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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 004.474/2010-4 GRUPO II – CLASSE II – 2ª Câmara TC 004.474/2010-4 Apenso: TC 026.804/2007-5 Natureza: Tomada de Contas Especial. Entidade: Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – Confea (CNPJ: 33.665.647/0001-91). Responsáveis: Humberto de Oliveira Campos (CPF: 090.122.496-00); Jaceguáy de Alencar Inchausti de Barros (CPF: 226.934.670-04); Luiz Gustavo Souza Moura (CPF: 026.328.556-16); Marcos Túlio de Melo (CPF: 130.866.186-04); Neuza Maria Trauzzola (CPF: 042.318.768-60); William Paes Kuhlmann (CPF: 242.959.736-53); Ziocelito José Bardini (CPF: 345.162.209-20). Advogados constituídos nos autos: Antônio Rodrigo Machado de Souza (OAB/SE: 4.370); João de Carvalho Leite Neto (OAB/DF: 19.914); João Augusto de Lima (OAB/DF: 20.264); Fernando Nascimento dos Santos (OAB/MG: 100.035). SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL CONVERTIDA A PARTIR DE DENÚNCIA, POR FORÇA DO ACÓRDÃO 1.201/2008-TCU-PLENÁRIO. CONTRATAÇÃO IRREGULAR DE SEGURO DE VIDA E PLANOS DE SAÚDE E ODONTOLÓGICO PARA CONSELHEIROS E EMPREGADOS. INSPEÇÃO. DILIGÊNCIA. CITAÇÃO. AUDIÊNCIA. INSUBSISTÊNCIA DO DÉBITO. POTENCIAL DESCONHECIMENTO DA ILICITUDE. DETERMINAÇÕES CORRETIVAS JÁ EXPEDIDAS PELO TRIBUNAL. REGULARIDADE COM RESSALVA DAS CONTAS. QUITAÇÃO. ARQUIVAMENTO. RELATÓRIO Tratam os presentes autos de tomada de contas especial instaurada em atendimento aos subitens 9.3 e 9.5 do Acórdão 1.201/2008-TCU-Plenário, prolatado no âmbito do TC 026.804/2007-5, a fim de que fossem identificados os responsáveis e quantificado o débito referente a pagamentos de despesas, sem previsão legal, com seguro de vida, plano de assistência médica-hospitalar e plano de 1

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 004.474/2010-4

GRUPO II – CLASSE II – 2ª CâmaraTC 004.474/2010-4Apenso: TC 026.804/2007-5Natureza: Tomada de Contas Especial.Entidade: Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – Confea (CNPJ: 33.665.647/0001-91).Responsáveis: Humberto de Oliveira Campos (CPF: 090.122.496-00); Jaceguáy de Alencar Inchausti de Barros (CPF: 226.934.670-04); Luiz Gustavo Souza Moura (CPF: 026.328.556-16); Marcos Túlio de Melo (CPF: 130.866.186-04); Neuza Maria Trauzzola (CPF: 042.318.768-60); William Paes Kuhlmann (CPF: 242.959.736-53); Ziocelito José Bardini (CPF: 345.162.209-20). Advogados constituídos nos autos: Antônio Rodrigo Machado de Souza (OAB/SE: 4.370); João de Carvalho Leite Neto (OAB/DF: 19.914); João Augusto de Lima (OAB/DF: 20.264); Fernando Nascimento dos Santos (OAB/MG: 100.035).

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL CONVERTIDA A PARTIR DE DENÚNCIA, POR FORÇA DO ACÓRDÃO 1.201/2008-TCU-PLENÁRIO. CONTRATAÇÃO IRREGULAR DE SEGURO DE VIDA E PLANOS DE SAÚDE E ODONTOLÓGICO PARA CONSELHEIROS E EMPREGADOS. INSPEÇÃO. DILIGÊNCIA. CITAÇÃO. AUDIÊNCIA. INSUBSISTÊNCIA DO DÉBITO. POTENCIAL DESCONHECIMENTO DA ILICITUDE. DETERMINAÇÕES CORRETIVAS JÁ EXPEDIDAS PELO TRIBUNAL. REGULARIDADE COM RESSALVA DAS CONTAS. QUITAÇÃO. ARQUIVAMENTO.

RELATÓRIO

Tratam os presentes autos de tomada de contas especial instaurada em atendimento aos subitens 9.3 e 9.5 do Acórdão 1.201/2008-TCU-Plenário, prolatado no âmbito do TC 026.804/2007-5, a fim de que fossem identificados os responsáveis e quantificado o débito referente a pagamentos de despesas, sem previsão legal, com seguro de vida, plano de assistência médica-hospitalar e plano de assistência odontológica para conselheiros e empregados do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – Confea (fls. 1/12). 2. A partir da análise dos documentos constantes do processo, a unidade encarregada do feito, a 1ª Secex, elaborou a instrução inicial de fls. 23/44, mediante a qual propôs citação e audiência dos responsáveis identificados (fls. 37/41), bem como a prévia realização de inspeção no Confea para obtenção dos elementos necessários à viabilização dessas medidas saneadoras, as quais contaram com a minha anuência, conforme despacho de fl. 45.3. Após realizar a inspeção na entidade e promover a diligência de fls. 46/48, foram recolhidas as informações necessárias à quantificação do débito, de acordo com a instrução de fls. 77/82, vazada nos seguintes termos:

“(...) 2.1. Contrato de seguro de vida com a Alfa Previdência e Vida S/A.2.1.1. Esse contrato foi firmado em 12/07/2006 e possuía vigência de doze meses

(fls. 5227/5235, do anexo 2 do TC nº 026.804/2007-5). Os pagamentos identificados são alusivos ao período entre ago/2006 e jul/2007 (fls. 02/99, anexo 1 e 06/33, anexo 2).

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2.1.2. Com relação ao custeio de seguro de vida aos conselheiros, incluindo o Presidente, identificamos um gasto total de R$ 9.699,44. No tocante às despesas com os empregados da entidade, apuramos um débito de R$ 41.953,76. Os montantes apresentados acima são valores históricos e estão discriminados na proposta de encaminhamento desta instrução.

2.1.3. Pelo exposto, conforme a identificação dos responsáveis efetuada pela Gerente desta Divisão às fls. 37/39, propomos:

a) citação dos Srs. Marcos Túlio de Melo (Presidente), Jaceguáy Barros (Superintendente), Neuza Maria Trauzzola (Gerente de Infraestrutura), Luiz Gustavo de Moura (Assessor Jurídico), William Paes Kuhlmann (Gerente Financeiro), para que apresentem alegações de defesa com relação à assinatura do contrato com a empresa Alfa Previdência e Vida S/A para a prestação de seguro de vida aos conselheiros do Confea, a despeito da condenação da prática no âmbito do Acórdão nº 1386/2005-Plenário;

b) citação do Sr. Marcos Túlio de Melo, Presidente do Confea, para que apresente alegações de defesa quanto à inclusão de cláusula prevendo a concessão de seguro de vida aos empregados do Confea no Acordo Coletivo de Trabalho 2006/2007, com a decorrente assinatura do contrato com a empresa Alfa Previdência e Vida S/A, a despeito da condenação da prática no âmbito do Acórdão nº 1386/2005-Plenário.

2.2. Contrato de seguro de vida com a Real Seguros S/A.2.2.1. O contrato foi assinado em 25/09/07, com vigência de 26 meses (fls. 5331/5339, do

anexo 2 do TC nº 026.804/2007-5). Para esse caso, apesar da previsão de inclusão dos conselheiros, foram segurados apenas os funcionários da autarquia. Os pagamentos referem-se ao período entre out/2007 e set/2009 (fls. 100/259, anexo 1 e fls. 34/90, anexo 2). Nesta ocorrência apuramos um débito de R$ 119.625,73, discriminado na proposta de encaminhamento.

2.2.2. Desta forma, conforme a identificação dos responsáveis efetuada pela Gerente desta Divisão às fls. 37/39, propomos a citação do Sr. Marcos Túlio de Melo, Presidente do Confea, para que apresente alegações de defesa quanto à inclusão de cláusula prevendo a concessão de seguro de vida aos empregados do Confea no Acordo Coletivo de Trabalho 2007/2008/2009, com a decorrente celebração de contrato com a empresa Real Seguros S/A, a despeito da condenação da prática no âmbito do Acórdão nº 1386/2005-Plenário.

III. CONCLUSÃOAnte todo o exposto, submetemos os autos à consideração superior, propondo:3.1. com fundamento no art. 12, inciso II, da Lei n. 8.443/1992, a citação dos responsáveis

abaixo arrolados pelos valores dos débitos indicados, para que apresentem alegações de defesa ou recolham aos cofres do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - Confea a quantia devida, atualizada monetariamente e acrescida de juros de mora, nos termos da legislação vigente, em razão:

3.1.1. da assinatura do contrato com a Alfa Previdência e Vida S/A para a prestação de seguro de vida aos conselheiros do Confea, a despeito da condenação da prática no âmbito do Acórdão nº 1386/2005-Plenário:

- responsáveis solidários: Srs. Marcos Túlio de Melo (Presidente), Jaceguáy Barros (Superintendente), Neuza Maria Trauzzola (Gerente de Infraestrutura), Luiz Gustavo de Moura (Assessor Jurídico), William Paes Kuhlmann (Gerente Financeiro).

- valores históricos e datas das ocorrências:Pagamentos do Contrato com a Alfa Previdência e Vida S/APeríodo Valor Histórico Data das Ocorrênciasago/06 R$ 820,56 06/10/2006set/06 R$ 841,60 19/10/2006out/06 R$ 841,60 01/12/2006nov/06 R$ 862,64 25/01/2007dez/06 R$ 862,64 30/01/2007jan/07 R$ 862,64 22/02/2007

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fev/07 R$ 715,36 22/03/2007mar/07 R$ 715,36 13/04/2007abr/07 R$ 841,60 25/05/2007mai/07 R$ 778,48 12/06/2007jun/07 R$ 778,48 09/07/2007jul/07 R$ 778,48 22/08/2007Total R$ 9.699,44*

* O valor atualizado, em 16/11/2010, é de R$ 16.770,65.3.1.2. da inclusão de cláusula prevendo a concessão de seguro de vida aos empregados do

Confea no Acordo Coletivo de Trabalho 2006/2007, com a decorrente assinatura do contrato com a empresa Alfa Previdência e Vida S/A, a despeito da condenação da prática no âmbito do Acórdão 1386/2005-Plenário:

- responsável: Sr. Marcos Túlio de Melo, Presidente do Confea.- valores históricos e datas das ocorrências:

Pagamentos do Contrato com a Alfa Previdência e Vida S/APeríodo Valor Histórico Datas das Ocorrênciasago/06 R$ 3.682,00 06/10/2006set/06 R$ 3.703,04 19/10/2006out/06 R$ 3.703,04 01/12/2006nov/06 R$ 3.555,76 25/01/2007dez/06 R$ 3.408,48 30/01/2007jan/07 R$ 3.408,48 22/02/2007fev/07 R$ 3.429,52 22/03/2007mar/07 R$ 3.429,52 13/04/2007abr/07 R$ 3.450,56 25/05/2007mai/07 R$ 3.408,48 12/06/2007jun/07 R$ 3.387,44 09/07/2007jul/07 R$ 3.387,44 22/08/2007Total R$ 41.953,76*

* O valor atualizado, em 16/11/2010, é de R$ 72.531,25.3.1.3. da inclusão de cláusula prevendo a concessão de seguro de vida no Acordo Coletivo de Trabalho 2007/2008/2009, com a decorrente assinatura do contrato com a empresa Real Seguros S/A, a despeito da condenação da prática no âmbito do Acórdão 1386/2005-Plenário:

- responsável: Sr. Marcos Túlio de Melo, Presidente do Confea.- valores históricos e datas das ocorrências:

Pagamentos do Contrato com a Real Seguros S/APeríodo Valor Histórico Datas das Ocorrênciasout/07 R$ 4.687,90 23/11/07nov/07 R$ 4.687,90 19/12/07dez/07 R$ 4.610,20 21/01/08jan/08 R$ 4.506,60 28/02/08fev/08 R$ 4.765,50 11/04/08mar/08 R$ 4.869,05 21/05/08abr/08 R$ 4.946,76 03/06/08mai/08 R$ 5.076,28 06/08/08jun/08 R$ 5.179,87 06/08/08jul/08 R$ 5.179,87 02/09/08ago/08 R$ 5.205,77 07/10/08set/08 R$ 5.257,57 04/11/08

out/08* R$ 5.283,47 10/12/08nov/08 R$ 5.179,91 21/01/09dez/08 R$ 5.102,20 05/03/09

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jan/09 R$ 5.154,00 12/03/09fev/09 R$ 5.024,51 03/04/09mar/09 R$ 4.584,30 21/05/09abr/09 R$ 5.154,02 22/06/09mai/09 R$ 5.231,72 08/07/09jun/09 R$ 5.257,70 12/11/09jul/09 R$ 5.231,80 15/12/09ago/09 R$ 5.231,80 15/12/09

set/09** R$ 4.217,03 15/12/09Total*** R$ 119.625,73

* Foi pago indevidamente o valor de R$ 5.283,47, quando o correto seria R$ 5.205,80, ante a rescisão do contrato do Sr. Jalisson Barros da Silva (fls. 184/185, anexo 1). A diferença foi compensada na fatura de nov/2008, cujo valor original era de R$ 5.257,58 (fls. 185, anexo 1 e fls. 70/72, anexo 2)

** Da fatura referente a set/09, no valor de R$ 5.180,00 (fl. 88/90, anexo 2), houve devolução de pagamento a maior de R$ 962,97 (fls. 257/259, anexo 1).

*** O valor atualizado, em 16/11/2010, é de R$ 161.708,29.3.2. com fundamento no art. 12, inciso III, da Lei n. 8.443/1992, a audiência dos

responsáveis abaixo arrolados para apresentarem razões de justificativa, em razão:3.2.1. da assinatura de contrato com a Medial Saúde S/A, em 06/10/2006, com vistas à

prestação de assistência à saúde aos conselheiros do Confea, em desacordo com a jurisprudência desta Corte de Contas:

- Responsáveis: Srs. Marcos Túlio Melo (Presidente), Jaceguáy Barros (Superintendente), Neuza Maria Trauzzola (Gerente de Infraestrutura) e William Paes Kuhlmann (Gerente Financeiro).

3.2.2. da assinatura de contrato com a Amil, em 29/07/2007, com vistas à prestação de assistência à saúde aos conselheiros do Confea, em desacordo com a jurisprudência desta Corte de Contas:

- Responsáveis: Srs. Marcos Túlio Melo (Presidente), Humberto de Oliveira Campos (Superintendente), Ziocélito José Bardini (Gerente de Infraestrutura) e William Paes Kuhlmann (Gerente Financeiro).

3.2.3. da assinatura do contrato com a Odontoclínicas do Brasil, em 18/09/2006, com vistas à prestação de assistência odontológica aos conselheiros do Confea, em desacordo com a jurisprudência desta Corte de Contas:

- Responsáveis: Srs. Marcos Túlio Melo (Presidente), Jaceguáy Barros (Superintendente), Neuza Maria Trauzzola (Gerente de Infraestrutura) e William Paes Kuhlmann (Gerente Financeiro).

3.2.4. da assinatura de termo aditivo ao contrato celebrado com a Odontoclínicas do Brasil, em 26/09/2007, objetivando a prorrogação do prazo de vigência do contrato que se destinava à prestação de assistência odontológica aos conselheiros do Confea, em desacordo com a jurisprudência desta Corte de Contas:

- Responsáveis: Srs. Marcos Túlio de Melo (Presidente), Humberto de Oliveira Campos (Superintendente Administrativo e Financeiro) e William Paes Kuhlmann (Gerente Financeiro).

3.2.5. da assinatura do contrato com a Interodonto, em 14/02/2008, com vistas à prestação de assistência odontológica aos conselheiros do Confea, em desacordo com a jurisprudência desta Corte de Contas:

- Responsáveis: Srs. Marcos Túlio de Melo (Presidente), Humberto de Oliveira Campos (Superintendente Administrativo e Financeiro), William Paes Kuhlmann (Gerente Financeiro) e Marlei de Sousa Cezário (Gestão de Pessoas)”.

4. E, assim, a unidade técnica promoveu as citações e as audiências autorizadas (fls. 124/172), obtendo, em resposta, as alegações de defesa e razões de justificativa constantes do Anexo 4.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 004.474/2010-4

5. Ato contínuo, o auditor federal de controle externo da 1ª Secex elaborou a instrução de mérito de fls. 194/204, a qual contou com a concordância da diretora, nos seguintes termos:

“(...) 7. ANÁLISE DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA7.1. IRREGULARIDADE: assinatura do contrato com a Alfa Previdência e Vida S/A para

a prestação de seguro de vida aos conselheiros do Confea, a despeito da condenação da prática no âmbito do Acórdão 1386/2005-TCU-Plenário.

7.1.1. RESPONSÁVEL: Sr. Marcos Túlio de Melo, Presidente (fls. 2-8, Anexo 4).7.1.1.2. Esclarece, inicialmente, que a atual administração, iniciada em 10/1/2006, não

tomou conhecimento oficial do Acórdão 1386/2005-TCU-Plenário, sendo que o aludido julgado ocorreu no âmbito do TC 001.722/2003-5, onde o citado não figura como responsável.

7.1.1.3. Assevera que no referido aresto não foi feita determinação expressa ao Confea no sentido de que se abstivesse de realizar despesas com seguro de vida, assistência à saúde e odontológica aos conselheiros e empregados. Relembra que a primeira determinação nesse sentido adveio com o Acórdão 1201/2008-Plenário e, na oportunidade, a autarquia tomou todas as providências administrativas necessárias ao pleno cumprimento desta deliberação. Deste modo, entende que não procede a afirmação de que a atual administração teria incorrido em não observância das determinações desta Corte de Contas.

7.1.1.4. Não obstante as medidas adotadas, pondera que os conselheiros da autarquia, empossados em cargos públicos de título honorífico, representam os Estados da Federação e se deslocam em constantes viagens, a serviço do sistema Confea/Crea, para efetivação das medidas de fiscalização, conforme preceitua a Lei 5.194/66, nos mais diversos locais do País. Nesse sentido, lembra que o referido sistema possui cerca de 500 representações espalhadas pelo interior, além dos Creas em todas as capitais.

7.1.1.5. Assim, considera que a garantia da incolumidade física dos conselheiros, quando do exercício de suas funções em qualquer ponto do País, não pode ser reputada como despesa ilegal, antieconômica ou distante das finalidades do Confea.

7.1.1.6. Por fim, frisa que tais gastos são efetuados dentro das possibilidades orçamentárias e são precedidos de procedimentos licitatórios.

7.1.2. ANÁLISE TÉCNICA:7.1.2.1. Do exame da defesa apresentada, entendemos que não foram carreados aos autos

novos elementos que permitam o afastamento da irregularidade.7.1.2.2. Como já detidamente apreciado no Voto Condutor do Acórdão 1201/2008-TCU-

Plenário, o benefício em análise não possui amparo legal e, na ausência de legislação permissiva, é remansosa a jurisprudência desta Corte sobre a irregularidade de tais gastos (Decisões 524/95-TCU-Plenário e 33/2002-TCU-2ª Câmara, Acórdãos 23/1999, 264/2002, 1367/2003, 1113/2004, 2184/2005, todos do Plenário deste Tribunal).

7.1.2.3. De fato, assiste legalidade apenas às despesas atinentes à concessão de diárias, jetons e auxílio de representação, previstos na Lei 11.000/2004, quando de viagens e deslocamentos necessários ao exercício efetivo das atribuições inerentes ao cargo de conselheiro do Confea. Saliente-se, a respeito desta última indenização, que este Tribunal já se manifestou, no referenciado Acórdão 1201/2008-TCU-Plenário, sobre o seu caráter indenizatório e eventual, não abrangendo, de nenhuma forma, o custeio de seguro de vida.

7.1.2.4. Com relação à ausência de determinação expressa no Acórdão 1386/2005-TCU-Plenário, esclarecemos, preliminarmente, que o Parquet especializado desta Corte, em parecer às fls. 168-169, Principal do TC 026.804/2007-5, manifestou-se da seguinte forma:

‘Além de se tratar de um evidente equívoco, uma vez que o relatório e o voto permitiam concluir que a posição do Tribunal era contrária à realização daquelas despesas, cabe salientar, (...), que há um elevado número de precedentes desta Corte, firmando o entendimento do Tribunal pela irregularidade de tais gastos, com a imputação de débito ou a aplicação de multa aos responsáveis’.

7.1.2.5. Data vênia o entendimento supra, acolhido por este Tribunal no Acórdão 1.201/2008-Plenário, entendemos que o lapso deva ser visto como atenuante ao caso.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 004.474/2010-4

7.1.2.6. Apesar de constar da conclusão do parecer da unidade técnica, transcrito no Relatório condutor do Acórdão 1386/2005-TCU-Plenário, proposta de determinação no sentido de proibir o pagamento de seguro de vida aos empregados e conselheiros do Confea, importa observar que essa irregularidade não foi mencionada no sumário, bem como não foi analisada em outro trecho do Relatório, bem como do Voto condutor do aresto.

7.1.2.7. Ademais, frisamos que o Exmo. Ministro-Relator, ao acolher as proposições da unidade, de forma genérica, expressou-se da seguinte forma:

‘Por fim, acolho as determinações, ao Confea, propostas pela 5ª Secex, no pertinente aos assuntos tratados nesta oportunidade’ (grifo no original).

7.1.2.8. Não obstante tal orientação, a determinação sugerida não veio a constar da parte dispositiva do decisum. Dessa forma, considerando que a ilegalidade aventada não foi tratada, de maneira específica, no âmbito do Acórdão 1386/2005-TCU-Plenário, reputamos plausível a existência de dúvidas sobre a extensão das determinações impostas, as quais vieram a ser dirimidas, efetivamente, quando da prolação do Acórdão 1.201/2008-TCU-Plenário. Assim, entendemos que o fato, apesar de não elidir a irregularidade, frente aos inúmeros precedentes deste Tribunal e aos instrumentos recursais cabíveis, atenua a culpabilidade do responsável.

7.1.2.9. No tocante ao desconhecimento do Acórdão 1386/2005-TCU-Plenário alegado pelo pleiteante, vislumbramos relação com a análise feita acima. O potencial desconhecimento da ilicitude, um dos excludentes da culpabilidade do agente, foi tratado no Voto condutor do Acórdão 19/2002-TCU-Plenário:

‘14.Também não socorre ao recorrente a afirmativa de desconhecimento do procedimento legal respectivo. O art. 3º da Lei de Introdução ao Código Civil estabelece que ninguém se escusa de cumprir a lei alegando seu desconhecimento. Cria-se uma ficção legal para permitir a sobrevivência do próprio ordenamento jurídico. Este corolário tem aplicação direta e imediata à administração pública. Não se pode admitir que o agente público desconheça as normas que regem sua atividade. O princípio da legalidade, que determina que o agente somente atue segundo a lei, tem, por decorrência lógica, o dever funcional de aplicar a lei. Pressupõe, portanto, o prévio conhecimento e entendimento da norma. Ao reconhecer sua ignorância a respeito dos procedimentos legais que regem os pagamentos na administração, o responsável admitiu sua culpa, pois restou evidenciado que agiu com imperícia. Atuou com desconhecimento de normas que tinha o dever de saber, razão pela qual não deve o recurso, neste ponto, ser provido’.

7.1.2.10. Depreende-se, desse modo, que restava ao responsável, no trato de questões afetas à irregularidade, a obrigação de conhecer as normas e, em consonância, as deliberações desta Corte que objetivam o seu fiel cumprimento. O fato de sua posse ser posterior à publicação do referido aresto, não pode ser visto, portanto, como um excludente da sua culpabilidade. No entanto, diante das circunstâncias do caso concreto descritas acima, julgamos que também deva ser visto como um mitigador da gravidade da ocorrência.

7.1.2.11. Pelo exposto, frente aos atenuantes descritos, e considerando que:a) o serviço foi prestado de forma regular;b) houve o devido processo licitatório;c) o responsável adotou providências com vistas a corrigir a irregularidade, considerando

que, no âmbito do contrato firmado com a Real Seguros S/A, em 25/09/07, com vigência de 26 meses, foram segurados apenas os funcionários da autarquia (fls. 79, principal);

POSICIONAMO-NOS PELO ACOLHIMENTO PARCIAL DE SUAS JUSTIFICATIVAS, SEM IMPUTAÇÃO DE DÉBITO AO RESPONSÁVEL

7.1.3. RESPONSÁVEIS: Srs. Jaceguáy de Alencar Inchausti de Barros, Superintendente; Neuza Maria Trauzzola, Gerente de Infraestrutura; William Paes Kuhlmann, Gerente Financeiro; e Luiz Gustavo de Moura, Assessor Jurídico (fls. 18-22, 15-17, 23-57 e 58-59, respectivamente, do Anexo 4).

7.1.3.1. Os responsáveis são uníssonos ao afirmarem que, historicamente, todos os contratos no Confea são assinados pelo chefe da unidade solicitante do produto e/ou serviço, bem como pelo Superintendente Administrativo e Financeiro, Procurador Jurídico e Gerente Financeiro.

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7.1.3.2. No entanto, entendem que, nos termos do art. 54 da Lei 8.666/1993, para que o contrato administrativo produzisse efeitos no mundo jurídico, bastariam apenas as assinaturas da contratada e do contratante, no caso, o Presidente do Confea. Nesse sentido, aduzem que não há como se falar em responsabilidade dos agentes se, do ponto de vista jurídico, suas assinaturas no contrato não eram necessárias à validade do ato.

7.1.3.3. Nesse sentido, fazem referência a normativo deste Tribunal, o qual, ao tratar da elaboração da matriz de responsabilização, assim se refere ao nexo de causalidade (item II-12, do anexo X à Decisão Normativa TCU 62/2004):

‘NEXO DE CAUSALIDADE (entre a conduta e o resultado ilícito): evidências de que a conduta do responsável contribuiu significativamente para o resultado ilícito, ou seja, de que foi uma das causas do resultado.

Para facilitar o preenchimento do campo ‘nexo de causalidade’, deve-se fazer o seguinte exercício hipotético: ‘se retirarmos do mundo a conduta do responsável ainda assim o resultado teria ocorrido e, caso positivo, se teria ocorrido com a mesma gravidade?’.

7.1.3.4. Destarte, concluem que, retirando a sua conduta (aposição de assinatura no contrato), o resultado teria igualmente ocorrido, pois os efeitos da contratação não dependiam de suas assinaturas.

7.1.3.5. Cabe ainda destacar que o Sr. Jaceguáy de Barros fez aduzir à sua defesa considerações de mesmo teor das apresentadas pelo Sr. Marcos Túlio de Melo, acerca da pertinência da concessão de seguro de vida aos conselheiros do Confea, frente à natureza das atribuições do cargo.

7.1.3.6. Além do apresentado acima, o Sr. William Paes Kuhlmann argumentou que a contratação de seguro de vida foi uma decisão do Plenário do Confea, o que se depreenderia das suas decisões PL 685/1994, 1.757/1998 e 2505/1998 (fls. 27-29, Anexo 4). Ademais, afirmou que, conforme disposto no Regimento Interno aprovado pela Resolução - Confea 373/1992 (fls. 30/42, Anexo 4), esse colegiado é soberano e as suas deliberações devem ser cumpridas pela estrutura auxiliar da entidade.

7.1.4. ANÁLISE TÉCNICA:7.1.4.1. O argumento central das defesas apresentadas se fundamenta no caráter habitual

das assinaturas dos gerentes nos contratos da autarquia, em conjunto com o contratante (Presidente do Confea) e a contratada, por se constituir em praxe do Conselho. Além disso, alegam a inexistência de nexo causal entre as suas assinaturas e a concretização da ilegalidade, visto que, para que o contrato fosse válido, seriam suficientes as assinaturas do Presidente do Confea e do responsável pela empresa contratada.

7.1.4.2. Sendo apenas uma praxe da entidade, sem qualquer normatização a respeito, entendemos que não seria possível trazer aos autos prova documental que amparasse aludida afirmação. No entanto, entendemos admissível considerar que a assinatura desses responsáveis nos ajustes celebrados tenha caráter meramente testemunhal.

7.1.4.3. De fato, nos termos do Regimento do Conselho, a competência para assinar convênios e contratos celebrados pelo Confea pertence apenas ao seu Presidente (Resoluções Confea 373/1992, art. 29, inciso X, e 1.015/2006, art. 55, inciso XXII – fls. 36, Anexo 4 e 183/184, principal). Ademais, impende salientar que no extrato do contrato publicado no Diário Oficial da União (fl. 5236, vol. 25, Anexo 2 do TC 026.804/2007-5) figura como signatário apenas este mandatário.

7.1.4.4. Assim, a respeito do nexo de causalidade, opinamos que merece guarida o argumento apresentado. O contrato continuaria tendo efeito jurídico, ainda que retiradas as assinaturas dos defendentes, haja vista que a competência para a sua celebração estava adstrita ao Presidente do Confea.

7.1.4.5. Nesse sentido, importante a leitura do seguinte trecho do Voto Condutor do Acórdão 247/2002–TCU-Plenário:

‘6. A simples existência de um fato apontado como irregular não é suficiente para punir o gestor. Impõe-se examinar os autores do fato, a conduta do agente, o nexo de causalidade entre a conduta e a

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irregularidade e a culpabilidade. Assim, verificada a existência da prática de um ato ilegal, deve o órgão fiscalizador identificar os autores da conduta, indicando sua responsabilidade individual e a culpa de cada um.

7. Dessa forma, constatada a existência de ato administrativo eivado de vício, pode ocorrer que nem todos os responsáveis sejam punidos, pois para que a sanção ocorra é necessário o exame individual da conduta e a culpabilidade dos agentes, que pode estar presente em relação a um e ausente em relação a outros. Pode incidir, ainda, alguma causa de exclusão da ilicitude da conduta ou da culpabilidade do agente’.

7.1.4.6. Outro ponto que deve ser analisado é o exame da culpabilidade, ‘quando se perquirirá se era exigível do agente, nas circunstâncias em que se encontrava, agir de outro modo’ (GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal Parte Geral. 3ª ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2003. p. 219). Admitindo a hipótese ventilada de praxe das assinaturas, destacamos que o contrato em tela foi antecedido de procedimento licitatório, não divergia do edital de licitação, bem como era prática comum do Confea há quase uma década. Além disso, faz-se necessário considerar os atenuantes apontados no item 7.1.2 desta instrução, tendo em vista a plausibilidade de eventuais dúvidas sobre a extensão das determinações impostas pelo Acórdão 1386/2005-TCU-Plenário, as quais vieram a ser suprimidas, efetivamente, quando da prolação do Acórdão 1.201/2008-TCU-Plenário.

7.1.4.7. Com relação ao argumento de que a contratação de seguro de vida foi uma decisão do Plenário do Confea (decisões PL 685/1994, 1.757/1998 e 2505/1998), esclarecemos que a ilegalidade em vértice diz respeito à assinatura de contrato após a expedição do Acórdão 1386/2005-TCU-Plenário, não sendo relevante, dessa forma, se havia autorização anterior sobre a matéria.

7.1.4.8. Pelo exposto, entendemos que, haja vista a competência privativa estabelecida no Regimento do Confea, a materialização da ilegalidade se deu com a assinatura do seu Presidente, Sr. Marcos Túlio de Melo. Dessa forma, manifestamo-nos pelo acolhimento das alegações de defesa apresentadas pelos ora defendentes.

7.2. IRREGULARIDADES: inclusão de cláusula prevendo a concessão de seguro de vida aos empregados do Confea nos Acordos Coletivos de Trabalho - ACT 2006/2007 e 2007/2008/2009 com a decorrente assinatura, respectivamente, dos contratos com as empresas Alfa Previdência e Vida S/A e Real Seguros S/A, a despeito da condenação da prática no âmbito do Acórdão 1386/2005- Plenário.

7.2.1. RESPONSÁVEL: Sr. Marcos Túlio de Melo, Presidente (fls. 7-8, Anexo 4).7.2.1.1. Sobre esse ponto específico, o citado afirma que a alusiva despesa é regular,

sendo que esta deve ter o mesmo tratamento dado às assistências médica e odontológica, benefícios decorrentes de ACT firmado com o sindicato da categoria.

7.2.1.2. Sustenta que, apesar do entendimento do TCU exarado no Acórdão 1572/2010-Plenário, cujo item 9.4 determinou que conselhos de fiscalização profissional ‘se abstenham de celebrar acordos coletivos de trabalho que incluam a concessão de vantagens não previstas em lei ou incondizentes com a realidade do mercado’, a realidade do mercado de trabalho, principalmente na capital federal, torna legítima a concessão de seguro de vida em grupo aos funcionários da entidade.

7.2.1.3. Cita, ainda, que, diante a importância do tema nas negociações coletivas, o Tribunal Superior do Trabalho possui precedentes normativos que tratam somente dessa assistência:

‘N° 42 SEGURO OBRIGATÓRIO (positivo)Institui-se a obrigação do seguro, por acidente ou morte, para empregados que transportem

valores ou exerçam as atividades de vigia ou vigilante.N° 84 SEGURO DE VIDA. ASSALTO (positivo)Institui-se a obrigação do seguro de vida, em favor do empregado e seus dependentes

previdenciários, para garantir a indenização nos casos de morte ou invalidez permanente, decorrentes de assalto, consumado ou não, desde que o empregado se encontre no exercício das suas funções.

N° 112 JORNALISTA. SEGURO DE VIDA (positivo)Institui-se a obrigação do seguro de vida em favor de jornalista designado para prestar serviço em

área de risco’.7.2.1.4. Conclui afirmando que:a) a despesa é irrisória para os cofres do Conselho, não obstante se constitua em grande

benefício aos seus empregados;8

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b) é amparada legalmente pelo ACT firmado entre o Confea e o Sindecof;c) foi devidamente precedida de procedimento licitatório; ed) encontra-se balizada pelos princípios da razoabilidade e economicidade na

Administração Pública.7.2.2. ANÁLISE TÉCNICA:7.2.2.1. Como já tratado no Relatório e no Voto Condutor do Acórdão 1201/2008-TCU-

Plenário, este Tribunal, em diversos julgados, manifestou-se pela ilegalidade da concessão de seguro de vida a funcionários das autarquias de fiscalização do exercício de atividade profissional (Decisão 524/95-TCU-Plenário, Acórdãos 201/1999-TCU-2ª Câmara e 2184/2005-TCU-Plenário, entre outros). No entanto, com relação a despesas médicas e odontológicas, estas encontram respaldo legal, fazendo-se oportuna a transcrição de trecho do Relatório do Acórdão 1715/2003-TCU-Plenário, o qual, em sede recursal, acabou por considerar regular esse tipo de despesa:

‘A assistência à saúde do empregado significa, antes, uma responsabilidade social do empregador, que, em contrapartida, terá menos absenteísmo, menos afastamentos por conta de tratamentos médicos que, de outra forma, seriam realizados em hospitais públicos, geralmente abarrotados de pacientes, à espera de atendimento’.

7.2.2.2. Assim, no entendimento desta Corte, não há proximidade entre essas despesas que garanta o mesmo tratamento jurídico.

7.2.2.3. O responsável fez menção, ainda, ao Acórdão 1572/2010- TCU – Plenário, de forma a justificar a ocorrência ora em análise. A esse respeito é de se ressaltar que o processo, no âmbito do qual foi proferido o referido decisum, não tratou da concessão do benefício em apreço. De fato, naqueles autos (TC 011.824/2009-8), foram questionadas vantagens outras que vieram a ser estabelecidas em acordo coletivo celebrado pelo Conselho Regional de Representantes Comerciais no Estado do Rio Grande do Sul – Core/RS e seus empregados, não havendo qualquer referência à concessão de seguro de vida.

7.2.2.4. Ademais, as funções desempenhadas pelos funcionários da autarquia não justificam a existência de um seguro de vida. Os precedentes normativos citados pelo responsável apenas corroboram esta tese, haja vista que se distanciam, em muito, das atividades exercidas no conselho. A realidade do mercado, ao contrário do aventado pelo defendente, indica a impertinência do benefício, visto que outras atividades de fiscalização, com risco igual ou superior ao enfrentado pelos fiscais do Confea, não ensejam a percepção dessa vantagem.

7.2.2.4. Ante todo o exposto, somos pela rejeição das justificativas prestadas. No entanto, considerando todos os atenuantes descritos no item 7.1.2 desta instrução, bem assim que os Acordos Coletivos em análise foram celebrados anteriormente à prolação do Acórdão 1.201/2008-TCU-Plenário (fls. 25-35, anexo 2), opinamos pelo mesmo encaminhamento proposto anteriormente, qual seja, acolhimento parcial das alegações de defesa apresentadas, sem imputação de débito ao responsável.

8. ANÁLISE DAS RAZÕES DE JUSTIFICATIVA8.1. Esclarecemos, inicialmente, que os responsáveis apresentaram, no tocante às

irregularidades abaixo listadas, a mesmas justificativas descritas nas citações supra analisadas. Desse modo, abstemo-nos de reproduzi-las.

8.2. IRREGULARIDADES: assinatura dos contratos com a Medial Saúde S/A, em 6/10/2006, e com a Odontoclínicas do Brasil, em 18/9/2006, com vistas à prestação, respectivamente, de assistência à saúde e odontológica aos conselheiros do Confea, em desacordo com a jurisprudência desta Corte de Contas.

8.2.1. RESPONSÁVEIS: Marcos Túlio de Melo, Presidente; Jaceguáy de Alencar Inchausti de Barros, Superintendente ; Neuza Maria Trauzzola, Gerente de Infraestrutura; e William Paes Kuhlmann, Gerente Financeiro (fls. 2-8, 18-22, 15-17 e 23-57, respectivamente, do Anexo 4).

8.2.2. ANÁLISE TÉCNICA: 8.2.2.1. Em linhas gerais, aplicam-se ao presente caso as análises tecidas nos itens 7.1.2 e

7.1.4 desta instrução, em razão do que nos posicionamos pelo acolhimento das justificativas prestadas 9

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pelos Srs. Jaceguáy de Alencar Inchausti de Barros, Neuza Maria Trauzzola e William Paes Kuhlmann. Quanto ao Sr. Marcos Túlio de Melo, entendemos necessárias algumas considerações adicionais.

8.2.2.2. Como bem ressaltado no Despacho do dirigente desta Unidade Técnica, o Tribunal, por meio de reiteradas e uníssonas deliberações, vem considerando irregular qualquer pagamento a título de seguro de vida, por ausência de previsão legal. Todavia, não se observa a mesma uniformidade no entendimento do Tribunal quanto à legalidade do pagamento de planos de saúde e odontológico, mesmo que em benefício dos empregados dos conselhos de fiscalização profissional. Exemplo disso é o já referenciado Acórdão 1715/2003 – TCU – 1ª. Câmara, prolatado em sede de recurso, o qual, dando-lhe provimento parcial, considerou regular esse tipo de despesa.

8.2.2.3. Há de se considerar ainda que, no caso em exame, diversamente do verificado quanto às despesas com seguro de vida – as quais, embora não tenham constado, de forma expressa, do Acórdão 1386/2005-TCU-Plenário, foram objeto de análise no parecer da unidade técnica, reproduzido no Relatório condutor da deliberação –, a realização de despesas com planos de saúde e odontológico não foi abordada naquela oportunidade. É o que se depreende do teor da manifestação do Ministério Público junto ao TCU, no âmbito do TC 026.804/2007-5, transcrita no Relatório que fundamentou o Acórdão 1201/2008 – TCU – Plenário, de 18/6/2008:

‘8. Quanto ao mérito, concordou em parte com a análise da unidade técnica, divergindo da conclusão formulada pela Secretaria de que a falta de determinação no Acórdão 1386/2005-P ao Confea, para que não efetuasse pagamento de seguro de vida aos seus empregados e conselheiros, poderia ensejar presunção de que esta Corte não entendia necessário que o Conselho sustasse aqueles gastos. (grifo nosso)

9. Ressaltou infundado tal entendimento, uma vez que o relatório e o voto do mesmo acórdão permitiam concluir que a posição do Tribunal é contrária à realização de tais despesas, tendo salientado o elevado número de precedentes desta Corte, confirmando o entendimento do Tribunal pela irregularidade de tais gastos, com a imputação do débito ou mesmo a aplicação de multa aos responsáveis’.

8.2.2.3. Portanto, até o advento do Acórdão 1201/2008-TCU-Plenário, o qual, em seu subitem 9.4.2, determinou ao Confea que se abstivesse de renovar os contratos de plano de saúde e odontológico para seus conselheiros, não havia orientação expressa vedando tais despesas.

8.2.2.4. Ante o exposto, e considerando que:a) os contratos em análise foram celebrados ainda no exercício de 2006;b) que o Confea vem adotando providências com vistas ao cumprimento das orientações

desta Corte, cabendo ressaltar, inclusive, que o contrato celebrado com a Interodonto, em 14/02/2008, destinou-se apenas ao atendimento odontológico dos empregados do Confea;

PELO ACOLHIMENTO PARCIAL DAS JUSTIFICATIVAS PRESTADAS PELO SR. MARCOS TÚLIO DE MELO, SEM APLICAÇÃO DE MULTA AO RESPONSÁVEL

8.3. IRREGULARIDADE: assinatura de termo aditivo ao contrato celebrado com a Odontoclínicas do Brasil, em 26/9/2007, objetivando a prorrogação do prazo de vigência do contrato que se destinava à prestação de assistência odontológica aos conselheiros do Confea, em desacordo com a jurisprudência desta Corte de Contas.

8.3.1. RESPONSÁVEIS: Srs. Marcos Túlio de Melo, Presidente; Humberto de Oliveira Campos, Superintendente Administrativo e Financeiro; e William Paes Kuhlmann, Gerente Financeiro (fls. 2-8, 9-13 e 23-57, respectivamente, do Anexo 4).

8.3.2. ANÁLISE TÉCNICA: vide item 8.2.2.8.4. IRREGULARIDADE: assinatura de contrato com a Amil, em 29/07/2007, com vistas à

prestação de assistência à saúde aos conselheiros do Confea, em desacordo com a jurisprudência desta Corte de Contas.

8.4.1. RESPONSÁVEIS: Srs. Marcos Túlio de Melo, Presidente; Humberto de Oliveira Campos, Superintendente Administrativo e Financeiro; William Paes Kuhlmann, Gerente Financeiro; e Ziocélito José Bardini, Gerente de Infraestrutura (fls. 2-8, 9-13, 23-57 e 60-63, respectivamente, do Anexo 4).

8.4.2. ANÁLISE TÉCNICA: vide item 8.2.2.

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8.5. IRREGULARIDADE: assinatura do contrato com a Interodonto, em 14/02/2008, com vistas à prestação de assistência odontológica aos conselheiros do Confea, em desacordo com a jurisprudência desta Corte de Contas.

8.5.1. RESPONSÁVEIS: Srs. Marcos Túlio de Melo, Presidente; Humberto de Oliveira Campos, Superintendente Administrativo e Financeiro; William Paes Kuhlmann, Gerente Financeiro; e Sra. Marlei de Sousa Cezário, Gestão de Pessoas (fls. 2-8, 9-13, 23-57 e 14, respectivamente, do Anexo 4).

8.5.1.1. Além de todos os argumentos já expostos, ressaltamos que a Sra. Marlei de Sousa Cezário apresentou alegação adicional, ao afirmar que o objeto do Contrato Confea 398/2008 determina a concessão de plano odontológico somente ao corpo funcional da entidade, em decorrência de atendimento a cláusula de ACT, não estando prevista a concessão do benefício aos conselheiros federais.

8.5.2. ANÁLISE TÉCNICA: 8.5.2.1. Da análise do alusivo contrato (fls. 301-310, v. 1, Anexo 3 do TC 026.804/2007-5),

concluímos que assiste razão à suplicante. O objeto contratado é descrito no ajuste da seguinte forma:‘Contratação de empresa especializada para prestação de serviços de assistência odontológica e

demais procedimentos determinados pelos serviços auxiliares de diagnóstico, em âmbito nacional, para atendimento do corpo funcional do Confea, em rede própria e/ou credenciada e livre escolha - Anexa lista dos prováveis assistidos (todos empregados do Confea e seus dependentes)’ (grifo no original).

8.5.2.2. Ressaltamos, ainda, que, no corpo do contrato, também não há qualquer menção a cobertura dos conselheiros por essa assistência.

8.5.2.3. Pelo exposto, resta prejudicado, ante a perda do objeto, o fundamento da audiência ora em análise.

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO9. Diante do exposto, submetemos os autos à consideração superior, propondo que:9.1. quanto à assinatura do contrato com a Alfa Previdência e Vida S/A, para a prestação

de seguro de vida aos conselheiros do Confea (item 7.1. da instrução):a) sejam acolhidas parcialmente as alegações de defesa do Sr. Marcos Túlio de Melo, sem

imputação de débito ao responsável;b) sejam acatadas as alegações de defesa dos Srs. Jaceguáy de Alencar Inchausti de

Barros, Neuza Maria Trauzzola, William Paes Kuhlmann e Luiz Gustavo de Moura;9.2. quanto à inclusão de cláusula prevendo a concessão de seguro de vida aos

empregados do Confea nos Acordos Coletivos de Trabalho - ACT 2006/2007 e 2007/2008/2009, que sejam acolhidas parcialmente as alegações de defesa do Sr. Marcos Túlio de Melo, sem imputação de débito ao responsável (item 7.2 da instrução);

9.3. quanto à assinatura dos contratos com a Medial Saúde S/A, em 6/10/2006, e com a Odontoclínicas do Brasil, em 18/9/2006, com vistas à prestação, respectivamente, de assistência à saúde e odontológica aos conselheiros do Confea (item 8.2. da instrução):

a) sejam acolhidas parcialmente as razões de justificativa do Sr. Marcos Túlio de Melo, sem aplicação de multa;

b) sejam acatadas as razões de justificativa dos Srs. Jaceguáy de Alencar Inchausti de Barros, Neuza Maria Trauzzola e William Paes Kuhlmann;

9.4. quanto à assinatura de termo aditivo ao contrato celebrado com a Odontoclínicas do Brasil, em 26/9/2007, objetivando a prorrogação do prazo de vigência do contrato (item 8.3. da instrução):

a) sejam acolhidas parcialmente as razões de justificativa do Sr. Marcos Túlio de Melo, sem aplicação de multa;

b) sejam acatadas as razões de justificativa dos Srs. Humberto de Oliveira Campos e William Paes Kuhlmann;

9.5. quanto à assinatura de contrato com a Amil, em 29/7/2007, com vistas à prestação de assistência à saúde aos conselheiros do Confea (item 8.4. da instrução):

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a) sejam acolhidas parcialmente as razões de justificativa do Sr. Marcos Túlio de Melo, sem aplicação de multa;

b) sejam acatadas as razões de justificativa dos Srs. Humberto de Oliveira Campos, William Paes Kuhlmann e Ziocélito José Bardini;

9.6. quanto à assinatura do contrato com a Interodonto, em 14/2/2008, com vistas à prestação de assistência odontológica aos conselheiros do Confea (item 8.5. da instrução), seja a audiência considerada prejudicada, em face da perda de seu objeto;

9.7. sejam julgadas regulares, com quitação plena, as contas dos Srs. Jaceguáy de Alencar Inchausti de Barros, Neuza Maria Trauzzola, William Paes Kuhlmann, Luiz Gustavo de Moura, Humberto de Oliveira Campos e Ziocélito José Bardini, nos termos dos arts. 1º, inciso I, 16, inciso I, e 17 da Lei 8.443/1992;

9.8. sejam julgadas regulares com ressalva, com quitação ao responsável, as contas do Sr. Marcos Túlio de Melo, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, e 18 da Lei 8.443/92;

9.9. seja excluída a responsabilidade da Sra. Marlei de Sousa Cezário;9.10. sejam arquivados os presentes autos”.

6. O dirigente da unidade técnica, por sua vez, divergiu do encaminhamento proposto, conforme parecer lavrado nos seguintes termos (fls. 205/208):

“Discute-se nestes autos, essencialmente, a legalidade do custeio, pelo Confea, de despesas com planos de saúde e planos odontológicos para seus conselheiros e com a contratação de seguro de vida tanto para servidores como para conselheiros.

2. Tais benefícios, à luz de diversos precedentes desta Corte, não poderiam ser financiados pelas autarquias corporativas, dada a ausência de previsão legal expressa autorizando sua concessão.

3. A propósito, um breve apanhado da evolução jurisprudencial em torno do tema se faz pertinente.

4. Um dos primeiros registros a respeito encontra-se na Ata 18/1989 – Plenário, sessão de 3/5/1989. Na ocasião, foi determinado ao Conselho Federal de Medicina que o pagamento do prêmio de seguro de vida para seus conselheiros deveria correr à conta dos próprios beneficiários, ‘à falta de amparo legal para custeá-lo com recursos públicos’.

5. Mais tarde, em sede de consulta, o Tribunal reiterou esse entendimento (Decisão 226/1993 – Plenário), tendo por esteio o art. 3º da Lei 6.994/1982: “É vedada a aplicação do produto da arrecadação das anuidades, taxas e emolumentos previstos nesta Lei, para o custeio de despesas que não sejam diretamente relacionadas com a fiscalização do exercício profissional, salvo autorização especial do Ministro do Trabalho”. Na ocasião, restou assentado que a vedação ao custeio de despesas com seguro de vida alcançaria indistintamente tanto os membros como os servidores dos conselhos.

6. Posicionamento similar era, via de regra, estendido às despesas com assistência médico-hospitalar, como ilustra a Decisão 161/1993 – Plenário, também proferida em sede de consulta.

7. Com a revogação da Lei 6.994/1982, operada pelo art. 87 da Lei 8.906/1994, o Conselho Federal de Enfermagem requereu o reexame da Decisão 226/1993. O Tribunal, todavia, considerou que a revogação da norma em nada alteraria a situação, uma vez que as contribuições instituídas em favor dos conselhos profissionais, por força do disposto no art. 149, caput, da Constituição Federal, estariam diretamente vinculadas ao financiamento das atividades públicas para as quais foram criadas (Decisão 505/1995 – Plenário).

8. Nada obstante, a partir do Acórdão 1.715/2003 – 1ª Câmara, o TCU passou a admitir como regulares despesas com a assistência à saúde dos empregados das autarquias corporativas. Nas palavras do relator do feito, Ministro Marcos Vilaça, ‘a assistência médica oferecida aos seus servidores pode ser considerada condizente com os objetivos da entidade’, pois ‘é nítida a distinção

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entre despesas destinadas a preservar ou restaurar a saúde dos servidores e despesas supérfluas, que em nada contribuem para o atingimento dos fins da instituição’.

9. Finalmente, cumpre mencionar o advento da Lei 11.000, de 15/12/2004, que, em seu art. 2º, § 3º, dispôs:

‘Art. 2º Os Conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas são autorizados a fixar, cobrar e executar as contribuições anuais, devidas por pessoas físicas ou jurídicas, bem como as multas e os preços de serviços, relacionados com suas atribuições legais, que constituirão receitas próprias de cada Conselho.

(...) § 3º Os Conselhos de que trata o caput deste artigo ficam autorizados a normatizar a concessão de diárias, jetons e auxílios de representação, fixando o valor máximo para todos os Conselhos Regionais’.

10. Sobre esse dispositivo, a jurisprudência do Tribunal tem se inclinado no sentido de considerar que ‘o recebimento das importâncias correspondentes à verba de representação, sem a pertinente comprovação da efetiva aplicação de tais recursos especificamente nas despesas a que se destinam, caracteriza o recebimento de ‘remuneração’, em desacordo com a legislação atinente à espécie’ (voto condutor do Acórdão 1.163/2008 – 2ª Câmara)

11. Posto isso, atenho-me, primeiramente, ao exame das despesas havidas pelo Confea com a contratação de seguro de vida para seus servidores.

12. Embora os valores pagos pelos empregadores em favor de seus empregados a título de seguro de vida não integrem o conceito de salário para efeito de cálculo dos respectivos encargos legais, nos termos do inciso V do § 2º do art. 458 da CLT, o benefício se ajusta ao conceito amplo de salário-utilidade, a exemplo do que ocorre também com as despesas com assistência médica, assistência odontológica e previdência privada, entre outras.

13. Nesse sentido, a rigor, decidir pela inclusão ou não de benefícios da espécie na remuneração dos empregados dos conselhos profissionais é atribuição própria dos seus administradores. Trata-se, com efeito, de mera materialização da política salarial discricionariamente estabelecida no âmbito dos próprios conselhos, desonerados que foram de qualquer tipo de supervisão ministerial (Decreto 93.917/86). Dado que a inclusão de seguro de vida em grupo em negociações salariais constitui prática bastante comum no mercado de trabalho, tem-se que, ao deliberarem a respeito, estão os gestores atuando nos estritos limites de sua competência definidos pelas normas de regência.

14. Realmente, no plano estritamente formal, não haveria o que questionar, por exemplo, se o Confea, na negociação de 2005/2006, em vez de conceder um acréscimo salarial de 1,03% aos seus empregados (anexo 2, fl. 20), concedesse um aumento de 2%. No entanto, se o fizesse, como a despesa total com seu quadro de pessoal no exercício foi da ordem de R$ 14,9 milhões (http://www.confea.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=400&pai=8&sub=679), a entidade teria uma despesa adicional de aproximadamente R$ 150 mil ao ano. Com a cláusula alusiva ao seguro de vida, ora questionada, a autarquia teve um dispêndio anual inferior a R$ 42 mil (fl. 80).

15. As negociações salariais, via de regra, são embates que envolvem conquistas e concessões de ambos os lados. A simples faculdade de transigir – nas tratativas com os representantes dos empregados – em torno de um benefício como o seguro de vida indiscutivelmente fortalece a posição dos dirigentes patronais. Além disso, é preciso considerar que cada real acrescido diretamente ao salário dos empregados implica para o empregador, no mínimo, o desembolso de outro real com encargos (previdência, FGTS, férias, gratificação natalina etc.), o que não acontece com determinados itens de salário-utilidade, como a contratação de um plano de seguro de vida em grupo. Essa circunstância, de per si, torna mais interessante para o empregador oferecer um tal benefício do que simplesmente aumentar os salários dos seus empregados em quantia equivalente.

16. Portanto, com a devida vênia, não se apresenta razoável confundir a concessão do seguro de vida com ‘despesas supérfluas, que em nada contribuem para o atingimento dos fins da instituição’. Antes, como dito acima, trata-se de benefício de natureza remuneratória, cuja inclusão em negociações salariais se insere legitimamente no juízo de conveniência dos dirigentes dos conselhos profissionais.

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17. Assim, no ponto, considero não subsistir o fundamento originalmente invocado para a citação dos responsáveis.

18. Passo ao exame do custeio de planos de saúde, planos odontológicos e seguro de vida para os conselheiros.

19. Como antes mencionado, o entendimento prevalecente nesta Corte é o de que, em face do caráter gratuito e honorífico dos respectivos mandatos (art. 51 da Lei 5.194/66; art. 5º da Lei 3.820/60; entre outros), os conselheiros não fazem jus a nenhum tipo de benefício que possa ser confundido com remuneração.

20. No entanto, é de se reconhecer, de plano, que o pagamento de jetons aos membros dos conselhos profissionais, introduzido pela Lei 11.000/2004, veio a configurar, precisamente, o estabelecimento de remuneração pelo exercício da atividade, o que, por conseguinte, derrogou as disposições anteriores que vedavam esse tipo de despesa.

21. De fato, nas palavras de J. M. Othon Sidou (Dicionário Jurídico: Academia Brasileira de Letras Jurídicas. 10ª ed. – Rio de Janeiro. Forense Universitária, 2009.), jeton constitui ‘remuneração, aos membros de um órgão ou corporação, por determinada atividade prestada’. Para o autor, jeton de presença, por sua vez, seria a ‘retribuição pelo comparecimento a reuniões’. Conceito idêntico é compartilhado por Maria Helena Diniz em seu Dicionário Jurídico (Ed. Saraiva, São Paulo, 1998):

‘Jetom. Ciência política. Subsídio pago aos parlamentares quando presentes às sessões ordinárias e às reuniões de comissões. 2. Direito civil e direito comercial. Pequena ficha que se entrega a membros de certas corporações para que recebam uma remuneração pelo seu comparecimento.

Jeton de Présence. Locução francesa. Remuneração dada ao membro de órgão colegiado pela sua presença numa reunião’.

22. Paralelamente a esse fato, é de se ter em conta que os conselheiros, no exercício de suas atribuições, com frequência se veem obrigados a se deslocar de seus municípios de origem para participar de reuniões colegiadas, para realizar diligências e para realizar trabalhos de representação e fiscalização. No desempenho de tais atividades – formalmente reconhecidas como ‘serviço relevante prestado à Nação’ (art. 52 da Lei 5.194/66) –, os conselheiros naturalmente se expõem a riscos com potencial de lhes causar, e às suas famílias, efeitos gravosos. Uma vez que tais atividades se desenvolvem a bem do interesse público, apresenta-se razoável que os respectivos custos com seguros para cobertura de riscos pessoais fiquem a cargo do erário. É o que ocorre, por exemplo, com servidores e autoridades que – mesmo recebendo diárias e possuindo planos de saúde de âmbito nacional bancados pelos cofres públicos – recebem, quando em viagem a trabalho para o exterior, indenização específica para cobertura de gastos da espécie (no caso desta Corte, exemplificativamente, a matéria é disciplinada pela Portaria TCU 62, de 29 de março de 2006).

23. O que se poderia arguir é se não seria o caso de as coberturas se limitarem estritamente aos períodos de deslocamento comprovadamente vinculados ao interesse dos conselhos. Todavia, pode-se inferir que, dada a natureza de suas atividades, seria difícil antever com precisão a agenda dos conselheiros para que se pudesse efetuar as respectivas contratações em tempo hábil e na forma da lei. Além disso, em termos econômicos, muito provavelmente seria mais oneroso efetuar diversas contratações pontuais ao longo do mês do que contratar o seguro pelo mês fechado.

24. De todo modo, consoante mencionado acima, com a possibilidade de pagamento de jetom aos conselheiros, o valor da verba tende a ser definido levando-se em conta a eventual cobertura, diretamente pelo Confea, de despesas com seguros de viagem, aí incluídos seguros de vida e planos de saúde. Ou seja, caso a autarquia faça o custeio direto desses benefícios, a remuneração paga aos conselheiros sob a forma de jetom tende a ser menor.

25. Qualquer que seja o caso, todavia, o controle a ser exercido sobre a remuneração dos membros das autarquias corporativas deve se ater a aspectos como realidade de mercado, razoabilidade e capacidade financeira da entidade. Nesse quesito, em particular, nada há nos autos que possa ser caracterizado como excesso na condução da política remuneratória do Confea.

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26. Assim, também nesse ponto, entendo não subsistirem os pressupostos para constituição da presente TCE.

27. Em conclusão, manifesto-me no sentido de que esta Corte, com esteio no art. 212 de seu Regimento Interno, determine o arquivamento dos autos, sem julgamento de mérito, por ausência de pressupostos de constituição e desenvolvimento válido e regular do processo”.

7. O Ministério Público junto ao Tribunal, representado pelo Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin, manifestou-se nos seguintes termos (fls. 209/215):

“Trata-se de tomada de contas especial instaurada em cumprimento ao disposto no Acórdão nº 1.201/2008 – Plenário, prolatado nos autos do TC nº 026.804/2007-5, nos seguintes termos (fl. 12):

‘VISTOS, relatados e discutidos estes autos de denúncia de irregularidades ocorridas no Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea);

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, com fundamento no arts. 1º, inciso XVI; 8º; 53 a 55 da Lei 8.443, de 4 de fevereiro de 1992, em:

9.1. conhecer da denúncia, com fundamento no art. 53 da Lei 8.443, de 4 de fevereiro de 2002 para, no mérito, considerá-la procedente;

9.2. indeferir a medida cautelar requerida;9.3. converter os presentes autos em tomada de contas especial;9.4. determinar ao Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), sob pena

de aplicação de multa prevista no art. 58, IV, da Lei 8.443, de 1992, que:9.4.1. se abstenha de renovar os contratos de seguro de vida para seus conselheiros e empregados;9.4.2. se abstenha de renovar os contratos de planos de saúde e odontológicos para seus

conselheiros;9.4.3. se abstenha de celebrar acordos coletivos de trabalho que incluam o pagamento de seguro

de vida para seus empregados;9.4.4. se abstenha de incluir, nos próximos contratos, o pagamento referente a serviço de

intermediação de corretagem de seguros, quer na forma direta, quer indiretamente, por meio de seguradora contratada;

9.4.5. se abstenha de prorrogar os contratos vigentes de planos de seguro de vida para seus conselheiros e empregados e de plano de saúde e odontológico para seus conselheiros;

9.4.6. verifique a solução mais vantajosa para a administração quando do término da vigência de contratos de prestação continuada entre as opções de prorrogação ou de elaboração de novo processo licitatório, sempre observado o limite estabelecido no art. 57, inc. II da Lei nº 8666/93;

9.5. determinar à 5ª Secex a adoção das medidas necessárias para a identificação dos responsáveis e a quantificação do dano, com vistas ao ressarcimento do erário e a responsabilização dos envolvidos no pagamento irregular de planos de seguro de vida, de saúde e odontológico aos conselheiros e empregados do conselho’.

II2. Examinam-se, nesta fase processual, as respostas apresentadas pelos responsáveis

ouvidos por esta Corte, mediante citação e audiência, em cumprimento ao Despacho de fl. 45.3. As manifestações no âmbito da 1ª Secex foram divergentes, havendo duas propostas de

encaminhamento.4. Com efeito, o Auditor, com a concordância da Diretora, propôs, em síntese

(fls. 202/203):a) o acolhimento parcial dos argumentos apresentados pelo Sr. Marcos Túlio de Melo,

Presidente da entidade, sem imputação de débito nem aplicação de multa ao responsável, julgando suas contas regulares com ressalva, dando-lhe quitação;

b) o acolhimento dos argumentos apresentados pelos Srs. Jaceguáy de Alencar Inchausti de Barros, Superintendente, Neuza Maria Trauzzola, Gerente de Infraestrutura, William Paes Kuhlmann, Gerente Financeiro, Luiz Gustavo Souza Moura, Assessor Jurídico, Humberto de Oliveira Campos, Superintendente Administrativo e Financeiro, e Ziocélito José Bardini, Gerente de Infraestrutura, julgando suas contas regulares, dando-lhes quitação plena;

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c) a exclusão da responsabilidade da Sra. Marlei de Sousa Cezário, Gestão de Pessoas, por perda de objeto da audiência.

5. Por outro lado, o Secretário concluiu seu pronunciamento de fls. 205/208 propondo que seja determinado o arquivamento dos autos, sem julgamento de mérito, em face da ausência de pressupostos de constituição e desenvolvimento válido e regular do processo.

III6. No que tange às alegações de defesa apresentadas pelo Sr. Marcos Túlio de Melo,

Presidente da entidade, a respeito do pagamento de seguro de vida aos membros e aos empregados do Confea, acompanho a conclusão contida na instrução de fls. 194/203, de que não foram encaminhados elementos capazes de afastar a irregularidade, tendo em vista a ausência de amparo legal para a realização da referida despesa, consoante vasta jurisprudência desta Corte.

7. Da mesma forma, assiste razão ao Auditor quando afirma que ‘a realidade do mercado, ao contrário do aventado pelo defendente, indica a impertinência do benefício, visto que outras atividades de fiscalização, com risco igual ou superior ao enfrentado pelos fiscais do Confea, não ensejam a percepção dessa vantagem’ (fl. 200).

8. No entanto, com relação ao entendimento de que a falta de determinação expressa ao Confea, no Acórdão nº 1.386/2005 – Plenário, apesar de não elidir a irregularidade, deve ser considerada como atenuante à conduta do responsável, na medida em que seria ‘plausível a existência de dúvidas sobre a extensão das determinações impostas, as quais vieram a ser dirimidas, efetivamente, quando da prolação do Acórdão 1.201/2008-TCU-Plenário’, cumpre tecer alguns comentários adicionais.

9. Vale ressaltar, a propósito, que a questão ora suscitada já havia sido discutida no âmbito do TC nº 026.804/2007-5, consoante se observa no seguinte trecho da proposta de deliberação proferida por Vossa Excelência, que fundamentou o Acórdão nº 1.201/2008 – Plenário (fl. 11):

‘9. Divirjo, contudo, no que se refere à análise realizada pela unidade em relação à conduta dos responsáveis. Segundo a Secretaria, a falta de determinação expressa para que o Confea não efetuasse pagamento de seguro de vida para os seus empregados e conselheiros no dispositivo do Acórdão 1386/2005-P afastaria a ausência de boa-fé na conduta dos responsáveis.

10. Em relação a essa questão, sigo o entendimento do Ministério Público de que no bojo do próprio acórdão havia elementos suficientes para demonstrar a posição contrária desta Corte a esse tipo de despesa. Eventual dúvida em relação a essa questão poderia ter sido objeto de embargos no âmbito daquele julgado.

11. Verificada a irregularidade dos pagamentos efetuados e afastada a boa-fé dos responsáveis, resta apenas identificá-los e promover a apuração do dano, para o que julgo pertinente, com base nos ditames da economia e celeridade processual, a conversão destes autos de denúncia em tomada de contas especial, com vistas ao rápido ressarcimento ao erário e à pronta responsabilização dos gestores’.

10. Sobre o assunto, é oportuno registrar que, independentemente da existência ou não de determinação expressa desta Corte à entidade, não se pode admitir a realização de despesas sem amparo legal e contrárias à jurisprudência do Tribunal.

11. A respeito da afirmação do titular da 1ª Secex de que o seguro de vida pago aos empregados do Conselho é um ‘benefício de natureza remuneratória, cuja inclusão em negociações salariais se insere legitimamente no juízo de conveniência dos dirigentes dos conselhos profissionais’ (fl. 207), cumpre salientar que tal argumento já foi devidamente rebatido pela 5ª Secex ao instruir o TC nº 026.804/2007-5, conforme trecho do relatório que acompanhou o Acórdão nº 1.201/2008 – Plenário, a seguir transcrito (fls. 06/07):

‘9.7 Afastada a aplicação da Lei n°11.000/2004 ao caso, essa questão já restou sobejamente analisada por esta Corte, tendo sido rejeitado o pagamento deste benefício tanto para membros de Plenário como para empregados das autarquias de fiscalização do exercício de atividade profissional - Decisão 33/2002 - Segunda Câmara, Acórdão 264/2002 – Plenário, Acórdão 1113/2004 – Plenário, entre outras.

9.8 Contudo, com relação aos empregados do Confea, é de se registrar que o pagamento do seguro de vida decorre de negociação registrada em contrato coletivo de trabalho (fls. 31/34, anexo 2). Desse

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modo, considerando que o acordo coletivo integra, durante sua vigência, o contrato de trabalho e que esse tem validade até 28/02/2009, a cessação do pagamento não pode ocorrer de pronto.

9.9 Nesse sentido, destacamos os itens 10 e 27 do voto do Exmo. Sr. Ministro Marcos Vilaça, nos autos da denúncia contra o Conselho Regional de Química do Paraná, TC 012.643/2004-6, que culminou no Acórdão 2184/2005-Plenário, e a determinação expedida no item 9.4.1:

‘10. Foram feitas, além disso, despesas que exprimem gestão antieconômica, como o pagamento de almoços e jantares e de seguro de vida em grupo, este com base no mero argumento de que os conselheiros e os funcionários correm riscos nas viagens de trabalho, ao se transportarem por via aérea e rodoviária. Há que se notar a inexistência de normas legais que autorizem uma entidade pública a constituir gastos dessa natureza. Não bastasse, o Conselho deixou de evitar que fosse punido várias vezes com sanções pecuniárias por descumprimento de normas trabalhistas.

(...) 27. Com relação às vantagens abusivas ou ilegais que figuram na pauta reivindicatória do sindicato, relacionadas pela Secex/PR, o Conselho deve se abster de deferi-las no próximo acordo coletivo.

(...) 9.4.1. se abstenha de celebrar acordos coletivos de trabalho que incluam a concessão de vantagens não previstas em lei ou incondizentes com a realidade do mercado, tais como: reajuste mensal pelo INPC (igual ao antigo ‘gatilho’), aumento real de 10%, abono salarial equivalente à remuneração, redução da jornada de trabalho para seis horas, folga de um dia após retorno de viagem, remuneração da participação em reunião como se hora extraordinária fosse, prêmio assiduidade equivalente a 20%, auxílio-funeral, auxilio-babá, custeio de despesas de farmácia, vale-transporte sem participação do empregado, cesta básica, abono de falta do funcionário-estudante, pagamento pelo desgaste de condução própria, seguro de vida em grupo e horas extras com acréscimos de 200%’ [grifos no original].

12. Verifica-se, portanto, que não se insere no poder discricionário dos dirigentes dos conselhos a inclusão do benefício de seguro de vida para seus funcionários em negociações salariais, por falta de amparo legal.

13. Da mesma forma, as considerações do Secretário de que ‘o pagamento de jetons aos membros dos conselhos profissionais, introduzido pela Lei 11.000/2004, veio a configurar, precisamente, o estabelecimento de remuneração pelo exercício da atividade, o que, por conseguinte, derrogou as disposições anteriores que vedavam esse tipo de despesa’ (fl. 207 – grifo do original), também já foram discutidas em outras oportunidades por esta Corte, como se observa no trecho, abaixo transcrito, do voto proferido pelo Ministro Benjamin Zymler, atual Presidente do TCU, condutor do Acórdão nº 2.466/2008 – Plenário, por meio do qual esta Corte negou provimento ao pedido de reexame interposto pelo Confea contra o mencionado Acórdão nº 1.201/2008 – Plenário (fl. 20):

‘12. No que tange ao argumento de que ‘o auxílio ou verba de representação sempre teve nítido caráter remuneratório’, melhor sorte não socorre ao recorrente.

13. Quanto a esta questão, o recente Acórdão nº 1.163/2008-2ª Câmara reafirmou o entendimento vigente nesta Corte de Contas de que a verba de representação, ao contrário do que alega o recorrente, possui caráter indenizatório, e não remuneratório, cujo pagamento deve ser eventual, para cobrir custos incorridos pelos membros da entidade no exercício das atividades inerentes às suas funções.

14. Desse modo, o entendimento do TCU é no sentido de que o recebimento das importâncias correspondentes à verba de representação, sem a pertinente comprovação da efetiva aplicação de tais recursos especificamente nas despesas a que se destinam, caracteriza o recebimento de ‘remuneração’, em desacordo com a legislação atinente à espécie’.

14. No mesmo sentido, podem-se citar as considerações de Vossa Excelência, na proposta de deliberação que fundamentou o Acórdão nº 1.163/2008 – 2ª Câmara, a seguir reproduzidas:

‘9. Por força do art. 1º da Resolução - CFF n. 462, de 3/5/2007, o Conselho Federal de Farmácia garantiu aos detentores das funções públicas gratuitas da Lei nº 3.820/1960 a percepção de verbas relativas a diárias e auxílios de representação, as quais, na forma do art. 2º dessa mesma norma, não configuram salário ou subsídio.

10. Consoante arts. 3º e 4º da aludida resolução, a verba de representação mensal é garantida aos dirigentes do Conselho para custeio de despesas necessárias ao exercício da função pública gratuita. Ao Presidente é assegurada a verba no valor de R$ 10.000,00, e ao Vice-Presidente, Secretário-Geral e Tesoureiro, 50% desse montante. Vale ressaltar que, segundo fixado pelo art. 3º, compete ao Setor de Orçamento e Finanças efetuar os descontos e encargos referentes à tributação prevista em legislação federal.

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11. O pagamento de verbas indenizatórias vem disciplinado pelo art. 7º da mencionada norma, que garante àquele investido em funções públicas gratuitas, quando do comparecimento às sessões plenárias ordinária ou extraordinária, a percepção de jetom no valor de R$ 400,00, por sessão administrativa.

(...) 13. Como bem destacado pela unidade técnica, este Tribunal tem admitido a possibilidade de pagamento de verbas indenizatórias a membros de entidades paraestatais, quando do comparecimento a reuniões plenárias, e de ajuda de custo, quando em atividades externas inerentes a suas funções (v.g. Acórdãos ns. 25/2001 - Plenário, 1276/2004 - 2ª Câmara e 1.555/2004 - Plenário).

14. Com efeito, o Acórdão n. 570/2007 - Plenário dirigiu a seguinte determinação aos conselhos de fiscalização:

‘9.4. determinar aos Conselhos Federais de Fiscalização de Profissões Regulamentares que normatizem e publiquem anualmente o valor das diárias, jetons e auxílios de representação, com base no § 3º do art. 2º da Lei 11.000/2004, alertando que a adoção de valores desarrazoados, assim entendidos os que injustificadamente excedem aqueles praticados por outros órgãos e entidades da administração pública federal, poderá ensejar a aplicação de medidas sancionadoras por este Tribunal;’.

15. Entretanto, há que se observar que o entendimento do TCU é no sentido de que o recebimento das importâncias correspondentes à verba de representação, sem a pertinente comprovação da efetiva aplicação de tais recursos especificamente nas despesas a que se destinam, caracteriza o recebimento de ‘remuneração’, em desacordo com a legislação atinente à espécie.

16. Nos casos em que os regimentos das entidades não prevêem a necessidade de comprovação dos gastos com representação, o TCU tem recomendado sua alteração, de forma a exigirem dos presidentes dos conselhos nacional e regionais a efetiva comprovação de todos os gastos efetuados a título de verba de representação (v.g. Acórdãos 351/1998 - 2ª Câmara e 80/1999 - 1ª Câmara).

17. Compartilho da opinião da 5ª Secex de que, no caso do CFF, a forma como a verba de representação mensal é paga (valor fixo e sem correspondência em gastos efetivamente comprovados) e, ainda, submetida a ‘descontos e encargos referentes à tributação prevista em legislação federal’, indica tratar-se, de fato, de remuneração.

18. Dessa forma, anuo à proposta de determinação sugerida pela unidade técnica no que tange à vedação do pagamento mensal e regular de verba de representação’.

15. Tal entendimento voltou a ser recentemente adotado por esta Corte ao proferir o Acórdão nº 406/2011 – Plenário, por meio do qual, entre outras medidas, foi determinado ao Conselho Regional de Enfermagem no Estado do Rio Grande do Sul – Coren/RS que:

‘9.6.3. promova alterações na Resolução nº 44/2007, de forma a exigir dos dirigentes do Conselho a efetiva comprovação dos gastos efetuados a título de verba de representação, sem prejuízo de esclarecer que, naquelas situações excepcionais em que os membros do Conselho incorrerem em despesas extraordinárias no desempenho de sua função pública durante viagem a serviço, despesas estas não relacionadas com pousada, alimentação e locomoção, que já estão incluídas na verba de representação, assistir-lhes-á o direito a que tais gastos lhes sejam devida e regularmente indenizados’.

16. Desse modo, divirjo, com as devidas vênias, das conclusões do titular da unidade técnica, de que o pagamento de jetons aos membros dos conselhos configura remuneração pelo exercício da atividade, vez que possuem, na verdade, caráter indenizatório.

17. Note-se. adicionalmente, que não procede, data venia, a comparação entre viagens de serviço nacionais dos membros do conselho com viagens de serviço internacionais de servidores e autoridades da Administração Pública, suscitada pelo Secretário para fundamentar a pertinência do pagamento de seguro de vida, plano de saúde e plano odontológico aos conselheiros, sendo evidente que estes últimos, caso tenham que se deslocar ao exterior, no exercício de suas atribuições, também podem receber indenização relativa ao seguro de viagem, que muitas vezes é obrigatório, nos termos da parte final da supracitada determinação.

IV18. Quanto às razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Marcos Túlio de Melo a

respeito do pagamento de planos de saúde e odontológico a conselheiros, observo que o precedente invocado na instrução para justificar a afirmação de que não há uniformidade de entendimento do Tribunal sobre a questão (Acórdão nº 1.715/2003 – 1ª Câmara) se refere à assistência médica

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oferecida pelo Conselho Regional de Química da 2ª Região aos seus empregados e não aos seus membros, diferentemente, portanto, da matéria objeto da audiência do responsável nestes autos.

19. Deixo de acolher, ademais, a opinião emitida na instrução de que deve ser afastada a aplicação da multa ao responsável, ante a ausência, até o advento do Acórdão n° 1.201/2008 - Plenário, de orientação expressa vedando tais despesas.

20. Sobre o assunto, cabe registrar que a aplicação de sanções aos responsáveis que praticam atos sem amparo legal e com afrontada diversos princípios constitucionais e à jurisprudência do TCU independe de prévia determinação ou orientação desta Corte, principalmente no caso das entidades de fiscalização do exercício profissional, que estão dispensadas de apresentar prestação de contas ordinária ao Tribunal.

V21. Isto posto, concluo que as alegações de defesa e as razões de justificativa apresentadas

pelo Sr. Marcos Túlio de Melo não merecem ser acolhidas.22. A respeito do encaminhamento a ser adotado neste caso, destaco os seguintes trechos

dos votos condutores dos dois julgados desta Corte, por meio dos quais foram aplicadas multas aos responsáveis pela prática de atos semelhantes:

a) Acórdão nº 1.367/2003 - Plenário - Relator Ministro Benjamin Zymler:‘14. Por fim, no que se refere às despesas realizadas para custeio de seguro de vida, acolho a

análise feita pela Unidade Técnica no subitem 6.3 do parecer que transcrevi em meu Relatório. Entendo que não há como concluir pela legalidade de tais despesas. Tal entendimento, frise-se, já foi manifestado em outras decisões do TCU (Acórdão 23/99-Plenário, Acórdão 201/99-2ª Câmara).

15. Em síntese, nos termos explicitados neste Voto, restaram injustificadas as irregularidades relativas à contratação de pessoal, ao pagamento de diárias e à realização de despesas com seguro de vida. Entendo que, com base no parágrafo único do art. 43 da Lei nº 8.443/92, deve o responsável ser apenado com multa no valor de cinco mil reais’;

b) Acórdão nº 3.313/2010 – 1ª Câmara - Relator Ministro Augusto Nardes:‘13. Em relação às despesas com reembolso de Plano de Saúde, conforme anota a unidade

instrutiva, não é admissível que os dirigentes legislem em causa própria, criando benefícios sem previsão legal. Além disso, ainda que os pagamentos do reembolso tenham cessado, verifico que os responsáveis violaram os princípios da moralidade e da legalidade, conforme jurisprudência desta Corte (TC-005.599/2002-0), que considera os cargos de conselheiros como honoríficos, não se lhes devendo remuneração mensal ou pagamentos de despesas médicas.

14. Nesse caso, considerando o conjunto de irregularidades e a ausência de comprovação da boa-fé dos gestores, cabe aplicar-lhes a multa prevista no art 58, inciso II, da LO/TCU, não sendo razoável e legal, segundo entendo, e diversamente ao que propõem a unidade técnica e o MP/TCU, imputar a esses responsáveis o débito relativo ao recebimento indevido de valores relativos ao plano de saúde, em face de não terem sido citados nos autos, mas apenas ouvidos em audiência quanto a essa irregularidade, assim como tendo em vista a pouca relevância do valor de eventual divida (RS 3.497,04)’.

23. À luz dos supracitados precedentes, e considerando a ausência de indícios de locupletamento do responsável, entendo apropriado, neste caso concreto, que suas contas sejam julgadas irregulares e que lhe seja aplicada a multa prevista no art. 58, incisos I, II e III, da Lei n° 8.443/92.

VI24. Quanto aos argumentos apresentados pelos Srs. Jaceguáy de Alencar Inchausti de

Barros, Superintendente, Neuza Maria Trauzzola, Gerente de Infraestrutura, William Paes Kuhlmann, Gerente Financeiro, Luiz Gustavo Souza Moura, Assessor Jurídico, Humberto de Oliveira Campos, Superintendente Administrativo e Financeiro, e Ziocélito José Bardini, Gerente de Infraestrutura, acompanho a conclusão da instrução de que a materialização da ilegalidade se deu com a assinatura do seu Presidente, haja vista a competência privativa estabelecida no Regimento do Confea.

25. Divirjo apenas quanto ao encaminhamento proposto, por entender que devem ser parcialmente acolhidos os esclarecimentos dos supracitados responsáveis, na medida em que

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participaram, mesmo que subsidiariamente, do ato praticado, cabendo julgar suas contas regulares com ressalva.

VII26. Por fim, assiste razão à instrução ao propor a exclusão da responsabilidade da

Sra. Marlei de Sousa Cezário, Gestão de Pessoas, por perda de objeto da audiência, na medida em que o contrato questionado tinha por finalidade a assistência odontológica apenas dos empregados do conselho, em cumprimento de cláusula prevista no acordo coletivo de trabalho, não havendo previsão de concessão do benefício aos conselheiros.

VIII27. Ante todo o exposto, este representante do Ministério Público, com as devidas vênias

por divergir da proposta formulada pelo titular da unidade técnica e divergir parcialmente da proposta contida na instrução, manifesta-se no sentido de que:

a) sejam julgadas irregulares as contas do Sr. Marcos Túlio de Melo, Presidente do Confea, com fundamento nos arts. 16, inciso III, alínea b, e 23, inciso III, da Lei n° 8.443/92, aplicando-lhe a multa prevista no art. 58, incisos I, II e III, do referido diploma legal;

b) seja autorizada a cobrança judicial da dívida, caso não atendida a notificação, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei n° 8.443/92;

c) sejam julgadas regulares com ressalva as contas dos Srs. Jaceguáy de Alencar Inchausti de Barros, Superintendente, Neuza Maria Trauzzola, Gerente de Infraestrutura, William Paes Kuhlmann, Gerente Financeiro, Luiz Gustavo Souza Moura, Assessor Jurídico, Humberto de Oliveira Campos, Superintendente Administrativo e Financeiro, e Ziocélito José Bardini, Gerente de Infraestrutura, dando-lhes quitação, com fundamento nos arts. 16, inciso II, e 18 da Lei nº 8.443/92;

b) seja determinada a exclusão do nome da Sra. Marlei de Sousa Cezário, Gestão de Pessoas, da presente relação processual”.

É o Relatório.PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO

Examina-se tomada de contas especial convertida por força dos subitens 9.3 e 9.5 do Acórdão 1.201/2008, tendo em vista que o Plenário do Tribunal considerou procedente a denúncia carreada nos autos do TC 026.804/2007-5, considerando irregulares as despesas efetuadas pelo Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea) para o custeio de planos de saúde e de assistência odontológica para o presidente e os conselheiros, bem como a contratação de seguro de vida em grupo para empregados e conselheiros da entidade.2. Conforme o decisum acima, foram encaminhadas determinações à entidade no sentido de abster-se de: i) renovar os contratos de seguro de vida para seus conselheiros e empregados; ii) renovar os contratos de planos de saúde e odontológicos para seus conselheiros; iii) celebrar acordos coletivos de trabalho que incluam o pagamento de seguro de vida para seus empregados; e iv) prorrogar os contratos vigentes de planos de seguro de vida para seus conselheiros e empregados e de plano de saúde e odontológico para seus conselheiros.3. A 1ª Secex elaborou as instruções de fls. 23/44 e 46/48, mediante as quais promoveu inspeção e diligência para saneamento dos autos, além da instrução de fls. 77/82, em que quantificou o débito e promoveu as citações e audiências anteriormente autorizadas, considerando os termos do Acórdão 1.386/2005-TCU-Plenário, pelas seguintes irregularidades:3.1. assinatura do contrato com a Alfa Previdência e Vida S/A para a prestação de seguro de vida aos conselheiros do Confea, com dano apurado no valor total de R$ 9.699,44;3.2. inclusão de cláusula prevendo a concessão de seguro de vida aos empregados do Confea no Acordo Coletivo de Trabalho 2006/2007, com a decorrente assinatura do contrato com a empresa Alfa Previdência e Vida S/A, com dano apurado no valor total de R$ 41.953,76;

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3.3. inclusão de cláusula prevendo a concessão de seguro de vida no Acordo Coletivo de Trabalho 2007/2008 e 2008/2009, com a decorrente assinatura do contrato com a empresa Real Seguros S/A, com dano apurado no valor total de R$ 119.625,73;3.4. assinatura dos seguintes termos contratuais para atendimento aos conselheiros do Confea:3.4.1. Medial Saúde S/A, em 6/10/2006, para prestação de assistência à saúde;3.4.2. Amil, em 29/7/2007, para prestação de assistência à saúde;3.4.3. Odontoclínicas, em 18/9/2006, para prestação de assistência odontológica;3.4.4. Odontoclínicas, em 26/9/2007, aditivo objetivando a prorrogação do prazo de vigência; e3.4.5. Interodonto, em 14/2/2008, para prestação de assistência odontológica.4. Foram citados pelo item 3.1 os seguintes responsáveis (à época dos fatos): Srs. Marcos Túlio de Melo (presidente), Jaceguáy Barros (superintendente), Luiz Gustavo de Moura (assessor jurídico), William Paes Kuhlmann (gerente financeiro) e Sra. Neuza Maria Trauzzola (gerente de infraestrutura). E, pelos itens 3.2 e 3.3, foi citado o presidente, sendo que esses responsáveis, exceto o Sr. Luiz Gustavo de Moura, também foram chamados em audiência pelos itens 3.4.1 e 3.4.3.5. Quanto ao item 3.4.2, foram ouvidos em audiência, além do presidente e do gerente financeiro, os Srs. Humberto de Oliveira Campos (superintendente) e Ziocélito José Bardini (gerente de infraestrutura). 6. E sobre o aditivo do item 3.4.4 foram chamados aos autos os Srs. Marcos Túlio de Melo, Humberto de Oliveira Campos e William Paes Kuhlmann, também ouvidos pelo item 3.4.5, juntamente com a Sra. Marlei de Sousa Cezário, então gerente de gestão de pessoas. 7. O Sr. Marcos Túlio de Melo alegou, em síntese, que: não teria tomado conhecimento oficial do Acórdão 1.386/2005-TCU-Plenário; não teria recebido determinação expressa para que se abstivesse de realizar despesas com seguro de vida e planos de saúde e odontológicos aos conselheiros e empregados, o que só teria ocorrido no Acórdão 1.201/2008-TCU-Plenário; a garantia da incolumidade física dos conselheiros, quando do exercício de suas funções em qualquer ponto do País, não pode ser reputada como despesa ilegal, antieconômica ou distante das finalidades do Confea; as despesas com seguro de vida dos empregados decorreria de acordo coletivo de trabalho; o TST teria precedentes tratando desse tema; a despesa seria irrisória para o Confea, mas de grande benefício para os empregados; todos os contratos teriam sido precedidos da regular licitação.8. Os Srs. Jaceguáy de Alencar Inchausti de Barros, William Paes Kuhlmann e Luiz Gustavo de Moura e a Sra. Neuza Maria Trauzzola aduziram que: todos os contratos no Confea seriam assinados pelo chefe da unidade solicitante, bem como pelo superintendente administrativo e financeiro, pelo procurador jurídico e pelo gerente financeiro, embora bastasse apenas a assinatura do presidente do Confea para produzir efeitos jurídicos; a contratação de seguro de vida foi uma decisão do plenário do Confea, o que se depreenderia das suas decisões PL 685/1994, 1.757/1998 e 2505/1998.9. No mérito, o auditor, com a concordância da diretora, propôs, em síntese (fls. 194/204): a) acolher parcialmente os argumentos apresentados pelo Sr. Marcos Túlio de Melo, sem imputação de débito nem aplicação de multa, julgando as suas contas regulares com ressalva, dando-lhe quitação; b) acolher os argumentos apresentados pelos Srs. Jaceguáy de Alencar Inchausti de Barros, William Paes Kuhlmann, Luiz Gustavo Souza Moura, Humberto de Oliveira Campos e Ziocélito José Bardini e pela Sra. Neuza Maria Trauzzola, julgando as suas contas regulares, dando-lhes quitação plena; e c) excluir a responsabilidade da Sra. Marlei de Sousa Cezário, por perda de objeto da audiência.10. Por outro lado, o Secretário da 1ª Secex entendeu não subsistirem os fundamentos evocados para a constituição da presente TCE e propôs o seu arquivamento sem julgamento de mérito, face a ausência de pressupostos de constituição e desenvolvimento válido e regular do processo (fls. 205/208), já que, segundo ele:10.1. a inclusão de seguro de vida em grupo em negociações salariais constituiria prática bastante comum no mercado de trabalho e a sua contratação para os empregados do Confea, a título de benefício de natureza remuneratória (salário-utilidade) estaria no juízo de conveniência dos dirigentes dos conselhos profissionais; e

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10.2. o pagamento de jetons aos membros dos conselhos profissionais, introduzido pelo § 3º do art. 2º da Lei nº 11.000, de 15 de dezembro de 2004, viria a configurar o estabelecimento de remuneração pelo exercício da atividade dos conselheiros, derrogando as disposições anteriores que vedavam o custeio de planos de saúde, planos odontológicos e seguro de vida para tais representantes, de modo que, o valor dessa verba poderia ser definido levando-se em conta a cobertura, diretamente pelo Confea, de despesas com seguros de viagem, aí incluídos seguros de vida e planos de saúde.11. Já o representante do MPTCU consignou que:11.1. não teriam sido encaminhados elementos capazes de afastar a irregularidade referente ao pagamento de seguro de vida aos membros e aos empregados do Confea;11.2. o pagamento de jetons aos membros dos conselhos não configuraria remuneração pelo exercício da atividade, vez que possui, na verdade, caráter indenizatório; e11.3. a aplicação de sanções aos responsáveis que praticam atos sem amparo legal e com afronta a diversos princípios constitucionais e à jurisprudência do TCU independe de prévia determinação ou orientação desta Corte, principalmente no caso das entidades de fiscalização do exercício profissional, que estão dispensadas de apresentar prestação de contas ordinária ao Tribunal.12. E, assim, o membro do Parquet manifestou-se no sentido de julgar irregulares as contas do presidente, aplicando-lhe a multa do art. 58 da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, e julgar regulares com ressalva as contas dos demais responsáveis chamados aos autos, dando-lhes quitação, à exceção da Sra. Marlei de Sousa Cezário, para a qual propõe a exclusão da relação processual (fls. 209/215).13. Esclareço, inicialmente, que fiz constar da Proposta de Deliberação que fundamentou o Acórdão 1.201/2008-TCU-Plenário que, dentre os gastos mencionados, só há amparo legal para as despesas médicas e odontológicas realizadas em nome dos empregados, de modo que as demais despesas – seguro de vida para empregados e membros do colegiado da entidade e planos de saúde e odontológicos desses últimos – mostram-se irregulares, consoante se observa na jurisprudência desta Corte de Contas, a exemplo da Decisão 33/2002-2ª Câmara; e dos Acórdãos 23/1999, 201/1999, 33/2002, 264/2002, 1.367/2003, 1.113/2004 e 1.386/2005, todos do Plenário.14. No caso em exame, vejo que os pareceres anteriores são convergentes no sentido de descaracterizar o débito que motivou a conversão dos autos de denúncia na presente tomada de contas especial, divergindo, basicamente, quanto à responsabilidade dos gestores da entidade na prática dos atos tidos como irregulares pela jurisprudência deste Tribunal. E, para análise dessa questão principal, entendo necessário considerar as circunstâncias fáticas que revestiram os atos inquinados, com o intuito de melhor aquilatar a conduta dos responsáveis.15. Observo que o Confea não recebeu determinação para que se abstivesse de realizar despesas com seguro de vida e planos de saúde e odontológicos aos conselheiros e empregados, antes do Acórdão 1.201/2008-TCU-Plenário, vez que a proposta de determinação oferecida pela unidade técnica nos autos do TC 001.722/2003-5, transcrita no Relatório do Acórdão 1.386/2005-TCU-Plenário, não foi analisada no Voto condutor do aresto, tampouco foi levada para a parte dispositiva do Acórdão, muito embora o Relator do feito tenha consignado a concordância com as várias determinações formuladas pela unidade técnica.16. Dessa forma, considero que a ilegalidade aventada não foi tratada de maneira específica no âmbito do Acórdão 1.386/2005-TCU-Plenário, sendo plausível a existência de dúvidas sobre a extensão das determinações impostas na ocasião, as quais vieram a ser dirimidas, efetivamente, quando da prolação do Acórdão 1.201/2008-TCU-Plenário. 17. E, nesse sentido, consoante asseverou a instrução da 1ª Secex, entendo que o fato, apesar de não elidir a irregularidade, frente aos inúmeros precedentes deste Tribunal, atenua a culpabilidade dos responsáveis, tendo em vista o potencial desconhecimento da ilicitude.18. Com efeito, o exame da jurisprudência do TCU revela que são considerados vários fatores no exame da conduta do agente e do grau de reprovação do ato que praticou, de modo que diversas dessas circunstâncias acabam constituindo um conjunto de elementos para a aferição da boa-fé daquele que praticou o ato, conceito aberto que tem sido ponderado para fins de aplicação de sanção.

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19. Registro que os benefícios ora inquinados vinham sendo concedidos pela entidade há quase uma década, sem que houvesse questionamento por parte deste Tribunal, exceção feita ao Acórdão 1.386/2005-TCU-Plenário, que trouxe no bojo das questões ali discutidas a reprovação à contratação de seguro de vida para empregados e conselheiros, embora não tenha havido determinação expressa no sentido de cessar tal prática.20. Com relação aos conselheiros, em face do caráter gratuito e honorífico dos respectivos mandatos, de fato o posicionamento firmado na jurisprudência desta Corte é no sentido de que tais representantes não fazem jus a nenhum tipo de benefício que possa ser confundido com remuneração.21. Entretanto não socorrem aos responsáveis as considerações feitas pelo dirigente da unidade técnica, ao afirmar que “o pagamento de jetons aos membros dos conselhos profissionais, introduzido pela Lei 11.000/2004, veio a configurar, precisamente, o estabelecimento de remuneração pelo exercício da atividade, o que, por conseguinte, derrogou as disposições anteriores que vedavam esse tipo de despesa” (fl. 207).22. De fato, esta Corte tem rejeitado o custeio desses benefícios para os membros dos conselhos de fiscalização do exercício de atividade profissional regulamentada, bem como reafirmado o entendimento de que a verba de representação (jetom), ao contrário do que alega o secretário, possui caráter indenizatório, e não remuneratório (cf. se observa nos seguintes arestos: Decisão 33/2002 e Acórdão 1.163/2008, da Segunda Câmara; e Acórdãos 264/2002, 1.113/2004, 2.184/2005 e 2.466/2008, todos do Plenário).23. Observo, contudo, que este Tribunal tem admitido a possibilidade de pagamento de verbas indenizatórias a membros de autarquias sui generis, quando do comparecimento a reuniões plenárias, e de ajuda de custo, quando em atividades externas inerentes a suas funções (v.g. Acórdãos 1.276/2004-2ª Câmara; e 25/2001, 1.555/2004 e 507/2007, do Plenário).24. Todavia há que se observar que o entendimento do TCU é no sentido de que o recebimento das importâncias correspondentes, sem a pertinente comprovação da efetiva aplicação de tais recursos especificamente nas despesas a que se destinam, caracteriza o recebimento de remuneração, em desacordo com a legislação atinente à espécie (v.g. Acórdãos 351/1998-2ª Câmara, 80/1999-1ª Câmara e 406/2011-Plenário).25. A esse respeito me pronunciei no âmbito do TC 031.027/2007-7, envolvendo o Conselho Federal de Farmácia (Acórdão 1.163/2008-2ª Câmara), nos seguintes termos:

“14. Com efeito, o Acórdão 570/2007 - Plenário dirigiu a seguinte determinação aos conselhos de fiscalização:

‘9.4. determinar aos Conselhos Federais de Fiscalização de Profissões Regulamentares que normatizem e publiquem anualmente o valor das diárias, jetons e auxílios de representação, com base no § 3º do art. 2º da Lei 11.000/2004, alertando que a adoção de valores desarrazoados, assim entendidos os que injustificadamente excedem aqueles praticados por outros órgãos e entidades da administração pública federal, poderá ensejar a aplicação de medidas sancionadoras por este Tribunal;’.

15. Entretanto, há que se observar que o entendimento do TCU é no sentido de que o recebimento das importâncias correspondentes à verba de representação, sem a pertinente comprovação da efetiva aplicação de tais recursos especificamente nas despesas a que se destinam, caracteriza o recebimento de ‘remuneração’, em desacordo com a legislação atinente à espécie.

16. Nos casos em que os regimentos das entidades não prevêem a necessidade de comprovação dos gastos com representação, o TCU tem recomendado sua alteração, de forma a exigirem dos presidentes dos conselhos nacional e regionais a afetiva comprovação de todos os gastos efetuados a título de verba de representação (v.g. Acórdãos 351/1998 - 2ª Câmara e 80/1999 - 1ª Câmara)’.

26. Quanto ao seguro de vida e aos planos de saúde e odontológico dos empregados, observo que a prática de inclusão desses benefícios em acordo coletivo é comum no âmbito das negociações

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trabalhistas, em substituição a aumentos salariais mais onerosos para a contratante, sendo que neste caso concreto, conforme informação consignada no parecer do dirigente da 1ª Secex, na negociação de 2005/2006, em vez de conceder um acréscimo salarial que levaria a uma despesa adicional de aproximadamente R$ 150 mil ao ano (anexo 2, fl. 20), com a cláusula alusiva ao seguro de vida, ora questionada, a autarquia teve um dispêndio anual inferior a R$ 42 mil (fl. 80).27. Além de mais econômico aos cofres da autarquia, a concessão dos benefícios resultou de inegável interesse da entidade em promover condições atrativas e dignas aos seus empregados, de modo que, apesar de não encontrarem arrimo na legislação aplicável e na jurisprudência deste Tribunal, não se pode olvidar que os benefícios contribuem para a manutenção de clima organizacional favorável e, em consequência, para o melhor desempenho das atividades de fiscalização profissional incumbidas por lei ao Confea.28. Como se vê, os atos considerados irregulares decorrem de interpretação jurisprudencial, ante a natureza dos conselhos profissionais, motivo pelo qual entendo que o conhecimento da situação irregular estaria, a princípio, fora do alcance do homem médio, diligente e probo, já que até mesmo no âmbito da unidade técnica houve discordância quanto à ilegalidade dos atos ora inquinados e à existência de culpa.29. Recorro às palavras de José Aguiar Dias quando assevera que: “a culpa pode ser entendida como a falta de diligência na observância da norma de conduta, isto é, o desprezo, por parte do agente, do esforço necessário para observá-la, com resultado não objetivado, mas previsível, desde que o agente se detivesse na consideração das consequências eventuais de sua atitude” (Da Responsabilidade Civil. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1979).30. À vista dos elementos constitutivos dos autos, não vejo que as condutas dos responsáveis tenham sido desidiosas ou temerárias, a ponto de merecer a irregularidade de suas contas ou a aplicação de multa, tampouco se discute a ocorrência de desvio ou locupletamento por partes desses gestores, haja vista que os serviços em tela, contratados pelo Confea a preços de mercado, após o devido procedimento licitatório e mediante autorização do plenário da entidade, foram prestados de forma regular pelos respectivos contratados, até o recebimento da determinação específica encaminhada por intermédio do Acórdão 1.201/2008-TCU-Plenário.31. Nessa linha, entendo cabível acolher parcialmente as alegações de defesa e as razões de justificativa do presidente da entidade para julgar as suas contas regulares com ressalva, dando-lhe quitação. 32. Em relação às defesas dos Srs. Jaceguáy de Alencar Inchausti de Barros, William Paes Kuhlmann, Luiz Gustavo de Moura, Humberto de Oliveira Campos e Ziocélito José Bardini, e da Sra. Neuza Maria Trauzzola, entendo que também merecem ser parcialmente acolhidas, conforme conclusões da instrução da unidade técnica, com os reparos do MPTCU, tendo em vista que as irregularidades indicadas nos itens 3.1 a 3.3 desta Proposta de Deliberação decorreram da assinatura de contratos cuja competência regimental era exclusiva do presidente, muito embora, por procedimento costumeiro da entidade, tais responsáveis firmavam também os referidos termos, de modo que participavam de tais atos irregulares, ainda que subsidiariamente, merecendo, portanto, a ressalva em suas contas. 33. Enfim, noto que a audiência da Sra. Marlei de Sousa Cezário perdeu o objeto, uma vez que o contrato questionado tinha por finalidade a assistência odontológica apenas dos empregados do conselho, em cumprimento de cláusula prevista em acordo coletivo de trabalho, sendo que tal contrato prescindia de sua assinatura para produzir efeitos jurídicos e subsidiar os pagamentos ora questionados.

Ante o exposto, manifesto-me no sentido de que seja adotado o Acórdão que ora submeto a este Colegiado.

TCU, Sala das Sessões, em 20 de setembro de 2011.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 004.474/2010-4

ANDRÉ LUÍS DE CARVALHO

Relator

ACÓRDÃO Nº 8222/2011 – TCU – 2ª Câmara

1. Processo nº TC 004.474/2010-4. 1.1. Apenso: 026.804/2007-52. Grupo II – Classe II – Assunto: Tomada de Contas Especial.3. Responsáveis: Humberto de Oliveira Campos (CPF: 090.122.496-00); Jaceguáy de Alencar Inchausti de Barros (CPF: 226.934.670-04); Luiz Gustavo Souza Moura (CPF: 026.328.556-16); Marcos Túlio de Melo (CPF: 130.866.186-04); Neuza Maria Trauzzola (CPF: 042.318.768-60); William Paes Kuhlmann (CPF: 242.959.736-53); Ziocelito José Bardini (CPF: 345.162.209-20). 4. Entidade: Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – Confea (CNPJ: 33.665.647/0001-91).5. Relator: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho.6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin.7. Unidade: 1ª Secex.8. Advogados constituídos nos autos: Antônio Rodrigo Machado de Souza (OAB/SE: 4.370); João de Carvalho Leite Neto (OAB/DF: 19.914); João Augusto de Lima (OAB/DF: 20.264); Fernando Nascimento dos Santos (OAB/MG: 100.035).

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial convertida de

denúncia, em atendimento aos subitens 9.3 e 9.5 do Acórdão 1.201/2008-TCU-Plenário, prolatado no âmbito do TC 026.804/2007-5, a fim de que fossem identificados os responsáveis e quantificado o débito referente a pagamentos de despesas com seguro de vida, plano de assistência médica-hospitalar e plano de assistência odontológica para conselheiros e empregados do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – Confea.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Segunda Câmara, em:

9.1. excluir a Sra. Marlei de Sousa Cezário da presente relação processual;9.2. acolher parcialmente as alegações de defesa dos Srs. Marcos Túlio de Melo

(presidente), Jaceguáy de Alencar Inchausti de Barros (superintendente), Luiz Gustavo Souza Moura (assessor jurídico), William Paes Kuhlmann (gerente financeiro), Humberto de Oliveira Campos (superintendente) e Ziocélito José Bardini (gerente de infraestrutura), e da Sra. Neuza Maria Trauzzola (gerente de infraestrutura);

9.3. julgar regulares com ressalva as contas de Marcos Túlio de Melo, Jaceguáy de Alencar Inchausti de Barros, Neuza Maria Trauzzola, William Paes Kuhlmann, Luiz Gustavo Souza Moura, Humberto de Oliveira Campos e Ziocélito José Bardini, dando-lhes quitação, com fundamento nos arts. 16, inciso II, e 18 da Lei nº 8.443, de 1992; e

9.4. arquivar os presentes autos.

10. Ata n° 34/2011 – 2ª Câmara.11. Data da Sessão: 20/9/2011 – Extraordinária.12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-8222-34/11-2.13. Especificação do quorum:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 004.474/2010-4

13.1. Ministros presentes: Augusto Nardes (Presidente), Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro e José Jorge.

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Page 27:  · Web view2011/10/04  · 7.1.4.6. Outro ponto que deve ser analisado é o exame da culpabilidade, ‘quando se perquirirá se era exigível do agente, nas circunstâncias em que

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 004.474/2010-4

13.2. Ministro-Substituto presente: André Luís de Carvalho (Relator).

(Assinado Eletronicamente)AUGUSTO NARDES

(Assinado Eletronicamente)ANDRÉ LUÍS DE CARVALHO

Presidente Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)CRISTINA MACHADO DA COSTA E SILVA

Subprocuradora-Geral

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