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USO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE NA ANÁLISE DE NÃO CONFORMIDADES EM UMA INDÚSTRIA GRÁFICA. Rodrigo Flavio do Santos Pinheiro (UFPE ) [email protected] No meio industrial, os gestores estão constantemente enfrentando diferentes tipos de problemas que afetam diretamente a qualidade de seus produtos e consequentemente a satisfação de seus cliente. Detectar, evitar e corrigir esses problemas se torna fundamental para adequar seus produtos às necessidades do mercado e obter vantagens competitivas. Desta forma, o presente artigo tem por objetivo aplicar ferramentas de gestão da qualidade na análise de não conformidades de uma indústria gráfica, afim de identificar as causas potenciais, avaliando as relações existentes entre os fatores observados e por fim sugerir um programa de melhoria para ser aplicado junto com os gestores. Palavras-chave: gestão da qualidade; ferramentas da qualidade; QC Story XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.

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USO DE FERRAMENTAS DA

QUALIDADE NA ANÁLISE DE NÃO

CONFORMIDADES EM UMA

INDÚSTRIA GRÁFICA.

Rodrigo Flavio do Santos Pinheiro (UFPE )

[email protected]

No meio industrial, os gestores estão constantemente enfrentando

diferentes tipos de problemas que afetam diretamente a qualidade de

seus produtos e consequentemente a satisfação de seus cliente.

Detectar, evitar e corrigir esses problemas se torna fundamental para

adequar seus produtos às necessidades do mercado e obter vantagens

competitivas. Desta forma, o presente artigo tem por objetivo aplicar

ferramentas de gestão da qualidade na análise de não conformidades

de uma indústria gráfica, afim de identificar as causas potenciais,

avaliando as relações existentes entre os fatores observados e por fim

sugerir um programa de melhoria para ser aplicado junto com os

gestores.

Palavras-chave: gestão da qualidade; ferramentas da qualidade; QC

Story

XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil

João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.

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1. Introdução

Atualmente com o cenário de incerteza econômica e política no Brasil, os consumidores estão

cada vez mais exigentes em relação aos preços praticados e a qualidade envolvida, deixando

um pouco de lado questões como marca e benefícios. Com isso, empresas são obrigadas a se

adaptarem e a terem a qualidade de seus produtos e serviços não só como diferencial ou

vantagem competitiva, porém como pré-requisito básico para se manterem ativas, rentáveis e

aceitas no mercado.

Diante desta situação a Gestão da Qualidade torna-se o caminho mais adequado a ser seguido

para que essas metas e requisitos apontadas pelos consumidores possam ser atingidas e

superadas (WERKEMA, 1995). Para isso, a adoção de um Sistema de Gestão da Qualidade

(SGQ) se torna essencial para guiar o processo de tomada de decisão empresarial e garantir a

sobrevivência das organizações.

No contexto do setor gráfico, uma das maiores dificuldades na implantação da qualidade nas

gráficas diz respeito ao comprometimento de toda a empresa, que deve contar com o apoio

decisivo de todos os integrantes da alta direção. Um único elemento que não tenha se

convencido da necessidade do programa pode colocar tudo a perder, independentemente de

sua importância na gráfica. Segundo Oliveira (1998), o andamento de uma estrutura

organizacional adequada resulta da união dos colaboradores que ali realizam seus serviços, e

só uma equipe unida e delineada consegue alcançar resultados almejados. O modelo de

estrutura precisa atender as necessidades da organização, orientando os colaboradores e

identificando o que cada um deve fazer. Deste modo, o trabalho é executado com êxito e

apresenta bons resultados (SEIFFERT; COSTA, 2007).

Com isso, pretende-se neste artigo apresentar uma análise estruturada, feita junto aos gestores

e a equipe de produção de uma indústria gráfica de médio porte, onde foi avaliado o uso de

ferramentas da qualidade para auxiliar a identificação de fatores que contribuíssem no

comprometimento da qualidade dos produtos e serviços produzidos, afim de elaborar um

plano de ação para combater as potenciais causas e promover a melhoria contínua dentro da

organização. Como foco principal, foi avaliado os retrabalhos e os serviços não conformes

produzidos entre janeiro de 2014 e novembro de 2015.

2. Ferramentas da Qualidade

Ferramentas da Qualidade são técnicas gráficas e específicas na resolução de problemas, que

visam o aumento de produtividade através da remoção das causas dos problemas, produzindo

melhores resultados que processos não estruturados. Tais técnicas, que permitem saber onde

estão os problemas, qual a sua importância relativa e que alterações irão provocar os efeitos

desejados, podem ser divididas em quatro grupos distintos (FEIGENBAUM, et al, 1994):

1. Ferramentas básicas: Fluxograma; Diagrama de Pareto; Diagrama de Ishikawa; Folha

de verificação; Histograma; Diagrama de dispersão; Carta de controle.

2. Ferramentas intermédias: Técnicas de amostragem; Inferência estatística; Métodos não

paramétricos.

3. Ferramentas avançadas: Métodos de Taguchi; Análises multi-variáveis; Análise de

séries temporais; Técnicas de investigação operacional.

4. Ferramentas de planeamento: Desdobramento da Função Qualidade (QFD); Análise

do Tipo e Efeito de Falha (FMEA).

Há também a possibilidade do planejamento e da gestão da qualidade utilizando as Sete

Ferramentas Gerenciais da Qualidade, conforme observado na Tabela 1 abaixo. Estas

ferramentas foram desenvolvidas para solucionar problemas e situações não contempladas

pelos grupos anteriores. Objetivam fornecer aos gerentes e administradores ferramentas que

viabilizem o mapeamento dos problemas da qualidade e o planejamento dos esforços para o

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delineamento de planos de ação para a melhoria da qualidade do projeto, qualidade da

conformidade ou qualidade do desempenho. Tabela 1 – Sete Ferramentas Gerenciais da Qualidade

FERRAMENTAS FINALIDADES

Diagrama de Afinidade Sintetizar, classificar, estruturar ideias pouco definidas

Diagrama de Relações Descobrir e analisar inter-relações de causa e efeito

Diagrama em Árvore Detalhar, desdobrar situações e ações desde o geral até

o particular

Diagrama em Matriz Correlacionar de forma lógica para estudar, avaliar e

decidir

Técnicas de Priorização Direcionar, estreitar e focalizar análises e tomada de

decisões

PDPC / Árvore de

Decisão Identificar, avaliar e planejar alternativas atuação

Diagrama da Rede de

Atividades / Diagrama de

Flechas

Gerenciar prazos, prioridades e administrar recursos

Fonte: Elaborado pelo autor

Desse modo, as Ferramentas da Qualidade foram fundamentais para identificar oportunidades

de melhoria e auxiliar na mensuração dos resultados desse artigo.

3. Dados do Setor Gráfico Brasileiro

A análise setorial a seguir está fundamentada em um estudo econômico realizado pelo

Departamento de Estudos Econômicos (Decon) da Associação Brasileira de Indústria Gráfica

(Abigraf).

De acordo com dados do último estudo econômico realizado pela Abigraf, a indústria gráfica

brasileira conta com mais de 21.000 empresas, empregando mais de 200.000 pessoas nas

cinco regiões do brasil. Uma análise mais detalhada pode ser observada na tabela abaixo. Tabela 2 – Distribuição do Setor Gráfico no Brasil

REGIÃO NÚMERO DE

ESTABELECIMENTOS

NÚMERO DE

COLABORADORES

Norte 787 5.277

Nordeste 3.418 24.370

Sudeste 9.835 130.722

Centro Oeste 1.749 11.420

Sul 4.689 44.312

TOTAL 20.478 216.101

Fonte: Adaptado Abrigraf (2015).

Empresas de micro (0-9 empregados) e pequeno porte (10- 49 empregados) representam 97%

do setor gráfico no Brasil, representando cerca de 20 mil gráficas. Apenas 2,6% das gráficas

são de médio porte (50 a 249 empregados) e somente 0,5% são empresas de grande porte (250

a 1000 empregados).

De acordo com os dados econômicos apresentados pela Abigraf, o setor gráfico no Brasil vem

apresentando uma balança comercial negativa desde o ano de 2007 e o primeiro semestre do

ano de 2015 (Tabela 3), a variação da produção física também apresentou uma tendência de

queda nos anos de 2014 e 2015 (Tabela 4) assim como a produção da indústria gráfica.

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Tabela 3 – Balança Comercial do Setor Gráfico no Brasil

BALANÇA COMERCIAL DA INDÚSTRIA GRÁFICA BRASILEIRA EM

US$ MILHÕES (FOB)

Período Exportação Importação Saldo Comercial

2006 267,90 212,50 55,40

2007 279,10 319,80 -40,70

2008 255,70 370,10 -114,40

2009 220,30 298,20 -77,90

2010 249,00 409,60 -160,60

2011 269,30 563,80 -294,50

2012 298,20 536,80 -238,60

2013 279,10 548,70 -269,60

2014 289,60 493,80 -204,20

Fonte: Adaptado Abrigraf (2015)

Tabela 4 – Números da Indústria Gráfica Brasileira

NÚMEROS DA INDÚSTRIA GRÁFICA BRASILEIRA

Indústria Gráfica

Brasileira

2012 2013 2014 Projeção

2015

Produção Industrial

Valores Nominais:

preços correntes

- R$ 45,4 bi R$ 45,8

bi

-

Variação da Produção

Física

-3,10% -3,20% -2% -7,50%

Fonte: Adaptado Abrigraf (2015)

É importante notar que mesmo com o um aumento no preço corrente não houve aumento de

produção, pelo contrário a produção variou negativamente em 3,2% com relação ao ano de

2012 e variou também negativamente em 2% com relação ao ano de 2013. Pode-se observar,

portanto uma diminuição na produção da indústria gráfica no Brasil.

Um dos dados mais expressivos com relação a indústria gráfica no Brasil pode ser observado

ao analisar os investimentos realizados pela indústria gráfica. É possível observar uma queda

no valor de máquinas e equipamentos desde o ano de 2010. (Figura 1).

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Figura 1 - Investimentos Realizados Pela Indústria Gráfica Brasileira

Fonte: DECON/ABIGRAF (2015)

Conclui-se com base nos dados observados acima que o setor gráfico brasileiro passa por um

momento de declínio, fato que reforça a necessidade das empresas gráficas de diminuírem

custos, aumentarem o faturamento e atingirem novos mercados. Tais ações necessitam o

devido padrão e gerenciamento eficaz da qualidade dos seus produtos e serviços, o que passa

a garantir um processo com menos desperdícios, falhas, retrabalhos e com maiores índices de

satisfação dos clientes.

4. Estudo de caso

4.1. Informações sobre a Empresa

A empresa utilizada no estudo foi a MXM Gráfica e Editora, uma empresa gráfica de médio

porte localizada na cidade de Olinda - PE. Conta com 89 funcionários e está no mercado a

mais de 20 anos. Seus principais produtos são soluções em impressão off-set, flexografia,

banner e digital. A gráfica produz livros, revistas, jornais, adesivos, banners, cartões de

visitas, entre outros produtos. Seus clientes variam desde de empreendedores individuais que

buscam produzirem folhetos e cartões de vistas, até grandes empresas de publicidade que

terceirizam os serviços do seu portfólio de clientes através dos impressos da organização.

Podendo elaborar desde o layout inicial da ideia do cliente, até a finalização, com diversas

aplicações de acabamentos disponíveis no mercado.

Basicamente o fluxograma das atividades realizadas pela empresa pode ser resumida da

seguinte forma:

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Figura 2 – Fluxograma MXM Gráfica e

Editora

Fonte: Elaborado pelo autor

4.2. Processos da Industria Gráfica

Independentemente do tipo de processo de impressão, pode generalizar num conjunto de três

grandes fases: a Pré-impressão, Impressão e Pós-Impressão. A seguir é apresentado um breve

resumo dos principais processos realizados na indústria gráfica.

A pré-impressão é a fase produtiva responsável pela concretização das ideias da arte gráfica e

a armazenagem das informações em um arquivo compatível com o sistema utilizado na

empresa. Neste processo todas as características e requisitos do cliente com relação ao

impresso são definidas, tais como fonte, cores, imagens e formato.

Na fase de Impressão a arte elaborada pelo cliente ganha vida. Pode ser efetuada em diversos

processos (off-set, flexografia, serigrafia e etc.) e pode-se adotar a utilização de pigmentos de

diversas naturezas (tintas, vernizes e etc.).

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Pós-Impressão, também conhecido como Acabamento. Trata-se da finalização da produção

industrial Gráfica, onde o impresso recebera a forma final exigida pelo cliente. Os materiais

impressos são, normalmente, beneficiados mecanicamente e depois empacotados e enviados

aos clientes. As operações de acabamento podem incluir corte, dobragem, colagem, aplicação

de agrafos, encadernação, plastificação, entre outras (INETI, 2007).

4.3. Método de Análise e Solução de Problemas (MASP)

Para o mapear os problemas e as possíveis raízes relacionadas, foi aplicado a metodologia

MASP. O MASP ou QC Story é de fundamental importância para que o controle da qualidade

seja executado (FALCONI, 1992). Trata-se de um método que estrutura o controle da

qualidade, constituído de oito etapas e embasado no ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act.). O

MASP se torna um guia para o processo gerencial atingir o controle da qualidade total (TQC).

Ele é aplicado de acordo com as seguintes etapas: 1) Identificação do problema; 2)

Observação; 3) Análise; 4) Plano de ação; 5) Ação; 6) Verificação; 7) Padronização; 8)

Conclusão.

A seguir este trabalho apresenta a aplicação do MASP para a gerenciamento da qualidade na

indústria gráfica analisada, com foco nas quatro primeiras etapas:

4.3.1. Identificação do Problema

Nesta fase busca-se o acumulo de informações relevantes aos padrões reais observados nos

processos da empresa. Deve-se levantar todos os dados relacionados ao problema em questão

por meio de dados históricos, fotos, gráficos, etc.

No mapeamento do processo produtivo da fábrica, utilizando Folhas de Verificação e

brainstorms estruturados juntamente com encarregados e gerente de produção, observou-se

que existia um certo número de produtos e serviços nos quais foram realizados ações de

retrabalho. Gerando assim custos adicionais de reprocessamento, bem como o desperdício de

matéria-prima e atrasos de entregas. Além disso os retrabalhos eram originados de falhas

internas ou externas, afetando negativamente a percepção do cliente sobre o serviço prestado.

Portanto, para diminuir os custos e melhorar a qualidade percebida dos produtos da

organização, foi proposto a análise dos dados de retrabalhos efetuados entre 2014 e 2015,

afim de verificar as possíveis causas para a partir daí, obter um plano de ação afim de propor

melhorias aos processos.

4.3.2. Observações

A segunda etapa consiste em averiguar as condições em que o problema ocorre e suas

características específicas em busca de coletar informações úteis para o processo posterior de

análise.

Após a definição do problema principal a ser estudado, foi levantado dados importantes e

informações relevantes ao problema abordado.

Afim de uma melhor visualização e para facilitar o estudo, as falhas foram agrupadas por

setor e foram analisados através do Gráfico de Pareto (Figura 3). Figura 3 – Quantidade de retrabalho por Setor

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Fonte: Elaborado pelo Autor

Confrontou-se também os custo envolvidos em cada setor, conforme a Tabela 5 e a Figura 4 a

seguir:

Tabela 5 – Retrabalho por Setor

Fonte: Elaborado pelo autor Figura 4 – Custos de Retrabalho por Setor

SETOR

RESPONSÁVEL

Nº DE

RETRABALHO % ACUMULADO CUSTOS % ACUMULADO

IMPRESSÃO 44 37% 37% R$ 93.058,03 55% 55%

ACABAMENTO 29 24% 61% R$ 37.842,27 22% 78%

PCP 27 23% 84% R$ 27.854,34 17% 94%

PRÉ-IMPRESSÃO 17 14% 98% R$ 7.314,74 4% 99%

TERCEIRIZADO 2 2% 100% R$ 2.140,24 1% 100%

TOTAL 119 100%

R$ 168.209,62

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Fonte: Elaborado pelo Autor

4.3.3. Análise

Na fase da análise serão apresentada as principais causas prováveis do problema.

Com o objetivo de mapear os eventos que seriam as potenciais causas para a baixa

produtividade e aumento dos custos devido ao retrabalho, foi elaborado juntamente com os

gestores um Digrama de Ishikawa (Figura 4).

Figura 5 – Diagrama de Ishikawa

Fonte: Elaborado pelo Autor

Para uma melhor análise e compreensão das causas levantadas pela equipe através do

Diagrama de Ishikawa foi construído uma Matriz GUT. Ela facilita a alocação de recursos nos

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problemas mais importantes e que podem ocasionar maiores danos a empresa, sendo uma

ferramenta de apoio ao planejamento estratégico e de simples implementação. Tabela 5 – Matriz GUT

Fonte: Elaborado pelo autor 4.3.4. Plano de ação

Ordenando em ordem decrescente os elementos da Matriz GUT elaborada, foi identificado 5

prioridades para organização:

1. Falta de manutenção preventiva

2. Falta de padrões da qualidade

3. Falta de atenção dos operadores

4. Falta de disciplina

5. Nenhum padrão na resolução de problemas.

Sabendo-se o que é essencial combater para a mitigação dos retrabalhos das OS, é

fundamental elaborar um plano de ação com prazos e responsáveis. Sendo assim, adaptou-se a

metodologia 5W2H para a obtenção do seguinte plano de ação para empresa MXM:

Tabela 6 – Plano de ação MXM Gráfica

O QUE

(WHAT)

QUEM

(WHO)

ONDE

(WHERE)

PORQUE

(WHY)

COMO

(HOW)

PROBLEMA G

GRAVIDADE

U

URGÊNCIA

T

TENDÊNCIA PRIORIDADE

Máquina mal programada (problemas de

acerto)

3 3 3 27

Falta de manutenção preventiva 5 4 4 80

Falta de limpeza diária de Máq./Equip. 2 1 2 4

Falta de indicadores de desempenho 3 4 c2 24

Falta de registro e controle de atividades 3 3 3 27

Falta de padrões da qualidade 4 3 3 36

Falta de atenção dos operadores 4 4 4 64

Falta de disciplina 4 3 4 48

Falta de Higiene 2 3 4 24

Nenhum padrão na resolução de

problemas

4 3 3 36

Falta de inspeção (inspeção insuficiente) 2 2 3 12

Falta de espaço 2 3 2 12

Excesso de poeira e sujeira 2 2 2 8

Excesso de Calor 1 2 1 2

Baixa qualidade dos materiais usados 2 2 3 12

Falta de materiais 2 3 3 18

Falta de rastreabilidade dos produtos 2 3 3 18

Estoque não confiável entre o físico e o

contábil

2 3 2 12

Falta de padronização na arrumação dos

paletes

2 2 2 8

Não há registro das ações corretivas 3 3 3 27

Falta de sinalização e informação visuais

nos paletes

2 2 2 8

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Implantar quadro de

gestão a vista

Gerentes e

Diretores

Setor de

Produção

Alocar lugar visível e

apropriado para

informações cruciais para

percepção de problemas

e identificação de

oportunidades de

melhoria

Através de tabelas,

gráficos, painéis,

murais, faixas,

cartazes, banners, meio

eletrônico em geral

Elaboração de Manual

BPF

Gerente de

Produção

Setor de

Produção

Auxiliar na realização de

atividades livre de

defeitos, riscos ou

problemas maiores

Cartilha e Treinamento

Treinar Funcionários Consultores

Externos

Toda

Empresa Capacitar mão de obra Consultoria externa

Elaboração do Plano de

Manutenção de

Máq./Equip.

Gerente de

Produção

Setor de

Produção

Evitar erros em processo

e manutenções corretivas

Reuniões com técnicos

e gestores

Implantar 5S Consultores

Externos

Toda

Empresa

Melhorar disciplina e

manter ambiente

saudável

Consultoria Externa

Formar Auditores

Internos da Qualidade

Gerente de

Qualidade

Toda

Empresa

Para a manutenção da

qualidade

Formação

complementar do

Gestores

Implantar RNC

(Relatório de Não

Conformidade)

Gerente de

Produção

Setor de

Produção

Registro e controle das

não conformidades

Através de Formulários

e treinamento

Fonte: Elaborado pelo Autor 5. Considerações Finais

O presente trabalho demonstrou os benefícios proporcionados pelo uso estruturado de

Ferramentas da Qualidade em uma indústria gráfica, a qual apresentava problemas de alto

índice de retrabalhos. Assim, observa-se que a implantação correta de cada umas das

ferramentas propostas pode, de maneira eficiente, proporcionar ganhos tanto na relação com

os clientes, bem como na redução dos custos e melhoria contínua dos processos.

Para futuros trabalhos sugere-se o acompanhamentos das ações sugeridas e o

desenvolvimento do sistema de gestão da qualidade da organização estudada.

6. Referências

ABIGAF. Estudo Setorial da Indústria gráfica no Brasil. 1. ed., São Paulo. 2009.

CAMPOS, Vicente Falconi. TQC – Controle e Gestão da Qualidade (No estilo japonês).

FCO/UFMG – Belo Horizonte. 1992.

FEIGENBAUM, A.V. Controle da Qualidade Total, Volume I, Makron Books, São Paulo.

1994.

INETI. Guia Técnico – Sector das Indústrias Gráficas e Transformadoras de Papel.

Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial, Departamento de Materiais e

Tecnologias de Produção Azinhaga dos Lameiros. Lisboa. 2000.

OLIVEIRA, M. A. Dilemas da Gestão da Qualidade e da Qualidade de Vida no

Trabalho. In: Encontro Internacional de Gestão de Competências em Qualidade de Vida no

Trabalho. 1º Anais. São Paulo´. FEA/USP, FIA, PROPEG, 1998.

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SLACK, N. et al. Administração da Produção. 2. ed. São Paulo, Editora Atlas, 2002.

SEIFFERT, P. Q.; COSTA, J. A. Estruturação organizacional: planejando e implantando

uma nova estrutura. São Paulo: Atlas, 2007.

WERKEMA. M. C. C. Ferramentas estatísticas básicas para o gerenciamento de

processos. Belo Horizonte: Fundação Cristiano Ottoni, 1995.