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Ano X - Edição 119 - Outubro 2017 Distribuição Gratuita 31 de Outubro - Dia Nacional da Poesia no Brasil A poesia brasileira é um dos nossos patrimônios culturais. São inúmeros os nomes re- conhecidos e premiados in- ternacionalmente. Esses au- tores são responsáveis por, em períodos distintos, contar a história do povo brasileiro e apresentar suas impressões sobre o mundo e os outros. Alguns nomes tiveram maio- res destaques, tais co- mo Castro Alves e Carlos Drummond de Andrade. Peculiarmente distintos, são poetas que embelezam a li- teratura brasileira. Antônio Frederico de Castro Alves, baiano, lutou por causas nobres, tais como a defesa da República, e ficou conhecido como o poeta dos escravos. Trecho do poema “O Navio Negreiro (Tragédia no Mar)” “‘Stamos em pleno mar… Doudo no espaço Brinca o luar — dourada borboleta; E as vagas após ele correm… cansam Como turba de infantes inquieta. ‘Stamos em pleno mar… Do firmamento Os astros saltam como espumas de ouro… O mar em troca acende as ardentias, — Constelações do líquido tesouro… ‘Stamos em pleno mar… Dois infinitos Ali se estreitam num abraço insano, Azuis, dourados, plácidos, sublimes… Qual dos dous é o céu? qual o oceano?… [...] Donde vem? onde vai? Das naus errantes Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço? Neste saara os corcéis o pó levantam, Galopam, voam, mas não deixam traço.“ Oficializada pela presidente Dilma Rousseff, a Lei 13.131/2015 determina o dia do nascimento de Carlos Drummond de Andrade como o Dia Nacional da Poesia no Brasil. O Dia da Música Popular Brasileira comemorado anualmente em 17 de outubro. Também conhecido como o Dia Nacio- nal da MPB, esta data celebra e home- nageia o nascimento da primeira com- positora oficial da Música Popular Bra- sileira: Chiquinha Gonzaga, que nas- ceu em 17 de outubro de 1847, no Rio de Janeiro. Página 7 Referente a atual conjuntura geo- política, o mundo está ameaçado de novamente ver armas nucleares serem usadas em guerra. Depois de os Estados Unidos, 24 anos de- pois do fim da guerra fria, inventa- ram de impor sanções à Rússia de- vido à crise na Ucrânia, o mundo parece ter regredido às vésperas da Primeira Guerra Mundial. Mas a Coreia é uma nação que e- xiste desde aproximadamente 2300 anos antes de Cristo... Página 10 O debate sobre como coibir o avan- ço de discursos que fomentam o racismo, a xenofobia, o machismo e outras formas de preconceito no meio digital é urgente e fundamen- tal. Casos recentes de discriminação racial a pessoas conhecidas do pú- blico como as atrizes Taís Araújo e Cris Vianna, a jornalista Maria Júlia Coutinho e a miss Brasil 2017 Página 11 Editorial Página 2 Temos um Convite CULTURAonline BRASIL - Boa música Brasileira - Cultura - Educação - Cidadania - Sustentabilidade Social Agora também no seu Baixe o aplicativo IOS NO SITE www.culturaonlinebr.org A única possibilidade de nos eternizamos nessa frágil vida, é plantando boas sementes. É a melhor herança que deixamos! GOLPE E DITADURA MILITAR SERIAM ALTERNATIVA AOS PROBLEMAS DO BRASIL? Página 4 História da foto de farol mais famosa do mundo Página 6 VIOLÊNCIA CONTRA O PROFESSOR: A corda estoura sempre do lado mais fraco Página 9 www.culturaonlinebrasil.net /// CULTURAonline BRASIL /// www.culturaonlinebr.org

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Ano X - Edição 119 - Outubro 2017 Distribuição Gratuita

31 de Outubro - Dia Nacional da Poesia no Brasil

A poesia brasileira é um dos nossos patrimônios culturais. São inúmeros os nomes re-conhecidos e premiados in-ternacionalmente. Esses au-tores são responsáveis por, em períodos distintos, contar a história do povo brasileiro e apresentar suas impressões sobre o mundo e os outros. Alguns nomes tiveram maio-res destaques, tais co-mo Castro Alves e Carlos Drummond de Andrade.

Peculiarmente distintos, são poetas que embelezam a li-teratura brasileira. Antônio Frederico de Castro Alves,

baiano, lutou por causas nobres, tais como a defesa da República, e ficou conhecido como o poeta dos escravos.

Trecho do poema “O Navio Negreiro (Tragédia no Mar)”

“‘Stamos em pleno mar… Doudo no espaço Brinca o luar — dourada borboleta; E as vagas após ele correm… cansam Como turba de infantes inquieta.

‘Stamos em pleno mar… Do firmamento Os astros saltam como espumas de ouro… O mar em troca acende as ardentias, — Constelações do líquido tesouro…

‘Stamos em pleno mar… Dois infinitos Ali se estreitam num abraço insano, Azuis, dourados, plácidos, sublimes… Qual dos dous é o céu? qual o oceano?… [...] Donde vem? onde vai? Das naus errantes Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço? Neste saara os corcéis o pó levantam, Galopam, voam, mas não deixam traço.“

Oficializada pela presidente Dilma Rousseff, a Lei 13.131/2015 determina o dia do nascimento de Carlos Drummond de Andrade como

o Dia Nacional da Poesia no Brasil.

O Dia da Música Popular Brasileira comemorado

anualmente em 17 de outubro. Também conhecido como o Dia Nacio-nal da MPB, esta data celebra e home-nageia o nascimento da primeira com-positora oficial da Música Popular Bra-sileira: Chiquinha Gonzaga, que nas-ceu em 17 de outubro de 1847, no Rio de Janeiro.

Página 7

Referente a atual conjuntura geo-política, o mundo está ameaçado de novamente ver armas nucleares serem usadas em guerra. Depois de os Estados Unidos, 24 anos de-pois do fim da guerra fria, inventa-ram de impor sanções à Rússia de-vido à crise na Ucrânia, o mundo parece ter regredido às vésperas da Primeira Guerra Mundial. Mas a Coreia é uma nação que e-xiste desde aproximadamente 2300 anos antes de Cristo...

Página 10

O debate sobre como coibir o avan-ço de discursos que fomentam o racismo, a xenofobia, o machismo e outras formas de preconceito no meio digital é urgente e fundamen-tal. Casos recentes de discriminação racial a pessoas conhecidas do pú-blico como as atrizes Taís Araújo e Cris Vianna, a jornalista Maria Júlia Coutinho e a miss Brasil 2017

Página 11

Editorial Página 2

Temos um Convite

CULTURAonline BRASIL - Boa música Brasileira - Cultura - Educação - Cidadania - Sustentabilidade Social

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A única possibilidade de nos eternizamos nessa frágil vida, é plantando boas sementes. É a melhor herança que deixamos!

GOLPE E DITADURA MILITAR SERIAM ALTERNATIVA AOS PROBLEMAS DO BRASIL?

Página 4

História da foto de farol mais famosa do mundo Página 6

VIOLÊNCIA CONTRA O PROFESSOR: A corda estoura sempre do lado mais fraco

Página 9

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Outubro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 2

A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído mensalmente para download na web

Editor e Jornalista responsável: Filipe de Sousa - FENAI 1142/09-J

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CONVITE Colunista da Gazeta Valeparaibana pode alcançar mais de 4 milhões leitores por mês.

É com imenso prazer que comunicamos que estamos abrindo um espaço para você, educador, educadora, pesquisador ou pesquisadora, que gosta de escrever artigos relevantes sobre educa-ção, cidadania, curiosidades de nossa história, culturas, etc. A nossa intenção é de aumentarmos consideravelmente o debate em torno de questões importantes relacionadas ao nosso Brasil e valorizarmos as culturas e tradições brasileiras.

Se você gosta de musica, teatro, cinema e sempre teve o intuito de elevar os debates em torno da sua contribuição para a cultura nacional, o que se coloca nada mais é do que oferecermos a opor-tunidade para pessoas anônimas que gostariam de ganhar o seu espaço em conjunto com uma comunidade de pessoas atentas tão presente em nossas vidas atualmente.

Os comentários dos artigos, por exemplo, são de suma importância para que a comunidade en-tenda ainda mais o tema em que está sendo abordado pelo redator. E, com isso, vão surgindo no-vas ideias de artigos, além da possibilidade de criarmos um network bacana.

É importante mencionar que, inicialmente, o nome do colunista aparecerá embaixo do artigo, com o link para a sua rede social. E, posteriormente, depois de ter um bom número de artigos e com boa aceitação do público, você terá um perfil no nosso site do jornal com linkes também do site das nossas rádios.

Gostou da ideia? Então mande o seu artigo até ao vigésimo dia de cada mês para o seguinte e-mail, com o seu nome completo e a rede social em que deseja que seja linkado o seu nome den-tro do artigo:

redaçã[email protected]

Critérios para aprovação do artigo:

1- Texto deve ser autoral, nada de copiar e colar;

2 - Artigo deve ter no mínimo 500 palavras;

3 - Conteúdo deve ser original e relevante;

Critérios para ser aprovado como colunista da Gazeta Valeparaibana:

1 – Ter sido aprovado em no mínimo 5 artigos e todos eles publicados no Jornal Gazeta Valepa-raibana;

2 – Ter o interesse de continuar colaborando e possuir tempo disponível.

E então, o que acha dessa oportunidade?

Quem sabe de luta, luta. Quem não

sabe, labuta.

* * *

Marquês de Maricá: “Os homens mais

respeitados não são sempre os mais

respeitáveis”.

* * *

Capistrano de Abreu: “Constituição

brasileira, artigo único: todo brasileiro é

obrigado a ter vergonha”.

* * *

Heitor Moniz: “De vez em quando sopra

na humanidade o vento da loucura. Há

um grande entusiasmo coletivo. Os

povos sublevam-se, tomam as armas,

fazem a revolução”.

* * *

Machado de Assis: “Em verdade vos

digo que toda a sabedoria humana não

vale um par de botas curtas”.

* * *

Guimarães Rosa: “Trabalho não é

vergonha, é só uma maldição”.

* * *

Mark Twain: “Uma mentira é capaz de

dar a volta ao mundo enquanto a

verdade ainda calça os sapatos”.

* * *

Agripino Grieco: “A sarna é uma das

poucas distrações que restam aos

pobres”.

* * *

Victor Hugo: “Quem poupa o lobo,

sacrifica a ovelha”.

* * *

Viana Moog: “Temos a capacidade de

tornar sensacional o que em si mesmo

não tem a menor importância”.

* * *

Abraham Lincoln: “A melhor forma de

destruir seu inimigo é converter-lhe em

seu amigo”.

* * *

Roquette Pinto: “Os escravos sempre

serviram para carregar, entre outros

fardos, a culpa dos senhores”.

* * *

Como você já deve ter reparado, apresentamos um novo espaço no site da Gazeta Valeparaibana.

Um dos objetivos da reformulação é tornar o site ainda mais cola-borativo e, assim, fazer jus ao lema de ser “o ponto de encontro da educação”.

Tendo em mente essa missão, de se tornar uma verdadeira comunidade virtual que une todos os profissio-nais e temas relacionados à educação, cultura e sustentabilidade Social, investiu na plataforma que se propõe a veicular trabalhos científicos da área.

É o ‘GV - Ciência’. Espaço 100% colaborativo e GRATUITO! A proposta surge para ser o meio em que trabalhos científicos sejam veiculados na imprensa, dano a eles o devido destaque.

Todo internauta do Portal Comunique-se pode fazer uso do ‘C-SE Acadêmico’, basta seguir dois passos...

1º - ENVIAR o trabalho para: [email protected] (em Word sem formatação com letra Arial 11). NÃO ESQUECER de enviar todos os seus dados: Nome Completo, Documento de Identidade, Nome do Curso, Faculdade.

2º - Depois de analisado, será publicado no espaço “GV - ciência” do site e na edição do mês subsequen-te no Jornal Digital.

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Outubro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 3

Crônica do mês

DA FAVELA PARA O ASFALTO Quando vi os tanques de guerra entrando no morro, não pude deixar de pensar no verão, 40º C na sombra, a gente sem água por mais de uma semana, tendo muitas vezes que che-gar do trabalho e procurar forças pra buscar água no poço ou numa fonte pra tomar ba-nho, fazer comida, lavar a louça. Nos dias sem luz, aquele calor, aquele suor, o ventila-dor parado, o medo de estragar a comida na geladeira. Naquele menino de dez anos que começa a flertar com o trafico enquanto a mãe está no trabalho. Naquele projeto de fu-tebol, surfe, judô, teatro, música, entre tantos outros, interrompidos pela falta de recursos. Fiquei pensando. Nessas horas, onde é que esteve o Governo do Estado do Rio de Janei-ro?

Uma coisa é certa, já estamos acostumados a nos virar por conta própria. A arquitetura do morro, desde os becos, vielas e escadas, até as casas, igrejas, mercados, é a maior prova disso. Aquele vizinho que te empresta uma tomada pra ligar a geladeira e preservar seus alimentos, aquela vizinha que te avisa que está caindo água e faz questão de lembrar que não se pode esquecer de encher os bal-des; mostram que apesar de tudo, não esta-mos sozinhos.

Os tanques de guerra subindo, os caveirões passando, continuei pensando: o que real-mente motivou essa ação militar tão repenti-na? Vieram várias respostas na cabeça: o fa-to da Rocinha estar no caminho entre Gávea e São Conrado, entre São Conrado e Barra, o Rock in Rio, os alunos da Escola Americana, do Teresiano, da Escola Parque sem aula, a PUC fechada, o circo televisivo batizado pelos próprios jornalistas de cobertura completa, enfim, muitas coisas, mas em momento al-gum, cheguei a pensar que pudesse ser em defesa do morador.

Até porque, qualquer um com um pouco de boa vontade, pode perceber que uma ação militar convocada assim, de uma hora pra ou-tra, sem nenhuma estratégia desenvolvida, e que usa como braço armado soldados que não conhecem a geografia do lugar e tampou-co a dimensão do conflito em que estão se metendo, pode servir pra tudo, menos pra proteger o morador.

Nessas horas, é impossível não lembrar da UPP ocupando o morro. No BOPE metendo o pé na nossa porta, revirando tudo, perguntan-do onde é que arrumamos dinheiro pra com-prar nossas coisas, exigindo nota fiscal. Tudo

isso por nada, já que a quantidade de armas e drogas apreendidas nesse período foi baixa, e não demorou muito pro tráfico recuperar a mesma força de antes.

Esse filme está se repetindo agora mesmo. Com o menino de treze anos recém chegado do nordeste, que teve a casa invadida por po-liciais logo depois da mãe sair pro trabalho, e não sabendo responder a tantas perguntas acabou com o braço quebrado. Com os mui-tos moradores que enviaram fotos para a pá-gina Rocinha em Foco, denunciando a ação dos policiais, mostrando suas portas arromba-das, suas casas todas reviradas.

E em meio a tudo isso, ainda somos obriga-dos a ver, no espaço virtual que usamos pra nos atualizar e de certa forma, cuidarmos uns dos outros, pessoas (a grande maioria utili-zando um perfil fake) xingando esses morado-res, dizendo que querem denunciar os polici-ais militares mas não querem denunciar os traficantes. Sim, chegamos ao ponto em que grande parte da população acha super natural comparar a segurança pública com o crime organizado. Ninguém que aponta o dedo tem ideia de como dói ter os direitos violados, pas-sar os dias ouvindo a bala cantar, carregar essa sensação de impotência, e ainda por ci-ma, sair como culpado.

Já que comecei a falar dos comentários que recebemos de fora, não posso deixar passar batido a cobertura ostensiva da televisão, que conseguiu passar um dia inteiro sem nos dar nenhuma informação relevante e ainda faz questão de lembrar a todo momento o quanto estavam sofrendo os cariocas que precisa-vam passar por aquele pedaço da cidade. O nosso pedaço de cidade.

Nesse mesmo dia em que os tanques de guerra entraram na Rocinha, vi na internet u-ma matéria de um jornal português sobre a Cia Marginal, grupo de teatro formado no Complexo da Maré, onde destacavam a se-guinte frase: A violência está no mundo. Não nas favelas. Nada pode ser mais simples: é impossível separar as favelas do mundo, es-quecer que elas fazem parte de uma cidade, estado, país, é impossível ignorar seus con-textos e tudo o que aconteceu até chegar nesse momento. No entanto, lembrando de tudo o que disse o governador, o chefe de se-gurança pública, os jornalistas na televisão, os fakes com fotos de militares, concluí que é exatamente isso o que estão tentando fazer desde sempre. Separar a favela do mundo.

GEOVANI MARTINS, 26, morador da Roci-nha, é escritor

Calendário

Algumas datas comemorativas

01 - Dia Internacional da Música 01 - Dia Internacional das Pessoas Idosas 03 - Dia das Abelhas 04 - Dia dos Animais 04 - Dia da Natureza 12 - Dia das Crianças 15 - Dia do Professor 17 - Dia Internacional Erradicação Pobreza 17 - Dia da Música Popular Brasileira 22 - Dia da Praça 29 - Dia Nacional do Livro 31 - Dia Nacional da Poesia 31 - Dia do Saci

Ver mais sobre na Página 12

A maior parte da violência é movida pelo dinheiro. O mal de todos os males. A cédula é a isca no anzol. O materialismo tomou con-

ta!!! O sentimentalismo é visto como fraqueza. Uma fraqueza que Deus aprova!!!!

Henrique Rodrigues de Oliveira

=================================

O grande perigo de violência para uma socie-dade são as mentes desocupadas;essas são

as que mais despesas dão para o Estado e in-tranquilidade para o cidadão.

Adelmar Marques Marinho

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Outubro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 4

O Brasil! GOLPE E DITADURA MILITAR SERIAM

ALTERNATIVA AOS PROBLEMAS

DO BRASIL?

Certamente não, diz a quase unanimidade

dos intelectuais e cientistas sociais do Brasil.

E eu me incluo neste grupo, com a convicção

de quem sempre lutou nas hostes democráti-

cas. Mas ainda, amparada no conhecimento

de nossa história e na vivência e resistência a

dois golpes de Estado, 1964 e 2016, eu me

pergunto: golpe? Para quê? Para quem?

Não há mais democracia.

O golpe já ocorreu, em 2016, destruiu o em-

brião democrático que minha geração pensou

estar nutrindo, resultado da fertilização de

quatro décadas em que:

a) organizamos os movimentos sociais pró-

democracia,b) inserimos na Constituição de

1988 os tão sonhados direitos universais e os

direitos trabalhistas e sociais,c) obtivemos a-

vanços qualitativos nos setores da Cultura,

Educação e Saúde,d) enfrentamos as desi-

gualdades de renda e de oportunidades ca-

racterísticas do subdesenvolvimento.

Com Lula e Dilma o governo brasileiro deu

passos de gigante em direção à afirmação da

soberania nacional, projeto nascido do traba-

lhismo gaúcho e encaminhado por Getúlio e

por Geisel. Velha aspiração dos brasileiros, o

desejo de soberania nutriu, por sua vez, a re-

tomada do controle sobre o petróleo e o pré-

sal e a retomada da indústria naval, cujas se-

mentes haviam sido plantadas por Mauá

(1846), por Juscelino e pelos governos milita-

res. Dilma esboçou também novo código de

mineração e a quebra de monopólio das altas

finanças como fonte de recursos externos, o

banco dos BRICS.

Por tudo isto, veio o golpe de maio de 2016 e

a enxurrada de projetos antinacionais e anti-

populares que jamais seriam aprovados sem

a quebra dos limites democráticos. Voltamos,

em 2016, à ditadura constitucional do Império

e da República

Velha, estamos sendo esmagados por um go-

verno ilegítimo que concentrou esforços, e sa-

be-se lá o quê, na destruição dos direitos ins-

critos no Pacto de 1988 e na dilapidação do

patrimônio nacional. Chegamos ao fim da Era

Vargas, projeto explicitado claramente por

Fernando Henrique Cardoso nos anos 1990.

O projeto futuro dos senhores do poder

O golpe liquidou a democracia e nos colocou

sob comando dos poderes imperiais, em esta-

do de submissão aos objetivos dos conglome-

rados industriais e financeiros mundiais. O go-

verno brasileiro obedece a estes senhores,

como era costume no Império e na República

Velha, do café-com-leite, quando o estado-

maior do governo ficava em São Paulo e Mi-

nas Gerais.

Exportava-se café e os minérios e metais pre-

ciosos eram contrabandeados. Em lugar de

impostos, o governo era financiado por divida.

Para regozijo dos rentistas. Saúde e educa-

ção eram privilégio de 5% da população. Re-

colhiam-se tributos para pagar a dívida públi-

ca e distribuir privilégios.

Se alguém acredita que estes senhores per-

mitirão eleições limpas em 2018, renunciando

à ditadura constitucional ganha sem luta e

sem sangue, engana-se redondamente. Eles

vieram para ficar no poder por um século.

Destroem a cidadania brasileira para nos ofe-

recer uma cidadania global. Como já fizeram

na Ásia e na África.

As Forças Armadas serão sucateadas. Parce-

la significativa já foi transformada em Força

Nacional, isto é, a guarda nacional do antigo

coronelismo. Mesmo na ocorrência de uma

guerra serão desprezadas, pois a guerra entre

nações é feita hoje com poucos homens, avi-

ões não pilotados, muito dinheiro e mísseis de

longo alcance.

E o povo? Ora, o povo que se dane. Cachaça

e muito samba, rock e algo mais, pensam os

que defendem a liberação das drogas. Na

China foi assim. Porque seria diferente no

Brasil?

Para chefiar este projeto já foram designados

o futuro presidente, qualquer que seja a refor-

ma política e o regime eleitoral adotados. Mas

também os governadores dos principais esta-

dos do Brasil.

Não há razão alguma para ter receio de outra

ditadura. Ela já chegou. Voz mansa pregando

a bíblia. Distribuindo balas e migalhas. E ba-

las de fuzis. Trocando a educação pública pe-

lo mecenato dos rentistas. E fazendo do direi-

to à saúde um privilégio dos endinheirados.

Mais é desnecessário. Não caberia no orça-

mento de um país submisso, subjugado, sem

militares à altura da Pátria, sem tribunais que

respeitem os princípios universais da Justiça,

sem políticos que honrem a Nação e seu po-

vo.

Autor: Ceci Juruá, economista, pesquisadora

independente, doutora em políticas públicas.

RJ, setembro de 2017.

FONTE: jornalggn.com.br

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DITADURA MILITAR no BRASIL

Podemos definir a Ditadura Militar como sendo o período da política brasileira em que os militares governaram o Brasil. Esta época vai de 1964 a 1985. Caracterizou-se pela falta de democracia, supressão de direitos constitucionais, censura, perseguição política e repressão aos que eram contra o regi-me militar. Fatores que influenciaram (contexto histórico antes do Golpe): - Instabilidade política durante o governo de João Goulart;-

Ocorrências de greves e manifestações políticas e sociais; - Alto custo de vida enfrentado pela população; - Promessa de João Goulart em fazer a Reforma de Base (mudanças radicais na agricultura, economia e educação); - Medo da classe média de que o socialismo fosse implanta-do no Brasil; - apoio da Igreja Católica, setores conservadores, classe mé-dia e até dos Estados Unidos aos militares brasileiros; Principais características do regime militar no Brasil: - Cassação de direitos políticos de opositores;

- Repressão aos movimentos sociais e manifestações de oposição; - Censura aos meios de comunicação;- Censura aos artistas (músicos, atores, artistas plásticos); - Aproximação dos Estados Unidos;- Controle dos sindi-catos; - Implantação do bipartidarismo: ARENA (governo) e MDB (oposição controlada); - Enfrentamento militar dos movimentos de guerrilha contrários ao regime militar;

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Setembro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 5

Pátria amada Brasil!

Já ficou claro para mim que, para mudar o Brasil para melhor, vai ser necessário mu-dar a forma de agir e pensar da grande maioria da população.

Primeiramente, o problema da maio-ria da população é “não pensar”. “Não pen-sar”, aqui é no sentido de não ser formado-ra de opinião própria sobre temas relevan-tes para a existência humana em comuni-dade, para a sociedade civil. Por exemplo, uma determinada pessoa tratar o seu parti-do político como se fosse o seu time de fu-tebol, se comporta como um torcedor faná-tico e não tem senso crítico, não admite os erros cometidos e não se dispõe a corrigi-los. E também, aquele tipo de pessoa que se comporta de forma boçal, reagindo con-tra aquilo que não lhe faz sentido, não pro-cura compreender as razões das outras pessoas. Aquela pessoa que se permite ser manipulada pela mídia, que aceita tudo o que a televisão, a internet, os jornais e as revistas publicam como se fosse verdade incontestável. É claro que não é um fenô-meno exclusivamente brasileiro, mas é um aspecto que está atrapalhando e muito a evolução da sociedade civil brasileira. Quem pensa diferente, ao menos “pensa”. As pessoas têm históricos de vida distintos, experiências próprias no cotidiano, contex-tos diferentes, é óbvio que formarão opini-ões diferentes entre si. Mas quem não pen-sa por conta própria, vai pela cabeça dos outros, se permite ser manipulado, é a típi-ca pessoa que une o inútil ao desagradável. É parecido com aquilo que Bertolt Brecht disse sobre o analfabeto político.

Outro deles é o desinteresse da mai-oria das pessoas em aprender, em ampliar o seu conhecimento. A maioria da popula-ção não gosta de ler, não gosta de livros didáticos. Muita gente gosta de assistir jo-gos de futebol, novelas na TV, filmes, dese-nhos animados, gosta de ir ao boteco beber cerveja e jogar sinuca ou baralho... cada um tem a sua forma de lazer e de entreteni-mento, o ser humano necessita relaxar, se divertir. Mas a vida não é só diversão. Infe-lizmente há negligência à assuntos relevan-tes à comunidade, assuntos como economi-a, ecologia, política, saúde e saneamento,

que muita gente não trata com a devida se-riedade, não procura se informar mais, se atentar mais ao mundo, muitos, mas muitos cidadãos parecem ser “crianças em corpos de adultos”, ou seja, não têm senso de res-ponsabilidade com a nação.

Outro deles, é o desperdício de po-tencial cultural da nação brasileira. No as-pecto cultural, o Brasil também tem enorme potencial, a língua portuguesa está entre as seis línguas mais faladas no mundo, o Bra-sil tem a segunda maior emissora de televi-são do planeta, a Globo e a nação brasilei-ra não sabe se projetar globalmente quanto à cultura. A Globo tem capacidade de fazer superproduções “tipicamente hollywoodia-nas” para o Brasil e o mundo e, faz teleno-velas porcarias, produções de qualidade ruim para o Brasil e exterior. E a maioria da população não se toca que já faz 195 anos que os colonizadores portugueses já foram embora do Brasil, e ficam se remoendo em mágoas por causa do colonialismo no pas-sado, com ódio de Portugal, em vez de virar a página, superar isso e aproveitar a língua portuguesa como ativo e se projetar no mundo lá fora. E também é útil para os bra-sileiros aprender mais idiomas estrangeiros do que somente o inglês e o espanhol. Ob-viamente, ninguém tem a obrigação de a-prender um idioma que não quer, mas se houvesse interesse, mais portas seriam a-bertas no mundo profissional e financeiro para muita gente. No Brasil, está defasado o interesse por erudição.

Quando eu analiso um país, eu olho para os resultados que tal país apresenta. Eu sei que o problema está na maioria da população é por causa dos resultados que a nação brasileira apresenta. Os políticos tão condenados pela opinião pública saíram da própria sociedade civil brasileira. Por mais desinformado e leigo que seja um elei-tor, ele vota no candidato com quem ele se identifica mais, no candidato com quem tal eleitor concorda. A Câmara dos Vereadores é o reflexo da população do Município. A Assembleia Legislativa é o reflexo do povo do Estado. E o Congresso Nacional é o re-flexo do povo do País. O Brasil atual é o resultado da mentalidade da maioria dos seus habitantes. Logo, para mudar o Brasil é necessário mudar a mentalidade da maio-ria dos brasileiros.

João Paulo E. Barros

Porque precisamos fazer a Reforma Política Popular no Brasil?

Seus impostos merecem boa administração. Bons políticos não vem do nada. Para que existam bons políticos para admi-

nistrar o país, toda a sociedade precisa colaborar para que eles possam nascer e terem sucesso. É preciso um sistema eleitoral moderno para melhorar a qualidade da política. Os políticos "tradicionais" tem horror à reforma política, porque ela pode mudar a situa-ção atual onde eles usam e manipulam o eleitor e são pouco cobrados !

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Por uma Reforma Política democrática com participação popular

FRASES SOBRE

POVO

Benito Mussolini: “Somente um país inferior, ordinário, insignificante, pode ser democrático.

Um povo forte e heroico tende para a aristocracia”.

* * * João Baptista Figueiredo: “Prefiro o cheiro de

cavalo do que o cheiro de povo”. * * *

Figueiredo, de novo: “Todo povo é uma besta que se deixa levar pelo cabresto”.

* * * Ditado taoísta: “Quanto mais instruído o povo,

tanto mais difícil de governar”. * * *

Tom Zé: “Um povo que lê, um povo alfabetiza-do, que sabe escrever, não tem medo de perder sua cultura. Escreve livros, bota nas bibliotecas

e vai ver novelas”. * * *

Millôr Fernandes: “Quando os eruditos desco-briam a língua, ela já estava completamente

pronta pelo povo. Os eruditos tiveram apenas que proibir o povo de falar errado”.

* * * Papa Francisco: “Deus não pertence a ne-

nhum povo”. * * *

Joãozinho Trinta: “O povo gosta de luxo; quem gosta de miséria é intelectual”.

* * * Georg Wilhelm Friedrich Hegel: “Povo é a parte da nação que não sabe o que quer”.

* * * Madame de Staël: “Uma Constituição que faça entrar nos seus elementos a humilhação do so-

berano ou do povo, deve, precisamente, ser derrubada por um deles”.

* * * Chico Buarque: “Ao povo nossas carícias / Ao povo nossas carências / Ao povo nossas delí-

cias / E nossas doenças”. * * *

Ortega y Gasset: “Eis ao que leva o interven-cionismo do Estado: o povo converte-se em

carne e massa que alimenta o simples artefato e máquina que é o Estado”.

* * * Octavio Paz: “Poeta é aquele que sabe ouvir seu povo e transformar o que ouviu em ima-

gens, ritmos e metáforas. O poeta é a memória de seu povo”.

* * * Mês que vem tem mais...

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Curiosidades

Outubro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 6

História da foto de farol mais famosa do mundo

JEAN GUICHARD

Como essa foto foi feita? O faroleiro morreu arrastado pela onda? Eu me fiz essas pergun-tas na primeira vez em que vi essa impactante imagem em tamanho gigante em um cartaz não sei em qual lugar. Depois voltei a vê-la centenas de vezes em centenas de lugares diferentes, da mesma forma que certamente vocês a viram: é um dos postais mais vendi-dos em lojas de decoração e lembranças.

E olhe onde fui tropeçar sem querer na história dessa foto e a do faroleiro que a protagoniza, na ilha francesa de Ouessant, no Finisterre da Bretanha.

O farol se chama La Jument e é uma das lan-ternas de mar mais espetaculares da costa francesa. Está a dois quilômetros da ilha de Ouessant e foi construído entre 1904 e 1911 para sinalizar perigosíssimos escolhos que produziram inumeráveis naufrágios.

A história da foto se passa em 21 de dezem-bro de 1989. O fotógrafo francês especializado em imagens de faróis Jean Guichard sobrevo-

ava de helicóptero La Jument em um dia de forte temporal buscando a foto perfeita das gi-gantescas ondas do Atlântico golpeando a es-trutura do farol. Dentro, o faroleiro Theophile Malgorn, que na época tinha por volta de 30 anos, escutou as repetidas passagens do heli-cóptero e pensou que algo anormal estaria a-contecendo; talvez o piloto estivesse tentando contatá-lo para avisar de algum naufrágio ou acidente. E em uma ação disparatada abriu a porta para ver o que estava acontecendo.

A ação completa durou apenas alguns segun-dos. Guichard viu aquele homem na porta e seu instinto de fotógrafo lhe disse que ali esta-va a composição perfeita: o homem e a força da natureza. Começou a disparar repetida-mente sua câmera quase no momento em que uma nova onda gigante começava a abraçar com toneladas de água enraivecida a estrutura do farol. Nesse mesmo instante, o faroleiro Malgorn – na soleira da porta – escutou um trovejar seco, como um estampido brutal (o impacto da onda contra a frente do farol) e soube que havia cometido um tremendo erro. Tão rápido como abriu voltou a fechar a porta, um milésimo de segundo antes que a onda a-cabasse com ele. Estava vivo por um milagre. Nove imagens ficaram impressas no filme de Guichard – as que o motor da câmera lhe deu tempo de disparar – que o tornariam famoso para toda a vida e com as quais em 1990 obte-ria o segundo lugar no World Press Photo (o primeiro foi para a célebre foto de um manifes-tante chinês parando sozinho uma coluna de tanques na praça Tianammen).

O faroleiro Theophile Malgorn continua vivo na ilha de Ouessant e não quer que ninguém vol-te a lhe perguntar sobre a maldita foto. Pesso-

as próximas a ele me contam que ficou muito irritado naquele momento pois o colocaram em perigo mortal de maneira irresponsável e além disso por um motivo comercial; ele saiu para ver o que estava acontecendo por profissiona-lismo e quase perdeu a vida. Mas pouco tem-po depois Guichard o visitou em sua casa, lhe presenteou com uma foto autografada daquele “momento decisivo” – como diria Cartier Bres-son – e ficaram muito amigos.

O último faroleiro abandonou La Jument em 26 de julho de 1991. Desde então é um farol auto-mático. Theophile agora é controlador do farol de Creac´h, também em Ouessant. Os mora-dores costumam vê-lo passar com seus ca-chorros pelo caminho que segue a costa da ilha, com o olhar perdido no mar bravio que choca-se contra essas escarpas, observando a silhueta escura dos faróis nos quais quando jovem passou longos tempos de solidão em um quarto úmido e escuro.

Os faroleiros são (ou eram) pessoas muito es-peciais. Seres solitários e de poucas palavras, artistas com todo o tempo do mundo para es-crever, pintar ou esculpir. Filósofos de uma vi-da que poucos foram capazes de suportar.

Por isso eles têm dificuldade em adaptar-se a uma vida sedentária, controlando um farol sen-tados diante de um computador em uma sala asséptica com calefação depois de terem sido os últimos românticos do mar; filósofos solitá-rios que a cada noite acendiam luzes com as quais salvavam vidas de navegantes anôni-mos que nunca os conheceriam ou teriam oca-sião de agradecer-lhes.

Como Theophile Malgorn.

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Musica Popular Brasileira

www.culturaonlinebrasil.net /// CULTURAonline BRASIL /// www.culturaonlinebr.org

O Dia da Música Popular Brasileira é comemorado anualmente em 17 de outu-bro. Também conhecido como o Dia Nacio-

nal da MPB, esta data celebra e

homenageia o nascimento da primeira compositora oficial da Música Popular Bra-

sileira: Chiquinha Gonzaga, que nasceu em 17 de outubro de 1847, no Rio de

Janeiro. Tem muita gente reclamando dos gostos musicais que caíram nas graças do povo brasileiro. Mas antes de criti-car que isso é bom e aquilo é ruim, que tal conhecer um pouco da história da música brasileira? Entendendo co-mo chegamos até aqui, entendemos que não é apenas moda, é cultura. Espero que gostem!

A música brasileira tem como sua maior influência a música africana, trazida pelos escravos, com seus rit-mos frenéticos e instrumentos rudimentares. Mas esta não foi a única influência que desembarcou nos portos brasileiros na época da colonização. Os colonizadores europeus trouxeram o erudito, a dança de salão, os sa-raus e a música religiosa, totalmente contrastante com os cantos geralmente uníssonos e responsórios dos índios. Enquanto, na opinião de alguns historiadores, a mestiçagem dos povos foi uma desgraça para o Brasil, ela foi elementar para a formação cultural do país, e só teve seu início oficial após a abolição da escravatura em 1888. A mistura dessas culturas diversas se tornou res-ponsável pelo que conhecemos como música brasileira hoje.

O primeiro ritmo musical originalmente brasileiro foi o maxixe, formado a partir de uma mistura entre o "lundu" (este termo significa umbigada e é uma espécie de samba muito sensual praticado nas rodas dos escra-vos) e a "modinha" portuguesa (composição suave, geralmente romântica, tocada na viola e dançada em salões). Com a umbigada do lundu e a poesia da modi-nha a identidade musical brasileira tomava forma. Por volta dos anos 1880 surgia um novo jeito de se fazer música no Brasil, no subúrbio da então capital Rio de Janeiro. Era uma forma mais charmosa e chorosa de se tocar as canções populares vindas da Europa, o que

começou a ser chamado de “choro”.

O Choro nascera mais precisamente como uma forma musical (utilizava-se frequentemente a forma de Rondó) do que como um gênero de fato. O virtuosismo e o reco-nhecimento dos músicos eruditos na época eram notá-veis, tanto que os músicos brasileiros também queriam executar tais obras, mas da sua maneira. O jeitinho bra-sileiro de se fazer música foi criando forma, a versatili-dade, a improvisação e a habilidade dos músicos se tornaram características do "choro". Reuniam-se músi-cos próximos, geralmente violonistas, flautistas e cava-quistas, e atuavam como "orquestras portáteis", se a-presentando em estabelecimentos comerciais. Um no-me importante do início do Choro, responsável pela for-mação de vários conjuntos de músicos, foi o do flautista Joaquim Antônio da Silva Calado, ou simplesmente, Calado.

As primeiras gravações musicais no país datam do iní-cio de 1900 e acabaram impulsionando a música como negócio e como objeto de consumo e lazer. Os primei-ros encontros sociais para apreciação de música acon-teciam nas confeitarias, onde a alta sociedade se reunia para tomar chá enquanto ouvia grandes músicos da época. Também dentre as décadas de 10 e 20 era forte a presença de uma música feita longe dos grandes cen-tros brasileiros: a música sertaneja. Como exemplo des-ta música sertaneja podemos citar a canção Luar do Sertão, composta por Catulo da Paixão Cearense e Jo-ão Pernambuco, muito diferente da música sertaneja que conhecemos nos dias de hoje.

O entrudo, como era originalmente chamado o carnaval de rua, foi trazido pelos europeus para o Brasil no final do século XVIII. Enquanto as classes média e alta fazi-am sua folia dentro de salões, com passeios e bailes de máscaras que imitavam os grandes bailes de Paris, a classe baixa organizava "cordões carnavalescos" nas ruas, fazendo marchas pelas ruas e criando, conse-quentemente, o samba. Diferente do samba que conhe-cemos hoje, o samba das marchinhas de carnaval era chamado de "marcha rancho" e inicialmente era tocado com instrumentos de sopro. Ainda com a abolição da escravatura, muitos negros saíram da Bahia para viver no Rio de Janeiro. Esse movimento foi fundamental pa-ra a criação do samba por volta dos anos 1910, e teve como figura importante o músico, compositor e violonis-ta Ernesto Joaquim Maria dos Santos, o Donga, que gravou o primeiro samba: Pelo Telefone. O samba che-gou ao seu auge com a época de ouro do rádio brasilei-ro, na década de 30.

Com o crescimento do rádio e da gravação elétrica no final dos anos 20, ser musico se tornava oficialmente uma profissão. As grandes rádios possuíam orquestras que tocavam ao vivo durante os programas, que eram apresentados em teatros e vistos por plateias. Havia concursos que elegiam as melhores e mais charmosas cantoras e acabaram criando verdadeiros deuses e deu-sas da música brasileira. Como primeiro meio de comu-nicação midiático do país, o rádio se tornou uma fonte universal de informações e entretenimento.

Nomes como Carmem Miranda, Ary Barroso e Pixingui-nha surgiram.

Logo a televisão chegou ao país, enquanto ia tomando

o lugar do rádio nas casas das classes sociais mais al-tas, na década de 50 um novo movimento nascia no Rio de Janeiro. O pontapé inicial da Bossa Nova foi dado por Elizeth Cardoso, ao gravar o LP intitulado "Canção do Amor Demais". Logo artistas como João Gilberto, Vinicius de Moraes e Tom Jobim surgiram, inovando a música brasileira. Eram músicas inovadoras, pois suas composições tratavam sobre assuntos com caráter a-preciativo, exaltação da beleza, criadas a partir de asso-ciações entre palavras esteticamente semelhantes, e sua elaboração harmônica era muito desenvolvida, abu-sando de escalas e sonoridades não usadas nos outros estilos brasileiros.

A Bossa Nova se tornou uma referência da música na-cional. Em 1962 um show intitulado "New Brazilian Jazz Music" aconteceu em Nova York, colocando os grandes nomes do gênero em evidência em outros países. Tom Jobim foi um dos artistas que foi profundamente benefi-ciado com esse show, vendeu muitas de suas músicas para fazer versões em inglês e acabou vivendo nos Es-tados Unidos por bastante tempo.

Paralelo ao sucesso da Bossa Nova, um novo gênero vindo de fora do país começava a interessar jovens no país. O rock de Elvis Presley e dos Beatles influenciava jovens que também queriam formar suas bandas em casa. Também interessada nesse sucesso e na reper-cussão que o rock causava entre os jovens, um dos ca-nais de televisão da época criou a "Jovem Guarda". O programa conquistou fãs de todas as idades, tornando-se popular e literalmente ditando moda, já que era pos-sível encontrar muitos jovens nas ruas com roupas se-melhantes aos ídolos da televisão. Nomes muito impor-tantes do movimento eram Roberto Carlos, Wanderléa, Nalva Aguiar, entre outros.

Os canais de televisão faziam grandes festivais em tea-tros, onde apresentavam muitos artistas ao público a cada edição. A MPB (música popular brasileira) estava se formando, tanto como movimento cultural como pro-testante contra a ditadura militar no país, e apresentou ao público nomes como Chico Buarque, Geraldo Vandré e Edu Lobo. A transição para a década de 1970 foi mar-cada pela consolidação da MPB, termo que sugeria um tipo de música mais sofisticada do que a feita em outras tendências também populares dentro da música brasilei-ra. Com o passar dos anos mais artistas despontavam, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Elis Re-gina e Maria Bethânia.,

Logo após a MPB, outros dois movimentos tomavam espaço: a Tropicália e o Iê-Iê-Iê. O movimento tropicalis-ta caracterizou-se por associar numa mistura de ele-mentos da cultura pop, os baianos Caetano Veloso e Gilberto Gil foram os principais expoentes desse movi-mento. Já o Iê Iê Iê ligava-se basicamente ao rock ge-nuinamente produzido no exterior, embora no Brasil te-nha suavizado adotando uma temática romântica em uma abordagem geralmente mais ingênua que a música internacional. Teve como grandes nomes Roberto Car-los, Erasmo Carlos, Tim Maia, Wanderléa, José Ricar-do, Wanderley Cardoso e conjuntos como Renato e Seus Blue Caps, Golden Boys, The Fevers.

Fonte: discotecaria.blogspot.com.br/

Outubro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 7

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Outubro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 8

Liberdade de Expressão É certo punir as pessoas por su-as opiniões?

Eu, sinceramente, não desejo que o Brasil tenha um segundo regime militar. Porque desejar outro regime militar sig-nifica reconhecer que a população do Brasil não tem competência para lidar com o regime democrático. Significa ad-mitir que o povo brasileiro ainda não é capaz de ser civilizado. Porque quem precisa de um “pai” e uma “mãe” com a finalidade de lhe impor limites e lhe cas-tigar é pessoa que não sabe se compor-tar de forma adequada, que é rude, grosseira, mal-educada. Pessoas edu-cadas, civilizadas, sabem se moderar por conta própria, discernir o certo e o errado. Um povo que necessita de go-verno autoritário e repressor não é um povo civilizado. Então, não defendo um novo regime militar no Brasil.

O general Mourão, do exército, de-monstra ser a favor de uma intervenção militar na atual conjuntura política brasi-leira. Ele não propôs a volta do regime militar, e sim uma intervenção para solu-cionar o problema político do Brasil en-quanto democracia, eu entendi isso. Ele discursou fardado numa palestra numa loja maçônica em Brasília, e sei que pe-ga mal para a imagem do exército en-quanto instituição, mas o general em questão é um cidadão brasileiro e tem o direito natural de estar insatisfeito com a atual situação política no Brasil e tam-bém, tem o direito de desejar que o pro-blema seja corrigido. É a minha opinião, eu não acho certo, num regime suposta-mente democrático, quererem puni-lo só porque o autor da fala é um general, um militar. Sei que há respaldo em lei para punição. Mas eu tenho a opinião que, a legislação vedar aos oficiais opinar so-bre o quadro político-partidário, não dei-xa de ser uma forma de censura. Eu, sinceramente, não gosto dessa postura de autoritarismo na política, quem está no governo não aceitar críticas e nem reclamações por parte de quem é gover-nado mesmo que o crítico seja um mili-tar na ativa. Discordar das críticas é u-ma coisa. Não admitir críticas e retaliar contra quem critica, é outra coisa.

Eu sou um que não concorda com o atual sistema político-eleitorial-partidário e que deseja uma reforma po-lítica-eleitoral-partidária que seja séria. Eu não acredito que haverá intervenção militar no Brasil, os militares não querem se responsabilizar pelas turbulências políticas do país, e na minha sincera o-

pinião, eles estão certos de não querer se envolver. O general Villas Boas já ex-pressou com clareza, o emprego deles será só por iniciativa de um dos três po-deres.

O povo brasileiro necessita apren-der a lidar com as adversidades da de-mocracia com tolerância, nem sempre as pessoas vão ter opiniões agradáveis aos nossos egos. E nem sempre o eleito é a pessoa ideal para estar lá. A demo-cracia tem semelhanças com a loteria. O eleitor “faz uma aposta” num candidato e, está correndo o risco de “perder a a-posta”, mesmo que o candidato em quem o eleitor votou vença. Acontece de candidatos parecerem preparados nas eleições e, quando chegam lá, têm de-sempenho medíocre. No meu modo de entender, o presidencialismo puro é mui-to rígido quanto a estabilidade dos car-gos políticos eletivos, é por isso que eu teimo em preferir o semipresidencialis-mo ou o parlamentarismo. Quero escla-recer que o tipo de parlamentarismo que eu defendo não é o mesmo que o atual presidente da república e outros políti-cos por aí defendem. Eles querem am-pliar os poderes deles, e eu apoio ampli-ar os poderes dos eleitores e reduzir a concentração de poderes dos políticos lá. Não defendo a mesma coisa que eles defendem, apesar de parecer. O proble-ma com o presidencialismo é que, se o governante for uma ameaça à economia do país, ou qualquer pretexto que se cri-e para tirá-lo, ou vão fazer um traumáti-co processo de impeachment ou, inter-venção militar para pôr ordem na casa. E na história do Brasil no período repu-blicano, há reincidência disso. Hoje em dia, eu tenho a crença de que o mare-chal Deodoro da Fonseca prejudicou o Brasil, devia ter deixado a família real de Orleans e Bragança no trono, o Brasil provavelmente seria mais estável politi-camente. Mas depois de mais de cem anos de república, o povo se acostumou com o hábito de eleger o chefe de Esta-do, então acho que o semipresidencia-lismo é a melhor ou a menos pior opção possível para esta época nossa, no Bra-sil.

Mas é certo punir o general Mou-rão devido a opinião pessoal dele? Ele não tentou fazer nada, apenas expres-sou o que pensa. Mesmo que ele seja um militar, eu entendo que ele tem o di-reito de liberdade de expressão e de o-pinião sem ser punido por isso.

João Paulo E. Barros

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LIBERDADE DE EXPRESSÃO Um direito humano

1. A liberdade de expressão, em todas as suas formas e manifestações, é um direito fundamental e inalienável, inerente a todas as pessoas. É, ade-mais, um requisito indispensável para a própria existência de uma socieda-de democrática.

2. Toda pessoa tem o direito de buscar, receber e divulgar informação e opiniões livremente, nos termos estipulados no Artigo 13 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos. Todas as pessoas devem contar com igualdade de oportunidades para receber, buscar e divulgar informação por qualquer meio de comunicação, sem discriminação por nenhum motivo, inclusive os de raça, cor, religião, sexo, idioma, opiniões políticas ou de qualquer outra índole, origem nacional ou social, posição econômica, nasci-mento ou qualquer outra condição social.

3. Toda pessoa tem o direito de acesso à informação sobre si própria ou sobre seus bens, de forma expedita e não onerosa, esteja a informação contida em bancos de dados, registros públicos ou privados e, se for neces-sário, de atualizá-la, retificá-la e/ou emendá-la.

4. O acesso à informação em poder do Estado é um direito fundamental do indivíduo. Os Estados estão obrigados a garantir o exercício desse direito. Este princípio só admite limitações excepcionais que devem estar previa-mente estabelecidas em lei para o caso de existência de perigo real e imi-nente que ameace a segurança nacional em sociedades democráticas.

5. A censura prévia, a interferência ou pressão direta ou indireta sobre qual-quer expressão, opinião ou informação através de qualquer meio de comu-nicação oral, escrita, artística, visual ou eletrônica, deve ser proibida por lei. As restrições à livre circulação de ideias e opiniões, assim como a imposi-ção arbitrária de informação e a criação de obstáculos ao livre fluxo de in-formação, violam o direito à liberdade de expressão.

6. Toda pessoa tem o direito de externar suas opiniões por qualquer meio e forma. A associação obrigatória ou a exigência de títulos para o exercício da atividade jornalística constituem uma restrição ilegítima à liberdade de ex-pressão. A atividade jornalística deve reger-se por condutas éticas, as quais, em nenhum caso, podem ser impostas pelos Estados.

7. Condicionamentos prévios, tais como de veracidade, oportunidade ou imparcialidade por parte dos Estados, são incompatíveis com o direito à liberdade de expressão reconhecido nos instrumentos internacionais.

8. Todo comunicador social tem o direito de reserva de suas fontes de infor-mação, anotações, arquivos pessoais e profissionais.

9. O assassinato, o sequestro, a intimidação e a ameaça aos comunicado-res sociais, assim como a destruição material dos meios de comunicação, viola os direitos fundamentais das pessoas e limitam severamente a liberda-de de expressão. É dever dos Estados prevenir e investigar essas ocorrên-cias, sancionar seus autores e assegurar reparação adequada às vítimas.

10. As leis de privacidade não devem inibir nem restringir a investigação e a difusão de informação de interesse público. A proteção à reputação deve estar garantida somente através de sanções civis, nos casos em que a pes-soa ofendida seja um funcionário público ou uma pessoa pública ou particu-lar que se tenha envolvido voluntariamente em assuntos de interesse públi-co. Ademais, nesses casos, deve-se provar que, na divulgação de notícias, o comunicador teve intenção de infligir dano ou que estava plenamente consciente de estar divulgando notícias falsas, ou se comportou com mani-festa negligência na busca da verdade ou falsidade das mesmas.

11. Os funcionários públicos estão sujeitos a maior escrutínio da sociedade. As leis que punem a expressão ofensiva contra funcionários públicos, geral-mente conhecidas como “leis de desacato”, atentam contra a liberdade de expressão e o direito à informação.

12. Os monopólios ou oligopólios na propriedade e controle dos meios de comunicação devem estar sujeitos a leis anti-monopólio, uma vez que cons-piram contra a democracia ao restringirem a pluralidade e a diversidade que asseguram o pleno exercício do direito dos cidadãos à informação. Em ne-nhum caso essas leis devem ser exclusivas para os meios de comunicação. As concessões de rádio e televisão devem considerar critérios democráticos que garantam uma igualdade de oportunidades de acesso a todos os indiví-duos.

13. A utilização do poder do Estado e dos recursos da fazenda pública; a concessão de vantagens alfandegárias; a distribuição arbitrária e discrimina-tória de publicidade e créditos oficiais; a outorga de frequências de radio e televisão, entre outras, com o objetivo de pressionar, castigar, premiar ou privilegiar os comunicadores sociais e os meios de comunicação em função de suas linhas de informação, atentam contra a liberdade de expressão e devem estar expressamente proibidas por lei. Os meios de comunicação social têm o direito de realizar seu trabalho de forma independente. Pressões diretas ou indiretas para silenciar a atividade informativa dos comunicadores sociais são incompatíveis com a liberdade de expressão.

Fonte: www.cidh.oas.org/

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Outubro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 9

E agora José? VIOLÊNCIA CONTRA O PROFESSOR:

A corda estoura sempre do lado mais fraco

A violência contra o professor vem tomando

um grande espaço na mídia, sobretudo diante

dos últimos acontecimentos. A agressão sofri-

da pela professora Márcia Friggi, em Santa

Catarina, ganhou repercussão nacional. Longe

de ser um caso isolado, este caso só reacen-

deu um problema antigo nas nossas escolas, o

da violência contra os professores.

Precisamos parar um pouco de discutir peda-

gogia, teorias de aprendizagem, processos de

avaliação e pressupostos didáticos para con-

versar sobre algo muito sério (não que esses

assuntos não sejam, mas precisamos falar de

algo mais sério e urgente). Precisamos falar

da violência contra o professor.

Recentemente o jornal Folha de São Paulo es-

creveu uma matéria enorme apontando diver-

sos casos de violência contra professores. Ao

ler a reportagem aflora o sentimento de revol-

ta. O sentimento de impotência, também.

O que está acontecendo com a sociedade? O

que está acontecendo com as crianças e os

jovens? O que está acontecendo com seus

pais?

Este assunto polêmico e controverso é tratado

por diversos especialistas a partir de diversas

análises. Porém, cabe aqui um desabafo, pou-

cos especialistas são ouvidos pelo poder públi-

co que apresenta muito mais medidas politi-

queiras do que efetivas.

Do ponto de vista legal já discuti um pouco so-

bre a expulsão de alunos. No artigo “violência

nas escolas não é motivo para expulsar alu-

nos”, publicado em 2014, juntamente com O-

mar de Camargo, tratamos sobre uma notícia

em que, no Rio Grande do Sul, o Conselho Es-

tadual de Educação apresentou suas proposi-

ções com o objetivo de por fim à expulsão es-

colar, vale a leitura.

Do ponto de vista humanista, também apre-

sentamos (Omar de Camargo e eu) nossas

questões acerca da violência na sociedade.

Os textos “Para onde caminha a humanidade I

e II” discutem tais ideias, também vale a leitu-

ra.

Recentemente o Governo do Estado de São

Paulo editou a Resolução SE 41, de 22-9-2017

que institui o Projeto Mediação Escolar e Co-

munitária. O projeto do Professor Mediador

Comunitário foi um projeto interessante imple-

mentado em 2010, em que um professor seria

um mediador de conflito. A ideia é um desdo-

bramento do projeto Justiça Restaurativa, em

que participavam gestores escolares, profes-

sores, comunidade e alunos em torno da reso-

lução de conflitos.

O fato é que casos de extrema violência

(agressões físicas, destruição de patrimônio

ou constantes ameaças) estão muito além do

poder de atuação dos mediadores. Aqui, esta-

mos tratando de violência extrema. Casos em

que não há como a educação atuar. Neste ca-

so, precisamos agir por outro caminho, que é o

judicial.

A Lei 8.069/1990 é bem clara nos artigos 112

ao 124, que trata das punições ao menor infra-

tor. Para agir por este caminho, é preciso ter

claro que o processo é longo e moroso. Talvez

por isso muitos colegas professores não pres-

tam queixas.

As duas reportagens que cito neste breve arti-

go citam diversos dados sobre a violência con-

tra os professores. Os dois jornais afirmam

que os dados estão muito aquém da realidade,

justamente por três fatores:

A turma do “deixa quieto, isso dá muito traba-

lho” acaba ganhando razão.

Tudo acaba em “panos quentes” para não dar

trabalho à gestão.

Medo pela sua vida, já que o professor sabe

que caminhará sozinho essa empreitada.

Deixando bem claro que os três fatores acima

são situações verificadas na prática, em dife-

rentes escolas, também tenho claro que al-

guns professores levam o caso até o fim. E ai

sim, os artigos acima são cumpridos.

Se realmente quisermos acabar (ou diminuir) a

situação da violência nas escolas, precisare-

mos agir através das duas frentes. A escola

fazendo seu papel que é ensinar. Trabalhar

com ações preventivas, projetos e mediações

e, a segunda, o processo judicial. Também é

preciso amargar horas na delegacia, prestar

depoimento e ir até o fim. Não é justo um jo-

vem arremessar uma cadeira sobre alguém e

ficar tudo bem. Não é justo um menor riscar

um carro inteiro e ficar tudo bem. Não é corre-

to um jovem dar um soco na cara de um pro-

fessor e ficar tudo bem. Alguma coisa precisa

ser feita, e com urgência.

Sem querer apresentar um discurso reacioná-

rio, mas, também sem querer colocar o agres-

sor em papel de vítima. Precisamos aprender

a analisar cada caso como um caso. Também

precisamos aprender a parar de querer justifi-

car os erros dos outros. Não é porque João é

órfão, tem dislexia, é pobre, subnutrido, ou o

que quer que seja que isso lhe dá o direito de

socar um professor, e, portanto, está tudo

bem.

Não é porque o menor é abusado pelo pai ou

pela mãe que isso lhe dá o direito de tocar o

terror na escola e violentar seus colegas e pro-

fessoras. Se o convívio social com esses me-

nores é insuportável, então, que eles sejam

retirados da escola e encaminhados para al-

gum outro centro especializado. Escola não é

consultório médico, reformatório, centro de de-

tenção, centro de reintegração social, prisão

ou hospício (ainda que quase diariamente eu

escute o contrário).

Precisamos discutir abertamente com a socie-

dade o que acontece entre os muros da esco-

la. Precisamos abrir as portas da escola para

que todos saibam o que se passa em uma sa-

la de aula, o que podemos e o que não pode-

mos fazer. Quem sabe assim consigamos um

pouco mais de paz nas nossas aulas? O que

você acha?

Infelizmente as pessoas esquecem rápido o

que acontece e tudo voltará ao normal ama-

nhã quando bater o sinal, afinal, temos que

atingir as metas de qualidade da educação.

Links para as reportagens citadas:

https://goo.gl/WG468N

https://goo.gl/WvjpoZ

Autor: Ivan Claudio Guedes

Geógrafo e Pedagogo

[email protected]

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Outubro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 10

Segurança Internacional Irresponsabilidade

Referente a atual conjuntura geopolí-tica, o mundo está ameaçado de novamente ver armas nucleares serem usadas em guer-ra. Depois de os Estados Unidos, 24 anos de-pois do fim da guerra fria, inventaram de im-por sanções à Rússia devido à crise na Ucrâ-nia, o mundo parece ter regredido às véspe-ras da Primeira Guerra Mundial.

Mas a Coreia é uma nação que existe desde aproximadamente 2300 anos antes de Cristo, com história recheada de conflitos. Já foi dominada pela China durante muito tempo, já foi dividida em três reinos, já foi invadida pelos mongóis, no século 16 um exército de japoneses (samurais) invadiu a Coreia com o objetivo de conquistar a China para o Japão, e os coreanos derrotaram os japoneses no mar. No século 19, o Japão e a Rússia dispu-taram a Coreia e no começo do século 20, o Japão derrotou a Rússia numa guerra pela Coreia, que foi anexada ao Japão em 1910. Por mais que eu simpatize com o Japão, eu não posso deixar de reconhecer os erros da-quele país no passado. O Japão foi muito cru-el com a Coreia entre 1910 e 1945.

Essa divisão da Coreia em duas, é al-go dentro do contexto da guerra fria, igual ao que aconteceu com a Alemanha. Sendo os Estados Unidos e a União Soviética os dois grandes vencedores da Segunda Guerra Mundial, a atual Coreia do Norte foi ocupada por tropas soviéticas e a atual Coreia do Sul foi ocupadas por tropas americanas, com o objetivo de expulsar as tropas japonesas de lá. Ambos os governos na dividida Coreia se formaram em 1948, e ambos queriam unificar o país sob o seu regime. Sendo assim, eu en-tendo que os responsáveis pelo problema co-reano são os governos americanos e russos, mais os americanos. A Coreia do Sul também foi uma ditadura militar, de direita. Entre 1961 e 1979, Park Chung Hee foi ditador repressor na Coreia do Sul e apoiado pelos “fanáticos

missionários” da democracia, os Estados Uni-dos, os grandes moralistas.

A Coreia do Norte é o único país que seguiu adiante com a rivalidade ferrenha con-tra os Estados Unidos herdada da guerra fria. E por que? Os ressentimentos contra os Esta-dos Unidos são por causa da guerra na Corei-a nos anos 50, o primeiro conflito armado da guerra fria. Segundo o que consta na reporta-gem no site da BBC Brasil do dia 09 de se-tembro de 2017, o ex-secretário de Estado americano Dean Rusk comentou sobre a Operação Estrangular, sobre bombardear tudo que se movia na Coreia do Norte. Pouco depois do início da guerra, a China, temendo o avanço dos Estados Unidos rumo às suas fronteiras, decidiu sair em defesa da Coreia do Norte, sua aliada. Os soldados a-mericanos começaram a sofrer cada vez mais baixas por conta dos ataques das Forças Ar-madas chinesas, que não eram tão bem equi-padas quanto as dos Estados Unidos, mas muito mais numerosas. "Para o comando a-mericano, era vital interromper os suprimentos enviados por chineses e soviéticos que permi-tiam a Coreia do Norte manter seus esforços bélicos". Foi então que o general MacArthur, herói da Segunda Guerra Mundial no Pacífico, decidiu dar início a sua "tática de terra arrasa-da". Foi o marco do início da guerra total con-tra a Coreia do Norte. A partir desse momen-to, todas as cidades e vilarejos passaram a receber a visita diária dos bombardeiros ame-ricanos B-29 e B-52 e sua carga mortal de na-palm, nome dado a um conjunto de líquidos inflamáveis. Ainda que MacArthur tenha caído em desgraça pouco depois, sua estratégia continuou a ser aplicada. O general Curtis Le-May, chefe do Comando Aéreo Estratégico durante o conflito, declarou muito anos de-pois: "Aniquilamos cerca de 20% da popula-ção".

Considerando o que está descrito na re-portagem no site da BBC Brasil, o rancor nor-te-coreano contra os Estados Unidos não é gratuito. Independente do Regime norte-coreano instituído por Kim-Il-sung (avô do atu-al líder Kim-Jong-un) ser moralmente errado* (na minha opinião), os líderes americanos também não agiram de forma moralmente correta com a Coreia do Norte. Durante a ad-ministração Bill Clinton nos anos 90, os Esta-dos Unidos podiam muito bem ter se empe-nhado em tentar fazer um acordo de paz com Kim Il-sung ou em caso de impossibilidade

absoluta de um acordo de paz, então ter der-rubado de uma vez por todas o regime de Kim naquela época em que a vantagem americana era maior, teria sido melhor do que ficar im-pondo sanções e deixado a situação chegar até onde chegou, com risco de uma guerra nuclear. Imaginem, se a Força Aérea america-na destruir os reatores nucleares da Coreia do Norte, e a radiação não só vai atingir a popu-lação norte-coreana como provavelmente vai alcançar a Coreia do Sul, a China e a Rússia também. Talvez o Japão também. Sem falar na invasão de refugiados norte-coreanos tan-to para a China quanto para a Rússia. Os Es-tados Unidos estão do outro lado do Oceano Pacífico, mas a Rússia, a China, a Coreia do Sul e o Japão são vizinhos da Coreia do Nor-te. A China e a Rússia vão ter problemas com um bombardeio americano lá na Coreia do Norte, é claro que não querem que os Esta-dos Unidos ataquem. Foi uma tremenda irres-ponsabilidade geopolítica dos Estados Unidos ficar impondo sanções à Coreia do Norte, co-mo se quisessem reserva-la para uma guerra futura, quando fosse conveniente aos Estados Unidos, além de terem pretexto para manter soldados em território sul-coreano. Já que os Estados Unidos não sentem vergonha de se-rem aliados da Arábia Saudita e de apoiar di-taduras de direita, então deviam ter tentado demonstrar boa vontade à Coreia do Norte já nos anos 90. E hoje ficam hipocritamente res-ponsabilizando a China pelo problema norte-coreano. O Sr. Donald Trump, com a sua i-nexperiência política e diplomática, já discur-sou na tribuna da ONU ameaçando destruir completamente a Coreia do Norte. Esse ho-mem tem atualmente 71 anos, e não tem juízo na cabeça. Ele quer ser o responsável por um genocídio? O outro megalomaníaco lá na Co-reia do Norte tem atualmente 33 anos, mas dele eu não espero bom-senso, pois ele não tem nada a perder. É claro que, numa guerra convencional, os americanos venceriam os norte-coreanos em poucas semanas, se não houver intervenção chinesa e/ou russa em a-poio ao lado norte-coreano. Certamente Pyongyang usaria a sua primeira ogiva nucle-ar contra o Japão. E, mesmo que não use ar-mas nucleares, haveria uma enorme perda de vidas. Se a China e a Rússia entrassem do lado de Pyongyang, seria a Terceira Guerra Mundial. Espero que fiquem só na troca de ameaças.

João Paulo E. Barros

Rádio web

CULTURAonline Brasil

NOVOS HORÁRIOS e NOVOS PROGRAMAS

Prestigie, divulgue, acesse, junte-se a nós !

A Rádio web CULTURAonline Brasil, prioriza a Educação, a boa Música Nacional e programas de interesse geral sobre sustentabilidade social, cidadania nas temáticas: Educação, Escola, Professor , Família e Sociedade.

Uma rádio onde o professor é valorizado e tem voz e, onde a Educação se discute num debate aberto, crítico e livre. Mas com responsabilidade!

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Outubro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 11

Precisamos falar sobre ódio na internet

O debate sobre como coibir o avanço de

discursos que fomentam o racismo, a xe-

nofobia, o machismo e outras formas de

preconceito no meio digital é urgente e

fundamental

Por: Paulo Rogério Nunes*

Casos recentes de discriminação racial a pes-soas conhecidas do público como as atrizes Taís Araújo e Cris Vianna, a jornalista Maria Júlia Coutinho e a miss Brasil 2017, Monalysa Alcântara, escancararam junto à sociedade brasileira um mal crescente nos dias atuais: o discurso de ódio na internet. Os insultos racis-tas a que todas foram submetidas e as mani-festações covardes de agressores, no entan-to, não caracterizam um problema exclusiva-mente nacional. O tema é algo tão alarmante e abrangente que, no mês de junho deste a-no, a Universidade Harvard, nos Estados Uni-dos, por meio do Berkman Klein Center, pro-moveu um encontro internacional para deba-ter os diversos aspectos envolvidos na mani-festação do racismo digital.

Pesquisadores de várias partes do mundo e representantes das empresas do Vale do Silí-cio discutiram sobre caminhos para coibir o avanço de discursos que fomentam o racis-mo, a xenofobia, o machismo e outras formas de preconceito. Cada país tem a sua legisla-ção própria, mas o sentimento comum aos participantes no evento foio de que é preciso agir em duas frentes de urgência. Primeiro, cobrar de empresas de tecnologia uma postu-ra mais proativa e, segundo, sensibilizar siste-mas judiciários para que sejam rápidos em suas punições, quando essas violações forem comprovadas.

O que acontece atualmente é que, em meio a perfis falsos, comentários raivosos ehash-tags discriminatórias, há grupos organizados que se aproveitam do anonimato para incitar atos de violência. O discurso é o primeiro pas-so para ações mais radicais. No livro Cyber Racism: White Supremacy Online and the New Attack on Civil Rights, ainda sem tradu-ção no Brasil, a pesquisadora Jessie Daniels argumenta que o racismo digital é a porta de

entrada para um universo de outros crimes que podem levar a ações de violência física, como vimos recentemente em Charlottesville, nos Estados Unidos.

Nesse sentido, costumo propor uma reflexão simples: você já parou para pensar que a pes-soa escondida atrás do computador para es-crever comentários racistas pode ser a res-ponsável pelo setor de recursos humanos de uma empresa que, “coincidentemente”, não contrata negros? Não é por acaso que, se-gundo o Instituto Ethos, mulheres negras ocu-pam menos de 1% dos cargos executivos nas 500 maiores empresas do Brasil.

O discurso racista nas redes sociais legitima a discriminação no cotidiano da vida real. Re-solver o problema do racismo “on-line” passa também por atacar a sua versão “off-line”. As duas dimensões estão conectadas e a ten-dência é que a fronteira entre elas seja cada vez menor.

Centros de pesquisas de universidades ameri-canas como MIT, Stanford e Harvard estão começando a discutir como a falta de diversi-dade na tecnologia pode influenciar uma es-calada ainda maior do racismo. A imensa ba-se de dados com discursos de ódio que esta-mos produzindo diariamente já está sendo uti-lizada por algoritmos de inteligência artificial/machine learning.

"Você já parou para pensar que a pessoa escondida atrás do computador para es-crever comentários racistas pode ser a

responsável pelo setor de recursos humanos de uma empresa que,

‘coincidentemente’, não contrata negros?"

Recentemente, a ONG Desabafo Social lan-çou uma campanha intitulada “Busca pela I-gualdade” e mostrou que já existem sistemas de busca de imagem que não mostram pesso-as negras em algumas categorias como "família" e "bebê". Há também dispositivos com sensores que não funcionam em pele ne-gra e o risco de que os sistemas de big da-ta (grande conjunto de dados) influenciem de-cisões com base em concepções racistas. E existe ainda o caso de um ”robô virtual” que interagia em uma rede social fazendo apologi-a do nazismo.

Vale lembrar reportagem de 2016 do jor-nal The Guardian, que cita o primeiro concur-so de beleza internacional a utilizar inteligên-cia artificial como júri. O que era para ser ab-solutamente imparcial acabou quase que ex-cluindo pessoas de pele escura. Isso ocorreu porque o software Beauty.AI, usado na sele-

ção, estabeleceu padrões de beleza a partir de bancos de dados com pouca diversidade étnica. Outro exemplo é o aplicativo FaceApp, que tinha um filtro para “deixar as pessoas atraentes”, mas que, na prática, foi acusado de clarear a cor da pele e ajustar fotos ao pa-drão fenotípico europeu.

Os exemplos são tantos que a preocupação com a falta de diversidade na tecnologia levou a estudante do MIT Joy Buolamwini a criar uma organização para alertar a sociedade so-bre o tema. Em sua famosa palestra na plata-forma TED, ela faz a denúncia de que um al-goritmo de reconhecimento facial não identifi-ca seu tom de pele. No vídeo, Joy, que é ne-gra, mostra que só consegue ser reconhecida pela câmera do computador quando, literal-mente, usa uma máscara branca.

Seja no sistema bancário, saúde ou na segu-rança pública, essas tecnologias estarão ain-da mais presentes em nosso dia a dia. Um relatório do Citibank, em parceria com a Uni-versidade de Oxford, revela que 47% dos em-pregos nos EUA já estão correndo risco de ser substituídos por inteligência artificial. Os números são ainda maiores em países em desenvolvimento. Como então evitar que as máquinas “aprendam” a reproduzir o racismo do nosso cotidiano?

No ano passado, o YouTube lançou uma série de ações para promover a diversidade de nar-rativas em sua plataforma, reunindo jovens negras com celebridades para impulsionar seus canais. Nos EUA, programas co-mo Black Girls Code tentamcriar uma geração de profissionais para um Vale do Silício que tem menos de 5% de pessoas negras. No Brasil, sites como o Correio Nagô ajudam a ampliar vozes sub-representadas por meio do jornalismo digital. E em Salvador, estamos criando o Vale do Dendê um ecossistema com empreendedores de economia criativa e digital com mais diversidade.

Os casos de racismo digital não são isolados. Eles fazem parte de um problema sistêmico, com consequências graves. Precisamos, in-dependentemente da cor da pele, incentivar mais diversidade de vozes no mundo digital e denunciar o racismo institucional que impede a melhoria da vida de milhões de pessoas, quando não as ceifa violentamente. É neces-sário, portanto, agirmos rápido contra o dis-curso de ódio, enquanto há tempo.

*Paulo Rogério Nunes é publicitário, consultor em

diversidade na Casé Fala e afiliado ao Berkman Klein Center

da Universidade Harvard

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Bem estar social

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Outubro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 12

Datas comemorativas 01 - Dia Internacional da Música

12 - Dia das Crianças

Esta data tem o objetivo de homenagear uma das formas de arte mais apreciadas pelas pessoas: a música. A música exerce uma profunda influência nos seres humanos, sendo capaz de emocionar, alegrar, surpreender, aterrorizar e etc. Consegue despertar todos os sentimentos, até os mais profundos. A música sempre esteve presente na história da humanidade, desde as tribos mais primitivas de seres humanos, seja como uma produção de cunho cultural e religiosa ou voltada exclusivamente para o entre-tenimento.

Este dia foi instituído em 1991 pela (ONU) Organização das Nações Unidas e tem como objetivo sensibilizar a sociedade para as questões do envelhecimento e da necessidade de proteger e cuidar a popula-ção mais idosa. A mensagem do dia do idoso é passar mais carinho aos idosos, muitas vezes esquecidos pela sociedade e pela família.

No Dia Internacional do Idoso decorrem várias iniciativas para a popu-lação idosa, nomeadamente palestras, sessões de atividade física e workshops de artes manuais.

Em 2016, o 26º. Dia Internacional das Pessoas Idosas celebrado pela ONU tem o tema: "Tome uma posição contra o envelhecimento".

A data tem o objetivo de homenagear e lembrar da importância que este pequeno inseto possui para o bem-estar dos seres humanos, sendo o único animal do planeta capaz de produzir o mel - considera-da a primeira substância adocicada utilizada pelo homem na antigui-dade. Não nos esquecendo também de sua importância na poliniza-ção e sua importância na produção dos alimentos.

Não se sabe ao certo como surgiu o Dia Nacional das Abelhas no pa-ís, mas a data já faz parte do calendário oficial de datas comemorati-vas do Ministério do Meio Ambiente.

A data destaca a importância que os animais têm na vida dos seres humanos e do planeta Terra, ressaltando o respeito e o compromisso que todos os seres humanos devem ter com o meio ambiente.

O Dia dos Animais é amplamente comemorado pela Igreja Católica. Em muitas paróquias são rezadas missas, onde os donos podem le-var seus animais para receberem uma bênção especial.

A educação infantil deve ser direcionada desde cedo para a conscien-tização da importância de proteger e valorizar os seres que habitam o nosso meio ambiente, sejam os animais domésticos (cães e gatos, por exemplo), até mesmo os selvagens (leão, tigre, elefante e etc).

A existência de todas as espécies é essencial para o equilíbrio da ca-deia alimentar de um ecossistema.

Esta data é dedicada a conscientizar a sociedade a refletir sobre mé-todos sustentáveis de utilizar o meio ambiente, sem danificá-lo. Por natureza, entende-se tudo aquilo que existe no planeta Terra e que não é produzido pelo ser humano, como a terra, a água, as árvo-res, a atmosfera, os animais e etc. Para celebrar o Dia da Natureza, escolas e a Secretaria Especial do Meio Ambiente realizam campa-nhas e lançam projetos que incentivem a população a refletirem sobre a importância da natureza para o constante desenvolvimento e sobre-vivência humana. No Dia da Natureza também é celebrado o Dia dos

Animais, no Brasil. O dia 4 de outubro também é o Dia de São Fran-cisco de Assis, o padroeiro da ecologia.

Esta data celebra os direitos das crianças e adolescentes, ajudando a conscientizar as pessoas (os pais, em especial) sobre os cuidados necessários durante esta fase da vida. Deveria servir para isso, mas infelizmente foi adulterada pelo ‘mercado’, a tornando uma data des-virtuada de sua finalidade e a transformando em comércio.

Esta data foi oficializada nacionalmente como feriado escolar através do Decreto Federal nº 52.682, de 14 de outubro de 1963.

O Decreto define a razão do feriado: "Para comemorar condignamen-te o Dia dos Professores, os estabelecimentos de ensino farão promo-ver solenidades, em que se enalteça a função do mestre na socieda-de moderna, fazendo participar os alunos e as famílias".

A comemoração começou em São Paulo, onde quatro professores tiveram a ideia de organizar um dia de parada para comemorar esta data, e também traçar novos rumos para o próximo ano.

A data foi comemorada oficialmente pela primeira vez em 1992, com o objetivo de alertar a população para a necessidade de defender um direito básico do ser humano.

Antes, a 17 de outubro de 1987, Joseph Wresinski, o fundador do Mo-vimento Internacional ATD Quarto Mundo, convidou as pessoas a se reunirem em honra das vítimas da fome e da pobreza em Paris, no local onde tinha sido assinada a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ao seu apelo responderam cem mil pessoas.

A erradicação da pobreza e da fome é um dos oito objetivos de de-senvolvimento do milênio, definidos no ano de 2000 por 193 países membros das Nações Unidas e por várias organizações internacio-nais.

Neste dia se dá voz aos pobres e se unem esforços para acabar com a pobreza. O tema de 2016 é "Passando da humilhação e da exclu-são para a participação: acabando com a pobreza em todas as suas formas".

O livro pode ser uma fonte inesgotável de conhecimento, transportan-do os leitores para os lugares mais espetaculares da imaginação hu-mana, além de informar e ajudar a diversificar o vocabulário das pes-soas.

Os livros surgiram há centenas de anos e, desde então, continuam maravilhando as gerações com contos fantásticos e registrando os principais acontecimentos da história da humanidade.

No Brasil ainda se comemora o Dia Nacional do Livro Infantil, em 18 de abril, uma homenagem ao escritor Monteiro Lobato, que nasceu nesse dia.

A data homenageia o Saci-Pererê, figura mitológica do imaginário folclórico brasileiro. O Dia do Saci foi criado com o intuito de ajudar a valorizar o folclore nacional, ao invés do Dia das Bruxas (Halloween), que é celebrado no mesmo dia e que nada tem a ver com a cultura do Brasil.

Fonte: Callendar

01 - Dia Internacional das Pessoas Idosas

03 - Dia das Abelhas

15 - Dia do Professor

31 - Dia do Saci

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04 - Dia dos Animais

04 - Dia da Natureza

29 - Dia Nacional do Livro

17 - Dia Internacional Erradicação Pobreza

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Outubro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 13

Direitos Humanos

Quem vive em paz, dorme em sossego,

* * *

Quem viver no inferno, se acostuma com o diabo.

* * *

A vida vale mais que um punhado de moe-das.

* * *

Vida e confiança só se perde uma vez.

* * *

Aquele que despreza sua vida é senhor da nossa.

* * *

Quem sua vida complica, seus cuidados multiplica.

* * *

Quem viver verá as voltas que o mundo dá.

Desconheço o autor

Agora frases com autoria reconhecida

David Bowie: “Não sei para onde vou da-qui, mas prometo que não vai ser chato.”

* * *

David Bowie, de novo: “Aproveite cada mo-mento. Não estamos evoluindo. Não esta-

mos indo a lugar algum.”

* * *

David Bowie: “A verdade, é claro, é que não há jornada alguma. Estamos chegando

e partindo tudo ao mesmo tempo.”

* * *

Bob Marley: “A vida é para quem topa qualquer parada. Não para quem para em

qualquer topada”.

* * *

Álvaro Moreyra: “A vida é uma lenda cheia de histórias que ninguém entende. Cada

um conta do seu jeito. E o jeito de cada um é uma ilusão intransferível”.

* * *

Adélia Prado: “O sonho extravasou a noi-te / Extravasou pro meu dia / Encheu minha

vida / E é dele que eu vou viver / porque sonho não morre”.

* * *

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Considerar e tolerar

“Consideração se refere à ação e ao efeito

de considerar”

Olhar, pesar, refletir sobre algo ou alguém, res-

peitar... enfim..Agir com consideração pode ser

algo natural , que pode fazer parte de alguém,.

Pode ser racional, intencional, e até instintivo.

Agir com consideração tem a ver com o olhar

que temos do outro, com bondade, com des-

prendimento. Quando agimos assim estamos

nos conectando a pessoas ou situações, de

maneira que acolhemos o outro através de u-

ma ação, que fará bem não só aquele que está

sendo alvo desse gesto, mas a nós que estare-

mos agindo com empatia, e nossa alma agra-

dece qualquer coisa que nos faça sentir melhor

e que faça o outro se sentir acolhido, importan-

te e com sua autoestima melhorada. Conside-

rar alguém é ter respeito e estima por aquela

pessoa. Considerar sobre algo, é pensar a res-

peito.

Pensar nas necessidades do outro, se colocar

no lugar, usar de sensibilidade para não mago-

ar, ser gentil, saber ouvir. Estamos agindo com

consideração também quando cuidamos de

nós e de nossas atitudes. Ter consideração po-

de ser também por um grupo de pessoas, por

uma coletividade. Já a falta de consideração

implica não se importar com nada nem nin-

guém. Tomar atitudes que são dotadas de ego-

ísmo, pois pensamos apenas em nós. É des-

considerar o que afeta o outro. Não se importar

com atitudes e desrespeito.

Vemos a desconsideração acontecendo o tem-

po todo, principalmente quando vemos o des-

respeito aos Direitos Humanos, o desprezo pe-

la lei e seu descumprimento. As desigualdades

e a injustiça social, são consequências da falta

de consideração aos direitos básicos e funda-

mentais do ser humano. Quando pensamos em

separar o nosso lixo, em economizar o uso da

água, em comprar menos, usar menos o carro,

coisas que podem fazer a diferença no planeta,

estamos tendo consideração com o meio ambi-

ente. Quando respeitamos os idosos, as crian-

ças, o adolescente, quando não praticamos o

preconceito e acolhemos as minorias, estamos

agindo com consideração. O tempo todo esta-

mos reflexionando sobre algo e ao fazer isso

uma atitude é tomada, e essa atitude pode ser

de consideração ou não. Ao contrário do que

muitos falam por aí, não acho que a considera-

ção esteja fora de moda, acredito que talvez

ela não seja tão praticada quanto deveria, mas

não perco a esperança de acreditar que as

pessoas se importam e a empatia continua e-

xistindo.

Levar em consideração os sentimentos dos ou-

tros não é algo que todos façam sem-

pre.Estamos fazendo isso cada vez que prati-

camos a alteridade, “do latim alteritas, alterida-

de é a condição de ser outro.” Conhecendo e

aprendendo com as diferenças. Existe uma

vontade de compreender o outro, e essa com-

preensão irá facilitar as relações e o entendi-

mento. A consideração leva também a praticar-

mos a tolerância. . A palavra chave que define

Tolerância é respeito. Respeito ao diverso, a

posturas, crenças, ideias, modo de viver, res-

peito às escolhas individuais, ainda que seja

totalmente diferente daquilo que acreditamos

ser o certo. A tolerância é a harmonia na dife-

rença. Não só é um dever de ordem ética; é

igualmente uma necessidade política e jurídica.

A tolerância é uma virtude que torna a paz pos-

sível e contribui para substituir uma cultura de

guerra por uma cultura de paz. Podemos afir-

mar que a tolerância está ligada aos direitos

fundamentais básicos, que nada mais são que

os direitos universais. Sendo assim está intima-

mente ligada aos direitos humanos, uma vez

que é o que dá a base desses direitos. Ser to-

lerante não é aceitar tudo, nem concordar com

tudo simplesmente. Tolerar é ter respeito pelo

que é diferente, por outras opiniões, é entender

que posso ter minhas ideias e que o outro tem

essa mesma liberdade de se expressar e de

agir, sem que com isso eu deva me sentir ofen-

dido.

O mundo contemporâneo pratica o individua-

lismo, tratando as relações de maneira mais

superficiais e com isso não prestando atenção

ao que ocorre com o outro, ou com o que se

passa ao seu redor, tem dificuldade de olhar

além de si mesmo. Essa forma de estar e de

ser não nos permite praticar a consideração e

a tolerância com mais empenho e com a fre-

quência que deveríamos.

A consideração e a tolerância nos leva a viver

mais harmonicamente e de forma menos desi-

gual e mais solidária, levando ao êxito dos vín-

culos interpessoais.

Mariene Hildebrando

e-mail: [email protected]

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Outubro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 14

Cultura simbólica

D. PEDRO I E A QUESTÃO

DINÁSTICA EM PORTUGAL

Loryel Rocha

A Independência do Brasil foi construída pela

maçonaria, conforme atesta o historiador ma-

çon José Castellani (in: História do Grande

Oriente do Brasil- a Maçonaria na História do

Brasil), fato que tem sido minimizado ou esca-

moteado pela historiografia nacional. Trata-

se, portanto, de um projeto revolucionário.

Até o presente os reais meandros e objetivos

desse projeto nunca foram devidamente estu-

dados.

Um deles diz respeito a questão dinástica em

Portugal definida pelas Cortes de Lamego,

convocadas por D. Afonso Henriques em

1139, onde se estabeleceu as leis para regu-

lar a sucessão dinástica de Portugal. Nessa

lei, as mulheres tinham direitos de sucessão

ou seja, poderiam ser rainhas, mas, não po-

deriam casar com estrangeiros. Eis a razão

pela qual D. Maria I, mãe de D. João VI e avó

de D. Pedro I foi a primeira e única rainha ver-

dadeira e legítima de Portugal, pois, a filha de

D. Pedro I - D. Maria II- não poderia ter sido

rainha de Portugal. Explicação abaixo.

Desde Lamego, as regras para a sucessão

dinástica de Portugal são seguidas fielmente,

e quando existe alguma questão que impeça

a sucessão são convocadas as Cortes que,

via de regra, deliberam conforme o subscrito

em Lamego. Portugal teve uma instituição só-

lida chamada Coroa, instituição que o Império

do Brasil NUNCA teve e sequer a elaborou,

priorizando o monarca ao invés da Instituição

da Coroa.

Um dos gargalos mal explicados que envol-

vem a Independência do Brasil, refere-se pre-

cisamente à questão da sucessão dinástica

de Portugal. Ao declarar a Independência e

declarar-se Imperador do Brasil, D. Pedro (I)

naturalmente se fez voluntariamente estran-

geiro e, portanto, não poderia pretender ser

REI de Portugal e IMPERADOR do Brasil ao

mesmo tempo, pois, contraria frontalmente o

que determina as Cortes de Lamego.

Assim, o sucessor à coroa de D. João VI não

poderia ser D. Pedro e sim D. Miguel, seu ir-

mão. Mas, após a morte de D. João VI, de

modo atrabilhário, D. Pedro I reivindica para si

o direito de herdar o trono português e esta-

belece conversações com seu irmão, D. Mi-

guel para chegar a um termo comum propon-

do que este se case com sua filha, uma crian-

ça. D. Miguel "aceita" casar com a sobrinha e

ao chegar em Portugal é reconhecido pelo po-

vo como verdadeiro rei. Diante disso, D. Mi-

guel como regente convoca Cortes e é reco-

nhecido pelas Cortes como rei de Portugal.

Isso deflagra uma guerra de D. Pedro I contra

D. Miguel, que entronizado como verdadeiro

rei contrariava frontalmente o projeto da ma-

çonaria brasileira.

D. Pedro I após a morte de D. João VI, contra-

riando a Constituição que aprovara e as Cor-

tes de Lamego, foi para Lisboa assumir o Tro-

no de seu pai, auto-intitulando-se D. Pedro IV,

o 27° rei de Portugal. Essa bizarrice de acu-

mular duas coroas o levou a "abdicar" do Tro-

no de Portugal em favor de sua filha, Maria da

Glória. Mas, como se abdica de um Trono que

já não lhe pertence? Curiosamente, em 1831,

D. Pedro I "abdica" a favor de seu filho Pedro

(II). Assim, os mentores do projeto revolucio-

nário da Independência do Brasil, num golpe

de mestre, tem as duas Coroas nas mãos: do

Brasil e de Portugal, ou acha que as tem. A-

pós a renúncia como Imperador, D Pedro I

retorna para Portugal, onde lutou para restituir

a D. Maria ao Trono, que, dizem os revolucio-

nários, havia sido tomado por D. Miguel I, que

com esse ato havia banido os revolucionários

de Portugal. D. Miguel é deposto.

A Independência do Brasil é um golpe de Es-

tado seguido de outro golpe de Estado, a Re-

pública. Uma das intenções ocultas por trás

deste golpe ao transformar o Brasil em

"Império" era tomar de assalto a Coroa Portu-

guesa que era Reino Unido. A verdadeira his-

tória da Independência do Brasil ainda está

por ser escrita. A história do Brasil é uma his-

tória panfletária porque baseada em mentiras

e omissões vergonhosas.

Abaixo, iconografia de D. Pedro usando os

títulos de Imperador do Brasil e Rei de Portu-

gal e Algarves, composição artística que evi-

dencia o plano revolucionário maçônico de

tomar Portugal para o Brasil. D. Pedro Imperador do Brasil e Rei de Portugal e Algarves

"D. Miguel I. : obra a mais completa e conclu-

dente que tem apparecido na Europa sobre a

legitimidade e inauferiveis direitos do senhor D.

Miguel I. ao throno de Portugal". Traduzida do

original francez by Bordigné, comte de; Mace-

do, José Agostinho de, 1761-1831; Saraiva,

António Ribeiro, 1800-1890; São Boaventura,

João de, b. 1786.

ATENÇÃO: Artigo mantido no original. Portu-

guês de Portugal

Numa sociedade movida à dinheiro e hipocrisia, encontramos pessoas propensas aos mais diversos rumos incluindo-se a devassidão. Cuidado com quem andas, pois tua companhia sumariza quem és. Não tenha medo de lutar pelo que acredita, apenas seja você mesmo nos mais diver-gentes momentos que possam surgir. Fazendo isto, certamente afetará os que estão à tua volta que não gostam do que veem. Saberão fazer a triagem do joio e do trigo. Só tome cuidado com o lado com que ficará, pois uma escolha errada pode te afetar drasticamente. Pense no seu futuro. Sua escolha hoje, será o seu futuro amanhã. Seja feliz, haja com honestidade sempre. Mas acima de tudo, cuidado com o que te tornarás!

Filipe de Sousa

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Outubro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 15

EUROPA hoje e ontem (artigo continuado)

Por: Michael Löwy

Sociólogo, é nascido no Brasil, formado em Ciências Sociais na Universidade de São Paulo, e

vive em Paris desde 1969. Diretor emérito de pesquisas do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS). Homenageado, em 1994, com a medalha de prata do CNRS em Ciências Sociais, é autor de Walter Benjamin: aviso de

incêndio (2005), Lucien Goldmann ou a dialética da totalidade (2009), A teoria da revolução no

jovem Marx (2012) e organizador de Revoluções (2009) e Capitalismo como religião (2013), de

Walter Benjamin

Capitalismo e democracia na Europa

PARTE XXII

É porque os fundos e bancos europeus estão seriamente afetados pela crise grega que os abutres concordaram com um novo resgate por valor de 85 bilhões de euros, que o FMI considera insuficiente, para pagar esses credores, em primeiro lugar os credores dos bancos gregos. O resgate do Estado e da banca da Grécia será pago pelos trabalhadores da Grécia e de toda a Eurozona.

O novo plano imposto aos gregos repete quase todas as cláusulas fracassadas dos dois planos anteriores, aprovados em 2010 e 2012: “Confrontada com a possibilidade de sair da zona do euro em poucas horas, a Grécia de Alexis Tsipras aceitou fazer em um par de meses aquilo que não fez em cinco anos”.[53] Mas o novo acordo também inclui uma nova cláusula, criando um fundo gerido pelos credores, para administrar os 50 bilhões de euros obtidos com a venda de ativos nacionais gregos. Com essas garantias, foi acordado o empréstimo de até 86 bilhões de euros à Grécia para os próximos três anos, euros dos quais Grécia não verá a cor nem sentirá o cheiro, pois irão direito para os bancos credores do país. Como constatou Joseph Stiglitz: “A exigência (por parte dos credores) de que a Grécia chegue a um superávit fiscal de 3,5% antes de 2018 é uma garantia de que o país seguirá vivendo sob uma depressão… Não consigo pensar numa depressão, em altura alguma, que tenha sido tão deliberada e tenha tido consequências tão catastróficas. A taxa de desemprego juvenil na Grécia, por exemplo, é hoje superior a 60%”.[54]

O Parlamento grego aprovou o novo acordo com 229 votos a favor, incluindo o apoio dos partidos de direita que defenderam o “sim”, e 64 votos contra, incluindo 32 deputados do Syriza. Houve ainda seis abstenções. O acordo foi igualmente aprovado nos parlamentos francês e alemão. Após o Parlamento de a Grécia aprovar o acordo, o Eurogrupo liberou a 26 de julho € 7 bilhões; e o BCE aumentou os créditos de emergência para os bancos gregos: “O Eurogrupo celebra a adoção pelo parlamento grego de todos os

compromissos especificados na cúpula de 12 de julho”, declarou o grupo dos 19 ministros do bloco europeu. Pouco depois, o órgão anunciou que concordava em dar início às negociações para o terceiro programa de resgate financeiro à Grécia até 2018, com dinheiro desembolsado pelo Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira. O presidente do BCE, Mario Draghi, anunciou um aumento até € 900 milhões do limite de empréstimos de emergência para os bancos gregos durante uma semana, afirmando: “Um alívio da dívida grega é necessário, isso é indiscutível”. Segundo os ministros da zona do euro, o governo de Atenas implementou o primeiro conjunto de medidas “a tempo e de modo satisfatório”.

Apesar de Tsipras ter conseguido apoio de 229 deputados a favor do acordo com a troïka, a votação parlamentar evidenciou um racha dentro de Syriza, pois 32 de seus deputados votaram contra. Sua juventude emitiu um pronunciamento: “A ineficácia do aparato partidário (Partido e Juventude) foi decisiva. A não convocatória do Comitê Central de Syriza antes da passagem das medidas pelo voto parlamentar transferiu todo o peso de decisão para instituições desautorizadas, como o Grupo Parlamentar [de Syriza] e a consciência e responsabilidade individual de cada representante parlamentar. A atrofia dos corpos dirigentes do Partido e as decisões não adotadas de modo coletivo são dois aspectos de uma mesma relação”.[55] Entre as lideranças do Syriza que se posicionaram contra o acordo se encontra a p re s i d en t e do p a r l ame n to , Zo e Konstantopoulou, bem como os ministros da Segurança Social, Dimitris Stratoulis, o vice ministro da Defesa, Kostas Isijos, e o ministro da Energia e do Ambiente, Panayotis Lafazanis.

A assinatura do acordo do premiê com os credores europeus gerou uma revolta da população. Na quarta feira 15 de julho os manifestantes voltaram às ruas de Atenas para protestar contra a austeridade. Com gritos de “oxi, oxi, oxi” (não, não, não), milhares de pessoas voltaram a lembrar da vitória do referendo realizado em 5 de julho. No meio da brutal crise política, Alexis Tsipras remodelou seu gabinete, em meio ao racha dentro de seu partido após a assinatura do novo acordo de austeridade, excluindo do governo os representantes que se posicionaram contra ele. O antigo ministro do Trabalho, Panos Skurtis, substituiu Panagiotis Lafazanis à frente da pasta de Energia (Panagiotis foi um dos 32 deputados do Syriza que votou contra as reformas).

O ministro das Reformas Administrativas, George Katrougalos, passou a ocupar a chefia do Ministério do Trabalho. Tryfon Alexiadis, especialista em impostos da União, tomou o cargo de vice-ministro das Finanças de Nadia Valavani, que pediu demissão. Euclidis Tsakalotos permaneceu no posto de Finanças, após substituir Yanis Varoufakis, que também renunciou. Christoforos Vernardakis foi nomeado vice ministro da

Defesa e a legisladora Olga Gerovassili foi indicada como a nova porta-voz do governo. O ministro do Interior, Nikos Voutsis, afirmou que Grécia poderia realizar eleições legislativas antecipadas em “setembro ou outubro”.

A remodelação governamental expressou a forte virada política do governo grego, que passou de promover o não no referendo a defender a aceitação de outro plano de resgate muito mais confiscatório para Grécia, em menos de uma semana. O governo de coalizão grego e Syriza ficaram sob uma pressão que os conduz à crise e a explosão. A passagem do parlamentarismo para um sistema de governo plebiscitário, no caminho do bonapartismo, se esgotou em pouco mais de um mês. A troïka europeia sabe que não existe saída econômica para a crise, por isso não vacilou em deflagrar uma blitzkrieg para tentar produzir uma mudança de regime político. Do lado do movimento popular grego, os partidos revolucionários começaram a sair da sua relativa marginalidade política e a ganhar autoridade para atuar com maior destaque e evidência nos acontecimentos futuros: a clarificação programática em torno da questão da União Europeia e do euro, o terremoto político que significou a capitulação do Syriza e o início de uma rebelião no interior do partido, são a base política objetiva para uma recomposição da esquerda grega. E não só grega: já existe um racha na esquerda europeia sobre a questão grega, evidente e público, por exemplo, no Partido Comunista Francês.

Europa enfrenta agora a possibilidade de uma crise revolucionária no sul do continente, que poderia ser uma ponte para as crises do Oriente Médio. China e Rússia assistiram à crise grega desde a arquibancada porque não têm os recursos nem o interesse de obstaculizar o Eurogrupo. China, porém, seria a maior beneficiária da privatização dos portos da Grécia, e portanto a primeira contribuinte ao fundo de resgate que busca criar a Alemanha com as privatizações. A Rússia, por sua vez, está paralisada pelo seu declínio econômico. As fantasias sobre a mediação financeira dos BRICs duraram o tempo de um suspiro. Grécia é, atualmente, não um caso isolado, mas o centro geográfico de uma crise geopolítica internacional abrangente: Ucrânia ao norte, Síria e Iraque (já parcialmente controlados pelo Estado Islâmico) no sul este, Líbia no sul. Uma crise incrementada pela descoberta de depósitos de petróleo e gás no leste do Mediterrâneo, que torna mais agudos os antagonismos locais e internacionais, com a esboçada reaproximação entre Atenas, Nicósia (Chipre), Tel-aviv e Cairo contra as ambições “neo-otomanas” do regime turco. Um verdadeiro barril de pólvora (inclusive nuclear) em uma região em que já existe um inferno bélico e humanitário, na Síria, Iraque, Líbia e Iêmen.

CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO

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AGORA AS COISAS ESTÃO SÉRIAS

NA SÍRIA.

EUA acusam as forças russas de atacar seus proxies

SDF no leste da Síria.

Graças à quebra do exército sírio do assédio

de três anos de Deir-Ezzor, a guerra pelo futu-

ro da Síria está de volta ao radar geopolítico.

Com os EUA acusando a força aérea russa

de atacar forças SDF dominadas por curdos a

leste do rio Eufrates, a guerra de informações

sobre o que realmente acontece na Síria está

aquecendo novamente.

Isso sempre ia chegar a isso. Desde o outono

passado com o reaproveitamento de Palmyra

e o início do cerco das forças da colizão con o

exército sírio (SAA) em Aleppo, a corrida para

Raqqa e Deir Ezzor foi militarmente.

A luta por Raqqa sempre esteve sobre a ótica

para os EUA. Sua libertação traria de volta

grandes manchetes para casa no GWoT –

Global War on Terror. Como Mosul, essas

operações foram projetadas para levar um ter-

ritório importante sem paralisar o Estado Islâ-

mico (ISIS), enquanto as rotas de fuga para

sua liderança foram deixadas abertas para

retração no Sudoeste da Síria.

Tanto a UGP iraquiana como as forças da co-

alizão SAA tiveram outras ideias sobre isso.

E, uma vez que os EUA derrubaram uma SU-

22 sírio em junho, houve uma clara falta de

conflito entre as forças aéreas sírias / russas

e americanas.

Mapa cortesia de Moon of Alabama

via weekend warrior.

Este avião foi abatido como um aviso para a

coalizão pró-Assad para não cortar a rota de

escape do ISIS para Deir Ezzor. Um olhar pa-

ra o mapa diz que essa ameaça caiu em sur-

dos.

Isso confirma que não houve estômago no

Pentágono para um confronto direto com os

russos sobre os céus da Síria. Até agora.

O Neocon Phoenix.

Como eu tenho contado por semanas, Donald

Trump fez um acordo com os Neocons. Ele

cedeu o controle da política externa de volta

para eles e para o Estado Profundo ao obter

concessões em partes de sua agenda domés-

tica que não ameaçam seus planos de longo

prazo.

Desde então, os Neocons correram mal. E

todos os dias é mais um pouco de bombardei-

o e provocação do canto deles. Nikki Haley

voltou a dizer “Assad deve ir”. Jatos israelen-

ses estão atacando alvos sírios depois que o

primeiro ministro Netanyahu teve um colapso

em Sochi, no qual o presidente russo, Vladi-

mir Putin, respondeu: “Boa sorte”.

Esta semana, Netanyahu viajou pessoalmente

para Sochi, na Rússia, para enfrentar Putin

com o mesmo aviso contundente sobre a in-

tenção de Israel de atacar alvos dentro da Sí-

ria se o Irã não remover suas forças.

Uma fonte familiar com a reunião me contou

que Putin respondeu com uma “boa sorte”

sarcástica e que os russos pensaram que Ne-

tanyahu, que se arrastava, apareceu

“transtornado”.

Então, essa acusação pública dos russos que

atacam as forças curdas é apenas uma outra

peça de propaganda neocon para justificar a

posição de negociação dos EUA no inevitável

assentamento político da Síria.

O Plano “B” sempre foi dividir as áreas ricas

em petróleo do Sudoeste da Síria e pressio-

nar o Grande Curdistão. Não é de admirar

que esta renovação do foco na Síria aconteça

uma semana antes do Referendo da Indepen-

dência Curda (25 de setembro), acontecerá

nos enclaves curdos no Iraque?

E redatou todos os lados no conflito. A Turqui-

a é agora um aliado russo, Israel e a Arábia

Saudita estão se tornando isoladas e seu de-

sespero está se mostrando. O Irã está fazen-

do amigos e prosperando apesar da pressão

financeira e política dos EUA.

E, o mais importante, a China se mudou for-

malmente para a região para colocar o peso

do que vem depois. De TASS:

… A porta-voz do Ministério das Relações Ex-

teriores da China, Hua Chunying, disse na re-

união formal regular de sexta-feira.

“O objetivo das conversas em Astana é aca-

bar com o derramamento de sangue na Síria.

É um quadro importante, juntamente com as

consultas em Genebra. A China ainda acredi-

ta que a questão síria deve ser resolvida ape-

nas através de métodos políticos – esta é a

única solução realista para a situação no pa-

ís”, observou.

… Anteriormente durante as negociações, a

China, Emirados Árabes Unidos, Egito e Líba-

no foram mencionados como possíveis países

observadores para a próxima rodada de nego-

ciações prevista para o outubro. [ênfase na

minha]

Os quatro países listados acima devem as-

sustar o dia de Netanyahu e seu canto amen

na Casa Branca.

O que vem em seguida para Putin e a Rússia,

como negociadores principais, poderia muito

bem determinar o curso do resto do século

XXI. A frustração das ambições dos EUA no

Curdistão irá desvendar todos os seus planos

e minar completamente a influência regional

dos EUA durante gerações.

Autor: Tom Luongo

Edição 119 - Outubro 2017 - Última página

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