2013.1 felipe macedo - plano de aula - acervos e informacao

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Plano de Aula e anexo com material para os alunos Aluno: Felipe Brito Macedo Disciplina: Acervos e Informação Título da Aula: A Revolução Mexicana Idade dos alunos / turma: 17-18 anos – 3º ano do Ensino Médio Sequência didática / unidade: História da América no sec. XX. O início do imperialismo estadunidense desde o Destino Manifesto ao fim da Guerra Fria, passando pela política do Big Stick, Doutrina Truman e o mesmo período na América Latina, dando atenção especial para os países cujos processos foram mais singulares: México, Argentina, Brasil, Cuba, Chile e Nicarágua. No final da aula: Todos os alunos vão: - Entender que a Revolução Mexicana foi a primeira que levantava temas relacionados à reforma social na América Latina após a Independência do Haiti e serviu de inspiração para outras que ocorrerão depois. - Entender que o liberalismo implantado por Díaz fazendo entrar o capital estrangeiro (principalmente EUA) (1)concentrou a terra na mão de poucos desagradando os trabalhadores do campo, (2) fez surgir uma nova elite econômica mexicana que era obrigada a competir com os capitalistas estrangeiros e (3) uma massa de trabalhadores urbanos descontentes com as más condições de trabalho. Essas três forças que se rebelaram contra o próprio ditador e cada uma expressava uma demanda que juntas formavam o ideário da revolução: (1) reforma agrária, (2) proteção do capital mexicano contra a concorrência estrangeira e (3) direitos trabalhistas. - Perceber que para Porfírio Díaz era interessante que todos pensassem que os revoltosos estavam perdendo, enquanto seus opositores tinham objetivo contrário, entendendo que cada um conta a história da sua maneira. (Uso da fonte, jornais Regeneración e El Imparcial) A maioria dos alunos vai:

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Plano de Aula e anexo com material para os alunosAluno: Felipe Brito Macedo

Disciplina: Acervos e Informação

Título da Aula: A Revolução Mexicana

Idade dos alunos / turma: 17-18 anos – 3º ano do Ensino Médio

Sequência didática / unidade: História da América no sec. XX. O início do imperialismo estadunidense desde o Destino Manifesto ao fim da Guerra Fria, passando pela política do Big Stick, Doutrina Truman e o mesmo período na América Latina, dando atenção especial para os países cujos processos foram mais singulares: México, Argentina, Brasil, Cuba, Chile e Nicarágua.

No final da aula:

Todos os alunos vão:- Entender que a Revolução Mexicana foi a primeira que levantava temas relacionados à reforma social na América Latina após a Independência do Haiti e serviu de inspiração para outras que ocorrerão depois.- Entender que o liberalismo implantado por Díaz fazendo entrar o capital estrangeiro (principalmente EUA) (1)concentrou a terra na mão de poucos desagradando os trabalhadores do campo, (2) fez surgir uma nova elite econômica mexicana que era obrigada a competir com os capitalistas estrangeiros e (3) uma massa de trabalhadores urbanos descontentes com as más condições de trabalho. Essas três forças que se rebelaram contra o próprio ditador e cada uma expressava uma demanda que juntas formavam o ideário da revolução: (1) reforma agrária, (2) proteção do capital mexicano contra a concorrência estrangeira e (3) direitos trabalhistas.- Perceber que para Porfírio Díaz era interessante que todos pensassem que os revoltosos estavam perdendo, enquanto seus opositores tinham objetivo contrário, entendendo que cada um conta a história da sua maneira. (Uso da fonte, jornais Regeneración e El Imparcial)

A maioria dos alunos vai:- Entender a diferença entre os Conservadores e os Liberais no século XIX através da comparação das Constituições de 1834 e 1857 e da reforma constitucional de 1836.- Compreender que Porfírio Díaz conseguiu centralizar o poder no México e estabilizar politicamente o país que, desde a independência, assistiu diversas facções se rebelando nas províncias e tentando tomar o poder central.- Compreender o preconceito das elites e da população urbana com a população do campo (vista como atrasada, um atraso para a civilização que se montava na cidade com o avanço do

capitalismo), que levou esses setores a abafar a participação dos camponeses na Revolução quando esta derrubou Díaz.

Alguns alunos vão:- Entender a ideologia de modernização contida no discurso liberal contra os privilégios e atrasos do grupo conservador que estava no poder, ideário esse vinculado ao positivismo (científicos) (Utilizando também as duas constituições, espera-se que alguns alunos compreendam melhor essa questão de ideologia modernizadora/civilizatória que se estende pelo século XIX e também está contida nos setores urbanos da Revolução).- Compreender que não existe uma forma verdadeira de contar o que aconteceu, mas diversas versões sobre determinado fato. Da mesma forma, como o historiador trabalha com fontes, sua versão também não é “a verdade”, mas uma análise do processo segundo o material que ele tem para trabalhar. (Uso do jornal, aqui pretende-se que alguns alunos ultrapassem a ideia de que cada um narra a história da sua maneira para uma ideia mais refinada de historiografia)- Saber diferenciar as motivações e propostas dos diferentes eixos da Revolução (Noroeste, Norte, Nordeste e Sul).- Entender a lógica de incorporação de demandas nas constituições de 1824, 1857 e 1917, além da reforma de 1836. Aqui será importante também o panfleto de Zapata, para mostrar como sua divisão da Revolução resgatava os ideias de Benito Juárez, líder liberal em 1857.

Recursos a serem usados (quadro, ppt, fontes etc.):- Resumo dos acontecimentos a ser entregue aos alunos no início da aula (em anexo).- Artigos selecionados das Constituições de 1824, 1857 e 1917, assim como da reforma constitucional de 1836.- Manchetes dos jornais Regeneración e El Imparcial.- Um panfleto convocando os camponeses a integrar o exército de Emiliano Zapata- Mapa do México e mapa mostrando o território mexicano perdido para os Estados Unidos no século XIX.

# Tempo Atividade Finalidade da Atividade

1 3 min

Comentar a importância de

estudar a Revolução Mexicana

Atentar os alunos ao pioneirismo da Revolução Mexicana, a primeira de caráter social na América Latina (salvo a Independência do Haiti, que mencionarei, mas considero um contexto muito diferente) antes mesmo da Revolução Russa (1917).

2 5 min

Apresentar uma breve história do México da Independência até o Porfiriato através das

Constituições

Estimular a compreensão dos alunos quanto as disputas entre liberais e conservadores após a Independência do México e mostrar como das fontes podemos interpretar as divergências ideológicas. Será bastante frisado que muitos atores disputavam o poder sobre o território mexicano (internos e externos, uso do mapa EUA-México )

3 7 min Apresentação do Porfiriato

- Mostrar como descontentamentos provocados pelos liberais (Igreja, indígenas e camponeses) possibilitou a ascensão de Porfírio Díaz ao poder.- Identificar as principais características do Porfiriato: centralização do poder, cerceamento das liberdades (atenção especial para a de expressão), maquina administrativa eficiente sem espaços para debate político (Pax Porfiriana), capital externo como via de modernização.- Relacionar os itens anteriores com as consequências do Porfiriato: acirramento da diferença entre Norte e Sul do México; aumento das tensões em relação a posse da terra; surgimento de uma nova elite que ameaçava a elite porfirista; aumento da classe trabalhadora urbana.

4 10 min

Relativização de fontes através da

análise da eclosão do movimentos

revolucionário

- Mostrar como poucos eventos singulares (crise econômica e má colheita em 1907-8 e nova candidatura de Díaz à presidência) foram “a gota d'água” das tensões precedentes.- Através do uso das manchetes, incitar a reflexão sobre a construção dos discursos sobre um mesmo evento (início das batalhas). Aqui pretende-se avançar na ideia relativização das fontes, elas não podem ser encaradas como prova da verdade.

5 7 min Descrição da luta

- Identificar as 3 fases de luta entre 1910-20- Atentar para a diferença entre os revolucionários da elite e das camadas populares bem como entre o Norte e o Sul. (Usar a fonte do panfleto Zapatista)- Mostrar como no final prevalece uma facção de elite, mas relativamente comprometida com as reformas sociais

6 3 min Indicar os governos - Encerrar o recorte cronológico da aula e

pós-Revolução, tema da próxima aula

apresentar a próxima (dinastia sonorista e governo Cárdenas)

7 10 min

Recapitular a aula através da análise das

Constituições

- Estimular os alunos a recapitularem através de cada Constituição a fase que elas representam bem como a motivação ideológica por trás das forças que a elaboraram. Nessa etapa elencarei alguns alunos para os quais farei questões específicas mesclando com questões gerais direcionadas a turma. Os alunos também serão estimulados a refletir que nem sempre aquilo que está escrito na Constituição representa a prática do governo e que, nesse caso, a população que já estava banhada de espírito revolucionário tende a se rebelar

Descrição das atividades

1) Na apresentação, perguntarei aos alunos o que eles sabem sobre o México para começar a introduzir o tema. Brevemente, tentarei reforçar o pioneirismo da Revolução Mexicana, que influenciou diversos movimentos sociais e outras revoluções (como a Cubana) posteriores.

2) Essa atividade será basicamente expositiva, pois não é o foco principal da aula. O objetivo nessa etapa é mostrar a diversidade de forças que atuavam no México (internas e externas) e a falta de legitimidade do poder central, que sofria ameaças de elites regionais e países estrangeiros (EUA e França). Nesta etapa, pretendo ler junto com os alunos (traduzindo) artigos da reforma constitucional de 1836 (conservadores no poder) e da Constituição de 1857 (ideário liberal).

3) Essa atividade também será expositiva, tendo por objetivo apresentar duas temporalidades do Porfiriato. A primeira é a tomada de poder em um golpe de Estado, devido aos diversos descontentamentos que o projeto liberal de poder trouxe (Igreja, indígenas e antigas oligarquias conservadoras). Porfírio Díaz radicalizou o liberalismo econômico estimulando a entrada de capital estrangeiro (principalmente estadunidense, que instalou indústrias e ferrovias aos montes no norte do México). A segunda diz respeito a decadência do Porfiriato, que retirou o debate político do poder central mexicano, instalando uma máquina administrativa por ele chefiada que se perpetuava no poder. As políticas liberais implantadas por Díaz criaram novas elites econômicas no México que não participavam das decisões políticas, além de agravarem a concentração de terras no campo, gerando descontentamento de pequenos proprietários e indígenas que frequentemente perdiam suas terras para grandes proprietários. Paralelamente, formava-se uma massa de trabalhadores urbanos descontentes com as más condições de trabalho. Esse será o ponto mais frisado da aula: esses três “eixos de descontentamento” se rebelaram contra Díaz e iniciaram a luta armada revolucionária. Pedirei que eles anotem no mapa do México as diferentes demandas de cada região, assim como os centros urbano-industriais, para que se tenha uma ideia do porque das demandas de cada um dos eixos.

4) As manchetes de jornal selecionadas correspondem ao mesmo período, meados de dezembro de 1911, época do início dos conflitos armados. Primeiramente pedirei aos alunos que leiam com atenção as manchetes e o trecho selecionado do Regeneración de 17/12/1910 (cuja manchete está também selecionada “El movimiento revolucionário”). Pedirei então que me respondam quem começou ganhando as batalhas. Espera-se que os alunos tenham dúvida,

pois cada jornal fala uma coisa, um aponta vitória das tropas de Díaz, o outro aponta avanço do movimento. Tentarei conduzir o debate até que juntos possamos chegar a conclusão de qual jornal estava de que lado da história. Feito isto, farei observações como: “então vocês estão dizendo que cada um conta uma coisa, quem está falando a verdade afinal?”, até que algum aluno responda que não tem uma verdade, ou algo que se assemelhe a esse raciocínio.

Avançando nessa etapa, perguntarei qual dos dois eles usariam caso fossem historiadores e tivessem que escrever sobre as primeiras batalhas da Revolução Mexicana. Novamente, tentarei conduzir o debate para que se chegue a conclusão de que não podemos usar um ou outro, mas devemos usar ambos e tentar remontar as diversas versões sobre um acontecimento. O historiador não pode ter na fonte um critério de verdade, pois ela é produzida por alguém com algum objetivo, é essa a conclusão que se pretende.

5) Essa parte da aula será também expositiva, mas utilizarei o panfleto zapatista (conduzindo o raciocínio dos alunos, diferente do diálogo anterior) para mostrar (1) como era convocada a guerra pelos populares e (2) como o exército de Zapata era composto por combatentes mal treinados, diferente dos exércitos das províncias do norte, liderados pelos governadores que tinham a sua disposição as milícias regulares (espécie de Polícia Militar estadual, mal comparando). A evolução dos acontecimentos será narrada atentando para as particularidades de cada eixo revolucionário (Sul, Nordeste, Norte e Noroeste) mostrando como no final prevalece as elites de Sonora. Ao final, pedirei que eles leiam os artigos selecionados da Constituição de 1917, para mostrar como as demandas dos diversos setores que compuseram as forças revolucionárias foram incorporadas, pelo menos em discurso.

6) Aqui apenas indicarei o conteúdo da próxima aula de forma resumida, também de forma expositiva.

7) Nesta parte, haverá diálogo com os alunos, mas será conduzido, pois é mais complexo que o debate dos periódicos. Tentarei mostrar como as leis Constitucionais dialogam com a época anterior, isto é, tentam solucionar os impasses políticos da época anterior, seja pela força ou pelo diálogo. No caso da Constituição de 1824, o período é de rompimento a metrópole. Nas leis de 1836, é a consolidação das oligarquias no poder através da legitimidade legal. A ideia é mostrar que as leis são criadas conforme o contexto político e a intencionalidade de quem está legislando. Na Constituição de 1857, há nova ruptura e um discurso liberal, em conformidade com a tomada de poder por parte dos liberais. É importante dizer para os alunos que todos os artigos selecionados da Constituição de 1857 também estão presentes na Constituição de 1917 (exatamente iguais). Aqui o panfleto zapatista será usado, pois exalta os ideais de Benito Juárez, líder liberal de meados do XIX. Dessa forma, a Constituição de 1917 é um resgate das liberdades garantidas na de 1857, mas com a incorporação da defesa dos povos indígenas à época deixados de lado. Também é incorporada a prática da reforma agrária, mostrando que a questão campesina, uma das principais demandas populares da Revolução, agora fazia parte do discurso político. A tentativa é de contemplar todos os setores rebeldes em discurso, para que cessem as rebeliões.

I- Por que estudar a Revolução Mexicana?- Foi a primeira revolução de caráter social na América Latina, incentivando diversos outros movimentos posteriormente, levantando bandeiras pioneiramente na região como a Reforma Agrária e a universalização da educação.- O governo instalado pós a revolução governou o méxico até o início do sec. XXI sem passar por regimes de exceção como grande parte de seus, assim como movimentos sociais ainda resgatam a memória revolucionária. Até hoje a herança da Revolução é disputada na política mexicana.- É um excelente exemplo de como um evento em particular pode explicar estruturas históricas muito mais antigas, de como um episódio histórico particular nos ajuda a compreender toda uma época.

II – Antecedentesa) Da independência (1821) à eleição de Porfírio Díaz (1876)

- Imperou uma República Conservadora e excludente liderada pelos criollos mais poderosos, mas encontrando resistência de outros grupos de elite mais liberais.- Esse período foi marcado pela disputa entre grupos diversos, havia muitas vertentes diferentes tentando se estabelecer no poder no México.- Guerra contra os EUA (46-48), perda de cerca de metade do território, o Destino Manifesto em ação.- Vitória Liberal em 1855 e a Constituição de 1857, com discurso bastante avançado quanto a reformas sociais (reforma agrária, educacional e direitos trabalhistas). Procuraram “modernizar” o país, livrá-lo da cultura indígena atrasada, assim como diminuir o poder político e a participação social da Igreja Católica, muito influenciados pelo Positivismo (Científicos).- Invasão francesa de 1862-67 apoiada pelos conservadores.- Destaque para a multiplicidade de forças que agem no México, seja internas ou externas. Havia grande variedade de facções políticas divididas quanto a classe social, região, visão política entre outros fatores. Isso tornava difícil a manutenção da ordem, pois revoltas eclodiam por toda parte e o Exército, chamado para contê-las, se fortalecia politicamente, aumentando a ambição sobre o poder- Benito Juárez é eleito presidente (1867) resgatando os ideias da constituição de 1857. Porém, as reformas ficaram apenas nas ideias, pouco foi feito de concreto. Os feitos mais significativos foram a liberdade de imprensa, o avanço da educação laica e avanços na condição de trabalho na cidade. A relação com a Igreja piorava devido a expropriação de suas terras, com relação aos trabalhadores rurais não era diferente, os índios também assistiam a expropriação de suas terras comunais.

b) O Porfiriato (1876 – 1911)- Porfírio Díaz toma o poder do residente Tejada (sucessor de Juárez) aproveitando o momento de instabilidade derivada dos diversos descontentamentos, mas não possui muitas diferenças político-ideológicas para com os juaristas, sendo inclusive ex-combatente liberal contra os conservadores.- Deixa o poder em 1880 em favor de seu sucessor político Manuel González, mas retorna em 1884 eleito. Diferente de seu primeiro governo, neste ele adotou de vez o liberalismo econômico incentivando o capital estrangeiro, principalmente estadunidense, que promoveu a construção de ferrovias, instalação de manufaturas fabris e extração mineral. No campo, a propriedade latifundiária avançou mais ainda sobre as terras comunais e de pequenos proprietários.- Centralização do poder em torno da figura de Díaz, os poderes locais foram diminuídos.- Díaz procurava não deixar que um grupo singular ocupasse muito espaço no poder, equilibrando a participação de científicos (intelectuais urbanos vinculados ao

Positivismo), militares, latifundiários. Ao mesmo tempo reduzia a liberdade de imprensa e o debate político. O Estado cada vez mais deixava de ser um espaço de debate político para se transformar numa máquina administrativa eficiente que visava o desenvolvimento econômico baseado no capital externo.- Esse desenvolvimento acirrou as diferenças entre o Norte e o Sul do México. O Sul permanecia agroexportador, enquanto o Norte recebia mais capitais oriundos dos EUA, que dinamizavam a mineração, a extração de petróleo e as manufaturas. O mesmo processo acirrava a divisão campoXcidade. Novas elites mexicanas eram formadas apoiadas pelo capital estrangeiro, formando conglomerados capitalistas atuantes em mais de uma área da economia, tendo abrangência nacional em contraposição às elites regionais que dominavam a política anteriormente. - Os indígenas não tinham espaço algum no governo de Porfírio Díaz, que tratou de solapar sua cultura em nome da unidade cultural do território mexicano. Eram sinal de atraso.- A pouca mobilidade política no Porfiriato tiveram consequências posteriores, pois a elite governamental próxima envelhecia, o governo era mantido por velhos aliados com pouco espaço para novas ideias desgastando a ordem vigente. As diversas classes que sempre disputaram o poder no México mantidas em “harmonia” no governo de Díaz. O avanço econômico fez do México uma sociedade nova governada por elites velhas.- O desenvolvimento econômico acirrou as tensões sociais (aumento dos trabalhadores urbanos e problemas de expropriação no campo) e a competição entre as elites estrangeiras (EUA e Europa) com as nacionais na chefia dos negócios do país. Díaz era visto como aliado do estrangeiros, ao qual se opunha uma juventude politica liberal e nacionalista, que mantinha diálogos com lideranças trabalhistas. Aos poucos os setores descontentes com Díaz aumentam e ganham poder.- Crise econômica e más colheitas em 1907-08 agravaram a situação. Díaz afirma que não se candidataria novamente, mas descumpre a promessa e desencadeia os movimentos armados multiclassistas. Francisco Madero, representante da elite nacional, se candidata concentrando todas as forças de oposição, mas é preso por Díaz que se reelege. Madero foge para os EUA que organiza a revolta armada.

III – A Revolução Mexicanaa) Primeira Fase – Francisco Madero (1911 - 1913)

- Filho de família tradicional de Coahuila, prejudicado pela concorrência americana. Liderou a insurreição contra Díaz com apoio de outros líderes, mas sem ter sobre eles controle militar.- As diferentes forças da Revolução:

- Emiliano Zapata – Sul do México, movimento ligados a camponeses a indígenas, pregavam a nacionalização dos bens de latifundiários e capitalistas. No início da insurreição já colocaram em prática a reforma agrária nas áreas que dominavam.- Pancho Villa – Norte do México (Chihuahua), ligados a pequenos proprietários de terras que por vezes as perdiam para grandes latifundiários e construção de ferroviais. Também pregava reforma agrária, mas no formato dos minifúndios. Também em Chihuahua havia Pascual Orozco, mais ligado ao liberalismo, também contrário a Díaz.- Madero – Coahuila (já explicado, liberalismo econômico).

- 25 de maio de 1911 – Díaz renuncia e em outubro do mesmo ano Madero é eleito presidente e logo tentou suprimir operários e camponeses, isto é, os setores mais populares da revolução.

- Ao suprimir os movimentos mais radicais, Madero fortalecia o exército cujas lideranças ainda eram muito ligadas as elites porfiristas. Madero enfrenta então a oposição por dois lados, conservadores ligados a Díaz e radicais ligados aos movimentos populares de Zapata e Villa, além dos operários nas cidades.- Apoiado pelos EUA, o gen. Victoriano Huerta, líder do Exército, trai o presidente tirando-o do governo e restaurando as elites porfiristas.

b) Segunda Fase – Victoriano Huerta (1913 - 1914)- A princípio somente Venustiano Carranza, governador de Coahuila, se opõe ao golpe dentre as elites administrativas, mas os movimentos populares não cessaram as lutas que já faziam contra Madero.- Forças do estado de Sonora se também se rebelam contra Huerta sob liderança de Álvaro Obregón- As novas forças contrárias ao governo de Huertas se juntam formando a chamada Revolução Constitucionalista que tinha quatro grandes eixos:

- Forças ligadas a Carranza no nordeste (Coahuila, Nuevo Leon, Tampico)- Obregón no noroeste (Sonora e Sinaloa)- Villa no norte (Chihuahua, Durango e Zacatecas)- Os zapatistas ao Sul

- Enquanto as duas primeiras estavam ligadas a elites nacionalistas, as duas últimas tinha um caráter mais popular. Temendo que os populares tomassem o poder, Carranza começa a minar suas forças no norte cortando o abastecimento que era feito através de ferrovias. Ao mesmo tempo Huerta, sem apoio político, assistia derrotas consecutivas renunciando em julho de 1914.

c) Terceira Fase – Das disputas de classe e projetos à estabilização (1914 - 1920)- Exército do Noroeste e Nordeste mais profissionais, enquanto os de Villa e Zapata eram irregulares.- Procura-se o entendimento em outubro de 1914, que não dá certo, dividindo as forças entre Carranza e Obregón (o mais a esquerda entre os liberais) X Villa e Zapata (o que tinha o projeto mais consolidado quanto as reformas sociais). Ninguém aceita ceder na convenção a a luta continua.- As forças ligadas a Carranza, que dominava o poder central, avançaram timidamente em reformas sociais a fim de acabar com a peonaje e regulamentar leis trabalhistas, mas pouco foi feito em relação a reforma agrária, o principal motivo da Revolução entre os populares.- Em 1915 o governo de Carranza é reconhecido internacionalmente e Obregón consegue firmar aliança com os operários urbanos, isolando os populares camponeses.- Em 1917 é aprovada uma nova Constituição e Carranza é eleito presidente, iniciando a estabilização nacional. As lutas pelo poder central diminuíam, apesar das revoltas regionais permanecerem.- Carranza reprime os populares, Zapata é morto em 1919 e em 1920 Villa se retira da luta. A disputa agora era entre Carranza e Obregón, o primeiro mais conservador, o segundo mais à esquerda, defensor de reformas sociais.- Carranza tenta minar a candidatura de Obregón, que voltava à política após um período afastado, mas este tinha o apoio dos antigos líderes revolucionários e combate a intervenção militar no estado de Sonora. De la Huerta, um dos comandantes, assume o poder em 12 de maio de 1920 apoiado por Obregón.

IV – A estabilização políticaa) “Dinastia Sonorense” (1920 – 1934)

- Consolidação do poder em torno dos caudilhos de Sonora em torno do nacionalismo, aliando classes distintas.- Consolidação da cultura revolucionária (Muralismo)

b) Lázaro Cárdenas (1934-1940)- Consolidando de vez os ideias da revolução. Efetivou a reforma agrária, nacionalizou ferrovias e companhias petrolíferas e estimulou os sindicatos (mas com controle estatal).

DOCUMENTOS

1- Constituição 1824

Artigo 1. La nación mexicana es para siempre libre e independiente del gobierno español y cualquiera outra potenciaArtigo 3. La región de la nación mexicana es y será perpetuamente la católica, apostólica, romana. La nación la protege por leyes sabia y justas y prohibe el ejercicio de cualquiera outra.

Leis Constitucionais de 1836:PRIMEIRAArt. 11. Los derechos de ciudadano se pierden totalmente: 5.° Por ser vago, mal entretenido, ó no tener industria, ó modo honesto de vivir.SEGUNDAArt. 1. Habrá un Supremo Poder Conservador que se depositará en cinco individuos, de los que se renovará uno cada dos años, saliendo en la primera, segunda, tercera y cuarta vez el que designare la suerte sin entrar en el sorteo el que ó los que hayan sido nombrados para reemplazar. De la quinta vez en adelante saldrá el mas antiguo. Art. 11. Para ser miembro del Supremo Poder Conservador se requiere. 1.° Ser mexicano por nacimiento y estar en actual ejercicio de los derechos de ciudadano. 2.° Tener el dia de la eleccion cuarenta años cumplidos de edad, y un capital (físico ó moral) que le produzca por lo menos tres mil pesos de renta anual. 3.° Haber desempeñado alguno de los cargos siguientes: Presidente ó Vicepresidente de la República, Senador, Diputado, Secretario del Despacho, Magistrado de la Suprema Corte de Justicia. Art. 12. Las atribuciones de este Supremo Poder son las siguientes: 1.° Declarar la nulidad de una ley ó decreto dentro de dos meses despues de su sancion, cuando sean contrarias á artículo expreso de la Constitucion, y le exijan dicha declaracion ó el Supremo Poder Ejecutivo ó la Alta Corte de Justicia, ó parte de los miembros del Poder Legislativo en representacion que firmen diez y ocho por lo menos. Art. 6. Para ser diputado se requiere. 4.° Tener un capital (físico ó moral) que le produzca al individuo, lo menos mil quinientos pesos anuales.

1-

2- Constituição de 18576. La manifestacion de las ideas no puede ser objeto de ninguna inquisicion judicial ó administrativa, sino en el caso de que ataque la moral, los derechos de tercero, provoque à algun crímen ó delito, ó perturbe el órden público.10. Todo hombre tiene derecho de poseer y portar armas para su seguridad y legítima defensa. La ley señalará cuáles son las prohibidas y la pena en que incurren los que las portaren.13. En la República Mexicana nadie puede ser juzgado por leyes privativas, ni por tribunales especiales26. En tiempo de paz ningun militar puede exigir alojamiento, bagaje ni otro servicio real ó personal, sin el consentimiento del propietario. En tiempo de guerra sólo podrá hacerlo en los términos que establezca la ley.28. No habrá monopolios ni estancos de ninguna clase, ni prohibiciones á título de proteccion á la industria.

3-

4 - Constituição de 1917:

“La Nación tiene una composición pluricultural sustentada originalmente en sus pueblos indígenas que son aquellos que descienden de poblaciones que habitaban en el territorio actual del país al iniciarse la colonización y que conservan sus propias instituciones sociales, económicas, culturales y políticas, o parte de ellas.La conciencia de su identidad indígena deberá ser criterio fundamental para determinar a quiénes se aplican las disposiciones sobre pueblos indígenas.Son comunidades integrantes de un pueblo indígena, aquellas que formen una unidad social, económica y cultural, asentadas en un territorio y que reconocen autoridades propias de acuerdo con sus usos y costumbres.”

“XIX. Con base en esta Constitución, el Estado dispondrá las medidas para la expedita y honesta impartición de la justicia agraria, con objeto de garantizar la seguridad jurídica en la tenencia de le (la, sic DOF 03-02-1983) tierra ejidal, comunal y de la pequeña propiedad, y apoyará la asesoría legal de los campesinos.”

DOCUMENTOS1- Constituição 1824

Artigo 1. La nación mexicana es para siempre libre e independiente del gobierno español y cualquiera outra potenciaArtigo 3. La región de la nación mexicana es y será perpetuamente la católica, apostólica, romana. La nación la protege por leyes sabia y justas y prohibe el ejercicio de cualquiera outra.

Leis Constitucionais de 1836:PRIMEIRAArt. 11. Los derechos de ciudadano se pierden totalmente: 5.° Por ser vago, mal entretenido, ó no tener industria, ó modo honesto de vivir.SEGUNDAArt. 1. Habrá un Supremo Poder Conservador que se depositará en cinco individuos, de los que se renovará uno cada dos años, saliendo en la primera, segunda, tercera y cuarta vez el que designare la suerte sin entrar en el sorteo el que ó los que hayan sido nombrados para reemplazar. De la quinta vez en adelante saldrá el mas antiguo. Art. 11. Para ser miembro del Supremo Poder Conservador se requiere. 1.° Ser mexicano por nacimiento y estar en actual ejercicio de los derechos de ciudadano. 2.° Tener el dia de la eleccion cuarenta años cumplidos de edad, y un capital (físico ó moral) que le produzca por lo menos tres mil pesos de renta anual. 3.° Haber desempeñado alguno de los cargos siguientes: Presidente ó Vicepresidente de la República, Senador, Diputado, Secretario del Despacho, Magistrado de la Suprema Corte de Justicia. Art. 12. Las atribuciones de este Supremo Poder son las siguientes: 1.° Declarar la nulidad de una ley ó decreto dentro de dos meses despues de su sancion, cuando sean contrarias á artículo expreso de la Constitucion, y le exijan dicha declaracion ó el Supremo Poder Ejecutivo ó la Alta Corte de Justicia, ó parte de los miembros del Poder Legislativo en representacion que firmen diez y ocho por lo menos. Art. 6. Para ser diputado se requiere. 4.° Tener un capital (físico ó moral) que le produzca al individuo, lo menos mil quinientos pesos anuales.