00 - livro - redação científica

44
REDAÇÃO CIENTÍFICA FOI ELABORADO, COMO O TÍTULO SUGERE, COM O INTUITO DE INFOR- MAR SOBRE AS DIRETRIZES QUE NORTEIAM O PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DE UMA PUBLICAÇÃO CIENTÍFICA. FOI CONCEBIDO PARA SER LIDO, TANTO DE UMA MANEIRA SEQÜENCIAL, COMO PARA FUNCIONAR COMO UM MANUAL, PERMITINDO A CONSULTA POSTERIOR DE CADA UMA DE SUAS PARTES CONSTITUINTES. ASSIM, O LEITOR, APÓS TER ASSIMILA- DO AS IDÉIAS GERAIS, PODERÁ SE CONCENTRAR SOBRE CADA UMA DE SUAS SEÇÕES, INDEPENDENTEMENTE, Á MEDIDA QUE DESENVOLVE A REDAÇÃO DE UM DOCUMENTO CIENTÍFICO. ti m I I .p-l' 1 001 : ,o T f • ! 001.42 F441r BK;F. CIENTIFICA N.Cham. 001.42 F441r Autor: Ferreira, Luiz Gonz Título: Redação cientifica : como cscr 000643351 BTOE Ac. 13313

Upload: felipe

Post on 03-Dec-2015

60 views

Category:

Documents


18 download

DESCRIPTION

Dicas de redação científica.

TRANSCRIPT

Page 1: 00 - Livro - Redação Científica

REDAÇÃO CIENTÍFICA FOI

ELABORADO, COMO O TÍTULO

SUGERE, COM O INTUITO DE INFOR

MAR SOBRE AS DIRETRIZES QUE

NORTEIAM O PLANEJAMENTO E

EXECUÇÃO DE UMA PUBLICAÇÃO

CIENTÍFICA. FOI CONCEBIDO PARA SER

LIDO, TANTO DE UMA MANEIRA

SEQÜENCIAL, COMO PARA FUNCIONAR

COMO UM MANUAL, PERMITINDO A

CONSULTA POSTERIOR DE CADA UMA

DE SUAS PARTES CONSTITUINTES.

ASSIM, O LEITOR, APÓS TER ASSIMILA

DO AS IDÉIAS GERAIS, PODERÁ SE

CONCENTRAR SOBRE CADA UMA DE

SUAS SEÇÕES, INDEPENDENTEMENTE,

Á MEDIDA QUE DESENVOLVE A

REDAÇÃO DE UM DOCUMENTO

CIENTÍFICO.

ti

m

I

I . p - l ' 1

001 : , o

T f • ! 001.42

F441r

BK;F.

CIENTIFICA

N.Cham. 001.42 F441r

Autor: Ferreira, Luiz Gonz Título: Redação cientifica : como cscr

000643351

BTOE

Ac. 13313

Page 2: 00 - Livro - Redação Científica
Page 3: 00 - Livro - Redação Científica

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

REITOR Prof. Antônio de Albuquerque Sousa Filho

EDIÇÕES UFC Av. da Universidade, 2995 - Benfica

Fortaleza - CE - Brasil CEP 60020-181

EDITOR Prof. Ricardo Silva Thé Pontes (Pró-Rcitor de Administração)

EDITOR ADJUNTO Joana Borges

PROJETO GRÁFICO E REVISÃO Joana Borges

CAPA ; Prof. Geraldo Jesuino

COMPOSIÇÃO Carlos Alberto A. Dantas

IMPRESSÃO E ACABAMENTO

1, I M P R I M I A

Luiz Gonzaga Rebouças Ferreira

r f f ô . P Ó S - G ^ DOAÖÄO E M £•-•':•"

REDAÇÃO CIENTÍFICA

Como escrever artigos, monografias, dissertações e teses

Edições UFC Fortaleza

1994

Page 4: 00 - Livro - Redação Científica

I

REDAÇÃO CIENTÍFICA

i

;

)

j

j

j

)

Page 5: 00 - Livro - Redação Científica

© 1994 by Luiz Gonzaga Rebouças Ferreira

F383r Ferreira, Luiz. Gonzaga Rebouças

Redação cientifica: como escrever artigos, monografias, dissertações c teses. Fortaleza: Edições UFC, 1994.

84 pp

1. Técnica de redação; 2. Redação de artigo; 3. Monografias; 4. Dissertações; 5. Teses. I. Titulo.

CDU 82.083 CDD 808.066

. . . A r - v — '

"O fato é que:

1) há três línguas científicas: inglês, francês e alemão(...);

2) há duas línguas literárias, inglês e italiano;

3) há três línguas imperiais: inglês, espanhol e português."

Fernando Pessoa

In : Fernando Pessoa - Obras em

Prosa, 1990. p. 309.

Page 6: 00 - Livro - Redação Científica

SUMÁRIO

Prefácio 9 Introdução 13

PARTE I Princípios da Redação Científica 15

CAPÍTULO 1

Princípios da Elaboração de um Documento Científico.... 17

CAPÍTULO 2 A Natureza da Publicação Científica 19 CAPÍTULO 3 Tipos de Documentos Científicos Monográficos 22

PARTE II Seções dos Documentos Monográficos 27

CAPÍTULO 4 Definindo o Título 29

CAPÍTULO 5 Elaborando o Resumo 32

CAPÍTULO 6 Escrevendo a Introdução 36

CAPÍTULO 7 Descrevendo o Material e Métodos 38

CAPÍTULO 8 Expondo os Resultados 41

Page 7: 00 - Livro - Redação Científica

CAPÍTULO 9 Concebendo a Discussão 45 CAPÍTULO 10 Elaborando as Conclusões 48

CAPÍTULO 11 Compondo as Ilustrações 50

CAPÍTULO 12 Apresentando os Agradecimentos 62

CAPÍTULO 13 Organizando a Literatura Citada 64

CAPÍTULO 14 Conduzindo a Revisão da Publicação 69

APÊNDICE- Lista de Grandezas Físicas, Nomes e Símbolos de Acordo com o Sistema Internacional de Unidades (SI). 73

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 75

PREFACIO

Gerado o conhecimento cientifico, surge a necessidade de divulgá-lo para se constituir em agente de mudanças. De outra forma a informação produzida ficaria desconhecida e impossibilitar-se-ia a edificação do saber.

Neste ponto, aparece a publicação científica que tem a finalidade de tomar universais verdades particulares. Por esta razão, ela é vista como - uma atividade intencional, orientada para atingir metas ou objetivos bem definidos.

Embora vise sempre o êxito, contém em si a possibilidade de fracasso, mesmo quando as soluções científicas encontradas são inovadoras. Para reduzir os riscos e incertezas associados ã divulgação científica, surgiram regras, normas e conceitos, ao longo dos últimos três séculos, que indicam as melhores opções para conduzir ao sucesso. Agrupadas e estruturadas, constituem os princípios da redação cientifica. Sob a forma de diretrizes, estão presentes na exposição de qualquer idéia ou conceito gerado pela ciência. Por conseguinte, não se manifestam somente na elaboração de um documento científico. Na formulação de uma resposta escrita os conceitos que a norteiam estão presentes. Assim, seus princípios são adquiridos ao longo da formação científica dos alunos de graduação e pós-graduação. Mais do que um conjunto de conhecimentos, a ciência gera, acima de tudo, um modo particular de pensar.

No entanto, mesmo com essa familiaridade, muitas pessoas experimentam dificuldades quando têm de redigir uma publicação científica. Para melhor compreender a ação destes fatores inibidores ou, até mesmo, bloqueadores da redação científica, há de se levar em conta a sua natureza.

Na redação científica, dois aspectos necessitam ser considerados: a forma e o conteúdo. A forma, relativa à composição

Page 8: 00 - Livro - Redação Científica

e à natureza do documento, se compõe dos elementos pré-textuais. textuais e pós-textuais. cujas presenças dependem do tipo de publicação cientifica. Sua estrutura foi definida atendendo a uma exigência metodológica, convertida por aceitação universal em diretrizes ou normas. Historicamente, sempre estiveram presentes nas publicações de alto nível.

A natureza do pensamento cientifico impôs a necessidade de uma organização prévia bem definida. Por ser adequada, foi aceita e incorporada pela comunidade científica. Se a forma de cada documento científico dependesse somente da inspiração intuitiva de cada autor, seria passível de erros de omissão ou de excessos.

O conteúdo é a mensagem científica expressa de maneira clara, objetiva e precisa. Meio de converter novas verdades particulares em universais. Essencialmente, um.difusor de informações geradoras de novos conhecimentos.

Como em qualquer outro gênero redacional, a elaboração de um documento científico muito depende e se beneficia de uma cultura oriunda da leitura freqüente de boas publicações, no campo das ciências. No entanto, essa leitura não pode ser errática, natural e espontânea. Deve ser ativa, aguçando a curiosidade na formulação de perguntas e buscando respostas através do raciocínio. O resultado deste esforço será uma maior facilidade no ato de escrever, considerando-se que não há obstáculos no domínio da língua empregada na comunicação.

REDAÇÃO CIENTÍFICA: foi elaborado, como o título sugere, com o intuito de informar sobre as diretrizes que norteiam o planejamento e execução de uma publicação científica. Foi concebido para ser lido, tanto de uma maneira seqüencial, como para funcionar como um manual, permitindo a consulta posterior de cada uma de suas partes constituintes. Assim, o leitor, após ter assimilado as idéias gerais, poderá se concentrar sobre cada uma de suas seções, independentemente, à medida que desenvolve a redação de um documento cientifico.

A função de um texto dessa natureza não é impor conceitos ou padrões: muito pelo contrário. O argumento de autoridade é incompatível com a expressão de valores científicos. Deve ser visto como um guia que procurou incorporar práticas e princípios editoriais, universalmente aceitos, na elaboração de um documento científico.

Como as exigências para a elaboração de um documento científico variam significativamente de uma área à outra do conhecimento, é quase impossível definir normas de redação científica que sejam universalmente aceitas. Assim, na elaboração deste texto, foram apresentados princípios básicos que são aceitos em quase todas as disciplinas. No entanto, reconheço que pela minha própria formação, uma ênfase maior foi dada na área das ciências biológicas.

A idéia de escrever este livro surgiu alguns anos atrás quando, por solicitação de alunos, comecei a ministrar um curso sobre métodos de pesquisa e redação científica para alunos pós-graduados. A disciplina havia sido criada porque os estudantes, sentindo falta de orientação na elaboração de um documento científico, queriam um curso que abordasse a redação científica de maneira prática e objetiva. Para superar a ausência de um livro, em português, que contivesse essa abordagem, tive de organizar textos sobre as diversas seções que compõem um documento cientifico. A cada vez que ministrava a disciplina esses textos eram expandidos e aprofundados. Dos alunos, m solicitada uma leitura crítica com sugestões para ajustá-los às suas necessidades.

Eventualmente, tomada a decisão de escrever uma publicação sobre esse assunto, os textos elaborados serviram de embriões. Cresceram, entrosaram-se e foram dirigidos a constituir um corpo coerente, capaz de facilitar a redação de um documento científico. Ao leitor, todo o poder de avaliação de sua qualidade.

Page 9: 00 - Livro - Redação Científica

No processo de elaboração, deixei-me guiar, também, pela experiência adquirida na redação de meus próprios documentos científicos publicados no Brasil e exterior, da correção de dezenas de dissertações de mestrado e do trabalho de revisor de diversos periódicos nacionais.

Por conseguinte, a concepção básica de REDAÇÃO CIENTÍFICA: é de natureza prática. Os conceitos abstratos da linguagem da ciência, normalmente predominantes nesse gênero de publicação, só foram usados para fundamentar princípios e facilitar a compreensão dos conceitos.

Reconhecendo a responsabilidade sobre erros e omissões, não posso, contudo, deixar de expressar meus agradecimentos a todos aqueles que contribuiram de forma valiosa no aperfeiçoamento desta obra. Particularmente, agradeço a Maria das Graças Mendonça da Cruz e a Ivan Martins de Albuquerque pelos trabalhos de digitação e a Lúcio Vasconcelos pelo desenho dos gráficos. Em especial, gostaria de externar meu reconhecimento ao prof. José Jackson Lima Albuquerque, pelas valiosas sugestões apresentadas, e ao prof. Guilherme Severiano Fernandes, amigo e conselheiro de muitos anos, pela revisão final da publicação.

Luiz Gonzaga Rebouças Ferreira

Março de 1994

INTRODUÇÃO

O trabalho de elaboração de uma publicação científica se apresenta para os iniciantes, c até mesmo para muitos pesquisadores veteranos, como uma tarefa difícil e penosa. Algumas pessoas, com facilidade de expressão em outras áreas, experimentam inesperadas dificuldades quando tentam exprimir suas observações experimentais sob a forma de uma publicação científica. As razões limitantes deste processo intelectual são várias.

A natureza limitada do ser humano toma o conhecimento científico altamente enigmático. Diante de uma realidade complexa, obscura e de múltiplas facetas, tenta desenvolver a verdade observada superando suas próprias restrições. Além dos obstáculos predominantemente intelectuais, há de se considerar os impedimentos físicos. Em muitos casos, o pesquisador não pode ter contato direto com o objeto estudado, limitando-se a analisar suas representações, descrevendo as impressões que lhe são causadas. Se há contato, quando muito, percebe uma parte do todo, não alcançando uma visão integral do objeto de estudo. Muitas vezes, entre este e o pesquisador se interpõe um aparelho cientifico (telescópio, microscópio, analisador, etc), que tem a finalidade de ampliar a capacidade de seus sentidos. Pela sua própria natureza, esses equipamentos não estão livres de gerar interferências. No entanto, superando essas limitações, predomina sempre no pesquisador a busca da verdade, do desejo de decifrar os segredos dos fenômenos. Entender a realidade sentida.

A compreensão, mesmo restrita, é só a primeira fase; há necessidade de divulgá-la. Transmitir suas representações mentais de maneira clara e objetiva para um receptor desconhecido, com experiências particulares. É a revelação, o desvelamento de

Page 10: 00 - Livro - Redação Científica

verdades sentidas e percebidas. \'o processo de avaliar suas observações sob a luz de seus próprios valores, surge a incerteza. A dúvida se instala sempre que o pensamento, de forma irritante, oscila entre a afirmação e a negação.

Por natureza, a dúvida é espontânea, surgindo da falta de compreensão da realidade pesquisada. Tende a assumir uma intimidade inibidora. A maneira mais eficiente de eliminá-la é obter suporte da literatura cientifica para fundamentar os processos de avaliação dos prós c contras. E o raciocínio superando o pensamento. E o conhecimento científico convertendo-se em fator de auto-afirmação.

Vencida esta etapa, há necessidade de emitirem-se opiniões. E inerente ã divulgação de uma opinião, o temor de cometer enganos. As suas afirmativas devem tirar toda a certeza das razões contrárias. O objetivo de quem faz ciência é emitir uma verdade que possa ser afirmada com certeza. Mas sem ser dogmático.

O texto deve tomar translúcidas relações de causa c efeito de tal maneira a ser acessível à compreensão do público alvo. E a expressão de um julgamento. Neste momento, no processo de transmissão de uma mensagem, podem surgir diversos tipos de ruídos de comunicação. O conhecimento dos princípios da pesquisa e o respeito às normas da redação científica são fundamentais para eliminá-los. A verdade deve ser apresentada e defendida com clareza, livre de falácias e de falsos artifícios de argumentação.

O conhecimento de normas e princípios, que foram incorporados através dos séculos à redação científica, serve de suporte na superação das limitações inatas Qj processo de transmissão do saber. Foi com o objetivo precípuo de expor ao leitor a esses conceitos que esta publicação foi concebida e elaborada

PARTE I

PRINCÍPIOS DA REDAÇÃO CIENTÍFICA

Page 11: 00 - Livro - Redação Científica

E M E N G E í - — ' > i \ CAPÍTULO 1 • . PRINCÍPIOS DA ELABORAÇÃO DE UMA PUBLICAÇÃO CIENTÍFICA ;

Os princípios gerais c indispensáveis para elaboração dc uma divulgação científica podem ser derivados das proposições de René Descartes expressas em sua obra "Discours de la Mé-thode" (Descartes, 1967,p. 18) e apresentadas sob a forma de quatro regras:

a) "Jamais aceitar qualquer coisa como verdadeira, sem a conhecer como tal: quer dizer, evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção".

Na elaboração de uma publicação científica buscar suporte e evidências para reforçar suas observações no acervo de conhecimentos já divulgados e aceitos. Uma introdução ou revisão bibliográfica específica e completa proporciona esse suporte.

b) "Dividir cada dificuldade a ser examinada no maior número possível de parcelas que forem necessárias, para melhor a resolver".

Uma verdade geral e complexa é dividida em suas partes componentes. E a essência da análise. Na seção Resultados, as observações devem ser expressas separadamente, fragmentadas, seguindo sempre que possível a ordem cronológica de obtenção. Por ser natural, facilita a exposição e compreensão.

c) "Conduzir por ordem os pensamentos, começando pelos assuntos mais simples e mais fáceis de conhecer, para atingir pouco a pouco, gradativamente, o conhecimento dos mais complexos".

Aplicando essa regra, o autor realiza a síntese, que deve constar predominantemente na seção Discussão. Os resultados, quando bem estruturados, levam naturalmente a esta abordagem quando da discussão das observações. O autor reconstitui o que

17

Page 12: 00 - Livro - Redação Científica

foi fragmentado pela análise, usando a explicação das observações como força agregadora. Há um encadeamento de idéias indo do mais simples ao mais complexo.

d) "Fazer sempre, para cada caso, enumerações tão completas e revisões tão gerais que dêem certeza de nada omitir".

Esta orientação tem o poder de agregar conceitos de análise e de síntese; visa assegurar que nenhuma observação importante seja desprezada. Despertam o espírito crítico, separando o essencial do secundário. Embora estes conceitos sejam adequados para todas as partes de uma publicação científica, a seção Conclusões é a que mais incorpora a natureza desta regra

O atendimento destes princípios estabelece a natureza lógica, sistemática e racional de uma publicação científica Mesmo que ocorram eventuais limitações na sua forma de elaboração, o embasamento do conteúdo em conceitos pertinentes à pesquisa, como acima expressos, pode definir a validade de uma divulgação científica.

18

CAPÍTULO 2 A NATUREZA DA PUBLICAÇÃO CIENTIFICA

A publicação cientifica é um relato escrito e divulgado descrevendo resultados de uma pesquisa. Na caracterização de sua natureza, há de se considerar diversos aspectos qualitativos. Deve ser escrito segundo determinada forma e composto seguindo normas desenvolvidas e consagradas ao longo dos últimos três séculos. Seguir práticas editoriais bem definidas é acima de tudo obedecer princípios éticos científicos. No entanto, o documento cientifico só se completa quando é publicado.

Segundo o Conselho de Editores de Biologia dos Estados Unidos da América, uma publicação científica deve ser a primeira revelação ou comunicação contendo informações para permitir à comunidade: a) tomar conhecimento das observações; b) repetir os experimentos; c) avaliar os processos intelectuais. A compreensão e assimilação desses conceitos facilitam a elaboração da publicação científica

Redigir uma publicação científica é essencialmente realizar um trabalho de organização e exposição de informações. Deve ser bastante estilizado, com suas partes componentes bem definidas e dispostas em seqüência ditada pela lógica Na primeira fase de sua elaboração, ela depende muito pouco da capacidade de redação do autor. Consiste, essencialmente, de um trabalho de organização de informações. A forma final da publicação depende dessa base estrutural e do tema em estudo. Embora não se possa estabelecer, de antemão, a natureza de suas partes componentes, há princípios comuns e universais que estão sempre presentes. Uma publicação científica, segundo Nahuz & Ferreira (1989), se compõe de:

a) elementos preliminares ou pré-textuais; b) elementos textuais; c) material de referência ou elementos pós-textuais.

19

Page 13: 00 - Livro - Redação Científica

Os elementos preliminares ou pré-textuais estão predominantemente presentes nos documentos científicos monográficos longos (monografias, dissertações e teses). Ná ordem de apresentação normal se constitui em: capa, folha de rosto, folha de aprovação, dedicatória, epígrafe (opcional), lista de ilustrações, lista de abreviaturas ou siglas (opcional), lista de anexos e apêndices, sumário e resumo (abstract e résumé). Destes, nos artigos científicos para publicação em revistas periódicas, o resumo é o único elemento pré-textual presente.

No seu corpo textual, uma publicação científica deve conter: Introdução, Material e Métodos, Resultados, Discussão e Conclusões. A obediência a esse encadeamento consagrado facilitará a missão do autor e a receptividade do leitor. Essa ordem é tão eminentemente lógica que foi naturalmente aceita pelos periódicos mais prestigiosos do mundo. Mesmo quando se escreve um artigo sobre qualquer assunto, é difícil fugir dessa ordem natural de exposições de idéias. Segundo Day (1979), ao se responder as quatro perguntas básicas seguintes, inevitavelmente o autor se enquadra nas normas consagradas: a) qual foi o problema? A resposta está na Introdução; b) como o problema foi estudado? A resposta está em Material e Métodos; c) o que foi encontrado? A resposta está em Resultados; d) o que essas observações significam? A resposta está em Discussão.

Os elementos pós-textuais são constituídos por: anexos, apêndices e listas bibliográficas.

Definida a organização, surge o segundo importante componente da elaboração de uma publicação científica: a redação. Para muitas pessoas, em especial, os iniciantes, se constitui em fator crítico limitante. Deve ser clara, objetiva, concisa e de fácil compreensão. O leitor estará interessado nas novas observações científicas; nunca na capacidade de expressão grandiloqüente ou impossibilidade do autor de expor idéias com o mínimo de clareza.

20

-Um pesquisador, por mais habilidoso que seja na concepção e condução de um projeto, estará limitado pela últinia fase de elaboração de um trabalho científico: a redação da publicação. As experiências áversivas vivenciadas por muitos pesquisadores nessa fase explicam o fato de alguém aplicar meses e até anos na condução de uma pesquisa e falhar na comunicação.

Os documentos científicos, embora elaborados sob formas bem definidas, apresentam características particulares em função da natureza da publicação.

21

Page 14: 00 - Livro - Redação Científica

CAPÍTULO 3 TIPOS DE DOCUMENTOS CIENTÍFICOS MONOGRÁFICOS

No processo dc formação acadêmica, o estudante é solicitado a executar e redigir diversos tipos de trabalhos científicos, tais como: relatórios, resumos de textos, resenhas bibliográficas e documentos monográficos. Desses, os últimos, pela importância que assumem na formação da mentalidade científica, são os mais freqüentemente solicitados.

A expressão documento monográfico, como a sua derivação etimológica sugere, é uma publicação científica que aborda um único tema de maneira bem específica e delimitada. Por ser restrito, tem a profundidade de análise como característica mais marcante.

Pela definição, um trabalho científico para ser monográfico deve satisfazer a exigência da unicidade, da delimitação do tema e da análise aprofundada. A generalidade e a multiplicidade de temas descaracterizam uma monografia (Salomon,\913).

De acordo com essa conceituação, são considerados documentos científicos monográficos: memórias ou monografias, dissertações (mestrado), teses (doutoramento) e artigos resultantes de pesquisas criteriosas.

A monografia (memória) se refere a uma forma de documento elaborado para atender às exigências dos cursos de graduação ou mesmo de pós-graduação "lato sensu" (especialização).

As dissertações e as teses são executadas pelos estudantes de pós-graduação, atendendo requisitos para obtenção dos graus de mestre ou doutor, respectivamente. Em decorrência de sua própria natureza, são trabalhos que embora tratando de um único tema caracterizam-se pela profundidade da abordagem.

22

Os artigos científicos, em função do veículo de divulgação, são breves e concisos. Cada documento cientifico monográfico tem sua própria forma sofrendo variações em função da área de estudo.

As monografias elaboradas nos cursos de graduação ou especialização constam de:

a) elementos pré-textuais (capa, página de rosto, sumário, lista de tabelas e figuras);

b) elementos textuais (introdução, desenvolvimento ou corpo de discussão e conclusão);

c) elementos pós-textuais (referências bibliográficas, apêndices e anexos).

As teses e dissertações, dependendo das normas internas de cada curso, são formadas de:

a) elementos pré-textuais (capa, folha dc rosto, agradecimentos, sumário, listas de tabelas, de figuras e de abreviações, resumo e abstract);

b) elementos textuais (introdução, revisão de literatura, referencial teórico, material e métodos, resultados, discussão e conclusão);

c) pós-textuais (referências bibliográficas, apêndices e anexos).

O artigo cientifico, por ser mais resumido, compõe-se de titulo, resumo, abstract, introdução, material e métodos, resultados, discussão, conclusões, agradecimentos e referências bibliográficas. Dependendo de sua natureza, alguns desses elementos podem ser excluídos ou agrupados em uma seção, em especial os resultados e discussão ou discussão e conclusão.

Dependendo do nível de ensino universitário, as monografias apresentam diversos graus de exigência Segundo Salvador (1970), a monografia consiste de um estudo bem desenvolvido, formal, discursivo e concludente. E uma exposição lógica

23

Page 15: 00 - Livro - Redação Científica

e.reflexiva, seguindo uma estrutura metódica, que inclui Introdução. Corpo de Discussão e Conclusão. Redigida em linguagem objetiva sobre assuntos precisos, acerca dos quais o autor tem a oportunidade de expor suas idéias e conclusões.

Muitos cursos universitários exigem dos seus alunos a apresentação de uma monografia (memória), como requisito para graduação, devendo o candidato demonstrar capacidade de sistematizar idéias e desenvolver análise critica. Neste caso, a monografia tem a natureza de um trabalho acadêmico de iniciação científica.

Em muitos cursos de especialização, o aluno deve também elaborar uma monografia. A organização estrutural é semelhante àquela descrita para a graduação, mas com nível mais complexo e profundo na abordagem do objeto em estudo.

A primeira etapa, na elaboração de uma monografia, consiste na escolha do tema, que é normalmente definida a partir de fenômenos observados. Superada essa fase, vem a necessidade de elaborar o documento científico.

Sob o aspecto estrutural, na Introdução o autor deve apresentar o problema que deseja discutir. E importante assinalar e justificar a relevância do trabalho para geração de novos conhecimentos. Há necessidade de se descrever os procedimentos que serão aplicados no desenvolvimento da análise crítica do tema. Finalmente, é preciso definir os objetivos que deseja alcançar.

De forma resumida, na Introdução da monografia devem constar:

a) apresentação do problema; b) relevância do trabalho; c) definição dos procedimentos; d) objetivos a alcançar.

O Desenvolvimento é o elemento textual mais importante, representando o corpo do documento científico. A sua estru-

24

turaçãó é definida em função das necessidades lógicas de exposição. Em conseqüência são estabelecidas as subdivisões dos tópicos'em capítulos, seções, itens e subitens. Cada subdivisão deve ter uma abordagem temática e expressiva". Deve sempre ser antecedida por um título que defina a natureza do seu conteúdo.

O tema é analisado à luz de pesquisas cientificas feitas e publicadas; suas idéias são discutidas e demonstradas formando um todo coerente. Eventuais contradições, entre suas idéias e de outros autores, devem ser analisadas e justificadas. O Desenvolvimento é, sobretudo, o elemento textual adequado para argumentação.

. A Conclusão é composta como uma síntese dos resultados mais marcantes obtidos na pesquisa. Será breve e concisa manifestando o ponto de vista do autor a respeito dos resultados obtidos e da importância do alcance dos mesmos.

A diferença básica entre monografia e as dissertações e teses, independente da visão particular de cada autor, reside no grau de profundidade no qual o trabalho científico é realizado. A monografia pela sua própria natureza, é mais simples. A atividade de pesquisa tem mais um objetivo ligado ao ensino (graduação) ou formação profissional (especialização).

Normalmente, é composta como um resumo de assuntos, constituindo-se em uma revisão bibliográfica de trabalhos já publicados. Por ser executada de forma metódica e sistemática, se enquadra como pesquisa cientifica. Por analisar e discutir trabalhos já divulgados, perde a sua característica de original. Tem grande valor na formação dos pesquisadores, por levá-los a desenvolver esquemas hipotético-dedutivos necessários para estabelecer um raciocínio experimental completo. Promove o desenvolvimento, sob forma controlada e supervisionada, da capacidade de avaliação e análise crítica

As dissertações e teses são executadas como trabalhos científicos originais, buscando encontrar, pela primeira vez, so-

25

Page 16: 00 - Livro - Redação Científica

luções para os problemas propostos sob a forma de hipóteses. Os alunos são confrontados com situações experimentais, mais ou menos abertas, necessitando desenvolver estratégias planificadas de resolução. O sucesso depende do emprego de sua capacidade critico-avaliativa.

Como decorrência de sua natureza estruturada, a publicação resultante deve seguir normas bem definidas. Por essa razão, o pesquisador deve conhecer os princípios de composição de uma publicação científica.

As dissertações e teses são compostas para atender requisitos finais de cursos de pós-graduação de Mestrado e Doutorado, respectivamente. A elaboração do documento final de divulgação está subordinada a normas e regras rígidas consagradas pela literatura científica.

Pela sua relevância como meio de di\ulgação científica, a forma e o conteúdo das seções componentes de um documento monográfico serão discutidos, detalhadamente, nos capítulos subseqüentes desta publicação.

26

PARTE II

SEÇÕES DOS DOCUMENTOS MONOGRÁFICOS

Page 17: 00 - Livro - Redação Científica

CAPITULO 4 DEFININDO O TÍTULO

O Título deve expressar a essência da pesquisa realizada, com o mínimo de palavras possíveis. Quando lido. deve dar ao leitor uma idéia precisa do assunto estudado. É a maneira pela qual a publicação científica será. inicialmente, avaliada pelos leitores. Em decorrência das modernas técnicas dc catalogação e disseminação das referências bibliográficas, se constitui na forma mais efetiva de divulgação de sua obra. Quando bem elaborado, o Título muito concorrerá para o sucesso da publicação de uma pesquisa.

Na composição do Título, o autor precisa exprimir a técnica e o talento dos redatores de publicidade; frase curta com elevado poder descritivo. Ser criativo, sem abdicar do rigor científico. Por essas razões, requer esforço e concentração. Muitas vezes, concluída a redação das partes textuais da publicação científica, toma-se inevitável a mudança do Título inicialmente proposto.

Atualmente, os títulos são bastante específicos na definição dos sujeitos dos estudos, contendo menções bem definidas sobre os aspectos abordados. Não deve conter abreviações, fórmulas matemáticas ou químicas e marcas de produtos. Essas citações dificultariam ou mesmo impediriam a localização do documento científico através do "index".

Começar o Título com palavras chaves, evitando o emprego de expressões de pouco impacto, desgastadas e supérfluas como "Efeitos dos... ", "Influência dos..", "Estudos das..." ou "Considerações Preliminares sobre..." . Não se deve começar o título com artigos definidos ou indefinidos. Como o objetivo básico do Título é esclarecer, omitir palavras de significado ambíguo. Como exemplos, alguns títulos constantes da literatura e considerados adequados, quanto a sua forma são apresentados a seguir;

29

Page 18: 00 - Livro - Redação Científica

"Estresse de Oxigênio e Superóxido Dismutases" "Evolução Geológica do Platô Tibetano" "Importância Adaptativa da Variação Genética" "Nova Técnica para Examinar o Sangue" "Grande Preferência por Sal em Criança com Insuficiência Corricoadrenal" "Fibras de Vidro para Comunicação Ótica"

No entanto, é preciso esclarecer que, uma avaliação completa da exatidão de um título só pode ser feita com a leitura crítica de toda a publicação.

Os títulos das publicações, em biologia, adequadamente compostos, devem conter o nome do organismo experimental, órgão, tecido ou organela e a abordagem técnica empregada (Fisiológica, fenológica, morfológica, histoquímica, demográfica e bioquímica), conforme os exemplos seguintes :

"Mudança na Peroxidação de Lipídios durante a Senes-cência" de Tubérculos de Batata (Solanum tuberosum)" "Caracterização Molecular de um Inibidor da Poligactu-ronase em Pvrus coinmunis L. cv Bartlett" -"Dinâmica do Ajustamento do Fotossistema pela Qualidade da Luz em Cloroplastos"

O Título pode ser composto (título e subtítulo), em especial, nos artigos publicados em série. No entanto, os editores desencorajam esse tipo de publicação. Normalmente, os artigos se tomam repetitivos e obrigam o leitor a conhecer toda a série para compreender as idéias propostas. Além do mais, se um artigo da série é rejeitado pela editoria de um periódico, os demais serão, inevitavelmente, sacrificados.

Antes de se decidir pelo título final, o autor deve fazer uma avaliação com total isenção. É preciso se pôr no lugar do leitor e perguntar a si mesmo que tipo de publicação científica

30

encontraria ao ler o título proposto. Em caso de dúvida persistente, submeta-o à apreciação dos colegas.

Nos artigos científicos, logo abaixo do Título, são mencionado^) o(s) nome(s) do(s) autor(es) e o nome e endereço da instituição na qual o trabalho foi realizado. Além de situar a pesquisa, o endereço permite correspondência com o autor responsável. Ao escolher um periódico para submeter seu artigo, consulte os últimos números impressos, para conhecer o estilo empregado na menção dos autores. Dependendo do periódico, as informações sobre o endereço da instituição são deslocadas para compor o rodapé da primeira página do artigo.

31

Page 19: 00 - Livro - Redação Científica

CAPÍTULO 5 ELABORANDO O RESUMO

O Resumo consiste numa apresentação concisa e objetiva dos pontos principais de uma publicação científica. Proporciona todas as informações básicas e essenciais, permitindo ao leitor avaliar sua relevância dentro de sua linha de interesses. Com esses elementos, decidirá pela leitura ou não do documento científico.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 1978) através da NB-88 definiu três tipos de resumos:

a) Resumo Indicativo - sumário narrativo que exclui da-dosqualitativos e não dispensa a leitura do texto.

b) Resumo Informativo - condensação do conteúdo, que expõe finalidades, metodologia, resultados e conclusões, dispensando a leitura do texto.

c) Resumo Informativo/Indicativo - combinação dos dois tipos citados. Pode dispensar a leitura do texto quanto ao seu aspecto fundamental (tese, conclusões), mas não quanto aos demais aspectos tratados.

Na composição das publicações científicas consta o Re-' sumo Informativo que corresponde, em inglês, ao Abstract e ao Résumé, em francês. Por ser o único pertinente à divulgação de documentos científicos monográficos, a discussão será limitada a esse tipo e identificado, nesta publicação, somente como Resumo.

Conforme a definição, na sua elaboração devem constar: a) o problema pesquisado; b) o material e os métodos empregados; c) os resultados principais obtidos; d) as conclusões.

32

- A ênfase a ser dada a cada um desses itens depende do tratamento e importância a eles atribuídos no corpo do trabalho original.

Com relação ao problema pesquisado, um título bem composto deixa evidente os objetivos e o assunto do documento, o que simplifica a elaboração desse item do Resumo. O material e os métodos empregados devem ser descritos de forma concisa dando ênfase às novas técnicas, ao princípio metodológico fundamental e à ordem das operações. Os resultados devem ressaltar o surgimento de fatos novos, descobertas significativas, eventuais contradições e relações causa-efeito. E importante que as observações sejam expressas de forma quantitativa indicando os limites de precisão e graus de validade. Devem-se descrever as conclusões, isto é, as conseqüências dos resultados e o modo como eles se relacionam aos objetivos propostos no documento em termos de: recomendações, avaliações, aplicações, sugestões, novas relações e hipóteses aceitas ou rejeitadas.

O Resumo permite ao leitor uma compreensão geral da contribuição cientifica da pesquisa, sem a leitura completa do documento. É importante para manter o especialista atualizado sobre novas contribuições em sua área de pesquisa. Quando relevantes, motivam a leitura de todo o documento.

Na elaboração do Resumo, é importante ter-se em mente o fato de que ele será publicado isoladamente. Deve se sustentar por si próprio. Por essa razão, não pode conter citações bibliográficas, ilustrações e referências às tabelas, quadros e figuras. A não ser se forem absolutamente imprescindíveis à compreensão do texto, não são incluídas fórmulas, equações e diagramas. Se presentes, devem ser definidas com clareza quando de sua primeira citação.

Um bom recurso para redução do texto é o uso de abreviaturas. Consistem num conjunto de uma ou mais letras (quatro no máximo) que substituem palavras ou expressões. São empre-

33

Page 20: 00 - Livro - Redação Científica

gadas para economizar espaço, simplificar expressões complexas e aumentar a velocidade de leitura. Se usadas em excesso, pode tomar o texto incompreensível. Ao criar uma abreviatura, defina precisamente o seu significado na primeira vez que aparecer no texto: dias após a germinação (DAG); meses após a inoculação (MAI); dose letal (DL).

Na elaboração do Resumo, deve-se dar preferência ao uso da terceira pessoa do singular, do verbo na voz ativa, evitando o emprego de frases negativas. Deve ser escrito numa seqüência de frases correntes, excluindo a colocação de parágrafos. Como o nome tão claramente sugere, o Resumo deve ser breve e limitado no número de palavras. O valor máximo varia de acordo com a natureza da publicação científica. Para a maioria dos periódicos, o Resumo de um artigo deve conter, no máximo, 250 palavras (aproximadamente 20 linhas); em dissertações e teses, até 500 palavras. Terminada a redação, se o seu Resumo ainda estiver muito longo, deixe informações suficientes somente para explicar os problemas pesquisados (ou hipóteses propostas), a descrição concisa dos métodos e técnicas empregados, e as soluções encontradas. Esta abordagem minimalista causa um efeito redutor fulminante.

Para permitir o intercâmbio com entidades estrangeiras e ampliar o público leitor, a quase totalidade dos editores exige que o Resumo seja traduzido para o inglês, por ser o idioma mais corrente, constituindo-se no Abstract, como já explicado. Aconselha-se a escrever todas as partes textuais do documento

científico antes de elaborar o Resumo. Há uma forte razão determinante; ele só pode conter aquilo que está escrito no documento original.

Na apresentação das conclusões, lembre-se que o Resumo terá circulação isolada. Não se limite a descrever o que consta no corpo do artigo, com frases do tipo:

"Mudanças no pico de floração, em resposta ao estresse hídrico severo, são discutidas"."

Ao invés, descreva exatamente o que foi observado: "O estresse hídrico severo, em relação ao controle,

cipou o pico de floração em três semanas".

35

Page 21: 00 - Livro - Redação Científica

CAPÍTULO 6 ESCREVENDO A INTRODUÇÃO

A Introdução é o primeiro elemento do corpo textual de uma publicação científica, tendo por objetivo expor as razões e a natureza da pesquisa

Para efeito de clareza, a Introdução pode ser dividida em três panes componentes:

a) apresentação do problema ou da hipótese a ser testada; b) fundamentação teórica para compreensão do problema; c) objetivos da pesquisa. Inicialmente, exponha o problema ou defina a hipótese

que o levou a executar a pesquisa. Se expresso de maneira clara e compreensível, motivará a leitura do trabalho e o desejo de conhecer as soluções encontradas.

Em seguida, proporcione todas as informações básicas necessárias ao entendimento do problema pesquisado. E imprescindível a citação de trabalhos anteriores relacionados com os tópicos da pesquisa, de tal maneira que o leitor não dependa de informações adicionais para compreensão do assunto.

Na elaboração de artigos científicos, há necessidade de ser-se bastante seletivo, para que não se tome numa revisão exaustiva Essa abordagem é válida nas dissertações e teses que, por serem publicações mais extensas contêm, dentre os elementos textuais, uma Revisão de Literatura. Pela sua própria natureza, consiste numa apresentação mais detalhada e extensa das referências selecionadas e diretamente relacionadas com o tema abordado, funcionando como suporte para estudos mais aprofundados. Quando breve ou sem muita relevância para a compreensão do trabalho, respeitando-se as normas de cada curso, pode ser suprimida das dissertações e teses devendo o seu conteúdo integrar a Introdução.

36

Finalmente, defina e explique claramente quais os objetivos que deseja alcançar ao realizar a pesquisa. Quando bem explicados, desperta no leitor uma expectativa de saber quais soluções foram finalmente encontradas.

Mantenha em mente que o seu artigo poderá ser lido por pessoas fora de sua especialidade. A Introdução é a seção ideal para definir termos especializados ou abreviações que deverão constar em sua publicação científica.

LTFÔ- BT. PÕS-GRADUAÇÃO E M E N G P M M A r i Â

37

Page 22: 00 - Livro - Redação Científica

CAPÍTULO 7 DESCREVENDO O MATERIAL E MÉTODOS

Uma das condições imprescindíveis para que um trabalho possa ser considerado científico é a possibilidade de ser repetido por qualquer pessoa qualificada, utilizando os mesmos elementos e métodos, obtendo resultados iguais ou semelhantes. A seção Material c Métodos objetiva atender a essa exigência.

Com relação ao material, nos estudos que envolvem seres vivos, mencione, inicialmente, o objeto do estudo (microrganismos, plantas, animais inferiores ou seres humanos), definindo a sua classificação. No caso de microrganismos, identifique com precisão a estirpe (número de coleção, como por exemplo: EG-98); plantas e animais são identificados pelo nome científico completo (gênero e espécie); no caso particular das plantas são mencionadas a variedade e cultivar, quando pertinentes. Em função da natureza do trabalho, é importante ser especifico sobre as particularidades e fontes do material, citando procedência, idade, sexo, estado fisiológico, características genéticas, físicas ou químicas.

Quando o estudo envolver seres humanos, a caracterização dos sujeitos é função dos objetivos da pesquisa. Podem-se incluir informações sobre sexo, tipo étnico, nível de escolaridade, classe sócio-econômica, estado de saúde e situação civil da família de origem. E preciso mencionar, também, os critérios de seleção aplicados na definição da amostra e omitir, na divulgação, quaisquer informações de identificação (nome, idade, endereço residencial e local de trabalho) para resguardar os direitos de privacidade dos sujeitos. Esse cuidado, na realidade, deve se iniciar na fase de manipulação e análise dos registros pela conversão dos dados de identificação em códigos.

Os reagentes ou outras substâncias utilizados devem ser identificados com clareza, mencionando-se as características

químicas, físicas, quantidade e métodos de preparação. Há necessidade, também, de seT-se preciso e rigoroso na definição das quantidades usadas, citando, inclusive, as temperaturas de preparação das soluções. As soluções de ácidos e bases são expressas em termos de normalidade (N) e a dos sais em molaridade (M). Quando as concentrações forem expressas em termos percentuais, empregam-se as notações (p/p),(p/v) ou (v/v) sendo que "p" corresponde ao peso e "v" ao volume. Assim, 15% (p/v) significa 15 g/100 ml. Ao invés de partes por milhão, é aconselhável expressar as concentrações em microgramas por grama (_ug.g"l ) ou microgramas por mililitro (ug.ml"' ). Pela mesma linha de raciocínio, indique o volume dos gases usando microli-tros por litro (ul . l" ' ) ou nanolitros por litro (nl.H ) e não ppm ou ppb, respectivamente.

Com exceção dos casos nos quais se exige grau de pureza para análise, é aconselhável a exclusão da marca comercial do produto. Evite que a identificação do produto dependa exclusivamente da marca ou nome. de fantasia. Há possibilidade de a informação se tomar sem valor, tanto pela retirada do produto do mercado como pela restrição de fabricação a uma determinada região.

No caso específico de reagentes especiais, dos medicamentos ou defensivos agrícolas, pode-se mencionar o nome comercial para facilitar a sua aquisição, mas citam-se também os componentes ativos e as suas concentrações. A mesma formulação pode, eventualmente, ser encontrada sob diversos nomes de fantasia

Nos trabalhos na área de agronomia, biologia e ecologia conduzidos no campo, descreva as condições climáticas e identifique o tipo de solo. Escreva com a inicial maiúscula os nomes dos grandes grupos de solos: Aluviais, Podzólicos, Litólicos, Latossolos etc.

A maneira mais fácil e lógica de descrever os diversos métodos empregados é seguir a ordem cronológica do apareci-

Page 23: 00 - Livro - Redação Científica

mento', ao longo do desenvolvimento da pesquisa. No entanto, em alguns casos, para manter a unidade de pensamento, há necessidade de agrupar técnicas semelhantes, fugindo da ordem cronológica

O nível de detalhamento, na descrição de cada método empregado, é função da natureza da publicação. Em artigos para periódicos científicos, os métodos mais tradicionais dispensam descrição detalhada no texto, mencionando-se apenas a técnica usada e a fonte (autores). Nos casos em que o autor do artigo tenha criado o método, introduzido modificações importantes ou a fonte bibliográfica da qual foi retirado é de difícil acesso aos demais pesquisadores, há necessidade de descrevê-lo com detalhes. Mesmo nesta situação, lembre-se de que editores de revistas científicas são obcecados por economia de tinta e papel.

Nas monografias, dissertações e teses, os métodos devem ser descritos com todos os detalhes importantes, permitindo a sua reprodução por qualquer pessoa interessada sem depender de consulta às fontes originais. Essas devem ser citadas para o devido reconhecimento de autoria e permitir a leitura com fins de avaliação crítica.

Definida a seqüência de apresentação dos assuntos, a seção Material e Métodos poderá ser subdividida em tópicos encabeçados por subtítulos. A fragmentação facilita a sua elaboração, a compreensão e consulta por parte do leitor. A mesma seqüência dos subtítulos presentes em Material e Métodos pode ser mantida na elaboração dos Resultados, sempre que possível.

Quando o experimento requer análise estatística, o delineamento exrjerimental e os testes empregados devem ser mencionados, citando-se a fonte bibliográfica Entretanto, não se devem descrever os procedimentos clássicos da análise estatística. O leitor está interessado em avaliar seus resultados, e não em receber uma aula de estatística, da qual, muito provavelmente, não necessita naquele momento.

1 f CAPÍTULO 8

EXPONDO OS RESULTADOS

A seção Resultados, como o nome tão claramente expressa deve conter todos os dados relevantes de sua pesquisa. Os problemas surgem quando se tem de escolher a forma de apresentá-los. A transcrição pura e simples dos dados, diretamente do protocolo de laboratório ou caderneta de campo, dificilmente será adequada. Somente após terem sido submetidos a um processo de organização e análise podem constar do manuscrito.

• As tabelas, quadros e gráficos, as formas mais freqüentes de ilustrações, são compostos somente por dados representativos e não repetitivos. Para os iniciantes, a organização dos dados, seguindo este princípio, se constitui em momento de frustração. Valores de dezenas ou até centenas de repetições se transformam, diante de seus olhos, numa esquálida tabela. Esquecem que, em ciência a demonstração de objetividade é muito mais valiosa do que a da disposição física.

Os dados podem ser apresentados predominantemente, sob a forma de tabelas, quadros e gráficos. A escolha depende do que se deseja destacar. Diferenças estatísticas são apresentadas mais claramente em tabelas, enquanto tendências de variações são visualizadas mais facilmente em gráficos. Nas dissertações e teses, os mesmos dados podem ser apresentados nessas duas formas. Em artigos para periódicos científicos, há necessidade de se optar, apresentando-os sob a forma de tabelas, quadros ou de gráficos. Na seção Dustrações dessa publicação, as características dessas diversas formas de apresentação dos dados serão analisadas com detalhe.

A apresentação dos dados, a exemplo do sugerido para a elaboração de Material e Métodos deve, sempre que possível, seguir a ordem cronológica de obtenção dos mesmos. No en-

40

Page 24: 00 - Livro - Redação Científica

tanto, para tomar mais fácil a sua compreensão, é évidente que podem ser agrupados em função de sua natureza.

Quanto mais claro e objetivo for o autor na organização dos dados, menor será a seção Resultados de sua publicação cientifica. Na realidade, embora seja a parte mais importante da publicação, por conter todas as novas informações, é geralmente a mais curta de todas. Segundo Ray (1979), se algum dia o artigo científico perfeito for escrito, a seção Resultados constará de uma só frase: "Os resultados são mostrados na Tabela 1". A tendência redutiva, na apresentação dos resultados, fez com que, na maioria das publicações cientificas, a seção Resultados viesse associada com a Discussão.

Uma dificuldade, normalmente encontrada pelos autores, consiste no emprego correto dos símbolos das grandezas físicas. Atualmente, em todo o mundo, é usado o Système International d'Unités (SI) que define símbolos com clareza, padronizados em todas as línguas, para as unidades de medida. O SI definiu sete unidades básicas e duas complementares (Quadro 1).

QUADRO 1 - Unidades de Base de Acordo com o Sistema Internacional de Unidades (SI).

GRANDEZA NOME SÍMBOLO

comprimento metro m massa quilograma kg tempo segundo s intensidade de corrente elétrica ampere A temperatura termodinâmica kelvin K intensidade luminosa candeia cd quantidade de matéria mol mol

FONTE: Sistema Internacional de Unidades (1971).

42

As unidades suplementares são: radiano (rad) para o ângulo plano e cstcradiano (sr) para o ângulo sólido. As demais unidades são todas derivadas das unidades básicas, recebendo nomes c símbolos especiais, conforme expresso no Apêndice.

Segundo o SI. somente os símbolos que foram designados em homenagem ás pessoas são representados por letras maiúsculas: C (Celsius); F (Faraday); Hz (Hertz); K (Kelvin); N (Newton): Pa(Pascal); S (Siemens); W (Watt). Todos os demais são escritos com letras minúsculas: kg (quilograma); ha

(hectare): 1 (litro). Para indicar quantidades maiores ou menores do que as

unidades básicas e suplementares são empregados prefixos padrões que estão listados no Quadro 2, conforme normas do SI.

QUADRO 2 - Prefixos e Símbolos dos Múltiplos c Submúlti-plos das Unidades Básicas do SI.

P r e f i x 0 • Múltiplos e submuin inl8

exa E 10 inl5

peta P 1U inl2

tera T 10' IO 9

S'Sa G 14 l V

10 6 mega M

i_ 1 V

,0 3 kilo K . »

1U I O 2

hecto h A,*

in 1 deca da 1U unidade do SI ,» i in-1

deci d * IU

in-2 centi c

10 * in-3

nüli m 10 3

in-6 micro

IU IQ-9

nano n IU 10-12

pico P e 1 V

IÕ-15 femto I 10-18 atto a

43

Page 25: 00 - Livro - Redação Científica

Esses prefixos, embora constantes do SI, não são recomendados. A preferência é somente por múltiplos de 10o e 10° . Observe que os prefixos que indicam grandezas iguais ou superiores a 10^ das unidades básicas do SI são escritas com letras maiúsculas. Não há espaçamento entre o símbolo e o prefixo: nm; MPa; kg.

No texto, segundo o SI, o produto de duas ou várias unidades é indicado, de preferência por ponto com sinal de multiplicação: m.kg.s~2. Quando uma unidade derivada é constituída pela divisão de uma unidade por outra, pode-se utilizar a barra inclinada (/), potências negativas ou traço horizontal, com preferência pelas duas primeiras formas: m/s e m.s"^ . No entanto, nunca repetir, na mesma linha mais de uma barra inclinada: m/s^ ou m.s"-, nunca m/s/s.

Nos casos complexos, utiliza-se parênteses ou potências negativas: m.kg/(s^.A) ou m.kg.s"^.A"^, nunca m.kg/s^/A.

Quando houver necessidade de indicar, não uma temperatura, mas um intervalo ou diferença de temperatura, deve ser escrita a palavra "grau":

"...ocorrendo uma variação de 12 graus centígrados."e não "...ocorrendo uma variação de 12 o C." Na apresentação de números, a vírgula é usada somente

para separar a parte inteira dos números da sua parte decimal: 4,38 cm; 0,172 mm; -1,8 MPa; 12,7 g.

Nos textos em inglês (atenção com o Abstract), a separação da parte decimal é feita com o emprego do ponto: 4.38 cm; 0.172 mm; -1.8 MPa; 12.7 g. Para facilitar a leitura, a parte inteira dos números pode ser repartida em grupos de três algarismos cada um, mas nunca com o emprego de pontos : 460 000; 174 432,3; 1 324 748."

44

CAPITULO 9 CONCEBENDO A DISCUSSÃO

A organização e apresentação dos dados de forma adequada em Resultados se constituem em fator simplificador na elaboração da Discussão.

Nessa seção, o autor explica as variações contrastantes dos resultados, estabelecendo relações de causa e efeito, separando o essencial do secundário. Discute os dados em função do problema apresentado ou da hipótese proposta na Introdução. Integra os resultados de maneira a formar um quadro coerente com as idéias que deseja expressar. No entanto, não pode fugir da citação de exceções e faltas de correlações.

Os processos de inferência alcançados devem ser fundamentados em documentos científicos. E importante confrontar seus resultados com aqueles anteriormente relatados na literatura. Quando diferentes, devem-se procurar explicações, considerando discrepâncias no material, métodos e condições experimentais. Neste ponto, uma excelente revisão de literatura tornará a missão mais fácil. A falta de publicações correlatas deixará o autor sem referenciais de comparação.

Devem-se fazer suposições teóricas induzidas pelas observações obtidas no trabalho, tendo o cuidado de deixar claro que se trata de especulação, sem fundamentação nos dados obtidos. É evidente que as idéias, para serem aceitas, devem ter embasamento em conceitos científicos tradicionalmente comprovados. As possibilidades de estudos futuros e as implicações práticas dos resultados precisam ser discutidas, indicando novas tecnologias que tenham sido geradas, quando for o caso.

Pela sua importância, a Discussão é considerada a parte mais crítica na aprovação de uma dissertação ou tese e na aceitação de um artigo científico para publicação, É a seção ideal para demonstrar domínio do assunto e propor novas idéias. Por

45

Page 26: 00 - Livro - Redação Científica

conseguinte, a qualidade da Discussão depende essencialmente da fundamentação teórica adquirida pelo autor sobre o assunto. A dificuldade de redigi-la é indicativo de falta de conhecimento do tema em discussão. Quase sempre, a carência de fontes bibliográficas na Introdução ou Revisão de Literatura (dissertação e tese) está associada a uma fraca Discussão. Limitando-se a comentar o óbvio, o autor desperdiça uma oportunidade de exprimir conceitos inovadores, degradando a qualidade de sua publicação cientifica.

Discutindo suas observações e conclusões, muitos autores (em especial os sérios e cuidadosos) são tomados por muitas dúvidas (CBEA912). Ao se defrontar com situações tais, tome medidas acauteladoras. Para se resguardar na apresentação de conclusões que não estão diretamente fundamentadas nas suas próprias observações experimentais, use advérbios como "provavelmente", "possivelmente" e "aparentemente"; verbos como "sugere", "parece", "indica", "pode" e substantivos como "conjectura", "especulação", "suposição", "visão", "idéia" e "noção".

Em muitos casos, o cuidado Se justifica. Para evitar excessos, é preciso conhecer-se a escala de hierarquia de certeza dos conceitos científicos. Inicialmente, há leis da natureza que expressam conceitos que mais se aproximam da verdade científica absoluta. Tratam das forças básicas que regem o universo como a lei da gravidade, por exemplo. Descrevem as relações constantes entre fenômenos regulares.

Logo abaixo na hierarquia da certeza, situa-se a teoria, que é uma hipótese testada e verificada, largamente aceita e aplicada, contendo princípios gerais para predizer e explicar a regularidade entre os fenômenos. Está sujeita a revisão, à medida que o progresso da ciência se processa.

Finalmente, a hipótese, que é uma conjectura ou proposição elaborada para ser usada na argumentação ou teste. Neste

46

último caso, pode levará execução de um estudo ou pesquisa científica, podendo ser negada ou confirmada (CBE, 1972).

Superadas essas limitações e estando o perquisador seguro para fazer uma constatação que expresse novas verdades científicas, o valor da Discussão será significativamente reforçado. Finalmente, é bom lembrar que os livros textos são essencialmente coletâneas didáticas de proposições, solidamente baseadas em observações experimentais. Anteriormente, foram expressas de forma coerente na Discussão de publicações de alto nível.

. 4 7

Page 27: 00 - Livro - Redação Científica

CAPÍTULO 10 ELABORANDO AS CONCLUSÕES

A essência de uma publicação cientifica consiste em conduzir o leitor à compreensão dos fenômenos observados. A própria disposição sequenciada de suas seções constituintes leva-o, inevitavelmente, a esperar por uma exposição de idéias finais. Se bem elaborado, o documento cria um crescendo de interesse. Quando essas idéias são agrupadas e expostas de forma ordenada constituem as Conclusões. Pela sua própria natureza, estão intimamente relacionadas e dependentes das seções que as precedem.

Uma Discussão bem fundamentada não só facilita a elaboração das Conclusões, mas, em alguns casos, toma sua inclusão discutível. Em muitas publicações científicas nas quais constam os Resultados e a Discussão como seções separadas, as Conclusões não são apresentadas de forma isolada. Os conceitos que seriam incluídos nessa seção já se encontram expressos como parte da Discussão. Não é o caso de elevado número de dissertações, teses e alguns artigos científicos, nos quais Resultados e Discussão se apresentam agrupados numa única seção. Há, então, necessidade de elaborar as Conclusões de uma forma isolada.

Neste caso, as conclusões alcançadas para cada parâmetro ou variável estudada devem ser expressas com clareza. Deve-se procurar, sempre que possível, agrupar diversas observações, facilitando a compreensão do trabalho. E seguir a seqüência dos Resultados e Discussão, terminando a seção com conclusões gerais.

E importante que as conclusões tenham uma fundamentação quantitativa Expressões como: "foi alcançada uma produção muito alta", "tendo valores abaixo do esperado" ou "a redução foi limitada" não devem ser empregadas, por representa:

48

rem comentários sem precisão científica. Cite os valores mais representativos para reforçar suas conclusões.

Omita, também, avaliações qualitativas sobre a qualidade do seu trabalho do tipo: "Os resultados são excelentes para indicar..." ou "A alta qualidade dos dados permite concluir A capacidade de julgar o valor de seu trabalho é uma liberdade do leitor que deve ser respeitada.

As Conclusões podem ser escritas sob a forma de um "texto corrido", ou citadas numa seqüência de parágrafos, numerados ou não. Essa última forma é mais adequada para dissertações e teses quando o número de conclusões apresentadas é elevado. Na elaboração de artigos, a decisão depende dc normas de publicação do periódico científico. Em qualquer caso, evite o pleonasmo "conclusões finais". Se são conclusões, já são finais.

49

Page 28: 00 - Livro - Redação Científica

CAPÍTULO 11 COMPONDO AS ILUSTRAÇÕES

Obtidos os dados, há necessidade de transformá-los, através do processamento, em informações dispostas de maneira organizada para facilitar a compreensão. A etapa subseqüente consiste em verificar a possibilidade de discuti-los no texto, sem a elaboração de Ilustrações. Em muitos casos, este recurso se toma viável.

Quando há poucas variáveis independentes ou as dependentes têm muitos valores iguais a zero ou 100 (quando em percentagem), bem como uma seqüência de sinais + e - , é possível expressar essas observações no próprio texto. Nestes casos, as respostas obtidas para determinada substância ou estímulo nas quais aparecem zero ou sinal - são simplesmente discutidas como ausentes. Pela mesma linha de raciocínio, as demais com valor igual a 100 ou com sinal + são analisadas como ocorrências positivas. Não se devem elaborar ilustrações simplesmente porque os dados estão no protocolo de laboratório ou caderneta de campo. Devem ser auxiliares na visualização e conceituação de informações.

Nas publicações científicas, as Ilustrações são vistas como resumos visuais e numéricos, sendo classificadas como:

a) figuras; b) quadros; c) tabelas.

Nas figuras, os dados e observações são expressos em forma de gráficos, diagramas, fluxograma, desenhos, mapas, plantas e fotografias, dentre outros. São incluídas nas publicações, quando se deseja acentuar tendências de variações, alterações relativas, modificações qualitativas e visualização global de dados complexos.

As figuras só devem ser incluídas na publicação científica quando os dados expressarem tendências de variações bem particulares e evidentes. Dentre os tipos de figuras, os gráficos são a forma mais freqüente e fácH de elaborar, em especial, se forem usados recursos de computação. Podem ser compostos por linhas, colunas, barras e setores, sendo a escolha em função do que se deseja acentuar.

Os gráficos de linha são ideais para exprimir variações contínuas em função do tempo, estabelecer correlações ou mudanças gradativas nos valores de variáveis independentes. A Figura 1 é um exemplo típico de um gráfico de linhas. Na definição dos símbolos, a escolha deve recair sobre aqueles considerados padrões, constantes das "letra-sets" e impressoras gráficas. Os mais comuns são os círculos, quadrados e triângulos, abertos ou cheios. Segundo os editores, se esses símbolos não forem suficientes para compor um gráfico, não se deve perder tempo procurando por novos. O gráfico, muito provavelmente, sena rejeitado pelo excesso de curvas. A solução é distribuí-las em mais de um gráfico. Além de símbolos diferentes, use também linhas cheias, pontilhadas, tracejadas ou combinação de pontos e traços.

O gráfico em colunas Ou barras é ideal para variáveis nominais que surgem quando são definidas categorias (sexo, características físicas, desempenho, por exemplo). Esse tipo de gráfico permite o estabelecimento de contrastes marcantes entre diferentes tratamentos ou sujeitos, em especial, quando a coleta de dados se processa ao mesmo tempo. As colunas podem ser cheias, abertas, com linhas verticais ou em diagonais. Por representar distribuição de freqüência, esses gráficos podem ser formados por barras (Figura 2 ) ou colunas (Figura 3). Quando se dispõe de três variáveis estudadas, é possível elaborar um gráfico tridimensional, chamado estéreo grama (Figura 4).

51

Page 29: 00 - Livro - Redação Científica

Figura 1- Precipitação pluviométrica e evaporação na Fazenda Experimental da Universidade Federal do Ceará (UFC), em Pcntecoste, CE. Dados médios de 1966 a 1987, segundo a Estação de Meteorologia da UFC.

52

U?C- BT. PÔS-GRADUÁÇ® EM ENGÉKHAFIA

10 19 20 GTP/60P + GTP IV.)

Figura 2- Análise do acúmulo de p21 r a s em células de Rat-1. Células foram tratadas por 2 min com o agente indicado e a concentração relativa de GTP ligado foi determinada. Segundo van der Carven, 1993. Proc. Natl. Acad. Sei. Vol. 90, pp. 1257-61.

53

Page 30: 00 - Livro - Redação Científica

4 0

RINS FÍGADO BAÇO PULMÃO CORAÇÃO

Figura 3- Deposto de bFGF em órgãos quando aplicado por injeção intravenosa ou liberação pcrivascular. Segundo Edclman e, cl. 1993 Proc Nau Acad. Sei. Vol. 90, pp. 1513- 17.

54

Figura 4- Produção de algodão em caroço quando submetido a quatro regimes hídricos (C= controle, EL= estressado leve, EM" estressado moderado, ES= estressado severo) e quatro níveis de adubação nitrogenada (NR= nitrogênio residual, NS= nitrogênio sugerido pela análise química do solo, ND= o dobro de NS, NT= o triplo de NS).

55

Page 31: 00 - Livro - Redação Científica

' Os dados de variações percentuais são adequados para apresentação sob a forma de gráficos de setores ("pie chart"). Permite uma visualização clara dos vários componentes em relação ao total das variáveis ou setores de estudo (Figura 5). Por serem seus valores facilmente expressos em tabelas, raramente são incluídos nos periódicos científicos.

As legendas dos símbolos usados devem fazer parte do corpo dos gráficos. Em muitos casos, toma-se difícil explicar os significados dos símbolos na legenda da figura. Na elaboração dos gráficos, em particular, e das ilustrações como um todo, deve-se levar em conta a redução que sofrerão para se enquadrarem nas dimensões das colunas dos periódicos científicos ou nas normas das dissertações e teses. As legendas dos símbolos, os símbolos e as linhas devem ser claramente visíveis na impressão final. Uma maneira fácil de verificar antecipadamente a qualidade na impressão é, após a elaboração das figuras, reduzi-las às dimensões finais através de fotocopiadoras.

Para os artigos em periódicos científicos, as legendas devem ser datilografadas ou digitadas em folhas isoladas, e não na parte inferior das ilustrações. No processo de impressão, esses dois componentes são manipulados separadamente, com a ilustração sendo fotografada e a legenda composta como o restante do texto.

As fotografias, pelos custos e dificuldades de reprodução, só devem ser usadas em situações particulares, nas quais sejam totalmente indispensáveis para compreensão das informações. São normalmente encontradas nos trabalhos de anatomia, microbiologia, patologia, bioquímica, cultura de tecidos e microscopia eletrônica. E aconselhável que a fotografia seja em preto e branco. A reprodução de uma fotografia colorida é extremamente dispendiosa e, ainda, são poucos os periódicos com capacidade de impressão a cores.

Nas fotografias, é aconselhável incluir setas ou letras para destacar aspectos importantes. Quando obtidas com auxílio de

56

4 TRATAMENTO CONTROLE

GINÓFORO

• F R U T O TRATAMENTO

FOLHA

GINÓF0R0

Figura 5- Distribuição relativa dos fotoassimilados, ao final do ciclo, nos di

versos órgãos de amendoim (Arachis hypogaea / . . ) , quando adequadamente ir

rigado (A) ou severamente estressado (B) .

57

Page 32: 00 - Livro - Redação Científica

microscópios, deve-se colocar uma escala como referencial para avaliação das dimensões. Qualquer que seja a percentagem de redução ou ampliação no processo de impressão, o fator de magnificaçào continua evidente.

Os quadros são compostos por colunas e linhas contendo dados das variáveis independentes e dependentes, transcritos sem qualquer cálculo estatístico.

As tabelas têm a organização estrutural dos quadros, mas diferem destes em virtude de os dados sofrerem manipulações estatísticas.

Nas tabelas, o dado estatístico é apresentado na casa ou seja no espaço definido pela interseção de uma linha com uma coluna. Quando ocorrer ausência de um dado numérico, segundo as Normas de Apresentação Tabular do FIBGE (1979), emprega-se um dos seguintes sinais convencionais: quando, pela natureza do fenômeno, não puder existir o dado: Z quando o dado for rigorosamente zero; ... quando não se dispuser do dado; barra vertical ou horizontal, quando os dados anteriores ao símbolo não forem comparáveis aos posteriores; 0; 0.0; 0,00, quando a aplicação dos critérios de arredondamento não permitir alcançar, respectivamente, os valores 1; 0.1; 0,01 etc; X, quando o dado for omitido para evitar a individualização da informação. Em inglês, a palavra "table" se refere indistintamente a quadros e tabelas.

Embora carecendo dos atrativos visuais das figuras, os quadros e tabelas, são imprescindíveis para análise dos dados, cm muitas situações particulares. Feita a opção, surge então a necessidade de organizá-los. Os valores podem ser expressos em colunas ou linhas. Há mais clareza, quando os dados relativos à mesma variável são dispostos em colunas, de tal maneira que sejam lidos de cima para baixo. A situação inversa, com os dados da mesma variável dispostos em linha, normalmente dificulta a leitura e compreensão das informações. Exemplo é apresentado a seguir, para ilustrar esses conceitos. As Tabelas la e

58

lb são compostas pelos mesmos valores: na primeira os dados das variáveis dependentes são lidos nas linhas, da esquerda para a direita, enquanto na Tabela lb . em colunas, de cima para baixo. Este último fonnato é preferido porque facilita a sua elaboração e a compreensão das informações por parte do leitor. Tabela publicada em artigo constante da revista Physiology <t Behavior (Vol.53.pp. 285-290,1993) foi escolhida para ser refeita de acordo com essas diretrizes. A Tabela la apresenta a tradução do original. Quando refeita objetivando clareza e simplificação, compõe a Tabela lb.

TABELA la - Comportamento durante exposição a estímulos

estressantes. estressantes. ^rurmnvtarnentO Controle Deltrofina Z Signif*

\tividade 1 V , l > i V1 UM»-

pvnloratória 28,11 2,16 2,113 p< 0,03 i_ , \ L, 1 VJ 1 U V V »**

TmnhilinHflG 111 l\J U11 l u a u v

passiva 11,65 13,90 0,267 NS

Movimentos V * C

rpat ivos 36,75 42,85 0,592 Nb 1 Vrül i •

Jmrthil idade reativa 9,64 31,25 2,282 p< 0,02

* Teste de Wilcoxon.

TABELA lb. Comportamento de coelhos durante exposição de peptidio opióide deltorfina.

COMPORTAMENTO Estímulos Atividade Imobilidade Movimentos Imobilidade

exploratória passiva reativos reativa Controle 28,11a 11,65a 36,75a 9,64b Deltrofina 2.16b 13,90a 42,85a 31,25a Duas médias seguidas pela mesma letra, em cada coluna, não diferem pelo teste de Wilcoxon ao nível de 5% de probabilidade.

59

Page 33: 00 - Livro - Redação Científica

Na composição de quadros e tabelas, não coloque ponto após o nome de cada variável dependente ou independente, que formam os cabeçalhos das colunas e linhas. Na parte externa do corpo do quadro ou tabela devem constar o título, fonte, notas e chamadas, dependendo de sua natureza.

O título, que ocupa a parte superior, define a natureza do problema pesquisado, características dos sujeitos, local e época de coleta dos dados, quando imprescindíveis para compreensão das informações.

A fonte deve sempre ser incluída no rodapé, quando os dados expressos tiverem sido obtidos por outros autores ou entidades. E muito freqüente a sua citação nos quadros e tabelas sobre levantamentos estatísticos.

As notas são informações adicionais necessárias à compreensão do conteúdo dos quadros e tabelas. E aconselhável não incluir como notas informações sobre os métodos empregados no levantamento dos dados, que devem constar da seção Material e Métodos.

Finalmente, as chamadas visam esclarecer uma parte especifica da tabela, em especial, sobre dados numéricos analisados estatisticamente. As chamadas são geralmente feitas por letras minúsculas ou asteriscos e colocadas no rodapé. Informações detalhadas, sobre a constituição de tabelas podem ser obtidas através das Normas de Apresentação Tabular {FIBGE, 1979).

As ilustrações (figuras, quadros e tabelas) devem ser numeradas com algarismos arábicos.

Nos artigos científicos, não inclua figuras que simplesmente dupliquem material constante no texto, tabela ou quadro. Nas dissertações e teses, documentos monográficos mais longos, podem-se compor figuras com os mesmos dados constantes em tabelas ou quadros, desde que visem demonstrar, mais claramente, tendências das variações. De qualquer maneira, os custos de impressão são normalmente do autor.

60

Dependendo da natureza do documento científico, apêndices e anexos, normalmente contendo elementos de ilustração, são acrescentados como componentes pós-textuais. Objetivam complementar e ilustrar idéias e conceitos desenvolvidos no corpo do trabalho. Segundo Severino (1991), os apêndices geralmente constituem desenvolvimentos autônomos, elaborados pelo próprio autor, para complementar o raciocínio: os anexos, nem sempre criação do próprio autor, são elaborados e incluídos para complementar e fundamentar as idéias expostas. Independentemente de sua natureza, ambos são deslocados para a parte final do documento cientifico, para não prejudicar a unidade do trabalho.

61

Page 34: 00 - Livro - Redação Científica

CAPÍTULO 12 APRESENTANDO OS AGRADECIMENTOS

O corpo textual de uma publicação científica, dependendo de sua natureza, pode ser antecedido ou seguido por uma seção que tem como característica marcante a cortesia. E a parte relativa aos Agradecimentos.

Independente de sua localização, essa seção deve permitir ao autor agradecer às pessoas e instituições que cooperaram c tomaram possível a realização do trabalho cientifico. No primeiro caso, devem ser mencionados os colegas que, dentre outras coisas, executaram sofisticadas análises de laboratório, cederam materiais desenvolvidos por eles, como estirpes, cultivares e ge-nótipos ou participaram da concepção e análise estatística especial para o experimento. Fora destes casos excepcionais, em especial para publicação cm periódicos científicos, é aconselhável não mencioná-los.

Na escolha das pessoas e na forma de agradecimento podem surgir problemas. Se o reconhecimento é exagerado e ampliado fora de proporções, o homenageado pode se sentir frustrado por não ter sido incluído como co-autor; quando esquecido, sente-se injustiçado. Em qualquer um dos casos, o autor está correndo sérios riscos de perder colaborações futuras ou mesmo um amigo. A solução consiste em, antes de começar o trabalho, definir muito claramente as funções e participações de cada um na publicação cientifica final.

Ao fazer os agradecimentos, deve-se ter cuidado para não comprometer as pessoas citadas com as suas opiniões; essas devem ser claramente entendidas como de sua inteira responsabilidade.

No caso especifico das dissertações e teses, todos os que contribuíram com orientações, sugestões e ajuda na elaboração devem ser mencionados. Pode-se também agradecer ao pessoal

62

de apoio (desenhistas, revisores, laboratoristas, datilógrafos c responsáveis pela manutenção do local do experimento). A natureza relativamente extensa dessas publicações comporta demonstrações explícitas de gentileza.

Nos Agradecimentos é importante mencionar toda fonte de suporte financeiro recebido para a realização do experimento (bolsas, convênios, acordos, contratos e programas). Além de um ato de justificável cortesia é também um comprovante de que os recursos recebidos geraram novas informações cientificas. Nos pedidos de renovação, geralmente se constitui em valioso aliado nos processos de convencimento.

63

Page 35: 00 - Livro - Redação Científica

CAPÍTULO 13 ORGANIZANDO A LITERATURA CITADA

A informação científica é gerada e divulgada para participar do processo de edificação do saber. Essa verdade se expressa mais claramente quando da elaboração de um documento científico. Há necessidade de fornecer ao leitor informações já conhecidas para facilitar a compreensão do problema exposto e justificar suas observações. No processo de transcrição das informações surgem diversos problemas.

Primeiramente, só devem ser citadas as publicações consideradas significativas e imprescindíveis para a compreensão do trabalho. A leitura de dezenas de artigos e livros não é critério para citação. Mencione somente aqueles importantes e relevantes para o trabalho. O interesse maior do leitor é entender a publicação e não apreciar a sua capacidade em resistir a uma maratona de leitura.

Feita esta seleção, .surge a necessidade de incluí-los na elaboração do texto. Uma citação é feita sempre que, na composição de um texto, menciona-se uma informação colhida em outras fontes. Pode ser direta ou indireta (conceptual); na primeira, há uma transcrição literal (ipsis litleris) de um texto, e na segunda, uma expressão das idéias dos autores consultados.

Na citação direta ou literal, a transcrição fiel do documento deve vir sempre entre aspas, mencionando-se a página consultada. Quando a citação tiver menos de três linhas deve ser inscrita como parte corrente do parágrafo.

Exemplo: Sobre as citações, Eco (1991, p. 121) afirma que há dois

casos: "a) cita-se um texto a ser depois interpretado e b) cita-se um texto em apoio a nossa interpretação".

Quando a citação direta tiver mais de três linhas virá destacada do texto, compondo seu próprio parágrafo. Tanto o início

64

da citação como as demais linhas obedecem, geralmente, o' mesmo alinhamento empregado para iniciar qualquer parágrafo.

' Exemplo: Em termos de natureza, os conceitos científicos diferem

dos lingüísticos e dos matemáticos. Para Astblfl & Develay (1990, p. 31):

"O conceito científico se exprime por uma frase ou um código gráfico ou matemático. Mas se distingue do conceito matemático pelo conjunto das regras e das obrigações que permitem colocá-lo em correspondência com o conjunto dos objetivos do universo. O matemático constrói seus próprios objetos enquanto o físico ou o biólogo leva em conta um real que preexiste e que resiste, e que ele vai procurar explicar."

A omissão de parte do texto, no início ou final da citação, é indicada, respectivamente, pela colocação de reticências. Se no meio do texto, a omissão é explicitada pela colocação de reti-. cências entre parênteses.

Quando o autor do documento considerar uma citação como inadequada, absurda ou errônea deve colocar, logo após a sua transcrição, a expressão latina "sic" ("assim mesmo") para destacá-la e expressar a sua discordância.

No caso de citação indireta ou conceptual, não se devem acrescentar aspas; menciona-se somente a fonte de referência

Os estilos de referências mais comuns, para as citações indiretas ou conceptuais, segundo Day (1979) são:

a) nome e ano; b) número pela ordem de citação no texto; e c) número de uma lista de referências composta em or

dem alfabética

No primeiro estilo de citação de referências, deve se escrever o nome (sobrenome) do autor e o ano da publicação^ como por exemplo: Silva (1993) ou {Silva, 1993), dependendo de sua localização no texto.

65

Page 36: 00 - Livro - Redação Científica

Exemplos: Segundo Silva (1993), sob condições de elevadas temperaturas, o período de enchimento de grãos do caupi fica reduzido a 12 dias.

Sob condições de elevadas temperaturas, o período de enchimento de grãos fica reduzido a 12 dias (Silva, 1993).

O nome pode ser escrito todo em letras maiúsculas ou somente a primeira letra. E uma decisão da editoria da publicação científica. Em qualquer caso, o mesmo estilo deve ser mantido para toda a publicação. Quando há dois autores, os últimos sobrenomes são citados: Silva'& Souza, 1992 ou Silva e Souza, 1992. No caso de três ou mais autores, cita-se o primeiro seguido pela expressão latina (e outros) et alii ou et ai. No último caso, não esquecer o ponto, por se tratar de uma abreviação. Essas expressões podem ser grifadas, escritas em itálico ou no mesmo tipo do restante do texto. Consulte as orientações da editoria ou verifique outros artigos da mesma publicação. Para elaboração de dissertações e teses, as Coordenações também têm normas bem definidas com relação às citações.

Este estilo de citação (nome e ano) traz vantagens para o leitor. Permite-lhe familiarizar-se com autores mais famosos em sua área de atuação e a identificação imediata do ano de publicação na própria leitura do texto. Desvantagens só aparecem quando são feitas citações de diversas publicações,- criando uma longa cadeia de nomes e datas entre parênteses. Muitos periódicos, por questões de economia na impressão dos artigos, fazem objeções a esse estilo de citação. Preferem os mais resumidos.

No segundo estilo de referência, o nome do autor e data podem ser substituídos por um número escrito, entre parênteses, de acordo com a ordem de aparecimento no texto. Conseqüentemente, a lista de referências bibliográficas, no final da publicação científica, não é composta em ordem alfabética É ideal para periódicos que desejam reduzir consideravelmente os custos de impressão, limitando os artigos em uma ou duas páginas. A lista de referências é composta só pelo nome dos autores, ano

66

e fonte de publicação. Um exemplo clássico do emprego desse estilo é observado no periódico Science. Para os trabalhos longos, com muitas citações (monografias, dissertações e teses), esse estilo não é ideal. Se na fese final de elaboração da publicação, o autor desejasse incluir uma nova citação na Introdução, por exemplo, teria de modificar todo o restante da numeração no texto e na lista de referências. Embora os modernos processadores de texto facilitem as correções, ainda assim há grande perda de tempo.

Para o leitor, esse estilo de citação de referências tem dois inconvenientes: primeiro, teria de consultar constantemente as referências bibliográficas para saber quem emitiu determinada opinião e quando foi proferida; c finalmente, as publicações de um mesmo autor não se apresentariam agrupadas na referência bibliográfica pela falta de organização em ordem alfabética. Por essas razões, as monografias, dissertações e teses usam o estilo nome e ano.

Finalmente, no terceiro estilo de citação de referências, na composição do texto usa-se um número, entre parênteses, que advém de uma lista de referências bibliográficas organizada em ordem alfabética. Tem as mesmas desvantagens do segundo estilo quando constante de publicações muito longas. No entanto, mostra-se adequado para periódicos, apresentando a vantagem de ser breve e agrupar os autores por ordem alfabética na lista de referências. No momento, é o estilo com maior aceitação por parte dos periódicos.

Em um número reduzido de periódicos, a citação de referências no texto se compõe do nome do autor e do número resultante da lista de referências bibliográficas disposta em ordem alfabética É uma variação do primeiro estilo, no qual a data de publicação é substituída pelo número de ocorrência na citada lista A grande desvantagem consiste na necessidade de o leitor recorrer à lista de referências bibliográficas sempre que desejar saber a data de publicação de um determinado artigo.

67

Page 37: 00 - Livro - Redação Científica

A elaboração da lista de referências ou citações bibliográficas, no final da publicação, é função do estilo escolhido. O autor deve seguir as normas definidas pela editoria da publicação e, nos casos excepcionais, consultar as orientações da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT NB-66, 1980).

68

CAPÍTULO 14 CONDUZINDO A REVISÃO DA PUBLICAÇÃO

Concluída a redação deuma publicação cientifica (artigo, monografia dissertação ou tese), antes de enviá-la ao editor ou entregá-la ao comitê de orientadores, há necessidade dc o autor proceder a uma cuidadosa Revisão. Embora passe por diversos revisores antes de ser publicado, a responsabilidade maior da qualidade final do trabalho depende do grau de comprometimento do autor.

Segundo Erlich & Murphy (1964), antes que uma publicação cientifica atinja seu público alvo, é preciso se proceder a uma revisão, em pelo menos, quatro fases:

a) conteúdo e forma; b) estilo; c) detalhes; d) leitura final.

Na primeira fase da Revisão, o autor deve-se concentrar sobre os aspectos de conteúdo e forma. Em termos seqüenciais, é preciso avaliar se o Título reflete exatamente a natureza da publicação; não promete nem mais nem menos do que pode oferecer.

O Resumo (Abstract) deve expressar somente as observações verificadas e ser compreendido sem que o leitor tenha de consultar as partes textuais da publicação. Conforme definição anterior, nessa obra somente são discutidos os resumos informativos, por serem pertinentes aos documentos científicos monográficos.

Sobre o problema pesquisado, a Introdução deve proporcionar uma fundamentação teórica baseada em estudos anteriores e expressar claramente o que se objetiva alcançar. O autor deve levar em conta que sua publicação precisa ser entendida

69

Page 38: 00 - Livro - Redação Científica

por pessoas que atuam em outras áreas, fora de sua especialização.

Verificar se o leitor tem condições de repetir o experimento, baseando-se somente nas informações contidas em Material e Métodos. As técnicas empregadas devem ser apresentadas em seqüência lógica e desprovidas de dados supérfluos. O material utilizado precisa ser definido com precisão.

As seções Resultados e Discussão devem conter somente os dados imprescindíveis à compreensão do trabalho. Usar as ilustrações de forma criativa e parcimoniosa. Geralmente são as seções que mais concorrem para tomar uma publicação muito longa.

Finalmente, verificar se as Conclusões são justificáveis em função das informações proporcionadas ao longo da publicação. E importante que as suposições e opiniões pessoais sejam claramente compreendidas, como tais, pelo leitor.

Na segunda fase da revisão, o autor deve-se deter sobre as questões de estilo. Observar se as frases são curtas, diretas e precisas. A objetividade é alcançada, principalmente, pelo emprego de terminologia adequada à ciência. Os novos termos devem ser definidos e as siglas claramente expressas. Cada parágrafo deve expressar um importante ponto e permitir um encadeamento de idéias, tomando o texto fluente.

Na terceira fase da revisão, o autor deve se deter sobre os detalhes. Verificar cuidadosamente se as citações bibliográficas contidas no texto estão corretas e fazem parte da lista de referências. As ilustrações (quadros, tabelas, gráficos, fotografias e mapas) devem estar corretamente compostas e incluídas de maneira adequada no texto. Corrigir erros de grafia das palavras e pontuação das sentenças. Nas dissertações e teses, verificar se a numeração das páginas das diversas seções está corretamente expressa no sumário. E aconselhável, nessa fase, solicitar a cooperação de um colega para fazer o papel de revisor, lendo a

70

publicação de maneira critica. Há vantagens mútuas nessa cooperação. O autor tem suas chances de erros reduzidas e o "revisor" estará exercendo uma das maneiras mais efetivas de aprendizagem de redação científica: a leitura crítico-analítica.

Procedidas as correções, há necessidade de elaborar a versão final, o que será feito pelo próprio autor ou por um datilografo (digitador). E um processo que pode introduzir diversos erros. Por essa razão, há necessidade da quarta fase da rev isão, a leitura final do texto. Deve ser realizada antes de seu envio para publicação.

Somente seguindo esses passos, que parecem longos e tediosos, mas totalmente imprescindíveis, terá o autor o direito de submeter sua publicação para apreciação pela comunidade científica.

O processo de revisão de um documento científico por parte do orientador ou editor pode ser simplificado com o emprego de símbolos de correção. No entanto, essa facilidade só ocorrerá se houver um entendimento sobre a simbologia entre quem sugere as modificações e aquele que deve executá-las.

Para assegurar-se que uma correção não passará despercebida, é aconselhável fazer-se a notação na própria linha do texto ou na margem lateral mais próxima. Mesmo que o símbolo colocado no texto seja suficiente para orientar a modificação, é recomendável, na margem mais próxima, marcar com um X cada correção feita. Desta maneira, não haverá possibilidade de omissão. Com o uso dos modernos processadores de texto, a versão final sem erros será mais facilmente obtida com o emprego dessa técnica.

Atualmente, os editores dos periódicos mais modernos encorajam os autores a enviarem, além das cópias impressas do artigo científico, disquetes com a versão final do texto, referências bibliográficas e as legendas das figuras. Os disquetes gravados em computador pessoal, utilizando processadores de texto

71

Page 39: 00 - Livro - Redação Científica

mais avançados, são os preferidos. Aqueles mais simples possuem muitos códigos internos e uma estrutura de arquivos complexa que dificulta ou mesmo inviabiliza a sua conversão.

No disquete, deve constar somente o arquivo (file) pertinente ao artigo científico. Para permitir a sua identificação e processamento pela editoria, na etiqueta do disquete mencione, além do nome do periódico científico, nome do autor para correspondência e do titulo completo ou abreviado (se muito Ion- » go) do artigo, o tipo do computador no qual foi gravado, versão do sistema de operação e nome do processador de texto empregado, incluindo o número da versão. No topo da etiqueta, escreva a palavra "manuscrito" deixando um espaço para o editor identificá-lo pelo número a ser designado.

APÊNDICE

Lista das grandezas físicas, nomes e símbolos de acordo com o -Sistema Internacional de Unidades (SI).

GRANDEZA NOME SÍMBOLO metro m centímetro cm

COMPRIMENTO milímetro mm angstrom A

metro cúbico m3 . litro 1

VOLUME decímetro cúbico d m 3

centímetro cúbico cm •> mililitro ml

tonelada t quilograma kg

MASSA grama g miligrama mg

elétron-volt eV erg erg

ENERGIA caloria cal joule J

pascal Pa megapascal MPa •

PRESSÃO atmosfera atm milímetro de mercúrio mmHg torricelli Torr

72 73

Page 40: 00 - Livro - Redação Científica

TEMPO

dia hora minuto segundo milisegundo

d h min s ms

TEMPERATURA

grau Celsius grau Reaumur grau Fahrenheit grau Kelvin

°C CR °F °K

FORÇA newton quilograma-força

N kgf

POTENCIA watt W

CORRENTE ELÉTRICA ampere A

CARGA ELÉTRICA coulomb C

TENSÃO ELÉTRICA volt V

CONDUTÂNCIA ELÉTRICA Siemens S

CAPACITÂNCIA faraday • F

FREQÜÊNCIA fiertz Hz

UNIDADE DE RADIOATIVIDADE i :urie Ci Q Ü E DE RADIAÇÃO SUPORTÁVEL I loentgen

74

R/Ren

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT. NB-88 - Resumos. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Normas Técnicas. 3pp. 1978. ABNT. NB-66 - Referências Bibliográficas. Rio dc Janeiro: Associação Brasileira de Normas Técnicas. I7pp. 1980. ASTOLFI. J.P. & M. DEVELAY. A Didática das Ciências. Campinas: Papirus Editora. 132pp. 1990. CBE. Style Manual. Council of Biology Editors. Committee on Form and St\lc Washington D C : 3? Ed. American Institute of Biological Science. 297 pp. 1972.

CERVO, A L . & P.A. BERVIAN. Metodologia Cientifica. São Paulo: Editora McGraw-Hill do Brasil Ltda. I58pp. 1975. DAY, RA. How lo Write and Publish a Scientific Paper. Philadelphia: ISI Press. 160pp. 1979.

DESCARTES, R. Discours de la Methode. Paris: 58 Ed. Librairic Philosophi-queJ. Vrin. 498pp. 1967.

ECO, H. Como se Faz uma Tese. São Paulo: Editora Perspectiva S.A. 170pp. 1977. EHRLICH, E. & D. MURPHY. The Art of Technical Writing. New York: Bantam Books, Inc. 182pp. 1964.

FEITOSA, V.C. Redação dc Textos Científicos. Campinas: Papirus Editora 155pp. 1991.

FIBGE. Normas dc Apresentação Tabular. Rio dc Janeiro: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia c Estatística. 22pp. 1979. MARTINS, J. Subsídio para Redação de Dissertação dc Mestrado c Tese de Doutorado. São Paulo: Editora Moraes. 36pp. 1991. MORAES, I.N. Elaboração da Pesquisa Científica. Rio de Janeiro: Livraria Atheneu Editora. 243pp. 1990.

NAHUZ, CS. & L.S. FERREIRA. Manual para Normalização de Monografias. São Luis: Ed. da Univ. Federal do Maranhão. 141 pp. 1989. SEVERINO, A.J. Metodologia do Trabalho Cientifico. São Paulo: Cortez: Autores Associados. 252pp. 1991. INPM- Sistema Internacional de Unidades. Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Pesos e Medidas. 50pp. 1971.

75

Page 41: 00 - Livro - Redação Científica

SOBRE O AUTOR

Luiz Gonzaga Rebouças Ferreira é Professor Titular da Universidade Federal do Ceará (UFC), tendo recebido, nesta instituição, o grau de engenheiro agrônomo em 1968. Obteve especialização em Fisiologia Vegetal pelo Instituto Interameri-cano de Ciências Agrícolas (UCA) em Turrialba, Costa Rica, em 1970. Na Universidade da Califórnia, Davis, EE.UU., obteve os graus de M.S. e Ph.D em Fisiologia Vegetal em 1972 e 1974, respectivamente. Além da atuação de ensino na área de Fisiologia Vegetal (graduação e pós-graduação), o autor tem ministrado uma disciplina sobre "Métodos de Pesquisa e Redação Científica" para alunos dos cursos de pós-graduação do Centro de Ciências Agrárias da UFC.

Com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cienrífico e Tecnológico (CNPq) e das Comissões Cientificas da Comunidade Européia desenvolveu diversos projetos de pesquisa sobre relações água-planta. Conjuntamente com o "Laboratoire D'Ecologie Générale et Appliquée" da Universidade de Paris VII tem mantido programa de intercâmbio cientifico com pesquisadores desta instituição. Publicou diversos trabalhos científicos em periódicos nacionais e estrangeiros, com artigos escritos em inglês e francês, além de português. Participa como revisor do corpo editorial de alguns periódicos brasileiros. Como distinções e honrarias internacionais, ingressou por convite nas Sociedades Honorárias Sigma Xi e Phi Kappa Phi e na Academia de Ciências de New York, como membro eleito. Foi, também, selecionado para inclusão no "Who's Who in the World" 6 a edição, 1982/1983; "Distinguished Leadership Award", 1985; "Community Leaders of the World", 1985; "International Roll of Honor", 1985. Em 1992, publicou o livro texto "Fisiologia Vegetal; Relações Hídricas".

76

Publicações em

iências Biológicas

Page 42: 00 - Livro - Redação Científica

BIOLOGIA: PRÁTICAS - Heida Lenz Cesar Quesado, Maria da Pompeia Pires Cavalcante, Mariana Ferreira de Menezes Fortaleza: Edições UFC. 1992.

O livro contém informações e orientações para o melhor desempenho dos alunos de Biologia Geral em práticas de laboratório.

Biologia: Práticas, visa permitir ao estudante trabalhar por conta própria, ficando o professor mais livre para orientar e solucionar as dúvidas que vão surgindo.

O IÍVTO está dividido em três partes: roteiros das práticas experimentais; roteiros de microscópio e roteiros para o professor. São, ao todo 13 (treze) roteiros de aulas práticas com uma media de duas horas de duração cada.

7S

CONTROLE ALTERNATIVO DE PRAGAS E DOENÇAS José Higino R. dos Santos i t a l . Prefácio de José Júlio da Ponte. Fortaleza: Edições UFC. 1988

Trata-se de um levantamento criterioso e abrangente de medidas sanitárias alternativas. O livro propõe repensar práticas do passado a partir dos novos conhecimentos sobre a bio-eco-logia, no sentido de incorporá-las às novas técnicas agrícolas.

Um livro indispensável para os profissionais da agronomia preocupados com soluções adequadas para problemas biológicos na implantação de agro-ecossistemas.

Controle Alternativo de Pragas e Doenças traz uma relação dos grupos de seres vivos que podem ser pragas ou causarem doenças e seu controle; fórmulas para o controle de pragas e doenças; pragas de produtos armazenados; controle biológico; plantas utilizadas no controle de pragas e doenças e outras que merecem cuidados por serem tóxicas e plantas companheiras.

79

Page 43: 00 - Livro - Redação Científica

INTRODUÇÃO À F1TOQUÍMICA EXPERIMENTAL F. J. Abreu Matos. Fortaleza: Edições UFC, 1988.

O livro trata sobre o estudo químico de plantas, incluindo noções gerais sobre tipos de vegetação encontrados no Brasil e regras para seleção e a coleta das plantas que devem, prioritariamente, ser submetidas a estudo químico.

A parte fundamental do texto compreende a descrição de técnicas selecionadas para verificação de quase duas dezenas de grupos de substâncias, cuja presença nas plantas é esperada. Entre elas estão alcalóides, taninos, saponinas, glicosídios etc.

Manual de grande interesse para alunos e profissionais das áreas de ciências da saúde e agronômicas.

»

80

TÉCNICAS DE BIOPRODUTIVIDADE E FOTOSSÍNTESE -J. Coombs e D. O. Hall. Fortaleza: Edições UFC. 1987.

Este manual foi preparado com materiais usados nos curso de treinamento e oficinas de um projeto do Programa do Meio Ambiente das Nações Unidas e o Colégio Real da Universidade de Londres. Trata-se do resultado de treinamento no campo e técnicas de laboratório ligados à medição da produtividade de plantas com ênfase em fotossíntese.

Os cursos são dirigidos para resolver a necessidade de aumentar o conhecimento Sobre a produtividade de comunidades envolvidas com plantas em regiões mais quentes. O livro discute a possibilidade do uso, nos países em desenvolvimento, de fontes nativas de energia como a geotérmica a hidrelétrica e a solar, bem como as condições para o programa da biomassa e seus problemas para os países que enfrentam a carência de comestíveis.

BI

Page 44: 00 - Livro - Redação Científica

FISIOLOGIA VEGETAL: REI AÇÕES HÍDRICAS Luiz Gonzaga Rebouças Ferreira. Fortaleza: Edições UFC, 1988

A obra é um livro-texto de fisiologia vegetal nas áreas de relações hídricas e translocação para estudantes de graduação dos cursos de agronomia, biologia e engenharia florestal, bem como para alunos de pós-graduação, visto discutir com detalhe e fundamentar adequadamente cada tópico. Pode, ainda, ser utilizado como obra de consulta por profissionais que desejem uma revisão integrada e atualizada dos conceitos de fisiologia vegetal.

O livro oferece ao leitor uma visão integral e sequenciada d participação da água nos diversos processos fisiológicos da planta. Discute com detalhe as relações energéticas do sistema solo-água-planta, as características citológicas e fisiológicas dos estõmatos, entre outros assuntos.

82

1 iÃllÚÜiíí

C o m p o s t o e Impresso na Imprensa Unn-ersrtána d a Universidade Federal do Ceara

Av da Unrversidade. 2932. Cai»a Postal 26CO Fortaleza • Ceara - Brasil