a atualidade histórica da ofensiva socialista

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8/19/2019 A Atualidade Histórica Da Ofensiva Socialista http://slidepdf.com/reader/full/a-atualidade-historica-da-ofensiva-socialista 1/99 A atualidade histórica da ofensiva socialista (capítulo 18 de "Beyond Capital" ) por István Mészáros [* 18!1" A ofensiva necessária das institui#$es defensivas 18!%" &as crises cíclicas ' crise estrutural 18!" A pluralidade de capitais e o sinificado do pluraliso socialista 18!+" A necessidade de se contrapor ' for#a e,tra"parlaentar do capital -otas do capítulo 18  A actual 'crise do marxismo' deve-se principalmente ao facto de que muitos dos seus representantes continuam a adoptar uma postura defensiva, numa época em que, tendo acabado de virar uma página histórica importante, nos deveríamos engajar numa ofensiva socialista em sintonia com as condi!es objectivas" #aradoxalmente, os $ltimos %& anos, que progressivamente manifestaram a crise estrutural do capital e daí o início da necessária ofensiva socialista num sentido histórico , também testemunharam a disposi(o de muitos marxistas, maior do que nunca, de buscarem novas alianas defensivas e de se envolverem com todos os tipos de revis!es e compromissos em grande escala, ainda que n(o tenham, realmente, nada para mostrar como resultado de tais estratégias fundamentalmente desorientadoras"  A desorienta(o em quest(o n(o é, de modo algum, simplesmente ideológica" Ao contrário, ela envolve todas as institui!es de luta socialista que foram constituídas sob circunst)ncias históricas defensivas e, por esse motivo, perseguem, sob o peso da sua própria inércia, modos de ac(o que correspondam directamente ao seu carácter defensivo" *,  já que a nova fase histórica inevitavelmente tra+ consigo o aguamento do confronto social, deve-se esperar mas n(o ideali+ar , sob tais circunst)ncias, uma maior reac(o defensiva das institui!es e estratégias de luta da classe trabalhadora" .amentavelmente, contudo, as estruturas e estratégias defensivas existentes consideram inquestionáveis os seus próprios pressupostos e procuram solu!es que

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A atualidade histórica da ofensiva

socialista(capítulo 18 de "Beyond Capital" )por István Mészáros [* 

18!1" A ofensiva necessária das institui#$es defensivas 18!%" &as crises cíclicas ' crise estrutural 18!" A pluralidade de capitais e o sinificado do pluralisosocialista 18!+" A necessidade de se contrapor ' for#a e,tra"parlaentar docapital -otas do capítulo 18 

 A actual 'crise do marxismo' deve-se principalmente ao facto de quemuitos dos seus representantes continuam a adoptar uma posturadefensiva, numa época em que, tendo acabado de virar uma páginahistórica importante, nos deveríamos engajar numa ofensiva socialistaem sintonia com as condi!es objectivas" #aradoxalmente, os $ltimos %&anos, que progressivamente manifestaram a crise estrutural do capital e daí o início da necessária ofensiva socialista num sentido histórico ,

também testemunharam a disposi(o de muitos marxistas, maior do quenunca, de buscarem novas alianas defensivas e de se envolverem comtodos os tipos de revis!es e compromissos em grande escala, ainda quen(o tenham, realmente, nada para mostrar como resultado de taisestratégias fundamentalmente desorientadoras"

 A desorienta(o em quest(o n(o é, de modo algum, simplesmenteideológica" Ao contrário, ela envolve todas as institui!es de lutasocialista que foram constituídas sob circunst)ncias históricas defensivase, por esse motivo, perseguem, sob o peso da sua própria inércia, modos

de ac(o que correspondam directamente ao seu carácter defensivo" *, já que a nova fase histórica inevitavelmente tra+ consigo o aguamentodo confronto social, deve-se esperar mas n(o ideali+ar , sob taiscircunst)ncias, uma maior reac(o defensiva das institui!es eestratégias de luta da classe trabalhadora" .amentavelmente, contudo,as estruturas e estratégias defensivas existentes consideraminquestionáveis os seus próprios pressupostos e procuram solu!es que

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permanecem ancoradas nas condi!es da velha, e agora superada, fasehistórica"

/udo isto deve ser bem sublinhado para evitar a ilus(o de solu!esfáceis" 0(o basta, portanto, argumentar a favor de uma nova orienta(o

ideológico-política caso se mantenham tal como hoje as formasinstitucionais e organi+acionais relevantes" 1e, em sua resposta porinércia 2s circunst)ncias históricas que já n(o s(o as mesmas, adesorienta(o corrente é a manifesta(o combinada dos factores prático-institucional e ideológico, seria ingenuidade esperar uma solu(o no quemuitos gostam de descrever como 3clarifica(o ideológica3" 4e facto,enquanto os dois devem desenvolver-se juntos nessa reciprocidadedialéctica, o übergreifendes Moment momento culminante na conjunturaactual é a estrutura prático5institucional da estratégia socialista, queprecisa de reestruturar-se de acordo com as novas condi!es" *stes s(oos problemas que iremos tratar no presente capítulo"

18!1" A ./0-I2A -03045IA &A I-6I67I90 &0/0-I2A

18!1!14i+er que somos contempor)neos da nova fase histórica de ofensivasocialista n(o significa que, de agora em diante, o percurso seja tranquiloe a vitória próxima" A express(o 3actualidade histórica3 n(o sugere maisdo que di+ explicitamente6 que a ofensiva socialista confronta-nos como

matéria de actualidade histórica, em contraste com a nossa aflitivasitua(o objectiva, n(o há muito tempo atrá dominada por determina!esdefensivas inescapáveis" Ainda que certamente um dia em $ltimaanálise as mudanas sociais ir(o infiltrar-se nos canais e nos modos demedia(o política e ideológica prevalecentes, a consci7ncia n(s asregista automaticamente, por mais importantes que sejam" 8as antesmesmo de alcanarmos a etapa da 3$ltima análise3, a inércia da formaanterior de resposta tal como articulada em determinadas estratégiase estruturas organi+acionais continua a dominar a maneira como aspessoas definem as suas próprias alternativas e margens de ac(o"

0esse sentido, o discurso sobre a 3consci7ncia de classe3 que reprova oproletariado pela 3falta de combatividade3 demonstra apenas a suaprópria vacuidade, pois os instrumentos e as estratégias de ac(osocialista permanecem estruturados defensivamente"

4evido 2 mudana da rela(o de foras e das circunst)ncias, aactualidade histórica da ofensiva socialista corresponde, em primeiro

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lugar, ao desconfortável facto negativo de quer algumas formas de ac(oanteriores as políticas de consenso, a 3estratégia de pleno emprego3, a3expans(o do *stado de bem-estar social3, etc est(o objectivamentebloqueadas, o que imp!e reajustes importantes na sociedade como umtodo" 8as o facto de se partir dessa 3negatividade brutal3 inicial n(o

significa que os reajustamentos em quest(o sejam positivos, mobili+andoas foras socialistas num esforo consciente para se apresentarem comoportadoras da ordem social alternativa capa+ de substituir a sociedadeem crise" .onge disso, como as mudanas exigidas s(o muito drásticas,em ve+ de aceitarmos prontamente o 3salto para o desconhecido3, éainda mais provável que se prefira seguir 3a linha de menor resist7ncia3ainda por um tempo considerável, mesmo que isso signifique derrotassignificativas e grandes sacrifícios para as foras socialistas" 1omentequando as op!es da ordem predominante se esgotarem poderemosesperar uma viragem espontânea para uma solu(o radicalmentediferente" 9 completo colapso da ordem social no curso de uma guerraperdida e os levantes revolucionários subsequentes, conhecidos dahistória passada, ilustram bem esta quest(o"

:ontudo, as dificuldades de uma resposta socialista adequada 2 novasitua(o histórica n(o mudam o carácter da própria situa(o, ainda quecoloquem novamente em relevo o conflito potencial entre escalas detemporalidade a estrutura histórica imediata e a geral de eventos edesenvolvimento" ; o carácter objectivo das novas condi!es históricas

que por fim decide a quest(o, n(o importando quais sejam os atrasos edesvios que possam acompanhar as circunst)ncias dadas" A verdade éque existe um limite além do qual acomoda!es foradas e imposi(o denovos sacrifícios se tornam intoleráveis, subjectivamente para osindivíduos envolvidos e objectivamente para a continua(o dofuncionamento da estrutura socioeconómica ainda dominante" 0essesentido e em nenhum outro, a actualidade histórica da ofensiva socialista entendida como sinónimo do fim do sistema de melhorias relativaspela acomoda(o consensual está destinada a impor-se a longopra+o, tanto na forma exigida da consci7ncia social como na sua

media(o estratégico-instrumental, mesmo que n(o possam existirgarantias contra outras derrotas e decep!es num curto pra+o" Ainda queseja verdade o que é bastante duvidoso que os seres humanostenham uma infinita capacidade para suportar qualquer imposi(o sobreeles, incluindo as piores condi!es possíveis, a capacidade deadapta(o do sistema global do capital é hoje muito menor do que esta"

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18!1!%<eremos de que forma as potencialidades objectivas da ofensivasocialista s(o inerentes 2 crise estrutural do próprio capital" Agora oobjectivo é acentuar uma contradi(o principal6 a aus7ncia deinstrumentos políticos adequados que poderiam transformar esta

potencialidade em realidade. Além disso, o que torna as coisas aindapiores é a continuidade do domínio das mitologias passadas sobre aauto-consci7ncia das organi+a!es envolvidas, descrevendo o partidoleninista, por exemplo, como a institui(o da ofensiva estratégica parexcellence.

:ertamente, todos os instrumentos e organi+a!es do movimento daclasse trabalhadora existiram para superar alguns dos obstáculosprincipais na via para a emancipa(o" *m primeira inst)ncia foram oresultado de explos!es espont)neas e, como tal representam ummomento de ataque" 8ais tarde, como resultado de esforos pacientes,estruturas coordenadas emergiram tanto em países particulares comoem escala internacional" 8as nenhuma delas poderia ir para além dohori+onte de lutar por objectivos específicos, limitados, até mesmo se oseu objectivo $ltimo estratégico fosse uma transforma(o socialistaradical de toda a sociedade" 0(o se deve esquecer que .enine,brilhantemente e realisticamente , definiu os objectivos dosbolcheviques entre =evereiro e 9utubro de >?>@ como assegurar 3#a+,/erra e #(o3 de modo a criar uma base social viável para a revolu(o"

8as, até mesmo em termos organi+acionais básicos, o 3#artido de<anguarda3 foi constituído de forma a poder se defender dos ataquescruéis de um *stado policial, sob as piores condi!es possíveis declandestinidade, das quais inevitavelmente decorreu a imposi(o dosegredo absoluto, de uma estrutura rígida de comando, de centrali+a(o,etc" 1e compararmos a estrutura auto-defensivamente fechada destepartido de vanguarda com a ideia original de 8arx de produ+irconsci7ncia comunista em escala de massa3 com a consequ7ncianecessária de uma estrutura organi+acional inerentemente aberta ,teremos uma medida de diferena fundamental entre uma postura

defensiva e uma ofensiva" 1omente quando as condi!es objectivasimplícitas em tal objectivo est(o em processo de se desdobrar em escalaglobal é possível imaginar realisticamente a articula(o prática dosórg(os necessários da ofensiva socialista"

0a verdade, .enine n(o teve nenhuma ilus(o quanto a estapossibilidade, ainda que algumas interpreta!es tendam a descrever

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retrospectivamente os seus objectivos 2 lu+ de uma esperança vazia. *lebaseou a sua estratégia de quebrar o 3elo mais fraco da corrente3 numainterpreta(o da lei de desenvolvimento desigual, insistindo ao mesmotempo que

revolu!es políticas n(o podem em caso algum, nunca e em nenhumacondi(o, encobrir ou enfraquecer a palavra de ordem da revolu(osocialista """ que n(o pode ser encarada como um só acto, mas deve serencarada como uma poca de tempestuosas convuls!es políticas eeconómicas, de guerra civil, de revolu!es e contra-revolu!es" [1 

0este espírito, ele esperou que a revolu(o política de 9utubro abrisse a3época de tempestuosas conclus!es políticas e económicas3, que semanifestaria no mundo inteiro por toda uma série de revolu!es, até queas condi!es de uma vitória socialista estivessem firmemente

asseguradas" uando a onda de motins revolucionários se esgotou semresultados positivos importantes em outras partes, .enine observouracionalmente que n(o se poderia devolver o poder aos c+ares econtinuou o trabalho de defender o que fosse possível naquelascircunst)ncias" *le originalmente esperava combinar o potencial políticodo 3elo mais fraco3 com as condi!es maduras dos países capitalistas3avanados3" =oi o fracasso da revolu(o mundial que violentamentetruncou a sua estratégia, impondo-lhe os constrangimentosdeformadores de uma defesa desesperada"

.enine sempre teve a consci7ncia da diferena fundamental entre arevolu(o política e a social 2 qual denominou socialista, mesmoquando foi irrevogavelmente forado a defender a mera sobreviv7ncia darevolu(o política, ao passo que *staline ignorou esta distin(o vital,fingindo que o primeiro passo na direc(o de uma vitória socialista járepresentava o próprio socialismo, que deveria simplesmente ser seguidopela entrada 3na etapa superior do comunismo3 num país sitiado"0aturalmente, com tal mudana apologética de estratégia, na qual tudotinha que ser cruelmente subordinado 2 defesa do estalinismo e

simultaneamente saudado como a maior vitória possível para a revolu(osocialista em geral, desapareceu também a diferena real entreestruturas e desenvolvimento defensivos e ofensivos" *, enquanto.enine, na aus7ncia da revolu(o mundial, entendeu a sua tarefa geralcomo uma operaç!o de manufacturaç!o a ser substituída no devidotempo por desenvolvimentos mundiais favoráveis, *staline fe+ damiséria virtude" *le transubstanciou a resposta política, prevalecente aosconstrangimentos particulares, num ideia social geral e, portanto,

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compulsório, sobrepondo arbitrariamente a todos os processos sociais eeconómicos a prática voluntarista de tentar resolver os problemas pormeio de ditames políticos autoritários"

4esse modo, pudemos testemunhar um grande afastamento das

inten!es originais, tanto em termos dos objectivos fundamentais comodas formas institucionais e organi+acionais correspondentes" Aconcep(o global de 8arx tinha como objectivo estratégico a revolu(osocial abrangente, a partir da qual os homens deveriam mudar 3de cimaabaixo as condi!es da sua exist7ncia industrial e política, e porconseguinte toda a sua maneira de ser3 [% " 1endo assim, as formas einstrumentos da luta teriam que corresponder ao carácter essencialmente

 positivo do empreendimento como um todo, em ve+ de serembloqueados na fase negativa de uma ac(o defensiva. #or isso 8arx, aodirigir-se a um grupo de trabalhadores, lembrou-lhes que n(o deveriamcontentar-se com a negatividade 3retardadora do movimento depressivo3quando a tarefa consistia em 3alterar a sua direc(o3, que eles n(odeveriam aplicar 3paliativos3 quando o problema era 3curar a doena3" *afirmou n(o ser suficiente empenhar-se negativamente5defensivamentenasinevitáveis lutas de guerrilha que incessantemente emergem dos eternosabusos do capital ou das flutua!es do mercado" [ 

:ontudo, quando precisou de explicar o lado positivo da equa(o, nas

condi!es prevalecentes de subdesenvolvimento relativo do capital ainda longe das suas verdadeiras barreiras e da sua crise estrutural ,8arx só pode apontar o facto de que havia um processo dedesenvolvimento objectivo em andamento, mas nenhuma media(oinstitucional e estratégica tangível para transformar aquele processo emvantagem duradoura" :omo explicou, os trabalhadores 3devem entenderque, com todas as misérias que lhes imp!em, o sistema actual engendrasimultaneamente as condiç"es materiais e as formas sociais necessáriaspara uma reconstru(o económica da sociedade3 [+ " Assim, indicou umaliado positivo nas condi!es materiais em amadurecimento da

sociedade, mas n(o poderia ir mais longe que isso" 0a mesmaconfer7ncia, insistiu em que 3a luta de guerrilha3 é defensiva apenascontra os efeitos do sistema, oferecendo apenas a metáfora da3alavanca3 a ser usada para uma mudana fundamental, n(oidentificando de maneira alguma onde e como tal alavanca poderia serinserida no centro estratégico do sistema a ser negado para poderprodu+ir a transforma(o radical postulada"

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/eria sido um milagre se fosse de outro modo, pois o movimentosocialista, depois dos primeiros mais ou menos espont)neos ataques e explos!es nascidos do desespero, encontrou-se na situa(ode fixar objectivos muito limitados, em resposta aos desafios colocados

pelas confronta!es nacionais particulares contra o pano de fundo daexpans(o global e do desenvolvimento din)mico do capital" 1endoassim, a #rimeira Bnternacional logo experimentou as primeiras grandesdificuldades que finalmente condu+iriam 2 sua desintegra(o" *nenhuma mitologia retrospectiva poderia transformar a :omuna de #arisnuma importante ofensiva socialista6 n(o simplesmente porque foibrutalmente derrotada, mas principalmente devido ao facto, fortementeacentuado pelo próprio 8arx, de que n(o era socialista [: "0aturalmente, os debates relativos ao #rograma de Cotha e 2 orienta(oestratégica do movimento da classe trabalhadora alem( seguiam asmesmas determina!es defensivas" As condi!es objectivas para seimaginar a mera possibilidade de uma ofensiva hegemónica nem sequerestavam 2 vista e, na sua aus7ncia, as severas limita!es das formasorgani+acionais e estratégias possíveis também foram ocultas" #or isso8arx, depois de definir as condi!es necessárias de uma revolu(osocialista bem sucedida em termos do 3desenvolvimento positivo dosmeios de produ(o3, declarou sem hesita(o, ainda em >DD>6

é minha convic(o que a conjuntura critica para uma nova Associa(oBnternacional dos /rabalhadores ainda n(o chegou e por isso considerotodos os congressos de trabalhadores, particularmente os congressossocialistas, na medida em que n(o estejam relacionados com ascondi!es imediatas desta ou daquela na(o particular, como n(osomente in$teis mas prejudiciais" Acabar(o sempre por se diluir eminumeráveis banalidades gerais e va+ias" [; 

4esnecessário di+er a 1egunda Bnternacional, neste particular, n(otrouxe qualquer melhoria" Ao contrário, pelo seu 3economicismo3capitulou miseravelmente ante as determina!es sociais5económicas

dominantes da condi(o defensiva global" 1ubstituiu as exig7ncias deuma estratégia ampla pela prática pedestre de 3mudana gradual3,tradu+indo ao mesmo tempo a sua capitula(o defensiva na estruturaorgani+acional ossificada de uma 3social-democracia3 corruptamentecasada com a manipula(o parlamentar capitalista" 4e acordo com isso,o período pós-guerra da expans(o capitalista saudado por muitoscomo a solu(o permanente das contradi!es do capital, e também daintegra(o estrutural da classe trabalhadora encontrou os seus porta-

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vo+es e administradores mais entusiastas neste movimento pseudosocialista de capitula(o da social-democracia"

 Ao contrário da 1egunda Bnternacional , a qual, de certo modo, estáconnosco até hoje , o momento histórico da /erceira Bnternacional foi

relativamente breve" A onda revolucionária das fases finais da #rimeiraCuerra 8undial deu-lhe um grande ímpeto original, mas mal sepassaram do+e meses depois do seu :ongresso fundador para que.enine tivesse de admitir que

*ra evidente que o movimento revolucionário perderia inevitavelmentevelocidade quando as na!es assegurassem a pa+" [< 

1ignificativamente, o mesmo discurso que reconheceu ter passado aonda revolucionária no 9cidente concentra-se fortemente na quest(o de

concess!es económicas aos países capitalistas, tendo aprovado umacita(o de EeFnes com rela(o 2 import)ncia de matérias-primas russaspara a reconstitui(o e a estabili+a(o da economia global do capital eadoptado conscientemente esta estratégia para o futuro imediato"uando os estrategistas da 3Ac(o de 8aro3 alem( embarcaram na suaofensiva voluntarista, os dados das determina!es objectivas estavamfortemente viciadas contra uma tal ofensiva, impondo por muito tempoum tom trágico ao destino dos movimentos revolucionários socialistas"

9 mundo do capital também resistiu com relativa facilidade 2 tempestadeda sua 3Crande :rise *conómica3 de >?%?->?GG sem ter de enfrentaruma importante confronta(o hegemónica com as foras socialistas,apesar do sofrimento das massas provocado por essa crise" 9 facto éque, por maior que fosse a crise, ela estava longe de ser uma criseestrutural, ao deixar um grande n$mero de op!es abertas para asobreviv7ncia continuada do capital, bem como para a sua recupera(oe a sua reconstitui(o mais forte do que nunca numa baseeconomicamente mais saudável e mais ampla" Heconstru!es políticasretrospectivas tendem a culpar personalidades e foras organi+acionais

por tal recupera(o, particularmente em rela(o ao sucesso do fascismo":ontudo, por maior que fosse o peso relativo de tais factores políticos,n(o se pode esquecer que eles devem ser avaliados contra o pano defundo de uma fase histórica essencialmente defensiva" 0(o tem sentidoreescrever a história com a ajuda de condicionantes contrafactuais,mesmo que eles se refiram 2 ascens(o do fascismo ou qualquer outracoisa" 9 que realmente importa é que, concomitantemente 2 crise de>?%?->?GG, o capital tinha a opç!o do fascismo e solu!es

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semelhantes, op(o que já n(o possui hoje" *, objectivamente, isso fa+uma grande diferena no que tange 2s possibilidades de ac(o defensivae ofensiva"

18!1!

4ado o modo pelo qual foram constituídos como partes integrantes deuma estrutura institucional complexa , os órg(os de luta socialistapoderiam ganhar batalhas individuais, mas n(o a guerra contra o capital"#ara isso seria necessária uma reestrutura(o fundamental, de formaque eles se complementassem e intensificassem a eficácia uns dosoutros, em ve+ de debilitá-la pela 3divis(o do trabalho3 imposta pelainstitucionalidade 3circular3 no interior da qual se originaram" 9s doispilares de ac(o da classe trabalhadora no 9cidente partidos esindicatos , est(o na realidade, inseparavelmente unidos a um terceiromembro do conjunto institucional global6 o #arlamento, que forma ocírculo da sociedade civil5estado político e se torna aquele 3círculomágico3 paralisante do qual parece n(o haver saída" /ratar os sindicatos

 junto com outras muito menos importantes organi+a!es sectoriais,como se pertencessem, de alguma maneira, apenas 2 3sociedade civil3 eque portanto poderiam ser usados contra o *stado político, para umaprofunda transforma(o socialista, é um sonho rom)ntico e irreal" Bstoporque o círculo institucional do capital, na realidade, é feito dastotalizaç"es recíprocas da sociedade civil e do *stado político, que seinterpenetram profundamente e se apoiam poderosamente um no outro"

#or isso, seria necessário muito mais que a derrubada de um dos tr7spilares o #arlamento, por exemplo para produ+ir a mudananecessária"

9 lado problemático da estrutura institucional prevalecente revela-seeloquentemente em express!es como 3consci7ncia sindical3, 3burocraciapartidária3 e 3cretinismo parlamentar3, para citar apenas um nome emcada categoria" 9 #arlamento, em particular, tem sido objecto de umacrítica muito justificada, e até hoje n(o há teoria socialista satisfatóriasobre o que fa+er com ele após a conquista do poder6 um facto que

eloquentemente fala por si mesmo" Apesar de os clássicos do marxismoterem lutado contra a 3indiferena 2 política3 e a defesa igualmentesectária do 3boicote ao #arlamento3, eles n(o conseguiram imaginar um3estágio intermediário3 que, na verdade, poderia ser uma fase históricamuito longa"

Im estágio que significativamente retivesse pelo menos algumas

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características importantes da estrutura parlamentar herdada, enquanto olongo processo de reestrutura(o radical fosse reali+ado na ampla escalanecessária" #or exemplo, 8arx implicitamente levantou estapossibilidade numa digress(o surgida no contexto da mudanarevolucionária associada ao uso de fora como norma" 0um discurso

importante mas pouco conhecido, foi assim que ele tentou resolver oproblema6

9 trabalhador um dia vai ter que ganhar a supremacia política paraorgani+ar o trabalho segundo novas linhas# ele terá que derrotar a

 política velha que apoia velhas instituiç"es...8as nós n(o temos, de modo algum, afirmado que esta meta seriaalcanada por meios id7nticos" 0ós conhecemos as concess"es quetemos que fa+er 2s instituiç"es, aos costumes e tradiç"es dos váriospaísesJ e n(o negamos que há países como os *stados Inidos, aBnglaterra, e eu acrescentaria a Kolanda se conhecesse melhor as suasinstitui!es, onde os trabalhadores podem alcanar a sua meta atravésde meios pacíficos. 1e isto é verdade, também temos de reconhecer quena maioria dos países continentais a força que deverá ser a alavancade revolu!esJ é $ força que teremos algum dia que recorrer paraestabelecer um reinado do trabalho" [8 

; discutível se o assunto em quest(o é simplesmente uma quest(o de3concess!es3 que devam ser feitas a algumas restri!es herdadas6 aimport)ncia do #arlamento é muito grande para ser tratada depassagem, ao lado de 3costumes e tradi!es3" :ompreensivelmente, naconcep(o de 8arx da política como negaç!o radical o #arlamentoaparece geralmente na sua negatividade quase grotesca, resumida nodictum 3Bludir os outros e iludir-se ao iludi-los este é o extractoconcentrado da sabedoria parlamentar% &ant Mieux%' [= 3/anto melhor3ou 3tanto pior3L

:omo o #arlamento afecta profundamente todas as institui!es da lutasocialista que porventura estejam intimamente ligadas a ele,

seguramente deve ser 3tanto pior3" *, se se acrescenta a considera(o levantada por 8arx como uma possibilidade histórica séria, e n(ocomo um gesto va+io de propaganda fraccionista de partido de que amudana revolucionária possa usar meios pacíficos como veículo, nestecaso torna-se ainda mais imperativo reorientar radicalmente a 3sabedoriaparlamentar3 para a retro-alimenta(o de objectivos socialistas"

 A experi7ncia das sociedades do 3socialismo real3 mostra claramente que

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é possível demolir apenas um dos tr7s pilares da estrutura institucionalherdada, porque, de uma maneira ou de outra, os dois que permanecemacabam por cair com ele" uando pensamos na exist7ncia puramentenominal dos sindicatos nas sociedades, bem como na experi7ncia, da#olónia e na re-emerg7ncia do limbo de um sindicalismo amargamente

independente na forma do 31olidariedade3, torna-se claro que equilibrar asociedade no topo do $nico pilar remanescente é totalmenteinsustentável a longo pra+o" 8enos óbvio, entretanto, é o que aconteceao próprio partido na sequ7ncia da conquista de poder" 9 3partido devanguarda3 de .enine reteve algumas características organi+acionaisconstituídas na ilegalidade e na luta pela mera sobreviv7ncia contra o*stado policial c+arista" 8as, ao tornar-se o governante inquestionáveldo novo *stado, deixou de ser um partido leninista e tornou-se o (artido)*stado, impondo e também sofrendo todas as consequ7ncias que amudana necessariamente acarreta" Assim, fica extremamente difícil,sen(o impossível, a transfer7ncia do poder de um conjunto de indivíduosa outro uma ocorr7ncia comicamente comum na estrutura parlamentar,ou até mesmo uma mudana parcial na política quando se alteram ascircunst)ncias"

 A nature+a da estrutura institucional global também determina o carácterde suas partes constituintes e, vice-versa, os 3microcosmos3 particularesde um sistema exibem sempre as características essenciais do3macrocosmos3 a que pertencem" 0esse sentido, qualquer mudana que

ocorra num componente particular só pode tornar-se algo puramenteefémero, a menos que possa reverberar plenamente por todos os canaisdo complexo institucional total, dando assim início 2s mudanas exigidasno sistema inteiro de totali+a!es recíprocas e inter-determina!es":omo insistiu 8arx, n(o bastava ganhar 3lutas de guerrilha3, quepoderiam ser neutrali+adas e mesmo anuladas pelo poder de assimila(oe integra(o do sistema dominante" 9 mesmo era verdade para o triunfoem batalhas individuais quando, em $ltima inst)ncia, a quest(o eradecidida nos termos das condi!es de ganhar a guerra"

#or isso a actualidade histórica da ofensiva socialista tem imensosignificado" #ois, sob as novas condi!es da crise estrutural do capital,torna-se possível ganhar muito mais do que algumas grandes mas, nofinal das contas terrivelmente isoladas batalhas, como as revolu!esrussa, chinesa e cubana" Ao mesmo tempo, n(o existe meio de minimi+ar o carácter doloroso do processo envolvido, que requer importantesajustes estratégicos e correspondentes mudanas institucionais e

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organi+acionais radicais em todas as áreas e por todo o espectro domovimento socialista"

18!%" &A 35I0 3>3?I3A @ 35I0 0657675A?

18!%!1:omo mencionado antes, a crise do capital que experimentamos hoje éfundamentalmente uma crise estrutural" Assim, n(o há nada especial emassociar-se capital a crise" #elo contrário, crises de intensidade edura(o variadas s(o o modo natural de exist7ncia do capital6 s(omaneiras de progredir para além de suas barreiras imediatas e, dessemodo, estender com dinamismo cruel a sua esfera de opera(o edomina(o" 0esse sentido, a $ltima coisa que o capital poderia desejarseria uma supera(o permanente de todas crises, mesmo que seusideólogos e propagandistas frequentemente sonhem ou ainda,reivindiquem a reali+a(o de exactamente isso"

 A novidade histórica da crise de hoje torna-se manifesta em quatroaspectos principais6

> o seu car+cter é universal, em lugar de restrito a uma esferaparticular por exemplo, financeira ou comercial, ou afectando este ouaquele ramo particular de produ(o, aplicando-se a este e n(o 2queletipo de trabalho, com a sua gama específica de habilidades e graus deprodutividade etcJ

% o seu alcance é verdadeiramente global no sentido mais literal eameaador do termo, em lugar de limitado a um conjunto particular depaíses como foram todas as principais crises no passadoJ

G a sua escala de tempo é extensa, contínua, se se preferir, permanente, em lugar de limitada e cíclica, como foram todas as crisesanteriores do capitalJ

M em contraste com as erup!es e os colapsos mais espectaculares edramáticos do passado, o seu modo de se desdobrar poderia serchamado de rastejante, desde que acrescentemos a ressalva de quenem sequer as convuls!es mais veementes ou violentas poderiam ser

excluídas no que se refere ao futuro6 a saber, quando a complexamaquinaria agora activamente empenhada na 3administra(o da crise3 eno 3deslocamento3 mais ou menos temporário das crescentescontradi!es perder a sua energia"

1eria extremamente absurdo negar que tal maquinaria existe e époderosa, nem se deveria excluir ou minimi+ar a capacidade do capital

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de somar novos instrumentos ao seu já vasto arsenal de autodefesacontínua" 0(o obstante, o facto de que a maquinaria existente estejasendo posta em jogo com frequ7ncia crescente e com eficáciadecrescente é uma medida apropriada da severidade da crise estruturalque se aprofunda"

 Aqui, temos que nos concentrar em alguns componentes da crise emandamento" 1e, no período pós-guerra, se tornou embaraosamenteantiquado falar de crise capitalista mais um outro sinal da posturadefensiva do movimento do trabalho já mencionado isso foi devidon(o apenas 2 opera(o prática bem-sucedida da maquinaria que deslocapor difundir e por retirar a espoleta explosiva as próprias contradi!es"=oi também devido 2 mistifica(o ideológica do 3fim da ideologia3 ao3triunfo do capitalismo3 organi+ado e 2 3integra(o da classetrabalhadora3 etc que apresentou o mecanismo de deslocamento sob odisfarce de remédio estrutural e soluç!o permanente.

0aturalmente, quando já n(o é mais possível ocultar as manifesta!esda crise, a mesma mistifica(o ideológica que ontem anunciava asolu(o final de todos os problemas sociais hoje atribui o seureaparecimento a factores puramente tecnológicos, despejando as suasenfadonhas apologias sobre a 3segunda revolu(o industrial3, 3o colapsodo trabalho3, a 3revolu(o da informa(o3 e os 3descontentamentosculturais da sociedade pós-industrial3"

#ara apreciar a novidade histórica da crise estrutural do capital,precisamos locali+á-la no contexto dos acontecimentos sociais,económicos e políticos do século NN" 8as antes é necessário fa+eralgumas observa!es gerais sobre os critérios de uma crise estrutural,bem como sobre as formas nas quais podemos imaginar a sua solu(o"

*m termos simples e gerais, uma crise estrutural afecta a totalidade deum complexo social em todas as rela!es com as suas partesconstituintes ou sub-complexos, como também a outros complexos aos

quais é articulada" 4iferentemente, uma crise n(o-estrutural afectaapenas algumas partes do complexo em quest(o, e assim, n(o importa ograu de severidade em rela(o 2s partes afectadas, n(o pode pOr emrisco a sobreviv7ncia contínua da estrutura global"

1endo assim, o deslocamento das contradi!es só é possível enquanto acrise for parcial, relativa e interiormente manejável pelo sistema,

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demandando apenas danas mesmo que importantes no interior dopróprio sistema relativamente autónomo" Pustamente por isso, uma criseestrutural p!e em quest(o a própria exist7ncia do complexo globalenvolvido, postulando a sua transcend7ncia e a sua substitui(o poralgum complexo alternativo"

9 mesmo contraste pode ser expresso em termos dos limites quequalquer complexo social particular venha a ter em sua imediaticidade,em qualquer momento determinado, se comparado 2queles além dosquais n(o pode concebivelmente ir" Assim, uma crise estrutural n(o estárelacionada com os limites imediatos mas com os limites ltimos de umaestrutura global" 9s limites imediatos podem ser ampliados de tr7smodos diferentes6a modifica(o de algumas partes de um complexo em quest(oJb mudana geral de todo o sistema ao qual os sub-complexosparticulares pertencemJ ec altera(o significativa da rela(o do complexo global com outroscomplexos fora dele"

#or conseguinte, quanto maior a complexidade de uma estruturafundamental e das rela!es entre ela e outras com as quais é articulada,mais variadas e flexíveis ser(o as suas possibilidades objectivas deajuste e as suas hipóteses de sobreviv7ncia até mesmo em condi!esextremamente severas de crise" #or outras palavras, contradi!es

parciais e 3disfun!es3, ainda que severas em si mesmas, podem serdeslocadas e tornadas difusas dentro dos limites ltimos ouestruturais do sistema e neutrali+adas, assimiladas, anuladas pelasforas ou tend7ncias contrárias, que podem até mesmo sertransformadas em fora que activamente sustenta o sistema em quest(o"4aí o problema da acomoda(o reformista" /odavia, tudo isso deveria ser mantido em perspectiva, em contraste com as teorias grotescamenteexageradas da 3integra(o da classe trabalhadora3 que estavam emvoga havia n(o muito tempo" A integra(o inegável da liderana damaioria dos partidos e sindicatos da classe trabalhadora n(o deveria ser

confundida com a hipostati+ada mas estruturalmente impossível integra(o do trabalho como tal no sistema do capital"

 Ao mesmo tempo, deve-se sublinhar que, quando as op!es m$ltiplas deajuste interno comeam a ser esva+iadas, nem mesmo a 3maldi(o dainterdepend7ncia3 que tende a paralisar as foras de oposi(o podeprevenir a desintegra(o estrutural final" 0aturalmente, dado o carácter

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intrínseco das estruturas envolvidas, é inconcebível pensar em taldesintegra(o como um acto s$bito a ser seguido por uma transforma(oigualmente velo+" A crise estrutural 3rastejante3 que, entretanto,avana implacavelmente só pode ser entendida como um processocontraditório de ajustes recíprocos uma espécie de 3guerra de atrito3,

que só pode ser concluído após um longo e doloroso processo dereestruturaç!o radical inevitavelmente ligado 2s suas própriascontradi!es"

18!%!%0o que se refere ao mundo do capital, as manifesta!es da criseestrutural podem ser identificadas nas suas várias dimens!es internas,bem como nas institui!es políticas" :omo acentuou 8arxrepetidamente, está na nature+a do capital superar as barreiras queencontra6

 A tend7ncia a criar o mercado mundial está presente directamente nopróprio conceito do capital" /odo o limite aparece como uma barreira aser superada" Bnicialmente, para subjugar todo o momento da produ(oem si 2 troca e para suspender a produ(o de valores de uso directo quen(o participam da troca""" 8as o facto de que o capital define cada umdestes limites como uma barreira e, consequentemente, avanceidealmente para além dela n(o significa, de modo algum, que a tenharealmente superado, e, já que toda a barreira contradi+ o seu carácter, asua produ(o move-se em contradi!es que s(o constantementesuperadas, mas da mesma maneira s(o constantemente repostas" Alémdisso, a universalidade que persegue irresistivelmente encontra barreirasna sua própria nature+a, que, em certa fase de seu desenvolvimento,permite que ele se reconhea como sendo, ele próprio, a maior barreira aesta tend7ncia, e consequentemente o impulsionará para sua própriasuspens(o" [1 

0o curso do desenvolvimento histórico real, as tr7s dimens!esfundamentais do capital produ(o, consumo e

circula(o5distribui(o5reali+a(o tendem a fortalecer-se e a ampliar-se por um longo tempo, provendo também a motiva(o internanecessária para a sua reprodu(o din)mica recíproca em escala cadave+ mais ampliada" 4esse modo, em primeiro lugar, s(o superadas comsucesso as limita!es imediatas de cada uma, graas 2 interac(o entreelas" #or exemplo, a barreira imediata para a produ(o é positivamentesuperada pela expans(o do consumo e vice-versa" Assim, os limitesparecem verdadeiramente ser meras barreiras a serem transcendidas, e

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as contradi!es imediatas n(o s(o apenas deslocadas, masdirectamente utili+adas como alavancas para o aumento exponencial nopoder aparentemente ilimitado de auto-propuls(o do capital"

Healmente, n(o pode haver qualquer crise estrutural enquanto este

mecanismo vital de auto-expans(o que simultaneamente é o mecanismopara transcender ou deslocar internamente as contradi!es continuarfuncionando" #ode haver todos os tipos de crises, de dura(o, frequ7nciae severidade variadas, que afectam directamente uma das tr7sdimens!es e indirectamente, até que o obstáculo seja removido, osistema como um todo, sem, porém, colocar em quest(o os limitesltimos da estrutura global" #or exemplo, a crise de >?%?-GG foiessencialmente uma 3crise de reali+a(o3, devido ao nível absurdamentebaixo de produ(o e consumo se comparado ao período pós-guerra"

:ertamente, a crise estrutural n(o se origina por si só em alguma regi(omisteriosa6 reside dentro e emana das tr7s dimens!es internas acimamencionadas" 0(o obstante, as disfun!es de cada uma, consideradasseparadamente, devem ser distinguidas da crise fundamental do todo,que consiste no blo-ueio sistem+tico das partes constituintes vitais"

; importante fa+er esta distin(o porque, dadas as inter-conex!esobjectivas e as determina!es recíprocas em circunst)ncias específicas,até mesmo um bloqueio temporário de um dos canais internos pode

emperrar todo o sistema com relativa facilidade, criando desse modo aaparncia de uma crise estrutural, quando surgem algumas estratégiasvoluntaristas resultantes da percep(o equivocada de um bloqueiotemporário como crise estrutural" 0este contexto vale lembrar a avalia(ofatalmente optimista de *staline da crise do final da década de >?%Q, deconsequ7ncias devastadoras para as suas políticas tanto no planointerno como no plano internacional"

18!%!9utra concep(o equivocada a ser abandonada é a de que a crise

estrutural se refere a algumas condi!es absolutas. 0(o é assim":ertamente, todas a tr7s dimens!es fundamentais do funcionamentocontinuado do capital t7m os seus limites absolutos que podem serclaramente identificados" #or exemplo, os limites absolutos da produ(opodem ser expressos pelos meios e materiais de produ(o, os quais, por sua ve+, podem ser melhor especificados como o colapso total dosuprimento das matérias-primas fundamentais" Ainda como o colapso

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igualmente total n(o apenas a 3subutili+a(o3 da maquinariaprodutiva disponível decorrente, por exemplo, do abuso irresponsável einconsequente dos recursos energéticos" 8as, apesar de taisconsidera!es n(o serem certamente irrelevantes, elas sofrem dacar7ncia de especificidades sociais como testemunham muitos

argumentos dos ambientalistas, que debilitam desnecessariamente assuas próprias armas criticas ao associá-las 2s expectativas do dia de um

 juí+o final que jamais se materiali+ará necessariamente"

 A crise estrutural do capital que comeamos a experimentar nos anos

@Q relaciona-se, na realidade, com algo muito mais modesto que as taiscondi!es absolutas" 1ignifica simplesmente que a tripla dimens(ointerna da auto-expans(o do capital exibe perturba!es cada ve+maiores" *la n(o apenas tende a romper o processo normal decrescimento mas também pressagia uma falha na sua fun(o vital dedeslocar as contradi!es acumuladas do sistema"

 As dimens!es internas e condi!es inerentes $ auto-expans(o docapital constituíram desde o início uma unidade contraditória, e de modoalgum n(o problemática, na qual uma tinha que ser 3subjugada3 2 outracomo 8arx colocou6 para 3subjugar todo o momento da produ(o em si2 troca3 de modo a fa+er funcionar o complexo global" Ao mesmo tempo,enquanto a reprodu(o ampliada de cada uma pudesse continuarimperturbada isto é, enquanto fosse possível cavar buracos cada ve+maiores para encher com a terra assim obtida os buracos menorescavados anteriormente , n(o só cada uma das dimens!es internascontraditórias poderia ser fortalecida separadamente como elas tambémpoderiam funcionar em uma harmonia 3contra-pontual3"

 A situa(o muda radicalmente, porém, quando os interesses de cada

uma deixam de coincidir com os das outras, até mesmo em $ltimaanálise" A partir deste momento, as perturba!es e 3disfun!es3antagónicas, ao invés de serem absorvidas5dissipadas5desconcentradase desarmadas, tendem a tornar-se cumulativas e, portanto, estruturais,tra+endo com elas um perigoso bloqueio ao complexo mecanismo dedeslocamento das contradiç"es. 4esse modo, aquilo com que nosconfrontamos n(o é mais simplesmente 3disfuncional3, maspotencialmente muito explosivo" Bsto porque o capital nunca, jamais,resolveu sequer a menor de suas contradi!es"

0em poderia fa+7-lo, na medida em que, por sua própria nature+a e

constitui(o inerente, o capital nelas prospera até certo ponto, com

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relativa segurana" 9 seu modo normal de lidar com contradi!es éintensificá-las, transferi-las para um nível mais elevado, deslocá-las paraum plano diferente, suprimi-las quando possível, e quando elas n(opuderem mais ser suprimidas exportá-las para uma esfera ou um paísdiferente" ; por isso que o crescente bloqueio no deslocamento e na

exporta(o das contradi!es internas do capital é potencialmente t(operigoso e explosivo"

4esnecessário di+er que esta crise estrutural n(o está confinada 2 esferasócio-económica" 4adas as determina!es inevitáveis do 3círculomágico3 do capital referidas anteriormente, a profunda crise da3sociedade civil3 reverbera ruidosamente em todo o espectro dasinstitui!es políticas" 0as condi!es sócio-económicas crescentementeinstáveis, s(o necessárias novas 3garantias políticas3, muito maispoderosas, garantias que n(o podem ser oferecidas pelo *stadocapitalista tal como se apresenta hoje" Assim, o desaparecimentoignominioso do *stado do bem-estar social expressa claramente aaceita(o do facto de que a crise estrutural de todas as instituiç"es

 políticas já vem fermentando sob a crosta da 3política de consenso3 hábem mais de duas décadas" 9 que precisa ser acentuado aqui é que ascontradi!es subjacentes de modo algum se dissipam na crise dasinstitui!es políticas/ ao contrário, afectam toda a sociedade de um modonunca antes experimentado" Healmente, a crise estrutural do capitalrevela-se como uma verdadeira crise de dominaç!o em geral"

uem acha que isto soa muito dramático deveria olhar 2 sua volta, emtodas as direc!es" ; possível encontrar qualquer esfera de actividadeou qualquer conjunto de rela!es humanas n(o afectado pela criseL Kácento e quarenta anos atrás, 8arx ainda podia falar sobre 3a grandeinflu7ncia civili+adora do capital3, sublinhando que, por meio dela,

pela primeira ve+, a nature+a se torna puramente um objecto para ahumanidade, puramente uma quest(o de utilidadeJ cessa de serreconhecida como um poder em si mesmaJ e descoberta teórica de suas

leis autónomas aparece apenas como um ardil para submet7-la 2snecessidades humanas, como um objecto de consumo ou como meio deprodu(o" 4e acordo com esta tend7ncia, o capital ultrapassa asbarreiras e os preconceitos nacionais, a adora(o da nature+a, assimcomo também todas as satisfa!es tradicionais, limitadas, complacentesembutidas, das necessidades presentes e as reprodu!es dos velhosmodos devida" [11 

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* para onde tudo isto condu+L 9 capital n(o pode ter outro objectivo quen(o a sua própria auto-reprodu(o, 2 qual tudo, da nature+a a todas asnecessidade e aspira!es humanas, deve subordinar-se absolutamente"

 Assim, a influ7ncia civili+adora encontra o seu fim devastador no

momento em que a implacável lógica interna da auto-reprodu(oampliada do capital encontra obstáculo nas necessidades humanas" *m>?D>, o oramento militar nos *stados Inidos chegou aos GQQ milmilh!es de dólares, e quem sabe quanto mais além disso, sob váriosoutros disfarces oramentais, e isso desafia a compreens(o humana" Aomesmo tempo, os servios sociais mais elementares s(o submetidos aduros testes6 uma medida verdadeira do 3trabalho civili+ador3 do capitalhoje" :ontudo, mesmo tais somas e cortes est(o muito longe de seremsuficientes para permitir ao capital seguir imperturbável o seu caminho6uma das provas mais evidentes da crise de domina(o"

 A devasta(o sistemática da nature+a e a acumula(o continua do poder de destrui(o para as quais se destina globalmente uma quantiasuperior a um milh(o de milh!es de dólares por ano indicam o ladomaterial amedrontador da lógica absurda do desenvolvimento do capital"

 Ao mesmo tempo, ocorre a nega(o completa das necessidadeselementares de incontáveis milh!es de famintos6 o lado esquecido e quesofre consequ7ncias dos milh!es de milh!es desperdiados" 9 ladohumano paralisante deste desenvolvimento é visível n(o só na

obscenidade do 3subdesenvolvimento3 forado, mas em toda a parte,inclusive na maioria dos países de capitalismo avanado"

9 sistema de domina(o existente está em crise porque a sua raisond0tre e a sua justifica(o históricas desapareceram, e já n(o podemmais ser reinventadas, por maior que seja a manipula(o ou a purarepress(o" 4esse modo, ao manter milh!es excluídos e famintos, quandoos milh!es de milh!es desperdiados poderiam alimentá-los mais decin-uenta vezes, p!e o absurdo desse sistema de domina(o emperspectiva"

9 mesmo é verdade para tantas outras grandes quest!es humanas quecomearam a mobili+ar as pessoas há relativamente pouco tempo"4urante décadas, a literatura sociológica produ+iu simpáticos contos defadas sobre o 3conflito de gera!es3 que, no verdadeiro espírito do 3fimda ideologia3, tentou transformar os graves sinais das contradi!es declasse em nobres vicissitudes de gera!es intemporaisJ agora eles t7m

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realmente sobre o que escrever" 0o entanto, os esquemas pré-fabricadosde mistifica(o psico-sociológica n(o se ajustam ao quadro real" Bssoporque o assim chamado conflito de gera!es, no momento em que foiapologeticamente circunscrito, já estava solucionado, na medida em quetoda a 3rebeli(o da juventude3 evoluía, no devido tempo, para a

maturidade sensata dos pagamentos da hipoteca e da acumula(o deuma poupana para a velhice, de modo a garantir uma exist7nciacómoda até 2 sepultura, e mesmo para além dela, pela reprodu(oeterna das novas 3gera!es3 do capital" uaisquer que fossem asdificuldades apresentadas pela nature+a e a no(o de 3gera(o3supostamente deveria ser simplesmente uma categoria da nature+a , aauto-tranquili+a(o vinha da ideia de que o capital, graas a 4eus, seria,como de costume, a solu(o"

#orém, a verdade tornou-se o exacto oposto, já que o capital n(o apenasn(o soluciona como ainda gera o conflito real de gera!es em escalasempre crescente" *m todo o país capitalista importante, nega-seoportunidade do trabalho para milh!es de homens, obliterando semcerimónia a lembrana n(o t(o antiga das diferenas com a cultura

 jovem3, ao mesmo tempo em que espreme até a $ltima gota de lucro dassobras de tal cultura" Ao mesmo tempo, alguns milh!es de pessoas maisvelhas s(o foradas a juntar-se 2s filas de doa!es aos necessitados,enquanto muitos milh!es a mais est(o sob a imensa press(o de uma3reforma prematura da qual a sec(o mais din)mica do capital

contempor)neo o capital financeiro pode sugar durante algumtempo ainda um pouco mais de lucro" Assim, o grupo etário da 3gera(o$til3 está encolhendo para uma faixa entre %& e &Q anos, opondo-seobjectivamente 2s 3gera!es indesejadas3, condenadas pelo capital 2inactividade obrigada e 2 perda da sua humanidade" *, ent(o, já queagora a gera(o intermediária é comprimida entre 3jovens e 3velhosin$teis3 até que ela própria se torne supérflua quando assimdeterminar o capital até mesmo os planos temporais destascontradi!es se tornam absolutamente confusos"

/ipicamente, as solu!es propostas nem sequer arranham a superfíciedo problema, sublinhando, novamente, que estamos 2 frente de umacontradi(o interna insol$vel do próprio capital" 9 que está realmente em

 jogo é o papel do trabalho no universo do capital, uma ve+ que se tenhaalcanado um nível muito alto de produtividade" #ara resolver ascontradi!es assim geradas, seria necessária uma importante reviravolta,que afectasse n(o apenas as próprias condi!es imediatas de trabalho,

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mas também todas as facetas da vida social, inclusive as mais íntimas" 9capital, ao contrário, pode produ+ir somente as condi!es materiaisnecessárias para o desenvolvimento do indivíduo social autónomo, demodo a negá-las imediatamente" /ambém as nega materialmente quandoocorrem crises económicas, bem como política e culturalmente quando é

do interesse de sua própria e contínua sobreviv7ncia como estrutura finalde domina(o"

:onsiderando que o capital só pode funcionar por meio de contradi!es,ele tanto cria como destrói a famíliaJ produ+ a gera(o jovemeconomicamente independente com a sua 3cultura jovem3 e arruína-aJgera as condi!es de uma velhice potencialmente confortável, comreservas sociais adequadas, para sacrificá-las aos interesses de suainfernal maquinaria de guerra" 1eres humanos s(o, ao mesmo tempo,absolutamente necessários e totalmente supérfluos para o capital" 1en(o fosse pelo facto de que o capital necessita do trabalho vivo para asua auto-reprodu(o ampliada, o pesadelo do holocausto da bomba deneutr!es certamente se tornaria realidade" 8as, já que tal 3solu(o final3é negada ao capital, somos confrontados com as consequ7nciasdesumani+adoras das suas contradi!es e com a crise crescente dosistema de domina(o"

; possível que tal desumani+a(o n(o seja t(o óbvia quanto a que sereflecte na luta cada ve+ mais intensa pela liberta(o das mulheres"

=oram irreparavelmente destruídos os fundamentos económicos daantiga justifica(o histórica da opress(o das mulheres, e o próprioavano produtivo do capital desempenhou aí um papel central" 8as,novamente, podemos perceber as contradi!es inerentes" *m umsentido para seus próprios propósitos o capital ajuda a liberar asmulheres para melhor poder explorá-las como membros de uma fora detrabalho muito mais variada e convenientemente 3flexível3" Ao mesmotempo, precisa manter a sua subordina(o social noutro plano para areprodu(o sem problemas da fora de trabalho e para a perpetua(o daestrutura familiar predominante a fim de salvaguardar a sua própria

domina(o como senhor absoluto do próprio sócio-metabolismo"

 Assim, evidencia-se claramente que os sucessos parciais podem seevaporar de um momento para o outro as mulheres est(o entre asprimeiras a serem forados ao desemprego ou a empregos parciaismiseravelmente remunerados já que os interesses globais do capitalpredominam sobre os mais limitados" 4ado o facto de que a quest(o real

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é o sistema existente de domina(o e que os sucessos significativos dalibera(o feminina obrigatoriamente abrem nele profundas brechas,minando a sua viabilidade, qualquer coisa que n(o possa ser mantidaestritamente dentro de limites fixados pela busca de lucro deve serreprimida" Ao mesmo tempo, o importante envolvimento do capital na

destrui(o de toda a justifica(o económica da opress(o das mulherestorna impossível solucionar este problema por meio de um mecanismoeconómico. 0a realidade, puramente em termos económicos, oequilíbrio aponta frequentemente na direc(o oposta, contribuindo assimpara o aguamento desta contradi(o"

Ima ve+ que a família é o verdadeiro microcosmos da sociedade cumprindo, além de suas fun!es imediatas, a necessidade de assegurar a continuidade da propriedade, $ qual se acrescenta o seu papel como aunidade básica de distribui(o e a sua capacidade de agir como a3correia de transmiss(o3 da estrutura de valor predominante nasociedade a causa da libera(o das mulheres afecta directa ouindirectamente a totalidade das rela!es sociais em toda a suafragilidade"

0este particular, o aparente impasse actual, sob a press(o imediata dacrise económica, é bastante enganador" Bsso porque, considerando ofacto de uma perspectiva de tempo mais longa, podemos observar umamudana dramática, na medida em que a família de trs gera!es que

tínhamos antes da $ltima guerra se transformou efectivamente agoranuma família de uma geraç!o# com todas as suas consequ7nciasaltamente benéficas para a expans(o da economia de consumo"

8as nem mesmo isso é mais suficiente" 4aí as press!es contraditóriaspor mudanas adicionais ainda que, na realidade, se tenham esgotadoas possibilidades de tais mudanas enquanto se mantiver a actualestrutura familiar assim como press!es igualmente fortes para, nosentido oposto, restabelecer os velhos 3valores da família3 patriarcal, nointeresse da sobreviv7ncia continuada do capital" 1(o a presena e a

intensidade simult)neas de foras que pressionam irresistivelmente emdirec!es opostas que fa+em da actual crise estrutural do capital umaverdadeira crise de domina(o"

18!%!+*m compara(o com tudo isso, a crise de >?%?-GG evidentemente foi deum tipo muito diferente" #or mais severa e prolongada que tenha sido,

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ela afectou um n$mero limitado de dimens!es complexas e demecanismos de autodefesa do capital, conforme o estado relativamentesubdesenvolvido das suas potencialidades globais na ocasi(o" 8as,antes que essas potencialidades pudessem ser desenvolvidascompletamente, alguns importantes anacronismos políticos precisaram

de ser eliminados, o que se percebeu durante a crise com brutal clare+ae implica!es de longo alcance"

 Ao estourar a crise em >?%?, o capital havia alcanado as fases finais desua transi(o da 3totalidade extensiva3 para a incansável descoberta eexplora(o dos territórios escondidos da 3totalidade intensiva3, comoresultado do grande impulso produtivo recebido durante a #rimeiraCuerra 8undial e durante o período de reconstru(o do pós-guerra"*mbora os diferentes países tenham sido afectados de formas diferentesdependendo do grau relativo de desenvolvimento do capital e da suasitua(o como vencedores ou perdedores, as novas contradi!esemergiram essencialmente porque os avanos produtivos qualitativos doperíodo já n(o podiam ser contidos nos limites das rela!es de poderhistoricamente antiquadas da 3totalidade extensiva3 predominante"

0o final da década de >D@Q, 8arx já havia observado que o capital nos*stados Inidos representava de longe a fora mais din)mica do sistemaglobal6 uma verdade que se tornou ainda mais evidente meio séculodepois, na década de >?%Q" 8as, apesar do papel vital que o capital

americano desempenhou para se vencer a guerra, o status -uo políticoda domina(o global ainda em vigor estabelecido muito tempo antescondenava-o a ser quase um segundo violino do imperialismo brit)nico6anacronismo que, obviamente, n(o pOde ser tolerado indefinidamente"

0(o surpreendentemente, portanto, o imperativo de um novo iníciocristali+ou-se durante a 3Crande :rise 8undial3" As press!esdevastadoras dessa crise aparentemente sem fim tornaramabundantemente claro que o capital dos *stados Inidos tinha queremodelar todo o mundo do capital 2 sua própria imagem, mais din)mica,

e que n(o havia outra alternativa, caso se quisesse superar n(o somenteas condi!es criticas imediatas, mas também a perspectiva de umadepress(o crónica" #or isso, sob a intensa retórica do 4iscurso Bnauguralde Hoosevelt em >?GG, a mensagem realmente significativa foi aperspectiva radicalmente nova do colonialismo neo)capitalista sob ahegemonia americana" 0ele se previram, n(o apenas as frustra!es de:hurchill durante a guerra como os acordos de Ralta, mas também, e

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acima de tudo, previu-se a absor(o, para todos os fins e propósitos, dosimpérios brit)nico e franc7s pelos interesses mais altos da 3totalidadeintensiva3 do capital e a relega(o das modalidades historicamentevelhas de imperialismo e colonialismo 2 segunda divis(o, o lugar queefectivamente lhes cabia"

 A mitologia liberal gosta de se lembrar de Hoosevelt como 3homem dopovo3 e defensor incansável do 30eS 4eal3" 0a verdade, porém, a suareivindica(o de fama histórica duradoura, mesmo que duvidosa, apoia-se no facto de ter sido um representante de vis(o ampla do dinamismorecém-encontrado do capital, em virtude do seu papel pioneiro deelaborar a estratégia global e de habilmente lanar as funda!es práticasdo neo-colonialismo"

Bsto significou um ataque em duas frentes para a constru(o de umanova orienta(o verdadeiramente global. :omo o imperativo de um novoinício havia surgido com base no grande avano produtivo e na crisecriada por sua interrup(o, a nova estratégia envolveu, em rela(o aseus termos de refer7ncia domésticos, a explora(o plena de todos osterritórios ocultos do 3colonialismo interno36 daí o 30eS 4eal3 e odesenvolvimento em bases mais seguras de uma economia de consumoem expans(o" Ao mesmo tempo, a necessidade de assegurar enecessariamente proteger a expans(o contínua da base económicadoméstica implicou a remo(o cruel de todas as 3barreiras artificiais3 do

colonialismo passado e do capitalismo proteccionista subdesenvolvidocorrespondente"

*sta estratégia neocolonialista de conquistar a 3totalidade intensiva3representava também uma concep(o verdadeiramente global ao tentaracertar as contas com a Ini(o 1oviética, n(o só em seu própriointeresse, mas para estar em melhor posi(o para controlar osmovimentos anti-coloniais que emergiam"

0aturalmente, esperava-se que tudo isso tivesse sucesso sob a

inquestionável hegemonia do capital dos *stados Inidos, que mais tardepropagandearia, com típica vulgaridade, sua arrogante autoconfiana aoinsistir que o século NN era 3o século americano3" *, claro, devido aodinamismo inerente 2 forma historicamente mais avanada de capital, a3nova ordem mundial3 e sua 3nova ordem económica3 supostamentedeveria surgir e permanecer connosco para sempre pela ac(o de forase determina!es puramente económicas# assim afirmava a retórica,

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desde o primeiro 4iscurso Bnaugural de Hoosevelt até ao 3fim daideologia3"

:ontudo, os factos expressaram-se de modo totalmente diferente, namedida em que puseram amargamente em relevo uma das maiores

ironias da história, qual seja6 embora houvesse um dinamismoeconómico incomparável e um novo avano produtivo de propor!espotencialmente enormes nas raí+es da estratégia rooseveltiana original,sua implementa(o real longe de se satisfa+er com mecanismoseconómicos tal como ocorre ainda hoje com o persistente mito da3moderni+a(o3 exigiu, para sua 3descolagem3, a guerra maisdevastadora conhecida pelos homens, a 1egunda Cuerra 8undial, paran(o mencionar o aparecimento e a domina(o do 3complexo industrial-militar3 no seu 3percurso até a maturidade3"

1e o capital americano teve muito mais que a simples iniciativa de todosestes envolvimentos que ele na verdade dominou completamente doinício ao fim, assegurando para si uma posi(o de vantagemesmagadora pela qual pode contabili+ar enormes défices oramentaispagos pelo resto do mundo , eles afectaram e beneficiaram o 3capitalsocial total3 constituído como uma entidade global no seu pulso para aauto-expans(o e a domina(o"

:om certe+a, vários componentes nacionais da totalidade do capital

sofreram derrotas imediatas humilhantes, mas só para se levantaremmais fortes das cin+as da desintegra(o temporária" 0este particular, os3milagres3 alem(o e japon7s falam por si mesmos" *m outros casos,principalmente o do capital brit)nico, o pacto foi muito mais complicado,por uma variedade de ra+!es, que se referem principalmente 2 luta deretaguarda contra a dissolu(o do Bmpério brit)nico" 8as, mesmo nessescasos, n(o resta d$vida de que, no final, um grau n(o despre+ível dereestrutura(o din)mica ocorreu sob o desafio americano"

9s resultados globais destas transforma!es foram uma significativa

racionalizaç!o do capital global e o estabelecimento de uma estrutura derela!es financeiras e económicas com o *stado que foi, em geral, muitomais adequada ao deslocamento de muitas contradi!es do que aestrutura anteriormente existente"

18!%!: Assim, a crise de >?%?-GG n(o foi de modo algum uma crise estrutural do

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capital na forma(o global" #elo contrário, forneceu o estímulo e press(onecessários para o re-alinhamento das suas várias foras constituintes,conforme as rela!es de poder objectivamente alteradas, muitocontribuindo, desse modo, para o desenvolvimento das tremendaspotencialidades do capital inerentes 2 sua 3totalidade intensiva3"

*xternamente isto significou6

> uma mudana dramática do imperialismo multi-centrado,

ultrapassado, militar e político perdulariamente intervencionista para umsistema de domina(o global que, sob a hegemonia norte-americana, setorna muito mais din)mico e economicamente muito mais viável eintegradoJ

% o estabelecimento do 1istema 8onetário Bnternacional e de vários

outros órg(os importantes de regulamenta(o das rela!es inter-capitaisincomparavelmente mais racionais do que havia 2 disposi(o daestrutura multi-centradaJ

G a exporta(o de capital em grande escala e com ela a

perpetua(o mais efectiva da depend7ncia e do 'subdesenvolvimento3imposto e o repatriamento seguro, em escala astronómica, de taxas delucro totalmente inimagináveis nos países de origemJ e

M a incorpora(o relativa, em graus variados, das economias de

todas as sociedades pós-capitalistas na estrutura de interc)mbioscapitalistas"

#or outro lado, internarmente, a história de sucesso do capital poderiaser descrita em termos de6

> uso de várias modalidades de interven(o estatal para a

expans(o do capital privadoJ

% transfer7ncia de ind$strias privadas falidas, mas essenciais, para

o sector p$blico, e a sua utili+a(o para novamente apoiar, através dosfundos estatais, as opera!es do capital privado, para serem novamentetransformadas em monopólios ou quase-monopólios privados depois dese terem tornado mais uma ve+ altamente lucrativas pela injec(o defundos volumosos financiados pela tributa(o geralJ

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  G desenvolvimento e opera(o bem sucedidos de uma economia de

3pleno emprego3 durante a guerra e por um período considerável depoisdelaJ

M larga abertura de novos mercados e ramos de produ(o no plano

da 3economia de consumo3 fortemente distendida, junto com o sucessodo capital em gerar e sustentar padr!es extremamente perdulários deconsumo, fora motivadora vital de tal economiaJ e

& para coroar tudo isso, tanto no porte de seu peso económico

como na sua significa(o política, estabelecimento de um imenso3complexo industrial5militar3 como controlador e beneficiário directo dafrac(o mais importante da interven(o estatal6 com isso,simultaneamente, o isolamento de bem mais de um tero da economiadas desconfortáveis flutua!es e incerte+as do mercado"

 Apesar de o valor intrínseco de todas estas reali+a!es serextremamente problemático para di+er o mínimo, n(o pode haverd$vida quanto ao significado da auto-expans(o din)mica do capital e suacontínua sobreviv7ncia" #recisamente por causa da sua import)nciacentral nos desenvolvimentos capitalistas do século NN, a severidade dacrise estrutural de hoje é fortemente realada pelo facto de várias dascaracterísticas mencionadas acima já n(o serem mais verdades, e de astend7ncias subjacentes apontarem na direc(o da sua completarevers(o6 a tend7ncia a um novo policentrismo pense-se no Pap(o e na

 Alemanha, por exemplo, com consequ7ncias potencialmenteincalculáveis, a um persistente desemprego de massa e suasimplica!es óbvias para a economia de consumo e 2 desintegra(oameaadora do tema monetário internacional e seus corolários" 1eriatolice considerar permanentes as posi!es poderosamente fortificadas docomplexo industrial-militar e sua capacidade de extrair e alocar para simesmo, imperturbado, o excedente necessário para seu funcionamentocontínuo na escala actual, ainda astronómica"

 Algumas pessoas argumentam que, assim como conseguiu resolver osseus problemas no passado, o capital o fará indefinidamente também nofuturo" #oderiam acrescentar que, se a crise de >?%?-GG impOs ao capitalmudanas dramáticas, que vimos testemunhando desde ent(o, a criseestrutural actual deverá produ+ir remédios duradouros e solu!espermanentes" 9 problema deste raciocínio é que ele n(o conta comabsolutamente nada para respaldar o sonho invi+vel de perseguir a 3linhade menor resist7ncia3 quando isso n(o mais é possível"

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*mbora seja va+io e perigoso argumentar a partir de meras analogiascom o passado, torna-se auto-contraditório fa+7-lo quando o assunto emquest(o é precisamente a crise estrutural e o colapso de algunsmecanismos e determina!es até agora vitais, que se manifestam sob a

forma da própria crise de controlo e domina(o estabelecida" #odem-seespecificar as condi!es para uma solu(o da crise actual, comoveremos mais adiante" #ortanto, a menos que se possa demonstrar queas tend7ncias contempor)neas de desenvolvimento do capital podemrealmente satisfa+er estas condi!es, toda a conversa sobre a suacapacidade intrínseca de sempre resolver os seus problemas seráapenas um 3assobiar no escuro3 para afugentar o medo"

9utra linha de argumenta(o insiste que o capital tem 2 sua disposi(ouma imensa fora repressiva que pode usar livremente, tanto quantoquiser, na resolu(o dos seus crescentes problemas" *mbora haja certasrestri!es algumas até importantes ao uso real, e potencial, defora bruta pelo capital, é inquestionável que a capacidade de destrui(oe repress(o acumuladas é assustadora, e continua a multiplicar-se"8esmo assim, mantém-se a verdade de que nada se resolve, nem

 jamais foi resolvido, apenas pela fora" .endas em contrário relativasao na+ismo e ao estalinismo, por exemplo s(o frequentemente usadaspara justificar a cumplicidade mais ou menos activa de sectoresimportantes da popula(o supostamente impotentes"

 Além disso, há uma considera(o ainda mais importante que se refere 2scaracterísticas inerentes ao próprio capital" 9 capital é uma foraextremamente eficiente para mobili+ar os complexos recursos produtivosde uma sociedade muito fragmentada" 0(o importa ao capital emquantas partes6 o seu grande recurso é precisamente a capacidade delidar com a fragmenta(o" #orém, o capital definitivamente n(o é umsistema de emergncia unificadora, nem poderia s7-lo a longo pra+o,devido 2 sua própria constitui(o interna" 0(o é de modo algum acidentalque forma!es estatais como as fascistas só sejam viáveis hoje na

periferia do sistema do capital global, subordinadas a algum centro3metropolitano3 liberal democrático e dele dependentes"

 Assim, por maior que seja o 7xito temporário das tentativas autoritáriasde 3punho de ferro3 em atrasar ou adiar o 3momento da verdade3 e asprobabilidades de tais 7xitos a curto pra+o n(o devem ser subestimadas num pra+o mais longo elas podem somente agravar a crise" 9s

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problemas estruturais descritos acima equivalem a um importanteentrave no sistema global de produ(o e distribui(o" 4ada a suacondi(o de entrave, exigem remédios estruturais adequados, e n(o asua multiplica(o através de adiamentos forados e de repress(o" #oroutras palavras, estes problemas requerem uma interven(o positiva no

próprio processo produtivo problemático para enfrentar as suascontradi!es perigosamente crescentes, para remov7-los 2 medida que opermita o ritmo da reestrutura(o real" :ontra isto, é absurdo sugerir apossibilidade de o capital recorrer, enquanto isto ainda é possível, 2domina(o por meio de um estado de emergncia completamenteinstável, portanto necessariamente efmero como condi(o permanentede sua normalidade futura"

18!%!; As condi!es para administrar a crise estrutural do capital est(odirectamente articuladas a algumas importantes contradi!es queafectam tanto os problemas internos dos vários sistemas envolvidoscomo as rela!es entre eles" Hesumidamente, tais problemas seriam6

> As contradi!es socio-económicas internas do capital 3avanado3

que se manifestam no desenvolvimento cada ve+ mais desequilibradosob o controlo directo ou indirecto do 3complexo industrial-militar3 e dosistema de corpora!es transnacionaisJ

% As contradi!es sociais, económicas e políticas das sociedades

pós-capitalistas, tanto isoladamente como na sua rela(o com asdemais, que condu+em 2 sua desintegra(o e, desse modo, 2intensifica(o da crise estrutural do sistema global do capitalJ

G As rivalidades, tens!es e contradi!es crescentes entre os países

capitalistas mais importantes, tanto no interior dos vários sistemasregionais como entre eles, colocando enorme tens(o na estruturainstitucional estabelecida da :omunidade *uropeia ao 1istema8onetário Bnternacional e fa+endo prever o espectro de umadevastadora guerra comercialJ

M As dificuldades crescentes para manter o sistema neo-colonial de

domina(o do Br(o 2 Tfrica, do 1udeste Asiático 2 Tsia 9riental, da América :entral 2 do 1ul, ao lado das contradi!es geradas dentro dospaíses 3metropolitanos3 pelas unidades de produ(o estabelecidas eadministradas por capitais 3expatriados3"

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:omo podemos ver, em todas as quatro categorias cada uma dasquais corresponde a uma multiplicidade de contradi!es a tend7ncia épara a intensifica(o, e n(o para a diminui(o, dos antagonismosexistentes" Além disso, a severidade da crise é acentuada pelo efectivoconfinamento da interven(o 2 esfera dos efeitos, tornando proibitivo

atacar as suas causas, graas 2 3circularidade3 do capital, mencionadaacima, entre *stado político e sociedade civil, por meio da qual asrela!es de poder estabelecidas tendem a reprodu+ir-se em todas assuas transforma!es superficiais"

4ois exemplos importantes ilustram conclusivamente esse facto" 9primeiro refere-se ao complexo industrial-militar, o segundo 2 crónicainsolubilidade dos problemas do 3subdesenvolvimento3"

Ká muita esperana de cria(o de recursos para uma expans(oeconómica positiva e viável por meio da re-aloca(o de uma parteimportante da despesa militar para medidas e propósitos sociais há muitoimprescindíveis" #orém, a frustra(o permanente dessas esperanasresulta tanto do imenso peso económico e do evidente poder estatal docomplexo industrial-militar como do facto de que este complexo é antesmanifesta(o e efeito do que causa das profundas contradi!esestruturais do capital 3avanado3" 0aturalmente, uma ve+ que exista,continua tambm a funcionar como uma causa contribuinte tantomaior quanto maior o seu poder económico e político mas n(o como a

causa que as produ+" 4o ponto de vista do capital contempor)neo, se ocomplexo industrial-militar n(o existisse, teria de ser inventado" :omomencionado antes, de certo modo o capital simplesmente 3tropeou3nesta solu(o durante a guerra, depois da tentativa um tanto ingénua deHoosevelt de reculer pour mieux sauter da plataforma do 1e2 3eal, quede facto resultou num avano muito pequeno no meio de uma depress(oque n(o se abateu"

9 complexo industrial-militar cumpre com grande efici7ncia duas fun!esvitais deslocando temporariamente duas poderosas contradi!es do

capital 3super-desenvolvido3"

 A primeira, mencionada há pouco, é a transfer7ncia de uma por(osignificativa da economia das incontroláveis e traioeiras foras domercado para as águas seguras do altamente lucrativo financiamentoestatal" Ao mesmo tempo mantém intacta a mitologia da empresa privadaeconomicamente superior e eficiente nos custos graas 2 absolvi(o a

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 priori do desperdício total e da falncia estrutural pela ideologia de fervorpatriótico"

 A segunda fun(o n(o é menos importante6 deslocar as contradi!esdevidas $ taxa decrescente de utilizaç!o [1: que se evidenciaram

dramaticamente durante as $ltimas décadas de desenvolvimento nospaíses de capitalismo avanado"

; por isso que, enquanto n(o se encontrar uma alternativa estruturalpara lidar com os fundamentos causais das contradi!es aquimencionadas e que foram deslocadas com sucesso, a esperana de umasimples re-aloca(o dos recursos prodigiosos, agora investidos nocomplexo industrial-militar, fatalmente será anulada pelas determina!escausais prevalecentes"

9 mesmo é verdade para os problemas insol$veis do3subdesenvolvimento3 forado" 0aturalmente, seria adequado que o3capital esclarecido3 uma verdadeira contradi(o em termos estendesse a sua esfera de opera(o a todos os poros da sociedade3subdesenvolvida3, activando plenamente os seus recursos materiais ehumanos no interesse de sua auto-expans(o renovada" 4aí os esforosdas 4omiss"es 5randt e de iniciativas semelhantes que conseguemexpressar um grande n$mero de verdades parciais enquanto deixam deperceber a verdade global6 o mundo 3subdesenvolvido3 j+ está

completamente integrado no mundo do capital, e cumpre nele váriasfun!es vitais" Assim, podemos novamente ver uma tentativa de aliviaros efeitos do modo dominante de integra(o deixando intactas as suasdeterminaç"es causais.

/ais propostas irreais ignoram sistematicamente que é absolutamenteimpossível manter os pés nas duas canoas6 manter a exist7ncia dosistema de produ(o absurdamente ampliado e 3super-desenvolvido3 docapital 3avanado3 o qual depende necessariamente da continua(o dadomina(o de um 3vasto território3 de subdesenvolvimento forado e, ao

mesmo tempo, impelir o 3/erceiro 8undo3 a um alto nível dedesenvolvimento capitalista que apenas poderia reprodu+ir ascontradi!es do capital ocidental 3avanado3, multiplicadas pelo imensotamanho da popula(o envolvida"

9s actuais gerentes do capital conhecem muito mais do que de factoaparentam tal como o fi+eram os próprios *dSard Keath e Uillie

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Vrandt, quando ainda chefiavam os seus respectivos governos edesconsideram esses relatórios com o 3realismo cínico que correspondedirectamente 2 agressiva reafirma(o dos interesses norte-americanosdominantes6

9 secretário de *stado dos *stados Inidos disse hoje n(o ser realistafalar de uma grande transfer7ncia de recursos dos países desenvolvidospara os países em desenvolvimento" A 7nfase de 8r" Kaig era utili+ar asforas convencionais de mercado WsicXY para aliviar o sofrimento dospaíses mais pobres" 4everia haver 3um sistema comercial mais abertocom regras melhoradas3" A ajuda estrangeira deveria ser associada a3uma política nacional e um esforo próprio sensatos3" 0a vis(o dos*stados Inidos isto significa confiar em incentivos económicos e naliberdade individual" 3A supress(o de incentivos económicos acaba porsuprimir o entusiasmo e a criatividade""" 9s governos que maisfavoreceram as liberdades de seus povos também tiveram mais 7xito emassegurar tanto a liberdade como a prosperidade" [1 

; realmente uma suprema ironia ouvir um representante paradigmáticodo complexo industrial-militar repressor cantar as virtudes infinitas das3foras de mercado convencionais3 e da 3liberdade individual3"Bnfeli+mente, porém, esta é também a indica(o de que n(o háesperanas de melhorias na esfera dos efeitos, enquanto se permitir queos determinantes causais do mundo real do capital sigam o seu cursoestabelecido, o qual reprodu+ estruturalmente os mesmos efeitos comgravidade cada ve+ maior e em escala sempre crescente"

1e a condi(o para solucionar a crise estrutural estiver amarrada 2solu(o dos quatro conjuntos de contradi!es mencionadas acima, doponto de vista da contínua expans(o global e da domina(o do capital, aperspectiva de um resultado positivo está longe de ser promissora" #oisé muito remota a possibilidade de sucesso até mesmo dos objectivosrelativamente limitados, para n(o mencionar a solu(o duradoura dascontradi!es de todas as quatro categorias em conjunto" 9 mais provável

é, ao contrário, continuarmos afundando cada ve+ mais na criseestrutural, mesmo que ocorram alguns sucessos conjunturais, comoaqueles resultantes de uma relativa 3revers(o positiva3, no devido tempo,de determinantes meramente cíclicos da crise actual do capital"

18!" A B?75A?I&A&0 &0 3ABI6AI 0 . IC-I/I3A&. &.B?75A?IM. .3IA?I6A

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18!!1Heflectindo sobre os debates do #rograma de Cotha, *ngels fe+sarcasticamente um comentário sobre o que considerou a influ7nciadeplorável de Uilhelm .iebZnecht, o autor principal do #rograma6 34ademocracia burguesa ele trouxe e teve uma verdadeira mania de

unificaç!o [1+ " 4e+asseis anos antes, quando do planeado :ongressoda Inidade, 8arx fe+ uma observa(o semelhante sobre a quest(o daunifica(o, entretanto sem refer7ncias pessoais" *le reconheceu que 3ofacto da unifica(o tra+ satisfa(o aos trabalhadores3, mas na mesmasentena sublinhou que 3é um engano acreditar que este sucessomoment)neo n(o será comprado a um preo muito alto [1: "

; importante lembrar esta atitude céptica para com a 3unidade3 e a3unifica(o3 para pOr em perspectiva a recente defesa do pluralismo"1eria absolutamente incorrecto tratar deste problema como algoresultante de considera!es puramente tácticas ou dos limites práticosde uma rela(o desfavorável de foras que já n(o permite a adop(o depolíticas socialistas consistentes mas segue, ao contrário, uma estratégiade complicados compromissos"

9utra dimens(o desta problemática é que por muitos anos o movimentoda classe trabalhadora esteve sujeito a press!es de inspira(o estalinistaque tentaram impor a 3unidade3 para, no interesse do 3#artido .íder3,suprimir automaticamente a crítica" Aqueles que se auto-designavam

porta-vo+es de tal 3unidade3 nunca se deram ao trabalho de definir osobjectivos socialistas tangíveis do 6leichschaltung isto é, forar nummolde organi+acional que defendiam, nem de avaliar as condi!esobjectivas para formular estratégias socialistas coordenadas, junto comas imensas dificuldades para a sua reali+a(o"

Ká algumas ra+!es muito fortes para que 8arx e *ngels considerassem3unidade3 e 3unifica(o3 conceitos bastante problemáticos6 as divis!es econtradi!es objectivas existentes nos vários componentes domovimento socialista" 4evido 2s suas complexas ramifica!es internas e

internacionais, tais divis!es e contradi!es simplesmente n(o poderiamser removidas por desejo nem por decretoJ menos ainda do que o sonhoda :onven(o =rancesa do século N<BBB de abolir o pauperismo" 0(o foinecessário esperar pela erup(o do conflito sino-soviético e pela guerraentre a :hina e o <ietname para perceber que a simples proposta ouenunciado da 3unidade das foras socialistas3 n(o tra+ contribui(oalguma para remover os seus problemas, desigualdades e

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antagonismos" A tarefa de desenvolver uma fora suficientemente grandepara desafiar com sucesso a fora do capital em seu próprio terrenoimplicou, desde o início, a necessidade de construir sobre determinadasfunda!es, as quais mostram uma grande diversidade e conflito deinteresses, herdadas através da divis(o social do trabalho e pelas taxas

de explora(o diferenciais há muito dominantes"

Pá que o problema era como constituir uma consci7ncia de massasocialista com base nas funda!es disponíveis, envolvendo-sesimultaneamente nos confrontos inevitáveis para a reali+a(o dasfinalidades e objectivos limitados, tornou-se essencial encontrar umamaneira de preservar a integridade das perspectivas ltimas sem perdercontacto com as demandas, determina!es e potencialidades imediatasdas condi!es historicamente determinadas" #ara VaZunin e outrosanarquistas, este problema n(o existia assim como n(o preocupou atodas as espécies de voluntarismo subsequentes, já que eles n(oestavam interessados na produ(o de uma consci7ncia de massasocialista" *les simplesmente admitiam a converg7ncia espont)nea da3consci7ncia instintiva das massas populares3 com as suas própriasvis!es e estratégias"

8arx, em contraste, concebeu a quest(o organi+acional como6> permanecer fiel aos princípios socialistas, e% desenhar programas de acç!o viáveis e flexíveis para as várias

foras que compartilham os amplos objectivos comuns da luta"=oi assim que ele resumiu na $ltima carta citada a sua vis(o do:ongresso da Inidade6

9s líderes lassalleanos vieram porque as circunst)ncias os foraram avir" 1e lhes tivessem dito com anteced7ncia que n(o haveria nenhumabarganha sobre princípios, eles teriam que se contentar com um

 programa de açç!o ou um plano de organi+a(o para a ac(o comum"*m ve+ disso, alguém lhes permite chegar armados com mandatos,

reconhece estes mandatos como válidos, e assim se rendeincondicionalmente 2queles que precisam de ajuda"

Bndependente das circunst)ncias específicas do :ongresso de Cotha, o3alto preo3 mencionado por 8arx estava relacionado com asconcess!es em torno de princípios com vista a uma unidade ilusória, en(o 2 possível e necessária acç!o comum.

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 Assim como naqueles dias, mais uma ve+ este é um assunto de supremaimport)ncia" #ois hoje talve+ mais que nunca, em vista dasexperi7ncias amargas do passado recente, e do n(o t(o recente n(o émais possível conceber as formas imprescindíveis de acç!o comum semuma articula(o estratégica consciente de um pluralismo socialista que

n(o só reconhece as diferenas existentes, mas também a necessidadede uma adequada 3divis(o do trabalho3 na estrutura geral de umaofensiva socialista" *m oposi(o 2 falsa identifica(o da 3unidade3 comoo $nico meio de patrocinar princípios socialistas enquanto, na realidade,a persegui(o irreal e a imposi(o de unidade trouxeram com elas asnecessárias concess"es sobre princípios7, permanece válida a regra de8arx6 n(o pode haver barganha sobre princípios.

8as o reverso desta regra é igualmente válido, qual seja6 a condi(oelementar para se reali+ar os princípios de uma transforma(o socialistaque, afinal de contas, envolve a totalidade dos 3produtores associados3no empreendimento comum de mudar 3de alto a baixo as condi!es dasua exist7ncia industrial e política e, por conseguinte, toda a sua maneirade ser3 é a produ(o de uma conscincia de massa socialista na $nicaforma possível de acç!o comum que se auto-desenvolve" * a $ltima,claro, só pode resultar dos componentes verdadeiramente autónomos ecoordenados n(o hierarquicamente comandados e manipulados de ummovimento inerentemente pluralista.

#or muito tempo, no movimento socialista foi comum subestimar acapacidade da burguesia de alcanar unidade" Ao mesmo tempo, haviauma tend7ncia correspondente para super)estimar as possibilidades e aimport)ncia imediata da classe trabalhadora" Além disso, as mesmasconcep!es que avaliavam t(o equivocadamente a unidade tinhamtambém uma tend7ncia para ver na conquista do poder a soluç!o dosproblemas que confrontam a revolu(o socialista, e n(o o verdadeiroinício deles"

0aturalmente, se a revolu(o socialista é vista como de carácter

primordialmente político em lugar de uma revolu(o social multi-dimensional, e portanto necessariamente 3permanente3, como 8arx adefiniu a produ(o e a preserva(o da unidade superam tudo emimport)ncia" #orém, quando se reconhece que a conquista do poder ésomente o ponto de partida para revelar as reais dificuldades econtradi!es desta transforma(o 3de alto a baixo, de toda maneira deser3 dos produtores associados dificuldades e contradi!es muitas das

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quais n(o podem sequer ser imaginadas antes de ser encontradas defacto no curso da própria transac(o em andamento , ent(o anecessidade de estratégias genuinamente pluralistas afirma-se comouma quest(o tanto de urg7ncia imediata como de import)ncia contínua"

 Apesar de ser uma verdade abstracta que a unidade da classedominante 3só se possa revelar vis)$)vis ao proletariado3 [1; , elatambém é bastante enganadora, pois como no capitalismo tudo ésubordinado 2 contradi(o fundamental entre capital e trabalho, aunidade burguesa inevitavelmente cumpre a fun(o de fortalecer um ladodesse antagonismo" *ntretanto, a dificuldade está no facto de que omesmo é verdade para o outro ladoJ e ainda mais verdadeiro, comoveremos a seguir" :onsequentemente, a verdade abstracta esconde umadistor(o de grande import)ncia, resultante de uma doce ilus(o" #oroutras palavras, nega ou ignora que há um fundamentodevastadoramente real para a unidade da classe dominante6 o seudomínio real e o poder tangível tanto material e económico, comopolítico e militar que o acompanha"

*m contraste, a unidade proletária é um problema, uma tarefa, umdesafio, até mesmo um imperativo em determinadas situa!es deemerg7ncia, mas n(o uma condi(o real espont)nea da situa(odeterminada" #ode vir a ser por um período mais ou menos limitado e por um propósito específico, mas nunca pode ser aceite como uma condi(o

n(o-problemática que persiste mesmo depois da sua reali+a(o com7xito numa situa(o sócio-histórica específica" #elo contrário, ela precisade ser constantemente recriada nas circunst)ncias variáveis enquanto osfundamentos objectivos da desigualdade devido 2 divis(o socialhierárquica de trabalho herdada e a taxa diferencial de explora(omencionadas antes permanecerem connosco em qualquer forma queseja, como fatalmente h(o de permanecer por um período histórico detransi(o muito mais longo do que se poderia desejar"

18!!%

 A 3mania burguesa da unidade3 mencionada por *ngels tem sólidafunda(o na ordem económica dominante da sociedade e no seu fiadorinstitucional, o *stado capitalista" As manipula!es capitalistas daunidade formal que, por ve+es aparecem mascaradas de 3consensogeral3 significam nada mais que o selo de aprova(o a um estado decoisas de facto já em vigor, oferecendo-lhe assim sua 3legitima(o3 a

 posteriori.

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9 facto de uma classe estar no poder efectivo n(o só político, graas2 instrumentalidade repressiva do *stado, mas no sentido positivo deregular o próprio sócio-metabolismo fundamental garante-lhe umapoderosa base objectiva de auto-identidade unificadora muito antes de

surgir uma aguda confronta(o política com a classe adversária" *mesmo onde ocorram divis!es internas na 3sociedade civil3 burguesa,devido 2 tend7ncia objectiva irreprimível de concentra(o e centrali+a(odo capital, o lado vencedor é sempre o 3unitário3 isto é, o grandecapital" 9 seu poder certamente multiplica-se, 2 medida que se acelera oritmo de avano em direc(o ao monopólio, e cria partes grotescamentedesiguais em 3competi(o3 interna, competi(o ideali+ada no passado,mas agora cada ve+ mais flagrantemente pré-determinada eautomaticamente decidida" 4aí o crescente falso pluralismo da ordemsocial do capital em todas as suas muta!es contempor)neas"

Ima das mistifica!es político-ideológicas mais poderosas do capital é,na realidade, a sua simula(o de 3pluralismo3 através da qual temsucesso em definir sem apela(o os marcos de toda a oposi(oadmissível 2 sua própria domina(o" 1e na fase liberal democrática dodesenvolvimento capitalista a demanda por pluralismo ainda significavaalguma coisa mesmo que n(o muito mais que as possibilidadesinerentes 2 3liberdade negativa3 de Pohn 1tuart 8ill, desde o comeo dafase monopolista a margem para alternativas reais tem-se tornado cada

ve+ mais estreita, até ao ponto do seu quase completo desaparecimentoem tempos recentes" 1e o pesadelo monetarista hoje encontra a suacrua e desordenada articula(o na 0"K"A" 3n(o há alternativa3, como os:hefes de *stado insistem em repetir, como um disco riscado, amensagem cínica da liberdade real do capital, isto pode apenassublinhar a gravidade da crise estrutural" Além disso, também acentua asdificuldades em manter o disfarce da tirania absoluta do determinismoeconómico do capital como 3o bem maior para o maior n$mero3 e aapoteose das 3foras do mercado tradicional e da liberdade individual3"

0a verdade, desde o princípio o 3pluralismo3 foi um conceitoextremamente problemático para o capital" 0(o só nem mesmoprimariamente por causa da sua tendncia para o monopólio, mas emra+(o da pressuposiç!o absoluta do monopólio já no seu início, isto é, omonopólio da propriedade privada por poucos e a exclus(o a priori davasta maioria como pré-requisito prévio necessário do controlo socialpelo capital" <ale a pena mencionar aqui que o monopólio estatal dos

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meios de produ(o retém esta pressuposi(o vital do sistema do capitale assim perpetua a domina(o do capital de uma forma diferente" /odasas regras subsequentes do jogo 3pluralista3 do capital foram decretadascom base neste fundamento monopolista absoluto6 em seu própriointeresse, e a ser quebrado no interesse da continuidade e sua

domina(o, sempre que as circunst)ncias assim o exigirem"

 Admitiu-se desde o princípio como verdade auto-evidente que 3n(o podehaver alternativa ao monopólio dos meios de produ(o, nem 2 livredomina(o do avassalador determinismo económico do capital" 1ealguém os seguidores de 8arx, por exemplo ousasse questionar asmanifesta!es e implica!es destrutivas de tal determinismo económico,deveria ser condenado como perigoso determinista económico3 do pontode vista da liberdade unidimensional e unidireccional do capital" 9significado do 3pluralismo3 do capital nunca foi mais que o simplesreconhecimento da pluralidade de capitais, junto com a insist7nciasimult)nea no direito absoluto do capital total ao monopólio, tantotendencialmente como de facto.

 Assim, n(o só é impossível haver afinidade entre pluralismo socialista epseudo pluralismo capitalista que n(o oferece e n(o pode oferecer umamargem maior de ac(o alternativa do que a determinada pelo egoísmoestreito de uma pluralidade de capitais em competi(o, e até mesmo istosó enquanto sua competi(o limitada permanecer viávelJ eles s(o, na

realidade, diametralmente opostos"0o plano político, o significado do pluralismo do capital é visível no ritualridículo da 3competi(o3 pelo poder entre os democratas e osrepublicanos nos *stados Inidos, da mesma maneira que namanipula(o bem sucedida do poder político, em nome do capital, porum partido despre+ível da Btália, os democratas crist(os, por bem maisde quatro décadas e meia sem interrup(o" ; óbvio até mesmo a seuscríticos capitalistas que a domina(o do capital japon7s estejaefectivamente associada a um curioso sistema de partido $nico, que

habilmente explora lealdades tradicionais de uma sociedadepaternalista" * nos casos um pouco mais complicados de Bnglaterra e Alemanha onde a social-democracia apregoa abertamente a suacapacidade de melhor administrar uma 3moderna economia mista3capitalista do que a alternativa conservadora, iludindo-se ao legitimarcom tal nobre fundamento a reivindica(o de ser 3o partido natural degoverno3, só a forma da mistifica(o 3pluralista3 é diferente, n(o a sua

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subst)ncia" ; por isso que o conservador *dSard Keath e o social-democrata UillF Vrandt fi+eram, quando os seus respectivos partidosestavam no governo, uma crítica dócil ao sistema" * é por isto que osucessor de UillF Vrandt, Kelmut 1chmidt, só conseguiu ver edenunciar como 3desestabili+a(o política3 a simples possibilidade de

um desafio socialista 2 domina(o do capital"

*m todos estes casos, 3pluralismo3 significa uma sistem+tica priva(opolítica dos direitos civis do trabalho em sua confronta(o com o capital,na forma mais adequada 2s circunst)ncias locais" 9 3pluralismo3 degovernos que se alternam quantos deles na Btália pós-guerra sem amenor mudanaL oferece o +libi permanente para rejeitarcategoricamente qualquer mudana real e para impor cinicamente oimperativo segundo o qual 3n(o pode haver alternativa3 ao devastadordeterminismo económico do capital" Além disso, as institui!es dopseudo-pluralismo do capital n(o só fornecem as garantias políticasimediatas da continuidade da sua domina(o" *las também agem comoescudo mistificador que automaticamente desvia toda a critica do seualvo real qual seja, o circulo vicioso da auto-expans(o destrutiva docapital ao qual tudo deve ser incontestavelmente subordinado para airrelev)ncia personali+ada de seus administradores que, de boa vontade,se esmeram em superar um ao outro na melhor lubrifica(o domecanismo do sistema"

 Assim, a possibilidade de mudana 3consensual3 é convenientementebanida para uma margem de ac(o fixada a priori pela premissa de que3n(o há alternativa3 2s exig7ncias da auto-expans(o do capital mesmo amais destrutiva, impondo desse modo com sucesso os ditames do tipomais estreito de determinismo económico como reali+a(o $ltima daliberdade" 1empre que os governos s(o chutados por eleitores3soberanos3 amargamente desiludidos pela 3quebra de suas promessas3,o alvo diversionário da oposi(o política consensual assegura que nuncasejam mencionadas a enorme responsabilidade e a duvidosa viabilidadeda ordem sócio-económica a que eles servem e em nome da qual fa+em

e quebram tais promessas" Assim, enquanto governos 3pluralistas3 v7m epassam com frequ7ncia mistificadora, a domina(o do capital permaneceabsolutamente intacta"

18!!*m completo contraste, a condi(o elementar para o sucesso do projectosocialista é o pluralismo inerente a ele, e que parte do reconhecimento

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das diferenas e desigualdades existentesJ n(o para preservá-las que éuma necessidade de toda a 3unidade3 fictícia e arbitrariamente imposta,mas para superá-las da $nica forma viável6 assegurando o envolvimentoactivo de todos os interessados"

4esnecessário di+er que este envolvimento é impossível sem aelabora(o de estratégias e 3media!es3 específicas, que emergem dasdetermina!es particulares das necessidades e circunst)ncias mutáveis,o que representa o maior desafio 2 teoria marxista contempor)nea" A$nica e exclusiva perspectiva ampla que pode servir de estrutura derefer7ncia comum para a grande variedade de foras socialistaspoliticamente mais ou menos organi+adas e conscientes é a rejeiç!o doslogan omnipresente de que 3n(o há alternativa3" * nem mesmo istopode ser admitido como um dado n(o problemático" 0(o só por ser umanegatividade que necessita da sua articula(o positiva para se tornarviável como estratégia mobili+adora, mas também por ser, em primeirainst)ncia, equivalente a nada mais que a mera afirma(o de que 'deveriahaver uma alternativa3" Ainda assim, a rejei(o deste slogan continua aser o ponto de partida necessário, pois aqueles que aceitam a sabedoriado 3n(o há alternativa3 em nome do 3triunfo do capitalismoorgani+ado3, ou da 3integra(o da classe trabalhadora3, ou ainda dequalquer outra coisa dificilmente poderiam alegar -ue oferecem aperspectiva de uma transforma(o socialista, mesmo que 2s ve+es,curiosamente, continuem a afirmá-lo"

 Assim como o capital é estruturalmente incapa+ de pluralismo com aexcep(o de uma espécie muito limitada, que também se tem tornadocada ve+ mais restrita com o avano da concentra(o e da centrali+a(onecessárias do capital, o empreendimento socialista é estruturalmenteirrealiz+vel sem uma articula(o plena com os m$ltiplos projectosautónomos 3auto-administrados3, e, por isso, irrepreensivelmentepluralistas da revoluç!o social em andamento"

9 amplo princípio geral que rejeita o determinismo económico do capital

oferece n(o mais que um ponto de partida necessário em rela(o ao qualtodos os grupos particulares reflectindo inevitavelmente umamultiplicidade de interesses e divis!es determinados t7m que definir asua posi(o sob a forma de objectivos e estratégias específicasinterligados e, se as condi!es o permitirem, também coordenados, masdefinitivamente n(o id7nticos" 9 que está em jogo é a inven(o de umaalternativa viável para um sistema global imensamente complexo que

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tem a seu favor a 3maldi(o da interdepend7ncia3 para resistir 2mudana"

Bsto é expresso com brutal clare+a nas palavras do senhor HoF 4enman,por muitos anos o principal negociador da :** para rela!es de

comércio internacionais61!o h+ alternativa. As pessoas n(o s(o suficientemente insanas paradesejar a desintegraç!o total de todo o sistema. :ontudo, os perigos s(omuito grandes, a situa(o é agora mais séria que em qualquer outromomento desde a $ltima guerra" [1< 

 Assim, os porta-vo+es do capital, até mesmo quando s(o forados areconhecer a severidade da crise, só encontram aquela segurana na3sanidade3 existente que protege e imp!e o sistema para o qual 3n(o háalternativa3" *, embora n(o seja muito tranquili+ador depender de nadamais sólido que o $ltimo fiat de 3sanidade3 para defender a insanidadecapitalista, continua a ser verdade que a $nica alternativa real 2 criseestrutural do capital que se aprofunda é livrar)se completamente de todoo sistema.

0inguém pode sugerir seriamente que a 3insanidade3 apercebida pelosenhor HoF 4enman a 3desintegra(o total de todo o sistema3 e a suasubstitui(o por outro sistema viável possa ser reali+ada por meio depequenos grupos de pessoas fragmentadas, isoladas" 0a realidade, n(o

existe alternativa ao programa de 8arx de constituir uma consci7nciasocialista de massa pelo empreendimento prático de envolvimento numaac(o comum realmente possível e inerentemente pluralista"

*mbora se torne dolorosamente óbvio que as alternativas do capital hojese limitam cada ve+ mais a flutua!es manipuladoras entre variedadesde ZeFnesianismo e monetarismo [18 , com movimentos oscilatórioscada ve+ menos efica+es, perigosamente tendentes ao 3repousoabsoluto3 de uma contínua depress(o, a recusa socialista 2 falta dealternativa deve ser positivamente articulada com objectivos

intermediários, cuja reali+a(o possa promover avanos estratégicos nosistema a ser substituído, mesmo que apenas parciais num primeiromomento"

9 que decide o destino das várias foras socialistas na sua confronta(ocom o capital é o grau da sua capacidade de fa+er mudanas tangíveisna vida quotidiana, hoje dominada por manifesta!es ubíquas das

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contradi!es subjacentes" Assim, n(o basta focali+ar determinantesestruturais mesmo que isto seja reali+ado com perspicácia, de umponto de vista adequado se ao mesmo tempo as suas manifesta!esdirectamente sentidas forem despre+adas porque as suas implica!esestratégicas socialistas n(o s(o visíveis aos interessados" 9 significado

do pluralismo socialista envolvimento activo em ac(o comum quen(o compromete, mas, ao contrário, constantemente renova os princípiossocialistas que inspiram as quest!es globais emerge precisamente dacapacidade das foras participantes de combinar, num todo coerentecom implica!es socialistas em ltima an+lise inevitáveis, uma grandevariedade de demandas e estratégias parciais que, em si e por si, n(oprecisam ter absolutamente nada de especificamente socialista.

0esse sentido, as demandas mais urgentes da nossa época, quecorrespondem directamente 2s necessidades vitais de uma grandevariedade de grupos sociais empregos, educa(o, assist7ncia médica,servios sociais decentes, assim como as demandas inerentes 2 lutapela libera(o das mulheres e contra a discrimina(o racial podem,sem uma $nica excep(o, ser abraadas sem restri!es por qualquerliberal genuíno" *ntretanto, é absolutamente diferente quando n(o s(oconsideradas como quest!es singulares, isoladamente, mas emconjunto, como partes do complexo global que constantemente asreprodu+ como demandas n(o reali+adas e sistematicamenteirreali+áveis"

4esse modo, o que decide a quest(o é a sua condiç!o de reali+a(oquando definidas na sua pluralidade como demandas socialistasconjuntas7, e n(o o seu carácter considerado separadamente" #orconseguinte, o que está em jogo n(o é a enganosa 3politi+a(o3 destasquest!es isoladas, pela qual poderiam cumprir uma fun(o políticadirecta numa estratégia socialista, mas a efectividade de afirmar esustentar tais demandas 3n(o-socialistas3, t(o largamente auto-motivadoras no front mais amplo possível"

 As preocupa!es imediatas da vida quotidiana, do cuidado médico 2produ(o de gr(os, n(o s(o directamente tradu+íveis nos princípios evalores gerais de um sistema social" Até mesmo as compara!es só s(opertinentes e efectivas quando houver car7ncia numa área comoresultado das demandas mais ou menos injustificáveis de outraJ exemplodisso s(o os cortes feitos hoje em servios sociais vitais no interesse daind$stria de guerra" ualquer tentativa de impor um controlo político

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directo a tais movimentos, seguindo a tradi(o bastante infeli+ dopassado n(o t(o distante, em ve+ de ajudar a fortalecer a sua autonomiae a sua eficácia, corre o risco de ser contraproducente por melhores quesejam as inten!es da 3politi+a(o3"

; um sinal importante das condi!es historicamente alteradas que estasdemandas e as foras que existem por trás delas já n(o possam ser3incorporadas3 ou 3integradas3 2 din)mica objectiva de auto-expans(o docapital" 4evido 2 sua insolubilidade crónica, bem como pelo seu podermotivador imediato, elas dever(o definir a estrutura da confronta(osocial num futuro previsível" 0aturalmente, independentemente da suaimport)ncia, as quest!es acima referidas s(o aqui mencionadas comoexemplos que pertencem a um n$mero muito maior de preocupa!esespecíficas por meio das quais devem ser mediadas as aspira!es eestratégias socialistas hoje"

9utro tipo de demanda envolve um compromisso sociopolítico mais óbvioe directo, embora este conjunto t(o pouco possa ser caracteri+ado comoespecificamente socialista" #or exemplo, a luta que se intensifica parapreservar a pa+ contra interesses disfarados do complexo industrial-militar, ou a necessidade de restringir o poder das transnacionais, ouainda de estabelecer uma base de coopera(o e troca que assegure ascondi!es de desenvolvimento real no 3/erceiro 8undo3 está bastanteóbvio que o capital n(o tem condi!es de atender a nenhuma destas

demandas e, portanto, que o seu controlo sobre as foras por trás delasestá diminuindo, também é verdade que o potencial liberador da suaperda de controlo n(o pode ser reali+ado sem a articula(o deestratégias socialistas adequadas e suas formas organi+acionaiscorrespondentes"

 As demandas que manifestam directamente a necessidade de umaalternativa socialista est(o relacionadas com a perdularidade inerente aomodo de funcionamento do capital" #aradoxalmente, o capital consegueimpor 2 sociedade a 3lei de ferro3 do seu determinismo económico sem

sequer conhecer o significado de economia. Ká quatro direc!esprincipais nas quais se manifesta, com consequ7ncias crescentementedanosas, a perdularidade necessária do capital 2 medida que sealcanam os limites $ltimos do seu potencial produtivo6

> a procura incontrolável por recursos isto é, a irreprimíveltend7ncia crescente do capital ao uso 3intensivo de recursos3, da qual o

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uso 3intensivo de energia3 é só um exemplo sem considera(o pelasconsequ7ncias futuras sobre o ambiente, nem pelas necessidades daspessoas afectadas pelas suas assim denominadas 3estratégias dedesenvolvimento3J

% a crescente intensdade de capital dos seus processos deprodu(o, inerente 2 concentra(o e 2 centrali+a(o necessárias decapital, que contribui grandemente para a produ(o do3subdesenvolvimento3 n(o só na 3periferia3 mas também no centro deseu domínio 3metropolitano3, gerando desemprego macio e devastandouma base industrial antes florescente e perfeitamente viávelJ

G o impulso crescente em direc(o $ multiplicaç!o do valor de troca,no princípio simplesmente divorciado, mas agora abertamente oposto ao3valor de uso3 ao servio da necessidade humana, para manter intacta a

domina(o do capital sobre a sociedadeJ e

M o pior tipo de desperdício6 o desperdício de gente, pela produ(o

em massa de 3pessoas supérfluas3 que, como resultado tanto dosavanos 3produtivos3 do capital como das suas dificuldades crescentesno 3processo de reali+a(o3, n(o podem mais ajustar-se aos esquemasestreitos da produ(o de lucro e da multiplica(o perdulária do valor detroca" 9 facto de a produ(o em massa de 3tempo supérfluo3 do n$merocrescente de 3pessoas supérfluas3 seja o $nico tempo de vida daspessoas reais n(o pode ser, claro, objecto de preocupa(o para asdedicadas personifica!es do capital"

18!!+*m rela(o a todas estas tend7ncias e contradi!es do capital, asdemandas de mudana só podem ser formuladas em termos de umaalternativa socialista global por isso que a renova(o do marxismo setorna t(o vital, pois, apesar das críticas acerca da 3crise do marxismo3,n(o há nenhuma teoria alternativa séria em condi!es de tratar dessesproblemas em toda a sua complexidade e abrang7ncia"

 [ parte os recentes críticos hostis de 8arx como os 3novos filósofosfranceses3 e os seus colegas 3pós-modernos3, que podem seguramenteser ignorados devido aos seus interesses ideológicos excessivamenteóbvios e ao padr(o intelectual correspondente, as várias reflex!escríticas tendem a focali+ar aspectos limitados da crise social corrente"*las oferecem respostas e solu!es que só s(o parcialmente aplicáveis,e evitam precisamente aquelas quest!es abrangentes que definem os

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hori+ontes estratégicos de qualquer alternativa viável"

 Ao mesmo tempo que é necessário resistir 2 inclina(o de algunsmarxistas a desconsiderar este tipo de crítica como 3populista3 pois,seguramente, deve haver um lugar importante para o 3populismo3 de

inspira(o socialista numa estrutura genuinamente pluralista de ac(ocomum o interesse em assuntos locais e formas de organi+a(o3enrai+adas no seu meio3, bem como a tarefa de entender as suastradi!es históricas e 3peculiaridades3, está longe de ser suficiente" 4eveser complementada pelo enfrentamento de suas muitas e mais largasramifica!es e liga!es com a totalidade social, de forma que o seuimpacto cumulativo fortalea as hipóteses da estratégia socialista, emve+ de impulsioná-la na direc(o da fragmenta(o e da dispers(o"

1e no passado a teoria marxista teve uma tend7ncia a esquecer essaspreocupa!es, preferindo concentrar-se nos princípios gerais daalternativa socialista, isto deveu-se em grande parte 2s condi!eshistoricamente defensivas. *nquanto prevaleceram tais condi!es, eracompreensível, na verdade necessária ainda que problemática, aconstante reafirma(o da validade $ltima das perspectivas globais emdesafiante desconsidera(o 2 tranquila auto-expans(o do capital tidacomo, basicamente, irrelevante" #orém, nas condi!es alteradas daofensiva necessária, a reafirma(o abstracta e auto-tranquili+adora dasperspectivas gerais como uma declara(o de fé está

completamente fora de lugar" #ois o dito de 8arx '8ic 9hodus. hic salta'pede a integra(o da totalidade das demandas sociais, daspreocupa!es 3n(o socialistas3 quotidianas mais imediatas até as quequestionam abertamente a ordem social do capital em si, numaalternativa estratégica teoricamente coerente e viável do ponto de vistainstrumental e organi+acional"

 Assim, a verdadeira quest(o é como estabelecer firmemente umadirec(o global a ser seguida, ao mesmo tempo em que se reconhecemplenamente as circunst)ncias limitadoras e o poder de imediaticidade

que se op!em a atalhos ideais" A revolu(o social marxista define operíodo de transi(o em termos de objectivos identificáveis, junto com asmedia!es teóricas, materiais e instrumentais necessárias para a suareali+a(o" 0esse sentido, para relacionar alguns tópicos vitais, énecessário investigar como seria possível6

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  > produ+ir uma mudança radical e ao mesmo tempo salvaguardar acontinuidade necessária do sócio-metabolismo que pede a aplica(oprática contínua do princípio metodológico marxista relativo 2reciprocidade dialéctica entre continuidade e descontinuidadeJ

% restruturar 3de alto a baixo3 todo o edifício da sociedade, quesimplesmente n(o pode ser derrubado com a finalidade de umareconstru(o total, como vimos na #arte BBJ

G passar da actual fragmentaç!o das foras sociais 2 sua coes!o noempreendimento criativo dos produtores associados que implica odesenvolvimento bem sucedido da conscincia de massa socialista,resultado de se assumir responsabilidade pelas consequ7ncias daspráticas produtivas e distributivas auto-administradasJ

M reali+ar genuínas autonomia e descentralizaç!o dos poderes dedecis(o, em oposi(o 2 sua concentra(o e 2 sua centrali+a(oexistentes, que n(o podem de modo algum funcionar sem 3burocracia3J

& transcender a divis(o e a 3inércia circular3 entre sociedade civil e

*stado político pela unifica(o das fun!es de trabalho e tomada dedecis(oJ

\ abolir o segredo de governo, predominante por toda a parte,

instituindo uma nova forma de auto)governo aberto pelas pessoas

interessadas"

8uitos temas importantes da teoria marxista do século NN s(o partesintegrantes da tentativa de se resolver estas quest!es de transi(o,assim como a reavalia(o do papel dos sindicatos e partidos na estruturado pluralismo socialista voltou a assumir a sua import)ncia fundamental"

 Alguns podem querer negar que tais assuntos sejam importantes hoje"8as aqueles que n(o adoptam esta perspectiva deveriam simplesmenteconcordar que um envolvimento activo pode ser o modo mais frutífero deenfrentar a 3crise do marxismo3"

18!+" A -030I&A&0 &0 0 3.-65AB.5 @ /.5A 0D65A"BA5?AM0-6A5 &. 3ABI6A?

18!+!1 A despeito de todos os protestos contrários da 3direita radical3, vivemosnuma era em que, graas 2s din)micas internas de 3hibridi+a(o3 do

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controlo sócio-metabólico estabelecido, a dimens(o política é muito maisproeminente do que na fase clássica de ascend7ncia histórica do capital"0aturalmente, o exame adequado deste problema n(o deve restringir-se2s institui!es directamente políticas, como o #arlamento" ; muito maisamplo e mais profundo" 4e facto, as mudanas que temos testemunhado

no funcionamento do próprio #arlamento mudanas tendentes a privá-lo inclusive das suas limitadas fun!es autónomas do passado n(opodem ser explicadas de modo circular pela mudana da máquinaeleitoral e das práticas parlamentares correspondentes" 9s porta-vo+esda hipostasiada 3absoluta soberania do #arlamento e seus embatesretóricos com os seus colegas parlamentares sobre a miragem da perdada soberania para Vruxelas3 por exemplo est(o longe da verdade"#rocuram solu!es para as deploradas mudanas onde elas n(o podemser encontradas6 nos limites do próprio domínio político parlamentar"/odavia, o problema é que os acontecimentos actuais, absolutamenteperturbadores quando vistos de uma perspectiva política auto-referente,só podem ser entendidos dentro da estrutura abrangente dos processosde reprodu(o material e cultural, pois é ela que exige o cumprimento dedeterminadas, porém mutáveis, fun!es da esfera política no curso dastransforma!es históricas e dos ajustes da auto-afirma(o da ordemsócio-metabólica dominante como um todo"

:omo já vimos em vários contextos, o desenvolvimento do século NN foicaracteri+ado pela crescente influ7ncia de factores 3extra económicos3"

#or outras palavras, o século NN testemunhou a ascens(o 2proemin7ncia de foras e procedimentos 3extra económicos3 quecostumavam ser avaliados com grande cepticismo e rejeitados comoestranhos 2 nature+a do sistema do capital no momento da suaascens(o histórica triunfal" 0o início da crise estrutural do sistemaocorrida na década de >?@Q, os representantes da 3direita radical3romperam com a forma ZeFnesiana da interven(o consensual do *stadocapitalista dominante por um quarto de século depois da 1egundaCuerra 8undial" :om isso, muitos políticos envolvidos esqueceram-seinstantaneamente de que eles próprios estavam profundamente

comprometidos com as práticas pecaminosas que agora denunciavamsonoramente" *sses políticos também se negaram a encarar o facto n(o importa se com a ajuda da hipocrisia, do fingimento cínico ou seproveniente da ignor)ncia genuína de que o novo curso exigiria pelomenos uma interven(o do *stado nos processos sócio-económicosagora, mais do que nunca, em nome do big business7 t(o grande quantona variante ZeFnesiana" A $nica diferena era que, adicionada 2

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generosa ajuda dada ao big business desde enormes incentivosfiscais até práticas corruptas de 3privati+a(o3 [1= , desde abundantesfundos de pesquisa especialmente em proveito do complexo militar-industrial 2 facilita(o mais ou menos aberta da tend7ncia ao monopólio a 3direita radical3 precisou de impor também toda uma série de leis

repressivas sobre o movimento dos trabalhadores" Bronicamente, as leisrepressivas contra o trabalho tiveram que ser introdu+idas 3suavemente3por meio dos bons servios dos 3parlamentos democráticos3, com afinalidade de negar 2 classe trabalhadora até mesmo os ganhosdefensivos do passado, de acordo com as cada ve+ mais estreitasmargens de acumula(o do capital nas circunst)ncias da crise estruturalem andamento"

 Assim, para as perspectivas da emancipa(o do trabalho, a import)nciada luta política e da crítica radical do *stado inclusive das suas3institui!es democráticas3, principalmente o #arlamento nunca foi t(ogrande quanto na actual fase histórica de aparente 3encolhimento doslimites do *stado3" :omo a angustiante situa(o de mil milh!es depessoas se tornou dolorosamente óbvia, o sistema do capital, mesmo nasua forma mais avanada, esquece miseravelmente a espécie humana"9 mesmo pode ser dito da dimens(o política do controlo socio-metabólico" Até mesmo a forma mais avanada de *stado do sistema docapital o *stado liberal-democrático, com a sua representa(oparlamentar e as suas garantias democráticas formais e

institucionali+adas de 3justia e imparcialidade3, bem como com as suasapregoadas garantias contra o abuso de poder fracassou em todas aspromessas que a auto-legitimavam"

 A crise da política em todo o mundo, incluindo as democraciasparlamentares dos países capitalistas mais avanados que assumefrequentemente a forma de uma compreensível amargura e de umresignado afastamento da actividade política das massas populares éparte integrante do agravamento da crise estrutural do sistema do capital"

 As alega!es de 3dar poderes ao povo3 seja a da ideologia do

3capitalismo popular3 armado com uma por(o de ac!es sem direito avoto ou sob os slogans de 3oportunidade igual3 e 3imparcialidade3 numtema de incorrigível desigualdade estrutural s(o absurdas demaispara serem levadas a sério mesmo pelos seus mais proeminentespropagandistas" Ao contrário, em ve+ da repetida promessa do3encolhimento dos limites do *stado3, o futuro provavelmente trará maiorimposi(o de determina!es políticas regressivas sobre o dia-a-dia das

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massas populares" #or mais desencorajadoras que sejam as suasformas institucionais dominantes e as suas práticas de auto-perpetua(o,n(o há op(o fora da política" 8as, precisamente por essa ra+(o, apolítica é importante demais para ser deixada aos políticosJ na verdade,uma democracia digna deste nome é importante demais para ser deixada

2s actuais democracias parlamentares viáveis do capital e 2 pequenamargem de ac(o dos parlamentares, mesmo dos grandesparlamentares3"

uando é concedido aos representantes da esquerda, o título de 3grandeparlamentar3 é usado pelo sistema :onservador com 3c3 min$sculo,incluindo a liderana da ala direita do #artido /rabalhista como umaforma de auto-congratula(o e auto-elogio" /ais personalidades políticass(o tidas como 3grandes parlamentares3 porque, segundo a lenda,3aprenderam a dominar as regras do procedimento parlamentar e, com aajuda delas, 3continuam a levantar os assuntos desconfortáveis3"*ntretanto, a verdade realmente desconfortável é que os assuntos assimlevantados s(o invariavelmente ignorados ou declarados 3fora da pauta3pelo próprio #arlamento" 4essa forma, os apologistas do sistemaparlamentar substantivamente anti-socialista podem demonstrar 23opini(o p$blica democrática3 que n(o existe outro caminho para lidarcom os problemas da sociedade a n(o ser por meio da submiss(o do

 jogo parlamentar 2s leis e ao rigoroso cumprimento de seusprocedimentos, os quais produ+em 3grandes parlamentares3 também na

esquerda política" :utilidade e marginalizaç!o política s(o os critérios aser promovidos ao alto posto de 3grande parlamentar3 na esquerda"4esse modo, alguns deles s(o admitidos no hall da fama para colocar osistema da democracia parlamentar além e acima de toda a 3críticalegítima3 concebível"

0a verdade, dada a marginali+a(o política inseparável da aceita(o dasamarras parlamentares como a $nica estrutura legítima da ac(o política,a aceita(o das regras internas do jogo parlamentar mesmo sepraticada com propósito radical só pode produ+ir o auto)

encarceramento parlamentar da esquerda" Bronicamente, do modo comofunciona actualmente o sistema parlamentar, até mesmo pessoas comcredenciais impecáveis da ala direita mas com grandes ilus!es sobreo seu próprio papel na determina(o do resultado dos debates políticos como HoF KattersleF, est(o infeli+es com o conformismo cego que osleva a aceitar as regras mais recentes do jogo parlamentar" ueixam-se,claro que totalmente em v(o, de que a liderana do partido deveria

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prestar mais aten(o aos princípios professados no passado" 4e facto,testemunhamos hoje a liquida(o até dos mais brandos princípiossociais-democratas para assegurar uma 3aliana eleitoral mais ampla3" ;assim que num artigo publicado no ;ndependent, em >% de Agosto de>??&, sob o título 3HoF KattersleF conta a /onF Vlair onde ele tem errado3

, de modo manifesto, ele argumenta6

1ou um crente apaixonado no novo trabalhismo, um antigo adversário davelha cláusula B< que promete a posse comum dos meios de produ(oe um herético que deseja cortar completamente os elos formais dostrabalhistas com os sindicatos" 8as entendo por que os membros dopartido se preocupam com o facto de nos termos ocupado tanto com osproblemas da classe média que comeamos a ignorar as necessidadesdos desfavorecidos e dos excluídos """ A ideologia é o que mant7m ospartidos estáveis e dignos de crédito, bem como honestos" A longo pra+o,a estima do p$blico pelo partido seria protegida por uma afirma(ocontundente de inten(o fundamental" 9 socialismo que é proclamadona nova cláusula B< exige que a pedra fundamental seja aredistribui(o de poder e rique+a" 1e esse objectivo fosse reafirmado,muitos dos problemas desapareceriam"

9 autor deste artigo parece preocupado com o facto de o #artido/rabalhista do qual há n(o muito tempo KattersleF era o vice-líder na:)mara dos 4eputados ter falhado na 3redistribui(o de poder erique+a3, durante toda a sua longa história" &he &imes é muito maisrealista quando elogia /onF Vlair di+endo que a ideologia do 3novotrabalhismo3, defendida pelo líder da oposi(o, carrega pouca rela(ocom o socialismo do passado" ; 'pragm+tico, amigo dos negócios' [% "

18!+!%9 estreitamento da margem de acumula(o lucrativa do capital afectougrandemente as perspectivas do movimento dos trabalhadores atémesmo na maioria dos países de capitalismo avanado" 0(o só piorou opadr(o de vida da fora de trabalho em emprego formal para n(o

mencionar as condi!es de milh!es de pessoas desempregadas e sub-empregadas, mas, como mencionado na $ltima sec(o, também redu+iuas possibilidades da sua ac(o auto-defensiva como resultado dalegisla(o autoritária imposta 2s classes trabalhadoras pelos seusparlamentos supostamente democráticos"

 Ainda hoje este processo n(o está completo" 0(o há um ano sequer emque as classes trabalhadoras n(o sejam confrontadas por novas medidas

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legislativas inventadas contra os seus órg(os de defesa e formas deac(o tradicionais" Ao mesmo tempo, a própria forma parlamentar derepresenta(o tornou-se extremamente problemática mesmo nos seuspróprios termos de refer7ncia"

:erta ve+ Kegel resumiu nos seguintes termos a justifica(o para aautonomia relativa dos representantes parlamentares um argumentoainda usado para racionali+ar o facto de os representantesparlamentares n(o se sentirem obrigados a prestar contas aos seuseleitores6

a sua rela(o para com os seus eleitores n(o é a de agentes com umacomiss(o ou uma instru(o específicas" Ima obstru(o adicional para oserem é o facto de que a sua assembleia deve ser um corpo vivo no -ual todos os membros deliberam em comum e reciprocamente se instruem econvencem. [%1 

0o funcionamento real dos parlamentos actuais nada corresponde 2caracteri+a(o hegeliana, nem mesmo no grau limitado em que poderiammerecer aquela descri(o" uaisquer que tenham sido as perspectivasdos membros particulares do #arlamento, sobre as quais gostariam de3deliberar em comum e reciprocamente instruir-se e convencer-se3, n(ot7m qualquer peso os argumentos que poderiam ser capa+es deapresentar a seu favor, mesmo se defendidos com 7nfase" 4e facto, oassim denominado 'three line 2hip' [-6 compele-os a votar de acordocom ordens da liderana do seu partido, sob pena de 3perderem os seus2hip', o que significa ser 3n(o eleito3 como candidato ao #arlamento"*sta prática é adoptada n(o apenas nos assuntos políticos maisimportantes, mas até em debates sobre a pertin7ncia ou n(o de seintrodu+ir licenas para c(es" * a este respeito n(o deve haver qualquerdiferena entre os principais partidos políticos" *xemplo disso aconteceuquando o primeiro-ministro trabalhista Karold Uilson, 3de centroesquerda3, certa ve+ ameaou brutalmente os seus colegas dissidentesda esquerda do partido di+endo-lhes que, a menos que se

comportassem, ele n(o iria renovar as suas licenças para c!es'.*ste é um dos problemas mais desafiadores para o futuro, pois ao longodo século NN testemunhamos a degrada(o da política parlamentar no passado enrai+ada na pluralidade de capitais e na margem de ganhosrelativos que poderiam caber também 2 classe trabalhadora, derivadosda diverg7ncia correspondente de interesses a uma espécie deconspiraç!o contra o trabalho como antagonista do capital" *ste tipo de

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conspira(o tem lugar n(o tanto entre partidos, mas no interior de cadaum deles" *ntre eles isto acontece apenas no sentido da profana 3políticado consenso3 destas $ltimas décadas, apesar da gera(o da névoainstitucionali+ada da política de adversários3 parlamentar" #orém, oaspecto mais importante é a constitui(o interna e o funcionamento dos

próprios partidos, inclusive dos partidos parlamentares do trabalho" 9modo como s(o constituídos e administrados exclui qualquerpossibilidade de até mesmo se levantar a quest(o da mudana docontrolo socio-metabólico estabelecido" #elo contrário toda a actividadepolítica parlamentar está condenada tanto no governo como naoposi(o 2 estabili+a(o ou reestabili+a(o do sistema do capital" #orisso, já há muito tempo a linha-mestra das políticas parlamentares temsido como desproteger o trabalho n(o aberta e formalmente, mas emtermos substantivos, de modo a anular os ganhos obtidos pelainstrumentalidade dos partidos e sindicatos anteriores da classetrabalhadora" A política de cambalhotas do #artido /rabalhista Vrit)nicoque agora, respeitosamente, se chama 30ovo /rabalhismo3 e o similar3n(o envolvimento3 do #artido :omunista Btaliano de todos os princípiose convic!es anteriores s(o boas ilustra!es de como o antagonista docapital vem sendo efectivamente desprotegido no curso dessesdesenvolvimentos"

9 principal papel dos partidos social-democratas sob uma variedade denomes, incluindo os dos antigos partidos comunistas hoje rebapti+ados

limita-se actualmente 2 entrega do trabalho ao capital e a usar aspessoas como forragem eleitoral para os propósitos da legitima(oesp$ria do status -uo perpetuado sob o pretexto do processo eleitoral3aberto3 e 3plenamente democrático3" *sta acomoda(o parlamentar n(ocrítica dos partidos da classe trabalhadora nem sempre ocorreu, muitoembora sempre tenha sido extremamente problemática a 3observ)nciaestrita dos procedimentos parlamentares3 aos quais se esperava queeles se submetessem quando entrassem na arena eleitoral" 9u seja, omovimento dos trabalhadores, quando da sua cria(o, tinha objectivosmuito mais amplos e incomparavelmente mais radicais do que os que

poderiam ser reali+ados dentro da estrutura principal do órg(o políticocriado pela burguesia em ascens(o6 o #arlamento" 4e facto, até mesmoo movimento da social-democracia alem( que comeou a ceder 2spress!es pela acomoda(o já no período de vida de 8arx continuou aprometer uma transforma(o social radical pela implementa(o dereformas estratégicas até capitular abertamente 2s demandas doexpansionismo nacional burgu7s quando da irrup(o da #rimeira Cuerra

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8undial" #orém agora, com o fim da ascens(o histórica do capital,praticamente inexiste margem de reforma em favor do trabalho" Assim, acorrente principal da 3reforma3 e da legisla(o parlamentares tem porobjectivo n(o o isolamento total de um punhado de parlamentaressocialistas, mas a castra(o do movimento dos trabalhadores em geral"

:ada institui(o singular do sistema está completamente envolvida nesteempreendimento, em que pese a mitologia das 3garantias democráticas3que supostamente deveriam ser oferecidas pela 3divis(o dos poderes36uma mitologia que infectou até mesmo alguns intelectuais bemconhecidos da esquerda" 9 que seria supostamente uma das principaisgarantias democráticas o 3Pudiciário independente nada teme3 continua a demonstrar, em toda a ocasi(o possível, capacidade3pendente3 de impor as leis repressivas do 3#arlamento democrático3contra o trabalho, em completa harmonia com os interesses eimperativos da ordem estabelecida" 9 seu comportamento durante agreve de um ano dos mineiros ingleses foi exemplo notável de 3milit)ncia

 judiciária3" 8as, claro, o Pudiciário n(o precisa de uma confronta(osocial importante, como a revelada por esse exemplo, para cumprir opapel anti-democrático de acordo com a sua consci7ncia de classe" *mtodo o assunto fundamental ele fá-lo dentro da normalidade" Assim, numrecente e final, na lei local julgamento, os senhores das leis brit)nicasatacaram os sindicatos mesmo na sua fun(o básica de negociador desalário, minando dessa forma a própria exist7ncia" :omo informou o

:inancial &imes#9ntem, os magistrados decretaram unanimemente que os empregadoresest(o legalmente autori+ados a reter o aumento no pagamento deempregados que se recusarem a assinar contratos pessoais que abolemos seus direitos negociados pelos sindicatos" [%% 

*ste julgamento claramente marcado pela consci7ncia de classe foi narealidade extens(o retroactiva de uma lei anti-sindicato instituída em>??G pelo governo conservador na Bnglaterra, ainda que tais

procedimentos sejam normalmente falseados, com característicahipocrisia, como 3esclarecimento legal politicamente independente3" Ahipocrisia de tais actos anti-democráticos só é superada pela3argumenta(o3 que apela 2 credulidade dos suficientemente ingénuospara considerá-la seriamente" Assim,

.ord 1lFnn argumentou que n(o havia evid7ncia no facto de que areten(o do aumento de salário daqueles que permaneceram no

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sindicato visasse primariamente evitar ou intimidar a ades(o a este,mesmo que o próprio n!o)reconhecimento em si pudesse tornar osindicato menos atraente para os membros ou sócios em potencial" [% 

0(o cabe d$vida com rela(o 2s ginásticas e acrobacias mentais

necessárias para produ+ir racionali+a!es como estas, que requerem acapacidade $nica de se colocar de cabea para baixo para escreverlongas sentenas da suprema corte, sem sequer corar" Ao mesmotempo, tais actos da mais elevada inst)ncia judiciária democrática eindependente também confirmam que a 'separaç!o dos poderes' n adomina(o do capital significa somente uma coisa6 a separaç!oinstitucionalizada e legalmente imposta entre o poder e o trabalho e oseu exercício contra os interesses do trabalho. #or isso n(o pode haveresperana de se instituir mudanas estruturais significativas na estruturasocio-política estabelecida e bem defendida, mesmo que leve um milh(ode anos" *sta é a ra+(o pela qual continuam inevitáveis as frustra!espermanentes e invariáveis derrotas dos socialistas genuínos,esperanosos de alcanar os seus objectivos por meio de reformasparlamentares" .onge de serem simples quest!es pessoais, os seusfracassos acentuam a sabedoria do grande poeta h$ngaro Attila Pó+sef,que escreveu6

nem se-uer os melhores tru-ues do gato conseguir!o apanhar o ratosimultaneamente fora e dentro da casa. [%+ 

18!+!

 A crítica radical do sistema parlamentar n(o comeou com 8arx"*ncontra-mo-la expressa de forma poderosa, já no século N<BBB, nosescritos de Housseau" #artindo do pressuposto de que a soberaniapertence ao povo e que, portanto, n(o pode ser legalmente alienada,Housseau argumentou que, pelas mesmas ra+!es, ela pode sertransformada legitimamente em qualquer forma de abdica(orepresentacional6

9s representantes do povo n(o s(o, nem podem ser, seusrepresentantes, n(o passam de seus comissários, nada podendo concluir definitivamente" ; nula toda a lei que o povo n(o ratificar directamenteJem absoluto, n(o é lei" 9 povo ingl7s pensa ser livre e muito se engana,pois só o é durante a elei(o dos membros do #arlamentoJ uma ve+eleitos, ele é escravo, n(o é nada" 4urante os breves momentos de sualiberdade, o uso que dela fa+ mostra que merece perd7-la" [%: 

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Housseau fe+ ainda a importante observa(o de que, embora o poder.egislativo n(o possa ser divorciado do povo nem sequer pelarepresenta(o parlamentar, as fun!es administrativas ou executivasdevem ser consideradas sob uma lu+ muito diferente" :omo explicou6

no exercício do poder legislativo, o povo n(o WpodeY ser representado,mas no do poder *xecutivo, o qual é a $nica fora que ] aplicada paratornar a lei efectiva, ele pode e deve estar representado" [%; 

Housseau tem sido sistematicamente falsificado e indevidamenteutili+ado pelos ideólogos 3democratas3, incluindo o 'jet set socialista3 porter insistido em que 'liberdade n!o pode existir sem igualdade' [%<  oque exclui até mesmo a melhor forma de representa(o, considerada por ele hierarquia necessariamente discriminatória 5 iníqua" 4esse modo, elepropOs uma forma de exercício de poder político e administrativo muito

mais praticável do que a que lhe é atribuída, ou de que é acusado"1ignificativamente, neste processo de falsifica(o tendenciosa, os doisprincípios vitalmente importantes da teoria de Housseau, adaptadosadequadamente também pelos socialistas, foram desqualificados eabandonados" :ontudo, a verdade é que, por um lado, o poderfundamental de tomar decis(o nunca deveria ter sido divorciado dasmassas populares, como demonstrou conclusivamente a história deverdadeiro horror do sistema estatal soviético, administrado contra opovo pela burocracia estalinista em nome do socialismo da forma maisautoritária" #or outro lado, em todos os domínios do processo reprodutivosocial, o cumprimento de fun!es administrativas e executivasespecíficas pode ser de facto delegado a membros da comunidade,contanto que seja reali+ado segundo regras definidas autonomamente eapropriadamente controladas em todas as fases da tomada de decis(osubstantiva pelos produtores associados"

 Assim, as dificuldades n(o residem nos dois princípios básicos tais comoformulados por Housseau, mas no modo pelo qual devem serrelacionados ao controlo político e material do processo sócio-metabólico

pelo capital" :onforme os princípios da inalienabilidade do poder dedeterminar as regras isto é, a 3soberania3 do trabalho n(o como umaclasse particular mas como condi(o universal da sociedade e dadelega(o de papéis e fun!es sob regras bem específicas, definidas,flexivelmente distribuídas e adequadamente supervisionadas, oestabelecimento de uma forma socialista de tomada de decis(o exigiriainvadir e reestruturar radicalmente os domínios materiais antagónicos docapital" Im processo que deveria ir bem além do princípio da soberania

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popular inalienável de Housseau e seu corolário delegatório" 9u seja,numa ordem socialista, o processo 3legislativo3 deveria ser fundido nopróprio processo de produ(o de tal modo que a necessária divis!ohorizontal do trabalho discutida no capítulo >M fossecomplementada em todos os níveis, do local ao global, por um sistema

de coordenaç!o auto-determinado do trabalho" *sta rela(o contrastaagudamente com a perniciosa divis!o vertical do trabalho do capital, queé implementada pela 3separa(o dos poderes3 num 3sistema políticodemocrático3 alienado e inalteravelmente imposto 2s massastrabalhadoras" 9ra, a divis(o vertical de trabalho sob o comando docapital infecta incuravelmente todas as facetas da divis(o hori+ontal dotrabalho, das fun!es produtivas mais simples aos processos maiscomplexos da selva legislativa" * esta é uma selva legislativa cada ve+mais densa n(o só porque as suas regras e componentes institucionaisse multiplicam ao infinito e mant7m sob forte controlo o comportamentoreal ou potencialmente desafiador do trabalho, alertando para os pleitoslimitados do trabalho e protegendo a domina(o global do capital sobre asociedade em geral" *m qualquer tempo particular do processo históricoem desdobramento desde que tal concilia(o seja de alguma maneirapossível , conciliam-se os interesses separados da pluralidade decapitais com a din)mica incontrolável da totalidade do capital social quetende por $ltimo para sua auto-afirma(o como entidade global"

0uma recente retomada da crítica de Housseau da representa(o

parlamentar, Kugo :háve+ =rias, o líder de um movimento radical na<ene+uela o 8ovimiento Volivariano Hevolucionário 8VH-%QQ ,escreveu com respeito 2 crise crónica do sistema sócio-politico do país6

:om o surgimento dos partidos populistas, o sufrágio foi convertido numaferramenta para adormecer o povo vene+uelano com o fim de escravi+á-lo em nome da democracia" 4urante décadas os partidos populistasbasearam o seu discurso em inumeráveis promessas paternalistascriadas para dissolver a consci7ncia popular" As mentiras políticasalienantes pintaram uma 3terra prometida3 a ser alcanada através de um

 jardim de rosas" A $nica coisa que os vene+uelanos teriam que fa+erseria ir 2s urnas eleitorais e esperar que tudo fosse resolvido sem omínimo esforo popular" """ Assim, o acto de votar foi transformado nocomeo e no fim da democracia" [%8 

*ntre todas as personalidades p$blicas, incluindo todos os sectores dasociedade, o autor destas linhas é o segundo em estima popular na<ene+uela atrás apenas de Hafael :aldera e encontra-se bem acima de

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todos os políticos aspirantes nos partidos" 1e quisesse, poderia ganharfacilmente elei!es para altos cargos, o que refuta o argumento habitualsegundo o qual as pessoas que só criticam o sistema político existenteassim o fa+em porque n(o podem satisfa+er as árduas exig7ncias daselei!es democráticas" 4e facto Kugo :háve+, ao escrever o discurso

acima >??G, rejeita, por ra+!es muito diferentes, o 3canto de sereia3 dosformadores da opini(o política, que tentam pacificar as pessoas di+endoque n(o há necessidade de se preocuparem com a crise porque faltapouco tempo para 3as próximas elei!es3" *le assinala que, enquanto oconselho político habitual pede 3um pouco mais de paci7ncia3 até que aselei!es programadas se reali+em em poucos meses, 3a cada minutocentenas de crianas nascem na <ene+uela com a sa$de ameaada porfalta de comida e medicamentos, enquanto bili!es s(o roubados darique+a nacional, sangrando o que ainda resta do país" 0(o há ra+(o que

 justifique qualquer crédito a uma classe política que demonstrou 2sociedade n(o ter a menor vontade de instituir qualquer mudana" 0(ohá nenhuma ra+(o para baixar a guarda e arrefecer as lutas popularesaté novo aviso" *m troca, temos muitas ra+!es para continuar apressionar o acelerador da máquina que move a história3 [%= " #or estara+(o, :háve+ contrap!e ao sistema existente de representa(oparlamentar a ideia de que '9 povo soberano deve transformar-se noobjecto e no sujeito do poder" *sta op(o n(o pode ser negociável pararevolucionários' [ " uanto 2 estrutura institucional na qual esteprincípio deve ser reali+ado, ele projecta-a no curso de uma mudana

radical69 poder eleitoral do estado federal tornar-se-á o componente político-

 jurídico pelo qual os cidad(os ser(o depositários da soberania popular,cujo exercício permanecerá daqui para a frente realmente nas m(os dopovo" 9 poder eleitoral será estendido a todo o sistema sócio-político dana(o, estabelecendo os canais para uma verdadeira distribui(opolic7ntrica de poder, deslocando o poder do centro para a periferia,aumentando o poder efectivo da tomada de decis(o e a autonomia dascomunidades e municipalidades particulares" As Assembleias *leitorais

de cada municipalidade e estado eleger(o :onselhos *leitorais quepossuir(o um carácter permanente e funcionar(o com independ7nciaabsoluta dos partidos políticos" *les ser(o capa+es de estabelecer edirigir os mecanismos mais diversos de democracia directa6 assembleiaspopulares, referendos, plebiscitos, iniciativas populares, vetos,revoga(o, etc" """ Assim, o conceito de democracia participativa serátransformado numa forma na qual a democracia baseada na soberania

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popular se constitui como a protagonista do poder" ; precisamentenestas fronteiras que temos que traar os limites de avano dademocracia bolivariana" *nt(o nós deveremos estar muito perto doterritório da utopia. [1 

1e tais ideias podem ser transformadas em realidade ou dever(ocontinuar sendo ideais utópicos é uma quest(o que n(o pode serdecidida nos limites da esfera política" *m si mesma, esta é umanecessidade de transforma(o radical que pressagia, desde o início, aperspectiva de 3fenecimento do *stado3" 0a <ene+uela, o país em queaté <= por cento da populaç!o se rebela pela absten(o eleitoral contra o3absurdo do voto3 [% , contra as práticas políticas tradicionais e o usoapologético legitimador ao qual é submetido o 3sistema democráticoeleitoral3, com a falsa pretens(o de que o sistema estáinquestionavelmente justificado pelo 3mandato conferido pela maioria3,nenhuma condena(o do va+io paternalismo parlamentar pode serconsiderada excessiva" 0em se pode argumentar seriamente que aelevada participa(o eleitoral seja a prova de um consenso populardemocrático realmente existente" Afinal de contas, em algumasdemocracias ocidentais o acto de votar é compulsório e n(o acrescentamais valor legitimador que as formas mais extremas de abstencionismoabertamente crítico ou resignadamente pessimista" 0(o obstante, amedida da validade da crítica radical ao sistema de representa(oparlamentar é o empreendimento estratégico de n(o só exercitar a3soberania do trabalho em assembleias políticas, n(o importa o qu(odirectas elas possam ser em rela(o 2 sua organi+a(o e ao seu modode tomada de decis(o política , mas na actividade de vida produtiva edistributiva auto-determinada dos indivíduos sociais em todo o domíniosingular e em todos os níveis do processo sócio-metabólico" Bsto é o quetraa a linha de demarca(o entre a revolu(o socialista, que é socialistana sua intenç!o como a Hevolu(o de 9utubro de >?>@ , e a'revoluç!o permanente' de transforma(o socialista efectiva" 1em atransfer7ncia progressiva e total da tomada de decis!es reprodutivas edistributivas materiais aos produtores associados n(o pode haver

esperana para os membros da imunidade pós-revolucionária de setransformarem em sujeitos do poder"

18! +!+0a segunda metade do século NN, ninguém argumentou maisconvincentemente a favor de garantias legislativas contra o abuso dopoder político e a viola(o dos direitos humanos que 0orberto Vobbio"

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:onsciente da desumanidade praticada, em nome do socialismo, pelosistema do tipo soviético, combinou os melhores traos do liberalismocom as aspira!es do socialismo democrático" Hejeitando firmemente aideia da 3democracia directa3, ele advogou a institui(o de garantias emelhorias dos direitos humanos por meio do sistema legislativo

parlamentar [ " 8as, significativamente, a melhoria das condi!esexistentes, por meio de direitos formalmente garantidos, advogada porVobbio, tem se tornado progressivamente mais dependente dasmudanas das determina!es e imperativos materiais do sistema docapital" :onsequentemente, uma crítica radical desse sistema comoordem sócio-metabólica parece ser pré-condi(o necessária para avaliaras medidas legislativas com ele compatíveis"

0uma entrevista concedida em >??%, Vobbio enfati+ou que, na nossaépoca, o direito 2 liberdade e ao trabalho, juntamente com os direitosindividuais 2 previd7ncia social, deve ser complementado com os direitosdas gera!es actuais e futuras viverem num meio ambiente despoluído,com o direito de auto-regular a procria(o humana, de garantir a suaprivacidade contra todas as transgress!es perpetradas peloomnipresente *stado controlador" * de garantir-se legalmente contra ossérios perigos que afectam cada ve+ mais o património genético [+ "#or mais que possamos concordar com todas essas necessidades, éinquietantemente claro que somente por meio de um bem sucedidoconfronto com os enormes interesses materiais e políticos contrários

seria possível até mesmo a decreta(o parlamentar de garantias e dosdireitos advogados com excep(o, talve+, do formal 3direito 2liberdade3 que, para a maior parte da humanidade, é na práticaesva+iado de todo o conte$do material pelo actual controlo sócio-metabólico" Além disso, a decreta(o formal em si n(o pode oferecergarantias da sua implementa(o, como testemunham amplamente osinumeráveis princípios constitucional-democráticos solenementeproclamados e as incontáveis leis 3que n(o pegam3 que adornam aslegisla!es" #ois elas 3n(o pegam3 precisamente porque podem, outalve+ pudessem, restringir o poder do capital" 0um mundo de

desemprego crónico, de constantes ataques até mesmo aos escassosvestígios do 3*stado de bem-estar social3 e do sistema de previd7nciasocial, vive-se sob a press(o de explorar tudo ao máximo, desde osrecursos n(o-renováveis até os avanos eticamente mais questionáveisfeitos na biotecnologia e na informática, directamente subordinados aosditames da acumula(o lucrativa do capital" 0este mundo, somente emsonho se poderia fa+er oposi(o diametral a esses desenvolvimentos por 

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meio dos bons ofícios de uma legislatura iluminada" Bgualmente, seriamilagre que um sistema de controlo reprodutivo estruturalmente incapa+de planear e impedir o impacto nocivo do seu próprio modo de opera(opudesse codificar e respeitar, até mesmo a curtíssimo pra+o, os direitosdas geraç"es futuras em conflito com os seus imperativos materiais"

0aturalmente, essa circunst)ncia n(o invalida o argumento do filósofoitaliano, para quem a esquerda deveria lutar de todas as maneiraspossíveis para tornar as pessoas conscientes dos méritos de taisnecessidades como parte da sua crítica 2 ordem social vigente" 8as issocoloca imediatamente em relevo as desesperadoras limita!es dasinstitui!es legislativas disponíveis para solucionar os profundosproblemas reprodutivo-materiais identificados pelo próprio Vobbio"

 A social-democracia, na sua longa história, primeiro perseguiu aalternativa de tentar introdu+ir grandes mudanas nas rela!es de classepredominantes graas 2 reforma parlamentar e, depois de poucasdécadas de fracasso em levar adiante os objectivos da transforma(osocialista, terminou por renegá-los totalmente" 4e modo algum isso foiacidental ou simplesmente 3trai(o pessoal3 dos representantes dasocial-democracia parlamentar aos seus antigos princípios" 9 projecto deinstituir o socialismo pelos meios parlamentares estava condenado desdeo início, pois eles sonharam a reali+a(o do impossível e prometeramtransformar gradualmente em ordem socialista algo radicalmentediferente um sistema de controlo da reprodu(o social sobre o qual

eles n!o tinham, e nem poderiam ter, -ual-uer controlo significativodentro do (arlamento e por meio dele.

:omo vimos, o capital por sua própria nature+a e suas determina!esinternas é incontrol+vel. #ortanto, investir as energias de ummovimento social na tentativa de reformar um sistema substantivamenteincontrol+vel é um empreendimento muito mais infrutífero do que otrabalho de 1ísifo, já que a simples viabilidade mesmo da reforma maislimitada é inconcebível sem a capacidade de exercer controlo sobreaqueles aspectos ou dimens!es do complexo social que estamos

tentando reformar" 4esde o princípio, isso foi o que condenou e tornouauto-contraditório o empreendimento parlamentar social-democrata" #ordécadas os partidos social-democratas continuaram a iludir-se a sipróprios e aos seus eleitores de que seriam capa+es de instituir, 3nodevido tempo3, por meio da legisla(o parlamentar, uma reformaestrutural do incontrol+vel sistema do capital.

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9 beco sem saída da social-democracia n(o foi de modo algum ocaminho original do movimento socialista" 1omente com o surgimento e aconsolida(o da 1egunda Bnternacional, seguir o caminho da reforma eda acomoda(o parlamentar se tornou a orienta(o dominante nospartidos políticos da classe trabalhadora" 0aturalmente, os apologistas

cegos do abandono de todos os objectivos socialistas pelas orienta!esdos actuais líderes da social-democracia e dos partidos trabalhistastentam retrospectivamente reescrever a história, sugerindogrotescamente que

9 original e, para a sua época, audacioso objectivo do socialismoera o capitalismo democr+tico. 1omente a partir da 3década de >DMQ3,quando Marx e *ngels roubaram o termo, 3socialismo3 se tornou umprojecto cuja ambi(o era destruir o capitalismo" A cláusula B< da:onstitui(o do #artido /rabalhista Vrit)nico de setenta anos atráspermanece um texto fundamentalmente marxista, apesar da sualinguagem vacilante e do desejo dos seus autores de distanciar o #artido/rabalhista dos piores excessos da ditadura do proletariado de .enine"4aí a import)ncia da declara(o de Vlair actual líder" *le estádesafiando o seu partido a, finalmente, enterrar o socialismo marxista "[: 

9s factos históricos, intencionalmente postos de lado pelos apologistas,di+em o contrário" A nega(o radical da ordem capitalista aconteceu bemantes de 8arx e *ngels terem posto os seus olhos na Bnglaterra" #elo)ngulo da classe trabalhadora, as perseguidas sociedades secretascomprometidas com a nega(o das incorrigíveis portanto,irreformáveis e 3n(o-democrati+áveis3 iniquidades da ordemestabelecida datam ainda da Hevolu(o =rancesa e suas conturbadasconsequ7ncias" 0a verdade, a primeira rela(o de 8arx com asdemandas intransigentes do socialismo anti-capitalista radical aconteceuprecisamente em tais sociedades secretas da classe trabalhadoradurante a sua perman7ncia na =rana, ainda jovem, bem antes decomear a escrever o seu seminal Manuscrito económico e filosófico de

>?@@. Alguém que coloque seriamente no papel a proposi(o de que ummovimento revolucionário histórico-mundial foi inventado por dois jovensintelectuais alem(es exilados que 3roubaram o termo socialismo3 estácompletamente fora de contacto com a realidade" /(o desmiolado quantoé quem pontifique, só porque sonha com isso, que ao substituir oduradouro compromisso com a propriedade p$blica na cláusula B< da:onstitui(o do #artido /rabalhista pela declara(o va+ia e semprincípios do 3novo trabalhismo3 /onF Vlair pudesse realmente 3enterrar o

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socialismo marxista3 3se ele encontrar as palavras certas3, como di+ adesejosa projec(o"

 A perda de sentido do movimento da classe trabalhadora ocorreu na$ltima tera parte do século NBN, e as suas consequ7ncias negativas

evidenciaram-se com o sucesso parlamentar e a acomoda(o dospartidos social-democratas e trabalhistas" #or si só, tal sucesso pode serconsiderado uma vitória de #irro pelo seu impacto, a longo pra+o, sobrea causa da emancipa(o do trabalho" 9 preo pago foi o fatalenfraquecimento estrutural da potencialidade de luta do trabalho,causado pela aceita(o das amarras parlamentares como a $nica formalegítima de contestar a domina(o do capital" *m termos práticos, issosignificou a divis(o catastrófica do movimento nos denominados 'braço

 político' e 'braço sindical' do trabalho, com a ilus(o de que o 3braopolítico3 poderia servir ou representar, codificando legislativamente, osinteresses da classe trabalhadora organi+ada nas empresas industriaiscapitalistas pelos sindicatos de cada ramo do 3brao sindical3" 8as, como passar do tempo, tudo aconteceu exactamente ao contrário" 9 3braopolítico3, ao invés de fa+er valer o seu mandado político em estreitacolabora(o com o 3brao sindical3, utili+ou as regras do jogoparlamentar com a finalidade de subordinar os sindicatos a seu favor edas determina!es políticas finais do capital, impostas através do#arlamento" Assim, em ve+ de reforar politicamente a capacidade deluta do 3brao sindical3 nas suas disputas com as empresas, o 3brao

político3 em nome da sua própria exclusividade política confinou ossindicatos 2s 'disputas estritamente económicas do trabalho'. 4essamaneira, o que se supunha ser o 3brao político do trabalho3 terminou por desempenhar um papel crucial na activa imposi(o ao trabalho pelafora da 3legisla(o parlamentar de representa(o3 do interesse vitaldo capital6 'banir a acç!o sindical politicamente motivada' comocategoricamente inadmissível 3numa sociedade democrática3"

/anto o reformismo como as suas reali+a!es necessariamente precáriasforam resultados dessa articula(o dividida do movimento trabalhador

como 3brao político3 e 3brao sindical3" 4entro da estrutura de comandoglobal do capital, como estrutura racional da legitimidade e da autoridadedemocráticas, a opera(o desse modelo dividido trouxe consigo anecessária aceita(o e internali+a(o das coacç"es objectivas materiaisdo capital. :oncomitantemente, o trabalhismo reformista manteve poralgum tempo a ideia contraditória de que os objectivos socialistas eraminteiramente compatíveis com as coac!es materiais do capital" 0esse

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espírito, Karold Uilson e outros líderes trabalhistas afirmaram que aconquista 3dos altos escal!es de comando da economia3 tornará possívelque 3um dia3 o socialismo se reali+e" 0a verdade, 3conquistar os altosescal!es3 revelou ser nada mais do que a nacionali+a(o dos sectoresfalidos da ind$stria capitalista, compensando generosamente os seus

antigos proprietários pelos seus bens in$teis6 um processo que poderia,de qualquer forma, ser facilmente revertido por actos parlamentares de3privati+a(o3, uma ve+ que a sua lucratividade para o capital tivesse sidoassegurada por meio de generosos investimentos estatais, financiadospor impostos extorquidos das pessoas comuns" Bronicamente, essecaminho, com as suas curvas e oscila!es auto-contraditórias, condu+iuda armadilha reformista do movimento do trabalho 2 completadesintegra(o do próprio reformismo social-democrata, por meio do qualn(o somente se renunciou aos professados 3objectivos $ltimos3socialistas, mas até mesmo 2s refer7ncias ao termo 3socialismo3, quepassaram a ser evitadas como praga"

9utra ironia que sublinha a lógica perversa da acomoda(o parlamentardentro dos limites anti-trabalho da estrutura de comando político globaldo capital é o destino dos partidos 3revolucionários3 da /erceiraBnternacional" Aí se coloca nitidamente que determina!es estruturaisfundamentais estavam em actividade nas clamorosas derrotas sofridaspela esquerda institucionali+ada no decorrer do século" * para piorar asitua(o essas derrotas aconteceram apesar das crises profundas da

ordem socioeconómica e política em vigor" 0esse sentido, o 3caminhoitaliano do socialismo3 e o subsequente 3grande compromisso histórico3do #artido :omunista Btaliano, no contexto das mesmas amarras darepresenta(o e da acomoda(o parlamentares, com uma id7nticadivis(o do movimento dos trabalhadores italianos entre o 3brao político3e o 3brao sindical3, tal como visto nos países onde havia partidos social-democratas e trabalhistas, revelaram ser t(o desastrosas para omovimento socialista quanto a desintegra(o das variantes social-democratas do reformismo"

 Assim, diante da dolorosa experi7ncia histórica 2 qual o trabalho tem sidosujeitado pelo fracasso dos partidos parlamentares tanto da 1egundacomo da /erceira Bnternacionais, n(o é muito difícil perceber que n(oexiste esperana de uma efectiva re-articula(o do radicalismo socialistasem que se superem as contradi!es que necessariamente nascem dafracassada divis(o entre o 3brao político3 e o brao sindical3 do trabalho"#aradoxalmente, a separa(o e a compartimentali+a(o reformistas dos

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3dois braos3 do trabalho só podem resultar numa paralisante 3acefalia3do movimento6 ou seja, a mais ou menos consciente internali+a(o dalógica do capital, tanto em termos do seu constrangimento material comotambém dos seus princípios reguladores político-democráticoslegislativamente protegidos" Bsso porque a conformidade com as regras

do sistema determina aprioristicamente em favor do capital o que pode eo que n(o pode ser 3racionalmente disputado e contestado3, n(o apenasno domínio político, mas ainda mais em rela(o 2 viabilidade dequestionar e desafiar a estrutura estabelecida do processo dereprodu(o social" Assim, como resultado da divis(o sintoni+ada comessas regras, o 3brao político3 perde o poder material por meio do qual omovimento dos trabalhadores poderia efectivamente opor-se 2 lógica docapital e 2 sua fora de auto-afirma(o" #erde ainda o poder de lutar n(oapenas por concess!es mínimas, que podem ser contidas e, senecessário, revertidas na moldura estrutural existente, mas pelainstitui(o de uma ordem alternativa da reprodu(o social" Ao mesmotempo, enquanto o 3brao político3 se tornou impotente por privar-se dafora combativa material do trabalho produtivo que é vitalmenteimportante para a continua(o da reprodu(o do capital , o 3braosindical3 foi obrigado a abandonar inclusive a preocupa(o legítima n(osó com uma mudana estrutural maior, mas até mesmo com qualquerobjectivo político" Ao contrário, foi constrangido a resignar-se commelhorias marginais" * mesmo a busca por tais melhorias marginais eparciais precisa de ficar estritamente subordinada 2s mudanas

conjunturais e 2s limita!es das unidades particulares do capital com asquais as unidades locais do 3brao sindical3 s(o, por lei, autori+adas aentrar em 3disputa económica3"

18!+!: Aqui o problema insuperável é a nature+a do poder sob a domina(o docapital ^ problema que permanecerá caso n(o haja uma reorienta(ofundamental do objectivo estratégico da transforma(o socialista"#olíticos reformistas, seja do tipo social-democrata, seja do daqueles quefantasiam o 3caminho italiano para o socialismo3 dentro dos limites

paralisantes do capitalismo actualmente existente, nunca encararam esteproblema" 4e facto, n(o poderiam encará-lo porque, se o fi+essem,poderiam expor o carácter irreali+ável das suas estratégias auto-contraditórias" Ao tentarem reformar o incontrol+vel, tambémpressupunham um poder -ue n!o existia nem poderia existir comoalavanca para a prometida transforma(o da ordem social estabelecida"/al alavanca n(o poderia existir pela simples ra+(o de que o poder de

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capital social total, como controlador do processo de reproduç!o sócio)metabólica, indivisível, apesar das mistifica!es perpetuadas pelaideologia burguesa sobre 3a divis(o de foras3 na esfera política"

:ompreensivelmente, portanto, as estratégias construídas sobre os dois

pilares de > reformar o incontrol+vel e % 'con-uistar os mais altos postos de comando' do sistema estabelecido, por meio da alavanca deum poder inexistente, teriam que terminar com a derrota auto-imposta daesquerda histórica" :omo vimos acima, isso necessariamente aplicou-se,mutatis mutandis, também 2s sociedades pós-revolucionárias 3dosocialismo realmente existente3 de tipo soviético" #ois, as3personifica!es do capital3 pós-revolucionárias das sociedades de tiposoviético, embora n(o funcionassem em e por meio de um ambienteparlamentar deixaram de enfrentar a incontrolabilidade do capital ondeela se afirmava maciamente6 isto é, como o regulador do processo dereprodu(o sócio-metabólica" Assim, dada a sua incapacidade deidentificar no nível sócio-metabólico o verdadeiro objecto de interven(oe reestrutura(o estratégicas, tentaram exercer o poder de formaextremamente voluntarista, numa tentativa de solucionar a suaverdadeira falta de poder com respeito aos imperativos materiaisobjectivos e 2s necessidades expansionistas cegamente seguidas porém cumpridas cada ve+ com menos efici7ncia do sistema docapital pós-capitalista"

9 facto de o capital, como um modo de reprodu(o sócio-metabólico, ser incontrolável a verdadeira causa sui compatível com 3melhorias ecorrectivos3 dos efeitos e conse-uncias, mas n(o da base causal dosistema, como já vimos em vários contextos significa n(o somenteque o capital é irreform+vel, mas também que n(o pode compartilhar o

 poder, mesmo a curto pra+o, com foras que pretendam transcend7-locomo 3objectivo final3, n(o importa qu(o longo seja o pra+o" *sta é ara+(o pela qual as estratégias de 3reforma gradual3 da social-democraciatinham que resultar em absolutamente nada em termos de potencialtransformador socialista" *nquanto o capital permanecer como o

regulador efectivo do sócio-metabolismo, a ideia de 3luta igual3 entrecapital e trabalho está destinada a permanecer uma mistifica(o" Bssoporque essa é uma ideia perpetuada e realada pelos rituais deenfrentamento parlamentar dos 3representantes do trabalho3 com osseus adversários legislativos6 um enfrentamento sem competi(o3, cujapremissa auto-contraditoriamente aceite é a perman7ncia da posi(omaterial do capital" As limitadas disputas políticas no #arlamento,

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estritamente reguladas por instrumentos e institui!es da 3viol7ncialegítima3 que se apoiam na estrutura global de comando político docapital, n(o podem ser um enfrentamento contra o capital, mas entrealguns dos seus componentes mais ou menos diferenciados" 9smembros do #arlamento que professam a sua submiss(o quer aos

variados interesses empresariais, quer 2s sec!es do trabalhismoreformista, de boa vontade se submetem aos constrangimentosnecessários 2 defini(o de seus objectivos legislativos de acordo com asregras auto-beneficentes do 3*stado constitucional3 do capital socialglobal" Ao mesmo tempo, os representantes do trabalho que tentammanter uma postura crítica radical ou s(o mantidos fora do #arlamento,ou s(o totalmente marginali+ados no seu interior" *m contraste com osistema parlamentar, nas sociedades pós-capitalistas as 3personifica!esdo capital3 funcionaram sob mistifica(o bem diferente, mas igualmenteprejudicial" /entaram tratar o capital ou como uma entidade material odepositário neutro da 3acumula(o socialista3 ou como 3mercadosocial3, mecanismo igualmente neutro# ignorando que o capital, naverdade, é sempre uma relaç!o social. Assim, mesmo que a novalegalidade do capital tivesse que assumir uma forma diferente, ofetichismo do capital dominou as sociedades pós-capitalistas da mesmaforma que imperou sob o capitalismo"

 A rela(o entre capital e trabalho n(o pode ser considerada simtrica,dada a impossibilidade de e-uilibrar o poder em disputa e muito menos

de alterá-lo a favor do trabalho. 9 conceito de 3equilíbrio de poder3 comoregulador da fora sócio-política interna pertence apenas ao mundo docapital, influenciando com 3legítimo interesse3 as inter-rela!es variáveisentre os menores e os maiores constituintes do capital social totalarticulado em qualquer ponto particular na história" A sempre crescente3selva legislativa3, mencionada na sec(o >D"M"G, é o corolárionecessário desse tipo de articula(o estrutural do capital social como umtodo" A essa articula(o sujeita 2s limita!es práticas originadas datend7ncia monopolista do sistema segue-se inevitavelmente tambéma luta que busca na arena legislativa alterar o equilíbrio entre os

componentes particulares do capital" * isto inclui também as limitadaspossibilidades de ac(o legislativa concedidas aos sectores dotrabalhismo reformista na periferia do equilíbrio, constantementerenovado e do mesmo modo superado, entre as cambiantes unidades docapital" Im bom exemplo desse tipo de melhoria marginal orientadapara o equilíbrio é a 3iluminada3 legisla(o 3em favor do trabalho3 de 1irUinston :hurchill, em >?Q\, sobre os níveis do sal+rio mínimo, bem

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como as $ltimas controvérsias na Ini(o *uropeia, solicitando igualremunera(o para os grupos de trabalhadores que se transfiram de umpaís-membro ao outro" Apesar da impecável descend7ncia legislativachurchilliana, a derrubada completa da boa e velha 3legisla(o sobresalário mínimo3 pela 3direita radical3 sob 8argaret /hatcher e seus

sucessores demonstra a extrema precariedade daquelas 3conquistas dotrabalho3 sob circunst)ncias históricas significativamente alteradas,exactamente como a controvérsia actual esconde os interessessubjacentes de auto-protec(o do capital e a necessária fragilidade dasmedidas trabalhistas a eles associadas""

*mbora os interesses dos integrantes particulares do capital possam serequilibrados com sucesso ainda que de maneira estritamentetemporária , n(o pode haver equilíbrio entre os interesses e o poderrespectivamente do capital e do trabalho" 9 trabalho ou é o antagonistaestrutural e a alternativa sistmica ao capital e, nesse caso,3compartilhar a fora3 com o capital é uma auto-contradi(o absurda ou permanece a parte estruturalmente subordinada o constantementeameaado 3custo de produ(o3 do processo de auto-reprodu(oampliada do capital e, como tal, totalmente sem poder. A fora efectivado trabalho na ordem sócio-económica existente parcial e negativa como,por exemplo, a arma da greve. #or conseguinte, ele n(o pode sermantido na sua negatividade indefinidamente, porque a premissa práticanecessária de tal opera(o como na extraordinária greve pacífica de

um ano dos mineiros ingleses é a continua(o do funcionamento daordem sócio-metabólica, cujas partes n(o em greve devem ser capa+esde assumir a carga do trabalho temporariamente negado" A ideia de umagreve política geral é uma proposta radicalmente diferente" #ara ser bemsucedida, deve ter por objectivo uma mudana fundamental na própriaordem sócio-reprodutiva, de outro modo o seu impacto, como nas grevesgerais do passado, fatalmente será em seguida anulado" Assim, oparadoxo do poder que desafia o movimento socialista é o facto de,mesmo na sua parcialidade, o exercício da fora negativa do trabalhoactualmente existente ser insustentável a longo pra+o" 1omente a sua

fora potencialmente positiva é verdadeiramente sustentável porque,pela sua própria nature+a, n(o se limita 2 busca de objectivos parciais. Acondi(o da sua reali+a(o é a fora positiva do trabalho, entendidocomo alternativa sistemática ao modo de controlo do capital, que deveconsiderar-se a si próprio como o princípio estrutural radical do sócio-metabolismo como um todo" Assim, qualquer que seja a maneira comque o olhamos quer na sua negatividade parcialmente contestadora,

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quer como a potencialidade positiva da completa transforma(osocialista , toma-se claro que sob nenhuma circunst)ncia pode alguémpensar no poder do trabalho compartilhado com o capital ou aocontrário, apesar das ilus!es t(o bem conhecidas e das resultantes einevitáveis derrotas do reformismo parlamentar"

4a rela(o assimétrica entre o capital e o trabalho também decorre que em completa contradi(o com as práticas de representa(oassociadas 2s rela!es internas da pluralidade do capital o trabalhon!o pode ser representado. 4e certo modo, é verdade que o capitaltambém n!o pode ser representado, mas existe uma diferena radicalem rela(o 2 posi(o do trabalho" A ideia de o próprio capital serrepresentado no domínio parlamentar pode apenas projectar a ilus(o do

 poder compartilhado e e-uilibrado com o trabalho, como encontramosnos inumeráveis contos de fadas da ideologia burguesa e reformista"8as o postulado de 3igualdade3 e 3imparcialidade3, com base no qualnem o trabalho nem o capital est(o directamente representados nodomínio legislativo, supostamente regulado por algum misterioso3processo próprio da lei3, em sintonia com a ideia de 8arx Ueber de queos 3juristas3 s(o os criadores autónomos do 3*stado ocidental3, n(o énada mais que uma camuflagem mentirosa e interesseira das rela!esde poder existentes" A grande diferena é que o capital como um todon(o é representado porque n!o precisa de representaç!o, visto que jáest+ no controlo completo do processo sócio)metabólico, incluindo o

controlo efectivo extra-parlamentar da sua própria estrutura decomando político, o *stado" 9 trabalho, de outro lado, em princípio n(opode ser representado porque as suas formas possíveis de3representa(o3 mesmo que fosse possível organi+á-las na esferapolítica com base na 3igualdade3 e na 3justia3, o que é impossível emvista das rela!es materiais e ideológicas de poder teriam que sercompletamente estéreis, pois n(o podem alterar as determina!esestruturais extra-parlamentares do modo fortemente arraigado dereprodu(o sócio-metabólica do capital"

0aturalmente, isso n(o significa que o sistema historicamentedesenvolvido de representa(o parlamentar seja irrelevante para aafirma(o das regras do capital sobre a sociedade" 0em se podeconsiderar o seu valor para o capital somente pela sua indubitável forade mistifica(o ideológica" .onge disso, pois a representa(oparlamentar é capa+ de reali+ar algumas fun!es vitais na ordem sócio-metabólica existente" *m parte, o papel regulador essencial do

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#arlamento consiste em legitimar e, desse modo, também 3internali+ar3a imposi(o das severas regras da 3legalidade constitucional3 sobre otrabalho potencialmente recalcitrante" 8as o papel do #arlamento n(oestá, de modo algum, limitado a isso" 0o seu desenvolvimento histórico,sujeitar o trabalho 2 auto-legitima(o da 3legalidade constitucional3 ficou

em segundo plano em rela(o 2 sua fun(o crucial, original e primeira,que consistiu e consiste em permitir $ pluralidade de capitais encontrar,em todos os momentos do desdobramento da din)mica do sistema, onecessário mesmo que sempre temporário modus vivendi e o e-uilíbriode poder entre os seus componentes. ; assim que o capital social totalpode afirmar as suas regras na esfera política sob as condi!es da3democracia parlamentar3"

:omo vimos acima, o sistema do capital é constituído de componentesincorrigivelmente centrífugos, em cuja base se encontra a igualmenteincorrigível liga(o estrutural conflictiva comum a todos os seuscomponentes, desde o microcosmo até 2s maiores corpora!estransnacionais" 9 capital, como totalidade social, mantém a foracentrífuga sob controlo e deve fa+7-lo de uma forma adequada pormeio das regras universalmente dominantes e das determina!esestruturais que objectivamente definem o próprio capital como um modode controlo sócio-metabólico" As determina!es em quest(o s(o internasn(o apenas ao sistema como um todo, mas também a cada um dos seuscomponentes" #or outras palavras, elas devem ser compartilhadas por

todos os diversos componentes particulares do capital, n(o obstante osinteresses conflituantes de uns vis)$)vis d os outros" 1em compartilhá-los o que simultaneamente também significa compartilhar o vital interessecomum de serem partes do sistema de controlo da reprodu(o sócio-metabólica, do qual emerge a consci7ncia de classe auto-centrada das3personifica!es do capital3 , n(o poderiam operar entre si como umapluralidade de capitais afirmando os seus interesses particulares dentrodas restri!es estruturais globais e da auto-preserva(o din)mica do seusistema em toda a situa(o histórica dada" *is como o capital em si,articulado como o modo de reprodu(o sócio-metabólica actualmente

existente, pode manter sob controlo a intransponível fora centrífuga dassuas partes constituintes" 0(o simplesmente anulando esta fora como que o sistema do capital deixaria de ser um sistema viável sui generis, mas complementando)a por meio dos imperativos da reprodu(osistémica global e, desse modo, apenas impedindo o impactodesintegrador das insuperáveis interac!es de conflito.

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; assim que o *stado do sistema do capital alcana a sua enormeimport)ncia, n(o somente como a estrutura reguladora global dascontingentes rela!es políticas, mas também como um constituintematerial essencial do sistema no seu todo, sem o qual o capital n(opoderia afirmar-se como a fora controladora do modo estabelecido de

reprodu(o sócio-metabólica" 4essa maneira, nas circunst)ncias da3democracia constitucional3, o sistema parlamentar é uma parte essencialna manuten(o, sob um controlo adequado, da fora centrífuga dapluralidade do capital" 0esse processo, os interesses da multiplicidadedos capitais podem ser adequadamente representados, pois arepresenta(o dos mais diversos interesses do capital no #arlamento,sob o comando estrutural global político do capital, está completamenteem sintonia com as determina!es gerais do controlo sócio-metabólico"

 Apesar do antagonismo estrutural entre o capital e o trabalho, quetambém afecta os constituintes particulares do capital, os conflitos entrea pluralidade dos capitais sujeitos aos limites globais dasdetermina!es mencionadas acima compensam-se mutuamente" *lesnunca podem ser dirigidos contra o sistema do capital, sem o qual apluralidade dos capitais divergentes n(o poderia sequer ser imaginada emuito menos existir" Assim, a fora reguladora da representa(oparlamentar, até onde a pluralidade do capital di+ respeito, écompletamente adequada como representaç!o genuína e também como

 preservaç!o ou 3eterni+a(o3 de um poder a fora de controlo sócio-metabólica  j+ existente. 8as, precisamente por essa ra+(o, o trabalho

n(o pode, por princípio, ser representado, na medida em que o seuinteresse vital é a transformaç!o radical da ordem sócio-reprodutivaestabelecida, e n(o a sua preservaç!o# a $nica compatibilidade possívelcom a representa(o parlamentar sob a estrutura de comando políticoglobal do capital" ; assim que na esfera política, sob todas as formashistóricas conhecidas do sistema parlamentar, a rela(o assimétricaentre o capital e o trabalho anula os interesses emancipatórios dotrabalho"

Ká uma outra maneira pela qual a política parlamentar serve aos

interesses do capital como sistema metabólico, assim como aosinteresses dos seus m$ltiplos constituintes" 4e acordo com a din)micamutável do desenvolvimento do capital social total, o #arlamento oferecea estrutura que permite deslocamentos de longo alcance na opera(oestratégica do sistema vis)$)vis d o trabalho" Bsso aconteceu nasdécadas do pós-guerra com o movimento do 3butsZellismo3 ou 3uma$nica na(o conservadora3 paternalista até as estratégias selvagens da

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3direita radical3 de /hatcher" 8uito revelador nesse particular é o nítidocontraste entre duas solu!es parlamentares para a crise estrutural docapital, tal como percebidas e aconselhadas por diferentes sec!es docapital ingl7s em >?@?" 9 primeiro dos quin+e longos anos de domina(odo #arlamento ingl7s pelo governo de 8argaret /hatcher também

testemunhou o eclipse da linha política anterior do #artido :onservador,resumido numa nostálgica entrevista concedida em =evereiro de >?@? 2rede de televis(o VV: pelo antigo primeiro-ministro Karold 8acmillan"=oi assim que 31uper-8ac3 que mais tarde iria denunciarsarcasticamente como vulgares e míopes, por 3vender a prata dafamília3, as corruptas políticas de privati+a(o do governo /hatcher resumiu a sua proposta de solu(o para a crise, já ent(o evidente,tentando manter-se em sintonia com o espírito do 3consenso político3 do*stado ZeFnesiano orientada para o bem-estar social, seguido pelassec!es dominantes do capital ingl7s por duas décadas e meia depois da1egunda Cuerra 8undial6

/alve+ o caminho fosse colocar, de algum modo, todos juntos e di+er,'9apazes, tudo depende de nós/ vamos pOr m(os 2 obra e aumentar aprodu(o total da ri-ueza comercial'. Bsto é o que queremos""" *stoucerto de que no nosso país as pessoas receberiam bem uma verdadeiraliderana 'garotos e garotas, vamos nos reunir e construir aquelemundo maravilhoso que está ao nosso alcance3""" *stou certo de queexistem foras agora que, pudéssemos ao menos unir, -uer no governo,-uer numa unidade das grandes organizaç"es dos empregadores esindicatos, quer nas igrejas todas as pessoas que formam a opini(o ^diriam 3VastaJ nós precisamos começar de novo'. A uma -uest!o demoral/ precisamos ter determina(o e precisamos recuperar a coragem"[; 

#oucos meses depois dessa entrevista, o #artido :onservador, sob aliderana de 8argaret /hatcher, foi eleito para o governo" 0um curtoperíodo de tempo todos os membros parlamentares do #artido:onservador, a favor da 3na(o $nica3, foram taxados de incapa+es e

brutalmente afastados da política, exactamente como seriam mais tardeos membros da ala esquerda do #artido /rabalhista sob a liderana dosex-esquerdistas 8ichael =oot e 0eil EinnocZ" A inten(o já n(o eraestimular os 3garotos e garotas3 a unir-se com o governo e com as3grandes organi+a!es de empregadores e sindicatos3, para a causa da3quest(o moral3 de buscarem juntos 3um novo comeo3 sob a forma doaumento da 3produ(o de rique+a comercial3" .onge disso, a mudançade guarda no #artido :onservador e n(o apenas naquele partido

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colocou como item principal na agenda política a opress(o3constitucional3 dos órg(os de defesa da classe trabalhadora" 39sgarotos e garotas3 no #arlamento antigos colegas de 8acmillan ocupavam-se com leis punitivas anti-trabalho e medidas industriais efinanceiras concebidas e instituídas no mesmo espírito em favor do

capital" * a mudana do domínio político de algumas sec!es do capitalpara outras mais agressivas n(o foi, de modo algum, umaperfeioamento exclusivamente ingl7s" #elo contrário, o desdobramentoestrutural da crise do sistema do capital provocou em todos os países3capitalistas avanados3 medidas políticas, industriais e financeiras muitosemelhantes, bem como as racionali+a!es ideológicas correspondentes"

#or mais difícil que seja acreditar no que os nossos olhos l7em napassagem abaixo, temos que lhe dar a aten(o devida como umexemplo típico originário da 3direita radical3 dos *stados Inidos" 1inteti+aa 3teoria económica objectiva3 de um importante e expert5especuladorfinanceiro e influente lobbista, Pames 4ale 4avidson [< " *m prol dosméritos 3científicos3 da linha anti-trabalho, ele argumenta6

:omo investidor, voc7 deve ser sempre cauteloso com as suposi!escorrectas acerca das rela!es económicas" Bsso é especialmenteverdadeiro num tópico como Wsurpresa, surpresaXY salários, quandos$plicas e considera!es políticas se transformam em obstáculos nocaminho da verdade" A verdade é que quaisquer que sejam as suasinten!es, é tremendamente difícil para os empregadores nassociedades de mercado 3explorar3 os trabalhadores" Bsso é quaseimpossível quando os trabalhadores s(o livres para desenvolver os seustalentos e movimentar-se de uma oportunidade para outra" WBsto é, naterra-do-nunca da utopia do 3capitalista do povo3"Y 1urpreendentementeWdesta ve+, uma surpresa realY, é muito mais comum os trabalhadoresexplorarem os capitalistas" *m geral, essa é a fun(o dos sindicatos dostrabalhadores" *les aumentam o nível de salário acima do nível demercado" 9 resultado é que os investidores recebem uma por(o menor

da renda da empresa do que receberiam se as coisas fossemdiferentes" """ a exist7ncia de institui!es democráticas durante períodosem que o aumento da tecnologia impulsiona a economia mais ou menosgarante que os trabalhadores explorem os capitalistas" [8 

4e modo característico, a descri(o das mudanas favoráveis ao capitalnem sequer menciona a cruel interven(o dos 3parlamentosdemocráticos3, que solapa a limitada fora defensiva dos sindicatos, por

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meio da debilita(o em larga escala da fora de trabalho e daconcomitante criminali+a(o da luta contra ela" /udo é atribuído, com acostumeira objectividade científica, aos factores tecnológicos estritos":omo se nem as foras políticas que o autor, na condi(o de lobbista,tenta ansiosamente influenciar com todos os meios 2 sua disposi(o

existissem" ; assim que se sup!e que as leis anti-sindicato do passadorecente se tornam completamente irrelevantes para a compreens(odesses desenvolvimentos" 4i+em-nos que t(o-somente a tecnologiaracionalmente inquestionável explica por que 'os sindicatos est!o agoraa coxear nas sociedades do 9cidente, pois a tecnologia está a redu+ir aseconomias de escala" Bsso explica por que os diferenciais de renda est!onovamente aumentando, visto que trabalhadores n(o-especiali+ados s(oobrigados a procurar emprego com salários de liquida(o3 [= " 0averdade, eles s(o 3obrigados a encontrar emprego se puderem, n(o comsalário de liquida(o3, mas frequentemente com salário bem abaixo donível de subsist7ncia, dado o impacto devastador do desemprego cróniconas ideali+adas 3economias de escala correctamente ajustadas3 dosistema do capital contempor)neo" *videntemente, tudo isso nada tem aver com a selvajaria das leis anti-sindicatos, nem com a desumani+antebrutalidade do 3desemprego estrutural3" 0a verdade, o própriodesemprego deve ser o artifício mais astuto já imaginado pelo trabalhopara 3explorar os capitalistas e investidores3, pobres desamparados,obrigando-os a 3receber uma por(o menor da receita do que elespoderiam receber de outro modo3J 3outro modo3 que seria possível se os

desempregados lhes permitissem fa+er a economia funcionar sob ascondi!es mais generosas de gera(o de renda do pleno emprego"

8as, saindo do mundo da fantasia cuidadosamente construído peloscínicos apologistas do capital para voltar 2 realidade, existem mais duascondi!es agravantes a ser consideradas aqui" A primeira é que aacomoda(o do trabalho 2s coac!es paralisantes da estruturaparlamentar no momento do aprofundamento da crise estrutural docapital fa+ com que ele seja gravemente afectado pelo impacto negativodas mudanas ocorridas na estrutura de poder do capital social total e

pela pequena margem de ac(o que elas lhe podem oferecer, mesmopara os mais limitados ganhos defensivos" A actual submiss(o dotrabalhismo reformista 2s foras radicalmente opostas aos interesses daclasse trabalhadora demonstra que a fase histórica das estratégiasdefensivas já se esgotou" #aralelamente 2 transforma(o dostradicionais partidos social-democratas e trabalhistas em mansosdefensores da tímida e, em seus próprios termos de refer7ncia,

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inefica+ reforma socioeconómica e política do trabalhismo liberal, asocial democrati+a(o dos partidos comunistas do 9cidente ofereceexemplos dolorosamente óbvios da derrota sofrida pela esquerdahistórica em ra+(o desses deslocamentos e mudanas no interior doslimites da acomoda(o parlamentar" Ima mudana irónica nessa infeli+,

mas eloquente, história é o facto de que alguns proeminentes políticos daala direita do #artido /rabalhista brit)nico se encontrem agoramarginali+ados por suas 3inaceitavelmente francas opini!esesquerdistas3, que, di+em, prejudicam as perspectivas do 3novotrabalhismo no governoJ tais opini!es s(o, de facto, inaceitáveis a talponto que eles próprios se sentem obrigados a anunciar a sua retiradada política na próxima elei(o geral, evitando assim a humilha(o da3derrota eleitoral3" [ sua maneira, essa mudana histórica acentua, pormeio da 3prepara(o para governar3 adoptada pelos líderes do partido, ofacto de n(o se poder tolerar nem mesmo as promessas n(o cumpridasda velha cláusula B<, pois sempre que o trabalhismo reformista assume ogoverno o capital continua no comando"

 A segunda condi(o agravante é ainda mais séria, já que coloca emquest(o a própria sobreviv7ncia da humanidade" A despeito da pioria dascondi!es sócio-económicas e até da elimina(o da margem paraajustamentos menores a favor do trabalho com o activo envolvimentode medidas autoritárias legislativas e a cumplicidade do seu própriopartido , o capital é incapa+ de resolver as suas crises estruturais e de

reconstituir com sucesso as condi!es da sua din)mica expansionista" Ao contrário, para permanecer no controlo do sócio-metabolismo, ele écompelido a invadir territórios que n(o pode controlar nem utili+ar para osfins da acumula(o sustentável de capital" Além disso, para permanecerno comando da reprodu(o social, por maior que seja o custo para ahumanidade, o capital deve minar até mesmo as suas própriasinstitui!es políticas, que no passado funcionaram como um correctivoparcial e como uma espécie de válvula de segurana" 0esse passado,ainda estava mais ou menos aberta a via do deslocamento expansionistadas crescentes contradi!es do capital que se acumulavam" Koje, pelo

contrário, as op!es do sistema do capital estreitaram-se em todo omundo, inclusive na esfera da política e da ac(o parlamentar correctiva"*ssa redu(o das op!es de recupera(o da expans(o tra+ consigo oimperativo de dominar directamente também a política por um cruel3consenso político3 entre o capital secular e o 3novo trabalhismo numcomplemento apropriado 2s tend7ncias autoritárias da 3nova ordemmundial3 que n(o se restringe apenas ao #artido /rabalhista ingl7s" A

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consuma(o desse consenso cruel longe de ser o $ltimo triunfo docapital, como afirmam as fantasias absurdas sobre o 3fim da históriaconflitual3 antes prenuncia o perigo de um colapso maior, que afectarian(o apenas um n$mero limitado de elementos centrífugos do capital, n(oapenas um sector chave como a finana internacional, por exemplo, mas

o sistema global do capital na sua totalidade" #recisamente por causadesse perigo adquire relev)ncia e urg7ncia a necessidade de contrapor 2fora destrutiva extra-parlamentar do capital a correcta ac(o extra-parlamentar de um movimento socialista radicalmente re-articulado"

18!+!;uando a fase histórica de conquistas defensivas estiver exaurida, otrabalho, na condi(o de antagonista estrutural do capital, só poderáfa+er avanar a sua causa mesmo minimamente na medida em queassumir uma postura ofensiva e, mesmo quando estiver lutando porobjectivos mais limitados, encarar como seu objectivo a nega(o radicale a transforma(o positiva do modo de reprodu(o sócio-metabólica"1omente a adop(o de uma estratégia global viável permite que ospassos parciais se tornem cumulativos, em nítido contraste com todas asformas conhecidas do trabalhismo reformista que desapareceram semdeixar traos, como gotas de água nas areias do deserto"

0o passado, as conquistas defensivas sempre estiveram estreitamenteligadas 2s fases de expans(o do sistema do capital" *ram retiradas da

margem de concess!es de que dispunha o sistema, e que tambémpodiam ser positivamente transformadas em vantagens para si próprio"8esmo sob as mais favoráveis circunst)ncias, elas n(o poderiam tra+era prometida reali+a(o 3gradual3 do socialismo" 4evido 2 sua próprianature+a, eram apenas concess"es conjunturais reali+adas sobcondi!es favoráveis ao próprio capital e somente na qualidade de 3glóriareflexa3 eram proveitosas também para o trabalho" Ima ve+, porém, quea fase histórica das concess!es expansionistas do capital ficou para trás,também a acompanha a capitula(o total do trabalhismo reformista quetestemunhamos nas $ltimas décadas" 1ob as actuais condi!es, n(o

apenas novos ganhos defensivos do trabalho est(o fora de quest(o,como muitas das concess!es do passado devem ser gradualmenteextorquidas, dependendo este gradualismo apenas do potencial impactodesestabili+ador na continuidade da auto-reprodu(o do capital no casode muitas serem retomadas num pequeno intervalo de tempo" ; isto oque torna moderada a tend7ncia 2 equali+a(o da taxa diferencial deexplora(o nos países de capitalismo avanado, ao menos enquanto o

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capital social total dos países envolvidos tiver fOlego para compensaressas concess!es por meio da domina(o neo-colonial sobre áreas doplaneta que oferecem ao 3capital metropolitano3, graas 2 margem maiselevada de explora(o praticável, uma margem de lucro bem mais alta":ontudo, mesmo esses factores paliativos actuais dever(o ser

temporários e removidos com o desdobramento da crise estrutural docapital"

 Alguns 3realistas3 insistem com slogans como 3acabou a festa3 que osconstrangimentos que afectam o sistema devem ser aceites comopermanentes, instando também a que aceitemos a perman7ncia dasubordina(o estrutural do trabalho ao capital" *les pensam que acaboua fase radical da milit)ncia do trabalho, acrescentando que no passadotudo n(o passou de uma grande ilus(o rom)nticaJ isso para n(omencionar os 3teóricos3 e 3doutores vira-casacas3 do 3novo trabalhismo3que atribuem as aspira!es revolucionárias passadas do movimentosocialista 2s habilidades 3literárias3 dos jovens 8arx e *ngels"

 A dificuldade daqueles que defendem a submiss(o permanente dotrabalho ao capital é que eles s(o forados a hipostasiar a perman7nciaabsoluta do sistema do capital" Bsso só é possível desde que seescondam totalmente, inclusive dele próprios, os aspectos maisdestrutivos do controlo sócio-metabólico do capital que n(o apenas s(ovisíveis aos socialistas mas a todos aqueles que se disponham a fa+er os

cálculos ambientais mais elementares" 0o passado, a perspectivaestratégica do trabalhismo reformista n(o se angustiava com essaspreocupa!es, portanto a distin(o entre o 3domínio da sociedade sobrea rique+a3 em ve+ do 3domínio alienado da rique+a sobre a sociedade3n(o poderia ter absolutamente nenhum significado para ele" #orém, nosdias de hoje estes problemas n(o devem mais ser ignorados" 0em épossível identificar o trabalhismo reformista que necessariamente seesva+ia e se desintegra, com o próprio trabalho" Koje é óbvia aconstata(o de que a história do trabalhismo reformista se caracteri+apor sua integra(o progressiva 2 estrutura de comando político do capital

e pela sua completa desintegraç!o, por meio de sua acç!o capituladoramesmo como reformismo.

4esse modo, os 3realistas3 que projectam a harmonia tranquila entre ocapital e a fora de trabalho social-democrata simplesmente ignoram aquest(o, pois somente o reformismo acomodado pode ser visto emtranquila harmonia com o capital, desde a supremacia histórica do

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sistema até 2 sua fase de desenvolvimento destrutivo e desintegrador"*sta concep(o também mostra uma singular incapacidade de enxergarque a própria classe do trabalho n(o tem como evitar o facto de serantagonista estrutural do capital, mesmo que em condi!es favoráveis 2perspectiva reformista aquelas em que as demandas da fora de

trabalho social-democrata 3tem ser adequadamente conciliadas econtidas nos limites do sistema e usadas para fins da sua expans(odin)mica acumuladora , o capital conceda prontamente ganhosdefensivos ao trabalho" #orém, tudo isso é radicalmente alteradoquando, por qualquer ra+(o, a via de expans(o din)mica sofre algumbloqueio" 4o trabalho ent(o se espera que limite as suas aspira!es inclusive as que surgem directamente das suas necessidades maiselementares aos imperativos da 3ra+(o3 do capital, pregada por seuspróprios lideres reformistas como um 3realismo necessário3"

1ob essas condi!es alteradas, caso elas se prolonguem como deveocorrer devido 2 crise estrutural do sistema, o antagonista do capital écompelido a contemplar a viabilidade de uma ofensiva estratégica quevise 2 transforma(o radical da ordem sócio-metabólica estabelecida"1erá compelido a fa+7-lo mais cedo ou mais tarde, mesmo que oprocesso de reavalia(o da orienta(o estratégica do movimentosocialista seja muito difícil, pois deverá considerar e aprender com asexperi7ncias frustradas e as expectativas negadasJ ainda que,esperamos, também da progressiva melhoria da estrutura organi+acional

adequada e das medidas tácticas pelas quais os objectivos estratégicosadoptados podem ser alcanados"

9utro argumento frequentemente usado a favor da acomoda(opermanente alerta para o risco de um movimento revolucionáriosocialista ter de enfrentar medidas autoritárias extremas" *ste argumentoé apoiado pela 7nfase que dá ao imenso poder destrutivo ao alcance docapital e ao inegável facto histórico de que nenhuma ordem jamais cedede boa vontade a sua posi(o de comando na sociedade, utili+ando, senecessário, a forma mais violenta de repress(o para conservar o seu

domínio" A fraque+a deste argumento é dupla, apesar das circunst)nciasfactuais que parecem apoiá-lo"

#rimeiro, desconsidera que a confronta(o antagónica entre capital etrabalho n(o é um confronto político5militar no qual um dos antagonistaspossa ser preso ou trucidado no campo de batalha" 1e há grilh!es nestaluta, est(o aplicados ao trabalho, já que o $nico tipo de grilh!es

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compatível com o sistema deve ser suficientemente 3flexível3 parahabilitar a classe do trabalho a produ+ir e ser explorada" 0em se podeimaginar que o poder autoritário do capital seja usado exclusivamentecontra um movimento revolucionário socialista" As medidas repressivassobre o trabalho das duas $ltimas décadas para n(o mencionar os

muitos exemplos de emerg7ncias históricas passadas sob o sistema docapital que foram caracteri+adas pelo uso da viol7ncia fornecem umaindica(o do que de pior poderá advir de futuras confronta!es maisagudas" 8as esta n(o é uma quest(o do tipo ou isto ou aquilo, queoferea alguma garantia de tratamento justo e benevolente no caso desubmiss(o e acomoda(o deliberada do trabalho" 9 assunto depende dagravidade da crise e das circunst)ncias nas quais os antagonismos sedesdobrem" #or mais desagradável que esta verdade possa parecer aossocialistas, o grilh(o mais pesado que o trabalho tem que suportar,enquanto o movimento n(o conseguir operar uma ruptura estratégica detransi(o para uma ordem sócio-metabólica radicalmente diferente, é ofito de continuar atado ao capital para a continuidade da suasobreviv7ncia" 8as isso é t(o ou mais verdade para o capital, com adiferena qualitativa de que ao capital é impossível reali+ar uma rupturapara o estabelecimento de uma outra ordem social" #ara o capital,realmente, 3n(o há alternativa3 e nunca poderá haver 2 suadepend7ncia estrutural da explora(o do trabalho" *ste facto fixa limitesbem demarcados 2 capacidade de o capital subjugar permanentemente otrabalho pela viol7ncia, forando-o a usar contra a classe trabalhadora os

3flexíveis3 grilh!es mencionados" A viol7ncia pode ser usadaselectivamente, contra grupos limitados do trabalho, mas n(o contra aorgani+a(o de um movimento de massa revolucionário" #or isso é t(oimportante o desenvolvimento da 3consci7ncia comunista de massa3para usar a express(o de 8arx, em contraste com a vulnerabilidade daorienta(o sectária estreita"

 A segunda observa(o é igualmente importante porque se refere 2sdetermina!es mais íntimas do sistema do capital como ordem sócio-metabólica necessariamente orientada para a expans(o e dirigida para a

acumula(o" Ainda que o uso do poder por meio do equipamentorepressivo possa, em situa!es de emergncia, servir ao propósito derecompor as rela!es de poder a favor do capital, o facto de que ele éextremamente perdulário mesmo nos próprios termos de refer7ncia dosistema" ; fundamental que se leve em conta ser impossível assegurar aexpans(o e a acumula(o necessárias de capital com base naperpetua(o da emerg7ncia economicamente perdulária, para n(o

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mencionar os perigos políticos associados a ela e que n(o s(o de formaalguma despre+íveis" A ideia de um 3Vig Vrother3 permanente quedomina com sucesso o trabalho já é fantástica demais até mesmo para afic(o orSelliana, quanto mais para a realidade do modo de reprodu(osócio-metabólica do capital, pois este estará necessariamente

condenado ao desaparecimento se n(o puder assegurarpermanentemente a sua própria reprodu(o pela apropria(o dos frutosdo trabalho cada ve+ mais produtivo e a concomitante reali+a(oampliada de valor, inconcebível sem um processo din)mico de 3consumoprodutivo3 :ontudo, nem a melhoria da produtividade do trabalho, com onecessário crescimento da sociali+a(o do processo de trabalho comosua condi(o prévia, nem a necessária expans(o do 3consumoprodutivo3 s(o compatíveis com a ideia de um estado permanente deemerg7ncia" Além disso, como argumentou correctamente :homsZF hámuitos anos atrás, o sistema de vigil)ncia que acompanha a manuten(obem sucedida de um domínio autoritário permanente envolve o absurdoe, claro, o custo correspondente da regress!o infinita associada 2obriga(o de monitorar n(o apenas toda a popula(o, mas também opróprio pessoal encarregado do monitoramento, além dos monitores dosmonitores [+ etc" 4evemos acrescentar ainda que a ideia dadomina(o permanente do capital pelo uso da viol7ncia como premissanecessária 2 unidade total do capital global contra as foras de trabalhonacionais que est(o efectivamente sob o controlo das unidadesparticulares do capital na ordem global existente que n(o é unificada"

*ste postulado va+io de unidade e uniformidade global do capital ignoraarbitrariamente a lei de desenvolvimento desigual. 0(o só ela, mastambém a evid7ncia histórica de que o exercício da fora em grandeescala por meio da guerra nunca prescindiu de massas geralmentemotivadas por séculos de rivalidades nacionais para poder imporviol7ncia contra os seus iguais do lado dos inimigos" 4e facto, aarticula(o nacional do sistema global do capital, longe de ser umacidente histórico, foi incentivada pela necessidade de um grau mínimode consenso que permitisse ao capital manter o controlo sobre a fora detrabalho" :aso contrário, as rivalidades inter-capitalistas, inclusive as

conflagra!es internacionais mais abrangentes, passariam a ser riscosinadministráveis do ponto de vista do capital social total, anulando alógica interna do sistema de intensificar ao máximo o conflito deinteresses e fa+er prevalecer os mais fortes no bellum omnium contraomnes hobbesiano" #ois, na aus7ncia de um grau suficientemente altode consenso entre capital e trabalho no mesmo país geralmentepresente em alto grau nos conflitos entre na!es em toda a situa(o de

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significativa disputa inter-capitalista , o próprio sistema do capitalcorreria o perigo de ser vencido pelo trabalho, seu antagonista" 4e facto,alguns socialistas radicais tentaram sem sucesso combater esteconsenso com o programa que conclamou os trabalhadores, quando dairrup(o da #rimeira Cuerra 8undial, 3a voltar as suas armas contra as

burguesias nacionais3" *m resumo, todos os argumentos a favor damanuten(o da domina(o permanente do capital pela imposi(o daviol7ncia em massa definem de modo auto-contraditório as suascondi!es de reali+a(o" :omo foi mencionado na sec(o >D"%"&, éinsana a ideia de projectar a domina(o do capital, na sua confronta(odirecta com o trabalho, pela via de um estado de emergnciacompletamente inst+vel, e necessariamente passageiro, como condiç!o

 permanente da sua normalidade futura" :ertamente, ninguém duvida queo uso da viol7ncia pode adiar, por um período de tempo mais ou menoslongo, o sucesso dos esforos positivos de emancipa(o do trabalhoJmas n(o pode evitar o esgotamento das potencialidades produtivas docapital" 8ais do que isso, ao contrário, o uso da viol7ncia em massaarruína as condi!es objectivas do domínio do capital, apressando o seuesgotamento"

:omo antagonista do capital, a grande dificuldade do trabalho é que,apesar de o $nico objectivo viável da sua luta transformadora ser o poder sócio-metabólico do capital com o seu controlo estrutural5hierárquico,n(o simplesmente pessoal, mas objectivo, sobre a esfera produtiva

material, do qual outras formas de 3personifica(o3 podem e, sob asestratégias mal concebidas, com o tempo devem7 nascer , esseobjectivo fundamental n(o pode ser alcanado sem a conquista docontrolo da esfera política" Além disso, essa dificuldade é intensificadapela tenta(o de se acreditar que, uma ve+ neutrali+adas as institui!espolíticas do sistema capitalista herdado, o poder do capital estariafirmemente sob controloJ uma crena fatal que só poderia acabar nasconhecidas derrotas históricas do passado"

:omo vimos no capítulo %, o sistema do capital é composto de elementos

incorrigivelmente centrífugos, complementados pela dimens(o coesivado poder de controlo da 3m(o invisível3, e das fun!es legal e política do*stado moderno" 9 fracasso das sociedades pós-capitalistas está nofacto de terem se oposto 2 determina(o centrífuga do sistema herdadosobrepondo aos seus elementos particulares conflituantes a estrutura decomando extremamente centralizada de um *stado político autoritário"*las, ao contrário, deveriam ter atacado o problema crucial de como

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solucionar por meio da reestrutura(o interna e da institui(o docontrolo democr+tico substantivo o carácter contraditório e ocorrespondente modo centrífugo de funcionamento das unidadesreprodutivas e distributivas particulares" #ortanto, a simples remo(o daspersonifica!es privadas capitalistas do capital n(o poderia cumprir esse

papel, nem mesmo como um primeiro passo a caminho da prometidatransforma(o socialista, pois a nature+a contraditória e centrífuga dosistema herdado foi de facto mantida pela imposi(o da política decontrolo centrali+ada em prejuí+o do trabalho" 9 sistema sócio-metabólico tornou-se, assim, mais incontrolável do que antes, devido 2incapacidade de substituir produtivamente a 3m(o invisível3 da antigaordem reprodutiva pelo autoritarismo voluntarista das novaspersonifica!es 3visíveis3 do capital pós-capitalista" Bnevitavelmente, issoprovocou a crescente hostilidade dos castigados sujeitos do trabalhoexcedente politicamente extraído contra a ordem pós-revolucionária" 9facto de a fora de trabalho ter sido submetida a um cruel controlopolítico e, 2s ve+es, até 2 desumana disciplina dos campos de trabalhodas massas n(o significou que as personifica!es do capital de tiposoviético estivessem no controlo do sistema" A incontrolabilidade dosistema reprodutivo pós-capitalista manifestou-se pela incapacidadecrónica de alcanar os objectivos económicos, escarnecendo dasdecantadas vantagens da 3economia planejada3" Bsso selou o seu destinoao privá-lo da sua alegada legitimidade e fa+er do seu colapso umasimples quest(o de tempo" 0os estágios finais de exist7ncia do sistema

de tipo soviético, as personifica!es pós-revolucionárias do capitaltentaram desesperadamente contrabandear a 3m(o invisível3 para dentrodas suas sociedades, rebapti+ando-a para torná-la aceitável de3socialismo de mercado3J isso apenas acentuou o facto de que, mesmodepois de sete décadas de 3controlo socialista3, o sistema pós-capitalistapermanecia irremediavelmente incontrolável, e absolutamente incapa+ deprodu+ir um controlo de democrático substantivo das suas unidadesprodutivas e distributivas"

; claro que a reconstitui(o e a substantiva democrati+a(o da esfera

política s(o a condi(o necessária para uma interven(o sobre o controlosócio-metabólico do capital, pois o poder do capital n(o está, e nuncaestará, limitado a estritas fun!es produtivas" #ara controlá-las, o capitaldeve ser complementado pelo seu próprio modo de controlo político" Bssosignifica que a estrutura material de comando do capital n(o podeafirmar-se sem a estrutura de comando político global do sistema" Assim,uma alternativa ao controlo sócio-metabólico do capital deve abranger

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todos os aspectos complementares do processo de reprodu(o social,desde as fun!es estritamente produtivas e distributivas até 2sdimens!es mais amplas da direc(o política" :omo está no controlo realde todos os aspectos vitais do sócio-metabolismo, o capital pode dar-seao luxo de definir a esfera de legitima(o política como quest(o

estritamente formal, eliminando desse modo, a priori, a possibilidade deser legitimamente contestado na sua esfera de ac(o substantiva. Aodobrar-se a tais determina!es, o trabalho, como real antagonista docapital existente, pode apenas condenar-se 2 permanente impot7ncia,pois a institui(o de uma ordem sócio-metabólica alternativa só seráviável pela articula(o da democracia substantiva, definida comoactividade auto-determinada dos produtores associados tanto na políticacomo na produ(o material e cultural"

; característica singular do sistema do capital que, na sua normalidade,as fun!es materiais reprodutivas sejam executadas num compartimentoseparado, sob uma estrutura de comando substancialmente diferente daampla estrutura de comando político do capital corporificada no *stadomoderno" *ssa separa(o e essa 3disjun(o3, constituídas ao longo dasupremacia histórica do capital dirigida para a auto-expans(o do valor detroca, de modo algum s(o desvantajosas para o próprio sistema" Aocontrário, as personifica!es económico-gerenciais do capital podemexercer a sua autoridade sobre as unidades reprodutivas particulares,antecipando um feedbacB do mercado a ser convertido no devido tempo

em ac(o correctiva, e o *stado cumpre as suas fun!escomplementares, em parte na esfera internacional do mercado mundialinclusive a garantia dos interesses do capital em guerras se necessáriofor7, em parte diante de uma fora de trabalho potencial ou realmenterecalcitrante" Assim, nos dois casos, o antagonista estrutural do capital éfirmemente mantido sob controlo pela compartimenta(o e pela radicalaliena(o dos produtores do poder de tomar decis!es em todas asesferas num sistema ajustado 2s necessidades da reprodu(o e daacumula(o ampliada do capital"

*m completo contraste, um modo de controlo reprodutivo alternativo socialista é inimaginável sem que ocorra a supera(o da disjun(o eda aliena(o existentes" A condi(o necessária para reali+ar as fun!esda reprodu(o directamente material de um sistema socialista é arestitui(o do poder de tomar decis!es aos produtores associados emtodas as esferas de actividade e em todos os níveis e coordena(o,desde os empreendimentos locais até ao mais amplo interc)mbio

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internacional" 9 3fenecimento do *stado3 n(o se refere a algo misteriosoou remoto, mas a um processo perfeitamente tangível que precisa de ser iniciado ainda no presente" * na transi(o para a genuína sociedadesocialista é necessária a progressiva reaquisi(o dos poderes alienadosde decis(o política pelos indivíduos" 1em a reaquisi(o desses poderes,

é inimaginável o novo modo de controlo político total da sociedade pelosseus indivíduos, assim como a opera(o quotidiana n!o contraditória e,portanto, coesivaCplane+vel das unidades produtivas e distributivasparticulares pela auto-administra(o dos produtores associados"

 A reconstitui(o da unidade das esferas de reprodu(o material e políticaé a característica definidora essencial do modo socialista de controlosócio-metabólico" A cria(o das suas media!es necessárias n(o podeser deixada para um futuro distante, contrariando o que di+ a teoriaapologética do 3nível mais alto do comunismo3, pois, se n(o forem dadosimediatamente os primeiros passos como parte org)nica da estratégiatransformadora, eles nunca ser(o dados" :onservar a dimens(o políticasob uma autoridade separada, divorciada das fun!es reprodutivasmateriais da fora de trabalho significa manter a depend7ncia e asubordina(o estrutural do trabalho e consequentemente impossibilitar atomada de medidas subsequentes em direc(o a uma transforma(osocialista sustentável" =oi nesse sentido, t(o revelador quanto fatal, queo sistema soviético, em ve+ de activar o poder de decis(o autónomo dosprodutores, reforçou a disjun(o entre as fun!es do *stado e a fora de

trabalho sob o seu controlo, impondo, sob o pretexto de 3planeamento3,as ordens do seu aparato político sobre os processos produtivos directos"0em mesmo a eternidade poderia transformar em sistema socialistaauto-administrado uma ordem sócio-metabólica aprisionada pordetermina!es estruturais t(o irremediavelmente alienadas"

18!+!<0as circunst)ncias do 3capitalismo avanado3 actualmente existente, adeteriora(o das condi!es da fora de trabalho n(o poderá sercontestada muito menos questionada a dolorosa submiss(o estrutural

do trabalho sem uma restrutura(o fundamental do movimentosocialista, para transformar a sua actual postura defensiva noutra capa+de uma ac(o ofensiva" 9u seja, esgotaram-se n(o apenas o modotradicional de controlo político parlamentar, mas também a acomoda(oreformista do trabalho"

; importante ter em mente que se o trabalho quer conseguir alguma

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coisa nas actuais circunst)ncias, uma renova(o da forma parlamentarde legisla(o política é inevitável" /al renova(o só se tornará viável pelacria(o de um movimento extra)parlamentar como força vitalcondicionante do próprio #arlamento e da estrutura legislativa de umasociedade globalmente em transi(o" :onsiderando a situa(o actual, o

trabalho, como antagonista do capital, é obrigado a defender os seusinteresses n(o apenas com uma, mas com as duas m(os atadas 2scostas" Ima delas presa pelas foras abertamente hostis ao trabalho e aoutra pelos seus próprios partidos e lideranas sindicais reformistas, quecumprem a fun(o especial de personifica!es do capital no interior dopróprio movimento do trabalho ao servio da acomoda(o total, decapitula(o aos imperativos materiais 3realistas3 do sistema" 9 que sobraent(o na actual articula(o limitadora do movimento de massas dotrabalho, dar murro em ponta de faca, n(o pode sequer ser consideradouma arma estritamente defensivaJ apesar de os porta-vo+es do 3novotrabalhismo3, nas suas 3:omiss!es de Pustia3, relacionarem asbenfeitorias da 3grande e boa3 sociedade capitalista e proclamarem que aluta em curso está completamente de acordo com os critérios de3imparcialidade3 e 3justia3" 1ob tais condi!es, cabe ao movimento dostrabalhadores decidir entre resignar-se a tais limites ou dar os passosnecessários para desatar as próprias m(os, por mais difícil que venha aser essa $ltima linha de ac(o" Koje, os líderes trabalhistas admitemabertamente, como /onF Vlair no discurso de 4erbF, pronunciado porcoincid7ncia no dia > de Abril" 39 #artido /rabalhista é o partido dos

empres+rios e das indstrias modernas na Bnglaterra" [+1 Bssorepresenta a fase final da trai(o total a tudo o que foi iniciado pela velhatradi(o social-democrata" :omo podemos ler em &he &imes, de.ondres6

0a sua famosa estratégia de 3 cocBtails de camar(o3 nos almoos da :itFWcom o líder anterior, Pohn 1mith, o trabalhismo já antes abordou osempresários" 8as a nova comiss(o Wsobre as 3#olíticas #$blicas e o*mpresariado Vrit)nico3, estruturada pelos trabalhistas segundo omodelo da sua 3:omiss(o de Pustia3Y, especialmente no que di+

respeito 2 sua rela(o com o partido, é diferente" 3A ideia da ofensiva dos3 cocBtails de camar(o3 era provar que n(o queríamos brigar3, afirma umdos colegas de Vlair" 3Agora estamos avanando um pouco mais6queremos mostrar -ue podemos fazer negócios com o empresariado.'[+% 

 A $nica d$vida é saber se a classe do trabalho vai aceitar ser tratadacomo o ingénuo do >"_ de Abril, e por quanto tempo a estratégia de

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capitula(o ao grande empresariado poderá ser seguida depois dapróxima vitória eleitoral de #irro" Além de tudo isso, sabemos que8argaret /hatcher 3negociou com Corbachev3, e vice)versa, no mesmoespírito do 3n(o há alternativa3 que hoje está sendo militantementeadvogado pelo 3novo trabalhismo3 na qualidade de 3partido do

empresariado moderno3" 4a mesma forma que também sabemos o que,no final, ocorreu com Corbachev, com a baronesa /hatcher e com suasglorificadas estratégias"

0a estrutura do sistema parlamentar, a disputa entre capital e trabalhonunca foi, nem poderia ser, 3justa e igual3" 9 capital n(o é em si umaforça parlamentar, apesar dos seus interesses poderem seradequadamente representados no #arlamento, como mencionamosantes" 9 que necessária e antecipadamente decide contra o trabalho noconfronto político com o capital, confinado ao #arlamento, é oinescapável facto de que o capital social total n(o pode deixar de seruma fora extra)parlamentar par excellence. ; o que acontece quando osrepresentantes da pluralidade de capitais afirmam os interesses do seusistema como um todo contra o trabalho, e quando acertam entre si, coma ajuda das 3regras do jogo parlamentar3, os aspectos legais e políticosdas suas diferenas particulares"

0aturalmente, quando chega a hora de impor as determina!es docapital aos governos parlamentares dos trabalhistas, n(o se pode tolerar

a desobedi7ncia dos seus primeiros-ministros" Ká aproximadamente de+anos, o senhor :ampbell Adamson um ex-director-geral da:onfedera(o da Bnd$stria Vrit)nica fe+ uma confiss(o indiscretanuma entrevista de televis(o" :ontou que havia realmente ameaadoKarold Uilson ent(o primeiro-ministro trabalhista do governo brit)nicocom uma greve geral de investimentos se n(o respondessefavoravelmente ao ultimato de sua :onfedera(o" Adamsoncandidamente admitiu que a sua ameaa era inconstitucional nas suaspróprias palavras, acrescentando que 3feli+mente3 n(o houvenecessidade de prosseguir com aquela inten(o, já que o 3#rimeiro-

ministro concordou com as nossas demandas3"

#ortanto, a própria constitucionalidade é um joguete nas m(os dosrepresentantes do capital, para ser rude e cinicamente utili+ada como umartifício auto-legitimador contra o trabalho" As personifica!es do capital,quando atropelam a 3constitucionalidade democrática3, n(o s(o,obviamente,, mandadas para a /orre de .ondres como sem d$vida

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seriam por um semelhante ultraje ao rei na Alta Bdade 8édia" #elocontrário, s(o até mesmo elevadas 2 condi(o de :avaleiros ou 2:)mara dos .ordes, inclusive pelos governos trabalhistas" 9s quepensam ser esta uma 3peculiaridade dos ingleses3 devem lembrar-se doque aconteceu ao presidente o guardi(o ex officio da :onstitui(o

americana no t(o falado caso 3Br(o-:ontras3" 9 :omité do :ongressonorte-americano que investigava o caso concluiu que a administra(oHeagan era culpada de 'subverter a lei e solapar a 4onstituiç!o'.9bviamente, esse veredicto, em que pese a gravidade das suasimplica!es para o 3domínio da lei3 jamais levada em considera(opelos KaFeZs da vida, n(o teve a menor consequ7ncia para o3presidente /eflon3, nem resultou na introdu(o de necessáriassalvaguardas constitucionais para prevenir viola!es similares da:onstitui(o americana no futuro"

uando se trata dos representantes políticos do trabalho, a quest(o n(ose resume a simples casos de fracasso pessoal ou de cederem 2stenta!es das gratifica!es oferecidas 2s suas posi!es privilegiadas" ;muito mais grave do que isso" 9 problema é que, como chefes ouministros de governo, eles supostamente deveriam ser capa+es decontrolar politicamente o sistema, mas nada fa+em de semelhante, poisoperam no interior da esfera política, pré-determinada a priori a favor docapital pelas estruturas de poder existentes do seu modo de reprodu(osócio-metabólico" 1em desafiar radicalmente e desalojar materialmente

as estruturas profundamente enrai+adas do modo de controlo sócio-metabólico do capital, a capitulaç!o ao poder do capital é apenas umaquest(o de tempo, normalmente numa velocidade que quase supera ada lu+" #odemos pensar em HamsaF 8ac4onald, Vettino :raxi, =elipeCon+áles, =ranois 8itterand ou mesmo em 0elson 8andela, oprisioneiro que se converteu no novo defensor da ind$stria bélica da

 Tfrica do 1ul [+  mas a história deprimente é sempre a mesma"=requentemente a esperana de um 3papel realista e responsável3supostamente apropriado de futuros ocupantes de cargos nos altosescal!es ministeriais já é suficiente para produ+ir as mais inesperadas

surpresas" Aneurin Vevan, o ent(o ídolo da ala esquerda do #artido/rabalhista e o mais firme oponente da corrida nuclear na Bnglaterra, n(ohesitou em despojar-se dos seus princípios socialistas e insultar os seusex-camaradas da ala esquerda durante a confer7ncia anual para aelabora(o da política do partido, com a desculpa de que dele, comosecretário do *xterior designado de um futuro governo trabalhista, n(o sedeveria esperar 3que entrasse nu no fórum de negocia(o internacional e

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se sentasse assim 2 mesa de confer7ncia para defender os interesses dopaís3, qual seja, a posi(o privilegiada do imperialismo brit)nico comomembro do exclusivo 3clube nuclear3"

 A classe trabalhadora foi um 3ap7ndice tardio3 ao sistema parlamentar

burgu7s sempre tratada por ele como tal depois de entrar nos seuscorredores, pois nunca pOde comparar-se mesmo que remotamente, como poder do capital como o fundamento efectivo do sistema políticoparlamentar" Ainda que as regras formais e os custos materiais paraentrar no #arlamento pudessem tornar-se equitativos o que claro, éimpossível diante da monstruosa desigualdade de rique+a entre asclasses, assim como perante as vantagens ideológicas e educacionaisgo+adas pelas classes dominantes na condi(o de detentoras docontrolo material e cultural da 3ideologia dominante3 , a situa(o n(oseria significativamente alterada" A quest(o fundamental di+ respeito 2rela(o entre a estrutura política parlamentar e o modo de reprodu(osócio-metabólico existente totalmente dominado pelo capital"

#or outro lado, a disjun(o entre economia e política, essencial aodesenvolvimento histórico do sistema do capital, colocou um desafioenorme, ainda n(o enfrentado pelo movimento dos trabalhadores" 9fracasso da esquerda histórica está inextrincavelmente associado a essacircunst)ncia, já que a articula(o defensiva do movimento socialistatanto reflectiu directamente tal disjun(o como se acomodou a ela" 9

facto de a fatal aceita(o de tais determina!es estruturais n(o ter sidovoluntária, muito menos de bom grado, mas uma acomodaç!o imposta,n(o altera o facto de o trabalho ter caído na armadilha da margemdesesperadamente estreita para uma ac(o auto-emancipatória nointerior da estrutura dada" *sta acomoda(o foi imposta ao trabalhocomo pr)condiç!o necess+ria 2 autori+a(o para entrar na esferaparlamentar da 3emancipa(o política3 e ter acesso 2s limitadasmelhorias materiais reformistas, depois de as foras originalmente extra-parlamentares de oposi(o radical terem aderido a tal via" 9 espao paraesse tipo de articula(o reformista do movimento de massas do trabalho

foi aberto 3no pequeno canto do mundo europeu3 com a sua 3 hinterland' global e imperialista, pela fase de expans(o din)mica portanto capa+de 3permissividade3 do desenvolvimento do capital, na segundametade do século NBN, levando quase um século para esgotar-se" Asepara(o paralisadora entre o 3brao político3 e o 3brao sindical3 dotrabalho acima mencionada foi complemento apropriado e apoio a essetipo de desenvolvimento, na medida em que ofereceu, de modo muito

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discriminatório, algumas vantagens materiais limitadas 2s classestrabalhadoras de alguns países privilegiados 2 custa da super-explora(odas massas do resto do mundo" A perspectiva de uma radical mudançaestrutural o socialismo alcanado por mudanas graduais resultante da aceitaç!o acrítica dos incorrigíveis limites estruturais do

sistema foi, desde o comeo, apenas uma ilus(o, ainda que inicialmentealguns políticos reformistas e dirigentes sindicais acreditassemgenuinamente nela" 9 facto é que, depois de inícios muito diferentes, omovimento socialista aceitou a separa(o entre o seu 3brao político3 e o3corpo sindical3 que lhe possibilitava operar no interior da estruturaparlamentar criada pelas personifica!es do capital para defender eadministrar os interesses do sistema do capital" :ontudo, a vitória daestratégia reformista dentro do movimento socialista n(o foi de modoalgum acidental ou a consequ7ncia de aberra!es pessoais contingentesou, ainda, de trai!es burocráticas" =oi, isto sim, o coroamentonecessário da adapta(o do movimento 2 estrutura política parlamentarpré-estabelecida e da sua acomoda(o 2 disjun(o estrutural peculiarentre as características políticas e económicas do sistema do capital" 9sucesso da ofensiva socialista é inconcebível sem a recusa radical detais determina!es estruturais da ordem estabelecida e sem areconstru(o do movimento do trabalho na sua integridade, n(o apenascom os seus 3braos3, mas também com a plena consci7ncia dos seusobjectivos transformadores como alternativa estratégica necessária eviável ao sistema do capital"

18!+!89 problema insol$vel da estrutura das institui!es políticas actuais é adesigualdade fundamental entre capital e trabalho existente nas rela!esmateriais de poder do conjunto da sociedade, que se afirma enquanton(o se altera radicalmente o modo actual de reprodu(o metabólica"0esse sentido, é importante citar uma passagem dos Manuscritoseconómicos de >?D>)DE, de 8arx6

9 trabalho produtivo como produtor de valor enfrenta sempre o

capital como trabalho de trabalhadores isolados, seja qual for acombina(o com que esses trabalhadores entram no processo deprodu(o" Assim, enquanto o capital representa o poder produtivo socialdo trabalho para os trabalhadores, o trabalho produtivo representasempre para o capital apenas o trabalhador isolado. [++ 

1e amanh(, por um milagre, os parlamentos aprovassem unanimementeuma lei determinando, por exemplo, que a partir de depois de amanh( o

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poder social do trabalho produtivo fosse reconhecido pelo capital e que otrabalho produtivo n(o devesse ser mais representado vis)$)vis o capitalcomo trabalho de trabalhadores isolados, o mundo n(o perceberiaqualquer diferena" 0em poderia perceber, pois o capital, tal como ématerialmente constituído por meio do trabalho alienado e acumulado

, representa, de facto e objectivamente, o poder sócio-produtivo dotrabalho" ; essa rela(o objectiva de domina(o estrutural que encontraa sua corporifica(o adequada também nas institui!es políticas dosistema do capital" * é essa ainda a ra+(o pela qual a pluralidade docapital pode ser adequadamente representada na estrutura da políticaparlamentar, enquanto o trabalho n(o" As rela!es de poder materialexistentes incorrigivelmente iníquas tornam a 3representa(o3 dotrabalho vazia como representa(o parlamentar estritamente política daclasse materialmente subordinada do trabalho ou auto)contraditória emtermos tanto da representa(o eleitoral do trabalhador isolado, como da3participa(o democrática3 do radical antagonista estrutural do capital,que, apesar de tudo, está alegremente predisposto a aceitar as migalhasdas acomoda!es marginais reformistas" 0enhuma reforma política nospar)metros do sistema existente permitiria sonhar em alterar essasrela!es de poder material"

9 que torna as coisas ainda piores para os que buscam mudanassignificativas no interior dos limites do sistema político estabelecido é queesse sistema pode reivindicar, a seu favor, genuína legitimidade

constitucional para o seu actual modo de funcionamento, com base nainvers!o historicamente constituída do actual estado de coisas" 9u seja,enquanto o capitalista n(o for apenas a 3personifica(o do capital3, mastambém 3a personifica(o do carácter social do trabalho, do lugar detrabalho total em si3 [+: , o sistema pode alegar que representa o poderprodutivo, vitalmente necessário, da sociedade vis)$)vis os indivíduos,incorporando os interesses de todos, sendo, portanto, a base decontinuidade das suas exist7ncias" 4essa forma, o capital firma-se dianteda sociedade n(o apenas como poder de facto, mas também comopoder de jure na sociedade, já que ele se apresenta como condi(o

necessária e objectiva da reprodu(o societária e, portanto, como ofundamento constitucional da sua própria ordem política" A legitimidadeconstitucional do capital é historicamente baseada na expropria(odirecta dos produtores das condi!es de reprodu(o sócio-metabólica os instrumentos e materiais do trabalho , portanto a alegada3constitucionalidade3 do capital como a origem de todas asconstitui!es é inconstitucionalJ mas esta verdade intragável perde-se

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nas brumas do passado remoto" Kistoricamente, os 'poderes sócio) produtivos do trabalho, ou os poderes produtivos do trabalho social,primeiro desenvolveram-se como o modo de produ(o especificamentecapitalista, por isso aparecem como algo imanente 2 rela(o capital edela inseparável3 [+; " 9 modo de reprodu(o sócio-metabólico do

capital legitima)se e eterniza)se como sistema legitimamenteinquestionável" 1ó se aceita como legítimo o questionamento deaspectos menores de uma estrutura global inalterável" 4esaparece averdadeira quest(o que habita o plano da reprodu(o sócio-económica qual seja, poder produtivo do trabalho efectivamente exercido e a suanecessidade absoluta para assegurar a reprodu(o do próprio capital"Bsso acontece, em parte, devido 2 ignor)ncia da origem histórica n(olegitimável da acumula(o primitiva do capital e 2 concomitante egeralmente violenta expropria(o da propriedade como pré-condi(o domodo actual de funcionamento do sistemaJ e, em parte, devido 2nature+a mistificadora das rela!es produtivas estabelecidas" 9u seja,

as condiç"es objectivas do trabalho n(o aparecem como subsumidas aotrabalhador, ao invés disso, é ele que aparece subsumido 2quelas" 9:A#B/A. *M(9*6F 9 /HAVA.K9" 8esmo na sua simplicidade, essarela(o é uma personifica(o de coisas e uma reifica(o de pessoas"[+< 

0ada disso pode ser contestado e solucionado por uma reforma políticaparlamentar" 0em mesmo nas circunst)ncias mais favoráveis, como asda avalanche de votos, em >?M&, a favor do #artido /rabalhista daBnglaterra" /al avalanche, no entanto, foi precedida pelo reflorescimentoda crítica do sistema em ra+(o dos sacrifícios impostos 2s massaspopulares durante a depress(o que se abateu sobre o país durante alonga depress(o do período entre guerras e a dura realidade da guerraque se seguiu" 1eria absurdo esperar a aboli(o por decreto político da0personificaç!o de coisas e reificaç!o de pessoas', assim como seriaabsurdo esperar a proclama(o de tal reforma nos limites das institui!espolíticas do capital" 9 sistema do capital n(o pode funcionar sem a

perversa invers(o das rela!es entre pessoas e coisas6 o poder reificadoe alienado do capital que domina as massas" 4a mesma forma, seria ummilagre se os trabalhadores, que no processo de trabalho confrontam ocapital como 3trabalhadores isolados3, pudessem reaver o controlo dospoderes sócio-produtivos do seu trabalho através de algum decretopolítico, ou mesmo por uma longa série de reformas parlamentaresdecretadas sob a ordem sócio-metabólica de controlo do capital" *m taisquest!es, n(o há como evitar o conflito inconciliável em torno de

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objectivos materiais 3mutuamente excludentes'.

9 capital n(o pode abdicar dos seus usurpados poderes sócio-produtivos em favor do trabalho, nem pode compartilh+)los com ele, namedida em que eles constituem o poder global de controlo da reprodu(o

societária sob a forma da 'dominaç!o da ri-ueza sobre a sociedade'. #or isso é impossível escapar, dentro do domínio do sócio-metabolismofundamental, 2 severa lógica dos interesses 3mutuamente excludentes3"9u a rique+a, sob a forma do capital, continua a comandar a sociedadehumana, levando-a aos limites da auto-destrui(o, ou a sociedade deprodutores associados aprende a comandar a rique+a alienada ereificada usando os poderes produtivos resultantes do trabalho socialauto-determinado dos seus membros individuais" 9 capital é a forçaextra)parlamentar par excellence que n(o pode ser politicamente limitadano seu poder de controlo sócio-metabólico" *ssa é a ra+(o pela qual a$nica forma de representa(o política compatível com o modo defuncionamento do capital é aquela que efectivamente nega apossibilidade de contestar o seu poder material. *, justamente porque é afora extra-parlamentar par excellence, o capital nada tem a temer dasreformas decretadas no interior da estrutura política parlamentar" Aquest(o vital, da qual tudo depende, é que 3as condiç"es objectivas dotrabalho n(o aparecem como subsumidas ao trabalhador3, mas, aocontrário, 3este aparece subsumido 2quelas3, por isso mesmo nenhumamudana significativa é viável sem que se volte a esta quest(o, tanto por

meio de políticas capa+es de desafiar o poder e os modos de ac(oextra-parlamentar do capital como na esfera da reprodu(o material"#ortanto, o $nico desafio que poderia, de modo sustentável, afectar opoder do capital seria aquele que simultaneamente assumisse asfun!es produtivas decisivas do sistema e adquirisse o controlo sobretodas as esferas correspondentes de tomada de decis(o política, em ve+de ser limitado pelo confinamento circular da ac(o política legítima 2legisla(o parlamentar"

:ertamente, a castra(o da política socialista é perfeitamente compatível

com as rela!es de poder do capital e com o seu $nico modo viável deopera(o, em todas as suas formas. Pá que 3as condi!es objectivas dotrabalho n(o aparecem como subsumidas ao trabalhador3 muito pelocontrário , o trabalhador como trabalhador isolado no processo detrabalho pode legitimamente ser considerado como tal noutrasimportantes esferas do processo de reprodu(o e distribui(o social" 0apolítica, ele ou ela podem politicamente agir como eleitores isolados

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que tomam as suas decis!es estritamente so+inhos na privacidade dacabina de vota(o" * na esfera material do 3consumo produtivo3, damaior import)ncia, que completa o ciclo da reprodu(o ampliada docapital eles podem novamente surgir como 3consumidores soberanos3 estritamente individuais e isolados que n(o mant7m qualquer rela(o

com a sua classe" Ao contrário, agem desta ve+ consultando, n(o assuas conscincias moral e política na inviolabilidade da cabina eleitoral,como o fi+eram na condi(o de 3eleitores soberanos3, mas sua'conscincia racional ou 3faculdade racional3 para calcular e maximi+aras 3utilidades marginais privadas3" 9 sistema pós-capitalista de tiposoviético manteve essa mesma rela(o, apesar da aboli(o da forma docapitalista privado como personifica(o do capital" 9 trabalhadorpermaneceu subsumido 2s condi!es objectivas do trabalho, ao controloautoritário do *stado gerido pelas personifica!es pós-capitalistas docapital" 0a qualidade de trabalhadores isolados, que sob nenhumacircunst)ncia poderiam organi+ar a si próprios vis)$)vis da autoridadecontroladora do processo de trabalho, poderiam ser premiados comoindivíduos 3staZhanovistas3 exemplares a serem emulados por outrosou punidos e enviados aos milhares aos campos de trabalho como3sabotadores criminosos3 e 3agentes inimigos3" 8as o trabalho em si n(opoderia adquirir legitimidade como agente colectivo do processo detrabalho, muito menos assumir o controlo da reprodu(o sócio-metabólica como um todo" *mbora, sob o planeamento autoritário, aideia do 3consumidor soberano3 n(o pudesse ser mantida, a quest(o do

consumo também era regulada numa base individual profundamentediscriminatória mesmo no caso de 3staZhanovistas3 e 3trabalhadoresexemplares3" =oi mantida inclusive a fic(o do 3voto secreto3, pela qualos 3indivíduos socialistas3 deveriam consultar as suas 3consci7nciasmoral e política3 na privacidade da cabina de vota(o, e chegar 2sesperadas respostas un)nimes que legitimavam o estado de coisas"/udo isso de modo algum é surpreendente, pois diferenas substantivasdo campo da política e no 3consumo produtivo3 só seriam viáveis caso sealterasse radicalmente o princípio estrutural do sistema do capital, quedeve manter os trabalhadores de um modo ou de outro subsumidos

2s condi!es objectivas do seu próprio trabalho"

9 poder extra-parlamentar do capital só pode ser enfrentado pela fora epelo modo de ac(o extra-parlamentares do trabalho" Bsso é ainda maisimportante se levarmos em conta a completa desintegra(o doreformismo parlamentar do movimento do trabalho, proclamado eseguido no passado, com o fito de fornecer o trabalho ao capital sob a

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forma de subst)ncia eleitoral fragmentada" Hosa .uxemburgo escreveuhá muito tempo, profeticamente, que

o parlamentarismo é o viveiro de todas as actuais tend7nciasoportunistas da social-democracia ocidental" """ fornece fundamento 2s

ilus!es do oportunismo actual, tais como a valora(o exagerada dasreformas sociais, a colabora(o entre partidos e classes, a esperana deum desenvolvimento pacífico para o socialismo etc" """ :om ocrescimento do movimento do trabalho, o parlamentarismo transformou-se na mola impulsionadora dos carreiristas políticos" ; por isso quetantos ambiciosos fracassados da burguesia afluem para os estandartesdos partidos socialistas """ W9 objectivo éY dissolver o sector de classeactivo e consciente do proletariado na massa amorfa de um 0eleitorado0.[+8 

 A dissolu(o, tratada por Hosa .uxemburgo como uma ameaa, foicompletamente reali+ada nos nossos dias, utili+ando a no(o de3eleitorado amorfo3 como o seu fundamento ideológico legitimador" #oresse processo, n(o apenas a social-democracia ocidental claramentereformista, mas também os afiliados anteriormente revolucionários da/erceira Bnternacional, se transformaram em partidos liberais burgueses,consumando dessa forma a capitula(o do 3brao político3 do trabalhoaos imperativos 3racionais3 e 3realistas3 do capital" /udo isso veio aocorrer de um modo muito mais fácil do que se poderia imaginarpreviamente, pois o processo de dissolu(o das estratégias defensivasdo trabalho foi objectivamente auxiliado e sustentado pelas rela!es depoder material do sistema do capital, que, no processo de produ(o econsumo, pode apenas reconhecer o trabalhador e o consumidor isoladoe, na esfera política, o eleitor equivalente ao trabalhador impotente" *ssaé a ra+(o pela qual a política 3representacional3, ao invés de efectivar aprometida 3via italiana para o socialismo3 teve finalmente que sedegradar em todas as suas partes até ao nível do exercício de rela!esp$blicas comuns, excretando das suas entranhas e catapultando para oápice da política parlamentar criaturas 3representativas3, como o

magnata da media 1ilvio Verlusconi, exactamente no país do, outrora,#artido :omunista de Cramsci"

0aturalmente, nos países de 3capitalismo avanado3, contra o pano defundo do clamoroso malogro histórico do reformismo e da políticarepresentacional em geral, qualquer mudana é impensável sem areconstitui(o radical do movimento do trabalho na sua integridade eem escala internacional como fora extra-parlamentar" A separa(o,

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que cava a sua própria sepultura, entre o 'brao político3 e o 3braosindical3 do trabalho comprova todos os dias nada mais ser do que umanacronismo histórico irremediável" Bsso ocorre em rela(o n(o apenasao seu óbvio fracasso na arena política ao longo de todo o século, mastambém devido 2 sua incapacidade de atrair para si os milh!es de

3pessoas supérfluas3 desempregadas, expulsas do processo de trabalhoa uma velocidade alarmante pelos imperativos desumani+adores do3capital produtivo3" Ao definir as suas estratégias como movimentopolítico organi+ado, a fora de trabalho ainda empregada n(o pode dar-se ao luxo de desconsiderar por mais tempo as afli!es profundas assim como a grande fora potencial desses incontáveis milh!es,mesmo porque amanh( o mesmo destino deve atingir crescentesparcelas da fora de trabalho ainda empregada" 4ado o papel facilitadore servil da política a favor do modo de controlo sócio-metabólico docapital ideologicamente racionali+ado e justificado por slogans do tipo3aumento da produtividade3, 3vantagem competitiva3, 3disciplina demercado3, 3globali+a(o3, 3efici7ncia de custos3, enfrentar o desafio dos3cinco pequenos tigres3, ou qualquer outro , muito pouco se podeesperar das institui!es parlamentares como est(o hoje articuladas"1omente uma interven(o radical na 3economia3 perdulária do processoreprodutivo material da ordem estabelecida pode rectificar com sucessoa impot7ncia do trabalho, desde que ela consiga afirmar-se contra osfactores mais desfavoráveis hoje dominantes pela ac(o articulada deum macio movimento extra-parlamentar" ; isto que p!e em relevo a

actualidade histórica da ofensiva socialista"4evemos enfati+ar novamente que, como mencionamos na sec(o>D">">, a actualidade histórica da ofensiva socialista dada a exaust(odas concess!es interesseiras que o capital podia fa+er no passado a ummovimento do trabalho defensivamente articulado n(o significa que osucesso esteja assegurado nem que a sua reali+a(o esteja próxima"'8istórica', aqui, significa, por um lado, que a necessidade de instituiralgumas mudanas fundamentais na organi+a(o e a orienta(o domovimento socialista se apresentou na agenda históricaJ e, de outro lado,

que o processo em quest(o se desdobra sob a press(o dedetermina!es históricas poderosas, empurrando a fun(o social dotrabalho na direc(o de uma ofensiva estratégica prolongada caso queirareali+ar n(o apenas os seus objectivos potencialmente globais, mastambém os seus objectivos mais limitados" 9 percurso 2 frente éprovavelmente muito árduo e , certamente, n(o tem atalhos nem podeser evitado"

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 As mediaç"es históricas necessárias, vistas como passos viáveis para areali+ada ordem sócio-metabólica alternativa do trabalho s(o inerentestanto 2 persegui(o do objectivo uma interven(o radical, n(oconfinada 2 esfera política, que constitua uma contesta(o directa das

estruturas materiais da própria rela(o capital que subsume o trabalho 2scondi!es reificadas e alienadas do seu exercício, condenando o sujeitodo processo de produ(o 2 total impot7ncia dos trabalhadores isolados como 2 forma de ac(o necessariamente extra-parlamentar pela qualeste objectivo pode ser progressivamente tradu+ido em realidade" #ois,dada a própria nature+a deste empreendimento, para haver qualquerpossibilidade de sucesso, é necessário enfrentar e superar já nos

 primeiros passos ainda que no início apenas em contextos limitados a perniciosa disjun(o entre economia e política, que serve apenas aomodo sócio-metabólico de controlo do capital, assim como a separa(oentre os seus braos 3político3 e 3sindical3, que por si própria derrota otrabalho, como se comprovou com dolorosa contund7ncia nos $ltimoscem anos"

4evemos também salientar que a nega(o prática materialmente efectivadas estruturas reprodutivas dominantes por meio de ac(o e organi+a(oextra-parlamentar n(o implica a aus7ncia de leis nem mesmo a rejei(oapriorística do próprio #arlamento" *nvolve, contudo, a contesta(oorgani+acionalmente sustentada dos limites cerceadores favoráveis ao

capital, que as tendenciosas 3regras do jogo3 parlamentar imp!em aotrabalho, como antagonista do capital" 0aturalmente, mesmo numagenuína sociedade socialista do futuro, n(o se pode ignorar a quest(o dalegisla(o nem agir como se fosse inexistente" 9 que decidirá a quest(oserá a rela(o entre os produtores associados e as regras que elesdefinir(o para si próprios graas a formas apropriadas de tomada dedecis(o" :ertamente, 8arx estava convencido de que, numa sociedadesocialista desenvolvida, muitas das inevitáveis exig7ncias deregulamenta(o exigidas poderiam ser atendidas por meio dos costumese tradiç"es estabelecidos pelas decis!es autónomas e inter-rela!es

espont)neas dos indivíduos que vivem e trabalham numa estrutura desociedade n(o concorrencial" 1em isso, é inconcebível a supress(o dapolítica como esfera alienada, tornando impensável também o3fenecimento do *stado3" 8as também é claro que, para o futuroprevisível, muitas das exig7ncias de regulamenta(o geral devempermanecer associadas a procedimentos legislativos formais" #or isso, 3asabedoria parlamentar de iludir os outros e iludir-se ao iludi-los3, citada

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na sec(o >D">"G, deve ser considerada 3tanto pior3 e n(o 3tanto melhor3"

#ortanto, o papel do movimento extra-parlamentar do trabalho é duplo"*m ve+ de auxiliar a reestabili+ar o capital nas crises, como ocorreu em

situa!es importantes do passado reformista, ele deve, por um lado,afirmar os seus interesses estratégicos como alternativa sócio-metabólica pelo confronto e pela necessária nega(o, em termospráticos, das determina!es estruturais da ordem estabelecida que semanifestam na rela(o capital e na concomitante subordina(o dotrabalho no processo sócio-económico de reprodu(o material" #or outrolado, o poder político do capital dominante no #arlamento precisa e deveser contestado por meio da press(o que as formas de ac(o extra-parlamentar podem exercer sobre o .egislativo e o *xecutivo, comotestemunhamos pelo impacto causado pelo movimento de 3uma $nicaquest(o3 contra a taxa(o por cabea, que desempenhou papel decisivona queda de 8argaret /hatcher do cimo da pir)mide política" 1em acontesta(o extra-parlamentar estrategicamente orientada e sustentada,os partidos que se alternam no governo podem continuar a oferecer a sipróprios alibis recíprocos para o fracasso estrutural do sistema emrela(o ao trabalho, confinando efectivamente o movimento do trabalhoao papel de um apndice inconveniente, mas marginalizado, no sistemaparlamentar do capital" #ortanto, em rela(o tanto ao domínioreprodutivo material como ao político, a constitui(o de um movimento

socialista extra-parlamentar de massas estrategicamente viável emconjun(o com as formas tradicionais de organi+a(o política dotrabalho, hoje desesperanadamente sem rumo e fortementenecessitadas do apoio e da press!o radicalizantes de tais foras extra-parlamentares é uma pré-condi(o vital para a contraposi(o aomacio poder extra-parlamentar do capital"

-.6A > .enine, 39n the 1logan for a Inited 1tates of *urope3, 4ollected GorBs, vol. %>, pp" GG?-MQescrito em Agosto de >?>& Wed" port" Hbras escolhidas em trs tomos, op" cit, tomo >, p" &\?Y"/ambém vale mencionar que, neste contexto, segundo &he &imes %% de Pulho de >??&, com basenuma informa(o da A# de 8oscovo,

 A :orte 1uprema russa premiou, com ?"MQQ libras esterlinas, por danos, <alentio <arenniZov, umparticipante do golpe soviético de >??> que foi absolvido no ano passado das acusa!es detrai(o"; significativo nesta pequena notícia que <arenniZov tenha insistido na época do projectado mas,claro, jamais reali+ado, julgamento, que ele queria ser julgado publicamente pela sua alegadaparticipa(o no golpe falso e mal condu+ido de Corbachev, de modo a ser capa+ de revelar o querealmente tinha acontecido e quem deu as ordens" 0(o poderia, portanto, ter sido mais apropriadoque o 3golpe que nunca existiu3 fosse seguido por um 3julgamento que nunca existiu3, e que todoaquele assunto sórdido tivesse por conclus(o o pagamento de uma grande soma de dinheiro

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em termos de rublos russos uma verdadeira fortuna a um acusado pela :orte 1uprema do país,em ve+ de uma sentena de pris(o"% 8arx, &he (overtI of (hilosophI. .ondres, .aSrence ` Uishart, s"d", p" >%G"G 8arx, John, (reis, und #rofit, Uages, #rice and #rofit" 8*U" vol" >\, p" >&G Wed" bras" Kal+rio,

 preço e lucro, op" cit", p" GG@Y"M Bd", ibid", itálicos de 8arx, Wed" bras", op" cit", p" G@@Y"& 3/irando o facto que era apenas o levante de uma cidade em condi!es excepcionais, a maioriada :omuna n(o era, de modo algum, socialista nem o poderia ser" :om um pouco de bom senso,porém, eles poderiam ter chegado a um acordo com <ersalhes $til para toda a massa do povo a$nica coisa que poderia ser alcanada na ocasi(o3 8arx, :arta a 4omela 0ieuSenhuis, %% de=evereiro de >DD>"\ Bd" ibid"@ 34iscurso pronunciado numa reuni(o de activistas da 9rgani+a(o de 8oscovo do #:Hb3, \de 4e+embro de >?%Q" .enine, 4ollected GorBs. vol" %>" pp" MM >-%"D Anota!es de um repórter sobre o discurso feito por 8arx na reuni(o celebrada em Amesterd(oa D de 1etembro de >D@% cf" 8*U, vol" >D, p" >\Q"? 8arx, :arta a 0" =" 4anielson, >? de =evereiro de >DD> 8*U, vol" G&, p" >&@, itálicos de 8arx"

>Q 8arx, Crndrisse, pp" MQD e M>Q edi(o alem(6 pp" G>> e G>G-M">> Bd, ibid", pp" MQ?->Q edi(o alem(, p" G>G"

>% *stes problemas foram discutidos nos capítulos >& e >\" 9 facto de o fim da Cuerra =ria n(oter permitido a distribui(o dos 3dividendos da pa+3" deixando o complexo industrial-militar emposi(o dominante nos países líderes capitalistas, acentua a import)ncia destas arraigadasconex!es económicas">G &he &imes, %% de 1etembro de >?D>">M *ngels, :arta a A" Vebel, >"% de 8aio de >D?>">& 8arx, :arta a Uilhelm VracZe, & de 8aio de >D@&">\ .uZács, 3/actics and *thics3 >?>?, (olitical Gritings, >?>?->?%?" .ondres, 0.V, >?@%, p" G>">@ &he KundaI &imes, %> de =evereiro de >?D%" #odemos ver novamente, o quanto se utili+a oimperativo desesperado de uma cega submiss(o ao determinismo económico do capital paradecretar o reconhecimento de que 3n(o há alternativa3 uma ve+ mais, apenas uma outra 3lei3burguesa da 3nature+a3 como critério incontestável da 3sanidade3 e da liberdade">D ; profundamente enganoso representar estes dois como polaridades opostas, com a sugest(o

de que o segundo introdu+ algumas inova!es importantes em rela(o ao primeiro" 4e facto, pormuito tempo, cada variedade de ZeFnesianismo foi uma aventura quixotesca que carregava dentrode si o seu 1ancho #ana friedmanesco na fase 3 stop 3 da sua política semafórica de 3 stopand go 3 e vice-versa" 8as talve+ um modo mais adequado de captar a sua verdadeirasignifica(o e o seu impacto seja reconhec7-los como um cancro nos intestinos um do outro,intensificando reciprocamente as consequ7ncias das suas ac!es separadas" 9 facto de que ocancro do monetarismo teve que emergir recentemente de forma particularmente funesta dasentranhas ZeFnesianas apoiando abertamente com a sua alegada vis(o 3iluminada3 a maioriadas brutais ditaduras militares, do :hile a *l 1alvador, para n(o mencionar o todo poderosocomplexo industrial-militar norte-americano só mostra que o desenvolvimento que se pretenden(o problemático na verdade desenvolvimento modelo já n(o se sustenta mais" *nquanto isso,lenta mas seguramente, aumenta a acelera(o, na direc(o oposta, de mais uma oscila(o dop7ndulo6 sem d$vida, em pouco tempo seremos apresentados 2 outra variante ZeFnesiana de

milagre, mesmo que por um período muito mais curto do que os 3dias feli+es3 da expans(o do pós-guerra" 0este sentido, os apologistas do capital continuam a lembrar-nos a frase queverdadeiramente 3n(o há alternativa3" 8as esperar pela restaura(o da sa$de do capital ao seuestado vigoroso anterior pela ac(o de qualquer um dos dois, ou realmente os dois juntos, é aolado do fiat de 3sanidade3 outro notável exemplo da perigosa doce ilus!o que domina a nossavida sócio-económica na actualidade">? Bmagine o governo, na sua sabedoria, a montar um grupo de trabalho de peritos cuja tarefaseria inventar um sistema para dar má fama 2 privati+a(o" 9 primeiro passo seria transferir omonopólio dos servios p$blicos para o sector privado com um mínimo de competi(o e, pelosprimeiros cinco anos, um regime de preos muito generoso" 9 segundo passo seria designar

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reguladores que, tendo permitido a esses servios p$blicos amealhar uma enorme base de lucros,se inclinariam mais para os interesses accionistas que dos clientes ao decidir a estrutura de preosda ind$stria" 9 terceiro passo, vital, seria permitir aos directores e presidentes destes serviosprivati+ados confirmarem que tais ind$strias monopolistas negociam com dinheiro do VancoBmobiliário, pagando a si próprios enormes salários, op!es em ac!es e aposentadoriasprivilegiadas" 0(o importa que muitas destas pessoas n(o tenham sequer um $nico ossoempresarial nos seus corpos" 0(o importa que a maioria nunca sequer tenha assumido um riscoem suas vidas" *las parecem ser motivadas pelo lema do filme Gall Ktreet, de >?DQ" 'A ambi(o éboa'" 9 governo, ent(o, n(o teria nenhuma necessidade de um tal grupo de trabalho" 9 sistema jáexistente cumpre muito bem esta tarefa"3 1e alguém pensa que esta cita(o vem de umapublica(o socialista pequena, prepare-se para uma grande surpresa, pois ela foi retirada do artigoeditorial sob o título 3#rivati+ation is noS a dirtF Sord3 #rivati+a(o é agora um palavr(o, queapareceu em >M de Agosto de >??M no jornal conservador brit)nico de maior circula(o, &heKundaI &imes. 4e facto o editorial termina com um lamento6 3*ste jornal apoia a privati+a(o" 0ósn(o temos nada com aqueles que criticam os ganhos financeiros que se concedem 2queles queexibem genuína iniciativa" Bnfeli+mente, o governo fe+ tudo muito fácil para que o nome deprivati+a(o, respeitado no passado fosse arrastado em inf)mia3"%Q 3Vurden of opposition3, &he &imes, > de Agosto de >??&"%> Kegel, &he (hilosophI of 9ight, p" %Q>"%% Hobert /aFlor, 3VloS for unions in derecognition case3, :inancial &imes, >@ de 8aro de >??&"

%G Bd", ibid"%M Attila Pó+sef, *szmlet 3:onsci7ncia3 ou, mais precisamente" 3/omada de consci7ncia3%& Housseau, &he Kocial 4ontract, *verFman *dition, p" @D ed" bras" H contrato social, 1" #aulo,

 Abril :ultural, >?@D, p" >QD"%\ Bd", ibid", p" @?" ed" bras" op" cit", p" >Q?"%@ ld", ibid", p" M%" ed" bras", op" cit", p" \\"%D Kugo :háve+ =rias, (ueblo, Kufragio I 3emocracia, Rara, *diciones, 8VH-%QQ, >QQG, pp"&-\%? Bd", ibid", p" ?"GQ Bd, ibid, p" >>G> Bd", ibid", pp" D->>"G% Bd", ibid", p" ?"GG <er 0orberto Vobbio6 (olítica e cultura, *inaudi, /orino, >?&&" 3e 8obbes a Marx, 0apoli,8orano *ditore, >?\&" Kaggi sulla scienza política in ;talia, Homa ` Vati, *ditori .ater+a, >?@>"

Luale Kocialismo 3iscussione di un0alternativa, /orino, *inaudi, >?@\" 3alla strutura alla funzione#1uovi studi di teoria del diritto, 8il(o, *di+ioni di :omunitá, >?@@J &he future of democracI# adefense of the rules of the game, 9xford, #olitF #ress, >?D@"GM 0as palavras de Vobbio6 3Actualmente est(o em primeiro plano n(o só os direitos 2 liberdade,ou o direito ao trabalho e 2 segurana social, como também, por exemplo, o direito da humanidadeactual, e ainda das gera!es futuras, a viver num ambiente n(o contaminado, o direito 2 procria(oauto-regulada, o direito 2 privacidade diante da possibilidade que hoje o *stado tem de saberexactamente tudo o que fi+emos" Além disso, queria assinalar a gravíssima ameaa 2 conserva(odo património genético gerada pelo progresso técnico da biologia, ameaa 2 qual n(o se poderáresponder sen(o pelo estabelecimento de novos direitos3, Vobbio" 3 1uevas fronteras de laiz-uierda 3, in6 .eviatán, n"_ M@, 8adrid, >??%, apud .o+ano, Cabriel <argas, M+s all+ delderrumbe# Kocialismo I democracia en la crisis de civilización contempor+nea, 8éxico ` 8adrid,1iglo NNB *ditores, >??M, p" >>@" Atentar especialmente nos capítulos '9pciones despois del

derrumbe3 e 3*l socialismo liberal3 para os inteligentes comentários do autor sobre o trabalho deVobbio"G& #eter Eeller" 3Vlair can reinvent socialism if he finds the right Sords3, &he KundaI &imes, ?de 9utubro de >??M"G\ 3Karold 8acmillan at D&6 An intervieS3, &he Jistener, D de =evereiro de >?@?" p" %Q?"G@ Pames 4ale 4avidson é criador e presidente da 3Ini(o 0acional dos :ontribuintes3,organi+a(o de direita 3e a fora dirigente da :onven(o :onstitucional para o equilíbrio dooramento3, de acordo com a publicidade enfática do seu livro citado a seguir" 9 seu sucesso emequilibrar o oramento dos *stados Inidos também é uma boa medida da qualidade das suasteorias"

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8/19/2019 A Atualidade Histórica Da Ofensiva Socialista

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GD Pames 4ale 4avidson e 1ir agora .ord Uilliam e Hees-8ogg, 5lood in the streets6investment profits in a Gorld Cone Mad, .ondres, 1idgSicZ ` PacZson, >?DD" pp" >&\-@" 9 título dolivro refere-se a um famoso ditado do bar(o 0athan Hothschild6 3A época de comprar é quando osangue corre nas ruas3"G? Bd", ibid", p" >&@"MQ <er 0oam :homsZF, 3/he responsibilitF of Bntellectuals3, in &he 3issenting FcademI, 0ovaBorque, /heodore Hos+aZ, Handom Kouse, >?\@,-e KarmondsSorth, #enguin VooZs, >?\?"M> #hilip Vasset, 3.abour shoSs it means to do business Sith business3, &he &imes, @ de Abril de>??&" Vlair fe+ esta confiss(o, de estar na chefia do partido das empresas inglesas, durante umafesta perante a :onfer7ncia =eminina /rabalhista em 4erbF no >"_ de Abril de >??&"M% ld", ibid", A 3:omiss(o sobre #olíticas #$blicas e 0egócios Vrit)nicos3, recentementeinaugurada pelo #artido /rabalhista, como nos informa o artigo de #hillip Vasset do &imes, incluiráentre uma pletora de luminares6 4avid 1ainsburF, líder do grupo de supermercados o conselheirode Reltsin, professor Hichard .aFard da .ondon 1chool of *conomics, e 1ir :hristopher Karding,ex-presidente da Vritish 0uclear =uels e, por vinte anos, director da Kanson, um dos maiorescontribuintes do #artido :onservador e mais activos sustentáculos dos empresários3"MG 39 presidente 8andela deu ontem um importante impulso 2 multimilionária e crescenteind$stria de armamentos da Tfrica do 1ul oferecendo-lhe, pela primeira ve+ publicamente, a suab7n(o pessoal 9 endosso p$blico foi bem recebido pelos fabricantes de armas da Tfrica do1ul, que acreditam que o seu apoio os ajudará a assegurar transac!es futuras" Abba 9mar,

falando em nome da Armscor, a ag7ncia bélica estatal, disse6 39 presidente deu pela primeira ve+inequivocamente o seu apoio 2 ind$stria de armamentos" 0(o é exagero di+er o quanto este seuselo de aprova(o nos é importante33 Bnigo Cilmore, 38andela applauds 1outh Africa's rising armstrade3, &he &imes, %G de 0ovembro de >??M"MM 8*:U, vol" GM, p" M\Q" Btálicos de 8arx"M& Bd" Bbid", p" M&@" Btálicos de 8arx"M\ Bd"" ibid", p" M&\" Btálicos de 8arx"M@ Bd", ibid", p" M&@" 8ai$sculas e itálicos de 8arx"MD Hosa .uxemburgo, 39rgani+ational questions of the 3Hussian 1ocial 4emocracF33, publicadosob o título 3.eninism or 8arxismL3, em &he 9ussian 9evolution and Jeninism or Marxism,introdu(o de Vertram 4" Uolfe, /he IniversitF of 8ichigan #ress, Ann Arbor, >?@Q, p" ?D"W0/Y 3Uhip3 é chicote ou, também, um membro de um partido que, no parlamento, é responsávelpela disciplina partidária, desde a compar7ncia 2s vota!es e comiss!es até ao voto de cada

parlamentar nas quest!es em disputaJ 3three line3 refere-se ao ritual de controlo que ocorre nointerior do parlamento ingl7s 0"/""