a interdisciplinaridade no ensino de geografi a e a pedagogia de projetos

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Sônia de Almeida Pimenta Ana Beatriz Gomes Carvalho Didática e o Ensino de Geografia DISCIPLINA A interdisciplinaridade no ensino de geografia e a pedagogia de projetos Autoras aula 06 Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:_______________________________________ VERSÃO DO PROFESSOR VERSÃO DO PROFESSOR

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Aula 06 Didática e o Ensino de GeografiaApresentaçãoA pedagogia de projetos, embora não seja novidade, está sendo usada a partir deuma nova perspectiva diante da globalização e seus impactos na educação. Vamosapresentar as possibilidades do uso da pedagogia de projetos no ensino de Geografia,com foco na interdisciplinaridade. Você conhecerá o contexto e a proposta mais recentede utilização de projetos na organização do currículo, propiciando uma aprendizagemsignificativa e contextualizada. Para o melhor aproveitamento desta aula, sugerimos que vocêresgate os conceitos sobre a metodologia de trabalho da disciplina Metodologia Científica erealize as atividades propostas durante a sua leitura.

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Page 1: A interdisciplinaridade no ensino de geografi a e a pedagogia de projetos

Sônia de Almeida Pimenta

Ana Beatriz Gomes Carvalho

Didática e o Ensino de Geografi aD I S C I P L I N A

A interdisciplinaridade no ensino de geografi a e a pedagogia de projetos

Autoras

aula

06Material APROVADO (conteúdo e imagens)(conteúdo e imagens) Data: ___/___/___

Nome:_______________________________________

VERSÃO DO PROFESSORVERSÃO DO PROFESSOR

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Aula 06  Didática e o Ensino de GeografiaCopyright © 2008 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da UEPB - Universidade Estadual da Paraíba.

Governo Federal

Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva

Ministro da EducaçãoFernando Haddad

Secretário de Educação a Distância – SEEDCarlos Eduardo Bielschowsky

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

ReitorJosé Ivonildo do Rêgo

Vice-ReitoraÂngela Maria Paiva Cruz

Secretária de Educação a DistânciaVera Lúcia do Amaral

Universidade Estadual da Paraíba

ReitoraMarlene Alves Sousa Luna

Vice-ReitorAldo Bezerra Maciel

Coordenadora Institucional de Programas Especiais - CIPEEliane de Moura Silva

Coordenador de EdiçãoAry Sergio Braga Olinisky

Projeto GráficoIvana Lima (UFRN)

Revisora TipográficaNouraide Queiroz (UFRN)

IlustradoraCarolina Costa (UFRN)

Editoração de ImagensAdauto Harley (UFRN)Carolina Costa (UFRN)

DiagramadoresIvana Lima (UFRN)

Johann Jean Evangelista de Melo (UFRN) Mariana Araújo (UFRN)

Vitor Gomes Pimentel

Revisora de Estrutura e LinguagemRossana Delmar de Lima Arcoverde (UFCG)

Revisora de Língua PortuguesaMaria Divanira de Lima Arcoverde (UEPB)

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - UEPB

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Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia �

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Copyright © 2008 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da UEPB - Universidade Estadual da Paraíba.

Governo Federal

Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva

Ministro da EducaçãoFernando Haddad

Secretário de Educação a Distância – SEEDCarlos Eduardo Bielschowsky

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ReitorJosé Ivonildo do Rêgo

Vice-ReitoraÂngela Maria Paiva Cruz

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Universidade Estadual da Paraíba

ReitoraMarlene Alves Sousa Luna

Vice-ReitorAldo Bezerra Maciel

Coordenadora Institucional de Programas Especiais - CIPEEliane de Moura Silva

Coordenador de EdiçãoAry Sergio Braga Olinisky

Projeto GráficoIvana Lima (UFRN)

Revisora TipográficaNouraide Queiroz (UFRN)

IlustradoraCarolina Costa (UFRN)

Editoração de ImagensAdauto Harley (UFRN)Carolina Costa (UFRN)

DiagramadoresIvana Lima (UFRN)

Johann Jean Evangelista de Melo (UFRN) Mariana Araújo (UFRN)

Vitor Gomes Pimentel

Revisora de Estrutura e LinguagemRossana Delmar de Lima Arcoverde (UFCG)

Revisora de Língua PortuguesaMaria Divanira de Lima Arcoverde (UEPB)

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - UEPB

Apresentação

A pedagogia de projetos, embora não seja novidade, está sendo usada a partir de uma nova perspectiva diante da globalização e seus impactos na educação. Vamos apresentar as possibilidades do uso da pedagogia de projetos no ensino de Geografia,

com foco na interdisciplinaridade. Você conhecerá o contexto e a proposta mais recente de utilização de projetos na organização do currículo, propiciando uma aprendizagem significativa e contextualizada. Para o melhor aproveitamento desta aula, sugerimos que você resgate os conceitos sobre a metodologia de trabalho da disciplina Metodologia Científica e realize as atividades propostas durante a sua leitura.

ObjetivosAo final desta aula, esperamos que você:

Conheça os fundamentos da pedagogia de projetos;

Identifique os procedimentos para a estruturação de um trabalho por projetos;

Conheça os conceitos de aprendizagem significativa e interdisciplinaridade;

Compreenda as possibilidades de interdisciplinaridade no ensino de Geografia.

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A origem e os fundamentos dos projetos pedagógicos

A idéia de desenvolver projetos pedagógicos em sala de aula não é exatamente uma novidade. Em 1918, o professor John Dewey já defendia a idéia de uma pedagogia aberta a partir das aprendizagens concretas e signifi cativas. Mais tarde, o professor

Kilpatrick desenvolveu uma proposta de trabalho por projetos como método educativo. Este método caracteriza-se por partir de problemas reais, do cotidiano do aluno. As atividades escolares são elaboradas através de projetos, classifi cados em quatro grupos:

a) de produção, no qual se produzia algo;

b) de consumo, no qual se aprendia a utilizar algo já produzido;

c) para resolver um problema e

d) para aperfeiçoar uma técnica.

John Dewey

John Dewey –1859-1952) um dos fundadores da escola fi losófi ca de Pragmatismo e

representante principal do movimento da

educação progressiva norte- americana. Concebia

o conhecimento e o seu desenvolvimento

como um processo social- integrando os

conceitos de sociedade e indivíduo. Para ele, o indivíduo somente

passa a ser um conceito signifi cante quando

considerado parte inerente de sua sociedade – enquanto esta nenhum signifi cado possui, se for

considerada à parte, longe da participação de seus

membros individuais.

William Kilpatrick

William Kilpatrick (1871- 1965) é

provavelmente, a seguir a John Dewey, o grande

fi lósofo do movimento educacional e curricular

progressista ‘norte-americano’ na primeira metade do século XX.

Foi professor do Ensino Básico, de Matemática e

Latim, e veio a mergulhar no campo da educação e

dos estudos do currículo.

Estou no caminho certo?A proposta de projetos não é semelhante ao centro de interesse ou temas geradores utilizados na educação infantil? Não seria o mesmo princípio?

A Escola Nova trouxe a idéia de método de projetos como contraponto aos métodos da escola tradicional proposta por Anísio Teixeira e Lourenço Filho. Embora remeta aos centros de interesse, a proposta de projetos é diferenciada porque o foco não é a aprendizagem por descoberta, mas sim, através da aprendizagem signifi cativa, como veremos a seguir. Estas idéias foram (re)elaboradas por educadores de diversas localidades do mundo. Nesta aula, vamos focar as experiências do professor Fernando Hernández em Barcelona, que detalhou em seu livro “A Organização do Currículo por Projetos de Trabalho” (publicado em 1996), sua vivência ao implementar a proposta de projetos em uma escola da Educação Básica. Estas idéias são particularmente interessantes, porque retomam a pedagogia de

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projetos a partir de uma perspectiva influenciada pela globalização e os novos paradigmas da sociedade informacional. Hernández e Ventura (1998) usam a expressão pedagogia de projetos, também utilizada pela francesa Josette Jolibert do Instituto Nacional de Pesquisas Pedagógicas da França (INRP), referindo-se aos princípios teóricos que norteiam a aprendizagem tendo como ponto de partida a pesquisa. Na justificativa para a implantação dos projetos na escola de Educação Básica, Hernández traça um panorama das demandas do mundo globalizado e a necessidade de dinamizar o currículo para tornar a aprendizagem mais interessante para os alunos, contextualizando os conteúdos e tornando o processo realmente significativo para o aluno. (=aprendizagem significativa ou aprendizagem que adianta o desenvolvimento humano).

A aprendizagem significativa e interdisciplinaridade

Lev Vygotsky contribuiu para uma nova compreensão entre aprendizagem e desenvolvimento na perspectiva histórico-cultural. Para Vygotski, o processo de construção do indivíduo começa biologicamente, ele não nega a importância da

biologia (ao resgatar a filogênese – história biológica, e a ontogênese –história do homem). As duas linhas aparecem com o nascimento do indivíduo até se cruzarem e a linha biológica vai desaparecendo, predominando a linha cultural. O desenvolvimento cultural supera a condição biológica rapidamente. A relação entre os objetos do mundo e o desenvolvimento da consciência é a mediação. Para ele, o conhecimento primeiro está fora do sujeito, é na interação e relação entre o sujeito e os outros sociais que você vai internalizar os conceitos acerca do mundo. O conhecimento vai do social para o individual. No processo de internalização, por meio das trocas sociais, ela reconstrói os conceitos do mundo, ao mesmo tempo, atuando e sendo influenciada pelo outro.

Vygostky propõe o conceito de Zonas de Desenvolvimento Proximal (as ZDP) e afirma que o desenvolvimento real é a capacidade de resolver problemas sozinho, o desenvolvimento proximal é a solução dos problemas com ajuda de outro. Os processos avaliativos só consideram o desenvolvimento real, o proximal que se refere às possibilidades de aprendizagem potenciais do sujeito. O professor é uma figura fundamental neste processo de desenvolvimento. Ele é um mediador da construção da aprendizagem potencial e cabe a ele ser um sistematizador do conhecimento.

Lev Vygotsky

Psicólogo russo descoberto nos meios acadêmicos ocidentais depois da sua morte, aos 37 anos. Pensador importante, foi pioneiro na noção de que o desenvolvimento intelectual das crianças ocorre em função das interações sociais (e condições de vida).

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Atividade 1

Estou no caminho certo?A partir desta perspectiva do desenvolvimento da aprendizagem, é correto relacionar o conceito de Zonas de Desenvolvimento Proximal com a possibilidade de uma aprendizagem colaborativa, já que a aprendizagem, em última análise, depende do outro?

Vygostky (1993) afi rma que a aprendizagem se realiza sempre em um contexto de interação, através da internalização de instrumentos e signos levando a uma apropriação do conhecimento. Esse processo promove a aprendizagem que precede o desenvolvimento. Ao compreender desta forma as relações entre aprendizagem e desenvolvimento Vygostky confere uma grande importância à escola (lugar da aprendizagem e da produção de conceitos científi cos); ao professor (mediador desta aprendizagem); às relações interpessoais (através das quais este processo se completa). A aprendizagem é um processo de construção compartilhada, uma construção social.

Estabeleça uma relação entre a importância das trocas sociais para a construção de conceitos e a proposta de Vygotsky sobre a Zona de Desenvolvimento Proximal, com foco na necessidade de ajuda do outro (colega, professor, orientador) para a concretização das etapas de aprendizagem.

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Em Vygotsky a mediação pedagógica é realizada através de uma pessoa, “conseqüentemente, é clara a importância do trabalho dos professores na hora de estimular essa zona de desenvolvimento proximal, selecionando experiências de aprendizagem baseadas nos conhecimentos já assimilados pelos seus alunos e aproveitando seus conceitos espontâneos” (SANTOMÉ, 1998, p. 40).

Ainda segundo este autor, a aprendizagem significativa ocorre quando as novas informações e conhecimentos podem relacionar-se de uma maneira estruturada com o que a pessoa já sabe, implicando em que os alunos devem possuir algumas idéias, teorias ou conhecimento experiencial, relacionados com o conteúdo apresentado. Neste sentido, o trabalho com projetos possibilita o desenvolvimento de todas estas estruturas e promove a interdisciplinaridade uma preocupação reforçada pela aplicabilidade do conhecimento.

Podemos afirmar que o aumento na complexidade dos problemas enfrentados pelas sociedades modernas e a preocupação com a aplicabilidade do conhecimento, saber fazer e para que, acirraram os questionamentos sobre a política de fragmentação disciplinar. Esta fragmentação foi resultado do positivismo e da racionalidade científica, que impôs metodologias de pesquisa e legitimação do conhecimento, favorecendo o reducionismo. Filosoficamente, a interdisciplinaridade está associada ao enfrentamento de problemas que preocupam toda a sociedade e exige um papel de negociação entre todas as pessoas que participam do processo de trabalho para debater as questões conceituais, metodológicas e ideológicas. O quadro a seguir foi desenvolvido a partir da proposta de flexibilidade que devem estar presentes em qualquer intervenção interdisciplinar (SANTOMÉ, 1998, p. 65).

Fase Ação Elementos

Intro

duçã

o

Definir O problema (interrogação, questão, tópico).

Determinar Os conhecimentos necessários, modelos, tradições e bibliografia.

Desenvolver Um marco integrador e as questões a serem pesquisadas.

Dese

nvol

vim

ento

Especificar Os estudos ou pesquisas concretas que devem ser empreendidos.

Reunir Todos os conhecimentos atuais e buscar novas informações.

ResolverOs conflitos entre as diferentes disciplinas implicadas, trabalhando com um vocabulário comum e em equipe.

Construir E manter a comunicação através de encontros, intercâmbios, interações freqüentes etc).

Conc

lusã

o

Comparar Todas as contribuições e valiar sua adequação, relevância e adaptabilidade.

Integrar Os dados obtidos individualmente para determinar um modelo coerente e relevante.

Ratificar Ou não, a solução ou resposta oferecida.

Decidir Sobre o futuro da tarefa, vem como sobre a equipe de trabalho.

Fonte: Adaptação do texto de Klein, apud Santomé (1998, p. 65).

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Atividade 2su

a re

spos

taA Geografia como ciência, é por sua própria concepção epistemológica, interdisciplinar já que reúne conhecimentos de diferentes ciências como Economia, Geologia, Climatologia, Estatística, Sociologia, entre tantas outras. Neste aspecto, encontraríamos muito mais facilidade de trabalhar de forma interdisciplinar do que em outras ciências. Enumere aqui os conteúdos obrigatórios da Educação Básica que são também trabalhados por outras disciplinas (às vezes até mesmo simultaneamente) e os problemas provocados por esta superposição na aprendizagem dos alunos.

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A fundamentação dos projetos de trabalho

Os Projetos de Trabalho contribuem para uma resignificação dos espaços de aprendizagem de tal forma que eles se voltem para a formação de sujeitos ativos, reflexivos, atuantes e participantes (HERNÁNDEZ, 1998). É uma proposta de

intervenção pedagógica com o objetivo de desenvolver um novo conhecimento, diante de uma situação problema, cuja resolução será conduzida a partir da pesquisa. Um projeto gera situações de aprendizagem ao mesmo tempo, reais e diversificadas, permitindo que os alunos decidam, opinam, participem da construção do conhecimento, com autonomia no papel de sujeitos de sua própria aprendizagem. Segundo Abrantes (1995, p. 62), os projetos apresentam as seguintes características:

1. Um projeto é uma atividade intencional com objetivos formulados pelos autores e executores;

2. Um projeto requer responsabilidade e autonomia dos alunos como condição essencial. Os alunos são co-responsáveis pelo trabalho e pelas escolhas ao longo do desenvolvimento do projeto.

3. A autenticidade é uma característica fundamental de um projeto: o problema a resolver é relevante e tem caráter real para os alunos. Não se trata de mera reprodução de conteúdos prontos.

4. Um projeto envolve complexidade e resolução de problemas. O objetivo central do projeto constitui um problema ou uma fonte geradora de problemas, que exige investigação para sua resolução.

5. Um projeto tem etapas, percorre várias fases: escolha do objetivo central e formulação dos problemas, planejamento, execução, avaliação, divulgação do trabalho.

Hernández (1998) propõe uma organização curricular a partir de Projetos de Trabalho que estão fundamentadas em bases teóricas que apresentam uma estrutura cogniscitiva com um problema eixo, vinculado as diferentes informações que confluem em um tema para facilitar o estudo e a compreensão por parte dos alunos. São elas:

1. Um sentido de aprendizagem significativa que possa ser conectado com o conhecimento anterior dos alunos;

2. Tem como principio básico a articulação e uma atitude favorável para o conhecimento;

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Atividade 3

sua

resp

osta

3. Configura-se a partir da previsão dos professores de uma estrutura lógica e seqüencial dos conteúdos numa ordem que facilite a sua compreensão (observando-se que esta estrutura é um ponto de partida e poderá ser modificada na interação com os alunos);

4. Apresenta um sentido de funcionalidade do que se deve aprender, os procedimentos e as estratégias organizativas estão relacionados com os problemas abordados;

5. Valoriza-se a memorização compreensiva de aspectos da informação como base para estabelecer novas aprendizagens e relações;

6. A avaliação trata da análise do processo seguido ao longo de toda a seqüência e das inter-relações criadas na aprendizagem.

Compare os elementos que compõem um projeto segundo Hernández e Ventura e a proposta de intervenção interdisciplinar de Santomé esquematizada no quadro. Quais elementos você considera comuns entre as duas propostas? Podemos afirmar que elas se complementam? Por quê?

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Como elaborar um projeto de trabalho

O primeiro passo é a escolha do tema. Ele pode surgir de uma dúvida, uma curiosidade ou um material trazido por algum aluno para a sala de aula, ou até mesmo de uma experiência particular vivida por algum aluno (por exemplo, uma viagem, uma doença,

a chegada de um aluno de outra cidade ou país). O tema deverá necessariamente, ser discutido com o grupo sobre a sua relevância e as etapas necessárias para o desenvolvimento da aprendizagem. É importante que a escolha do tema não seja aleatória ou alijada do processo de conhecimento precedente ou contextualizado ao trabalho realizado. Não existem temas que não possam ser abordados através dos projetos, seu sucesso dependerá da condução do processo. Após a escolha do tema, caberá ao professor realizar as seguintes atividades (HERNÁNDEZ E VENTURA, 1998, p. 68):

1. Especificar qual será o motor do conhecimento, o fio condutor que permitirá que o projeto vá além dos aspectos informativos ou instrumentais imediatos e possa ser aplicado a outros temas e problemas.

2. Realizar uma primeira previsão dos conteúdos (conceituais e procedimentais) e as atividades, encontrando as primeiras fontes de informação que permitam iniciar e desenvolver o projeto.

3. Estudar e atualizar as informações em torno do tema ou problema escolhido, trazendo novidades, paradoxos e desafios para os alunos.

4. Criar um clima de envolvimento e comprometimento no grupo, reforçando a importância do trabalho em equipe e estruturando o desenvolvimento de uma aprendizagem colaborativa.

5. Fazer uma previsão dos recursos e estratégias necessárias para o desenvolvimento do projeto.

6. Planejar o desenvolvimento do projeto sobre a base de uma seqüência de avaliação, considerando a inicial (o que os alunos sabem sobre o tema quais sãos as suas hipóteses e referências de aprendizagem) e a formativa (o que estão aprendendo como estão acompanhando o projeto).

Um projeto de trabalho realizado em uma sala de aula requer os mesmos elementos de um projeto apresentado em qualquer curso de graduação ou pós-graduação, ele deve ter uma introdução, justificativa, objetivo, metodologia, fundamentação, cronograma, avaliação e conclusão. Este exercício é bastante interessante para a internalização destes elementos

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Atividade 4

desde cedo, desenvolvendo nos alunos a estrutura básica para a realização de qualquer experimento científico. Observe o detalhamento destes itens como um roteiro de elaboração de projetos:

1. Tema ou título (escolhido pelo grupo, é o centro do projeto);

2. Justificativa (por que estamos realizando este estudo, qual é a relevância desta pesquisa e o que ela nos impactará?)

3. Objetivos do projeto (para que estamos realizando esta pesquisa, onde queremos chegar?).

4. Metodologia (quais são as etapas para o desenvolvimento da pesquisa, quais os caminhos que vamos escolher, quais os critérios e procedimentos, ou seja, como realizar a pesquisa proposta).

5. Fundamentação (critérios de seleção das referências bibliográficas que sustentarão a pesquisa, definição das fontes).

6. Cronograma (quanto tempo este projeto levará, quais são as etapas e sua duração).

7. Avaliação (como será a avaliação, atividades, seminários, apresentações, etc. é importante que o critério de avaliação seja definido antes e não durante a realização do projeto).

8. Conclusão (quais foram as novas descobertas, as impressões, as dificuldades na realização do projeto, aqui é o fechamento do processo e pode incluir aqui uma auto-avaliação).

Considerando o que você já viu até aqui sobre o desenvolvimento de projetos de trabalho, faça uma relação dos temas que poderiam ser organizados na perspectiva da pedagogia de projetos com seus respectivos objetivos.

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Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia ��

sua

resp

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O comportamento dos alunos também deve ser diferenciado durante o processo de realização dos projetos, eles são co-autores do processo. Depois da escolha do tema, os alunos também deverão realizar seu próprio percurso na condução do projeto, considerando uma avaliação inicial (o que sabemos e o que precisamos saber sobre o assunto), busca de fontes e referências sobre o tema, organização dos conteúdos e distribuição das tarefas em grupo, tratamento das informações adquiridas considerando princípios de classificação e organização, compartilhamento, socialização e apresentação do conhecimento adquirido, auto-avaliação.

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Sugestões de projetos integradores em geografia

Como já mencionamos aqui, a Geografia, enquanto ciência, já apresenta em sua própria estruturação um diálogo intenso como outras disciplinas, que se constituem como base do pensamento geográfico. Por outro lado, a influência do positivismo pode

ser observada na fragmentação de seu currículo na educação básica, compartimentando o conhecimento e desestruturando as possibilidades de uma ação interdisciplinar, transversal e integradora. O trabalho com projetos permite a superação destes obstáculos, através de uma ação agregadora dos temas que compõem o currículo básico. Aqui, vamos sugerir alguns projetos que já foram realizados em sala de aula e podem ser reproduzidos, aprofundando o debate sobre os temas e fomentando a pesquisa, a investigação e o senso crítico dos nossos alunos.

Projeto dinossaurosAno: 6° Tema: A Extinção dos Dinossauros

Conteúdos A Pangéia, teoria da deriva continental, era do gelo, formação da Terra, teorias de extinção dos dinossauros e mudanças climáticas

Intro

duçã

o

Justificativa

Nesta faixa etária, as crianças estão interessadas em animais diferentes e os dinossauros parecem exercer um fascínio sobre eles. O conteúdo deste segmento é bastante abstrato, e o desenvolvimento de um projeto com um elemento motivador favorece a compreensão sobre os demais elementos que queremos trabalhar.

Objetivos

Conhecer as diferentes teorias de extinção dos dinossauros, identificar as espécies e sua forma de alimentação, traçar um panorama das características físicas da Terra e suas mudanças ao longo do período, identificar as eras geológicas e sua relação com o aparecimento do homem.

Dese

nvol

vim

ento Metodologia

Revisão da literatura existente sobre o tema para a faixa etária, filmes científicos e desenhos animados, quadrinhos, construção de maquetes e elaboração de desenhos pelos alunos.

Cronograma

Doze semanas (duas semanas para introduzir o tema e levantar questões, quatro semanas para o levantamento de informações, três semanas para a construção de maquetes, modelos e desenhos, duas semanas de apresentação dos trabalhos e uma semana de avaliação.

Conc

lusã

o Avaliação Apresentação dos seminários, exposição das maquetes e desenhos, trabalho escrito dos grupos sobre o tema.

Conclusão Registro dos processos, procedimentos e resultados do projeto.

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Projeto mundo orientalAno: 9° Tema: A Cultura Oriental

Conteúdos Aspectos econômicos, políticos e físicos dos países asiáticos, especificamente, Japão, China e Tigres Asiáticos.

Intro

duçã

o Justificativa

A introdução de aspectos da cultura oriental apresenta uma certa dificuldade de assimilação em função da diversidade cultural, religiosa, étnica e histórica. A investigação a partir dos aspectos culturais, mobilizados pela curiosidade dos alunos, propiciará uma discussão rica sobre o assunto.

ObjetivosConhecer os aspectos culturais dos países asiáticos, resgatando sua história, cultura, idioma, paisagem relacionando-os com as questões econômicas e políticas.

Dese

nvol

vim

ento Metodologia

Levantamento de informações sobre o tema, reprodução de vestimentas, comida, objetos relacionados com a cultura oriental.

Cronograma

Oito semanas (duas semanas para introduzir o tema e levantar questões, quatro semanas para o levantamento de informações, uma semana para apresentação dos trabalhos e uma semana de avaliação.

Conc

lusã

o

Avaliação Apresentação dos seminários, exposição dos materiais e confecção e degustação dos alimentos.

Conclusão Registro dos processos, procedimentos e resultados do projeto.

Projeto ponto de vistaAno: 7° Tema: Orientação, Percepção, Perspectiva e Cartografia

Conteúdos Orientação, diferentes perspectivas dos objetos, embaixo, em cima, desenhos, mapas, cartas, escalas e legendas.

Intro

duçã

o Justificativa

A construção dos fundamentos da orientação e a percepção dos objetos em perspectiva é uma das grandes dificuldades com estes conteúdos que estão relacionados com a geometria e educação artística.

ObjetivosConstruir as bases de orientação, através da percepção artística e geométrica, introduzindo conceitos da cartografia e as relações entre o real e a reprodução no papel.

Dese

nvol

vim

ento Metodologia

Desenvolvimento de atividades e oficinas práticas, orientação corporal, percepção de cores, distância e representações. Apresentação de mapas, cartas e desenhos para elaboração da percepção e orientação. Exposição de desenhos, maquetes e modelagens construídas pelos alunos.

Cronograma

Doze semanas (duas semanas para introduzir o tema e levantar questões, quatro semanas para o levantamento de informações, três semanas para a construção de maquetes, modelos e desenhos, duas semanas de apresentação dos trabalhos e uma semana de avaliação.

Conc

lusã

o

Avaliação Apresentação dos seminários, exposição das maquetes e desenhos, trabalho escrito dos grupos sobre o tema.

Conclusão Registro dos processos, procedimentos e resultados do projeto.

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Aula 06  Didática e o Ensino de Geografi a�4 Aula 06  Didática e o Ensino de Geografi a

Atividade 5

Depois de trabalhar os fundamentos da pedagogia de projetos e conhecer alguns exemplos, você pode agora elaborar seu próprio projeto, organizando sua proposta em etapas. Bom trabalho!

Ano: Tema:

Conteúdos

Intro

duçã

o

Justifi cativa

Objetivos

Dese

nvol

vim

ento

Metodologia

Cronograma

Conc

lusã

o

Avaliação

Conclusão

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Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia ��

Concluindo o percurso

A pedagogia de projetos proposta nesta aula está estruturada em uma nova leitura dos projetos, a partir da proposta de Hernández e Ventura. Esta proposta permite a construção de uma proposta curricular integrada, onde aspectos como

interdisciplinaridade e aprendizagem significativa sejam os elementos norteadores de todo o processo de construção da aprendizagem. As sugestões de projetos apresentadas nesta aula apontam para a construção de inúmeros caminhos possíveis, já que a Geografia por sua característica interdisciplinar permite a realização de diversos experimentos, cada qual mais interessante, investigativo e motivador para os alunos da Educação Básica.

Leituras complementaresMARTINS. J.S. O Trabalho com Projetos de Pesquisa. São Paulo: Papirus, 2006.

Este livro apresenta uma proposta pedagógica baseada no princípio de que é fundamental mobilizar e envolver o aluno para que seu aprendizado seja significativo. O autor explica como utilizar atividades calcadas em projetos de trabalho escolar, integrando diversos conteúdos das disciplinas regulares e do cotidiano da comunidade. O professor pode estimular a iniciativa dos alunos por meio do trabalho em grupo, destinado a promover a interatividade e o espírito associativo, sementes da colaboração e da solidariedade.

HERNÁNDEZ, F. Transgressão e Mudança na Educação: Os Projetos de Trabalho. Porto Alegre, Artes Médicas, ����.

Este livro é um convite à transgressão das amarras que impedem o indivíduo de pensar por si mesmo, de construir uma nova relação educativa baseada na colaboração em sala de aula, na escola e com a comunidade.

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Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia�6 Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia

Resumo

2

A pedagogia de projetos é uma forma diferenciada de trabalhar os conteúdos em sala de aula, na perspectiva de uma nova organização do currículo. Embora não seja nova, esta proposta abarcou as mudanças provocadas com a globalização no final do século XX, buscando dinamizar e aprofundar as informações de forma interdisciplinar em contraponto com a organização fragmentada do conhecimento. A aprendizagem significativa e colaborativa, a partir dos pressupostos de Vygostsky propõe uma nova dimensão para o trabalho docente, uma estrutura de projetos de trabalho que desenvolvem a pesquisa, a investigação, a cooperação e a negociação entre o professor e os alunos e entre o próprio grupo. A Geografia, por seu viés interdisciplinar enquanto ciência possibilita o desenvolvimento de inúmeros arranjos para a organização de seu próprio currículo na Educação Básica.

Auto-avaliaçãoQual é a sua compreensão sobre os fundamentos a aplicabilidade dos projetos de trabalho em sala de aula?

É possível estruturar um currículo integrado na perspectiva dos projetos no ensino de Geografia? Como você estruturaria seu trabalho?

ReferênciasABRANTES, P. Trabalho de projetos e aprendizagem da matemática. In: Avaliação e Educação. Matemática, RJ: MEM/USU – GEPEM, 1995.

Buck Institute for Education. Aprendizagem baseada em projetos: Guia para professores de ensino fundamental e médio. Porto Alegre, Artes Médicas, 2008.

HERNÁNDEZ, F. VENTURA, M. A Organização dos Currículos por Projetos de Trabalho. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

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Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia ��

Anotações

HERNÁNDEZ, F. Transgressão e Mudança na Educação: Os Projetos de Trabalho. Porto Alegre, Artes Médicas, 1998.

HERNÁNDEZ, F. Cultura Visual, Mudança Educativa e Projeto de Trabalho. Porto Alegre, Artes Médicas, 2000.

SANTOMÉ, J. Globalização e Interdisciplinaridade: O Currículo Integrado. Porto Alegre, Artes Médicas, 1998.

TEITELBAUM, K. APPLE, M. John Dewey. In: Currículo sem Fronteiras, v.1, n.2, pp. 194-201, Jul/Dez 2001.

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Anotações

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Anotações

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EMENTA

n Sônia de Almeida Pimenta

n Ana Beatriz Gomes Carvalho

Síntese da disciplina forncecida pela autor. Nesse padrão teremos a fonte Helvética Medium Condensed, 11pt/16,

conhecida do projeto, porém, o alinhamento desse bloco de texto deverá ser 0 mm à esquerda e 5 mm à direita, sem

indentação de parágrafo (avanço de alguns milímetros na primeira linha de parágrafo).

Didática e o ensino de geografia – GEOGRAFIA

AUTORAS

AULAS

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01 Didática e a prática educativa

02 Nome da Aula 02

03 Tendências no ensino de Geografia

04 A contribuição dos parâmetros curriculares para o ensino de Geografia

05 O Ensino de Geografia, a Multiculturalidade e as Tecnologias de Informação

06 A Interdisciplinaridade no Ensino de Geografia e a Pedagogia de Projetos

07 Nome da Aula 07

08 Nome da Aula 08

09 Nome da Aula 09

10 Nome da Aula 10

11 Nome da Aula 11

12 Nome da Aula 12

13 Nome da Aula 13

14 Nome da Aula 14

15 Nome da Aula 15

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