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A Educação no Brasil Breve histórico A história da educação no Brasil começa em 1549 com a chegada dos primeiros padres jesuítas, inaugurando uma fase que haveria de deixar marcas profundas na cultura e civilização do País. Movidos por intenso sentimento religioso de propagação da fé cristã, durante mais de 200 anos, os jesuítas foram praticamente os únicos educadores do Brasil. Embora tivessem fundado inúmeras escolas de ler, contar e escrever, a prioridade dos jesuítas foi sempre a escola secundária, grau do ensino onde eles organizaram uma rede de colégios de reconhecida qualidade, alguns dos quais chegaram mesmo a oferecer modalidades de estudos equivalentes ao nível superior. Em 1759, os jesuítas foram expulsos de Portugal e de suas colônias, abrindo um enorme vazio que não seria preenchido nas décadas subsequentes. As medidas tomadas pelo Ministro de D. José I - o Marquês de Pombal - sobretudo a instituição do Subsídio Literário, imposto criado para financiar o ensino primário, não surtiram nenhum efeito. Só no começo do século seguinte, em 1808, com a mudança da sede do Reino de Portugal e a vinda da Família Real para o Brasil-Colônia, a educação e a cultura tomariam um novo impulso, com o surgimento de instituições culturais e científicas, de ensino técnico e dos primeiros cursos superiores (como os de Medicina nos Estados do Rio de Janeiro e da Bahia). Todavia, a obra educacional de D. João VI, meritória em muitos aspectos, voltou-se para as necessidades imediatas da Corte Portuguesa no Brasil. As aulas e cursos criados, em diversos setores, tiveram o objetivo de preencher demandas de formação profissional. Esta característica haveria de ter uma enorme influência na evolução da educação superior brasileira. Acrescente-se, ainda, que a política educacional de D. João VI, na medida em que procurou, de modo geral, concentrar-se nas demandas da Corte, deu continuidade à marginalização do ensino primário. Com a Independência do País, conquistada em 1822, algumas mudanças no panorama sócio-político e econômico pareciam esboçar-se, inclusive em termos de política educacional. De fato, na Constituinte de 1823, pela primeira vez se associa sufrágio universal e educação popular - uma como base do outro. Também é debatida a criação de universidades no Brasil, com várias propostas apresentadas. Como resultado desse movimento de idéias, surge o compromisso do Império, na Constituição de 1824, em assegurar "instrução primária e gratuita a todos os cidadãos", confirmado logo depois pela Lei de 15 de outubro de 1827, que determinou a criação de escolas de primeiras letras em todas as cidades, vilas e vilarejos, envolvendo as três instâncias do Poder Público. Teria sido a "Lei Áurea" da educação básica, caso tivesse sido implementada. Da mesma forma, a idéia de fundação de universidades não prosperou, surgindo em seu lugar os cursos jurídicos em São Paulo e Olinda, em 1827, fortalecendo o sentido

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A Educação no Brasil

Breve histórico

A história da educação no Brasil começa em 1549 com a chegada dos primeiros padres jesuítas, inaugurando uma fase que haveria de deixar marcas profundas na cultura e civilização do País. Movidos por intenso sentimento religioso de propagação da fé cristã, durante mais de 200 anos, os jesuítas foram praticamente os únicos educadores do Brasil. Embora tivessem fundado inúmeras escolas de ler, contar e escrever, a prioridade dos jesuítas foi sempre a escola secundária, grau do ensino onde eles organizaram uma rede de colégios de reconhecida qualidade, alguns dos quais chegaram mesmo a oferecer modalidades de estudos equivalentes ao nível superior.

Em 1759, os jesuítas foram expulsos de Portugal e de suas colônias, abrindo um enorme vazio que não seria preenchido nas décadas subsequentes. As medidas tomadas pelo Ministro de D. José I - o Marquês de Pombal - sobretudo a instituição do Subsídio Literário, imposto criado para financiar o ensino primário, não surtiram nenhum efeito. Só no começo do século seguinte, em 1808, com a mudança da sede do Reino de Portugal e a vinda da Família Real para o Brasil-Colônia, a educação e a cultura tomariam um novo impulso, com o surgimento de instituições culturais e científicas, de ensino técnico e dos primeiros cursos superiores (como os de Medicina nos Estados do Rio de Janeiro e da Bahia).

Todavia, a obra educacional de D. João VI, meritória em muitos aspectos, voltou-se para as necessidades imediatas da Corte Portuguesa no Brasil. As aulas e cursos criados, em diversos setores, tiveram o objetivo de preencher demandas de formação profissional. Esta característica haveria de ter uma enorme influência na evolução da educação superior brasileira. Acrescente-se, ainda, que a política educacional de D. João VI, na medida em que procurou, de modo geral, concentrar-se nas demandas da Corte, deu continuidade à marginalização do ensino primário.

Com a Independência do País, conquistada em 1822, algumas mudanças no panorama sócio-político e econômico pareciam esboçar-se, inclusive em termos de política educacional. De fato, na Constituinte de 1823, pela primeira vez se associa sufrágio universal e educação popular - uma como base do outro. Também é debatida a criação de universidades no Brasil, com várias propostas apresentadas. Como resultado desse movimento de idéias, surge o compromisso do Império, na Constituição de 1824, em assegurar "instrução primária e gratuita a todos os cidadãos", confirmado logo depois pela Lei de 15 de outubro de 1827, que determinou a criação de escolas de primeiras letras em todas as cidades, vilas e vilarejos, envolvendo as três instâncias do Poder Público. Teria sido a "Lei Áurea" da educação básica, caso tivesse sido implementada.

Da mesma forma, a idéia de fundação de universidades não prosperou, surgindo em seu lugar os cursos jurídicos em São Paulo e Olinda, em 1827, fortalecendo o sentido

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profissional e utilitário da política iniciada por D. João VI. Além disso, alguns anos depois da promulgação do Ato Adicional de 1834, delegando às províncias a prerrogativa de legislar sobre a educação primária, comprometeu em definitivo o futuro da educação básica, pois possibilitou que o governo central se afastasse da responsabilidade de assegurar educação elementar para todos. Assim, a ausência de um centro de unidade e ação, indispensável, face às características de formação cultural e política do País, acabaria por comprometer a política imperial de educação.

A descentralização da educação básica, instituída em 1834, foi mantida pela República, impedindo o Governo Central de assumir posição estratégica de formulação e coordenação da política de universalização do ensino fundamental, a exemplo do que então se passava nas nações européias, nos Estados Unidos e no Japão. Em decorrência, se ampliaria ainda mais a distância entre as elites do País e as camadas sociais populares.

Na década de 1920, devido mesmo ao panorama econômico-cultural e político que se delineou após a Primeira Grande Guerra, o Brasil começa a se repensar. Em diversos setores sociais, mudanças são debatidas e anunciadas. O setor educacional participa do movimento de renovação. Inúmeras reformas do ensino primário são feitas em âmbito estadual. Surge a primeira grande geração de educadores - Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, Almeida Júnior, entre outros, que lidera o movimento, tenta implantar no Brasil os ideais da Escola Nova e divulga o Manifesto dos Pioneiros em 1932, documento histórico que sintetiza os pontos centrais desse movimento de idéias, redefinindo o papel do Estado em matéria educacional.

Surgem nesse período, as primeiras Universidades Brasileiras, do Rio de Janeiro-(1920), Minas Gerais-(1927), Porto Alegre-(1934) e Universidade de São Paulo-(1934). Esta última constitui o primeiro projeto consistente de universidade no Brasil, daria início a uma trajetória cultural e científica sem precedentes.

A Constituição promulgada após a Revolução de 1930, em 1934, consigna avanços significativos na área educacional, incorporando muito do que havia sido debatido em anos anteriores. No entanto, em 1937, instaura-se o Estado Novo outorgando ao País uma Constituição autoritária, registrando-se em decorrência um grande retrocesso. Após a queda do Estado Novo, em 1945, muitos dos ideais são retomados e consubstanciados no Projeto de Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, enviado ao Congresso Nacional em 1948 que, após difícil trajetória, foi finalmente aprovado em 1961 (Lei nº 4024).

No período que vai da queda do Estado Novo, em 1945, até a Revolução de 1964, quando se inaugura um novo período autoritário, o sistema educacional brasileira passará por mudanças significativas, destacando-se entre elas o surgimento, em 1951, da atual Fundação CAPES (Coordenação do Aperfeiçoamento do Pessoal do Ensino Superior), a instalação do Conselho Federal de Educação, em 1961, campanhas e movimentos de alfabetização de adultos, além da expansão do ensino primário e superior. Na fase que precedeu a aprovação da LDB/61, ocorreu um admirável movimento em defesa da escola

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pública, universal e gratuita.

O movimento de 1964 interrompe essa tendência. Em 1969 e 1971, são aprovadas respectivamente a Lei 5540/68 e 5692/71, introduzindo mudanças significativas na estrutura do ensino superior e do ensino de 1º e 2º graus, cujos diplomas estão basicamente em vigor até os dias atuais.

A Constituição de 1988, promulgada após amplo movimento pela redemocratização do País, procurou introduzir inovações e compromissos, com destaque para a universalização do ensino fundamental e erradicação do analfabetismo.

O Sistema de Educação no Brasil

Considerando que o Brasil é uma República Federativa constituída de 26 Estados e do Distrito Federal, o sistema de ensino é organizado em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. O Governo Federal, representado pelo Ministério da Educação e do Desporto (MEC), organiza e financia o sistema federal de ensino e presta assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para o desenvolvimento de seus sistemas de ensino e o atendimento prioritário à escolaridade compulsória, isto é, os 8 anos do ensino fundamental. Fazem parte do sistema federal basicamente as universidades, as instituições de ensino superior isoladas, centros federais de educação média tecnológica e uma rede de escolas técnicas agrícolas e industriais em nível de 2o Grau. Além da responsabilidade direta pela rede de ensino superior, o Governo Federal é também responsável pelo programa nacional de apoio à pós-graduação.

O sistema educacional brasileiro organiza-se da seguinte maneira:

GRAU DE ENSINO

DURAÇÃO HORAS/AULA REQUISITO

PARA

ADMISSÃO

Educação Infantil*

(Facultativa)

Creches

Pré-escola

Variável

3 anos

Variável

Variável

Ter de 0 a 3 anos

Ter de 4 a 6 anos

Ensino Fundamental 8 anos 720 anuais Ter 7 anos ou +

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Ensino

Superior

Graduação

Pós-graduação

Variável

(2 a 6 anos)

Variável

(2 a 6 anos)

Variável

Variável

Ter concluído o 2o Grau e ter sido aprovado no exa- me vestibular

Ter concluído a graduação

* A educação infantil, que é concebida como etapa preliminar da escolaridade, só começou a ser organizada e regulamentada após a Constituição Federal de 1988.

** Quando inclui habilitação profissional, pode durar 4 ou 5 anos.

O sistema de ensino administrado pelos Estados é constituído por creches, pré-escolas, escolas de 1o Grau, escolas de 2o Grau e, em alguns Estados, universidades. Há uma tendência para que o 2o Grau fique cada vez mais sob a responsabilidade dos Estados e que creches e pré-escolas fiquem com os Municípios.

Os Municípios atuam prioritariamente no ensino pré-escolar e fundamental. Estão incluídos nesses sistemas de ensino creches, pré-escolas, escolas de ensino fundamental (principalmente as localizadas no meio rural) e, em poucos Municípios, escolas de 2o Grau.

Do ponto de vista administrativo, cada sistema de ensino é regulado por um órgão normativo e gerido por um órgão executivo central. Assim, no plano federal, as normas de funcionamento são estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação, e as decisões políticas, de planejamento e execução administrativa são de responsabilidade do Ministro de Estado, assistido pelas diversas secretarias, órgãos e serviços que compõem o MEC. Em cada Estado e no Distrito Federal, as funções normativas são de responsabilidade do respectivo Conselho Estadual de Educação (CEE), e as funções administrativas e de fiscalização do ensino privado de 1o e 2o Graus são exercidas pela respectiva Secretaria Estadual de Educação (SEE). Ao nível de Município, são os Conselhos Municipais de Educação (e, na ausência deste, o respectivo CEE) e as Secretarias, ou Departamentos, de Educação que exercem, respectivamente, as funções normativas e administrativas.

Fica claro, assim, que cada sistema possui autonomia no que se refere à contratação de professores e funcionários, e à administração de seus recursos.

Existem no Brasil 42,2 milhões de estudantes matriculados no sistema educacional, incluindo escolas pré-primárias, classes de alfabetização, ensino fundamental, ensino médio, ensino superior e pós-graduação, cuja distribuição, bem como o número de estabelecimentos e de docentes podem ser observados no quadro que se segue.

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NÍVEIS DE ENSINO VARIÁVEIS 1991 1993

PRÉ-ESCOLAR Estabelecimentos 57.842 84.366

Funções Docentes 166.917 197.206

Matrícula 3.628.285 4.196.419

CLASSE DE ALFABETIZAÇÃO Estabelecimentos 51.944 50.646

Funções Docentes 89.291 75.413

Matrícula 1.655.609 1.584.147

ENSINO FUNDAMENTAL Estabelecimentos 193.700 195.840

Funções Docentes 1.295.965 1.344.045

Matrícula 29.203.724 30.548.879

ENSINO MÉDIO Estabelecimentos 11.811 12.556

Funções Docentes 259.380 273.539

Matrícula 3.770.230 4.183.847

ENSINO SUPERIOR Estabelecimentos 893 873

Funções Docentes 133.135 137.156

Matrícula 1.565.056 1.594.668

PÓS-GRADUAÇÃO Estabelecimentos 83 91

Funções Docentes 29.351 *31.346

Matrícula 54.174 55.229

Fontes: MEC/SPE/SEEC e MEC/CAPES

* Os docentes da pós-graduação atuam simultaneamente na graduação e estão portanto também incluídos nas funções docentes deste nível de ensino

2.1 NÍVEIS E MODALIDADES DE ENSINO

2.1.1 Educação infantil

A educação infantil, concebida como etapa preliminar da escolaridade, visa proporcionar condições para o desenvolvimento físico, psicológico e intelectual da criança de 0 a 6 anos, em complementação à ação da família. Ela compreende o atendimento realizado em creches, para crianças de 0 a 3 anos; e a pré-escola, destinada a crianças de 4 a 6

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anos.

Embora o setor público venha desenvolvendo e mantendo programas para crianças com idade inferior a 7 anos, sua responsabilidade nesse setor é bem recente. Somente a partir da Constituição Federal de 1988, a educação infantil passou a ser formalmente de responsabilidade dos Estados, cabendo aos municípios fomentar o seu desenvolvimento.

O setor não-governamental atua fortemente nessa área. Programas não-formais, envolvendo a participação das famílias e comunidades são encontrados em todo o país. O próprio MEC tem incentivado a experimentação de formas e métodos não-convencionais, envolvendo uma maior participação comunitária e articulação do poder público.

A rede de educação infantil no país é ainda bastante restrita. Conforme os dados apresentados na tabela abaixo, apenas 17,5% da população de 0 a 6 anos está sendo atendida por algum programa nesse nível.

Crianças de Crianças atendidas Total de

0 a 6 anos 0 a 4 anos 4 a 6 anos atendimentos

23.116.078 667.736 3.375.834 4.043.570

(100%) (2,9%) (14,6%) (17,5%)

Fontes: Fundação IBGE e MEC

2.1.2 Educação fundamental

O ensino fundamental, também denominado ensino de primeiro grau, é constitucionalmente obrigatório, destina-se à formação da criança e do pré-adolescente de 7 a 14 anos de idade, e tem como objetivos: a) o domínio progressivo da leitura, da escrita e do cálculo, enquanto instrumentos para a compreensão e solução dos problemas humanos e o acesso sistemático aos conhecimentos; b) a compreensão das leis que regem a natureza e as relações sociais na sociedade contemporânea; e c) o desenvolvimento da capacidade de reflexão e criação, em busca de uma participação consciente no meio social.

O currículo pleno do 1o grau compreende um núcleo comum e uma parte diversificada. O núcleo comum, obrigatório a nível nacional, abrange as seguintes áreas: a) Comunicação e expressão (Língua Portuguesa); b) Estudos sociais (Geografia, História, e Organização Social e Política do Brasil), com ênfase ao conhecimento do Brasil na perspectiva atual do seu desenvolvimento; e c) Ciências (Matemática, Ciências físicas e biológicas). A parte diversificada está a cargo de cada sistema de ensino e, quando for o caso, de cada escola, atendendo às características regionais e locais da sociedade, da cultura, da

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economia e da clientela.

Para que a universalização do ensino fundamental se efetive, conforme se determina, Estados e Municípios promovem anualmente e, às vezes conjuntamente, um levantamento da população em idade escolar e procedem à sua chamada para a matrícula.

Dados recentes do Serviço de Estatística do Ministério da Educação mostram que 91% da população de 7 a 14 anos tem acesso à escola.

Porém, se por um lado o país logrou alcançar níveis significativos de cobertura da clientela em idade escolar, por outro, a qualidade do ensino é bastante baixa.

Dados recentes mostram elevadas taxas de repetência no ensino fundamental, que tendem a ser superiores a 50% para os alunos de 1ª série.

O problema de evasão precoce é relativamente menor, atingindo apenas 2,3% dos alunos de 1ª série, mas alcançando marcas mais significativas na medida em que os fracassos educacionais se acumulam, chegando a 32% ao final da 4ª série.

Portanto, repetência e evasão constituem hoje grandes desafios para o sistema de educação nacional.

2.1.3 Ensino médio

O ensino de 2o grau objetiva a) o aprofundamento e a consolidação dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental; b) a preparação do educando para continuar aprendendo; c) a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática; e d) a preparação do aluno para o exercício de profissões técnicas.

O currículo no ensino de 2o grau geralmente compreende uma parte de educação geral e outra de educação para o trabalho. Como ocorre no 1o grau, aqui também há um núcleo comum, composto por Comunicação e Expressão (Língua Portuguesa e Língua Estrangeira); Estudos Sociais (História, Geografia, Organização Social e Política do Brasil); Ciências (Matemática, Ciências Físicas e Biológicas). A parte diversificada é estabelecida por cada escola, que pode, assim, definir o seu plano de atividades, respeitados os princípios e normas gerais que regem o sistema de ensino ao qual ela se vincula.

A formação técnico-profissional nesse nível pode ser obtida em escolas técnicas que emitem diplomas de ocupações regulamentadas para a indústria, comércio, agricultura e serviços. Destaca-se nesse âmbito a escola normal, responsável pela formação de professores de educação primária (1a a 4 a séries).

O ensino médio funciona como um filtro entre o 1o grau e o ensino superior. Apenas 16%

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da faixa etária entre 15 e 19 se encontra na escola de 2o grau. É necessário considerar, no entanto, que uma boa parte dos jovens nessa faixa etária ainda está matriculada no 1o grau, o que significa que em torno de 19% dessa faixa etária se encontra na escola.

2.1.4 Ensino superior

O ensino superior no Brasil tem por objetivos o aperfeiçoamento da formação cultural do jovem, capacitando-o para o exercício da profissão, para o exercício da reflexão crítica e a participação na produção e sistematização do saber. Compreende instituições públicas e privadas.

Ao lado de suas tarefas de ensino, o ensino superior promove a pesquisa científica e desenvolve programas de extensão, seja na forma de cursos, seja na forma de serviços prestados diretamente à comunidade. As atividades de pesquisa estão concentradas nas instituições públicas.

O país conta hoje com 894 instituições de ensino superior (IES), das quais 222 são públicas. As demais pertencem a entidades confessionais, grupos privados e instituições não-governamentais de natureza diversa.

Hoje há uma diversidade no tipo de instituições. As universidades são as mais facilmente identificadas pois distinguem-se das demais instituições pela maior abrangência das áreas fundamentais do conhecimento, pelo caráter orgânico de sua estrutura organizacional e também pelo seu grau de autonomia em relação aos organismos de supervisão e controle.

Hoje o país conta com 127 universidades, das quais 68 são públicas.

Além de completar o 2o grau, o aluno que quiser entrar na universidade deve ser aprovado num exame de seleção chamado concurso vestibular. As chances de um aluno ser aprovado no exame de seleção dos cursos mais prestigiosos das universidades públicas dependem, no entanto, não só da conclusão com sucesso do curso de 2o grau, mas também da qualidade da escola em que ele o cursou. Como as escolas de 2o grau de melhor qualidade tendem a ser privadas e caras, geralmente são os jovens de classe sócio-econômica privilegiada que têm acesso às melhores universidades.

Em termos de capacidade de atendimento, o sistema de ensino superior brasileiro é bastante restrito: somente 10% dos jovens da faixa etária correspondente consegue entrar em algum tipo de IES.

3. Metas atuais e perspectivas futuras da educação no Brasil

As principais metas e objetivos do Governo para melhoria do serviço de educação no país estão expressos no Plano Decenal de Educação para todos (1993-2003) e mais recentemente redefinidos no Plano Político Estratégico do Ministério da Educação e do Desporto 1995/1998.

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As metas globais estabelecidas pelo Plano são as seguintes:

- universalização do ensino fundamental. Pretende-se nos próximos anos elevar a, no mínimo 94% a cobertura da população em idade escolar;

- redução dos índices de evasão e repetência, de modo que no mínimo 80% das gerações escolares possam concluir a escola fundamental com bom aproveitamento e cumprindo uma trajetória escolar regular;

- valorização do magistério e aprimoramento de formação inicial e continuada de docentes para o ensino fundamental;

- revisão dos cursos de licenciatura e da escola normal de forma a assegurar às instituições formadoras um alto padrão de qualidade;

- restruturação do ensino médio e reforma curricular;

- promoção da autonomia e melhoria do desempenho institucional no ensino Superior Público;

- ampliação progressiva da participação percentual do Estado na educação, de modo a atingir o índice de 5,5% do PIB.

Como desdobramento do Plano Decenal, o atual Governo colocou em execução várias iniciativas, destacando-se:

- Plano de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério;

- Criação de Fundo para implementação do referido Plano;

- Descentralização no uso de recursos federais com transferência direta da maior parte deles para as escolas.

- Programa TV Escola;

- Reforma curricular para todo o ensino básico.

Pela implantação desses planos e programas, o Ministério da Educação retoma seu papel de indutor e coordenador do processo de mudança da escola pública em âmbito nacional.