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Projeto VIA Vivenciando InterAprendizagem Contato: https://www.facebook.com/projvia

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CONHEÇA O VIA: origem, descrição e planejamento do projeto.

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Projeto VIA Vivenciando InterAprendizagem

Contato: https://www.facebook.com/projvia

Apresentação

O projeto visa proporcionar ao aluno do ensino público conhecimentos e

experiências que distem das propostas curriculares de praxe e do aspecto tecnicista

exigido pelo vestibular. Através de discussões, oficinas criativas e eventos que

intervenham no meio escolar, perspectivar indissociabilidade entre a aquisição de

conhecimento e sua aplicação na realidade, observando os âmbitos histórico,

cultural e sociopolítico.

Justificativa

Pesquisas realizadas pelas grandes universidades públicas paulistas nos últimos

anos questionam o baixo número de inscritos originários da rede pública. Os

pesquisadores concluíram que há um fenômeno de “autoexclusão” por parte dos

alunos, ou seja, eles deixam de se inscrever por falta de perspectiva. Essa tal falta de

perspectiva muito mais que uma causa individual, é uma causa social.

É o conceito que Mori (2003) chama de "cultura eliminatória" da escola,

disseminada no contexto educacional brasileiro, que ocasiona evasão, sobretudo do

ensino médio. Essa cultura tem grande papel na exclusão, contribuindo para “forçar” a

desistência dos jovens em idade escolar que têm que trabalhar para sua

sobrevivência, situação que os transforma em mão-de-obra semiqualificada. Soma-se

a isso as dificuldades impostas para o acesso ao ensino superior público de qualidade

(poucas vagas, muitos candidatos), a concorrência com os alunos da rede particular

que usufruem de amplas vantagens infraestruturais, a falta de estímulo, o pouco

esclarecimento e divulgação das políticas públicas concernentes a esses alunos e etc.

O ensino médio público é historicamente problemático, sendo um ambiente −

enquanto espaço físico − pouco estruturado (edificação, falta de material e tecnologias

e, por vezes, falta de profissionais) gera um ambiente − enquanto convivência −

desgastante e pouco produtivo. É esse desgaste que propicia o derrotismo e o

desinteresse.

A prática do ensino é comumente vista de maneira objetiva, vertical e

hierarquizante, onde o aluno é limitado ao papel de ouvinte e aprendiz. Acreditamos

em uma educação na qual, em verdade, o processo de aprendizagem é mútuo e

também em um conhecimento aplicável, que seja instrumento de interpretação e

construção da realidade em que estamos inseridos.

Descrição

Em setembro de 2013 uma ex-líder do Partido dos Panteras Negras (EUA),

Ericka Huggins fez uma visita à USP, onde deu uma palestra inspirada em sua

experiência pessoal na luta por direitos civis dos negros nos Estados Unidos.

Ela apontou a educação como quesito de maior importância na mudança social

– e em especial para seu próprio movimento, que tinha como ação estratégica a

criação de escolas para as crianças negras, marginalizadas quanto ao processo de

escolarização.

"Nas escolas, ensinávamos as crianças a pensar e não o que pensar, mesmo

que isso pudesse se voltar contra nós mesmos mais tarde", disse antes de fazer um

apelo emocional: pediu que os universitários ali presentes, futuros professores em sua

maioria, terminem suas especializações, mas não se esqueçam de voltar os frutos do

ensino às suas raízes.

Nesta ocasião, o grupo de amigos na plateia que hoje compõe parte do VIA,

decidiu criar o projeto. Nós, assim como Ericka, acreditamos que a responsabilidade

pelas mudanças locais está nas mãos daqueles que vivem ou vieram de tal realidade.

Assim, em outubro de 2013, foi realizada uma oficina de redação (vide anexos),

na escola estadual Senador João Galeão Carvalhal, em Santo André, onde alguns

realizadores do projeto já haviam cursado. A oficina foi realizada às vésperas da

aplicação do Enem, com o intuito de fazer um trabalho pontual, que tentasse ajudar os

alunos quanto aos processos seletivos para o ensino superior e que também os

auxiliasse na realização da prova. Em um primeiro momento, foram tiradas as dúvidas

quanto às provas, oportunidades por ela proporcionadas etc. Em seguida, foi tecida

uma discussão sobre a importância da implementação das cotas nas faculdades

federais. A partir desse debate, os alunos foram orientados a produzir textos (Anexo 2)

aos moldes do que é solicitado pelo Enem, que lhes é tido como uma grande

oportunidade, pela gama de opções que os oferece (ProUni e Sisu, entre outras) e

pelas cotas destinadas à rede pública.

Esses três momentos (o esclarecer das dúvidas, as discussões e as produções

de texto) são as bases da continuação do projeto. O intuito é que o projeto cresça, se

faça mais presente e leve também outras atividades culturais, ressaltando o diálogo

como um instrumento de transmissão e aquisição de conhecimento, e a importância

de traduzir a aprendizagem em algo concreto. A produção textual ganha importância à

medida que muito além de meio de avaliação (seja no vestibular, por exemplo, seja

para sintetizar o assunto debatido na atividade), é um constante exercício de

criticidade e interpretação da realidade, ou seja, é um veículo para exposição de

ideias, que não se limita ao âmbito acadêmico. É um meio que permite ao indivíduo

expressar-se – e fazer-se ouvido.

O grupo é constituído por recém-egressos do ensino médio, que por haverem

passado por essa experiência há pouco tempo, não são apresentados na autoridade

distante de um profissional da educação, mas como alguém que sabe como é passar

pelas mesmas dúvidas e anseios. Dessa proximidade, espera-se estabelecer uma

relação de confiança e fomentar discussões produtivas. Os métodos utilizados distam

da abordagem de praxe. O ambiente informal propicia a comunicação e estimula a

criatividade, substituindo a “erudição” pela cultura popular, aproximando da realidade

do público através de uma linguagem que ele conhece: a arte de rua, a poesia, a

música popular.

Os temas escolhidos para serem abordados ao longo da realização, tal como as

atividades planejadas, serão trabalhados relacionando sua dimensão histórica e sua

expressividade atualidade. O papel ocupado pela mulher, a trajetória histórica dos

movimentos sociais, o passado e o presente de escravidão, a desigualdade social e o

processo de marginalização, e muitos outros temas que passam desapercebidamente

pelo currículo escolar, mas estão tão presentes na realidade em que se está inserido.

Pesquisas realizadas pela equipe acerca do tema serão disponibilizadas, haverá

sugestões de leituras através do veículo escolhido para estabelecer contato com o

público. No encontro presencial, o tema será apresentado através de aulas

expositivas, documentários, filmes e outros meios que propiciem argumentações para

o estabelecimento dos debates, que são, enfim, o foco do projeto: intercâmbio de

conhecimentos. Após as discussões estão programadas atividades culturais, tais como

oficina de grafitti, sarau, oficina de criação poética, mostras audiovisuais, que

proponham interação entre a temática e outras linguagens, como já destacado acima.

A realização do projeto está programada para acontecer quinzenalmente, aos

sábados, durante o período de fevereiro a setembro de 2014.

Objetivos

Objetivo Geral

Propiciar e instigar o intercâmbio de vivências entre os presentes, buscando

alcançar conhecimentos não priorizados no currículo escolar.

Objetivos Específicos

Auxiliar e assessorar os alunos em suas dúvidas sobre o egresso do

ensino médio;

Alcançar conhecimentos não priorizados pelo currículo de praxe;

Estimular a criatividade através de oficinas artísticas;

Desenvolver habilidades retóricas através das discussões tecidas;

Incentivar a autonomia na busca pelo conhecimento tal qual a relevância

de seu intercâmbio;

Promover vínculo indissociável entre o conteúdo proposto e sua inserção

na realidade.

Principais metas a atingir

Data

Prevista Atividade Duração Público Observação

1ª semana

de fev

Aula expositiva:

esclarecimento sobre os

vestibulares

1 aula

(50 min.)

p/ cada

terceiro

ano

Todos os

terceiros anos

separadament

e

apresentação do

projeto e convite

Fevereiro 1

Oficina de Redação e

debate sobre a estrutura

educacional do país

4 horas Ensino Médio expectativas e

possíveis intervenções

Fevereiro 2

Ressignificação da noção

de cultura: identidade e

cultura popular

+ oficina de grafitti

5 horas

(2h30min

+

2h30min)

Ensino Médio

e comunidade

levar música, poesia,

artes plásticas

(sala multimídia e

espaço para a oficina

de grafitti)

Março 1

Mês da Mulher: imagem

da mulher através dos

tempos

4 horas

Ensino Médio

e comunidade

(mulheres)

publicidade, artes e

literatura

Março 2

Mês da Mulher: a

violência que gera

resistência

4 horas

Ensino Médio

e comunidade

(mulheres)

notícias, dados

estatísticos

Abril 1

Cinquentenário da

Ditadura: poder através da

imposição

4 horas Ensino Médio notícias

Abril 2 População Indígena e a

questão agrária 4 horas Ensino Médio notícias e doc

Maio 1 Copa pra quem? + Ensaio

da Fanfarra 4 horas

Ensino Médio

e comunidade instrumentos musicais

Maio 2 Movimentos Sociais:

história e presente de luta 4 horas Ensino Médio notícias

Junho/Julh

o (pausa

nas

atividades)

Proposta de

leituras/filmes/músicas:

Capitães da Areia,

Cortiço, rap, samba e funk

1 mês

Ensino Médio

(terceiros

anos)

orientação sobre datas

dos vestibulares

Agosto 1

Estar à margem: quem é o

marginal? [rap, samba,

funk, literatura e poesia ]

5 horas

(3h + 2h)

Ensino Médio

e comunidade

leitura de poemas,

letras, etc. pré do

sarau

Agosto 2 Sentimento do Mundo +

Sarau e oficina criativa

5 horas

(2h+3h)

Ensino Médio

e comunidade

poemas sorteados,

declamação e criação

Setembro 1 Negro no Brasil: história

de luta e resistência 4 horas

Ensino Médio

e comunidade

Castro Alves, Rufino

dos Santos

Setembro 2

Negro no Brasil: hoje –

democracia racial? +

Despedida

5 horas

(4h + 1h) Ensino Médio

rediscussão de cotas,

finalização do projeto,

autoavaliação,

despedida

Cronograma de Ação

Pré-produção:

Criação de página no Facebook e outros meios para divulgação e canal de

contato com o público (fim de jan);

Reunião com a direção da escola para definição do calendário;

Preparação de material: pesquisas e estudos para exposição, elaboração e

impressão de roteiros, resumos e propostas de produção textual (contínuo);

Contatar apoiadores para oficinas, exposições e apresentações (contínuo);

Divulgação:

Colocar material multimídia nas redes sociais (contínuo)

Exposição do calendário do projeto nas redes sociais (contínuo)

Convidar pessoalmente os alunos, apresentar as propostas do projeto,

conversa para retirar dúvidas sobre vestibular, Enem, etc. (de 3 a 7 de fev)

Produção:

Aula expositiva e convite: esclarecimento sobre os vestibulares; convite

pessoalmente aos alunos e apresentação das propostas (de 3 a 7 de fev,

uma aula de 50min para cada terceiro ano);

Oficina de redação e debate: A estrutura educacional do país (primeira aula

de fevereiro, 4 horas de duração);

Debate e oficina: Ressignificação da noção de cultura: identidade e cultura

popular + oficina de grafitti (segunda aula de fevereiro, 2h30 min de duração

para cada etapa, totalizando 5 horas);

Exposição e debate: Mês da Mulher: imagem da mulher através dos tempos

(primeira aula de março, 4 horas de duração);

Conversa e debate: Mês da Mulher: a violência que gera resistência (segunda

aula de março, 4 horas de duração);

Aula expositiva e debate: Cinquentenário da Ditadura: poder através da

imposição (primeira aula de abril, 4 horas de duração);

Aula expositiva e debate: População indígena e questão agrária (segunda

aula de abril, 4 horas de duração);

Debate e oficina musical Copa pra quem? + Ensaio da Fanfarra (primeira aula

de maio, 2 horas de debate e 3 horas de oficina);

Aula expositiva e debate: Movimentos Sociais: história e presente de luta

(segunda aula de maio, 4 horas de duração);

Proposta de leituras/filmes/músicas: Capitães da Areia, Cortiço, músicas,

poemas etc. (durante os meses de junho e julho);

Debate, intervenção e exposição: Estar à margem: quem é o marginal?

(primeira aula de agosto, totalizando 5 horas de duração);

Aula expositiva, oficina criativa e sarau: Sentimento do Mundo – Sarau

(segunda aula de agosto, totalizando 5 horas de duração);

Aula expositiva e debate: Negro no Brasil: história de luta e resistência

(primeira aula de setembro, 4 horas de duração);

Aula expositiva, debate e encontro de fechamento: Negro no Brasil: hoje –

democracia racial? (segunda aula de setembro, 5 horas de duração).

Pós-produção:

Divulgação de registros fotográficos e audiovisuais das atividades (contínuo)

Pesquisa de opinião para verificação de resultados/satisfação/críticas

(out/2014 e jan/2015)

Manutenção de contato com o público através dos meios estabelecidos, troca

de informações, proposta de adesão e continuação do projeto pelos antigos

participantes (contínuo)

Avaliação dos resultados

Após cada atividade, será solicitada a entrega de uma produção textual durante

a semana, rediscutindo o tema apresentado, como forma de exercício de escrita e

criticidade e, enfim, avaliação do impacto do projeto.

Na última atividade, será entregue um formulário para os alunos a fim de

levantar comentários, sugestões e críticas sobre o projeto.

Serão também utilizados clipagem (se o houver), entrevistas e registros

audiovisuais dos eventos.

Público alvo

Estudantes do ensino médio da rede pública; também o corpo docente e a

comunidade local, quaisquer que venha com o intuito de trocar ideias e prestigiar os

trabalhos.

Plano de Mobilização

O projeto é amplo e irrestrito. Apesar de estar direcionado aos estudantes do

ensino médio da rede pública, nos é interessante que os profissionais da escola, os

pais e outras pessoas da comunidade e convivência dos alunos participem das

atividades e prestigiem os eventos promovidos.

A mobilização será feita constantemente através das redes sociais e em convites

presenciais na escola. O fato das atividades ocorrerem num lugar de comum acesso

(a própria escola) propicia a presença do público. Fatores como a constância das

atividades, a gama de assuntos abordados, o caráter lúdico das intervenções e o

comprometimento da equipe em assistir os alunos, transmitem confiança e consegue-

se, assim, gradualmente, a conquista do público.

Todas as atividades são gratuitas e num espaço público. A promoção de

debates, oficinas culturais e saraus são feitas com a intenção de proporcionar

intercâmbio de conhecimentos entre os realizadores e participantes.

Referências Bibliográficas

MORI, Josete. O Processo de Exclusão na Educação: O Ensino de Segundo

Grau. In, BONETTI, Lindomar Wessler (coord.) Educação, exclusão e cidadania. 3 ed.

– Ijuí: Ed. Unijuí, 2003, p. 107 a 115.

USP aponta auto-exclusão de estudantes carentes. Folha de São Paulo,

(29/mar/2004). Disponível em:

<http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u15278.shtml> Acesso em

(20/jan/2014, 22h15).

Organizadores e Realizadores

Danielle Takase Queiroz

Matheus Santos Dias

Bianca Figueiredo Silva

Fernando Cesar Pereira Junior

Felipe Morales Simões

Natalia Sabino da Silva

Samuel de Souza Antunes

Luíza Ribeiro Xavier

Lucas Mendes Ribeiro

Carlos Vinicius de Lima

Renan Gustavo Magalhães

Matheus Jorge dos Reis

Victor Augustus Manfredini Vital Bessa

Mariana Silva Zancanaro

Thais Andrea Furigo Novaes

Renan Rocha de Paiva

Gabriela Zanini

Apoio

E. E. Senador João Galeão Carvalhal

Anexos

Anexo 1: Imagens – Oficina de Redação, realizada dia 19/out/2013 na Escola

Estadual Senador João Galeão Carvalhal, Santo André – SP, (disponível em: https://www.facebook.com/events/1432321906994075/)