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XXVI CONGRESSO NACIONAL DO CONPEDI SÃO LUÍS – MA FORMAS CONSENSUAIS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS II BARTIRA MACEDO MIRANDA SANTOS JANAÍNA RIGO SANTIN JOSÉ QUERINO TAVARES NETO

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XXVI CONGRESSO NACIONAL DO CONPEDI SÃO LUÍS – MA

FORMAS CONSENSUAIS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS II

BARTIRA MACEDO MIRANDA SANTOS

JANAÍNA RIGO SANTIN

JOSÉ QUERINO TAVARES NETO

Copyright © 2017 Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito

Todos os direitos reservados e protegidos. Nenhuma parte deste anal poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem osmeios empregados sem prévia autorização dos editores.

Diretoria – CONPEDI Presidente - Prof. Dr. Raymundo Juliano Feitosa – UNICAP Vice-presidente Sul - Prof. Dr. Ingo Wolfgang Sarlet – PUC - RS Vice-presidente Sudeste - Prof. Dr. João Marcelo de Lima Assafim – UCAM Vice-presidente Nordeste - Profa. Dra. Maria dos Remédios Fontes Silva – UFRN Vice-presidente Norte/Centro - Profa. Dra. Julia Maurmann Ximenes – IDP Secretário Executivo - Prof. Dr. Orides Mezzaroba – UFSC Secretário Adjunto - Prof. Dr. Felipe Chiarello de Souza Pinto – Mackenzie

Representante Discente – Doutoranda Vivian de Almeida Gregori Torres – USP

Conselho Fiscal:

Prof. Msc. Caio Augusto Souza Lara – ESDH Prof. Dr. José Querino Tavares Neto – UFG/PUC PR Profa. Dra. Samyra Haydêe Dal Farra Naspolini Sanches – UNINOVE

Prof. Dr. Lucas Gonçalves da Silva – UFS (suplente) Prof. Dr. Fernando Antonio de Carvalho Dantas – UFG (suplente)

Secretarias: Relações Institucionais – Ministro José Barroso Filho – IDP

Prof. Dr. Liton Lanes Pilau Sobrinho – UPF

Educação Jurídica – Prof. Dr. Horácio Wanderlei Rodrigues – IMED/ABEDi Eventos – Prof. Dr. Antônio Carlos Diniz Murta – FUMEC

Prof. Dr. Jose Luiz Quadros de Magalhaes – UFMGProfa. Dra. Monica Herman Salem Caggiano – USP

Prof. Dr. Valter Moura do Carmo – UNIMAR

Profa. Dra. Viviane Coêlho de Séllos Knoerr – UNICURITIBA

F723

Formas consensuais de solução de conflitos II [Recurso eletrônico on-line] organização CONPEDI

Coordenadores: Janaína Rigo Santin, José Querino Tavares Neto, Bartira Macedo Miranda Santos – Florianópolis:

CONPEDI, 2017.

Inclui bibliografia

ISBN:978-85-5505-542-3Modo de acesso: www.conpedi.org.br em publicações

Tema: Direito, Democracia e Instituições do Sistema de Justiça

CDU: 34

________________________________________________________________________________________________

Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito

Florianópolis – Santa Catarina – Brasilwww.conpedi.org.br

Comunicação – Prof. Dr. Matheus Felipe de Castro – UNOESC

1.Direito – Estudo e ensino (Pós-graduação) – Encontros Nacionais. 2. Ciências sociais. 3. Justiça Social. XXVI Congresso Nacional do CONPEDI (27. : 2017 : Maranhão, Brasil).

Universidade Federal do Maranhão - UFMA

São Luís – Maranhão - Brasilwww.portais.ufma.br/PortalUfma/

index.jsf

XXVI CONGRESSO NACIONAL DO CONPEDI SÃO LUÍS – MA

FORMAS CONSENSUAIS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS II

Apresentação

O Grupo de Trabalho Formas Consensuais de Solução dos Conflitos II que se reuniu durante

XXVI Congresso Nacional do CONPEDI realizado em São Luís, no Maranhão de 15 a 17 de

novembro de 2017 sob a temática Direito, Democracia e Instituições do Sistema de Justiça,

contou com a apresentação de artigos científicos por pesquisadores de diversas regiões do

Brasil que, não apenas, qualificados, apresentaram diferentes abordagens e aprofundamentos

científico-teórico-práticos, possibilitando discussões críticas na busca de aprimoramento do

renovado sistema de justiça brasileiro.

Merece destaque nas discussões reflexas dos artigos apresentados, que grande parte das

pesquisas teve sua origem em projetos de extensão, desenvolvidos em diversas Universidades

e Faculdades de Direito do país. Nesse sentido, é preciso destacar a necessária

indissociabilidade entre o Ensino, a Pesquisa e a Extensão, onde esta última possibilita que

novas práticas de solução dos conflitos sejam inseridas no cotidiano do estudante de Direito.

No entanto, a questão central que norteou as discussões deu-se no fato cada vez mais

incontestável da insuficiência do Sistema de Justiça apresentar soluções plausíveis e mais

perenes à intensa e naturalizada relação processual conflitiva e sua incapacidade na solução

de conflitos, que, mesmo com um novel e esperançoso direito processual civil, que, sem

dúvidas promoveu avanços, se apresenta impotente, em face da dimensão judicante cada vez

mais intensa, crescente e, sobretudo, insuficiente na resolução de conflitos.

Essas constatações são resultado, infelizmente, dos próprios currículos jurídicos, que

contemplam poucas disciplinas específicas no tratamento de formas consensuais de solução

de conflitos, e se concentra na maior parte de seu conteúdo ao longo dos cursos de direito em

disciplinas processuais, nas quais há um predomínio da litigiosidade. Por tal fato, as formas

consensuais de solução dos conflitos como a mediação, a arbitragem, a conciliação e demais

formas extrajudiciais de resolução dos litígios por vezes acabam não dialogando com as

demais disciplinas e, por consequência reflexa, no próprio ethos jurídico dos egressos e,

numa dimensão tardia, mas lamentável, nos profissionais que militam em todo Sistema de

Justiça brasileiro.

De fato, aqui não se desvia de constatações, mas, longe de desânimo contemplativo, o espaço

do Conpedi como ambiente de imaginação crítica, demonstra-se cada vez mais como grito de

esperança de propostas inovadoras, e, sobretudo, desafiadoras de uma sociedade menos

centrada no litígio e mais permeada da mediação como método de resolução de conflitos.

São Luiz, um dia desses de reflexão.....

Profa. Dra. Bartira Macedo Miranda Santos - UFG

Profa. Dra. Janaína Rigo Santin - UPF e UCS

Prof. Dr. José Querino Tavares Neto - UFG

Nota Técnica: Os artigos que não constam nestes Anais foram selecionados para publicação

na Plataforma Index Law Journals, conforme previsto no artigo 7.3 do edital do evento.

Equipe Editorial Index Law Journal - [email protected].

O NÚCLEO ESPECIAL CRIMINAL DO ESTADO DE SÃO PAULO COMO FORMA ADEQUADA DE IMPLEMENTAÇÃO DA CULTURA DA PAZ

THE SPECIAL CRIMINAL NUCLEUS OF THE STATE OF SÃO PAULO AS AN APPROPRIATE FOR THE IMPLEMENTATION OF THE PEACE CULTURE

Juliana Buck Gianini

Resumo

O presente artigo aborda a necessidade de uma mudança cultural jurídica que repense a

justiça adversativa como única forma de acesso à justiça. Buscou-se discutir a possibilidade

de obtenção de justiça através da aplicação de métodos restaurativos. A Polícia Civil do

Estado de São Paulo nesta seara criou no ano de 2010 o Núcleo Especial Criminal,baseado

nos preceitos da Justiça Restaurativa como cultura de paz. Serão apresentados instrumentos

jurídicos-legais promulgados em âmbito internacional e nacional,com objetivo de

promoverem a implementação da Justiça Restaurativa. Por fim procurar-se-á demonstrar que

os Núcleos Especiais Criminais efetivamente realizam a pacificação social de forma concreta.

Palavras-chave: Núcleo especial criminal, Justiça restaurativa, Cultura da paz, Mudança cultural jurídica

Abstract/Resumen/Résumé

The article addresses the need for a legal cultural change that re-views adversarial justice as

the only form of access to justice.We sought to discuss the possibility of obtaining Justice

through the application of restorative methods.The Civil Police State of São Paulo created

2010 the Special Criminal Nucleus,based on precepts of Restorative Justice as a culture of

peace.Legal and legal instruments promulgated the international and national levels will be

presented with the objective of promoting the implementation of Restorative Justice.Finally,

it will be tried to demonstrate that the Special Criminal Nuclei effectively carry out the social

pacification of concrete form.

Keywords/Palabras-claves/Mots-clés: Special criminal core, Restorative justice, Culture of peace, Legal cultural change

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho pretende discorrer sobre como o acesso à justiça tem encontrado

efetivação por meio das atividades realizadas pelos Núcleos Especiais Criminais – NECRIMs,

facilitados pelos mecanismos de Justiça Restaurativa, como a mediação e a conciliação,

mediante necessária mudança da cultura jurídica adversarial.

Será analisado como a Justiça Restaurativa, é uma proposta de gestão da

criminalidade menos punitiva ao agente que pratica o crime de menor potencial ofensivo, pois

privilegia a composição entre as partes e a liberdade individual, reduzindo assim, as margens

da intervenção coercitiva do Estado.

Os pressupostos teóricos da Justiça Restaurativa sustentam que, como o crime é uma

violação nas relações entre a vítima, infrator e a comunidade, cumpre à justiça identificar as

necessidades e obrigações oriundas dessa violação e do trauma causado.

Nesta seara o Núcleo Especial da Polícia Civil de São Paulo é um modelo de

aplicação da Justiça Penal Restaurativa, criado para atuar na conciliação entre as partes

afetadas pelos crimes de menor potencialidade ofensiva que são condicionados a

representação da vítima, ou seja, aqueles que dependem do oferecimento da queixa crime por

parte do interessado.

Cabe destacar que em 17 de Maio de 2016, fora publicado o Decreto nº 61.974, de 17

de Maio de 2.016, pelo Governador do Estado de São Paulo Geraldo Alckmin, que criou no

âmbito dos Departamentos de Polícia Judiciária, os Núcleos Especiais Criminais – NECRIM

e a Central de Núcleos Especiais Criminais – NECRIM, conferindo legalidade aos NECRIMs

já implementados em todo o Estado de São Paulo.

Atualmente os Núcleos Especiais Criminais funcionam em 44 cidades do Estado de

São Paulo.

Será analisado no presente estudo que através do Delegado de Polícia pacificador, os

delitos de menor potencial ofensivo, por meio da elaboração do Termo de Composição

Preliminar (TCP), realizados nas audiências de conciliação no NECRIM, vem apresentando

um alto índice de conciliações, efetivando-se assim o acesso a uma justiça célere e eficiente.

A busca de soluções alternativas ao encarceramento é de longa data preocupação

mundial, fato é, que a Organização das Nações Unidas (ONU), organização internacional

responsável por tutelar o desenvolvimento mundial, por intermédio de seu Conselho

Econômico e Social, editou as Resoluções 1999/26 e 2002/12, que, explicitamente, têm vistas

61

à promoção da resolução de conflitos de caráter criminal pelos próprios envolvidos no

episódio, buscando, ao final, a obtenção de um resultado restaurativo.

Em âmbito interno o Conselho Nacional de Justiça editou as Resoluções 125/2010 e

225/2016, que tratam sobre a Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos

conflitos e da implementação da Justiça Restaurativa no âmbito do Poder Judiciário.

Por intermédio do NECRIM, a solução adequada de conflitos de menor potencial

ofensivo, mediado pela figura do Delegado de Polícia pacificador, visa desconstruir a falsa

impressão social de que a Justiça Restaurativa somente é aplicada pelo Judiciário, através de

um litígio judicial.

Nesta seara, a mudança de paradigma na gestão de conflitos apresentada pela Justiça

Restaurativa pressupõe um processo de transformação individual e coletiva, com foco na

mudança cultural da sociedade.

No presente cenário atual da esfera penal, a viabilidade de aplicação da Justiça

Restaurativa aplicada no âmbito dos Núcleos Especiais Criminais é um benefício em prol da

justiça e da sociedade como meio de pacificação social e uma melhor prestação jurisdicional,

uma vez que grande maioria dos inquéritos policiais instaurados são para a apuração destes

crimes tratados neste trabalho.

A metodologia do presente trabalho se faz por intermédio do método dedutivo e

interpretativo, com análise e exegese de textos em revisão bibliográfica de livros e artigos

disponíveis em meio físico e digital. Partiu-se de premissas gerais acerca da solução exclusiva

dos conflitos sociais de forma adversativa, buscando-se apresentar uma mudança necessária

do paradigma da cultura jurídica, onde o acesso à justiça efetiva, através dos meios adequados

de solução de conflitos mediante a aplicação da Justiça Restaurativa, faz-se presente de forma

adequada e conclusiva, tendo o Núcleo Especial Criminal contribuído como mecanismos de

enfrentamento de conflitos, com soluções que alcançam aos interesses de todos os sujeitos

processuais e à coletividade.

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1 NÚCLEO ESPECIAL CRIMINAL COMO ACESSO EFICAZ À JUSTIÇA -

CRIAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO.

A denominada cultura adversarial, voltada para a competição, na busca de uma

sentença, passou a orientar a postura política das instituições jurídicas, projetadas no contexto

daquela estrutura normativa.

As premissas do monopólio jurisdicional (da substituição da vontade das partes pela

vontade do estado-juiz, do controle social, da sanção, do controle da ordem familiar, da

satisfação das necessidades comunitárias, da aplicação impositiva da lei aos casos concretos

para a melhor coordenação dos interesses privados) são a base do treinamento dos operadores

do direito (servidores da justiça, policiais, promotores de justiça, juiz, advogado, defensor

público) e dos órgãos de decisão (tribunais).

É evidente que para julgar (método adversarial) e justificar o que dá nome ao Poder

Judiciário – poder de julgar – é indispensável à redução dos limites do conflito ao que é objeto

da lide.

A simples subsunção do fato à norma com a consequente aplicação da lei, em muitos

casos, não é percebida como adequada ou justa pelas pessoas. Até porque essas pessoas (que

buscam ou que são chamadas para participar da discussão jurídica) muito pouco participam

efetivamente do processo judicial tradicional já que o Estado Juiz substitui suas vontades que

se limitam aos contornos do narrado no pedido inicial e na contestação.

Esta carência quanto à participação pode ser suprida pelo método da Justiça

Restaurativa, que preza pela participação ativa dos envolvidos no conflito.

Nesta esteira em 17 de Maio de 2016, foi publicado o Decreto nº 61.974, de 17 de

Maio de 2.016, pelo Governador do Estado de São Paulo Geraldo Alckmin, que criou no

âmbito dos Departamentos de Polícia Judiciária, os Núcleos Especiais Criminais – NECRIM

e a Central de Núcleos Especiais Criminais – NECRIM1, que conferiu legalidade aos

NECRIMs já implementados em todo o Estado de São Paulo.

O Núcleo Especial Criminal é um importante instrumento que contribui para a

diminuição da sobrecarga do poder judiciário, viabilizando o acesso à justiça e aplicando a

composição pacífica dos crimes de menor potencial ofensivo.

1Disponível em http: <//www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/2016/decreto-61974-17.05.2016.html.>

Acesso: 31 agosto de 2017.

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Conforme afirma Luís Flávio Gomes2 o projeto de criação do NECRIM foi

idealizado para “prevenir maiores conflitos” pois prevenir é tão importante quanto reprimir.

O projeto de criação do NECRIM foi idealizado no ano de 2003 pelo Delegado de

Polícia, Dr. Clovis Rodrigues da Costa, em Ribeirão Corrente, SP. Porém, somente em 15 de

Dezembro de 2009 o então Delegado de Polícia Diretor do DEINTER 4 – Bauru, Dr. Licurgo

Nunes Costa, editou a Portaria n.º 06/2009, formalizando o seu projeto inicial.

Em 11 de Março de 2010 foi inaugurado o primeiro Núcleo Especial Criminal do

Brasil, instalado junto à Delegacia Seccional de Polícia de Lins cujo mediador na época foi o

Delegado de Polícia Dr. Orildo Nogueira, para atender as ocorrências relacionadas aos delitos

de menor potencial ofensivo, nos termos da Lei nº 9.099/19953, com as alterações

estabelecidas pela Lei nº 11.313/20064.

Devido ao sucesso repentino do primeiro NECRIM, implantaram-se novos Núcleos

em diversas delegacias seccionais do interior de São Paulo e hoje já são 44 Núcleos Especiais

Criminais em funcionamento.

Desde sua existência, o NECRIM já promoveu 88.300 audiências, sendo realizadas

78.854 conciliações, o equivalente a 89% de aproveitamento. Só em 2016, foram feitas

19.387 audiências com 17.075 conciliações (88%).5 Isto significa que a criação do NECRIM

2 GOMES, Luís Flávio. Sobre a sobre a implementação do NECRIM no Brasil. Disponível em: <http://professor

lfg.jusbrasil.com.br/artigos/121931299/necrim-policia-conciliadora-de-primeiro-mundo>. Acesso em: 01 de

agosto de 2017. 3 Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm.>Acesso em 01 de agosto de 2017. 4 Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11313.htm>. Acesso em 01 de

agosto de 2017. 5 Os resultados obtidos pelos Núcleos Especiais Criminais da Polícia Civil do Estado de São Paulo demonstram,

de maneira irrefutável, a importância e a efetividade dos serviços prestados pelos Delegados de Polícia

pacificadores. Em sua apuração, a Secretaria de Segurança Pública indica que em 2010, ano da criação da

primeira unidade, no município de Lins, foram realizadas 449 audiências de composição, das quais 400 foram

bem sucedidas, resultado em um aproveitamento de 89,09%. Em 2011, no segundo ano das atividades dos

Núcleos Especiais Criminais, foram realizadas 6.148 audiências, com 5.337 bem sucedidas, resultando em um

aproveitamento de 86,80%. Em 2012, foram realizadas, ao todo, 8.963 audiências voltadas à composição

preliminar no Estado de São Paulo, das quais 7.960 foram bem sucedidas, em um aproveitamento de 88,80%. Já

em 2013, o número de audiências conduzidas pelos Delegados de Polícia pacificadores praticamente dobrou,

chegando a 15.671 audiências de composição, com um aproveitamento de 90,58%, representando 14.195

audiências bem sucedidas. No ano de 2014, a maior porcentagem de resoluções entre os anos de 2011 e 2015 foi

obtida: de 19.405 audiências realizadas, obteve-se o número significativo de 17.585 composições, representando

um aproveitamento de 90,62%. Em 2015, de um total de 18.277 audiências promovidas nos Núcleos Especiais

Criminais espalhados pelo Estado de São Paulo, 16.302 audiências foram frutíferas, resultando em 89,19% de

composições. Em números gerais, nos seis primeiros anos de atividades dos Núcleos Especiais Criminais

paulistas, entre os anos de 2010 e 2015, foram realizadas, ao todo, 68.913 audiências de composição, resultando

em 61.779 acordos, um aproveitamento extremamente expressivo de 89,64%. POLÍCIA CIVIL DO ESTADO

DE SÃO PAULO. Delegacia Geral de Polícia Adjunta. PROGRESSÃO NECRIM 2010 A 2016. Disponível

em:<http://www.policiacivil.sp.gov.br/portal/faces/pages_noticias/noticiasDetalhes?rascunhoNoticia=0&colle

ctionId=358412565221016277&contentId=UCM_027600&_afrLoop=118814112756921&_afrWindowMode=0

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teve como fundamento o interesse público na solução pacífica de conflitos e objetiva a

implementação da cultura da paz.

Entre as atribuições do NECRIM, destaca-se a atividade de conciliação preliminar

nos delitos de menor potencial ofensivo. A conciliação preliminar consiste na tentativa de

composição do conflito entre as partes envolvidas nas infrações penais de menor potencial

ofensivo, realizada pelo Delegado de Polícia, dirigente do NECRIM.

É importante esclarecer que a tentativa de conciliação preliminar é realizada somente

nos crimes de ação penal pública condicionada à representação ou de ação penal privada.

Ressalte-se, finalmente, que, por se tratar de delito de ação penal de iniciativa

privada ou de ação penal pública condicionada à representação, a composição do conflito

realizada pelo Delegado de Polícia, ratificada pelo Ministério Público e homologada pelo juiz,

acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação.

O NECRIM vem trazer um novo olhar (nova perspectiva) sobre a solução alternativa

de conflitos e foi criado para que se aprimore a cultura da pacificação social.

No NECRIM, portanto, além de promover efetivo acesso à justiça, são aplicadas

técnicas de Justiça Restaurativa, valendo-se de instrumentos como a mediação e a conciliação

em busca da solução mais próxima da base humana, com significativa inserção de mais vozes

no exercício da Justiça, com postura inclusiva e que contribui para a imagem de uma Justiça

sensível, pacificadora e eficiente junto à opinião pública em geral.

Concluindo, podemos dizer que os NECRIMS são o exemplo de uma justiça

dinâmica, restauradora e pacificadora. E no dizer de Luís Flávio Gomes6 “Que essa iniciativa

pioneira e alvissareira (para além de humanista e sensata) se espalhe por todo país, o mais

pronto possível, até se chegar a uma nova carreira (ou uma fase inicial da carreira) dentro da

polícia civil: Delegado de Polícia conciliador.”

Nesse sentido Oliveira (2010, p. 139), assenta:

A realização da composição preliminar de conflitos decorrentes dos crimes de menor

potencial ofensivo é uma importante contribuição jurídico social da Polícia Civil,

para amenizar a lacuna existente entre ideal que norteou a elaboração da Lei

9.099/1995 e a realidade de sua aplicação7.

frLoop%3D118814112756921%26contentId%3DUCM_027600%26rascunhoNoticia%3D0%26_afrWindowMo

de%3D0%26_adf.ctrl-state%3Dd71u47rkd_4>. Acesso em 02 de agosto de 2017. 6GOMES, Luiz Flávio. Necrim: polícia conciliadora de primeiro mundo. Disponível em:<http://

professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/121931299/necrim-policia-conciliadora-de-primeiro-mundo>. Acesso em

01 de agosto de 2017. 7OLIVEIRA, Regis Fernandes de; BARROS FILHO, Mário Leite de. Resgate da Dignidade da Polícia

Judiciária Brasileira. Edição dos autores. 2010.

65

Trata-se na verdade, de alternativa inovadora, que concilia as atuações da maioria

dos órgãos que compõe o sistema formal ou secundário de controle social, em busca da

agilidade e melhoria da qualidade de atendimento à população, na esfera da segurança

pública, com reflexos diretos sobre a tempestividade da prestação jurisdicional.

Saliente-se que os delegados de polícia, que atuarão nas composições preliminares,

possuem conhecimento e experiência suficiente para o exercício desse relevante mister.

Por seguinte, Oliveira (2010, p. 139 e 140):

Com o advento da Lei nº 11.232, de 22 de dezembro de 2005, que alterou o Código

de Processo Civil, acrescentando-lhe, dentre outros, o artigo 475-N, onde incisos III

e IV especificam como títulos executivos judiciais a sentença posta em juízo e o

acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologada judicialmente, inferimos que

houve o conhecimento da importância da autonomia da vontade das partes, em

busca das soluções dos litígios, com celeridade e economia processual8.

Tal fato, de certa forma, reforça a possibilidade de legitimação da composição

preliminar, figurando o Delegado de Polícia como conciliador nos delitos de menor potencial

ofensivo, lavrando-se o correspondente termo, que poderá ser ratificado pelo Ministério

Público e homologado pelo Poder Judiciário.

Por todos esses aspectos, o desempenho da atividade profissional do Delegado de

Polícia com a composição dos crimes de menor potencial ofensivo dependente de queixa ou

representação do ofendido, vai contribuir, e muito com a celeridade e economia processual,

gerando apenas benefícios para a comunidade.

O NECRIM por intermédio da Polícia Civil do Estado de São Paulo, vem aplicando a

Justiça Restaurativa, através da figura do delegado pacificador, visando a ampliação da

cultura da paz, e a pacificação social dos conflitos de menor potencial ofensivo.

1.2 Princípios e regras fundamentais.

Os princípios e regras, em qualquer área do conhecimento, principalmente no campo

jurídico, representam preceitos basilares indispensáveis à formulação, à interpretação e, ainda

mais essencialmente, à aplicação do conjunto de normas que integram o complexo e extenso

ordenamento jurídico pátrio às situações vivenciadas por todos os membros da sociedade.

Assim, todas as atividades desenvolvidas dentro de um Núcleo Especial Criminal,

usualmente designado pela sigla NECRIM, são igualmente pautadas em princípios e regras

8Idem.

66

fundamentais que regulamentam e estruturam os métodos de conciliação e mediação,

legitimando a atuação das Autoridades Policiais como um agente de promoção da paz social.

Segundo o Manual de Mediação de Conflitos elaborado pela Academia de Polícia do

Estado de São Paulo (ACADEPOL, 2014, p. 36-38), em razão da especificidade da matéria

em questão, os princípios e as regras que devem ser obrigatoriamente observados pelos

Delegados de Polícia durante a realização de suas atividades de conciliação e mediação estão

previstos na Lei Federal 9.099 de 1995 e na Resolução 125 de 2010 do Conselho Nacional de

Justiça, além da imprescindível observação dos Princípios Constitucionais, Penais e

Processuais Penais.

Em sua doutrina de pacificação social voltada à mediação de conflitos, a Polícia

Civil do Estado de São Paulo elenca um rol contento os princípios e regras norteadores e as

considerados como mais relevantes.

Previsto no caput do artigo 37 da Constituição Federal, inserido pela Emenda

Constitucional 19 de 1998, o Princípio da Eficiência prevê que a Administração Pública

deverá sempre pautar suas atividades na execução, de forma concreta, de suas atribuições, que

deverão ser bem definidas. Dentro do NECRIM, o Princípio da Eficiência tem como cerne a

obtenção da pacificação social por meio de suas atividades, não bastando a obtenção de uma

solução para o conflito apresentado, mas, sim, a certeza que delitos subsidiários não surgirão

posteriormente.

Dentro do espectro principiológico da Lei Federal 9.099 de 1995, mais

especificamente no caput de seu artigo 2º, estão positivados, de forma expressa, cinco

princípios fundamentalmente aplicáveis ao desenvolvimento adequado das atividades

realizadas dentro dos Núcleos Especiais Criminais: os Princípios da Celeridade, da Economia

Processual, da Simplicidade, da Informalidade e da Oralidade.

Dentre os mais cruciais princípios aplicáveis à matéria, os Princípios da

Imparcialidade e da Neutralidade despontam como mandamentos supremos. A Autoridade

Policial responsável pela presidência dos atos que envolvem as tratativas conciliatórias

sempre deverá, desde o início do procedimento, ao entrar em contato com os autos, até a

derradeira audiência, agir com total equanimidade e equidistância, sem que se deixe

influenciar por elementos como favoritismo ou preconceitos, evitando, a todo custo, macular

o procedimento com desígnios pessoais, devendo, para tanto, ater-se exclusivamente à análise

das informações apresentadas pelas partes envolvidas, considerando-as de forma isenta.

67

O trabalho dos Delegados de Polícia dos Núcleos Especiais Criminais também é

pautado pelo Princípio da Independência e Autonomia, que assegura, de forma irrestrita, sua

liberdade de atuação contra pressões internas e externas, possibilitando que as sessões sejam

eventualmente recusadas, suspensas ou interrompidas se os pressupostos elementares à sua

condução não estiverem presentes, assegurando, ainda, a aplicação do Princípio do Respeito à

Ordem Pública e às Leis Vigentes, voltado à preservação da matéria dos acordos, evitando,

dessa forma, que tratos contrários à legislação ou de impossível cumprimento sejam

celebrados.

Nota-se, claramente, que a finalidade precípua das atividades desenvolvidas pelos

Núcleos Especiais Criminais é a promoção da pacificação social, a ser obtida por meio da

construção de uma solução conjunta entre as partes envolvidas. No entanto, não se pode

deixar de ressaltar que ambas fruirão dos benefícios decorrentes da celebração de um acordo,

não apenas o autor, em virtude da renúncia, pela vítima, ao direito de queixa ou representação,

já que os danos suportados pela última serão reparados, como prevê o princípio da reparação

dos danos sofridos pela vítima.

2 A PROPOSTA RESTAURATIVA COMO CULTURA DA PAZ.

Tradicionalmente, o Direito Penal tem sido mero “multiplicador de danos”,

utilizando o modelo retributivo, da imposição de um mal legalmente aceito em troca de outro

mal praticado, porém, pouco vem contribuindo para a obtenção da paz social.

O modelo tradicional de justiça penal mostrou-se ineficaz, e que não garante uma

coexistência pacífica entre os membros da sociedade, e diante na inoperância do atual sistema

da justiça penal, onde direitos constitucionais básicos são desrespeitados e, inviabiliza a

ressocialização do apenado.

Para Sica (2007, p.34)

É importante frisar que a justiça restaurativa não é um modelo substituto ao atual: os

modelos punitivos e restaurativos devem coexistir e complementar-se, pois não há

condições de prescindir do direito punitivo como instrumento repressor em

determinadas situações ­ limite.

Pallamolla (2009, p.68), pautada nas palavras de Rolim apresenta um posicionamento

de grande relevância ao dizer que o sistema de justiça criminal atual potencializa a dinâmica

da problemática atual no que diz respeito ao delito, resposta estatal e sociedade, uma vez que:

68

a justiça criminal não funciona. Não porque seja lenta ou – em sua opção

preferencial pelos pobres – seletiva. Mesmo quando rápida e mais “abrangente” ela

não produz justiça pois sua medida é o mal que oferece àqueles que praticam o mal.

Esse resultado não altera a vida das vítimas. O Estado as representa porque o

paradigma moderno nos diz que o crime é um ato contra a sociedade. Por isso o

centro das atenções é o réu, a quem é facultativo mentir em sua defesa. A vítima não

será de fato conhecida e o agressor jamais será confrontado com as consequências de

suas ações.

Para Zehr (2008), essa forma de fazer “justiça”, típica da modernidade, identifica

determinada conduta como crime partir de pressupostos que conferem base à reação do delito.

Estes pressupostos largamente presentes nas sociedades contemporâneas vinculam-se ao

paradigma da justiça retributiva e apresentam a seguinte ideia de crime e de justiça: a justiça

deve vencer, e esta não se desvincula da imposição da dor; a justiça é medida pelo processo; e

é a violação da lei que define o crime.

Quando se faz referência à expressão “Justiça Restaurativa”, sua conceituação não é

unânime entre seus doutrinadores.

Conforme bem pontuado por Santos (2014, p. 156-157), a dificuldade em encontrar

uma definição uniforme para o termo se deve ao fato de os programas restaurativos

contemporâneos não contarem com uma história suficientemente longa, e ainda se

apresentaram, em diversos ordenamentos jurídicos, como um modelo de oposição ao

paradigma dito dominante de reação à delinquência

Visando procurar medidas alternativas ao atual modelo de justiça penal, a Justiça

Restaurativa apresenta-se como forma não punitiva, buscando na amplitude de valores, o

objetivo de reparação dos danos oriundos do delito causado às partes envolvidas, objetivando

a reconstrução das relações rompidas.

Para Pinto (2008) a intervenção dos operados jurídicos nas práticas restaurativas

requer uma sensibilização e uma capacitação específica para lidar com os conflitos

deontológicos e existenciais na sua atuação, pois estarão, por um lado, jungidos a sua

formação jurídico-dogmática e seus estatutos funcionais e, por outro, convocados a uma nova

prática, que exige mudança de perspectiva.

Vale, portanto, ressaltar a observação de Sica (2007, p. 455).

Quando falamos sobre a introdução da justiça restaurativa, não nos referimos

simplesmente à escolha de novos métodos de resolução dos conflitos ou

mecanismos de alívio do Judiciário, e tampouco ao debate de uma nova teoria penal.

A abordagem remete à elaboração de um novo paradigma de justiça penal que influa

(e altere) decisivamente na nossa maneira de pensar e agir em relação à questão

criminal.

69

Por outro lado, deve-se ter em mente que para que haja inserção de uma justiça

alternativa, admitindo a sua coexistência com o atual modelo punitivo, este deverá dar

margem ao rompimento do seu padrão atual, no que diz respeito à sua política de

enfrentamento e punição da criminalidade, mudando de maneira substancial o seu conjunto de

norma previamente estabelecida.

A proposta do modelo de Justiça Restaurativa propõe uma reapropriação do conflito

pelos sujeitos envolvidos e tradicionalmente alijados do processo da solução do problema.

Segundo Jaccoud (2005) a Justiça Restaurativa, mesmo após pouco mais de 20 anos

de experiências e debates, não tem um conceito definido. O mais correto, frente a sua

diversidade de orientações, práticas e fins, é considerá-la como um modelo “eclodido”. Esse

autor define a Justiça Restaurativa de outra perspectiva, apontando para a participação das

partes e para os fins pretendidos por um processo restaurativo: trata-se de uma aproximação

para os fins pretendidos por um processo restaurativo: trata-se de uma aproximação que

privilegia toda a forma de ação, individual ou coletiva, visando corrigir as consequências

vivenciadas por ocasião de uma infração, a resolução de um conflito ou a reconciliação das

partes ligadas a um conflito.

Vale lembrar que toda nova ideologia traz em seu bojo as dificuldades de definição,

aplicabilidade e aceitação.

A conceituação da Justiça Restaurativa não é tarefa fácil. Conforme mencionam,

muito apropriadamente, Slakmon, De Vitto e Gomes Pinto (2013), que o conceito de Justiça

Restaurativa, como paradigma novo, ainda é algo inconcluso, que só pode ser captado em seu

movimento de construção.

Importante destacar que não se pretende a substituição de um sistema punitivo por

um modelo novo de justiça, mas a sugestão de se conciliar instrumentos de ambos, no intento

de dar sustentáculo a uma nova forma de se “retribuir” ou ressocializar o autor de um fato tido

como criminalmente reprovável.

Por outro lado, deve-se ter em mente que para que haja inserção de uma justiça

alternativa, admitindo a sua coexistência com o atual modelo punitivo, este deverá dar

margem ao rompimento do seu padrão atual, no que diz respeito à sua política de

enfrentamento e punição da criminalidade, mudando de maneira substancial o seu conjunto de

norma previamente estabelecida.

Assim, segundo este autor, sugere-se a reformulação das técnicas e experiências

empreendidas como tentativa de restabelecer a paz e regular a convivência humana. Mostra

70

ser conveniente, portanto, a quebra de métodos e vias de soluções da justiça punitiva, em

nome de uma justiça reparativa, casuística, coletiva e conciliadora, que seja capaz de buscar

soluções para os diversos conflitos existentes na sociedade, procurando reforçar o sentimento

coletivo de segurança e paz sociais.

A quebra do atual paradigma não importaria dizer que suas bases metodológicas

estariam fadadas ao desaparecimento, mas sim a uma completa reformulação em sua

concepção, enquanto instrumento repressor para dar lugar a uma justiça criminal participativa.

Contudo, não é uma tarefa fácil empreender uma mudança nos postulados de uma

justiça estruturalmente enraizada, haja vista a existência de alguns fatos que dificultam a

implantação de novo modelo jurídico cultural.

Portanto, embora o modelo restaurativo proponha um novo paradigma de justiça

criminal, rompendo com a lógica do modelo anterior, ela não o nega e o desconstitui na

medida em que é viável a coexistência de ambos. Tal fato evita discussões em torno da

necessidade de manutenção do tradicional sistema penal. Portanto, qualquer tentativa de

argumentação contra a Justiça Restaurativa nesta linha de raciocínio será desprovida de

sentido.

Santos (2014, p.62) adverte que:

a compreensão do ideário da justiça restaurativa não dispensa, quer para o

esclarecimento daquilo que os une, quer para o esclarecimento que hoje os distingue,

um voltar de olhos para o pensamento abolicionista. De forma simplificada, talvez

possa antecipar-se a ideia de que a proposta restaurativa tem na sua origem um

património de ideias de inspiração abolicionista, ainda que a certo passo comece a

trilhar um caminho próprio, por vezes até aberto à custa do reconhecimento das

limitações daquele abolicionismo penal.

Assim, entende-se que a proposta de Justiça Restaurativa é plenamente compatível

com o propósito penal buscado em um Estado Democrático de Direito, não existindo a

princípio razão para limitar a sua prática aos delitos ambientais, viabilizando a cultura da Paz

social.

Mas o que se pode entender por cultura da paz?

Aqui empregamos a definição da ONU sobre cultura da paz, por sua completude,

como sendo:

Conjunto de valores, atitudes, comportamentos e modos de vida que rejeitam a

violência e previnem os conflitos, atacando suas causas para resolver os problemas

através do diálogo e negociação entre indivíduos, grupos e nações9

9RESOLUÇÕES DA ONU A/RES/52/13: Cultura de Paz, e A/RES/53/243. Declaração e Programa de Ação

Sobre uma Cultura de Paz.

71

Em relação ao modelo de Justiça Restaurativa, o próprio instituto, se é que se pode

chamar assim, é denominado de “cultura da paz”, significando, no Brasil, a busca de uma

espécie de conciliação entre vítimas e agressores em casos de crimes de pouco poder

ofensivo.

Com este cuidado, a Justiça Restaurativa associada à “Cultura de Paz” há de ser

considerado um caminho seguro e efetivo para sua implantação transformadora, em especial

aos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, eis que os princípios fundantes da Justiça

Restaurativa mesclam-se com os princípios norteadores da Cultura de Paz.

O marco inicial da regulamentação da Justiça Restaurativa pela Organização das

Nações Unidas foi a resolução 1999/26, de 28 de julho de 1999, que dispôs sobre o

“Desenvolvimento e Implementação de medidas de mediação e de Justiça Restaurativa na

Justiça Criminal.10

O conceito de Justiça Restaurativa, hoje universal, decorre de princípios básicos

resumidos na Resolução do Conselho Econômico e social das Nações Unidas de 13 de Agosto

de 200211, são eles:

Programa restaurativo - Qualquer programa que utiliza processos restaurativos

voltados para resultados restaurativos.

Processo restaurativo - Participação coletiva e ativa da vítima e do infrator, e quando

apropriado, de outras pessoas ou membros da comunidade afetados pelo crime, na

resolução dos problemas causados pelo crime, geralmente com a ajuda de um

facilitador. O processo restaurativo abrange mediação, conciliação, audiências e

círculos de sentença.

Resultado restaurativo- Acordo alcançado por um processo restaurativo, incluindo

responsabilidade e programas, tais como reparação, restituição, prestação de

serviços comunitários, objetivando suprir as necessidades individuais e coletivas das

partes e logrando a reintegração da vítima e do infrator.

Em 2006, a Organização das Nações Unidas publicou o Manual de Programas de

Justiça Restaurativa12, que apresenta questões- chave para a implementação de respostas ao

fenômeno criminal, apresentando um leque de medidas e programas inspirados nos valores da

Justiça Restaurativa. Referido manual confirma e desenvolve a concepção da relevância dos

programas de mediação entre vítima e agressor como principal iniciativa de Justiça

Restaurativa, nessa linha elenca os três pressupostos básicos que devem preexistir para que a

mediação vítima- agressor possa ter lugar.

10ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Resolução 1999/26, de 28 de julho de 1999. Disponível em:

<https://www.unodc.org/documents/commissions/CCPCJ/Crime_Resolutions/1990-1999/1999/ECOSOC/Reso

lution_1999-26.pdf>. Acesso em: 02 de agosto de 2017. 11ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Resolução 2002/12, de 24 de julho de 2002. Disponível em:

<http://www.un.org/en/ecosoc/docs/2002/resolution%202002-12.pdf>. Acesso em: 06 de agosto de 2017. 12Disponível em:<https://www.unodc.org/documents/justice-and-prison-reform/Manual_sobre_programas _de_

justicia_restaurativa.pdf>. Acesso em 08 de agosto de 2017.

72

O agressor deverá aceitar e não negar sua responsabilidade pelo crime, já à vítima e

agressor devem ser livres de querer participar ou não no processo, ambos devem sentir

segurança ao participar no processo de mediação.

Diante da necessidade de pacificação de conflitos, por intermédio da implementação

da Justiça Restaurativa na comunidade, primeiramente nos conflitos no âmbito escolar,

confronta aos pesquisadores a necessidade de buscar uma metodologia desenvolvida

especificamente para pacificação de conflitos no âmbito criminal nos crimes de menor

potencial ofensivo.

3 FUNDAMENTOS JURÍDICOS PARA APLICAÇÃO DE MEDIDAS

RESTAURATIVAS EM ÂMBITO INTERNACIONAL E NACIONAL.

3.1 Resoluções da ONU 1999/26 e 2000/1213.

A busca de soluções alternativas ao encarceramento é de longa data uma preocupação

mundial, fato é, que a ONU editou a resolução 1999/26, de 26/07/1999, intitulada

“Desenvolvimento e Implementação de Medidas de Mediação e Justiça Restaurativa na

Justiça Criminal”, objetivando que houvesse a formulação de padrões das Nações Unidas no

campo da mediação e da Justiça Restaurativa.

Observamos que, o intuito de tais resoluções é o desenvolvimento e a expansão da

Justiça Restaurativa, visando auxiliar todos os Estados Membros que já utilizam de tal prática,

e os demais países que se interessam em aderir e implementar a Justiça Restaurativa em seus

ordenamentos jurídicos. Tal resolução iniciou o conceito de aplicação do processo

restaurativo, resultado restaurativo, partes e facilitadores, sabemos que as partes de um

processo restaurativo são a vítima, o ofensor e quaisquer pessoas afetadas pelo crime.

No que tange os programas restaurativos, os Estados Membros interessados, devem

criar uma lei, segundo a referida resolução, para a implantação da Justiça Restaurativa,

devendo estabelecer a competência e delimitando quais casos serão encaminhados para a

prática restaurativa, o procedimento e as consequências que serão aplicadas. A capacitação e o

procedimento de qualificação dos facilitadores, sendo que os acordos deverão ser

13 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Resolução 1999/26, de 28 de julho de 1999. Disponível em:

<https://www.unodc.org/documents/commissions/CCPCJ/Crime_Resolutions/1990-1999/1999/ECOSOC/Reso

lution_1999-26.pdf>. Acesso em: 02 de agosto de 2017.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Resolução 2002/12, de 24 de julho de 2002. Disponível em:

<http://www.un.org/en/ecosoc/docs/2002/resolution%202002-12.pdf>. Acesso em: 06 de agosto de 2017

73

supervisionados e incorporados ao Poder Judiciário, com a finalidade de terem o mesmo peso

de uma decisão judicial.

Em seu artigo 20 da presente resolução, estipula-se que os Estados Membros devem

buscar a formulação de estratégias e políticas nacionais, a fim de desenvolver a Justiça

Restaurativa por intermédio de políticas nacionais, pelas autoridades de segurança e

autoridades judiciais e sociais, objetivando o estudo contínuo e desenvolvimento da prática

restaurativa e tornando-as eficazes a realidade de cada sociedade e sua cultura.

3.1 Resoluções do Conselho Nacional de Justiça 125/2010 e 225/201614.

Compete ao Conselho Nacional de Justiça promover ações de incentivo à

autocomposição de litígios, organizar programas com o objetivo final para alcançar a

pacificação social por meio da conciliação e da mediação. Auxiliando os tribunais na

organização dos serviços de tratamento dos conflitos de interesses, visando assegurar a todos

o direito à solução dos conflitos por meios adequados à sua natureza e peculiaridade.

No âmbito nacional as presentes resoluções possuem como finalidade dispor sobre o

tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito do Poder Judiciário, por

intermédio de outros mecanismo de solução de conflitos, em especial os consensuais, como a

mediação e a conciliação.

Observando o quanto disposto no artigo 37 da Constituição Federal15, o Conselho

Nacional de Justiça por intermédio da resolução nº 125/2010, dispõe sobre a política

judiciária nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito do Poder

Judiciário, visando estabelecer um tratamento adequado para os problemas jurídicos e

conflitos de interesses, que ocorrem em larga e crescente escala na sociedade.

Objetivando organizar os serviços prestados nos processos judiciais, sendo totalmente

aceitáveis outros mecanismos de soluções de conflitos, como a mediação e a conciliação.

Tal resolução ciente do papel que a conciliação e a mediação são efetivos instrumentos de

pacificação social, solução e prevenção de litígios, é necessário a implementação no País para

reduzir a excessiva judicialização dos conflitos de interesses, bem como a quantidade de

recursos e de execução de sentenças.

14Disponível em:<http://www.cnj.jus.br/images/atos_normativos/resoluc ao/resolucao_225_ 3105201602062016

16414.pdf.> Acesso em: 20 julho de 2017. 15Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>Acesso em: 27 julho de

2017.

74

Diante do cenário atual da sociedade, no uso de suas atribuições o Conselho Nacional

de Justiça por ser o órgão competente para organizar programas que objetivam ações que

promovam a pacificação social, programas estes que serão constituídos por todos os órgãos do

Poder Judiciário, e por entidades públicas e privadas, inclusive universidades e instituições de

ensino.

Ademais, na presente resolução há a previsão que os tribunais deverão criar, núcleos

permanentes de métodos consensuais de solução de conflitos, no entanto, tal resolução

somente previa as resoluções de conflitos nas áreas cível, fazendária, previdenciária, de

família, não mencionando a área penal.

Com o advento da resolução de 225/2016 do Conselho Nacional de Justiça, e os

princípios basilares da Justiça Restaurativa que são, a reparação do dano, o atendimento das

necessidades de todos os envolvidos, a informalidade, a voluntariedade, a imparcialidade, a

participação, o empoderamento, a consensualidade, a confidencialidade, a celeridade e a

urbanidade, os procedimentos adotados pela justiça restaurativa terão como foco a satisfação

das necessidades dos envolvidos no conflito, objetivando a responsabilização ativa do ofensor

e o empoderamento da comunidade e, da recomposição da relação social rompida pelo

conflito e as suas implicações para o futuro.

Para se conseguir alcançar o objetivo da Justiça Restaurativa é necessário a

participação do ofensor, da vítima, ou de terceiros envolvidos no fato danoso, ou pessoas da

comunidade atingidas pelo fato e a presença de um ou mais facilitadores restaurativos, sendo

necessário que as partes reconheçam, como verdadeiros os fatos essenciais do conflito, sem

que isso implique admissão de culpa, para que o conflito seja trabalhado no âmbito da Justiça

Restaurativa.

A resolução representa um grande avanço para a justiça penal, tendo em vista que

contribuirá para a resolução de conflitos que envolvam violência sejam resolvidos de modo

efetivo, embasado em uma visão de responsabilidade e sem o velho procedimento da justiça

contributiva. Tal resolução veio para esclarecer o conceito de Justiça Restaurativa, que nada

mais é do que a busca de prevenir e evitar que a violência se repita, responsabilizando o

ofensor de modo efetivo e dando atenção às necessidades legítimas da vítima, a reparação do

dano sofrido, concretizando os princípios e direitos constitucionais, como a dignidade da

pessoa humana, o acesso à justiça e o exercício da cidadania, visando à pacificação social.

Ressalta-se, por fim, que a legitimidade da atuação das Autoridades Policiais como

pacificadores sociais com fulcro nos princípios da Justiça Restaurativa voltada à seara penal

75

está pautada nas Resoluções 1999/26 e 2002/12 editadas pelo Conselho Econômico e Social

da Organização das Nações Unidas, assim como pelas Resoluções 125/2010 e 225/2016 do

Conselho Nacional, que tratam sobre a Política Judiciária Nacional de tratamento adequado

dos conflitos e da Justiça Restaurativa no âmbito do Poder Judiciário, na qual fazem

referência à importância da aplicação de métodos de solução de conflitos não somente por

membros do Poder Judiciário, mas, também, por outras autoridades, mencionando, os

integrantes das forças policiais, representados, por sua vez, pelos Delegados de Polícia.

CONCLUSÃO

A proposta do presente trabalho consistiu na discussão sobre a efetividade e

viabilidade da aplicação da Justiça Restaurativa junto ao NECRIM no Estado de São Paulo,

com ênfase na solução dos conflitos de menor potencial ofensivo.

Concluiu-se que a Justiça Restaurativa além de ser uma solução possível para o atual

sistema, também tem uma dimensão transformativa da construção da paz, por intermédio do

procedimento consensual, onde sua prática tem como premissa reparar o mal causado pelo

ilícito.

A Justiça Restaurativa e o NECRIM, trabalham a possibilidade de restabelecer

valores e relações interpessoais, valorizando a liberdade e da harmonia que existem nos

grupos sociais, sendo a conciliação um caminho de ressignificação das relações e solução de

seus conflitos.

Sabemos que na Justiça Restaurativa a obrigação primária é com as vítimas,

propondo-se as mesmas e a comunidade o desenvolvimento de planos para assumir que o

autor possa assumir a devida responsabilidade por seus atos, por meio da mediação do

conflito de menor potencial ofensivo, aplicando-se uma técnica multidisciplinar de diversas

matérias como o direito, como a psicologia, a comunicação social, a sociologia, e outras

ciências sociais que oferecem teorias e exemplos práticos, visando estruturar-se diversas

técnicas de auto composição, que podem ser adotadas na conciliação.

Desta feita buscou-se entender as propostas que a Justiça Restaurativa vem a

acrescentar para o direito penal, suas técnicas, bem como os procedimentos realizados no

NECRIM.

Constatou-se a atuação positiva do NECRIM nos crimes de menor potencial ofensivo

que dependem de representação da vítima ou de ação penal privada. Embora seja um modelo

76

de justiça diverso do modelo punitivo retributivo, sua estrutura lógica e primária vem

demonstrando bons resultados para as partes, à sociedade e principalmente contribuindo para

a justiça penal brasileira como um todo.

A partir de tal constatação concluiu-se que não há impedimentos teóricos à aplicação

da Justiça Restaurativa no NECRIM, na medida em que cabe à vítima, a titular do bem

jurídico, optar se deseja reclamar a intervenção do Estado para a efetiva proteção do seu

direito.

A Justiça Restaurativa, portanto, busca compreender o conflito por uma visão dos

sujeitos envolvidos (vítima-autor-comunidade), como forma de efetivamente solucioná-lo. Os

acordos preliminares realizados nas audiências do NECRIM tem como consequência a

espontânea e consciente manifestação de vontade das partes em optar em renunciar ao seu

direito de representação criminal/queixa, antes mesmo do conflito ser submetido ao crivo do

Poder Judiciário.

A consequência natural dessa renúncia é uma redução significativa na instauração

das ações penais nos crimes de menor potencial ofensivo, cuja ação penal é condicionada à

representação ou crimes de ação penal privada. A Polícia Civil, cujas atribuições compõem o

sistema nacional de justiça criminal pode contribuir para a satisfação das partes envolvidas em

um conflito de natureza criminal de menor potencial ofensivo, atuando o Delegado de Polícia

como pacificador social, propiciando condições para que as pessoas possam participar da

solução.

As práticas mediadoras e conciliatórias realizadas nos NECRIMs indicam ser

possível que o Delegado de Polícia atue de maneira positiva na resolução de conflitos,

aproximando a Polícia Civil da população.

A Justiça Restaurativa aumenta os poderes da polícia, a demonstração de respeito e a

oitiva das partes pela autoridade policial, faz com que a lei seja vista como justa dar a pessoa

uma oportunidade de se manifestar é mais importante do que a sua efetiva participação no

resultado final da decisão de um processo criminal.

Podemos entender a Justiça Restaurativa como uma reformulação de nossa

concepção de Justiça, tendo como objetivo trabalhar a compreensão das pessoas sobre a

situação conflituosa para que haja a humanização dos envolvidos, possibilitando a

identificação das necessidades geradas pelo conflito/crime e a consequente responsabilização

de todos os afetados, direta ou indiretamente, para que, de uma forma ou de outra, se

comprometam e contribuam para sua resolução.

77

A Justiça Restaurativa além de ser uma resolução de um conflito, também vem a ser

uma dimensão transformativa da construção de paz, baseia-se em um procedimento de

consenso, logo, sua prática tem como premissa maior de reparar o mal causado pela prática do

ilícito. Trabalha a possibilidade de restabelecer valores e relações interpessoais, da liberdade e

da harmonia que existem nos grupamentos sociais.

No NECRIM, portanto, além de promover efetivo acesso à justiça, são aplicadas

técnicas de Justiça Restaurativa, valendo-se de instrumentos como a mediação e a conciliação

em busca da solução mais próxima da base humana, com significativa inserção de mais vozes

no exercício da Justiça, com postura inclusiva e que contribui para a imagem de uma Justiça

sensível, pacificadora e eficiente junto à opinião pública em geral.

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