a função social da profissão

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A Função Social da Profissão Edivan Rodrigues - 21/03/2007 Que a violência e a criminalidade tomaram conta de nossa sociedade isto todos nós sabemos, pois é fato. O que precisamos agora é encontrar meios para estancar esse processo e reverter a situação atual. Virou lugar-comum apontar a educação como solução para o problema da violência, especialmente a juvenil. Também sou concorde com esta idéia, só não comungo com o imobilismo daqueles que sempre esperam soluções mágicas e legislativas para agir. Creio que podemos nos mobilizar, com ideais já existentes e apontadas, sem que se precise esperar por verbas ou mudança na legislação. Recentemente estive em uma palestra, proferida por um médico num colégio, na qual estavam presentes alunos, professores e a comunidade do bairro atendido pela escola. Achei a iniciativa, o tema e abrangência da palestra fantástica. Eis uma iniciativa louvável, que independe de verba orçamentária ou invencionice legislativa e traz dividendos, invisíveis num primeiro momento, mas proveitosos, concreto e inestimável para toda coletividade perenemente. Nesse momento é preciso entender que escola não é apenas o local aonde se aprende a ler, escrever e fazer contas, é, também, aonde se deve aprender civismo, cidadania, ética e respeito pelo próximo. Por isso, oportuno seria que os diretores de escolas, professores e alunos conclamassem as suas secretarias de educação para que reservassem datas, dentro do calendário anual escolar, para realizações de palestras e debates, acerca de temas e ações sociais de interesse da comunidade, com profissionais e autoridades, com conhecimento de causa. Essas atividades extracurriculares são importantes, pois além de aproximar as escolas da comunidade, faz compartilhar o conhecimento adquirido pelo profissional. É de extrema importância para a formação pessoal, educacional, cívica e ética do aluno, o contato com os ensinamentos de profissionais liberais, de homens

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Retrata sobre a ética Profissional

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A Função Social da Profissão Edivan Rodrigues - 21/03/2007

   

Que a violência e a criminalidade tomaram conta de nossa sociedade isto todos nós sabemos, pois é fato. O que precisamos agora é encontrar meios para estancar esse processo e reverter a situação atual. 

Virou lugar-comum apontar a educação como solução para o problema da violência, especialmente a juvenil. Também sou concorde com esta idéia, só não comungo com o imobilismo daqueles que sempre esperam soluções mágicas e legislativas para agir. 

Creio que podemos nos mobilizar, com ideais já existentes e apontadas, sem que se precise esperar por verbas ou mudança na legislação. 

Recentemente estive em uma palestra, proferida por um médico num colégio, na qual estavam presentes alunos, professores e a comunidade do bairro atendido pela escola. Achei a iniciativa, o tema e abrangência da palestra fantástica. Eis uma iniciativa louvável, que independe de verba orçamentária ou invencionice legislativa e traz dividendos, invisíveis num primeiro momento, mas proveitosos, concreto e inestimável para toda coletividade perenemente. 

Nesse momento é preciso entender que escola não é apenas o local aonde se aprende a ler, escrever e fazer contas, é, também, aonde se deve aprender civismo, cidadania, ética e respeito pelo próximo. 

Por isso, oportuno seria que os diretores de escolas, professores e alunos conclamassem as suas secretarias de educação para que reservassem datas, dentro do calendário anual escolar, para realizações de palestras e debates, acerca de temas e ações sociais de interesse da comunidade, com profissionais e autoridades, com conhecimento de causa. 

Essas atividades extracurriculares são importantes, pois além de aproximar as escolas da comunidade, faz compartilhar o conhecimento adquirido pelo profissional. 

É de extrema importância para a formação pessoal, educacional, cívica e ética do aluno, o contato com os ensinamentos de profissionais liberais, de homens públicos e pessoas comprometidas com a melhoria da sociedade. 

Antes que os críticos imobilistas argumentem que os profissionais encarregados das palestras cobrariam para realizá-las ou não se prestariam ao serviço social, é preciso que se esclareçam alguns pontos acerca da função social da profissão.

O primeiro, é que existe o dever ético do profissional em exercer sua profissão a serviço da sociedade. Ensina-nos o Desembargador Paulista, José Renato Nalini, a citar Spinelli, que “O espírito de serviço, de doação ao próximo, de solidariedade, é característica essencial à profissão. O profissional que apenas considere a sua própria realização, o bem-estar pessoal

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e a retribuição econômica por seu serviço, não é alguém vocacionado”.(NALINI , José Renato , Ética Geral e Profissional – 3. ed. São Paulo : Revista dos Tribunais , 2001) .

Esta seria a primeira pontuação do tema, ou seja, a questão ética. O exercício de uma profissão exige desprendimento para com a coletividade. Isto se chama função social da profissão. Todo e qualquer profissional tem o dever ético de agir em função da construção do bem-estar de todos, precisa inserir em seu labor a responsabilidade social, com o fim de fazer com que sua profissão seja instrumento do desenvolvimento coletivo. 

O segundo pormenor é a obrigação republicana do profissional, graduado por uma instituição de ensino superior, de repassar seus conhecimentos para a comunidade, como forma de reembolso pelos recursos públicos aplicados em sua formação. Não se trata de uma obrigação legal, mas moral e cívica. Por ter sido contemplado com formação profissional gratuita e subsidiado pelo povo, precisa de alguma forma contribuir para a melhoria de vida de seu povo. Trata-se de uma espécie de “ressarcimento” do investimento público pela sua formação universitária. 

Há, inclusive, argumento cristão para esse desprendimento. O profissional cristão é agraciado com talentos naturais que serão cobrados pelo Senhor. A parábola dos talentos registrada pelo Evangelista Mateus (25.14-30) revela que o Senhor recompensará cada servo/cristão pela forma com que utilizou o conhecimento que adquiriu; retribuirá, na eternidade, pelas habilidades naturais e espirituais que executou em prol de Deus e dos seus semelhantes. 

É preciso ainda que se entenda que todos nós necessitamos nos engajar nessa luta contra as causas da violência e da criminalidade, na defesa de toda a sociedade. Sendo assim, nenhum profissional pode se furtar a este dever, que é de todos nós. Não adianta só cobrar, é preciso também participar. 

A par disto, conclui-se que todo profissional tem o dever ético, a responsabilidade social, a obrigação cristã e o comprometimento cívico de se dispor a ir, pelo menos uma vez ao ano, a uma escola e lá palestrar com alunos, professores e comunidade acerca de sua especialidade, procurando levar seus conhecimentos a quem precisa. 

No entoar filosófico do poeta romano, Píndaro: “Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar”. 

Seria de suma importância que profissionais, tais como, médicos, juízes, administradores públicos, parlamentares, advogados, promotores, jornalistas, radialistas, sindicalistas, empresários, padres, pastores, professores, enfermeiros, odontólogos, policiais militares e civis, entre outros, dispusessem-se a este serviço social e abordassem temas como cidadania, saúde pública, educação, segurança, civismo, ética, vocação profissional, além de outros escolhidos pelos educadores e de acordo com a necessidade da escola e da comunidade. 

Para que isso se concretize é de fundamental importância a iniciativa organizacional e de promoção das administrações escolares, que precisam entender que escola não se faz tão somente com alunos e professores, mas, e, especialmente, com a participação da

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sociedade. 

Se estar claro que a educação é fundamental para resolver o problema do Brasil, deve ficar claro que todos nós temos a responsabilidade de colaborar com a educação. 

"A profissão é, portanto, uma atividade pessoal, desenvolvida de maneira estável e honrada, a serviço de outros e em benefício próprio, de conformidade com a própria vocação e em atenção à pessoa humana." (Nalini, 2001)

RESUMO DO LIVRO ETICA PROFISSIONAL DE ANTONIO LOPES DE SA

DADOS BIBLIOGRÁFICOSAutor:  SÁ, António Lopes DeTítulo Ética profissionalEditora: AtlasLugar e data de edição: São Paulo, 2007

DADOS SOBRE A OBRA1. Género: Enciclopédia;2. Temas principais: Parte I - Elementos da Ética                                          Parte II - Ética Profissional

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INTRODUÇÃOEste trabalho visa resumir todos os tópicos que constam na Parte 1 e  Parte 2 do livro “Ética Profissional- 7ª Edição”, do autor Antônio Lopes de Sá.

PARTE I - ELEMENTOS DE ÉTICAINTRODUÇÃO GERAL E PRIMEIRA CONCEPÇÃO DE ÉTICA

Na primeira parte deste livro, o autor traz consigo várias abordagens sobre a ética, mostrando como é que os pensadores modernos olhavam para este assunto, ou seja qual era o posicionamento que eles tomaram perante a ética.Traz ainda a concepção dos grandes pensadores, onde destacam se Thomas Hobbes, René Descartes, Baruch Espinosa, John locke, Gottfried Leibniz, David Hume, Immanuel Kant e Jeremy Bentham cada um com seu posicionamento mas alguns inspirados nos outros desta mesma época.A primeira concepção da ética dá etender que é uma ciência da conduta humana perante o ser e seus semelhantes ou seja so se fala da ética onde existe o Homen.O que é considerado ético por alguns pode não ser considerado ético por outros, todavia não se pode padronizar os seus objectivos como ciência.

Os pensadores clássicos olham a ética sob dois aspectos, onde primeiro analisam-na como ciência

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que estuda a conduta dos seres humanos onde deve se analisar os meios pelos quais devem ser emnpregados para que a referida conduta se reverta sempre em favor do Homen.

O segundo aspecto como ciência que busca os modelos da conduta conveniente, objectiva dos seres humanos ou seja, olha se mais para a objectividade do próprio Homen.Analisando os dois aspectos, pode se dizer que ambosenfatizam o bem estar, as boas relações entre os Homens onde temos a destacar a conduta respectosa que evita prejudicar a terceiros bem como ao próprio ser.

Mas ha contestação ao se estudar o bem com tanta precisão ou quando se dá muita objectividade pois o próprio bem não pode ser visto como um modelo com uma finalidade ideal.Um objecto pode ter várias formas de ser observado ou seja o que é um bem pode não ser de concordância por todos.Ha quem defende que um bem pode ser visto como algo concreto, e outros ainda defendem que pode ser analisado como meta a ser atingido ou vontade da sua prática.

ESTUDO DA ÉTICA PELOS PENSADORES MODERNOS

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Os filósofos desta era inspiram-se nos acontecimentos remotos embora tenham envoluido as suas ideias baseando-se nos acontecimentos contemporâneos.Para alguns pensadores modernos viam o bem como algo natural que tinha mais a ver com a alma, e para outros encararam como auto-afirmação do ser.

Para Bergson a ética podia ser vista sob duas asferas que são: como conceitos de suas razões. Ele classificava a moral fechada como derivado do instinto, na preservação das sociedades em que ae agrupam os seres.

Os seus estudos éticos deste filósofo caracterizam-se pois por análises restritas ou fechadas e amplas ou abertas, mas, denuncia um forte sentimento de respeito a conciência ética como regente da actividade ética e uma forte ligação entre os fenómenos da matéria e do espirito.Neste pensadores modernos temos a destacar o Scheler, Hartmann e Wagner que desenvolveram estudos de rara expressão sobre o conceito de valor e que, segundo abcagnano veio substituir a noção de bem que era a predominante nos domínios da ética.

Enquanto o Wagner enfocava-se mais a conquista de energia, o preço da vida,a obediência, a simplicidade, a guarda interior, a educação

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heróica, os começos dificies, o esforço e o trabalho, a fidelidade, a jovialidade, a honra viril, o medo, o combate, o espírito de defesa, a bondade reparadora, formas comportamentais que consideram relevantes e o faz de maneira a ressaltar em tudo, o valor como o que se deve eleger para a qualidade de vida; Scheler e Hartmann olharam mais no combate a uma ética material do bem ou seja, para ele a ética não se baseias nem na noção de bem, nem em aspirações desejadas, mas na intuição emotiva dos valores observados em suas diversas hierarquias.

ÉTICA COMO DOUTRINA DA CONDUTA HUMANA

Como móvel de conduta humana, a Ética tem uma concepção de objecto da vontade ou das regras que a direcionam. O bem, nesse caso, não se enfoca como algo básico de realidade ou perfeição, mas, sim, como o que passa a ser matéria nos domínios do volitivo.

A vontade ética torna-se nessa acepção a ser um dos assuntos de grande importância, como núcleo de estudos.O conceito conduta diz respeito a resposta a um estimulo mental ou seja, é uma acção que se segue ao comando do cerebro e que, manifestando-se variável, também pode ser observado e avaliado.

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Assim pode se dizer que quando o corpo humano recebe um estímulo a sua reacção depende das circunstâncias e condições. O que significa que o comportamento é uma resposta a um estímulo cerebral, mas é constante enquanto que a conduta depende da vulnerabilidade de efeitos.Analisando a ética como doutrina da conduta Protágoras enfatizou o comportamento virtuoso perante os terceiros; o Xenofonte indicou os caminhos da acção do Homen para que fossem observados de forma adequada perante cada um dos aspectos de sua presença ou seja perante a sociedade e ainda defendeu a ideia de que aquele que não sabe administrar sua casa não sabe, também, administrar o Estado ou seja um boa administração começa em casa.

Ainda nesta época temos a destacar o Paracelso, apesar de não ter tido notoriedade no campo da Ética, mas destacou se na medicina e defendeu que a Medicina só estaria completa quando associasse o estudo do corpo aquele do espírito.

Ja na ética científica temos os grandes pensadores como o caso de Thomas Hobbes que concluiu nos seus estudos sobre o comportamento em grupo que a competição, desconfiança e a glória são as causas fundamentais da descordia.René Descartes no seu livro as paixões da alma, compilado como se fosse uma lei pois contem artigos; e cada um deles defende o

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comportamento derivado da alma ou seja proclamou a inteligência emocional como o caminho para um procedimeto ético competente.

Baruch Espinosa que pode se dizer que seguiu a linha de Hobbes defende que desejar o bem para si mesmo é uma questão relevante, mas que conhecer a natureza divina é algo que a tudo se sobrepõe.Espinosa fez os seus estudos centrados mais para a religião, para ele Deus esta acima de qualguer um na natureza.Ao afirmar que pertence a natureza da razão considerar as coisas não como contigentes, msa como necessários, tenta nos fazer perceber que as coisas da natureza são indespensaveis; todo Homen precisa de ter coisas que possam fazer parte do seu ambiente.

Jonh Locke com enfoque na alegria, afirma que tudo é adquirido, condicionado, pois, a estrutura mental a um processo de conquista de verdade por processo educacional e cultural, obrigatório, por iniciativa do ser ou de terceiros.Para ele ideia é o objecto do pensamento e todas as idéias derivam da sensação ou reflexão sendo o objecto da sensação uma fonte das ideias.

Gottfried Wilhelm Leibniz nos seus estudos sobre o entendimento humano diz que existem verdades inatas pois defende a ideias de se ter um

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comportamento desejavel por todos ou seja fazer o bem para outrem. Nao fugindo muito da ideia de Espinosa de que Deus está acima de tudo, Leibniz admite que cada ser age como se fosse um universo à parte, por suas próprias ideias, mas em busca sempre de uma composição entre os outros seres existentes, ou seja o Homen deve  ter um comportamento ou conduta aceitavel na natureza.

David Hume destacou se  nessa era por ser um questionador das causas promotoras das virtudes, dos vícios, da verdade, da falsidade, da beleza e da fealdade e como um precursor de conceitos sobre os móveis da conduta humana. Ele defendia mais a ciência pelo conhecimeto das causas e não dos agentes que possam promover a causa ou seja para ele o que tinha significado era o conhecimento, a busca de conhecimeto para entender o fim.Para Hume a conduta nem sempre está ligada á virtude, atendendo e considerando o que hoje em dia se pode assistir quase que em todo mundo.

Immanuel Kant com influências de Leibniz e mais tarde deixa se influenciar por Rousseau, na sua crítica a razão pura demonstra que coisa alguma do que conhecemos pode transcender a experiência, mas, desta preliminarmente, é extraido.A moral é guiado pela razão daí que não se pode falar da razão sem se sustentar Deus, liberdade e

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imortalidade. E numa situação em que a razão se desvia ou seja não se aplica moral deixa de ter sentido e se sujeita a produzir sofismas.Kant considera ética onde ha razão ou seja o homen deve agir sob impulso de um sentimento de dever, daquela dimanado.

Jeremy Bentham destaca se nesta época pela visão e capacidade de influenciar os outros. Ele apresentou um método para medir uma soma de prazer ou de dor, encontrando o valor apartir das  seguintes circunstâncias: intensidade, duração, certeza ou incerteza e proximidade ou longinquidade.Podemos considerar ainda nesta época Berdyayev, Buber, Marcel e Jasper, Sartre, Dewey, Hook, Adler, Carrel e Chardin.

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GÊNESE, FORMAÇÃO E EVOLUÇÃO ÉTICA

Aqui neste capítulo dá se enfase ao estudo da mente. Como a mente influencia o nosso comportamento desde quando nascemos até a fase de constituirmos uma família.Daí que os estudos científicos da mente chegaram a conclusões comuns no que tange à influência dos conhecimentos adquiridos nas primeiras idades, em relação às estruturas dos pensamentos, logo, das acções.As conclusões a que se chegam são de haver sempre uma ligação com o passado ou seja uma parte do comportamento tem influências no passado.

Quando criança, o indivíduo tem mais capacidade de assimilar certos comportamentos, sobretudo no que tange à formação moral. Na medida em que a criança convive com seus semelhantes, deles tende a observar, por imitação, o que lhe apraz e por recalque o que lhe desagrada ou causa mau estar.Mas ha que se destacar a família por desempenhar um papel muito importante; pois de ponto de vista moral, quando a formação do lar é boa, a educação tende a ser mais proveitosa na família que na escola. 

Essa educação pode sofrer influências do meio ambiente. Atendendo e considerando que o meio

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ambiente é adverso, especialmente se a educação é ministrada com deficiências ou se enseja espaços para incompreensões.Para que não haja essa influência ou para que não se elastique é preciso que se elimine os pequenos erros enquanto criança sobretudo os que podem atingir a estrutura moral. A boa educação se realiza pelo estímulo e não pelo castigo.

A educação de origem é importantíssima e deve ser tão ampla quanto possível, ministrada através de exemplos, de sugestões motivadoras, de cobranças suaves, de vigilância permanente sobre o aprendizado.

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CONSCIÊNCIA ÉTICA

Neste capítulo aborda se a questão da essência da ética. Pois a expressão não tem o mesmo significado comum, nem religioso, de ponto de vista filosófica.O conceito da ética não pode ser padronizado pois depende do momento e do lugar onde é abordado.A consciência ética, portanto, é esse estado decorrente de mente e espiríto, através do qual não só aceitamos modelos para a conduta, como efectivamos julgamentos próprios.

Para a filosofia, consciência resulta da relação íntima do homem consigo mesmo, é fruto da conexão entre as capacidades do eu e aquelas das energias espirituais, responsáveis pela nossa vida. Portanto, consciência ética é um estado decorrente de mente e espírito, através do qual não só aceitamos modelos para a conduta, como efectivamos julgamentos próprios; condicionamo-nos, mentalmente para a realização dos factos inspirados na conduta sadia. A consciência se forma através das parcelas de ensinamento, informações, influências ambientais, observações e percepções, são através desse conhecimento adquirido que criamos nossos parâmetro.Espírito é a energia que nos rege, que actua sobre a nossa massa orgânica, não necessita de influência externa e independe de nossa vontade,

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está programada para manter o nosso organismo em plena actividade. Como exemplo, podemos citar: Ter fome, sentir sede, cicatrizar uma ferida, etc. Nosso ego confunde-se com nossa consciência, embora sejam coisas distintas quando nos propomos a estudá-las.A consciência se instala e age na relação entre o espírito e a sensibilidade amente, neste âmbito nada ocorre automaticamente, tudo é feito através de autoprogramações, através de nossas propriedades materiais vai condicionar-se autilização de nossos recursos intelectuais para que se atinja o objectivo proposto.

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VIRTUDE COMO SUBSTÂNCIA ÉTICACONCEITO GENÉRICO E ESSENCIAL DE VIRTUDE ÉTICA

Neste capítulo aborda se a questão de virtude como substância etica ou seja a expressão isolada de Aristóteles “aos hábitos dignos de louvor chamamos virtudes” deve ser analisada com relatividade.Nessa expressão quis o genial pensador, ressaltar o efeito como causa determinante e não a virtude em si, ou seja, o que ela de facto representa.Sabemos também, que virtuosos não são dignos de louvor em meios onde o vício prevalece, o que não invalida o teor da virtude.

Essa observação torna-se evidente, quando imaginamos que louvor pode ser efeito de uma  forma particular de ver as coisas, relativa a um grupo de pessoas, ou também, uma óptica particular de conduta grupal..A virtude não é apenas o que se pode louvar, pois, isto dependeria de parametrias variáveis e incertas; para um grupo de assassinos pode ser louvável o atirador impiedoso e veloz, mas, para homens de conduta humana correcta, tal comportamento seria reprovável. 

A conduta virtuosa, é algo essencial e estriba-se na qualidade do ser em viver a vida de acordo com a natureza da alma, ou seja, na prática do amor,

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em seu sentido pleno de não produzir malefícios a si e nem a sua semelhante.É o próprio Aristóteles que em digressões mais profundas evidencia que a virtude provém de algo intuitivo, na direcção do que de íntimo possuímos.Virtuoso não é apenas o que se comporta louvavelmente, mas o que também recebendo louvores os tem provenientes de qualidades transcendentais, fundadas no respeito a si e a seus semelhantes.

EFEITOS E RESPONSABILIDADES NA PRÁTICA DA VIRTUDE

Escreveu o filosofo Vauvenargues que “A utilidade da virtude é tão manifesta que os maus a praticam por interesse” (Lucas Vauvenargues Lucas moralista Francês autor de reflexões e máximas 1715-1747).Sem dúvida, a conduta virtuosa tende a consagrar os profissionais, especialmente, pois, a confiança de utentes, em seus trabalhos, directamente se liga a tal condição.

Isto traz inequívocos benefícios de ordem material e social.Esta a razão pela qual, mesmo sem pendores para tal, alguns praticam a acção virtuosa para que não caiam no descrédito; ou ainda, buscam vantagens em ser virtuosos, não porque lhes dite a consciência, mas porque lhes obriga a consciência.

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Parece justificável a máxima do Marquês de Vauvenargues:”nem todo aquele que parece virtuoso ama, de facto, a virtude”.

Isto coincide, também, com a afirmação de  Diderot: “Louva-se a virtude; mas odeiam-na, mas fogem dela e ela gela de  frio nesse mundo onde se precisa ter os pés quentes…a virtude se  faz respeitar e o respeito é incômodo; a virtude se faz admirar, e a admiração não é  aceitável.” (Diderot 1713-1784 um dos mais influentes pensadores da época).Ao longo dos anos, e mesmo nos escritores modernos, continua-se a mostrar essa  grande luta entre a virtude e os vícios.Entende-se como Espinosa, que o mal existe para valorizar o bem e que muito difícil é eliminá-lo completamente, pelo menos enquanto a humanidade raciocinar nos termos que adota, em que  a matéria tem prevalecido.Sendo a virtude algo atado ao espírito, e, sendo o espírito relegado, é natural que ocorra a decorrência inevitável de perda de força daquela.

Por ser ás vezes rara, em determinadas  sociedades, como os metais raros, tende a ganhar qualidade.No campo profissional os benefícios que traz são inequívocos.As compensações pela virtude, entretanto, são basicamente, morais e nem sempre materiais.

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Pode ocorrer, como de facto ocorre, não haver benefício material, pela prática da virtude, mas existirá, todas as vezes e em quaisquer casos, o benefício de ordem íntima, espiritual, mental, de consciência, e esta será a grande remuneração.

Esse benefício nem sempre se traduz em expressões, em coisas, pois existem vibrações internas, em cada ser, competentes para evidenciar a existência de algo mais que nos liga a um prodigioso complexo em que o amor parece ser exigível em todas as acções.Quando, todavia, se analisa a obra de tantos pensadores, percebe-se tantas experiências de vida não se chega a duvidar dessas ligações transcendentais, dada a generalidade de manifestações, isto é  objectivo.As religiões têm conjugado tais manifestações com alguma propriedade e seus códigos, na maioria das mais importantes, são códigos morais.A compensação pela virtude não é uma promessa todavia; aquele que pratica por amor, satisfaz a si mesmo.     Que mais poderia ocorrer de benefício, senão aquele que fazemos a nós mesmos, distribuindo também e igualmente seus efeitos com nossos semelhantes?

DEVER PERANTE A ÉTICA

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A consciência ética impõe um sentimento de cumprimento da mesma. Ou seja a consciência ética nos leva a caminhar sempre na direcção do que nos parece “normal” ou coerente.Como citam alguns estudiosos temos a tendência de cumprir o que nos é harmônico e satisfazer uma necessidade de boa convivência com o próximo e com nós mesmos.Há então o que chamamos de “lógica natural do dever” quando nosso cérebro nos estimula a cumprir nossos modelos mentais e educacionais, os que recebemos ou adquirimos pela convivência social.

A ciência hoje também nos atribui algumas lembranças adquiridas pela genética de forma biológica ou por estados espirituais. Alguns pesquisadores que estudam cientificamente o espírito acreditam que, podemos herdar lembranças ou memórias através da reencarnação. Isso explicaria alguns comportamentos que influem em nosso modo de agir.Há também a defesa que, de tempos em tempos temos o surgimento de pessoas com intelectos superiores, que estando em contato com seu meio próprio são capazes de se destacar em seu campo de actuação, justificando assim que estes comportamentos em boa parte são advindos de vidas passadas que a eles são transmitidas pela herança do espírito. E verdadeiramente, mesmo com a aplicação de testes, como o electro

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encefalograma e de estímulos realizados a partir dos três anos, para se medir a “inteligência emocional” ou como defendia Binet o “QI”, pouco ou nada podemos dizer que temos de concreto ou definitivo sobre o assunto neural ou cerebral.De concreto temos a evidente cobrança dentro do indivíduo de sempre agir em direcção do que é “correcto’, “normal” e usual dentro das situações expostas na convivência social. Kant denominou este comportamento como “boa vontade”, e é verdade que quando contrariamos o agir “correcto” surgem cobranças do nosso próprio cérebro, e essas cobranças também chamadas de “peso de consciência” geralmente nos surgem como sinais eléctricos e neurais. A excepção a regra são os indivíduos com má formação psicológica, quando lhes falta a “consciência” dos actos. 

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VONTADE ÉTICA

Neste capítulo aborda se a questão da vontade reflexa que se caracteriza por atitude aparentemente impensada, automática, como imposição de uma energia que se situa em nossa mente e que nos compele a praticar a virtude sem maiores raciocínios.A tendência ética tem sua explicação nos efeitos de uma sensação de inclinação para a prática virtuosa. Apesar de não se ter ainda uma lógica sobre as suas tendências, ha quem defende que provém de efeitos atávicos; outros preferem atribui-la aos genes; outros preferem atribuí-la a captações inconscientes diversas; em suma, as causas permanecem no campo da polêmica e dos diversos critérios de estudiosos. Mas facto inequívoco é que o pendor, a vocação para a ética, é inato em determinados seres, e isso tem-se comprovado pela experiência. Existem tendências inatas e outras derivadas de hábito e observação que venham a ligar as virtudes naturais com as exigíveis para o desempenho das tarefas.

O desejo de andar correctamente, de praticar o bem, inerente à formação natural de alguns seres, é inegável; quando, na profissão, recebem a educação ética específica, tornam-se verdadeiros titãs da ética.

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Já no instinto ético, não é fácil perceber os limites quando não se concentra na diferença que existe entre agir por impulso, agir por reconhecer e agir porque existe um objecto de intenção natural para qual se é impelido biologicamente.Vidari afirma que o instinto não é por si mesmo um facto que implique consciência moral, mas pode adquirir valor e significado morais, se através dele e do fim que alcança se adquire a consciência reflexa e disto se possa fazer juízo avaliável e instrumento de vontade.

O instinto busca a utilidade porque é uma forma de acção que visa ao indíviduo, mas, no sentido ético, deve ser tomado com a relatividade que liga o ser a seu conjunto. E para a actividade ideomotriz é a que provém do condicionamento mental ao acto ético, ou seja, ao agir não só porque a vontade consciente o determinou, mas também porque o cérebro o impõe, por uma forte disposição inconsciente, ou ainda porque o fim está plenamente consolidado mo ser, como determinante.A competividade no campo do trabalho exige que racionalmente seja o profissional um leal executor de normas éticas, pois, as transgredindo, marginaliza-se em seu mercado.

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CONDUTA  DO SER HUMANO EM COMUNIDADE E EM SUA CLASSE

Por mais que se tenham corrompido os costumes, por mais que se tenham deixado sem punição os que furtaram em suas funções públicas, em tempo nenhum essas coisas conseguirão destruir a verdade contida na virtude.O sucesso, tal como admitimos para um homem integral, jamais poderá ser alcançado sem a prática da ética.Embora deixemos de concordar com alguns itens dos princípios de Carrel, admitimos que o sucesso repousa na associação do amor com a sabedoria, somado tudo à acção e a uma constante reflexão sobre tudo o que se faz.

Em tudo parece haver uma tendência para a organização e os seres humanos não fogem a essa regra e vocação. Todo agregado, todo sistema, entretanto, depende de uma disciplina comportamental e de conduta.Onde cada ser, assim como a somatória deles em classe profissional, tem seu comportamento específico, guiado pela característica do trabalho executado.O valor ético do esforço humano é variável em função do seu alcance, em face da comunidade. Se o trabalho executado é só para auferir renda, tem em geral seu valor restrito. Os serviços realizados,

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visando o benefício de terceiros com consciência do bem comum, passa a existir a expressão social do mesmo. Aquele que só se preocupa com os lucros, geralmente, tende a ter menor consciência de grupo e a ele pouco importa o que ocorre com a sua comunidade e muito menos com a sociedade. O número dos que trabalham visando primordialmente o rendimento é muito grande, fazendo assim com que as classes procurem defender-se contra a dilapidação de seus conceitos, tutelando o trabalho e zelando para que uma luta encarniçada não ocorra na disputa dos serviços, pois ficam vulneráveis ao individualismo.

Como escreveu Vidar: “ a formação das classes sociais é um facto de grande importância Ética que se completa no momento exacto em que o homem sai de sua homogeneidade instável de origem primitiva e forma agrupamentos mais determinados e estáveis”. Tal assertiva ele a fez para depois argumentar que tais agrupamentos aumentaram suas necessidades na vida, em decorrência da agregação..A vocação para colectivo já não se encontra, nos dias actuais, com a mesma eficácia nos grandes centros como ainda é encontrado em núcleos menores e poucas cidades de maior dimensão possuem o espírito comunitário, enfrentando com grandes dificuldades as questões classistas.E olhando para o subtema que se refere a classes socias pode se dizer que uma classe profissional

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caracteriza-se pela homogeneidade do trabalho executado, pela natureza do conhecimento exigido para tal execução e pela identidade habilitação para, o exercício da mesma. A classe profissional é um grupo dentro da sociedade, especifico, definido por sua especialidade de desempenho de tarefas. A questão, pois, dos agrupamentos específicos, sem dúvida, defluiu de uma natureza especialização, motivada por selecção natural ou habilidade própria, e hoje constitui-se em inequívoca força dentro das sociedades.  O sucesso, tal como admitimos para um homem  integral, jamais poderá  ser alcançado sem a  prática  da ética. Embora deixamos de concordar com alguns itens dos princípios  de  Carrel,  admitimos que o sucesso repousa  na associação do amor  com a sabedoria, somado tudo à acção e a uma constante  reflexão sobre  tudo o que se faz . É pelo exercício do espírito que o homem alcança seus maiores objectivos, ou seja  pela crença firme em sí mesmo, pela determinação obstinada em seus propósitos honestos, pelo desejo  de dar a seu semelhante as mesmas oportunidade e respeito que recebe.

Se amamos o que fazemos, o fruto de nosso trabalho será  de boa qualidade  e trará proveito. Se  nos valorizamos pela sabedoria,  é possível,  profissionalmente, cada vez mais,  auferimos

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melhores rendimentos. Se agimos sem  tréguas, eticamente, conseguimos realizar e materializar os ideais. Nessa acção  está  compreendida  a qualidade do trabalho  que busca  a possível perfeição e o respeito às necessidades dos utentes dos serviços que prestamos. Finalmente, se refletimos, estamos sempre em conexão com as forças transcendentais que parecem vir  a nós pela ligação que estabelecemos pelo pensamento reflexivo ( a oração tem sido um caminho, quando ela é  uma forma livre de lançar ao espaço nossos juízos).

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Parte IIÉTICA PROFISSIONALPROFISSÃO E EFEITOS DE SUA CONDUTA

A segunda parte deste livro tras consigo a definição da ética profissional mas antes aborda a questão da profifissão, e diz que a expressão profissão provém do Latim professione, do substantivo professio, que teve diversas acepções naquele idioma, mas foi empregado por  Cícero como “ acção de fazer profissão de” ( Cícero, Marco Túlio. De oratore. 1, 21. Bolonha:Zanichelli,1992.). O conceito de profissão,  na actualidade, aquele que se aceita, representa:” trabalho que se pratica com  habitualidade  a serviço de terceiros”, ou seja, “ prática constante de um ofício.  A profissão tem, pois, além de sua utilidade para o indivíduo, uma rara expressão social e moral.Basta lembrar os pontos que Cuvillier, com rara felicidade e oportunidade, destaca:- É pela profissão que o individuo se destaca  e se realiza  plenamente, provando sua capacidade , habilidade, sabedoria  e inteligência, comprovando sua personalidade para vencer obstáculos.- Através do exercício profissional, consegue o homem elevar seu nível moral.- É na profissão que o homem  pode ser útil a sua comunidade  e nela se eleva e destaca, na prática  dessa  solidareidade orgânica.( Cuvillier, Manuel

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de philosophie. 9 ed. Paris: Armand Colin, 1947. P.358-359.).De facto, se acompanharmos a vida de um profissional, desde a sua formação escolar até seu êxito final, vamos observar o quanto ele produz e recebe de utilidade.Dando exemplo da profissão em contabilidade, sendo  uma  das profissões  mais antigas do homem, evoluiu com a sociedade e hoje se situa entre  as mais requeridas ( não há, praticamente,  crise em seu mercado de trabalho) e as mais difundidas, pois toda  empresa  e toda  instituição precisam,  obrigatóriamente, de  tais serviços.

A profissão  contábil consiste em um trabalho exercido  habitualmente  nas células sociais, com  o objectivo  de prestar  informações  e orientações baseadas na explicação dos fenómenos  patrimoniai, ensejando o cumprimento de deveres  sociais,  legais, ecõnomicos,  tão como  a tomada  de decisões  administrativas, além de servir de instrumentação  histórica  da vida  da riqueza.Os deveres profissionais  que ela impõe, por conseguinte, são os da  utilidade, em relação  à  explicação  dos fenómenos  da natureza  que as células  sociais utilizam para suprirem suas necessidades de existência, tão como de  informes (função técnica, de nível médio, da contabilidade) e opiniões sobre tudo o que  se relaciona ao património das  pessoas  naturais ou jurídicas.

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O trabalho é  um dever  social ( Aristóteles A politica cap.2 paragráfo 2), mas, além de tudo,  algo  que  realiza  quem o faz, se, realmente ,  no exercício de  suas tarefas,  emprega  o amor  como  guia de suas acções. A profissão permite  que o individuo exerça sua função  de solidariedade  para com  seus semelhantes,  recebendo, em troco, não  só  dignidades,  mas compensações que permitem,  inclusive, o enriquecimento  material. Ao exercer sua profissão,  o contabilista  pratica uma função  nitidamente  social como um autêntico médico de empresas e instituições, e ao mantê-las sadias cuida, também, da riqueza social ( que é uma concepção abstracta, decorrente da somatória dos patrimónios celulares ).O trabalho nessa área não serve  apenas  ao profissional e a sua família, mas, quando de  qualidade, tem condições de dignificar sua classe e cumprir a finalidade abrangente  das organizações humanas.

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ÉTICA E PROFISSÃO

Neste capítulo é observada em tese, em seu sentido geral, a profissão, como exercício habitual de uma tarefa,  a serviço  de outras pessoas, insere-se no complexo  da sociedade como uma actividade específica.Trazendo tal prática benefícios recíprocos a quem a quem pratica  e a quem recebe o fruto do trabalho, também exigi, nessas relações, a preservação de uma conduta  condizente com os princípios éticos específicos.O grupo de profissionais que exercem o mesmo ofício termina  por criar  as distintas classes profissionais e também a conduta pertinente.

Existem aspectos  claros de observação do comportamento, nas diversas esferas em que ele se processa: perante o conhecimento, perante o cliente, perante o colega, perante a classe, perante a sociedade , perante a pátria, perante a própria humanidade como conceito global.A consideração ética, sendo relativa, também hoje se analisa do ponto de vista  da necessidade de uma conduta  de efeitos amplos, globais, mesmo diante de povos que possuem tradições e costumes diferentes.A profissão, como prática habitual de um trabalho, oferece uma relação entre a necessidade e utilidade, no âmbito humano, que exige uma

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conduta específica para o sucesso de todas as partes envolvidas – quer sejam os indivíduos directamente ligados ao trabalho, quer sejam os grupos, maiores ou menores, onde tal relação se insere.

Quem pratica a profissão dela se beneficia, assim como o utente dos serviços também desfruta de tal utilidade. Isto não significa, entretanto, que tudo o que é útil entre duas partes o seja para terceiros e para a sociedade. Um empresário que precisa estar informado e orientado sobre seus negócios, em face do que vai ocorrendo com seu capital, necessita de um profissional especializado em contabilidade. Em reciprocidade, o diplomado em contabilidade necessita do trabalho e de oportunidade que o empresário vai lhe oferecer. Estas são relações directas entre quem presta o serviço e o que deste se beneficia.

Na oportunidade oferecida, tem os contabilistas meios de mostrar todas as suas capacidades e, em decorrência, construir seu conceito profissional. O conceito profissional é a evidência, perante terceiros, das capacidades e virtudes de um ser no exercício de um trabalho habitual de qualidade superior.Não se constrói um conceito pleno, todavia, sem que se pratique uma conduta também qualificada. O valor profissional deve acompanhar-se de um valor ético para que exista uma integral imagem

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de qualidade. Quando só  existe a competência técnica  e científica e não existe  uma conduta virtuosa, a tendência é  de que  o conceito, no campo do trabalho, possa abalar-se, notadamente  em profissões que lidam com maiores riscos.Um advogado por exemplo, que defenda  o réu e sirva também ao autor, quebra  um princípio ético e se  desmerece, conceitualmente, como profissional.No exemplo que citamos, o advogado serviu, sendo útil a uma das partes, mas, eticamente, praticou conduta condenável.

DEVERES PROFISSIONAIS

Neste capítulo o autor aborda questões que tem haver como os deveres profissionais. Analisa se aquilio que é da responsabilidade do profissional perante o seu trabalho. Sendo o propósito  do exercício profissional a prestação de uma qualidade a terceiros, todas as qualidades pertinentes à satisfação da necessidade, de quem requer a tarefa, possam a ser uma obrigação perante o desempenho.Logo, um complexo de deveres envolve a vida  profissional, sob os ângulos da conduta a ser seguida para a execução de um trabalho. Esses deveres impõem-se a passam a orientar a acção do profissional perante seu utente, se grupo, seus colegas, a sociedade, o Estado e especialmente

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perante sua própria conformação mental e espiritual.

Diferenciam-se, pois, os valores nas tarefas e também a importância destas em face da conduta humana  observável perante a execução. Tais diferenças, por si sós, já seriam suficientes para  a consideração científica do estudo da questão (SIMPSON, George. O homem na sociedade. Rio de Janeiro: Bloch, 1954.p. 115).Escolhido o trabalho, que  desempenhará com habitualidade o ser  se compromete com todo um agregado de deveres éticos, pertinentes e  compatíveis com a escolha  da tarefa a ser desempenhada.Existem aspectos de uma objectividade, volvida ao trabalho, que apresenta particularidades próprias e também peculiares a cada especialização, ou seja, há um complexo de valores pertinentes a cada profissão.

Para o dever da execução das tarefas e das virtudes exigiveis a  profissão eleva o nível moral do individuo, por sua vez, também exige dele uma prática valorosa, como escolha, pelas vias da virtude. O êxito tende a ser uma natural decorrência de quem trabalha de modo eficaz, em plenitude ética.

 Não bastam as competências científicas, tecnológica e artísticas; é necessária também

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aquela relativa ás virtudes do ser,  aplicada ao relacionamento com pessoas, com a classe, com o Estado, com a sociedade, com a  prática. A consciência profissional necessita de uma formação  específica. Não pode ser considerada eficaz uma tarefa  realizada apenas com pleno conhecimento material, sendo imprescindível que tudo se exerça sob a actuação de todo um complexo de virtudes nas quais o zelo, a  excelência do produto, é uma das mais louvadas.

AMBIÊNCIA E RELAÇÕES ESPECIAIS NO DESEMPENHO ÉTICO -PROFISSIONAL

Neste capítulo o autor aborda os aspectos especiais de relações profissionais, que conduta um profissional deve tomar perante o seu trabalho dia-a-dia. Ou seja tenta falar de uma ética espacial, aquela que se cumpre dentro de um espaço de actividades que pode ser empregado, particular ou publico; autônomo, individual e colectivo; Sócio de uma empresa fechada e etc.O empregado, neste caso o profissional deve saber que ele tem um responsavel ao qual subordina se e deve seguir regras relacionadas com  a sua tarefa.

VIRTUDES BÁSICAS PROFISSIONAIS

Segundo o autor do texto, existem virtudes, denominadas básicas, cujo impacto nas práticas profissionais provocarão uma maior eficácia no

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seu exercício. Neste sentido, a execução de forma ética dos princípios que regem o bom exercício de uma profissão passará, portanto pela aplicação de princípios básicos e comuns a qualquer profissão e serviços prestados. Neste sentido, o autor destaca quatros pilares essenciais: zelo, honestidade, sigilo e competência. Não excluindo, por sua vez, outras virtudes denominadas por complementares.

A primeira virtude levantada pelo autor é o zelo. Segundo o texto, o zelo aqui descrito parte de uma responsabilidade individual e tem inicio na relação do profissional e seu objeto de trabalho. Nesse sentido, o profissional deve utilizar todos os recursos e meios disponíveis para atender ao seu objeto. Assim, é possível entender que, uma vez aceito, o profissional deve ir até o final, caracterizando assim um pacto mediado a partir de um contrato estabelecido entre ambas as partes, tendo como objeto exclusivamente o cumprimento do trabalho assumido pelo profissional. Opiniões precipitadas, sem levar em consideração as possíveis conseqüências também podem caracterizar uma negligencia que no âmbito de uma relação e significa a falta de ética e zelo profissional.

A seguir, a honestidade apresenta-se como um elemento decisivo na relação profissional, uma vez que traduz a confiança depositada por terceiros a alguém. Portanto,segundo o autor, não há espaço

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para atitudes e comportamentos tidos como “pseudos - honestos”., honestidade circunstancial, tampouco maior ou menor grau de honestidade. Posturas onde a confiança não esteja num patamar explicito poderá gerar entraves na relação profissional, e caracteriza por assim dizer, a diminuição do alcance ético em tal relação.

O sigilo profissional aparece por assim dizer como uma reserva essencial para que o zelo e a honestidade encontrem no sigilo uma aliada essencial na manutenção do vinculo profissional e objecto. A quebra do sigilo, revela uma grave dificuldade de expressão de uma ética essencial em qualquer profissão, no que se refere a profissional e seu objecto.Por fim, a virtude da competência resume de forma convincente a relação das virtudes citadas anteriormente. A eficiência e a eficácia na realização de um trabalho tem a ver com o exercício do conhecimento de forma adequada e pertinente a um trabalho.

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VIRTUDES COMPLEMENTARES PROFISSIONAIS

Segundo o autor defende que a orientação e assistencia ao cliente classifica se como uma virtude. Não obstante os deveres de um profissional, os quais são obrigatórios, devem ser levadas em conta as qualidades pessoais que também concorrem para o enriquecimento de sua atuação profissional, algumas delas facilitando o exercício da profissão.Muitas destas qualidades poderão ser adquiridas com esforço e boa vontade, aumentando neste caso o mérito do profissional que, no decorrer de sua actividade profissional, consegue incorporá-las à sua personalidade, procurando vivenciá-las ao lado dos deveres profissionais.O senso de responsabilidade é o elemento fundamental da empregabilidade. Sem responsabilidade a pessoa não pode demonstrar lealdade, nem espírito de iniciativa. Uma pessoa que se sinta responsável pelos resultados da equipe terá maior probabilidade de agir de maneira mais favorável aos interesses da equipe e de seus clientes, dentro e fora da organização. A consciência de que se possui uma influência real constitui uma experiência pessoal muito importante

ÉTICA DA MENTIRA

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Neste capítulo, para o autor a ética analisa a mentira como objecto de conhecimento, assim como a patologia especula as anormalidades do corpo e o direito compreende os delitos.A mentira tem seus aspectos qualitativos vinculados, pois nem tudo que se propaga na mídia ou uma informação que nos é dada pode ser considerada verdadeira, porém, isso não quer dizer que sejamos mentirosos, apenas estaremos difundindo aquilo que nos fizeram crer, que nos foi ensinado.Se nos forçam a crer que água é um explosivo, sem explicar que os explosivos são apenas seus componentes, sob determinadas condições, e, se divulgamos o que nos foi imposto como dogma, estaremos veiculando o que nos fizeram crer; estaremos difundindo algo falso, em realidade, sem, contudo, sermos mentirosos essencialmente.

As circunstâncias ou entornos que motivam a mentira, finalmente, oferecem o conjunto das relações lógicas: essenciais, dimensionais e ambientais, que motivam esse fenômeno a ser estudado cientificamente no campo da Ética, justificando conceitos, axiomas, teoremas e teorias.

Algumas mentiras também podem ser consideradas válidas, mesmo que praticadas de maneira consciente. Isso, para ele, acontece, quando, contada uma mentira a alguém essa se

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materializa de forma virtuosa, ou seja, não tem a intenção e nem a finalidade de prejudicar a pessoa a quem está sendo contada e tampouco desencadear algum tipo de situação maléfica.Essa grande licção, verdadeira, plena de sabedoria, sugere que os ânimos sejam detidos para que a razão prevaleça, ou seja, mostra que a “a inteligência emocional” é uma importante arma em prol do sucesso, e, também, que algumas mentiras podem ser válidas, ainda que conscientemente praticadas, quando os efeitos das mesmas se materializam em uma finalidade virtuosa de qualificada expressão