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Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Escola Nacional de Botânica Tropical Variação intra-específica na anatomia da folha e do lenho de Tabebuia cassinoides (Lam.) DC. (Bignoniaceae) em ambientes distintos Ursula da Silveira Carrera 2008

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Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Escola Nacional de Botânica Tropical

Variação intra-específica na anatomia da folha e do

lenho de Tabebuia cassinoides (Lam.) DC.

(Bignoniaceae) em ambientes distintos

Ursula da Silveira Carrera

2008

II

Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Escola Nacional de Botânica Tropical

Variação intra-específica na anatomia da folha e do lenho de Tabebuia cassinoides (Lam.) DC. (Bignoniaceae) em ambientes

distintos

Ursula da Silveira Carrera

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Botânica, Escola Nacional de Botânica Tropical, do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Botânica. ORIENTADORA: Dra. Cláudia Franca Barros

Rio de Janeiro 2008

III

Variação intra-específica na anatomia da folha e do lenho de Tabebuia cassinoides (Lam.) DC. (Bignoniaceae) em

ambientes distintos

Ursula da Silveira Carrera

Orientadora:

Cláudia Franca Barros

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação em Botânica, Escola Nacional de Botânica Tropical, do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários para obtenção do grau de Mestre em Botânica. Aprovada por: _________________________________ Profa. Dra. Maura da Cunha

_________________________________ Profa. Dra. Rosani do Carmo de O. Arruda _________________________________ Profa. Dra. Cláudia Franca Barros

Em : ___/___/2008.

Rio de Janeiro 2008

IV

Carrera, Úrsula da Silveira

C257v

Variação intraespecífica na anatomia da folha e do lenho de Tabebuia cassinoides (Lam.) DC. (Bignoniaceae) em ambientes distintos / Úrsula da Silveira Carrera. – Rio de Janeiro, 2008.

XX, 36f. : il. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Pesquisas Jardim

Botânico do Rio de Janeiro / Escola Nacional de Botânica Tropical, 2008.

Orientadora: Cláudia Franca Barros. Bibliografia. 1. Anatomia foliar. 2. Anatomia da madeira. 3. Bignoniaceae.

4. Tabebuia cassinoides. 5. Inundação. I. Título. II. Escola Nacional de Botânica Tropical.

CDD 583.54

V

Aos meus pais, Edson e Maria da Graça, e à minha tia Maria do Céu,

dedico.

VI

Agradecimentos

Gostaria de agradecer a todos aqueles que auxiliaram direta e indiretamente à

realização do presente estudo, com especial menção:

Aos meus pais, pelo amor incondicional, pela confiança e incentivo em todas as

etapas por mim trilhadas, e especialmente pelos exemplos de conduta e ensinamentos, que

estarão sempre comigo.

À minha tia Maria do Céu, pelo apoio financeiro e paciência, e a Casemiro

Varanda da Silva, pela ajuda e confiança, sem os quais, não seria possível dar continuidade

à minha formação.

A Léa Alves, pelo companheirismo, compreensão, força e incentivo nos

momentos de desânimo, e por acreditar no meu potencial, acima de tudo.

À Professora Carla Patrícia, por ter despertado em mim o interesse pela Botânica,

nos tempos da graduação.

À Dra. Cátia Henriques Callado, por me acolher no Laboratório de Anatomia

Vegetal da UERJ, pelos ensinamentos iniciais, incentivo, orientação durante a graduação, e

por ceder, gentilmente, o tema aqui desenvolvido.

À Escola Nacional de Botânica Tropical e seu corpo docente, pelos valiosos

ensinamentos.

À Elaine Zózimo e Rogério Figueiredo, técnicos do Laboratório de Botânica

Estrutural e companheiros de mestrado, por permitir e auxiliar o desenvolvimento deste

estudo, pelas sugestões e apoio mútuo.

À Dra. Cláudia Franca Barros, pela preciosa orientação, sugestões e incentivo.

À Dra. Cecília Gonçalves Costa, sempre prestativa, pelo auxílio, sugestões e

ensinamentos.

Ao Dr. Flávio Miguens, pelo providencial “puxão de orelhas” na prática de

microscopia eletrônica de varredura – a consciência do erro tornou-me mais consciente do

aperfeiçoamento contínuo.

À Jeanne Alexandre T. da Glória, do Laboratório de Anatomia Vegetal, da UERJ,

pela amizade, pelos ensinamentos, paciência e incentivo, nos meus momentos de

incredulidade.

Ao doutorando Gabriel Uriel, pelas sugestões, incentivo, amizade, não me

deixando desistir quando tudo se mostrava desfavorável.

Às MSc. Paula Barreira, MSc. Cláudia Abdalla e MSc. Gleysse Nunes,

Hatthesianas nas horas vagas, pela amizade durante toda a graduação.

VII

Às companheiras de laboratório Andréa da Penha Santos, Rosana Guimarães,

Priscila Marques, da UERJ, e aos companheiros do Laboratório de Botânica Estrutural do

JBRJ.

Ao Sr. Valter da Silva, pelo imprescindível auxílio nas coletas do material

processado neste estudo.

À Força Suprema, por permitir mais esta etapa do meu aperfeiçoamento.

VIII

Resumo

O conhecimento a respeito das modificações causadas pela inundação na anatomia da folha

e do lenho são escassos, e os poucos trabalhos sobre o tema analisam apenas um ou outro

órgão, separadamente. Tabebuia cassinoides (Lam.) DC. é espécie típica de sítios

inundados ao longo da costa brasileira e pode ocorrer em áreas mais secas no interior da

mata,. Os objetivos deste trabalho são descrever, analisar e comparar a anatomia da folha e

do lenho de indivíduos de T. cassinoides localizados Reserva Biológica do Tinguá, estado

do Rio de Janeiro, em área alagada e não-alagada. Folhas totalmente expandidas do 3° e 4°

nós foram fixadas tanto em FAA como em solução de glutaraldeído a 2,5%,

paraformaldeído 4% em tampão cacodilato 0,05 M e processadas de acordo com as

técnicas usuais para microscopia óptica e para microscopia eletrônica de varredura. As

amostras de lenho foram coletadas a 1,30m do solo. Das seções obtidas nos sentidos

transversal e longitudinal (radial e tangencial) foram montadas lâminas permanentes. Para

cada parâmetro analisado foram realizadas 25 medições em cada um dos cinco indivíduos

coletados em cada área. As medições para o lenho seguiram as recomendações do IAWA

Comittee. Para a folha, mediram-se a espessura da lâmina foliar, dos parênquimas

paliçádico e lacunoso, das epidermes ad e abaxial, área da nervura principal e a densidade

dos tricomas e dos estômatos. O teste t de Student foi significativo para todos os

parâmetros mensurados na folha e na madeira, exceto espessura do mesofilo. A análise do

componente principal separou os indivíduos das duas localidades estudadas. Os indivíduos

da localidade Vargem dos Macucos (inundado) apresentam folhas com maior espessura de

parênquima paliçádico, maior compactação do parênquima lacunoso e epidermes mais

finas do que os indivíduos do Barrelão (drenado). O lenho dos indivíduos da Vargem dos

Macucos possui maior percentual de vasos agrupados (75%), enquanto nos indivíduos do

Barrelão maior proporção de vasos solitários (67%). Os raios são predominantemente

unisseriados, em Vargem dos Macucos e bisseriados nos indivíduos do Barrelão. A análise

conjunta dos caracteres foliares e do lenho observados sugere uma integração entre o

suprimento hídrico e a capacidade fotossintética, o que poderia constituir uma estratégia de

tolerância às condições de hipoxia nos indivíduos da área alagada.

Palavras-chave: anatomia foliar, anatomia da madeira, inundação, variação intraspecífica,

Tabebiua cassinoides, Bignoniaceae.

IX

Abstract

The knowledge about changes caused by flooding on leaf and wood anatomy are scanty,

and few studies analyze leaf or wood separately. Tabebuia cassinoides (Lam.) DC is a

typical species of flooded areas along the brazilian atlantic coastline and can also occur in

unflooded areas. The aims of this study are to descript, analyze and compare the wood and

leaf anatomy of speciemens of T. cassinoides situated in Reserva Biológica do Tinguá, Rio

de Janeiro in flooded and unflooded sites. Fully expanded leaves of 3rd and 4th nodes were

fixed in formalin- acetic acid- alcohol 50°GL (FAA) and in a fixation solution of

glutaraldehyde 2,5%, paraformaldehyde 4% in cacodylate buffer 0,05 M and processed

according to usual techniques for optical microscopy and scanning electron microscopy.

Wood samples were colleted approximately 1.30m above the ground. Transverse,

tangential and radial sections were bleached, stained with safranina and astra blue,

dehydrated and mounted on permanent slides. Twenty five measurements of leaf and wood

features were performed in five specimens for each of the parameters analyzed. Wood

measurements followed the IAWA Committee recommendations. The following leaf

parameters were measured: leaf, mesophyll, palisade and spongy parenchyma, ad and

abaxial epidermis thickness, midrib area and density of trichomes and stomata. Student t

test quantitative features showed significant differences in all wood and leaf features,

except to mesophyll thickness. Principal component analysis separated the specimens of

the two sites. Specimens of Vargem dos Macucos (flooded) showed thicker leaves with

thicker palisade parenchyma, compact spongy parenchyma and thinner epidermis when

compared to specimens of the unflooded site (Barrelão). The wood of Vargem dos

Macucos specimens had higher percentage of vessel groupings (75%) and Barrelão

specimens had higher percentage of solitary vessels (67%). The rays were uniseriated in

Vargem dos Macucos and biseriated in Barrelão. The entirety analysis of foliar and wood

characteristics observed suggests an integration between water supply and photosynthetic

capacity, what must to constitute a tolerance strategy to hypoxic conditions in specimens of

flooded area.

Key-words: leaf anatomy, wood anatomy, flooding, intraspecific variation, Tabebiua

cassinoides, Bignoniaceae.

X

Sumário

Introdução Geral......................................................................................... 1

Artigo – Variação intra-específica na anatomia da folha e do lenho de Tabebuia

cassinoides (Lam.) DC. (Bignoniaceae) em ambientes distintos................ 6

Resumo............................................................................................... 7

Abstract............................................................................................... 8

Introdução........................................................................................... 9

Materiais e Métodos.......................................................................... 11

Resultados........................................................................................ . 15

Discussão........................................................................................... 26

Referências Bibliográficas.................................................................. 29

Conclusões Gerais...................................................................................... 33

Referências Bibliográficas......................................................................... 34

1

Introdução geral

As grandes formações vegetais atualmente distribuídas pela superfície terrestre, e

os ecossistemas que os compõem, são resultado da interação de fatores como o relevo, os

padrões de circulação das massas de ar e a distribuição de calor (Raven et al., 2001), cuja

influência se dá por diferenças nos índices de pluviosidade, amplitude térmica, etc. Em

nível local, a presença das espécies vegetais em habitats específicos se deve, não apenas às

condições abióticas, como também pela sua capacidade de tolerar situações estressantes a

que são eventualmente submetidas.

Segundo Larcher (2006), as condições desfavoráveis, de caráter temporário ou

permanente, que promovem desvios significativos nas condições ótimas de vida para a

planta, são consideradas estresses. De acordo com o mesmo autor, as situações de estresse

podem ser divididas em bióticas, resultantes da interação com outros organismos, como

microorganismos e sombreamento promovido pela densa cobertura vegetal, ou abióticas,

promovidas por fatores climáticos como baixa precipitação, altas amplitudes térmicas e a

saturação hídrica do solo.

Os solos, de modo geral, são constituídos por material sólido e por espaços porosos,

cujo preenchimento apresenta variáveis proporções de ar e água (Raven et al, 2001). Em

condições de saturação hídrica, como nas inundações ou nas situações de encharcamento, o

oxigênio presente nos espaços entre as partículas do solo é substituído pela água. Desta

maneira, cria-se um ambiente hipóxico ou anóxico para o sistema radicular, uma vez que

oxigênio difunde-se muito lentamente no meio aquoso, com a formação de um ambiente

aeróbico de apenas poucos milímetros na superfície aquosa (Kozlowsky et al., 1991; Lobo

& Joly, 2000; Larcher, 2006). Com a região da rizosfera submetida a baixas concentrações

de oxigênio, ocorre a morte dos ápices radiculares e a interrupção do crescimento da raiz, a

diminuição das suas permeabilidade e absorção, além do desenvolvimento subseqüente de

raízes adventícias (Kozlowsky & Pallardy, 2002; Larcher, 2006).

Juntamente com a restrição das trocas gasosas entre o solo e a atmosfera, a

saturação hídrica do solo altera sua microbiota, seu pH e diminui as taxas de decomposição

de matéria orgânica (Kozlowski et al., 1991; Lobo & Joly 2000). Adicionalmente, a

substituição de microorganismos aeróbios por organismos anaeróbios em condições de

hipoxia ou anoxia pode ocasionar o acúmulo, a níveis tóxicos, de substâncias como etanol,

propanol, butano, ácido acético e gases como o metano (Ponnaperuma,1984).

2

O estabelecimento e a distribuição das espécies em ambientes como as várzeas

amazônicas, as matas ciliares ou as matas de brejo, sujeitos a saturação hídrica do solo,

estão relacionados à capacidade de tolerância às condições restritivas desses ecossistemas,

bem como aos regimes de inundação (periódicos ou permanentes), determinados pelas

oscilações nos níveis dos rios e do lençol freático (Martins, 2001; Kozlowsky & Pallardy,

2002). Estas espécies, de modo geral, apresentam modificações estruturais e fisiológicas,

tais como a formação de aerênquima, de lenticelas hipertrofiadas, de raízes adventícias etc,

que permitem-nas se estabelecer nesses ambientes (Kozlowski,1984).

Em estudo realizado com Alnus japonica, Yamamoto et al.(1995) observaram a

formação de raízes adventícias e a formação de aerênquima em plântulas submetidas a

inundação. Segundo os autores, a formação de raízes adventícias poderia aumentar a

absorção de água pela planta, compensando a perda dessa capacidade no sistema radicular

original.

A presença de lenticelas hipertrofiadas constitui igualmente uma modificação

morfológica induzida pela inundação, como constatado em Inga affinis (Lieberg, 1990;

Lobo & Joly,2000). As lenticelas são estruturas presentes na periderme, que apresentam

numerosos espaços celulares devido ao arranjo celular frouxo. A continuidade desses

espaços com os tecidos do órgão ao qual estão associadas tem sugerido que as lenticelas

estão relacionadas com as trocas gasosas (Esau, 1974). Para espécies submetidas à

inundação periódica ou permanente, as lenticelas permitem não apenas a difusão do O2

para o interior das raízes como também a saída dos metabólitos resultantes da respiração

anaeróbica desse órgão para a água (Kozlowski, 1984; Lobo & Joly, 2000).

A atividade do câmbio vascular, meristema lateral responsável pela formação do

xilema e floema secundários, é igualmente afetada pelas variações no nível de inundação

do solo (Kozlowski, 1984). Callado et al (2001) estudando a periodicidade de crescimento

radial de em 4 espécies de uma floresta inundada do estado do Rio de Janeiro observaram

que todas as espécies possuem crescimento anual. Porém, Alchornea sidifolia Müll Arg.e

Symphonia globulifera L. apresentam crescimento radial de acordo com seus ritmos

endógenos, enquanto o fotoperíodo e a inundação foram os fatores responsáveis pelo ritmo

de crescimento radial de Tabebuia umbellata (Sond.) e Tabebuia cassinoides (Lam.) DC.,

respectivamente.

As alterações morfológicas e fisiológicas necessárias ao estabelecimento vegetal

em florestas inundáveis conferem forte poder seletivo a estas formações vegetais.

Levantamentos florísticos realizados por Toniato et al (1998), Carvalho et al (2006) e

3

Guedes-Bruni et al (2006) demonstram que essas formações vegetais apresentam número

de espécies e diversidade florística menores quando comparadas a outras formações

vegetais e um pequeno número de espécies dominantes, como Calophyllum brasiliense

Cambess., Tapirira guianensis Aubl., S. globulifera L. e T. cassinoides.

Adicionalmente, a análise florística realizada por Toniato et al (1998) revelou que

algumas espécies inventariadas para as florestas higrófilas podem igualmente estar

presentes em ambientes mais secos, indicando que tais espécies possivelmente apresentam

a capacidade de modificar seu metabolismo e estrutura para seu estabelecimento e

manutenção em uma gama de ambientes distintos. De acordo com Pigliucci (1998) e

Sultan (2000), a capacidade do genótipo de um indivíduo em expressar diferentes fenótipos

quando exposto a ambientes distintos é um atributo genotípico denominado plasticidade

fenotípica.

Os estudos sobre plasticidade fenotípica são realizados mais intensamente com

plantas, devido aos resultados apresentados mostrarem os efeitos do ambiente de forma

mais marcante no crescimento e no desenvolvimento (Sultan, 2000). De modo geral, tais

estudos são realizados ex situ, com plântulas geneticamente idênticas ou não, sob

condições controladas. Em estudo realizado por Cabral et al. (2004), por exemplo,

comparou-se o crescimento de plântulas de Tabebuia aurea (Manso) Benth & Hook f. ex.

S. Moore submetidas a estresse hídrico. Os autores observaram que as plântulas

apresentaram crescimento diferenciado, de acordo com a capacidade de campo (cc), com

redução da parte aérea das plântulas submetidas a 25%cc. até os 120 dias.

A anatomia foliar é predominante nas análises sobre variação intraespecífica, uma

vez que a folha é o órgão que mais facilmente expressa as mudanças ocorridas no ambiente

(p.ex.Cutter, 1978; Fahn, 1982). Diferenças na espessura da lâmina foliar, do parênquima

paliçádico, na produção de fibras, na densidade e localização estomática têm sido

observadas e relacionadas com fatores abióticos tais como intensidade luminosa e

disponibilidade hídrica (p. ex. Esau, 1974; Cutter, 1978; Espírito Santo & Pugialli, 1999;

Rôças et al., 2001).

Apenas dois trabalhos sobre os efeitos da inundação na estrutura foliar foram

encontrados. Rôças et al (2001) estudando Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll. Arg. em

diferentes regimes de luz e inundação referem variações na espessura da epiderme abaxial,

na porcentagem de tecido esclerenquimático da nervura principal e na compactação do

parênquima lacunoso de acordo com o alagamento do solo. Waldhoff (2003) analisando a

estrutura foliar de espécies de florestas alagáveis da Amazômia Central, demonstrou que as

4

23 espécies estudadas, distribuídas em 20 diferentes famílias, apresentaram caracteres

comuns tais como: maior espessura da parede periclinal externa e da cutícula e parênquima

lacunoso compacto.

A anatomia do lenho tem sido igualmente uma ferramenta importante para a

compreensão dos fatores ambientais que afetam a expressão genotípica da planta (p. ex.

Kuniyoshi, 1993; Callado et al., 2001, Marcati et al., 2001; Luchi, 2004). Características

quantitativas como a freqüência, o diâmetro e o comprimento dos elementos de vaso

variam de acordo com a altitude e latitude (p.ex. Noshiro & Bass, 2000; Denardi &

Marchiori, 2005).

Baas (1973) foi um dos primeiros autores a sistematizar a influência dos fatores

abióticos na estrutura anatômica da madeira, observando variações no lenho de espécies de

Ilex em diferentes latitudes. Chalk (1983) refere que a disponibilidade de água e os efeitos

da latitude e altitude interferem na periodicidade de crescimento radial e nos caracteres

quantitativos dos elementos de vaso, como comprimento e diâmetro tangencial.

Os trabalhos mais recentes sobre variação intra-específica em anatomia da madeira

têm levantado questões polêmicas. Ao comparar amostras de lenho, sem padronização

quanto a idade e região coletada no espécimen, Liu & Noshiro (2003) questionam a

ocorrência de variação fenotípica em nível específico, em estudo com Dodonaea viscosa

(Sapindaceae), espécie de ampla distribuição geográfica.

Por outro lado, Ribeiro & Barros (2006), comparando duas populações de

Pseudopiptadenia contorta em diferentes remanescentes de Floresta Atlântica, referem que

diferenças significativas foram observadas na freqüência e diâmetro dos elementos de

vaso, no comprimento e espessura da parede das fibras e na freqüência e altura dos raios.

Marcati et al (2001) estudando a anatomia do lenho de Copaifera langsdorffii Desf. em

indivíduos provenientes do Cerradão e de floresta mesófila semidecídua também

observaram diferenças significativas no diâmetro dos elementos de vaso.

Noshiro & Bass (2000) igualmente verificam variações no lenho de espécies de

Cornus S.L., presentes em diferentes latitudes. Noshiro & Suzuki (1995) analisaram a

variação na anatomia do lenho de diferentes espécies do gênero Rhododendron L.

relacionada a diferentes altitudes. Os autores demonstraram que variações nos caracteres

do lenho apresentam correlação significativa com os fatores não-anatômicos.

Foram poucos os trabalhos encontrados que relacionam a anatomia do lenho com a

inundação, sendo a maioria relacionada a espécies de manguezais. Yañez-Espinosa &

Terrazas (2001a) em estudo sobre a variação anatômica do lenho e da casca de Annona

5

glabra L., constataram variações em ambos os órgãos, de acordo com o período de

inundação e a altura da amostra coletada. Yañez-Espinosa et al. (2001b), ao analisarem

anatomia da casca e do lenho de quatro espécies de manguezal sob diferentes regimes de

inundação, observaram que o arranjo dos vasos e a altura dos raios estão correlacionados

com as regiões e o período de inundação. A anatomia do lenho de Croton urucurana Baill.,

em três sítios distintos quanto à umidade do solo, foi comparada por Luchi (2004). Dentre

os caracteres analisados, o diâmetro dos vasos, o diâmetro das fibras e a espessura da

parede das fibras diferiram entre os indivíduos da região drenada e alagada.

A única referência que relaciona a estrutura anatômica do xilema na folha e no

lenho é o trabalho de Sobrado (2006). O autor refere que a densidade dos elementos de

vaso na madeira aumenta com a salinidade, enquanto o diâmetro diminui. Nas folhas esses

parâmetros não se modificam, embora ocorra um aumento na espessura da lâmina foliar.

A análise da variação intra-específica em indivíduos submetidos a diferentes

condições de saturação hídrica do solo permite o reconhecimento de estratégias de

sobrevivência específicas, como modificações estruturais, para essas condições. Diante da

escassez de conhecimento a respeito dos efeitos do alagamento do solo sobre a anatomia

foliar e do lenho, tornam-se necessários estudos que venham definir como a estrutura da

folha e da madeira é afetada pelo alagamento do solo, bem como a compreensão das

respostas dessas diferentes partes do corpo vegetal ao mesmo fator ambiental.

Portanto, a presente dissertação tem por objetivos descrever, analisar e comparar os

caracteres anatômicos da folha e do lenho de T. cassinoides, situada em duas localidades

distintas quanto às condições de saturação hídrica do solo.

6

Artigo

Variação intra-específica na anatomia da folha e do lenho de Tabebuia

cassinoides (Lam.) DC. (Bignoniaceae) em ambientes distintos

Carrera, U.S., Callado, C.H & Barros, C.F.

7

Resumo Os estudos a anatomia da folha e do lenho em espécies submetidas à inundação são

escassos. Tabebuia cassinoides (Lam.) DC. é uma espécie típica das regiões alagadas da

costa atlântica brasileira e ocorre tanto em áreas de solo alagado como de solo drenado. O

objetivo do trabalho é caracterizar as variações na anatomia da folha e do lenho de T.

cassinoides coletados em um sítio com inundação permanente e outro livre de inundação.

Foram realizadas 25 medições para os caracteres do lenho e da folha em cinco indivíduos

para cada situação. O teste t de Student revelou que todos os caracteres do lenho se

mostraram significativamente diferentes, exceto a espessura do mesofilo. A análise dos

componentes principais agrupou os indivíduos por seu sítio de coleta. Os indivíduos da

região submetida à inundação permanente apresentaram folhas mais espessas, com

parênquima paliçádico mais espesso, parênquima lacunoso compacto e epidermes mais

finas e madeira com vasos de maior diâmetro, predominantemente agrupados, fibras de

maior diâmetro e raios mais altos e largos quando comparados aos indivíduos da região

não submetida à inundação.

Palavras-chave: anatomia foliar, anatomia da madeira, inundação, variação intra-

específica, Tabebuia cassinoides, Bignoniaceae.

8

Abstract

The studies about leaf and wood anatomy in species of flooding areas are scant. Tabebuia

cassinoides (Lam.) DC is a typical species of flooded areas along the Brazilian atlantic

coastline and can occur in flooded and unflooded areas. The aim of this study is to verify

the variations on leaf and wood anatomy of T. cassinoides collected in flooded and

unflooded sites. Twenty five measurements of leaf and wood features were performed in

five specimens per site. According to the Student t test quantitative features showed

significant differences in all wood and leaf features, except to mesophyll thickness.

Principal component analysis separated the specimens of the two sites. Individuals of

flooded site showed thicker leaves with thicker palisade parenchyma, compact spongy

parenchyma and thinner epidermis and wood with larger vessels, mainly in radial and

cluster groups, larger fibres and higher and larger rays, when compared to individual of the

unflooded site.

Key-words: leaf anatomy, wood anatomy, flooding, intraspecific variation, Tabebuia

cassinoides, Bignoniaceae.

9

Introdução

As plantas são organismos aeróbicos e necessitam do oxigênio para a execução de

eficiente desempenho metabólico (Vartapentian & Jackson, 1997). O alagamento do solo

constitui um dos mais marcantes fatores estressantes e seletivos a que os vegetais podem

estar submetidos, pois promove a diminuição do oxigênio disponível para as raízes,

aumenta a concentração edáfica de dióxido de carbono e diminui a permeabilidade

radicular (Kozlowsky, 1984, Lobo & Joly, 2000).

Modificações morfo-fisiológicas são observadas nas espécies que ocupam estes

ambientes, tais como: redução do crescimento das raízes, formação de raízes adventícias,

hipertrofia das lenticelas (Koslowsky, et al.,1991; Lobo & Joly,2000; Pimenta et al., 1998),

aumento na produção de enzimas anti-oxidantes (Kozlowski & Pallardy, 2002) e alteração

na atividade cambial (Kozlowski et al., 1991; Callado et al., 2001a) entre outras.

A composição florística e a estrutura das comunidades em ambientes sujeitos à

inundação estão relacionadas à capacidade das espécies em tolerar as condições de hipoxia

do solo (Scarano, 2006). Toniato et al (1998), ao comparar dados relacionados às matas de

brejo, florestas ripárias e estacionais semi-decíduas, verificaram que a primeira apresenta

menor índice de diversidade que as demais. Os autores atribuem essa menor diversidade

não apenas às restrições impostas pela inundação do solo, mas também à pouca variação

microambiental presente nesses sítios.

Levantamentos florísticos realizados em regiões inundáveis do estado do Rio de

Janeiro igualmente constataram um reduzido número de espécies dominantes do estrato

arbóreo, com destaque para Tabebuia cassinoides (Lam.) DC.(Carvalho et al.,2006;

Guedes-Bruni et al.,2006: Scarano, 2006). Esta espécie se distribui ao longo da costa

brasileira, ocorrendo tanto em locais sujeitos à inundação periódica e permanente, como

em áreas de solos drenados no interior da mata (Kunioshi, 1993). Segundo Martins (2001),

a espécie, classificada como pioneira, é indicada para a recuperação de matas ciliares

devido a sua tolerância às inundações permanentes e periódicas do solo.

Variações na anatomia foliar e do lenho relacionadas às condições ambientais são

amplamente relatadas na literatura (p. ex. Noshiro & Bass, 2000; Hlwatka & Bhat, 2002;

Denardi & Marchiori, 2005; Justo et al. ,2005) e permitem a análise das estratégias de

sobrevivência e estudos de variação intraespecífica. Entretanto, trabalhos que relatam

variações estruturais relacionadas à inundação são escassos. Rätsch & Haase (2007)

relatam variações na anatomia radicular; de Rôças et al. (2001) e Waldhoff (2003)

10

descrevem modificações na anatomia foliar; e Yañes-Espinosa et al. (2001a, b) e Luchi

(2004) observaram variações na anatomia do lenho.

Os objetivos do presente trabalho são descrever, analisar e comparar os caracteres

anatômicos do lenho e da folha de Tabebuia cassinoides em duas localidades da Reserva

Biológica do Tinguá que diferem quanto às condições de saturação hídrica do solo.

11

Materiais e métodos

O presente estudo foi realizado na Reserva Biológica do Tinguá, importante

remanescente de Floresta Atlântica, no município de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro. O clima

nesta Unidade de Conservação é quente e úmido, com estação seca pouco definida nos

meses de julho e agosto e classificado como Am, de acordo com Köppen (Rodrigues,

1996). A temperatura anual na ReBio do Tinguá é de 21,6°C, máxima absoluta de 40,0°C e

precipitação anual de 2000 mm. O relevo é acidentado com escarpas sulcadas por rios

torrenciais e planícies e baixadas sujeitas a inundação natural (RADAMBRASIL, 1983).

A vegetação na ReBio do Tinguá pode ser classificada como Floresta Ombrófila

Densa (Vellozo et al, 1991) que, segundo o autor, compreende quatro formações: Florestas

Sub-montana, Montana, Altomontana e os Campos de Altitude. As localidades utilizadas

neste estudo estão situadas no domínio da Floresta Sub-montana, onde a faixa altimétrica

varia entre 50 a 500 m e dossel entre 15 e 20 metros de altura. Alguns trechos desta

fisionomia são constituídos por vales pouco drenados e por solos periodicamente

inundados, nos quais ocorrem pequenos brejos.

Analisaram-se dois grupos de cinco indivíduos de Tabebuia cassinoides situados

em regiões distintas da Floresta Sub-montana: Vargem dos Macucos situada a uma altitude

de 150 metros, cujo terreno encontra-se permanentemente encharcado (Figuras 1 a 3);

Barrelão, em terreno sem inundação, situado a uma altitude de 253 metros em relação ao

nível do mar (Figuras 4 e 5). A distância entre as duas regiões é de aproximadamente 1,5

Km.

Para o presente estudo foram coletadas folhas e amostras do lenho, em setembro de

2006, de indivíduos apresentam fuste reto, sem bifurcações ou defeitos aparentes e DAP

igual ou superior a 20 cm (Figura 5).

Para o estudo anatômico da madeira, retiraram-se amostras a aproximadamente

1.30 m acima do solo, por método não destrutivo, com utilização de sonda de Pressler. As

amostras encontram-se depositadas na Xiloteca do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico

do Rio de Janeiro (RBw) (tabela 1).

12

Tabela 1: Relação do número de Registro na Xiloteca do Instituto de Pesquisas Jardim

Botânico do Rio de Janeiro (RBw), localidade de coleta e drenagem do solo.

RBw Localidade / Ambiente

8577 8579 8581 Vargem dos Macucos (inundado) 8583 8585

8587 8589 8591 8593 Barrelão (drenado) 8595

Os corpos de prova foram orientados nos sentidos transversal e longitudinal

(tangencial e radial) e cortados em micrótomo de deslize. Após clarificação com

hipoclorito de sódio 50% e coloração em azul de astra e safranina hidroacoólica (Bukastch,

1972), as amostras do lenho foram submetidas a série alcoólica crescente e imersão em

xilol P.A. (Johansen,1940) para montagem de lâminas permanentes em meio sintético.

A dissociação dos elementos celulares do lenho, para a determinação do

comprimento dos elementos de vaso e do comprimento, lúmen e diâmetro das fibras, foi

obtida através da utilização da solução de Jeffrey (Johansen, 1940) e o material dissociado

foi corado com safranina aquosa a 1% e maceradas em glicerina 50%.

As descrições, contagens e mensurações dos constituintes do lenho seguiram as

orientações do IAWA Comittee (1989).

A fim de se analisar as características foliares através das microscopias óptica e

eletrônica de varredura, coletaram-se folhas situadas no interior da copa, voltadas para o

norte.

Para análise sob microscopia óptica, cinco folhas totalmente expandidas situadas ao

nível do 3º e 4º nós de cada um dos cinco indivíduos analisados foram fixadas em FAA 50°

GL. Fragmentos foram retirados na região do terço médio, submetidos a desidratação em

série alcoólica crescente e infiltrados em historresina (Feder & O’Brien, 1968). Os blocos

13

obtidos foram seccionados, a espessura média de 5µm, em micrótomo rotativo Spencer, e

os cortes obtidos corados com azul de toluidina (Feder & O’Brien, 1968).

Foram efetuados diferentes testes histoquímicos: lugol, para detecção de amido

(Langeron 1949); Sudam III e IV, para identificação de substâncias lipídicas (Sass, 1951;

Gerlach, 1984); vermelho de rutênio, para substâncias pécticas (Luft, 1971) e o teste

Hoepfener-Vorsatz para compostos fenólicos (Jensen ,1962).

As densidades estomática e dos tricomas foram determinadas através da observação

de lâminas semi-permanentes das epidermes dissociadas com a utilização de solução 1:1

(v:v) de ácido nítrico 10% e óxido de cromo 10% (Johansen, 1940) e coradas em safranina

aquosa 1%.

Para a observação em microscopia eletrônica de varredura, fragmentos foliares

retirados da nervura principal, ao nível do terço médio, foram fixados em solução de

glutaraldeído 2,5%, paraformaldeído 4% em tampão cacodilato 0,05 M. O material

botânico foi pós-fixado em tetróxido de ósmio a 1%, desidratado em série crescente de

acetona, submetido ao ponto crítico para CO2, aderido ao suporte com fita adesiva de

carbono e metalizados com uma camada de 20 nm de ouro.

Os parâmetros utilizados para a comparação entre os diferentes sítios consistiram

na espessura total da lâmina foliar, do mesofilo, dos parênquimas paliçádico e lacunoso,

das epidermes adaxial e abaxial, na área da nervura principal e nas densidades estomática e

de tricomas. Para cada um desses parâmetros, foram realizadas 25 medições em cada

situação.

A obtenção das imagens de microscopia óptica e as medições tanto da madeira

quanto da folha foram realizadas através do Software Image Pro-Plus versão 4.0 for

Windows, acoplado ao microscópio Olympus BX 50. As imagens de microscopia

eletrônica de varredura foram obtidas através do microscópio Zeiss Evo 40.

A análise estatística foi realizada com o software Statistica v.6.0 for Windows. A

avaliação dos graus de significância da variação foi obtida através do teste t de Student. A

análise dos componentes principais foi realizada para ordenar as populações e determinar

os componentes de maior variância (Zar, 1996).

14

Áreas de estudo. Figuras 1-3: Área de brejo na Vargem dos Macucos. Figuras 4 e 5: Área não-

inundável Barreilão. 1: Aspecto geral, com indivíduo marcado (seta). 2: Detalhe das raízes

adventícias de Tabebuia cassinoides. 3: Detalhe da raíz, onde são observadas lenicelas

hipertrofiadas (setas). 4: Aspecto geral da áreasem inundação. 5: Indivíduo marcado de T.

cassinoides.

15

Resultados

A estrutura foliar de Tabebuia cassinoides nas duas localidades caracteriza-se pela

presença de epiderme unisseriada cuja parede periclinal externa apresenta estrias

epicuticulares apenas na face abaxial (Figuras 6 e 7), em arranjos perpendiculares à região

equatorial das células estomáticas (Figura 8) ou em anel, ao redor destas (Figura 9). A

presença de estrias mais estreitas e regularmente arranjadas ocorrem apenas nos indivíduos

da Vargem dos Macucos (inundado) (Figura 7) Os estômatos, anomocíticos, estão

presentes apenas na face abaxial da folha, caracterizando-a como hipoestomática, e se

situam no mesmo nível das demais células epidérmicas (Figura 10). Tricomas glandulares

peltados e glândulas pateliformes são observados em ambas as faces, nas duas localidades

de estudo. Os tricomas glandulares peltados, em diferentes graus de desenvolvimento,

estão inseridos em depressões da epiderme e se distribuem tanto pela região intercostal

como pela região da nervura principal. Caracterizam-se por apresentar um pedúnculo

unicelular, dilatado na extremidade distal, e por uma região secretora achatada,

pluricelular, de bordo recortado nos tricomas completamente desenvolvidos (Figura 10 e

11). Apenas nos indivíduos do Barrelão (drenado), as células da porção secretora

apresentam paredes espessas (Figuras 12 e 13). As glândulas pateliformes apresentam

formato esférico (Figura 14) e são compostas por células justapostas e alongadas no

sentido anticlinal, à semelhança do parênquima paliçádico, e com núcleo evidente (Figura

15)

O mesofilo é do tipo dorsiventral, com 2 a 3 camadas de parênquima paliçádico e 7

a 9 camadas de parênquima lacunoso, nos indivíduos da Vargem dos Macucos (inundado)

e 1 a 2 camadas de parênquima paliçádico e 9 a 12 camadas de parênquima lacunoso, nos

indivíduos do Barrelão (drenado). O parênquima lacunoso é mais compactado nos

indivíduos da região de Vargem dos Macucos (inundado) enquanto nos indivíduos do

Barrelão (drenado) são observados lacunas conspícuas As nervuras de menor calibre de

ambas localidades são integradas por feixes vasculares colaterais envolvidos por uma

bainha parenquimática que se estende para a epiderme adaxial (Figuras 16 e 17).

Expansões sub-epidérmicas da bainha do feixe ocorrem em indivíduos de ambas as

localidades, sendo mais desenvolvidas nos indivíduos da Vargem dos Macucos (inundado)

(Figura 18 e 19).

16

Figuras 6-9: Microscopia eletrônica de varredura da superfície foliar de Tabebuia cassinoides. 6:

Aspecto geral da epiderme abaxial de indivíduo da região drenada (Barrelão) (Barra:10µm) 7 :

Aspecto geral da epiderme abaxial de indivíduo da região inundada. Notar a presença de hifas

sobre a superfície foliar. (Barra:10µm) 8: Arranjo perpendicular das estrias epicuticulares em

relação às células-guarda. Vargem dos Macucos (Barra:10µm). 9: Arranjo em anel das estrias

epicuticulares em relação às células-guarda. Barrelão (Barra: 2 µm).

17

Figura 10:Epiderme abaxial com estômato e tricoma peltado(seta longa). Região secretora do

tricoma(*) e câmara sub-estomática (cse). Figura 11: Tricoma peltado com bordo recortado na

porção secretora. Epiderme abaxial (Barra: 10µm). Figuras 12 e 13: Epiderme abaxial da localidade

drenada e inundada, respectivamente. Tricoma peltado (Tp) e estômatos (Est). Figuras 14 e 15:

Glândula pateliforme (seta) de indivíduo do Barrelão (drenado). 14: Vista frontal da epiderme

abaxial. 15: Secção transversal da glândula, com células em paliçada. Barras: 50µm.

18

Em ambos os locais de estudo, a nervura principal é constituída, do exterior para o

interior, por epiderme unisseriada, colênquima do tipo anelar em ambas as faces e

parênquima fundamental. O sistema vascular em anel é integrado por feixes colaterais

circundados por grupos de fibras (Figuras 20 e 21).

A análise quantitativa através do teste t de Student revela que, entre os sítios

estudados, há diferença significativa em todos os parâmetros mensurados, com exceção da

espessura do mesofilo (Tabela 2).

Tabela 2: Parâmetros analisados na anatomia foliar dos indivíduos de Tabebuia

cassinoides provenientes das duas localidades em estudo. Dados representam a média (µm)

± desvio padrão. (*) significativos a p<0,05; (ar) os valores expressam a área em mm2.

Inundado Drenado F Espessura da folha 301,4 ± 46,4 285,3 ± 58,2 1,57798* Espessura do mesofilo 267,6 ± 42,8 272,9 ± 55,6 1,691938 Espessura do paliçádico 93,2 ± 23 54,3 ± 16,6 1,916980* Espessura do lacunoso 147,6 ± 39,3 189 ± 41,6 1,123237* Espessura da epiderme adaxial 18,5 ± 3,6 20,6 ± 4,3 1,427490*

Espessura da epiderme abaxial 12,8 ± 2,8 16,7 ± 3,6

1,578135*

Densidade dos estômatos 260 ± 34,6 296 ± 53,6 2,390353*

Densidade dos tricomas 60 ± 18 65 ± 10,1 3,162346* Área da nervura principal 819,93 ± 110,61 362,46 ± 112,45 1,033461*

A espessura foliar apresenta maior média entre os indivíduos da localidade

inundada com 301,4 µm contra a média de 285,3 µm da área drenada, devido à maior

espessura da camada sub-epidérmica originada pela expansão da bainha dos feixes

vasculares. As epidermes adaxial e abaxial dos indivíduos da área drenada são mais

espessas (20,6 µm e 16,7 µm, respectivamente). Os indivíduos do sítio drenado ainda

apresentam maiores densidades de tricomas e estômatos que os espécimens do alagado

(Vargem dos Macucos).

Apesar de não haver variação na espessura do mesofilo entre os sítios, há diferença

na espessura dos parênquimas paliçádico e lacunoso entre as localidades. Amostras foliares

dos indivíduos da Vargem dos Macucos (inundado) apresentam parênquima paliçádico

mais espesso (93,2 µm) enquanto que a maior média para o parênquima lacunoso ocorre

para as amostras coletadas no Barrelão (drenado) (Tabela 2).

19

Figuras 16 e 17: Lâmina foliar de Tabebuia cassinoides. 16: Indivíduo da Vargem dos

Macucos (inundado). 17: Indivíduo do Barrelão (drenado). Figuras 18 e 19: Nervuras de menor

calibre no mesofilo. 18: Nervura colateral de indivíduo do Barrelão, com pequena projeção da

bainha do feixe (seta). 19: Nervura colateral de indivíduo proveniente da Vargem dos Macucos. A

seta indica a projeção da bainha do feixe. Figuras 20 e 21: Nervura principal. 20: Nervura com

maior área,originada da Vargem dos Macucos (inundado). 21: Nervura principal de indivíduo do

Barrelão.(Barras: 50 µm) Pp: Parênquima paliçádico; Pl:Parênquima lacunoso; (*) Grupos de

esclerênquima.

20

A área da nervura principal também apresenta diferença entre as localidades (Tabela 2),

com a maior valor para os indivíduos provenientes da Vargem dos Macucos (inundado).

A análise dos componentes principais (PCA), utilizando as características

anatômicas quantitativas da folha de T. cassinoides, distingue as duas localidades em

estudo (Figura 22). O eixo I é responsável por 33,81% da variância total, principalmente

devido à relação negativa das espessuras da lâmina foliar, do parênquima lacunoso e da

espessura da epiderme adaxial. O eixo 2 explica 25,12% da variância total e separa ambas

as localidades devido a relação positiva da área da nervura foliar e da espessura do

parênquima paliçádico.

O lenho dos indivíduos de ambos os sítios apresentam camadas de crescimento

distintas, demarcadas pela presença de parênquima marginal e pelo espessamento da

parede das fibras. (Figura 23 e 24) A porosidade é difusa, com elementos de vaso

solitários, em arranjos radiais e tangenciais de 2 a 3 células e em cachos, contorno circular

a oval e com placas de perfuração simples (Figura 25). As pontoações intervasculares são

diminutas e areoladas e as pontoações raio-vasculares e parênquimo-vasculares são

semelhantes às intervasculares. As fibras são libriformes e não-septadas. O parênquima

axial apresenta-se em faixas marginais e paratraqueal vasicêntrico e confluente, o seriado

possui 3 a 4 células de altura. O parênquima radial é homogêneo, composto por células

procumbentes (Figura 27 e 28).

Os dois grupos, entretanto, apresentam variações. O lenho dos indivíduos da

Vargem dos Macucos (inundado) possui maior percentual de vasos agrupados (75%),

enquanto nos indivíduos do Barrelão maior proporção de vasos solitários (67%). Os raios

são predominantemente unisseriados, em Vargem dos Macucos (inundado) (Figura 27) e

bisseriados nos indivíduos do Barrelão (drenado) (Figura 28). Quanto ao parênquima axial,

além dos tipos citados, observa-se a ocorrência do tipo paratraqueal unilateral nos

indivíduos da localidade drenada (Barrelão), enquanto os indivíduos do inundado (Vargem

dos Macucos) apresentam parênquima paratraqueal aliforme.

A análise comparativa dos caracteres quantitativos do lenho, através do teste t de

Student, demonstra que todos os parâmetros avaliados apresentam diferenças significativas

entre as áreas de estudo (Tabela 3).

21

Figura 22: Análise dos componentes principais da folha de Tabebuia cassinoides.

Marcadores preenchidos - área inundada (Vargem dos Macucos). Marcadores não-

preenchidos – Barrelão (drenado). (1- espessura total da folha; 2- espessura do parênquima

lacunoso; 3- espessura da epiderme adaxial; 4- espessura do parênquima paliçádico; 5- área

da nervura principal).

22

Tabela 3: Caracteres anatômicos do lenho de Tabebuia cassinoides. Dados representam valores mínimos, máximos e média (µm) ± desvio padrão. (*) significativos a p<0,05.

Inundado Drenado F Tipos Celulares Mínimo Média (± DP) Máximo Mínimo Média (± DP) Máximo ratio

Elementos de vaso Vasos/mm2 1 8 ± 3,3613 18 9 15 ± 3,5491 24 1,114890* Comprimento 200,9761 419,4768 ± 83,829 752,353 189,3668 354,951 ± 63,6528 525,989 1,734419* Diâmetro 53,7848 82,5651 ± 16,3481 131,72 37,5733 74,88 ± 14,3663 106,497 1,294925* Espessura da parede 1,4674 3,0666 ± 1,1495 6,272 1,5564 2,726 ± 0,4285 4,176 7,196316*

Pontoações Intervasculares 2,7842 3,4766 ± 0,3495 4,202 1,2393 2,32 ± 0,6112 3,759 3,058576* Raio-vasculares 1,7527 2,6117 ± 0,4852 3,712 0,9157 1,978 ± 0,4681 3,248 1,074388* Parênquima-vasculares 1,4233 2,6026 ± 0,5746 3,914 1,3896 2,165 ± 0,3347 2,946 2,947877*

Fibras Diâmetro 17,8428 27,8684 ± 4,964 40,598 10,3476 19,537 ± 3,8066 29,321 1,70050* Lúmen 11,4256 21,4138 ± 5,049 34,976 4,131 12,455 ± 3,3706 20,112 2,243877* Comprimento 482,9173 830,6595 ± 138,3911 1140,566 111,239 1053,191 ± 186,0808 1484,908 1,8079528* Parede 1,5249 3,2273 ± 0,688 5,053 1,9308 3,541 ± 0,8006 7,609 1,354228*

Parênquima axial Comprimento (num. cel.) 2 4 ± 0,5127 5 2 3 ± 0,9327 6

3,309769*

Comprimento (µm) 134,8905 364,0487 ± 112,2942 602,83 109,2206 316,211 ± 85,1221 493,327 1,740324* Raios

Raio/mm 4 9 ± 1,9936 13 3 5 ± 1,6172 10 1,519785* Altura 97,4595 227,7269 ± 59,5427 357,757 57,0654 184,845 ± 51,1632 301,935 1,354381* Largura 11,9266 18,8382 ± 5,3748 36,782 7,3966 17,337 ± 5,8912 34,862 1,201387*

23

Os indivíduos do Barrelão (drenado) apresentam maior densidade de elementos

vasos (15/mm2), vasos mais estreitos (74,88 µm) e mais curtos (354,95 µm); fibras mais

longas (1053,191 µm) e de paredes mais espessas (3,541µm); parênquima axial mais curto

(3116,211 µm) e parênquima radial em menor freqüência (6/mm’), mais comprido e mais

fino, quando comparados aos indivíduos da Vargem dos Macucos (inundado).

Os grupos em estudo se separam através da análise dos componentes principais, na

qual o eixo I responde por 28,25% da variância total, principalmente devido à parede e

lúmen das fibras, à largura dos raios e ao diâmetro das pontoações intervasculares,

enquanto o eixo II responde por 13,39% da variância total, principalmente pelo diâmetro

das pontoações parênquimo-vasculares (Figura 29).

A segregação dos indivíduos da Vargem dos Macucos (inundado) e Barrelão

(drenado) é mais conspícua quando a análise dos componentes principais é realizada com

os dados da anatomia foliar e do lenho (Figura 30). O eixo I responde por 33,09% da

variância total, devido à freqüência dos tricomas e dos estômatos, à área da nervura

principal, às pontoações intervasculares e ao diâmetro e lúmen das fibras, e o eixo II, por

17,20%, devido espessura total da folha, do mesofilo e do parênquima lacunoso.

24

Figuras 23-28: Lenho de Tabebuia cassinoides. 23:Seção transversal de indivíduo

da localidade inundada (Vargem dos Macucos). 24: Seção transversal de indivíduo do

Barrelão (drenado), com camada de crescimento (*). 25: Seção longitudinal radial da

Vargem dos Macucos (inundado). Cp: células procumbentes. 26: Seção longitudinal radial

do Barrelão(drenado) 27: Seção longitudinal tangencial de indivíduo da Vargem dos

Macucos (inundado), evidenciando raios unisseriados (seta larga) e parênquima axial

seriado (seta fina) 28: Seção longitudinal tangencial de indivíduo do Barrelão (drenado)

Barras: 50µm.

25

Figura 29: Análise do componente principal do lenho de T. cassinoides.Marcadores

preenchidos - Vargem dos Macucos (inundado). Marcadores sem preenchimento - Barrelão

(drenado). (1- diâmetro das pontoações intervasculares; 2- diâmetro das fibras; 3- lúmen das fibras;

4- largura dos raios; 5- diâmetro das pontoações parênquimo-vasculares)

Figura 30: Análise do componente principal dos caracteres da folha e do lenho. Marcadores

preenchidos - Vargem dos Macucos (inundado). Marcadores não-preenchidos - Barrelão

(drendado). (1- densidade de estômatos; 2-densidade de tricomas; 3- área da nervura foliar; 4-

diâmetro das pontoações inter-vasculares; 5- diâmetro das fibras; 6- lúmen das fibras; 7- espessura

total da folha; 8- espessura do mesofilo; 9- espessura do parênquima lacunoso).

26

Discussão

A estrutura anatômica dos espécimes analisados assim como as análises estatísticas

demonstram que os indivíduos das áreas seca (Barrelão) e alagada (Vargem dos Macucos)

apresentam distintas estratégias.

Os indivíduos da Vargem dos Macucos (inundado) apresentam maiores médias

para a espessura foliar, espessura do paliçádico e para a área da nervura principal, além de

uma maior compactação do parênquima lacunoso, quando comparados aos indivíduos do

Barrelão (drenado). Resultados semelhantes foram reportados por Roças et al. (2001) para

Alchornea triplinervea. Essa tendência também foi observada por Waldhoff (2003) para

espécies de igapó e várzea.

Embora observados nos indivíduos de ambas as localidades, os prolongamentos da

bainha do feixe mostram-se mais extensos para Vargem dos Macucos (inundado),

formando em algumas regiões, uma camada sub-epidérmica. Para Mauseth (1988) a região

de contato entre as células do paliçádico e entre estas e a epiderme funciona como um

sistema capilar de transporte de água. Em T. cassinoides esse sistema pode ser

desempenhado pelas expansões sub-epidérmicas da bainha do feixe, que auxiliariam no

transporte de água e solutos dos feixes de menor calibre para as células do paliçádico que

não estão em contato direto com os feixes, e vice-versa.

A anatomia do lenho de T. cassinoides é igualmente influenciada por fatores

ambientais. Os elementos de vaso nos indivíduos da área alagada são menos freqüentes,

apresentam maior diâmetro e maior percentual de agrupamento do que os indivíduos do

Barrelão (drenado). Luchi (2004), ao comparar indivíduos de Croton urucurana Baill

situados em áreas seca (drenada) e alagada, observou as mesmas tendências, exceto para a

freqüência dos vasos, que foram mais freqüentes para a área alagadada.

Aloni (1989) refere que espécies sujeitas à inundação tendem à apresentar vasos

mais estreitos, devido a uma maior produção de etilieno, entretanto Ellerby & Ennos

(1998) consideram vasos mais largos mais eficientes para o transporte de água e solutos. A

segurança para a condução hídrica é mais efetiva em espécies que apresentam maior

ocorrência de vasos agrupados (Alves & Angyalossy-Alfonso, 2000).

A espessura da parede e o comprimento dos elementos de vaso também são

diferentes entre as localidades inundada e drenada de T cassinoides, com vasos mais

longos e de paredes mais espessas ocorrendo nos indivíduos da área inundada. Luchi

(2004) não constatou diferenças significativas entre o comprimento dos elementos de vaso.

27

O diâmetro e lúmen das fibras nos indivíduos da Vargem dos Macucos (inundado)

apresentam as maiores médias. Yamamoto et al. (1995) e Luchi (2004) obtiveram

respectivamente os mesmos resultados para os indivíduos de Alnus japonica e Croton

urucurana Baill submetidos ao alagamento. A espessura da parede das fibras de T.

cassinoides para a localidade inundada é menor do que para a área drenada, o mesmo foi

observado por Luchi (2004) e Yánez-Espinoza & Terrazas (2001a).

As maiores médias obtidas para o comprimento, largura e freqüência dos raios

(raio/mm’) em Tabebuia cassinoides correspondem aos indivíduos da região alagada, tal

como referido por Kozlowski et al. (1991) e observado para os indivíduos de Annona

glabra submetidos a longos períodos de inundação (Yañez-Espinoza & Terrazas,2001a).

Para C. urucurana, a ocorrência de raios mais freqüentes não foi significativamente

diferente entre as áreas seca e alagada (Luchi, 2004). Para Yañez-Espinoza & Terrazas

(2001a), células de raio maiores são capazes de transportar quantidades maiores de água,

fotossintetatos e oxigênio lateralmente. Essa característica pode ser considerada adaptativa

aos ambientes alagados devido a necessidade de suprir com oxigênio as raízes, promover a

oxidação de íons de Fe e Mn na região da rizosfera e eliminar compostos resultantes do

metabolismo anaeróbio.

O diâmetro das pontoações intervasculares e das raio-vasculares também

contribuem para a segregação entre os grupos, com as maiores médias obtidas para

Vargem dos Macucos (inundado). O diâmetro das pontoações intervasculares também se

mostrou maior nos indivíduos de Croton urucurana da área alagada, e o diâmetro das

pontoações raio-vasculares para esta espécie não variou entre as áreas seca, úmida e

alagada (Luchi, 2004). Devido à escassez de estudos que relacionem o diâmetro das

pontoações com fatores ambientais, torna-se difícil uma discussão a respeito da variação

desses caracteres.

Sobrado (2007) é o único trabalho encontrado na literatura que trata de

modificações na anatomia foliar e do xilema em decorrência do aumento da salinidade em

Laguncularia racemosa. Seus resultados indicam um aumento na densidade dos elementos

de vaso no xilema à medida em que a salinidade aumenta, enquanto o diâmetro de tais

elementos diminui. Nas folhas observa-se aumento na espessura da lâmina foliar.

A análise integrada do lenho e da folha de T. cassinoides torna compreensível a

variação dos caracteres da folha e da madeira entre as localidades. As folhas de Vargem

dos Macucos (inundado) apresentam um aparato estrutural, como a maior espessura de

parênquima paliçádico, maior compactação do parênquima lacunoso e expansões da bainha

28

do feixe mais desenvolvidas, que permitiria maior capacidade fotossintética do que nos

indivíduos do Barrelão (drenado). A ocorrência de vasos de maior diâmetro poderia,

portanto, fornecer o suprimento hídrico necessário a esse processo, o que estaria de acordo

com os resultados de Brodribb & Feild (2000), que constataram relação entre o suprimento

hídrico e a capacidade fotossintética.

De acordo com Crawford & Braendle (1996), uma das estratégias de tolerância a

anoxia promovida pelo alagamento do solo envolveria a manutenção de uma reserva de

carboidratos a fim de sustentar os níveis de ATP durante a privação de O2. A presença de

vasos de maior diâmetro, parênquima paliçádico mais espesso, nervura principal com

maior área e expansões da bainha do feixe mais desenvolvidas podem constituir estratégias

estruturais para a sobrevivência de T. cassinoides em ambientes alagados uma vez que, de

acordo com os dados apresentados por Callado et al. (2001b), a espécie perde parte das

folhas durante a estação chuvosa, correspondente ao período de maiores níveis de

inundação.

29

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Conclusões gerais

O presente estudo demonstrou a plasticidade dos caracteres estruturais do lenho e

da folha de Tabebuia cassinoides (Lam.) DC. diante da ocorrência ou não de alagamento

do solo.

Segundo Chapin III et al.(1993), plantas submetidas a condições estressantes

tendem a possuir características comuns que permitem-nas tolerar tais condições.

Caracteres como maior espessura da lâmina foliar, maior espessura do parênquima

paliçadico e compactação do parênquima lacunoso, apesar dos poucos trabalhos existentes

sobre o tema, parecem ser tendências estruturais para folhas submetidas à inundação

(Roças et al., 2001; Waldhoff, 2003).

A heterogeneidade de respostas ao alagamento do solo e a escassez de trabalhos

que relacionem o alagamento à modificações estruturais no lenho, torna precoce qualquer

tentativa de estabelecer possíveis tendências para a anatomia da madeira. Segundo

Kozlowski (1984), a resposta ao alagamento pode variar de acordo com a espécie e a

duração do alagamento. T. cassinoides assim como as outras espécies descritas na literatura

apresentam caracteres anatômicos da madeira que variam de acordo com as condições de

inundação do solo, entretanto, apenas a ocorrência de fibras com diâmetro e lúmen maiores

foi comum à todas as espécies submetidas à inundação (Yamamoto et al.,1995; Yánez-

Espinoza & Terrazas, 2001; Luchi, 2004).

A análise integrada da anatomia foliar e da madeira de T.cassinoides permite uma

correlação entre o suprimento hídrico e a capacidade fotossintética (Brodribb & Feild,

2000). As folhas da região de Vargem dos Macucos (inundado) apresentam maior

espessura de parênquima paliçádico, maior compactação do parênquima lacunoso e

expansões da bainha do feixe mais desenvolvidas, que permitiriam maior síntese de

carboidratos, enquanto a ocorrência de elementos de vaso de maior diâmetro forneceriam o

suprimento hídrico necessário a esse processo.

São necessários mais estudos que relacionem a anatomia do lenho e da folha às

condições de alagamento, para a verificação de tendências anatômicas comuns em

diferentes espécies.

33

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