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niversidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) Florianópolis, Santa Catarina XIV SIMGeo Simpósio de Geografia da UDESC 2º SEMINÁRIO NACIONAL DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO ÁREA TEMÁTICA: DESENVOLVIMENTO SOCIOAMBIENTAL, GESTÃO DE RISCOS E DESASTRES UTILIZAÇÃO DA REDE NEURAL ARTIFICIALDO TIPO MULTI LAYER PERCEPTRON PARA O AUXÍLIO À IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS DE RISCO DE DESLIZAMENTO NO ESTADO DO PARANÁ Aline Bernarda Debastiani1 1 Maurício de Souza2 2 Mosar Faria Botelho3 3 Renata Diane Menegatti4 4 Resumo Os deslizamentos no mundo inteiro têm causado grandes perdas econômicas e sociais. Com o uso de geotecnologias associadas ao potencial de inteligência artificial acredita-se que se possa prevenir ou amenizar os impactos causados por tal evento. Objetivou-se com este trabalho testar a técnica da rede neural artificial (RNA) como ferramenta a ser aplicada para verificar áreas com potencial de deslizamento. Buscou-se junto aos órgãos competentes do estado informações referentes a localização espacial de áreas de ocorrência de deslizamentos, além de dados referentes ao uso e ocupação do solo, imagem espectral, classe de solo, declividade, hidrografia, direção e comprimento do fluxo para um mesmo local de ocorrência dos eventos, e estas informações foram atribuídas na camada de entrada da RNA. O melhor resultado para o aprendizado correspondeu a 91,66% de acerto, desta forma, fica evidente que a rede neural artificial do tipo multilayerperceptron,é eficaz na predição de áreas com potencial de deslizamentos. Palavras-chave:Inteligência artificial, áreas susceptíveis, gestão de riscos. Abstract Landslides all over the world have been causing huge economic and social losses. With the use of geotechnologies associated to the potential of the artificial intelligenceis believed that it is possible to preventor mitigate the impacts caused by suchevent. The objective of this study was to test the technique of artificial neural network (ANN) as a tool to be applied to verify areas of potential landslides. We sought from the competent organs of the state information concerning the spatial location of areas of landslides, as well as data concerning the use and occupation of land, spectral imaging, class of soil, slope, hydrography, direction and length of the flow in the same place of occurrence of events, 1 Mestranda em Engenharia florestal na Universidade do Estado de Santa Catarina. E- mail:[email protected] 2 Mestrando em Sensoriamento Remoto na Universidade Federal do Rio Grande do sul. E-mail: [email protected] 3 Professor Doutor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais. E-mail: [email protected] 4 Mestranda em Produção Vegetal naUniversidade do Estado de Santa Catarina. E-mail: [email protected]

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XIV SIMGeo Simpósio de Geografia da UDESC

2º SEMINÁRIO NACIONAL DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO ÁREA TEMÁTICA: DESENVOLVIMENTO SOCIOAMBIENTAL, GESTÃO DE

RISCOS E DESASTRES

UTILIZAÇÃO DA REDE NEURAL ARTIFICIALDO TIPO MULTI LAYER

PERCEPTRON PARA O AUXÍLIO À IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS DE RISCO DE DESLIZAMENTO NO ESTADO DO PARANÁ

Aline Bernarda Debastiani11 Maurício de Souza22

Mosar Faria Botelho33 Renata Diane Menegatti44

Resumo

Os deslizamentos no mundo inteiro têm causado grandes perdas econômicas e sociais. Com o uso de geotecnologias associadas ao potencial de inteligência artificial acredita-se que se possa prevenir ou amenizar os impactos causados por tal evento. Objetivou-se com este trabalho testar a técnica da rede neural artificial (RNA) como ferramenta a ser aplicada para verificar áreas com potencial de deslizamento. Buscou-se junto aos órgãos competentes do estado informações referentes a localização espacial de áreas de ocorrência de deslizamentos, além de dados referentes ao uso e ocupação do solo, imagem espectral, classe de solo, declividade, hidrografia, direção e comprimento do fluxo para um mesmo local de ocorrência dos eventos, e estas informações foram atribuídas na camada de entrada da RNA. O melhor resultado para o aprendizado correspondeu a 91,66% de acerto, desta forma, fica evidente que a rede neural artificial do tipo multilayerperceptron,é eficaz na predição de áreas com potencial de deslizamentos. Palavras-chave:Inteligência artificial, áreas susceptíveis, gestão de riscos.

Abstract Landslides all over the world have been causing huge economic and social losses. With the use of geotechnologies associated to the potential of the artificial intelligenceis believed that it is possible to preventor mitigate the impacts caused by suchevent. The objective of this study was to test the technique of artificial neural network (ANN) as a tool to be applied to verify areas of potential landslides. We sought from the competent organs of the state information concerning the spatial location of areas of landslides, as well as data concerning the use and occupation of land, spectral imaging, class of soil, slope, hydrography, direction and length of the flow in the same place of occurrence of events,

1Mestranda em Engenharia florestal na Universidade do Estado de Santa Catarina. E-

mail:[email protected] 2Mestrando em Sensoriamento Remoto na Universidade Federal do Rio Grande do sul. E-mail: [email protected] 3Professor Doutor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais. E-mail: [email protected] 4Mestranda em Produção Vegetal naUniversidade do Estado de Santa Catarina. E-mail: [email protected]

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and this information was given in the input layer of the ANN. The best result for learning corresponded to 91.66% accuracy in this way, it is evident that the artificial neural network multi layer perceptron, is effective in predicting areas of potential landslides. Keywords: Artificial intelligence,Susceptible areas, Risk management. Introdução

A região Sul do Brasil, composta pelos Estados do Paraná, Santa Catarina e

Rio Grande do Sul, é uma região de fluxos constantes de massas polares, que podem

provocar chuvas violentas ao longo de toda a costa, devido, principalmente a mudanças

bruscas de tempo e notáveis desvios pluviométricos anuais (HERRMANN et al., 2000).

Estes episódios pluviais intensos são diariamente registrados pelos meios de

comunicação, pois causam enchentes e deslizamentos, muitos dos quais são provenientes

da ocupação humana em áreas susceptíveis a riscos naturais, como áreas marginais aos

cursos d'água e a ocupação de encostas declivosas, que proporcionam a ocorrências de

deslizamentos (CRISTO, 2002).

Os deslizamentos merecem destaque especial, principalmente nos centros

urbanos, pois assumem proporções catastróficas, devido as alterações dos ambientes

naturais que aos poucos foram transformados em aterros, depósitos de lixo, desmatados, e

modificados quanto a drenagem, causando enormes prejuízos econômicos, bloqueando

vias de transporte, eque consequentemente podem levar a perda de vidas (AUGUSTO

FILHO & VIRGILI, 1998).

A previsão da ocorrência dos deslizamentos vem assumindo importância

crescente na literatura geomorfológica e geotécnica. No entanto, há diferentes concepções

do problema e diversas formas de investigação. Uma das ferramentas que busca prevenir e

amenizar os impactos causados pelos deslizamentos são as técnicas de inteligência

artificial, como por exemplo, as redes neurais artificiais (RNA).

As RNAssão ferramentas computacionais que simulam a estrutura e o

funcionamento do cérebro humano. Elas detéma capacidade de aprender os padrões e inter-

relação dos dados a partir de um conjunto de amostras utilizados para o treinamento, com

posterior aprendizado prever situações futuras (AZEVEDO et al., 2000).

As RNAs são amplamente utilizadas para soluções de problemas complexos,

onde o comportamento das variáveis não é rigorosamente conhecido. São utilizadas nas

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mais diversas áreas do conhecimento, principalmente em aplicações que envolvam

reconhecimento de padrões, assim como, análise de séries temporais, diagnósticos

médicos, previsões no mercado financeiro, prevenção a suscetibilidades ambientais, etc.

(SPÖRL, 2011).

O objetivo do presente trabalho é verificar se a RNA do tipo

multilayerperceptrontem a capacidade de aprender os padrões existentes nas áreas de

deslizamento no Estado do Paraná, e assim propor a utilização da ferramenta RNA para

identificar as áreas de risco de deslizamentos em outros estados do Brasil.

Materiais e Métodos

Área de estudo

Como campo de aprendizado da rede neural artificial do tipo

multilayerperceptron utilizou-se os locais cujas ocorrências de deslizamento foram

registradas e mapeadas pela Mineropar (2011) dentro do estado do Paraná, presentes nos

munícipios de: Antonina, Guaratuba, Matinhos, Morretes, Paranaguá, Quatro Barras e São

José dos Pinhais, como mostra a Figura 1.

Figura 1 – Representação gráfica da área de ocorrência de deslizamento utilizada como área de aprendizado

da RNA, no estado do Paraná.

Aquisição das informações

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A fim de conhecer as características das áreas de ocorrência de deslizamentos

no estado do Paraná, utilizou-se um mapa (Figura 2a) elaborado pela Mineropar (2011)

contendo as coordenadas geográficas dos locais analisados.

Com o intuito de caracterizar os deslizamentos, foram utilizadas informações

referentes ao valor espectral da imagem de satélite (RGB), uso e ocupação do solo, classe

de solo, hidrografia, declividade, direção do fluxo e comprimento do fluxo.A informação

espectral (RGB) para as áreas de ocorrência dos deslizamentos foi extraída do satélite

Landsat, datada de 2000, com resolução espacial de 30 metros (Figura 2b).

Para compor a informação de hidrografia, foi aproveitado o arquivo temático

denominado rios massa d’agua (Figura 2c), desenvolvido pela COPEL (2011) em parceria

com a ÁGUAS DO PARANÁ (2011).

Os dados referentes a classe de uso do solo foram extraídos do mapa de solos

do primeiro nível categórico datado de 2006 (Figura 2d), obtido gratuitamente pela

EMBRAPA (2006). Estas informações de uso e ocupação do solo foram extraídas a partir

de uma classificação supervisionada pelo método Maxver.

As informações quanto a declividade foi um produto obtido do modelo digital

de elevação ASTER GDEM, obtido gratuitamente pela ERSDAC (2009), o DEM foi

confeccionado a partir de imagens de pares estereoscópicos com 30 metros de resolução

espacial. Já a direção de fluxo foi gerada com o uso da imagem de declividade e a partir

disto, foi obtida a informação referente ao comprimento do fluxo.

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Figura 2 – Imagens utilizadas para caracterização das áreas de risco.

Com base na Figura 2a, pode-se observar que os locais de ocorrências de

deslizamento registradas e representadas na cor vermelha, estão localizados entre os

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municípios de Morrestes e Paranaguá, os quais coincidem com áreas de vegetação Figura

2b, distante de reservatórios de água Figura 2c e com solo do tipo cambissolo e

afloramento de rochas.

Processamento das informações

A imagem de ocorrência de deslizamento e os fatores associados a este evento

foram ajustados para a mesma cena de interesse. Todas as imagens foram projetadas para o

mesmo sistema de projeção UTM com o Datum WGS 1984, zona 22 sul,mosaicadas,

reamostradas para resolução espacial de 5 metros, e registradas com base em um sistema

cartográfico conhecido.

A informação de uso e ocupação do solo foi obtida a partir da imagem

multiespectral, seguida da classificação supervisionada, utilizando o programa Maxver,

para a definição das classes, sendo elas: vegetação primária, vegetação secundária, solo

exposto e água (Figura 3a).

O mapa de declividade do solo foi obtido a partir dos dados altimétricos do

sensor ASTER GDEM, que calcula a declividade considerando a diferença de altitude

entre dois pontos em relação a distância dos mesmos (Figura 3b).

A informação referente a direção de fluxo (FlowDirection) foi gerada a partir

da extensão SpatialAnalyst do software Arcgis 10 (Figura 3c). A direção de fluxo

determina a direção de maior declividade de um pixel em relação aos seus 8 pixels

vizinhos, este cálculo monta uma grade de pixels com o valor correspondente a direção do

escoamento da água (RENNÓ et al. 2008).

Com base no arquivo de direção de fluxo pode-se confeccionar o arquivo de

comprimento do fluxo (Figura 3d), que representa a rede de drenagem e contém os valores

de acúmulo da água em cada pixel, neste é atribuído o valor correspondente ao número de

pixels que contribuem para que a água chegue até o determinado pixel (MENDES &

CIRILO, 2001).

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Figura 3 - Mapas de onde foram extraídas as informações para treinamento pela RNA.

Integração dos dados na Multilayerperceptron

De posse dos mapas correspondentes à área de aprendizado, coletaram-se todas

as amostras dos locais onde ocorreram os deslizamentos, totalizando 332.718 amostras, e

para a área de não ocorrência foi aleatorizada sobre a imagem, a mesma quantidade de

pontos (332.718). A justificativa para a aleatorização da classe de não ocorrência foi

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devido a existência de um maior número de pontos. Estas coletas consistiram em capturar

o valor digital do pixel de todas as imagens nos determinados pontos espaciais definidos.

Utilizando o arquivo contendo o conjunto de todas as amostras coletadas, para

classe de ocorrência e não ocorrência, que totalizou 665.436 amostras, gerou-se a escala,

que corresponde a determinação dos valores mínimo e máximo da amostra total para cada

parâmetro, a partir da Equação (1) abaixo:

)(

1

MinMaxE

(1)

Na Equação (1), a letra E representa a escala observada para valores de

máximo (Max) e mínimo (Min) para cada parâmetro calculado.

Sobre os arquivos correspondentes as informações de coleta, foram

levantadosnovamente aproximadamente 38% dos dados, sendo que destes, 8,33% foi

destinado para treinamento e 30% para verificação do aprendizado da RNA. Ambos os

arquivos tinham informações distintas. Sendo que o arquivo para treinamento da RNA teve

50% dos dados correspondentes para a classe de ocorrências de deslizamento e os demais

50% para a classe de não ocorrência.

Os arquivos de treino e verificação, empiricamente tiveram suas linhas

intercaladas e assim a RNA teve a possibilidade de aprender os padrões do conjunto de

informações de forma simultânea.

As informações de diferentes fontes coletadas, ou seja, a informação espectral

(RGB), uso e ocupação do solo, declividade, hidrografia, direção do declive, comprimento

do declive e classe de solo, foram integradas na Rede Neural Artificial (RNA) para que a

mesma encontrasse o melhor modelo para os padrões existentes nas áreas de risco.

A arquitetura da RNA utilizada foi a perceptronmulti-camadas e algoritmo de

aprendizado retro-propagação (backpropagation), por ser a mais utilizada para

informações em modelos raster.

A Rede Neural Artificial (RNA) teve como dados da camada de entrada as

informações de uso e ocupação do solo, informação espectral (RGB), classe de solo,

hidrografia, declividade, direção do fluxo e comprimento de fluxo.

Buscando a melhor arquitetura de aprendizado da RNA foi alterado o número

de neurônios da camada de entrada, camada intermediária, taxa de aprendizado, momento

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e número de épocas de forma sucessiva e empírica. A função de ativação usada foi a

sigmoidal.

A rede neural artificial do tipo multilayerperceptronfoi programada em

ambiente Matlab.

Foi ajustado para que a saída da RNA fosse a ocorrência, podendo ser entre os

valores 0 e 1. Sendo que o valor 1 corresponde a locais com ocorrência de deslizamento e

valor 0 locais sem ocorrência de deslizamento.

Para verificar o treinamento, o algoritmo implementado foi ajustado para que a

RNA classificasse e quantificasse os locais de ocorrência e não ocorrência, ou seja, quando

o valor de verificação do aprendizado fosse menor ou igual a 0,4 corresponde aos locais

sem ocorrência de deslizamento, quando o resultado fosse maior que 0,6 correspondesse

aos locais com ocorrência de deslizamento, e quando o resultado fosse intermediário a

estes apresentados, considerado como sendo dúvida da RNA. Para verificação do quão

correto foi a saída da RNA, o algoritmo foi ajustado para que fosse somada a percentagem

dos acertos ou erros, levando em consideração o valor classificado pela RNA e o valor a

qual realmente corresponde.

Avaliação Dos Resultados

A verificação da eficiência da RNA na fase de treinamento, foi a partir do

ajuste do algoritmo, para que fosse somada a percentagem dos acertos, levando em

consideração o valor classificado pela RNA e o valor que a classe realmente corresponde.

Nestes resultados foram realizados alguns testes estatísticos de média, desvio padrão e

coeficiente de variação, com a utilização do o software Excel®.

Resultados e Discussão

Após a integração dos dados na RNA,variaram-se os parâmetros de forma

empírica e sucessivamente em busca de melhores resultados. Na segunda camada oculta,

variaram-se os neurônios sendo 10, 25, 40 e 55. A primeira camada oculta foi constituída

de três vezes o número de neurônios da segunda camada oculta. O número de época foi de

500 á 9500 com incremento de 1000 épocas. A taxa de aprendizado foi de 0.1, 0.51 e 1.01.

O momento foi de 0.1 com erro médio quadrático (RMS) de 0.00001.

O resultado obtido pela RNA que apontam deslizamentos na área experimental

está disposto na Tabela 1 abaixo.

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Tabela 1 - Resultados da RNA para os dados de ocorrência, não ocorrência e dúvida.

Classificação como

não ocorrência Classificação como

ocorrência Dúvida Média 44,4 51,86 3,73

Desvio Padrão 23,47 24,19 2,33 Coeficiente de variação 0,52 0,46 0,62

Maior acerto 47,02 49,16 3,8

Através do treinamento a RNA apontou como ocorrência de deslizamento

(valores maiores que 0,6) em média 51,86% de aproximadamente 100 treinamentos

realizados. Para a classe de não ocorrência (saída com valor menor que 0,4) obteve-se em

média 44,40% dos resultados.

Para a classe intermediária (entre 0,4 e 0,6) classificada com sendo dúvida da

RNA o valor médio foi de 3,73%.Segue na Tabela 2 a relação da percentagem de acertos

da RNA.

Tabela 2 - Acertos da RNA.

Acertos (100% dos

dados) Não ocorrência (50%

dos dados) Ocorrência

(50% dos dados) Média 81,49 42,57 38,92

Desvio Padrão 17,28 11,94 17,04 Coeficiente de variação 0,21 0,28 0,43

Maior Acerto 91,66 46,42 45,23

Quando comparada a saída da RNA com os dados de verificação, pode-se

observar que em média a RNA acertou 81,49%, sendo que em média a classe de não

ocorrência de deslizamento teve mais acertos. O maior acerto foi de 91,66%, sendo que

46,42 são para a classe de não ocorrência e 45,23 para a classe de ocorrência de

deslizamento, resultados estes encontrados na arquitetura de 40 neurônios na camada

secundária, 120 neurônios na camada primaria, momento de 0.01, taxa de aprendizado de

0.51 e 4.500 épocas.

Relacionando os resultados demonstrados na Tabela 1 e 2, a RNA classificou

em média 44,40% de um total de 50%, como sendo da classe de não ocorrência sendo que

destes 42,57% são acertos. Já para a classe de ocorrência de deslizamento a RNA definiu

como sendo 51,86 e os acertos somam 38,92%. Portanto a RNA classificou a maioria dos

locais como tendo potencial de deslizamento resultando em erros maiores.

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O fator limitante para se alcançar acertos maiores de 91,66% no treinamento

foi o tempo de processamento, capacidade de memória da máquina e processamento do

software Matlab, devido ao grande número de amostras utilizadas para o treinamento e

verificação do aprendizado da RNA em estudo (Tabela 3).

Tabela 3 - Classificação errônea pela RNA.

Erros (100% dos

dados) Não ocorrência

(50% dos dados) Ocorrência (50%

dos dados) Média 18,5 7,42 11,07

Desvio Padrão 17,28 11,94 17,04 Coeficiente de variação 0,94 1,6 1,53

Considerando todo o conjunto de verificação, em média 18,50% dos resultados

da RNA são errôneos, sendo a maior percentagem de erros na classe de ocorrência de

deslizamento com 11,07% e para a classe de não ocorrência em média 7,42% de erros.

Conclusões

Dada a percentagem de acertos que a rede neural artificial do tipo

multilayerperceptronalcançou, pode-se afirmar que a mesma é capaz de aprender os

padrões existentes nas áreas de risco de deslizamento gerando um modelo apropriado para

os dados utilizados como entrada. Demonstrando assim que a ferramenta tem potencial

para ser utilizada em outros estados, e locais para a gestão de riscos.

Após este processo de treinamento, é possível usar o arquivo contendo o maior

acerto do aprendizado da RNA do tipo multilayerperceptron para aplicar na mesma ou em

outra área, para que a RNA aponte locais com potencial de deslizamento.

A RNA foi eficiente para modelar o problema em questão, porém existe a

necessidade deotimização do seu processo por meio de linguagem de programação, para

que possa ser gerada uma plataforma mais sólida é importante.

BIBLIOGRAFIA CITADA

AUGUSTO FILHO, Osvaldo; VIRGILI, João. C. Estabilidade de Taludes. In: OLIVEIRA, Antônio M.S. & BRITO, Nertan A. Geologia de Engenharia. São Paulo: ABGE, 1988. Pp. 243-269.

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