a constituição brasileira de 1988e os tratados internacionais de proteção dos direitos humanos

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  • 7/29/2019 A Constituio Brasileira de 1988e os tratados internacionais de proteo dos Direitos Humanos

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    A Constituio Brasileira de 1988e os tratados internacionais de proteo dosDireitos Humanos

    FLVIA g PIOVESAN

    Professora Doutora em Direito Constitucional e Direitos Humanos da Faculdade de Direitoda PUC/SP, Procuradora do Estado, Coordenadora do Grupo de Trabalho de DireitosHumanos da Procuradoria Geral

    do Estado de So Paulo e Visiting fellowdo Programa de Direitos Humanosda Harvard Law School (1995 e 2000).A proposta deste ensaio enfocar os tratados internacionais de proteo dos direitos

    humanos, luz da Constituio Brasileira de 1988.Neste sentido, primeiramente sero apresentadas as especificidades desses tratados, bem comode sua fonte o chamado Direito Internacional dos Direitos Humanos. Em um segundo momento,o destaque ser dado posio do Brasil, em face dos instrumentos internacionais de proteodos direitos humanos. Em sequncia, ser desenvolvida a avaliao do modo pelo qual aConstituio Brasileira de 1988 tece a incorporao desses tratados, e, por fim, qual o impactojurdico que apresentam momento no qual sero examinados alguns casos concretos em que

    esses tratados foram aplicados.1. Tratados Internacionais de Proteo dos

    Direitos Humanos: O que so? Qual a sua

    origem? Quais os seus Objetivos?Os tratados intemacionais de direitos humanos tm como fonte um campo do Direito

    extremamente recente, denominado Direito Internacional dos Direitos Humanos, que oDireito do ps-guerra, nascido como resposta s atrocidades e aos horrores cometidos pelonazismo.

    Em face do regime do terror, no qual imperava a lgica da destruio e no qual aspessoas eram consideradas descartaveis, ou seja, em face do flagelo da Segunda GuerraMundial, emerce a necessidade de reconstruo do valor dos direitos humanos, comoparadigma e referencial tico a orientar a ordem internacional.

    O Direito Internacional dos Direitos Humanos surge, assim, em meados do sculo XX,em decorrncia da Segunda Guerra Mundial e seu desenvolvimento pode ser atribudo smonstruosas violaes de direitos humanos da era Hitler e crena de que parte dessasviolaes poderiam ser prevenidas, se um efetivo sistema de proteo internacional de direitos

    humanos exstsse.Ao tratar do Direito Internacional dos Direitos Humanos, afirma Richard B. Bilder: O

    movimento do direito internacional dos direitos humanos e baseado na concepo de que todanao tem a obrigao de respeitar os direitos humanos de seus cidados e de que todas asnaes e a comunidade internacional tm o direito e a responsabilidade de protestar, se umEstado no cumprir suas obrigaes. O Direito Internacional dos Direitos Humanos congsisteem um sistema de normas internacionais, procedimentos e instituies desenvolvidas paraimplementar esta concepo e promover o respeito dos direitos humanos em todos os pases,no mbito mundial. (...) Embora a idia de cue os seres humanos tm direitos e liberdadesfundamentais que lhe so inerentes tenha h muito tempo surgido no pensamento humano, aconcepo de que os direitos humanos so objetos prprios de uma regulao internacional,por sua vez, bastante recente. (...) Muitos dos direitos que hoje constam do DireitoInternacional dos Direitos Humanos surgiram apenas em 1945, quando, com as implicaesdo holocausto e de outras violaes de direitos humanos cometidas pelo nazismo, as naes

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    do mundo decidiram que a promoo de direitos humanos e liberdades fundamentais deve serum dos principais propsitos da Organizao das Naes Unidas.

    Neste cenrio, fortalece-se a idia de que a proteo dos direitos humanos no deve se reduzirao domnio reservado do Estado, isto , no deve se restringir competncia nacional exclusivaou jurisdio domstica exclusiva, porque revela tema de legtimo interesse internacional. Porsua vez, esta concepo inovadora aponta para duas importantes conseqlncias:

    1. a reviso da noo tradicional de soberania absoluta do Estado, que passa a sofrer umprocesso de relativizao, na medida em que g so admitidas intervenes no pianonacional, em prol da proteo dos direitos humanos; isto , permitem-se formas demonitoramento e responsabilizao internacional, quando os direitos humanos foremviolados ;

    2. a cristalizao da idia de que o indivduo deve ter direitos protegidos na esferainternacional, na condio de sujeito de direito.

    Prenuncia-se, deste modo, o fim da era em que a forma pela qual o Estado tratava seusnacionais era concebida como um problema de jurisdio domstica, decorrncia de sua

    soberania.

    Inspirada por estas concepes, surge, a partir do ps-guerra, em 1945, a Organizaodas Naes tinidas. Em 1948 adotada a Declarao Universal dos l)ireitos Humanos, pelaaprovao unnime de 48 Estados, com 8 ahstcnesi A inexistncia de qualquerquestionamento ou reserva feita pelos Estados aos princpios da Declarao e a inexistnciade qualquer voto contrario s suas disposies. conferem Declarao Universal o significadodc um cdigo e plataforma comum de ao. A Declarao consolida a alirnao de urna ticauniversal,1 ao consagrar um consenso sobre valores de cunho universal, a serem seguidospelos Estados.

    A Declarao de 1948 introduz a concepo contempornea de direitos humanos,marcada pela universalidade e indivisibilidade desses direitos. Ao consagrar direitos civis e

    polticos e direitos econmicos, sociais e culturais, a l)cclarao ineditamente combina odiscurso liberal e o discurso social da cidadania, conjugando o valor da liberdade ao valor daigualdade. Nas palavras de Louis B. Sohn e Thomas Buergenthal: A Declarao Universal deDireitos Humanos se distingue das tradicionais Cartas de direitos humanos que constam dediversas ngormas fundamentais e constitucionais dos sculos XVIII e XIX e comeo dosculo XX, na medida em que ela consagra no apenas direitos civis e polticos, mas tambmdireitos economicos. sociais e culturais, como o direito ao trabalho e educao.

    Ao conjugar o valor da liberdade com o valor da i2ualdade, a Declarao demarca aconcepo contempornea de direitos humanos, pela qual os direitos humanos passam a serconcebidos como uma unidade interdependente, inter-relacionada e indivisvel. Assim,partindo-se do critrio metodolgico, que classifica os direitos humanos em geraes? adota-

    se o entendimento de que unia gerao de direitos no substitui a outra, mas com ela interage.Isto , aLista-se a idia da sucesso geracional de direitos, na medida em que se acolhe aidia da expanso, cumulao e fortalecimento dos direitos humanos consagrados, todosessencilmente complementares e em constante dinmica de interao. Logo, apresentandoos direitos humanos uma unidade indivisvel, revela-se esvaziado o direito liberdade, quandono assegurado o direito igualdade e, por sua vez, esvaziado revela-se o direito igualdade,quando nao assegurada a libergdade.

    Vale dizer, sem a efetividade dos direitos econmicos, sociais e culturais. os direitos civise polticos se reduzem a meras categorias formais, enquanto que, sem a realizao dosdireitos civis e polticos, ou seja, sem a efetividade da liberdade entendida em seti mais amplosentido, os direitos econmicos e sociais carecem de verdadeira significao. No h maiscomo cogitar da liberdade divorciada da justia social, como tambm infrutfero pensar najustia social divociada da liberdade. Em suma, todos os direitos humanos constituem umcomplexo integral, nico e indivisvel. em que os diferentes direitos esto necessariamenteinter-relacionados e interdependentes entre si.

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    Como estabeleceu a Resoluo n. 32/130 da Assemblia Geral das Naes Unidas:todos gos direitos humanos, qualquer que seja o tipo a que pertencem, se inter-relacionamnecessariamente entre si, e sao indivisveis e interdependentes. Esta concepo foi reiteradana Declarao de Viena de 1993, quando afirma, em seu 5, que os direitos humanos saouniversais, indivisveis, interdependentes e inter-relacionados.

    Seja por fixar a idia de que os direitos humanos so universais, inerentes condio depessoa e no relativos s peculiaridades sociais e culturais de determinada sociedade, sejapor incluir em seu elenco no s direitos civis e polticos, mas tambm direitos sociais,econmicos e culturais, a Declarao de 1948 demarca a concepo contempornea dosdireitos humanos.

    Uma das principais qualidades da Declarao constituir-se em parmetro e cdigo deatuao para os Estados integrantes da comunidade internacional. Ao consagrar oreconhecimento universal dos direitos humanos pelos Estados, a Declarao consolida umparmetro internacional para a proteLtgo) desses direitos. Neste sentido, a Declarao umdos parmetros fundamentais pelos quais a comunidade internacional deslegitima os Es-tados. Um Estado que sistematicamente viola a Declarao no merecedor de aprovao porparte da comunidade mundial.

    A partir da aprovao da Declarao Universal de 1948 e a partir da concepo

    contempornea de direitos humanos por ela introduzida, comea a se desenvolver o l)ireitoInternacional dos Direitos Humanos, mediante aadoode inumeros tratados internacionaisvoltados proteo de direitos fundamentais.

    Forma-se o sistema normativo global de proteo dos direitos humanos, no mbito dasNaes Unidas. Este sistema normativo, por sua vez, integrado por instrumentos de alcancegeral (como os Pactos Internacionais de Direitos Civis e Polticos e de Direitos Econmicos,Sociais e Culturais de 1966) e por instrumentos de alcance especfico, como as Convenesinternacionais que buscam responder a determinadas violaes de direitos humganos, como atortura, a discriminao racial, a discriminao contra as mulheres, a violao dos dircitos dascrianas, dentre outras formas de violao.

    Firma-se assim, no mbito do sistema global, a coexistncia dos sistemas geral e

    especial de proteo dos direitos humanos, como sistemas de proteo complementares. Osistema especial de proteo reala o processo da especificao do sujeito de direito, no qualo sujeito passa a ser visto em sua especificidade e concreticidade (ex.: protege-se a criana,os grupos tnicos minoritarios, os grupos vulnerveis, as mulheres etc.). J o sistema geral deproteo (ex.: os Pactos da ONU de 1966) tem por endereado toda e qualquer pessoa,concebida em sua abstrao e generalidade.

    Ao lado do sistema normativo global, surge o sistema normgativo regional de proteo,que busca internacionalizar os direitos humanos no plano regional, particularmente na Europa,Amrica e frica. Consolida-se, assim, a convivncia do sistema global integrado pelosinstrumentos das Naes Unidas, como a Declarao Universal de Direitos Humanos, o PactoInternacional dos Direitos Civis e Polticos, o Pacto Internacional dos Direitos Econmicos

    Sociais e Culturais e as demais Convenes internacionais com instrumentos do sistemaregional, por sua vez integrado pelos sistemas americano, europeu e africano de proteo aosdireitos humanos.

    Os sistemas global e regional no so dicotmicos, mas complementares. Inspiradospelos valores e princpios da Declarao Universal, compem o universo instrumental deproteo dos direitos humanos no plano internacional. Em face desse complexo universo deinstrumentos internacionais, cabe ao indivduo que sofreu violao de direito a escolha doaparato mais favorvel, tendo em vista que, eventualmente, direitos idnticos so tutelados pordois ou mais instrumentos de alcance global ou regional, ou ainda, de alcance geral ouespecial. Nesta tica, os diversos sistemas de proteo de direitos humanos interagem embeneficio dos indivduos protegidos.

    Feitas essas breves consideraes a respeito dos tratados internacionais de direitoshumanos, passa-se anlise do modo pelo qual o Brasil se relaciona com o aparatointernacional de proteo dos direitos humanos.

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    A Constituio brasileira de 1988 e os

    Tratados Internacionais de Direitos

    Humanos - TPI

    11/jun/2004

    Trata acerca do tratamento dispensado pela Constituio Federal de 1988aos tratados internacionais de direitos humanos, voltado ao TPI.

    PorFabola Pozzobon

    A ps a Segunda Guerra Mundial, o nmero de conflitos regionais e consequentemente o

    aumento dos crimes condenados internacionalmente fez renascer a preocupao mundial de

    evita-los atravs de um Tribunal Internacional permanente, capaz de aplicar o direito

    internacional aos acusados de cometerem tais crimes, evitando-se assim a impunidade e a

    seletividade dos mesmos [1].

    Com isso, em julho de 1998, foi ento criado o Tribunal Penal Internacional, atravs da aprovao

    do Estatuto de Roma na Conferncia Diplomtica das Naes Unidas de Plenipotencirios,reunidos na sede da FAO (Food and agriculture Organization) em Roma.

    Atravs do referido Estatuto, foram estabelecidas as regras materiais, processuais, de

    organizao interna, as regras do Ministrio Pblico, bem como a competncia e as penas

    aplicveis aos casos julgados pelo futuro Tribunal.

    Todas essas regras, convergiram para um nico ponto, a investigao e a punio dos

    responsveis pelas violaes aos direitos humanos, devendo o Tribunal ser encarado como um

    tratado internacional de direitos humanos [2], por combater as atrocidades cometidas contra

    estes direitos.

    Os tratados internacionais de direitos humanos nasceram como uma resposta dos Estados as

    atrocidades cometidas durante a Segunda Guerra Mundial; a partir de ento normas foram

    criadas com o intuito de prevenir que as antigas violaes no mais ocorram.

    O comportamento acima adotado provocou um processo de relativizao da soberania absoluta

    dos Estados, pois passou-se a permitir formas de monitoramento e responsabilizaointernacional, quando os direitos humanos forem violados. O Tribunal Penal Internacional, como

    tratado internacional de direitos humanos, possui todos os seus mecanismos de atuao voltados

    http://www.direitonet.com.br/artigos/perfil/exibir/88200/Fabiola-Pozzobonhttp://www.direitonet.com.br/artigos/perfil/exibir/88200/Fabiola-Pozzobonhttp://www.direitonet.com.br/artigos/perfil/exibir/88200/Fabiola-Pozzobonhttp://www.direitonet.com.br/artigos/perfil/exibir/88200/Fabiola-Pozzobon
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    para que os referidos direitos sejam respeitados.

    O Brasil, segundo Janice Cludia Freire Santana [3], esteve afastado de uma participao

    relevante no tratamento internacional de direitos humanos, sendo signatrio, at ento, de um

    nmero reduzido de instrumentos internacionais relacionados temtica, principalmente durante

    o perodo militar.

    Somente aps o fim da ditadura, atravs da promulgao da Constituio da Repblica de 1988,

    que o pas comeou a adotar medidas internacionais de proteo aos direitos humanos.

    Atualmente, o pas signatrio de diversos tratados internacionais que versam sobre direitos

    humanos, dentre eles se encontra a Conveno Americana de Direitos Humanos e mais

    recentemente o Estatuto de Roma, que criou o TPI.

    Podemos verificar em anlise Constituio brasileira, que a mesma faz diversas referncias, em

    seu texto normativo, aos direitos humanos. No artigo 1, inc. III, da CF, encontramos que o Brasilconstitui-se em Estado democrtico de direito, tendo dentre os seus fundamentos, a dignidade da

    pessoa humana e na seqncia o artigo 4, inc. II, da CF dispe que nas relaes internacionais,

    o pas dever reger-se pelo princpio da prevalncia dos direitos humanos.

    Ademais, no podemos deixar de mencionar o artigo 5 da CF que versa sobre os direitos

    fundamentais, cujo objetivo a proteo dos direitos individuais e coletivos da pessoa humana,

    protegendo-a de leses ou violaes.

    As inovaes acima relacionadas forma fundamentais para que o pas viesse a ratificar os

    diversos instrumentos de proteo dos direitos humanos j existentes. Esta atitude, segundo

    Flvia Piovesan [4], simbolizou o aceite do Brasil para com a idia contempornea de

    globalizao dos direitos humanos, bem como para com a idia da legitimidade das

    preocupaes da comunidade internacional no tocante a matria.

    Em relao ao Estatuto de Roma, considerado um tratado internacional de proteo aos direitos

    humanos, o Brasil aprovou-o atravs do Decreto Legislativo n 112, de 07 de junho de 2002,

    tendo sido promulgado pelo Decreto n 4.388, de 25 de setembro de 2002, e depositando o

    respectivo instrumento de adeso no dia 1 de setembro de 2002.

    Apesar de ter aderido ao Estatuto, o Estado brasileiro, como muitos outros durante a Conferncia

    de Roma, suscitou a possibilidade de haver algum tipo de incompatibilidade entre o texto do

    referido Estatuto e o ordenamento jurdico nacional. No entanto, segundo Flvia Piovesan, o

    nosso ordenamento jurdico compatvel com o Estatuto de Roma por pelo menos trs razes

    [5]:

    a) o Estatuto adota regras de direito material em parte j reconhecidas em outros tratados

    internacionais ratificados pelo Brasil, como o caso da Conveno Americana de Direitos

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    Humanos; b) estabelece ainda um mecanismo internacional de proteo a direitos humanos

    parecido com o da Corte Interamericana de Direitos Humanos, cuja jurisdio j foi reconhecida

    pelo nosso pas; c) e a prpria Constituio Federal, no artigo 7 do Ato das Disposies

    Constitucionais Transitrias, explicita que o Brasil propugnar pela formao de um Tribunal

    Internacional de direitos humanos.

    Por essas razes, podemos concluir que no h qualquer bice constitucional quanto aceitao

    da jurisdio do TPI pelo Estado brasileiro.

    No entanto, para que o Estatuto venha a ter uma efetiva aplicao, ser necessrio que se faa

    uma Lei para implementar as normas nele contidas, estabelecendo procedimentos que permitam

    que o Estado brasileiro responda a todas as formas de cooperao exigidas pelo artigo 88 do

    referido documento.

    Segundo informaes obtidas no site do Ministrio da Justia, o Brasil j possui um Anteprojetode Lei, coordenado pelo Professor Tarciso Dal Maso Jardim. O referido Anteprojeto est

    atualmente em poder do Ministro da Justia para apreciao e possveis alteraes.