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A MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA PARA A CIDADANIA
DO EDUCANDO COM PARALISIA CEREBRAL E SUA FAMÍLIA
ATRAVÉS DE UMA INTERVENÇÃO DESAFIADORA
ANGELA REGALIO FILIPAKI1
ANIZIA COSTA ZYCH2
RESUMO
O objetivo do artigo consiste em contribuir com a família do educando com Paralisia Cerebral para que, juntamente com o próprio educando, se reconheça a importância da educação escolar na sua formação, buscando potencializar ao máximo as expectativas de êxito, tanto do educando paralisado cerebral como de sua família. Para tanto, o artigo apresenta propostas para uma intervenção desafiadora a ser realizada com estes educandos em parceria com a sua família, com o intuito de contribuir para a melhoria da qualidade de vida de seu filho através da educação escolar, investindo numa interação cooperativa e partilhada que possibilite potencializar ao máximo os resultados do processo de ensino e aprendizagem. Trata-se de uma metodologia participativa, envolvendo atividades propostas como: hidroginástica na piscina da Apae Rural, aulas de informática no laboratório da escola e visitas e passeios por alguns pontos turísticos do município de Irati, sempre realizadas em conjunto: educando, família, escola. Os resultados obtidos foram constituídos a partir de um embasamento teórico acerca da Paralisia Cerebral com informações para a melhoria da qualidade de vida das pessoas com Paralisia Cerebral, considerando de fundamental necessidade a mobilização familiar para a realização de um trabalho conjugado à escola e sociedade. Palavras-chave: Paralisia Cerebral, Qualidade de Vida, Educando Paralisado Cerebral, Família, Escola.
1 Professora da APAE Nossa Escola. Especialista em Educação Especial e Ensino Religioso.2À professoraDrª Anizia Costa Zych, UNICENTRO-Campus de Irati-PR,pela colaboração durante as atividades do Programa de Desenvolvimento Educacional-PDE e na elaboração deste artigo.
ABSTRACT The aim of the paper is to contribute to the family of the student with Cerebral Palsy so that, together with the very educated, we recognize the importance of school education in their training, seeking to increase the maximum expectation of success, both in educating as cerebral palsy of his family. Therefore, the article presents proposals for a speech challenging to be held with these students in partnership with his family in order to improve the quality of life for her son through school education, investing in a cooperative interaction and shared which allows the maximum increase the results of the process of teaching and learning. This is a participatory approach involving proposed activities as: Hidro in the pool of APAE Rural, classes in computer lab at the school and visits and trips by some sights of the council Irati, always performed together: learning, family, school. The results were made from a theoretical basis about the Cerebral Palsy with information to improve the quality of life of people with Cerebral Palsy, considering the crucial need to mobilize family to the realization of a work together to school and society.
Key words: Cerebral Palsy, Quality of Life, Educating cerebral palsy, Family, School
INTRODUÇÃO
O presente artigo apresenta encaminhamentos para uma proposta
de intervenção desafiadora a ser realizada com educandos com Paralisia
Cerebral, estabelecendo parceria com a sua família, com a proposta de
contribuir com a melhoria da qualidade de vida através da educação
escolar, investindo numa interação cooperativa e partilhada que
possibilite potencializar ao máximo os resultados do processo de ensino-
aprendizagem.
A experiência com o trabalho realizado enquanto professora,
atuando com educandos paralisados cerebrais na escola de Educação
Especial ‘Nossa Escola’, mantida pela Apae de Irati, permitiu um
aprofundamento em relação à rotina vivenciada por este alunado, tanto
em seus lares, como na própria escola.
Sabemos que todas as crianças necessitam de diversificados
contatos sociais para a descoberta da sua própria valorização e aceitação
individual. É nesse sentido que todos os envolvidos com uma criança com
Paralisia Cerebral, principalmente a família e a escola, devem
proporcionar-lhes oportunidades estimuladoras, fazendo com que sintam-
se membros verdadeiramente integrantes daquela família, daquela
escola, daquela comunidade, enfim, fazendo parte da vida.
A articulação desta proposta de estudo, constitui-se numa
reflexão, construção e intervenção em busca da melhoria da qualidade de
vida das pessoas e, em especial, do educando com Paralisia Cerebral. As
atividades planejadas envolvendo as famílias vêm de encontro às
necessidades deste educando contemplando os princípios políticos-
educacionais orientados pela SEED, ou seja, defendem o direito do aluno
ao acesso, à permanência e ao sucesso de todos eles na escola, bem
como, o atendimento e respeito à diversidade. Seguem, também, o
mesmo processo democrático de construção das Diretrizes Curriculares
para a Educação Pública do Estado do Paraná, quando refere-se ao
processo de aprendizagem e participação social do alunado.
Observando-se a necessidade de informação relacionada à
Paralisia Cerebral, por parte da família do educando paralisado cerebral, o
trabalho conjunto com a mesma representa um fator que muito poderá
colaborar para o êxito da intervenção proposta.
Portanto, torna-se imprescindível à escola investir esforços no
sentido de mobilizar ações capazes de contribuir para resgatar princípios
e valores que auxiliem na inclusão da família do aluno com Paralisia
Cerebral na sociedade, participando de seu contexto sócio-econômico-
cultural, proporcionando ações educativas para que os mesmos sintam-se
acolhidos e mais felizes, como cidadãos participativos.
A partir do exposto, a Apae estará incorporando uma nova
concepção educativa ampliando o contexto interacional dos alunos com
Paralisia Cerebral, apoiando ações de interdisciplinaridade, envolvendo a
equipe multiprofissional, professores e equipe pedagógica. Assim, a
família, mais diretamente as mães, poderão observar que os desafios
para o sucesso educativo de seus filhos serão compartilhados e as
dificuldades discutidas e analisadas. Desta forma, os problemas poderão
se tornar menos árduos por estarem sendo enfrentados em conjunto:
escola-família e educando.
A partir do que foi exposto, realizou-se então, a intervenção
pedagógica que possibilitou criar o vínculo entre família e escola, através
da diversificação de atividades, incluindo aulas de informática,
hidroginástica e aulas-passeio com visita a pontos turísticos da cidade
com a participação de alunos que possuem Paralisia Cerebral juntamente
com suas mães, professora, terapeuta ocupacional e fisioterapeuta.
Para a realização da intervenção pedagógica seguiu-se o
calendário e programação descritos no quadro abaixo:
DIAS FEVEREIRO C.H.07-08 Semana pedagógica – Explicações sobre a intervenção pedagógica. 2 h
21 Reunião com as mães – Explicações sobre a intervenção pedagógica.
2 h
27 Aula de hidroginástica com os alunos, mães, fisioterapeuta e professora.
4 h
MARÇO
05 Aula de hidroginástica com os alunos, mães, fisioterapeuta e professora. 4 h
12 Aula de hidroginástica com os alunos, mães, fisioterapeuta e professora. 4 h
27 Informática com os alunos, mães, professora.e terapeuta ocupacional. 4 h
ABRIL
02Passeio à Colina Nossa Senhora das Graças com alunos, mães, professora, motorista e um funcionário da Apae. 4 h
09Caminhada na trilha da Apae Rural com alunos, mães, professora, motorista e um funcionário da Apae. 4 h
MAIO
07Caminhada, ginástica e piquenique no Parque Aquático com alunos, mães, professora, motorista e um funcionário da Apae. 4 h
14 Passeio com visita e lanche ao Restaurante Anila com os alunos, mães, professora, motorista e um funcionário da Apae. 4 h
21Aula de informática com os alunos, mães, professora e terapeuta ocupacional. 4 h
JUNHO
25 Passeio com visita ao IBAMA com os alunos, mães, professora, motorista e um funcionário da APAE. 4 h
JULHOFÉRIAS
AGOSTO
13Passeio ao cinema com sessão cinematográfica referente ao filme ‘A menina e o porquinho’ com os alunos, pais, professora, motorista e um funcionário da APAE.
4 h
SETEMBRO
17 Passeio ao Hotel Fazenda Virá com os alunos, mães, professora, motorista e um funcionário da APAE. 4 h
TOTAL 52 h
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
PARALISIA CEREBRAL
A Paralisia Cerebral é considerada uma doença crônica, muito
presente em nosso meio. Ela possui vários conceitos e definições, porém
muito diferentes entre uns e outros, alguns com limites de idade e outros
não, mas todos trazem em comum como sendo uma grave agressão ao
cérebro, seja intra-útero, durante o parto ou acometimento perinatal ou
na primeira infância (CÂNDIDO, 2004). Foi descrita pela primeira vez, em
1860, pelo Dr. William Little.
O termo Paralisia Cerebral é usado para distinguir qualquer
desordem caracterizada por alteração do movimento secundária a uma
lesão não progressiva do cérebro em desenvolvimento, no entanto,
segundo a autora, este termo é inadequado, sendo considerado desta
forma por diversos autores, de modo que significa a parada total de
atividades físicas e mentais, mas que não corresponde com a realidade.
No entanto, também se pode utilizar o termo Encefalopatia Crônica Não
Progressiva ou Não Evolutiva, que dá clareza à sua caracterização
persistente, mas não evolutiva, apesar de que as manifestações clínicas
podem sofrer mudanças com o desenvolvimento da criança. Além disso, o
termo se faz útil porque diferencia a Paralisia Cerebral de Encefalopatias
crônicas Progressivas, resultantes de patologias com degeneração
contínua.
E todos aqueles que possuem alguma deficiência, no caso a
Paralisia Cerebral, merecem e devem ter acesso à reabilitação, onde
encontra-se o conjunto de ações que possibilitam o desenvolvimento
integral do indivíduo – bio-psico-social e afetivamente – a fim de facilitar
sua inserção no meio social em que vive, de modo que ela apresenta uma
gama de complexidades, e a pessoa que possui esse distúrbio terá que
conviver com ele para sempre, resultando da necessidade de bastante
apoio, tanto por parte da família, como no aspecto clínico e educativo.
Portanto, a ajuda da família é imprescindível, pois ela se apresenta
como fundamental no processo de desenvolvimento e, também, como a
mediadora da inclusão, intervindo na integração e socialização da pessoa
paralisada cerebral em seu meio.
Por isso, é importante que as instituições que prestam
atendimento a essas pessoas realizem trabalhos que possibilitem criar
um vínculo com a família, para que esta possa contribuir no processo de
desenvolvimento das atividades realizadas pela escola, no lar para
facilitar a inserção no meio em que vive a pessoa com Paralisia Cerebral.
PARALISIA CEREBRAL E SUA DEFINIÇÃO
“A busca de definição da Paralisia Cerebral tem uma longa história.
Encontram-se relatos da existência da Paralisia Cerebral em civilizações
muito primitivas” (TABITH, 1980, p.23).
Em Esparta (Grécia Antiga), crianças com deficiência física e
mental, eram consideradas sub-humanas, sendo eliminadas ou
abandonadas. Esta prática era coerente com os ideais atléticos e
clássicos daquela organização sócio-cultural (PESSOTI, 1984,
p.23).
O surgimento da expressão Paralisia Cerebral se deu por Freud, em
1897, quando este estudava a Síndrome de Little – hoje conhecida como
Diplegia Espástica – sendo a expressão generalizada por Phelps (apud
CÂNDIDO, 2004) com o intuito de diferenciá-la de outras expressões
como Paralisia Infantil ou Poliomelite, que consiste em paralisias flácidas.
Seus distúrbios têm origem por uma lesão cerebral que incide
antes ou durante os primeiros dias após o nascimento da criança, não
prejudicando os músculos quanto menos os nervos que os conectam à
medula espinhal, no entanto, atinge uma parte do cérebro que tem por
responsabilidade o controle dos movimentos musculares. E, dependendo
do local onde ocorreu a lesão, podem acometer o surgimento de outros
problemas como a deficiência mental, convulsões, distúrbios de
linguagem, transtornos de aprendizagem, problemas de audição e visão
(GERSH, in GERALIS, 2007).
Um conceito específico sobre a Paralisia Cerebral não existe, tanto
pela variada etiologia, quanto pelas múltiplas manifestações clínicas, mas
se alude a um grupo de condições crônicas que têm como denominador
comum a anormalidade na coordenação de movimentos, ou seja,
transtorno do tônus postural e do movimento (CÂNDIDO, 2004).
Nesse viés, para Gersh (in GERALIS, 2007, p. 15), a “Paralisia
Cerebral é uma expressão abrangente para diversos distúrbios que
afetam a capacidade infantil para se mover e manter a postura e o
equilíbrio”. Sua maior causa é a anóxia neonatal, que ocorre por um
trabalho de parto anormal ou muito prolongado, seguido da
prematuridade como a segunda maior causa e com menor ocorrência
encontram-se as infecções como a rubéola, o citomegalovírus, a
toxoplasmose e a sífilis, assim como, as meningites e a icterícia também
podem ser citadas como causadora da Paralisia Cerebral.
A Paralisia Cerebral também é conhecida como uma ‘deficiência
ou distúrbio do desenvolvimento’, já que tem influência no modo como as
crianças se desenvolvem. Crianças com Paralisia Cerebral leve
conseguem se recuperar em idade escolar, no entanto, terão que
conviver com ela para sempre, pois essa deficiência durará a vida toda.
Além disso, o modo como ela afeta a criança depende de vários fatores,
influenciando no que irá aprender e fazer no decorrer de sua vida. Cabe
aos pais, portanto, ajudar seu filho que tem Paralisia Cerebral a alcançar
um potencial para poder obter a melhor qualidade de vida possível
(Ibidem).
Paralisia cerebral e seu diagnóstico
A Paralisia Cerebral não é composta apenas por uma patologia,
mas se compõe de um grupo de enfermidades diversas com diferentes
etiologias e prognósticos, dependendo da extensão e do grau de
comprometimento causado, sendo presente a existência do transtorno de
movimento (CÂNDIDO, 2004).
Seu diagnóstico deve ser baseado em uma história clínica
completa, na avaliação física e neurológica da criança, ou seja, nas
manifestações motoras que constituem sua principal característica
clínica. São comuns os achados de retardo no desenvolvimento, presença
de reflexos arcaicos, anormalidades tônico-posturais, hiperreflexias e
sinais patológicos (Ibidem),.
Segundo o Manual Merck (2007, seção 23, capítulo 270) a Paralisia
Cerebral, geralmente, não tem como ser diagnosticada na primeira
infância. Diversos fatores podem ser observados como fraqueza, falta de
coordenação, desenvolvimento insatisfatório, entre outros, como sinal de
possível Paralisia Cerebral. Um médico deve fazer acompanhamento
dessa criança para poder dizer se a causa pode ser de Paralisia Cerebral
ou de outro distúrbio progressivo, que pode ser tratado. Quanto ao tipo,
não há como diferenciar, geralmente, antes de a criança completar um
ano e meio de vida, já que exames laboratoriais não conseguem
identificá-la. Mas é preciso que outros tipos de distúrbios sejam
descartados, devendo, o médico, solicitar exames de sangue,
eletromiografia, tomografia ou ressonância magnética do cérebro, ou até
mesmo, uma biópsia muscular (Ibidem). Estes exames ajudarão a
esclarecer a causa da Paralisia Cerebral ou confirmar o diagnóstico de
outras doenças.
Tipos clínicos da Paralisia Cerebral, segundo a AACD (2007):
- Espástico
É o mais comum, sua incidência chega a 75% dos casos. Neste
tipo de Paralisia Cerebral há um aumento do tônus muscular, onde é
possível sentir o grau de tensão através da palpação ou do alongamento
ou encurtamento passivo do músculo, sendo comum, também, o
surgimento de contraturas musculares;
- Extrapiramidal
A lesão se situa nos núcleos da base gerando movimentos
involuntários, mas não ocorrem deformidades. Normalmente, aqui o
intelecto da criança fica preservado, dentro da normalidade;
- Atáxico
É considerado raro, onde não existe a coordenação dos
movimentos de origem cerebelar. Fazer seu diagnóstico não é tarefa fácil,
pois o déficit motor atrapalha as provas de coordenação axial e
apendicular, além de o déficit cognitivo, geralmente, ser acentuado;
- Misto
Ocorre quando se encontram características de mais um tipo,
como, por exemplo, a espasticidade associada à movimentação
involuntária.
Os tipos de Paralisia Cerebral podem sofrer variações ao longo do
tempo, modificando-se com a idade da pessoa. O mais comum acontecer
é com o tipo extrapiramidal, onde distonias mais severas tendem a
ocorrer quando se aproxima a adolescência, aliada a uma transformação
do quadro de espasticidade para a rigidez na idade adulta. Enfatiza-se,
ainda, que a Paralisia Cerebral não tem possibilidade de cura, porém
existem chances de ocorrer alterações para atenuar seus sinais e
sintomas(Ibidem).
Convulsões, estrabismo, baixa acuidade visual, dificuldade de
atenção, hiperatividade, surdez, anartria ou disartria, sialorréia intensa,
alterações de sensibilidade, déficit cognitivo em grau variável, alteração
das funções corticais superiores, pneumonias de repetição, incontinência
esfincteriana, entre outros, podem acompanhar a Paralisia Cerebral. Por
isso, uma clínica que atenda pessoas com Paralisia Cerebral, deve ser
constituída de uma gama variada de profissionais, ou seja, de uma
equipe multiprofissional, tais como: médicos fisiatras, ortopedistas,
neurologistas, neurocirurgiões, oftalmologistas, além de outras
especialidades de apoio, técnicos das áreas de fisioterapia, terapia
ocupacional, fonoaudiologia, psicologia, pedagogia e serviço social
(Ibidem).
Depois da realização da primeira consulta, onde o médico
estabelece o diagnóstico com o grau de comprometimento, o paciente
passará por uma avaliação global, onde vários profissionais farão sua
avaliação a fim de determinar os rumos do tratamento, delineando um
programa de tratamento individualizado, com metas específicas que
devem ser alcançadas através dos mais variados exercícios. Através
desse programa, ocorre periodicamente a avaliação do paciente pela
equipe que irá observar sua evolução motora e cognitiva traçando novas
metas e objetivos sempre que preciso (Ibidem).
Paralisia cerebral e suas causas
Freud, em 1897, caracterizou o termo Paralisia Cerebral que,
abreviadamente – PC – foi universalmente aceito, chamando a atenção
para a importância dos demais tipos de prejuízos associados aos prejuízos
motores na Paralisia Cerebral (LEITÃO, 1983).
Para Cândido (2004) as causas da Paralisia Cerebral podem
incluir agressões no período pré-natal, perinatal ou pós-natal, conforme
tabela:
FATORES CAUSAISPRÉ-NATAIS
Genéticas e/ou HeretitáriasCausas Maternas
Infecções congênitas (Toxoplasmose, Rubéola, Citomegalovírus, Sífilis, HSV)Drogadição materna, uso de medicamentos (Tabaco, Álcool, Maconha, Cocaína)Complicações obstétricas
Eclampsia/Pré-eclâmpsiaDescolamento PlacentárioPlacenta préviaHemorragias/ameaça de abortoDiabetes/Desnutrição maternosMá posição do cordão umbilical
Malformações congênitasExposição a radiações (raios X)
PERINATAISPrematuridade e Baixo peso
Distócias (Asfixia perinatal, Trauma cerebral)Infecções (Menigites, Herpes)Hiperbilirrubinemia (hemolítica ou por incompatibilidade)HipoglicemiaDistúrbio Hidroeletrolíticos
PÓS-NATAIS Infecções
MeningitesEncefalites
Trauma cranianoAcidente cérebro-vascular
Cardiopatia congênita cianóticaAnemia FalciformeMalformações vasculares
Encefalopatias desmielinizantes (pós-infecciosas ou pós-vacinais)Anóxia cerebral
Acidente por submersãoAspiração de corpo-estranhoInsuficiência/parada respiratória
Síndromes epilépticas (West e Lennox-Gastaut)Status epilepticusDesnutrição
Fonte: modificada de DIAMENT, A Encefalopatias crônicas da Infância (Paralisia Cerebral) Em DIAMENT, A, CYPELS, Neurologia Infantil, 3ed, 1996
Paralisia cerebral e seus principais problemas
As crianças com Paralisia Cerebral têm muitos problemas, nem
todos relacionados às lesões cerebrais. Todos eles podem surgir
associados ou isoladamente na dependência da forma clínica que a
criança apresentar. A seguir relacionam-se algumas (NACPC, 2007):
- Convulsões
Com incidência entre 30 a 40% dos pacientes, onde a freqüência e
o tipo podem sofrer variações conforme o estado clínico apresentado,
não influenciando no prognóstico, podendo ser facilmente tratada
através de medicamentos e, em outras, ocorre freqüentemente várias
vezes ao dia, sendo difícil o tratamento clínico;
- Distúrbios da fala
Ocorrem freqüentemente, não somente pelo comprometimento
motor, o que dificulta a articulação, mas também pelo déficit de audição
que pode vir associado;
- Deficiências visuais
São encontradas as mais diversas formas de deficiências visuais, a
mais comum, o estrabismo, podendo levar também à catarata, glaucoma,
microftalmias e lesões do nervo óptico;
- Deficiências auditivas
Por dificuldade diagnóstica em crianças com distúrbios motores e
dificuldade na comunicação, podem passar despercebidas, sendo mais
comum entre grupos mais distintos descendentes de patologias como a
hipebilirrubinemia;
- Dificuldades de aprendizagem
As crianças necessitam de acompanhamento pedagógico
específico e aprimorado de Educação, já que precisam de um maior
tempo para a aquisição de conhecimentos, devido aos diversos fatores
que dificultam o seu desenvolvimento e que afetam também seu
intelecto. Por isso, a educação dessas crianças deve acontecer numa
linguagem adaptada, aliada a recursos tecnológicos sob uma busca
efetiva de novos meios de comunicação;
Além dos problemas relacionados, podem ainda surgir outros
como: odontológicos, salivação incontrolável, escoliose, contraturas
musculares, posturas incorretas, entre outros.
Paralisia cerebral e seu tratamento
Estatisticamente, a Paralisia Cerebral afeta uma ou duas crianças
em cada 1000, no entanto, é dez vezes mais comum em recém-nascidos
prematuros, particularmente nos lactentes em início de vida. Ela não se
caracteriza como uma doença, não é progressiva e também não tem
cura. Seus problemas duram a vida toda. As partes do cérebro
responsáveis pelo controle dos músculos são vulneráveis à lesão em
recém-nascidos prematuros e nas crianças pequenas (MANUAL MERCK,
2007).
Em virtude de a Paralisia Cerebral causar múltiplos
comprometimentos, o tratamento exige uma gama variada de
profissionais, onde o princípio fundamental de cada especialidade é
atingir as necessidades específicas de cada criança, que precisa ser
conhecida, assim como seu ambiente familiar, para juntamente com a
família, possam ser bem planejadas as terapias passo a passo (CÂNDIDO,
2004).
Segundo o Manual Merck (2007) como tratamento, a fisioterapia,
assim como, a terapia ocupacional, a utilização de coletes e intervenções
cirúrgicas para correções ortopédicas ajudam no controle muscular como
no caminhar. Também, a fonoterapia, conhecida como terapia da fala,
ajuda a criança a melhorar sua fala, além de colaborar com problemas de
alimentação. Ainda, através de medicamentos anticonvulsivantes, pode-
se prevenir as convulsões.
O tratamento não significa somente fisioterapia, fonoaudiologia ou
terapia ocupacional, pois tão importante quanto essas sessões, deve-se
levar em conta a influência do desenvolvimento físico no mental. Milani
(1960, in BOBATH, 1993) reforçou: tratamento significa o uso de todos os
métodos médicos, psicológicos e educacionais possíveis que nós temos,
para encaminhar o desenvolvimento da personalidade. Egg-Benesch
(apud KUNERT, 1964, in BOBATH, 1993) diz: tratamento é o dia inteiro da
criança, a soma de tudo o que aconteceu a partir do primeiro ‘bom dia’
ao último ‘boa noite’. O objetivo do tratamento deve ser favorecer o
desenvolvimento físico e mental da criança ao máximo de suas
potencialidades (Ibidem).
Apesar de possuírem a Paralisia Cerebral, muitas crianças têm seu
crescimento normal freqüentando escolas normais, claro que, desde que
não apresentem grandes déficits intelectuais e físicos. No entanto, outras
precisam ser tratadas com fisioterapia intensiva e ter educação especial,
devido às grandes limitações para enfrentar seu cotidiano, precisando
sempre de assistência e tratamento diferenciado durante o decorrer de
sua vida (Ibidem).
No entanto, apesar de todas as dificuldades, aqueles que mesmo
tendo sido afetados de maneira mais grave pela Paralisia Cerebral podem
ser beneficiados com a educação escolar. E, para isso, na busca pela
compreensão do problema e do potencial de seus filhos, os pais devem
ser informados e aconselhados sobre os procedimentos a serem tomados
à medida que ocorrerem, com o intuito de ajudá-los a adquirir seu
potencial máximo. Assim, os pais sendo atenciosos e carinhosos com eles
e mantendo-se aliados às instituições que prestam atendimento a essas
pessoas, contribuirão significativamente para o desenvolvimento e
sucesso de seus filhos (Ibidem).
Dependendo do tipo de Paralisia Cerebral e de sua gravidade, será
feito o prognóstico apropriado. Cerca de 90% das crianças que têm
Paralisia Cerebral chegam à vida adulta, porém aquelas afetadas mais
gravemente têm uma expectativa menor por serem incapazes de realizar
seus cuidados pessoais (Ibidem).
Segundo a autora Cândido (2004) para os casos irrecuperáveis
estes podem e devem ser encaminhados para centros especiais, onde o
acesso for mais viável, onde serão cuidados, recebendo assistência de
manutenção. Como exemplos desses centros especiais pode-se citar a
AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente), fundada em 1950
pelo Dr. Renato da Costa Bonfim que desenvolve um trabalho sem fins
lucrativos, visando reabilitar e incluir socialmente crianças, adolescentes
e adultos portadores de deficiência física. Neste local são realizadas
cirurgias ortopédicas, plásticas e odontológicas, com o funcionamento do
centro de diagnóstico e tratamento fisioterápico e fonoterápico.
Outro centro especializado é a Rede SARAH de Hospitais do
Aparelho Locomotor, de referência nacional e internacional, constituída
por cinco unidades hospitalares localizadas em Brasília (DF), Salvador
(BA), São Luis (MA), Fortaleza (CE) e Belo Horizonte (MG) que prestam
serviços de ortopedia e de reabilitação (Ibidem)
PARALISIA CEREBRAL E A AUTO-ESTIMA
É normal proteger alguém que tem algum tipo de ‘problema’, mas
é preciso que se deixe conhecer suas forças e limitações, pois através da
superproteção a auto-estima pode ser prejudicada.
Souza e Herrera (2008) defendem o desenvolvimento da auto-
estima dizendo que o mesmo deve ter início na infância. Não existe
pessoa que não se pergunte o quanto foi ou é amado pelos pais, segundo
os autores. Sendo assim, caso por algum motivo a criança não cresça
num ambiente acolhedor duvidando do sentimento de seus pais, esta tem
muita chance de sofrer algum problema de auto-estima no futuro.
Com a pessoa que tem Paralisia Cerebral é a mesma coisa. Muitos
pais não querendo que o filho fracasse fazem as coisas por ele, no
entanto, isso pode criar barreiras que afetarão sua auto-estima e auto-
aceitação. Ele pode interpretar mal esses atos achando que é um
fracasso e que não pode fazer nada sozinho, prejudicando sua educação
e desenvolvimento tornando-se uma pessoa tímida, envergonhada,
medrosa, isolada, imatura e até mesmo mimada e exigente. Por isso, a
importância de deixar experimentar fazer algo novo, pois dessa maneira,
conhecendo suas limitações e forças se torna mais fácil a aceitação.
Geralis (2007) comenta que, as pessoas que têm Paralisia
Cerebral, por mais complicado que seja para elas deve-se deixar que
experimentem novos desafios, mesmo enfrentando dificuldade,
alimentar-se, vestir-se, jogar bola, brincar, comunicar-se, assim como,
fazer suas escolhas. Ou seja, é preciso deixar que levem uma vida normal
dentro de suas possibilidades. Elas devem experimentar a dor e a
frustração como todos.
É importante que o paralisado cerebral estabeleça contatos sociais
para aprender a enfrentar o externo, ou seja, o que está fora de sua casa,
sabendo que com esse tipo de estímulo ele crescerá tanto dentro como
fora dela.
Geralis (2007, p. 116) diz que,
Pode ser mais fácil manter seu filho com paralisia cerebral em um
ambiente protegido, em casa com seus familiares que o amam e
compreendem. Entretanto, lembrem-se das palavras de um velho
ditado: devemos abraçar bem de perto nossos filhos e deixá-los
partir. Deixem seu filho experimentar suas asas e aprender a
voar.
Deve-se ajudar a pessoa com Paralisia Cerebral a expressar-se, a
fazer perguntas, dar opiniões, fazer observações, pois se ele tiver sua
comunicação limitada, sua família assim como seu professor, irão fazer
interpretações, que podem ser algumas vezes incorretas, de seus
pensamentos e temores na tentativa de dar uma explicação ou
significado.
Por isso, é importante que a família e o professor do paralisado
cerebral o ajudem na aceitação de sua deficiência e no desenvolvimento
de sua auto-estima, pois através de uma comunicação franca é possível
fazer o auxílio para aprender a lidar com os sentimentos.
Além disso, é importante que se estabeleçam objetivos para o
paralisado cerebral, pois através deles, damos sentidos à vida e
avaliamos nosso sucesso, o que é importante para a auto-estima. Para
Geralis (2007), é importante que sejam colocados objetivos para a pessoa
com Paralisia Cerebral para que desenvolva seu potencial, mas para que
tenha sucesso e alcance sua auto-estima esses objetivos devem ser
colocados dentro do seu alcance.
Ainda, para se alcançar a auto-estima do paralisado cerebral, é
preciso ensinar-lhe a disciplina, que lhe ajudará a construir a consciência
de ser respeitado e cuidado. Mas ela deve ser ensinada com paciência,
estabelecendo limites e fazendo observar as regras, tratando-o como
uma pessoa normal.
Geralis (2007), coloca que tanto o educador quanto a família
devem se orgulhar de seu educando e filho com Paralisia Cerebral e o
estar sempre incentivando: “Esta foi uma grande tentativa, você quase
conseguiu”. “Todos nós cometemos erros”. “É assim que aprendemos
novas coisas”.
Souza e Herrera (2008) dão algumas dicas para evitar o problema
da auto-estima com os filhos:
- Sempre que seja possível, dizer à criança o quanto ela é amada.
Ainda que ela não tenha sido planejada, pensar que ela não tem culpa
disto e, como todo ser humano, precisa do seu amor e carinho em
qualquer situação;
- Avaliar seu grau de exigência, pois existem pais que criam os
filhos como se sempre estivessem a dever. Deve-se tomar cuidado;
- Evitar se colocar como modelos de perfeição. Os filhos crescerão
com o sentimento de que nunca estarão à altura dos pais;
- Cumprir a missão de pai ou mãe, mas não transformando os
filhos em devedores emocionais. A paternidade e a maternidade
responsáveis exigem o cumprimento de determinados deveres e o filho
não tem 'culpa' disto;
- Elogiar o filho sempre que ele merecer. São palavras que, na hora
certa, validam e dão todo o apoio que ele precisa para seguir adiante e
tornar-se um adulto equilibrado e feliz.
Portanto, fazer elogios à uma pessoa com Paralisia Cerebral é
muito importante para que desenvolva sua auto-estima
É preciso que se aceite a pessoa com Paralisia Cerebral como ela
é; sua família, assim como, toda a comunidade escolar. Com isso, ela
consegue desenvolver relações de afetividade e amizade e usufruir de
uma convivência normal tanto na família como na escola.
PARALISIA CEREBRAL E A EDUCAÇÃO
A freqüência em uma escola regular de uma criança com Paralisia
Cerebral vai depender do seu aspecto cognitivo, isto é, da capacidade
para aprender, podendo estar até uma classe de faixa etária compatível
com a sua idade, isto porque, muitas vezes, a criança que tem Paralisia
Cerebral não é acometida por disfunção cognitiva, no entanto, apresenta
limitações físicas, como, por exemplo, não conseguir ficar sentada por um
longo período, como não se comunicar ou escrever da forma
convencional. Para isso, normalmente são utilizadas ajudas técnicas como
mobiliário e material adaptados, podendo estudar em uma escola regular.
Em nosso país existem vários Centros de Educação Especial
administrados pelo Governo, tanto de caráter filantrópico como privado,
que prestam atendimento às crianças com Paralisia Cerebral. Algumas
dessas instituições possuem atendimento especializado para atender
modalidades específicas como a deficiência visual e auditiva. Aquelas que
possuem tetraplegia espástica que têm um comprometimento mais grave
como as que têm seu cognitivo afetado levemente ou moderadamente
podem freqüentar o ensino especial. No entanto, outras, que apresentam
capacidade para aprender também necessitam de educação especial por
possuírem alguns distúrbios sensoriais (Hospital Sarah, 2007).
A escola deve respeitar o ritmo de cada aluno devendo viabilizar
estratégias que facilitem a aprendizagem. Se for importante a capacidade
motora para a realização de atividades, deve-se respeitar a escrita lenta
ou a dificuldade da fala do aluno. As dificuldades motoras podem ser
minimizadas utilizando-se de recursos didáticos que tornem compatíveis
a aprendizagem e a dificuldade de movimentação ou de outros meios que
são oferecidos pela engenharia de reabilitação (Ibidem).
A garantia da escola pública para todos significa dar acesso
àqueles que a ela se dirigem, pois apenas a matrícula não garante a
permanência do aluno na escola. A cultura escolar deverá propiciar ao
educando com deficiência uma educação contínua e progressiva, com
resultados positivos de aprendizagem.
Deve-se respeitar o direito constitucional da pessoa com
necessidades educacionais especiais e de sua família, na escolha da
forma de educação que melhor se ajuste às suas necessidades,
circunstâncias e aspirações.
Paralisia cerebral e a educação especial
O professor de Educação Especial deve propor-se a ajudar seu
aluno com Paralisia Cerebral a desenvolver tanto suas habilidades sociais,
como as de auto-ajuda, cognitivas e de resolução de problemas.
Primeiramente, o professor deve ter conhecimento de como o aluno é em
casa, o que ele faz, como é o seu cotidiano, para então, traçar uma meta
de ensino que atenda ao estilo do educando (GERALIS, 2007).
Gotti (2001, apud ALMEIDA, 2004), aponta para as competências
que professores de Educação Especial devem estar preparados para
exercer, sendo:
- Refletir sobre os determinantes filosóficos, políticos,
pedagógicos, históricos e legais da Educação Especial;
- Desenvolver práticas pedagógicas diversificadas, cooperativas,
centradas na aprendizagem e nos níveis de desenvolvimento
dos alunos;
- Avaliar, continuamente, os processos de desenvolvimento e
aprendizagem, a fim de identificar necessidades educacionais
especiais dos alunos visando seu atendimento;
- Implementar flexibilização e adaptações em qualquer dimensão
curricular, demandadas pelas necessidades educacionais
especiais dos alunos;
- Realizar trabalho em equipe, atuando com familiares,
professores do ensino regular, equipes de profissionais da
comunidade envolvidos no atendimento ao aluno com
necessidades educacionais especiais;
- Dar respostas educativas que permitam aos alunos desenvolver
conceitos, habilidades, atitudes e valores nas áreas de
linguagem, códigos e suas tecnologias, ciências da natureza,
matemática e suas tecnologias e em ciências humanas.
O ensino normalmente deve ser individual, já que a maneira como
cada educando aprende é diferente. Ele pode não ser deficiente mental,
mas por limitações causadas pelo mau desenvolvimento motor, poderá
necessitar de métodos e materiais de ensino adaptados de acordo com a
sua deficiência (GERALIS, 2007).
Como o professor faz parte de uma equipe que trabalha com
pessoas com Paralisia Cerebral, ele deve levar em conta as informações
dos outros membros ou profissionais que também as atendem como o
fisioterapeuta, o terapeuta educacional, o fonoaudiólogo, enfim, que
ajudarão nos meios de adaptação do ensino através de sugestões, já que
ambos têm conhecimento dos problemas motores do educando,
contribuindo assim, para o seu desenvolvimento intelectual e pessoal
(Ibidem).
Valorizando as informações da equipe multiprofissional o professor
também estará fazendo o mesmo com as informações dos pais de seu
educando sobre os problemas especiais enfrentados por ele e suas
capacidades para administrá-los. Além disso, indicar atividades que o
educando pode realizar em casa com a ajuda dos pais é importante para
que ele continue a desenvolver habilidades.
PARALISIA CEREBRAL E A FAMÍLIA
Para o sucesso do desenvolvimento, socialização, e integração do
educando com Paralisia Cerebral a família se constitui como parte
essencial desse processo. Por isso, as instituições que prestam
atendimento a esses educandos devem realizar trabalhos que envolvam
a família para que a mesma possa fazer parte do desenvolvimento dos
trabalhos, dando continuidade em casa.
Rosana Glat (2008, apud GIL, 2008) faz a colocação de que a
influência da família no processo de integração social da pessoa com
Paralisia Cerebral deve ser avaliada levando-se em consideração os
seguintes pontos de vista: a facilitação ou impedimento que a família traz
para a integração da pessoa portadora de deficiência na comunidade e a
integração da pessoa com deficiência na própria família.
Nesse viés, quanto mais a pessoa estiver integrada em sua
família, mais a família vai tratá-la de maneira natural, deixando que, na
medida de suas possibilidades, participe das atividades de sua
comunidade. Como conseqüência, mais integrada à vida social ela será.
Além disso, participando das atividades da comunidade levando uma vida
considerada ‘normal’ equivalente às pessoas de mesma faixa etária, será
vista pelos membros da família como igual aos demais (Cadernos da TV
Escola, apud GIL, 2008).
A Declaração de Salamanca (1997) coloca que a educação de
pessoas com necessidades educativas especiais não deve ser feita
apenas pelos profissionais, mas juntamente com os pais, pois através da
atitude destes poderão se encaminhar melhor na interação social e
escolar. Assim, também devem receber orientações por parte dos
profissionais para saberem como proceder e assumir suas
responsabilidades.
A família tem um importante papel no auxílio à socialização de
uma pessoa com necessidades especiais, pois ela é o primeiro universo
onde acontecem as primeiras relações sociais.
Ainda, Souza (in MARQUEZINE, 2003) coloca a possibilidade dos
pais como sendo os professores de seus filhos, bem como os benefícios
da integração entre a casa e a escola. No entanto, a essa integração,
segundo o autor, nem os pais nem os professores são eximidos da
responsabilidade de se questionarem sobre o seu papel ou de buscarem
métodos de ensino mais adequados. Ou seja, o que se quer dizer é que a
integração se mostra positiva quando concretizada, isto é, quando ocorre
a possibilidade de os pais terem maior envolvimento na vida escolar de
seus filhos.
É através da família que a pessoa com Paralisia Cerebral
conseguirá atingir seu maior desenvolvimento. Se ela manter o interesse
pela vida dessa pessoa aceitando-a como ela é, as chances de ter uma
vida normal são bem maiores.
Cabe à família, como foi visto anteriormente, deixar que o
paralisado cerebral conheça suas forças e seus limites, a dor e a
frustração, auxiliá-lo significa não o superproteger, deixar que
experimente suas energias dentro de suas possibilidades. Dessa forma,
poderão ter um desenvolvimento mais pleno em todos os sentidos, uma
boa auto-estima e uma vida praticamente normal.
A LEI E AS PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS
Sobre as pessoas com necessidades especiais e a lei o Decreto n.º
3.298 de 20 de dezembro de 1999, dispõe sobre a Política Nacional para a
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência e estabelece que
deficiência é toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função
psicológica, fisiológica ou anatômica que gera incapacidade para o
desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o
ser humano.
“Não nos devemos deixar que as incapacidades das pessoas nos
impossibilitem de reconhecer as suas habilidades” (HALLAHAM e
KAUFFMAN, 1994 in SENAC, 2007).
A educação é, sem dúvida, um direito da pessoa com deficiência,
considerando que, seja qual for sua limitação, ela não pode restringir sua
cidadania. A Constituição Federal, quanto ao direito à Educação Especial,
em seu Título VIII, Artigo 208, alínea IV, § 1.º, destacando o atendimento
educacional especializado às pessoas com deficiência, preferencialmente,
na rede regular de ensino, da mesma forma que aponta o ensino
obrigatório e gratuito como direito público e subjetivo.
Acompanhando o processo de mudanças as Diretrizes Nacionais
para a Educação Especial na Educação Básica, a Resolução CNE/CEB n.º
2/2001, no Artigo 2.º, determina que:
Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos,
cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos
educandos com necessidades educacionais especiais,
assegurando as condições necessárias para uma educação de
qualidade para todos (MEC/SEESP, 2001).
Carvalho (2000) coloca ainda que 'especiais' devem ser
consideradas as alternativas e as estratégias que a prática pedagógica
deve assumir para remover barreiras para a aprendizagem e participação
de todos os alunos.
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
Para a realização de atividades de intervenção utilizou-se o
laboratório de informática para que os sujeitos envolvidos tivessem a
oportunidade de interagir com os computadores, oportunizando aos
interessados condição para aprender a operacionalizar o computador.
A piscina da Apae Rural foi utilizada para os exercícios aquáticos,
com atividades de hidroginástica.
No sentido de proporcionar a interação sócio-cultural, foram
realizados com o grupo envolvido no projeto e, com os demais
participantes da instituição: passeios, visitas, caminhadas e piqueniques
na cidade de Irati.
Estas intervenções certamente atuaram como ações educativas
mediadoras de conteúdos da cognição, favorecedoras do
desenvolvimento da comunicação verbal e não-verbal com novos
contatos sociais, contribuindo para ampliar a visão de mundo e de vida
dos educandos com Paralisia Cerebral.
Através das mães pretendeu-se acolher e atingir também os pais e
demais membros da família para que pudessem conhecer melhor a
realidade de seus filhos, procurando contribuir com a escola para que,
unidos fizessem, acontecer o sucesso educativo e social desses
educandos, proporcionando-lhes uma melhor qualidade de vida.
AULA DE HIDROGINÁSTICA
Realizou-se exercícios aquáticos na piscina a Apae Rural durante o
calor, nos meses quentes do ano (fevereiro e março), interagindo através
de estudos, diálogo e planejamento de atividades, com a fisioterapeuta
da Apae e os educandos com Paralisia Cerebral..
As atividades aquáticas envolveram as mães dos educandos com
Paralisia Cerebral, que fizeram os exercícios conjuntamente com seus
filhos, dentro d’água.
Acreditando nos benefícios advindos de um trabalho aquático e
também, na expectativa de melhorar a qualidade de vida do educando
com Paralisia Cerebral e de sua família é que foram efetuados exercícios
na piscina da Apae Rural.
Reconhecendo a importância deste educando movimentar-se,
exercitar o equilíbrio, a força, a respiração e outros aspectos de sua
vitalidade é que se teve confiança no sucesso desta intervenção.
Baseado na ANT (Associação de Natação Terapêutica - 1986),
muitos indivíduos com Paralisia Cerebral são beneficiados pelo
relaxamento relativo do espasmo muscular que ocorre durante as sessões
de natação, o que lhes dá prazer. Com a natação obtém-se uma melhora
do controle, velocidade e força em função do tempo em que
permanecerem na água. Este mecanismo foi utilizado com o objetivo de
melhorar a qualidade de vida do paralisado cerebral.
Nas atividades aquáticas, a natação e a hidroginástica,
proporcionaram resultados benéficos tanto para os deficientes como para
as demais pessoas, pois estudos confirmam que este é um dos esportes
mais completos, capaz de desenvolver o aspecto físico, a agilidade,
flexibilidade, força, equilíbrio, resistência, coordenação e respiração além
do psico-social, inteirando os participantes, através da descontração e
dinamismo.
Escobar (1985) diz que a exercitação dos dois lados do corpo nos
nados simultâneos e alternados e a manutenção do alinhamento postural
conferem simetria à musculatura, dando-lhe condições para manter a
postura estática e cinética adequadas, que é o caso dos paralisados
cerebrais. Segundo Reis (1982), Skinner e Thompson (1985) in
(Reabilitação de Portadores de Paralisia Cerebral, 2004) a temperatura da
água pode ser benéfica para algumas deficiências; a espasticidade e os
efeitos terapêuticos da imersão do corpo na água proporcionam
benefícios como: relaxamento, manutenção e aumento da amplitude das
articulações, reeducação dos músculos paralisados, fortalecimento dos
músculos e desenvolvimento da força e resistência; melhora das
atividades funcionais da marcha, aumento da circulação, confiança.
Escobar (1985) lembra que os exercícios aquáticos também
ajudam nas debilidades cardiovasculares, na capacidade respiratória e
músculos-posturais, evitando também atrofias musculares.
Juntamente com a fisioterapeuta, as aulas foram organizadas, com
exercícios de alongamento, relaxamento, adaptação, aprendizagem,
fortalecimento muscular e outros.
Para que as aulas se concretizassem com maior prazer, as
mesmas foram acompanhadas de músicas, com as mães, juntamente
com seus filhos, dentro d’água. Os materiais utilizados foram bóias,
pranchas, espaguetes (de isopor flutuantes), bolas, arcos entre outros.
AULA COM PASSEIOS E VISITAS
Promoveu-se passeios juntamente com a família (mães), incluindo,
visitas, caminhadas, piqueniques e outros, a locais turísticos da cidade de
Irati como: Colina Nossa Senhora das Graças, Parque Aquático, Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA), Hotel e Restaurante Anila, Hotel
Fazenda Virá, assim como a própria Apae Rural.
Segundo a teoria sócio-histórica de Vygotsky, o desenvolvimento
da inteligência é produto da convivência social e das condições biológicas
de cada ser humano. Esse meio, que estimula o desenvolvimento da
inteligência necessita ser intermediado pelas pessoas que convivem com
a criança, no caso a família e o professor.
É no seio familiar que se desenvolve, desde cedo, a autoconfiança,
e isso é de suma importância para todo o sucesso do ser humano, pois o
ambiente sócio-familar influencia sua forma de agir e de ser,
determinando o seu desempenho escolar, social e emocional.
É, também, de suma importância que as crianças tenham contatos
sociais diversificados para desenvolver suas aptidões, favorecendo a
descoberta de seus talentos. Nesse sentido, os pais precisam reconhecer
a importância de novos contatos como: levar seus filhos com Paralisia
Cerebral ao mercado, à praça, ao parque, à feira, à loja, ao jardim, à casa
dos amigos, à praia, à cidade grande, ao campo. A participação em
atividades de tempo livre e a convivência com a natureza devem ser bem
exploradas.
Durante as visitas e os passeios os alunos com Paralisia Cerebral
foram acompanhados e estimulados com conversas sobre as novas
experiências, explorando o contexto e os contatos estabelecidos.
Para Vygotsky (1994, in PERES, 2007) se a criança é excluída do
contexto coletivo, isso atrasará ou impedirá o desenvolvimento das suas
funções psíquicas superiores, pois o aprendizado ocorre à medida que a
criança vai exercitando seu intelecto, ou seja, quando as estruturas
físicas responsáveis por essa função são estimuladas pelos fatores sócio-
culturais.
Para o autor a organização cerebral é dinâmica e pode modificar
constantemente o desenvolvimento das funções psicológicas superiores,
daí a importância do meio no qual a criança vive. Ele ainda destaca que
as relações interfuncionais do cérebro dependem das influências do meio
exterior.
O desenvolvimento e a aprendizagem são processos constituídos
na interação da criança com o meio em que vive, e o desenvolvimento
segue o processo de aprendizagem. Segundo o autor o professor deve
investigar o processo de desenvolvimento da criança e sua capacidade de
aprendizado.
Para este mesmo autor é nas relações com os outros que o ser
humano constrói o conhecimento, permitindo seu desenvolvimento
mental, assim, o desenvolvimento da inteligência é produto da
convivência social.
As pessoas que convivem com o paralisado cerebral devem
interagir com ele, estimulando-o sempre, promovendo assim a melhora
de seu desenvolvimento uma vez que isto ocorre em várias áreas que
estão interligadas: ambientais, maturacionais e orgânicas.
No sentido de elevar a qualidade de vida dos educandos com
Paralisia Cerebral organizou-se atividades (passeios e visitas) que
desenvolveram os estímulos sociais e as interações com o meio. Nessa
interação com o mundo, o Sistema Nervoso Central do ser humano
modifica-se constantemente para se adaptar ao meio. Este processo é a
aprendizagem (GONÇALVES, TONELOTTO; RAVANINI, 2000, in PERES,
2007).
Sabendo-se da importância da família como facilitadora da
interação criança-meio, a intervenção através de aula-passeio também
recebeu a contribuição da família do educando com Paralisia Cerebral que
participou junto com seu filho nos locais de visita e passeios. Assim,
também as mães foram estimuladas a realizarem passeios com seus
filhos paralisados cerebrais, podendo depois relatar às demais mães a
própria experiência. Segundo suas possibilidades, os alunos puderam
relatar, desenhar ou representar os fatos aos demais, numa
demonstração da vivência.
AULA DE INFORMÁTICA
O computador está muito presente no cotidiano: escolas, lojas,
mercados, bancos, escritórios, bem como, em nossas casas. A educação
incorporou este instrumento ao seu cotidiano contribuindo para facilitar a
inclusão digital dos alunos através de novas experiências pedagógicas,
auxiliando e facilitando a vida do ser humano na sociedade.
Nesse sentido, o desenvolvimento do educando com necessidades
educativas especiais, também necessita se relacionar com as novas
tecnologias, sobretudo, a informática.
O computador é uma ferramenta de aprendizagem que pode
auxiliar as atividades de ensino. As aulas tornam-se dinâmicas,
viabilizando a descoberta e a aprendizagem de seu uso, oferecendo
condições para a construção do conhecimento.
Juntamente com as mães, os alunos paralisados cerebrais
participaram de aulas de informática no laboratório da escola, onde
desenvolveram atividades diversificadas como a busca da diversão, do
interesse e da aprendizagem.
O trabalho foi iniciado com o conhecimento e interação com as
peças componentes do computador às mães. Após, elas experimentaram
operacionalizar o mesmo e, depois, os alunos fizeram a mesma atividade.
Segundo Bautista (1997, in PEREIRA et. al., 2004) antes
considerava-se que a causa das dificuldades residia no próprio educando,
hoje, sabemos que a escola possui grandes responsabilidades e necessita
ir ao encontro das necessidades educativas de seus educandos.
Na busca de uma melhor qualidade de vida para o educando com
Paralisia Cerebral e de sua família, organizou-se a intervenção através de
atividades de lazer e recreação para ambos – mãe e aluno paralisado
cerebral, no laboratório de informática.
Os educandos e as mães puderam utilizar o teclado para escrever,
desenhar e colorir. A produção e ilustração de textos também ficaram
mais reais. Desenhar e ilustrar ficaram bem mais fáceis para o paralisado
cerebral.
O trabalho pedagógico que tem o apoio da informática tem uma
compreensão mais profunda da capacidade intelectual da criança por
superar a deficiência através de uma produção mais estética.
Segundo Papert (1988, in SILVA, 2007), o computador por si
mesmo não pode mudar os pressupostos existentes. É importante refletir
que o computador não apenas fará o processo pedagógico acontecer de
modo diferente, mas também, de forma mais prazerosa.
É sabido que no processo de aprendizagem, o meio é de grande
importância ao ser humano, especial ou não. Portanto, se o meio é
informatizado, o computador representa mais um recurso para elevar a
qualidade de vida e estimular a cognição dos educandos paralisados
cerebrais e de suas famílias.
No laboratório de informática foram desenvolvidas diversas
atividades orientadas pela professora: histórias, brincadeiras, jogos,
músicas, pintura, desenhos e outras, estimulando a leitura, a escrita e a
criatividade dos educandos e suas mães.
Tanto as mães como os alunos interagiram diretamente com o
computador, para desmistificar o aspecto relacionado à dificuldade de
operacionalização da máquina.
O objetivo desta intervenção foi despertar no paralisado cerebral o
interesse e a motivação pela descoberta do conhecimento, observando
que muitas vezes a dificuldade apresentada por ele, esconde suas reais
possibilidades e manifestações. Assim, puderam superar o
distanciamento entre o computador e ele, descobrindo-se capaz de
enfrentar novos desafios.
As intervenções propostas para o ano de 2008 na Apae de Irati:
hidroginástica (atividades aquáticas) na piscina da Apae Rural;
informática, nos computadores do laboratório da Apae e, passeios e
visitas aos pontos turísticos da cidade de Irati, foram elaboradas a partir
da anuência das mães e entrevista com a família (mães) dos educandos
paralisados cerebrais, onde constatou-se que estes educandos viviam
bastante isolados, sem interagir socialmente na comunidade, sendo a
escola quase que seu único espaço social.
O trabalho foi fundamentado em bibliografia específica, cujos
autores, estudiosos do assunto, contribuíram para a análise, reflexão e
novas descobertas, que culminaram com a programação das três
intervenções propostas, distribuídas dentro dos 200 dias letivos do ano.
As intervenções incluíram a participação das mães, acreditando
também que estariam sendo beneficiadas com a proposta, podendo
melhor compreender seus filhos e, ainda, contribuir para o aumento
qualitativo e quantitativo na interação com o meio social.
CONCLUSÃO
Diante das reflexões expostas neste artigo, pôde-se apreender que
a pessoa que possui a Paralisia Cerebral pode ter uma melhor qualidade
de vida, dependendo das oportunidades que lhe sejam oferecidas, assim
como, do tipo e como seu processo de desenvolvimento é estimulado
pelas pessoas que a cercam, principalmente pela família. A família exerce
um papel fundamental para a socialização e inclusão da pessoa com
Paralisia Cerebral, pois é através de sua aceitação, que poderá
desenvolver-se plenamente, dentro de suas possibilidades, com estímulo
para que se sinta bem e tenha uma boa auto-estima.
Os professores também têm um grande papel a desempenhar
como educador, desenvolvendo atividades que possam ser realizadas
tanto em sala de aula como em casa, com a colaboração dos pais e da
família toda, sendo este elo, muito importante para o desenvolvimento do
paralisado cerebral.
Com relação à intervenção pedagógica, o aproveitamento superou
as expectativas. Tanto os alunos como suas mães ficaram muito felizes
com o trabalho desenvolvido, o que é muito significativo, pois como se
sabe muitos ficam presos a uma rotina privando-se dos prazeres da vida
que podem ser conseguidos através de algum esforço, sem ônus
significativos, como os realizados nas intervenções, através de um
simples passeio pela cidade, não incluindo necessariamente o desgaste
que envolve uma viagem.
A contagiante alegria dos alunos e de suas mães significou a
melhor recompensa, pois nos relatos muitas delas afirmaram que nunca
tiveram a oportunidade de entrar em uma piscina, por exemplo.
As mães afirmaram que sentiam necessidade de sair da rotina e
conversar sobre assuntos familiares, trocar experiências, adquirir novas
idéias. Os passeios foram proveitosos, pois tanto as mães como os filhos,
puderam conversar sobre assuntos relacionados a pessoas que passam
pelos mesmos problemas e, assim, desabafar, o que aumentou a auto-
estima de todos e a auto-confiança, gerando novas expectativas frente à
vida.
As mães notaram que agora seus filhos querem sair mais de casa,
que estão mais motivados e que, já sabem o que fazer para se divertir
com eles, pois compreenderam que as ações foram benéficas para os
seus filhos. Durante o passeio no Parque Aquático, uma mãe relatou que
desde a morte de seu esposo, há cerca de quatro anos, não conseguia
pisar no local, devido ser o lugar preferido do marido e que estava
superando o trauma.
O computador foi outra novidade auspiciosa, todos gostaram
muito e ficaram admirados com a função da máquina em mostrar o que
acontece no mundo através da internet.
Segundo os comentários das mães, nos dias em que foram
realizados os passeios e visitas, seus filhos iam dormir mais cedo (entre
seis e sete horas da noite), exaustos, mas felizes, pois não se cansavam
de comentar tudo o que viram, sentiram e viveram, reafirmando que
gostam muito da escola.
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