aula 3 curso de comunicação e redação científica

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Curso de Comunicação e Redação Científica Centro Técnico de Documentação Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo Maio/2016 Dr. Lilian N. Calò Comunicação Científica em Saúde BIREME/OPAS/OMS [email protected]

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Page 1: Aula 3 Curso de Comunicação e Redação Científica

Curso de Comunicação e Redação Científica

Centro Técnico de Documentação

Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo

Maio/2016

Dr. Lilian N. Calò Comunicação Científica em Saúde

BIREME/OPAS/OMS [email protected]

Page 2: Aula 3 Curso de Comunicação e Redação Científica

3° aula • Estrutura do artigo científico • Escolha do periódico • Autoria e coautoria

Escrever é um trabalho árduo

Page 3: Aula 3 Curso de Comunicação e Redação Científica

1. Escolha seu tema

2. Identifique um problema

5. Desenhe os experimentos 6. Teste sua hipótese

7. Analise os resultados

8. Formule as conclusões

4. Desenvolva a hipótese

3. Pesquise o problema

Diagrama de fluxo de um projeto científico

9. Redija o artigo, submita para publicação

Page 5: Aula 3 Curso de Comunicação e Redação Científica

Legendas de Figuras e Tabelas • Considerar legendas de figuras e tabelas como elementos independentes do

artigo

• Metodologia XML permite recuperar figuras e tabelas de forma independente do artigo, assim como os metadados (título, autores, referência)

• Ferramentas de armazenamento de Open Data como Figshare, permitem indexar e recuperar tabelas e figuras sem o contexto do artigo

• Devem ser in formativas, sucintas, e abreviaturas devem ser definidas por meio de notas de rodapé (Tabelas) ou na própria legenda (Figuras)

• Tabelas muito extensas podem ser disponibilizadas em anexos

• Sempre especificar a unidade das medidas (usar SI)

• Colunas com o mesmo valor para todas as linhas devem ser suprimidas

• Respeitar as especificações do periódico quanto à qualidade gráfica das imagens (não menos que 300 dpi) e tipos de arquivos (.jpg, .png, .gif, .bitmap, etc.)

Page 6: Aula 3 Curso de Comunicação e Redação Científica

Critérios para definição de autoria

Autores tem responsabilidades sobre o artigo e compartilham bônus e ônus • Contribuição substancial na concepção e design do trabalho, ou aquisição de

dados, análise ou interpretação dos dados; • Escrever o trabalho ou revisá-lo criticamente • Aprovar a versão final a ser submetida • Concordar em ser responsabilizado por todos os aspectos do trabalho,

atestando sua exatidão e integridade de qualquer parte do artigo

• Declaração de contribuição dos autores: “Conceived and designed the experiments: SH LN JP EAB JF NB KV WZ. Analyzed the data: SH LN JP EAB JF. Contributed reagents/materials/analysis tools: LN JP EAB JF NB. Wrote the paper: SH LN JP EAB JF NB KV WZ” Incluir author ID (ORCID ou similar) “Each author contributed individually and significantly to the development of the study. GL (0000-0002-7265-4658)*, LM (0000-0001-9263-1309)* and LAB (0000-0002-4609-4095)* were the main contributors to writing the manuscript. LM, LPO (0000-0002-9051-937X)* performed the surgeries, followed up the patients and analyzed the clinical data. *ORCID (Open Research and Contributor ID).”

Page 7: Aula 3 Curso de Comunicação e Redação Científica

Definição de critérios para autoria

Quanto maior o grau de criatividade da contribuição, maior o reconhecimento.

1.A ideia – até 250 pontos 2.O design – até 100 pontos 3.A implementação – até 100 pontos 4.Conduzir os experimentos – até 100 pontos 5.Análise dos resultados – até 200 pontos 6.Redigir o artigo – até 250 pontos

A cada autor é atribuída uma pontuação, de acordo com sua contribuição. Os autores são listados no artigo em ordem decrescente de pontuação. Fonte: Criteria for authorhip. SM Kosslyn, Professor of Psychology, Harvard University. Available from: http://isites.harvard.edu/fs/docs/icb.topic562342.files/authorship_criteria_Nov02.pdf

Page 8: Aula 3 Curso de Comunicação e Redação Científica

Critérios de seleção do periódico

• Qual é o objetivo do artigo? Seu público-alvo? Idioma da publicação?

• Em que periódico foram publicados os artigos relacionados?

• Qual o periódico mais indicado ao manuscrito? • Objetivos do periódico x objetivos do manuscrito: verificar a politica editorial do

periódico, alcance e cobertura. • Nem todos os manuscritos são indicados às periódicos de maior impacto. Os

periódicos com maior FI rejeitam mais de 95% dos artigos que recebem na primeira análise pelos editores

• Temas locais são mais adequados aos periódicos nacionais

• Qual a forma de acesso e disponibilidade do periódico?

• Quais as bases de dados em que está indexada?

• Quais os indicadores de uso (downloads) e citações do periódico?

Page 9: Aula 3 Curso de Comunicação e Redação Científica

Informações contidas nas Instruções aos autores

Contém normas para o formato e conteúdo dos trabalhos que são publicados no periódico:

• Informação sobre a área de concentração, objetivo da publicação e política editorial

• Categorias de artigos

• Idiomas de publicação

• Procedimentos editoriais (processo de revisão por pares)

• Preparação de textos

• Submissão de originais

• Normas adotadas (ISO, ABNT, Vancouver ou ICMJE, CONSORT, etc.)

• Documentos necessários (formulário de cessão de direitos autorais, declaração de conflitos de interesse, contribuição dos autores e outros)

• Checklists

Page 10: Aula 3 Curso de Comunicação e Redação Científica

Protocolos e critérios para publicação de artigos

• Referente às instruções aos autores, compila instruções de mais de 6 mil periódicos na área da saúde http://mulford.utoledo.edu/instr/

• Critérios éticos • COPE – Committee on Publication Ethics • STROBE - STengthening the Reporting of Observational studies in

Epidemiology • CONSORT – CONsolidated Standatrs of Reporting Trials

• International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE) disponibiliza o conjunto de regras Uniform requirements for manuscripts

• EQUATOR: Enhancing the QUAlity and Transparency Of health Research – disponível página em espanhol traduzida pela OPAS

• NLM: Research reporting guidelines and initiatives

Page 11: Aula 3 Curso de Comunicação e Redação Científica

Ingredientes para escrever • Talento – escrever é difícil para a maioria das pessoas

A boa escrita é concisa e clara “O que é escrito sem esforço em geral é lido sem prazer” (Samuel Johnson,

1709-1784)

“O gênio é 1% inspiração e 99% transpiração” (Thomas Edison, 1847-1931) “Perdoa-me por escrever uma carta tão longa, não tive tempo de fazê-la curta” (Voltaire, 1694-1778)

• Honestidade – os escritores científicos assumem o compromisso moral de

não faltar com a verdade - A imparcialidade é uma faceta da honestidade; os dados podem ser facilmente “arrumados” ou inventados para comprovar uma teoria - Crescentes números de falsificações, plágio, autoplágio, plágio em

mosaico, artigos gerados por computador, ghost-writing conflitos de interesse e adulteração de resultados frente à pressão por publicar

- Violação de princípios éticos em experimentação em pacientes e animais - Softwares para detecção de plágio (iThenticate) - Falta de reprodutibilidade (artigos retratados x10 desde 1975) - Inclusão de autores que não contribuíram efetivamente na pesquisa ou exclusão de autores

Page 12: Aula 3 Curso de Comunicação e Redação Científica

Ingredientes para escrever • Conhecimento – espera-se que o autor do artigo domine seu tema e

esteja a par da literatura publicada na área, para inserir sua pesquisa no panorama mundial ao escrever sobre seus resultados

Espera-se também que os cientistas estejam aptos a escrever sobre sua pesquisa para o publico leigo (periódicos de divulgação, blogs, redes

sociais, etc.) e em livros didáticos. • Espírito Científico – “o espírito científico é constituído por um conjunto

de erros retificados” (G. Bachelard, filosofo francês, 1884-1962) “…o método do conhecimento científico é o método da busca por erros e da eliminação dos erros a serviço da busca da verdade (K. Popper, filósofo austríaco, 1902-1994)

Entre os atributos que compõem o espírito científico estão, além da honestidade e da busca pelo conhecimento, o rigor e o ceticismo organizado – os cientistas criam o hábito da dúvida, o de questionar permanentemente seus resultados de pesquisa

Page 13: Aula 3 Curso de Comunicação e Redação Científica

Artigo

Publicado

Avaliação por pares

Page 14: Aula 3 Curso de Comunicação e Redação Científica

Etapas de uma investigação científica

1. Delimitação do tema ou do problema investigado

2. Revisão da Literatura

3. Especificação do objetivo ou da hipótese a ser testada

4. Coleta de dados ou observação dos fatos

5. Análise dos resultados

6. Interpretação – consulta e discussão com pares

7. Conclusão

8. Redação do artigo

9. Submissão – Avaliação por pares

10.Publicação

11.Disseminação

Page 15: Aula 3 Curso de Comunicação e Redação Científica

Organização de tópicos para a redação final

• Revisões sucessivas pelo próprio autor, colaboradores e superiores

• Revisões externas – novas perspectivas, para verificar se há

consenso nas sugestões apresentadas, e também de revisores no(s) idioma(s);

• Anote tudo o que leu e se relaciona com a pesquisa, poderá ser útil na redação do artigo;

• Pode acontecer do autor perceber, por ocasião da redação do artigo, que são necessários novos experimentos/cálculos/análises. É melhor do que o editor da periódico a que o artigo foi submetido fazê-lo;

• Ler, ler e ler livros em geral, literatura científica, artigos de jornal sobre ciência, blogs, é a melhor forma de melhorar a escrita.

Page 16: Aula 3 Curso de Comunicação e Redação Científica

Sugestões para facilitar a escrita científica • Assumindo que se tem um bom projeto de pesquisa e condições técnicas

de desenvolvê-lo, seja independentemente ou por meio de colaborações • Anotações sobre a pesquisa – caderno de apontamentos minucioso,

gráficos, tabelas, condições do experimento • Relatórios periódicos entregues às agencias de fomento à pesquisa (ou

de bolsistas) são material valioso • Apresentações em congressos, comentários de colegas e dos

participantes

• Anotações sobre o andamento da investigação • Backup frequentes dos dados em computador para prevenir perdas dos

em caso de perda ou quebra do equipamento

• Reflexão e redação – escrever auxilia a pensar e vice-versa

• Brainstorming periódicos com colegas, inclusive de diferentes áreas

Page 17: Aula 3 Curso de Comunicação e Redação Científica

“It has not escaped our notice that the specific pairing we have postulated immediately suggests a possible copying mechanism for the genetic material” “Não deixamos de notar que o pareamento específico que postulamos imediatamente sugere um possível mecanismo de cópia do material genético”

WATSON JD & CRICK FHC. Molecular Structure of Nucleic Acids: A Structure for Deoxyribose Nucleic Acid. Nature 1953;171:737-8 doi:10.1038/171737a0

Page 18: Aula 3 Curso de Comunicação e Redação Científica

http://www.thelancet.com/journals/lancet/issue/current

Resumo-relâmpago

Page 19: Aula 3 Curso de Comunicação e Redação Científica

Evidencias científicas

• Melhor uso de resultados de pesquisa na prática clínica: medicina baseada em evidencias

• Decisões , clínicas baseadas em fatos e não em opiniões

• Uso da melhor evidências científica disponível melhora a aplicação de recursos e leva a mais efetividade na promoção, prevenção e atenção a saúde

• Provas para embasar decisões e políticas públicas

• Melhorar o uso de evidências inclui os processos de tradução e disseminação do conhecimento, considerando contextos institucionais, sociais e de equidade

• Determinar quais são os dados que comprovam uma afirmação? Como foram produzidos?

• Existem evidencias suficientes para dar credibilidade à alegação?

• É necessário conhecer a hierarquia das evidências

Page 20: Aula 3 Curso de Comunicação e Redação Científica

Estudos primários

Tratamento/Prevenção – testar a eficácia dos tratamentos farmacológicos, procedimentos cirúrgicos, métodos alternativos de educação do paciente ou outras intervenções:

Ensaios clínicos controlados

Diagnóstico – demostrar se um novo teste de diagnóstico é válido (podemos confiar) e é reproduzível (podemos obter os mesmos resultados todas as vezes):

Estudos transversais

Prognóstico – determinar o que provavelmente aconteceria a alguém cuja a doença é detectada em um estágio inicial:

Estudos de coorte

Causalidade – determinar se um agente prejudicial putativo, como a poluição ambiental, está relacionado ao desenvolvimento da doença (etiologia):

Estudos de coorte, caso-controle, relatos de casos

Page 21: Aula 3 Curso de Comunicação e Redação Científica

Estudos Secundários Revisões

Revisões não sistemáticas – resumem estudos primários

Revisões sistemáticas – fazem o mesmo, mas seguindo uma metodologia rigorosa e pré-definida

Metanálises – integram os dados numéricos de 2 ou mais estudos

Diretrizes – tiram conclusões de estudos primários sobre como os médicos devem se comportar (que devem fazer)

Análises de decisão – utilizam os resultados de estudos primários para gerar árvores de probabilidade para serem usadas por profissionais da saúde e pacientes na tomada de decisões sobre manejo clínico ou alocação de recursos

Análises econômicas – utilizam os resultados de estudos primários para indicar se um curso particular de ação é um bom uso dos recursos

Page 22: Aula 3 Curso de Comunicação e Redação Científica

Hierarquia da evidência – pesquisa clínica

I Revisões sistemáticas e metanálises

II Ensaios clínicos randomizados

III Estudos de coorte

IV Estudos de caso-controle

V Estudos transversais

VI Relatos de casos

Valid

ad

e

Co

nfi

ab

ilid

ad

e

• Não se coloca uma metanálises mal feita ou um ensaio clínico randomizado com erros metodológicos graves acima de um estudo de coorte grande e bem definido.

• Muitos estudos importantes e válidos no campo de pesquisa qualitativa não estão nesta hierarquia da evidência.

Page 23: Aula 3 Curso de Comunicação e Redação Científica

Bibliografia Pereira, MG Artigos Científicos: como redigir, publicar e avaliar. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2011 ICMJE – International Committee of medical Journal Editors - Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals http://icmje.org/urm_main.html Rede EQUATOR – Enhancing the QUAlity and Transparency Of health Research http://www.equator-network.org/ em espanhol: http://www.espanhol.equator-network.org/ STROBE – STrengthnening the Reporting of OBservational studies in Epidemiology http://www.strobe-statement.org CONSORT – CONsolidated Standards Of Reporting Trials. http://www.consort-statement.org/ Abreviaturas oficiais de periódicos do Index Medicus: http://www2.bg.am.poznan.pl/czasopisma/medicus.php?lang=eng NLM: Research reporting guidelines and initiatives http://www.nlm.nih.gov/services/research_report_guide.html Compilação de Instruções aos autores de mais de 6 mil periódicos na área da saúde http://mulford.utoledo.edu/instr/