a interdisciplinaridade como meta para a qualidade do ensino e da aprendizagem nas escolas...

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rIII SEMANA DE PESQUISA E EXTENSÃO DA UEG UnU. MORRINHOS - 25 a 27 de outubro de 2011 A INTERDISCIPLINARIDADE COMO META PARA A QUALIDADE DO ENSINO E DA APRENDIZAGEM, NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE MORRINHOS FABIANA APARECIDA NUNES TOLEDO; MARIA APARECIDA MENDES BORGES; CLEUSA MARINA SILVA FREITAS; ROBISON JOSÉ DA SILVA Universidade Estadual de Goiás. Un.U. Morrinhos E-mail: [email protected] RESUMO Esta pesquisa visa a ser um estudo sobre a interdisciplinaridade como o princípio da diversidade e da criatividade, que leva em conta a totalidade histórica, a natureza dos objetivos e/ou problemas, e a não exclusão do genérico e do específico. Pretende, assim, analisar um projeto que está sendo executado, desde janeiro de 2011, nas Escolas Municipais de Morrinhos. Acredita- se que o projeto interdisciplinar proporciona aos alunos a capacidade de construir o conhecimento por meio de situações-problema baseadas no mundo real. Este artigo apresenta resultados qualitativos desse tipo de projeto em turmas do 1º ao 9º ano, sob a perspectiva dos próprios alunos. Compara, ainda, os resultados com a visão dos professores envolvidos. Palavras-chave: Educação; interdisciplinaridade; ensino e aprendizagem

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A INTERDISCIPLINARIDADE COMO META PARA A QUALIDADE DO ENSINO E DA APRENDIZAGEM, NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE MORRINHOS

FABIANA APARECIDA NUNES TOLEDO; MARIA APARECIDA MENDES

BORGES; CLEUSA MARINA SILVA FREITAS; ROBISON JOSÉ DA SILVA

Universidade Estadual de Goiás. Un.U. Morrinhos E-mail: [email protected]

RESUMO

Esta pesquisa visa a ser um estudo sobre a interdisciplinaridade como o princípio da diversidade

e da criatividade, que leva em conta a totalidade histórica, a natureza dos objetivos e/ou

problemas, e a não exclusão do genérico e do específico. Pretende, assim, analisar um projeto

que está sendo executado, desde janeiro de 2011, nas Escolas Municipais de Morrinhos. Acredita-

se que o projeto interdisciplinar proporciona aos alunos a capacidade de construir o

conhecimento por meio de situações-problema baseadas no mundo real. Este artigo apresenta

resultados qualitativos desse tipo de projeto em turmas do 1º ao 9º ano, sob a perspectiva dos

próprios alunos. Compara, ainda, os resultados com a visão dos professores envolvidos.

Palavras-chave: Educação; interdisciplinaridade; ensino e aprendizagem

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1. INTRODUÇÃO

Nesta pesquisa, acompanhamos os objetivos fundamentais de um projeto da Prefeitura

Municipal de Morrinhos. Os objetivos, desse estudo, foram formulados com base na

hipótese de que o material didático do governo federal não contempla o trabalho

interdisciplinar.

O objetivo primordial do projeto para a Educação, da Prefeitura Municipal de

Morrinhos, é assumir um processo de construção para uma sociedade do conhecimento,

nos recursos social, econômico, cultural e humano, no contexto sócio-histórico e

cultural de Morrinhos – no universo de Goiás, do Brasil e do mundo. E como específicos:

a) oferecer construção do conhecimento aos estudantes da rede municipal, em forma de

material didático e metodológico, além do oferecido pelo MEC; b) permitir o

refinamento das habilidades de leitura e de escrita, de fala e de escuta; c) desenvolver o

pensamento, a pesquisa, a criatividade, a originalidade e o raciocínio de estudantes de

escolas públicas municipais, nas várias áreas do saber; d) formar cidadãos capazes de

aprender de formas criativa, autônoma, cultural e crítica; e) oportunizar o

conhecimento de elementos para uma proposta de trabalho que invista em

interdisciplinaridade, partindo do diálogo entre ‘Produção de leitura e de texto, arte,

música, valores sociais, ética e empreendedorismo, Geografia e História de Morrinhos’,

enquanto disciplinas (extra)curriculares e outros campos de conhecimento. Para isso a

Prefeitura projetou: 1. Produzir conteúdo interdisciplinar para o ensino fundamental,

cujos conteúdos abrangem: produção de leitura e de texto, incluindo ‘concurso de

redação’; arte; educação musical; ética e empreendedorismo; valores sociais; educação

ambiental; História e Geografia de Morrinhos. 2. Discutir os processos, motivações e

princípios educacionais com todos os professores do município, bem como ministrar

cursos sobre o conteúdo programático, no contexto interdisciplinar. 3.

Acompanhar/dialogar/orientar estudantes, professores, coordenadores e diretores,

durante todo o processo de ensino e aprendizagem, proposto para o semestre e ano

letivo. A retomada dos estudos interdisciplinares, no início deste século, tem como

consequência, dentre outras, o alargamento dos conceitos classicamente atrelados à

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Educação; a adoção de perspectivas diferenciadas e o emprego de variados métodos

investigativos sobre o tema.

Para analisar a execução e resultados desse projeto, acompanhamos participação em um

concurso de redação: Goiás na ponta do Lápis 2001; observamos resultados em provas;

dialogamos com alunos e professores, de todas as escolas municipais. As experiências

apresentadas, neste artigo, pretendem reforçar a importância desse projeto no processo

de ensino/aprendizagem da educação para que o aluno entre em contato com situações

reais do mundo. Assim, apresentamos a metodologia do projeto e resultados da pesquisa

junto aos alunos, comparando com impressões dos professores.

2. PERCURSO TEÓRICO SOBRE A INTERDISCIPLINARIDADE

Para Etges (1993), a interdisciplinaridade, enquanto princípio mediador entre as

diferentes disciplinas, não poderá jamais ser elemento de redução a um denominador

comum, mas elemento teórico-metodológico da diferença e da criatividade. A

interdisciplinaridade é o princípio da máxima exploração das potencialidades de cada

ciência, da compreensão dos seus limites, e, acima de tudo, é o princípio da diversidade

e da criatividade. Nesse raciocínio, há ainda a conceituação de Siebeneichler (1989),

também por nós endossada. Ele afirma que a interdisciplinaridade é, antes de tudo, uma

perspectiva e uma exigência que se coloca no âmbito de um determinado tipo de

processo. Ela tem basicamente a ver com a procura de um equilíbrio entre a análise

fragmentada e a síntese simplificadora; entre a especialização e o saber geral; entre o

saber especializado do cientista e o saber do filósofo.

Com base nesses conceitos, posiciona-se, aqui, contra a atual tendência da teorização

sobre interdisciplinaridade no Brasil, que é homogeneizadora. Basta considerar que a

homogeneização implica, necessariamente, um imperialismo epistemológico a partir de

uma ciência tida como modelar (sempre dependendo do momento histórico: século III,

a matemática; século XVI, a astronomia; século XVII, a física, a química; século XIX, a

biologia, a sociologia, e, assim, outros momentos históricos.

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Assim, pode-se apontar como formas interdisciplinares básicas o estranhamento/

deslocamento e a compreensão/esclarecimento.

Teóricos explicam que no processo de estranhamento, o estudante coloca seu sistema de

proposições em um contexto que lhe é estranho. O contexto estranho pode ser o do

mundo/ ambiente do senso comum. Ou de outro campo científico para o qual ele verte

seu saber. Imediatamente, pode se observar o (possível) absurdo de certas oposições.

Pela variação de contextos, porém, o estudante vai descobrindo certas estruturas de seu

sistema de proposições que antes lhe ficavam inteiramente despercebidas. Então do

próprio contexto, ele começa a ser capaz de colocar novas questões, que jamais lhe

viriam à cabeça e, agora, começam a sacudir o seu pequeno mundo. Os pressupostos de

uma teoria e/ou de um campo do saber são, rapidamente, revelados.

Já quanto à forma compreensiva ou esclarecedora, Etges se pronuncia: "uma ciência ou

teoria é explicada pelos métodos de uma outra ciência ou teoria. Significa que um modo

de procedimento de uma ciência se toma o objeto de outra” (1993, p.22). Assim, pode-se

depreender que se por acaso (um estudante) não descobrir diferenças que questionem

seus procedimentos cotidianos, ele demonstra que não entendera o conteúdo. Não se

trata de misturar métodos, mas de questionar por que empregamos certos métodos e

não outros, para verificar todas as possibilidades e também os limites. Ressalte-se que

estes podem ser históricos, metodológicos e da natureza dos

objetos/problemas/projetos. A interdisciplinaridade poderá ser conquistada mediante

uma atuação individual e/ou coletiva, tendo como ponto de partida a concretude do

processo histórico vivido pela sociedade/humanidade.

Assim, se a escola quiser, de fato, patrocinar a interdisciplinaridade deverá priorizar os

possíveis projetos interdisciplinares, pois ela não é somente possível, mas,

contemporaneamente, impõe-se.

Portanto a busca da interdisciplinaridade exige uma mudança de vida, tanto do

professor/pesquisador quanto do estudante/pesquisador. Mudança, porque

pressupondo o princípio da interdisciplinaridade, é preciso criar e aprofundar espaços

de pesquisa, e tornar a escola um amplo laboratório de conhecimento/pensamento –

instituir nas escolas uma cultura pesquisante.

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Finalizando, enfatiza-se, aqui, a pesquisa à condição de princípio educativo:

Quem imagina entender de "didática", precisa convencer os professores que sua

essência não está em dar aulas, mas em fazer os alunos trabalharem com

elaboração própria e, sobretudo, convencer que o professor depende

intrinsecamente da pesquisa. Pesquisa como princípio educativo é parte

integrante de todo processo formativo e emancipatório, e começa obviamente

no pré-escolar. O repasse imitativo de conhecimento de segunda mão é um dos

tópicos mais desatualizados no ambiente pedagógico. (Grifo nosso) (DEMO,

1991, p.166)

3. SOBRE O CONTEÚDO IMPRESSO E O PROJETO DE EDUCAÇÃO, EM

ANÁLISE

A história educacional de Morrinhos veio sustentar a emancipação política da cidade.

Para que isso acontecesse, contou-se com a instalação da primeira escola pública.

Conforme Silva, “uma das exigências para Vila Bela de Nossa Senhora do Carmo de

Morrinhos ser elevada à cidade era a existência de um edifício público para ali serem

ministradas as primeiras letras a alunos do sexo masculino (resolução nº 517 de 1874 (...)”

(SILVA 1995, p. 17). Mas somente em 1887 que de fato a cidade recebeu os foros de

emancipada. Isso porque fundou-se a primeira escola, de ambos os sexos, por doação do

benfeitor Hermenegildo Lopes de Morais. E, conforme Silva, “foi essa primeira escola a

responsável por Morrinhos gozar dos privilégios de cidade” (1995, p.17).

Assim, inicia-se a educação pública no município de Morrinhos.

3.1 DA EDUCAÇÃO INFANTIL

As atividades propostas, neste conteúdo interdisciplinar, objetivam o desenvolvimento

da coordenação motora, a apresentação de vogais, o reconhecimento das formas

geométricas e dos numerais. Em cada atividade, o professor motiva o educando com

histórias e comentários sobre as ilustrações e conteúdos, mostrando no quadro os

traçados. Esta apostila pretende ser um instrumento de interação e de alegria, nas mãos

da criança, e um auxílio pedagógico para o professor, permitindo a criação de outras

atividades e assegurando ensino e aprendizagem, com qualidade.

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3.2 DA PRODUÇÃO DE LEITURA E DE TEXTO; E O CONCURSO DE

REDAÇÃO

O que significa trabalhar a linguagem com professores e estudantes da Educação Infantil

e do Ensino Fundamental?

Essa questão diz respeito, inicialmente, ao sentido que este trabalho deve ter, tendo em

vista o atendimento de um conjunto de pessoas, cujos direitos estão garantidos pela

Constituição Federal de 1988. Tratando-se da Educação Infantil, ou seja, aquela que é

dirigida às crianças, desde o seu nascimento até os seis anos de idade (período

correspondente ao atendimento em creche e na pré-escola), pode-se dizer que sua

finalidade é precipuamente social: deve promover o desenvolvimento físico, emocional,

cognitivo e social da criança e do adolescente, em complementação à ação da família.

Os estudantes do 1º ao 5º ano consolidam a alfabetização e a interpretação do próprio

mundo. Assim, nesse momento, pretende-se ampliar a reflexão deles e aprofundá-la,

possibilitando a eles a percepção da regularidade e, inclusive a constatação de exceções,

no contexto sócio-histórico e cultural. É preciso orientá-los no uso da escrita para que

voltem aos seus registros e os reorganizem, considerando as dicas. Nesse momento,

antes de realizar o registro, solicite que socializem a discussão que tiveram.

Para estudantes do 6º ao 9º ano, pode-se dizer que o texto já emerge como um conjunto

de enunciados que guardam certa configuração linguística e certa coerência. Assim, isso

acontece sempre em dado momento e espaço históricos, e sua construção pressupõe

regularidades e normas previstas. Ele carrega, inevitavelmente, as marcas da história

cultural de um povo, e é manifestação linguística associada a outras práticas sociais.

Dizer que uma nova abordagem de ensino deve centrar-se no texto é reconhecer, antes

de tudo, que ele é a forma privilegiada de intercâmbio social. Como tal, sua principal

característica é fazer sentido, com o qual se produzem efeitos diversos; a linguagem do

texto permite ao sujeito realizar uma infinidade de atos, na base dos quais está a função

de influenciar, de persuadir.

Os conteúdos de ‘Produção de leitura e de texto’, sintetizados em atividades de fala,

escuta, leitura e escritura, são todos decorrentes do texto/discurso. Nenhuma é passiva;

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aliás, há uma contradição nos termos ‘propor uma atividade e/ou um trabalho de

construção’, cuja base é o texto e contentar-se com mera repetição – produto sem vida.

O texto corresponde, na verdade, a um processo longo e complexo de formulação

subjetiva, implicando operações múltiplas que só são dominadas gradativamente, na

medida de sua funcionalidade em contextos de uso efetivo.

O professor é o profissional, agente de sua história, assim, sujeito social com

responsabilidade pela sociedade, a quem cabe construir cultura a partir da cultura

estabelecida, que ele é obrigado a retomar (olhar para o passado), e projetar a cultura

(olhar para o futuro). Então, seu trabalho é, concretamente, um antes, um “aqui-agora” e

um advir. Isso exige, antes de tudo, que ele seja um analista e crítico do próprio

mundo/sociedade em que trabalha. O contato com a realidade e com os parceiros de

trabalho é pressuposto para a realização de um projeto consistente.

A metodologia para o ‘estudo complementar, da produção de leitura e de texto’, pauta

nos diferentes gêneros discursivos. O estudante aprenderá a explorar diferentes recursos

e estratégias associados a gêneros narrativos, expositivos, injuntivos e argumentativos.

Assim, o estudante produzirá textos coerentes com a situação de produção e de

circulação, voltados ao perfil do interlocutor a que se destinam – a leitura e a escrita se

tornam tão naturais quanto à fala.

3.3 DO MEIO AMBIENTE

A ênfase na formação em Educação Ambiental é compreendida como uma rede de

contextos, como espaços/tempos desde a formação inicial, estendendo-se à vivência, à

atuação profissional, à política, à pesquisa, à militância e à participação em cursos,

grupos e eventos. Com isso, responsabilizam-se as principais entidades formadoras do

compromisso com a formação ambiental.

Essa concepção já traz implícito um processo educativo e formativo que envolve uma

reforma do pensamento e das estruturas. Os caminhos e as ideias tornam-se desafiantes

e imprecisos, envolvendo a complexidade da Educação Ambiental e de seus contextos.

Essa maneira de pensar a pesquisa, a educação e a formação, envolve-se o subjetivo e se

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mistura com o teórico, num movimento permanente e contínuo, recursivo do processo

permanente de formação. O pensamento interdisciplinar inscreve-se nessa perspectiva

de abertura, pois pode ser compreendido como um princípio epistemológico que se

apresenta em uma dinâmica processual que tenta superar as barreiras do conhecimento,

mediante a integração de conceitos e metodologias. Optamos para compreender a

interdisciplinaridade por entendê-la como uma abordagem que dialoga/transcende as

disciplinas, que tenta entender o que está além. Assim, a Educação Ambiental preenche

um espaço entre, através e além das disciplinas.

3.4 DA HISTÓRIA DE MORRINHOS

A reflexão sobre a História escrita de Morrinhos, que ainda está em construção, levou-

nos à prática, à elaboração de vários comentários e fotos sobre a cidade que ganhou

vários pseudônimos, tais como: “Cidade dos Pomares”, “Atenas de Goiás”.

Assim, “visando atender as necessidades” curriculares, de estudantes do 4º ano, e

podendo estender-se aos outros anos, torna-se relevante a sistematização de

conhecimentos sobre a História de Morrinhos. Essa cidade teve uma grande importância

para o Estado de Goiás, no final do século XIX e início do século XX, onde os olhos se

voltavam para Morrinhos, ganhando então o pseudônimo de Atenas de Goiás,

provavelmente durante o governo de Xavier de Almeida, que era Morrinhense.

A metodologia para estudar a História de Morrinhos perpassa a pesquisa de como

pessoas vindas de longe e com outros costumes se uniram para construírem um local,

onde pudessem viver. E que por causa de novos sonhos, pessoas mudam de lugar em

busca de outra forma de viver e de construir uma vida com mais qualidade.

Então professores e estudantes farão uma viagem de estudo, planejada, sobre vários

assuntos da história de Morrinhos, em busca de novidades e com muitas atividades;

considerando que essa cidade é um pólo importante na política e na economia de Goiás.

O estudante compreenderá como tudo começou e como pessoas juntas, com o mesmo

ideal, podem com pequenos planos e gestos construírem grandes histórias.

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3.5 DA ARTE

Levar a arte à sociedade, pode tornar esta arte patrimônio da maioria, assim elevar o

nível de qualidade de vida da população. Para que essa afirmação se torne realidade,

acredita-se que é no espaço educativo que se possa efetivamente dar uma contribuição

no sentido de possibilitar o acesso à arte a uma grande maioria de crianças e jovens.

Sendo a escola o primeiro espaço formal onde se dá o desenvolvimento de cidadãos,

então que se dê também o contato sistematizado com o universo artístico e suas

linguagens: artes visuais, teatro, dança, música e literatura. Contudo, o que se percebe é

que o ensino da arte está relegado ao segundo plano, ou é concebido como mera

atividade de lazer e recreação. A ênfase dada ao trabalho do artista-educador não isenta

o conjunto da escola da responsabilidade de modificar a prática do ensino de arte, e com

isso promover a educação estética em sua totalidade. Uma proposta pedagógica em arte

não se sustenta, se não contar com profissionais bem formados, que tenham uma visão

humanista e um maior conhecimento de arte, básicos para a sua qualificação. Com

profissionais assim, as receitas serão deixadas de lado e o trabalho dar-se-á de forma

instigante, privilegiando-se a descoberta dos códigos e signos da arte e de sua trajetória

através dos tempos. Cabe aos educadores redirecionar a sua atenção no sentido de fazer

com que a arte ocupe seu espaço na escola.

Como é um universo amplo, uma vez que diz respeito ao que é humano e envolve o

fazer e o pensar, o ensino da arte não poderia deixar de interagir com outras áreas do

conhecimento. Dessa forma, o trabalho de produção e ensino da arte, a ser desenvolvido

pela educação municipal, deverá configurar-se numa concepção em que arte e educação

sejam práticas que se relacionam com outras, pretendendo a criação de novas práticas

na arte e na vida.

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3.6 DA EDUCAÇÃO MUSICAL

Explorar o universo e sentir que em cada movimento, em cada toque e batida, estamos

criando sons e música, que é algo fascinante. Entre as linguagens artísticas, a música é

uma das mais acessíveis e presentes no cotidiano dos estudantes.

À escola cabe garantir que se tome consciência dos elementos que fazem parte da

linguagem musical (o som e o silêncio, os diferentes timbres dos instrumentos, a noção

de ritmo: conteúdos de uma iniciação à música, ampliando a vivência e o acesso ao fazer

música, elevando o repertório e o conhecimento dos educandos.

Para o termo música, encontramos vários significados, como: “a arte de manifestar os

diversos afetos da alma mediante ao som, e também como sendo um conjunto de

acordes e sons que de forma harmônica constituem uma faixa de poucos minutos,

geralmente com sons de vozes humana, se dividindo em três partes:

* MELODIA- é a combinação de sons sucessivos dados uns após os outros.

* HARMONIA- combinação de sons simultâneos dados de uma só vez. Por exemplo:

um acorde.

* RITMO- é a combinação dos valores das notas.

Teóricos concordam que a música é a arte de coordenar fenômenos acústicos para

produzir efeitos estéticos. Em seus aspectos mais simples e primitivos, a música é

manifestação comum a quase todas as culturas.

3.7 DA ÉTICA E DO EMPREENDEDORISMO

O objetivo desse estudo é estimular a prática de atitudes empreendedoras e éticas,

buscando desenvolver competências e habilidades necessárias para o sucesso dos

alunos.

Através de aulas, exercícios, palestras e oficinas, os estudantes serão levados, durante

todo o ano, ao autoconhecimento e, consequentemente, ao reconhecimento de seu

potencial empreendedor. O trabalho está relacionado com a valorização do potencial

humano, com a capacidade de criar e de realizar projetos de maneira ética, permitindo a

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vivência do sentimento de respeito em relação a si mesmo e ao outro e possibilitando a

construção de valores como justiça, solidariedade e diálogo. Assim, os estudantes serão

incentivados a refletir sobre as ações humanas, identificando os comportamentos.

3.8 DOS VALORES SOCIAIS

A relevância desse estudo é fazer com que o estudante reflita sobre os valores das

amizades, da família, das profissões, do estudo e do trabalho, dos colegas, dos vizinhos e

de todas as pessoas com quem ele convive. Então, a melhor forma de ele (estudante)

tornar o mundo melhor e se tornar melhor, é conhecer e valorizar o cuidado, o amor, o

respeito, o humor, a caridade – a vida. Sem a transmissão de valores humanos

universais, não há como formar cidadãos éticos para viver em sociedade. Assim, apontar

caminhos, com o objetivo de amenizar problemas futuros de comportamento.

A importância da interdisciplinaridade para a educação contemporânea, cada vez mais,

nos leva a trabalhar em conjunto – professores de todas as disciplinas do núcleo comum.

Por isso, torna-se necessário o trabalho por projetos integrando todas as disciplinas,

como por exemplo: elaborar um trabalho sobre as estações do ano, na cidade de

Morrinhos. Todas as disciplinas podem integrar e registrar este trabalho, contribuindo

para o desenvolvimento dos estudantes. Abaixo as contribuições de cada disciplina:

· Língua Portuguesa: produção textual sobre o clima, nos gêneros contos/ crônicas/

notícias/ reportagens/ relatórios; correção ortográfica;

· Matemática: levantamento de dados, pesquisas, incidência em percentual do clima; gráficos e tabelas demonstrando esses números;

· História: contexto histórico. Há registros? As datas das estações do ano conferem, de fato, com as mudanças de cada estação, em Morrinhos?

· Geografia: Elaboração de um mapa, com legendas, indicando as principais localizações de variação de temperatura, e as diferenças no estado de Goiás e em outros estados da federação;

· Arte: desenhos da cidade (pontos turísticos), produção de peças teatrais;

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. Música: registros de canto dos pássaros que habitam Morrinhos, e musicalizar esses sons;

· Inglês: tradução de textos, vocabulário;

·Ciências da Natureza/ meio ambiente/ valores: influência do clima – provoca desenvolvimento de certos insetos? E a higiene? Há poluição das águas e preocupação com a preservação do cerrado? Há reciclagem de lixo em Morrinhos? Se há, como ela ocorre?

Esse exemplo evidencia a importância do trabalho interdisciplinar. As disciplinas

caminham juntas. Dessa forma, não se trata uma disciplina como única; o processo

ensino/aprendizagem não pode, nem deve ser fragmentado como se cada disciplina

fosse isolada – o processo é um todo e é motivador.

RESULTADOS OBTIDOS DA PESQUISA QUALITATIVA

A metodologia de ensino-aprendizagem baseada no projeto interdisciplinar está sendo

utilizada, no ano letivo de 2011, para alunos do ensino fundamental. Apresentamos, aqui,

os primeiros resultados dessa prática pedagógica, baseados na visão dos alunos e dos

professores envolvidos.

A pesquisa consistiu na distribuição de um formulário de avaliação de aprendizagem do

projeto interdisciplinar para dois alunos de cada turma, em todas as escolas municipais.

O formulário foi composto por cinco tópicos: 1. Processo ensino aprendizagem; 2.

Desenvolvimento do projeto; 3. Dinâmica dos professores; 4. Integração entre as

disciplinas; 5. Critérios de avaliação. Para cada um desses tópicos, foram avaliados

aspectos inerentes ao grau de satisfação/contribuição do projeto. Os alunos assinalaram

uma das opções: pouco, razoável ou muito. Ao final, os alunos poderiam dar

contribuições e sugestões livres. Foram avaliados os seguintes itens: a. aplicação de

conteúdos abordados pelas disciplinas envolvidas; b. aumento da criatividade do aluno;

c. desenvolvimento de habilidades (linguística, síntese e interpretação);

acompanhamento do professor em tarefas/pesquisa/ avaliação.

Constatamos que 100% dos alunos sinalizaram que o processo ensino e aprendizagem foi

muito construtivo, desenvolvendo-os nas habilidades técnicas e linguísticas. O item

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acompanhamento do professor em tarefas nem sempre foi satisfatório, isso indica que a

orientação não ocorre sempre, nem de forma satisfatória (43% dos alunos). Sobre os

conteúdos interdisciplinares, muitos alunos ainda não percebem a integração das

disciplinas (56%). A maioria dos alunos considera que os professores podem cobrar mais

nas avaliações, pois as consideram fáceis (83%). Tudo isso comprova que os alunos

conseguem fazer uma avaliação crítica do projeto.

Conforme diálogo com os professores do município, os alunos têm se desenvolvido na

língua falada e na língua escrita, com base nos textos produzidos, no primeiro semestre

em comparação com o segundo; o contexto interdisciplinar tem contribuído para que

pesquisas sejam realizadas e aprofundadas; a produção de material científico/crítico tem

revelado ao aluno a identidade de nosso povo, inserido numa sociedade globalizada,

assim, concebendo a dependência da realidade e o senso crítico para analisá-la, no

contexto em que vivemos.

No concurso de redação Goiás na ponta do lápis 2001 – categoria regional – fundamental

I, dos 10 classificados, 7 são alunos das escolas municipais de Morrinhos, inclusive o

primeiro lugar, da Escola Municipal José Cândido.

Escola Municipal Celestino Filho: Jadson Horácio do Vale e Débora Cristina Luiza da

Silva

Escola Muncipal Dom Bosco: Alef Marques Cardoso

Escola Municipal Eudóxio de Figueiredo: Andressa Gomes da Silva e Carmem Lúcia

Pereira dos Santos

Escola Municipal Prof. José Cândido: Gabriela Ferreira de Borges

Escola Vereador Deusdete Damacena: Natália Silva dos Reis

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados nos mostram que é necessário desenvolver no aluno competências e

habilidades; e, além disso, a atitude diante de si, do outro e do conhecimento, levando-o

Page 14: A Interdisciplinaridade Como Meta Para a Qualidade Do Ensino e Da Aprendizagem Nas Escolas Municipais de Morrinhos

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ao pensar crítico, à relação com novas informações a partir da aquisição de

procedimentos para intervir na realidade que o cerca.

Esta pesquisa apresentou resultados parciais, pois o ano letivo não se concluiu; portanto

não apresenta os resultados do questionário que será aplicado aos pais e responsáveis,

em novembro deste ano. Assim, mostrou-nos, mesmo parcialmente, que estamos em

processo de adaptação/aprendizado no que tange a trabalhos interdisciplinares.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DEMO, Pedro. Educação e desenvolvimento. Algumas hipóteses de trabalho frente à

questão tecnológica. Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, n. 105, p. 149-170, abr./jun. 1991.

ETGES, Norberto. Produção do conhecimento e interdisciplinidade. Educação e Realidade,

Porto Alegre, v.l4, n.2, p.73-82, jun./dez. 1993a. . Trabalho e produção do

conhecimento. Educação e Realidade, v. 18, n.l, p. 1-24, jan./jun. 1993.

SIEBENEICHLER, Flávio B. Encontros e desencontros no caminho da

interdisciplinaridade: G. Gusforf e J. Habermas. Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, n.98,

p. 153-180, jul./set. 1989.

SILVA, Nilza Diniz. Escola: célula importante da Educação. Goiânia, Kelps: 1995.