça do Juízo, o prazo para a oposição dosembargos somente se iniciava quandohouvesse a conclusão da intimação dapenhora em relação a todos os executa-dos e essa sistemática implicava exage-rada demora na finalização dessa faseprocessual. Além disso, a mudança nãoensejou qualquer prejuízo pelainexigência prévia da penhora, haja vistaque para requerer e obter efeitosuspensivo aos embargos opostos é im-prescindível que haja garantia do Juízo, e,nessa hipótese, caberá ao devedor ofere-cer bens à penhora, efetuar depósito ou,ainda, apresentar caução.

A segunda mudança que contribuipara a obtenção da rápida prestaçãojurisdicional nos processos de execuçãorefere-se à regra de que os embargos nãotêm efeito suspensivo (art. 739-A, caput,CPC). Com efeito, somente se cumprir ostrês requisitos estabelecidos no § 1º docitado artigo, cumulativamente, é que odevedor poderá requerer e alcançar o efei-to suspensivo almejado: a) deverá de-monstrar que seus fundamentos são re-levantes � como comentei antes, com oadvento das Súmulas nº 294 e 296, doSTJ, praticamente não restaram fundamen-tos para discussão de mérito no que tocaaos contratos da área comercial, aindamais de natureza relevante; b) que o pros-seguimento da execução possa causargrave dano de difícil ou incerta reparação;c) que a execução esteja garantida porpenhora, depósito ou caução.

Por consequência, sendo exceção àregra geral prevista no caput do artigo 739-A do CPC, a decisão que eventualmenteconcede efeito suspensivo aos embargosdo devedor merece exame acurado, umavez que, não havendo recurso contra taldecisão, ficará o processo de execuçãona dependência do desfecho dos embar-gos, com grande possibilidade de retarda-mento da recuperação do crédito, já que,nessa hipótese, a execução prosseguirásomente até a avaliação dos bens (§ 6º,art. 739-A, CPC). Por outro lado, depen-dendo do caso, não obstante o efeitosuspensivo concedido pelo Juiz aoembargante, esse efeito não poderá seraplicado, por exemplo, ao executado quenão embargou a execução (§ 4º, art. 739-A, CPC), nem em relação à parcela do cré-dito reconhecida pelo devedor em decor-

A melhoria dos resultadostem origem na

reestruturação da área peloJurídico, na internalização

de processos terceirizados enas políticas de acordos

implementadas pelaEmpresa

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Janeiro | 2012 III

rência da regra que lhe impõe declarar eapresentar planilha sobre o valor que en-tende devido, quando o excesso de exe-cução for fundamento dos embargos (§5º, art. 739-A, CPC), ou, ainda, �quando oefeito suspensivo atribuído aos embargosdisser respeito apenas a parte do objetoda execução� (§ 3º, art. 739-A, CPC).

Enfim, havendo algumas particulari-dades prevendo a viabilidade de prosse-guimento da execução em relação à par-cela do crédito não abrangida por eventu-al decisão que venha a conceder efeitosuspensivo aos embargos opostos pelodevedor, ou, ainda, em relação a outrosexecutados que não embargaram a exe-cução, esse momento é de muita impor-tância para se definir quais serão as me-didas a serem adotadas a partir daí,objetivando a eficácia da execução. Emsuma: a decisão que conceder efeitosuspensivo aos embargos não pode dei-xar qualquer dúvida quanto à suaabrangência, uma vez que a partir deladecorrerão desdobramentos em relaçãoa todos ou a alguns executados. Agravardas decisões que não observam os requi-sitos previstos no artigo 739-A, do CPC, ésempre recomendável. Aqui em Minas, porexemplo, há um Juiz que praticamenteconcedia efeito suspensivo aos embargosde forma automática, e, pior, sem funda-mentar a sua decisão, já no momento emque despachava determinando aintimação da CAIXA para apresentarimpugnação. A partir da oposição de em-bargos declaratórios em razão das omis-sões e contradições verificadas o Magis-trado passou a não mais proceder dessaforma, intimando primeiramente a CAIXApara apresentar impugnação, ocasião emque se aproveita para impugnar o pedidode concessão de efeito suspensivo formu-lado pelo executado, já alertando sobre aausência dos requisitos legais que justifi-cariam o deferimento desse pedido.

Se pensarmos nas execuções de con-tratos do SFH, então, a importância daanálise detida da decisão que eventual-mente venha a conceder efeitosuspensivo aos embargos, em meu pontode vista, é ainda maior. A consequênciade uma decisão equivocada muitas vezessomente é percebida depois. Basta obser-var que nas campanhas levadas a efeitopela EMGEA os mutuários que não de-monstram interesse na negociação � res-salvados os raros casos daqueles que re-almente não dispõem de condição parafirmar o acordo � são aqueles que estão

numa situação confortável: estão moran-do de graça há vários anos porque tive-ram o processo de execução suspenso poralgum motivo; não estão realizando de-pósito judicial mensal; ou, ainda, porquepossuem ação cautelar, ordinária ou deembargos pendente de julgamento no Tri-bunal, nas quais conseguiram liminar paraobstar o prosseguimento da execução.Ainda sobre os embargos às execuções/SFH, além da regra prevista no artigo 739-A, do CPC, aplicável a esse rito especialde execução em face do disposto no arti-go 10 da Lei nº 5.741/71, deve-se verifi-car se de fato o mutuário cumpriu fielmen-te os requisitos previstos no artigo 50 daLei nº 10.931/2004, vale dizer, se de fatoele discriminou na petição inicial dos em-bargos as obrigações que pretendecontroverter, quantificando o valorincontroverso e apresentando a formacomo pretende continuar pagando o valorparcial da prestação, até porque a ausên-cia do cumprimento dessa condição im-plica a inépcia da petição inicial.

A última modificação que vem contri-buindo para a eficácia das cobranças re-fere-se àquela que permitiu a realizaçãoda penhora de dinheiro em depósito ouaplicação financeira, a chamada �penho-ra on line� (art. 655-A, CPC). Muitas ve-zes, ainda que o valor bloqueado seja depequena monta, só o fato de o devedorser surpreendido e incomodado com amedida já é suficiente para que ele procu-re a CAIXA para renegociar o seu contrato.

Pois bem, visto que nos últimos anoshouve avanços tanto no âmbito internoda CAIXA � aqui consideradas as áreasgestoras dos créditos e a área jurídica �como também na legislação aplicável aoprocesso de execução, resta agora saberse o Poder Judiciário tem cumprido o seupapel a contento, no que se refere àceleridade e à efetividade das suas deci-sões. Diante do que se vê aqui em Minaspode-se afirmar que nessa área a maioria

dos Juízes Federais tem atuado de formapositiva. Evidentemente que numa ounoutra situação ainda há decisões que vãode encontro com os avanços trazidos pelaLei nº 11.382/06. Mas, no geral, o que setem observado é o interesse do JudiciárioFederal na prestação jurisdicional da for-ma mais rápida possível. Já tive retornode processo no qual tinha manifestado háapenas uma semana e outro caso há ape-nas 15 dias. Isso é uma realidade, masque não acontece com a frequência quetodos nós gostaríamos.

Em relação a atitudes proativas, me-recem destaques algumas decisões pro-feridas pelo Juiz da 10ª Vara Federal deBelo Horizonte, Dr. Fabiano Verli. O Juiz,ao proferir a decisão de conversão domandado monitório em título executivo,ou, ainda, ao sentenciar rejeitando ou jul-gando improcedentes os embargos opos-tos à ação monitória, invoca o poder geralde cautela do Juiz e já realiza o bloqueiode valores via BACENJUD e também pes-quisas nos Sistemas INFOJUD e RENAJUD(declaração do imposto de renda e veícu-los). Nesses casos o Magistrado defereessas medidas de ofício, alegando que fi-cou caracterizado o abuso do direito dedefesa e o manifesto propósitoprotelatório do réu. Costuma também in-deferir pedido de liberação de valores blo-queados, quando não demonstrados mo-tivos convincentes � duas delas vão trans-critas ao final a título de ilustração1. Outrocaso que demonstra o interesse da Justi-

1 �Só uma coisinha: como a PARTE REQUERIDApretende pagar o que deve? Uma perguntasimples. Antes de liberar qualquer valor queengloba uma certa parcela de seus rendimen-tos, quero saber como a PARTE REQUERIDApretende honrar o seu nome, honrar as suasobrigações de pessoa honesta. Vejo pessoascomprando sofás, rádios, tevês e tudo maisem 10, 20 parcelas. Acho que a PARTE RE-QUERENTE aceitaria isto, não? Talvez aceitas-se. Dado o tempo que se passou, não seria ocaso de uma parcial amortização do que deve?Por outro lado, este mesmo Juiz vive de salá-rio. Nem por isso, uma prestação que ele devedeixará, eu garanto, de ser paga porque setrata de �verba salarial�. �Verba Salarial� étida, na prática, como Deus ex macchina: umapanacéia que tudo resolve em prol do deve-dor, do inadimplente, daquele que não cum-pre a palavra dada. É a mesma expressãoque prejudica o comércio, a boa-fé, o custo docrédito (aumentando os juros), a segurançajurídica, a moral e a economia com um todo.Se uma instituição financeira como a CEF re-cusasse um mútuo a alguém sob a alegaçãode que a pessoa, vivendo de salário, não se-ria confiável, esta pessoa procuraria o PoderJudiciário alegando discriminação. Ela ganha-ria a ação. Se é assim, não posso considerar

A redução do prazoprescricional para a cobrançade dívidas tem repercussão

positiva, porque a demora noajuizamento sempre foi vista

como um dos principaisdificultadores

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Janeiro | 2012IV As matérias publicadas neste suplemento são de responsabilidade exclusiva de seus autores.O encarte pode ser acessado, na íntegra, no site da ADVOCEF (menu Publicações).

Ano XI | Nº 107 | Janeiro | 2012

ça na adoção de medidas que possam con-tribuir para a eficácia da prestaçãojurisdicional refere-se ao seguinte exem-plo: quando se peticiona requerendo a ex-pedição de ofício às empresas de Telefo-nia e de TV a Cabo, objetivando a obten-ção do atual endereço do executado, de-pois de esgotadas outras alternativas exis-tentes para tanto (cadastros internos,INFOJUD etc.), alguns Juízes deferem, ou-tros indeferem, estes normalmente sob aalegação de que tal serviço sobrecarrega-ria as atividades da Secretaria. Entretanto,para não indeferir todo o pedido, o Dr.Eduardo Morais da Rocha, Juiz da 27ª VaraFederal, uma das varas especializadas emexecuções, o defere parcialmente, autori-zando que a própria CAIXA, de posse dacópia autenticada da decisão, busque taisinformações junto às referidas empresas.Ora, considerando que o conhecimento doparadeiro do executado é o primeiro pas-so para se almejar êxito na recuperaçãodo crédito, e, ainda, o fato de que não setem conseguido êxito nesses agravos, àmíngua de respaldo legal, é louvável a al-ternativa adotada pelo Magistrado.

Voltando à questão do bloqueio devalores, gostaria de tecer algumas consi-derações sobre a recente decisão proferi-da pelo Supremo Tribunal Federal, no jul-gamento do MS nº 27.621, no dia07.12.2011, acerca da obrigatoriedade de

os juízes se cadastrarem no BACENJUD.Embora o acórdão ainda não tenha sidopublicado, pelo que consta da notícia vei-culada no sítio do STF foi denegada a or-dem, tendo prevalecido o voto do Minis-tro Ricardo Lewandowski, cujo entendi-mento pode ser assim resumido: a) �a de-terminação do Conselho não obriga omagistrado a utilizar o Bacen Jud�; b) �adeterminação do Conselho é exclusiva-mente no sentido da inscrição no cadas-tro, sem cunho jurisdicional�; c) �se o ma-gistrado quiser continuar usando outrosmétodos de penhora poderá procederdessa forma�; d) �se quiser utilizar a fer-ramenta do Banco Central, terá que estarpreviamente cadastrado�. Meu entendi-mento é que o Supremo Tribunal Federalsimplesmente deu validade à determina-ção contida no artigo 2º da Resolução nº61, de 07.10.2008, que assim dispõe: �éobrigatório o cadastramento, no sistemaBACENJUD, de todos os magistrados bra-sileiros cuja atividade jurisdicional com-preenda a necessidade de consulta e blo-queio de recursos financeiros de parte outerceiro em processo judicial�.

Ao que parece, s.m.j., tal julgamentonão resolve os casos em que o Magistra-do, não obstante tenha deferido o pedidode bloqueio de valores, não o executa coma utilização do Sistema BACENJUD, deter-minando, por exemplo, a simples expedi-ção de ofício ao Banco Central do Brasil,solicitando informações sobre a existên-cia de depósitos e aplicações financeirasem nome dos devedores, ou seja, não fazuso do Sistema que permite a consulta e obloqueio on line. Aqui há um Juiz que so-mente defere dessa forma, não havendosaída senão agravar de suas decisões. Jáhouve decisão favorável do TRF da 1ª Re-gião num desses agravos2. Assim, nãoobstante a decisão do STF, pode ser que oMagistrado continue a agir dessa forma,preferindo a utilização do ofício ao invésdo Sistema BACENJUD.

Finalmente, encerro este artigo lançan-do uma ideia para a Comissão TemáticaNacional da área de recuperação de crédi-tos. A opinião consiste na necessidade de2 TRF da 1ª Região � 5ª Turma - Agravo de Instru-

mento nº 0036277-64.2011.4.01.0000/MG �Agravante: Caixa Econômica Federal � Agra-vado: Frigoneto Ltda. � Relatora:Desembargadora Selene Maria de Almeida,publicado no e-DJDF1 de 15.08.2011.

se estudar sobre a viabilidade de amplia-ção das hipóteses de dispensa de recursona área, com base na análise de valorese/ou da relação custo-benefício, principal-mente no âmbito dos contratos da áreacomercial. Melhor explicando, o propósitodeve considerar os casos em que há deci-sões e sentenças parcialmente favoráveisà CAIXA. Em alguns processos, embora emprincípio a opção do advogado seja pelainterposição do recurso, já que a parte dadecisão contrária aos interesses da empre-sa efetivamente estaria em dissonânciacom texto de Lei e/ou da Jurisprudência,se houver prévia apuração do valor resul-tante do comando sentencial, a cargo daGIREC, possivelmente a recomendaçãoseria pela não interposição do recurso.Exemplificando, digamos que a decisãojudicial resulte num valor correspondentea 90% do valor pleiteado na ação de co-brança. Ora, sabendo-se que a maioria dosvalores recuperados é decorrente de acor-dos (nos quais se ajusta receber menos doque se está cobrando) ou de amortizaçõesparciais originadas de levantamentos devalores bloqueados via BACENJUD, o re-curso poderá beneficiar o devedor, pois éfato notório que não se verifica em relaçãoaos Tribunais a mesma celeridade ocorri-da na primeira instância.

A análise deve considerar ainexistência ou não de sucumbência emdesfavor da CAIXA e a possibilidade de sefazer uso do recurso adesivo, caso hajainterposição do apelo por parte do deve-dor. Outro caso que bem exemplifica a ques-tão em tela refere-se à hipótese em que oJuiz determina a substituição do encargoprevisto no contrato a partir da data doajuizamento da ação, fixando que a partirdaí se aplique tão-somente correção mo-netária apurada pela tabela da Justiça Fe-deral, mais juros de mora de 1% ao mês apartir da data da citação. A partir de cálcu-lo realizado pela CIREC num caso concre-to que envolvia cobrança de dívida do FIES,na qual se fixou a sucumbência recíproca,constatou-se que o critério definido peloJuiz seria desfavorável ao devedor. Comtantas alternativas que temos hoje à nos-sa disposição para a agilização da recupe-ração do crédito, vejo que a interposiçãode recurso pela CAIXA no caso citado iriade encontro com a busca da celeridadealmejada pelas próprias áreas gestoras.

verba salarial intocável, como regra absoluta.Pelo contrário: é a regra que deve ser analisa-da caso a caso quanto à sua aplicabilidade.Assino o prazo de 15 dias para a PARTEREQUERIDA dizer como pretende honrar a suadívida. Depois, analisarei o mais rapidamentea questão do desbloqueio.� (Decisão proferidaem 02.06.2010, processo nº 22393-24.2005.4.01.3800, 10ª Vara Federal � nãopublicada, pois a parte requerida se antecipoue deu-se por intimada em Secretaria);�Este processo atinge o paroxismo da ineficá-cia judicial do nosso sistema jurídico: até ago-ra a única que foi obrigada a pagar algo, epagou, foi a credora, a CEF (!). Enquanto isso, oDEVEDOR se vê no direito de não dar qualquersatisfação pelo que deve à mesma CEF. Nãofarei o trabalho sujo que, no caso, consiste emdar nenhuma eficácia aos princípios maiscomezinhos da moralidade judicial, daproporcionalidade, da legalidade e do pactasunt servanda, tão esquecido entre nós. Indefi-ro o pedido de desbloqueio. Intime-se a PARTEEXECUTADA desta decisão por publicação. Vis-ta de 15 dias à CEF para requerer o que aindaentender de direito.� (Decisão publicada noDJMG de 28.06.2010, processo nº 22393-24.2005.4.01.3800, 10ª Vara Federal).