adm cers

14
Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho PROCESSO Nº TST-AIRR-1191-36.2011.5.10.0020 Firmado por assinatura digital em 10/04/2013 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira. A C Ó R D Ã O (8ª Turma) GMDMC/Esr/nc/mm AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO. NULIDADE DA DESTITUIÇÃO DO CARGO ELETIVO DE DIRIGENTE SINDICAL. O Regional, com base nas provas dos autos, entendeu válida a deliberação da assembleia quanto à perda de mandato do reclamante, porquanto foram observadas as disposições do Estatuto Social, quanto à convocação, discussão e votação em assembleias. Diante de tal contexto fático, insuscetível de revisão nesta instância extraordinária, incide o óbice da Súmula 126 do TST. Agravo de instrumento conhecido e não provido. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento em Recurso de Revista n° TST-AIRR-1191-36.2011.5.10.0020, em que é Agravante EDIVAL FRASCISCO DIAS e Agravado SINDICATO DOS TRABALHADORES NO COMÉRCIO ATACADISTA E VAREJISTA DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO DO DISTRITO FEDERAL - SEVTRAMACON. Por meio da decisão às fls. 432/434, o TRT da 10ª Região denegou seguimento ao recurso de revista interposto pelo reclamante. Irresignado, o reclamante interpôs agravo de instrumento, às fls. 437/442, insistindo na admissibilidade de seu recurso de revista. Contraminuta às fls. 446/449. Dispensada a remessa dos autos à Procuradoria-Geral do Trabalho, nos termos do art. 83 do RITST. É o relatório. V O T O I - CONHECIMENTO Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10006C279750B4C1A3.

Upload: andrezafernandesdelima

Post on 10-Apr-2016

3 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

CONCURSO

TRANSCRIPT

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-AIRR-1191-36.2011.5.10.0020

Firmado por assinatura digital em 10/04/2013 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos da

Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

A C Ó R D Ã O

(8ª Turma)

GMDMC/Esr/nc/mm

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE

REVISTA. PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO.

NULIDADE DA DESTITUIÇÃO DO CARGO

ELETIVO DE DIRIGENTE SINDICAL. O

Regional, com base nas provas dos autos,

entendeu válida a deliberação da

assembleia quanto à perda de mandato do

reclamante, porquanto foram observadas

as disposições do Estatuto Social,

quanto à convocação, discussão e

votação em assembleias. Diante de tal

contexto fático, insuscetível de

revisão nesta instância

extraordinária, incide o óbice da

Súmula 126 do TST. Agravo de instrumento

conhecido e não provido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo

de Instrumento em Recurso de Revista n° TST-AIRR-1191-36.2011.5.10.0020,

em que é Agravante EDIVAL FRASCISCO DIAS e Agravado SINDICATO DOS

TRABALHADORES NO COMÉRCIO ATACADISTA E VAREJISTA DE MATERIAIS DE

CONSTRUÇÃO DO DISTRITO FEDERAL - SEVTRAMACON.

Por meio da decisão às fls. 432/434, o TRT da 10ª Região

denegou seguimento ao recurso de revista interposto pelo reclamante.

Irresignado, o reclamante interpôs agravo de

instrumento, às fls. 437/442, insistindo na admissibilidade de seu

recurso de revista.

Contraminuta às fls. 446/449.

Dispensada a remessa dos autos à Procuradoria-Geral

do Trabalho, nos termos do art. 83 do RITST.

É o relatório.

V O T O

I - CONHECIMENTO

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10006C279750B4C1A3.

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.2

PROCESSO Nº TST-AIRR-1191-36.2011.5.10.0020

Firmado por assinatura digital em 10/04/2013 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos da

Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

O agravo de instrumento está tempestivo, com

representação processual regular e dispensado o preparo, razões pelas

quais dele conheço.

II – MÉRITO

NULIDADE DA DESTITUIÇÃO DO CARGO ELETIVO DE DIRIGENTE

SINDICAL

Sobre o tema o Regional adotou os seguintes

fundamentos:

“NULIDADE DA DESTITUIÇÃO DO CARGO ELETIVO DE

DIRETOR FINANCEIRO DE SINDICATO EFETUADA PELA

DIRETORIA. COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA ASSEMBLÉIA GERAL

DA CATEGORIA QUE O ELEGEU

Na inicial, o Reclamante narrou que foi eleito para o cargo de diretor

tesoureiro do SINDICATO DOS TRABALHADORES NO COMÉRCIO

VAREJISTA DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO DO DISTRITO

FEDERAL - SINTRAMACON, assumindo o mandato relativo ao período de

11.12.2010 a 10.12.2014.

Afirmou que, desde o inicio do exercício do cargo, sua relação com a

diretora presidente do sindicato foi se deteriorando em decorrência das várias

divergências de posicionamento e ações que se efetivaram na direção da

entidade.

Relatou ainda que, em razão dessas desavenças, a presidente do

sindicato decidiu afastá-lo de suas atividades de tesoureiro, inicialmente

impedindo seu acesso à sala da tesouraria e a qualquer documento contábil,

depois, "devolvendo-o" à empresa, quando passou a ser chamado ao

sindicato de vez em quando e tão somente para assinar cheques. Além disso,

passou a ser difamado pela presidente, que o acusou de tentativa de desvio de

verbas da entidade. Por fim, aduziu que ela convocou uma reunião ordinária

da diretoria em l°/7/2011 com a finalidade de deliberar sobre sua expulsão

dos quadros da entidade.

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10006C279750B4C1A3.

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.3

PROCESSO Nº TST-AIRR-1191-36.2011.5.10.0020

Firmado por assinatura digital em 10/04/2013 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos da

Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

Acerca desse último fato, alegou que, apesar de a maioria presente na

reunião ter votado por sua permanência, restou registrado no final da ata voto

de desempate da presidente com a conseqüente cassação de seu mandato.

Com base em tais informações, postulou pela declaração de nulidade

de sua destituição do cargo de diretor financeiro com o restabelecimento

integral de suas funções,conforme discriminado no art. 73 do Estatuto Social

da entidade.

Em defesa, o sindicato admitiu a eliminação do Autor de seu quadro

social, efetuada por sua diretoria, sob a justificativa de que ele "protagonizou

atos extremamente lamentáveis e seríssimos" (fl. 76), como a promessa de

pagamento de propina a dois desconhecidos que se diziam amigos de um

ministro da Corte Superior Trabalhista, visando a agilizar processo do

interesse do ente sindical que versava sobre processo eleitoral, além de um

episódio envolvendo desvio de dinheiro. Além disso, constou da contestação

que o Autor vinha apenas tumultuando os trabalhos do sindicato,desacatando

e ameaçando funcionários e tentando intimidar a presidente porque ela não

quis participar das referidas irregularidades.

Relativamente à alegação da exordial no sentido de que o Autor foi

expulso do sindicato mesmo contra a vontade da maioria da diretoria,

também houve impugnação, alegando o sindicato que isso não aconteceu,

pois o voto do acusado não pode ser computado na apuração, já que

"ninguém pode ser juiz em causa própria" (fl. 86) .

O Julgador primário julgou procedentes os pedidos iniciais, declarando

a nulidade da destituição do Autor do cargo de 1° diretor financeiro do

SINDICATO DOS TRABALHADORES NO COMÉRCIO VAREJISTA

DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO DO DISTRITO FEDERAL -

SINTRAMACON e determinando o restabelecimento integral de suas

funções previstas no art. 73 do Estatuto Social, com antecipação dos efeitos

da tutela. Consignou na sentença os seguintes fundamentos, verbis:

A Diretoria do Sindicato não detém competência funcional

para cassar mandatos eletivos de dirigentes da entidade.

O art. 7°, caput e § 1°, do Estatuto Social atribui à Diretoria

competência para aplicar aos associados as penalidades de

advertência, suspensão e eliminação do Quadro Social.

Natural que se atribua a esse órgão diretivo do sindicato a

aplicação dessas penalidades, na medida em que lhe compete

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10006C279750B4C1A3.

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.4

PROCESSO Nº TST-AIRR-1191-36.2011.5.10.0020

Firmado por assinatura digital em 10/04/2013 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos da

Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

aprovar a admissão de qualquer associado aos quadros da

entidade, na forma do art. 3° do Estatuto Social.

A destituição de dirigente, contudo, não se confunde com

nenhuma dessas penalidades, nem mesmo com a eliminação de

um associado do quadro da entidade. De fato, a perda do

mandato não se encontra elencado entre as penalidades previstas

no citado art. 7°, mas disciplinada no art. 81 do Estatuto Social.

O destaque em dispositivo próprio evidencia a

diferenciação e a relevância da matéria. Com efeito, cassar

mandatos eletivos reflete diretamente na representatividade da

categoria, expressa soberanamente na Assembléia Eleitoral, que

não pode ser suprimida por simples deliberação da Diretoria do

sindicato.

Por esse motivo, a destituição de administradores compete

privativamente à Assembléia Geral, especialmente convocada

para esse fim, conforme disposto no art. 59, inciso I e parágrafo

único, do Código Civil, nos seguintes termos:

Art. 59. Compete privativamente à assembléia geral:

I - destituir os administradores;

II - alterar o estatuto.

Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os

incisos I e II deste artigo é exigido deliberação da assembleia

especialmente convocada para esse fim, cujo quorum será o

estabelecido no estatuto, bem como os critérios de eleição dos

administradores.

Logo, ante a incompetência funcional da Diretoria do

Sindicato para destituir qualquer dos administradores, declaro a

nulidade da destituição do reclamante do cargo de 1º Diretor

Financeiro, e determino o restabelecimento integral de suas

funções, nos termos do art. 73 do Estatuto Social da entidade.

(...)

A efetividade da tutela jurisdicional estaria comprometida

se aplicado o procedimento ordinário clássico imantado pela

concepção de se preservar a esfera jurídica privada da

intervenção estatal, enquanto não for concedida a ampla

oportunidade de defesa ao demandado.

Aguardar a dilação temporal entre o pedido e a prestação

jurisdicional, que é natural e inerente ao Estado de Direito

fulcrado no contraditório e no devido processo legal, poderia

representar dano irreparável ou de difícil reparação.

De fato, o mandato do reclamante como Diretor Financeiro

do sindicato expira em 10.12.2014, e a tramitação do processo

até a sua definição final pode ultrapassar essa data.

Desse modo, e da própria máxima de Giuseppe Chiovenda

de que "a necessidade de se servir do processo para obter razão

não deve reverte em dano a quem tem razão", impõe-se deixar de

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10006C279750B4C1A3.

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.5

PROCESSO Nº TST-AIRR-1191-36.2011.5.10.0020

Firmado por assinatura digital em 10/04/2013 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos da

Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

lado a segurança jurídica envolta na relação coisa julgada

material-execução forçada, para permitir a antecipação dos

efeitos da tutela do direito material, a fim de que a justiça não se

reduza a uma atrasada e inútil expressão verbal.

Com efeito, se o Estado assumiu o monopólio da

jurisdição, proibindo a autotutela, é seu dever fazer com que os

indivíduos a ela submetidos compulsoriamente não venham a

sofrer danos em virtude da demora da atividade jurisdicional.

Ante o exposto, antecipo os efeitos da tutela para condenar

o reclamado a reconduzir o reclamante ao cargo de 1°Diretor

Financeiro do SINTRAMACON/DF, como restabelecimento de

suas funções, nos termos do art. 73 do Estatuto Social, no prazo

de 10 dias da intimação para esse fim, sob pena de pagamento de

multa diária de R$ 100,00 em favor do reclamante (fls.193/195).

Inconformado, recorre o sindicato, pugnando pela reforma do julgado

e reiterando seus argumentos defensivos no que tange às irregularidades

perpetradas pelo Recorrido e a validade da decisão tomada por sua diretoria.

Alega que a exclusão daquele de seu quadro social ocorreu com a devida

observância do disposto no Estatuto Social, mormente em seu art. 7°, o qual é

plenamente aplicável ao caso concreto por dizer respeito a todos os

associados, inclusive aos ocupantes de cargo de direção sindical.

Da análise dos autos, verifico inicialmente às fls.163/165 que,

conforme ata da reunião ordinária da diretoria do sindicato (composição

prevista no art. 66 do Estatuto), esta foi realizada em l°/7/2011 com o

objetivo principal de deliberar a respeito da aplicação de penalidade ao

associado Edival Francisco Dias em razão da acusação de envolvimento em

dois fatos graves: 1) promessa de pagamento de propina de R$15.000,00

(quinze mil reais) a supostos amigos de um ministro do Tribunal

Superior do Trabalho a fim de agilizar processo de interesse do

sindicato e 2) apresentação ao ente sindical denota fiscal referente ao

ano de 2009, emitida pelo gráfico Abraão, que devia dinheiro ao

Recorrido, sendo que com o dinheiro do Recorrente este último

receberia sua suposta divida.

No decorrer da reunião, cinco associados votaram a favor da

eliminação do Recorrido do quadro social do sindicato: a presidente, Luciana

Rodrigues de Moraes, o vice presidente,Osmar de Moraes, o 2° diretor

secretário, Rafael Miranda de Moraes, e os diretores representantes junto à

Federação Marco Aurélio Rodrigues de Moraes e Jadiel de AraújoSantos.

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10006C279750B4C1A3.

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.6

PROCESSO Nº TST-AIRR-1191-36.2011.5.10.0020

Firmado por assinatura digital em 10/04/2013 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos da

Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

Por outro lado, na mesma ocasião, cinco outros associados votaram

contra a referida exclusão: o 1° diretor secretário, Romualdo Rodrigues de

Novaes, o 1° diretor de Organização Sindical, Formação e Ética Profissional,

Pedro Alves de Souza, o 2° diretor de Organização Sindical, Formação e

Ética Profissional, Emerson Martins dos Santos, e os diretores suplentes

representantes junto à Federação Tarcísio Alves da Silva e Elton Silva de

Oliveira.

O 2° diretor financeiro, Antônio de Souza Campos, preferiu se abster

em relação à mencionada votação. O voto do próprio Recorrido, que seria o

sexto contrário à sua exclusão, não foi considerado para a apuração do

resultado final e, assim sendo, houve o empate narrado, razão pela qual o

voto da presidente foi novamente considerado para desempate, nos termos do

art. 69, "e", do Estatuto, decidindo-se assim pela eliminação do Recorrido do

quadro social da entidade sindical.

Acerca da possibilidade de cômputo do voto do Recorrido,

houve grande divergência entre as Partes e testemunhas ouvidas

em Juízo, conforme se observa dos seguintes depoimentos (fls.

189/191), verbis:

Representante sindical, Sra. Luciana Rodrigues de

Moraes: que presidiu a reunião do dia 01/07/2011 registrada na

ata de fls. 15/18; que o Sr. EMERSON, Diretor de Formação

Sindical, votou contra a exclusão do reclamante; que o Sr.

JADIEL integra o Conselho Fiscal e votou a favor da exclusão

do reclamante; que foi decidido nessa reunião que todos os

presentes, Diretores e integrantes do Conselho Fiscal, iriam votar

sobre a exclusão ou não do reclamante, assim como Sr.

TARCÍSIO e Sr. WELTON, Delegados da Federação, também

teriam o direito de votar para excluir o reclamante; que na

reunião decidiu-se que o reclamante não poderia votar para

decidir sobre sua exclusão; que o reclamante se manifestou

contra sua exclusão.

Primeira testemunha trazida pelo Autor, Sr.

Romualdo Rodrigues de Novaes: que participou da reunião do

dia 01/07/2011 em que se discutiu a exclusão do reclamante da

diretoria do sindicato; que nessa reunião ficou decidido que

todos os diretores poderiam votar, inclusive o reclamante.

Segunda testemunha trazida pelo Autor, Sr. Emerson

Martins dos Santos: nega a existência de amizade intima com o

reclamante, explicando a existência de amizade apenas

profissional; que participou da reunião do dia 01/07/2011 em que

se discutiu a exclusão do reclamante da diretoria do sindicato;

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10006C279750B4C1A3.

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.7

PROCESSO Nº TST-AIRR-1191-36.2011.5.10.0020

Firmado por assinatura digital em 10/04/2013 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos da

Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

que nessa reunião ficou decidido que todos os diretores poderiam

votar, inclusive o reclamante; que ficou claro que o reclamante

poderia votar; que a votação nessa reunião apurou 6 votos pela

permanência do reclamante e 5 contra; que perguntou sobre a

votação ao secretário que estava redigindo a ata e recebeu

resposta de 6 votos a favor da permanência e 5 contra; que a

presidente do sindicato,após ouvir o resultado da

votação,levantou-se apontou o dedo em direção ao reclamante e

disse: "eu não te tirei dessa vez, mas vou te tirar"; que acredita

que o desentendimento entre a presidente e o reclamante, se

originou da devolução de uma quantia para um outro sindicato;

que nunca chamou a presidente de golpista ou de ditadora; que a

razão da reunião para exclusão do reclamante seria decorrente de

um pagamento indevido a 2 rapazes; que até onde sabe, parece

que o reclamante levou esses 2 rapazes à sala da presidente para

acertar o que estava sendo devido a esses2 rapazes; que não sabe

o motivo da divida; que não se lembra o que foi exposto na

reunião para justificar a deliberação sobre a exclusão do

reclamante; que votou contra a exclusão,porque os fatos

apresentados não o convenceram, e por entender que nãopoderia

impor sua vontade sobre a da categoria que elegeu o reclamante;

que nãodiscutido com a testemunha sobre o pagamento de

valores a esses rapazes.

Segunda testemunha trazida pelo Reclamado, Sr.

Jadiel de Araújo Santos: "que na reunião do dia 01/07/2011

empatou-se os votos em 5 a 5, e a presidente votou para

desempatar a favor da exclusão do reclamante; que foi exposto

na reunião as razões para se deliberar sobre a exclusão do

reclamante, conforme redigido na ata def1. 15; que o reclamante

confirmou o pagamento de valores para agilizar o processo

envolvendo a eleição do sindicato e possibilitar a permanência da

atual diretoria no sindicato; que o reclamante confirmou a

necessidade de pagamento do sindicato ao Sr. ABRAÃO, para

que pudesse receber desse senhor seus créditos.

Portanto, com base na prova oral supracitada, nota-se que não houve

consenso dos associados participantes da reunião e diretores sindicais nem

mesmo quanto à possibilidade de se considerar o voto do Recorrido na

apuração acerca de sua exclusão do Sindicato, tendo a maioria das

testemunhas declarado que ficou acertado naquela oportunidade que, por ser

diretor, o Recorrido também poderia votar.

Acerca do assunto, nada restou consignado na ata de fls. 163/165. De

toda forma, não parece razoável e menos ainda isonômico que o Recorrido,

parte interessada em manter-se como diretor financeiro, não possa ter seu

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10006C279750B4C1A3.

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.8

PROCESSO Nº TST-AIRR-1191-36.2011.5.10.0020

Firmado por assinatura digital em 10/04/2013 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos da

Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

voto considerado na deliberação, enquanto a presidente da entidade, maior

interessada na exclusão mencionada, possa ter seu voto computado duas

vezes, não obstante haja previsão no art. 69, "e", do Estatuto Social quanto a

tal duplicidade.

Insta ressaltar também que, pela análise da prova documental de fls.

13, 16/17, 135/136 e 163/165, verifica-seque alguns participantes da reunião

anteriormente referida que votaram pela eliminação do Recorrido são

membros do conselho fiscal e, ora assinam documentos nessa condição, ora

como diretores ou delegados representantes junto à Federação,embora haja

diferenciação dos cargos no Estatuto Social (arts. 66, 68, 76 e 93) e apenas a

diretoria detenha algumas atribuições especificas, como aplicar penalidades

a associado em geral (art. 7° do Estatuto). As substituições de cada dos

cargos também é matéria especificamente prevista no Estatuto de fls. 18/44,

sendo diversa para cada um deles.

Com efeito, todo o relato acima evidencia que havia significativa

animosidade entre os litigantes, existindo controvérsias no que concerne à

regularidade e legitimidade da decisão final da diretoria acerca da matéria

ora analisada, estando esta bastante dividida, não havendo qualquer sinal de

acordo entre os participantes da reunião do dia l°/7/2011 acerca da expulsão

do Recorrido.

Corroborando tal conclusão, é possível perceber claramente às fls.

135/136 que, na reunião antecedente, ocorrida no dia 8/6/2011, na qual

deliberou-se acerca da "devolução" do Recorrido à empresa para a qual

trabalha, vários diretores sequer concordaram em participar de qualquer

decisão e se retiraram no inicio e até mesmo durante os trabalhos liderados

pela presidente.

Oportuno pontuar ainda que não há nos autos prova robusta que

confirme a efetiva consumação das duas sérias irregularidades imputadas ao

Recorrido (pagamento de propina e desvio de dinheiro do sindicato). Acerca

da suposta promessa de propina, a própria ata de fls. 163/165 sugere dúvida

de diretores sobre sua veracidade, pois nela consta expressamente que "Caso

o 1° diretor financeiro tenha inventado a história da propina, ele tentou

receber indevidamente os R$ 15.000,00reais cobrados" (fl. 163 - grifei). No

entanto, os autos também evidenciam que o próprio Autor não só admite

como se vangloria de haver acertado o pagamento de propina e, mais ainda,

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10006C279750B4C1A3.

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.9

PROCESSO Nº TST-AIRR-1191-36.2011.5.10.0020

Firmado por assinatura digital em 10/04/2013 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos da

Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

atribui a esse ato o julgamento de outro processo de interesse do sindicato.

Portanto, provas não há no sentido de pagamento da propina, embora haja a

confissão do Reclamante de que o prometeu (fl. 135).

Há de se observar, por fim, que não obstante as atas de fls. 135/136 e

163/165 não contenham a assinatura do Recorrido, sua veracidade não foi

por ele questionada, mas, ao contrário, a votação constante do segundo

documento serviu de base para que ele entendesse pela nulidade da decisão

final da diretoria, que concluiu por sua eliminação do quadro social do

sindicato.

De todo modo, independentemente de todas as considerações supra, o

mais importante e que deve ser salientado como questão central e essencial

da controvérsia é a análise acerca da competência da diretoria do sindicato

para destituir de seu mandato um diretor regularmente eleito por sua

categoria profissional.

Conforme bem analisou o julgador originário, a diretoria não detém

competência funcional para cassar mandatos eletivos de dirigentes sindicais,

uma vez que isso compete à Assembléia Geral, nos termos do art. 59 do

CCB. Estes, embora sejam filiados ao sindicato, não podem ser tratados

como meros associados, pois resta indene de quaisquer dúvidas que possuem

prerrogativas e atribuições especificas que não são extensivas a todos (arts.

66/69 e 73/75 do Estatuto Social; art. 8°,VIII, da CF e 522, 540, § 2°, 543, §

3° e § 4° e 659, X, da CLT) .

O art. 7° do Estatuto, que embasa a tese do Recorrente, portanto, não se

enquadra adequadamente ao caso especifico destes autos, pois não

contempla a hipótese de destituição de dirigente sindical. Tal dispositivo

naturalmente atribui à diretoria a competência apenas para punir associados

em geral com advertência, suspensão e eliminação do quadro social (fls.

21/22), mesmo porque também lhe incumbe aprovar a admissão de qualquer

associado à entidade, como dispõe o art. 3° do normativo estatutário (fl.20).

Seu conteúdo é claro nesse sentido, verbis:

DAS PENALIDADES AOS ASSOCIADOS ART. 7° - Os

associados são passíveis das penalidades de advertência,

suspensão e eliminação do Quadro Social.

PARÁGRAFO 1° - A aplicação das penalidades é da

competência da diretoria.

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10006C279750B4C1A3.

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.10

PROCESSO Nº TST-AIRR-1191-36.2011.5.10.0020

Firmado por assinatura digital em 10/04/2013 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos da

Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

PARÁGRAFO 2° - A aplicação da penalidade deverá ser

precedida da ausência do associado, mediante prévia notificação

para que possa no prazo de 10 (dez) dias, apresentar sua defesa,

sob pena de nulidade.

PARÁGRAFO 3° - Da aplicação da penalidade o

associado será notificado por escrito, podendo, no prazo de 10

(dez) dias, interpor recurso à Assembléia Geral,ficando a

Diretoria obrigada a encaminhá-lo na primeira que for realizada.

PARÁGRAFO 4° - Não atendida a notificação no prazo de

10 (dez) dias de sua expedição por AR, a Diretoria a promoverá

por edital, publicado na forma da lei, noprazo de 30 (trinta) dias,

sob pena de revelia.

Frise-se que destituição de dirigente sindical não se confunde com

eliminação de associado do quadro social do ente sindical. A perda de

mandato é penalidade que está elencada no caput do art. 81 e não no art. 7°

do Estatuto Social multicitado, o que evidencia a diferenciação e relevância

da matéria, conforme bem observou o julgador primário.

Diversamente do que defende o Recorrente, o fato de o Recorrido não

ter interposto recurso à Assembléia Geral acerca da penalidade que lhe foi

aplicada pela diretoria, nos termos do § 3° do art. 7°, não elide a conclusão

supramencionada, pois além de não ser esse o dispositivo aplicável ao caso,

ainda que o fosse a ausência de recurso não tem o condão de alterar a

competência assemblear para deliberar sobre a perda de mandato do diretor

financeiro eleito pela categoria.

Além disso, se, conforme o art. 28, "d", do Estatuto, a Assembléia julga

decisões da diretoria relativas a penalidades impostas a associado

(advertência, suspensão e eliminação do quadro social), com mais razão deve

fazê-lo quando trata-se de hipótese de perda de mandato de dirigente sindical

regularmente eleito.

Com efeito, a cassação de mandato eletivo de dirigente sindical de fato

não pode ser efetuada por simples deliberação da diretoria do sindicato, por

imposição de sua vontade sobre a da categoria que o elegeu, mormente na

hipótese dos autos, que se revelou extremamente conflituosa e desprovida de

qualquer tipo de consenso entre os votantes.

Cumpre destacar que tal cassação repercute diretamente na

representatividade da categoria, expressa por meio de livre manifestação da

Assembléia Eleitoral ao eleger democraticamente seus dirigentes (arts. 12 a

19 do Estatuto), razão pela qual deve ser ato privativo e legitimo da

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10006C279750B4C1A3.

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.11

PROCESSO Nº TST-AIRR-1191-36.2011.5.10.0020

Firmado por assinatura digital em 10/04/2013 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos da

Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

Assembléia Geral especialmente convocada para tal fim (art.59, I, do CCB

aplicável a quaisquer associações), observando-se as disposições do Estatuto

Social sindical.

Portanto, a alegação recursal de que, se não for considerada válida a

penalidade aplicada ao Recorrido pela diretoria com base no art. 7° do

Estatuto, ele ficará impune pelas irregularidades porventura cometidas é

desprovida de qualquer razoabilidade.

A conclusão no sentido de que é a própria categoria (e não alguns

diretores ou o Poder Público) que, de maneira organizada e democrática,

deve escolher seus dirigentes e, da mesma forma, por ato reverso,

manifestar-se por sua destituição, privilegia o diálogo social e a cidadania

participativa, exercida diretamente, conquista esta característica do Estado

Democrático de Direito, bem como a efetiva autonomia organizativa e

liberdade sindicais (interpretação sistemático-teleológica do ordenamento e

em conformidade com os disposto nos arts. 8°, caput, I, III e VIII, da CF,

Convenções n°s 87, 98 e 135 da OIT e Declaração sobre Princípios e Direitos

Fundamentais do Trabalho/1998).

Em 8/5/2012, o Recorrido juntou aos autos o documento de fls.

284/285, relativo a uma ata que comprovaria a realização de Assembléia

Geral Extraordinária do SINTRAMACOM/DF, a qual teria sido realizada

em 2/5/2012, no teatro do sindicato dos bancários, tendo em pauta a

deliberação sobre a perda de seu mandato. Informou também, à fl. 283, que

já propôs outra ação anulatória visando a tornar sem efeito seu resultado.

O objetivo do Recorrido ao acostar a ata referida era embasar o

requerimento de não conhecimento do recurso do sindicato (fls. 282/283) ora

analisado, ante a prática de ato incompatível com a vontade de recorrer (art.

503 do CPC), tese esta que já restou preliminarmente afastada no tópico

referente à admissibilidade recursal.

Tal prova documental, não obstante tenha sido juntada pelo Autor,

destina-se ao livre convencimento/persuasão racional do julgador (arts.

130/131 do CPC, 765 e 852-D da CLT), motivo pelo qual passo a analisá-la,

juntamente com os documentos de fls. 291/327 juntados pelo Recorrente em

14/5/2012.

Inicialmente, insta ressaltar que a ata juntada pelas Partes foi

devidamente assinada pelo colaborador dos trabalhos, Lindomendes José de

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10006C279750B4C1A3.

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.12

PROCESSO Nº TST-AIRR-1191-36.2011.5.10.0020

Firmado por assinatura digital em 10/04/2013 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos da

Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

Almeida, gerente geral do Sindicato dos Bancários, e pela presidente do

SINTRAMACON/DF, Luciana Rodrigues de Moraes, que convocou a

Assembléia Geral Extraordinária do dia 2/5/2012 para deliberar sobre o

disposto no edital convocatório, conforme prevê o art. 14, caput e "a"do

Estatuto.

Na ata consta que houve a "presença de 76 (setenta e seis) associados,

conforme lista de presença anexa" (fls.284 e 296), a qual foi acostada pelo

Recorrente às fls. 298/327, demonstrando que houve a efetiva presença dos

votantes da categoria naquela oportunidade, os quais decidiram

democraticamente, em escrutínio secreto, por 73 (setenta e três) votos a 3

(três), pela perda do mandato do 1° diretor financeiro do Recorrido, Edival

Francisco Dias.

Ademais, é possível verificar claramente que restou cumprido o

disposto no art. 16 do Estatuto quanto à exigência de publicação do edital

convocatório pelo menos uma vez até 03(três) dias antes da data de sua

realização, em jornal de circulação na base territorial ou no Diário Oficial.

Com efeito, os documentos de fls. 292/294 atestam que houve a

referida publicação do "Edital de convocação de Assembléia Geral

Extraordinária" por 2 (duas) vezes no Jornal de Brasília (dias 20 e 27/4/2012)

e também no Diário Oficial do Distrito Federal (dia 23/4/2012).

Como houve tais publicações editalicias em meios de comunicação de

grande circulação, foi possível que todos os associados da categoria,

inclusive o Autor e os demais diretores ficassem cientes não apenas acerca da

convocação para a Assembléia Extraordinária do dia 2/5/2012, como

também da matéria objeto da deliberação.

Ante o exposto, conclui-se que os documentos juntados aos autos

comprovam que a deliberação assemblear acerca da perda do mandato de 1°

diretor financeiro exercido pelo Recorrido, ocorrida no dia 2/5/2012,

observou as diretrizes estatutárias, mormente as disposições expressas nos

arts. 12 a 31 do Estatuto Social, que tratam especificamente da convocação,

discussão e votação em Assembléias, sendo, portanto, válida a decisão

tomada pela categoria.

Dessarte, mantenho a sentença quanto à declaração de nulidade da

destituição do Autor do cargo de 1° diretor financeiro do

SINTRAMACON/DF efetuada pela diretoria, ante sua incompetência

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10006C279750B4C1A3.

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.13

PROCESSO Nº TST-AIRR-1191-36.2011.5.10.0020

Firmado por assinatura digital em 10/04/2013 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos da

Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

funcional e, tendo em conta a regular realização de Assembléia comprovada

posteriormente às fls. 284/285 e 291/327, dou provimento parcial ao recurso

para considerar válida a decisão da categoria que deliberou pela perda do

mandato do Recorrido como 1° diretor financeiro do sindicato Recorrente.

Ficam revogados os efeitos da antecipação de tutela. (fls. 358/374 – grifos

apostos)

Nos embargos de declaração, o Regional asseverou:

“O Autor alega haver ocorrido contradição no julgado considerando

que, ao analisar o recurso ordinário, adentrou no julgamento de outra ação,

ainda em tramitação e pendente de decisão de mérito na Origem.

Primeiramente, cumpre registrar que a contradição, tal como prevista

no art. 535 do CPC, não se revela na hipótese apontada pelo Autor, mas sim

entre a decisão e as razões que lhe serviram de base ou mesmo entre os

próprios fundamentos decisórios.

Ressalto que a decisão embargada analisou o recurso ordinário

interposto com base nos fatos e provas contidos nestes autos, incluindo os

documentos de fls. 284/285 e 292/327, juntados, respectivamente, pelo

Autor e pelo sindicato Requerido.

Portanto, não prospera a alegação trazida nos embargos declaratórios

no sentido de que, ao analisar o apelo de fls. 198/207, esta egr. Turma

também adentrou no julgamento de uma outra ação pendente de decisão de

mérito, a qual sequer está em trâmite nesta Instância Revisora.

Dessa forma, inexistindo no julgado quaisquer das imperfeições

previstas nos arts. 535 do CPC e 897-A da CLT, nego provimento aos

embargos.” (fls. 419/420)

O reclamante, às fls. 424/430, alega que pretende a

nulidade da ata da reunião que o excluiu da diretoria do sindicato. Aduz

que a questão da validade ou não da assembleia realizada pelo sindicato

que deliberou sobre a sua exclusão está sendo questionada em ação própria

em tramitação na 12ª Vara do Trabalho de Brasília. Conclui, assim, que

o Regional não poderia adentrar nesse mérito, pois a questão está pendente

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10006C279750B4C1A3.

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.14

PROCESSO Nº TST-AIRR-1191-36.2011.5.10.0020

Firmado por assinatura digital em 10/04/2013 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos da

Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

de decisão no Primeiro Grau. Pugna que seja declarada a nulidade absoluta

do acórdão regional.

Aponta violação dos arts. 5º, XXXVII, LII, LIII, da

CF, 59 do CC e 895 da CLT.

Inicialmente, vale ressaltar que, como o processo

corre pelo rito sumaríssimo, o recurso de revista só é admitido por ofensa

constitucional e/ou contrariedade a súmula de jurisprudência uniforme

desta Corte. Portanto, incabível a indicação de violação dos arts. 59

do CC e 895 da CLT nos termos do art. 896, § 6º, da CLT.

Registre-se que não há falar em violação literal e

direta dos incisos XXXVII, LII e LIII do art. 5º da CF, a teor do art.

896, c, da CLT, pois, trata-se de juízo ou tribunal de exceção, de

extradição de estrangeiro ou de julgamento por autoridade incompetente.

De outra parte, o Regional com base nas provas dos

autos entendeu válida a deliberação da assembleia quanto à perda de

mandato do reclamante, porquanto foram observadas as disposições do

Estatuto Social, quanto à convocação, discussão e votação em assembleias.

Registrou, ainda, o Regional que não há outra ação

pendente de decisão de mérito em trâmite naquela instância.

Diante de tal contexto fático, insuscetível de revisão

nesta instância extraordinária, incide o óbice da Súmula 126 do TST.

Nego provimento.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Oitava Turma do Tribunal

Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer do agravo de instrumento

e negar-lhe provimento.

Brasília, 10 de abril de 2013.

Firmado por assinatura digital (Lei nº 11.419/2006)

DORA MARIA DA COSTA Ministra Relatora

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10006C279750B4C1A3.