a educação contemporânea no brasil

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PONTIFCIA UNIVERSIDADE CATLICA DO PARAN ESCOLA DE EDUCAO E HUMANIDADES CURSO DE MATEMTICA LICENCIATURA

AMANDA BEATRIZ STIVAL GLAYCON CRISTIANO DE SOUZA GLEICY KEMILY MENEZES GOMES JOO ELIAS FERREIRA GIROTTO LEONARDO MURILO CORDEIRO THALYTA CAROLINE CASAGRANDE

A EDUCAO CONTEMPORNEA NO BRASIL

CURITIBA 01 DE ABRIL DE 2012

AMANDA BEATRIZ STIVAL GLAYCON CRISTIANO DE SOUZA GLEICY KEMILY MENEZES GOMES JOO ELIAS FERREIRA GIROTTO LEONARDO MURILO CORDEIRO THALYTA CAROLINE CASAGRANDE

A EDUCAO CONTEMPORNEA NO BRASIL

Dissertao apresentada ao curso de Matemtica Licenciatura, da Pontifcia Universidade Catlica do Paran, como requisito parcial para aprovao no semestre, juntamente com a sua apresentao. Orientador: Prof.. Claudia de Fatima de Souza.

CURITIBA 01 DE ABRIL DE 2012

RESUMO Esta breve dissertao tem como finalidade lhes apresentar uma pequena parte da histria dos fatos ocorridos no sculo XX e inicio do sculo XXI, seguido da realidade da educao no Brasil e basicamente explicar o porqu de nossa educao apresentar hoje nveis inferiores aos de outros pases, tendo em vista que o Brasil est entre os pases emergentes no chamado grupo BRICS1, que apresenta nveis favorveis para tornar-se em poucos anos uma das cinco maiores potncias mundiais, para tanto a educao primordial, por isso devemos avaliar qual a nossa participao para mudana deste cenrio dentro da educao atual. A estrutura ser em tpicos, nos quais cada um repercute num perodo histrico que poder ser acompanhado profundamente, caso ainda exista dvida at mesmo para entendimento de contexto histrico. Palavras-chave: Educao no Brasil, Educao, Histria da Educao.

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BRICS: Conjunto de pases emergentes, sendo: Brasil, Rssia, ndia, China e a recm incorporada frica do Sul (South Africa).

ABSTRACT This brief essay aims to present a small part of the history of the events in the twentieth century and early twenty-first century, followed by the reality of education in Brazil and basically explain why our education today have levels below those of other countries, taking in mind that Brazil is among the emerging countries in the so-called BRICS2 group, which has favorable levels to become in a few years of the five major world powers, for both education is paramount, so we evaluate what our participation for change this scenario in education today. The structure will be on topics, each of which reflected a historical period which may be accompanied by deep, provided there is doubt even for understanding the historical context. Keywords: Education in Brazil, Education, History of Education.

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BRICS: A group of emerging countries, with Brazil, Russia, India, China and the newly built South Africa.

SUMRIO

1 INTRODUO .................................................................................................................................. 1 2 DESENVOLVIMENTO .................................................................................................................... 2 2.1 Contextos Histricos ................................................................................................................... 2 2.1.1 Primeira Repblica (1889-1930) ......................................................................................... 2 2.1.2 Era Vargas (1930-1945) ....................................................................................................... 3 2.1.3 Repblica Populista (1945-1964)......................................................................................... 4 2.1.4 Ditadura Militar (1964-1985) .............................................................................................. 8 2.1.5 Redemocratizao (1985) ................................................................................................... 15 2.2 A Educao ................................................................................................................................ 19 2.2.1 Da organizao escolar em novos tempos Republicanos at a Reforma de Francisco Campos ......................................................................................................................................... 19 2.2.2 As primeiras Universidades............................................................................................... 21 2.2.3 Reforma Capanema ........................................................................................................... 21 2.2.4 Ensino Profissional ............................................................................................................. 22 2.2.5 Algumas inovaes educacionais ....................................................................................... 22 2.2.6 Reflexos da ditadura na educao .................................................................................... 22 2.2.7 Reforma universitria de 1968 .......................................................................................... 22 2.2.8 Reforma do 1 e do 2 graus de 1971 ................................................................................ 23 2.2.9 A avaliao das reformas ................................................................................................... 23 2.2.10 Transio democrtica ..................................................................................................... 23 2.2.11 Iniciativas oficiais Ps Ditadura................................................................................... 24 2.2.12 A constituio de 1988 e a educao ............................................................................... 24 2.2.13 A Nova LDB de 1996 ........................................................................................................ 25 3 CONCLUSO .................................................................................................................................. 27 4 REFERNCIAS ............................................................................................................................... 28

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1 INTRODUO Vamos avaliar um pouco da histria do Brasil e os principais perodos, para que possamos entender o porqu de tudo estar como est, porque demoramos a enxergar o potencial no aproveitado que tivemos durante anos e anos e agora para nos enquadrarmos nos padres mundiais nosso dever investir em educao. muito simples criticarmos sem entender do assunto, pois agora podemos montar o quebra-cabea da educao pblica a nvel nacional e fazer com que essa realidade mude, pois j foi muito pior. Nossa inteno fazer com que voc leitor reflita sobre e pense: como posso mudar est realidade? Qual a minha participao na condio de educador? Entre estas perguntas, fica a sua concluso ao que podemos chamar de educao hoje que no das melhores, mas que se continuasse no andamento da ditadura, hoje no poderamos pensar em desenvolvimento.

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2 DESENVOLVIMENTO 2.1 Contextos Histricos

2.1.1 Primeira Repblica (1889-1930) Segundo Gabriela Cabral, a primeira Repblica, tambm conhecida como Repblica Velha, foi o perodo que abrange a Proclamao da Repblica at a revoluo de 1930. Em 15 de novembro de 1889, houve uma reunio para decidir acerca da repblica no Brasil atravs do voto popular. At que um plebiscito fosse realizado, a Repblica permaneceu provisria. O governo provisrio foi inicialmente comandado por marechal Deodoro da Fonseca que estabeleceu algumas modificaes como a reforma do Cdigo Penal, a separao da Igreja e do Estado, a naturalizao dos estrangeiros residentes no pas, a destruio do Conselho, a anulao do senado vitalcio entre outras. Em 21 de dezembro, a junta militar reuniu-se na Assembleia Constituinte para discutir acerca de uma nova Constituio que marcaria o incio da Repblica. Aps um ano de realizao do novo regime, o Congresso novamente se reuniu para que em 24 de fevereiro de 1891 fosse promulgada a primeira Constituio da Repblica do Brasil, o que ocorreu neste dia. Essa constituio foi inspirada na Constituio dos Estados Unidos que se fundamenta na descentralizao do poder que era dividido entre os Estados. Dessa forma, a Constituio do Brasil estabeleceu a federao dos Estados, o sistema presidencial, o casamento civil, a separao do poder criando os poderes Executivo, Legislativo e Judicirio, autonomia dos estados e municpios. Esse regime recebeu o nome de Repblica da Espada. Tal denominao se deu pela condio militar dos dois primeiros presidentes do Brasil. Apesar de reconhecida, a Repblica sofreu grandes dificuldades, pois houve algumas revoltas que a colocaram em perigo. Em 23 de novembro de 1891, Deodoro da Fonseca renunciou a presidncia por ter tomado providncias para fechar o Congresso, fato que gerou a primeira revolta armada e por este principal motivo Deodoro deixou o poder para evitar o desenrolar da revolta. Floriano Peixoto, at ento vice-presidente, assumiu o cargo mximo executivo. Em oposio ao que dizia a Constituio, Floriano Peixoto impediu que uma nova eleio fosse feita gerando grande oposio, pois foi taxado como ditador ao governar de maneira centralizada, alm de demitir todos aqueles que apoiaram Deodoro da Fonseca em seu mandato. Em 1893, inicia-se a Segunda Revolta Armada. Diante do fato, Floriano domina a revolta bombardeando a

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capital do pas. Aps a sada de Floriano Peixoto, a aristocracia cafeeira que j dominava a supremacia econmica passou a dominar tambm a supremacia poltica. A Repblica Oligrquica se fortaleceu com a chegada de Prudente de Morais na presidncia, pois ele apoiou as oligarquias agrrias. (Fonte: http://www.brasilescola.com/historiab/primeira-republica.htm.)

2.1.2 Era Vargas (1930-1945) Segundo Lilian Aguiar, durante o governo de Getlio Vargas, ocorreram diversas transformaes nacionais: a industrializao progrediu de forma substancial, as cidades cresceram, o Estado se tornou forte, interferiu na economia e foi instaurada uma nova relao com os trabalhadores urbanos. Enquanto permaneceu no poder, Vargas foi chefe de um governo provisrio (1930-1934), presidente eleito pelo voto indireto (1934-1937) e ditador (1937-1945). Ao tomar posse em 1930, Getlio Vargas discursou que o seu governo era provisrio, mas to logo comeou a governar, tomou uma srie de medidas que fortificaram o seu poder. Dissociou todos os segmentos que compunham o poder legislativo, assim exerceu o poder legislativo e o executivo simultaneamente. Vargas suprimiu a constituio estabelecida, exonerou os governadores e, para substitu-los, nomeou interventores de sua confiana. Vrios deles eram militares ligados ao tenentismo. Os tenentes no papel de interventores substituram os presidentes de estados exonerados e cumpriram a tarefa de neutralizar as possveis resistncias dos velhos poderes locais ao novo governo, a fim de consolidar a revoluo. A Era Vargas contou com uma poltica intervencionista ferrenha, atravs disso o poder pblico contemplou outros interesses sociais, superando a viso arcaica que a oligarquia tinha das funes do Estado. A Era Vargas foi um perodo de modernizao da Nao brasileira, mas tambm foi um perodo conturbado pela: (ANL). Poltica econmica e administrativa do Estado Novo. Poltica paternalista varguista. Transformao social e poltica trabalhista com a criao da Consolidao das Revoluo Constitucionalista de 1932. Constituio de 1934. Criao da Ao Integralista Brasileira (AIB) e Aliana Nacional Libertadora

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Leis Trabalhistas (CLT). Criao do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), rgo responsvel

pela censura do perodo. Constituio de 1937. Consequncia da Segunda Guerra Mundial. Decadncia do Estado Novo. Ascenso e crise do Segundo Governo de Vargas (1950 1954).

Getlio Vargas governou o Brasil por quase vinte anos. Chegou ao poder atravs da Revoluo de 1930, abrindo um perodo de modernidade voltada para os aspectos polticos, econmicos e sociais brasileiros, at ento nunca trabalhados. O forte esprito nacionalista de Vargas fez com ele fosse considerado o mais importante e influente nome da poltica brasileira do sculo XX. (Fonte: http://www.brasilescola.com/historiab/era-vargas.htm.)

2.1.3 Repblica Populista (1945-1964) Segundo Aparecido De Alcntara Filho, com a deposio de Vargas e a realizao de eleies para a Assembleia Constituinte e para presidente ( eleito o General Eurico Gaspar Dutra, com apoio de Vargas), comea a redemocratizao do pas. Este perodo ser caracterizado pela consolidao do populismo nacionalista, fortalecimento dos partidos polticos de carter nacional e grande efervescncia social. A indstria e, com ela, a urbanizao, expande-se rapidamente. Constituio de 1946. A Assembleia Constituinte instalada em cinco de fevereiro de 46 e encerra seus trabalhos em 18 de agosto. A nova Constituio devolve a autonomia dos Estados e municpios e restabelece a independncia dos trs poderes. Permite a liberdade de organizao e expresso, estende o direito de voto s mulheres, reestabelece os direitos individuais e extingue a pena de morte. Mantm a estrutura sindical atrelada ao Estado e as restries ao direito de greve. Populismo: o conceito usado para designar um tipo particular de relao entre o Estado e as classes sociais. Presente em vrios pases latino-americanos no ps-guerra (Pern, na Argentina, por exemplo), o populismo caracteriza-se pela crescente incorporao das massas populares no processo poltico sob controle e direo do Estado. No Brasil, o populismo comea a ser gerado aps a Revoluo de 30 e se constitui em uma derivao do regime autoritrio criado por Vargas.

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Governo Dutra (46-50). O incio de seu governo marcado por mais de 60 greves intensa represso ao movimento operrio. Dutra congela o salrio mnimo, fecha a Confederao Geral dos Trabalhadores (CGT) e intervm em 143 sindicatos. Conservador probe os jogos e ordena o fechamento dos cassinos. No plano internacional alinha-se com a poltica norte-americana na guerra fria. Rompe relaes diplomticas com a URSS, decreta novamente a ilegalidade do PCB e cassa o mandato de seus parlamentares. Governo Vargas. Getlio vence as eleies de 1950 e assume o poder em 31/01/51. Governa at agosto de 1954. Apoiado pela coligao PTB/PSP/PSD, retoma as plataformas populistas e nacionalistas, mantm a interveno do Estado na economia e favorece a implantao de grandes empresas pblicas, como a Petrobrs, que monopolizam a explorao dos recursos naturais. Com uma imagem de adversrio do imperialismo, apoiado por setores do empresariado nacional, por grupos nacionalistas do Congresso e das Foras Aramadas, pela UNE e pelas massas populares urbanas. Em 1952 cria o Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico (BNDE), com o objetivo de fomentar o desenvolvimento industrial, e tambm o Instituto Brasileiro do Caf (IBC). Monoplio do petrleo. Sob o lema o petrleo nosso, renem-se sindicatos, organizaes estudantis, militares nacionalistas, alguns empresrios, grupos de intelectuais e militantes comunistas. Os setores contrrios ao monoplio e favorveis abertura ao capital estrangeiro incluem parte do empresariado, polticos da UDN e do PSD e grande imprensa. O debate toma conta do pas e a soluo nacionalista sai vitoriosa: em trs de outubro de 1953 criada a Petrobrs (lei 2004) empresa estatal que monopoliza a explorao e refino do petrleo. A deciso desagrada aos EUA, que, em represlia, cancelam acordos de transferncia de tecnologia e estabelecidos com o Brasil. Empresas norte-americanas derrubam os preos do caf no mercado internacional. Conspirao e Suicdio. O nacionalismo de Vargas faz crescer a oposio. Em 54, polticos da UDN, boas partes dos militares e da grande imprensa trabalham abertamente pela deposio do presidente. A crise se agrava com a tentativa de assassinato do jornalista da UDN Carlos Lacerda, dono do jornal Tribuna da Imprensa e um dos mais cidos opositores ao governo. Lacerda fica apenas ferido, mas o major da Aeronutica Rubens Vaz morre. Gregrio Fortunato, chefe da segurana pessoal de Vargas, acusado e preso como mandante do crime (e depois assassinado na priso). Em 23 de agosto, 27 generais exigem a renncia do presidente em um manifesto nao. Na manh de 24 de agosto Vargas suicida-se. No RJ a reao popular violenta: chorando, populares saem s suas, empastelam vrios jornais de oposio, atacam a

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embaixada dos EUA e muitos polticos udenistas, entre eles Lacerda, tm de se esconder. Os conflitos so contidos pelas Foras Armadas. Juscelino Kubitschek: conciliao neocapitalista: O governo Juscelino (1956-61) baseou-se na poltica do planejamento, configurando um perodo de modernizao (a expresso dos anos 50). O Plano de Metas redundou num intenso crescimento industrial. Mas, mesmo assim, veio abaixo a conscincia amena de atraso, desenvolvendo-se em seu lugar a conscincia de pas subdesenvolvido. As crticas a Juscelino eram muitas, ao fim de seu mandato, apesar da postura liberal de seu governo. As classes mdias sofriam a inflao acentuada aps 59. Os problemas sociais da fome, do analfabetismo e do desemprego no se resolveram, a despeito de medidas como a construo de Braslia, que, se por um lado demandou enorme utilizao de mo-de-obra, por outro, aumentou a inflao por causa dos vultosos recursos gastos. O campo no se beneficiou da modernizao, pois a poltica do clientelismo ainda emperrava qualquer iniciativa inovadora. Os desequilbrios campo/cidade se acentuaram. A insatisfao era geral com os excessos do perodo Juscelino, acusado de abrir as portas do pas ao capital estrangeiro. Plano de Metas. Com o slogan 50 anos em 5, o Plano Nacional de Desenvolvimento, conhecido como Plano de Metas estimula o crescimento e diversificao da economia. Juscelino investe na indstria de base, na agricultura, nos transportes, no fornecimento de energia, e no ensino tcnico. Para Juscelino e os idelogos do desenvolvimentismo as profundas desigualdades do pas s sero superadas com o predomnio da indstria sobre a agricultura. O governo JK empenha-se em baratear o custo da mo-de-obra e das matrias primas, subsidia a implantao de novas fbricas e facilita a entrada de capitais estrangeiros. Entre 1955-59 os lucros na indstria crescem 76% e a produtividade 35%. Os salrios sobem apenas 15%. Planejamento revelou-se um equvoco. Nenhuma poltica democrtica, nenhum cuidado de humanizao do cotidiano pobre guiou o processo de industrializao e urbanizao. Alfredo Bosi. Jnio e Jango. A reao poltica de JK veio com a eleio de Jnio da Silva Quadros para a presidncia em 1960 (Jnio obteve a maior votao da histria da Repblica). Essa reao veio como expresso das classes mdias insatisfeitas com o desenvolvimentismo que tanto custara aos cofres pblicos. Mas ela veio tambm sem projeto poltico-partidrio. Na disputa de Jnio com o general Lott, candidato da coligao PSD/PTB, verificou-se a fragilidade ideolgica dos partidos criados aps 1946. O populismo continua a dominar o cenrio poltico-nacional, com Jnio, Adhemar de Barros (em SP) e algumas outras personalidades que no responderam altura aos desafios

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dos graves problemas que explodiam em toda parte, como a reforma agrria, a democratizao do ensino, as reformas de base, a poltica externa independente. Renncia e Crise Poltica. Dia 24 de agosto de 61, Carlos Lacerda, governador da Guanabara, denuncia pela TV que Jnio estaria articulando um golpe de estado. No dia seguinte, o presidente surpreende a nao: em uma carta ao Congresso afirma que est sofrendo presses de foras terrveis e renuncia Presidncia. O vice-presidente, Joo Goulart, est fora do pas, em visita oficial China. O presidente da Cmara, Ranieri Mazzilli, assume a Presidncia como interino, em 25 de agosto de 61. UDN e a cpula das Foras Armadas tentam impedir a posse de Goulart, considerado perigoso por sua ligao com o movimento trabalhista. Os ministros militares pressionam o Congresso para que considere vago o cargo de presidente e convoque novas eleies. O jornal O Estado de So Paulo, portavoz dos udenistas, afirma em editorial de 29 de agosto que s h uma sada para a crise: a desistncia espontnea do Sr. Joo Goulart ou a reforma da Constituio que retire do vicepresidente o direito de suceder ao presidente. Frente reao popular, em dois de setembro o problema contornado: o Congresso aprova uma emenda Constituio que institui o regime parlamentarista. Jango toma posse, mas perde os poderes do presidencialismo. O mandato de Jango ser marcado pelo confronto entre os diferentes projetos polticos e econmicos para o Brasil, conflitos sociais, greves urbanas e rurais e um rpido processo de organizao popular. O parlamentarismo, estratgia da oposio para manter o presidente sob controle, derrubado em janeiro de 1963 em um plebiscito nacional 80% dos eleitores optam pela volta ao presidencialismo. Reformas de Base. Estas reformas visavam, basicamente, a resolver alguns dos impasses enfrentados pelo capitalismo brasileiro no incio dos anos 60. No tinham, assim, nenhum carter transformador, muito menos revolucionrio, como apregoavam setores das classes dominantes. Elucidativo a este respeito foi o caso da proposta mais polmica e mais intensamente defendida pelo governo: a Reforma Agrria. Tal reforma buscava responder s necessidades de expanso do capitalismo industrial brasileiro ao mesmo tempo em que atendia aos imperativos da ordem burguesa. [Caio de Toledo]. A oposio a Jango. As medidas nacionalistas de Jango (limita a remessa de lucros para o exterior; nacionaliza empresas de comunicaes e decide rever as concesses para explorao de minrios) sofrem retaliaes estrangeiras: governo e empresas norteamericanas cortam crditos para o Brasil e interrompem a renegociao da dvida externa. Internamente, a sociedade se polariza. Esta polarizao se reflete no Congresso onde so criadas a Frente Parlamentar Nacionalista em apoio ao presidente e a Ao Democrtica

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Parlamentar, de oposio. A Ao Democrtica Parlamentar recebe ajuda financeira do Instituto de Ao Democrtica (Ibad), instituio mantida pela Embaixada dos EUA. Setores do empresariado paulista formam o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes), com o objetivo de disseminar a luta contra o governo entre os empresrios e na opinio pblica. A grande imprensa pede a deposio de Jango em seus editoriais. A Crise do Populismo. No incio de 64, o pas chega a um impasse. O governo j no tem apoio da quase totalidade das classes dominantes e os prprios integrantes da cpula governamental divergem quanto aos rumos a serem seguidos. A crise se precipita no dia 13 de maro, com a realizao de um grande comcio em frente Estao Central do Brasil, no RJ. Perante 300 mil pessoas, Jango decreta a nacionalizao das refinarias privadas de petrleo e desapropria para fins de reforma agrria, propriedades s margens de ferrovias, rodovias e zonas de irrigao doas audes pblicos. Tais decises provocam a reao das classes proprietrios, de setores conservadores da Igreja e de amplos segmentos das classes mdias. A grande impren-sa afirma que as reformas levaro cubanizao do pas. Em 19 de maro realizada em SP a Marcha da Famlia com Deus pela Liberdade: estava aberto o caminho para o golpe. (Fonte: http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/1980410:BlogPost:49727.) 2.1.4 Ditadura Militar (1964-1985) 1961 25/08 Renncia de Jnio Quadros; 30/08 Ministros militares declaram-se contrrios posse de Joo Goulart; 02/09 Institudo o sistema parlamentar de governo como resultado do acordo que possibilitaria a posse do vice-presidente Joo Goulart. 07/09 Posse de Joo Goulart. 1962 02/02 Criao oficial do Instituto de Pesquisas Sociais (Ips), que conspiraria contra o governo Goulart. 1963 24/01 Retorno ao sistema presidencialista de governo, aps plebiscito realizado no dia 6, que no referendou o parlamentarismo. 07/08 Projeto de Milton Campos sobre a reforma agrria rejeitado. 23/08 Comcio do CGT pelo aniversrio da morte de Getlio Vargas com a presena de Goulart. Presentes exigem definio do presidente durante seu discurso. Goulart promete que reformas sero implementadas.

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12/09 Revolta de sargentos da Aeronutica e da Marinha em Braslia. 07/10 Goulart retira o pedido de decretao de estado de stio em funo da ampla oposio que gerou. 17/10 Rejeitada emenda do PTB sobre reforma agrria na Cmara dos Deputados. Novembro Greve dos cortadores de cana em Pernambuco e parte da Paraba. 1964 17/01 Regulamentao da lei de remessa de lucros. 13/03 Comcio da Central do Brasil ou das reformas. 19/03 Marcha da Famlia, com Deus, pela Liberdade em So Paulo (SP), espcie de resposta ao Comcio da central. 20/03 O chefe do Estado-Maior do Exrcito, general Castelo Branco, divulga circular reservada entre seus subordinados contra Joo Goulart. 21 a 29/03 nove Marchas da famlia, com Deus, pela Liberdade, em diversas cidades de So Paulo. 31/03 Inicia-se o movimento militar em Minas Gerais com deslocamento de tropas comandadas pelo general Mouro filho. 01/04 a 08/06 42 Marchas da Famlia, com Deus, pela Liberdade em So Paulo, Minas, Rio de Janeiro, Piau, Paran e Gois. 02/04 Joo Goulart segue de Braslia pra Porto Alegre. De l, sairia do Brasil. 02/04 General Costa e Silva autonomeia-se comandante-em-chefe do Exrcito nacional e organiza o Comando Supremo da Revoluo. 04/04 O nome do general Castelo Branco indicado para a Presidncia da repblica pelos lderes do Golpe. 09/04 Decretado o Ato Institucional que confere ao presidente da Repblica poderes para cassar mandatos eletivos e suspender direitos polticos at 15 de junho de 1964, entre outros poderes discricionrios. 10/04 A sede da UNE incendiada por participantes do movimento poltico militar. 13/04 O Dirio Oficial publica decreto que extingue o mandato de todos os membros do conselho diretor da Universidade de Braslia Ocorre uma invaso policial e a interveno na UnB. 13/06 Criado o Servio Nacional de Investigaes (SNI). 27/10 Declarada extino da Unio nacional dos Estudantes (UNE). 09/11 Sancionada a Lei n. 4.464 (Lei Suplicy) proibindo atividades polticas estudantis. A Lei Suplicy de Lacerda coloca na ilegalidade a UNE e as UEEs, que passam a

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atuar na clandestinidade. Todas as instncias da representao estudantil ficam submetidas ao MEC. 1965 Ato Institucional N.2 extingue os partidos existentes, atribui Justia Militar o julgamento de civis acusados de crimes contra a segurana nacional e confere ao presidente da repblica poderes para cassar mandatos eletivos e suspender direitos polticos at 15 de maro de 1967, entre outros dispositivos. Incio A UNE convoca um conselho para eleger, com mandato-tampo, o presidente que a chefiar at o 27o Congresso, em julho. Alberto Abis Smara, de tendncias progressistas, escolhido. 05/02 Ato Institucional N.3 estabelece eleio indireta para governadores. 01/04 No dia 1o, o Conselho Universitrio, presidido pelo reitor Pedro Calmon, dissolve a diretoria do CACO Centro Acadmico de Direito UFRJ. 12/04 No dia 12, agentes do Dops e a Polcia Militar impedem com violncia uma reunio do CACO Centro Acadmico de Direito UFRJ. As aulas so suspensas. Agosto Surgem os Diretrios Acadmicos Livres. 23/09 So feitas manifestaes contra a Lei Suplicy, no Rio de Janeiro. 03/10 O general Costa e Silva eleito presidente da repblica pelo Congresso Nacional. 20/10 O general Castelo Branco decreta o recesso do Congresso Nacional at 22 de novembro em funo da no aceitao de cassaes. 1966 1966 a 1973 o perodo da ilegalidade da UNE. Maro Uma passeata em Belo Horizonte contra o regime militar brutalmente reprimida. A violncia desencadeia passeatas estudantis em outros estados. 28/07 a 02/08 Mesmo na ilegalidade realizado o XXVIII Congresso da UNE, em Belo Horizonte, que marca a oposio da entidade ao Acordo MEC-Usaid. O congresso acontece no poro da Igreja de So Francisco de Assis. O mineiro Jos Lus Moreira Guedes eleito presidente da UNE. Setembro As aulas na Faculdade Nacional de Direito so suspensas e 178 estudantes paulistas so presos durante um congresso realizado pela UNE-UEE, em So Bernardo do Campo. O General Castelo Branco cria o Movimento Universitrio para o Desenvolvimento Econmico e Social (Mudes). 14/09 Alunos da Faculdade Nacional de Odontologia entram em greve de protesto e

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colocam cartazes nas imediaes da faculdade. H choque entre os estudantes e policiais do Dops. 18/09 A UNE decreta greve geral. 22/09 A UNE elege o dia 22 como o Dia Nacional de Luta contra a Ditadura. 23/09 A polcia invade a Faculdade de Medicina da UFRJ e expulsa estudantes com violncia. O episdio ficou conhecido como o Massacre da Praia Vermelha. 1967 24/01 Promulgada a nova Constituio do Brasil. 11/03 O general Castelo Branco edita nova Lei de Segurana Nacional. 15/03 O general Costa e Silva empossado na Presidncia da Repblica. Agosto realizado o XXIX Congresso da UNE, em Valinhos (SP), na clandestinidade. Lus Travassos eleito presidente da entidade. 1968 28/03 O estudante Edson Lus de Lima Souto morto durante conflito com a PM no restaurante Calabouo, no Rio de Janeiro (RJ). 29/03 Marcha de 50 mil pessoas repudia o assassinato de Edson Luis de Lima Souto. 29/03 A UNE decreta greve geral dos estudantes. 30/03 O ministro da Justia, Gama e Silva, determina a represso das passeatas estudantis. 01/04 Inmeras passeatas estudantis irrompem em vrias capitais brasileiras. 22/05 Lei N. 5.439 estabelece responsabilidade criminal para menores de 18 anos envolvidos em aes contra a segurana nacional. 04/06 Sessenta e oito cidades so declaradas reas de segurana nacional e, por isso, seus eleitores ficam impedidos de escolher pelo voto direto, os respectivos prefeitos. 21/06 Priso de trezentas pessoas na Universidade federal do Rio de Janeiro. As aulas so suspensas. 25/06 O ministro da Justia, Gama e Silva, probe passeatas e comcios - relmpago. 26/06 Passeata dos Cem Mil no Rio de Janeiro. 16/07 Greve de Osasco (SP) inicia-se com a ocupao da Cobrasma. 29/08 Invaso do campus da Universidade Federal de Minas Gerais por tropas federais. 30/08 Invaso do campus da Universidade de Braslia por tropas policiais resulta em violncia. 02/10 Invaso do prdio da Faculdade de Filosofia, Letras e Cincias Humanas da

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Universidade de So Paulo (USP) pelo Comando de Caa aos Comunistas e outros grupos. Outubro realizado clandestinamente o XXX Congresso da UNE, em Ibina (SP). 12/10 Priso de estudantes em Ibina durante congresso da UNE. So presas mais de 700 pessoas, entre elas as principais lideranas do movimento estudantil: Lus Travassos (presidente eleito), Vladimir Palmeira, Jos Dirceu, Franklin Martins e Jean Marc Von Der Weid. 13/12 Ato Institucional N. 5 torna perenes os poderes discricionrios que atribui ao presidente da Repblica. O Congresso Nacional posto em recesso. Com o decretado AI-5. Centros cvicos substituem os grmios estudantis. 1969 Inicio A UNE tenta manter uma direo com a eleio de Jean Marc Von Der Weid atravs dos Congressinhos Regionais. 26/02 Decreto-Lei N.477 dispe sobre infraes disciplinares praticadas por professores, alunos, funcionrios ou empregados de estabelecimentos de ensino. Que penaliza professores, alunos e funcionrios de estabelecimentos de ensino pblico (at 1973, esse decreto atingiria 263 pessoas, a maioria estudantes). 16/05 O Ato Institucional N. 10, dentre outros efeitos, levaria centenas de professores universitrios aposentadoria. 01/07 Criao da Operao bandeirantes (Oban), embrio da polcia poltica conhecida como sistema Codi-Doi que seria implantada em todo o pas nos moldes da Oban. 31/08 Junta Militar, formada pelos ministros militares, assume o poder em funo da doena de Costa e Silva, impedindo a posse do vice-presidente da Repblica, que no concordara com o Ato Institucional N.5. Setembro O presidente da UNE, Jean Marc Von Der Weid, preso. 05/09 O Ato Institucional N. 14 estabelece a pena de morte. 30/10 Posse do general Emlio Garrastazu Mdice na presidncia da Repblica, j que fora caracterizada a incapacitao definitiva do general Costa e Silva. 1970 Inicio Com quase todas as lideranas presas ou exiladas, o movimento estudantil realiza atos isolados, dentre eles uma missa pelo segundo aniversrio da morte de Edson Lus. 10/02 Estabelecimento da censura prvia de livros e revistas pelo decreto-lei N. 1.077. 20/05 Incio das operaes oficiais do CIE. 20/05 Decreto N.66.608 cria o centro de Informaes de Segurana da Aeronutica (Cisa).

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1971 30/03 Decreto N.68.447 reorganiza o Centro de Informaes da Marinha (Cenimar). Setembro Honestino Guimares, vice de Jean Marc Von Der Weid, efetivado presidente da UNE, em micro congresso. 07/09 Morte de Carlos Lamarca Novembro O governo passa a editar decretos reservados. 1972 Inicio A AP passa a denominar-se Ao Popular Marxista-Leninista (APML). O presidente da UNE, Honestino Guimares, desaparece. Maro Inaugurada a Escola Nacional de informaes 12/04 O Exrcito inicia o combate guerrilha comandado pelo PC do B na regio do Araguaia. 1973 30/03 Alexandre Vannucchi Leme, aluno da Universidade de So Paulo (USP), preso e morto pelos militares. A missa em sua memria, realizada em 30 de maro na Catedral da S, em So Paulo, o primeiro grande movimento de massa desde 1968. 14/09 A Arena homologa o nome do general Ernesto Geisel como candidato presidncia da repblica. 07/10 Incio de nova tentativa, pelo Exrcito, de combate guerrilha do Araguaia. Dezembro O Exrcito derrota a guerrilha do Araguaia. 1974 Inicio O Colgio Eleitoral homologa o nome do general Ernesto Geisel para a presidncia da Repblica. criado o Comit de Defesa dos Presos Polticos na Universidade de So Paulo (USP). 1975 30/01 O ministro da justia anuncia que continuam as atividades de represso ao comunismo e subverso. 26/10 Anunciada morte do Jornalista Vladimir Herzog em dependncias do II Exrcito (SP) 1976 17/01 Morte do operrio Manuel Fiel Filho em de pendncias do II Exrcito (SP). O general Geisel exonera o general Ednardo Dvila Melo do comando do II Exrcito em funo doas mortes de Vladimir Herzog e de Manuel Fiel Filho.

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19/08 Bombas explodem na ABI e na OAB. 1977 01/04 Decretado o recesso do Congresso Nacional por 14 dias. Durante o perodo, o gen. Geisel edita uma srie de medidas conhecidas como pacote de abril. 1978 Maio Greve dos metalrgicos de So Bernardo do Campo 15/10 O colgio Eleitoral referenda o nome do general Joo Figueiredo para presidente da repblica. 1979 01/01 Extino do AI-5. 15/03 Posse do general Joo Baptista de Oliveira Figueiredo como presidente. 28/08 Decretada anistia pelo governo Figueiredo. 29/11 Fim do bipartidarismo 1980 27/08 Carta-bomba explode na sede da OAB e mata a secretria Lydia Monteiro. Desde janeiro diversas bombas explodiram ou foram encontradas no pas. 1981 30/04 Integrantes do DOI do I Exrcito explodem acidentalmente uma bomba que planejam usar num atentado durante show de msica no Rio Centro (RJ) 1982 15/11 A oposio, em conjunto, conquista maioria na Cmara dos deputados. 1983 Inicia-se uma campanha pelas eleies diretas para a Presidncia da Repblica. 1984 25/04 A emenda constitucional restabelecendo as eleies diretas para presidente da Repblica derrotada no Congresso Nacional. 1985 15/01 Tancredo Neves e Jos Sarney vencem no Colgio Eleitoral a disputa com Paulo Maluf pela Presidncia da Repblica. 15/03 Posse do vice-presidente Jos Sarney na presidncia da repblica em funo de doena de Tancredo Neves. 21/04 Morte de Tancredo Neves. (Fonte: http://www.sohistoria.com.br/ef2/ditadura/p3.php.)

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2.1.5 Redemocratizao (1985) Segundo Ana Carolina Machado de Souza, nos anos finais da Ditadura, por volta da dcada de 70, os movimentos sociais que pressionavam o fim do governo militar cresceram. Era visvel o descontentamento da populao, principalmente devido ao fracasso do regime poltico e econmico em vigor naquela poca. A economia brasileira estava imersa numa enorme crise, com a inflao descontrolada, alta dvida externa e o dficit publico elevado (quando a arrecadao do governo no supre as dvidas internas). A partir desse momento diversos setores da sociedade, como os novos partidos polticos, estudantes, sindicatos, entidades da Igreja, reivindicavam o fim da ditadura e a democratizao do pas. Com a entrada do presidente Gal. Ernesto Geisel, em 1974, da linha castelista, dizia estar disposto a comear um processo lendo, gradual e seguro de abertura poltica. Mas foi com o governo do Gal. Joo Figueiredo que essa reivindicao passou a tomar forma, principalmente com a aprovao da Lei de Anistia, em 1979. Contudo, deve-se ter em mente que o fim da ditadura no est relacionado solidariedade dos militares, e sim devido grande crise econmica e poltica que o pas estava vivendo. Os rgos repressores e a cpula mais radical do governo no estavam satisfeitos com as medidas tomadas para a abertura poltica, portanto ainda agiam com a mesma violncia dos anos de chumbo. A partir do abrandamento da censura, foi visvel a corrupo do governo e, aliada diminuio do crescimento econmico e o aumento nos nmeros de miserveis, estavam os movimentos sociais, que cresceram durante esse perodo, desejando o fim do regime. Com a volta da pluralidade partidria, o MDB passou a ter maior participao no Congresso a cada nova eleio. A grande diferena desse perodo dos anos de chumbo foi o amadurecimento da oposio, que passou a ter mais liberdade para agir e contava cada vez mais com a mobilizao do povo. Algumas associaes civis foram de extrema importncia para a abertura poltica. Entre elas destacam-se o papel, por exemplo, da Igreja Catlica, que mudou de posio poltica durante o perodo ditatorial. Foi claramente apoiadora do Golpe, porm, com o desenrolar dos fatos e o acirramento do regime, surgiu uma linha dentro da Igreja chamada Teologia da Libertao, que lutava contra a desigualdade e injustia social e defendiam os direitos humanos. Pode-se dizer que foi a partir desse momento houve uma mudana na posio da Igreja, que passou a lutar contra o regime militar. Algumas figuras foram Dom Evaristo Arns, cardeal arcebispo de So Paulo, frei Betto e frei Leonardo Boff. Em So Paulo foi criada, em 1972, a Comisso Justia e Paz (CJP), que auxiliava as vtimas

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da violenta represso, que buscavam o apoio da Igreja em momentos difceis. Esse brao catlico tambm se organizava nas Comunidades Eclesiais de Base (CEB), onde eram passadas populao mensagens diretamente conectadas com a liberdade e o fim da opresso. Porm esses articuladores, mesmo sendo membros do alto escalo da Igreja, no foram deixados de lado na perseguio, como exemplo, as prises do prprio Frei Betto e as torturas sofridas pelo seu companheiro Frei Tito. Outra organizao que renascia com o dito abrandamento do regime foi o prprio movimento estudantil. Em todo o pas essa nova gerao voltava com os Centros Acadmicos e Diretrios, proibidos durante parte do regime. Contudo, a situao no estava totalmente livre e ainda existiam espies e agentes do governo, principalmente do SNI (Servio Nacional de Informaes) infiltrados nas universidades. Houve um episdio memorvel dessa tentativa de represso, pois mesmo com a retomada desses movimentos, grandes reunies ainda eram proibidas. Em 1977, a UNE (Unio Nacional dos Estudantes) promoveu o III ENE (Encontro Nacional de Estudantes) na PUC-SP, mas as tropas de represso intervieram violentamente, ferindo e prendendo centenas de estudantes. Apesar desses acontecimentos, os estudantes formavam um dos principais movimentos articuladores que pressionavam o fim do regime. Outros membros civis da oposio que podem ser citados foram a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), ABI (Associao Brasileira de Imprensa), principalmente com a imprensa alternativa, como o jornal O Pasquim que, com o abrandamento da censura, passou a denunciar os podres encontrados no regime; e a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Cincia). Mesmo com uma maior liberdade, na teoria, alguns grupos radicais dentro dos prprios militares no estavam satisfeitos com os rumos que o governo estava tomando, e alguns ataques foram realizados. Contra a imprensa, um dos episdios mais conhecidos ocorreu em 1976, quando bombas explodiram no ABI e na Editora Civilizao Brasileira. Com a crescente insatisfao social, com a mobilizao das novas lideranas polticas de oposio, nascia uma campanha para as eleies diretas para presidente da Repblica. A presso era feita para que o Congresso aprovasse a emenda constitucional proposta pelo deputado Dante de Oliveira (PMDB/MT), que acabava com o Colgio Eleitoral e restabelecia as eleies diretas. A campanha teve a aceitao de milhes de pessoas, que aderiram s manifestaes ao redor do pas, e o movimento foi chamado de Diretas-J. Nesta campanha estavam presentes figuras polticas de oposio prestigiadas, como Franco Montoro, Leonel Brizola, Ulysses Guimares, Tancredo Neves e Teotnio Vilela. Alm da alta adeso de diversos artistas, como Chico Buarque, Gal Costa, Faf de Belm.

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A emenda foi derrotada no Congresso por uma pequena diferena de 22 votos, aps diversas manobras dos militares, e a prxima eleio seria ainda indireta. Um dos articuladores dessas manobras foi o ento deputado Paulo Maluf, que buscava alcanar a presidncia com os votos dos seus colegas. Ocorreu ento o processo habitual, uma eleio restrita para o Colgio, e os dois candidatos que concorreram foram o prprio Maluf, pelo PDS, partido representante do governo e Tancredo Neves, por uma aliana de ex-membros do PDS e membros do PMDB (Aliana Democrtica). Em 15 de janeiro de 1985, a Aliana conseguiu eleger Tancredo Neves como presidente da Repblica. Contudo, devido a problemas de sade, o candidato faleceu sem empossar o cargo, em 21 de abril de 1985. Portanto, quem assumiu foi o vice-presidente, Jos Sarney. Inicia-se a Nova Repblica. Governo Jos Sarney (1985-1990) Considerado o primeiro governo democrtico, a posse de Sarney foi decepcionante para a maioria dos polticos e civis engajados na democracia, pois ele possua uma carreira poltica um tanto quanto conturbada. Apoiou o golpe e ofereceu suporte, direta ou

indiretamente, para o regime militar, alm de ter ajudado a derrubar a ementa Dante de Oliveira. Contudo, logo ao assumir a presidncia, manteve clara a sua inteno em seguir com os planos democrticos de Tancredo Neves. Foram necessrias medidas emergenciais para ajudar a sanar a grave crise econmica pela qual o pas passava. Para isso foram criados diversos planos, entre eles, o mais famoso foi o Plano Cruzado. Criado em 28 de fevereiro de 1986, tinha como principais metas: Congelamento dos preos e salrios por pelo menos um ano; Criao de uma nova moeda, o cruzado, e a extino do cruzeiro; Reforma monetria, e reajustamento dos salrios de acordo com o nvel de inflao (acima de 20%). A implantao do plano foi contestada por diversos setores da sociedade, por variados motivos, por exemplo, de que os trabalhadores foram prejudicados pelo congelamento dos preos numa poca de alta, e que o problema do Brasil era a grande corrupo, que causava o dficit interno. Durante um tempo, a populao apoiou o plano, e, de alguma maneira, viraram fiscais do governo, pois denunciavam estabelecimentos que remarcassem os preos. Porm, a inflao voltou a subir e a economia a decrescer, ento aquele comportamento no durou muito, pois comerciantes e produtores quebraram o congelamento e o plano cruzado fracassou. Outras medidas foram tomadas, e o governo criou os respectivos planos para combater a inflao: Cruzado II, Bresser e Vero. Todos fracassaram, causando um rombo ainda maior na economia ao final do governo Sarney.

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O maior feito deste presidente foi convocar uma Assembleia Constituinte, para que, finalmente, o Brasil tivesse uma nova Constituio. Quando esta estivesse finalizada, o pas completaria totalmente a transio para um governo democrtico. A Assembleia Nacional Constituinte, ou tambm chamada Congresso Constituinte, teve incio em 1 de fevereiro de 1987 e foi composta por membros da Cmara dos Deputados e do Senado. Aps 20 meses de debate, foi promulgada a nova Constituio em 1988. Esta endossava as liberdades de expresso e a cidadania, o fim da censura, livre organizao partidria, diviso de poderes em Legislativo, Executivo e Judicirio, alm do retorno s eleies diretas. Foi sacramentado a o fim da ditadura. A primeira eleio direta do pas aps 25 anos foi disputada, principalmente, entre o poltico alagoano Fernando Collor de Mello do PRN e o ex-sindicalista Luis Incio Lula da Silva, do PT. Collor venceu Lula no segundo turno por uma pequena diferena de votos, e assumiu a presidncia em 1990. (Fonte: http://historiandonanet07.wordpress.com/2010/11/15/redemocratizacao/.)

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2.2 A Educao

2.2.1 Da organizao escolar em novos tempos Republicanos at a Reforma de Francisco Campos Como vimos anteriormente, desde o final do imprio aumentara o interesse pela educao, por meio de conferncias pedaggicas, criao de bibliotecas e etc. Mais a atuao do estado passou a se tornar significativa no final do sculo XIX, tomando fora nas primeiras dcadas do sculo seguinte, encaminhando um modelo de escolarizao baseado na escola seriada, com normas, procedimentos, mtodos e instalaes adequadas. Os novos espaos organizados representavam o esforo de implantar a ordem e a disciplina. Cresceu o interesse pela formao de professores e devida descentralizao do ensino fundamental, a criao de escolas normais dependia da iniciativa de alguns estados pioneiros como So Paulo e Rio de Janeiro e bem depois Distrito Federal. A escola normal foi criada por Caetano Campos em 1890. O projeto republicano visava implantar a educao escolarizada, oferecendo ensino para todos. Mas ainda se tratava de uma escola dualista, onde para a elite era reservado continuao dos estudos, sobretudo cientficos e para o povo era uma educao elementar e estritamente profissional. A Igreja Catlica reagia de maneira negativa a todas as manifestaes positivistas atribudas ao governo republicano, que na Constituio estabelecera a separao da Igreja e do estado e a paralizao do ensino nos estabelecimentos pblicos. As escolas tinham as poucas vagas disputadas, pela classe mdia. A rede escolar do pas variava conforme o estado, entre os quais So Paulo era o mais favorecido. Os oficiais das geraes mais novas de formados pela Escola Militar, fundada em 1874, foram os principais simpatizantes das ideias positivistas no Brasil. Os oficiais sentiamse atrados pela disciplina e moral severas. No por acaso os dizeres de nossa bandeira Ordem e Progresso, resultam da inspirao positivista. O pensamento positivista, no era unanime em seus adeptos, alguns defendiam que a educao poderia ser sustentada pelo estado, havia os que defendiam que o dever de educar

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no cabia a governo algum, preconizavam o ensino livre, de iniciativa particular e sem privilgios acadmicos. Nas primeiras dcadas da Repblica houve diversas tentativas de implantar uma educao no atrelada aos interesses capitalistas, mas que articulasse os trabalhadores em geral e seus filhos. Enquanto os socialistas reivindicavam maior empenho do estado para atender a educao a todos, os anarquistas, conhecidos crticos das instituies, rejeitavam os sistemas pblicos por considera-los ideolgicos, divulgadores de preconceitos e comprometidos com os interesses da classe dominante. Atribuam a cada grupo social a responsabilidade pela organizao da educao, ou seja, para eles, a tarefa de educar cabia comunidade anarquista. As dcadas de 1920 e 1930 foram frteis em discusses sobre educao e pedagogia. No meio desse debate, muitas vezes spero, o governo estruturava suas reformas, nem sempre to democrticas e igualitrias. Os debates dividiam-se entre liberais e conservadores. Os conservadores eram representados pelos Catlicos defensores da pedagogia tradicional. Os liberais democrticos eram os simpatizantes da Escola Nova, e seus divulgadores estavam imbudos da esperana de democratizar e de transformar a sociedade por meio da escola, os liberais propunham a renovao das tcnicas e a exigncia da escola nica (no dualista), obrigatria e gratuita. No conflito acirrado entre Catlicos e escolanovistas, com frequncia estes ltimos eram acusados de ateus e comunistas. Manifesto dos Pioneiros da Educao Nova: Devido ao clima de conflito aberto em 1932 foi publicado o Manifesto dos Pioneiros da Educao Nova, assinado por 26 educadores. O documento defendia a educao obrigatria, pblica, gratuita e leiga como dever do estado. A preocupao dos escolanovistas estava no fato de no termos uma escola republicana aberta para todos. As escolas foram derrotadas na Constituio, que instituiu o ensino religioso, embora facultativo. Assim, os escolanovistas3 queriam fixar seu manifesto como um divisor de guas. Como vimos, os pensadores Catlicos criticavam a tendncia instalada pela repblica. Preconizavam a reintroduo do ensino religioso nas escolas por consideram que a verdadeira

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Movimento em contraposio ao mtodo tradicional de ensino at ento aplicado.

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educao deveria estar vinculada orientao moral crist. Para eles, as escolas leigas s instruem, no educam. Convm lembrar que, no final do sculo XIX, muitas das mais conceituadas escolas pertenciam a religiosos e oferecia um ensino humanstico restrito s elites, o que ainda continuou ocorrendo no sculo seguinte. Em 1930 o governo provisrio de Getlio Vargas criou o Ministrio da Educao e Sade. Francisco Campos, cuja atuao j era conhecida no estado de Minas Gerais, foi escolhido para o cargo de Ministro. Adepto da Escola Nova imprimiu uma orientao renovadora nos diversos decretos de 1931 e 1932, Francisco atendeu tambm a interesses que no correspondiam aos anseios das escolanovistas. Pela primeira vez uma ao planejada visava organizao nacional, j que as reformas anteriores tinham sido estaduais. Os decretos de Francisco tratavam da organizao da Universidade do Rio de Janeiro, da criao do Conselho Nacional de Educao, do ensino secundrio e do comercial. O ensino secundrio passou a ter dois ciclos: um fundamental, de cinco anos, e outro complementar de dois anos, que visava preparao para o ensino superior.

2.2.2 As primeiras Universidades As primeiras universidades surgiram na Europa ainda na Idade Mdia, na poca contempornea ocorreu reformulao de muitas delas. A partir da vinda da famlia real portuguesa para o Brasil, vrios cursos superiores foram criados, podemos citas escolas politcnicas (engenharia civil) a Academia Militar, cursos mdicos, alm de cursos como matemtica superior. Os decretos de Francisco Campos imprimiram nova orientao, tendo em vista maior autonomia didtica e administrativa. Ficando na pesquisa, na difuso da cultura e ainda beneficio da comunidade. 2.2.3 Reforma Capanema Esta reforma foi comandada pelo ministro Gustavo Capanema. Durante a ditadura de Vargas, Gustavo Capanema empreendeu outras reformas do ensino, regulamentado por diversos decretos leis, assinadas de 1942 a 1946 e denominadas Leis Orgnicas do Ensino. O sistema educacional proposto pelo ministro correspondia diviso econmicosocial do trabalho. A educao deveria estar, antes de tudo, a servio da Nao, realidade moral, politica e econmica a ser constituda.

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2.2.4 Ensino Profissional Em 1909 o governo Federal criou 19 escolas de aprendizes em cada estado. A maioria dessas escolas ensinava o artesanato como, marcenaria alfaiataria, e sapataria e no preparavam para as grandes empresas de manufaturas. Em 1942 foi criado o Servio Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), organizado e mantido pela Confederao Nacional das Indstrias, com cursos para aprendizagem, aperfeioamento e especializao, alm de programas de atualizao profissional. Em 1946 aps o Estado Novo, surgiu o Servio de Aprendizagem Comercial (SENAC). A populao de baixa renda, que deseja se profissionalizar, encontraram nesses cursos, boas condies de estudo, mesmo porque os alunos so pagos para aprender.

2.2.5 Algumas inovaes educacionais No perodo que antecedeu o Golpe Militar, ainda se destacaram diversos projetos de renovao do ensino pblico. Daremos destaque ao Colgio de Aplicao da USP que em 1957 desenvolveu um trabalho pioneiro de renovao pedaggica, tomando certas medidas como: cuidado com os professores, classes de alunos mais reduzidas para melhor aproveitamento. Mas essa experincia no pde ser transferida para as escolas comuns por vrios motivos. O Colgio de Aplicao foi extinto em 1970.

2.2.6 Reflexos da ditadura na educao Em 1967 foram postas fora da lei s organizaes como a Unio Nacional dos Estudantes (UNE), a inteno era evitar representaes de alunos em mbito nacional. Em 1969 se tornou obrigatrio o ensino de Educao Moral e Cvica nas escolas. bom lembrar que tambm o ano de 1968 foi marcado mundialmente pela revolta estudantil iniciada em maio, em Paris, onde estudantes da USP entrara em confronto com os da Universidade Mackenzie, de tradio conservadora e bero do Comando de Caa aos Comunistas.

2.2.7 Reforma universitria de 1968

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A reforma: Extinguiu a ctedra; unificou o vestibular e aglutinou as dificuldades em universidades para a melhor concentrao de recursos materiais e humanos, tendo em vista maior eficcia e produtividade. Vale lembrar tambm que a implantao da ps-graduao, com cursos de mestrado e doutorado, recebeu significativo apoio a partir da dcada de 1970, por fundamentar a concepo de desenvolvimento nos governos militares.

2.2.8 Reforma do 1 e do 2 graus de 1971 A reforma do ensino fundamental e mdio ocorreu no perodo mais violento da ditadura. Com a reforma se ampliou obrigatoriamente o perodo escolar de 4 para 8 anos. Teve tambm a criao da escola nica profissionalizante, com a tentativa de extinguir a separao entre escola secundria e tcnica, sendo assim, quando o aluno terminasse o ensino mdio teria uma profisso. Tambm foram criados os cursos supletivos para aqueles alunos que no conseguiam concluir os estudos regulares.

2.2.9 A avaliao das reformas Suas vantagens foram poucas, porm grandes. Acabou o dualismo escolar que se resume a escola nica, extenso no antigo 1 grau (1 a 8 srie), profissionalizao diretamente no ensino mdio e integrao ao ensino mdio juntamente com o superior, a chamado continuidade (na teoria). Entretanto as suas desvantagens foram muitas, como a reforma era perfeita para naquele momento na teoria, na realidade isto no acontecia. A no adequao do sistema pblico e a falta de estrutura no deixaram que o projeto fosse efetivado, fazendo com que ao decorrer dos anos fossem despejadas muitas pessoas despreparadas no mercado, ai ento confirmando a atual situao do Brasil, que era apenas a mo-de-obra para funes de baixo nvel sem influncia til para o desenvolvimento do Brasil. O dualismo tambm continuou na pratica, com isso confirmou o fracasso do plano de reforma, anulando praticamente todos os pontos positivos e objetivos da reforma.

2.2.10 Transio democrtica

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Com a inteno de buscar espaos que foram perdidos conforme acompanhamos ao longo da histria, nesta transio a educao, os professores, e os sindicatos envolvidos conseguiram lentamente se reerguer e aparecer na sociedade de forma livre e democrtica. Era tambm confirmado o fracasso da LDB e a Lei n 7.044/82 que dispensava escolas do compromisso da profissionalizao, com o foco apenas na formao geral e superficial. 2.2.11 Iniciativas oficiais Ps Ditadura Como a educao nunca foi de fato prioridade para o Governo, a realidade neste momento no era a mesma, a situao agravou-se devido fracassada tentativa de congelamento virtual dos preos pelo ento presidente Jos Sarney, no Plano Cruzado em 1986 que elitizou mais ainda a situao da educao no Brasil, pois apenas a elite da elite conseguiria estudar da forma correta, devido s dificuldades financeiras que o pas passou. No estado de So Paulo foi institudo o Programa de Formao Integral da Criana (Profic), como o prprio nome o explica, no foi possvel continuar com o programa devido falta de estrutura, confirmando mais uma vez o fracasso. Muitos projetos foram criados com a finalidade de marketing para as eleies de 1986, as prioridades do Governo eram a concluso das obras e visibilidade da populao, pois pensavam no bem estar politico apenas ao invs da continuidade da educao.

2.2.12 A constituio de 1988 e a educao A questo da escola pblica acirrou discusses no decorrer dos trabalhos da constituinte de 1987/88. Muitos foram os confrontos e presses inclusive da escola particular, desejosa de manter o acesso s verbas pblicas garantidas pela constituio anterior, de 1967 que afirma: [...] TTULO IV Da Famlia, da Educao e da Cultura 2 - Respeitadas as disposies legais, o ensino livre Iniciativa particular, a qual merecer o amparo tcnico e financeiro dos Poderes Pblicos, inclusive bolsas de estudo.

Legislao do Ensino III - o ensino oficial ulterior ao primrio ser, igualmente, gratuito para quantos, demonstrando efetivo aproveitamento, provarem falta ou insuficincia de recursos. Sempre que possvel, o Poder Pblico substituir o regime de gratuidade pelo de concesso de bolsas de estudo, exigido o posterior reembolso no caso de ensino de grau superior; [...].

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Vimos que na constituio de 67 era assegurado o direito a verbas publicas as escolas particulares. Com a constituio de 88 fica claro que a educao obrigao do poder pblico, gratuito e em estabelecimentos oficiais.

Pontos importantes da Nova Constituio: Gratuidade do ensino pblico em estabelecimentos oficiais;

Ensino fundamental obrigatrio e gratuito; Extenso do ensino obrigatrio e gratuito, progressivamente ao ensino mdio; Atendimento em creches e pr-escolas s crianas de zero a seis anos; Valorizao dos profissionais do ensino com planos de carreira para o

magistrio pblico; Autonomia universitria; Aplicao anual pela unio de nunca menos de 18% e pelos estados, Distrito

Federal e municpio de 25%, no mnimo, da receita resultante de impostos, na manuteno e desenvolvimento do ensino; Distribuio dos recursos pblicos assegurados, prioridade no atendimento das

necessidades do ensino obrigatrio nos termos do plano nacional de educao; Recursos pblicos destinados s escolas pblicas podem ser dirigidos s

escolas comunitrias confessionais ou filantrpicas, desde que comprovada finalidade no lucrativa; Plano nacional de educao visando articulao e ao desenvolvimento do

ensino em seus diversos nveis e s integraes do poder pblico que conduzam erradicao do analfabetismo, universalizao do atendimento escolar, melhoria de qualidade do ensino, formao para o trabalho, promoo humanstica, cientifica e tecnolgica do pas.

A partir das linhas dessa Lei Magna foi estabelecida a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDBEN)

2.2.13 A Nova LDB de 1996 Aprovada a Constituio de 88, restava elaborar a lei complementar para tratar de Diretrizes e Bases da educao nacional. Regulamentada a nova LDB que ocorreu em dezembro de 1996, com a publicao da lei n 9.394. Pela primeira vez, uma lei no resultaria

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de exclusiva iniciativa do executivo, e sim do debate democrtico da comunidade educacional. Porm, com o apoio do governo e do ministro da educao, o senador Darcy Ribeiro props outro projeto, que comeou a ser discutido paralelamente e terminou por ser aprovado em 1996. De modo geral, a lei foi acusada de neoliberal, por no garantir a esperada democratizao da educao. Sobretudo por que o Estado delegou ao setor privado grande parte de suas obrigaes. Um exemplo a educao profissional que no se encontra vinculada escola regular, gerando assim uma proliferao de escolas tcnicas, cujo objetivo sempre o de atender s demandas do mercado e que, por isso mesmo, esto mais voltadas para o adestramento. H tambm um aspecto de distribuio de verbas alvo de critica na nova lei, a mesma dispe bolsas de estudo em instituies privadas caso no haja vagas em setores pblicos e a comprovao de baixa renda de quem usufrui. Para alguns crticos, seria mais coerente justamente ampliar mais verbas para aumentar a rede publica. Em janeiro de 2006 o senado aprovou o projeto de lei que amplia a durao do ensino fundamental de oito para nove anos, garantindo o acesso de crianas a partir de seis anos de idade. Com relao aos profissionais, houve uma exigncia de graduao em nvel superior dos professores e no mais sendo admitidos cursos de magistrio de nvel mdio. H uma ressalva na educao infantil e nas quatro primeiras sries no ensino fundamental. Concluses obtidas sobre a educao contempornea (2.2 Educao) a partir do livro: ARANHA, Maria Lucia de Arruda. Histria da Educao e da Pedagogia Geral e Brasil, 2006. Editora: Moderna.

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3 CONCLUSO H uma infinidade de motivos para que a educao esteja neste patamar hoje, porm vale ressaltar a luta dos educadores durante todo o perodo do sculo XX e inicio do sculo XXI, no qual podemos tirar concluses na condio de participante de um sistema de ensino falho, mas que pode ser aproveitado e melhorado ao invs de ser radicalmente trocado como acontecia. A educao deve passar por alteraes, pois a regra natural para o progresso, pois mudam os tempos, a economia, a realidade nacional e a realidade muitas vezes mundial que exige um condicionamento diferenciado do Estado diante dessas mudanas. Nossos alunos no podem ser cobaias de um processo de ensino que mal pode ser considerado mtodo. Hoje o mundo e a sociedade no aceitam pessoas que no apresentem senso critico e capacidade de raciocnio, para tanto podemos perceber que estas mudanas ocorridas em nosso sistema de educao nos ltimos 30 anos foram cruciais para o enquadramento do Brasil nos padres mundiais e quem sabe um dia chegarmos abrangncia de todo o territrio nacional de forma homognea e justa com todos os alunos. A caminhada ser longa, mas diante de todas as dificuldades j ultrapassadas nossa unio e participao dentro deste meio far a diferena. Est em nossas mos.

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4 REFERNCIAS ARANHA, Maria Lucia de Arruda. Histria da Educao e da Pedagogia Geral e Brasil, 2006 Editora: Moderna.

http://www.brasilescola.com/historiab/primeira-republica.htm http://www.brasilescola.com/historiab/era-vargas.htm http://www.sohistoria.com.br/ef2/ditadura/p3.php http://historiandonanet07.wordpress.com/2010/11/15/redemocratizacao/ http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/heb14.htm Acessados em 01 de Abril de 2012.

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