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A EDUCAÇÃO JESUÍTICA NO BRASIL Período Jesuítico (1549 – 1759)

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A EDUCAÇÃO JESUÍTICA NO BRASILPeríodo Jesuítico (1549 – 1759)

No ano de 1540, em meio às transformações históricas acarretadas pelo Renascimento Cultural, pela Reforma Protestante e pela Contra-Reforma Católica surge a Companhia de Jesus.

Os Jesuítas eram padres da Igreja Católica que faziam parte da Companhia de Jesus.

Chegaram ao Brasil em 1549 com a expedição de Tomé de Souza e foram responsáveis pela organização dos primórdios do sistema educacional brasileiro.

Tinham como objetivo levar o catolicismo para regiões recém descobertas.

Fundada por Inácio de Loyola, a Companhia de Jesus teve um papel importante para a divulgação das ideias cristãs pela Europa e pelo Brasil.

Quinze dias após chegarem, comandados pelo padre Manoel da Nóbrega, edificaram a primeira escola de “ler e escrever” em Salvador tendo como mestre o irmão Vicente Rodrigues.

Nóbrega acreditava que os índios eram “papel em branco”, pois aprendiam sem resistência tudo que fosse “ensinado” pelos jesuítas, a cultura portuguesa e a fé católica.

O governo português sabia o quanto a educação proporcionada pelos jesuítas era importante como instrumento de domínio político e cultural, não intervindo, portanto, nos planos dos Jesuítas.

No Brasil, os Jesuítas dedicaram-se à pregação da fé católica e ao trabalho educativo.

Perceberam que não poderiam catequizar o índio sem que ele soubesse ler e escrever. Assim, fundaram as primeiras escolas.

A primeira fase da educação Jesuítica foi marcada pelo plano de instrução elaborado por Nóbrega.Primeiro o aprendizado do português, depois a doutrina cristã e, opcionalmente, canto orfeônico e música instrumental.

Os Jesuítas pensavam em afastar os índios dos interesses dos colonizadores e criaram as missões ou reduções.

Nessas Missões, os índios, além de passarem pelo processo de catequização, também eram orientados ao trabalho agrícola, o que garantia aos jesuítas uma de suas fontes de rendas.

Na América do Sul, as Missões foram construídas em territórios que hoje pertencem ao Brasil, Argentina e Paraguai.

Cada um dos assentamentos criados pelos padres Jesuítas destinava-se à proteção e catequese dos Índios Guaranis.

As missões se organizavam em torno de uma Igreja, cujo padroeiro dava nome à missão ou redução.

Os Jesuítas permaneceram como mentores da educação brasileira por 210 anos, quando foram expulsos pelo Marquês de Pombal em 1759.

A Educação brasileira, com isso, vivenciou uma grande ruptura histórica num processo já implantado e consolidado como modelo educacional.

No momento da expulsão os Jesuítas tinham 25 residências, 36 Missões e 17 colégios e seminários. Além de seminários menores e escolas de primeiras letras instaladas em todas as cidades criadas pela Companhia de Jesus.

UMA PEDAGOGIA BRASÍLICA (1549 – 1599)

Para os jesuítas, a religião católica era considerada obra de Deus, enquanto as religiões dos índios e dos negros vindos da África eram obra do demônio.

Pela catequese e pela instrução, se cumpriu um processo de aculturação da população colonial nas tradições e costumes do colonizador.

As ideias pedagógicas postas em prática pelos Jesuítas configuram uma verdadeira pedagogia brasílica, isto é, o ensino adaptado às terras descobertas pelos portugueses.

Com a rápida expansão dos colégios pelas mais diversas localidades, os jesuítas, a partir de observações diretas em seus colégios, começaram a redigir o plano de ensino que seria base de todo seu trabalho pedagógico.

O projeto educacional era alicerçado em 467 regras de caráter Universalista e Elitista. Universalista porque foi adotado por todos os Jesuítas e Elitista porque acabou se destinando aos filhos dos colonos e excluindo os indígenas.

O Ratio Studiorum ou Plano de Estudos da Companhia de Jesus desempenhou um papel de grande importância no desenvolvimento da educação moderna.

As ideias pedagógicas expressas no Ratio Studiorum corespondem ao que passou a ser conhecido na modernidade como pedagogia tradicional. Essa concepção pedagógica caracteriza-se por uma visão social essencialista de homem, isto é, o homem concebido como constituído por uma essência universal e imutável.

Demerval Saviani