300 anos de minas gerais · 2020. 12. 2. · com o sabor dos doces e queijos e a celebração do...

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  • APRESENTAÇÃO

    Mariana

    Antes de 1720, o Brasil era dividido em capitanias. O nos-so território fazia parte da Capitania de São Paulo das Minas de Ouro. Em 2 de dezembro de 1720, essa capitania foi desmem-brada em Capitania de São Paulo e Capitania de Minas Gerais. Em 1821, tornou-se Província e 1889 tornou-se Estado de Minas Gerais.

  • APRESENTAÇÃO

    A primeira capital de Minas foi Mariana. Em 1721, a cidade de Vila Rica tornou-se sua capital. Em 1821 a cidade passou a se chamar Ouro Preto. Ouro Preto foi capital de Minas até 1897, quando foi inaugurada a cidade de Belo Horizonte, construída para ser capital. Desde o século XVIII, Minas foi berço de poetas fa-mosos como: Cláudio Manoel da Costa, Beatriz Francis-ca de Assis Brandão, Antônio Augusto de Lima, Carlos Drummond de Andrade, Adélia Prado e muitos outros. Nova Lima, também é berço de muitos poetas. Fo-ram convidados vários, para escreverem sobre Minas Ge-rais, comemorando os seus trezentos anos. O resultado é este caderno.

    ELSE DOROTÉA LOPESORGANIZADORA

  • ADRIANA LOPES BARBOSAMINEIRA

    Nascida em Minas Gerais

    sempre me soube garimpeira.

    Mas busco,

    a leves penas,

    o ouro abstrato:

    a poesia,

    que vive nesta gente,

    que sobe e desce montanhas,

    e que num “logo ali”,

    dá voltas e voltas,

    até chegar

    de onde nunca saiu:

    o coração.

  • AFONSO ADAIL DE SOUSA300 ANOS DE MINAS GERAIS

    - ACRÓSTICO*

    Montanhas de pedra, como catedrais, Montes Verdes, gerais.

    Igrejas seculares, monumentos.

    Nódoas, manchas, dor, sofrimentos.

    Afonso Adail de Sousa, poeta nova-limense.

    São João Del Rei, Neves, Lagoa Santa, Santa Luzia.

    Gruta de Maquiné, garimpo, cidade do ouro. Aqui encontrei meu tesouro.

    Eta queijinho bão! Com goiabada então...

    Rosário do Catupé. Tão fria é Maria da Fé!

    Amada terra, que tanta beleza encerra.

    Itabira. Alô! C.D.A.! E agora José...

    Sou Libertas Quae será tamen.

    * Acróstico: S. m. Composição poética na qual o conjunto das letras iniciais (e por vezes as mediais ou fi nais) dos versos compõe verticalmente uma palavra ou frase (Dicionário Aurélio 5ª Edição – Editora Positivo. 2010)

    * Acróstico: S. m. Composição poética na qual o conjunto das letras iniciais (e por vezes as mediais ou fi nais) dos versos compõe verticalmente uma palavra ou frase (Dicionário Aurélio 5ª Edição – Editora Positivo. 2010)

  • ANA LUIZA DOLABELA DE AMORIM MAZZINIMINAS SÃO MUITAS

    Minas, berço da liberdade, Abriga também muita fé,Oferece hospitalidade e mineiridadeE esbanja criatividade e diversidade.

    Minas de muitas águas,Tem a sinuosidade das montanhas,Com o sabor dos doces e queijosE a celebração do café com o delicioso pão de queijo.Terra de Guimarães Rosa e Drummond,É embalada pela musicalidade de Milton Nascimento,Paula Fernandes e Flávio Venturini.

    Em Minas tem santo do pau oco,E obras sacras do Barroco,Tem igreja com altar de ouro,Muita história e arte,E tem ferro e ouro.

  • Minas não tem mar,Mas tem um oceano de emoções,Tem parques e cachoeiras,Tem feijão tropeiroCom o tempero mineiro.

    Mas o que Minas tem de melhor,É o povo mineiro,De alma simples e hospitaleira,Cheio de sonhos e de “causos”,Pleno de acolhimentoE cheio de conhecimento.

    MINAS SÃO MUITAS

  • DESIO CAFIERO FILHO300 ANOS DE HISTÓRIA

    Minas é um estado bem ordeiroDe um país rico e altaneiroQue eleva o nome do Brasil

    Aqui tem serras, rios, cascatasMas, é o verde de suas matas

    Que encanta e faz respirar

    Mineiro é um povo contidoMeio arredio, sofrido

    Porém, de muito bom trato

    Sempre alegre, hospitaleiroQuem pisa em seu terreiroSe vem em Paz, tá em casa

    Gosto demais dessa terraQue já foi muito explorada

    Contudo, nunca perdeu o charme

    Você está em meu coraçãoPor isso digo, com enorme emoção

    Viva minha Minas Gerais!!!

    Você está em meu coraçãoPor isso digo, com enorme emoção

    Viva minha Minas Gerais!!!

  • Como meus antepassados Trezentos anos passados Fui garimpar ribeirões,

    Adentrar minas, Explorar rincões,

    Subir morros, E descer vales.

    Não encontrei ouro. Esse, o europeu levou. Não encontrei arsênico. Esse, matou o mineiro.

    ELSE DOROTÉA LOPESMINA DE CULTURA

    Arte de Laisamara Santos Barbosa

  • Encontrei gente No asilo e no presídio.

    Encontrei alunos e professores. Encontrei leitores e escritores

    Gente simples e famosa. São homens e mulheres

    Que leem, Que escrevem, Que recitam, Que tocam,Que cantam, Que dançam.

    O verdadeiro tesouro, O ouro vivo Da cultura

    De minha terra.

    MINA DE CULTURA

    De minha terra.

  • ELSE DOROTÉA LOPESALDRAVIAS* PELOS

    CAMINHOS DE MINAS

    serraspicosvales

    capelasigrejas

    catedrais

    montanhasverdesfl ores

    amarelasrasteiras

    trepadeiras

    nascentesregatos

    ribeirõescachoeiras

    águasabundantes

    índiosbandeirantes

    escravostropeirosestrada

    real

    culturahospitalidade

    amizadeliteraturaaldravias Mariana

    inconfi dênciahistóriamemória

    patrimônio OuroPreto

    caminhosdescobertas

    ourofreguesias

    vilasSabará

    ontemourohoje

    ?NovaLima

    * Aldravia é uma poesia sintética estruturada em seis versos univocabulares. Foi criada em 2010 por poetas mineiros da cidade de Mariana.

  • EPAMINONDAS BITTENCOURTARCÁDIA MINEIRA

    Ouro Preto

    Esquecida por quase um século nas montanhas de Mi-nas Gerais, a cidade de Ouro Preto, antiga Vila Rica, com toda a opulência do período colonial passou por um processo de re-vitalização, nas primeiras décadas após a proclamação da Re-pública brasileira, em 1889. Escritores, pintores, escultores, ar-tistas brasileiros e estrangeiros fi xaram residência na cidade, passando a exercer seus ofícios e contribuindo para promoção

  • da memória local, para os maiores centros culturais no Bra-sil e no exterior. Olavo Bilac, Emílio Rouéd, Alfredo Cama-rate, Gastão da Cunha, Henrique Bernardelli, Aurélio Pires, Honório Esteves, dentre outros se preocuparam em conhe-cer com maior profundidade e retratar os principais escritos e as obras de arte do século XVIII, na sociedade mineira, particularmente, o período que conduziu a Inconfi dência Mineira na derrocada do ciclo do ouro.

    Ao se referir à cidade adormecida, Gianetti¹ relata a importância da última década do século XIX, como período relevante para a cultura mineira, tanto na recuperação pú-blica de suas grandes manifestações do século XVIII, quan-to no movimento de preservação do patrimônio artístico e cultural. De signifi cativa importância, o autor afi rma a fun-dação do Archivo Público Mineiro em Julho de 1895, bem como a série de exposições, concertos, temporadas líricas com a presença de grandes escritores, artistas, políticos na-cionais, que promoveram a reimpressão das grandes obras dos artistas e intelectuais mineiros do ciclo do ouro. Foi por intermédio desses grandes precursores do futuro modernis-mo brasileiro, que as obras de Aleijadinho, Manoel Ataíde e os escritos dos inconfi dentes mineiros passam a ter ampla repercussão nacional e internacional.

    ¹GIANNETTI, R.; Ensaios para uma história da arte de Minas Gerais no século XIX: Belo Horizonte: Autêntica, 2015

    da memória local, para os maiores centros culturais no Bra-sil e no exterior. Olavo Bilac, Emílio Rouéd, Alfredo Cama-rate, Gastão da Cunha, Henrique Bernardelli, Aurélio Pires,

    ARCÁDIA MINEIRA

  • Olavo Bilac afi rmou em 1893, que “vir a Minas é vir ao coração do Brasil, que Ouro Preto amantelada nas suas montanhas verdes é como o reduto último da nossa nacio-nalidade”. Em 1894, Francisco Aurélio de Figueiredo, que desenvolveu a fi gura imagem republicana de Tiradentes, afi rmou sobre Aleijadinho: “[...] Em quase todas as igrejas de Ouro Preto e em muitas outras cidades do grande Estado de Minas Gerais estão repletos de trabalhos que atestam o talento e a fecundidade desse talentoso artista, que teria sido um Celliris ou um Donatello, se houvesse nascido na pátria de Miguel Ângelo, e que entretanto passa completa-mente ignorado na terra que deveria orgulhar-se de ter-lhe sido o berço”! Na mesma forma, Emílio Rouéde recuperou a ocupação do território mineiro pelos bandeirantes: “esses homens valentes e fortes, de costumes e origens diversos, eram unidos, entretanto, por um laço poderoso: a crença em Deus. A religião era o seu código; e compreenda-se fa-cilmente que, sem uma lei sobrenatural e sem o temor de um castigo eterno, teria sido impossível evitar as lutas ter-ríveis provocadas pela avidez que o ouro devia forçosamen-te gerar”.

    Esse amplo movimento cultural na segunda metade do século XVIII possibilitou a difusão do neoclassicismo na literatura mineira. Na defi nição de Sílvio Romero, o neo-classicismo como sinônimo da Escola Mineira, centrada em

    Olavo Bilac afi rmou em 1893, que “vir a Minas é vir ao coração do Brasil, que Ouro Preto amantelada nas suas montanhas verdes é como o reduto último da nossa nacio-

    ARCÁDIA MINEIRA

  • Vila Rica, em que o tema central era o bucólico, as origens nativistas cuja primeira manifestação tinha sido expressa na Arcádia Europeia impregnada com valores iluministas, que teve um núcleo em Portugal conhecido como Arcádia Lusitana em 1756, iniciou na literatura o rompimento com a tradição do barroco europeu. Em Vila Rica os intelectuais tinham uma estreita relação com a Universidade de Coim-bra onde foram formados e tiveram os primeiros contatos com a literatura iluminista, com os ideais da revolução francesa e da independência norte-americana. Nesse sen-tido, conforme dizer de Merquior² “a literatura brasileira alcançou o seu primeiro período ideologicamente articula-do com a Escola Mineira, a Arcádia Mineira. Com as letras neoclássicas, de fundo nativista da Escola Mineira é que se concatena o sistema literário brasileiro”.

    A Arcádia Mineira seguiu as letras inspirada na academia francesa que penetrava no movimento cultural português. Entretanto, ao mesmo tempo em que a virtude da vida bucólica está consagrada nas letras e nos versos dos poetas de Vila Rica, o contexto dos valores libertários com uma profunda crítica ao domínio português é o ponto de diferenciação nos textos, nas letras, nas reuniões dos

    ²MERQUIOR, GUILHERME, J; De Anchieta a Euclides, breve história da literatura brasilei-ra: São Paulo: É Editora, 2014

    Vila Rica, em que o tema central era o bucólico, as origens nativistas cuja primeira manifestação tinha sido expressa na Arcádia Europeia impregnada com valores iluministas,

    ARCÁDIA MINEIRA

  • árcades mineiros. “A noção de uma pátria mineira é o elemen-to fundamental de identifi cação entre os integrantes de uma sociedade de pensamento nas Minas”, conforme dizer de Ma-xwell³. A noção de pátria mineira se estende de Vila Rica para a comarca do Rio das Mortes, até o Distrito Diamantino e é bem explicitada na difusão do poema Vila Rica de Cláudio Ma-noel da Costa. Assim, a noção de “pátria mineira”, a Arcádia Mineira e a Inconfi dência Mineira representam uma mesma rota, a rota das grandes bibliotecas, da ilustração, da utopia do retorno à natureza, das letras e da lírica poética envolvendo a cultura e a prática política na conjuração mineira.

    Merquior identifi ca como principais integrantes da Ar-cádia Mineira, Cláudio Manuel da Costa, Basílio da Gama, Al-varenga Peixoto, Santa Rita Durão, Tomás Gonzaga e Silva Alvarenga. De acordo com o autor, Cláudio Manoel da Costa, minerador da diocese de Mariana, foi o primeiro árcade. Viveu em Vila Rica como advogado e minerador tendo estudado em Coimbra. Ao publicar em 1768 em Coimbra as obras poéticas, abriu o caminho para toda a obra poética com o simbolismo nativista da colônia mineira. Foi secretário de governo da ca-pitania em Vila Rica e morreu enforcado na cela por ocasião da Inconfi dência Mineira em 1789. Advogado e poeta respeitado

    árcades mineiros. “A noção de uma pátria mineira é o elemen-to fundamental de identifi cação entre os integrantes de uma

    ³MAXWELL, K; O livro de Tiradentes: São Paulo: Editora Schwarcz, 2013

    ARCÁDIA MINEIRA

  • em toda a capitania. Era o advogado de todos os grandes contratantes que estavam endividados com a Coroa Portu-guesa, quando por ocasião do planejamento da “derrama” por parte da Coroa, que buscava o acerto do quinto do ouro. O poeta vivia um confl ito entre ser um cosmopolita com o ambiente da violência no sertão da capitania. O advoga-do era um ponto de contato entre as elites das comarcas do Rio das Mortes, em que se situava duas prósperas vilas São João del Rey e São José del Rey (hoje Tiradentes), e o Distrito Diamantino. Tinha livre trânsito com os letrados, o bispado, o governo da capitania e os homens de negócios da mineração e da agricultura. Tomás Antônio Gonzaga for-mou em Coimbra e foi ouvidor geral de Vila Rica a partir de 1787. Sua educação literária revela toda a infl uência da Arcádia Lusitana. Sua grande obra Marília de Dirceu, sím-bolo do lirismo nativista, retrata a paixão do autor em que são descritos cenários do ciclo do ouro na capitania com uma perspectiva mais profunda do sonho burguês aponta-do no Iluminismo Europeu. A preocupação de Gonzaga em retratar a sociedade mineira está também demonstrada em outra grande obra de sua autoria: as Cartas Chilenas. Nessa obra, o poeta satiriza a fi gura do governador Luís da Cunha Menezes, com quem teve longos atritos, se valendo de me-táforas para descaracterizar a administração da capitania pelo governador. Pela participação na Inconfi dência Minei-ra Tomás Gonzaga foi exilado para Moçambique na África

    em toda a capitania. Era o advogado de todos os grandes contratantes que estavam endividados com a Coroa Portu-guesa, quando por ocasião do planejamento da “derrama”

    ARCÁDIA MINEIRA

  • onde morreu em 1810. No neoclassicismo da Arcádia Mineira, o poema épico gozou de destaque como na tradição lusitana. Primeiro por José Basílio da Gama, nascido em São José del Rey em 1741. Basílio viveu praticamente na Europa devido as suas relações com os jesuítas e em Portugal se aproximou do Marquês de Pombal. Com destacado lirismo produziu o poema épico Uruguai, de grande repercussão em Portugal, em que narrou o enfrentamento da expedição portuguesa, da espanhola contra os jesuítas no Rio Grande do Sul, em 1756, enaltecendo o nativismo indígena e se contrapondo ao trabalho missionário das ordens de origem jesuíta. Mesmo se transformando em um burocrata no reino português, Basílio manteve sua produção literária em estreita ligação com suas origens na capitania mineira. Outro representante da poesia épica foi o frei mineiro agostiniano José de Santa Rita Du-rão. Santa Rita Durão produziu a epopeia o Caramuru, tendo como referência um náufrago português que viveu entre os índios Tupinambás. No poema Santa Rita Durão se espelha em Camões quando enaltece a cultura indígena estabelecen-do uma contraposição com a prática da catequese. A obra de Santa Rita Durão foi referenciada também no reino lusitano, onde o frei era professor em Coimbra tendo lá falecido em 1744. No contexto social a Arcádia Mineira se estabelece no auge da produção literária e cultural na derrocada do ciclo do ouro. Os confl itos em torno da mineração eram agudos

    onde morreu em 1810. No neoclassicismo da Arcádia Mineira, o poema épico gozou de destaque como na tradição lusitana.

    ARCÁDIA MINEIRA

  • devido a centralizada estrutura da Coroa portuguesa, em que se destacavam a Intendência e a Casa de Fundição, que subordinava a primeira. Na última, todo o ouro extraído era fundido e retirado o quinto pertencente a Coroa, para a posterior ser legalizada a movimentação na capitania. Ro-tina que aprofundava a vigilância, o contrabando, a dela-ção e a punição em um ambiente de troca de favores. Até o recrudescimento do confl ito, a intelectualidade de Vila Rica, mineira das outras comarcas, mantinha boas relações com o governo, o que propiciou cultivar um belo patrimô-nio histórico-cultural, uma notável presença do ouro nos grandes detalhes e revestimentos das igrejas. A presença dos grandes artistas foi devida, principalmente ao trabalho das ordens terceiras, das corporações religiosas organiza-das e de mineradores. Por essas particularidades, Lourival Machado4 caracteriza o barroco na sociedade colonial mi-neira como “servindo aos ideais iluministas, de fontes fun-cionalmente anti absolutistas, o barroco liberto da sujeição ao poder político, seguindo a ordem natural das artes e da própria marcha do espírito pelos caminhos da ilustração”. Ilustração que marca a tradição, os costumes, os valores e as expressões culturais nesses 300 Anos de Minas Gerais.

    devido a centralizada estrutura da Coroa portuguesa, em que se destacavam a Intendência e a Casa de Fundição, que subordinava a primeira. Na última, todo o ouro extraído

    4MACHADO, GOMES L.; Barroco Mineiro: São Paulo, Perspectiva, 2010

    ARCÁDIA MINEIRA

    4MACHADO, GOMES L.; Barroco Mineiro: São Paulo, Perspectiva, 2010

  • GERALDO ALEXANDREMINAS DAS RIQUEZASGERAIS

    O que a História tem pra nos contar de ti,

    Ò Minas das riquezas Gerais?

    Berço nativo dos povos Xakriabá, Aranã, Puri,

    Krenak, Mokurin e tantos mais.

    Berço também das ricas minas de ouro, ferro, diamante,

    Pedras preciosas em seus fartos rios vastos,

    Vales e serras abundantes, clima gentil, sol radiante!

    Cafezais no Cerrado e na Mata, gado leiteiro nos pastos.

    E o café com queijo “minero, ô trein bão!”

    Broa de fubá, pão com manteiga, uai!

    Frango com quiabo, arroz e feijão.

    Galinha ao molho com angu... Santo Pai!

  • O Barroco e o Rococó dos mineiros,

    Mesmo que tardios, geraram pintores,

    músicos, escultores,arquitetos e obreiros...

    Gênios variados, consagrados mestres e doutores.

    A Conjuração Mineira produziu heróis revoltados,

    Vozes clamando por Liberdade, ainda que tardia,

    Alguns já esquecidos, outros bem lembrados,

    Enforcados, esquartejados, porém íntegros na valentia.

    Trezentos anos de existência destas terras centrais,

    Rica Capitania, sustentava a cobiça do europeu.

    Em reboliços e revoltas, não cedia jamais.

    Parabéns, Minas, pelo meritoso apogeu!

    MINAS DAS RIQUEZASGERAIS

  • GERALDO CASTRODO MINEIRÊS

    Ali, pertim, aonde as vista se perde

    e o peito aperreia, o que não sabe falá,

    meu berço, num pé de serra, eu vim apiá.

    Ali me criei, desmamei e casei,

    não tenho visage, pra outro lugá.

    Meu belo horizonte, sou parte da terra,

    dos rios e matos e cheiro do ar.

    E falo essa língua indês de criança

    e embalo meu neto, na mesma toada.

    No fundo da grota existe uma mina,

    que tem um tesouro, com um belo destino

    e esse menino irá encontrá.

    No fundo da grota, no mei dos currá,

    existe um tesouro, que é esse menino,

    que Deus vai criá.que Deus vai criá.

  • Me orgulho de ser mineira desse estado brasileiroPelos morros e planaltos, cascatas e cachoeiras

    Pela beleza da fauna e exuberância fl oralE riquezas, fl orestais de um clima bem tropical

    Me orgulho de ser mineira, das minas e das geraisVerdes campos e campinas me ajudam a respirarOuro, zinco e bauxita seus principais minerais

    Feijão, café, leite, milho , tudo pra me alimentar

    Me orgulho de ser mineira de cultura singularcomércio e feiras livres de peças artesanaisIgrejas, praças, coretos, do barroco popular

    e bandas de música pra não se esquecer jamais

    Me orgulho de ser mineira pelo povo hospitaleiroacolhe e ampara sempre, sempre por primeiro

    Tutu de feijão, farofa, tudo de bom paladarPor isso e muito mais Minas Gerais é meu lugar

    GIANETTI LOPES PEREIRAORGULHO DE SER

    MINEIRA

    Tutu de feijão, farofa, tudo de bom paladarPor isso e muito mais Minas Gerais é meu lugar

  • GILMAR DIEGUEZ LOPESMINAS GERAIS -300 ANOS

    No teu nascedouro

    Encontrou-se o brilho do ouro

    Em teu povo o verdadeiro tesouro

    Cravejado na exuberância de suas montanhas

    Entre suas cachoeiras e verdes campos

    Encontramos o Barroco

    Exaltando seu passado de lutas e de glórias

    Contra o despotismo sua sanha

    Um afogueado triângulo

    Majestoso sobre um manto branco

    Traz consigo o dístico

    Libertas Quae Sera Tamen

    Brotando da galhardia

    Daqueles que buscavam

  • A igualdade, a fraternidade

    A liberdade ainda que tardia

    Símbolo do heroísmo

    Que combateu o egoísmo

    Construiu de forma altaneira

    Nossa vocação hospitaleira

    Na terra de Tiradentes

    E dos inconfi dentes

    Fé, esperança e caridade.

    São virtudes teologais

    Irradiando por toda as Gerais

    Em um cenário diáfano

    Podemos enxergar

    Nosso auspicioso futuro

    Sempre que o miramos

    Através de um belo horizonte

    MINAS GERAIS -300 ANOS

    Sempre que o miramos

    Através de um belo horizonte

  • HAENDER ROSAMINAS, UM ENCONTROCOM A ARTEE A VIDA

    Ser mineiro, uai, São tantas Minas nas Gerais,Quarto estado em área territorial,Segundo em quantidade de habitantes afi nal.

    Localizado na região Sudeste,Oh! Minas Gerais!Com São Paulo, Mato Grosso do Sul,Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Goiásseus limites se faz.

    A topografi a acidentada,Sendo alguns picos, os mais altos do Brasil.Traz lindas montanhas, com vistas privilegiadas.Turismo, cultura peculiar, produções artísticas renomadas.

    Possui clima tropicalque varia de mais frio e úmido.Mas também é semiáridona porção setentrional.

    Seus recursos hídricosBelas cachoeiras e nascentes.Com 853 municípios,Nova Lima, Ouro Preto, Tiradentes...

    Nova Era e um Belo Horizonte,

  • Bom Jesus da Penha, do Amparo e do GalhoBom Repouso, Bom Jardim, Bonfi m,Bom Sucesso e Bom Despacho.

    Minas e seus cerrados, vamos viajar...Rio Acima, Mariana e Divinópolis.Curvelo, Castas Altas, Araxá,Formiga, Paracatu e Delfi nópolis.

    Na chegada dos portugueses,Era habitada por indígenasSua riqueza, o ouro, foi primordial.despertou a cobiça e extração do metal.

    Mas com a escassez do ouro.O minério foi substituído pelo café.Aqui também tem Paracatu, Diamantina.Guapé, Itabirito, Juiz de Fora e Caeté.

    Aleijadinho e seu barroco,Manifestações religiosas tradicionais,A culinária típica do interior,Inconfi dência Mineira, são traços imortais.

    Sua riqueza não é só mineral,Minas Gerais rica em História,Dona Beja, Manuel da Costa Ataíde eChica da Silva estarão sempre na memória.

    Bom Jesus da Penha, do Amparo e do GalhoBom Repouso, Bom Jardim, Bonfi m,Bom Sucesso e Bom Despacho.

    MINAS, UM ENCONTROCOM A ARTE

    E A VIDA

    Sua riqueza não é só mineral,Minas Gerais rica em História,Dona Beja, Manuel da Costa Ataíde eChica da Silva estarão sempre na memória.

  • ILZA FRANCISCA MARTINSGRATIDÃO

    Ouro Preto

    Nasci em Minas GeraisMinas Gerais, terra abençoada,onde Deus escolheu para eu nascer.Nasci em Pedra Bonita, Zona da Mata Sou agraciadaNo Campo fui criada.Experimentei seu solo fértil.Onde semeei, cuidei e colhi,comi, senti o sabor do seu fruto sem agrotóxicos.Fiz broa, biscoitos em forno a lenha.Lambuzei no mel com queijo,atravessei pinguelas,pesquei, nadei, tomei banhos em rios e cachoeiras.

  • Cavalguei pelos campos e morros.Suas serras se empoderam de muita beleza,o colorido dos pássaros se confunde,na diversidade das plantas.Sua riqueza está no solo.Terra boa,semeia e colhe com fartura o que planta. Não caminho sozinha, trago comigo, cada vivência,cada recordação vivida no campo.Tenho que estudar. Mudo para Nova Lima.Terra do ouro,Próximo da capital Belo Horizonte.Caminho em solo emergido de riquezas,Seu minério!Moeda viva da riqueza do meu país.Tudo aqui me encanta.Seu solo.Seus morros.Sua culturaSeu povo, matreiro e comedido.Gente boa.Minas coração do Brasil,Estado com belezas naturaisque transcendem fronteiras.Amo ser mineira.Realmente!“Oh! Minas Gerais!Quem te conhece, não esquece jamais”.

    GRATIDÃO

    Amo ser mineira.Realmente!“Oh! Minas Gerais!Quem te conhece, não esquece jamais”.

  • LUIZ DILUNAMINEIRIDADE

    Oh! Minas GeraisQuantas histórias tenho para contarDia a dia, lado a lado, está vocêPara a felicidade do paísE o progresso da nação

    Quantas histórias ensinam o saberQuantos professores, artistasEscritores, autoresEmpresários e políticosDe extraordinário valor Divide com pais e fi lhosUma cultura de grandeE imenso amor

    Oh! Minas de Carlos Drummond de Andrade,Carolina Maria de Jesus, Adélia Prado,Bernardo Guimarães, Luiz Diluna,Conceição Evaristo, Madu Costa, Ricardo Aleixo e Henriqueta LisboaOh! Tudo criou por amorPois o amor é o ideal

    Muitas histórias na culinária

  • Minas de Ouro E das Pedras preciosasCidades históricasMatas verdejantesCurral Del ReiUm Belo HorizonteUma grande BH

    Nova Lima! Minha terra queridaQue me viu nascerRaposos! Em teu seio tenho vividoTerra que me viu crescerFazendo da vida uma históriaO instinto do ser, conforme se vê

    Ouro Preto! Terra de AleijadinhoUma herançaMariana! Mestre AtaídeUma harmoniaSão João Del Rei! TiradentesUm heróiDiamantina! Chica da Silva e J.KUma honrariaFormiga! Dona Beja, bela e poderosaQue viveu em AraxáPalmira! Santos DumontO pai da aviação

    MINEIRIDADE

  • Eles estão sempre presentes

    E na hierarquia de toda históriaSem hesitar, foi em CordisburgoQue nasceu Guimarães RosaSobrinho do Vovô FelícioO Vicente Guimarães

    Através desse poema

    Peço à câmara, ao congressoAos dirigentes do PaísUma salva de palmasPelos trezentos anosDe Minas Gerais.

    MINEIRIDADE

  • Minas, estado de verde glamorosoCheio de cor e belos tesouros

    Lugar de riquezas milTerra de prata, minério e ouro.

    Suas montanhas embelezam cada recantoSó pra quem para pra ver seus encantosAs bonanças que se enchiam de alegriaEstão longe de ter a mesma harmonia.

    Daqui sempre se levou emboraSó restando as sombras de outrora

    Num passado não tão distanteQue faz até cair o semblante.

    Prá ganhar se perdeu bastanteDo que realmente é interessante

    Como se ilude o homemQue se acha tão importante.

    Nasce, cresce e voa como passarinhoSabe que tem que voltar ao ninho

    Assim se vai de mansinhoA vida sempre se esvaindo.

    MARIA DAS VIRGENSMIRANDA COSTA

    MINAS VERDE

    Sabe que tem que voltar ao ninhoAssim se vai de mansinho

    A vida sempre se esvaindo.

  • MARIA DAS VIRGENSMIRANDA COSTAMINAS TERRA BOA

    Minas Gerais é terra boaDe verdes matas e rios caudalosos

    Dele se tira o sustentoPara quem vive sem alento.

    Levaram embora todo o ouroRasgaram também as montanhas

    Como se rasga livro velhoDesfazendo daquilo que é belo.

    O verde das matas, o amarelo do ouroSão lembranças de um tesouro

    Que atravessou fronteiras distantesPra embelezar o encanto dos amantes.

    Minas Gerais 300 anos de existência Mesmo levando sua essênciaContinua terra de um povoQue luta pela subsistência.

    E por ser terra, bela e boaTudo que de ti se ouve

    Serve para embalar o cansaçoDe quem vive em seu regaço.

    Tudo que de ti se ouveServe para embalar o cansaçoDe quem vive em seu regaço.

  • O que Minas tem de mais beloÉ o linguajar, o falar e o cantarCheio de gírias e de sotaques,Revelando valores, crenças e costumes.Minas tem uma biografi a muito abastada!Os inconfi dentes lutaram pela libertaçãoCom coragem, com patriotismo e com paixãoO que receberam foi ou morte ou prisão.Criaram poemas lúgubres, viveram amores impossíveis,Escreveram cada letra nesse chão.A bucólica Ouro Preto que nos conte!Na singela Mariana só se exala a cultura Em Minas, bom mesmo é pegar um trem.Um trem que move, um trem que murmura, Um trem que faz o bem, caminho da cura.Nessa terra, é difícil demais da conta Existir algo impossível de se resolver.Há sempre um jeitinho bem mineiro de fazer.Aqui, o povo não arreda o pé, tem grande poderEsse pedaço do País tem vida própria,Tem disposição, minerês e um gigante coração.Estado menino, Estado jovial, com sabedoria de 300 anos,que pulsa no respeito à cultura e à arte.Viva Minas Gerais!

    MARIA DE FÁTIMA COUTO MARTINSCAMINHO POÉTICO DA

    LIBERTAÇÃO

    Estado menino, Estado jovial, com sabedoria de 300 anos,que pulsa no respeito à cultura e à arte.Viva Minas Gerais!

  • MARIZE CLEMENTE MOLOURO DAS GERAIS

    Oh, Minas Gerais!Quem te conheceu

    Jamais te esqueceu!Quem te conhece

    Te ama e te enaltece!

    Oh, Minas das Gerais!Quanto ouro vertestes!

    Quanta riqueza gerastes!Quantos sonhos inspirastes!

    Quanta dor derramastes!

    Oh, Minas preciosa!Das montanhas brilhantes

    Dos rios platinadosDa neblina misteriosaDo ouro inebriante!

    Oh, Minas adorada!Do povo hospitaleiro

    Dos sabores fantásticosDas montanhas encantadas

    Do passado brilhante!

    Minas das Gerais, entre montanhas encantadasSeu coração de ouro brilha e bate por nós!

    Do passado brilhante!

    Minas das Gerais, entre montanhas encantadasSeu coração de ouro brilha e bate por nós!

  • MARLENE DAS DORES DO CARMOBELO HORIZONTE

    Cercada por montanhas, de beleza sem igualResplandecente, nela se destaca; a Serra do CurralSeus parques, refúgios de paz, onde se encontram os namorados,as famílias e artistas locais.Espaços de preservação, de admiração, de brincadeiras;Parque Municipal, Lagoa do Nado, Mangabeiras.Cidade que acolhe o Mercado CentralLocus de compras variadas, de lazer e tradição.Seus bares que parecem estar sempre de portas abertas,acolhem os afeitos à boemia, os músicos, os poetas.Cidade que viu nascer o Clube da Esquina;na qual fez furor o vestido preto, indefectível da menina.Pampulha linda paisagemMineirinho, MineirãoPalcos nos quais o espetáculo se confi gura numa competição;América Futebol Clube, Cruzeiro o tão querido, tão combatido;Estádio do Independência, onde o canta o Galão da Massa.Onde o proposto é acreditar-seque caiu no Horto, está morto.

  • Um culto ao saber; os museus desta cidade,cujos acervos são verdadeiras preciosidades.Música e dança por toda parte:Praça da Estação. Parque da Gameleira, Palácio das Artes.Cidade por onde passou o PapaE sua passagem na praça fi cou gravada.Belas ruas, sinuosas estradas.Avenidas movimentadas, vielas, estreitas vias.Avenida do Contorno, Afonso Pena, Rua da Bahia.No coração da cidade, a Praça da Liberdade,Cercada pela cultura, à vista do governador,Que a todos encanta com seu coreto, com seu charme multicorSavassi, Barro Preto, Santa Tereza, Floresta, Lagoinha;Oh! bela cidade minha!Tu ainda guardas, a mesma beleza de antes.Que alguém admirou, alardeou e assim te nomeounaquele mesmo instanteplanejada e bela capital de Minas…Belo Horizonte

    BELO HORIZONTE

    Belo Horizonte

  • Que dizer de ti, Ó Minas,que contemplas na beleza das montanhas?O verde das árvores, da relva, O deslumbrante colorido das fl ores.Que paz para nossas vidas traz, Montanhas coloridas neste tempo primaveril.Que harmonia! que grandezaEncerra esta nossa terra.Olhando as construções singelas, As ruelas acanhadas, As estradas empoeiradas,Onde em noites enluaradas O seresteiro canta pra sua amada,“O Luar do meu Sertão.”Por outro lado quando vemos as escavaçõesEm busca do minério de ferroMuitas vezes nos entristecemos;Por que destruir o que é belo?Mas a riqueza das suas profundezas, Traz uma nova visão; o ouro, as pedras preciosas,Multiplicando a ambição, É o preço da nova civilização. Cidades esplendorosas, Que chamam a atenção.

    MARLENE DE ASSIS DATTOMINAS GERAIS

  • Gente culta, cientistas, artistas, Operários da construçãoSão grande motivação Para a vida moderna. Mecanismo que impulsionaO sonho da riqueza, do poder, do ter.É o sonho de muitos, Mesmo à custa de muitas vidas Que se perdem nas profundezasDas escavações, pois são soterrados por ela. Tudo isso é Minas Gerais,razão de viver, de pensar, de ser. Amamos nossa Minas GeraisDo nosso jeito rude, Nosso jeito orgulhoso De ser lutando por todas as raças.Nosso jeito pacato, calado, Faceiro, hospitaleiro, Do nosso jeito simples de acolher, de falar.Cantar os afetos ter fé e caminhar.Essa é nossa Terra, Nossa Minas Gerais!

    MINAS GERAIS

    Cantar os afetos ter fé e caminhar.Essa é nossa Terra, Nossa Minas Gerais!

  • NINA ROSA MAGNANITOADA PARA AS GERAIS

    Nessas montanhas antigas, nas ladeiras da memória, homens cheios de coragem e mulheres de verdade viram um sonho nascer.

    Sonharam com toda vontade ver essa terra vibrante se tornar, daí em diante, dona de sua história, do seu chão, do seu querer.

    Coração que é de ouro, que é de ferro, que é de grão. Mais fundo o tesouro mais alto o ideal forjado com as mãos de irmãos e iguais.

    Dos porões e das esquinas, das sacristias, das minas, brota o desejo maior de se livrar da opressão; que em Minas tudo acontece com vagar e precisão.

  • É Minas que tece a fi bra que sustenta esta nação; que grita quando, incontida, surge a verdade escondida no fundo do coração.

    Coração que é de ouro, que é de ferro, que é de grão. Mais fundo o tesouro mais alto o ideal forjado com as mãos de irmãos e iguais.

    Ainda que tarde o futuro dirá toda luta valeu.

    Valeu a esperança, o sangue, a utopia. Que um dia será do povo a alegria.

    Se ontem a nossa riqueza foi sangue, foi dor e cobiça agora será pão e paz. Que Minas quer ser, com certeza, pros fi lhos que nela habitam a terra para sempre Gerais.

    É Minas que tece a fi bra que sustenta esta nação; que grita quando, incontida, surge a verdade escondida

    TOADA PARA AS GERAIS

    foi sangue, foi dor e cobiça agora será pão e paz. Que Minas quer ser, com certeza, pros fi lhos que nela habitam a terra para sempre Gerais.

  • Fiz um mapa mentalpara me rever como sersobrevivente do tempo das minas de Minasnaquele morro velhodo ouro lavado por escravosnegros africanos mineradorescoautores do Quatorze Bise da Demoiselle de Paris.E eles disso nunca souberam.

    Fiz uma viagem ao interiorver a mudança da luanaquela noite na ruade minha cidade mineiraonde encontrei a mulher primeira.Ela me sorriu toda nuae disse: - se me quiser, sou tua.Basta guardar um pouco de amore me presentear com uma fl or.

    PAULO CEZAR SANTOS VENTURAMUDANÇA DE LUA

    e me presentear com uma fl or.

  • PAULO CEZAR SANTOS VENTURARECEITA DE PÃO DE QUEIJO

    Polvilho das melhores mandiocas ovos de galinha caipira copim de óleo para dar liga sal em pequena pitada queijo (ralado) só existente em Minas.

    Junte-se a esses ingredientes básicos mãos ágeis e pacientes aragens de nossas montanhas meia hora a cento e oitenta graus.

    Serve-se com café feito na hora queijo canastra acompanha bem lascas de pequi para os mais ousados requeijão com raspa preferem outros.

    A prosa é elemento fundamental: mínimo, duas pessoas; máximo, conforme tamanho da mesa. Melhor não comer sozinho - melancolia escolhe os solitários. Pequeno risco: não ver a hora passar; grande risco: comer longe de casa (lágrimas adoram distâncias). Vale a pena viver com esses prazeres sem hora marcada.

    (para D. Jandira, que faz o melhor pão de queijo do mundo)

    Vale a pena viver com esses prazeres sem hora marcada.

    (para D. Jandira, que faz o melhor pão de queijo do mundo)

  • PAULO CEZAR SANTOS VENTURA

    Jeito mineirode viver perigosamente:

    comer pão de queijo e couve

    longe de Minas.

    Mergulhar no escuro oceanopara aprender a boiar,

    cavar ouro em minas de Minaspara o chão bem pisar,

    caminhar nos subterrâneospara na superfície não tropeçar,

    conhecer os intestinospara a epiderme amar.

    VIVER PERIGOSAMENTE

    SUBMERGIR, EMERGIR

    Bebo uma cervejasinto o sabor das águas,

    águas das montanhas de Minas.Boas águas, boas cervejas.

    Preservemos águasem favor de nossas cervejas.

    CERVEJAS DE MINAS

    Jeito mineirode viver perigosamente:

    comer pão de queijo e couve

    longe de Minas.

  • Sol se despede de Câncerconspirações menores não têm importânciaatuações piscianas do momentoaguardam grandes viradas de mesa.Aspiram grandeconspiram do mesmo tamanhode sua percepção.Hora de partir para a açãoBuscar lócus da intuiçãoPegar no leme do barco.Minas não tem marPegar, então, aquele carro velhoescolher um rumo e partir:MoC, Bahia, GoiásVitória, Rio, São Paulo .Sertão vai virar marQue se aprenda logo, logo,a navegar. É preciso.

    PAULO CEZAR SANTOS VENTURANAVEGAR É PRECISO

    Que se aprenda logo, logo,a navegar. É preciso.

  • Minhas minas vivem dentro em mim Por estradinhas de terra a germinar no meu peito Alcançando do fi m ao começo, do princípio ao fi m. Minas que encerra sabores e sonhos sob Velhos tapetes estendidos nas janelas de nossos olhos A quarar, tomar banho de sol. Minas com gosto de comida boa De conversa quieta e compenetrada Comprometida com o que há de melhor. Minas de músicas envolventes De abraços quentes nas noites de inverno Em volta da fogueira A minar toda cegueira da solidão. Minas várias, loucas, perdidas, Iluminadas e vívidas A encher meu coração. Minas que me circunda e a todo tempo Me lembra que entre as vielas e esquinas Existe ainda o beijo perdido da menina Sob um pé de Ipê. Ah, minha Minas Como te alcanço a cada vez que temo me perder.

    PETER ROSSIMINHAS MINAS

    Existe ainda o beijo perdido da menina Sob um pé de Ipê. Ah, minha Minas Como te alcanço a cada vez que temo me perder.

  • RENÉ DENTZMINAS PLURAIS,MINAS VITAIS

    Entre montes e “montanhas”Sangue negro, correntes, grilhões

    Riquezas cruasOuro, Preto

    “Liberdade” iluministaLivres presos na razão

    Águas que fl uem para o realRaízes diversas, cultura plural

    Chão, pedra, caminhosDescaminhos.

    Ouro Preto

    Livres presos na razãoÁguas que fl uem para o real

    Raízes diversas, cultura pluralChão, pedra, caminhos

    Descaminhos.

  • SÔNIA SÉRGIOMINEIRIDADE

    Crepita o fogo, Aquece a lenha, o fogão. O cheiro do pão de queijo assando, Vai misturando com o cheiro da panela de pedra, Cozido de canjinha com a costelinha Do porco, sabor de comida mineira. No coador de pano, Passa-se o pó do café, amargo, grosso, Queimando a língua do incauto, Porque nas Minas Gerais Café se toma em pequenos goles, Pra se evitar queimar palavras E mucosas desavisadas. Fumaça saindo da chaminé Alerta o sono dos inocentes, Aviso que o dia amanheceu cedo O galo ainda nem cantou. Remela nos olhos Chega o menino arrastando o sono Ainda embalado das cantigas da avó Pedindo choroso Mingau de fubá Com queijo derretido,

  • Manteiga e canela. O leite entorna na chapa quente Desatenção da avó Que o colo farto e quente, Deu pro neto sonolento. Cisca a galinha no terreiro, Outra canta o dever cumprido, Ovo quente no café da manhã É saúde garantida. Fruta madura no pé Vai pra mesa em forma de compota, Doce de calda doce Ou em pedaços generosos partidos. Serve-se com o queijo curado Fusão de sabor, sal e mel, Casamento perfeito, Julieta e Romeu aminerado. Mesa farta, barrigas saciadas Minas que gerais sempre será Paladares, cores e cheiros uai, De fazenda, casa de vó, Aconchego e quentura, Brasa ardendo Do fogão à lenha Trem bão demais.

    Manteiga e canela. O leite entorna na chapa quente Desatenção da avó Que o colo farto e quente,

    MINEIRIDADE

    Brasa ardendo Do fogão à lenha Trem bão demais.

  • Mar de montanhas é arte no ar Minas é verde me inspira a cantar História viva da terra a jorrar Ouro que brilha bem mais que o luar Seus casarões exalam um ai Ai de lamentos de seus ancestrais É seu passado, vida real Cultua o tempo em cada altar Pedras que guardam memórias de lá Além das fronteiras do Porto do Cais Pouco preciso para recordar Da cor nostalgia e um negro a mirar Princesas belas, joias sem paz Barroco em telas é Minas Gerais Que amamenta o meu coração Trem que apita na velha estação Caboclo pita a sua emoção Mais primaveras naquela paixão Nossas capelas em oração Minas é Minas, não tem outra não.

    (Poema musicado)

    VALÉRIA GURGELMAR DE MONTANHAS

    Nossas capelas em oração Minas é Minas, não tem outra não.

    (Poema musicado)

  • VALÉRIA GURGELMINAS DE MINAS

    Minha terra É tão bela! Tem fl orestas, tem montanhas E tem pardais Minha terra! Tem capelas Tem riquezas, tem cultura e ancestrais Minha terra é Minas, é Minas Gerais Minha terra é Minas, é Minas Gerais Êh Minas! Tem minas, em Minas Gerais Tem um Belo Horizonte Em Minas Gerais. Minha terra! Tem valores Tem histórias, tem cantores, brilho total Minha terra tem estrelas Tem beleza, cheiro de mato, gosto de fato de natureza. Minha terra é Minas, é Minas Gerais Minha terra, é Minas é Minas Gerais Êh Minas! Tem minas, em Minas Gerais Tem um Belo Horizonte Em Minas Gerais. (Poema musicado)

    Êh Minas! Tem minas, em Minas Gerais Tem um Belo Horizonte Em Minas Gerais.

    (Poema musicado)

  • Porque ocê é mineira, uai! Calada... desconfi ada... Mas, fi ca assim não, menina! Apruma esse corpo! Arreda azar! Vem cá tomá um pouquin de cafezin Quentin... quentin... Que acabei de coar.

    Ocê sabe das coisas... Dos bandeirantes que aqui se atreveram A fuçar o fundo da terra À procura de ouro... Sabe de Tiradentes... Da Inconfi dência... Da cultura da cana de açúcar e do café...

    Mode quê fi cá injuriada, Cheia de gastura Cadiquê dessas bobice De fazê um bololô Eu sei e ocê sabe Que a maior fortuna de Minas É seu povo, que devemos celebrar Que peleja mesmo pingado de sono Que labuta diz e noite, sem escusar, sem se queixar.

    VILACY PESSOA GECKLERMINAS GERAIS -

    300 ANOS

  • Que não injeita Um franguin com quiabo e angu Ou um bambá de couve Um dos de leite com queijo branquin Pra mode a boca adoçá.

    Que tem Nossenhora do Carmo, da Piedade e a Virgem Maria Pra protegê dos mal olhado da prostração e da apatia...

    “Oh! Minas Gerais Quem te conhece, não esquece jamais”.

    Não esquece que nessa terra Cheia de montanhas, de riquezas, de mistério e magia, Modela um povo leal, introspectivo e diligente, que aspira a liberdade ainda que tardia.

    MINAS GERAIS - 300 ANOS

  • VIRGÍNIA DE PAIVA SILVESTREMINAS DE TODOS NÓS

    Capitania, Província, Estado. Trezentos anos... A História abriu e cerrou Tuas terras, montanhas, rios, climas, Igrejas, povoados, cidades, heróis, Riquezas, carências... Sonhaste com o futuro No coração do Brasil, Sem ter o mar A te beijar os pés... Teceste com as tramas infi nitas De tuas igualdades E de tuas desigualdades Um extenso mosaico... Minas, tu és plural No corpo e na alma!... No corpo e na alma!...

  • WALTER GONÇALVES TAVEIRAO ROMANCEIRO DO ALTORIO DAS VELHAS*

    Nova Lima, fostes de muito ouro uma só matriz,Teus ribeiros foram, de grandes fontes a boa pista,Foi em teu solo rico e nobre, um achado tão feliz,Que mil insulares de Europa encantaram a vista.

    Santa Rita foste arraial de orações e de esperança,Tantas minas produtivas tiveste em teu rico solo,

    Mas cessou o ouro, calaram-se vozes, tudo descansa,Findaram-se sonhos de fortuna, esperança do tolo.

    Honório Bicalho um cenário de triste realidade.Erigida num belíssimo trecho do Rio das VelhasSua estação ferroviária evoca tanta saudade,Em seu singelo estilo de alvenaria e telhas.

    São Sebastião das Águas Claras é o nome atual.Mas é Macacos o nome usado pelos que o amam.São muitos os símios que residem naquele local.

    A tradição e as criaturas de Deus todos respeitam.

    * Estrofes sobre Nova Lima no Romanceiro do Alto Rio das Velhas

    A tradição e as criaturas de Deus todos respeitam.

    * Estrofes sobre Nova Lima no Romanceiro do Alto Rio das Velhas

  • AGRADECIMENTOS

    Agradecemos aos poetas que colaboraram para a publicação do Caderno “Trezentos Anos de Minas Gerais”. São eles membros da Academia Nova-Limense de Letras, sócios dos Clubes de Leitura e outros poetas que sempre colaboram com os cadernos e cartilhas que organizamos. Agradecemos ao acadêmico Epaminondas Bittencout, as fotos que serviram de ilustração. São fotos de Mariana e Ouro Preto, as primeiras capitais de Minas Gerais.

    Else Dorotéa LopesNúcleo de Atividades Literárias da Secretaria Municipal de Cultura

    Ouro Preto