a didática do ensino superior jurídico e a educação à distância - jus navigandi

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  • 8/19/2019 A Didática Do Ensino Superior Jurídico e a Educação à Distância - Jus Navigandi

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    12/03/2015 A didática do ensino superior jurídico e a educação à distância - Jus Navigandi

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    Este texto foi publicado no site Jus Navigandi no endereçohttp://jus.com.br/artigos/36467 

    Para ver outras publicações como esta, acessehttp://jus.com.br 

     A didática do ensino superior jurídico e a educação à distância

    Cesar Silveira Barrouin

    Publicado em 02/2015. Elaborado em 02/2015.

    O presente artigo busca demonstrar que a importância dos cursos jurídicos à distância passa não somentepelos novos recursos tecnológicos, como também pelas práticas pedagógicas e conteúdos de boa qualidade.

      Palavras-Chave: Didática. Ensino Jurídico. Educação à Distância. Habilidades pedagógicas. Tecnologia.

    Sumário: 1. A Didática do Ensino Superior – 2. Educação à Distância – 3. Ensino Jurídico – 4. Considerações Finais – 5. ReferênciasBibliográficas.

    1. A Didática do Ensino Superior

    Pode-se conceituar didática, de maneira simples, como a técnica de dirigir e orientar a aprendizagem. Outros diriam que é o estudo de técnicasde ensino. Pode ser c onsiderada também como a multifuncionalidade do p rocesso de ensino-aprendizagem articulada nas dimensões técnicas,política e humana; sempre procurando contextualizar a teoria com a prática. Gil (2010) diz que a didática é a “arte de ensinar” e mencionaComenius, educ ador europeu, que ac rescenta que didática é a “arte de ensinar tudo a todos”.

     A disciplina “Didática do Ensino Sup erior” é destinada aos alunos dos cursos de graduação e também de pós-graduação, sempre procurandorefletir o panorama da educação nacional, com o objetivo de fornecer melhor capacitação de docentes e interessados em atuar nas áreas deensino, pesquisa ou gestão, permitindo melhor compreensão das competências, habil idades e atividades necessárias para uma melhor atuaçãoprofissional.

    Já não basta ser um excelente comunicador e ter grandes conhecimentos relacionados à disciplina em que o profissional atua. É necessário terhabilidades pedagógicas, humanas, científicas, políticas e educacionais para exercer de modo eficaz a função.

    Com relação à didática, exige-se que o profissional docente (e também do pesquisador) tenha aç ões diferenciadas de outros profissionais, comonoções de mercado de trabalho, domínio das tecnologias educativas e da linguagem corporal, dentre outras, buscando sempre a participaçãoativa do aluno de modo a despertar suas habilidades em busca de uma consciência própria.

    É fundamental fazer com que os alunos aprendam a pensar, tornando-os capazes de lidar com situações e problemas na vida prática, de talmaneira que consigam assimilar, argumentar e opinar sobre os mais diversos assuntos, sem simplesmente reproduzir um pensamento jáexistente. Busca-se incentivar a produção de novas ideias e não apenas a reprodução delas, onde a divergência e a crítica podem ser mais

     valorizadas e construtivas do que a aceitação passiva de algo de já foi preestabelecido.

    O verdadeiro educador é aquele que consegue formar cidadãos reflexivos, que sejam críticos e cada vez mais comprometidos na construção deuma sociedade cada vez mais justa, mais democrática e com maior inclusão social.

    Segundo Libâneo (2010) “a escola é uma das mais importantes instâncias da democratização social e de promoção da inclusão social, desde

    que atenda à sua tarefa básica: a atividade de aprendizagem dos alunos.” A escola deve ter comprometimento com o aprendizado do saberproduzido e c om o desenvolvimento cognitivo, afetivo e moral.

    2. Educação à Distância

    Nota-se que a sociedade vive em constante mudança, modificando a forma de agir, pensar e sentir das pessoas. E na área educacional nãopoderia ser diferente. As constantes transformações em um mundo globalizado e o crescimento vertiginoso da tecnologia, especialmente emcomunicação, vieram para modificar a vida do ser humano fornecendo grandes possibilidades na flexibilização da educação em relação aotempo e espaço, com novos recursos tecnológicos e práticas pedagógicas.

    Em tempos diferentes, são necessários modos e métodos diferentes de ensino. Estudos vêm demonstrando que os métodos de ensino sãoatemporais, transcendendo o tempo e exigindo novos métodos que sejam mais eficientes p ara uma sociedade em constante metamorfose.

    Nesse contexto, surge a Educação à Distância (EaD) que hoje é proporcionalmente a modalidade que mais cresce no Brasil, especialmente emmatrículas do ensino superior. É a época do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) que constrói novas formas de aprendizado, de formacooperativa e colaborativa. São muitas as reflexões a se fazer, ainda mais em relação à atuação dos professores como agentes motivadores de

    aprendizagem.

    Os estudantes dos cursos à distância podem utilizar a internet para se comunicar com a instituição de ensino e com outros colegas, bemdiferente de outros tempos. Hoje podem se interagir através dos fóruns, e-mails, glossário, tarefas, dentre outros. Podem também se comunicarem tempo real através de videoconferências, chats e conferências web.

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    Essas ferramentas são, em geral, simples de serem utilizadas e gerenciadas, contudo é o docente o grande responsável pelo processo deaprendizagem on-line.

    Nos cursos à distância fica evidenciada apenas a distância física, e não a ausência de acompanhamento através de um professor. É fundamentala presença do professor orientador ou tutor para auxiliar os estudantes na realização das atividades propostas, promovendo o estímulo àpesquisa e avaliando todo o processo pedagógico.

    No Brasil, a legislação que tratou da Educação à Distância foi a Lei 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional), tambémconhecida como Lei Darcy Ribeiro, através do artigo 80 que, posteriormente, foi regulamentado pelo Decreto 5.622/05, que pormenorizou aEaD.

     Art. 1º - Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a educ ação à distância c omo modalidade educacional naqual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização demeios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividadeseducativas em lugares ou tempos diversos (Decreto 5.622, 2005).

     

    Percebe-se que essa nova modalidade de ensino veio para facilitar a democratização do ensino, seja através da diminuição das distânciasfísicas, como também da melhoria das condições sociais, econômicas, culturais e políticas, tendo em vista uma educação menos elitizada e deacesso a todos.

     A Educação à Distância é muito interessante também do ponto de vista prático e econômico. Talvez as maiores vantagens desse sistema sejam agrande flexibilização de horários para estudar e as inúmeras formas de acesso aos conteúdos. Os cursos à distância são, em geral, mais baratosque os presenciais. Não há gastos e nem perda de tempo em locomoções, possibilitando também maior liberdade de administração do tempodisponível. Para as instituições também é favorável à medida que os custos são drasticamente reduzidos.

    É grande a demanda por cursos de graduação e especialização em um país de dimensões continentais como o Brasil, sobretudo na área deDireito, e a tendência é aumentar cada vez mais. Sabe-se que os professores mais qualificados estão nos grandes centros urbanos. Nessecenário, pergunta-se: Como atender com qualidade o aumento da demanda se os melhores profissionais estão, em geral, nas capitais e nasregiões metropolitanas ? A resposta, pelo que já foi apresentado, parece por demais óbvia: Investir em Educ ação a Distância. É precisoaproveitar o momento de exp ansão da EaD buscando atender ou mesmo superar as d ificuldades encontradas.

    3. Ensino Jurídico

    Guimarães (2010) ressalta as políticas de educação brasileiras, em relação ao ensino jurídico, e cita a Lei Darcy Ribeiro, que prevê odesenvolvimento e a veiculação de programas de ensino à distância.

    É certo que houve alguns avanços nos cursos jurídicos a partir da reforma universitária proposta porFrancisco Campos, em 1931. Depois disso, só encontraremos outra significativa manifestação de políticaeducacional no ano de 1972, quando, além da reforma curricular, é regulamentado o estágio de práticaforense. Mas é com a Constituição de 1988 que se lançam as bases para o estabelecimento de uma políticaeducacional inclusiva, de progressiva universalização e destinada à formação de conhecimento (técnico-científico). E as primeiras concretizações deste ambicioso projeto encontraremos na Lei 9.394/96 – a Lei deDiretrizes e Bases – tratando amplamente da política educacional e a Portaria 1.886/94 do MEC, que dispõesobre o ensino do direito (GUIMARÃES, 2010).

     

     A Constituição Federal de 1988 valorizou o ensino jurídico no Brasil, contudo houve uma certa massificação dos cursos de Direito baseados emaulas expositivas orais do conteúdo, sem raciocínio crítico. Naquela época a desvalorização da formação pedagógica dos docentes eraperceptível e, consequentemente, formavam-se alunos que simplesmente reproduziam o que era ensinado em sala de aula, sem a prática paraconviver com situações novas.

     Atualmente os cursos de graduação e pós-graduação na área jurídica investem mais na formação pedagógica dos futuros professores p araestimular os alunos a formarem uma consciência própria. Por outro lado, os professores devem ter consciência sobre a importância desse tipode formação para o aperfeiçoamento do ensino jurídico no Brasil.

    Nesse sentido, se faz relevante a seguinte indagação: como adequar o ensino jurídico às TICs (tecnologias dainformação e comunicação) e (re)criar o profissional do direito? Começando, evidentemente pelas

    Instituições de Ensino Superior, uma vez que se novos modelos se colocam, consequentemente novosmétodos são necessários, a passividade na obtenção dos ensinamentos não pode mais ser admitida!

     

    Com efeito, a velocidade com que as TICs se desenvolveram alcançou inclusive os meios educacionais,gerando uma nova onda educacional que passa pela reformulação total da sua base pedagógica,metodológica, tecnológica, científica e institucional, a metodologia mais apropriada é a do learning doing(aprender fazendo). E a mais recente aliada dessa revolução educacional ostenta natureza tecnológica:consiste na combinação do ensino à distância (via satélite) como virtual (via internet) (BERNARDES eROVER, 2010).

    4. Considerações finais

     Apesar de certa resistência à criação de cursos de Direito em EaD, inclusive por parte da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), a metodologiado ensino à distância se mostra cada vez mais importante no aprendizado jurídico, pois com a velocidade com que as informações são

    atualizadas, nada melhor que a utilização das tecnologias disponíveis para acompanhar tais mudanças.

    Pode-se acompanhar mais rapidamente as dec isões judiciais, os recursos, as últimas edições legislativas e jurisprudenciais, tornando o ensino jurídico através da EaD mais dinâmico e extremamente atualizado, facilitando a vida de estudantes e professores.

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    O grande desafio dos docentes em direito é se aperfeiçoarem cada vez mais na utilização pedagógica da internet e também dos programasmultimídia para lidarem com a informação e o conhecimento de modo a ampliar e modificar as formas tradicionais de ensino e aprendizagem.

    Certamente o ensino à distância não substituirá o ensino presencial, mas é um meio imprescindível para a evolução do sistema educacional brasileiro, sobretudo no meio jurídico em que o dinamismo social impõe um maior empenho na questão da regulamentação dessa nova ordemque chegou para ficar.

    Mas, apesar de tantos benefícios que essa nova modalidade apresenta, é necessário que haja um acompanhamento sério por parte dasautoridades competentes para se evitar um ensino de baixa q ualidade, o que transformaria os cursos jurídicos à distância em meros fabricantesde dip lomas a baixo custo.

    É importante que os professores recebam orientações pedagógicas de ensino e que repassem conteúdos de boa qualidade, de modo que osdiscentes realmente os assimilem. É necessário que o aluno aprenda a aprender. E, por fim, vale deixar para reflexão uma frase atribuída aomestre em educaç ão do Paraná, Ivo Oss Emer : “Só sabe ensinar, quem sabe como se aprende”.

    5. Referências Bibliográficas

     

    BERNARDES, Marciele. Berger ; ROVER, Aires José.  Uso das novas tecnologias de informação e comunicação comoferramentas de modernização do ensino jurídico. Revista Eletrônica Democracia Digital e Governo Eletrônico, v. 01, nº 2, 2010.Disponível em : Acesso em 25 jan. 2 015

    BRASIL. Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o art. 80 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, queestabelece as diretrizes e bases da Educação Nacional. Disponível em: Acesso em 27 jan. 2015.

    BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.  Estabelece as diretrizes e bases da Educação Nacional. Disponível em: Acesso em 27 jan. 2015.

    GIL, Antônio Carlos. Didática do Ensino Superior. 01 Ed. São Paulo: Atlas, 2010.

    GOMES, Carlos Alberto. Poder, autoridade e liderança institucional na escola e na sala de aula: perspectivas sociológicasclássicas. Ensaio: avaliação e políticas públicas em educação. Rio de janeiro, 2009.

    GUIMARÃES, Isaac Sabbá. Metodologia do Ensino Jurídico. 02. Ed. Curitiba: Juruá, 2010.

    LIBÂNEO, José Carlos.  A Escola Brasileira em Face de um Dualismo Perverso: Escola do Conhecimento para os Ricos,Escola de Acolhimento Social para os Pobres.  Goiânia: PUC, 2010. Disponível em: Acesso em 29

     jan. 2015.

     Autor

    Cesar Silveira Barrouin

    Oficial do Ministério Público do Estado de Minas Gerais. Formado em Administração de Empresas peloInstituto Cultural Newton Paiva Ferreira, Pós-Graduação em Administração Pública / Orçamento e FinançasPúblicos pela Fundação João Pinheiro, Pós-Graduação em Direito Público pela Associação Nacional dosMagistrados Estaduais, Pós-Graduação em Direito Administrativo pela Faculdade Internacional Signorelli e

    Licenciatura Plena para Graduação de Professores pela Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais.


     www.mpmg.mp.br

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