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Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) Florianópolis, Santa Catarina
XIV SIMGeo Simpósio de Geografia da UDESC
2º SEMINÁRIO NACIONAL DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO ÁREA TEMÁTICA: PLANEJAMENTO TERRITORIAL, DINÂMICAS NAS
CIDADES E PAISAGENS.
NOVAS PERSPECTIVAS NA DINÂMICA DEMOGRÁFICA E NO ATUAL PROCESSO DE URBANIZAÇÃO EM CIDADES MÉDIAS PAULISTAS:
transformações urbanísticas nas apropriações da periferia urbana do município de São Carlos - SP.
Barbara Vallilo Siqueira1 Sandra Regina Mota Silva2
Resumo
As cidades brasileiras atravessam um período em que se pode identificar um conjunto de transformações nas dinâmicas demográficas e nas formas de expansão urbana. O desenvolvimento econômico pautado na reestruturação produtiva da atividade industrial têm buscado novas localizações e o crescimento das cidades médias paulistasé um dos efeitos provocados por esse processo. Dentre as novas tendências de urbanização, encontra-se a diversificação urbanística do solo nas periferias urbanas. O objetivo do trabalho é identificar no município de São Carlos as novas perspectivas demográficas e os novos padrões urbanísticos no seu vetor de expansão. O trabalho consiste em um levantamento teórico para dar subsídios à nova realidade e uma apresentação de estudo de caso para contextualizar as novas características nas dinâmicas demográficas e no modelo de crescimento urbano. Palavras-chave: cidades médias, dinâmica demográfica, periferia urbana, transformações urbanísticas.
Abstract Brazilian cities in a period in which one can identify a set of transformations in the demographic dynamics and in forms of urban expansion. Economic development grounded in productive restructuring of industrial activity have sought new locations and the growth of medium-sized cities in São Paulo is one of the effects caused by this process. Among the new trends of urbanization is the urban diversification of land in urban peripheries. The objective is to identify in the city of São Carlos new demographic prospects and new urban standards in its expansion vector. The work consists of a theoretical survey to provide input to the new reality and a presentation of a case study to contextualize new characteristics on population dynamics and urban growth model.
Keywords:medium cities, population dynamics, urban sprawl, urban transformations.
1Arquiteta e Urbanista. Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Urbana. E-mail: [email protected] 2Arquiteta e Urbanista. Doutora em Engenharia Urbana e professora na Universidade Federal de São Carlos. Departamento de Engenharia Civil. .E-mail: [email protected]
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Introdução
No Brasil, em um curto período de tempo, principalmente entre as décadas de
1940 e 1980, o país sofreu um intenso fluxo migratório e, conforme dados do censo do
IBGE, a população brasileira passou de rural para majoritariamente urbana na década de
1960. Esse movimento populacional teve relação com a intensificação do processo
industrial nas cidades brasileiras. Nessa expansãoterritorial urbana, as apropriações nas
cidades têm apresentado padrões distintos, determinado pelas condições econômicas e
sociais de diferentes estratos da população. De acordo com Rolnik (2008), as qualidades
urbanísticas se acumulam em setores restritos da cidade, à disposição de parcelas da
população, geralmente privando a população de baixa renda de condições básicas de
urbanidade e de inserção qualificada à cidade.
A urbanização, segundo essa lógica de distribuição desigual do território,
estabeleceu áreas diferenciadas em relação ao provimento de infraestrutura, o saneamento
básico, o acesso a redes de equipamentos e serviços públicos, as condições de mobilidade,
dentre outras. Até recentemente, as análises sobre a lógica de tais distribuições eram
baseadas em configurações diferenciadas entre áreas mais centrais e as periféricas. As
primeiras, mais bem equipadas e infraestruturadas, geralmente ocupadas pela população de
maior renda e, nas áreas periféricas, a prevalência de condições de informalidade
habitacional e fundiária, associadas à maior precariedade de equipamentos e serviços
urbanos, ocupadas pela população de menor renda.
Contudo, novos padrões urbanísticos decorrentes do processo de expansão das
cidades têm se inserindo em suas áreas periféricas e com isso,o modelo de entendimento de
periferia geográfica, pautado nas carências e precariedades das condições de urbanização
das franjas urbanas, já não comporta a mesma exclusividade de décadas passadas. Mais
recentemente, novas formas de apropriação têm sido identificadas e, dentre elas, os
condomínios habitacionais e os loteamentos fechados, voltados para os estratos sociais de
maior renda.
Atualmente, as cidades médias têm sido submetidas a transformações
territoriais vinculadas a fatores econômicos, principalmente aqueles decorrentes da política
industrial. Para Sposito (2012) é fundamental compreender as relações entre economia e
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espaço para avaliar em que medida as novas relações economias influenciam a apropriação
e configuração dos espaços. Em seus estudos sobre as cidades médias e as aglomerações
urbanas paulistas, Braga (2005) pondera que o processo de desindustrialização da região
metropolitana de São Paulo resultou na interiorização dessas atividades. Essa dinâmica tem
provocado importantes mudanças das cidades de médio e grande porte da rede urbana
paulista. Desse modo, as modificações na reestruturação da rede urbana estão diretamente
associadas às transformações do setor industrial, com a descentralização da produção, que
tem induzido uma divisão territorial do trabalho, possibilitada pelo uso de novas
tecnologias de comunicação.
De acordo com Sposito (2004), é de fundamental importância a observação da
posição das cidades médias em relação à rede urbana e sua situação geográfica, pois são
condições determinantes em suas interações com as demais cidades do seu entorno. Para
Zandonadi (2011) nas aglomerações urbanas não-metropolitanas, as relações se
estabelecem pela concorrência e dependência com as cidades de porte inferior ou
semelhante. Nos centros urbanos, as cidades estabelecem uma relação de centralidade com
os demais municípios de sua rede regional, principalmente de porte menor.
Ao discutir a importância das cidades médias na rede urbana brasileira, Santos
(2009) identifica um intenso processo de reestruturação da lógica de apropriação dos
espaços, que tem subvertido as formas tradicionais de concentração e dispersão, alterando
setores urbanos mais centrais e os periféricos, definindo novas conformações
socioespaciais, afirmando que:
Na escala intraurbana, o fenômeno da “dispersão urbana” está alterando a morfologia urbana tradicional, gerando novas centralidades e novas periferias. Na escala interurbana e regional, são produzidos novos processos de desconcentração e reconcentração espacial da população, das atividades econômicas e da informação sobre o território (SANTOS, 2009, p. 179).
As modificações no processo de expansão urbana das cidades médias paulistas
são decorrentes de diversos fatores, dentre eles, da dinâmica do setor imobiliário. De
acordo com Sposito (2007), é parte desse processo a acentuação das formas de apropriação
segregada do espaço. Nas áreas de expansão urbana dessas cidades podem ser identificados
novos loteamentos, condomínios de médio e alto padrão, unidades habitacionais populares,
dentre outros, e que têm configurado uma morfologia urbana descontínua e fragmentada.
Atividade econômica e sua relação com as configurações socioespaciais
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No processo de urbanização do Brasil, muitos municípios brasileiros assistiram
a um conjunto de transformações decorrentes do crescimento da economia a partir da
industrialização.Ao tratar do fenômeno urbano, é de fundamental importância se reportar à
atividade industrial, pois são processos que se associam, visto as intensas modificações no
processo de urbanização após o pleno desenvolvimento da industrialização. (BRAGA,
CARVALHO, 2004; SPOSITO, 2012).
Apesar das expressões de segregação socioespacial já serem visíveis no ápice
da economia cafeeira agroexportadora no século XIX, o crescimento da urbanização
brasileira foi fortemente influenciado pelas alterações econômicas proporcionadas pela
industrialização. A intensa modificação nas formas de articulação do Brasil com a
economia capitalista, principalmente após estabelecer acordos econômicos com os Estados
Unidos depois da Segunda Guerra Mundial, impulsionou o setor industrial a partir de
substanciais investimentos no setor. (FERREIRA, 2009; LIMA 2007).
A lógica, excludente do ponto de vista territorial, deu início ao processo de
periferização nas cidades brasileiras. Segundo Schvasberg (2011), o modelo de ocupação
desigual e fragmentado construído e implantado no território brasileiro é uma das
resultantes complexas desse intenso fluxo migratório. Porém, é importante ressaltar para o
que Ferreirachama atenção de que, não podemos atribuir ao crescimento acelerado, a
explicação para as condições desiguais das cidades brasileiras, pois esse desequilíbrio:
... é resultante não da natureza da aglomeração urbana por si só, mas sim da nossa condição de subdesenvolvimento. Em outras palavras, as cidades brasileiras refletem, espacialmente e territorialmente, os graves desajustes históricos e estruturais da nossa sociedade... (FERREIRA, 2009, p.1).
Dessa forma, há décadas, o modelo de apropriação urbana no processo de
crescimento das cidades brasileiras seguiu uma lógica de ocupação configurada na
concentração da população de rendas mais altas nas áreas bem dotadas de infraestrutura e
equipamentos urbanos que, geralmente, eram os setores mais centrais das cidades. Em
contrapartida, a população de menor renda ficou sujeita ao que Ferreira (2009, p. 13)
chamou de politica habitacional da “não-ação” pela ausência da ação governamental,
induzindo a formação de grandes periferias com moradias obtidas por meio da
autoconstrução, associada ou não à informalidade fundiária.
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Caldeira (2000, p. 211) faz uma análise sobre as configurações das condições
de desigualdade entre as áreas centrais e as áreas periféricas que dominou o
desenvolvimento das cidades entre os anos 40 e os anos 80 ao descrever que “diferentes
grupos sociais estão separados por grandes distâncias: as classes média e alta
concentram-se nos bairros centrais com boa infraestrutura, e os pobres vivem nas
precárias e distantes periferias”. Neste modelo de distribuição territorial desigual, as
classes mais abastadas estabeleceram melhor relação entre trabalho e moradia, maior
proximidade com os setores comerciais e de prestação de serviços, além do melhor acesso
aos equipamentos de educação e saúde e demais serviços e benfeitorias urbanos.
A estrutura econômica tem passado por transformações ditadas pela
descentralização industrial e, junto com ela, a estrutura espacial também tem se
modificado, vinculando o fenômeno urbano e a atividade industrial como processos
articulados e interdependentes. Por isso, é de fundamental importância compreender as
relações que existe entre economia e espaço para avaliar em que medida a globalização da
economia influencia as apropriações e as configurações desses espaços, pois as alterações
na economia trás diversas modificações no espaço urbano através do abandono de antigas
indústrias até a criação de novos espaços urbanos. (CALDEIRA, 2000; SPOSITO, 2007,
2012).
De acordo com Leite (2012, p. 50) “as novas tecnologias e a globalização
econômica têm alterado os significados das nossas noções de geografia e distância” e essa
nova dinâmica tem induzido a uma nova organização e produção das cidades do interior
paulista. Ao discorrer sobre a crescente autonomia entre os limites espaciais e temporais
Ascher (2010, p. 37) aponta que “a presença física e a proximidade não são mais
necessárias para um certo tipo de troca ou prática social, pois é possível telecomunicar-se
ou deslocar-se mais rapidamente” devido ao desenvolvimento de novos meios de
transporte, de informações e de bens que têm sido disponibilizados.
Esse processo de interiorização do desenvolvimento econômico, ocorrido a
partir da década de 1970, período no qual se identifica uma desconcentração das atividades
produtivas para as cidades do interior paulista, deu subsídios para modificar as interações
do ponto de vista espacial, o processo de articulação e integração funcional do Estado de
São Paulo e incentivou algumas mudanças no padrão de urbanização, somando novos
municípios nas dinâmicas das aglomerações urbanas. (RIBEIRO, RODRIGUES, 2011).
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Dessa forma, Negri (1996, p. 169) aponta que, a partir da década de 1970, o
Brasil assiste “um processo de urbanização com particularidades no que se refere ao
fenômeno das cidades médias”, pois a população passa a ocupar outros centros urbanos
acompanhando a modernidade desses espaços. Desse modo podemos mencionar que as
cidades médias do Estado de São Paulo têm sido submetidas a transformações territoriais
vinculadas a fatores econômicos, principalmente aqueles decorrentes da nova política
industrial. Ao tratar do processo de interiorização do desenvolvimento ocorrido no Estado
de São Paulo como um processo que resultou no crescimento acelerado das cidades
médias, Braga aponta que essas cidades:
... tornam-se elementos de equilíbrio territorial no processo de reestruturação produtiva, num contexto em que as grandes cidades estão saturadas, e tornam-se alvos estratégicos do desenvolvimento territorial. Essa nova dimensão da urbanização faz com que tais cidades acabem por produzir processos socioespaciais típicos dos centros metropolitanos: expansão desordenada nas periferias, deterioração das áreas centrais, segregação residencial e violência urbana. (BRAGA, 2010, p. 5)
O atual processo de urbanização brasileiro tem sido influenciado pelas
modificações econômicas, politicas, sociais e espaciais, proporcionadas pelo aumento nas
articulações do Brasil com a economia global. No contexto das cidades médias brasileiras,
mais recentemente observa-se uma transformação nos padrões de produção, consumo e
qualidade de vida, e que tem sido justificada por esse redimensionamento das atividades
empresariais em termos econômicos, sociais e espaciais. (STEINBERGER, BRUNA,
2001, SPOSITO 2007).
As modificações no processo de expansão urbana das cidades médias paulistas
também têm relação com a dinâmica do setor imobiliário e suas decorrências. As formas
de apropriação segregada do espaço, os loteamentos fechados, os condomínios
habitacionais horizontais de médio e alto padrão e as unidades habitacionais populares são
parte desse processo de expansão. As rápidas transformações a partir das modificações
econômicas e urbanísticas apontam para profundas alterações nas configurações
socioespaciais que têm intensificado o processo de segregação nas cidades brasileiras.
Como expõe Carlos (2011, p. 113) “em cada momento histórico o ciclo do
capital envolve condições diferenciadas para sua realização” e, atualmente, as cidades
brasileiras têm passado por diversas transformações estruturais decorrentes do
desenvolvimento do capitalismo em um processo de acumulação que se apropria e
participa ativamente da produção do espaço urbano.
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Dinâmicas demográficas e suas conformações de concentração e interiorização
Em meados do século XX, o crescimento do setor industrial já era perceptível
no crescimento de algumas cidades brasileiras. No percorrer do século XX o crescimento
populacional nas áreas urbanas foi tão significativo que o país iniciou o século XX com
quase 10% da população nas cidades e finalizou com 81, conforme dados do IBGE.
De acordo com Steinberger e Bruna (2001) concentração e superpovoamento
urbano foi o que marcou as grandes cidades brasileiras dos anos 1950 e 1960, decorrente
do aumento do processo de migração do campo para as cidades.
Inicialmente, a dinâmica demográfica no país teve suas conformações pautadas
na urbanização intensiva resultante da concentração populacional nos grandes centros
urbanos, que abrigavam maior parte da atividade econômica industrial e detinham o maior
número de empregos. Porém, diversas pesquisas têm apontado para um novas tendências
de crescimento populacional a partir da década de 1970. As configurações atuais indicam
uma mudança nos padrões demográficos, pois, as cidades médias têm apresentado ritmos
mais intensos de crescimento populacional, a partir da descentralização do setor de
industrial. Tal contexto tem apresentado alguns reflexos sobre a rede urbana, induzindo
novas tendências de crescimento nas cidades do interior paulista.
De acordo com pesquisas realizadas por Andrade e Serra (1998), foi a partir da
década de 1980, mas com maior intensidade na década de 1990 que as cidades médias do
interior paulista apresentam um novo parâmetro na dinâmica urbano-regional. De acordo
com dados do IAU (2011), os municípios com população urbana maior entre 100 mil e 500
mil habitantes no interior do Estado de São Paulo passaram de 35 em 1950 para 245 em
2010, conforme a tabela 1.
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Tabela 1 – Número de municípios e população no Brasil. Fonte: IAU, 2011
Diversas pesquisas têm apontado para uma nova dinâmica demográfica no
atual processo de urbanização do país que tem configurado padrões de crescimento mais
baixo nas regiões metropolitanas, e um crescimento populacional bastante evidente nas
cidades de porte médio. Conforme o primeiro relatório do processo de revisão do Plano
Diretor de São Carlos, o Instituto de Arquitetura e Urbanismo (2011) apontou que os
municípios com população entre 100 mil e 500 mil habitantes aparecem como aqueles que
aumentaram de forma mais expressiva sua presença na rede urbana paulista, conforme
ilustra a tabela 2. Segundo esse levantamento, de 21 municípios em 1970, passam a 54 em
2000 e
a 66
em
2010.
Em
1970
abrigav
am
22% da
população paulista, em 1991, 27%, em 2000, 31%, e em 2010, totaliza 32,3%.
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Tabela 2
– Municípios paulistas com população de 100 mil a 500 mil habitantes no Estado de São Paulo. Fonte: IAU, 2011
Os novos parâmetros demográficos das cidades médias brasileiras têm sido
mais significativo nas cidades da Região Sudeste por terem atingido cerca de 1,7 milhões
de imigrantes, que é um número maior que o da própria região metropolitana paulista que
atraiu cerca de 1,5 milhões de imigrantes no período de 1980 e 1991. As atuais escolhas
locacionais da atividade industrial, as alterações no movimento migratório, a periferização
das metrópoles, e os investimentos do governo nas regiões com o intuito de diminuir as
disparidades econômicas no país são alguns fatores responsáveis pelo atual
dinamismodemográfico presente nas cidades médias (ANDRADE, SERRA, 2001;
ANDRADE, SANTOS, SERRA, 2001; SANTOS 2003).
As cidades médias paulistas em perspectiva
Atualmente, as cidades atravessam um período em que se pode identificar um
conjunto de transformações nas formas de expansão da área urbanizada e, dentre elas, a
diversificação do uso habitacional do solo e a valorização de alguns setores periféricos. O
desenvolvimento econômico pautado na reestruturação produtiva da atividade industrial
têm buscado novas localizações sobrepondo velhos e criando novos problemas nas cidades
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brasileiras. O crescimento das cidades médias do interior paulista foi um dos efeitos
provocados pelo processo de interiorização do desenvolvimento da economia industrial.
Segundo alguns autores dedicados às analises e reflexões sobre cidades médias, o contínuo
e irregular processo de expansão periférica, tem produzido processos de segregação
socioterritorial, semelhante aos dos grandes centros urbanos. (BRAGA, 2010; ALVAREZ,
2013).
Segundo Braga (2004) todas as cidades médias são cidades de porte-médio, no
qual o critério para sua delimitação é fundamentalmente demográfico, mas do ponto de
vista funcional da rede urbana, as cidades médias são consideradas como cidades
intermediárias, sendo estas superiores aos centros locais e inferiores aos centros
metropolitanos. No presente trabalho será utilizado o parâmetro demográfico adotado pelo
IBGE, que considera as cidades médias aquelas que possuem população entre 100 mil e
500 mil habitantes.
Alguns estudos que tratam da importância que as cidades médias têm
apresentado recentemente apontam que, para definir cidades médias era utilizado apenas o
parâmetro demográfico e apesar desse parâmetro ser de caráter essencial, esses estudos
defendem a necessidade de desenvolver outros critérios de definição para essas cidades,
tais como a diversificação da economia, o grau de urbanização, a importância de sua
configuração, as suas funções e o seu papel na rede urbana, para que possa estabelecer
conceitos mais consistentes e que especifiquem, com maior propriedade, o contexto atual
dessas cidades em crescente desenvolvimento e importância econômica (SANTOS, 2009;
ANDRADE E SERRA, 2001; RIBEIRO, RODRIGUES).
Ao discutir sobre a nova economia e sua relação com a cidade, Leite (2012, p.
70) aponta que “o crescente impacto do processo de globalização, a reestruturação
econômica e as novas tecnologias são as grandes forças transformadoras que afetam o
mundo contemporâneo”. A partir da décadas últimas três décadas do século passado, as
cidades médias paulistas têm desempenhado um papel fundamental na reorganização do
setor produtivo que impulsionou a industrialização das cidades do interior, produzindo,
simultaneamente, modificações de cunho urbanístico. De acordo com Negri (1996), as
alterações que ocorreram no setor industrial paulista coincidiram com algumas alterações
na estrutura espacial, pois as modificações espaciais da indústria de transformação foram
reduzidas na Região Metropolitana de São Paulo e em contrapartida, vimos um forte
processo de interiorização dessa atividade.
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Alguns estudiosos defendem a ideia de que para entender as alterações do
espaço urbano é preciso se atentar para as mudanças estruturais em uma escala mais
abrangente. Para Villaça (2001, p. 13), o simples registro de transformações espaciais não
é suficiente para caracterizar a estruturação ou a reestruturação. É preciso mostrar como
mudanças em um elemento da estrutura provocam mudanças em outros elementos, de tal
modo que, segundo Sposito (2013), sob o ponto de vista analítico, é importante a
investigação em diferentes escalas e a observação de tendências ao longo do tempo. Sem
isso:
(...) estaríamos aceitando a ideia de que o período atual não tem nada de peculiar ou pouco se poderia nele reconhecer que o distinguisse dos anteriores, a não ser a escala da análise das dinâmicas e dos fatores que se estabelecem e conduzem o movimento. Em outras palavras, em vez de explicar o local pelo local ou circunscrito às escalas de pequena abrangência espacial, o que haveria de novo seria a constatação de que é preciso olhar o regional, o nacional ou o global para se entender o local (SPOSITO, 2013, p.130).
Ao tratar da reestruturação produtiva no Brasil, Leite (2012, p. 84) aponta que
“a análise do desenvolvimento urbano com base no processo de reestruturação produtiva
deve contemplar as mudanças no mercado de trabalho e a redefinição do papel das cidades,
que aparecem agora como um empreendimento”. Para Oliveira Junior (2010) a partir
desses processos, as atuais formas de reprodução e acumulação do capital têm induzido a
manifestação de alguns conflitos no processo de (re) estruturação das cidades e, com isso,
tem provocado uma redefinição dos papeis das cidades médias na rede urbana.
Transformação do uso do solo nas áreas periféricas
As áreas periféricas mais carentes e precárias, em condições de informalidade
fundiária, foram reforçadas durante o período de industrialização, onde uma parcela
significativa da população foi excluída das condições de urbanidade formando essas áreas,
a princípio, pelo “isolamento e separação”, da população de maior poder aquisitivo. Esse
modelo periférico se altera sob influência da lógica capitalista aplicada na produção do
espaço urbano e a construção de uma nova periferia inicia-se, materializando a atual
função econômica dada ao espaço urbano como “fonte de investimento, portanto geradora
de lucro”, e que têm contribuído com a necessidade de uma nova definição da expansão da
periferia. (CARLOS, 2013, p. 101, 102).
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As novas apropriações do solo urbano nos setores periféricos têm
reconfiguradoasbordas de expansão das cidades médias e tal fenômeno requer uma melhor
compreensão acerca dos novos padrões urbanísticos que têm se implantado nessas áreas. A
pesquisa de Andrade e Serra (2001, p. 167) afirma ser inegável que o ritmo de crescimento
das cidades médias, a partir de 1970, teve como uma das consequências a formação de
periferias que têm exigido “maior precisão analítica”, na investigação dessas “novas
territorialidades”.Também observam queesse novo padrão de crescimento urbano pode
induzir a repetição de problemas antes assistidos apenas nas regiões metropolitanas.
Como aponta Ascher (2010, p. 40) “a diferenciação social é crescente e marca
de forma cada vez mais forte todas as esferas da vida social”, e a migração da população
da mais alta renda para as franjas das cidades também tem induzido a construção de novas
relações socioespaciais na escala intraurbana, com a construção de novos espaços de
consumo destinados para essa população. Com isso, Caldeira (2000) afirma que a
atribuição dada a relação centro-periferia era capaz de descrever o padrão de segregação
socioterritorial, mas diversos fatores, somados ao deslocamento das classes mais altas das
áreas mais centrais para as áreas mais periféricas em busca de locais mais seguros para
morar, transformou o padrão de exclusão no território das cidades brasileiras.
Os empreendimentos imobiliários implantados nas áreas periféricas das cidades
médias tem configurado uma nova tendência espacial, pois a população de mais alta renda
que é foco desses produtos, não se concentra mais apenas nas áreas mais centrais. Ao
contrário, esse segmento econômico tem se inserido também nas áreas de expansão das
cidades e a implantação desses empreendimentos é o que tem fomentado a busca por uma
redefinição da relação centro-periferia, como aponta Sposito, pois:
A distância entre os desiguais, na cidade, não se opera mais, predominantemente, a partir da lógica de periferização dos mais pobres e de destinação, aos mais ricos, das áreas mais centrais e pericentrais, as melhores dotadas de meios de consumo coletivo (infraestruturas, equipamentos e serviços urbanos). Os sistemas de segurança urbana oferecem condições para que a separação possa se aprofundar, ainda que se justaponham, no “centro” e na “periferia” segmentos sociais com níveis desiguais de poder aquisitivo e com diferentes interesses de consumo (SPOSITO, 2013, p. 140, 141).
Dentre o conjunto de transformações, as áreas periféricas têm se reformulado
com a implantação de grandes empreendimentos imobiliários que são acessados de
maneira desigual conforme a condição econômica (CARLOS, 2013).Um dos fenômenos
que chama mais atenção e que trouxe mudanças importantes no modo de morar das classes
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média e alta segundo Caldeira (2000) é a proliferação dos condomínios habitacionais
horizontais. Ao abordar as novas periferias nas cidades médias do Estado de São Paulo,
Sposito (2003) aponta que novos estratos econômicos e novos conteúdos sociais presente
na periferia urbana das cidades médias começaram e redefinir essas áreas na década de
1980 com a implantação de loteamentos fechados mas se instaurou de forma mais evidente
durante a década de 1990.
Sob o ponto de vista jurídico e fundiário, a Lei Federal nº 6.766 de 19/12/1979,
prevê apenas o parcelamento do solo urbano mediante desmembramento e loteamento.
Portanto, não são aplicáveis a este tipo de empreendimento, pois a lei só se refere a
loteamentos abertos com dotação de áreas públicas, que não é o caso dos condomínios em
debate. Já a Lei Federal nº 4.591 de 16/12/1964 dispõe apenas sobre o condomínio em
edificações, localizados em lote decorrente de loteamentos prévio. Esses empreendimentos
que envolvem o regime jurídico condominial não contemplam espaços públicos, portanto,
não geram o fechamento de áreas que deveriam ser destinadas para toda a população.
Atualmente, a atualização da Lei Federal nº 6766/79 está em processo de
tramitaçãono Congresso Nacional por meio do Projeto de Lei nº 3.057/00, também
conhecida como a Lei de Responsabilidade Territorial, sobre parcelamento do solo para
fins urbanos e a regularização fundiária sustentável de áreas urbanas. Dentre o conjunto de
institutos legais, prevê a regulação do modelo denominado “condomínio urbanístico”.
Trata-se de uma modalidade condominial que poderia ser incorporada ao tecido urbano
buscando uma inserção com controle de seu porte e de redução de seu espaço no sistema
de mobilidade urbana (SILVA, 2011).
O município paulista de São Carlos – SP
O município de São Carlos, que se configura como uma cidade média não
metropolitana possui 236.457 mil habitantes (IBGE, 2013) e localiza-se na região central
do Estado de São Paulo, à 228 km da capital paulista, conforme a figura 1 (PMSC 2014). O
município constitui um importante centro de ciência e tecnologia e conta a com a presença
de duas universidades públicas, a USP (Universidade do Estado de São Paulo) e a UFSCar
(Universidade Federal de São Carlos), além da atuação de duas unidades da EMBRAPA
(Instrumentação Agropecuária e Pecuária Sudeste).
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Grande parte dos municípios não metropolitanos, que se caracterizam como
cidade-polo, possui uma estreita relação com as cidades pequenas, estabelecendo relações
de emprego,
mas
também de
alguns
serviços
como saúde,
educação, e
transporte.
São Carlos,
que se situa
nesse
contexto,
ocupa uma área de 1.140 km², incluindo o Distrito de Santa Eudóxia e o Distrito de Água
Vermelha e faz divisa ao norte com Rincão, Luiz Antonio e Santa Lucia; ao sul com
Ribeirão Bonito, Brotas e Itirapina; a oeste com Ibaté, Araraquara e Américo Brasiliense; a
Leste com Descalvado e Analândia (PMSC, 2011).
Figura 1 – Localização do município no Estado de São Paulo e as cidades que o município estabelece relações. Fonte: PMSC, 2005
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Do ponto de
vista
administrativo São
Carlos se situa na região
Administrativa Central do
Estado de São Paulo,
composta por duas
regiões de governo,
Araraquara e São
Carlos. Já no contexto
da rede urbana paulista, o
município está inserido na Aglomeração Urbana Não-Metropolitana de Araraquara-São
Carlos, contemplando a função de centro-sub-regional. No período entre os anos 2000 e
2009, São Carlos apresentou um crescimento populacional maior que o município de
Araraquara. (EMPLASA, 2011).
A Região Administrativa Central é composta por 26 municípios. A região de
governo de Araraquara com 19, e a região de governo de São Carlos com 7. Dentre os
municípios que compõem a RA Central, São Carlos apresentou um indíce elevado tanto na
taxa geométrica de crescimento populacional, quanto na evolução do saldo migratório,
conforme levantamento da Prefeitura de São Carlos.
A dinâmica demográfica do município de São Carlos não difere da nova
tendência de crescimento das cidades médias paulistas. Em um período de 30 anos, de
1970 a 2000 a população do município mais que dobrou, passando de 85.425 mil
habitantes em 1970 para 192.998 mil habitantes em 2000, conforme dados do IBGE. Nesse
mesmo período, a taxa geométrica de crescimento populacional de São Carlos é maior que
a da Região Metropolitana de São Paulo como pode ser observado na figura 2.
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Figura 2 –Taxa geométrica de crescimento populacional da Região Metropolitana de São Paulo, do Estado de São Paulo e do município de São Carlos. Fonte: SEADE, 2014. Elaborado pelas autoras.
Os dados analisados do município de São Carlos evidenciam as novas
perspectivas nas dinâmicas demográficas das cidades médias paulistas tanto nas escala da
rede urbana quanto nas novas tendências no saldo migratório dessas cidades em relação às
Regiões Metropolitanas.
A distribuição espacial da população e transformações urbanísticas na periferia no
município de São Carlos - SP
A densidade demográfica na área urbana de São Carlos permitequalificar o
processo de expansão urbana nos últimos 10 anos em relação à distribuição espacial da
população. A dinâmica populacional presente no município de São Carlos vem sofrendo
modificações nas últimas três décadas. A concentração demográfica sofreu transformações
que revelam tendências que contribuem na caracterização e espacialização da densidade
populacional, lembrando que sua contabilidade é baseada no uso habitacional. Nesse
processo fica evidenciado um aumento populacional nas periferias, enquanto que as áreas
centrais veem perdendo população pela troca do uso habitacional pelas atividades
comerciais e prestação de serviços, conforme ilustração das três décadas na Figura 3.
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Figura 3 – Esquema comparativo da transformação da densidade demográfica de três décadas. Fonte: PMSC, 2005
Um estudo realizado pelo Instituto de Arquitetura e Urbanismo – IAU (2011)
revela que a comparação dos resultados mostra a permanência da área central da cidade
como a de densidades mais baixas. Um dos fatores mais recentes atribuídos a esse
fenômeno refere-se ao acentuado processo de expansão das áreas mais periféricas através
de condomínios habitacionais. A população que anteriormente morava nas áreas mais
centrais, hoje tem se inserido nas áreas de expansão periféricas do setor norte e noroeste
através desses empreendimentos habitacionais. Essas áreas de expansão também se
configuram com baixas densidades e está é uma mudança é perceptível em relação ao ano
de 2000, quando as áreas nos extremos destes setores eram marcadas por densidades mais
elevadas. Em contrapartida, as densidades mais altas continuam configurando as áreas
periféricas do setor sudoeste que é ocupado pela população de renda mais baixa. Além dos
resultados obtidos na análise da densidade demográfica, a média de moradores por
domicílio também revela a baixa densidade populacional da área central e o adensamento
dos setores de mais baixa renda como ilustra a figura 4.
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Figura 4 – Média de moradores por domicílio ocupado conforme o censo demográfico do IBGE – 2010.
Fonte: PMSC, 2011
A expansão da ocupação das áreas periféricas do município em análise teve seu
ápice a partir da década de 1970 e se deu, a princípio, pela população de renda mais baixa,
na porção sudoeste da área urbanizada. Porém, como já citado anteriormente, uma nova
tendência urbanística têm se inserido no processo de crescimento da periferia urbana. No
município de São Carlos essa tendência tem se implantado com maior evidência no setor
norte e noroeste do município de São Carlos pela inclusão de empreendimentos voltados
para as faixas de renda mais alta, por meio da implantação de condomínios habitacionais
conforme a figura 5.
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Figura 5 –Expansão urbana por tipo de empreendimento – 2003 à 2011. Fonte: PMSC, 2011
O mapa de expansão urbana por tipo de empreendimento revela que essa tem
sido a principal forma de expansão da área urbanizada, configurando as áreas periféricas
desses setores. Com base na distribuição espacial da população no município de São Carlos
é possível ilustrar que a migração da população das áreas mais centrais para as franjas da
cidadeacontece pela busca de locais mais seguros para morar da popualção de rendas mais
altas através de novos padões de apropriação do solo, transformando o padrão de exclusão
no território das cidades brasileiras.
Conclusões
Essa pesquisa buscou analisar as novas perspectivas na dinâmica demográfica
em diferentes escalas. A primeira etapa consistiu em um levantamento temático para dar
subsídios para melhor compreensão sobre os efeitos ocorridos na dinâmica demográfica
em cidades médias paulistas, a partir do desenvolvimento da economia industrial em seu
processo de interiorização. A segunda etapa consistiu em uma análise de um objeto de
estudo para contextualizar os efeitos dessa nova dinâmica na escala intraurbana, tanto na
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distribuição espacial da população quanto na transformação urbanística presente nas áreas
de expansão urbana.
Os resultados encontrados no município de São Carlos apontam para uma
redistribuição espacial da população no Estado de São Paulo, confirmando as novas
perspectivas demográficas das cidades médias paulistas em relação à Região Metropolitana
de São Paulo. Essa nova perspectiva é marcada pela desconcentração demográfica dos
grandes centros urbanos e um aumento expressivo nos ganhos populacionais nas últimas
décadas nas cidades médias paulistas. Diante disso define-se uma nova realidade urbana
nos municípios de porte médio do interior paulista através do novo modelo de produção do
espaço urbano. A crescente ocupação das áreas periféricas tem ocorrido através de novas
apropriações urbanísticas destinadas para estratos de maior renda comprovando que esse
novo padrão de crescimento urbano têm induzido a repetição de problemas antes assistidos
apenas nas regiões metropolitanas.
No município de São Carlos, o crescimento populacional periférico continua
em ritmos acelerados, porém, apresenta novas apropriações através enclausuramento da
alta renda nos empreendimentos condominiais com controle de acesso no setor norte e
noroeste. A implantação desse novo modelo urbanístico de ocupação do solo urbano tem se
tornado um crescente objeto de análise para apresentar maior compreensão dos fenômenos
assistidos nas periferias urbanas das cidades médias, com o objetivo de entender como as
novas tendências e os novos conteúdos econômicos se apropriam das áreas de expansão do
perímetro urbano.
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