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XX 191 01/10/2012 * Quatro procuradores na briga pela chefia do Ministério Público de MG - p.02 * DE PORTAS FECHADAS PARA O PÚBLICO - p.05 * A Lei de Recuperação de Empresas e Falência e o Ministério Público - p.24

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XX 191 01/10/2012

* Quatro procuradores na briga pela chefia do Ministério Público de MG - p.02

* DE PORTAS FECHADAS PARA O PÚBLICO - p.05

* A Lei de Recuperação de Empresas e Falência e o Ministério Público - p.24

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hoje em dia - mG - P. 06 - 01.10.2012

A escolha da chefia do MP é feita pelo governador a partir de uma lista tríplice

Lucas Prates

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CoNsUmidoR

Mais de uma conta na mesma fatura Cobranças de doações junto com a energia e outros serviços devem ser monitoradas. Reajustes também

devem ser autorizados. Aneel faz consulta pública para tentar regulamentar a questão

esTado de miNas - mG - oN LiNe - 01.10.2012

Paula TakahashiDoador regular de uma institui-

ção filantrópica, o aposentado Sebas-tião Alves de Oliveira viu sua boa-fé se transformar numa verdadeira dor de cabeça quando os R$ 10 debitados mensalmente em sua conta de luz se transformaram subitamente em R$ 50. “Nunca autorizei nenhuma co-brança deste valor na minha fatura de energia. Tentei por várias vezes cancelar a doação com a instituição, mas a dificuldade foi muito grande”, conta. Sem a possibilidade de encer-rar o pagamento da cobrança inde-vida, ele arcou com o prejuízo por meses. “Não podia deixar de pagar senão teria a minha energia cortada”, lamenta.

Assim como Sebastião, centenas de consumidores se deparam com a obrigatoriedade de pagar a doação para manter o fornecimento do ser-viço básico. Para regulamentar a co-brança, a Agência Nacional de Ener-

gia Elétrica (Aneel), propôs minuta de resolução normativa que acaba de receber contribuições durante as várias audiências públicas realizadas em conjunto com as entidades filan-trópicas de todo o país ao longo de agosto e setembro.

Agora, as propostas passam por análise. Depois de consideradas, serão utilizadas para elaboração de uma nova nota técnica e minuta de resolução para ser deliberada para apreciação da diretoria colegiada da Aneel. A intenção é que o processo seja concluído em alguns meses. Aprovado, passará a valer a partir da data de sua publicação, ficando a cargo das concessionárias de energia procederem com a adesão.

Segundo a agência reguladora, há décadas as atividades acessórias – aquelas que não dizem respeito ao fornecimento de energia – con-tam com previsão legal e normativa. “Mas até o momento nunca foram

bem detalhadas, explicitando exata-mente o que a distribuidora poderia fazer e em que condições”, justificou a Aneel em nota. Entre as principais propostas está a possibilidade de cancelamento imediato da cobrança diretamente com a concessionária de energia, no caso da maior parte de Minas Gerais, a Cemig, sem neces-sidade de contato prévio com a en-tidade beneficiada pela doação (veja quadro).

A Cemig garante que este pro-cedimento já é adotado desde 2010, quando a empresa foi alvo de ação civil pública por parte do Ministé-rio Público (leia memória). “Assu-mimos na época esse compromisso de que, caso o cliente queira tirar ou cancelar a cobrança na fatura, a Ce-mig o fará unilateralmente”, explica o gerente de planejamento comercial da concessionária de energia, Sérgio Mourthé. A procuradora jurídica da Federação das Apaes de Minas Ge-

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rais, Maria Tereza Feldner, reforça a postura da Cemig. “Eles não nos comunicam e no mesmo momento a contribuição é cancelada”, afirma.ComPRoVaÇÃo

Outra proposta está na manuten-ção de documentos que comprovem a prévia autorização do cliente para débito do serviço na fatura. Prática que a Cemig também garante exer-cer há mais de dois anos. Mas o pro-cedimento não foi seguido, segundo o consumidor Warley Ornelas. Sem qualquer conhecimento, ele perce-beu que estava sendo tarifado em R$ 20 todos os meses, valor repassado a uma instituição da qual ele nunca tinha ouvido falar.

“Eles me disseram que estava autorizado, mas não apresentaram qualquer comprovante”, lamenta. Nesses casos, a advogada especia-lista em defesa do consumidor da G.Friso Consultoira Jurídica Gisele Friso reconhece a prática como in-devida. “Ele tem direito à devolução dos valores em dobro. Para provar que solicitou o cancelamento, deve pedir os protocolos das ligações”, conta.

Além disso, podem ser exigi-das as gravações que confirmem o contato, assim como a prévia auto-rização da cobrança. “A empresa é obrigada, por lei, a manter o con-teúdo das gravações arquivado por 90 dias, enquanto o registro de que o consumidor ligou tem de ser man-tido por um ano”, observa Gisele Friso. E tem mais: qualquer reajus-te deve ser comunicado com ante-cedência e novamente autorizado. “Caso contrário, no judiciário ou em órgãos administrativos de defesa do consumidor, esta prática pode ser enquadrada como abusiva”, orienta a especialista.Código de barras separado em

debateApesar da resolução da Aneel

também discutir a adoção de código de barras distinto para cobrança de

serviços acessórios, as doações não deverão cumprir a obrigatoriedade. “Excetuadas as doações e a arreca-dação da contribuição para ilumina-ção pública, que é um serviço feito pelas distribuidoras para os muni-cípios, todas as demais cobranças teriam que ter um outro código de barras”, informa a agência.

Maria Tereza Feldner, procura-dora jurídica da Federação das Apa-es de Minas Gerais ainda pondera que, caso o código de barras duplo fosse implantado, o prejuízo às insti-tuições seria grande. “Inviabilizaria o processo. Hoje a média de valores cobrados pelas Apaes é de R$ 8, jus-tamente para não onerar”, pondera. Atualmente, cerca de 230 institui-ções filantrópicas estão autorizadas a cobrar doações na conta da Cemig.

Desde 2010, a Cemig não utiliza a fatura de cobrança de energia como meio para pagamento de outras ati-vidades econômicas. “Não podemos retornar a cobrança para terceiros mesmo com a publicação da reso-lução pela Aneel por conta de uma liminar”, explica Sérgio Mourthé, gerente de Planejamento Comercial. Somente no caso da liminar cair, a empresa estaria autorizada a prosse-guir com a prática.

“Mas não temos interesse em trabalhar com o duplo código de barras como proposto. Isso gera muita confusão para o consumidor”, pondera Mourthé. Caso esse modelo seja aprovado pela Aneel, a Cemig não voltará a registrar nas contas de energia, valores de terceiros. “Não compensaria diante do transtorno que causará aos clientes”, avalia Mourthé. (PT)Problemas em áreas diversas

Os contratempos não se resu-mem a conta de luz. Há meses, o técnico em eletrônica Wolney Che-lub tenta cancelar uma cobrança de R$ 80 destinada ao Hospital Mário Penna, debitada mensalmente em sua conta de telefone. “Eu moro fora

do país e eles sempre ligavam para a minha mãe, que é idosa, pedindo autorização para aumentar a con-tribuição e ela liberava”, explica. Ao constatar os valores elevados, Chelub diz ter pedido as contas de quantas vezes solicitou à instituição e a própria operadora Oi o fim das cobranças. “Em vão”, lamenta.

Ao contrário do estabelecido pela Aneel, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) prevê, no artigo 85 da resolução 426/2005 que trata do serviço telefônico fixo, que a cobrança do serviço disso-ciada da conta pode ser solicitada a qualquer momento junto a operado-ra. Mas o encerramento da cobrança, só pode ser feito junto a instituição filantrópica.

A Oi informou por meio de nota que, “para cancelar a autorização de débito do valor doado, o cliente da Oi deve entrar em contato com a cen-tral de atendimento no 103 31 ape-nas para cancelar a parcela vigente e, para suspender definitivamente a doação, o contato deve ser feito com a entidade filantrópica”, confirman-do a orientação da Anatel.

A engenheira Flávia Cristina Gomes já pediu incessantemente junto ao Hospital Mário Penna o fim da cobrança de R$ 20, sem sucesso. “Estou tentando desde dezembro. Fi-cou de janeiro a março sem vir, mas em abril, voltou novamente”, lamen-ta. O Hospital Mário Penna informa que, para fazer encerrar as doações, basta que o titular ou a pessoa que autorizou a contribuição entre em contato com a instituição. “Depen-dendo da data do pedido, existe a possibilidade de a doação ser debita-da na próxima conta.” Ainda refor-ça que, as queixas apresentadas por Wolney e Flávia são pontuais. “O contrato vigente entre a instituição e a empresa de telefonia prevê o can-celamento do serviço caso o índice de reclamações ultrapasse 0,01%”, lembra. (PT)

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Alana RizzoDados do Sistema Integrado de Informações Peni-

tenciárias (Infopen) mostram que o julgamento da ação penal 470 no Supremo Tribunal Federal (STF) deve aumentar bem o número de condenados por corrupção ou por crimes contra o sistema financeiro. As estatísti-cas indicam que são 632 os que receberam condenação por corrupção ativa ou passiva.

As estatísticas do sistema penitenciário mostram que 575 pessoas cumprem pena por corrupção ativa. Já por corrupção passiva são apenas 57 pessoas - no men-salão, a Procuradoria Geral da República denunciou 12 pessoas pelo crime. Entre eles,o ex-presidente do Ban-co do Brasil Henrique Pizzolato, o ex-presidente do PL Valdemar Costa Neto e o presidente do PTB, Roberto Jefferson, delator do esquema. O revisor da ação pe-nal, ministro Ricardo Lewandowski, já condenou os três pelo crime, que tem pena de reclusão de dois a 12 anos e multa.

No caso dos crimes cometidos contra o sistema financeiro, não há nenhum registro de prisão. As es-tatísticas do Infopen incluem presos provisórios, em regime aberto, semiaberto, fechado e medidas de inter-nação. A população carcerária no Brasil é de 514,5 mil pessoas cumprindo pena em 2,6 mil estabelecimentos penais.

Nesta semana, os ministros do Supremo começam a traçar o destino do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. O STF analisará, provavelmente a partir de quarta-feira, os crimes cometidos pelo núcleo político da denúncia do mensalão. Segundo o Ministério Pú-

blico Federal (MPF), a cúpula petista, que inclui o ex-presidente do partido José Genoino e o ex-tesoureiro Delúbio Soares, pagava em dinheiro o apoio político de parlamentares.

José Dirceu é acusado ainda, juntamente com ou-tros 20 réus, por formação de quadrilha. Ao contrário dos chamados crimes contra a administração pública, quadrilha ou bando é um dos mais cometidos no País e levou para a cadeia cerca de 8 mil pessoas, sendo ape-nas 300 do sexo feminino. Na denúncia do MPF, qua-tro mulheres - Simone Vasconcelos, Geiza Dias, Kátia Rabello e Ayanna Tenório - foram acusadas de integrar a quadrilha do mensalão.

Outro crime cometido pelos mensaleiros é pecula-to. Os dados do Infopen mostram que pouco mais de mil pessoas cumprem pena no País pelo crime, pelo qual o ex-presidente da Câmara dos Deputados João Paulo Cunha foi condenado,juntamente com os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Os cri-mes elencados na denúncia do mensalão são: evasão de divisas, com pena de reclusão de dois a seis anos e multa; gestão fraudulenta, de três a 12 anos e multa; e lavagem de dinheiro, de três a dez anos e multa.

Até agora, dos 37 acusados no processo, 19 já foram condenados e 4, absolvidos. As penas só serão discutidas após a conclusão do julgamento de todos os réus. A dosimetria, como é chamado o cálculo da pena, pode fazer a diferença entre prisão e liberdade em al-guns casos. O mais exemplar deles é o do deputado João Paulo Cunha(PT-SP), condenado por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro.

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No livro-caixa da facção PCC, os criminosos registram detalhadamente o nome, ci-dade e valor pago a título de mensalidade à organização. Também fixam metas para o crime, como o quanto cada boca de fumo deve arrecadar. Se o associado está inadim-plente, é relatado o motivo e a previsão de pagamento.

Há também dados sobre empréstimos de dinheiro, de armas e de veículos. No total, o patrimônio da organização supera R$ 6,4 milhões em fu-zis, pistolas, revólveres, imó-veis e veículos. A maioria das planilhas com a contabilidade da organização é enviada se-manalmente às principais pri-sões do Estado.

ministério Público

Justiça já condenou 632 pessoas por corrupçãoJulgamento no Supremo Tribunal Federal vai ampliar estatísticas sobre condenações do gênero

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ministério Público

Facção estabelece metas para criminosos

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92% dos pedidos da Lei de Acesso são atendidos

BEATRIZ BULLA - Agência Estado

Em quatro meses de vigência da Lei de Acesso à Informação, 92,15% das solicitações de informação feitas aos órgãos do governo federal já foram respondi-das. Foram respondidos 33.111 de um total de 35.931 pedidos enviados. O levantamento é da Controladoria-Geral da União (CGU) e inclui os pedidos realizados até as 19 horas desta quinta-feira (27).

A Lei de Acesso à Informação entrou em vigor no dia 16 de maio deste ano e, a partir de então, qualquer pessoa pode pedir informações aos órgãos públicos nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, desde que as informações não sejam classificadas como sigi-losas. O porcentual registrado pela CGU vem crescen-do desde o início da vigência da lei. No primeiro mês, 70,6% das solicitações haviam sido respondidas, no segundo, 84%, e, no terceiro, 89,97%.

A média atual de tempo para apresentação das respostas é de 10 dias. A lei prevê que as solicitações devem ser respondidos em até 20 dias, prorrogáveis por mais 10. Dentro do total de solicitações respondi-das, 85% dos pedidos foram atendidos positivamente, 8,56% foram negados e 6,44% não puderam ser aten-didos por não se tratarem de matéria da competência legal do órgão demandado ou pela inexistência da in-formação requisitada.

O órgão mais acionado é a Superintendência de Seguros Privados (Susep), que já recebeu 4.432 pedi-dos, seguido pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), com 2.586 solicitações e pelo Banco Central do Brasil (1.466).

A diretora de Combate à Corrupção da CGU, Vâ-nia Vieira, avalia que o resultado supera as expecta-tivas da controladoria. “A Lei de Acesso à Informa-ção é revolucionária e dá um importante passo para a consolidação do regime democrático brasileiro, na medida em que amplia a participação cidadã e forta-lece os instrumentos de controle da gestão pública”, diz. O balanço de cinco meses de vigência da lei e a importância dos dados abertos no Judiciário serão dis-cutidos durante o 7º Congresso de Inovação no Poder Judiciário, entre 30 e 31 de outubro, em Brasília.

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Não menos importantes do que a maioria de votos já alcançada para condenar nove políticos por corrupção passi-va, dois fatos se sobressaíram na 29.ª jornada do julgamento do mensalão no Supremo Tri-bunal Federal (STF), na quin-ta-feira. Um foi a consolidação, ao que tudo indica irreversível, da tendência da Corte de rejei-tar a balela lançada em deses-pero de causa pelos cabeças do esquema e endossada pelo ainda presidente Lula de que o PT usou “recursos não con-tabilizados” - o afamado cai-xa 2 - para suprir os cofres de partidos da coligação vitoriosa nas eleições de 2002 e atrair outros para a coalizão gover-nista. Tudo se limitaria a um malfeito eleitoral, como se faz “sistematicamente” no País, no inesquecível dar de ombros de Lula. O outro fato foi a absol-vição da política.

Em votos e em apartes, quatro dos dez ministros pre-sentes - incluindo o presiden-te do tribunal, Carlos Ayres Britto - manifestaram a certeza de que o mensalão consistiu, como desde sempre sustentou a acusação, em usar dinheiro público lavado para a compra de apoio parlamentar ao Pla-nalto, mediante a migração co-ordenada de deputados para os partidos da base aliada e pelos seus votos favoráveis aos pro-jetos oficiais. “Se o dinheiro é público”, raciocinou Britto, “não há como falar em caixa 2.” Está claro que o revisor do processo, Ricardo Lewando-wski, fracassa a olhos vistos na tentativa de persuadir os seus pares de que a tese da Procura-

doria-Geral da República, res-paldada pelo relator da matéria no STF, Joaquim Barbosa, não passa de “mera inferência ou simples conjectura”.

Os ministros que conde-naram anteontem o delator do mensalão, Roberto Jefferson (que acaba de se licenciar da presidência do PTB), o depu-tado Valdemar Costa Neto, do PR, antigo PL, além de qua-tro ex-deputados, assessores e dirigentes dessas legendas, mais o PP e o PMDB, pode-riam tê-lo feito sem entrar nas razões por que receberam bo-ladas do valerioduto, a mando do tesoureiro petista Delúbio Soares. Afinal, a obtenção de vantagem indevida configura o crime de corrupção passiva, qualquer que seja o motivo da paga e o destino dado à propi-na. Mas o ministro Luiz Fux, por exemplo, fez questão de assinalar que “o receber de di-nheiro ilícito não tem nenhuma semelhança com não escriturar as contas (de campanhas elei-torais)”.

É altamente provável que a convicção da compra de apoio político também fundamente as posições dos ministros Cel-so de Mello, Marco Aurélio Mello e do próprio Britto, que só votarão neste capítulo do julgamento na segunda-feira (quando Dias Toffoli, de seu lado, concluir o seu veredic-to). Com isso, ficará assente de uma vez por todas que o men-salão não foi um acerto espúrio entre partidos, mas a expressão de uma política deliberada do governo Lula - que só cessou quando interesses contrariados

levaram o deputado Roberto Jefferson a denunciar o escân-dalo. O mensalão foi a solução tóxica para as instituições de-mocráticas encontrada pelos homens do então presidente, com ou sem o seu concurso, para um problema real do sis-tema político brasileiro: a assi-metria entre a votação do can-didato vitorioso do Planalto e a dos candidatos de seu partido à Câmara dos Deputados, o que obriga o eleito a construir com outras siglas a maioria parla-mentar de que não pode pres-cindir.

A abordagem dessa ques-tão estrutural pela ministra Cármen Lúcia foi o momento marcante, acima menciona-do, da sessão de anteontem no STF. Ao condenar todos os dez políticos acusados de corrup-ção passiva, ela reconheceu que “um governo que não te-nha maioria parlamentar tende a não se sustentar”. Nem por isso se pode ser indiferente aos meios adotados pelos gover-nantes para obtê-la, argumen-tou, fazendo uma consistente defesa da política e uma apai-xonada exortação aos jovens para que não se deixem levar pela descrença na democracia. Processos contra políticos cor-ruptos devem estimular não a desesperança, mas o otimismo, observou. “Eu não gostaria”, disse de coração aberto, “que, a dez dias da eleição, o jovem brasileiro desacreditasse da po-lítica por causa do erro de um ou de outro.”

Era o que precisava ser afirmado no julgamento do mensalão.

A absolvição da políticao esTado de sP - sP - oN LiNe - 01.10.2012

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Sérgio Santos Rodrigues - AD-VOGADO do escritório S. santos Rodrigues Advogados Associados e mestre em direito

Diante da necessidade de se criarem institutos mais eficazes para a preservação da empresa ou de me-lhor aproveitamento e venda dos ati-vos, em 1993, começou a tramitar no Congresso Nacional o Projeto de Lei 4.376/93, que, anos depois, se tor-nou a Lei 11.101/05, sancionada em 9/2/05(com vigência a partir de 9 de junho do mesmo ano) e conhecida como Lei de Recuperação de Empre-sas e Falência.

Dentro das várias mudanças im-postas pela nova regulamentação fali-mentar está o veto ao artigo 4º da Lei 11.101/05, que faz com que o Minis-tério Público (MP) não tenha mais que intervir em todos os processos de que seja parte ou interessada a massa fa-lida, nem dos pedidos de falência (o que era previsto no artigo 210 do De-creto-Lei 7.661/45).

Julgado do Superior Tribunal de Justiça (STJ) analisou essa questão, assim colocada no site do tribunal em 30/11/11:“Embora a intervenção do Ministério Público não seja obrigató-ria em ações que tenham relação com a falência de empresas, nada impede sua atuação, e o processo só será nulo se o prejuízo da intervenção for demons-trado. A decisão é da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, e diz respeito à impugnação da intervenção do MP em embargos do devedor em uma ação de execução. No caso, a em-presa de aviação Transbrasil S.A. Li-nhas Aéreas contesta valores cobrados pela GE Engines Services – Corporate Aviation Inc.

Depois da declaração de falência da Transbrasil, uma das maiores com-panhias aéreas brasileiras, o juízo de primeiro grau determinou a intimação do MP para se manifestar sobre os em-

bargos do devedor opostos pela Trans-brasil. A empresa aérea impugnou essa intimação, mas o agravo não foi provido. Segundo o Tribunal de Jus-tiça de São Paulo (TJSP), ainda que o processo esteja em andamento, “é razoável que se ouça o MP em ações de interesse da eventual futura massa falida” para garantir a fiscalização dos interesses dela.

Para a Transbrasil, a intervenção do MP só seria possível em ação fali-mentar eficaz, em ação proposta pela massa falida ou contra ela, e não em ação cuja decisão falimentar esteja sujeita a efeito suspensivo, como é o caso, pois esta não caracteriza a mas-sa falida. Porém, segundo a ministra Nancy Andrighi, faz tempo que os efeitos da decisão que declarou a fa-lência da empresa não estão sujeitos a efeito suspensivo. A relatora destacou que, além disso, os inúmeros recursos da Transbrasil – incluindo vários em-bargos de declaração – ‘tiveram nítido caráter procrastinatório’ (de atraso no desfecho do processo).

Na antiga Lei de Falências (De-creto-Lei 7.661/45), a intervenção do MP estava prevista em todas as ações propostas pela massa falida ou contra ela. Porém, sua ausência só tornava o processo nulo se houvesse demonstra-ção do prejuízo (princípio pas de nulli-té sans grief). Para a ministra Nancy Andrighi, tal entendimento também pode ser aplicado quando houve inter-venção indevida do MP. Nesse caso, o processo seria anulado apenas quando demonstrado o prejuízo.Com a nova Lei de Falências (Lei 11.101/05), o dispositivo que previa a intervenção foi vetado por conta do número ex-cessivo de processos falimentares que sobrecarregavam o órgão. A ministra salientou que as ‘inúmeras manifesta-ções’ do MP eram injustificáveis, pois só serviam para atrasar o andamento do processo.

Mas, mesmo que a participação do MP não seja obrigatória, há casos em que sua intervenção é facultativa, que ‘decorrem da autorização ampla que lhe dá a lei de requerer o que for necessário ao interesse da justiça’. No caso em questão, segundo a ministra Nancy Andrighi, ‘ainda que se en-tenda que a participação do Ministé-rio Público não era obrigatória, nada impedia sua intervenção facultativa, inclusive em benefício da própria Transbrasil’.

Assim, salvo exceções legais, o parquet só deve participar quando houver fatos que indicam crime, de-sobediência à lei ou ameaça de lesão ao interesse público. A discussão que permanece é se esta nova imposição não confronta com o artigo 127 da Constituição da República, que deter-mina caber ao Ministério Público ‘a defesa da ordem pública, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis’. Indubita-velmente, caso um procedimento fali-mentar ou de recuperação de empresa se encaixe nessas hipóteses previstas na Constituição, há de prevalecer o estabelecido nesta, por ser norma hie-rarquicamente superior”.

Considera-se tal decisão acertada já que, embora a nova lei não obrigue a participação do Ministério Público em casos falimentares, ela também não veda.Mais ainda, não se pode ol-vidar do que dispõe o artigo 127 da Constituição da República, que deter-mina caber ao Ministério Público “a defesa da ordem pública, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis”.

Sendo assim, por mandamento da lei maior, independentemente da omissão da Lei 11.101/05, caso um procedimento falimentar ou de recu-peração de empresa se encaixe nas hi-póteses previstas na Constituição, há de prevalecer o seu mandamento.

esTado de miNas - mG - oN LiNe - 01.10.2012 - diReiTo & jUsTiÇao diReiTo Passado a LimPo

A Lei de Recuperação de Empresas e Falência e o Ministério Público Assim, salvo exceções legais, o parquet só deve participar quando houver fatos que indicam crime,

desobediência à lei ou ameaça de lesão ao interesse público. A discussão que permanece é se esta nova imposição não confronta com o artigo 127 da Constituição da República, que determina caber ao Ministério Público a defesa da ordem pública, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis

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