2 teoria da equilibração de piaget

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A TEORIA DA EQUILIBRAÇÃO DE JEAN PIAGET Assimilação – Acomodação - Equilibração

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Page 1: 2 Teoria da Equilibração de Piaget

A TEORIA DA EQUILIBRAÇÃO DE

JEAN PIAGET

Assimilação – Acomodação - Equilibração

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Piaget (1959) distinguia entre “aprendizagem no sentido estrito” - pelo qual

se adquire no meio informação específica, e “aprendizagem no sentido amplo” - que

consistiria no progresso das estruturas cognitivas por processos de equilibração.

Piaget considera que o primeiro tipo de aprendizagem, representado pelo condicionamento clássico e operante (Piaget, 1970), encontra-se subordinado ao segundo ou, dito de outra maneira, que a aprendizagem de conhecimentos específicos depende completamente do desenvolvimento de estruturas cognitivas gerais, que ele formaliza em termos lógicos (Piaget, 1970; Flavell, 1963, 1977).

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Essa posição de Piaget a respeito das relações entre aprendizagem e desenvolvimento leva-o a negar qualquer valor explicativo à aprendizagem por associação, já que, segundo ele, “para apresentar uma noção adequada da aprendizagem, é preciso primeiro explicar como procede o sujeito para construir e inventar, não simplesmente como repete e copia” (Piaget, 1970, p. 27 da trad. cast.).

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ASSIMILAÇÃO E ACOMODAÇÃO Como enfatiza Flavell (1977, 1985), a teoria piagetiana do conhecimento, baseada em uma tendência ao equilíbrio cada vez maior entre os processos de assimilação e de acomodação, tem como objetivo explicar não somente como conhecemos o mundo em determinado momento, mas também como muda nosso conhecimento a respeito do mundo.

Para ilustrar o processo de assimilação, tomemos um exemplo sugerido por Flavell (1977, 1985), que constitui, além disso, uma adequada metáfora de toda a teoria piagetiana do conhecimento.

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Posso acreditar que esta caneta é um avião e que a garota de meus sonhos afinal se interessa por mim, porém finalmente a caneta cairá no chão e estragará sua ponta e a garota somente estará buscando meus apontamentos.

Se unicamente existisse a assimilação, grande parte de nosso conhecimento seria fantástico e levariam a contínuos equívocos. É necessário, portanto, um processo complementar, ao qual Piaget denomina acomodação.

Piaget (1970, p. 19) assim define a acomodação : “Chamaremos acomodação a qualquer modificação de um esquema assimilador ou de uma estrutura, modificação causada pelos elementos que assimilam”.

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A acomodação pressupõe não somente uma modificação dos esquemas prévios em função da informação assimilada, mas também uma nova assimilação, ou reinterpretação dos dados ou conhecimentos anteriores em função dos novos esquemas construídos.

Como se pode ver, ambos os processos, a assimilação e a acomodação, necessariamente se vinculam: “não existe assimilação sem acomodação, mas... a acomodação também não existe sem uma assimilação simultânea” (Piaget, 1970, p. 19 da trad. cast.).

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Piaget elaborou, ao longo de sua obra, vários modelos do funcionamento desse processo de equilibração. No último modelo (Piaget, 1975; Coll, 1983; Haroutounian, 1983; Vuyk, 1980) sustenta que o equilíbrio entre assimilação e acomodação se produz — e se rompe — em três níveis de complexidade crescente:

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1)  No primeiro nível, os esquemas que o sujeito possui devem estar em equilíbrio com os esquemas que assimila. Assim, quando a “conduta” de um objeto — um objeto pesado que flutua — não se ajusta às predições do sujeito, se produz um desequilíbrio entre seus esquemas de conhecimento — é o peso absoluto o que determina a flutuação dos corpos (Carretero, 1984) — e os fatos que assimila.

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2) Neste segundo nível, deve existir um equilíbrio entre os diversos esquemas do sujeito, que se devem assimilar e acomodar reciprocamente. Caso contrário, produz-se um “conflito cognitivo” ou desequilíbrio entre os dois esquemas. Assim acontece, por exemplo, com os sujeitos que pensam que a força da gravidade é a mesma para todos os corpos e, no entanto, que os objetos mais pesados caiam mais rapidamente (Pozo, l987a, l987c).

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3) Por último, o nível superior de equilíbrio consiste na integração hierárquica de esquemas previamente diferenciados. Assim, por exemplo, quando o sujeito adquire o conceito de força, deve relacioná-lo a outros conceitos que já possui (massa, movimento, energia) integrando-o em uma nova estrutura de conceitos (Pozo, l987a; West e Pines, 1985). Neste caso, a acomodação de um esquema produz mudanças no restante dos esquemas assimiladores. Se isso não ocorresse, produzir-se-iam contínuos desequilíbrios ou conflitos entre esses esquemas.

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Esses três níveis de equilíbrio estão — também eles — hierarquicamente integrados. Um desequilíbrio no terceiro nível acabará produzindo conflitos no segundo nível (contradições entre afirmações sucessivas do sujeito) e no primeiro nível (predições errôneas).

Porém, nos três casos, os desequilíbrios mostram a insuficiência dos esquemas disponíveis para assimilar a informação apresentada e, portanto, a necessidade de acomodar tais esquemas para recuperar o equilíbrio. Como é que se superam tais desequilíbrios?

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A TOMADA DE CONSCIÊNCIA COMO RESPOSTA AOS CONFLITOS COGNITIVOS Segundo Piaget (1975), haveria dois tipos

globais de resposta às perturbações ou estados de desequilíbrio. As respostas não adaptativas estariam representadas na ausência de tomada de consciência do conflito existente, isto é, em não levar a perturbação a um estágio de contradição. É óbvio que, ao não conceber a situação como sendo conflitiva, o sujeito não fará nada para modificar seus esquemas. Nesse sentido, a resposta não é adaptada, já que não produz nenhuma acomodação e, portanto, nenhuma aprendizagem, não ajudando em absoluto a superar o conflito latente entre os esquemas e os objetos assimilados.