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VI-187 – MANUAL DE PLANEJAMENTO DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL: UM ESTUDO DE CASO NA AGROINDÚSTRIA Handson Cláudio Dias Pimenta (1) Tecnólogo em Meio Ambiente (CEFET-RN, 2002); Técnico em Tecnologia Ambiental com Habilitação em Controle Ambiental (CEFET-RN, 1999); Graduando em Engenharia de Produção (UFRN). Natal-RN, Brasil. Felipe Ruzo Macêdo Torres Técnico em Construção Civil (CEFET-RN, 2001); Graduando em Engenharia de Produção (UFRN). Natal-RN, Brasil. Endereço(1): Rua das hortências, 395, Mirassol, Natal-RN. CEP: 59078-140. Brasil. Fone: +55 (84) 234-7308, +55 (84) 9415-8146. E- mail: [email protected] RESUMO A questão ambiental, no Brasil e no mundo, tornou-se um tema amplamente debatido em todos os meios, em vista da crescente degradação ambiental movida por um modelo no qual o desempenho da qualidade ambiental das atividades produtivas está cada vez mais distante da prática do consumismo. Visando um processo de mudança, as empresas passaram a se preocupar em atingir e demons trar um desempenho ambiental correto, controlando seus impactos e levando em consideração sua política e seus objetivos ambientais. A implantação de planos e ações na área ambiental, conduzido dentro de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) estruturado na Norma NBR ISO 14001 (1996) e integrado ao conjunto das atividades de gestão, determina a busca por melhoria nas condições ambientais da organização, auxiliando-a a se adequarem às normas de gerenciamento ambiental e aumentarem a competitividade. O SGA é um conjunto de rotinas e procedimentos sistematizados aplicados por uma organização, visando equilibrar a proteção ambiental e a prevenção de poluição com as necessidades socioeconômicas, atendendo para as expectativas das partes interessadas. Assim, os resultados parciais mostram um Manual de Planejamento de Sistema de Gestão Ambiental de acordo com a Norma NBR ISO 14001 em um processo operacional de abatedouro de aves, o qual para facilitar a discussão, a empresa objeto do estudo será denominada Agroindústria SA.

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VI-187 – MANUAL DE PLANEJAMENTO DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL: UM ESTUDO DE CASO NA AGROINDÚSTRIA Handson Cláudio Dias Pimenta (1) Tecnólogo em Meio Ambiente (CEFET-RN, 2002); Técnico em Tecnologia Ambiental com Habilitação em Controle Ambiental (CEFET-RN, 1999); Graduando em Engenharia de Produção (UFRN). Natal-RN, Brasil. Felipe Ruzo Macêdo Torres Técnico em Construção Civil (CEFET-RN, 2001); Graduando em Engenharia de Produção (UFRN). Natal-RN, Brasil. Endereço(1): Rua das hortências, 395, Mirassol, Natal-RN. CEP: 59078-140. Brasil. Fone: +55 (84) 234-7308, +55 (84) 9415-8146. E-mail: [email protected] RESUMO A questão ambiental, no Brasil e no mundo, tornou-se um tema amplamente debatido em todos os meios, em vista da crescente degradação ambiental movida por um modelo no qual o desempenho da qualidade ambiental das atividades produtivas está cada vez mais distante da prática do consumismo. Visando um processo de mudança, as empresas passaram a se preocupar em atingir e demons trar um desempenho ambiental correto, controlando seus impactos e levando em consideração sua política e seus objetivos ambientais. A implantação de planos e ações na área ambiental, conduzido dentro de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) estruturado na Norma NBR ISO 14001 (1996) e integrado ao conjunto das atividades de gestão, determina a busca por melhoria nas condições ambientais da organização, auxiliando-a a se adequarem às normas de gerenciamento ambiental e aumentarem a competitividade. O SGA é um conjunto de rotinas e procedimentos sistematizados aplicados por uma organização, visando equilibrar a proteção ambiental e a prevenção de poluição com as necessidades socioeconômicas, atendendo para as expectativas das partes interessadas. Assim, os resultados parciais mostram um Manual de Planejamento de Sistema de Gestão Ambiental de acordo com a Norma NBR ISO 14001 em um processo operacional de abatedouro de aves, o qual para facilitar a discussão, a empresa objeto do estudo será denominada Agroindústria SA.

PALAVRAS-CHAVE: SGA, Impacto Ambiental, ISO 14001, ISO 14004, Abate de aves. INTRODUÇÃO A questão ambiental, no Brasil e no mundo, tornou-se um tema amplamente debatido em todos os meios, em vista da crescente degradação movida por um modelo no qual o desempenho da qualidade ambiental das atividades produtivas está cada vez mais distante da prática do consumismo. Esse modelo de desenvolvimento utiliza, em muitos casos, os recursos naturais de forma crescente, descontrolada e irresponsável, agindo como fossem infinitos e, não respeitando a sua capacidade de recuperação. Entretanto, é necessário que o desenvolvimento econômico-social seja compatível com a conservação do meio ambiente, tendo, dessa forma, a utilização dos recursos naturais dentro dos limites capazes de manter a sua qualidade e equilíbrio. Visando um processo de mudança, vários seguimentos da atividade econômica passaram a direcionar parcelas de investimentos e esforços administrativos em função de atingir e demonstrar um desempenho ambiental compatível, controlando seus impactos e levando em consideração sua política e seus objetivos ambientais. Vale destacar que conciliar as características ambientais dos produtos e serviços com os paradigmas da conservação ambiental é, cada vez mais, um requisito essencial para as organizações serem competitivas e manterem posições comerciais arduamente conquistadas. Assim, a implantação de planos e ações na área ambiental, conduzido dentro de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) estruturado na Norma NBR ISO 14001 (1996) e integrado ao conjunto das atividades de gestão, determina a busca por melhoria nas condições ambientais da organização, auxiliando-a a se adequarem às normas de gerenciamento ambiental e aumentarem a competitividade. O SGA é um conjunto de rotinas e procedimentos sistematizados aplicados por uma organização, visando equilibrar a proteção ambiental e a prevenção de poluição com as necessidades socioeconômicas, atendendo para as expectativas das partes interessadas. Outros aspectos positivos de um SGA podem ser destacados como: significativa correlação entre eco-eficiência e lucros, principalmente relacionados a menor produção de resíduos e economia de energia, conseqüentemente diminuição dos custos do processo produtivo; adequação com a legislação ambiental vigente; melhoria da imagem empresarial, sobretudo nos fatores de satisfação dos clientes, especialmente, aqueles que atuam com uma postura ambiental; motivação dos empregados; entre outros. A Estrutura de planejamento do SGA busca estabelecer a sistematização dos procedimentos para identificação dos impactos ambientais relevantes de suas atividades e processos, de forma a serem controlados, considerando os seus requisitos legais. Essa identificação garante que os aspectos ambientais sejam levados em consideração nos objetivos e metas ambientais.

Nesse contexto, este estudo tem como objetivo desenvolver um Manual de Planejamento de Sistema de Gestão Ambiental de acordo com os itens 4.2 – Política Ambiental e 4.3 – Planejamento da Norma NBR ISO 14001 (1996) em um processo operacional de abatedouro de aves, localizado em Parnamirim-RN, o qual para facilitar a discussão, a empresa objeto do estudo será denominada Agroindústria SA. MATERIAIS E MÉTODOS A execução deste trabalho foi dividida pelas seguintes etapas: 01 – Levantamento Bibliográfico sobre os aspectos técnico-ambientais dos processos de abate de aves; 02 – Avaliação Ambiental Inicial do Empreendimento e 03 – desenvolvimento do manual obedecendo aos itens 4.2. – Política Ambiental e 4.3. – Planejamento da Norma NBR ISO 14001 (1996). Essas etapas foram desenvolvidas no período de julho a novembro de 2002. A avaliação ambiental inicial buscou analisar o posicionamento atual da organização, em relação, ao meio ambiente. Foi analisada a localização do empreendimento, aspectos técnicos e ambientais da operação enfocando todas as entradas e saídas. Nessa etapa também foi desenvolvido um mapeamento da área externa da corporação com auxílio de um GPS (Global Positioning System) e geoprocessamento através do Software Sufer 7.0. Na Etapa 03 foram realizadas as seguintes ações: desenvolvimento da Política Ambiental; identificação e avaliação dos aspectos ambientais; identificação dos requisitos legais e outros requisitos; objetivos e metas e desenvolvimento do programa de gestão ambiental. Em cada ação, são descritos os procedimentos utilizados para o atendimento dos mesmos. De modo a facilitar a correspondência com os itens da Norma NBR ISO 14001 (específicos para o estudo), este manual adota itemização idêntica da referida norma. RESULTADOS DA AVALIAÇÃO AMBIENTAL INICIAL (ETAPA 02) As atividades da AGROINDUSTRIA SA tiveram inicio em dezembro de 1999. Localizada em Parnamirim-RN, Zona UTM 25 M, coordenada X 248753 e coordenada Y 9343868, a corporação contempla o setor agroindustrial, através do abates de aves. O empreendimento fica situado na Bacia Hidrográfica do rio Pium, sub -bacia hidrográfica do Açude Água Vermelha, distando 90 metros do riacho Cajupiranguinha, afluente do açude. Possui uma vizinhança tipicamente urbana, sendo uma área onde ocorre um grande crescimento imobiliário. A industria possui uma área total de 10100 m2, sendo 3200 m2 de produção, 900 m2 de administração e 6000 m2 de área não edificada. São abatidos, em média, 15.000 aves por

dia, equivalente a 35 toneladas/dia, sendo a capacidade máxima de produção de 20.000 aves. A Figura 01 apresenta uma visão geral do empreendimento. A organização tem uma importância fundamental para o desenvolvimento econômico e social do Estado, já que possibilita agregar valores às matérias-primas originais e gera empregos e renda para população local. A Agroindústria S/A gera aproximadamente 200 empregos diretos. A matéria-prima principal é fornecida através de parcerias estabelecidas, as quais aproveitam a estrutura de terceiros para alojamento de aves, assim como equipamentos e mão-de-obra. Essas parcerias promovem a geração de empregos e renda, possibilitando a fixação do homem ao campo. A remuneração do parceiro é estabelecida de acordo com os resultados técnicos obtidos. Deste modo, quanto maior a produtividade alcançada maior será a remuneração. A Agroindústria SA, por sua vez, fornece todos os insumos exigidos, aves, ração, vacinas e assistência técnica. Figura 01: Esquema da área externa da Agroindústria SA. Em Santa Cruz-RN, no Vale do Trairi, a iniciativa vem colhendo resultados expressivos. A implantação da Parceria Avícola envolve atualmente 50 famílias. O projeto é desenvolvido em conjunto com o Ministério da Integração, Banco do Nordeste, Sebrae, Prefeitura Municipal e Associação de Desenvolvimento Comunitário do Trairi. Para o processo de abate, as aves chegam em caminhões, os quais ficam em espera (aproximadamente 2 horas) para o descarregamento dos engradados. Para evitar a perda das aves à área de espera é ventilada durante todo o procedimento através de seis aeradores e os engradados são molhados durante quinze minutos através de canaletas espalhadas no teto. Na área de desembarque, as aves são retiradas para dependuramento, o qual é realizado pelos pés em uma esteira móvel. Nesse processo, observa-se a geração de resíduos caracterizados por penas, aves mortas e excretas animais e efluentes industriais ambos em pequenas quantidades. O início das operações ocorre com uma descarga elétrica na ordem de 70 Volts para atordoamento inicial, seguido da sangria que é efetuada através de um pequeno seccionamento dos vasos do pescoço. O sangue drenado é parcialmente coletado em galões plásticos, sendo os demais lançados na Estação de Tratamento de Efluentes. O sangue coletado é destinado para graxarias. Em seguida, ocorrem os processos de Escaldagem e Depenagem (FIGURA 02). A escaldagem ocorre por imersão em tanque com água aquecida através de vapor, tendo uma temperatura media de 60º C. Na depenagem, as penas são lançadas na canaleta de efluentes. A seguir, as aves são penduradas pelo pescoço para possibilitar a escaldagem dos pés (água à 90º C) e remoção das cutículas (FIGURA 03). Os resíduos sólidos gerados são depositados em caixas situadas abaixo do maquinário, e são dispostos na canaleta de efluentes. A caldeira responsável pelo aquecimento da água é alimentada por lenhas.

Depois dessas etapas é efetuado o processo denominado evisceração acompanhado de lavagem que consiste nas seguintes etapas (FIGURA 04): extração da cloaca; abertura do abdomem; exposição das vísceras; corte, limpeza e armazenamento da moela e do fígado; extração dos pulmões e separação dos miúdos. Figura 02: Escaldagem (lado direito, Figura 03: Escaldagem e remoção de cutículas. parte inferior) e Depenagem. A seta (amarelo) indica a caixa receptora das cutículas e a seta (laranja) indica a canaleta de efluentes. Figura 04: Processo de evisceração Em seguida, são retirados o pescoço e pés, precedendo o pré-resfriamento à 8º C (pré-Chiller), o resfriamento à 5º C (Chiller), a injeção de proteínas, o recorte e embalagem. Foi observado que alguns procedimentos e aspectos operacionais intensificam os impactos ambientais, principalmente quando se considera a geração de poluição através principalmente dos resíduos sólidos e do processo de lavagem. Neste contexto, este manual levará quando implementado a uma eficiência do uso dos recursos naturais, em particular a água e energia, através de uma nova cultura técnica que proporciona a não geração, redução, min imização de resíduos e efluentes, assim como evitar a elevação da carga poluidora dos efluentes. Com isso a Agroindústria SA ratifica o seu compromisso com o desenvolvimento sustentável, sendo necessário, para isso, a participação, a colaboração e o comprometimento de todos. DESENVOLVIMENTO DO MANUAL (ETAPA 03) POLÍTICA AMBIENTAL

Um Sistema de Gestão Ambiental requer, como premissa fundamental, um comprometimento da alta administração em definir uma política ambiental clara e objetiva, que norteie as atividades com relação ao meio ambiente e que seja apropriada à natureza, à escala e aos impactos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços (VALLE, 2002). A Política Ambiental (PA) consiste na declaração da empresa, expondo suas intenções e princípios em relação ao seu desempenho ambiental global, que provê uma estrutura para ação e definição de seus objetivos e metas ambientais (NBR 14001, 1996). Segundo Cyro Eyer (1995), a Política Ambiental deve estabelecer os objetivos ambientais estratégicos da organização, a partir de um processo de discussão interna no qual participem seus dirigentes e funcionários. De acordo com Norma NBR ISO 14004 (1996), uma Política Ambiental estabelece um senso geral de orientação e fixa os princípios de ação para uma organização. Determina o objetivo fundamental no tocante ao nível global da responsabilidade e desempenho ambiental requerido pela organização, com referencias ao qual todas as ações subseqüentes serão julgadas. A Política não deve ser encarada como mera formalidade para atender ao texto da norma, mas sim como uma ferramenta importante para o sucesso da empresa que, além de cumprir a lei, deseja firmar sua boa imagem. A organização que decidir implantá-la deve estar preparada para rever seus critérios de atuação e eliminar tradições muitas vezes arraigadas, submetendo-se a uma corajosa auto -crítica. Para o conhecimento de todos os seus empregados diretos, prestadores de serviços e colaboradores em geral, deverão ser adotados procedimentos que servirão para estabelecer seu planejamento ambiental. Normalmente, compete à alta administração a responsabilidade pelo estabelecimento da política ambiental da organização, sendo o corpo gerencial responsável por implementar a política e prover elementos que permitam formulá- la e modificá- la (NBR 14001, 1996). Alguns requisitos chaves da Política Ambiental são citados na Norma ISO 14001, sendo eles: ser apropriada à natureza, escala e impactos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços; incluir compromisso com melhorias continuas; incluir compromisso com prevenção de poluição; incluir compromisso em cumprir a legislação, as regulamentações e outras exigências relevantes as quais a organização possa estar submetida; fornecer um quadro contextual de trabalho para fixar e reavaliar os objetivos e metas ambientais; ser documentada implementada, mantida e comunicada a todos os empregados e estar disponível ao público. Contudo, foi traçado, através da formação de um eco-time composto por recursos humanos da alta administração e reuniões periódicas, a seguinte Política Ambiental: A Agroindústria SA, empresa do setor agroindustrial, tem por Política Ambiental o compromisso a conduzir ações, dentro do conceito do desenvolvimento sustentável, reconhecendo que produtividade ambiental e prevenção a poluição como ações indispensáveis. O comprometimento com o meio ambiente, a busca do aperfeiçoamento do

processo e promoção de treinamentos e do desenvolvimento de seus empregados são reafirmados através dos seguintes objetivos de política ambiental: Reconhecimento de gestão ambiental como uma das prioridades; Aperfeiçoamento tecnológico dos processos buscando a minimização dos impactos ambientais e poluição gerada; Observância da Legislação Ambiental relevante à atividade e outros requisitos; Promoção do desenvolvimento do ser humano para atuar de forma condizente com os aspectos ambientais levantados; Implementar procedimentos que busquem a melhoria continua do SGA; e Disposição ao dialogo com as partes interessadas sobre das atividades desenvolvidas. PLANEJAMENTO A NBR ISO 14004, menciona, ao referir-se ao Principio 2 – Planejamento – que: é recomendado que uma organização formule um plano para cumprir sua política ambiental (REIS, 2002). O planejamento de um Sistema de Gestão Ambiental inserido na Norma ABNT ISO 14001 (1996) deve esta em conformidade com requisito 4.3 – Planejamento da referida norma. Os elementos relativos ao planejamento são: identificação dos aspectos ambientais e avaliação dos impactos ambientais; requisitos legais; objetivos e metas ambientais e programas de gestão ambiental. Avaliação dos Impactos Ambientais A norma ISO 14001 define que a organização deve estabelecer e manter procedimentos para identificar os aspectos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços que possam por elas ser controlados e sobre o qual presume-se que ela tenha influencia, a fim de determinar aqueles que tenham ou possam ter impactos significativos sobre o meio ambiente. A organização deve, ainda, assegurar que os aspectos relacionados a estes impactos ambientais sejam considerados na definição de seus objetivos ambientais. Um aspecto ambiental é definido pela ISO 14001 como sendo um elemento das atividades, produtos e serviços de uma organização que possa interagir com o meio ambiente. Um aspecto ambiental significativo é um aspecto que tenha ou possa ter um impacto ambiental significativo no meio ambiente. Segundo a Norma ABNT ISO 14004 (1996), impactos ambientais refere-se a uma alteração que ocorre meio ambiente como resultado de um aspecto ambiental, sendo este um elemento da atividade. Dessa forma, percebe-se que o relacionamento entre aspectos e impactos ambientais é de causa e efeito.

A identificação dos aspectos ambientais é um processo contínuo que determina o impacto positivo ou negativo, passado ou presente e potencial das atividades de uma organização sobre o meio ambiente. Este processo também inclui a identificação da potencial exposição legal, regulamentar e comercial que pode afetar a organização (ISO 14004, 1996). O procedimento de identificação dos aspectos e a avaliação dos impactos ambientais da Agroindústria SA foi composto pelas seguintes etapas: Seleção da atividade; identificação dos aspectos ambientais; identificação de impactos ambientais e avaliação da importância dos impactos. Foi levantado os aspectos e impactos ambientais relacionados com a atividade, especificamente aqueles que a empresa possa controlar ou que possa ter influencia, considerando todas as entradas (matéria-prima e recursos naturais, energia, água) e saídas (emissões atmosféricas, efluentes, resíduos sólidos, contaminação do solo). No processo de identificação foram realizadas visitas in loco, mapeamento da área ao redor da organização e realização de entrevistas aos responsáveis pela atividade. Nesse processo foi considerada condição normal, anormal e de emergência de operação. Na quantificação dos impactos ambientais foi considerado as escala: severidade e a probabilidade recomendada na Norma ABNT ISO 14004. A Severidade consiste no grau no qual a circunvizinhança da atividade é afetada e Probabilidade como possibilidade de ocorrência do impacto. Essa escala recebeu uma pontuação entre 1 (um) e 7 (sete) dependendo da intensidade. O produto entre estas escalas define o Risco, o qual quando tem um valor menor ou igual a 15 (quinze) é considerado não significativo, entre 15 (quinze) e 20 (vinte) impacto considerável e maior ou igual a 20 (vinte) significativo. Todos as atividades desse procedimento foram realizadas em parceria com o eco-time e os autores do trabalho. Os principais impactos identificados na industria estão relacionados com o consumo de água, geração de efluentes e resíduos sólidos pelo processo produtivo e o consumo de energia elétrica. Em relação ao consumo de água, a legislação em si exige uma demanda considerada, sendo na lavagem, a identificação dos aspectos mais significativos, devido à demanda elevada e aos procedimentos inadequados. No procedimento de lavagem não havia indícios de eficiência, já que a pressão da água na lavagem é controlada pelos dedos do funcionário, sendo necessário um maior uso de água e tendo como conseqüência desperdício, maior geração de efluentes e uma não eficiência no procedimento. Um outro procedimento inadequado de lavagem é o uso da água potável para contribuir com o lançamento das penas na estação de tratamento de efluentes (ETE), conforme observa-se na Figura 05. Figura 05: Procedimento de lavagem inadequado – uso de água potável para fluxo das penas na galeria; controle de pressão inadequado. A fonte de abastecimento da Agroindústria SA é um poço tubular com 40 metros de profundidade e uma vazão estimada de 450 m3/dia. Estima-se que no processo produtivo da

Agroindústria SA são consumidos 20 (vinte) Litros de água por ave abatida. Como são abatidas, em média, 15.000 aves/dia, tem-se um consumo industrial diário de 300.000 Litros. A Norma NBR 7229 (1993) da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, na determinação da contribuição diária de esgoto por tipo de prédio e ocupante, estima que são gerados 70 litros de efluentes sanitários por nº de funcionário em fábricas em geral. Sabendo que 100 % do uso sanitário da água transformam-se em efluentes domésticos, pode-se considerar que o consumo médio de água por funcionário é de 70 litros. Logo, na Agroindústria SA, o consumo médio diário é de 14000 Litros. No uso em jardins (20 m2), são estimados 30 Litros/dia. Vale destacar também o uso na lavagem de veículos, 20 veículos por dia, logo 1000 litros/dias. Assim, o consumo total de água na Agroindústria SA perfaz 315.030 Litros por dia, isto é, 315,03 m3/dia. Quanto à geração de efluentes industriais, são produzidos entre 20 a 35 litros de efluente por ave abatida. Esses efluentes apresentam elevadas concentrações de proteínas e de óleos e graxas e não exigem a adição de nutrientes para o tratamento biológico (CAMPOS, 1991). Segundo análise realizada no laboratório de águas e efluentes do Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte – CEFET/RN em 04 de junho de 2002, o efluente industrial apresenta as seguintes características: Tabela 01: Características do Efluente Industrial da Agroindústria SA. Parâmetros Valor (mg/L) DBO5 2559,00 DQO 7200 Óleos e Graxas 614, 00 Sólidos Sedimentáveis 0,80 Temperatura

29,5º C pH 6,8 Estas concentrações de DBO5, DQO, Óleos e Graxas e Sólidos Sedimentáveis estão elevadas devido ao lançamento de alguns resíduos na canaleta dos efluentes. As penas podem contribuir com alteração no pH, as cutículas e vísceras podem contribuir com a elevação da carga orgânica e óleos e graxas, assim como, o insumo do sangue não coletado. Esse insumo ocasiona um impacto significativo no sistema de tratamento, devido à elevada carga orgânica que pode ocasionar o processo de anaerobiose. Vale salientar que ETE, composta por um tratamento preliminar (Peneiramento e caixa de gordura) e um tratamento secundário através de uma lagoa facultativa aerada, foi dimensionada para um abate diário de 8000 aves, estando, hoje, subdimensionada. A Agroindústria encontra-se com um novo projeto da ETE em desenvolvimento. O sangue coletado é destinado à comercialização em uma graxarias em Macaíba para fabricação de ração, sendo este fator um impacto positivo. Os resíduos sólidos da Agroindústria SA foram identificados em cada etapa do processo produtivo e foram mensurados a partir de uma balança transversal, durante três dias da primeira semana no mês de setembro/2002. Através dos dados obtidos, foi estimada a geração relativa ao ano de 2002 (janeiro a dezembro), tendo em vista que a produção mensal manteve-se praticamente igual durante todo ano de 2002. A qualificação dos resíduos foi embasada na Norma ABNT NBR 10004 (1987). Os impactos dos Resíduos sólidos estão ligados aos aspectos ambientais dos processos de depenagem, remoção de cutículas, evisceração e embalagem. Os resíduos gerados por estas etapas são lançados junto com os efluentes, conforme comentários anteriores, potencializando o impacto ambiental. No tratamento primário através do peneiramento esses resíduos são separados e destinados a uma graxaria. Os resíduos gerados no processo de embalagem são oriundos de falhas operacionais dos equipamentos que no corte permite a sobra da embalagem. Os resíduos de embalagens plásticas, resíduos de papelão e resíduos gerados no setor administrativo e manutenção do jardim têm como destino final o lixão de Natal-RN. As cinzas da caldeira são recuperadas economicamente através do uso agrícola nas granjas da Agroindústria SA. Na Tabela 02 apresenta a quantificação e a qualificação dos resíduos sólidos gerados na Agroindústria SA. Tabela 02: Características dos Resíduos Sólidos da Agroindústria SA. Resíduos Sólidos

Quantidade Tonelada/ano % Classificação Bombonas de plástico não contaminadas 0.02 0,02 Classe II Resíduos orgânicos do processo (aves mortas, penas, vísceras não comestíveis, cutículas e rejeitos animais) 195,57 88,60 Classe II Resíduos de embalagens plásticas 8,0 3,70 Classe II Resíduos de papelão 4,0 1,85 Classe II Cinzas da caldeira 5,0 2,10 Classe II

Resíduos da caixa de gordura da ETE 7,8 3,53 Classe II Resíduos gerados no setor administrativo e manutenção de jardins 0,4 0,2 Classe II Sobre os impactos referentes ao uso de energia elétrica o impacto é intensificado devido ao maquinário. Em media são consumidos 117.148,01 kWh de energia sendo um custo médio de R$ 13.900. Considerando que o mês possui 26 dias úteis (DU) e que são abatidas 15000 aves por dia (CA), é necessário em média, 0,3 KWh por ave abatida, como segue cálculo abaixo: Produção Mensal (PM)= DU x CA PM= 390000 aves/mês. Consumo por ave abatida (C)= CE/PM C= 117.148,01/390000 C= 0,3 kWh/ave A Tabela 03 apresenta a analise dos impactos ambientais identificados na Agroindústria SA e a figura 03 apresenta um mapa de riscos ambientais. Tabela 03: Análise dos impactos ambientais da Agroindústria SA. ATIVIDADE ASPECTO AMBIENTAL IMPACTO AMBIENTAL ESCALA RISCO

SIGNIFICÂNCIA S P Chegada de Matéria-prima Espera de Animais Uso de água para descanso das aves 2 2 4 Não Significativo Uso de energia elétrica para ventiladores 3 3 9 Não Significativo Geração de efluentes 2 2 4 Não Significativo Desembarque das aves Geração de efluentes 3 2

6 Não Significativo Geração de resíduo sólido 2 2 4 Não Significativo Pendura das aves Geração de resíduo sólido 2 1 2 Não Significativo Uso de Energia elétrica para trilhos aéreos 6 5 30 Significativo Insensibiliza_ Cão Atordoamento das aves Consumo de água 2

1 2 Não Significativo Geração de resíduo sólido 2 1 2 Não Significativo Uso de energia elétrica para descarga elétrica 4 4 16 Impacto Considerável Sangria Corte de vasos sanguíneos do pescoço Geração de efluentes 5 5 25 Significativo Coleta parcial do sangue para comercialização - - +

Positivo Comprometimento da ETE pelo sangue que chega a estação 5 4 20 Significativo Escaldagem Uso de água aquecida a 60º C Consumo de água 4 4 16 Impacto Considerável Geração de efluentes 4 4 16 Impacto Considerável Depenagem Depenagem das aves Consumo de água 4

3 12 Não Significativo Geração de efluentes 5 2 10 Não Significativo Geração de resíduos sólido (penas) 6 4 24 Significativo Consumo de Energia elétrica para equip amento 6 5 30 Significativo Escaldagem dos pés e Remoção de cutículas Consumo de água aquecida a 90º C Consumo de água 4 3 12

Não Significativo Retirada de cutículas Geração de resíduo sólido 4 5 20 Significativo Geração de efluentes 4 4 16 Impacto Considerável Consumo de Energia elétrica para equipamento 5 5 25 Significativo Evisceração Limpeza interna e evisceração Consumo de água 6 4 24

Significativo Geração de resíduo sólido (vísceras) 7 4 28 Significativo Geração de efluentes 4 4 16 Impacto Considerável Consumo de Energia elétrica para equipamentos 4 4 16 Impacto Considerável Lavagem Final Consumo de água Consumo de água 4 4 16 Impacto Considerável Geração de efluentes

4 4 20 Impacto Considerável Pré-resfriamento Consumo de água resfriada a 8º C Consumo de água 3 6 18 Impacto Considerável Geração de efluentes 5 5 25 Significativo Consumo de Energia elétrica para equipamento 5 5 25 Significativo Resfriamento e Gotejamento Cons umo de água resfriada a 5º C

Consumo de água 4 5 20 Significativo Geração de efluentes 3 6 18 Impacto Considerável Consumo de Energia elétrica para equipamento 5 5 25 Significativo Embalagem e Frigorificação Processo de embalagens Consumo de energia para maquinário 7 6 42 Significativo Geração de resíduo sólido 5

4 20 Significativo Caldeiras Produção de calor Consumo de madeira 4 5 20 Significativo Emissões gasosas 4 4 16 Impacto Considerável Lavagem geral da área de produção Consumo de água Consumo de água 5 5 25 Significativo Geração de efluentes

6 5 30 Significativo Setor Administrativo Consumo de energia Consumo de energia elétrica para equipamentos 5 5 25 Significativo Geração de resíduos 4 3 12 Não Significativo Posto de combustível Uso de combustíveis Uso de combustíveis (gasolina e diesel) 2 3 6 Não Significativo Vazamento nos tanques

Contaminação do solo e do lençol freático 6 4 24 Significativo Lavagem de veículos Consumo de água Consumo de água 4 4 16 Impacto Considerável Geração de efluentes 4 5 20 Significativo Estação de Tratamento de Efluentes Emissões de odores Poluição atmosférica 4 4 16

Impacto Considerável Lançamento de efluentes inadequado Contaminação do solo 5 5 25 Significativo Peneiramento Geração de resíduo sólido 5 6 30 Significativo Aeradores Consumo de energia elétrica 5 5 25 Significativo Figura 06: Mapa de Impactos Ambientais da Agroindústria SA.

Requisitos Legais De acordo com a ISO 14001, a organização deve estabelecer e manter procedimentos para identificar e ter acesso à legislação e outros requisitos por ela subscritos, aplicáveis aos aspectos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços. É recomendável que, para manter o atendimento aos regulamentos, uma organização identifique e compreenda os requisitos legais aplicáveis às suas atividades, produtos ou serviços (ISO 14004, 1996). De maneira geral, as organizações não necessariamente mantenham as informações dos requisitos no local da instalação, mas que as pessoas da organização que necessitem dessas informações sejam capazes de acessá- las. Entretanto é necessario que se tenha um responsável para identificar as leis, decretos que se aplicam ao desempenho ambiental da empresa e criar um banco de dados com essas informações que permitam o acesso rápido as leis. Este mesmo setor também deve ficar responsável por manter um registro de outros requisitos resultantes de acordos, códigos industriais, normas voluntárias subscritas pela empresa e compromissos ambientais constantes especificamente de contratos assinados pela empresa, divulgando esses requisitos aos setores responsáveis pelo seu cumprimento, o quaL será verificado posteriormente pelas aud itorias. O processo para identificação e o acesso à legislação em vigor, assim como a outros requisitos subscritos pela Agroindústria SA, que sejam aplicáveis as transformações ambientais do empreendimento, deve ser realizado conforme procedimento a seguir: Objetivo: O procedimento visa assegurar que quaisquer alterações ocorridas nestes requisitos, por exclusão, inclusão ou modificação, sejam conhecidas, analisadas e implementadas no SGA. Apenas para, referencia estão relacionadas, a seguir, os requisitos legais. Responsabilidades: A empresa de consultoria em Direito Ambiental será responsável em passar os requisitos legais aplicáveis ao empreendimento para o Eco-time, este, por sua vez, será responsável pela interpretação. Procedimentos: A Organização receberá bimestralmente do Eco-time uma análise dos requisitos legais apresentados pela empresa de consultoria, uma lista com a atualização das mudanças regulatórias pertinentes às atividades desenvolvidas. A comunicação de novos regulamentos deve ser imediata a unidade afetada, sendo avaliado pela Direção Geral. O Eco-time deverá ficar disponível para qualquer esclarecimento. Abaixo segue uma relação de requisitos legais aplicados ao empreendimento: Resolução CONAMA 001/86 – Dispõe sobre a Avaliação de Impactos Ambientais;

Resolução CONAMA 020/86 – Estabelece a classificação das águas doces, salobras e salinas, segundo seu uso preponderante e estabelece padrões de emissões de para efluentes líquidos; Resolução CONAMA 237/97 – Dispõe sobre o Licenciamento Ambiental; Lei 9433 – institui a Política Nacional de Recursos Hídricos (outorga pelo direito de uso de água) Lei Estadual que institui a Política Estadual de Recursos Hídricos e outras providencias nº 6908/96; Decreto 13799/98 e Leis 40 e 148/96 – Sistema Estadual de Controle e Preservação do Meio Ambiente – RN; RIISPOA: Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária dos Produtos de Origem Animal, aprovado pelo Decreto Nº 30691, de 29.03.1962, que regulamentou a Lei Nº 1283, de 18.12.1952, alterado pelo Decreto Nº 1255, de 25.06.1962, alterado pelo Decreto nº 1812, de 08.02.1996. Lei de crimes ambientais, Lei nº 9605 de 12.02.1998. Objetivos e Metas De acordo com a ISO 14001, a organização deve estabelecer e manter objetivos e metas ambientais, em cada nível e função pertinente da organização. Ou seja, transformar a Política Ambiental em objetivos e Metas especificas. Um objetivo ambiental é definido como sendo uma meta ambiental geral que emerge de uma política ambiental que uma organização estabelece que deverá atingir e a qual é quantificada quando possível. As metas são etapas a serem cumpridas à curto prazo, ao longo de um determinado período, para atingir os objetivos. São especificas e mensuráveis e devem ter um quadro temporal especifico a seu alcance sempre que possível. Em conformidade com a Política Ambiental da Agroindústria SA comprometimento com o meio ambiente e considerando a planilha de avaliação de impactos ambientais identificados, têm-se os seguintes objetivos e metas ambientais, devendo esses serem comunicados a toda corporação: Objetivos Ambientais Reduzir o consumo de energia no processo de abate; Otimizar o consumo de água na área de abate; Reduzir o impacto ambiental gerado pelos resíduos gerados na produção; e Eliminar a utilização da madeira para abastecimento da caldeira. Metas Ambientais

ENERGIA a) Reduzir o consumo de energia elétrica em 15%. ÁGUA a) Reduzir o consumo de água em 15%. RESIDUO SÓLIDO a) Separar 100% das embalagens passíveis de reciclagem para serem comercializadas e resíduo gerado (penas, vísceras e cutículas) dos efluentes, destinando-o adequadamente. QUEIMA DE MADEIRA a) Eliminar a utilização de madeira para queima no aquecimento das caldeiras. Programa de Gestão Ambiental Segundo Cyro Eyer (1995) o Programa de Gestão Ambiental (PGA) é operacionalizado através de um plano de gestão ambiental, que é definido como um instrumento gerencial dinâmico e sistemático, devendo considerar as metas e objetivos ambientais determinados. De acordo com a Norma ABNT NBR ISO 14001 (1996), a organização deve estabelecer e manter programas para atingir seus objetivos e metas, devendo incluir: a atribuição de responsabilidades em cada função e nível pertinente da organização, visando atingir os objetivos e metas; e os meios e prazos dentro do qual eles devem ser atingidos. Todas as medidas propostas pelo PGA visam, de forma geral, o uso racional de recursos naturais e a busca pela diminuição dos impactos ambientais. O seu uso será um elemento necessário ao sucesso da implementação do SGA. Com isso, segue abaixo os programas de gestão ambiental de forma sintetizada: Redução e Controle do Consumo de Energia Elétrica Objetivo: Reduzir o consumo de energia elétrica em 15% nas atividades. Escopo: Consumo de energia elétrica nos equipamentos utilizados no setor administrativo e nas máquinas do setor de abate.

Responsabilidades: O Eco-time é responsável pela implementação e análise crítica bimestral deste Programa. Todos os funcionários são responsáveis pelas atrib uições respectivas atribuídas neste programa. Atividade: a) Formação de uma Comissão Interna de Conservação de Energia – CICE, b)Adoção de Campanha de redução de gastos com eletricidade e c) Levantamento de todos os maquinários do setor produtivo que utilizam energia elétrica e verificação da sua eficiência. Monitoramento e Verificação: Será utilizado o valor do consumo de energia como indicador da eficiência das medidas adotadas. A avaliação da eficiência do procedimento será mensal. Revisão: O programa será revisado sempre que ocorrer qualquer alteração nas atividades Redução e Controle do Consumo de Água e Lançamento de Efluentes Objetivo: Reduzir o consumo de água em 15% e minimizar a geração e lançamento de efluentes nas atividades. Escopo: Águas de lavagem de maquinário, do processo de abate das aves e das engradados e caminhões de transporte. Responsabilidades: O Eco-time é responsável pela implementação e análise crítica trimestral deste procedimento. Todos os funcionários responsáveis pelas atividades mencionadas no escopo são responsáveis pelas atribuições respectivas atribuídas neste programa. Atividades: a) Mudança Tecnológica Operacional nos processos de lavagem, otimizando o uso da água através de lavadores à pressão e b)Treinamentos de valorização e valoração dos recursos hídricos. Monitoramento e Verificação: O indicador de eficiência será as medições na entrada dos efluentes na Estação de Tratamento. A avaliação da eficiência do procedimento será semestral. Revisão: O programa será revisado sempre que ocorrer qualquer alteração nas atividades da que envolvam mudança no procedimento de geração do efluente. Implantação de um Gerenciamento Adequado dos Resíduos Sólidos Objetivo: Reduzir os impactos gerados pelos resíduos sólidos. Escopo: Área de produção, as caldeiras utilizadas para escaldagem e setor administrativo.

Responsabilidades: O Eco-time é responsável pela implementação e análise crítica trimestral deste Programa. Todos os funcionários são responsáveis pelas atribuições respectivas atribuídas neste programa. Atividades: a) Adoção de programas de prevenção à poluição; b) Substituição das Caldeiras da fonte calorífica que abastece a caldeira; c) Implementação de uma coleta seletiva na administração e pátio externo da industria e d) Incentivos à reciclagem. Monitoramento e Verificação: Será utilizado analises do efluente bruto antes da adoção das atividades e posterior a atividade, para verificar alguma alteração dos parâmetros fixados nas analises posterior a implementação. Revisão: O programa será revisado sempre que ocorrer qualquer alteração nas atividades. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho apresentou um manual de planejamento de sistema de gestão ambiental conforme os requisito 4.2 – Política Ambiental e 4.3 – Planejamento da Norma NBR ISO 14001 (1996) de um abatedouro de aves. Foi desenvolvidos os itens de Política Ambiental, Avaliação de Impactos Ambientais, Identificação dos Requisitos Legais, Objetivos e Metas do Sistema de Gestão Ambiental e uma síntese do Programa de Gestão Ambiental, buscando uma eficiência do uso dos recursos naturais, em particular água e energia, através de uma nova cultura técnica que proporciona a não geração, redução, minimização de resíduos e efluentes, assim como evitar a elevação da carga poluidora dos efluentes. Para a operacionalização do manual deverão ser desenvolvidos os procedimentos de implementação e operação, verificação e ação corretiva e análise crítica pela alta administração, requisitos 4.4, 4.5 e 4.6 da Norma NBR ISO 14001, respectivamente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10004: Resíduos Sólidos – Classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 1987. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7229: Projeto, Construção e Operação de Sistemas de Tanques Sépticos. Rio de Janeiro: ABNT, 1993. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10004: Resíduos Sólidos – Classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 1987. CAMPOS, José Roberto. Efluentes Líquidos de Abatedouros de Aves: Origem, Caracterização e Tratamento. São Paulo: USP, 1991.

ISO 14001. Sistemas de Gestão Ambiental: especificação e diretrizes para o uso. Rio de Janeiro: ABNT, 1996. ISO 14004. Sistemas de Gestão Ambiental: Diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio. Rio de Janeiro: ABNT, 1996. MOURA, L. A. A. Qualidade e Gestão Ambiental. Sugestões para Implantação das Normas ISO 14000 nas Empresas. 2º ed. São Paulo: Ed. Joares de Oliveira, 2000. VALLE, Cyro Eyer do. O desafio de ser competitivo protegendo o meio ambiente: qualidade ambiental (como se preparar para as normas ISO 14001). São Paulo: Pioneira, 1995. VALLE, Cyro Eyer do. Qualidade Ambiental: ISO 14000. 4º ed. ver. E amp. São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2002. REIS, L. F. S. S. D. Gestão Ambiental em pequenas e medias empresas. Rio de Janeiro: Qualilitymark Ed., 2002.