resumo direito constitucional edem nápoli - cers

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Portal: WWW.EDEMNAPOLI.com.VC Twitter: @edemnapoli / Fan Page: facebook.com/edemnapoli “Nunca deixe que o medo seja maior do que o sonho.” TEORIA DA CONSTITUIÇÃO SENTIDOS, CLASSIFICAÇÃO e ESTRUTURA NOÇÕES TEÓRICAS SENTIDOS OU CONCEPÇÕES DE CONSTITUIÇÃO Nessa parte devemos conceituar Constituição. Lembrando que ao conceituar qualquer instituto surgirão diversos critérios, não sendo um mais certo do que o outro, talvez, no máximo, mais adequado. Procuramos trazer os que mais aparecem nas provas. O conceito de constituição, todavia, não pode ficar desvinculado do exame do sentido ou concepções que ela pode apresentar. Tanto é que grande parte dos autores prefere conceituar Constituição a partir das várias acepções existentes. Essas acepções podem ser entendidas como concepções ou sentidos de Constituição. DICA: PARA CADA UM DOS SENTIDOS O MAIS IMPORTANTE É IDENTIFICAR QUEM FOI O PRECURSOR, QUAL FOI A OBRA ATRAVÉS DA QUAL ELE SE TORNOU CONHECIDO, E QUAL FOI A IDEIA CENTRAL QUE ELE DISSEMINOU. SENTIDO SOCIOLÓGICO Tem como principal autor FERDINAND LASSALLE, que escreveu a obra “O QUE É UMA CONSTITUIÇÃO”, na versão original em Português, defendendo que a Constutição é A SOMA DOS FATORES REAIS DE PODER QUE REGEM UMA SOCIEDADE. Essa obra foi publicada pela editora Lumem Juris com o título: “A ESSÊNCIA DA CONSTITUIÇÃO”. Em alemão o livro foi denominado ÜBER DIE VERFASSUNG (SOBRE A CONSTITUIÇÃO). SENTIDO POLÍTICO Quem mais se destacou foi o alemão CARL SCHMITT na obra “TEORIA DA CONSTITUIÇÃO” (VERFASSUNGSLEBRE). Ele veio a dar uma resposta à concepção de LASSALE, definindo constituição não em resumo ao que está na realidade, mas sim como O CONJUNTO DE NORMAS, ESCRITAS OU NÃO ESCRITAS, QUE SINTETIZAM EXCLUSIVAMENTE AS DECISÕES POLÍTICAS FUNDAMENTAIS DE UM POVO.

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“Nunca deixe que o medo seja maior do que o sonho.”

TEORIA DA CONSTITUIÇÃO – SENTIDOS, CLASSIFICAÇÃO e ESTRUTURA

NOÇÕES TEÓRICAS

SENTIDOS OU CONCEPÇÕES DE CONSTITUIÇÃO

Nessa parte devemos conceituar Constituição. Lembrando que ao conceituar qualquer

instituto surgirão diversos critérios, não sendo um mais certo do que o outro, talvez, no

máximo, mais adequado. Procuramos trazer os que mais aparecem nas provas.

O conceito de constituição, todavia, não pode ficar desvinculado do exame do sentido ou

concepções que ela pode apresentar.

Tanto é que grande parte dos autores prefere conceituar Constituição a partir das várias

acepções existentes. Essas acepções podem ser entendidas como concepções ou sentidos de

Constituição.

DICA: PARA CADA UM DOS SENTIDOS O MAIS IMPORTANTE É IDENTIFICAR QUEM FOI O

PRECURSOR, QUAL FOI A OBRA ATRAVÉS DA QUAL ELE SE TORNOU CONHECIDO, E QUAL FOI

A IDEIA CENTRAL QUE ELE DISSEMINOU.

SENTIDO SOCIOLÓGICO

Tem como principal autor FERDINAND LASSALLE, que escreveu a obra “O QUE É UMA

CONSTITUIÇÃO”, na versão original em Português, defendendo que a Constutição é A SOMA

DOS FATORES REAIS DE PODER QUE REGEM UMA SOCIEDADE.

Essa obra foi publicada pela editora Lumem Juris com o título: “A ESSÊNCIA DA

CONSTITUIÇÃO”. Em alemão o livro foi denominado ÜBER DIE VERFASSUNG (SOBRE A

CONSTITUIÇÃO).

SENTIDO POLÍTICO

Quem mais se destacou foi o alemão CARL SCHMITT na obra “TEORIA DA CONSTITUIÇÃO”

(VERFASSUNGSLEBRE).

Ele veio a dar uma resposta à concepção de LASSALE, definindo constituição não em resumo

ao que está na realidade, mas sim como O CONJUNTO DE NORMAS, ESCRITAS OU NÃO

ESCRITAS, QUE SINTETIZAM EXCLUSIVAMENTE AS DECISÕES POLÍTICAS FUNDAMENTAIS DE

UM POVO.

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No seu pensar, Constituição corresponde apenas a um conjunto de normas referentes aos

aspectos fundamentais do Estado, que ele denomina de decisões políticas fundamentais:

organização do Estado, organização dos Poderes e direitos e garantias fundamentais.

SENTIDO JURÍDICO

O exponte foi o austríaco HANS KELSEN, baluarte deste sentido jurídico. Dentre suas inúmeras

obras, a mais significativa foi a chamada “TEORIA PURA DO DIREITO”.

KELSEN DEFINE A CONSTITUIÇÃO, NUMA ÓTICA ALTAMENTE NORMATIVISTA, COMO

FUNDAMENTO DE VALIDADE DE TODO O ORDENAMENTO JURÍDICO.

Para KELSEN, a Constituição é NORMA PURA, INSERIDA NO PLANO DO DEVER SER, E

DESPROVIDA DE QUALQUER CONTEÚDO SOCIAL OU POLÍTICO.

Na lição do autor, Constituição se caracteriza como FRUTO DA VONTADE RACIONAL DO

HOMES, E NÃO DAS LEIS NATURAIS.

Para ele, a CF teria como norma fundacional a norma hipotética fundamental.

Nesse sentido, a concepção de Kelsen toma a palavra Constituição em dois sentidos: no lógico-

jurídico e no jurídico-positivo.

- LÓGICO-JURÍDICO = Constiutuição significa norma hipotética fundamental, cuja função é

servir de fundamento lógico transcendental de validade da Constituição jurídico-positiva.

Plano suposto (norma suposta).

- JURÍDICO-POSITIVO = Constituição equivale à norma positiva suprema, à norma posta, à

norma positivada.

SENTIDO CULTURAL, CULTURALISTA, TOTAL OU IDEAL

A concepção culturalista conduz a um conceito de Constituição Total. Sentido ideal é a mescla,

junção, convergência dos sentidos anteriores.

Para explicar seu sentido se invoca duas obras e autores que se relacionam com ele:

1. KONRAD HESSE – A FORÇA NORMATIVA DA CONSTITTUIÇÃO

2. PETER HÄBERLE – A SOCIEDADE ABERTA DE INTÉRPRETES

No Brasil, PAULO BONAVIDES atesta que não adianta termos uma constituição estanque em

um só dos sentidos. É precioso aliar a força normativa da Constituição, com o respeito e a

efetivação do seu conteúdo. Por isso, pode-se encontrar o sentido ideal com o nome de

SENTIDO CULTURAL DE CONSTITUÇÃO.

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CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES

1- QUANTO AO CONTEÚDO:

MATERIAL

É o conjunto de normas escritas ou não escritas (costumeiras), fundadas em textos ou em

meros costumes, que se limitam a dispor sobre a estrutura do Estado, organização do poder e

dos direitos e garantias fundamentais.

FORMAL

É conjunto de normas necessariamente escritas, plasmadas em um documento formalmente

elaborado pelo poder constituinte, tenham ou não valor constitucional material.

2- QUANTO À FORMA:

ESCRITA (INSTRUMENTAL)

É aquela cujas normas são dispostas, racional e solenemente, em um único documento ou

instrumento que as consolida e sistematiza.

NÃO ESCRITA (COSTUMEIRA)

É aquela cujas normas podem se assentar em costumes, em textos esparsos ou extravagantes

e nas decisões dos tribunais.

3- QUANTO À ORIGEM:

DEMOCRÁTICA (VOTADA, POPULAR ou PROMULGADA)

É aquela cuja origem teve a decisiva participação do povo, que, por meio da eleição de

representantes legítimos, compõem um órgão constituinte.

NÃO DEMOCRÁTICA (IMPOSTA, CARTA OPLÍTICA ou OUTORGADA)

É aquela que na origem não teve qualquer participação do povo. São impostas pelos

governantes e, normalmente, são designadas pela doutrina de CARTAS.

CESARISTA

É ideia de José Afonso da Silva, para quem, tais constituições são aquelas elaboradas por um

ditador, junta militar, porém, dependente de uma aprovação popular.

PACTUADA

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É aquela firmada por um compromisso, um pacto entre duas forças políticas adversárias.

4- QUANTO À ESTABILIDADE (CONSISTÊNCIA ou MUTABILIDADE):

IMUTÁVEL

Não prevê nenhum processo de alteração de suas normas, sob o fundamento de que a

vontade do poder constituinte exaure-se com a manifestação da atividade originária.

FIXA

É aquela cuja alteração está condicionada à convocação do próprio poder constituinte

originário, circunstância que implica, não em alteração, mas em elaboração, propriamente, de

uma nova ordem constitucional.

RÍGIDA

É aquela que admite alteração, todavia, somente através de um processo legislativo mais

solene, especial, e muito mais difícil que o processo legislativo de elaboração das leis.

FLEXÍVEL

É aquela que admite alteração pelo mesmo processo legislativo de alteração das leis.

SEMI-RÍGIDA /SEMI-FLEXÍVEL

É aquela que separa, por categorias, as normas submetidas ao processo gravoso e aquelas

submetidas ao processo simplificado. É parcialmente rígida e parcialmente flexível.

OBS1: A MAIORIA DAS CONSTITUIÇÕES DO MUNDO É RÍGIDA.

OBS2: TODAS AS CONSTITUIÇÕES REPUBLICANAS DO BRASIL FORAM RÍGIDAS.

OBS3: A CF DO IMPÉRIO DE 1824, TODAVIA, FOI SEMI-RÍGIDA, POR FORÇA DO SEU ART. 178.

OBS4: AS CONSTITUIÇÕES FLEXÍVEIS, POR SEU TURNO, NÃO SE SUBMETEM AO CONTROLE DE

CONSTITUCIONALIDADE, ISTO PORQUE NÃO HÁ SUPREMACIA E PARADIGMA.

5- QUANTO À EXTENSÃO:

SINTÉTICA (CONCISA)

É aquela que só traz o núcleo básico do texto constitucional.

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ANALÍTICA (PROLIXA)

Aquela que trata de vários temas de forma minuciosa, definindo, largamente, os fins atribuídos

ao Estado.

6- QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO:

DOGMÁTICA

É aquela que, sempre escrita, resulta de uma manifestação constituinte ocorrida num

determinado e exato momento da história política de um país que acolhe.

HISTÓRICA

É aquela sempre não escrita e resulta de uma lenta e contínua evolução das tradições e

costumes de um povo.

7- QUANTO À IDEOLOGIA (DOGMÁTICA ou CARGA IDEOLÓGICA):

ORTODOXA

É aquela que resulta da consagração de uma só ideologia.

ECLÉTICA (PLURALISTA ou COMPROMISSÓRIA)

É aquela que é plural, aberta a várias ideologias, logra conciliar várias idéias ou ideologias,

muitas das quais aparentemente contraditórias, mas esse é o espírito das constituições plurais

ou plúrimas.

8- QUANTO À ESSÊNCIA (MODO DE SER ou CLASSIFICAÇÃO ONTOLÓGICA):

NORMATIVA (com valor jurídico)

Seria aquela perfeitamente adaptada ao fato social.

Além de juridicamente válida, ela estaria em total consonância com o processo político.

KARL LOEWENSTEIN (idealizador dessa classificação ontológica – em sua obra Teoría de La

Consttuición), comprava o texto constitucional normativo, a uma roupa que assenta bem, que

realmente veste bem.

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SEMÂNTICA (utilizada apenas para justificar juridicamente o exercício autoritário do

poder)

Encontra-se submersa ao poder político prevalecente. Trata-se de um documento formal,

criado para beneficiar os detentores do poder de fato, que dispõe dos meios para coagir os

governados.

Aqui KARL LOEWENSTEIN comparava o texto normativo com uma roupa que não veste bem,

mas que dissimula, esconde, disfarça os seus defeitos.

NOMINAIS (com valor jurídico)

Nela a dinâmica do processo político não se adapta a suas normas, embora ela conserve, em

sua estrutura, um caráter educativo, com vistas ao futuro da sociedade.

Seria uma constituição prospectiva, vale dizer, voltada para um dia ser realizada na prática. É

como se fosse uma roupa guardada no armário, que será vestida futuramente, quando o corpo

nacional tiver crescido.

OBS: Até hoje não tivemos um texto constitucional normativo. A CF/88, sem dúvida, é

nominal. Esperamos, um dia, por uma constituição normativa, em consonância com a vida,

com os fatores de transformação da sociedade, para valer na prática, produzindo resultados

concretos no plano da vida.

A CF/88 PRETENDE SER NORMATIVA (GUILHERME PEÑA DE MORAES / PEDRO LENZA)

9- QUANTO À SISTEMATIZAÇÃO:

UNITÁRIA

Também são denominadas de reduzidas, unitextuais ou codificadas. É aquela em que a

sistematização das matérias apresenta-se num instrumento único e exaustivo de todo o seu

conteúdo.

Ex. Todas as constituições brasileiras.

VARIADA

Também chamadas de não codificadas ou legais, encontram-se previstas em textos esparsos.

10 – QUANTO À FUNÇÃO OU FINALIDADE (MANOEL GONÇALVES FERREIRA FILHO)

CONSTITUIÇÃO GARANTIA

Busca garantir a liberdade, limitando o poder. É aquela que possui um mínimo de garantismo.

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CONSTITUIÇÃO BALANÇO

É aquela destinada a registrar um dado estágio nas relações de poder no Estado. A

Constituição é elaborada para espelhar certo período político, findo o qual é elaborado outro

texto constitucional.

CONSTITUIÇÃO DIRIGENTE

De texto denso (analíticas) é aquela que estabelece um projeto de Estado.

É aquela que estabelece programas de ação governamental e de implementação de direitos,

de um ideal social, bem como princípios a serem observados. É a CF/88.

Essa Constituição dirigente é caracterizada pela presença no texto de normas programáticas.

São normas que têm como destinatários diretos não os indivíduos, mas os órgãos estatais,

requerendo destes a atuação numa determinada direção, apontada pelo legislador

constituinte.

11 – QUANTO AO SISTEMA

PRINCIPIOLÓGICA

Predominam os princípios, identificados como normas constitucionais providas de alto grau de

abstração, consagradores de valores.

PRECEITUAL

Prevalecem as regras, individualizadas como normas constitucionais revestidas de pouco grau

de abstração.

Conteúdo: Formal

Forma: Escrita

Origem: Democrática

Constituição Brasileira Estabilidade: Rígida

de 1988 Extensão: Analítica

Elaboração: Dogmática

Ideologia: Eclética

Essência: Nominal

Sistematização: Unitária

Função: Dirigente

Sistema: Principiológica

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ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

O objeto e o conteúdo podem ser inferidos títulos. A Constituição tem 9 títulos.

A estrutura é composta pelo preâmbulo, parte transitória e parte dogmática.

PREÂMBULO

Preâmbulo é a parte precedente de uma Constituição que pré anuncia a carga ideológica da

mesma, os valores que ela prestigia e os fins por ela estabelecidos. Preâmbulo é um anúncio

prévio do que virá.

Segundo o STF, o preâmbulo não tem força coercitiva e, portanto, não pode servir de

parâmetro para o exercício do controle de constitucionalidade.

As Constituições Estaduais e as leis orgânicas municipais podem ou não apresentar preâmbulo,

pois não se trata de norma de repetição obrigatória.

Para o Supremo, o preâmbulo é mero instrumento de interpretação, não tem força

obrigatória, não é de repetição obrigatória. Se situa no domínio da política, e não do direito.

Por oportuno, já se questionou se a menção a Deus no preâmbulo viola a ideia de Estado laico.

O STF disse que não. Vale lembrar que o Estado é laico, leigo ou não confessional, mas a nação

não. Esta não é laica.

Assim, a finalidade da norma preambular é interpretativa. Preâmbulo serve para dirimir

conflitos, antinomias entre normas constitucionais.

PARTE DOGMÁTICA

A carta é dogmática, pois apresenta condutas que representam concepções políticas. A CF é

dogmática em 250 artigos e 9 títulos.

A disposição dos títulos da CF demonstra como existe hierarquia material entre as normas

constitucionais (e isso é pacífico), muito embora no aspecto formal não exista hierarquia.

É fácil observar que as normas constitucionais mais importantes estão no início da CF.

PARTE TRANSITÓRIA (ADCT)

As normas que integram o ADCT são normas de validade pré-determinada, transitórias. São

normas que têm um início, meio e fim pré-definidos. A validade é previamente definida.

Quando seus objetos são alcançados, elas deixam de ser importante, afinal, o motivo para o

qual foram criadas já não mais existe. São normas que ficam flutuando na Constituição. Tem

força obrigatória.

Tem força obrigatória, vinculante, coercitivo.

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DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS

CONSTITUIÇÃO FEDERAL:

- Preâmbulo.

- Títulos: I, II, III e IV.

- Art. 60.

- Art. 242, § 2º.

- ADCT: Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS SELECIONADAS

- STF / Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI 2076 / “Invocação da proteção de Deus: não

se trata de norma de reprodução obrigatória na Constituição estadual, não tendo força

normativa”.

QUESTÕES CORRELATAS

I. (PF/AGENTE E ESCRIVÃO/CESPE/1997) Diz-se outorgada a constituição que surge

sem a participação popular.

II. (PF/AGENTE E ESCRIVÃO/CESPE/1997) Considerando-se a classificação das normas

constitucionais em formais e materiais, seriam dessa última categoria, sobretudo

as normas concernentes à estrutura e à organização do Estado, à regulação do

exercício do poder e aos direitos fundamentais. Desse ângulo, outras normas,

ainda que inseridas no corpo da Constituição escrita, seriam constitucionais tão

somente do ponto de vista formal.

III. (AGU/PROCURADOR FEDERAL/ CESPE/2007) A invocação a Deus, presente no

preâmbulo da CF, reflete um sentimento religioso, o que não enfraquece o fato de

o Estado brasileiro ser laico, ou seja, um Estado em que há liberdade de

consciência e de crença, onde ninguém é privado de direitos por motivo de crença

religiosa ou convicção filosófica.

IV. (AGU/PROCURADOR FEDERAL/ CESPE/2007) O preâmbulo constitucional possui

destacada relevância jurídica, situando-se no âmbito do direito e não

simplesmente no domínio da política.

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V. (PGE-PE/PROCURADOR DO ESTADO/CESPE/2009) O preâmbulo constitucional,

segundo entendimento do STF, tem eficácia jurídica plena, consistindo em norma

de repetição obrigatória nas constituições estaduais.

GABARITO

I. C

II. C

III. C

IV. E

V. E

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“Esperar não é perder tempo, é perceber que há tempo pra tudo.”

PODER CONSTITUINTE

NOÇÕES TEÓRICAS

PODER CONSTITUINTE

1. CONCEITO DE PODER CONSTITUINTE

Poder constituinte é o poder de elaborar (poder originário) ou atualizar (poder derivado) uma

Constituição, através da supressão, modificação ou acréscimo de normas constitucionais.

No Brasil, no verbo elaborar, é possível afirmar que nós já ultrapassamos oito exercícios do

poder constituinte originário: 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967, 1969, 1988.

Vale lembrar que a CF/69 formalmente era uma emenda, mas materialmente era uma

Constituição.

2. ORIGENS DA TEORIA DO PODER CONSTITUINTE

O grande teórico do poder constituinte foi o abade Emmanuel Joseph Sieyès, através do seu

panfleto denominado “Que é o terceiro Estado?”.

Foi nessa obra que o abade, pela primeira vez, na antevéspera da Revolução Francesa,

diferenciou o poder constituinte dos poderes constituídos.

3. TITULARIDADE

Em sua obrar, o abade Sieyès apontava como titular do poder constituinte a nação.

Para provas adotar o entendimento de que a titularidade do poder constituinte pertence ao

povo (posicionamento tranquilamente majoritário na doutrina moderna).

Assim, seguindo a tendência moderna, o parágrafo único do art. 1º da CF/88 estabelece que

todo poder emana do povo.

Vale ressaltar, por oportuno, que no tocante ao poder constituinte, a titularidade é aspecto

distinto do exercício.

Assim, o titular desse poder nem sempre é quem o exerce.

4. ESPÉCIES

Para a doutrina mais avançada, o poder constituinte é uno e indivisível. Só existe um poder

constituinte. Nesse sentido, tais autores entendem que não existe grau de poder constituinte.

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É o caso de CELSO ANTÔNIO, PAULO BONAVIDES, EDVALDO BRITO. CUIDADO: NÃO ADOTAR

ESTE POSICIONAMENTO EM PROVA!

Já para a doutrina voltada para os concursos públicos, o poder constituinte pode ser dividido

em: originário e derivado.

4.1 PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO

CONCEITO

Também pode ser chamado inicial, inaugural ou de primeiro grau.

É aquele poder que instaura uma nova ordem jurídica, rompendo por completo com a ordem

jurídica precedente.

O objetivo fundamental do poder constituinte originário, portanto, é criar um novo Estado,

diverso do que vigorava em decorrência da manifestação do poder constituinte precedente.

Este poder constituinte está acima da própria CF, e corresponde à vontade do titular do Poder

Constituinte. Ele é anterior e posterior à própria Constituição.

SUBDIVISÃO

- histórico = seria o verdadeiro poder constituinte originário, estruturando, pela primeira vez, o

Estado.

- revolucionário = seriam todos os posteriores ao histórico, rompendo por completo com a

antiga ordem e instaurando uma nova, um novo Estado.

CARACTERÍSTICAS

- INICIAL = porque inaugura uma nova ordem jurídica rompendo com a anterior. Por isso se diz

que o poder originário é constituinte e desconstituinte.

- AUTÔNOMO = porque só ao seu exercente cabe fixar os termos em que a nova Constituição

será estabelecida e qual o Direito deverá ser implantado.

- ILIMITADO = porque é soberano e não sofre qualquer limitação prévia imposta pelo direito

anterior.

OBS: A doutrina contemporânea entende que há sim limites ao poder constituinte originário.

Para CANOTILHO, o poder constituinte originário é estruturado e obedece a padrões e

modelos de condutas espirituais, culturais, éticos e sociais radicados na consciência jurídica

geral da comunidade e, nesta medida, considerados como “vontade do povo”.

Fala, ainda, o constitucionalista Português, na necessidade de observância de princípios de

justiça (suprapositivos ou supralegais), e princípios do direito internacional, quais sejam o

princípio da independência, da autodeterminação e o princípio da observância de direitos

humanos.

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OBS: COMO O BRASIL ADOTOU A CORRENTE POSITIVISTA, NEM MESMO O DIREITO

NATURAL LIMITARIA A ATUAÇÃO DO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO.

- INCONDICIONADO = porque não tem de se submeter a qualquer forma prefixada de

manifestação.

Em síntese: trata-se de um poder de fato, político energia ou força social e tem natureza pré-

jurídica.

FORMAS DE EXPRESSÃO OU MANIFESTAÇÃO

- ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE OU CONVENÇÃO = nasce da deliberação da

representação popular. Brasil: 1891, 1934, 1946 e 1988.

- OUTRGA = caracterizada pela declaração unilateral do agente revolucionário, quando há

usurpação do poder constituinte do povo. Brasil: 1824, 1937, 1967-1969;

4.2 PODER CONSTITUINTE DERIVADO

CONCEITO

Como o próprio nome sugere, o poder constituinte derivado é criado e instituído pelo

originário, sendo também denominado instituído, constituído, secundário e de segundo grau.

Enquanto o originário está acima da CF, este poder derivado encontra-se inserto na própria

Carta.

Assim, ao contrário do seu criador, que é ilimitado, incondicionado e inicial, o derivado deve

obedecer as regras impostas pelo originário.

CARACTERÍSTICAS

- DERIVADO = porque deriva do poder constituinte originário.

- LIMITADO = porque a Constituição lhe impõe limitações.

- CONDICIONADO = porque só pode se manifestar de acordo com as formalidades traçadas na

Constituição.

ESPÉCIES

Este poder divide-se em poder reformador e decorrente:

- REFORMADOR – consiste no poder de alterar e atualizar a constituição.

A CF admite duas formas de alteração: mediante emendas constitucionais e revisão

constitucional.

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- EMENDAS = Emendas são alterações pontuais do texto constitucional, cujo procedimento se

encontra previsto na própria Constituição.

- REVISÕES = A revisão se destina à alteração global e geral do texto constitucional, por meio

de formalidades mais simples do que as concernentes às emendas.

No entanto, a previsão da revisão constitucional foi excepcional e autorizada para ocorrer uma

única vez, em data pré-estabelecida (a partir de cinco anos após a promulgação da

Constituição).

Essa única revisão pela qual passou a Constituição resultou em 6 emendas de revisão.

- DECORRENTE – Traduz-se no poder que têm os Estados membros de elaborarem suas

próprias Constituições Estaduais, e o Distrito Federal de elaborar a sua lei orgânica distrital.

Tal competência decorre da capacidade de auto-organização, prevista no art. 25, caput, da

CF/88: “os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem,

observados os princípios dessa Constituição”.

E o que deve ser entendido por princípios dessa Constituição? Quais são os limites à

manifestação do poder constituinte derivado decorrente? São eles:

- PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS SENSÍVEIS (APONTADOS OU ENUMERADOS)

São os limites fixados no art. 34, VII, “a” – “e”.

- PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS ESTABELECIDOS (ORGANIZATÓRIOS)

São aqueles que vedam a ação indiscriminada do poder constituinte decorrente, por isso

funcionam como balizas reguladoras da capacidade de auto-organização dos Estados. Ex.

repartição de competência, sistema tributário, organização dos poderes, direitos políticos,

direitos de nacionalidade, etc.

- PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXTENSÍVEIS

São aqueles que integram a estrutura da federação brasileira, relacionando-se, por exemplo,

com a forma de investidura dos cargos eletivos, processo legislativo, orçamento, preceitos

ligados à administração pública, etc.

A CE tem que respeitar, necessariamente, a CF. Tanto é assim que ela está submetida ao

controle de constitucionalidade.

Os municípios possuem leis orgânicas, que não se equiparam às constituições. Por isso, não

exercem poder decorrente, até porque não existe poder constituinte decorrente, decorrente.

As leis orgânicas têm de respeitar tanto a CE, como a CF.

O DF possui lei orgânica. Como se sabe, o DF acumula tanto competências estaduais como

municipais.

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Nesse sentido, o DF exerce o poder constituinte derivado decorrente em parte. Haja vista que,

como visto, também acumula competência estadual. Assim, naquilo que a lei orgânica trata de

competência estadual, há exercício do poder constituinte derivado decorrente.

OBS: PARA LENZA (mudando de opinião) E DIRLEY, O PODER CONSTITUINTE DERIVADO

DECORRENTE NÃO SÓ É EXERCIDO PELOS ESTADOS MESMBROS, MAS TAMBÉM PELO DISTRITO

FEDERAL.

A norma constitucional ainda pode sofrer modificação sem alteração expressa do seu texto,

mudando-se apenas o sentido interpretativo. Esse fenômeno se chama mutação

constitucional, interpretação constitucional evolutiva ou poder constituinte difuso. Com a

mutação constitucional não se muda o texto, mas sim o alcance do sentido interpretativo da

norma, por necessidade do contexto.

5. LIMITES AO PODER REFORMADOR

Tais limites estão previstos no art. 60 da CF. Os limites são em número de 4, e foi o poder

constituinte originário quem os definiu.

5.1 LIMITES MATERIAIS

Correspondem às cláusulas pétreas, previstas no art. 60, § 4º, da CF.

OBS: MUITO EMBORA A CONSTITUIÇÃO DIGA QUE AS CLÁUSULAS PÉTREAS NÃO PODEM SER

ABOLIDAS, ESTA LIMITAÇÃO NÃO SE ESTENDE AO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO. NESSE

SENTIDO PODE-SE AFIRMAR QUE NÃO HÁ CLÁUSULAS IMUTÁVEIS.

Vale lembrar que as emendas constitucionais (exercício do poder constituinte derivado

reformador), não podem abolir uma cláusula pétrea, mas podem modificá-la. Pode modificar,

por exemplo, para ampliar as cláusulas pétreas. Ex. ampliação do rol dos direitos

fundamentais, a exemplo do direito à moradia que veio com a EC 26/2000. Lembrar que a

alimentação foi inserida como direito social com a EC 64/10.

Uma EC pode restringir um direito fundamental, dês que amplie outro. Se abolir ou apenas

restringir, será inconstitucional.

As limitações materiais são:

a) FORMA FEDERATIVA DE ESTADO

Forma de governo e sistemas de governo não constituem cláusulas pétreas.

b) VOTO DIREITO, SECRETO, UNIVERSAL e PERIÓDICO

O voto obrigatório não constitui cláusula pétrea. Ou seja, uma emenda constitucional pode vir

a determinar que o voto seja facultativo.

c) SEPARAÇÃO DOS PODERES

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Corresponde ao princípio da separação dos poderes, idealizado por Aristóteles, passado para

John Lock, passado para Montesquieu, que levou a fama na obra “O espírito das leis”.

Assim, também pode vir chamada de separação das funções estatais. Hodiernamente, também

com esta nomenclatura o doutrinador alemão KARL LOEWENSTEIN.

Essa expressão, inclusive, é mais adequada, pois não há separação estanque entre os poderes,

afinal cada poder possui suas funções típicas e atípicas.

d) DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS

Houve aí uma grande atecnia. Incorre em erro o legislador a se referir apenas aos direitos e

garantias individuais, quando melhor seria ter feito referência a todos os direitos

fundamentais, que é gênero do qual “direitos individuais e coletivos” são espécies.

Os direitos fundamentais se dividem em 5 modalidades, e todas devem ser consideradas

cláusulas pétreas.

Direitos individuais e coletivos – art. 5º;

Direitos sociais – art. 6º ao 11;

Direitos relativos à nacionalidade – arts. 12 ao 13;

Direitos políticos – arts. 14 ao 16;

Direitos dos partidos políticos – art. 17.

Mas caso a pergunta seja de acordo com a literalidade da Constituição, deve-se marcar apenas

os direitos e garantias individuais.

Em síntese: é pacífico que todos os direitos fundamentais são cláusulas pétreas, mas

expressamente a CF só se refere aos direitos e garantias individuais.

5.2 LIMITES CIRCUNSTANCIAIS

Estes estão presentes no art. 60, § 1º, e consistem nos períodos de instabilidade política,

econômica e social que legitimam o Presidente da República a editar decreto que instaure a

intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio.

Em períodos tão instáveis a CF não pode vir a ser alterada. Enquanto perdurar alguma dessas

situações, uma PEC poderá até ser discutida, muito embora não possa ser aprovada.

5.3 LIMITES FORMAIS OU PROCEDIMENTAIS

a) QUANTO À LEGITIMIDADE PARA ENCAMINHAMENTO DE PEC’S

Os legitimados para o encaminhamento são os elencados nos incisos I, II e III do art. 60 da CF.

I) Presidente da República; II) 1/3, no mínimo, dos membros da Câmara do Deputados (171 de

513) ou do Senado Federal (27 de 81); III) mais da metade das assembleias legislativas das

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unidades da federação, manifestando-se cada uma delas pela maioria relativa de seus

membros.

Não cabe iniciativa popular para alterar a Constituição Federal.

Já as Constituições Estaduais e as Leis Orgânicas admitem alteração por iniciativa popular.

OBS: SEGUNDO O STF, SÓ É ADMITIDO O PRINCÍPIO DA SIMETRIA OU PARALELISMO

CONSTITUCIONAL DE NORMA SUPERIOR PARA NORMA INFERIOR. ASSIM, NÃO PODERÁ UMA

CONSTITUIÇÃO ESTADUAL SERVIR DE PARÂMETRO PARA A CONSTITUIÇÃO FEDERAL. POR ISSO

QUE NÃO CABE EMENDA POR INICIATIVA POPULAR.

b) QUANTO AO PROCEDIMENTO DE ELABORAÇÃO DAS EMENDAS CONSTITUCIONAIS

É encaminhada para a Câmara dos Deputados ou Senado Federal. Depende de quem seja a

iniciativa. Devem ser discutidas duas vezes, com 3/5 de aprovação (308 na CD e 49 no SF).

Quem promulga são as mesas da Câmara e do Senado.

A única participação do Presidente da República é quando ele propõe a PEC.

Quando o texto de uma PEC é rejeitado ele só poderá ser objeto de nova proposta na próxima

sessão legislativa.

Sessão legislativa não se confunde com legislatura.

Uma legislatura é composta de quatro sessões legislativa e cada uma delas é composta de dois

períodos legislativos.

O primeiro período legislativo vai de 02/02 a 17/07 e de 01/08 a 22/12.

As emendas constitucionais devem ser discutidas 2 vezes, em cada casa legislativa, com o

quórum de aprovação de 3/5 de seus membros. Caso a EC seja emendada, a reemenda

também precisa ser discutida 2 vezes e aprovada com o quórum de 3/5.

Lei complementar e lei ordinária quem promulga é o Presidente, mas quem promulga as

emendas são as mesas da Câmara e do Senado.

5.4 LIMITAÇÃO TEMPRORAL

Traduz-se no interstício durante o qual a lei fundamental não poderá ser objeto de alteração.

A nossa atual Carta Magna não estabeleceu qualquer limitação temporal para alteração. Nesse

sentido, tendo sido promulgada em 5 de outubro de 88, no dia 6 a CF já poderia receber uma

emenda constitucional.

Todavia, essa mesma Constituição estabeleceu no art. 3º do ADCT limitação temporal quanto

às revisões.

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Previu que tais revisões seriam realizadas após 5 anos, contados da promulgação da

Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão

unicameral.

Acerca dos limites para essas revisões, a teoria prevalecente foi a que estabeleceu como limite

material o mesmo limite determinado ao poder constituinte derivado reformador, qual seja, o

limite material das cláusulas pétreas.

O ano em que ocorreram as revisões foi o imediatamente subsequente ao quinto ano da

promulgação, logo, 1994. Assim, todas as seis revisões ocorreram em 1994.

Mas, como visto, quanto às emendas constitucionais, não houve limitação temporal.

Do jeito que a CF se encontra, não é possível mais emendas de revisão.

DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS

CONSTITUIÇÃO FEDERAL:

- Art. 34, VII

- Art. 60 – com todos os incisos e parágrafos.

- ADCT – Ato das Disposições Constitucionais Transitórias:

Art. 3º.

SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS SELECIONADAS

- STF / Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI 939 / Cláusulas pétreas.

-STF / Recurso Extraordinário – RE 587008 / “O poder constituinte derivado não é ilimitado,

visto que se submete ao processo consignado no art. 60, §§ 2º e 3º, da CF, bem assim aos

limites materiais, circunstanciais e temporais dos §§ 1º, 4º e 5º do aludido artigo. A

anterioridade da norma tributária, quando essa é gravosa, representa uma das garantias

fundamentais do contribuinte, traduzindo uma limitação ao poder impositivo do Estado”.

QUESTÕES CORRELATAS

I. (TCE-ES/PROCURADOR ESPECIAL DE CONTAS/CESPE/2009) No tocante ao poder

constituinte originário, o Brasil adotou a corrente positivista, de modo que o

referido poder se revela ilimitado, apresentando natureza pré-jurídica.

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II. (MP/PR/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2008) A CF prevê expressamente o poder de

reforma, o qual materializa o poder constituinte derivado.

III. (STF/ANALISTA/2008) Um deputado federal pretende cumprir um compromisso de

campanha de fazer uma emenda à CF visando alterar o sistema Tributário

Nacional, o qual considera muito complexo e oneroso para a sociedade. Essa

proposição legislativa deve ser apresentada na Câmara dos Deputados subscrita

por, pelo menos, um terço dos deputados federais.

IV. (STF/ANALISTA/2008) A CF, conforme seu próprio texto, pode ser emendada por

meio de iniciativa popular, desde que o projeto seja subscrito por, no mínimo, 1%

do eleitorado nacional, distribuído por, pelo menos, cinco estados, com não

menos de 0,3% dos eleitores de cada um deles.

V. (TRF5/JUIZ/2009) A CF admite emenda constitucional pode meio de iniciativa

popular.

GABARITO

I. C

II. C

III. C

IV. E

V. E

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“Nenhum obstáculo será tão grande, se a sua vontade de vencer for

maior.”

APLICABILIDADE E EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS E PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

NOÇÕES TEÓRICAS

APLICABILIDADE E EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS

1. APLICABILIDADE

a) IMEDIATA

Normas de aplicabilidade imediata são aquelas autoexecutáveis.

São as normas que não dependem de outras para produzir efeitos. É aquela norma que em si

só já basta.

b) MEDIATA

São normas não autoexecutáveis. Exigem um regramento posterior para que possam produzir

efeitos sociais. Precisa desse arcabouço posterior.

A sistematização de JOSÉ AFONSO DA SILVA no que tange à aplicabilidade eficácia das normas

é falível e contraditória, em que pese ser aceita no STF.

A principal crítica que se dispara é a alocação das normas programáticas como espécie das

normas de eficácia limitada.

2. EFICÁCIA

a) JURÍDICA

É a norma na sua literalidade. É o texto codificado. Todas as normas constitucionais, só pelo

aspecto formal, ou seja, por estarem inseridas na Constituição, possuem a eficácia jurídica.

A eficácia jurídica corresponde à irradiação de efeitos da norma constitucional perante o

ordenamento jurídico. Todas as normas que estão inseridas na Constituição têm status de lei

fundamental, no aspecto formal, independentemente da correspondência perante a

sociedade.

b) SOCIAL

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É a norma que tem ressonância na sociedade. Por isso se diz norma de eficácia social. Há

normas que estão na constituição, mas não possuem eficácia social.

A eficácia social consiste na efetividade da norma constitucional, ou seja, a norma que é

sentida e reconhecida pelo cidadão.

Ex. art. 7º, IV – tem eficácia jurídica, mas não tem eficácia social (norma do salário mínimo).

OBS: NÃO EXISTE NORMA CONSTITUCIONAL COMPLETAMENTE DESTITUÍDA DE EFICÁCIA. UMA

NORMA PODE ATÉ NÃO POSSUIR EFICÁCIA SOCIAL, MAS CERTAMENTE POSSUIRÁ A CHAMADA

EFICÁCIA JURÍDICA, QUE É A APTIDÃO PARA CONDICIONAR O ORDENAMENTO JURÍDICO.

3. CLASSIFICAÇÃO DO PROFESSOR JOSÉ AFONSO DA SILVA – ADOTADA NO STF

a) NORMAS DE EFICÁCIA PLENA

É aquela que desde a sua entrada em vigor, está apta a produzir todos os seus efeitos.

É norma de aplicabilidade direta, imediata e de efeitos integrais, que só poderá sofrer

limitações por outra norma constitucional, ou seja, outra norma do mesmo patamar.

Como exemplos a doutrina aponta normas que criam órgãos ou atribuem competências (art.

2º, 19, 20, 21, 22, 24, etc.).

b) NORMA DE EFCÁCIA CONTIDA

Chamada de norma de eficácia redutível, restringível ou prospectiva, também é aquela norma

que desde a sua vigência está apta a produzir todos os seus efeitos, todavia PODERÁ TER SUA

ABRANGÊNCIA REDUZIDA POR OUTRAS NORMAS (constitucionais ou infraconstitucionais).

Assim, também tem aplicabilidade direta e imediata, mas possivelmente não integral (pois

poderá sofrer mitigações).

O exemplo mais clássico é o art. 5º, XIII da CF, que afirma ser livre o exercício de qualquer

trabalho ofício ou profissão, nos termos e limites que a lei estabelecer.

c) NORMA DE EFICÁCIA LIMITADA

São aquelas que desde a sua promulgação não estão aptas a produzir todos os seus efeitos,

precisando de uma lei integrativa infraconstitucional.

É norma de aplicabilidade indireta, mediata, reduzida ou diferida. Depende de regramento

posterior para apresentar eficácia social.

Vale lembrar que tais normas possuem o mínimo efeito de vincular o legislador

infraconstitucional aos seus vetores.

As normas de eficácia limitada se dividem em dois grupos:

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a) INSTITUTIVA OU ORGANIZATIVA – São aquelas que englobam a organização dos

poderes e do Estado. Ex. art. 33 , 88, 91, § 2º da CF.

São normas que contêm esquemas gerais de estruturação de instituições, órgãos ou entidades.

Ex. art. 18, §2º, 33, 102, §1º.

b) PROGRAMÁTICA – São aquelas que se revestem sob a forma de promessas ou

programas a serem desempenhados pelo Estado para a consecução dos seus fins

sociais.

São políticas públicas a serem adotadas pelo Estado, que dependem de um orçamento

estabelecido. Ex. art. 3º da CF. Ex. direito à saúde, educação, cultura, ciência e tecnologia, etc.

É a norma que informa uma aspiração. Não é porque é programática que não é imperativa.

Elas também são cogentes e devem ser efetivadas.

OBS: NOVAS NOMENCLATURAS.

MARIA HELENA ainda acrescenta à classificação as normas supereficazes ou com eficácia

absoluta.

Assim são chamadas porque contêm uma força paralisante de toda e qualquer legislação que,

explicita ou implicitamente vier a contrariá-las.

Essas normas se perfazem nas chamas cláusulas pétreas.

Ainda com a professora MARIA HELENA DINIZ (opinião também de UADI LAMMÊGO BULOS),

normas constitucionais de eficácia exaurida (ou esvaída) e aplicabilidade esgotada são

aquelas, como o próprio nome sugere, que já extinguiram a produção de seus efeitos, por isso

estão esgotadas. São próprias do ADCT, notadamente as normas que já cumpriram o papel,

encargo ou tarefa para a qual foram propostas.

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Você é do tamanho dos seus sonhos.

INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL

1. MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL

Segundo o constitucionalista português J. J. Gomes Canotilho, seis são os diferentes

métodos através dos quais é possível realizar a intepretação constitucional, quais sejam: o

método jurídico ou hermenêutico clássico; o tópico-problemático; o hermenêutico-

concretizador; o científico-espiritual; o normativo-estruturante e o método da comparação

constitucional.

Para ele, a interpretação das normas constitucionais nada mais é do que um conjunto de

métodos, desenvolvidos pela doutrina e pela jurisprudência, com base em critérios ou

premissas (filosóficas, metodológicas, epistemológicas) diferentes, mas, em geral,

reciprocamente complementares.

Abaixo são listadas as principais características de cada um desses métodos apontados

pelo jurista português.

1.1 Método jurídico ou hermenêutico clássico

O método jurídico ou hermenêutico clássico parte da premissa de que a Constituição é

uma lei, de tal modo que a interpretação constitucional não deixa de ser, em igual sentido,

uma interpretação legal, o que confirma a tese da identidade.

Já que a atividade interpretativa da Constituição se traduz na própria noção de

interpretação da lei, para o desempenho dessa tarefa o intérprete deverá se valer dos critérios

clássicos de hermenêutica, tradicionalmente conhecidos como:

Elemento gramatical (filológico, literal ou textual)

Elemento histórico

Elemento sistemático (ou lógico)

Elemento teleológico (ou racional)

Elemento genético

Este método se caracteriza por atribuir grande importância ao texto constitucional, isso

porque será a partir dessa previsão textual que o intérprete buscará descobrir o verdadeiro

significado da norma, o seu real sentido.

1.2 Método tópico-problemático

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A principal ideia que pode ser extraída deste método é que ele parte do problema

concreto para a norma.

Assim, o seu objetivo será tentar adequar (a partir de um processo argumentativo aberto

desempenhado por vários intérpretes) a norma da Constituição ao problema existente, ou

seja, tentar fazer com que a solução do problema possa ser enquadrada e adaptada à norma

constitucional.

A principal crítica disparada contra este método reside na noção de que a atividade

interpretativa não deveria partir do problema concreto para a norma, ao revés, a norma

constitucional que deveria servir de ponto de partida para a solução dos problemas.

1.3 Método hermenêutico-concretizador

Em sentido diametralmente oposto ao modelo tópico-problemático, o método

hermenêutico-concretizador parte da norma da Constituição para o problema concreto.

De modo objetivo, é possível concluir que este método vem consolidar os seguintes

pressupostos da atividade interpretativa, quais sejam:

Pressupostos subjetivos – relacionam-se ao papel criador do intérprete que deverá

valer-se da sua pré-compreensão da matéria com a finalidade de encontrar o real

sentido da norma da constitucional.

Pressupostos objetivos – estes, por sua vez, podem ser relacionados ao contexto,

identificando a atuação do intérprete como alguém apto a promover a mediação entre

o texto e a situação em que se aplica.

“Movimento de ir e vir” – aqui identificado como o círculo hermenêutico que traduz a

relação entre o texto e o contexto, indo do subjetivo para o objetivo, até que seja

possível ao intérprete alcançar a melhor percepção da norma.

Em síntese, por meio deste método a interpretação constitucional passa a ser percebida

como uma atividade por meio da qual é possível concretizar a Constituição, situação esta que

habilita o intérprete a proceder à delimitação do próprio substrato material da norma.

1.4 Método científico-espiritual

Por este método, a interpretação da Magna Carta não pode estar adstrita apenas e tão-

somente à previsão da literalidade textual de suas disposições. Ao contrário, no desempenho

de sua atividade o intérprete deve considerar os valores subjacentes ao texto da Constituição,

compreendendo-a como uma ordem de valores e como elemento do processo de integração.

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Isso porque, para além da letra “fria e crua” do texto, existe ali uma tábua axiológica

(valorativa) que deve ser levada em consideração no processo interpretativo para a captação

do real espírito de valores da comunidade.

Enfim, trata-se de um método através do qual as normas constitucionais são percebidas

não apenas e tão-somente pela sua previsão textual, mas, principalmente, pelos valores que

ali estão consagrados, tendo por objetivo proporcionar uma integração da norma

constitucional com os reais fatores espirituais da comunidade.

1.5 Método normativo-estruturante

O método normativo-estruturante parte da premissa segundo a qual inexiste identidade

entre a norma jurídica e o texto normativo.

Isso porque a norma jurídica não compreende apenas o texto, afinal de contas abrange

também um “pedaço da realidade social”, ou seja, além da atividade legislativa, para a

compreensão da norma é indispensável analisar a sua conformação no desempenho da

atividade jurisdicional e no exercício da atuação administrativa, ou seja, não só em um, mas

em todos os níveis.

1.6 Método da comparação constitucional

Por fim, com este método busca-se estabelecer uma comparação da própria evolução dos

institutos nos diversos ordenamentos jurídicos no sentido de se alcançar a melhor percepção

para a realidade concreta.

Seria o mesmo que, a partir de critérios comparativos, promover um intercâmbio

constitucional no intuito de aperfeiçoar a compreensão dos institutos jurídicos, visando aplicá-

los na resolução dos problemas concretos.

2. PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL

Além dos métodos apontados que sem prestam a concretizar a atividade hermenêutica, e

com o objetivo de auxiliar a tarefa do intérprete, o constitucionalista lusitano Gomes Canotilho

ainda apresenta os princípios específicos de interpretação constitucional.

Para a doutrina majoritária, estes princípios, que possuem natureza instrumental

(pressupostos lógicos da aplicação das normas constitucionais), são: princípio da unidade da

Constituição; do efeito integrador; da máxima efetividade; da justeza ou da conformidade

funcional; da concordância prática ou da harmonização; da força normativa da Constituição;

da interpretação conforme a Constituição e da proporcionalidade ou razoabilidade.

2.1 Princípio da unidade da Constituição

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Por este princípio, a Constituição deve ser interpretada de modo a evitar antinomias

(conflito entre normas), bem como contradição envolvendo os seus princípios. Ou seja,

primando por uma unidade do Texto Supremo, tem-se que as normas constitucionais devem

ser interpretadas de modo global, objetivando-se harmonizar os possíveis espaços de tensão.

Nesse passo, o operador do Direito deve perceber as normas da Constituição não de

maneira isolada ou estanque, ao revés, deve ele senti-las como enunciados que compõem um

sistema uno de regras e princípios, dotado de harmonia e, por conseguinte, marcado pela

ausência de conflitos.

2.2 Princípio do efeito integrador

Trata-se de consectário natural do princípio da unidade da Constituição, com o qual

guarda estreita semelhança.

Explicando o princípio do efeito integrador, Canotilho ressalta que na resolução dos

problemas jurídico-constitucionais deve-se dar primazia aos critérios ou pontos de vista que

favoreçam a integração política e social e o reforço da unidade política.

2.3 Princípio da máxima efetividade

Também conhecido como princípio da eficiência ou princípio da interpretação efetiva,

traduz a ideia segundo a qual o hermeneuta deve conferir à norma constitucional a

interpretação que lhe conceda a maior eficácia, é dizer, a mais larga efetividade social

possível.

Nesse sentido, em caso de eventual dúvida envolvendo a aplicação de um direito

fundamental constitucionalmente previsto, a melhor exegese (interpretação), certamente,

será aquela que esteja apta a conceder o mais alto grau de eficácia a este direito.

2.4 Princípio da justeza ou da conformidade funcional

Também chamado de princípio da exatidão ou correção funcional, traduz a ideia de que o

intérprete final da Constituição (na realidade brasileira, o Supremo Tribunal Federal), ao

desempenhar as suas atividades, não poderá chegar a um resultado que subverta ou

perturbe o esquema organizatório funcional que foi estabelecido pelo legislador constituinte.

A título de exemplo, não é dado ao STF, no exercício das suas atividades jurisdicionais,

conferir uma interpretação à Constituição que venha subverter a clássica separação dos

Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), consagrada, inclusive, como cláusula pétrea no

art. 60, § 4º, III, da CF/88.

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Assim, a partir da aplicação deste princípio garante-se não só a observância da separação

das funções estatais, como também a própria repartição de competências constitucionalmente

estabelecidas para as pessoas políticas ou entes federados.

2.5 Princípio da concordância prática ou da harmonização

Pautado na noção de ausência de hierarquia entre os princípios e direitos fundamentais,

caso ocorra algum conflito entres bens jurídicos igual e constitucionalmente protegidos, deve-

se primar pela concordância prática ou harmonização de tais preceitos, justamente com o

objetivo de impedir o sacrifício total de um princípio em relação ao outro com o qual esteja

colidindo.

Nesse sentido, Canotilho chega mesmo a fazer referência ao estabelecimento de limites e

condicionamentos recíprocos entre tais direitos envolvidos no conflito, de modo a conseguir

uma harmonização ou concordância prática entre eles, e impedindo, dessa forma, como

solução, o sacrifício de uns em relação aos outros.

2.6 Princípio da força normativa da Constituição

Como norma jurídica que é a Constituição possui força normativa suficiente para, de

modo coercitivo, impor as suas determinações.

Trata-se de princípio idealizado pelo jurista Konrad Hesse, para quem o operador do

Direito deve, no exercício das suas atribuições, realizar a chamada vontade de Constituição,

inclusive cuidando da atualização das suas normas.

Assim, na resolução dos diversos conflitos existentes, deve-se conferir máxima

aplicabilidade às normas constitucionais. Com Canotilho, na solução dos problemas jurídico-

constitucionais deve-se dar prevalência aos pontos de vista que, tendo em conta os

pressupostos da Constituição (normativa), possam, efetivamente, contribuir para uma eficácia

ótima da Lei Fundamental.

2.7 Princípio da interpretação conforme a Constituição

À luz deste princípio, sempre que o intérprete estiver diante das chamadas normas

polissêmicas ou plurissignificativas (aquelas que admitem mais de uma interpretação), deve

ser dada preferência ao sentido interpretativo que melhor seja compatibilizado com o texto

constitucional e que mais se aproxime dos seus preceitos.

Assim, ao aplicar o Direito no caso concreto, dentre as várias possibilidades de

interpretação existentes, deve o operador escolher aquela que não contrarie o texto

constitucional.

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Na trilha do mesmo raciocínio, não deve uma lei ser declarada inconstitucional quando, a

partir da observância de suas finalidades, ela puder ser interpretada em consonância com a

Constituição.

Com isso, à luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, percebe-se que mais do

que um princípio de hermenêutica, a interpretação conforme a Constituição se apresenta com

verdadeira espécie de decisão do controle de constitucionalidade das normas, podendo ser

equiparada a uma declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto.

2.8 Princípio da proporcionalidade ou razoabilidade

Razoabilidade significa lógica, coerência, congruência.

Para a doutrina brasileira, dentro do princípio da razoabilidade é possível identificar o

princípio da proporcionalidade, que, por sua vez, significa equilíbrio entre os meios

empregados e os fins visados.

Conforme já foi cobrado em prova de concurso, um exemplo metafórico de aplicação da

proporcionalidade é a ideia segundo a qual “não se abatem pardais com canhões”. Isso

porque, conforme se percebe, a medida empregada é excessivamente desproporcional em

realização ao fim pretendido.

Vale lembrar que razoabilidade e proporcionalidade são princípios implícitos na

Constituição Federal, porém expressos na legislação infraconstitucional, qual seja a Lei n.

9.784/99, conhecida como Lei de Processo Administrativo no âmbito federal, mais

especificamente em seu art. 2º.

A importância desses princípios ganhou no relevo do Direito Público brasileiro

principalmente após a possibilidade conferida ao Poder Judiciário de controlar a legalidade

dos atos administrativos discricionários.

É que antes desse reconhecimento, os atos discricionários, muitas vezes arbitrários, não

eram submetidos a controle jurisdicional sob a justificativa de que o Estado-juiz não poderia

imiscuir-se no mérito do ato administrativo, ainda que flagrantes ilegalidades estivessem

sendo cometidas.

Hoje, porém, a despeito de continuar não podendo adentrar na análise dos requisitos de

conveniência e de oportunidade que ensejam a prática do ato (elementos que compõem o

próprio conceito de mérito), o Poder Judiciário não só pode como deve exercer o chamado

controle de legalidade.

Essa legalidade aqui deve ser percebida em termos amplos, é dizer, não só a partir do

direito positivado, mas também pela contemplação de princípios constitucionais implícitos,

como a razoabilidade e a proporcionalidade.

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Controlando a legalidade dos atos discricionários, tendo por parâmetro os princípios

mencionados acima, com certeza há uma limitação da liberdade do administrador. Não se

trata (é preciso que se diga) de controle de mérito, entretanto, não há como negar que tal

controle acaba, sim, por limitar o espectro de abrangência do mérito desse ato administrativo.

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“Tudo o que você quiser fazer ou sonhar você alcançará. Sendo assim,

mão à obra”.

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS - COMENTÁRIOS AOS ARTIGOS 1º AO 4º

ART. 1º - FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

Além de listar os fundamentos da República, consagra o art. 1º da CF as bases políticas do

Estado brasileiro, a saber: princípio federativo (consagrando a forma de Estado), princípio

republicano (consagrando a forma de governo), princípio do Estado Democrático de Direito

(definindo o regime político).

PRINCÍPIO FEDERATIVO

PRINCÍPIO REPUBLICANO

PRINCÍPIO DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO

O Estado democrático se assenta no pilar da soberania popular, pois a base do conceito de

democracia está ligada à noção de governo do povo, pelo povo e para o povo.

O art. 1º da CF elenca quais seriam os fundamentos constitucionais da República Federativa do

Brasil.

Todos os fundamentos formam o processo mnemônico de memorização SO CI DI VA PLU.

1. SOBERANIA

Para a doutrina majoritária, três são os elementos que compõem o Estado. São eles:

SOBERANIA, que pode ser dividida em externa e interna.

- POVO, que não se confunde com nação e população.

- TERRITÓRIO, que pode ser jurídico ou geográfico.

Dos três elementos constitutivos do Estado, apenas a soberania é também fundamento da

República Federativa do Brasil.

Logo, a soberania pode ser entendida como um elemento constitutivo do Estado.

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A soberania externa é aquela que resguarda o princípio da não intervenção, nas suas diversas

dimensões (não intervenção cultural, lingüística, etc.). Significa independência na ordem

internacional.

A soberania interna significa que o poder do Estado não pode ser limitado por nenhum outro

poder. O poder do Estado é o mais alto existente dentro do Estado, é a potestade. Significa

supremacia no âmbito interno.

OBS: A UNIÃO NÃO É SOBERANA. SOBERANO É O ESTADO BRASILERO (REPÚBLICA FEDERATIVA

DO BRASIL).

A União (pessoa jurídica de direito público interno) é ente federativo autônomo, todavia, não é

superior aos demais entes que compõem a federação brasileira.

Assim, em síntese, pode-se dizer que quem exerce soberania é o Estado brasileiro,

representado pela União.

2. CIDADANIA

A cidadania pode ser compreendida em dois sentidos:

SENTIDO AMPLO

Consiste no conjunto de direitos e obrigações firmadas entre o Estado e o nacional.

Todo indivíduo que integra o povo brasileiro é cidadão.

O real sentido de cidadania não se restringe ao campo dos direitos políticos.

Já se disse que exercer a cidadania plena é ter direitos civis, políticos e sociais.

Logo, este é o conceito que melhor atende aos postulados de dignidade humana.

SENTIDO ESTRITO

Cidadão em sentido mínimo ou restrito é o cidadão eleitor.

Esse é o conteúdo jurídico tradicional da expressão cidadania, que reconduz ao exercício do

direito político ativo (capacidade eleitoral ativa = votar).

OBS: A LEGITIMIDADE ATIVA PARA PROPOSITURA DA AÇÃO POPULAR ESTÁ CIRCUNSCRITA AO

CONCEITO DE CIDADÃO EM SENTIDO ESTRITO. ESSA CIDADANIA SE COMPROVA POR MEIO DO

TÍTULO DE ELEITOR (art. 1º, § 3º da lei 4.717/65).

OBS: MEDIDA PROVISÓRIA NÃO PODE TRATAR SOBRE NORMAS RELATIVAS À CIDADANIA (nem

direitos político, dos partidos político, direito eleitoral e direitos de nacionalidade – dentre

outras matérias).

3. DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

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Trata-se do fim supremo de todo o direito e é o fundamento maior do Estado brasileiro.

OBS: SEGUNDO A DOUTRINA MAJORITÁRIA, O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESOA HUMANA

PODE SER RELATIVIZADO SOB O FUNDAMENTO DE QUE NÃO EXISTEM PRINCÍPIOS

ABSOLUTOS.

O que difere o princípio da dignidade da pessoa humana dos demais princípios é o fato de

tratar-se de um princípio meta, um princípio fim.

Ou seja, todo e qualquer conflito de princípios deve ter como solução aquela que mais se

aproxima da dignidade da pessoa humana.

Essa solução não pode ser prévia e abstrata, pois sempre deverá ser analisado o caso concreto.

4. VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E DA LIVRE INICIATIVA

A primeira Constituição brasileira a fazer referência à valorização do trabalho foi a de 1946;

referência essa mantida nas Constituições de 1967 e 1969.

A livre iniciativa, por sua vez, deve ser compatibilizada à valorização do trabalho, pois ambos

constituem fundamento do Estado brasileiro e consagram, por assim dizer, a opção

constitucional pela ideologia democrático-social.

5. PLURALISMO POLÍTICO

Tal princípio não deve ser confundido com pluripartidarismo – sistema que permite a criação

de inúmeros partidos.

Em verdade, sua abrangência é muito maior, significando um direito fundamental à diferença

em todos os âmbitos em expressões da convivência humana. Tanto nas escolhas de natureza

política, quanto nas de caráter religioso, econômico, social e cultural.

Liga-se à ideia de tolerância, significando que ninguém pode ser vítima de preconceitos, de

ódio ou de perseguições pelo simples fato de ser diferente, afinal o normal é ser diferente.

ART. 1º, PRÁGRAFO ÚNICO

Diz que todo poder emana do povo, que o exerce por meio dos seus representantes eleitos ou

diretamente, nos termos desta Constituição. Trata-se da chamada democracia participativa

(semidireta), combinando-se elementos do sistema representativo com os da democracia

direta.

Exemplos de democracia direta são o plebiscito, referendo e a iniciativa popular.

ART. 2º - TRIPARTIÇÃO DAS FUNÇÕES ESTATAIS

São poderes da União independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o

Judiciário.

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Primeiro; o poder é uno e indivisível. Divididas são as funções do Estado. Portanto, é técnico e

correto se referir à tripartição das funções estatais.

A partir dessa ideia nós conhecemos a possibilidade de exercício de funções típicas e atípicas.

ART. 3º - OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL - GPCE

Os objetivos fundamentais constituem normas programáticas.

Normas programáticas são as que estabelecem políticas públicas a serem implementadas pelo

Estado para a consecução dos seus fins sociais.

Objetivos são metas a serem alcançadas, são ações.

OBS: SEMPRE QUE A ASSERTIVA ESTIVER COMPSTA DE VERBOS E METAS, ESTAREMOS DIANTE

DE OBJETIVOS FUNDAMENTAIS, QUE NÃO SE CONFUNDE COM OS FUNDAMENTOS DA

REPÚBLICA. Ex. construir, garantir, erradicar e promover.

O rol dos objetivos fundamentais é meramente exemplificativo, ou seja, não se trata de rol

taxativo, tendo em vista a existência de vários outros objetivos fundamentais que não estão

previstos expressamente no texto constitucional.

ART. 4º - PRINCÍPIOS QUE REGEM A REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL NAS SUAS RELAÇÕES

INTERNACIONAIS

São dez incisos que perfazem o processo mnemônico de memorização CC II DNA PRS.

Destaque para PREVALÊNCIA DOS DIREITOS HUMANOS

Esse é um dos princípios mais importantes, principalmente em decorrência da EC 45/04 que

tratou da reforma do Poder Judiciário e inseriu o § 3º ao art. 5º da Constituição.

Com a nova redação, tem-se que:

“Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados em

cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos

membros, serão equivalentes às emendas constitucionais”.

DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS

CONSTITUIÇÃO FEDERAL:

- Arts. 1º, 2º, 3º, 4º, 5º, XIII, 7º, IV, 18, § 2º, 19, 20, 21, 22, 24, 33, 102, § 1º.

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SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS SELECIONADAS

- Súmulas vinculantes nº: 11 e 14.

QUESTÕES CORRELATAS

I. (TRT/PR/Técnico/2007) Norma constitucional de eficácia contida é aquela que,

sendo autoaplicável, autoriza a posterior restrição por parte do legislador

infraconstitucional.

II. (TJ/RJ/Analista/2008) A República Federativa do Brasil admite o direito de

secessão, desde que esta se faça por meio de emenda à CF, com três quintos, no

mínimo, de aprovação em cada casa do Congresso Nacional, em dois turnos.

III. (TJ/RJ/Analista/2008) A República é uma forma de Estado. A federação é uma

forma de governo.

IV. (TJ/RJ/Analista/2008) São poderes da União, dos estados e do DF, independentes e

harmônicos, o Legislativo, o Judiciário e o Executivo.

V. (STJ/Analista/2008) O Brasil é regido, nas suas relações internacionais, pelo

princípio da autodeterminação dos povos, mas repudia o terrorismo e o racismo.

GABARITO

I. C

II. E

III. E

IV. E

V. C

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“Nunca deixe de ser forte. Nunca deixe de acreditar em você. Tenha

orgulho de quem você é.”

TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

NOÇÕES TEÓRICAS

TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

São fundamentais porque estes direitos manifestam-se como pressupostos de um estado

democrático de direito.

Assim, a fundamentalidade reside na essencialidade desses direitos para a pessoa humana –

que não existe dignamente sem eles – e no fato de serem pressupostos de um estado

democrático de direito.

1. DIREITOS HUMANOS, DIREITOS FUNDAMENTAIS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS –

DISTINÇÃO NECESSÁRIA

- CONCEITO DE DIREITOS HUMANOS

São o conjunto de bens jurídicos, prerrogativas, franquias e instituições que explicitam e

concretizam a dignidade humana como o fim de assegurar a existência solidária, igual e

fraterna entre as pessoas.

- CONCEITO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS

Direitos fundamentais são os direitos humanos incorporados na ordem jurídica dos Estados.

- CONCEITO DE GARANTIAS FUNDAMENTAIS

Conjunto de medidas ou providências, destinadas à proteção, segurança e efetivação dos

direitos fundamentais.

Assim, a garantia é a medida de proteção dos direitos fundamentais. Ex. remédios

constitucionais. Todo direito tem que ter a sua garantia, a sua forma jurídica de proteção. Não

há que se falar em direitos sem as suas próprias garantias.

1. CLÁUSULA DE ABERTURA MATERIAL OU DE INESGOTABILIDADE DOS DIREITOS

FUNDAMENTAIS

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O art. 5º, § 2º da Constituição Federal estabelece que “os direitos e garantias expressos nesta

Constituição, não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou

dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”.

A partir da leitura do dispositivo, contata-se que o Brasil adotou um sistema materialmente

aberto de direitos fundamentais, não se podendo considerar taxativa a enumeração dos

direitos fundamentais no Título II da Constituição.

2. TITULARIDADE ou DESTINATÁRIOS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Não resta dúvida de que todos os seres humanos são titulares de direitos fundamentais. Pode-

se indagar, porém, se apenas as pessoas físicas protagonizam tais direitos.

- PESSOAS JURÍDICAS TITULARIZANDO DIREITOS FUNDAMENTAIS

Não há, em princípio, impedimento insuperável a que as pessoas jurídicas venham, também, a

serem consideradas titulares de direitos fundamentais, não obstante estes, originalmente,

terem por referência a pessoa física.

Garantias, porém, que dizem respeito à prisão têm as pessoas físicas como destinatárias

exclusivas. Da mesma forma como ocorre com os direitos políticos, direitos sociais, assistência

social etc.

OBS: Pessoas jurídicas de direito público possuem, por exemplo, direitos fundamentais de

caráter processual (ou do tipo procedimental – devido processo legal, contraditório, ampla

defesa).

- DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS ESTRANGEIROS

Ao contrário da literalidade do art. 5º, caput, os direitos fundamentais são extensíveis aos

estrangeiros residentes no país, bem com aos não residentes, aqueles que aqui estejam de

passagem, a exemplo dos turistas. Esse entendimento está pautado no princípio vetor de

nosso ordenamento, qual seja a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF/88).

3. EFICÁCIA HORIZONTAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

O tema da eficácia horizontal dos direitos fundamentais é também denominado pela doutrina

de eficácia privada ou externa dos direitos fundamentais.

Surge como importante contraponto à ideia de eficácia vertical dos direitos fundamentais, que

se desenha a partir da aplicação dos direitos fundamentais nas relações entre o particular e o

poder público.

Nesse sentido, temos que o Brasil adota a:

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TEORIA DA EFICÁCIA DIRETA OU IMEDIATA – para essa teoria, os direitos

fundamentais têm aplicação direta e imediata às relações privadas, independente de

prévia atividade legislativa. Essa teoria foi acolhida na Espanha, Itália, Argentina e

Portugal, onde há inclusive norma expressa na sua Constituição da República

Portuguesa. No Brasil, a doutrina e a jurisprudência do STF adotam a teoria da eficácia

direta e imediata. Essa tendência não é mais senão a aplicação do que preconiza, entre

nós, o § 1º do art. 5º, que determina a aplicabilidade imediata das normas de direitos

fundamentais.

4. EVOLUÇÃO E DIMENSÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

A doutrina dispara uma crítica à expressão “geração”, tendo vista que a evolução dos direitos

fundamentais traduz uma relação de complementaridade, e não hereditariedade.

Gerações ou dimensões de direitos correspondem a uma sucessão temporal de afirmação e

acumulação de novos direitos fundamentais.

1ª DIMENSÃO 2ª DIMENSÃO 3ª DIMENSÃO 4ª DIMENSÃO

Séc. XVIII e XIX Estado Liberal

Séc. XIX e XX Estado Social

Séc. XX e XXI ---

Direitos civis e políticos

Direitos econômicos, sociais e culturais

Direitos difusos e coletivos - transindi.

Democracia direta e biotecnologia

Liberdade Igualdade Fraternidade / Solid. ---

Liberdade de reunião, associação, crença e consciência, iviolabilidade de domicílio...

Saúde, educação, trabalho, assistência, moradia, sindicalização, direitos de greve...

Meio ambiente, consumidor, progresso, desenvolvimento tecnológico

Direito de mudança de sexo, contra manipulação genética

Absenteísmo, liberdades negativas, obrigações de não fazer, defesa.

Intervencionismo, liberdades positivas, obrigações de fazer, prestação.

Pela primeira vez, o homem passa a ser visto como membro de uma coletividade.

Resultado da globalização dos D.F.

Paulo Bonavides já fala na 5º dimensão cuja tônica seria o direito à paz mundial, podendo ser

exemplificado no combate ao terrorismo.

DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS

CONSTITUIÇÃO FEDERAL:

- Arts. 5º, caput, § 1º, § 2º, § 3º e § 4º.

CÓDIGO CIVIL:

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- Art. 52

SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS SELECIONADAS

- Súmulas vinculantes: 3 e 5.

QUESTÕES CORRELATAS

I. (MP/RO/Promotor/2008) O art. 5º da CF prevê que ninguém pode ser submetido a

tortura nem a tratamento desumano ou degradante. Entretanto, esse dispositivo

não tem aplicabilidade imediata devido ao fato de não ter sido regulamentado no

plano infraconstitucional.

II. (TER/MT/Analista/2010) Os direitos e garantias fundamentais estão previstos de

forma taxativa na CF.

III. (MP/AM/Promotor/2007) A partir da Emenda Constitucional nº 45/04, que

introduziu os parágrafos 3º e 4º ao art. 5º da CF, os tratados e convenções

internacionais sobre direitos humanos passaram a ter força de emenda

constitucional, desde que tais atos internacionais sejam aprovados em ambas as

casas congressuais, em turno simples de votação, e por maioria simples de votos

de seus respectivos membros.

IV. (STJ/Analista/2008) Os direitos e garantias fundamentais são considerados

elementos limitativos das constituições.

V. (MP/AM/Promotor/2007) Embora o art. 5º da CF disponha de forma minuciosa

sobre os direitos e as garantias fundamentais, ele não é exaustivo e não exclui

outros direitos.

GABARITO

I. E

II. E

III. E

IV. C

V. C

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“Você não é derrotado quando perde. Você é derrotado quando

desiste.”

DIRIETO DE NACIONALIDADE

NOÇÕES TEÓRICAS

DIREITOS DE NACONALIDADE

1. CONCEITO

Nacionalidade é um vínculo de natureza jurídica e política que liga determinada pessoa a um

determinado estado soberano, quer em razão do nascimento, quer em razão da naturalização.

Nacional não se confunde com cidadão. A rigor, todo cidadão é nacional, mas nem todo

nacional é um cidadão. Cidadão é o nacional no pleno gozo dos direito políticos.

2. ESPÉCIES E AQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE

ORIGINÁRIA (PRIMÁRIA ou de 1º GRAU)

Aquela que resulta de um fato involuntário ou natural, que consiste no nascimento.

Então, originariamente ela é adquirida pelo nascimento.

Todavia, dentro dessa espécie é possível encontrar dois critérios, a serem adotados pelos

Estados, determinantes na aquisição da nacionalidade.

CRITÉRIO TERRITORAL (jus solis) – a nacionalidade é a do local do nascimento, e não

da descendência. Aqui interessa saber o local, território onde a pessoa nasceu.

CRITÉRIO SANGUÍNEO (jus sanguinis) – a nacionalidade está ligada ao parentesco, pois

o que interessa para a nacionalidade é o sangue, a filiação, a ascendência, pouco

importando o local onde o indivíduo nasceu.

SECUNDÁRIA (SECUNDÁRIA ou DE 2º GRAU)

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Aquela que resulta de um ato voluntário, consistente num concurso de vontades entre o

pretendente estrangeiro, que deseja obter a nacionalidade de outro país, e a concordância

do outro Estado em conceder a nacionalidade e receber o estrangeiro como nacional.

No Brasil há a lei 6.815/80, que no art. 112 define os pressupostos para a naturalização do

estrangeiro.

3. NACIONALIDADE - OS BRASILEIROS NA CF/88

A Constituição relaciona quem são os brasileiros, tanto os originários (natos), como os

secundários (naturalizados).

No art. 12, os natos estão no inciso I, os naturalizados, no inciso II.

NATOS (aquisição de nacionalidade originária)

A CF, sendo o Brasil um país de imigração, explicitamente consagra o critério territorial, mas o

fez como regra, comportando exceções.

Assim, são natos (rol taxativo):

Art. 12, I, “a” (critério territorial) - os nascidos no Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde

que estes não estejam a serviço de seu país.

Art. 12, I, “b” (critério sanguíneo + serviço do Brasil) - os nascidos no estrangeiro, de pai ou

mãe brasileira, quando qualquer deles estiver a serviço da República Federativa do Brasil.

Art. 12, I, “c” (critério sanguíneo + 1) registro ou 2) opção confirmativa = nacionalidade

originária potestativa) - os nascidos no estrangeiro, de pai ou mãe brasileira, que forem

registrados na repartição brasileira competente, OU vierem a residir no Brasil, e optarem, a

qualquer tempo, desde que atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.

Repartição brasileira competente aí pode ser entendida como Consulados ou também as

seções consulares nas Embaixadas, bem com as repartições diplomáticas.

Veio com a EC 54 (que corrigiu imperfeição trazida pela EC 3/94) e inseriu o art. 95 ao ADCT,

além de modificar o art. 12 da CF.

Antes, só se viesse residir aqui, agora, foi acrescentada esta nova hipótese.

OBS: A CRIANÇA QUE VENHA A RESIDIR COM OS PAIS AQUI, SEGUNDO O STF, É BRASILEIRA

NATA, SÓ QUE ELA TEM ESSA SITUAÇÃO PERMANECIDA ATÉ OS DEZOITO ANOS, QUANDO

DEVERÁ FAZER A OPÇÃO; SE NÃO FIZER, PERDE A NACIONALIDADE ORIGINÁRIA. TRATA-SE

DE CONDIÇÃO SUSPENSIVA.

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NATURALIZADOS (aquisição de nacionalidade secundária)

Art. 12, II, “a” - ORDINÁRIA – os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira.

Também são naturalizados, os estrangeiros provenientes de países de língua portuguesa, que

residam aqui por um ano ininterrupto e possuam idoneidade moral. Aqui já não é na forma

da lei, basta ser originário de país de língua portuguesa, comprovar a residência ininterrupta

por um ano aqui, e ter idoneidade moral.

A ordinária é qualquer estrangeiro, por isso que é na forma da lei. Nessa segunda hipótese, são

estrangeiros de países de língua portuguesa (p. ex. Portugal, Angola, Moçambique, Guiné

Bissau, Açores, Cabo Verde, Príncipe, Timor Leste), por isso basta manifestar sua vontade e

cumprir os requisitos previstos na constituição, além da aquiescência brasileira.

Art. 12, II, “b” - EXTRAORDINÁRIA – quaisquer estrangeiros, residentes ininterruptamente no

Brasil, há mais de quinze anos, requerendo a identidade nacional, desde que não tenha

sofrido condenação penal.

OBS: AINDA NA FORMA DA LEI (APESAR DO SILÊNCIO CONSTITUCIONAL), PODEMOS

ENCONTRAR:

- RADICAÇÃO PRECOCE: admitidos no território durante os primeiros cinco anos de vida e

radicados definitivamente, confirmando a nacionalidade até dois anos após atingir a

maioridade.

- CONCLUSÃO DE CURSO SUPERIOR: estrangeiros que vêm residir no Brasil antes da

maioridade que façam curso superior em estabelecimento nacional e requeiram a

nacionalidade até um ano depois da formatura.

DISTINÇÃO ENTRE BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS

A lei não poderá estabelecer distinções entre brasileiros natos e naturalizados. Mas a CF faz

distinções:

1. CARGOS PRIVATIVOS DE BRASILEIRO NATO - 12, § 3º.

2. QUANTO À EXTRADIÇÃO - Art. 5º, LI.

3. COMPOSIÇÃO DO CONSELHO DA REPÚBLICA - Art. 89, VII.

4. PROPRIEDADE DE EMPRESAS JORNALÍSTICAS E DE RÁDIO DIFUSÃO DE SONS E

IMAGENS – Art. 222.

5. PERDA DA NACIONALIDADE PELA PRÁTICA DE ATIVIDADE NOCIVA AO INTERESSE

NACIONAL – art. 12, § 4º.

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4. PERDA DA NACIONALIDADE

Duas são as hipóteses de perda de nacionalidade prevista na Constituição.

Quando for cancelada a naturalização por sentença judicial (transitada em julgado,

apesar do silêncio – ver art. 15, I) em razão de prática nociva ao interesse nacional.

Restringe-se à nacionalidade secundária, ou seja, só se aplica aos brasileiros naturalizados.

A sentença que decide pela perda da nacionalidade opera efeitos EX NUNC.

Também se perde a nacionalidade brasileira (PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO –

decreto do Presidente) com a aquisição de outra nacionalidade, salvo nos casos de:

i) Reconhecimento de nacionalidade originária. Quando a aquisição da

nacionalidade estrangeira se deu por força da legislação estrangeira e não por

simples e mera vontade do brasileiro. Ex. descendente de italianos, nascido no

Brasil, que adquire a nacionalidade italiana. É mero reconhecimento da

nacionalidade originária italiana em virtude do vínculo sanguíneo.

ii) Imposição de naturalização pela norma estrangeira. Como condição de

permanecer, ou exercer direitos civis no país (p. ex. herança), impõe-se a

aquisição da nacionalidade estrangeira. Neste caso, assim como no narrado

acima, não haverá perda da nacionalidade brasileira. Ex. é o que

frequentemente ocorre com os jogadores de futebol, que para jogarem nos

clubes estrangeiros, têm de se naturalizar no país do clube (condição de

permanência).

É possível, depois de declarada a perda da nacionalidade, que ela seja readquirida? Sim! É

possível a reaquisição da nacionalidade.

Se a perda se der por cancelamento judicial da naturalização, só por ação rescisória. É

hipótese, portanto, bastante remota. Nunca poderá haver novo processo de naturalização.

Na segunda hipótese, desde que o sujeito volte a estar domiciliado no Brasil e requeira a

nacionalidade (ao Ministro da Justiça para decreto do Presidente).

Depende da aquiescência (decreto presidencial) e o sujeito volta a ter a mesma nacionalidade

que possuía (volta ao status quo ante).

Nesse sentido, José Afonso com base no art. 36 da lei 818/49. A doutrina do professor Dirley

também caminha neste mesmo sentido.

Para Moraes, só com novo processo de naturalização onde, até o nato, passa a ser

naturalizado. Não adotar este posicionamento nas provas.

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5. QUASE NACIONAL - A SITUAÇÃO DOS PORTUGUESES NO BRASIL (art. 12, § 1º).

Desde que haja reciprocidade, a CF assegura aos portugueses residentes no Brasil os mesmos

direitos que os brasileiros naturalizados. Isso se, à luz da constituição portuguesa, lá em

Portugal brasileiro puderem titularizar os mesmos direitos inerentes aos portugueses.

DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS

CONSTITUIÇÃO FEDERAL:

- Arts. 12 e 13.

ESTATUTO DO ESTRANGEIRO:

- Arts. 112 e 115.

SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS SELECIONADAS

STF:

RE 418.096, Rel. Min. Carlos Velloso.

RE 415.957, Rel. Min. Sepúlveda Pertence.

QUESTÕES CORRELATAS

I. (PGE/PB/Procurador/2008) São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai

brasileiro ou de mão brasileira, desde que venham a residir na República

Federativa do Brasil e optem, a qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira.

II. (MP/RN/Promotor/2009) São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro de pai

brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição

brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil, antes

da maioridade e, alcançada esta, optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade

brasileira.

III. (MP/SE/Promotor/2010) Os estrangeiros originários de países de língua

portuguesa adquirirão nacionalidade brasileira se mantiverem residência contínua

no território nacional pelo prazo mínimo de quatro anos, imediatamente ao

período de naturalização.

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IV. (TER/BA/Analista/2009) Como forma de aquisição da nacionalidade secundária, de

acordo com a Constituição Federal de 1988, é possível o processo de naturalização

tácito ou automático, para todos aqueles que se encontram no país há mais de dez

anos e não declaram a intenção de conservar a nacionalidade de origem.

V. (DPE/PI/Defensor Público/2009) Podem naturalizar-se brasileiros estrangeiros que

residam no país há mais de dez anos e que tenham idoneidade moral reconhecida,

exigindo-se, dos portugueses e dos originários de países de língua portuguesa,

apenas residência permanente.

GABARITO

I. E

II. E

III. E

IV. E

V. E

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“A distância entre o sonho e a conquista chama-se ATITUDE!”

DIRIETOS POLÍTICOS

NOÇÕES TEÓRICAS

DIREITOS POLÍTICOS

No capítulo IV do título II, a CF dispôs de um conjunto de normas para disciplinar o exercício da

soberania popular (art. 14 a 16).

Tais normas receberam a designação de direitos políticos, justamente por tratarem da

participação do povo no processo de condução da vida política nacional.

MODALIDADES DE DIREITOS POLÍTICOS

As normas constitucionais, tais como ordenadas na Constituição, delineiam duas modalidades

de direitos políticos: DIREITOS POLÍTICOS POSITIVOS e DIREITOS POLÍTICOS NEGATIVOS.

As normas que tratam dos direitos políticos positivos têm como núcleo fundamental o direito

de votar e o direito de ser votado.

Já as normas constitucionais que dispõe de direitos políticos negativos, possuem como ponto

central os institutos das inelegibilidades, e da perda e suspensão dos direitos políticos.

- DIREITOS POLÍTICOS POSITIVOS (DIREITO DE SUFRÁGIO)

Assim são chamados porque compreendem o conjunto normas constitucionais que se

destinam a afirmar e fomentar o exercício da cidadania no Brasil, investindo o cidadão no

direito de votar e de ser votado.

São todas as normas constitucionais que, fomentando o exercício da cidadania, investem o

brasileiro na condição de cidadão e consequentemente das prerrogativas de votar e ser

votado, capacitando o brasileiro do poder de participar direta ou indiretamente das decisões

políticas nacionais e do próprio processo político nacional.

Tais direitos têm como núcleo fundamental os direitos políticos ativos e os direitos políticos

passivos.

DIRIETOS POLÍTICOS ATIVOS

São aqueles que investem o cidadão da capacidade eleitoral ativa. Constituem a capacidade

de ser eleitor, de votar. Todavia, depende do preenchimento das condições de alistabilidade.

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São condições de alistabilidade: nacionalidade brasileira, idade mínima de 16 anos, não ser

conscrito durante o serviço militar obrigatório (conscrito é o recrutado para o serviço militar

obrigatório).

De acordo com a CF, o alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para os maiores de

dezoito anos; e facultativos para os analfabetos, maiores de setenta, e para os jovens de

dezesseis e dezessete anos.

Esta condição de alistabilidade é conditio sine qua non para a aquisição da cidadania política.

Cidadania política é a condição do nacional em gozo dos direitos políticos.

Nem todo nacional é juridicamente um cidadão, mas todo cidadão é juridicamente um

nacional, salvo a situação dos portugueses com residência permanente no país, amparados

pelo pacto da reciprocidade.

É a partir desta condição que os direitos políticos positivos podem ser usufruídos.

DIREITOS POLÍTICOS PASSIVOS

São aqueles que investem o cidadão da capacidade eleitoral passiva. Consistem na capacidade

de ser eleito, de ser votado. Também possuem condições, só que estas chamadas de

condições de elegibilidade.

As condições de elegibilidade são (art. 14, §3º):

a) NACIONALIDADE BRASILEIRA

b) PLENO EXERCÍCIO DOS DIREITOS POLÍTICOS

c) ALISTAMENTO ELEITORAL

d) DOMICÍLIO ELEITORAL NA CIRCUNSCRIÇÃO

e) FILIAÇÃO PARTIDÁRIA

f) IDADE MÍNIMA – 35 – Presidente, Vice e Senador. 30 – Governador e Vice. 21 –

Deputado Federal, Deputado Estadual, Prefeito e Vice e Juiz de Paz. 18 – Vereador.

Vale lembrar que o requisito da idade deve ser comprovado no ato da posse, e não

da candidatura (art. 11, § 2º da Lei 9.504/97 e Res. N. 22.156/TSE).

Tem, portanto, que preencher as condições de elegibilidade, e não incidir em nenhuma das

inelegibilidades.

É preciso ter cuidado para não confundir a capacidade eleitoral ativa, com a capacidade

eleitoral passiva. Isso porque, nem todo eleitor pode ser eleito, mas todo aquele que pode ser

eleito, deve ser necessariamente um eleitor.

- DIREITOS POLÍTICOS NEGATIVOS

Compreendem um conjunto de normas constitucionais de restrição, de privação, que limitam

o exercício da cidadania, quer impedindo o gozo da capacidade eleitoral passiva

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(inelegibilidades), quer neutralizando os próprios direitos políticos, afetando tanto a

capacidade eleitoral ativa como a capacidade eleitoral passiva (perda e suspensão).

Têm por núcleo fundamental as inelegibilidades e os casos de perda e suspensão dos direitos

políticos.

INELEGIBILIDADES

São restrições constitucionais que privam o cidadão do direito político de ser votado.

Têm por fim proteger a probidade administrativa, a moralidade para o exercício do mandato,

considerada a vida pregressa do candidato, e a normalidade e a legitimidade das eleições

contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego

na administração direta ou indireta (art. 14, §9º).

A Constituição prevê algumas hipóteses de inelegibilidades (art. 14, §§ 4º ao 7º), remetendo à

lei complementar a definição de outras que assegurem os seus fins.

As inelegibilidades podem ser absolutas ou relativas.

As inelegibilidades ABSOLUTAS - privam o cidadão do direito de ser votado a qualquer

mandato eletivo. Art. 14, § 4º.

Em razão do caráter limitativo, não podem ser previstas em lei; só a Constituição as prevê.

Na CF são absolutamente inelegíveis: os inalistáveis e os analfabetos. Inalistáveis são o

estrangeiro e, durante o serviço militar obrigatório, os conscritos.

Já as inelegibilidades RELATIVAS - são aquelas que privam o cidadão de se eleger a alguns

mandatos eletivos.

A CF prevê três hipóteses de inelegibilidade relativa (14,§§ 5º ao 7º), mas remete ao legislador

infra a possibilidade de estabelecer mais inelegibilidades relativas para preservar a lisura das

eleições, de modo que além dessas três hipóteses há outras previstas na lei complementar 64,

que já sofreu várias modificações.

A três inelegibilidades relativas na CF são:

i) VEDAÇÃO AO 3º MANDADO SUBSEQUENTE

ii) DESINCOMPATIBILIZAÇÃO

iii) INELEGIBILIDADE REFLEXA

VER SÚMULA VINCULANTE Nº 18.

- O CASO DO MILITAR – ART. 14, § 8º e A POSSIBILIDADE DE CANDIDATURA SEM PARTIDO.

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Curiosidade: agregação é a situação na qual o militar da ativa deixa de ocupar a vaga na escala

hierárquica de seu Corpo, Quadro, Arma ou Serviço, nela permanecendo sem número (art. 80

da Lei 6.880/80).

OBS: a filiação partidária não é exigível para o militar da ativa que contar com mais de dez anos

de serviço, cumprindo-lhe, tão-só, promover o registro da candidatura, a partir do qual será

agregado.

PERDA E SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS

As causas de perda e suspensão dos direitos políticos encerram o elenco das restrições

impostas aos direitos políticos. São limitações excepcionais que anulam os próprios direitos

políticos positivos, atingindo tanto a capacidade eleitoral ativa como a passiva.

Distinguem-se perda e suspensão dos diretos políticos.

PERDA – é privação definitiva e permanente (depende de uma providência para a reaquisição).

SUSPENSÃO - é privação temporária (o mero decurso do tempo devolve).

Perda e suspensão são privações da cidadania autorizadas pela Constituição.

CASSAÇÃO – é privação abusiva, ao desamparo da CF, muito utilizada durante o regime de

ditadura militar que assolou o país. Por isso mesmo é expressamente vedada pela CF.

Segundo a intelecção do art. 15 da CF, é vedada a cassação dos direitos políticos, cuja perda e

suspensão se dará nos casos de:

I. Cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado.

II. Incapacidade civil absoluta.

III. Condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem os seus efeitos.

IV. Recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos

do art. 5º, VIII.

V. Improbidade administrativa nos termos do art. 37, § 4º. A CF, todavia, não indica

quais são os casos de perda e quais são os casos de suspensão.

Nada obstante, convencionou a doutrina apontar como causas de perda, por consistirem e

privação permanente e definitiva desse direitos as hipóteses do I e do IV (cancelamento de

naturalização e recusa de cumprir obrigação a todos imposta).

As demais hipóteses são de simples suspensão, exatamente porque causam privação

meramente provisória desses diretos.

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DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS

CONSTITUIÇÃO FEDERAL:

- Arts. 14 a 16.

SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS SELECIONADAS

STF:

- Súmula Vinculante nº 18.

TSE:

- Res. n. 22.156

2. QUESTÕES CORRELATAS

I. (TRF5/JUIZ/2009) É vedado aos estrangeiros, ainda que naturalizados brasileiros, o

alistamento como eleitores.

II. (TRF5/JUIZ/2007) Os analfabetos, embora alistáveis, não possuem direitos políticos

passivos, pois não podem concorrer a cargos eletivos.

III. (DPE/PI/DEFENSOR/2009) Os casos de inelegibilidade absoluta implicam restrições

específicas a certos tipos de cargos ou funções eletivas; assim, diferentemente das

inelegibilidades relativas, reportam-se ao cargo ou pleito eleitoral, e não às

características da pessoa.

IV. (PGE/PB/PROCURADOR/2009) O Presidente da República, os governadores de

estado e do DF e os prefeitos que concorram a outros cargos eletivos, tais como

senador ou deputado, devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses

antes do pleito.

V. (DPE/ES/DEFENSOR/2009) Caso o prefeito de um município e seu filho, deputado

estadual, sejam candidatos à reeleição para os mesmos cargos, não haverá

inelegibilidade.

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GABARITO:

I. E

II. C

III. E

IV. C

V. C

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“Tudo tem seu tempo, entretanto, nem por isso perca tempo.”

AÇÕES CONSTITUCIONAIS

NOÇÕES TEÓRICAS

HABEAS CORPUS

HISTÓRICO

A origem do instituto do habeas corpus remonta o direito inglês, notadamente a partir da

Magna Carta de 19 de junho de 1215, em seu capítulo XXIX, outorgada pelo Rei João-sem-

Terra, por pressão dos barões.

No Brasil, foi instituído pela primeira vez no código de processo criminal de 1832 (art. 340),

vindo a ter assento constitucional com a Constituição de 1891, cujo § 22 do art. 72 o previra

em termos amplos, circunstância que originou a famosa e sempre lembrada doutrina brasileira

do habeas corpus liderada por Ruy Barbosa, que o entendia com ação destinada a proteger

qualquer direito.

LEGISLAÇÃO PERTINENTE

CF – art. 5º, LXVIII. LER DISPOSITIVO.

CPP – art. 647 a 667

Não existe regulamentação infraconstitucional específica para o habeas corpus.

CABIMENTO

Visa proteger o direito fundamental de locomoção (art. 5º, XV): direito de ir, vir e permanecer

(Gilmar Mendes...).

A liberdade de locomoção há de ser entendida de forma ampla, afetando toda e qualquer

medida de autoridade que possa, em tese, acarretar constrangimento para a liberdade de ir e

vir (ex. HC contra instauração de inquérito criminal, para a tomada de depoimento, etc.)

Lembrando que se cabe HC, não será cabível MS. Todavia, nada impede, em situações de

patente constrangimento ilegal ou de flagrante abuso de poder, que o Judiciário converta o

mandamus em ordem de HC.

Vale lembrar, também, as hipóteses onde não cabe HC.

Em conformidade com o § 2º do art. 142 da CF:

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“Não caberá ‘habeas corpus’ em relação a punições disciplinares militares”.

Contudo, cumpre ressaltar que o não cabimento de habeas corpus em relação a punições

disciplinares militares é restrição que se circunscreve ao exame de mérito do ato, conforme

vem decidindo reiteradamente o STF.

Assim, a “legalidade da imposição de punição constritiva da liberdade, em procedimento

administrativo castrense, pode ser discutida por meio de habeas corpus”. Para a doutrina, o

que deve ser vedado ao controle judicial é o exame acerca da conveniência ou oportunidade

da medida disciplinar adotada, mas jamais a análise dos pressupostos de legalidade (a

hierarquia, a pena, etc.).

Também não caberá HC nas hipóteses elencadas nas súmulas 691 a 695 do STF. LER AS

SÚMULAS.

LEGITIMIDADE

ATIVA

O Código de Processo Penal atribui legitimação universal para o seu ajuizamento. Nesse

sentido, o art. 654, do Código de Ritos, dispõe verbum ad verbo: “o habeas corpus poderá ser

impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério

Público”.

Prescinde, o impetrante, de qualquer outro atributo, além do só fato de ser pessoa. Assim,

podem postular a ordem de HC, p.ex., o estrangeiro, ainda que não residente, o

absolutamente incapaz, o analfabeto, etc.

OBS: O IMPETRANTE (quem impetra, postulando em juízo a concessão da ordem) PODE SER

O PACIENTE (quem se beneficia), MAS TAMBÉM PODERÁ NÃO SER (ex. MP e pessoa jurídica

na qualidade de impetrantes).

Quando impetrante e paciente não são a mesma pessoa, trata-se de impetração em favor de

3º (ou habeas corpus de terceiro), mesmo que contra a sua vontade, pois se trata de direito

indisponível.

O manejo do writ dispensa a constituição de advogado, de procuração, e, por força do art. 5º,

LXXVII, da Carta de Outubro, trata-se de uma ação gratuita.

Pessoa jurídica pode impetrar HC?

Sim, desde que em favor de pessoa física com ela relacionada (também o MP).

Pessoa jurídica, ordinariamente, não pode ser paciente de HC. A polêmica existe em

decorrência dos crimes ambientais que podem ser cometidos por ela (art. 225, § 3º).

PASSIVA

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Figurando no pólo passivo dessa ralação jurídica processual estará a autoridade coatora, que

poderá ser tanto um agente do poder público (delegado de polícia, juiz, tribunal, membro do

Ministério Público, etc.), como um particular (hospitais, clínicas psiquiátrica, etc.).

Insta salientar que, não obstante tratar-se o habeas corpus de uma ação constitucional de

caráter penal, este não se limita a esta esfera de competência, haja vista a possibilidade de

sua impetração no âmbito cível, quando a prisão decorre, e.g., da inadimplência de prestação

alimentícia.

Aqui se aplica a mesma distinção feita no MS entre autoridade impetrada e autoridade

coatora.

CABIMENTO DE TUTELA PREVENTIVA

É plenamente admissível a concessão de medida liminar em sede de habeas corpus.

Os requisitos para o deferimento da medida initio littis, assim como ocorre no processamento

do mandado de segurança, são aqueles comuns às medidas cautelares, quais sejam: o fumus

boni iuris (juízo de probabilidade ou verossimilhança quanto à decisão favorável) e o

periculum in mora (risco de dano grave), que, por seu turno, apresenta-se sempre evidente.

ESPÉCIES

PREVENTIVO – AMEAÇA DE VIOLÊNCIA OU COAÇÃO À LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO

REPRESSIVO – QUANDO A CONSTRIÇÃO À LIBERDADE JÁ TIVER SIDO CONSUMADA

DE OFÍCIO

MANDADO DE SEGURANÇA

HISTÓRICO

Cuida-se de uma invenção brasileira, já afirmava Buzaid, instituída pela Constituição de

1934, desprezada pela Carta autoritária de 1937, mas restabelecida pela Constituição

democrática de 1946 (art. 141, § 24) e mantida pela de 1967 (art. 150, § 21), inclusive por sua

Emenda nº 01/69 (art. 153, § 21), e pela atual.

LEGISLAÇÃO PERTINENTE

É a ação constitucional das mais importantes, e, por isso, tem uma incidência muito alta em

provas e concursos.

CF, art. 5º, LXIX e LXX (MSC, novidade) da CF/88. LER DISPOSITIVOS.

Legislação infraconstitucional – Lei 12.016/09, que revogou todas as legislações

anteriores acerca do tema: Lei 1.553/01 - Lei 4.348/64 - Lei 5.021/66 (Lei 9.494/97 - Lei

8.437/92 - Lei 10.910/04).

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CABIMENTO

O MS visa proteger direito líquido e certo que não seja amparado por habeas corpus ou habeas

data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou

agente de pessoa jurídica do exercício de atribuições do poder público.

1. Mas o quem vem a ser direito líquido e certo?

OBS: LÍQUIDO E CERTO É O DIREITO QUE PODE SER COMPROVADO DE PLANO POR PROVA

DOCUMENTAL INEQUÍVOCA E PRÉ-CONSTITUÍDA.

2. E se a prova documental estiver de posse da autoridade coatora?

OBS: ESTANDO A PROVA DOCUMENTAL DE POSSE DA AUTORIDADE COATORA, O IMPETRANTE

DEVERÁ INFORMAR ESTE FATO AO JUIZ QUE PARA QUE ELE ORDENE A APRESENTAÇÃO DA

MESMA NO PRAZO MÁXIMO DE 10 DIAS (art. 6º, parágrafo único da Lei 1.533/51).

INOVAÇÃO DA NOVA LEI: PREVISÃO DE QUE A EXIBIÇÃO LIMINAR DE DOCUMENTOS, PARA

FUNDAMENTAR A PETIÇÃO INICIAL DO MANDADO DE SEGURANÇA, SEJA PROMOVIDA NÃO

SÓ CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, MAS TAMBÉM CONTRA TERCEIROS

(PARTICULARES) (art. 6º, § 1º).

3. Como se pode distinguir a ilegalidade do abuso de poder?

Ato ilegal se liga à ideia de ato vinculado.

Ato com abuso de poder se relacional com o ato discricionário.

OBS SOBRE INOVAÇÃO DA NOVA LEI: “Art. 5º Não se concederá mandado de segurança

quando se tratar:

de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo

independentemente de caução;

de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;

de decisão judicial transitada em julgado”.

OBS SOBRE INOVAÇÃO DA NOVA LEI: A NOVA LEI NÃO FALA MAIS DE ATO DISCIPLINAR.

ANDOU BEM, AFINAL, MANTÉM-SE O ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL CONSOLIDADO AO

TEMPO DA LEI ANTIDA DE QUE O MÉRITO DO ATO ADMINISTRATIVO SÓ PODE SER ATINGIDO

PELO JUDICIÁRIO REFLEXAMENTE, QUANDO DO CONTROLE DE LEGALIDADE, E NÃO DE

MANEIRA DIRETA.

LEGITIMIDADE

ATIVA

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De saída, vale lembrar que o impetrante não se confunde com aquele que postula em juízo

(advogado). Poderá haver confusão apenas na situação de impetração de MS por advogado

em seu próprio favor.

Saber quem pode impetrar MS dependerá se este será individual ou coletivo.

-INDIVIDUAL (legitimidade ordinária = age-se em nome próprio na defesa de interesse próprio)

PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA

DE DIREITO PÚBLICO OU PRIVADO

NACIONAL OU ESTRANGEIRA

RESIDENTE OU NÃO NO BRASIL

E ENTES DESPERSONALIZADOS: a) órgãos públicos (Mesas das Casas Legislativas,

Presidência dos Tribunais, chefias do Ministério Público e do Tribunal de Contas,

Superintendências da Administração Pública, etc.) e b) universalidades reconhecidas

por lei (o espólio, o condomínio, a massa falida, os consórcios).

-COLETIVO (legitimidade extraordinária/substituição processual = nome próprio-direito alheio)

PARTIDO POLÍTICO COM REPRESENTAÇÃO NO CONGRESSO NACIONAL

ORGANIZAÇÃO SINDICAL

ENTIDADE DE CLASSE

ASSOCIAÇÃO LEGALMENTE CONSTITUÍDA E EM FUNCIONAMENTO A PELO MENOS 1

ANO.

OBS: O REQUISITO DE CONSTITUIÇÃO ÂNUA SE APLICA SOMENTE ÀS ASSOCIAÇÕES.

O partido deve ter, pelo menos, um deputado ou um senador. Além disso, segundo o STF e o

STJ, o MSC poderá ser utilizado por partido político apenas para a defesa de direitos de seus

filiados, observada a correlação com as finalidades institucionais e objetivos programáticos da

agremiação.

Em face do disposto no art. 2º da Lei 8.437/92, NÃO é cabível medida liminar sem a ouvida da

outra parte (inaudita altera pars) em MSC.

MSC é caso de substituição processual (age-se em nome próprio, na defesa de interesse

alheio), logo, independe de autorização (STF, 629).

PASSIVA

Autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder público

que pratiquem ilegalidade ou abuso de poder.

INOVAÇÃO DA NOVA LEI: EQUIPARAM-SE ÀS AUTORIDADES, PARA OS EFEITOS DESSA LEI, OS

REPRESENTANTES OU ÓRGÃOS DE PARTIDOS POLÍTICOS E OS ADMINISTRADORES DE

ENTIDADES AUTARQUICAS, BEM COMO OS DIRIGENTES DE PESSOAS JURÍDICAS OU AS

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PESSOAS NATURAIS NO EXERCÍCIO DE ATRIBUIÇÕES DO PODER PÚBLICO, SOMENTE NO QUE

DISSER RESPEITO A ESSAS ATRIBUIÇÕES.

OBS: AUTORIDADE COATORA X AUTORIDADE IMPETRADA. Para o Professor Eduardo Sodré é

a mesma coisa.

A parte ré do mandado de segurança, todavia, não é a autoridade coatora (ou impetrada), mas

sim a pessoa jurídica a que esta está vinculada (de direito público ou privado que exerce

atribuição pública), afinal, será esta que deverá oferecer contestação (ou interpor possíveis

recursos), bem como irá suportar os efeitos pecuniários decorrentes da concessão da ordem.

Ex. Secretário de Administração do Estado da Bahia – autoridade coatora que praticou o ato.

Estado da Bahia - pessoa jurídica de direito público interno, réu da ação que suportará os

efeitos da decisão.

A atual lei do MS segue, explicitamente, esse entendimento, pois determina que,

concomitantemente, se proceda à notificação à autoridade e se dê ciência do feito ao órgão de

representação judicial da pessoa jurídica interessada (Lei n. 12.016, art. 7º, I e II).

INOVAÇÃO DA NOVA LEI: OBRIGATORIEDADE DE INCLUSÃO, NA PETIÇÃO INICIAL, DA PESSOA

JURÍDICA À QUAL SE ACHA VINCULADA A AUTORIDADE COATORA (art. 6º, caput).

Não se trata de litisconsórcio, pois a autoridade responsável pelo ato impugnado não é um

ente distinto da pessoa jurídica, é um órgão dela, uma parte integrante daquela.

(jurisprudência uníssona do STJ).

OBS SOBRE INOVAÇÃO DA NOVA LEI: A LEI NOVA, AO CONTRÁRIO DA ANTERIOR, ESTENDE

TAMBÉM À AUTORIDADE COATORA O DIREITO DE RECORRER DA SENTENÇA CONTRÁRIA À

POSIÇÃO ADOTADA NO ATO QUESTIONADO EM JUÍZO (art. 14, § 2º).

OBS SOBRE INOVAÇÃO DA NOVA LEI: QUANDO AS EMPRESAS PÚBLICAS, AS SOCIEDADES DE

ECONOMIA MISTA E AS CONCESSIONÁRIAS DE SERVIÇO PRATICAREM “ATOS DE GESTÃO

COMERCIAL”, A SEU RESPEITO NÃO TERÁ CABIMENTO O MS (art. 1º, §2º).

É que quando os entes públicos interferem na atividade econômica, o regime jurídico a que se

sujeitam é o do direito privado, e não o da administração pública (CF, art. 173, § 1º, II).

Em outras palavras: se o ato de gestão da empresa foi praticado sob regência exclusiva de

normas de direito privado, estará fora do alcance do mandado de segurança. Se, porém,

estiver, como nas licitações de EP ou SEM, disciplinado por regras de direito públicos, poderá

ser questionado por meio do mandamus.

CABIMENTO DE TUTELA PREVENTIVA

Com base no art. 7º, III, da lei 12.016 (art. 7º, II, da Lei 1.533/51) é cabível a medida liminar

desde que preenchidos os requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora.

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OBS: EM MSI CABE LIMINAR INAUDITA ALTERA PARTE (sem a oitiva da outra parte). O MESMO

NÃO OCORRE EM MSC.

OBS SOBRE INOVAÇÃO DA NOVA LEI: AO JUIZ É FACULTADO (NÃO OBRIGATÓRIO) EXIGIR, NO

CASO DE DEFERIMENTO DA LIMINAR, PRESTAÇÃO DE CAUÇÃO, FIANÇA OU DEPÓSITO, “COM

O OBJETIVO DE ASSEGURAR O RESSARCIMENTO À PESSOA JURÍDICA”, CASO OCORRA,

AFINAL, A DENEGAÇÃO DA SEGURANÇA (art. 7, III, in fine).

OBS SOBRE INOVAÇÃO DA NOVA LEI: A LEI NOVA VEDA A CONCESSÃO DE LIMINAR NOS

SEGUINTES CASOS (art. 7º, § 2º da nova lei):

Compensação de créditos tributários (já previsto súmula 212 STJ. Veda a compensação

tributária afeta apenas a medida liminar, o que não impede a compensação vir a ser

declarada ou autorizada pela sentença do mandado de segurança (Súmula 212 STJ).

As demais vedações já eram objeto de previsões legais, que apenas foram consolidadas pela lei

atual.

Entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior

Reclassificação ou equiparação de servidores públicos

Concessão de aumento ou extensão de vantagens

Pagamento de qualquer natureza.

ESPÉCIES

REPRESSIVO – ilegalidade ou abuso de poder já praticados. Prazo decadencial de 120

contados da ciência do ato impugnado pelo interessado (STF – súmula 632).

PREVENTIVO – quando houver ameaça à violação do direito líquido e certo do

impetrante. Nesta modalidade não há que se falar em prazo para impetração.

OBS: SEGUNDO O STF, COMPETE AOS PRÓPRIOS TRIBUNAIS PROCESSAR E JULGAR MS

CONTRA SEUS ATOS E OMISSÕES.

SÚMULAS DO STF: 101, 248, 266 a 272, 294, 299, 304, 310, 319, 330, 392, 405, 429, 430, 433,

474, 506, 510 a 513, 597, 622 a 632.

SÚMULAS DO STJ: 41, 99, 105, 169, 177, 202, 213, 217, 333.

AÇÃO POPULAR

HISTÓRICO

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Teve vida jurídica igual à do MS: nasceu em 1934, morreu em 1937, ressuscitou em 1946 e

perdura até hoje.

LEGISLAÇÃO PERTINENTE

CF – art. 5º, LXXIII.

Legislação infraconstitucional: Lei 4.717/65 (garantia que já existia nas constituições

anteriores, e foi recepcionada pela constituição atual).

CABIMENTO

O objeto da ação popular é todo ato lesivo ao patrimônio público, à moralidade administrativa,

ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. Esse ato lesivo deve ser compreendido

a abranger, além das ações, também as omissões do poder público lesivas àqueles bens e

valores jurídicos.

Trata-se de ação de cunho desconstitutivo, pois visa anular ato lesivo os bens listados na CF,

mas, subsidiariamente, poderá ser condenatória (como não se trata de litisconsórcio unitário,

a sentença pode dispor de forma diferenciada para cada litisconsorte, devendo-se demonstrar

a responsabilidade de cada um e sua condenação correspondente).

Dois são os requisitos para o cabimento desta ação:

1. ILEGALIDADE (ou ILEGITIMIDADE)

No primeiro caso, se ato contrário ao direito positivado. No segundo, se contrário aos

princípios mais caros à Administração Pública.

2. LESIVIDADE:

Patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe (AD, AI, paraestatais e

qualquer pessoa jurídica subvencionada com dinheiro público).

Moralidade administrativa

Meio ambiente

Patrimônio histórico e cultural.

Importante lembrar que esta lesividade compreende não só os atos que causem prejuízo

patrimonial, mas também aqueles que ofendam outros valores (artísticos, culturais,

ambientais, morais, estéticos, turísticos, etc.) igualmente agasalhados pela Constituição.

Não se deve esquecer, ainda, que o direito de propositura da ação popular prescreve em 5

anos (art. 21 da LAP), e, atualmente, a prescrição deve ser decretada de ofício pelo juiz da

causa.

Vale lembrar que a ação popular, ao contrário do MS, admite dilação probatória, que se dará

no curso da fase de instrução do processo.

LEGITIMIDADE

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ATIVA

Para esse mister foi atribuída ao cidadão eleitor, no pleno gozo dos seus direitos políticos

ativos, a legitimidade ativa para a sua propositura.

Nessa ótica, não podem propor ação popular: estrangeiros, apátridas, pessoas jurídicas

(súmula 365 do STF) e brasileiros com direitos políticos perdidos ou suspensos.

OBS: O PORTUGUÊS NÃO PODE, POIS EXISTE VEDAÇÃO NA CF PORTUGUESA A BRASILEIRO,

LOGO, NÃO HÁ RECIPROCIDADE.

O MP e a Defensoria Pública, enquanto instituições, não têm legitimidade para propor ação

popular.

Todavia, nesta ação o MP exerce o papel de fiscal da lei. Por outro lado, se estiverem atuando

como cidadãos, poderão ajuizar a referida ação.

Ainda nesta sede, se o autor popular desistir da ação, o MP ou outro cidadão,

facultativamente (GEISA), poderão dar seguimento à ação (art. 9º da LAP).

Por fim, vale lembrar que é indispensável a capacidade postulatória do advogado, que precisa

estar legalmente constituído, salvo se o cidadão ostentar essa condição, e não houver

empecilho para litigar como o Poder Público.

PASSIVA

À luz da literalidade do art. 6º, caput, da Lei nº 4.717/65, tem-se que: “a ação popular será

proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as

autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado

ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissão, tiverem dado oportunidade à lesão, e

contra os beneficiários direito do mesmo”.

Sintetizando:

a) A pessoa cujo patrimônio se quer proteger = entidade lesada;

b) Aqueles que causaram a lesão (ou ameaça) aos bens tutelados = agente da pratica;

c) Beneficiários diretos do ato ou omissão = quem se beneficiou.

Sendo possível essa total identificação, todos devem figurar como réus na ação popular,

configurando-se um verdadeiro litisconsórcio passivo necessário.

CABIMENTO DE TUTELA PREVENTIVA

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Atualmente, com a inserção do § 4º ao art. 5º da lei da ação popular, através Lei nº 6.513/77, a

liminar está expressamente admitida. Entretanto, apesar silêncio do dispositivo, tem como

pressupostos a fumaça do bom direito e o perigo da demora.

OBS: NÃO EXISTE FORO PRIVILEGIADO, A COMPETÊNCIA SERÁ DA JUSTIÇA ESTADUAL OU

FEDERAL DE 1ª INSTÂNCIA.

OBS: A AÇÃO POPULAR NÃO É GRATUITA. As únicas ações gratuitas são HC e HD.

OBS: COMO UM ESTÍMULO À PROPOSITURA DESTA AÇÃO, O LEGISLADOR ISENTOU O SEU

AUTOR, DE CUSTAS JUDICIAIS E HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA, DESDE QUE TENHA AGIDO

DE BOA-FÉ.

HABEAS DATA

HISTÓRICO

Trata-se de ação inédita no direito brasileiro, portanto, criação da CF/88.

LEGISLAÇÃO PERTINENTE

Teve sua primeira previsão na CF/88.

CF – Art. 5º, LXXII.

Legislação infraconstitucional – Lei 9.507/97.

A expressão HABEAS significa: aquele que busca o que lhe pertence.

Trata-se, assim como o HC, de ação gratuita (essas são as únicas – CF, art. 5º, LXXVII).

CABIMENTO

De saída, deve-se observar que:

OBS: O INTERESSE DE AGIR NA IMPETRAÇÃO DO HABEAS DATA SÓ NASCE QUANDO

FRUSTRADAS EVENTUAIS TENTATIVAS DO INTERESSADO DE OBTER, RETIFICAR OU ANOTAR

INFORMAÇÕES A SEU RESPEITO, NESTA FASE DENOMINADA DE PRÉ-JUDICIAL.

1. VISA ASSEGURAR AO IMPETRANTE, INFORMAÇÕES RELATIVAS À SUA PESSOA.

Consiste numa ação personalíssima. Não se pode ingressar com HD para pleitear informações

alheias, de terceiros.

Poderia uma associação impetrar HD para pleitear informações de seus associados? Não,

somente para buscar informações dela própria.

Vale relembrar que a Lei exige a prova pré-constituída de que foi provocada a Administração e

esta se recusou (expressa ou tacitamente – pelo decurso do prazo) a prestar as informações.

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Assim, constitui condição da ação de HD a prévia provocação administrativa, sob pena de

ausência de condição da ação necessidade. Logo, o processo será extinto sem exame de

mérito. Nesse sentido, SÚMULA 2 do STJ.

A autoridade administrativa possui 10 dias para prestar as informações. Se antes de completar

o prazo a administração nega a informação, o HD já pode ser impetrado, pois basta juntar a

prova da negativa da informação.

OBS: NÃO É QUE PRECISA HAVER ESGOTAMENTO DAS VIAS ADMINISTRATIVAS. A PARTIR DA

PRIMEIRA NEGATIA OU DO ESCOAMENTO DO PRAZO DE 10 DIAS O HD JÁ PODERÁ SER

IMPETRADO.

2. VISA GARANTIR A RETIFICAÇÃO DE DADOS DA PESSOA DO IMPETRANTE

Nesse caso também é necessário juntar a prova pré-constituída.

A diferença é que aqui, o prazo para a resposta da autoridade administrativa é de 15 dias.

OBS: NÃO CABE HD PARA ALTERAÇÃO DE REGISTRO CIVIL.

LEGITIMIDADE

ATIVA

Qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira, de direito público ou de direito

privado.

PASSIVA

Corresponde às entidades governamentais (administração direta e indireta) ou pessoas

jurídicas de direito privado, detentora de registros ou banco de dados DE CARÁTER PÚBLICO.

Assim, cabe HD contra banco, provedor de internet, serviços de proteção ao crédito (SPC,

SERASA), etc.

À luz do art. 1º da lei, “considera-se de caráter público todo o registro ou banco de dados

contendo informações que sejam ou que possam ser transmitidas a terceiros ou que não

sejam de uso privativo do órgão ou entidade produtora ou depositária das informações”.

CABIMENTO DE TUTELA PREVENTIVA

Embora a lei seja silente, a doutrina majoritária entende perfeitamente cabível a tutela

preventiva na ação de HD.

OBS: DIREITO DE CERTIDÃO É DIREITO FUNDAMENTAL LÍQUIDO E CERTO AMPARADO POR

MANDADO DE SEGURANÇA, E NÃO POR HABEAS DATA. NÃO SE CONFUNDE COM

INFORMAÇÃO.

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OBS: ASSIM COMO NO MANDADO DE SEGURANÇA, NO HD NÃO HÁ ÔNUS DE SUCUMBÊNCIA

(HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS) E, PARA IMPETAÇÃO, FAZ-SE NECESSÁRIA A PRESENÇA DE

ADVOGADO.

MANDADO DE INJUNÇÃO

HISTÓRICO

Trata-se, juntamente com o MSC e com o HD de remédio constitucional introduzido pelo

constituinte originário de 1988.

LEGISLAÇÃO PERTINENTE

CF – art. 5º, LXXI.

Legislação infraconstitucional – o MI não possui regramento próprio, mas a Lei

8.038/90, em seu art. 24, determina que se aplique ao MI a legislação relativa ao MS.

OBS: NEM TUDO DO MS SERÁ APLICÁVEL AO MI, A EXEMPLO DA MEDIDA LIMINAR. MAS

DENTRE AS DISPOSIÇÕES APLICÁVEIS É POSSÍVEL CITAR A AUSÊNCIA DE CONDENAÇÃO NOS

HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS, BEM COMO A AUSÊNCIA DE DILAÇÃO PROBATÓRIA, ETC.

CABIMENTO

A CF estabelece que se concederá mandado de injunção sempre que a falta de norma

regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das

prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.

Os dois requisitos constitucionais para o MI são:

1. Norma constitucional de EFICÁCIA LIMITADA, prescrevendo direitos, liberdades

constitucionais e prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.

2. Falta de norma regulamentadora, tornando inviável o exercício dos direitos, liberdades

e prerrogativas acima mencionados (OMISSÃO DO PODER PÚBLICO).

ASSIM COMO A ADIN POR OMISSÃO, O MANDADO DE INJUNÇÃO SERVE PARA CURAR UMA

DOENÇA DENOMINADA SÍNDROME DA INEFETIVIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS (vale

dizer, normas constitucionais que, de imediato, no momento em que a Constituição é

promulgada, não têm o condão de produzir todos os seus efeitos, precisando de uma lei

integrativa infraconstitucional).

A diferença do MI e da ADIN por omissão, na precisa síntese de DIRLEY DA CUNHA JR., é que o

primeiro é uma ação constitucional de garantia individual, enquanto a segunda é uma ação

constitucional de garantia constitucional.

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LEGITIMIDADE

ATIVA – pode ser impetrado por qualquer:

Pessoa física ou jurídica, de direito público (MI 725) ou de direito privado.

O STF, inclusive, admitiu o ajuizamento de mandado de injunção coletivo, sendo legitimadas,

por analogia, as mesmas entidades do mandado de segurança coletivo.

Conforme já sinalizado, quem postula o MI no judiciário é o advogado regularmente

constituído.

PASSIVA

Somente a pessoa estatal poderá ser demandada, e nunca o particular (que não tem o dever

de regulamentar a CF).

Não cabe MI contra omissão de particulares, mas somente contra omissões de autoridades

públicas.

O sujeito passivo do MI é a autoridade pública detentora da competência de iniciar o

processo legislativo.

CABIMENTO DE TUTELA PREVENTIVA

Não cabe tutela preventiva no MI.

Hely Lopes até pensa caber medida liminar, MAS A JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO STF É

NO SENTIDO DO NÃO CABIMENTO DE MEDIDA LIMINAR EM MANDADO DE INJUNÇÃO.

CUIDADO!!! A AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO ADMITE

CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR (ART. 12-F DA LEI 9.868/99).

QUESTÃO INDISPENSÁVEL: QUAIS OS EFEITOS DA DECISÃO NO JULGAMENTO DO MI?

OBS: NOS MIs 670, 708 e 712 O STF, POR UNANIMIDADE, DECLAROU A OMISSÃO LEGISLATIVA

DE REGULAMENTAÇÃO DO DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS, E, POR MAIORIA,

DETERMINOU A APLICAÇÃO, NO QUE COUBER, DA LEI DE GREVE VIGENTE NO SETOR PRIVADO

(Lei 7.783/89).

DESTA FORMA, CONSAGRA O STF A TEORIA CONCRETISTA GERAL, “LEGISLANDO” NO CASO

CONCRETO E PRODUZINDO A DECISÃO EFEITO ERGA OMNES ATÉ QUE SOBREVENHA NORMA

INTEGRATIVA DO PODER LEGISLATIVO.

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DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS

CONSTITUIÇÃO FEDERAL:

- Art. 5º, LXVIII a LXXIII.

LEIS:

-12.016/09 – 4.717/65 – 9.507/97

SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS SELECIONADAS

STF:

- Súmulas: 101, 105, 110, 169, 213, 266-271, 304, 365, 395, 405, 429, 430, 460, 474, 510, 622,

625, 626, 629, 630, 631, 632, 701, 691-695.

STJ:

- Súmulas: 2 e 212.

QUESTÕES CORRELATAS

I. (TRT9/ANALISTA/2007) O ‘habeas corpus’ não é medida idônea para impugnar

decisão judicial que autoriza a quebra de sigilo bancário em procedimento

criminal, já que não há, na hipótese, risco direto e imediato de constrangimento ao

direito de liberdade.

II. (PGE/PE/PROCURADOR/2009) Se, em uma ação de mandado de segurança, a

segurança for concedida, então a autoridade coatora terá direito de recorrer.

III. (PGM/NATAL/PROCURADOR/2008) Considerando a atual jurisprudência do STF

quanto à decisão e aos efeitos do mandado de injunção, notadamente nos casos

em que se discuta o direito de greve dos servidores públicos, é correto afirmar que,

na decisão de um mandado de injunção, compete ao Poder Judiciário garantir o

imediato exercício do direito fundamental afetado pela omissão do poder público.

IV. (TRT1/JUIZ/2010) Como a garantia constitucional do ‘habeas data’ tem por

finalidade disciplinar o direito de acesso a informações constantes de registros ou

banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público relativo a

dados pessoais pertinentes à pessoa do impetrante, a pessoa jurídica não tem

legitimidade para o ajuizamento desse tipo de ação.

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V. (STF/ANALISTA/2008) A ação popular contra o Presidente da República deve ser

julgada pelo STF.

GABARITO:

I. E

II. C

III. C

IV. E

V. E

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“Somos o que repetidamente fazemos. A excelência, portanto, não é

um feito, mas um hábito.”

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

NOÇÕES TEÓRICAS

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

CONCEITO E PRESSUPOSTOS

O controle de constitucionalidade, enquanto garantia de tutela da supremacia da Constituição,

é uma atividade de fiscalização da validade e conformidade das leis e atos normativos do

poder público à vista de uma Constituição rígida, desenvolvida por um ou vários órgãos

constitucionalmente designados.

Como sentencia a doutrina, o controle de constitucionalidade das leis e dos atos normativos

reclama os seguintes pressupostos:

EXISTÊNCIA DE UMA CONSTITUIÇÃO FORMAL.

COMPREENSÃO DA CONSTITUIÇÃO COMO NORMA JURÍDICA FUNDAMENTAL, RÍGIDA

E SUPREMA.

INSTITUIÇÃO DE, PELO MENOS, UM ÓRGÃO COM COMPETÊNCIA PARA O EXERCÍCIO

DESSA ATIVIDADE DE CONTROLE.

ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADE

a) POR AÇÃO x POR OMISSÃO

- AÇÃO (positiva ou por atuação): pressupõe a existência de normas inconstitucionais.

- OMISSÃO: pressupões a violação da norma constitucional pelo silêncio legislativo.

A inconstitucionalidade por ação pode-se dar por três formas: vício formal, vício material e

vício de decoro parlamentar.

b) FORMAL x MATERIAL x VÍCIO DE DECORO

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- FORMAL (nomodinâmica): existência de vício na forma, processo de formação, vale dizer, no

processo legislativo de elaboração da lei ou ato normativo.

- MATERIAL (nomoestática): existência de vício na matéria, no conteúdo do ato normativo.

- VÍCIO DE DECORO: pela mácula no processo legislativo em decorrência da compra de votos

(esquema do mensalão). O STF ainda não se manifestou.

A inconstitucionalidade formal pode-se dar por três formas: inconstitucionalidade formal

orgânica, propriamente dita e por violação dos pressupostos objetivos do ato normativo.

c) ORGÂNICA x PROPRIAMENTE DITA x POR VIOLAÇÃO DOS PRESSUPOSTOS OBJETIVOS

DO ATO NORMATIVO

- ORGÂNICA: decorre da inobservância da competência legislativa para a elaboração do ato.

Ex. para o STF é inconstitucional lei municipal que discipline o uso de cinto de segurança, já

que se trata de competência legislativa da União legislar sobre trânsito e transporte (art. 22,

XI).

- PROPRIAMENTE DITA: decorre da inobservância do devido processo legislativo. Ex. quórum

de aprovação de determinada espécie normativa ou inobservância da necessidade deliberação

nas duas casas.

- POR VIOLAÇÃO DOS PRESSUPOSTOS OBJETIVOS DO ATO NORMATIVO. Os exemplos são

trazidos pelo Professor Clèmerson Merlin Clève, quais sejam, edição de medida provisória sem

a observância dos requisitos da relevância e urgência (art. 62, caput) ou a criação de

municípios por lei estadual sem a observância dos requisitos do art. 18, § 4º (caso LEM).

MOMENTOS DE CONTROLE

a) PRÉVIO ou PREVENTIVO

É o controle realizado durante o processo legislativo de formação do ato normativo.

LEGISLATIVO – próprio parlamentar e CCJ.

EXECUTIVO – veto.

JUDICIÁRIO – MS impetrado por parlamentar. Única hipótese.

Trata-se de um “direito-função” do parlamentar de participar de um processo legislativo

juridicamente hígido (devido processo legislativo). Ex. o STF entendeu que os parlamentares

têm o direito de não ver deliberada uma emenda que seja tendente a abolir os bens

assegurados por cláusula pétrea. É controle pela via de exceção, em defesa de direito de

parlamentar.

b) POSTERIOR ou REPRESSIVO

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Será realizado sobre a lei, e não mais sobre o projeto de lei, como ocorre no controle

preventivo.

Órgãos de controle verificarão a existência de vício formal ou material em determinada lei ou

ato normativo. Esses órgãos variam de acordo com o sistema de controle adotado pelo Estado,

podendo ser político, jurisdicional ou híbrido.

POLÍTICO – Cortes (ou Tribunais) Constitucionais ou Órgãos de Natureza Política.

JURISDICIONAL MISTO – Regra. Exceções: legislativo, executivo, TCU.

HÍBRIDO – tanto o político quanto o jurisdicional.

Como vimos, o controle posterior ou repressivo no Brasil, por regra, é exercido pelo Poder

Judiciário, tanto de forma concentrada, como difusamente. Por isso se diz: jurisdicional misto!

No entanto, a essa regra surgem exceções, fixando-se hipóteses de controle posterior ou

repressivo pelo Legislativo e pelo Executivo.

No Legislativo encontramos:

Art. 62 – rejeição de medida provisória pelo Congresso Nacional.

Já no Executivo encontramos:

A tese a ser adotada é a da possibilidade de descumprimento da lei inconstitucional pelo Chefe

do Executivo.

O STF não aprofunda muito o assunto, mas sinaliza possibilidade de descumprimento por parte

dos subordinados, quando houver determinação nesse sentido. O STJ, com mais veemência,

consagra a tese do controle posterior ou repressivo pelo Executivo.

OBS: OS TC’s PODERÃO, NO CASO CONCRETO, RECONHECER A INCONSTITUCIONALIDADE DE

NORMAS JURÍDICAS, DEIXANDO DE APLICAR ATO POR CONSIDERÁ-LO INCONSTITUCIONAL,

BEM COMO SUSTANDO OUTROS ATOS PRATICADOS COM BASE EM LEIS VULNERADORAS DA

CONSTITUIÇÃO. ESSA FACULDADE, REITERE-SE, É SEMPRE NA VIA INCIDENTAL (CASO

CONCRETO). NESSE SENTIDO, SÚMULA 347 DO STF.

CONTROLE DIFUSO

GENERALIDADES

A ideia de controle difuso de constitucionalidade, historicamente, deve-se ao famoso caso

julgado pelo Juiz John Marshall, da Suprema Corte norte-americana, que, apreciando o caso

Marbury v. Madison, em 1803, decidiu que, havendo conflito entre a aplicação de uma lei em

um caso concreto e a Constituição, deve prevalecer a Constituição, por ser hierarquicamente

superior.

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É também chamado de controle concreto, via de exceção ou defesa, incidental ou incidenter

tantum. Aqui a declaração de inconstitucionalidade dá-se de forma pré-judicial

(prejudicialmente) ao mérito. A alegação de inconstitucionalidade será a causa de pedir

processual.

CONTROLE DIFUSO NOS TRIBUNAIS

O controle difuso nos tribunais deve obediência ao comando disposto no art. 97 da CF, que

trata da cláusula de reserva de plenário.

Segundo esse dispositivo, somente pelo voto da maioria absoluta dos seus membros, ou dos

membros do respectivo órgão especial, poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade

de lei ou ato normativo do poder público.

A regra do art. 97 destaca-se como verdadeira condição de eficácia jurídica da própria

declaração de inconstitucionalidade dos atos dos atos do poder público. Nesse sentido

destacamos a SÚMULA VINCULANTE Nº 10 do STF (ler).

Todavia, em nome dos princípios da celeridade, economia processual e segurança jurídica,

tem-se dispensado tal procedimento toda vez que haja decisão do órgão especial ou do pleno

do tribunal, ou do STF, o guardião da Constituição sobre a matéria.

Essa tendência foi confirmada pelo art. 481 e 557, § 1º-A do CPC.

EFEITOS DA DECISÃO

INTER PARTES

EX TUNC

Cabe alertar, contudo, que o STF já entendeu que, mesmo no controle difuso, poder-se-á dar

efeito ex nunc ou pro futuro. O leading case foi o julgamento do RE 197.917, pelo qual o STF

reduziu o número de vereadores do Município de Mira Estrela de 11 para 9 e determinou

que a aludida decisão só atingisse a próxima legislatura. Para Gilmar, o limite dessa

modulação temporal da eficácia é o próprio princípio da proporcionalidade.

E os efeitos, que são para as partes, poderiam ser estendidos a todas as pessoas?

Para terceiros a CF consagrou, em controle difuso, o procedimento do art. 52, X da CF.

Como vimos anteriormente, através da interposição de recurso extraordinário, nas hipóteses

constitucionalmente previstas, a questão poderá ser levada à apreciação do STF, que, também,

realizará o controle difuso de constitucionalidade, de forma incidental.

Nessa esteira, prescreve o dispositivo mencionado que compete privativamente ao Senado,

mediante o instrumento da resolução, suspender a execução, no todo ou em parte, de lei

declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal.

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A expressão no todo ou em parte relaciona-se com o quanto decidido pelo Supremo, não

podendo, o Senado, restringir ou ampliar esse parâmetro.

Os efeitos dessa suspensão são ERGA OMNES e EX NUNC. Lembrando que a suspensão é mera

faculdade que assiste ao Senado, não estando obrigado a fazê-lo.

OBS: TEORIA DA TRANSCENDÊNCIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES ou ABSTRATIVIZAÇÃO ou

OBJETIVAÇÃO DO CONTROLE DIFUSO, COM BASE NA FORÇA NORMATIVA DA CONSTTUIÇÃO E

NA IDÉIA DE MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL DO ART. 52, X, DA CF (pendente no STF).

CONTROLE CONCENTRADO

Também chamado de abstrato, via de ação, principal ou principaliter tantum.

Aqui a declaração de inconstitucionalidade dá-se de forma principal e a alegação de

inconstitucionalidade será o próprio pedido.

Tal controle pode ser verificado em 5 situações: ADI genérica, ADI interventiva, ADO, ADC e

ADPF.

ADI GENÉRICA

Trata-se de ação constitucional que tem por objetivo controlar a constitucionalidade de ato

normativo em tese, abstrato, marcado pela generalidade, impessoalidade e abstração, e que

tem por objeto a própria questão da inconstitucionalidade, decidida principaliter.

OBJETO

Leis ou atos normativos que se mostrem incompatíveis com o sistema constitucional.

Podem:

Leis – sentido amplo; todas as espécies do art. 59 da CF (EC, LC, LO, LD, MP, DL, RES).

Regulamentos autônomos.

Tratados internacionais – de direitos humanos ou não, anteriores ou posteriores à

reforma da EC N. 45/04.

Não podem:

Súmulas – nem as vinculantes, por faltar generalidade e abstração.

Regulamentos Executivos – o controle aí é de legalidade.

Normas constitucionais originárias

Leis ou atos anteriores à Constituição – pois são recepcionados, ou não (salvo ADPF).

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COMPETÊNCIA

L ou AN Federal ou Estadual – CF = STF

L ou AN Estadual ou Municipal – CE = TJ

L ou AN Municipal – CF = não cabe ADI, mas ADPF no STF.

L ou AN Distrital de natureza estadual – CF = STF

L ou AN Distrital de natureza municipal – CF = não cabe ADI, mas ADPF no STF.

L ou AN Distrital – LODF = TJDF

L ou AN Municipal – LOM = não há controle de constitucionalidade, e sim de

legalidade.

LEGITIMIDADE

Art.103.

Aqui há uma técnica para memorizar:

A técnica se chama: 3/4 MAE.

Leia-se: três quatros, MÃE.

Para totalizar 12 legitimados ativos, distribuem-se três blocos contendo, cada um, quatro

legitimados. Seguindo a ordem das letras (M.A.E.), tem-se: 4 mesas, 4 autoridades e 4

entidades. Passa-se à análise:

4 Mesas:

Mesa da Câmara dos Deputados;

Mesa do Senado Federal;

Mesa de Assembleia Legislativa;

Mesa da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

4 Autoridades:

Presidente da República;

Procurador-Geral da República;

Governador de Estado;

Governador do Distrito Federal.

4 Entidades:

Conselho Federal da OAB;

partido político com representação do Congresso Nacional;

confederação sindical;

entidade de classe de âmbito nacional.

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Esses legitimados podem ser divididos em universais e especiais.

UNIVERSAIS / NEUTROS: Presidente da República, Mesa da CD, Mesa do SF, Conselho

Federal da OAB, PGR, partido político com representação no Congresso Nacional.

ESPECIAIS / INTERESSADOS: Governador do Estado ou do DF, Mesa da Assembléia

Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal, confederação sindical ou

entidade de classe de âmbito nacional.

Estes legitimados especiais ou interessados deverão demonstrar pertinência temática.

OBS: SE O PARTIDO PERDE A REPRESENTAÇÃO, A AÇÃO SEGUE EM NOME DO INTERESSE

PÚBLICO. A AFERIÇÃO DA LEGITIMIDADE DEVE SER FEITA NO MOMENTO DA PROPOSITURA DA

AÇÃO.

OBS: PRECISAM DE ADVOGADO – PARTIDO POLÍTICO COM REPRESENTAÇÃO NO CONGRESSO

NACIONAL E CONFEDERAÇÃO SINDICAL OU ENTIDADE DE CLASSE DE ÂMBITO NACIONAL.

QUANTO AOS DEMAIS, DIZ O STF QUE A CAPACIDADE POSTULATÓRIA DECORRE DA PRÓPRIA

CONSTITUIÇÃO.

“AMICUS CURIAE”

Como regra, tem-se o art. 7º, caput, da Lei 9.868/99, que veda a “intervenção de terceiros no

processo de ação direta de inconstitucionalidade”.

Entretanto, o § 2º do mesmo art. 7º estabelece que “o relator, considerando a relevância da

matéria e a representatividade dos postulantes, poderá, por despacho irrecorrível, admitir a

manifestação de outros órgãos ou entidades”.

Ou seja, é instituto que possui natureza jurídica terceiro sui generis.

Trata-se, na feliz expressão do Ministro Celso de Mello, de instituto que vem no sentido de

pluralizar o debate constitucional. É, portanto, sem dúvida, fator de legitimação social das

decisões da Suprema Corte.

Hoje se admite inclusive a sustentação oral do “AMICUS CURIAE” (amigo de corte).

Por fim, entende-se perfeitamente possível a aplicação, por analogia, da regra que admite o

amicus curiae na ADI para a ADC e, excepcionalmente (e desde que configuradas as hipóteses

de cabimento), para a ADPF.

EFEITOS DA DECISÃO

Os efeitos gerais da declaração de inconstitucionalidade no controle concentrado, por meio da

ADI, podem ser resumidos:

ERGA OMNES

EX TUNC *

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VINCULANTE em relação aos órgãos do Poder Judiciário e da Administração Pública

federal, estadual, municipal e distrital.

* Excepcionalmente, como exceção à regra geral do princípio da nulidade, tendo em vista

razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o STF, por maioria

qualificada de 2/3 de seus Ministros, restringir os efeitos da declaração ou decidir que ela só

tenha eficácia a partir do seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser

fixado.

Vale ressaltar que o efeito vinculante atinge somente o Judiciário e o Executivo, não podendo

ser estendido ao legislativo, que poderá, inclusive, editar nova lei em sentido contrário da

decisão dada pelo STF em controle de constitucionalidade concentrado ou edição de súmula

vinculante. Entendimento diverso significaria o “inconcebível fenômeno de fossilização da

Constituição” (Inf. 386/STF).

EFEITO REPRISTINATÓRIO

A declaração de inconstitucionalidade de ato normativo que tenha “revogado” outro ato

normativo (nossa análise neste ponto refere-se à ADI perante o STF, de lei ou ato normativo

federal ou estadual, ou distrital, desde que no exercício de competência estadual) provoca o

restabelecimento do ato normativo anterior, quando a decisão tiver efeito retroativo.

O STF vem utilizando a expressão “efeito repristinatório” da declaração de

inconstitucionalidade. Isto porque, se a lei é nula, ela nunca teve eficácia. Se nunca teve

eficácia, nunca revogou nenhuma norma. Se nunca revogou nenhuma norma, aquela que teria

sido supostamente “revogada” continua tendo eficácia. Eis o efeito repristinatório da decisão.

PEDIDO CAUTELAR

Desde que presentes os requisitos do periculum in mora e do fumus boni iuris, poderá ser

concedida a liminar suspendendo a eficácia do ato normativo.

De acordo com os §§ 1º e 2º do art. 11 da Lei 9.868/99, em total consonância com o

posicionamento do STF, a concessão da medida cautelar terá eficácia contra todos (erga

omnes) e efeito EX NUNC, salvo se o Tribunal entender que deva conceder-lhe eficácia

retroativa (ex tunc), além de vinculante.

Lembrando que, segundo o STF, a concessão de medida cautelar torna aplicável a legislação

anterior acaso existente, salvo expressa manifestação em sentido contrário.

ADC ou ADECON

A ação declaratória de constitucionalidade foi introduzida no ordenamento jurídico brasileiro

pela EC 3/93, através da alteração do art. 102, I, a, e acréscimo do § 2º ao artigo 102, bem

como do § 4º ao art. 103, tendo sido regulamentado o seu processo e julgamento pela lei

9.868/99.

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Busca-se por meio dessa ação declarar a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal.

O grande objetivo e utilidade desta ação, portanto, é transformar uma presunção relativa de

constitucionalidade em presunção absoluta (jure et de jure), não mais se admitindo prova em

contrário. Ou seja, julgada procedente a ADC, tal decisão vinculará os órgãos do Poder

Judiciário e a administração pública, que não mais poderão declarar a inconstitucionalidade da

aludida lei, ou agir em desconformidade com a decisão do STF, afinal, a sua presunção de

constitucionalidade, agora, será absoluta.

OBJETO

O objeto da referida ação é lei ou ato normativo federal. CUIDADO! É diferente do que ocorre

com a ADIN genérica, cujo objeto engloba, também, a lei ou ato normativo estadual -102, § 2º.

COMPETÊNCIA

O órgão competente para apreciar a ADC é o STF, conforme estabelece o art. 102, I, “a”, CF/88.

LEGITIMIDADE

Antes da EC 45/04, os legitimados para a propositura da referida ação eram apenas quatro, de

acordo com o art. 103, § 4º, da CF/88, quais sejam: a) Presidente da República; b) Mesa do

Senado Federal; c) Mesa da Câmara dos Deputados; d) Procurador-Geral da República.

Com a revogação do § 4º e a nova redação do caput do art. 103, pela aludida emenda, os

legitimados para a propositura da ADC passaram a ser os mesmos da ADI genérica.

OBSERVAÇÕES PROCEDIMENTAIS

No que se refere ao procedimento da ADC, é praticamente o mesmo seguido na ADI genérica,

com algumas observações a serem feitas:

Não existe lógica em determinar a citação do AGU na medida em que inexiste ato ou

texto impugnado, já que se afirma a constitucionalidade na inicial.

Um requisito intrínseco à inicial, conforme vem relatando o STF, necessário para o

conhecimento e análise do mérito, seria a demonstração da “controvérsia judicial que

põe risco à presunção de constitucionalidade do ato normativo sob exame...

permitindo à Corte o conhecimento das alegações em favor da constitucionalidade e

contra ela, e do modo com estão sendo decididas num ou noutro sentido”.

As regras para votação e quorum são as mesmas expostas na ADI genérica, qual seja,

desde que presente o quorum de instalação da sessão de julgamento de 8 Ministros, a

declaração de constitucionalidade dar-se-á pelo quorum da maioria absoluta dos 11

Ministros do STF, qual seja, pelo menos 6 deverão posicionar-se favoráveis à

procedência da ação.

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É vedada a intervenção de terceiros (salvo a sui generis), e a desistência da ação após a

sua propositura. A decisão é irrecorrível, ressalvada a interposição de embargos

declaratórios, não podendo ser objeto de ação rescisória.

EFEITOS DA DECISÃO

É possível sistematizar os efeitos da decisão em ADC como sendo:

ERGA OMNES (eficácia contra todos)

EX TUNC

VINCULANTE em relação aos órgãos do Poder Judiciário e da Administração Pública

federal, estadual, municipal e distrital.

MEDIDA CAUTELAR EM AÇÃO DECLARATÓRIA

O art. 21 estabelece que o STF, por decisão da maioria absoluta de seus membros, poderá

deferir pedido de medida cautelar na ADC, consistente na determinação de que os juízes e os

tribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato

normativo objeto da ação, até o seu julgamento definitivo.

Essa suspensão perdurará apenas por 180 dias contados da publicação da parte dispositiva da

decisão do DOU, prazo esse definido pela Lei para que o tribunal julgue a ação declaratória.

Trata-se do chamado EFEITO AVOCATÓRIO presente na cautelar de ADC.

Findo tal prazo, sem julgamento, cessará a eficácia da medida cautelar.

Vale ressaltar que o STF, por votação majoritária, pacificou entendimento segundo o qual é

perfeitamente possível a atribuição de efeito vinculante e erga omnes em sede de liminar

(decisão não definitiva de mérito) na ADC, tendo em vista o poder geral de cautela da Corte,

podendo suas decisões ser preservadas pelo instrumento da reclamação.

CONTROLE ABSTRATO DE CONSTITUCIONALIDADE NOS ESTADOS-MEMBROS

GENERALIDADES

Nos termos do art. 125, § 2º, da CF/88, cabe aos Estados a instituição de representação de

inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da

Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão.

Nesse sentido, o constituinte consagrou o controle abstrato de constitucionalidade estadual,

fixando regras claras:

Somente leis ou atos normativos estaduais ou municipais poderão ser objeto de

controle;

Apesar de não fixar os legitimados, vedou a atribuição da legitimação para agir a um

único órgão;

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O órgão competente para o julgamento da ação pela via principal será,

exclusivamente, o TJ local.

Pelo princípio da simetria, muito embora o art. 125, § 2º, tenha fixado somente a

possibilidade de instituição de representação de inconstitucionalidade (que corresponderia à

ADI), parece-nos perfeitamente possível que, desde que respeitadas as regras da CF/88, se

implementem os demais meios de controle, especialmente a ADI por omissão para combater a

inércia do Legislativo estadual.

OBJETO

O controle abstrato estadual terá por objeto exclusivamente leis ou atos normativos estaduais

ou municipais.

Assim, tem-se que as leis federais só poderão ser objeto de controle abstrato perante o STF.

COMPETÊNCIA

Conforme verificado no art. 125, § 2º, somente o TJ local será o órgão competente para,

exercendo competência originária, julgar o controle de constitucionalidade abstrato estadual.

LEGITIMADOS

A regra constitucional não especificou os legitimados; apenas proibiu a atribuição da

legitimação a um único órgão.

Assim, cabe às Constituições Estaduais a delimitação da regra, e, nesse sentido, como se trata

de manifestação do poder constituinte derivado decorrente, deve-se respeitar, pela simetria, o

art. 103 da CF, conforme se verifica na tabela abaixo:

Art. 103 – Legitimados para o controle concentrado

perante o STF

Art. 125, § 2º - Legitimados para o controle concentrado perante o TJ local – simetria

Art. 125, § 2º - Legitimados para o controle concentrado perante o TJ local – simetria – especialmente em relação

a leis ou atos municipais

Presidente Governador Prefeito

Mesa da CD e do SF Mesa da Assembléia Leg. Mesa da Câmara Municipal

PGR PGJ

Conselho Federal da OAB Conselho Seccional da OAB

Partido político com representação no CN

Partido político com representação na Assembléia

Partido político com representação na Câmara M.

Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito

nacional

Federação sindical ou entidade de classe de âmbito

estadual

Importante lembrar quem, conforme já ventilado pelo STF, é tranquilamente possível a

ampliação do parâmetro do art. 103 para inserção de outros legitimados como, por exemplo,

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Deputados Estaduais, Procurador-Geral do Estado ou do Município, Defensor Público-Geral do

Estado, ou ainda por iniciativa popular.

O fundamento é que tal previsão prestigiaria a intenção do constituinte de 1988, que foi no

sentido de ampliar o rol de legitimados para a propositura da ADI.

PARÂMETRO DE CONTROLE

Dentro dessa temática, importante atentar para uma situação: as leis estaduais, em se

tratando de controle concentrado pela via em abstrato, sofrem dupla fiscalização, tanto por

meio de ADI no TJ e tendo como parâmetro a CE, como perante o STF e tendo como

parâmetro a CF.

Isso significa que a mesma lei estadual poderá ser objeto de controle concentrado no TJ e no

STF. Se isso acontecer, estaremos diante do fenômeno da SIMULTANEIDADE DE AÇÕES

DIRETAS DE INCONSTITUCIONALIDADE.

Nessa situação, o controle estadual deverá ficar suspenso e aguardando o resultado do

controle federal, já que o STF é o intérprete máximo da Constituição, podendo surgir as

seguintes hipóteses:

STF declara inconstitucional a lei estadual perante a CF – a ADI estadual perderá o seu

objeto, não produzindo a lei mais efeitos no referido Estado.

STF declara constitucional a lei estadual perante a CF – o TJ poderá prosseguir o

julgamento da ADI da lei estadual perante a CE, pois, perante a CE, a referida lei

poderá ser incompatível (mas, naturalmente, desde que seja por fundamento diverso).

Vamos imaginar agora que a ação seja proposta perante o TJ estadual e que este julgue a ação

que transita em julgado. Poderá no futuro a mesma lei ser examinada em controle abstrato

perante o STF e tendo como parâmetro a CF? Duas são as hipóteses.

TJ declara previamente a lei estadual constitucional – naturalmente, para essa

hipótese não se tratará de simultaneidade. Assim, em sendo, no futuro, ajuizada a ADI

perante o STF, tendo por objeto a mesma lei estadual, o STF poderá reconhecê-la

como inconstitucional perante a CF. Como o STF é o intérprete máximo da

Constituição, a nova decisão do STF prevalecerá, inclusive sobre a coisa julgada

estadual.

TJ declara previamente a lei estadual inconstitucional – entendemos que não haveria

mais sentido falar em controle perante o STF, já que a lei estadual foi retirada do

ordenamento jurídico.

Por fim, vale registrar a possibilidade de o STF exercer controle de constitucionalidade de lei

municipal perante a CF e com efeitos erga omnes, se na análise inicial do controle abstrato

estadual a lei municipal foi confrontada em relação à norma da CE de reprodução obrigatória e

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compulsória da CF. Isto porque, dessa decisão caberá recurso extraordinário para o STF, e,

malgrado seja instrumento típico do controlo difuso, a decisão no julgamento desse RE

produzirá os mesmos efeitos da ADI, ou seja, por regra, erga omnes, ex tunc e vinculante,

podendo o STF, naturalmente, nos termos do art. 27 da Lei 9.868/99, modular os efeitos da

decisão.

Portanto, não se aplicará a regra do art. 52, X, não tendo o Senado Federal qualquer

participação.

DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS

CONSTITUIÇÃO FEDERAL:

- Art. 97, 102, 103.

SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS SELECIONADAS

STF:

- Súmula Vinculante nº 10.

- Sumulas: 513, 642.

QUESTÕES CORRELATAS

I. (TJ/DFT/ANALISTA/2008) Compete ao STF processar e julgar, originariamente,

ação direta de inconstitucionalidade contra lei ou ato normativo municipal, frente

à Constituição Federal, pois qualquer norma em contrário constituiria tese

limitativa à condição de guardião da Constituição Federal ostentada pelo STF.

II. (PGE/PB/PROCURADOR/2008) Cabe ao STF processar e julgar, originariamente,

ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal, estadual ou

municipal.

III. (TJ/SE/JUIZ/2008) A CF veda que o STF conheça de causa em que haja discussão

quanto à constitucionalidade de lei municipal.

IV. (DPGU/DEFENSOR/2007) Considerando a lei 9.868/99, julgue: a declaração de

constitucionalidade ou de inconstitucionalidade em ADIn e ação declaratória de

constitucionalidade tem sempre efeito vinculante em relação ao Poder Judiciário e

à administração pública direta e indireta.

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V. (TJ/SE/JUIZ/2008) A decisão de procedência em ação direta de

inconstitucionalidade não tem eficácia vinculante, razão pela qual o magistrado de

primeiro grau não está obrigado a observá-la em caso de aplicação de mesmo

dispositivo legal em causa cuja incidência de precedente foi alegada.

GABARITO:

I. E

II. E

III. E

IV. E

V. E

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“Há tantas pessoas lá fora que irão te dizer que você não consegue.

O que você deve fazer é virar para elas e dizer: me observe”.

ORGANIZAÇÃO DOS PODERES

DO PODER LEGISLATIVO

Atribuições do Congresso Nacional

As atribuições do Congresso Nacional podem ser dividias, basicamente, entre os artigos

48 e 49 da CF/88.

No art. 48, para dispor sobre todas as matérias de competência da União, encontram-se

as atribuições legislativas do Congresso que, como tais, dependem de sanção do Presidente

da República para que sejam aperfeiçoadas.

Já no art. 49 a Constituição consagra competências políticas próprias exclusivas do

Congresso Nacional, não havendo que se falar aqui em manifestação por parte do Presidente

da República nem pelo instrumento da sanção, menos ainda pelo veto.

Tais atribuições, como ressaltado, não têm natureza legislativa, ao contrário, são

competências políticas próprias que, inclusive, se materializam por meio de decreto

legislativo.

Para as provas, recomenda-se uma leitura atenta de cada um desses artigos.

Todavia, com o objetivo de auxiliar o entendimento acerca da matéria, uma dica é

observar que as competências do Congresso Nacional previstas no art. 49 da CF, em sua

grande parte, traduzem situações de controle, fiscalização ou regulação das atividades e

assuntos inerentes à Presidência da República, o que justifica, por óbvio, a desnecessidade da

sanção presidencial para o seu aperfeiçoamento.

Exemplos dessa constatação são os incisos II, III, V, VIII, IX, X e XIV. Em síntese, tais

dispositivos consagram, respectivamente:

autorizar o Presidente da República a declarar a guerra, a celebrar a paz, a permitir

que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneça

temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei complementar;

autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País,

quando a ausência exceder a quinze dias;

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sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar

ou dos limites da delegação legislativa;

fixar o subsídio do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de

Estado, observando limites estabelecidos na Constituição;

julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os

relatórios sobre a execução dos planos de governo;

fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas casas, os atos do Poder

Executivo, incluídos os da administração indireta; e

aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares.

Câmara dos deputados

Principais características

Composta por representantes do povo

Deputados Federais eleitos pelo sistema ou princípio proporcional

Número total de 513 Deputados Federais

Mandato de 4 anos

Idade mínima de 21 anos para a assunção do cargo

Senado Federal

Principais características

Composto por representantes dos Estados e do Distrito Federal

Senadores da República eleitos pelo sistema majoritário

Número total de 81 Senadores da República

Mandato de 8 anos

Idade mínima de 35 anos para a assunção do cargo

Finalmente, concluindo a abordagem sobre a Câmara dos Deputados e sobre o Senado

Federal, abaixo segue tabela com a sistematização das principais características de cada uma

dessas casas legislativas:

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CARACTERÍSTICAS CÂMARA SENADO

COMPOSIÇÃO

Representantes do povo

Representantes dos Estados

e do DF

SISTEMA DE ELEIÇÃO

Princípio proporcional à

população de cada Estado e

do DF

Princípio majoritário

NÚMERO DE

PARLAMENTARES

A LC nº 78/93 fixou em 513

Deputados Federais –

Nenhum Estado nem o DF

terão menos que 8, nem mais

que 70 Deputados –

Os territórios, se criados,

elegerão 4 Deputados

3 Senadores por Estado e

pelo DF, cada qual com 2

suplentes. Atualmente, 81

Senadores (26 estados X 3 =

78 + 3 do DF = 81)

MANDATO

4 anos = 1 legislatura

8 anos = duas legislaturas

RENOVAÇÃO

A cada 4 anos, sendo que

cada Deputado cumpre

mandato de 4 anos

A cada 4 anos, por 1 e 2/3,

sendo que cada Senador

cumpre o mandato de 8 anos

IDADE MÍNIMA (CONDIÇÃO

DE ELEGIBILIDADE)

21 anos

35 anos

Imunidades parlamentares

Tais imunidades podem ser identificadas como prerrogativas daqueles que exercem a

função parlamentar e possuem como objetivo permitir um desempenho livre e independente

do mandato.

A doutrina costuma classificar as imunidades em: a) material (real, substantiva, também

chamada de inviolabilidade parlamentar); b) processual (formal ou adjetiva, que pode ser

tanto em ralação à prisão, quanto em relação ao processo). Ao lado dessas imunidades alguns

doutrinadores ainda inserem o estudo do foro privilegiado ou por prerrogativa de função.

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Imunidade material ou inviolabilidade parlamentar

A Constituição Federal, no caput do art. 53, consagra essa primeira espécie de imunidade.

Segundo esse dispositivo, os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por

quiser de suas opiniões palavras e votos. É a consagração da imunidade material ou

inviolabilidade parlamentar.

Complementando o texto constitucional, doutrina e jurisprudência entendem que essas

imunidades só valem quando o parlamentar estiver no exercício das suas funções, ou

desempenhando alguma atividade que guarde relação com o mandato, não sendo necessário

que ele esteja dentro do recinto do Congresso Nacional.

Trata-se, efetivamente, de uma cláusula de irresponsabilidade geral que assegura ao

parlamentar o direito de não ser condenado civil e penalmente (também disciplinar e

politicamente) por suas opiniões palavras e votos proferidos em razão do exercício do

mandato ou do desempenho da função parlamentar.

Imunidade formal ou processual

Conforme já sinalizado, a imunidade processual relaciona-se tanto com a prisão de

parlamentares, quanto com o processamento deles. Aqui serão analisadas as duas situações

de modo separado.

a) Prisão

A imunidade formal ou processual para a prisão está prevista na Carta Magna no art. 53, §

3º. A partir deste enunciado, fica estabelecido que desde a expedição do diploma, os

membros do Congresso Nacional (Deputados Federais e Senadores da República) não poderão

ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável.

Ainda assim, neste caso, o texto determina que os autos sejam remetidos dentro de 24

horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros (maioria absoluta,

segundo o STF), resolva sobre a prisão.

É importante perceber que a aquisição desta imunidade se dá com a diplomação, e não

com a posse (momento posterior) como costumam colocar as bancas examinadoras com o

objetivo de induzir o candidato ao erro.

Nesse sentido, é possível concluir que para a manutenção da prisão em flagrante delito de

crime inafiançável, a aprovação pela casa, mediante voto aberto, se apresenta como uma

condição indispensável.

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b) Processo

Alterando panorama anterior, a Emenda Constitucional n. 35/2001 passou a dispensar

licença prévia da Casa respectiva para que os parlamentares pudessem ser processados.

Dessa forma, com a nova previsão, no caso de oferecimento de denúncia contra

parlamentar, poderá o Supremo Tribunal Federal recebê-la, não mais havendo que se falar em

prévia licença da Casa a que pertence o Deputado ou Senador.

Assim, conforme a previsão do art. 53, § 3º, da CF, recebida a denúncia contra Senador ou

Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à

casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria

de seus membros (maioria absoluta, quórum qualificado), poderá, até a decisão final, sustar o

andamento da ação.

Novamente percebe-se que o momento a partir do qual o parlamentar passa a gozar da

imunidade é a diplomação, e não a posse. Além disso, a partir do atual regramento, a

prerrogativa apenas está relacionada com os crimes praticados após a diplomação, não antes.

Com o § 4º desse mesmo dispositivo, a Constituição enuncia que o pedido de sustação

será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de 45 dias do seu recebimento

pela mesa diretora.

Já nos termos do § 5º, tem-se que a sustação do processo suspende a prescrição

enquanto durar o mandato.

Foro privilegiado

Voltando ao § 1º do mesmo art. 53 da Carta de Outubro, o constituinte consagrou que os

Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento

perante o Supremo Tribunal Federal.

Assim, conclui a doutrina que independentemente do tipo de crime que tenha sido

praticado, a competência para o processamento desses parlamentares é do Pretório Excelso,

confirmando, assim, o foro por prerrogativa de função.

Lembrando que, segundo a jurisprudência do STF confirmada em sede de ação direta de

inconstitucionalidade (ADIN), caso o mandato termine antes do fim do processo, não ocorrerá

o fenômeno da perpetuatio jurisdictionis (perpetuação da jurisdição), não competindo mais à

Suprema Corte dar sequência ao processo e julgamento.

Já na hipótese de crime praticado por alguém que não era parlamentar e, no curso do

processo, se elege Deputado Federal ou Senador da República, a orientação é que o processo

seja imediatamente remetido ao STF para que este, estando presentes os requisitos, dê

andamento à ação.

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Porém, neste caso, por se tratar de um crime praticado antes da diplomação, muito

embora o processo seja remetido para o Supremo, este não terá que dar ciência à casa

respectiva que, por sua vez, também não poderá interferir na ação. Não há que se falar aqui,

portanto, na existência de imunidade processual.

Ainda, em se tratando de infração cometida após o encerramento do mandato não incide

o foro privilegiado. Este entendimento, inclusive, está cristalizado na súmula 451 do STF,

prevendo que a competência especial por prerrogativa de função não se estende ao crime

cometido após a cessação definitiva do exercício funcional.

Questão interessante diz respeito à possibilidade de renúncia das imunidades. O

entendimento que prevalece (e que, portanto, deve ser seguido em prova) é que as tais

prerrogativas parlamentares não podem ser objeto de renúncia, já que dizem respeito ao

cargo, e não à pessoa que o ocupa.

Além disso, como tais privilégios estão relacionados ao efetivo desempenho das

atividades inerentes à função parlamentar, tais prerrogativas não são estendidas aos

suplentes, que também não poderão se beneficiar do foro por prerrogativa de função.

Imunidade parlamentar estadual e municipal

No âmbito dos Estados-membros, o art. 27, § 1º, da CF/88, consagra que se aplicam aos

Deputados Estaduais as mesmas regras previstas na Constituição sobre sistema eleitoral,

inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e

incorporação às Forças Armadas.

A partir deste enunciado atenta-se apenas para a necessidade de adaptação de tais regras

à esfera estadual, em sintonia com o princípio da simetria ou paralelismo das formas. Assim,

onde se lê Câmara dos Deputados e Senado Federal, leia-se Assembleia Legislativa. E onde há

referência ao Supremo Tribunal Federal, leia-se Tribunal de Justiça.

Finalmente, no âmbito municipal, o Texto Maior no art. 29, VIII, prevê a imunidade dos

Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do

Município.

Assim, conclui-se que os Vereadores, no exercício de suas funções, apenas gozam da

imunidade material, e na circunscrição do respectivo Município.

Fechando, portanto, a abordagem referente às imunidades dos Deputados e Senadores,

vale salientar que estas prerrogativas subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser

suspensas mediante o voto de 2/3 dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos

praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da

medida.

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As Comissões Parlamentares de Inquérito

De acordo com o artigo 58, § 3º, da CF, as comissões parlamentares de inquérito têm

poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos

regimentos internos das respectivas Casas Legislativas.

Concluída a investigação, sendo o caso, as conclusões serão encaminhadas ao Ministério

Público para que se promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.

De um modo geral, a composição de uma CPI deve traduzir a representação proporcional

dos partidos políticos que participam da respectiva Casa.

A criação de uma comissão parlamentar de inquérito depende do atendimento de três

requisitos constitucionais, quais sejam: a) requerimento de um terço dos membros da Casa

Legislativa; b) apuração de fato determinado; c) fixação de prazo certo para a conclusão dos

trabalhos.

No que tange ao requerimento, a CPI poderá ser criada pela Câmara dos Deputados e

pelo Senado Federal, de modo conjunto (comissão parlamentar mista de inquérito – CPMI) ou

separadamente (comissão exclusiva).

Exige-se, portanto, requerimento de um terço dos membros da Câmara Federal, sendo a

comissão criada pelos Deputados, ou de um terço dos membros do Senado, na hipótese da

comissão ser criada pelos Senadores da República (comissões exclusivas).

Já no caso de criação da comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI), exige-se o

requerimento de um terço dos membros de ambas as Casas Legislativas.

Conforme mencionado, às CPIs são conferidos poderes de investigação próprios das

autoridades judiciais. Tais poderes, naturalmente, não são ilimitados, devendo sempre

observar os direitos e garantias fundamentais, tais como o privilégio da não autoincriminação

(CF, art. 5º, LXIII), bem como o segredo de ofício e o sigilo profissional (CF, art. 5º, XIV).

A doutrina afirma que a CPI possui poderes instrutórios e investigatórios, mas não possui

poder geral de cautela.

Como desdobramento do poder de investigação conferido pela CF às CPIs, podem elas

determinar:

A quebra de sigilo bancário, fiscal e de dados (destaque-se o sigilo de dados

telefônicos)

A busca e apreensão de documentos

A condução coercitiva para depoimento

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A realização de exames periciais

De outro modo, por não poderem praticar atos de jurisdição exclusivos do Poder

Judiciário, não podem as CPIs:

Realizar diligência de busca domiciliar

Quebrar o sigilo das comunicações telefônicas (interceptação telefônica)

Dar ordem de prisão, salvo no caso de flagrante delito (crime de falso

testemunho, por exemplo)

Praticar atos de jurisdição cautelar (arresto, sequestro, hipoteca judiciária,

indisponibilidade dos bens, proibição de ausentar-se do país)

Reitere-se, por fim, que as comissões parlamentares de inquérito não são órgãos de

acusação ou julgamento, mas apenas de investigação. Justamente por isso, podem, sim, sofrer

controle pelo Poder Judiciário.

DO PODER EXECUTIVO

Sistemas de governo

Segundo a doutrina de Pedro Lenza, sistemas de governo são fórmulas concebidas para se

aferir o grau de dependência nas relações travadas entre o Poder Executivo e o Poder

Legislativo. Tais sistemas podem ser: parlamentarismo ou presidencialismo.

Num regime de total independência encontra-se o presidencialismo, enquanto que num

regime de relativa dependência, situa-se o parlamentarismo. Essa conclusão pode ser

encontrada a partir da análise da forma como as atividades de chefia de Estado e chefia de

Governo são distribuídas em cada um dos sistemas.

No sistema presidencialista, tanto as funções de chefe de Estado, quanto as atribuições

de chefe de Governo são atribuídas à mesma pessoa, qual seja: o Presidente da República.

Neste caso, ao parlamento, tipicamente, só cabe legislar, não participando da direção da vida

política nacional nem da implementação das políticas públicas constitucionalmente previstas.

Já no sistema parlamentarista, por sua vez, as funções de chefe de Governo são

atribuídas ao Primeiro-Ministro, que chefia o Gabinete, enquanto que as funções de chefe de

Estado podem se concentrar tanto nas mãos do Presidente da República (caso se esteja diante

de uma República parlamentarista), quanto nas mãos do Monarca (em sendo o caso de uma

Monarquia parlamentarista).

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Como principais características de cada um dos sistemas, é possível encontrar:

Presidencialismo: idealizado nos Estados Unidos da América, trazendo a eleição

do Presidente da República pelo povo, para exercer mandato com prazo

determinado, e com alto grau de liberdade para escolher e exonerar os seus

auxiliares imediatos, quais sejam, os Ministros.

Parlamentarismo: de influência inglesa, traz um Primeiro-Ministro como chefe de

Governo, indicado pelo chefe de Estado, dependendo de aprovação do

parlamento, exercendo um mandato com prazo não determinado. Como não

existe um prazo previamente estabelecido, a queda do Primeiro-Ministro poderá

se dá de duas formas: a) por perda da maioria no parlamento pelo seu partido; b)

mediante o voto de desconfiança (quando a sociedade e o chefe de Estado

perdem a confiança no parlamento, este pode declarar extinto os mandatos e

convocar novas eleições).

Por histórica influência norte-americana, o sistema de governo adotado no Brasil (e

vivenciado durante quase toda a República) é o presidencialista. Não foi durante todo o

período republicano porque durante a vigência da Constituição Federal de 1946 a Emenda

Constitucional n. 4/61 instituiu o parlamentarismo na realidade política brasileira, porém,

pouco tempo depois, a Emenda Constitucional n. 6/63 restabeleceu o sistema presidencialista.

Vale registrar que este sistema, inclusive, foi confirmado na vigência da Constituição de

1988 a partir de uma consulta plebiscitária autorizada pelo art. 2º do ADCT.

Esse dispositivo previu que no dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado iria definir, através

de plebiscito, a forma (república ou monarquia constitucional) e o sistema de governo

(parlamentarismo ou presidencialismo) que devem vigorar no país. Como resultado, venceu a

forma republicana e o sistema presidencialista de governo.

Nesse sentido, o art. 76 da Constituição brasileira de 1988 consagra que o Poder

Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado. Ou

seja, aí está a consagração da forma de Executivo monocrático, é dizer, aquele que concentra

nas mãos do Presidente tanto as funções de chefe de Estado, quanto as de chefe de Governo.

Atribuições do Presidente da República

As atribuições do Presidente da República foram previstas na Constituição de 1988 no art.

84. Neste dispositivo, portanto, é possível encontrar não só as competências caracterizadoras

da chefia de Estado (marcadas pela representação internacional do Brasil), como também da

chefia de Governo (relacionadas à condição da vida política nacional no âmbito interno).

De logo, insta salientar que tais atribuições não encerram um rol taxativo, vale dizer,

numerus clausus. Ao contrário, a previsão específica dessas competências não exclui outras

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que decorrem do próprio texto constitucional. O rol, portanto, é meramente exemplificativo,

é dizer, numerus apertus.

Outro não é o entendimento que pode ser extraído do inciso XXVII desse mesmo artigo.

Segundo esse dispositivo, também compete ao Presidente do Brasil exercer outras atribuições

previstas na Constituição.

De fato, não seria razoável imaginar que todas as atribuições possíveis e imagináveis de

um Presidente da República viessem taxativamente previstas em um texto contendo vinte e

sete incisos.

Outro ponto digno de nota diz respeito à possibilidade de tais competências serem

delegadas. Quem responde é o próprio art. 84 da CF, em seu parágrafo único.

Com essa previsão, tem-se que o Presidente da República poderá delegar as atribuições

previstas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-

Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que deverão observar os limites traçados

nas respectivas delegações.

Dada a especificidade, é indispensável que o candidato chegue à prova dominando,

especialmente, essas três atribuições passíveis de delegação. São elas:

VI – dispor mediante decreto sobre:

a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar

aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;

XII – conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos

instituídos em lei.

XXV – prover os cargos públicos federais na forma de lei.

Observe que no inciso XXV não é passível de delegação a competência para a extinção dos

cargos públicos federais, mas só para provimento. Tudo isso porque o parágrafo único do

artigo só se refere à primeira parte do dispositivo, e não à sua integralidade.

Ressalte-se, ainda, que essa extinção de cargos públicos federais, que não é passível de

delegação, não se confunde com a extinção de funções ou cargos públicos do inciso VI, alínea

“b”, esta, por sua vez, possível de ser delegada.

Não se trata de paradoxo (contradição), é que a partir da leitura deste último dispositivo,

o que se percebe é que só é possível a delegação da extinção de cargos públicos quando eles

estiverem vagos, ressalva esta, como se percebe, que não foi feita no inciso XXV.

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Responsabilidade do Presidente da República

A partir de agora será analisada a responsabilização do Presidente da República quando

da prática de crimes de responsabilidade e de crimes comuns.

Crimes de responsabilidade

Crimes de responsabilidade são infrações de natureza política e administrativa que dão

ensejo ao processo de impeachment.

Essas infrações podem ou não constituir tipos penais. Quando constituem, são chamadas

de crimes de responsabilidade próprios (contando, inclusive, com previsão no Código Penal e

na legislação especial).

Do contrário, ficando apenas na esfera extrapenal, são chamados de crimes de

responsabilidade impróprios. Esses últimos, sim, objeto de presente estudo.

Na Constituição Federal de 1988 tais infrações políticas estão disciplinadas no art. 85.

Com esse dispositivo, são crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que

atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:

I – a existência da União;

II – o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos

Poderes constitucionais das unidades da Federação;

III – o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;

IV – a segurança interna do País;

V – a probidade na administração;

VI – a lei orçamentária;

VII – o cumprimento das leis e das decisões judiciais.

Com o parágrafo único tem-se que esses crimes serão definidos em lei especial, que

estabelecerá as normas de processo e julgamento. Trata-se da Lei n. 1.079/50, que foi alterada

pela Lei n. 10.028/2000, ampliando o rol das infrações político-administrativas, com ênfase em

relação aos crimes contra a lei orçamentária.

Adentrando, agora, na seara do procedimento, de saída vale advertir que o mesmo é

bifásico, ou seja, composto por duas fases: uma inicial e outra final.

a) Fase inicial

A fase inicial se dá mediante o oferecimento de uma acusação, por qualquer cidadão no

pleno gozo dos seus direitos políticos, no âmbito da Câmara dos Deputados, contra o

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Presidente da República, pela prática de uma das infrações político-administrativas arroladas

como ensejadoras de crime de responsabilidade.

É a Câmara dos Deputados, portanto, que exercerá esse juízo de admissibilidade,

funcionando como se fosse um tribunal de pronúncia, declarando ser a acuação procedente

ou não.

Caso a Câmara entenda que a acusação preenche os requisitos de procedibilidade, o que

dependerá da maioria qualificada de 2/3 dos seus membros, admitida estará a instauração do

processo no âmbito do Senado Federal, dando início à segunda fase.

b) Fase final

Como visto, a fase final ocorre no âmbito do Senado Federal, que deverá instaurar o

processo caso seja admitida a acusação por 2/3 dos membros da Câmara dos Deputados,

exercendo um juízo de processamento, atuando como tribunal de julgamento.

Essa sessão no âmbito do Senado será presidida pelo Presidente do Supremo Tribunal

Federal, consoante disposição do art. 52, parágrafo único, da CF/88. Exercendo o julgamento,

os Senadores da República poderão absolver o acusado ou condená-lo pela prática de crime de

responsabilidade.

Lembrando que, assim como na aceitação da acusação pela Câmara dos Deputados, o

quórum para a condenação, que terá a forma de resolução do Congresso Nacional, também é

de 2/3 dos membros.

Ainda à luz do art. 52, parágrafo único, da CF, a condenação limitar-se-á à perda do cargo,

com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais

sanções judiciais cabíveis.

Sintetizando:

Condenação – resolução do Senado Federal

Quórum – 2/3

Sanção – perda do cargo e inabilitação para a função pública por 8 anos, sem prejuízo

das demais sanções judiciais cabíveis.

Também não se deve perder de vista a regra segundo a qual após a instauração do

processo pelo Senado nos crimes de responsabilidade, o Presidente ficará suspenso de suas

funções pelo prazo de 180 dias (CF, art. 86, § 1º, II).

Se o julgamento não estiver concluído no referido prazo, cessará o afastamento do

Presidente, sem prejuízo do regular seguimento do processo (CF, 86, § 2º).

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Crimes comuns

O procedimento de responsabilização do Presidente da República por crime comum

também é bifásico.

a) Fase inicial

A fase inicial também acontece no âmbito da Câmara dos Deputados, que exercendo um

juízo de admissibilidade, atuando tal qual um tribunal de pronúncia, pode aceitar ou não a

acusação contra o Presidente da República, também pelo quórum de 2/3 dos seus membros.

Essa acusação terá a forma de denúncia, em se tratando de crime de ação penal pública,

ofertada pelo Procurador-Geral da República, ou poderá assumir a forma de queixa-crime, em

se tratando de crime de ação penal privada, a se oferecida pelo próprio ofendido.

b) Fase final

Recebida a denúncia ou queixa-crime pelo pela Câmara dos Deputados, passa-se à

próxima fase marcada pela instauração do processo no âmbito do Supremo Tribunal Federal

(órgão competente para o julgamento do Presidente da República em decorrência da prática

de crime comum).

Essa competência originária do STF para julgamento do Presidente da República abrange

todas as modalidades de ilícitos penais, alcançando também os crimes eleitorais, os crimes

dolosos contra a vida e, inclusive, as contravenções penais.

Vale ressaltar que, em nome do princípio da separação dos Poderes, o Pretório Excelso

não está obrigado a receber a denúncia ou queixa-crime, ainda que tenha havido autorização

por parte da Câmara dos Deputados, ao contrário do que ocorre nos crimes de

responsabilidade.

O STF, portanto, exercerá o juízo de processamento, funcionando, normalmente, como

um tribunal de julgamento, e poderá absolver ou condenar o Presidente prática do crime

comum.

Caso a Corte Suprema entenda que ele seja culpado e julgue procedente o pedido, a

condenação aqui será aquela prevista no próprio tipo penal, ocorrendo a perda do cargo

apenas de modo indireto como uma consequência da suspensão dos direitos políticos

operada por força do art. 15, III, da CF/88.

Vale lembrar que do mesmo modo como ocorre nos crimes de responsabilidade, recebida

a denúncia ou queixa-crime, o Presidente da República ficará suspenso das suas funções pelo

prazo de 180 dias (CF, art. 86, § 1º, I).

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Novamente aqui, findo esse prazo sem que tenha havido julgamento, cessará o

afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo (CF, art. 86,

§ 2º).

Ainda nos termos do art. 86, § 3º, enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas

infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito à prisão.

Imunidade presidencial (irresponsabilidade penal relativa)

A Constituição Federal consagra, em seu art. 86, § 4º, a chamada imunidade presidencial

ou cláusula de irresponsabilidade penal relativa. Segundo esse dispositivo, durante a vigência

do seu mandato, o Presidente da República não poderá ser responsabilizado por atos

estranhos ao exercício de suas funções.

A partir da consagração desta imunidade, fica estabelecido que o Presidente, enquanto

durar o seu mandato, apenas poderá ser responsabilizado pela prática de atos que guardem

relação com o exercício das suas funções (in officio ou propter officium).

Noutras palavras, caso ele tenha praticado uma infração criminal (ilícito penal), antes de

assumir o cargo de Presidente, ou depois dessa assunção, porém sem nenhuma relação

funcional, gozará da cláusula de irresponsabilidade penal relativa.

Ou seja, enquanto estiver no cargo, não poderá ser responsabilizado, entretanto, por

óbvio, durante este período, suspenso estará o prazo de prescrição do delito enquanto durar o

mandato. Neste caso, só haverá que se falar em persecutio criminis depois do término do

mandato, perante o órgão da justiça comum competente.

Vale lembrar que essa imunidade se restringe apenas aos tipos penais (não abrangendo

as infrações de natureza civil, política, administrativa e fiscal) que tenham sido praticados

antes do exercício do mandato, ou durante, porém sem qualquer relação funcional.

Se praticados no exercício do mandato e guardando relação com as funções de

Presidente da República, naturalmente será possível a instauração da persecução criminal.

DO PODER JUDICIÁRIO

Organograma do Poder Judiciário

Já se disse que o Poder, assim como o Direito, é uno é indivisível, ou seja, indecomponível.

Admite-se, porém, um abrandamento dessa ideia com a divisão do Direito em ramos (ou

províncias jurídicas). Lembrando que essa distribuição possui fins eminentemente didáticos, é

dizer, por questão de mera conveniência acadêmica.

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Do mesmo modo, estudando o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, o que se percebe,

em verdade, é uma separação das funções estatais. Funções essas que, conforme aqui já

sinalizado, podem ser divididas em funções típicas e funções atípicas.

Com o estudo do organograma ou estrutura do Poder Judiciário não é diferente.

Apresentado sempre a mesma finalidade, o Poder Judiciário também é uno e indivisível. Mais

ainda, é correto afirmar que não é ele, propriamente, nem federal e nem estadual, mas sim

um Poder nacional.

É um só Poder que possui uma atuação distribuída por diversos órgãos, mais

especificamente em duas esferas (aqui sim, federal e estadual), a partir de uma distribuição de

competências.

Na trilha desse raciocínio, a Constituição da República elencou, no art. 92, os órgãos do

Poder Judiciário. São eles:

I – o Supremo Tribunal Federal;

I-A – o Conselho Nacional de Justiça;

II – o Superior Tribunal de Justiça;

III – os Tribunais Regionais Federais e os Juízes Federais;

IV – os Tribunais e Juízes do Trabalho;

V – os Tribunais e Juízes Eleitorais;

VI – os Tribunais e Juízes Militares;

VII – os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.

Vale ressaltar que o Conselho Nacional de Justiça, embora seja órgão do Poder Judiciário,

por ter natureza administrativa não compõe a estrutura dos órgãos jurisdicionais.

Assim, é possível sintetizar esses órgãos da seguinte forma:

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ORGANOGRAMA DO PODER JUDICIÁRIO

(órgãos jurisdicionais)

Estatuto da Magistratura

Conforme previsão do art. 93, caput, da Constituição Federal, lei complementar, de

iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura. Trata-se da

consagração do princípio de reserva de lei complementar federal.

Vale registrar que até o presente momento essa lei não foi editada. Em face desse silêncio

legislativo, segundo a jurisprudência do próprio Supremo Tribunal Federal, fica valendo como

Estatuto da Magistratura a LC n. 35/79, que foi recepcionada pelo Constituição de 1988.

Garantias do Poder Judiciário

Com a finalidade de assegurar a independência e a imparcialidade do Poder Judiciário, a

Constituição Federal de 1988 conferiu-lhe uma série de garantias preservadoras da sua

autonomia.

Tais garantias podem ser divididas em: garantias institucionais e garantias funcionais.

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Garantias institucionais

Tais garantias têm por finalidade preservar o Poder Judiciário globalmente, como

instituição. Podem ser dividias em:

a) Garantias de autonomia orgânico-administrativa

Estão consagradas nas normas que tratam da estrutura e funcionamento, bem como

naquelas que estabelecem competências para os tribunais, tais como: eleger seus órgãos

diretivos, elaborar o regimento interno, organizar internamente a estrutura administrativa etc.

(CF, art. 96).

b) Garantias de autonomia financeira

Estas, por sua vez, estão relacionadas à possibilidade de elaboração e execução de suas

propostas orçamentárias, nos termos da Constituição e dentro dos limites estipulados junto

com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias (CF, art. 99).

Garantias funcionais

Já as garantias funcionais (também chamadas garantias de órgãos) têm por objetivo

assegurar aos membros do Poder Judiciário o livre desempenho de suas funções. Também

podem ser divididas em:

a) Garantias de independência

Vitaliciedade (art. 95, I)

No primeiro grau de jurisdição, só será adquirida após dois anos de exercício,

dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver

vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado.

Vale lembrar que os demais servidores públicos não gozam de vitaliciedade, mas sim de

estabilidade, afinal, a perda do cargo poderá se dá por decisão judicial, processo

administrativo assegurado o contraditório e a ampla defesa, e procedimento de avaliação

periódica de desempenho.

Advirta-se, ainda, que, no âmbito dos tribunais, a garantia da vitaliciedade é adquirida no

exato momento da posse, independentemente da forma de acesso.

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Inamovibilidade (art. 95, II)

É a garantia que assegura ao magistrado a impossibilidade de remoção, no âmbito da

estrutura judiciária, sem o seu consentimento.

Ocorre que o próprio dispositivo que consagra a inamovibilidade também traz uma

ressalva, prevista nos termos do art. 93, VIII. Com ele, tem-se que o ato de remoção,

disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse público, fundar-se-á em decisão

por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça,

assegurada ampla defesa.

Irredutibilidade de subsídios (art. 95, III)

Com o objetivo de assegurar maior liberdade no desempenho das funções, a Carta Magna

garante que o subsídio dos magistrados não poderá ser reduzido.

Vale ressaltar que essa garantia não é exclusiva dos magistrados, sendo hoje estendida

também para todos os servidores públicos civis e militares.

b) Garantias de imparcialidade

Já no parágrafo único do art. 95, o legislador constituinte consagrou algumas vedações

com o intuito de preservar a imparcialidade dos membros do Poder Judiciário.

Ei-las:

exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de

magistério;

receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participações em processo;

dedicar-se à atividade político-partidária;

receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas,

entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei (EC n.

45/2004);

exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorrido três

anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou remuneração (é a chamada

quarentena de saída – EC n. 45/2004).

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Quinto Constitucional

Segundo o art. 94 do Texto Maior, 1/5 (um quinto) dos lugares dos Tribunais Regionais

Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de

membros do Ministério Público, com mais de 10 anos de carreira, e de advogados de notório

saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional,

indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes.

O parágrafo único, por sua vez, conclui o raciocínio afirmando que recebidas as

indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias

subsequentes, escolherá um de seus integrantes para a nomeação.

Vale ressaltar que embora a previsão do texto constitucional no art. 94 só tenha se

referido expressamente aos Tribunais Regionais Federais, aos Tribunais dos Estados, e do

Distrito Federal e Territórios, a Emenda Constitucional n. 45/2004 passou a estender a

obrigatoriedade de observância da regra do quinto constitucional também para o Tribunal

Superior do Trabalho e para os Tribunais Regionais do Trabalho (arts. 111-A, I e 115, I, da CF,

respectivamente).

Lembrando, ainda, que nos termos do art. 104, parágrafo único, da CF, um terço da

composição do Superior Tribunal de Justiça deve ser distribuído, em partes iguais, dentre

advogados e membros do Ministério Público.

Súmulas Vinculantes

À luz do art. 103-A da CF/88, inserido através da Emenda Constitucional n. 45/2004, o

Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de 2/3 de

seus membros, após reiteradas decisões sobre a matéria constitucional, aprovar súmula que,

a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais

órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal,

estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma

estabelecida em lei.

A Lei n. 11.417/2006 disciplinou o procedimento para a edição, a revisão e o

cancelamento de enunciado de súmulas vinculantes, trazendo os seguintes requisitos:

Existência de reiteradas decisões sobre matéria constitucional.

Que estas decisões tenham por objeto a validade, a interpretação e a eficácia de

normas determinadas.

Que haja, entre órgãos judiciários ou entre estes e a administração pública,

controvérsia atual que acarrete grave insegurança jurídica e relevante

multiplicação de processos sobre idêntica questão.

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Que a decisão sobre a edição, a revisão e o cancelamento seja tomada por 2/3

dos membros do STF, em sessão plenária.

Oitiva (ouvida) prévia do PGR, quando a proposta não tiver sido formulada por

ele.

Segundo a Constituição Federal, a súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a

eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos

judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e

relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.

Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, fica estabelecido que a aprovação,

revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a

ação direta de inconstitucionalidade (CF, art. 103).

Vale ressaltar que o art. 3º a Lei n. 11.417/06 ampliou este rol, incluindo como

legitimados o Defensor Público-Geral da União, os Tribunais Superiores, os TJs de Estado ou do

Distrito Federal e Territórios, os TRFs, os TRTs, os TREs e os Tribunais Militares. É dizer, todos

os tribunais jurisdicionais.

Município só poderá fazer proposta de edição, revisão ou cancelamento de súmulas de

modo incidental, ou seja, no processo em curso do qual ele faça parte (art. 3º, § 1º, da Lei n.

11.417/06).

Por último, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal do ato administrativo ou

decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar. Julgando

procedente a reclamação, o STF anulará o ato administrativo ou a cassará a decisão judicial

reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula,

conforme o caso.

Do Conselho Nacional de Justiça

O Conselho Nacional de Justiça, criado pela EC n. 45/2004, é um órgão integrante do

Poder Judiciário que tem sede em Brasília e atuação em todo o território nacional.

Trata-se, conforme já mencionado, de um órgão cujas atribuições são exclusivamente

administrativas (não jurisdicionais), e justamente por isso ele não aparece no quadro sinótico

que estampa o organograma da estrutura do Poder Judiciário.

Além disso, não se deve perder de vista que o Conselho Nacional de Justiça se localiza em

posição inferior ao Supremo Tribunal Federal, estando submetido ao seu controle. Nesse

sentido, sua atividade de fiscalização é dirigida apenas e tão-somente aos juízes e tribunais

situados abaixo do Pretório Excelso na estrutura hierárquica.

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Assim, consolida-se o CNJ como um órgão colegiado, que integra o Poder Judiciário

brasileiro, composto por membros da magistratura, da sociedade e por representantes do

Ministério Público, cuja função primordial é o exercício do controle sobre a atuação

administrativa, financeira, e sobre os deveres funcionais dos magistrados.

Já com o caput desse dispositivo, o Conselho Nacional de Justiça compõe-se 15 membros

com mandato de 2 anos, admitida uma recondução.

Desses 15 membros, 9 são do Poder Judiciário, 2 são do Ministério Público, 2 são da

advocacia e 2 são da sociedade.

Os 9 membros do Poder Judiciário são:

1) o Presidente do Supremo Tribunal Federal.

2) 1 Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo próprio STJ.

3) 1 Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo próprio TST.

4) 1 desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo Tribunal Federal.

5) 1 juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal.

6) 1 juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça.

7) 1 juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça.

8) 1 juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho.

9) 1 juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho.

Os 2 membros do Ministério Público são:

1) 1 membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-Geral da

República.

2) 1 membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo Procurador-Geral da

República dentre os nomes indicados pelo órgão competente de cada instituição

estadual.

Os 2 advogados são indicados pelo Conselho Federal da Ordem os Advogados do Brasil.

Por último, os 2 cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada são indicados um

pela Câmara dos Deputado e outro pelo Senado Federal.

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Lembrando que não efetuadas as referidas indicações no prazo legal, a escolha caberá ao

Supremo Tribunal Federal.

O Conselho será presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal e, nas ausências

e impedimentos, pelo Vice-Presidente da Suprema Corte (CF, art. 103-B, § 1º, com redação

dada pela EC n. 61/2009).

Todos os demais membros (o Presidente do Supremo Tribunal Federal, por já integrar o

Conselho automaticamente, não se submete a essa regra) devem ser nomeados pelo

Presidente da República, depois de aprovadas as indicações dos seus nomes pela maioria

absoluta do Senado.

O Ministro do STJ, por sua vez, exercerá a função de Ministro-Corregedor e ficará

excluído da distribuição de processo no Tribunal, competindo-lhe, além das atribuições que lhe

foram conferidas pelo Estatuto da Magistratura, as seguintes:

I – receber as reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos

magistrados e aos serviços judiciários;

II – exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e de correição geral; e

III – requisitar e designar magistrados, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores

de juízos ou tribunais, inclusive nos Estados, Distrito Federal e Territórios.

Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral da República e o Presidente do Conselho

Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.

Fica estabelecido ainda que a União, inclusive no Distrito Federal e nos Territórios, criará

ouvidorias de justiça, competentes para receber reclamações e denúncias de qualquer

interessado contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, ou contra seus serviços auxiliares,

representando diretamente ao Conselho Nacional de Justiça.

A competência atribuída pela Constituição Federal ao CNJ está relacionada, basicamente,

com o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento

dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que forem

conferidas pelo Estatuto da Magistratura, o seguinte:

I – zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da

Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou

recomendar providências;

II – zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a

legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário,

podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências

necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas

da União;

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III – receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário,

inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e

de registro que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da

competência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares

em curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou

proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas,

assegurada a ampla defesa;

IV – representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração pública

ou de abuso de autoridade;

V – rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e

membros de tribunais julgados a menos de um ano;

VI – elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processo e sentenças prolatadas,

por unidade da Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário;

VII – elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a

situação do Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar

mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional,

por ocasião da abertura da sessão legislativa.

Finalmente, cabe registrar que muito embora o Conselho Nacional de Justiça não possa

determinar a perda de cargo de juízes, por outro lado poderá determinar a remoção,

aposentadoria compulsória (com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço)

ou a punição administrativa de magistrados.

Caso entenda oportuno, poderá, ainda, recomendar a perda de cargo de juiz ao tribunal

competente, o que somente poderá ocorrer por meio de sentença judicial transitada em

julgado.

Concluído, portanto, o estudo acerca do Conselho Nacional de Justiça, passa-se agora

para a análise das características gerais dos órgãos do Poder Judiciário, seguindo a estrutura

didática apresentada por Pedro Lenza.

Vale registrar que em face da extensão das listas de competências, aqui serão apontados

apenas os artigos da Constituição correspondentes, devendo o candidato, para as provas,

realizar uma leitura cuidadosa dos dispositivos mencionados.

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Do Supremo Tribunal Federal

Composição: 11 Ministros.

Investidura: os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo

Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do

Senado Federal. É com a nomeação que se considera o Ministro vitaliciado.

Requisitos para ocupação do cargo de Ministro do STF: a) ser brasileiro nato (CF,

art. 12, § 3º, IV); b) ser cidadão, portanto, no pleno gozo dos seus direitos

políticos; c) ter mais de 35 e menos de 65 anos de idade; d) ter notável saber

jurídico e reputação ilibada (art. 101).

Como visto, a Constituição elenca como um os requisitos o notável saber jurídico. Ocorre

que, a despeito da ausência de previsão expressa, a doutrina sinaliza que o ocupante do cargo

de Ministro do STF tem de ser, necessariamente, um jurista. Ou seja, entende-se plausível a

exigência da conclusão de curso superior em direito.

Competências: a) originária (art. 102, I, “a” a “r”); b) recursal ordinária (art. 102,

II); e c) recursal extraordinária (art. 102, III).

Do Superior Tribunal de Justiça

Composição: no mínimo, 33 Ministros (art. 104).

Investidura: os Ministros do Superior Tribunal de Justiça serão nomeados pelo

Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do

Senado Federal (EC n. 45/2004).

Requisitos para ocupação do cargo de Ministro do STJ: a) ser brasileiro nato ou

naturalizado; b) ter mais de 35 e menos de 65 anos de idade; c) ter notável saber

jurídico e reputação ilibada (art. 104).

Composição dos Ministros: 1/3 de juízes dos Tribunais Regionais Federais; 1/3 de

desembargadores dos Tribunais de Justiça; 1/6 de advogados e 1/6 de membros

do Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito Federal e Territórios,

alternadamente, indicados na forma do art. 94.

Procedimento: no caso dos juízes dos Tribunais Regionais Federais e dos

desembargadores dos Tribunais de Justiça, o STJ elaborará lista tríplice, enviando-

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a ao Presidente da República, que indicará um nome e o nomeará após aprovação

do Senado Federal. Já no caso dos advogados e membros do Ministério Público, a

indicação seguirá o procedimento do quinto constitucional previsto no art. 94 da

CF.

Competências: a) originária (art. 105, I, “a” a “i”); b) recursal ordinária (art. 105,

II); e c) recursal especial (art. 105, III).

Da Justiça Federal

No primeiro grau de jurisdição, a Justiça Federal é composta pelos Juízes Federais. No

segundo grau, pelos Tribunais Regionais Federais.

Composição dos Tribunais Regionais Federais: no mínimo, 7 Juízes, recrutados,

quando possível, na respectiva região e nomeados pelo Presidente da República,

observando-se a regra do quinto constitucional (CF, art. 94).

Requisitos para o cargo: a) ser brasileiro nato ou naturalizado; b) ter mais de 30 e

menos de 65 anos de idade.

Competência: Art. 108 (competência dos Tribunais Regionais Federais) e art. 109

(competência dos juízes federais) da CF.

Por se tratar de inovação trazida pela Emenda Constitucional n. 45/2004, vale mencionar,

de modo enfático, o § 5º do art. 109 da CF. Com esse dispositivo, na hipótese de grave violação

de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o

cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos

quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer

fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça

Federal.

Da Justiça do Trabalho

A Justiça do Trabalho é composta pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), pelos

Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) e pelos Juízes do Trabalho.

Primeiro serão analisadas as principais características do Tribunal Superior do Trabalho

(TST).

Composição: 27 Ministros togados e vitalícios, sendo que 1/5 serão escolhidos

dentre advogados com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional e

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membros do Ministério Público do Trabalho com mais de 10 anos de efetivo

exercício, observado o disposto no art. 94; os demais (4/5 do total de 27

Ministros) serão escolhidos dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho,

oriundos da Magistratura de carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior.

Investidura: os Ministros do Tribunal Superior do Trabalho serão nomeados pelo

Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do

Senado Federal (EC n. 45/2004).

Requisitos para o cargo: a) ser brasileiro nato ou naturalizado; b) ter mais de 35 e

menos de 65 anos de idade.

Competência: nos termos do art. 111-A, § 1º, da CF, a lei disporá sobre a

competência do Tribunal Superior do Trabalho.

Passa-se agora à análise das principais características relacionadas aos Tribunais Regionais

do Trabalho (TRTs).

Composição: no mínimo, 7 juízes, recrutados, quando possível, na respectiva

região.

Investidura: os juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho serão nomeados pelo

Presidente da República.

Requisitos para o cargo: a) ser brasileiro nato ou naturalizado; b) ter mais de 30 e

menos de 65 anos de idade, sendo 1/5 dentre advogados com mais de 10 anos de

efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com

mais de 10 anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94; os demais

(4/5 restantes) serão escolhidos mediante promoção de juízes do trabalho por

antiguidade e merecimento, alternadamente.

Competência da Justiça do Trabalho: art. 114 da CF/88, introduzido pela Emenda

Constitucional n. 45/2004.

Da Justiça Eleitoral

A Justiça do Eleitoral é composta pelo Tribunal Superior do Eleitoral (TSE), pelos Tribunais

Regionais Eleitorais (TREs), pelos Juízes Eleitorais e pelas Juntas Eleitorais.

Primeiro serão analisadas as principais características do Tribunal Superior do Eleitoral

(TSE).

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Composição: no mínimo, 7 membros (juízes), sendo que a) 3 juízes serão eleitos

dentre os Ministros do STF, mediante voto secreto, pelos próprios membros da

Suprema Corte; b) 2 juízes serão eleitos dentre os Ministros do STJ, também

mediante voto secreto, pelos próprios Ministros da Corte Superior de Justiça; c) e

os outros 2 juízes serão nomeados pelo Presidente da República (sem sabatina no

Senado), dentre seis advogados (lista sêxtupla) de notável saber jurídico e

idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal.

O Presidente e o Vice-Presidente do TSE serão eleitos pelo próprio Tribunal Superior

Eleitoral, dentre os Ministros do STF.

Já o Corregedor Eleitoral do TSE também será eleito pelo Tribunal Superior Eleitoral,

dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça.

Competência: nos termos do art. 121 da CF, lei complementar disporá sobre a

organização e competência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas

eleitorais.

Passa-se agora à análise das principais características relacionadas aos Tribunais Regionais

Eleitorais (TREs).

Nos termos do art. 120 do Texto Maior, haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital

de cada Estado e no Distrito Federal.

Composição: 7 membros (juízes), sendo: a) eleição, pelo voto secreto, de 2 juízes

dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça; b) eleição, pelo voto secreto,

de 2 juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça; c) 1 juiz

do TRF com sede na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo, de

juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo TRF respectivo; d) 2 juízes, por

nomeação, pelo Presidente da República, dentre 6 advogados de notável saber

jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.

O Presidente e o Vice-Presidente do TRE serão eleitos pelo próprio Tribunal Regional

Eleitoral, dentre os desembargadores.

Por fim, nos termos do art. 32 do Código Eleitoral, os Juízes Eleitorais são os próprios

juízes de direito em efetivo exercício e, na falta destes, os seus substitutos legais, da própria

organização judiciária do Estado ou do DF.

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Da Justiça Militar

A Justiça Militar é composta pelo Superior Tribunal Militar e pelos Tribunais e Juízes

Militares instituídos por lei.

As principais características do STM (órgão de cúpula dessa Justiça) são:

Composição: 15 Ministros vitalícios, sendo: a) 3 dentre oficiais-generais da

Marinha, da ativa e do posto mais elevado da carreira; b) 4 dentre oficiais-

generais do Exército, da ativa e do posto mais elevado da carreira; c) 3 dentre

oficiais-generais da Aeronáutica, da ativa e do posto mais elevado da carreira; d) 5

dentre civis, dos quais 3 serão escolhidos dentre advogados de notório saber

jurídico e conduta ilibada, com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional, 1

dentre juízes auditores e 1 membro do Ministério Público da Justiça Militar.

Investidura: observando a proporção estabelecida acima, o Presidente da

República deverá indicar os 15 Ministros. Essa indicação tem de ser aprovada pela

maioria simples do Senado Federal, onde serão sabatinados. Caso a indicação

seja aprovada, o Presidente da República os nomeará.

Requisitos para o cargo: tais requisitos só foram estabelecidos expressamente na

Constituição Federal para os Ministros Civis, quais sejam: a) ser brasileiro nato ou

naturalizado; b) ter mais de 35 e menos de 65 anos de idade; c) para os Ministros

civis escolhidos dentre os advogados, ter notório saber jurídico e conduta ilibada,

com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional; e d) para os oficiais-

generais a Constituição consagra o requisito de serem brasileiros natos (CF, art.

12, § 3º, VI).

Da Justiça Estadual

Segundo previsão do texto constitucional, no caput do art. 125, aos Estados-membros

cumpre organizar a sua própria Justiça, observados os princípios estabelecidos na própria

Constituição Federal.

A competência dos Tribunais de Justiça deverá ser definida na Constituição do respectivo

Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.

De mais a mais, é sabido que a competência da Justiça dos Estados é residual,

compreendendo tudo o que não for da competência das Justiças especiais ou especializadas,

nem da Justiça Federal.

Ainda nos termos da Carta de Outubro, os Estados deverão instituir o seu sistema de

controle de constitucionalidade das leis e atos normativos estaduais ou municipais,

contestados em face da Constituição Estadual, sendo veda a legitimação para agir a um único

órgão.

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Além disso, lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça

Militar Estadual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de

Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar

nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes.

Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes

militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a

competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a

perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.

Porém, competem aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente,

os crimes militares cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares

militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar e

julgar os demais crimes militares.

Como uma das grandes inovações na Justiça Estadual introduzidas também pela EC n.

45/04, o § 6º do art. 125 autoriza o Tribunal de Justiça funcionar descentralizadamente,

constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça

em todas as fases do processo.

Por fim, para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça proporá a criação de varas

especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias.

DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA

As funções essenciais à justiça são atividades profissionais institucionalizadas pela

Constituição Federal de 1988, e tem como finalidade tornar a prestação jurisdicional mais

célere e efetiva.

Tais atividades são exercidas pelos órgãos do Ministério Público, da Advocacia Pública, da

Defensoria Pública e também pela Advocacia.

Do Ministério Público

Com previsão entre os arts. 127 e 130-A, o Ministério Público é instituição permanente,

essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do

regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.

A despeito da polêmica existente, o Ministério Público não integra nenhum dos poderes

estatais. Trata-se de uma instituição independente e autônoma. Já se disse que o mais

importante não é ser Poder, mas ter poder, e isso o órgão ministerial tem.

Assim, o que merece destaque, em verdade, é o relevo que a instituição possui perante a

sociedade, principalmente a partir da Constituição Federal de 1988, que aumentou

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sobremaneira a sua relevância social, notadamente em relação à tutela dos direitos difusos,

coletivos, individuais homogêneos.

Além disso, ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa,

podendo, observado o disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de

seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou de provas e

títulos, a política remuneratória e os planos de carreira.

Cumpre ao próprio Ministério Público elaborar a sua proposta orçamentária dentro dos

limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.

Consoante previsão constitucional no art. 128, o Ministério Público abrange os seguintes

ramos:

I – o Ministério Público da União, que compreende:

a) o Ministério Público Federal;

b) o Ministério Público do Trabalho;

c) o Ministério Público Militar;

d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.

II – os Ministérios Públicos dos Estados.

O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da República, nomeado

pelo Presidente da República dentre integrantes da carreira, maiores de 35 anos, após a

aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para

mandato de dois anos, permitida a recondução.

A destituição do Procurador-Geral da República, por iniciativa do Presidente da

República, deverá ser precedida de autorização da maioria absoluta do Senado Federal.

No que se refere aos Ministérios Públicos dos Estados e do Distrito Federal e Territórios,

estes deverão formar lista tríplice dentre integrantes da carreira, na forma da lei respectiva,

para a escolha de seu Procurador-Geral, que será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo,

para mandato de dois anos, permitida uma recondução.

Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito Federal e Territórios poderão ser

destituídos por deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei

complementar respectiva.

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Princípios institucionais

À luz do art. 127, § 1º, da CF/88, são princípios institucionais do Ministério Público a

unidade, a indivisibilidade e a independência funcional.

Vale ressaltar que a previsão do art. 128, que consagra a abrangência do Parquet em

diferentes ramos, não desnatura a noção de órgão uno e indivisível.

a) Unidade

Significa que os membros do Ministério Público devem ser considerados como integrantes

de uma só instituição. Vale ressaltar que essa unidade está relacionada apenas ao aspecto

funcional, já que do ponto de vista orgânico há, como visto, uma divisão com repartição de

competências.

Nesse sentido, conclui-se que esta unidade está inserida em cada um dos órgãos

ministeriais, não sendo possível um membro de determinado ramo do Parquet, por exemplo,

exercer atribuições inerentes a outro ramo.

b) Indivisibilidade

De saída, é possível afirmar que o princípio da indivisibilidade é uma decorrência lógica e

natural da própria unidade. À luz deste preceito, fica assegurado que os membros do

Ministério Público, nos processos, podem ser substituídos uns pelos outros. Dessa forma,

considera-se permitida a substituição recíproca entre membros de um mesmo ramo do

Parquet, desde que observado o disposto em lei.

c) Independência funcional

Com este princípio garante-se aos membros do Ministério Público ampla independência

no desempenho de suas funções, não tendo que estar subordinados a nenhuma pressão

externa ou oriunda de algum Poder.

Assim, embora administrativamente se constate a existência de uma chefia, do ponto de

vista funcional pode-se afirmar que não existe subordinação hierárquica entre os membros do

Ministério Público. Garante-se, portanto, a autonomia de convicção, ficando estes membros

submetidos apenas à Constituição, às leis e à sua própria consciência.

Garantias e impedimentos dos membros do Ministério Público

Com a previsão do art. 128, § 5º, I, da CF/88, é possível afirmar que os membros do

Ministério Público gozam das seguintes garantias:

a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por

sentença judicial transitada em julgado;

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b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público mediante decisão do órgão

colegiado competente do Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus

membros, assegurada a ampla defesa (EC n. 45/2004);

c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, § 4º, e ressalvado o disposto

nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153, III, 153, III, 153, § 2º, I.

Já com o inciso II do mesmo dispositivo, os membros do Ministério Público ainda se

submetem às seguintes vedações:

a) receber, a qualquer título ou sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou

custas processuais;

b) exercer a advocacia;

c) participar de sociedade comercial, na forma da lei;

d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de

magistério;

e) exercer atividade político-partidária;

f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas,

entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei (EC n.

45/2004).

Não se deve perder de vista, ainda, que por força do art. 128, § 6º, da CF (EC n. 45/2005),

aplica-se aos membros do Ministério Público a vedação ao exercício da advocacia no juízo ou

tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por

aposentadoria ou exoneração (CF, art. 95, parágrafo único, V).

Funções institucionais

As funções institucionais do Ministério Público estão previstas no art. 129. São elas:

promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;

zelar pelo efetivo respeito dos poderes públicos e dos serviços de relevância

pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas

necessárias a sua garantia;

promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio

público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;

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promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de

intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos neste Constituição;

defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas;

expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência,

requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei

complementar respectiva;

exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar

mencionada no artigo anterior;

requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial,

indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais;

exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua

finalidade, sendo-lhes vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de

entidades públicas.

A legitimação do Ministério Público para as ações civis não impede a de terceiros, nas

mesmas hipóteses, segundo o disposto na Constituição Federal e na lei.

Vale ressaltar que as funções do Ministério Público só podem ser exercidas por

integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da respectiva lotação, salvo

autorização do chefe da instituição.

Ainda, registre-se que o ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á mediante

concurso público de provas e títulos, assegurada a participação da Ordem dos Advogados do

Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de

atividade jurídica e observando-se, nas nomeações, a ordem de classificação.

Conselho Nacional do Ministério Público

Outra grande inovação da Emenda Constitucional n. 45/2004 foi a previsão de um órgão

colegiado formado por membros do Ministério Público, magistrados e representantes da

sociedade, cuja finalidade primordial é o exercício do controle da atuação administrativa e

financeira do Ministério Público e do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros.

Este órgão é o Conselho Nacional do Ministério Público, com previsão no art. 130-A da CF,

composto de 14 membros nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a

escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, para um mandato de dois anos, admitida

uma recondução, sendo:

o Procurador-Geral da República, que o preside;

4 membros do Ministério Público da União, assegurada a representação de cada

uma de suas carreiras;

3 membros do Ministério Público dos Estados;

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2 juízes, indicados um pelo STF e o outro pelo STJ;

2 advogados, indicados pelo Conselho Federal da OAB;

2 cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela

Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal.

Cabe ressaltar que conforme previsão do § 1º do art. 103-A, os membros do Conselho

oriundos do Ministério Público serão indicados pelos respectivos Ministérios Públicos, na

forma da lei.

Ademais, como já se disse, compete ao CNMP o controle da atuação administrativa e

financeira do Ministério Público e do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros,

cabendo-lhe:

I – zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério Público, podendo

expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências;

II – zela pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a

legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Ministério Público

da União e dos Estados, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem

as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência dos

Tribunais de Contas;

III – receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Ministério Público

da União ou dos Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da

competência disciplinar e correicional da instituição, podendo avocar processos disciplinares

em curso, determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou

proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas,

assegurada a ampla defesa;

IV – rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de membros do

Ministério Público da União ou dos Estados julgados há menos de um ano;

V – elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias sobre a

situação do Ministério Público no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar a

mensagem prevista no art. 84, XI.

Da Advocacia Pública

Consagrada no art. 131, a Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente ou

através de órgão vinculado, representa a União, judicial ou extrajudicialmente, cabendo-lhe,

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nos termos da lei complementar que dispuser sobre sua organização e funcionamento, as

atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo.

Seu chefe é o Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente da República

dentre cidadãos maiores de 35 anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada.

O ingresso nas classes iniciais da carreira far-se-á mediante concurso público de provas e

títulos.

Insta salientar que na execução de dívida ativa de natureza tributária, a representação da

União caberá à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto em lei.

Já consoante previsão do art. 132, os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal,

organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos,

com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases, exercerão a

representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas.

Aos procuradores é assegurada estabilidade após três anos de efetivo exercício, mediante

avaliação de desempenho perante os órgãos próprios, após relatório circunstanciado das

corregedorias.

Não se deve esquecer, ainda, que os Municípios também poderão organizar a Advocacia

Pública Municipal, e, por conseguinte, a carreira dos Procuradores Municipais.

Da Advocacia

Nos termos do art. 133 da CF, fica estabelecido que o advogado é indispensável à

administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da

profissão, nos limites da lei.

Esse caráter fundamental inerente às atividades dos advogados, inclusive, já foi

reconhecido por diversas vezes no âmbito do Supremo Tribunal Federal. Uma dessas

manifestações pode ser encontrada na súmula vinculante n. 14, enunciando que é direito do

defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já

documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de

polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.

Da Defensoria Pública

No art. 134, a Constituição consagra que a Defensoria Pública é instituição essencial à

função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os

graus, dos necessitados, na forma do art. 5º, LXXIV.

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Conforme esse dispositivo constante do catálogo específico dos direitos e garantias

fundamentais no texto constitucional (título II), o Estado prestará assistência jurídica integral e

gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos.

Vale lembra que quando da promulgação da Constituição Federal de 1988 ainda não

existiam no Brasil as Defensorias Públicas. Em face dessa constatação, o legislador

constituinte, no § 1º do art. 134, determinou que fosse editada lei complementar prevendo a

organização da Defensoria Pública da União e do Distrito Federal e Territórios, bem como a

instituição de normas gerais para sua organização nos Estados.

Além disso, no mesmo dispositivo previu-se que as Defensorias Públicas serão

organizadas em cargos de carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso público de

provas e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade e vedado o

exercício da advocacia fora das atribuições institucionais.

Ainda como novidade introduzida pela Emenda Constitucional n. 45/2004, o § 2º do art.

134 previu um fortalecimento das Defensorias Públicas Estaduais a partir do momento em que

lhe foram asseguradas autonomia funcional e administrativa, bem com a iniciativa de sua

proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias,

devendo obediência também ao disposto no art. 99, § 2º (lembrando que não houve previsão

constitucional expressa no mesmo sentido para as Defensorias Públicas da União e do Distrito

Federal e Territórios).

Finalmente, com o art. 135, a Constituição determina que os integrantes das carreiras da

Advocacia Pública e da Defensoria Pública serão remunerados na forma do art. 34, § 9º, é

dizer, mediante pagamento de subsídios.