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DE fORA cá DEnTRO PEDRO TERRAS EDP Distribuição À cOnvERSA cOm... ALCINA BARREIRAS Ligação às empresas DEPOIS DO ISEP LUÍS OLIVEIRA Talento ISEP reconhecido além fronteiras RELATÓRIO DE SuSTEnTABILIDADE

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Boletim Informativo do Instituto Superior de Engenharia do Porto

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Page 1: ISEP BI 17

DE fORA cá DEnTROPEDRO TERRASEDP Distribuição

À cOnvERSA cOm...ALCINA BARREIRASLigação às empresas

DEPOIS DO ISEPLUÍS OLIVEIRATalento ISEP reconhecido além fronteiras

RELATÓRIO DESuSTEnTABILIDADE

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02 ÍNDICE

EDITORIAL03

A RETER04

» Qualifi cação para o mundo de trabalho» Gilt com novos projetos europeus» Prémio Inovação Pedagógica em Ensino a Distância» GRAQ estuda o impacto de fármacos na contaminação de solos

EVENTOS06

» ISEP.START » 2as Jornadas de Mobilidade Elétrica» Workshops em Tecnologias e Informática Aplicadas à Educação» À boleia da Matemática com... licenciados em tempos de crise: Fatores de empregabilidade e de sucesso?» 4as Jornadas Eletrotécnicas de Máquinas e Instalações Elétricas» 1st International Conference on Energy, Environment and Sustainability

À CONVERSA COM... 12

» Alcina Barreiras, Ligação às Empresas

DE FORA CÁ DENTRO14

» Pedro Terras, EDP Distribuição

DESTAQuE16

» Primeiro Relatório de Sustentabilidade elaborado de acordo com o Global Reporting Initiative

INVESTIGAÇÃO À LuPA18

» BIOMARK, Goreti Sales

DEPOIS DO ISEP20

» Luís Oliveira, Talento ISEP reconhecido além fronteiras

A NOSSA TECNOLOGIA22

» LGMC, Prestação de serviços e investigação são a aposta

BREVES24

» Estudo deteta erros nas fórmulas de pagamento das ex-SCUT» Investigador CISTER recebe Prémio ACM SIGAda » 2ª Edição do Curso de Iniciação à Investigação» ISEP no arranque do projeto europeu TEMPUS EOLES » Prémio “Melhor Estágio Nacional” » Cister ganha Best Paper Award na WASA 2012» Physics LabFARM premiado no país Basco » Energia ISEP em destaque no Prémio REN» ISEP TF chega ao pódio do Green Campus » Museu do Isep na Rotas dos Museus

PROVAS DE DOuTORAMENTO27

EVENTOS06

À CONVERSA COM12

DESTAQuE 16

INVESTIGAÇÃO À LuPA20

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03EDITORIAL

ISEP.BI 17_

FICHA TÉCNICA PROPRIEDADE ISEP – Instituto Superior de Engenharia do Porto DIREÇÃO João Manuel Simões Rocha EDIÇÃO ISEP|DCC – Divisão de Cooperação e Comunicação REDAÇÃO Alexandra Trincão, Flávio Ramos & Mediana DESIGN ISEP – DCC – GDM.2013IMPRESSÃO Sersilito, Empresa Gráfica, Lda. TIRAGEM 1.500 exemplares DEPÓSITO LEGAL 258405/07CONTACTOS ISEP|DCC – Divisão de Cooperação e Comunicação » Rua Dr. António Bernardino de Almeida, nº 431 | 4200-072 Porto – Tel.: 228 340 500 » Fax.: 228 321 159 » e-mail [email protected]

EDITORIALO ano letivo 2012/2013 chega ao fim. No ISEP terminamos com resultados que nos permitem dizer que estamos, felizmente, em contra ciclo com a conjuntura. Com orgulho, os números mostram que a nossa taxa de empregabilidade, ao fim de seis meses, fica muito próxima dos 100 por cento (98), com os nossos diplomados espalhados por todo o mundo.

O contexto atual não é fácil, mas temos conseguido com perseverança e engenho manter o equilíbrio e, até, crescer. Nos últimos anos, o financiamento do Estado foi reduzido em cerca de 50 por cento mas o financiamento através de receitas próprias passou de 18,5 por cento para 46 por cento. Mesmo assim, o número de estudantes do ISEP aumentou, de 5.700 para 6.750. O crescimento de projetos ativos foi de 107 por cento, com um crescimento de investigadores de 130 por cento. O financiamento à investigação aumentou cerca de 152 por cento, agora com origem, maioritariamente, em fontes de financiamento estrangeiras.

Nesta edição número 17 do ISEP.BI não vamos falar sobre as dificuldades ou sobre os constran-gimentos. Vamos mostrar, na prática, como escola de engenharia de referência que somos, que continuamos a ter motivos para ter orgulho. Como sempre, todos os temas e todos os entrevis-tados merecem a nossa distinção. Não posso, contudo, deixar de relevar, para ler neste número, a conversa com Goreti Sales. Esta investigadora do ISEP recebeu, do Conselho Europeu de In-vestigação, uma bolsa de um milhão de euros pelo projeto Biomark que vai permitir, no futuro, que um pequeno teste de sangue ou de urina permita diagnosticar precocemente o cancro. A candidatura foi selecionada entre investigadores de toda Europa.

Três anos depois do início do Plano de Ação para a Sustentabilidade, PASUS, apresentamos, neste Boletim, os resultados do primeiro Relatório de Sustentabilidade. Simples, mas muito im-portante, este documento elaborado de acordo com o modelo da Global Reporting Initiative (GRI), até 2015, prevê um conjunto de ações, para tornar o ISEP numa instituição sustentável e respeitadora de todos os índices de responsabilidade social.

Os desafios que nos esperam continuam a ser muitos e de exigência elevada. Esperamos conti-nuar em contra ciclo e marcar pontos no panorama do ensino em Portugal e no Mundo.

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04 A RETER

O grupo de investigação Graphic, Interaction and Learning Technolo-gies (GILT) iniciou dois novos projetos nas áreas de apoio à gestão para processos de internacionalização e do uso de tecnologias de informa-ção e comunicação (TIC) no ensino de ciência. Os projetos reúnem di-versos parceiros europeus e são cofinanciados pela Comissão Europeia, através da Agência Europeia para a Educação, Audiovisual e Cultura (EACEA) e do Programa de Aprendizagem ao Longo da Vida (PROALV).

O projeto GABALL visa reforçar as capacidades de gestores de peque-nas e médias empresas (PME) no processo de internacionalização para mercados externos. Reunindo parceiros da Grécia, Bulgária, Lituânia, Espanha e Brasil, este projeto do GILT prepara gestores ao nível de competências linguísticas, socioculturais, de e-marketing e comércio eletrónico, permitindo identificar as principais questões envolvidas no processo de internacionalização, dificuldades e potenciais soluções. O GABALL propõe o uso de um jogo de computador, o primeiro do gé-nero dedicado a gestores, para simular processos-tipo, como reuniões com empresários de várias nacionalidades ou a visita a uma empresa estrangeira.

A ideia do GILT é ajudar os gestores das empresas portuguesas a pre-pararem virtualmente a interação com outros gestores e entidades estrangeiras para fortalecer as hipóteses reais de sucesso. O utilizador poderá optar por diferentes cenários, seja ao nível do mercado – euro-peu, brasileiro, turco, entre outros –, seja pela área de negócio.

Este projeto «pretende contribuir para o reforço da presença das PME portuguesas nos mercados internacionais», referiu Carlos Vaz de Carva-lho, diretor do GILT.

Por seu turno, o projeto/rede ICTWays pretende traçar um mapa da im-plementação e utilização das TIC no domínio da aprendizagem de ciên-cias em escolas primárias, secundárias e profissionais a nível europeu.

Os resultados esperados passam pela criação de um inventário das TIC existentes nas escolas europeias e respetivas lacunas em software e hardware. A equipa do ICTWays pretende demostrar o impacto da in-trodução das TIC em sala de aula, analisando a formação de professores e a motivação dos alunos e professores para as utilizar.

O objetivo último passa por constituir uma Comunidade de Prática, que apoie os professores no uso sistemático da tecnologia em contexto de ensino-aprendizagem, tornando-o assim mais eficiente e motivador.

O ICTWays reúne parceiros de Espanha, República Checa, Eslováquia, Turquia, Itália e Lituânia.

QUALIFICAÇÃO PARA O MUNDO DE TRABALHOA adequada qualificação dos seus diplomados para ingressarem e evoluírem no mundo do trabalho sempre foi uma missão prio-ritária do Instituto Superior de Engenharia do Porto.

Um bom exemplo chega da licenciatura em Engenharia Informá-tica, que tem reforçado a ligação ao exterior no âmbito da unida-de curricular de Projeto/Estágio. O Departamento de Engenharia Informática (DEI) tem privilegiado a realização de trabalhos curri-culares em contexto laboral, fazendo uma ponte que permite aos futuros diplomados terem uma primeira experiência dentro de uma organização externa ainda antes de saírem do ISEP.

Na referida unidade curricular os estudantes são envolvidos na realização de um projeto de engenharia informática destinado a integrar conhecimentos e experiências fundamentais da sua formação. «A ligação com organizações externas ao ISEP é um fa-tor de enriquecimento da formação do estudante, contribuindo ainda para o aprofundamento das relações da escola com o meio envolvente», referiu Ana Almeida. «Pretende-se, ainda, garantir que cada estágio tenha uma duração que permita ao estudante uma efetiva integração no mercado de trabalho e que promova para as organizações o retorno do investimento realizado no es-tagiário», acrescentou.

Para facilitar a interação com potenciais entidades de acolhimen-to dos estágios curriculares, o DEI criou uma plataforma web (www.dei.isep.ipp.pt/gestproj), onde qualquer organização pode apresentar propostas de projeto/estágio (sem limite de número). As organizações interessadas apenas devem indicar o tema do projeto, breve descrição do trabalho a realizar, ambiente de tra-balho e supervisor na organização.

«Cada proposta de estágio recebida será alvo de análise, a fim de se determinar a exequibilidade do projeto dentro dos prazos previstos para estágio. As propostas aprovadas serão tornadas visíveis para os estudantes, os quais deverão interagir com os proponentes com vista a serem escolhidos. Após a seleção do candidato, o estágio será formalizado através de protocolo entre o ISEP e a organização», apontou Ana Almeida.

No segundo semestre de 2012-2013, os estágios curriculares de-correrão com início em março e conclusão entre julho-setembro.

NÚMEROS DE 2011-2012330 propostas submetidas e aprovadas;

174 estudantes terminaram o projeto (maioria com estágio fora do ISEP).

Além da página de estágios do DEI, o Instituto Superior de Engenha-ria do Porto convida as organizações interessadas a registarem-se na Bolsa de Emprego do ISEP (www.bolsadeemprego.isep.ipp.pt), onde podem publicitar ofertas de emprego de forma autónoma.

Segundo a Direção Geral do Ensino Superior, a licenciatura em Engenharia Informática apresentava uma empregabilidade aci-ma de 97% no ano de 2011.

GILT COM NOVOSPROJETOS EUROPEUS

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05A RETER

PRÉMIO INOVAÇÃO PEDAGÓGICA EM ENSINO À DISTÂNCIA

O ISEP arrecadou duas menções honrosas na primeira edição do Pré-mio Inovação Pedagógica em Ensino a Distância (PIPED), atribuído pelo Instituto Politécnico do Porto. As distinções foram para os projetos For-mação em Programação para a Plataforma Android em Regime de En-sino à Distância e MUTW – Multinational Undergraduate Team Work.

No âmbito da cerimónia do Dia do IPP, que se realizou no ISEP e come-morou o 28º aniversário do maior instituto politécnico do país, o Poli-técnico do Porto procedeu à entrega do Prémio Inovação Pedagógica em Ensino à Distância.

O PIPED pretende contribuir para o fomento da utilização do ensino a distância, ao mesmo tempo que dá a conhecer projetos que valorizem métodos de ensino-aprendizagem dinâmicos e inovadores, com recur-so a novas tecnologias, através de conteúdos online diferenciadores.

O projeto Formação em Programação para a Plataforma Android em Regime de Ensino à Distância ensina profissionais e estudantes a de-senvolverem aplicações eficientes e atrativas para tablets e telemóveis Android. A metodologia de ensino-aprendizagem propõe uma expe-riência interativa, com conteúdos multimédia (áudio e vídeo) e uma forte componente prática de desenvolvimento de código – passível de ser utilizado em futuras aplicações reais. O curso disponibiliza um fó-rum de apoio online que possibilita um apoio permanente e incide em exercícios passo-a-passo, para estimular a autoaprendizagem e reforçar a autoconfiança. Este projeto foi desenvolvido por Ana Figueiredo, Ri-cardo Anacleto e Nuno Luz.

Quanto à segunda menção honrosa, MUTW – Multinational Under-graduate Team Work visa proporcionar aos alunos um contacto inter-nacional intenso, desenvolvendo as suas capacidades de trabalho em equipa e de comunicação em contexto internacional e contribuindo desta forma para o aumento das suas perspetivas de empregabilida-de num mercado global. Este projeto é desenvolvido pelos docentes Nuno Escudeiro, Paula Escudeiro, Ana Barata, Rosa Reis, Ricardo Almei-da e António Castro.

«Este reconhecimento representa uma motivação adicional para todos nós continuarmos a prosseguir este paradigma de inovação no ensino superior. A distinção só foi possível graças aos contributos e empenho de todos os que nos apoiaram nos últimos cinco anos, incluindo estu-dantes e colaboradores», destacou Nuno Escudeiro, mentor do MUTW.

A presidente do IPP, Rosário Gambôa, reconheceu o trabalho do e-IPP, ressalvou, «o empenho que colocamos nesta área nuclear na agenda mundial do ensino superior».

Um estudo do Grupo de Reação e Análises Químicas (GRAQ) veio confirmar que os processos das Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) não eliminam a totalidade dos resíduos de medica-mentos permitindo a passagem de fármacos para o ambiente envol-vente, nomeadamente ao nível dos solos circundantes. Este estudo faz parte de um projeto de investigação que pretende encontrar soluções para a reabilitação de solos contaminados por produtos farmacêuticos.

Os investigadores do GRAQ centraram o estudo em três antibióticos (amoxicilina, tetraciclina e trimetoprim) e um anti-inflamatório (ibupro-feno), que estão entre os fármacos mais vendidos em Portugal. Os re-sultados indicam que os fármacos não são totalmente removidos pelos tratamentos biológicos, mesmo prolongando o processo. Isto significa que, para além da contaminação dos cursos de água onde se fazem as descargas dos efluentes, também os solos irrigados com estas águas podem estar a ser contaminados.

O cenário pode ser preocupante, tendo em conta a possibilidade de existirem campos de cultivo, hortas familiares e parques infantis nas imediações das descargas das ETAR. A exposição das populações pode levar a vários problemas. Porém, e embora não existam evidências so-bre os impactos na saúde pública, é de elementar bom senso tomar todas as medidas de prevenção.

«Não tem havido uma consciencialização para este tipo de problema. Fala-se muitas vezes da contaminação das águas, dos rios e dos ma-res, mas muito pouco dos solos. Por vezes, existem nas imediações das ETAR pequenas hortas o que torna o problema mais sério. A verdade é que os solos podem esconder vários tipos de problemas, entre eles a existência de resíduos de fármacos», explicou Valentina Domingues, docente do ISEP e membro da equipa de investigação.

O problema não é exclusivo de Portugal e é por isso que a comunidade científica tem vindo a debruçar-se sobre estes poluentes emergentes. «Trata-se de um problema global e temos de resolver o problema a montante», advogou a investigadora.

«Parte do diagnóstico está feito. Em Portugal, a presença de fármacos no meio ambiente é uma realidade, tornando-se urgente encontrar e aplicar as técnicas de remediação adequadas que permitam reabilitar os solos», defendeu o GRAQ.

Existem algumas soluções clássicas, estando a ser desenvolvida uma metodologia alternativa mais verde e de baixo custo, cujos «resultados preliminares parecem ser promissores», concluiu a investigadora.

GRAQ ESTUDA O IMPACTO DE FÁRMACOS NA CONTAMINÇÃO DE SOLOS

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06 EVENTOS

O Instituto Superior de Engenharia do Porto tem priorizado a pro-moção do empreendedorismo como um eixo estratégico de atuação. Neste sentido, promoveu o seminário “ISEP.START” para apresentar boas práticas empreendedoras e apoios à criação do próprio negó-cio. Este evento, organizado pelo DEI e pelo Departamento de Orga-nização e Gestão (DOG), juntamente com a Divisão de Cooperação e Comunicação, lotou o auditório E.

O empreendedorismo tem sido consecutivamente apontado como um contributo indispensável ao sucesso da economia portuguesa. A geração de novas ideias de negócio, a implementação de novos ser-viços, o desenvolvimento de novos produtos, a criação de empresas e de empregos, a revitalização do tecido produtivo passam pela aposta no empreendedorismo.

Para reforçar os estímulos ao desenvolvimento de uma atitude empreendedora na comunidade académica, o ISEP promoveu o seminário “ISEP.START”, no final de novembro. Este evento permi-tiu questionar e abordar o empreendedorismo em várias das suas dimensões, com o programa a incluir os temas: o que é ser empre-endedor, o empreendedorismo na primeira pessoa, como fazer um plano de negócio, como “vender” uma ideia (elevator pitch), opor-tunidades de financiamento e empreender sem fronteiras. Desta-que para a apresentação de dois casos de sucesso de diplomados

ISEP, através das apresentações de Nuno Breda, fundador da Ifthen Software, e de Hélder Fernandes, da ViGIE Solutions.

«A iniciativa revelou-se um sucesso, com a presença de mais de 300 pessoas», destacou a docente Andreia Gama da organização.

«Criaram-se momentos de partilha e discussão alargada sobre o tema, apontando caminhos e soluções para a concretização de ideias e pro-jetos. Perante um auditório repleto, as intervenções de três atuais empreendedores de sucesso, dois dos quais antigos alunos do ISEP causaram grande impacto pelo entusiasmo e resiliência revelados pelos oradores», acrescentou.

O evento contou também com a participação de diversas entidades rela-cionadas com o empreendedorismo, tais como a Oficina de Transferên-cia de Tecnologia e Conhecimento do Politécnico do Porto, a SPINPARK, a COTEC, o IAPMEI, a Portugal Ventures e a Invicta Angels, que esclarece-ram diversos aspetos de natureza mais técnica associados à criação de um novo negócio. José António Salcedo, da Multiwave Photonics, «ter-minou com chave de ouro», apontou ainda Andreia Gama.

O sucesso desta iniciativa veio confirmar a importância do tema junto da comunidade ISEP, pelo que se perspetiva a dinamização de mais projetos nesta área a breve prazo.

ISEP.START

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07

O Instituto Superior de Engenharia do Porto acolheu as “2as Jor-nadas de Mobilidade Elétrica” em janeiro. Coorganizadas com o Conselho Regional do Colégio de Engenharia Mecânica da Ordem dos Engenheiros Região Norte (OERN), este evento não deixou de realçar o papel do ISEP, enquanto única instituição de ensino supe-rior da região norte com uma licenciatura em Engenharia Mecânica Automóvel.

A sessão de abertura foi presidida pelo vice-presidente do ISEP, José Carlos Barros Oliveira, o representante da OERN, Carlos Neves, e Luís Durão, docente do Departamento de Engenharia Mecânica (DEM) e presidente da comissão organizadora. Seguiram-se as comunicações relacionadas com o presente e o futuro da mobilidade elétrica. A pri-meira intervenção esteve a cargo de Henrique Mendes, do IMTT, e inci-diu sobre a legislação existente e requisitos a desenvolver.

O segundo momento de comunicações foi dedicado a estudos e pro-jetos em desenvolvimento. Bernardo Ribeiro, da CEIIA, apresentou o MOBI.CAR; João Manuel Oliveira, VE, mostrou o VEECO e na categoria de transportes públicos, José Costa, da Salvador Caetano, deu a conhe-cer o Caetano Bus.

O desmantelamento de veículos em fim de vida foi analisado por

Quitéria Antão, da APOGER, que apresentou o Centro de Investigação Europeu de Reciclagem com projetos de pesquisa e inovação para a reciclagem.

O evento, que registou perto de uma centena de inscrições, contou também com uma mesa redonda, moderada por Luís Durão, onde fo-ram abordados temas mais controversos, como a dificuldade em ad-quirir estes veículos dado o seu ainda elevado preço; a autonomia dos automóveis e a gestão da rede elétrica, aspeto que será crucial para a implementação deste tipo de veículos.

A sessão foi acompanhada de uma exposição da Smart Electric Bike e de livros relacionados com a temática. Destaque ainda para a atenção que o tema mereceu por parte da comunicação social com reporta-gens exibidas na RTP1 e PortoCanal.

A tarde foi dedicada a uma mostra de viaturas onde os participantes tiveram a oportunidade de experimentar carros totalmente elétricos como o Peugeot Ion; Smart ed (3ª geração), Renault Twizy; Renault Fluence ZE; Little Four; Opel Ampera; Nissan Leaf, bem como algumas soluções híbridas: Porsche Cayenne Hybrid; Porsche Panamera Hybrid; Mercedes Classe E 300 BlueTEC Hybrid; Honda Jazz; Honda Insight; Toyota Yaris Hybrid.

EVENTOS

2AS JORNADAS DE MOBILIDADE ELÉTRICA

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08 EVENTOS

WORKSHOPS EM TECNOLOGIAS E INFORMÁTICAAPLICADAS À EDUCAÇÃOO Departamento de Engenharia Informática organizou uma série de workshops no início do ano letivo para promover o lançamento de duas novas especializações pós-graduadas em Tecnologias e Infor-mática Aplicadas à Educação (www.isep.ipp.pt/estaei). Especialmente pensados para professores dos ensinos básico e secundário, profissio-nais de formação e finalistas na área da educação, estes workshops gra-tuitos apresentaram mais-valias da tecnologia para o espaço de aula.

Jogos Digitais para Apoio ao Ensino; Integração de Dispositivos Mó-veis nas Práticas Educacionais; Tratamento de Imagem Digital; Moodle – Plataforma de Suporte ao Ensino; EduGraal – Broadcast da Aula em Tempo Real, foram os temas das quatro sessões programadas para de-correr em horário pós-laboral (sábados).

Esta primeira edição dos workshops visou demonstrar mais-valias das tecnologias de informação e comunicação na modernização do ensino e formação. A atualidade das temáticas e interesse que geraram ficou demonstrado pelo facto de todas as sessões esgotarem a lotação máxi-ma de participantes – mais de meio milhar de participantes.

A pós-graduação em Tecnologias e Informática Aplicadas à Educação pretende impulsionar a inovação nas práticas pedagógicas, disponibi-lizando duas especializações: Tecnologias de Apoio à Educação; Infor-mática na Educação.

Estas formações distinguem-se pela sua flexibilidade, já que cada uni-dade curricular representa uma ação de formação acreditada pelo Conselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua, cabendo ao formando construir o seu plano e calendário, de acordo com a dispo-nibilidade e interesses.

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09EVENTOS

O Departamento de Matemática (DMA) inaugurou o ciclo de seminá-rios “À Boleia da Matemática com ...” no fi nal de 2012, com a sessão Licenciados em tempos de crise: Fatores de Empregabilidade e de Su-cesso.

“À Boleia da Matemática com ...” surgiu em resposta ao desafi o de di-namizar o intercâmbio académico-empresarial e a divulgação científi -ca em áreas de interesse do Departamento de Matemática (DMA). O propósito desta iniciativa é facilitar a partilha de boas práticas com o mundo empresarial e desconstruir mitos sobre a matemática, enquan-to ciência estática, sem aplicação para o tecido empresarial.

O objetivo é fazê-la «transparecer no mundo real e nos mais diversos ramos do saber», refere Carla Pinto, subdiretora do DMA.

Para iniciar este ciclo, o Departamento promoveu o seminário Licen-ciados em Tempos de Crise: Fatores de Empregabilidade e de Sucesso, recebendo como orador-convidado António Carvalho, CEO da GROHE.

António Carvalho abordou temas de interesse para estudantes dos cursos de engenharia do ISEP, discurso sobre o atual signifi cado de um curso superior no mercado de trabalho, a importância do estágio curricular para iniciar uma vida profi ssional e quais as competências mais apreciadas pelos atuais empregadores, sejam técnicas, comporta-mentais ou transversais, como a capacidade de liderança e de trabalho em equipa.

«Consideramos que os seminários “À Boleia da Matemática com ...” constituem uma iniciativa de considerável sucesso, que permitirá es-treitar a ponte entre os nossos estudantes e as empresas, possíveis fu-turos empregadores, e entre os nossos estudantes e a matemática», notou Carla Pinto, que organiza o ciclo juntamente com as docentes Teresa Costa e Susana Nicola.

Afetação Multicritério de Recursos Utilizando o Sistema de Apoio à De-cisão PROBE foi o tema da segunda sessão deste ciclo de seminários aberto ao público.

À BOLEIA DA mATEmáTIcA cOm... LICENCIADOS EM TEMPOS DE CRISE: FATORES DE EMPREGABILIDADE E DE SUCESSO?

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10 EVENTOS

4AS JORNADAS ELETROTÉCNICAS DE MÁQUINAS E INSTALAÇÕES ELÉTRICASCiente da rápida e enorme evolução cientifico-tecnológica a que se assiste na área da engenharia eletrotécnica, e especificamente nos domínios energético e da energia elétrica, o Departamento de Enge-nharia Eletrotécnica (DEE) promoveu as “4as Jornadas Eletrotécnicas de Máquinas e Instalações Elétricas” (www.dee.isep.ipp/jornadas2012), em dezembro de 2012.

Este encontro, dirigido aos profissionais do setor, visou reunir agentes industriais, pequenas e médias empresas, entidades públicas e parcei-ros académicos para promover e debater temas relevantes das máqui-nas e instalações elétricas.

O programa incidiu nas atuais problemáticas em torno das energias renováveis, gestão e eficiência energética e mobilidade elétrica, abor-dando ainda tópicos como os sistemas de segurança, a domótica, os sistemas de iluminação e as infraestruturas de telecomunicações.

A sessão de abertura esteve a cargo do vice-presidente do ISEP, Barros Oliveira, e contou ainda com as participações de José Beleza Carvalho,

diretor do DEE, José Manuel Freitas, da Ordem dos Engenheiros (OE), e António Correia, da Ordem dos Engenheiros Técnicos (OET).

O evento assistiu à apresentação de comunicações por parte das em-presas REpower Portugal, EDP Inovação e EDP Comercial, Wegeuro, Sew – Eurodrive, EMEF, Televés, NexToYou, Iberdrola, Siemens, Microproces-sador, TV2, Efacec, EDF, Energaia, Layout, Vianas, Exporlux, Infocontrol, OHM-E e Schneider Electric Portugal, além da ANACOM, ERSE, Autoridade Nacional da Proteção Civil, Centro Português de Iluminação e INESC TEC

«Deve-se realçar o elevado nível das comunicações apresentadas, o que permitiu momentos de debate interessantes e motivadores», des-tacou Beleza Carvalho, que referiu ainda o contributo desta iniciativa para o «intercâmbio de ideias e soluções tecnológicas avançadas».

O evento, ao qual assistiram mais de 400 participantes, teve o patrocí-nio oficial da Schmitt+Sohn Elevadores e incluiu ainda uma exposição para demonstração de equipamentos e a apresentação de soluções inovadoras.

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11

1ST INTERNATIONAL CONFERENCE ON ENERGY, ENVIRONMENT AND SUSTAINABILITYO ISEP iniciou o ano letivo com a “1ª Conferência Internacional sobre Energia, Ambiente e Sustentabilidade” (EES 2012), para debater o esta-do da arte nestas áreas de relevância estratégica.

Este encontro técnico-científi co reuniu perto de uma centena de par-ticipantes nacionais e estrangeiros, entre os quais os politécnicos de Coimbra, Bragança, Lisboa e Castelo Branco, as universidades do Porto, Aveiro, Coimbra, Nova de Lisboa, de Deusto e Autónoma de Barce-lona (Espanha), de Istambul (Turquia), Zagreb (Croácia), Goce Delčev (Macedónia), Gheorghe Asachi (Roménia), de Tecnologia de Bratislava (Eslováquia) e de Częstochowa (Polónia), o Programa MIT Portugal e as empresas Magnetic Fields, Evoleo Technologies e o Centro de Apoio Tecnológico à Indústria Metalomecânica.

Contando com a organização conjunta de dois grupos de investigação do ISEP com estudos pioneiros nestas temáticas – o GRAQ e o Grupo de Investigação em Engenharia do Conhecimento e Apoio à Decisão (GE-CAD) – a EES 2012 permitiu discutir temas cruciais, com uma atenção especial aos vários e diversifi cados progressos registados nos últimos tempos. Ao longo da conferência foram apresentados projetos nas áre-

as das energias renováveis, armazenamento e distribuição de energia, efi ciência energética, novos modelos de resposta à procura, legislação e regulamentação do setor, impactos económicos, gestão ambiental e alterações climáticas e perspetivas globais.

«Para além dos trabalhos apresentados salientar, ainda, a partilha de co-nhecimentos e a discussão de assuntos cruciais para o desenvolvimen-to sustentável e para a criação de uma visão e princípios comuns, tão necessários para ultrapassar os desafi os atuais», referiu Florinda Martins, investigadora do GRAQ e responsável pela organização da conferência.

Cerca de 40 por cento das comunicações apresentadas ao longo dos dois dias da conferência foram realizadas por participantes estrangeiros, reforçando não só o carácter internacional do evento, mas também a boa imagem do Instituto Superior de Engenharia do Porto além-fronteiras.

«Considerando o contributo do ISEP na criação de soluções inovadoras e na disseminação de boas práticas de desenvolvimento sustentável, esperamos vir a realizar novas edições desta conferência, cuja temática é premente e crucial para toda a sociedade», realçou Florinda Martins.

EVENTOS

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12 À CONVERSA COM...

ISEP.BI As empresas nacionais vivem um novo paradigma, conse-quência da crise nacional e internacional, que tem tido graves reper-cussões nos sistemas de produtividade. Mais do que nunca, todos os contributos que produzam respostas efi cazes são bem-vindos. Que tipo de soluções e mais-valias oferece a matemática ao tecido em-presarial? E neste contexto, qual o contributo do Departamento de Matemática do ISEP? Alcina Barreiras (A.B.) Se me permite, começaria com uma frase que li algures; “Durante séculos, o talento humano foi a melhor resposta aos diferentes desafi os, mas a matemática tem respostas muito mais precisas.” Não quero dizer com isto que os talentos não são necessários e que não se deve fomentar a sua procura. Mas os grandes talentos nas áreas científi cas têm quase sempre origem numa sólida formação de base e muito trabalho. Normalmente diz-se que apenas 10 por cento são inspiração, enquanto 90 por cento resultam da transpiração. Nes-ta altura, de sérias difi culdades, as empresas necessitam de soluções objetivas e racionais, baseadas em modelos matemáticos sólidos, que poderão fazer a diferença. De facto, a matemática é atualmente utili-zada em todos os domínios científi cos e tecnológicos. A perceção da sua importância aumentou signifi cativamente nas últimas décadas, associada à necessidade crescente de gerir recursos escassos e tomar decisões confl ituosas. A necessidade de compreender e simular o co-nhecimento matemático na informática e nas tecnologias de informa-ção tornaram-no valioso e as sociedades mais avançadas promovem--no como tal.

ISEP.BI O Departamento de Matemática já existe há algum tempo, aparecendo agora com um novo dinamismo. Poder-se-á dizer que agora está numa nova fase, mais virado para o exterior?A.B. Vamos conquistando terreno e marcando o nosso espaço. O ISEP tem uma notoriedade sólida e uma vasta e reconhecida experiência na

área das engenharias. O Departamento tem vindo a incentivar a cola-boração com as empresas através da promoção de seminários, com a participação de especialistas que apresentam a matemática no con-texto empresarial e frisam a importância e a mais-valia da disciplina e dos seus conteúdos no dia-a-dia das suas empresas. Estas iniciativas começaram no início de 2013. Até agora, só podemos fazer um balan-ço positivo, quer em termos da adesão dos oradores, como dos parti-cipantes. Ao mesmo tempo, em colaboração com a Câmara Municipal do Porto, promovemos uma iniciativa, reveladora da abertura que o Departamento quer ter com a comunidade, inserida numa lógica de educação para o futuro, intitulada “Matemática Fora de Portas”. Englo-bada no projeto ‘Porto de Futuro’, da autarquia portuense, levamos a matemática e a engenharia a cerca de 800 alunos das escolas do 2º e 3º ciclos e ensino secundário da cidade. Além disso, a exemplo do que foi feito em 2012, está agendado outro Congresso Internacional que trará ao ISEP e à região, nomes e temas de importância vital para a visibilida-de do nosso trabalho.

ISEP.BI As empresas compreendem a importância da vossa ajuda es-pecializada?A.B. Temos recebido visitas de especialistas de várias empresas e de diferentes áreas de negócio. A atual conjuntura tem feito aumentar a procura de alternativas, a vários níveis, desde a investigação direcio-nada para as necessidades das empresas, à prestação de serviços de qualidade e diferenciadores nas diferentes áreas da engenharia e afi ns, até à oferta formativa orientada para as necessidades do mercado. Exis-te, desde sempre, um esforço por parte do ISEP em auscultar o tecido empresarial, as associações profi ssionais e a sociedade em geral, para delinear as soluções adequadas. A título de exemplo, e surgindo de um contexto de cooperação entre o ISEP e a Associação Empresarial de Portugal (AEP), para dar resposta às necessidades sentidas pelas em-

Alcina Maria Sousa Barreiras é a diretora do Departamento de Matemática do Instituto Superior de Engenharia do Porto que gere a Licenciatura em Engenharia de Sistemas e o Mestrado em Matemática Aplicada à Engenharia e às Finanças. Sob o tema ‘A Matemática aplicada às soluções empresariais’, a do-cente, com uma vasta experiência no ensino superior, parti-lhou a sua visão sobre o futuro da disciplina e a sua aplicação às engenharias, como factor determinante para os alunos mar-carem a diferença no mercado de trabalho.

lIGaÇÃo ÀS emPreSaSaLcina Barreiras

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13À CONVERSA COM...

presas, surgiu a licenciatura em Engenharia de Sistemas, que é uma das ofertas formativas mais recentes do Instituto.

ISEP.BI Neste contexto, de necessidade de inovação científica e tecno-lógica por parte do tecido empresarial, onde o ISEP tem dado provas nas áreas de engenharia, qual o papel a desempenhar pelo Departa-mento?A.B. A matemática é uma linguagem universal que oferece um con-junto de ferramentas de raciocínio lógico, técnicas de resolução de problemas e o desenvolvimento cognitivo, ou seja, a capacidade de pensar. Assim, o objetivo dos docentes do departamento de Matemá-tica de uma escola do ensino superior, e em particular do ISEP, é ensinar os seus alunos a pensar e raciocinar logicamente, matematicamente, ou seja, prepará-los para, no âmbito de cada um dos vários cursos de engenharia, estarem aptos a desenvolver e produzir tecnologia e so-luções produtivas eficientes, que só serão possíveis se dispuserem de sólidos conhecimentos em matemática.

ISEP.BI Assistimos atualmente ao despoletar de outras necessidades?A.B. Sem dúvida! Durante os últimos anos a grande aposta no investi-mento público em Portugal teve por base a construção civil, caracteri-zada por ser uma indústria de mão-de-obra intensiva e pouco qualifi-cada, onde o trabalho quantitativo é largamente rotineiro, e em PMEs cuja atividade se baseia na importação de tecnologia, sem acrescentar valor. Era frequente ver profissionais, com licenciaturas em engenharia, a realizar trabalho administrativo, ou rotineiro, dispensando os conhe-cimentos técnicos de engenharia e, consequentemente, a sua base científica de matemática. Dado o contexto atual de globalização, as empresas têm de procurar ocupar nichos de mercado onde o desen-volvimento tecnológico e a adequada gestão dos recursos, na produ-ção de soluções eficientes, é fundamental, dada a elevada concorrên-cia a que estão sujeitas. Neste contexto, a oferta formativa do ISEP pode ter um papel diferenciador, ao colocar no mercado licenciados e mes-tres em engenharia, com uma sólida formação de base nas ciências de engenharia mas também, especificamente, em matemática. O nosso papel de docentes de matemática é fundamental para esse desiderato.

ATRAIR OS ALuNOS

ISEP.BI A matemática surge, na maior parte das vezes, associada às áreas de maior dificuldade de aprendizagem. Facto é que a matemá-tica está em tudo o que nos rodeia. Num mundo cada vez mais com-plexo, esta disciplina merece maior atenção?A.B. A matemática parece irrelevante no nosso dia-a-dia, e é habitual os estudantes, confrontarem-nos com a questão da sua importân-cia. Será necessário saber derivar, ou integrar, para falar ao telemóvel ou trabalhar no computador? O mundo moderno, que hoje conhe-cemos, seria impossível sem o desenvolvimento e a aplicação dos princípios fundamentais da matemática. De facto, desde a revolução científica do século XVII que se descobriu que as leis da Natureza têm formulação matemática e que essa compreensão quantitativa per-mitiu, além de descrever o Universo, agir sobre ele. Como poderiam existir transações seguras na internet sem a criptografia de chave pública, desenvolvida pelos matemáticos Shamir, Rivest e Adleman? Um outro exemplo de grande sucesso que todos conhecemos é o Google. Quando surgiu já existiam outros motores de busca mas a sua superioridade foi imediata. Hoje em dia, procurar na internet é muitas vezes conhecido por “googlar”. Este sucesso deveu-se ao de-senvolvimento de um modelo matemático baseado na Teoria dos Grafos e Álgebra Linear, o Page Rank. Podemos afirmar que a diferen-

ça foi feita ao adequar a matemática ao problema que se pretendia resolver. Existem muitos outros exemplos: como a meteorologia ou a climatologia, onde as previsões são realizadas com base em algorit-mos paralelos; as equações diferenciais e as suas aplicações à aerodi-nâmica; a análise de Fourier no processamento de sinal, entre outros exemplos. Pode afirmar-se que todo o funcionamento do mundo contemporâneo se baseia em aplicações da matemática, ou como disse Lobachevsky, “não há ramo da matemática, por mais abstrato que seja, que não possa um dia vir a ser aplicado aos fenómenos da vida real”.

ISEP.BI Que projetos e metas estão definidos para o futuro do Depar-tamento? A.B. A principal missão do Departamento é o ensino da matemática no ISEP, assim como a sua promoção enquanto ciência base da en-genharia, contribuindo para a criação, transmissão e divulgação do conhecimento nesta área. Para esta meta ser alcançada é essencial o contributo do capital humano do Departamento - os seus docentes - que permitiu, ao longo dos seus anos de existência, a sua afirmação no ISEP e crescente reconhecimento pela comunidade ISEPiana, estando agora numa fase de afirmação para o exterior.

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14

A supervisão e controlo de rede de média e alta tensão é uma das principais preocupações da EDP Distribuição, implican-do uma manutenção constante. Para Pedro Terras Marques, subdiretor do Despacho Norte da EDP Distribuição, a simula-ção computacional que permite analisar o comportamento da rede, estudar alternativas de exploração e avaliar tecno--economicamente investimentos, “envolve muito trabalho de engenharia, pelo que a integração de jovens no ambiente empresarial da EDP se torna fundamental”. As parcerias entre a empresa e o ISEP celebram a proximidade existente com o meio universitário.

DE FORA CÁ DENTRO

PedrO Terras

Pedro Terras Marques, com 17 anos de experiência profissional na EDP Distribuição, admite que se tem acentuado a mudança de pa-radigma por parte da empresa, rumo à sustentabilidade e eficiência. “Há uma necessidade permanente de rejuvenescimento”, acompa-nhada de “uma obrigação cada vez maior de incorporar ‘inteligên-cia’ na gestão da rede, e uma procura por gente nova, mais e melhor preparada e com capacidade para lidar com outras realidades, mais complexas”. O rumo traçado pela empresa impele a contratação, cada vez maior de engenheiros, visando gerar mais valor acrescen-tado, o que contraria a tendência de há duas décadas.

É seguindo esta linha que os alunos do ISEP são acolhidos pela em-presa, quer para efetuar estágios de verão, quer para desenvolver

edP disTriBuiÇÃO e iseP: “uma simBiOse Quase PerFeiTa”

dissertações de mestrado. “No nosso departamento de estudos, conseguimos mais ou menos ao fim de 10 semanas, ter os alunos aptos a trabalhar com o nosso software de simulação e consegui-mos confiar-lhes casos práticos que exigem intervenção técnica”, esclarece. Os estágios na EDP Distribuição representam, assim, “o complemento de todo o processo de formação que os alunos têm no ensino superior, com muitas noções teóricas, começando a congregar toda essa informação com as simulações em redes re-ais”, remata este quadro.

É este esforço de habituação aos problemas reais que impele os estudantes a, num curto espaço de tempo, interagir e produzir tra-balho numa perspetiva de alguém que está inserido no mundo empresarial. Neste espaço de tempo, os alunos devem ficar “ca-pacitados para estudar a reformulação e otimização de redes de energia, quer em cenário de exploração normal, mas também em contingência (falha de equipamentos de rede de grande impacto, como por exemplo a perda de transformação numa subestação), apoiar a resposta às reclamações de clientes e validar, de alguma forma, as propostas técnico-económicas”, explica. Mas a verdade é que os níveis de exigência diferem de acordo com o nível de estu-dos. Neste sentido, aos alunos de mestrado é entregue um proble-ma específico sobre o qual devem pensar continuamente e com dedicação durante cerca de oito meses, propondo uma solução que poderá ser posteriormente, posta em prática.

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15DE FORA CÁ DENTRO

PROjETOS DO ISEP nA EDP DISTRIBuIçãO

Um trabalho prático desenvolvido recentemente por um aluno do ISEP, no âmbito da dissertação de mestrado, objetivava a criação de uma estrutura de classificação das linhas de média tensão, de modo a fazer uma eficaz gestão do risco. “As linhas de média tensão podem ser aéreas (70 a 80 por cento), subterrâneas (20 a 30 por cento) ou mistas. O que acontece é que quer o sistema de proteção, quer o sistema de automatismos que lhes estão associados, nomeadamente o automatismo de religação automática, são particularmente diferentes num caso ou noutro”, explica. O trabalho desen-volvido pelo aluno permitiu à EDP Distribuição estabelecer uma fronteira aceitável do risco para que, em contexto de redes mistas, com grande com-ponente subterrânea, fosse possível manter o automatismo em serviço.

Mas só à custa de muito esforço, investimento e inteligência se consegue obter um serviço mais inovador e confiável. “O nosso principal indicador de qualidade/serviço é o tempo de interrupção equivalente. Em 2000, estava em 600 minutos, isto é, o somatório de todas as interrupções que nós ti-vemos na rede em todos os pontos do país, era o equivalente a termos o país desligado durante 600 minutos. Em 2012, esse tempo de interrupção equivalente foi de 58 minutos”, assevera. Este decréscimo fica a dever-se a grandes investimentos na rede de distribuição, na sua contínua automação e telecomando, envolvendo o esforço de uma equipa de engenheiros e téc-nicos muito vasta, e também, ao cliente, cada vez mais exigente, que incita esta necessidade de constante de melhoria e evolução.

É por acreditar que “cada vez mais temos de conhecer e estudar melhor os pro-blemas que temos em mãos para poder decidir melhor” que precisamos de “muita engenharia” envolvida, que Pedro Terras Marques vê nos estágios dos alunos do ISEP na EDP Distribuição uma ótima colaboração para todos. Afinal, os diferentes departamentos da empresa têm problemas que querem ver resolvidos. Os estagiários, entre os quais alunos do ISEP, dedicam-se a pensar sobre eles. Esta dinâmica “é boa para a empresa, que está permanentemente atenta ao mercado e quer ter as melhores pessoas cá dentro, é boa para quem está a acabar um curso porque quer, obviamente, ter uma experiência profis-sional e conhecer uma realidade, e é bom para a escola porque quer os seus alunos integrem profissionalmente as melhores empresas”, revela.

Perante o alvoroço de projetos, uma pergunta torna-se preponderante: a EDP está interessada em todas as áreas de engenharia do ISEP? A respos-ta de Pedro Terras Marques é cautelosa: “na área de supervisão e controlo de rede, só estamos interessados em engenheiros eletrotécnicos, do ramo de Energia, no entanto, o grupo EDP e EDP Distribuição está interessada, principalmente, em pessoas competentes”. Acrescenta ainda: “Aquilo que cada vez mais diferencia as é o seu espirito de iniciativa, a sua capacidade, a sua entrega”. Hoje, a EDP tem capacidade, via formação interna, para alar-gar competências de pessoas oriundas de áreas que à partida não seriam as tradicionais para trabalhar neste negócio, fundamentalmente via a Uni-versidade EDP, criada fundamentalmente para permitir reter e disseminar o conhecimento interno.

A Universidade EDP permite adquirir conhecimentos de diferentes áreas de negócios do próprio grupo. “Lecionamos módulos assentes em Direito, Re-gulamentação Comercial, Gestão da Rede, Automação, Telecomunicações e Telecontrolo, entre outras”, que permite criar alguma rotatividade interna, ao trabalhar as competências dos trabalhadores. “Os jovens engenheiros, que entraram recentemente para a EDP, passam obrigatoriamente pela Uni-versidade EDP, tendo um conjunto de 30 quadros “professores” que leciona estas áreas; é tudo feito por meios internos”, patenteia.

Quanto à EDP Distribuição, o subdiretor do Despacho Norte revela que a missão enquanto operadores de rede de distri-buição, “é garantir que a rede está operacional e está dispo-nível para todos os comercializadores que, em igualdade de circunstâncias, querem vender a sua energia, num contexto de mercado liberalizado”.

Idealmente, o objetivo, explica Pedro Terras Marques, “é fazer com que o principal indicador de qualidade/serviço da EDP distribuição chegue aos 0 minutos”, fruto de um “maior inves-timento, esforço de automatização e eficiência brutais”. A ver-dade é que o paradigma da rede está mesmo a mudar, em prol de um paradigma de produção renovável da energia. Para o efeito, basta constatar que, em 2000, o número de trabalhado-res na EDP distribuição era cerca de 5000, e, neste momento, contam-se 3500; ou então que em 1996 existiam 25 locais que exerciam o controlo e supervisão da controlo de rede e hoje em dia, apenas 2, em Lisboa e no Porto.

A par destas mudanças, assiste-se, ainda, ao surgimento de “pequenos produtores que, espalhados ao longo da rede, produzem energia”. Pedro Terras Marques declara que “nos dias de hoje qualquer um de nós pode ser um prosumidor - produtor/consumidor -, através dos painéis fotovoltaicos, por exemplo, e de outras situações do género”. A EDP deixou de ser unidirecional para ser bidireccional, no que concerne aos fluxos de energia na rede, vincando um inequívoco compro-misso com a sustentabilidade e com as energias “verdes”. Não deixa, ainda assim, de ser uma empresa que, para além de por-tuguesa, é global, multicultural e que atua em mais de 14 de mercados.

Pedro Terras Marques prevê que, no futuro, a EDP distribui-ção continue a celebrar parcerias importantes com entidades como o ISEP, com vista a uma possível intervenção em novas áreas, rumo ao desenvolvimento sustentável: “quero ter cá mais gente do ISEP”, sublinha. Além disso, para o subdiretor do norte da EDP distribuição, avizinha-se “um futuro brilhante para a engenharia portuguesa”, em especial para a engenharia eletrotécnica em Portugal. Basta continuar a acreditar que o futuro destas novas áreas passe também pelo Instituto Supe-rior de Engenharia do Porto.

SuSTEnTABILIDADE E EnERgIAS REnOvávEIS

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DESTAQuE16

Após ter sido galardoado com o prémio Greenlight, atribuído pela primeira vez a uma instituição ensino superior portuguesa, o ISEP foi pioneiro, na área do ensino, quando em 2010 apresentou o Plano de Ação para a Sustentabilidade (PASUS) que previa, entre 2010 e 2015, iniciativas como a utilização de veículos e recursos amigos do am-biente e a adoção de uma conduta académica pró-sustentabilidade. Ter edifícios sustentáveis, minimizar os custos com energia e água e uma política de boa gestão dos resíduos, eram alguns dos parâme-tros incluídos no Plano que também previa apostar em investigação e atividade de pós-graduação em Desenvolvimento Sustentável. O Plano tinha como objetivo a adoção de comportamentos ambiental-mente responsáveis pelos seus alunos e a transmissão desses mes-mos comportamentos para a sociedade.

O Plano de Ação para a Sustentabilidade (PASUS) do ISEP foi criado em 2010 por um grupo de investigadores e docentes do Instituto com a intenção de dar corpo a um projeto agregador de tudo o que fosse possível realizar em torno da sustentabilidade. Nesse ano, o do-cente Luís Castanheira, um dos investigadores envolvidos na criação do PASUS, sublinhou a importância do ISEP “como Instituição do En-sino Superior, de liderar, pelo exemplo, e mostrar aquilo que pode ser feito na área da sustentabilidade ambiental”, acrescentando que “o nosso objetivo primordial é o de formar uma estirpe diferente de gra-duados em engenharia, garantindo que os alunos e futuros alunos do ISEP sejam diferentes pelo respeito que deverão ter pelas questões

ligadas à sustentabilidade”. Luís Castanheira recordou, na altura, que o ISEP “é composto por um conjunto de infraestruturas muito signi-fi cativo que tem apensos uma série de consumos relevante”. E como todos os dias é frequentado por milhares de pessoas com repercus-sões ambientais, é necessário ter consciência da realidade e “acima de tudo, vontade de alterar o estado das coisas”, sublinha o docente.

O primeiro ano do projeto foi caracterizado pela criação de uma comissão de trabalho que defi niu as prioridades para atingir os me-lhores resultados, o que determinou que algumas medidas equacio-nadas foram adiadas para próxima oportunidade, permitindo uma focalização nas questões mais prementes e essenciais. Luís Casta-nheira considera que “o PASUS nunca estará terminado”, será um pla-no sempre aberto à mudança, em função do desenvolvimento tec-nológico e da sociedade, concluindo que “o objetivo principal passa por levar a cabo as medidas que foram delineadas neste primeiro documento”.

Pela primeira vez, um Relatório de Sustentabilidade de uma Institui-ção de Ensino Superior foi realizado com base no modelo da GRI. Este relatório (RS ISEP) tem um Nível de Aplicação C, de acordo com as diretrizes GRI, sendo reportado um conjunto de perfi s de divulgação e 19 indicadores de desempenho, dos quais 14 correspondem a indi-cadores GRI, no âmbito de cada um dos três pilares de desempenho económico, ambiental e social.

PRIMEIRO RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE ELABORADO DE ACORDOCOM O GLOBAL REPORTING INITIATIVE

O primeiro relatório de Sustentabilidade do ISEP (RS ISEP), referente ao ano de 2011, foi concluindo em novem-bro de 2012, de acordo com o modelo da Global Reporting Initiative (GRI) que defi ne o conjunto de diretrizes e indicadores que permitem a comparabilidade, credibilidade, periodicidade e legitimidade da informação, na co-municação do desempenho social, ambiental e económico das organizações. Este relatório foi complementado com indicadores específi cos, identifi cados de forma a reportar em pleno a atividade do ISEP, no âmbito do seu desempenho para a sustentabilidade.

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DESTAQuE 17

InDIcADORES DO ISEP

InDIcADORES DE DESEmPEnhO EcOnómIcO

Em 2013, no âmbito do PASUS, o ISEP Sustentável vai realizar uma sé-rie de Seminários na área da Sustentabilidade, procurando responder ao compromisso assumido com a comunidade académica e a própria cidade de desenvolver uma série de iniciativas e projetos que visam tornar o Instituto 100% sustentável e mudar a mentalidades da co-munidade académica, formando uma estirpe diferente de graduados de ciências e tecnologias da engenharia que ao longo de toda a sua vida pautarão a sua atuação por uma atitude diferenciada, não só no contexto profissional como no contexto cívico, contribuindo para que Portugal e a Europa possam vencer desafios futuros.

InDIcADORES DE DESEmPEnhO AmBIEnTAL

Foi identificado apenas o consumo de papel comum, dado que o consu-mo de papel reciclado por parte do ISEP ainda não tem expressão signifi-cativa. Em futuros relatórios pretende-se incluir outros consumíveis, como os toners de impressoras.

Em 2011 foram consumidos 32.369 m3 de água da rede pública, tendo sido utilizada água proveniente de aproveitamento de águas superficiais exce-dentárias no campus do ISEP para o sistema de rega.

O consumo de eletricidade representou 81 por cento da energia consu-mida no ISEP, sendo os restantes 19 por cento associados ao consumo de gás natural. Em 2011 foi adotado um conjunto de medidas para redução dos consumos e aumento da eficiência energética na instituição, que se traduziu numa redução do consumo de energia face ao registado em 2010.

A atividade do ISEP gerou, em 2011, um total de 1.103 tCO2e, das quais 88 por cento correspondem às emissões indiretas resultantes do consumo de eletricidade e os restantes 12 por cento à utilização de gás natural.

À data da elaboração do RS ISEP, não foi possível contabilizar os impactes as-sociados à utilização de transportes. Contudo, sendo este um tema de par-ticular relevância para a persecução dos objetivos de sustentabilidade do ISEP, está considerado para um futuro próximo, no Plano de Ação do ISEP.

InDIcADORES DO DESEmPEnhO SOcIAL

No decorrer de 2011, de um universo de 460 docentes, foram regista-das 402 participações em ações de formação a que correspondem 237 participantes e quase 190 mil horas. Foram também registadas 193 par-ticipações de funcionários não docentes e não investigadores em 161 ações de formação internas e 32 ações de formação externas, quase 4 mil horas de formação. As 193 participações correspondem a 88 partici-pantes: 3 dirigentes, 38 técnicos superiores, 32 assistentes técnicos, 11 assistentes operacionais e 4 da carreira informática.

Verificou-se que a média anual de formação em 2011, por funcionário docente foi de 410,6 horas (devido ao elevado número de docentes em doutoramento), e a média anual de formação por funcionário não docente e não investigador foi de 30,3 horas.

Em 2011, e à semelhança de anos anteriores, o ISEP desenvolveu um

conjunto de iniciativas de promoção da instituição junto da comunida-de e dos diferentes públicos-alvo.

Adicionalmente aos indicadores definidos na metodologia GRI, que é cor-rentemente aplicada a organizações empresariais, foram reportados um conjunto de indicadores de desempenho que são considerados estratégicos no reporte da política de sustentabilidade de instituições do ensino superior.

Na análise da taxa de empregabilidade, verificou-se, em 2011, uma elevada procura dos diplomados pelos cursos de Engenharia Informática, Engenharia de Computação e Instrumentação Médica e Engenharia Mecânica do ISEP.

Com o intuito de divulgar ações em prol da sustentabilidade do campus e sensibilizar a comunidade académica para a adoção de práticas susten-táveis, foram promovidas campanhas no ISEP, em 2011. Realça-se o apoio institucional à realização de eventos no âmbito da sustentabilidade, a afixa-ção de cartazes nas instalações sanitárias do ISEP com vista à promoção do consumo sustentável de água, a elaboração de um formulário comum para as disciplinas de Matemática I e II dos cursos do ISEP e a inclusão da temática da sustentabilidade no Manual de Acolhimento, que é oferecido aos alunos que ingressam no ISEP pela primeira vez.

O desenvolvimento sustentável é uma preocupação antiga no ISEP. Antes do PASUS, o Instituto já promovia ações ligadas à sustentabili-dade, que forneceram uma preciosa ajuda para este projeto. “Um dos grandes desafios” referiu Luis Castanheira, “foi agregar todas as ações que já existiam no Instituto”, com o objetivo de “criar um repositório de ações que nos permita transpor para o exterior toda a experiência do ISEP, mas de uma forma agregada, pois assim seremos mais fortes e mais reconhecidos neste contexto”, conclui alertando entretanto que apesar de termos “as competências técnicas e intelectuais para promo-ver estas ações não o fazemos”.

As principais fontes de financiamento do ISEP são o Orçamento de Es-tado e as receitas próprias, que incluem as propinas, as vendas e pres-tação de serviços. Na análise de custos observou-se que cerca de 80 por cento dos custos totais do ISEP estão inseridos na rubrica ‘Despesas com Pessoal’. Em relação aos valores de 2010, a diminuição da despesa reflete a redução de custos com pessoal, com a aquisição de bens e serviços e com despesas de capital.

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18 INVESTIGAÇÃO À LuPA

E se um dia fosse possível detetar biomarcadores de cancro em poucos minutos e apenas com uma amostra de urina, saliva ou sangue? “Seria um grande avanço ao nível do diagnóstico precoce do cancro”, responde, de forma imediata, Goreti Sales. É com este objetivo que a equipa liderada pela docente e investigadora do ISEP está a trabalhar no BioMark, Sensor Research, uma das mais recentes unidades de investigação do Instituto.

Com uma duração de cinco anos, o Projeto 3P’s pretende criar dispositivos autónomos e portáteis para o diagnóstico precoce do cancro da mama, do cancro do colo do útero e cancro colo-retal, três das patologias oncológicas com maior incidência a nível mun-

dial. Não existam dúvidas de que, quando estiver a funcionar, o novo biossensor vai revolucionar os métodos de análise clínica, ao ponto de tornar possível o acesso deste tipo de equipamento à ge-neralidade da população. Poderá ser utilizado em qualquer parte do mundo, porque terá completa autonomia de funcionamento, com baixo custo. Goreti Sales salvaguarda, contudo, que apesar de se estar perante uma evolução no diagnóstico rápido, nada subs-tituirá a consulta com o médico. “O biossensor será capaz de dete-tar a presença de biomoléculas que circulam no organismo e que estão associadas a um certo tipo de cancro. A sua maior ou menor concentração revela dados importantes e, por isso, os biossenso-res poderão ser indicadores preciosos para o diagnóstico precoce”, argumenta.

A ideia, nunca antes equacionada, surgiu de forma súbita e curiosa. Goreti Sales estava deitada na cama, de olhos fechados, enquanto o cérebro fazia um rewind de alguns artigos científicos que tinha lido recentemente. De repente, surgiu a ideia: “Como é que eu não me lembrei disto antes?”, questionou-se.

Da teoria à prática, Goreti Sales traçou o projeto que apresentou a Bruxelas, sustentando o 3P’s na forma de detetar indicadores de alerta para a instalação do cancro de modo análogo aos sistemas utilizados hoje no controlo da diabetes. A principal inovação resi-de na articulação de células fotovoltaicas e as nano-partículas me-tálicas com anticorpos plásticos. Estes anticorpos são fabricados

BIomarK: noVa UnIdade de InVeSTIGaÇÃo do ISeP reconhecIda a nÍVel InTernacIonal

gOreTi saLes

Goreti Sales é farmacêutica, mas está ligada às engenharias há vários anos. Em 2011, quis voar mais alto e criou o BioMark, Sensor Research, uma unidade de investigação do ISEP que tem por objetivo desenvolver (bio)sensores, para biomarcado-res ou marcadores em diferentes domínios. Um dos projetos foi, inclusivamente, reconhecido a nível internacional, com a atribuição de uma bolsa de investigação no valor de um mi-lhão de euros. Goreti Sales e a sua equipa têm cinco anos para criar dispositivos autónomos e portáteis para o diagnóstico precoce do cancro.

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19INVESTIGAÇÃO À LuPA

em laboratório e para além de dispensarem o recurso a animais, serão menos dispendiosos e mais sustentáveis, porque não obri-gam a um armazenamento cuidado. “Espera-se que o 3P’s facilite o acesso da comunidade em geral à monitorização destes sinais de alerta, a tempo de evitar a instalação da doença ou de minimizar as suas consequências”, advoga a investigadora do ISEP, acreditando que o dispositivo também poderá ser utilizado no acompanha-mento de doentes oncológicos, para monitorizar a doença face à terapêutica administrada. Até porque, atualmente, os meios para quantificação das biomoléculas associadas à presença de cancro no organismo são extremamente caros e morosos, não permitin-do muitas vezes a deteção simultânea de vários biomarcadores, um aspeto de primordial importância no contexto do diagnóstico clínico.

A reflexão mereceu a confiança do European Research Council, organização pan-Europeia para a investigação de referência que tem por objetivo promover a excelência científica na Europa, atra-vés de concursos de financiamento dirigido aos melhores e mais criativos investigadores mundiais. Ao Projeto 3P’s, e entre mais de quatro mil candidaturas, foi atribuída um Starting Grant - desti-nada a investigadores em início de carreira, com um a 12 anos de doutoramento -, no valor de um milhão de euros. Foi, reconhece Goreti Sales, “um grande impulso ao desenvolvimento deste pro-jeto, porque não existem dúvidas de que sem esta verba, o nosso trabalho iria realizar-se de uma forma muito mais lenta”.

No 3P’s, Goreti Sales vai poder, agora, contar com o trabalho de dois alunos de pós-doutoramento e dois alunos de doutoramento. O projeto conta, ainda, com a colaboração do Instituto Português de Oncologia do Porto, para a identificação dos biomarcadores de maior interesse e o teste das amostras de sangue de doentes e dadores no dispositivo.

Apesar do impacto do financiamento que o Projeto 3P’s tem no Bio-Mark, a unidade de investigação do ISEP desenvolve atividade noutros ramos de aplicação. Para além da saúde, estão a ser realizados traba-lhos de investigação na área alimentar e do ambiente. “O nosso grande objetivo é desenvolver biossensores para biomarcadores ou marcado-res com intervenção e implicação biológica no domínio da saúde e do ambiente e no alimento”, descreve Goreti Sales.

A unidade de investigação foi criada em 2011. Um sonho de Goreti Sa-les que foi acolhido pelo presidente do ISEP, João Rocha, ao ter criado condições para a instalação do BioMark e dos seus investigadores no Instituto. “Tive necessidade de realinhar a minha trajetória do ponto de vista da investigação. Existiam outros ramos e outros voos que eu queria explorar. Foi esse desejo que acabou por abrir o meu caminho neste novo horizonte”, explica.

As estratégias utilizadas para a construção dos (bio)sensores são di-versas, passando pela impressão em bulk ou em superfície e pela sua interface direta ou indireta com superfícies sensoras. A operacionali-dade destas unidades é avaliada em estado estacionário ou em condi-ções fluxo, recorrendo a ensaios de macro ou de microfluídica. Todos os investigadores do BioMark são bolseiros de doutoramento, alguns chegam do outro lado do Atlântico, e apesar do pouco tempo de exis-tência, a unidade de investigação já conta com mais de 20 artigos pu-blicados em diferentes revistas científicas internacionais.

BIOSSEnSORES PARA DEScOBRIR

A aposta nos biossensores passa não só por ser possível um diagnóstico mais rápido e eficaz mas também por recorrer a materiais mais baratos, prontamente acessíveis. Comparado com um teste de gravidez, o dispositivo será leve e fácil de transportar, onde poderá, na mesma hora, saber se tem valo-res que possam ser uma indicação de um estágio precoce de cancro. Os biossensores mais conhecidos são os de medição de glucose no sangue para controle da diabetes, através dos quais o doente, em casa, consegue obter uma medição rápida.

áREA DA SAúDE

Uma das áreas de estudo do BioMark situa-se no domínio alimentar. Atualmente, os investigadores da unidade estão a desenvolver estudos na área da adstringência dos vinhos. Através dos biossensores já não será necessário recorrer a um painel sensorial, normalmente composto por especialistas na área, para avaliar a adstringência de determinado vinho. Desta forma, será possível corrigir desvios nas avaliações dos especialistas que estão ligadas às caraterísticas intrínsecas de cada ser humano. A equipa de investigação acredita que a utilização de biossensores em contacto com o vinho poderá fornecer resultados mais assertivos e correlacionáveis com a adstringência.

áREA ALImEnTAR

No BioMark estão, também, a ser realizados estudos para o diagnóstico de contaminação de Microcistina no meio aquá-tico, bactérias que libertam toxinas que podem ser nefastas para o ser humano. Em paralelo, estão a ser desenhados bios-sensores para a deteção de bactérias Escherichia coli, uma bactéria perigosa e normalmente usada como indicador de contaminação fecal.

áREA AmBIEnTAL

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Licenciado em Engenharia Mecânica pelo ISEP, Luís Oliveira fez da do-cência e da investigação o grande objetivo de vida e, com esta escolha, alcançou o sucesso e o reconhecimento profissional.

O percurso foi igual ao de tantos outros colegas. Em 1998, aos 17 anos, entrou em Engenharia Mecânica, mas cedo percebeu que conciliar os estudos com a atividade profissional que até então desenvolvia a tem-po inteiro, numa agência imobiliária familiar, não iria ser tarefa fácil. De tal forma que, em poucos meses, fez uma pausa nos estudos para re-pensar o percurso académico e as opções de vida. Regressou ao Ensino Superior em 2009, depois de outra tentativa alguns anos antes. Hoje, Luís Oliveira acredita mesmo que esta “entrada tardia” trouxe benefí-cios porque, tal como faz questão de afirmar, “a maturidade evolui ao

A escolha de Luís Oliveira pela Engenharia Mecânica não foi desprovida de contexto. Desde cedo, revelou interesse em perceber como eram construídos os objetos, e sempre soube que o seu futuro passaria por desenvolver uma atividade que tivesse “algum impacto na vida das pessoas”. Este engenheiro entendeu que para atingir o seu objetivo, tinha duas opções: uma empresa onde pudesse desenvolver um traba-lho de investigação a tempo inteiro, ou fazer investigação académica. Juntando o gosto pela descoberta e pela aprendizagem constante, com a “aversão a horários fixos e à rotina”, escolheu o caminho que definiu para si como o indicado: a investigação científica.

No decorrer do último ano da licenciatura no ISEP, em fevereiro de2010, a hipótese de participar num Eramus Intensive Programme (IP) na Fin-lândia pareceu-lhe uma oportunidade única. Um Intensive Programme

mARcAR A DIfEREnçA nO DIA-A-DIA DAS PESSOAS

20 DEPOIS DO ISEP

Em criança, o maior hobby era desmontar os brinquedos para ver “de que eram feitos por dentro”. Hoje, Luís Oliveira é um engenheiro mecâ-nico, licenciado pelo Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), que descobriu na investigação e na docência a sua verdadeira vocação. Um Eramus Intensive Programme (IP) na Finlândia, proporcionado pelo ISEP, abriu-lhe as portas da Europa e levou-o a destacar-se fora do seu país de origem. A desenvolver o seu doutoramento na Bélgica, Luís Oli-veira espera poder voltar a Portugal e ambiciona a oportunidade de transmitir aos estudantes do ISEP todo o conhecimento adquirido nes-ta experiência internacional.

TalenTo ISeP reconhecIdo além fronTeIraS

Luís OLiveira, LicenciadO em engenharia mecânica

longo dos anos e ajuda a encarar o curso de outro modo e a dar mais valor à aprendizagem”. No caso particular de Luís Oliveira, as alterações no Ensino Superior introduzidas pelo processo de Bolonha foram o im-pulso que faltava para o seu regresso à “escola e para a dedicação de corpo e alma à Engenharia Mecânica”.

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21DEPOIS DO ISEP

No final do curso, Luís Oliveira foi convidado, por membros do grupo onde estava inserido, a candidatar-se a um mestrado em Engenharia Mecânica Automóvel na Karel de Grote Hoges-chool, uma conceituada instituição de Ensino Superior belga. O engenheiro mecânico nem pensou duas vezes e agarrou a oportunidade. Voltou para o ISEP, terminou a licenciatura em Engenharia Mecânica e, em setembro, partiu para a Bélgica para continuar a trilhar o seu caminho e investir no mestrado em Engenharia Mecânica Automóvel.

Com o mestrado concluído, o percurso de sucesso desenha-do pelo engenheiro mecânico mereceu mais um reconheci-mento: foi convidado a integrar um grupo de toxicologia do Departamento de Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade Católica de Leuven, também na Bélgica. Parece estranho? Mas não é. Luís Oliveira explica que, como a sua tese de mestrado, acerca da eficácia dos filtros de partículas em motores diesel, foi lançada em três publicações científicas de renome, o grupo convidou-o para alargar a sua investigação durante um ano, num projeto em desenvolvimento, na mes-ma área. Apesar de ser um projeto extremamente ambicioso, Luís Oliveira explica que não foi possível “obter os fundos ne-cessários para a persecução” do mesmo. Mas, mesmo assim, o balanço foi “muito positivo”.

Após o ano de trabalho científico nos meandros da Medicina, Luís Oliveira recebeu um convite do reitor da Karel de Grote Hogeschool para se estrear na docência. Uma vez mais, não negou o desafio e, hoje, concilia o doutoramento na Univer-sidade Livre de Bruxelas, subordinado ao tema da “Análise do ciclo de vida do produto e seu impacto ambiental” com a do-cência em tempo parcial na Karel de Grote.

nO cAmInhO DA InvESTIgAçãO cIEnTífIcA

(IP) é, tal como o nome indica, um programa de estudos intensivo, que reúne estudantes e docentes de instituições de Ensino Superior euro-peias, nas instalações de uma das entidades participantes. A duração do programa varia entre os 10 dias completos contínuos e as seis se-manas de trabalho intensivo. O engenheiro mecânico gostou da ideia, concorreu ao programa e foi selecionado para o que considera ter sido “uma experiência extraordinária”.

Durante duas semanas intensivas, de oito horas diárias de aulas e vi-sitas a empresas de renome na área, Luís Oliveira contactou com um sistema de ensino diferente e com estudantes de várias nacionalida-des. Nesta incursão pelo ensino estrangeiro, o engenheiro do ISEP per-cebeu também que o ensino português é mais exigente e completo, quando comparado com o de outros países europeus. Apesar de a experiência ter sido relativamente curta, Luís Oliveira não tem dúvidas de que o IP lhe abriu muitas portas e aconselha todos os alunos a apro-veitar uma oportunidade do género. “Basta que outros estudantes do ISEP abracem as oportunidades, tal como eu fiz, e aproveitem a expe-riência para mostrarem o seu trabalho, para provarem que são pessoas independentes, com visão, com ideias e com capacidade de as pôr em prática”, incentiva.

Apesar de considerar a sua experiência internacional fulcral para o cumprimento dos seus objetivos pessoais e profissio-nais, Luís Oliveira confessa a sua vontade de voltar a Portugal... e ao ISEP. “Fui para fora para poder ganhar as ferramentas necessárias para ser capaz de fazer aquilo de que gosto, cá”, confessa. Quando o doutoramento terminar, em 2016, o en-genheiro mecânico espera ter a oportunidade de tentar a sua sorte como docente ou investigador no ISEP, onde se sente “realmente em casa”.

Em relação ao ensino da Engenharia no ISEP e, em particular, da Engenharia Mecânica, Luís Oliveira defende “está muito bem representada no panorama geral europeu”, até porque, o ISEP tem todos os meios técnicos e, principalmente humanos, para se distinguir, pela positiva, em todo o seu trabalho de do-cência e investigação. O engenheiro mecânico considera que seria positivo implementar um sistema de aulas em inglês, tal como já é habitual em outras escolas de engenharia por toda a Europa. “Além de preparar os alunos do ISEP para trabalhar no estrangeiro, atrairia mais alunos de outros países “, sugere.

“O posicionamento do ISEP é excelente e a reputação dos alu-nos portugueses é muito elevada”, diz, acrescentando que “o único senão é a própria mentalidade característica do tecido empresarial português que continua a dar pouco valor àqui-lo que é nosso e a pensar que o que se faz no estrangeiro é sempre melhor”.

“É por isso que temos fuga dos bons profissionais, porque não são reconhecidos dentro de portas. O que não faz sentido é investirem em nós para depois não se tirar partido”, conclui.

Luís Oliveira é um dos valores nacionais, formado no ISEP, que está fora para conseguir encontrar o seu lugar ao sol. Com as competências adquiridas no ISEP e na Bélgica, construiu uma carreira sólida que, espera, lhe vai permitir, mais cedo ou mais tarde, voltar a casa e continuar a contribuir para a ascensão, cada vez maior, do ISEP no panorama da engenharia nacional e internacional.

À ESPERA DO REgRESSO A cASA

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Aumentar a qualidade, resistência e durabilidade dos geomateriais, a par de uma diminuição de custos, está na ordem de trabalhos do Laboratório de Geotecnia e Materiais de Construção (LGMC) do ISEP. José Fernandes, investigador e diretor do LGMC, encara o tra-balho desenvolvido pela sua equipa como um apoio complemen-tar às empresas naquilo que é hoje uma necessidade para as mes-mas. O laboratório promove atividades de prestação de serviços especializados nas áreas dos solos e sondagens geotécnicas, das rochas, dos materiais de construção e agregados, análises químicas de rochas e solos, termografi a, controle de vibrações e desmonte com explosivos, entre outros. Trata-se de um apoio especializado de elevada abrangência, em áreas que vão desde a exploração de recursos geológicos, à sua transformação e aplicação.

O percurso do LGMC é já longo. Criado em 1976, com dedicação quase exclusiva aos solos e rochas, só abriu portas à prestação de serviços ao exterior em 1982 e, muito posteriormente, em 1996, passou a abranger novas áreas para além do estudo e caracterização dos solos e das rochas. Em 2005, iniciou-se numa nova área de intervenção, a dos agregados, im-portante do ponto de vista industrial, como forma de dar resposta, em termos de aplicação e apoio, às empresas. Hoje em dia, José Fernandes acredita que “a prestação de um serviço tecnológico útil, assente na par-tilha de conhecimento, é um dos grandes objetivos das instituições de ensino superior”. Mas em que consiste exatamente o serviço prestado por esta equipa? Em linhas muito gerais, o investigador explica as po-tencialidades que este laboratório apresenta às empresas: “Na área dos solos, o que fazemos é analisar todas as características macroscópicas, físicas e químicas para avaliar a sua potencial aplicação, nomeadamente os parâmetros de resistência e capacidade de suporte”. Na construção de pavimentos rodoviários, por exemplo, torna-se necessário analisar os

22 A NOSSA TECNOLOGIA

PreSTaÇÃo de SerVIÇoS e InVeSTIGaÇÃo SÃo a aPoSTaLaBOraTÓriO de geOTecnia e maTeriais de cOnsTruÇÃO aO encOnTrO das necessidades das emPresas

agregados neles incorporados com o objetivo de rentabilizar o projeto da melhor forma possível em termos de qualidade, duração e manutenção.

No estudo das rochas “o trabalho desenvolvido é mais fácil de reco-nhecer pelos utilizadores desses materiais”, admite, estando aliado à caracterização dos materiais pétreos nos revestimentos e pavimentos, no sentido de conhecer as características físicas, mecânicas e químicas para assegurar a melhor adequabilidade e desempenho dos mesmos. O material rocha, habitualmente aplicado sob a forma de placas, em revestimentos e pavimentos, deve apresentar resistência e durabilida-de sufi cientes para suportar os diferentes tipos de utilização a que será submetido. É o caso dos materiais aplicados em revestimentos e pavi-mentos de cozinhas que devem apresentar resistência sufi ciente para suportar o desgaste, o choque ou a queda de objetos, ou, no revesti-mento dos edifícios, perceber se o material utilizado é o ideal para não contrair manchas no longo prazo, por exemplo. “Às vezes são utilizados materiais que não são compatíveis com o tipo de utilização que vão ter, daí que depois haja consequências ou em termos de aplicação, ou em termos de resistência”, revela.

Por sua vez, a área dos materiais de construção, fundamentalmente vocacionada para a produção de betões, objetiva “caracterizar os ma-teriais de forma a poder produzir-se betões dentro das especifi cações técnicas exigidas”. Desta forma, no que diz respeito ao desgaste e resis-tência, os materiais em contacto com o betão fi cam mais protegidos. Segundo José Fernandes, as vantagens e know-how associadas a este tipo de serviço são enormes, passando quer pela rentabilização dos projetos, no sentido de evitar consequências estruturais em termos de aplicação, resistência ou desgaste dos materiais, quer pela qualidade do produto e do que é produzido, “tendo em conta os parâmetros de segu-rança”. Ainda assim, admite que o “trabalho desenvolvido é, por vezes,

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A NOSSA TECNOLOGIA 23

A prestação de serviços às empresas tem possibilitado ao LGMC o ree-quipamento do Laboratório e permitido aos profissionais atuar em novas áreas. “O laboratório começou na área dos solos, depois passou para as rochas, depois para os materiais de construção... Tudo isto resultou da vontade estratégica de crescimento, que levou ao reequipamento do Laboratório, de forma a permitir a atuação no maior número de áreas técnico-científicas possível”, revela José Fernandes.

As empresas de construção e obras públicas são, essencialmente, as que mais procuram o Laboratório. O serviço de excelência prestado nas áre-as dos solos, rochas, materiais de construção e agregados, assim como na caracterização dos geomateriais, prospeção geotécnica, geofísica e controle de vibrações, entre outras, tem levado ao aumento da área de intervenção do LGMC. Hoje em dia, o Laboratório atua em várias zonas do país: “Realizámos trabalhos em locais bem afastados da nossa área geográfica”, admite. “No distrito de Aveiro, e apesar da existência de la-boratórios também integrados em instituições de ensino superior, qua-se todas as Câmaras e diversos gabinetes de projectos têm recorrido ao ISEP. Temos realizado imensos trabalhos de prospecção geotécnica, por exemplo, ao nível dos parques escolares e reabilitação de edifícios anti-gos”, refere o investigador. Apesar dos trabalhos do Laboratório se de-senvolverem essencialmente no Norte, estendem-se ainda a outras áreas geográficas, nomeadamente a Águeda, Mealhada, e até à zona centro, onde recentemente participou na caracterização dos materiais de fun-dação dos parques eólicos, sendo reconhecido pela sua especialização.

Perante o desenvolvimento projetado do laboratório, encara-se hoje o LGMC como um meio para apoiar a indústria quer do ponto de vista da investigação, quer do ponto de vista tecnológico. Apesar de “o Laboratório nunca estar completo, sendo preciso fluir estrategicamente para as áreas que são mais importantes, dentro daquilo que é o nosso conhecimento”, é preciso considerar que nenhuma instituição consegue “congregar todos os ensaios das áreas que encerra”, esclarece o investigador. É neste sentido que existe uma preocupação em protocolar com outras entidades que estão no mercado no sentido de se complementarem. Um bom exemplo destas parcerias com outras empresas e laboratórios do setor é o projeto da Marina da Afurada. Ao LGMC foi conferida a tarefa de verificação da homogeneida-de do betão e, consequentemente, da integridade das estacas. Devido à ne-cessidade de realização de outros ensaios, recorreu-se a um dos parceiros, o CICCOPN, no sentido de haver uma conjugação de competências. Estas parcerias revelam-se, ainda, bastante interessantes para a inserção profis-sional dos estudantes do ISEP, já que todos os anos há colaborações que levam à criação de estágios. São disso exemplo as inúmeras empresas, nacionais e estrangeiras, que têm acolhido habitualmente mestrandos para o desenvolvimento de estágios. É esta dinâmica que faz do LGMC “uma entidade com know-how e tecnologia credível”, conforme atesta o crescimento de clientes de diversas zonas do país. É primando por um trabalho de qualidade e excelência que o Laboratório do ISEP se assume hoje como um dos mais reconhecidos nas suas áreas de especialidade.

PARcERIAS, PROTOcOLOS E TEcnOLOgIA

pouco visível” aos olhos dos utilizadores, dado tratar-se de aspetos téc-nicos e estruturais que se realizam muitas das vezes ao nível do subsolo.

O investigador do ISEP afirma que se tem registado um “crescimento notório da procura por este trabalho”, pouco abalado pela crise econó-mica, por dois aspetos fundamentais: “por um lado, pela crescente liga-ção das instituições de ensino às empresas, porque se foi protocolando e formando acordos; por outro lado, devido às imposições legais de-correntes do acervo comunitário - a nossa presença na União Europeia implica a adoção de leis e de normas comuns ao espaço comunitário. Também a este nível, recorrer ao LGMC tem apresentado vantagens para as empresas. Não só o Laboratório acompanha e integra o traba-lho das comissões técnicas, como a informação rigorosa que gera, quer do ponto de vista técnico, quer do ponto de vista científico, facilita o trabalho das empresas. “O LGMC permite que as empresas optem pelo melhor material para determinado contexto ou projeto e apoia ainda a sua máxima rentabilização”, refere o investigador.

Os projetos do LGMC não se ficam apenas por esta prestação de serviços. Atualmente dinamiza projetos de I&D em ambiente académico, empre-sarial ou misto. No que respeita à investigação, José Fernandes adianta que “veio associada ao processo de Bolonha”. O Laboratório tem apoia-do os docentes que estão a desenvolver doutoramentos na área, contri-buindo para a sua valorização profissional, mas também para a criação de conhecimento que acaba por verter para os estudantes e parceiros. Desta forma, muitos dos trabalhos desenvolvidos pelos docentes passa-ram a ser apoiados pelo LGMC, que tem também contribuído no apoio à formação, em termos do desenvolvimento de dissertações e projetos de mestrado de estudantes do ISEP. Esta pro-atividade tem levado, ainda, ao surgimento de novas áreas, onde o LGMC tem “entrado com a pers-petiva de as fazer crescer, fundamentalmente, a área dos geo-recursos”.

E não é por acaso que o investigador faz questão de se focar nesta matéria. Afinal, Portugal já teve uma forte tradição no setor extrativo no passado, nomeadamente na atividade mineira. Atualmente, “toda a Europa sofre dessa dependência face às matérias-primas mais impor-tantes”, constata. Assim, esta área volta a assumir um especial relevo e expectativa. Mas para além dos geo-recursos, também setores como a termografia e a análise química têm vindo a adquirir importância e con-quistado investimento. Quando questionado sobre projetos inovado-res concretizados pelo Laboratório, José Fernandes não hesita em falar de um trabalho de investigação que assenta em “usar a pedra natural da melhor forma possível, tendo em conta o facto de ela ter caracte-rísticas muito próprias”. O estudo pretende avaliar a potencialidade de determinadas rochas portuguesas “sob o ponto de vista térmico e, com base nisso, estudar ou caracterizar esses materiais quer em termos de espessura, quer em termos de dimensão, quer em termos de acaba-mento”. Em suma, valorizar o que é um bom produto nacional.

No domínio das aplicações, um bom exemplo surge na capacidade de definir e mapear qual a melhor pedra para usar na construção nos diferentes ambientes geográficos do país. O Norte e o Sul apresentam condições climatéricas bastante distintas, pelo que se deve adequar a pedra a utilizar, desde logo pela influência que esta tem na eficiência energética da construção: “A escolha adequada da pedra para determi-nado ambiente pode contribuir para o isolamento térmico e melhorar a eficiência energética”, explica. É preciso ter em conta que o critério subjacente à escolha do material não deve ser meramente decorativo e que cada material, em condições diversas, nomeadamente climatéri-cas, tem uma eficiência energética diferente. Do mesmo modo, as pe-dras naturais a aplicar devem apresentar resistência compatível com a maior ou menor agressividade dos ambientes a que ficarão expostas.

Mas os estudos são muito mais abrangentes. Um trabalho recente pre-vê que um novo material, o metacaulino, possa vir, num futuro próxi-mo, a substituir de modo parcial o cimento, conferindo ao betão uma resistência ainda maior e a custos mais baixos. O objetivo, explica o responsável pelo LGMC, é “estudar esses materiais, em termos de po-derem substituir outros que são mais raros, e que, sob o ponto de vista ambiental, podem ser mais complicados”.

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ESTuDO DETETA ERROS nAS fóRmuLAS DE PAgAmEnTO DAS EX-ScuT

Um estudo do Laboratório de Engenharia Matemática (LEMA), desenvolvido em cola-boração com a Associação Cívica para Trans-parência Internacional, detetou que as fórmu-las usadas nos cálculos das concessões das antigas SCUT, por parte do Estado português, podem estar a inflacionar o valor pago às em-presas concessionárias.

O projeto do LEMA detetou vários casos de instabilidade numérica nas fórmulas matemá-ticas, sendo o caso mais óbvio o referente ao pagamento de prémios e multas por sinistrali-dade rodoviária, que estabelece o pagamento de prémios às concessionárias por baixa sinis-tralidade e multas, de acordo com o número de acidentes ocorridos. O estudo detetou que as fórmulas usadas nos cálculos do índice de sinistralidade inflacionam os prémios às con-cessionárias e deflacionam as multas a pagar.

De acordo com José Matos, docente do De-partamento de Matemática e investigador do LEMA, este projeto baseou-se na legislação re-ferente às parcerias público-privadas rodoviá-rias e contratos publicados em Diário da Repú-blica. Conclui-se que estes contratos, firmados entre o Estado e as concessionárias, «incluem fórmulas que são artificialmente complexas e numericamente instáveis, das quais resultam valores imprevisíveis e não justificados, legal-mente, no âmbito dos contratos».

José Matos explica que, no caso da concessão das antigas SCUT, as fórmulas de cálculo não estão fixadas legalmente e nos contratos as-sinados para concessão não há indicação da

2ª EDIçãO DO cuRSO DE InIcIAçãO À InvESTIgAçãOO Grupo de Reação e Análises Químicas está a promover a segunda edição do Curso de Ini-ciação à Investigação.

Esta formação destinada a estudantes do ensino superior nos anos iniciais de forma-ção em engenharia, ciências e tecnologias pretende estimular o interesse pela área da investigação científica. O curso incide no de-senvolvimento do sentido crítico, criatividade e autonomia através da prática da investiga-ção e da aprendizagem dos seus métodos.

O GRAQ apoia a integração dos futuros cien-tistas em projetos de investigação em curso nos seus laboratórios, cede aos formandos o acompanhamento tutorial de um doutorado do grupo e estimula ainda a participação em seminários e congressos.

O curso de 54 horas teve uma primeira edi-ção no segundo semestre de 2012, com os resultados a serem apresentados ao público em dezembro. Nesta primeira edição, o GRAQ contou com a participação de 15 jovens in-vestigadores (14 estudantes do ISEP e um es-tudante da Universidade do Porto), registan-do-se uma taxa de sucesso superior aos 90%.

Entre os projetos apresentados por estes in-vestigadores emergentes, contam-se os estu-dos de determinação da capacidade antioxi-dante de subprodutos da indústria alimentar; desenvolvimento de um biossensor para a análise de PAHs; controlo de qualidade de cefalópodes; remediação de águas/solos con-taminados por produtos farmacêuticos; de-senvolvimento de novos métodos analíticos para a determinação de pesticidas; controlo de maturação de uvas; e desenvolvimento de sensores potenciométricos.

InvESTIgADOR cISTER REcEBE PRÉmIO Acm SIgAdaO investigador do Centro de Investigação em Sistemas Confiáveis e de Tempo-Real (CISTER), Miguel Pinho, foi distinguido com o Outstanding Ada Community Contribution Award, durante a conferência ACM SIGAda High Integrity Language Technology, que decorreu em Boston, EUA.

Este prémio reconhece pessoas e organiza-ções que contribuíram de forma notável para o sucesso da linguagem de programação Ada e das suas aplicações.

Miguel Pinho possui uma vasta experiência em Ada, tendo contribuído para avanços ao nível de mecanismos de concorrência e de tempo--real. Recentemente, o investigador do ISEP começou também a abordar os mecanismos para programação paralela de sistemas de tempo-real em plataformas multiprocessador.

Miguel Pinho tem também desenvolvido uma intensa atividade junto do fórum IRTAW – o principal grupo de evolução dos mecanismos de suporte a tempo-real na linguagem – e, ocasionalmente, participa ainda no HRG, que lida com o suporte a sistemas de alta integri-dade. O investigador é também editor-chefe da revista Ada User Journal.

A linguagem de programação Ada foi criada nos anos 1980 para ajudar a gerir a crescente comple-xidade da construção de sistemas embebidos de tempo-real, distinguindo-se em sistemas de alta integridade e críticos. Tendo evoluído para uma norma ISO, foi a primeira linguagem normalizada a incluir suporte a programação orientada a objetos (2005) e a primeira a introduzir o suporte a multipro-cessadores na semântica da linguagem (Ada 2012).

ISEP nO ARRAnQuE nO PROjETO EuROPEu TEmPuS EOLESO Instituto Superior de Engenharia do Porto participou na sessão de lançamento do proje-to europeu TEMPUS EOLES – Electronics and Optics e-Learning for Embedded Systems –, que decorreu em França, na Universidade de Limoges, no passado mês de novembro.

O TEMPUS EOLES (www.eoles.eu) tem como principal objetivo apoiar o desenvolvimento

BREVES

autoria das fórmulas matemáticas usadas para cálculo dos valores a pagar pelas concessões.

O docente do ISEP acredita que, criando as fórmulas corretas para os cálculos das rendas e outras remunerações e estabelecendo uma legislação para estas mesmas fórmulas, co-muns a todos os contratos, haveria um maior rigor nos pagamentos e nenhuma das partes correria o risco de sair prejudicada.

Este estudo reflete potencialidades da ma-temática para melhorar métodos de gestão, conforme os transmitidos no mestrado do ISEP em Matemática Aplicada à Engenharia e às Finanças e será aprofundado também com trabalhos dos alunos deste curso.

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25BREVES

PhYSIcS LABfARm PREmIADO nO PAíS BAScOO avanço das tecnologias de informação e co-municação tem contribuído para variadas mu-danças no setor do ensino. No ISEP, este desafio tem sido encarado como uma oportunidade, alimentando diversos projetos de novas tecnolo-gias de apoio à formação e qualificação humana.

Um exemplo reside no trabalho pioneiro que tem sido desenvolvido na área dos laboratórios remotos, onde desponta o Physics LabFARM. Este projeto sustentador de um ambiente de apren-dizagem mais flexível foi premiado em Espanha, durante a conferência internacional Remote Engi-neering & Virtual Instrumentation (REV2012), que decorreu em Bilbau.

A equipa de investigação do Physics LabFARM participou na REV 2012 para apresentar três co-municações de estudos em fase de desenvolvi-mento: “Reconfigurable IEEE1451-FPGA Based Weblab Infrastructure”; “Using Remote Labs to Serve Different Teacher’s Needs – A Case Study with VISIR and RemotElectLab”; e “A Flexible Onli-ne Apparatus for Projectile Launch Experiments”.

O destaque vai para a última, que incide no estu-do do movimento de um projétil a partir de uma experiência remota, e foi desenvolvido por Carlos Paiva, Pedro Nogueira, Gustavo Alves, Arcelina Marques, Pedro Guimarães e Ruben Couto.

Apresentada por Carlos Paiva, bolseiro de inves-tigação do ISEP, a comunicação foi distinguida com o prémio de melhor demonstração remota de entre um total de dez trabalhos apresentados por instituições portuguesas, espanholas, brasi-leiras e australianas.

«Esta distinção é um reconhecimento do trabalho efetuado no âmbito deste projeto», refere Arcelina Marques, docente do Departamento de Física (DFI) e investigadora que colidera o Physics LabFARM.

A REV conta já com dez edições, tendo-se afirma-do como uma das conceituadas conferências na área dos laboratórios remotos a nível mundial. A sua 11ª edição será organizada pelo Instituto Su-perior de Engenharia do Porto, em fevereiro 2014.

A comunicação “Building a Microscope for the Data Center” dos investigadores do CIS-TER, Nuno Pereira, Stefano Tennina e Eduar-do Tovar, recebeu o Best Paper Award na 7th International Conference on Wireless Algo-rithms, Systems and Applications.

Este estudo propõe uma arquitetura de reco-lha e distribuição de dados, que usa sensores de alta resolução temporal e espacial para agregar os parâmetros físicos de um grande data center. Esta característica potencia mo-delos de fluxo de calor mais precisos para os centros de dados e uma decorrente otimiza-ção dos consumos energéticos, para além de permitir minimizar os hotspots e assegurar uma maior previsibilidade das necessidades de manutenção e faturação.

Este foi considerado um feito notável pela equipa que trabalha no projeto Sustainable ENergy-Optimized Datacenters (SENODs), onde o CISTER está a desenvolver soluções integradas para abordar desafios computa-cionais e físicos impostos pelos consumos de energia, refrigeração e necessidades opera-

PRÉmIO mELhOR ESTágIO nAcIOnAL

Catarina Rodrigues, licenciada e mestre em Engenharia Geotécnica e Geoambiente, foi galardoada com o Prémio Melhor Estágio do Colégio de Engenharia Geológica e de Minas da Ordem dos Engenheiros. A diplomada ISEP realizou o estágio junto da TARH – Terra, Am-biente e Recursos Hídricos, em Lisboa.

Avaliação Hidrogeológica de Recursos Hídri-cos Subterrâneos: o Caso das Termas de Mon-te Real foi o projeto desenvolvido no decurso do estágio que realizou para admissão à Or-dem dos Engenheiros (OE).

Centrada no domínio dos recursos geológi-cos, subárea de recursos hídricos subterrâ-neos, a temática desenvolvida surge como sequência natural da sua investigação de mestrado avaliada com 18 valores e enqua-drada no projeto europeu TERMARED, em que foi bolseira de investigação no Laborató-rio de Cartografia e Geologia Aplicada (LAB-CARGA) do ISEP.

cISTER gAnhA BEST PAPER AWARD nA WASA 2012

O projeto agora desenvolvido para admissão à OE foi realizado junto da TARH, onde recebeu a orientação do professor Simões Cortez (OE).

«Com muita alegria endereçamos as nossas felicitações à mestre engenheira geotécnica Catarina Rodrigues e aos seus supervisores professor Simões Cortez e professor Martins Carvalho, pelo feito conquistado», referiu Hel-der I. Chaminé, diretor do mestrado em Enge-nharia Geotécnica e Geoambiente.

«Esta conquista é mais um sinal da marca de excelência da investigação desenvolvida pelo Departamento de Engenharia Geotécni-ca (DEG) e pelo Laboratório de Cartografia e Geologia Aplicada (LABCARGA) nos domínios da hidrogeologia aplicada e recursos hídricos subterrâneos», completou.

cionais de data centers de grande escala.

O consórcio do projeto SENODs é liderado em Portugal pelo centro de investigação do ISEP e nos EUA pela Universidade Carnegie-Mellon. Os restantes parceiros portugueses são a Uni-versidade do Porto e a Portugal Telecom.

da formação à distância na Argélia, Marrocos e Tunísia, graças à criação de um terceiro ano de licenciatura em eletrónica e ótica, lecio-nado inteiramente em língua inglesa e em regime de e-learning puro, fazendo uso de laboratórios de experimentação à distância para a realização de trabalhos práticos, aspeto inovador deste projeto.

Embora tenha como alvo privilegiado os estu-dantes dos países parceiros do Magrebe, este terceiro ano será disponibilizado a estudantes de todo o mundo que tenham completado já 120 ECTU de uma licenciatura em física ou áreas afins.

Os dois primeiros anos do projeto são consa-grados à elaboração do material de ensino e ao desenvolvimento e instalação dos referi-dos laboratórios, sendo finalidade do último ano do projeto o lançamento do curso.

Este projeto tem um orçamento global de 1.280 milhões de euros, financiados em 90% pela Comissão Europeia, sendo coordenado pela Universidade de Limoges. O ISEP é um dos quatro parceiros europeus, aos quais se juntam onze parceiros da região do Magrebe.

Em representação do ISEP, estiveram em Limoges Manuel Gericota e André Fidalgo, docentes do Departamento de Engenharia Eletrotécnica.

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muSEu DO ISEPnA ROTA DOS muSEuS

EnERgIA ISEPEm DESTAQuEnO PRÉmIO REn

A participação do ISEP na última edição do Prémio REN saldou-se na obtenção de uma segunda classificação e de uma menção honrosa, entre os cinco projetos distingui-dos. O concurso das Redes Elétricas Nacio-nais (REN), que visa distinguir as melhores dissertações de mestrado desenvolvidas em Portugal no âmbito das redes e dos sistemas elétricos de energia e gás natural, deu um forte destaque à qualidade da formação ISEP.

O segundo prémio, no valor de 6500 euros, foi entregue a Tiago Pinto, mestre em En-genharia Informática. Tiago Pinto apresen-tou o estudo “Adaptive Learning in Agents Behavior: A Framework for Electricity Markets Simulation”, que propõe um sistema que permite aos agentes otimizar as ofertas de energia ao mercado.

O projeto de mestrado incide na especialida-de em Tecnologias do Conhecimento e De-cisão, do mestrado em Engenharia Informá-tica, e foi desenvolvido junto do GECAD, sob a orientação de Zita Vale e Fátima Rodrigues.

Foram ainda atribuídas duas menções hon-rosas, cabendo uma ao trabalho de João So-ares, pelo projeto “Modified Particle Swarm Optimization for Day-Ahead Distributed Energy Resources Scheduling Including Vehicle-to-Grid”. João Soares é mestre em Engenharia Eletrotécnica – Sistemas Elétri-cos de Energia.

O júri desta edição do Prémio REN foi pre-sidido por José Sucena Paiva (Universidade Técnica de Lisboa) e constituído por repre-sentantes da UTL, Universidade do Porto, Universidade de Coimbra e da REN. Os tra-balhos foram avaliados considerando o nível de conhecimentos científicos e técnicos; o carácter inovador da abordagem e dos re-sultados; a criatividade quanto aos objetivos propostos e aos métodos desenvolvidos; o método, estrutura e organização da apresen-tação.

O Museu do ISEP associou-se ao programa Rota dos Museus, da Câmara Municipal do Porto (CMP). Criado em 1998, o Museu vai ajudar a contar a história da cidade e da evo-lução de uma das suas principais escolas de engenharia.

Promovida pela CMP, através do Serviço de Interpretação e Mediação da Cultura (SIM-Cultura), do Pelouro do Desenvolvi-mento e Coesão Social, a Rota dos Museus «pretende dar a conhecer melhor a cida-de, os seus museus, o seu património, de forma integrada, proporcionando espaços e momentos de encontro consigo mesmo, com os outros e com a cidade», descreve a responsável da Divisão de Documentação e Cultura do ISEP, Patrícia Costa.

Composto por duas edições, este progra-ma é constituído por várias rotas temáti-cas, em torno do Porto, a arte e a ciência, sendo que cada rota inclui uma visita a três museus, relacionados entre si por um subtema.

«No final de cada edição, pretende-se convi-dar todos os participantes nas rotas a partici-par numa ação conjunta, como culminar da sua participação na iniciativa. Poderá tratar-se de uma sessão de cinema, de um espetáculo, concerto, por exemplo», acrescenta Patrícia Costa.

«Este será mais um meio de divulgação do nosso espaço museológico na cidade, apro-veitando esta parceria para chegar a dife-rentes públicos e instituições que até ao momento nunca tinham visitado o Museu, nomeadamente o público sénior», conclui a responsável da Divisão de Documentação e Cultura.

As visitas da Rota dos Museus decorrerem às quartas-feiras de tarde, sendo a edição da pri-mavera destinada a instituições seniores e a edição de verão aberta a visitantes individuais ou pequenos grupos.

BREVES

ISEP Tf chEgA AO PóDIO DO gREEn cAmPuS

A equipa ISEP TF alcançou o segundo lugar no concurso Green Campus – Desafio de Efi-ciência Energética no Ensino Superior. Com-posta pelos estudantes Fábio Nogueira e Ion Gordiciuc, licenciatura Engenharia Eletrotéc-nica – Sistemas Elétricos de Energia, Adrian Ababii, licenciatura Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, e Sandra Fonseca, pós--graduação em Sistemas Integrados de Ges-tão da Qualidade, Ambiente e Segurança, a equipa do ISEP alcançou um brilhante resulta-do nesta competição, à qual concorreram 81 equipas de todo o país. A intervenção propos-ta para o edifício F foi realçada como a «mais eficiente» para um edifício.

O Green Campus tem como objetivo principal contribuir para o aumento da eficiência ener-gética no ensino superior, desafiando estu-dantes e colaboradores a avançarem propos-tas de intervenção nas respetivas instituições.

Para a equipa do ISEP, esta participação repre-sentou «o aproveitar de uma oportunidade de atuação e uma contribuição para um de-senvolvimento mais sustentável».

Foi com esta motivação que os estudantes avançaram uma proposta que combinou as vertentes de eficiência energética, utilização racional da energia e conservação de energia, «visando analisar e apresentar os benefícios energéticos e não energéticos da implementa-ção de medidas técnicas e comportamentais».

A proposta incidiu em «medidas técnicas de retrofitting» estimando «uma redução anual do consumo energético global do edifício e das emissões de CO2».

«Esperemos agora que tudo isto tenha con-tinuação», referiu Fábio Nogueira, capitão da equipa ISEP TF. O futuro engenheiro eletro-técnico destacou ainda que «os resultados aplicados demonstrarão potencialidades da eficiência energética e da utilização racional de energia, tanto no ensino como noutras áreas», e que não deixam de representar «mi-nas de ouro por explorar» no atual contexto do ensino superior.

O júri do Green Campus incluiu personalida-des associadas às universidades de Lisboa e de Coimbra, Programa MIT Portugal, APISO-LAR, jornal Público, Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, Laboratório Nacional de Energia e Geologia, Galp Energia, Selfenergy, Inteli, Quercus e EDP Inovação.

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A monitorização estrutural baseia-se na medição e acompanhamen-to de grandezas representativas do comportamento de uma estru-tura com vista à avaliação experimental do seu desempenho efetivo. Considera-se que é um meio inovador com forte potencial não só para aumentar o conhecimento da engenharia estrutural mas também para vigiar a segurança e a durabilidade das infraestruturas existentes e em construção.

De entre as tecnologias que suportam os sistemas de monitorização, a mais recente tecnologia das fibras óticas apresenta vantagens quan-do confrontada com tecnologias convencionais de natureza elétrica, podendo-se realçar a sua elevada precisão, estabilidade, reduzida di-mensão, imunidade a interferências eletromagnéticas e capacidade de multiplexagem. No entanto, para aplicação no exigente mundo da en-genharia civil, impõe-se ainda uma validação alargada e o desenvolvi-mento de soluções mais fiáveis, robustas e competitivas para medição de um conjunto mais amplo de grandezas estruturalmente relevantes.

Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivos o teste, o de-senvolvimento e a exploração de novas soluções baseadas em senso-res de fibra ótica para monitorização de estruturas da engenharia civil.

Dos vários aspetos abordados, destaca-se a avaliação de instrumenta-ção em fibra ótica com recurso a testes laboratoriais representativos das solicitações e ambientes reais na engenharia civil, o aperfeiçoa-mento de técnicas de instalação, o desenvolvimento de novas solu-ções para monitorização de deformações em estruturas de betão, uma técnica inovadora para medição de deslocamentos verticais (flechas) em pontes e, por fim, a implementação de dois projetos-piloto, na Pon-te Eiffel e na Ponte da Lezíria, cujos resultados foram alvo de estudo.

mOnITORIZAçãO DE ESTRuTuRAS DE EngEnhARIA cIvIL APOIADA Em SOLuçÕES DE fIBRA óTIcA

nomeCarlos Filipe Guedes Rodrigues

área científicaEngenharia Civil

OrientadorProfessor doutor Joaquim Figueiras (UP)Professor doutor Carlos Félix (UP)Professor doutor Armindo Lage (UP)

Instituição de EnsinoUniversidade do Porto

Data da ProvaFevereiro 2012

PROVAS DE DOuTORAMENTO

O objetivo do trabalho consistiu na caracterização experimental e estudo numérico do comportamento fora-do-plano de paredes de alvenaria de pedra sob cargas quasi-estáticas e dinâmicas. Foram realizados diversos en-saios experimentais in-situ para caracterização do comportamento quasi-

SEISmIc ASSESSmEnT Of ThE OuT-Of-PLAnE PERfORmAncE Of TRADITIOnAL STOnE mASOnRY WALLS

nomeAlexandre Aníbal Meira Guimarães Costa

área científicaEngenharia Civil/Sísmica

OrientadorProfessor doutor António Arêde (UP)Professor doutor Andrea Penna (Universidade de Pavia)

Instituição de EnsinoUniversidade do Porto

Data da ProvaMarço 2012

-estático de paredes não reforçadas e reforçadas com técnicas habituais em cenários pré/pós-sísmicos. Foi desenvolvido, testado e validado um novo sistema de ensaio a utilizar em campo, considerando custos e tem-po reduzidos para ensaio, tendo sido aplicado em construções danificadas após o sismo do Faial - Pico de 1998. A avaliação da eficiência das técnicas de reforço foi também realizada a partir dos mesmos ensaios. Além disso, cálculos simplificados para previsão da força máxima revelaram-se eficien-tes e pelo lado da segurança, podendo eventualmente ser aplicados em métodos de avaliação baseados em força.

Após a caracterização para cargas estáticas, o comportamento dinâmico fora-do-plano foi avaliado através de ensaios na mesa sísmica do LNEC (Lis-boa, Portugal) em modelos à escala real de alvenaria de duas folhas com enchimento, especialmente focados no comportamento fora-do-plano.

A seleção da ação sísmica a introduzir revelou-se decisiva para a correta ativação do mecanismo de colapso. Foi possível verificar através dos en-saios que o comportamento global é bastante influenciado pelas múltiplas folhas, sendo a instabilidade da fachada condicionada pelo derrube parcial da folha externa e arranjo local da alvenaria.

Para simular a resposta dinâmica fora-do-plano de estruturas de alvenaria (mecanismos locais), é proposta uma nova metodologia baseada na dinâ-mica de sistemas multicorpo, onde porções de alvenaria são modeladas por blocos rígidos, estando a não linearidade concentrada nas zonas de contacto. O coeficiente de restituição, um parâmetro condicionante na mo-delação do comportamento dinâmico, é determinado através de ensaios experimentais em laboratório onde um novo método denominado como Equivalent Block Approach (EBA) é proposto, no qual a parede de alvenaria é simulada através de uma estrutura com propriedades equivalentes.

Na parte final do trabalho, a nova proposta recorrendo à dinâmica de sis-temas multicorpo é validada com dois ensaios em mesa sísmica: o ensaio apresentado neste trabalho e o ensaio em mesa sísmica de um edifício em alvenaria de pedra de dois pisos, realizado no EUCENTRE - European Centre for Training and Research on Earthquake Engineering (Pavia, Itália). Os re-sultados obtidos são muito promissores, apresentando-se alguns comen-tários relativos a métodos simplificados existentes. Por fim, é apresentada uma proposta para avaliação do comportamento sísmico de estruturas existentes, onde ambos os comportamentos no plano e fora-do-plano são considerados.

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A teoria de controlo usada nesta tese lida com sistemas dinâmicos e a sua otimização ao longo do tempo. As técnicas de otimização são apli-cadas na teoria de controlo, nomeadamente, no controlo de veículos não holonómicos (em particular, robôs móveis) utilizando técnicas de

OPTImIZATIOn AnD cOnTROL Of nOnhOLOnOmIc vEhIcLES AnD vEhIcLE fORmATIOnS

nomeAmelia Cristina Duque Caldeira

área científicaMatemática Aplicada

OrientadorProfessor doutor Fernando Fontes (UP)Professora doutora Dalila Fontes (UP)

Instituição de EnsinoUniversidade do Porto

Data da ProvaJunho 2012

A monitorização de ambientes como aeroportos ou edifícios governa-mentais tem adquirido uma importância crescente com o seguimento de objetos, e em particular de pessoas, em sequências de vídeo a ser o alvo de inúmeras atividades de investigação. Trata-se de um problema complexo e com muitos desafios, especialmente em ambientes não controlados onde fatores como similaridades de aparência ou altera-ções de perspetiva introduzem ruído no processo.

Devido às várias propostas, a avaliação e caraterização objetiva dos algoritmos tem adquirido importância para determinar a precisão e robustez de uma solução, a sua adequabilidade a um determinado cenário operacional e a concordância com os requisitos durante o de-senvolvimento.

Esta tese apresenta uma nova abordagem ao problema da avaliação de algoritmos de seguimento de objetos que procura estabelecer uma ponte entre diferentes estratégias. A solução complementa métricas de avaliação com diferentes requisitos relativamente a informação de referência de forma a unificar a sua utilização e ultrapassar fraquezas das abordagens individuais. Foi combinada informação de diferentes métricas de modo a obter uma medida de erro tão precisa quanto pos-sível, mas com um decréscimo significativo da informação de referên-cia necessária. Tal permitirá soluções de avaliação mais flexíveis.

Reconhecendo a importância da descrição dos objetos, foi apresenta-da uma proposta para analisar diferentes técnicas através da análise numa solução comum e com base na informação de seguimento. Esta evolução inclui o efeito das dependências entre os módulos que cons-tituem o sistema e contribuiu para uma maior compreensão do impac-to das técnicas no processo global de seguimento visual.

nomePedro Miguel Machado Soares Carvalho

área científicaEngenharia Eletrotécnica e de Computadores

OrientadorProfessor doutor Luís Corte-Real (UP)Professor doutor Jaime S. Cardoso (UP)

Instituição de EnsinoUniversidade do Porto

Data da ProvaMarço 2012

PROVAS DE DOuTORAMENTO

As energias renováveis têm estado em destaque desde o final do século XX. São vários os motivos para que isto esteja a acontecer. As previsões apontam para problemas de depleção das reservas de com-bustíveis fósseis, nomeadamente o petróleo e gás natural, durante o presente século. O carvão, ainda abundante, apresenta problemas am-bientais significativos. Os perigos associados à energia nuclear estão fazer com que os governos de vários países repensem as suas políticas energéticas. Todas estas tecnologias têm fortes impactos ambientais. Considerando o conjunto das energias renováveis, a energia solar foto-voltaica tem ainda um peso menor no panorama da produção energé-tica atual. A explicação para este facto deve-se ao custo, ainda elevado,

cÉLuLAS SOLARES DE cu2ZnSnS4 POR SuLfuRIZAçãO DE cAmADAS mETáLIcAS

vIDEO OBjEcT TRAcKIng – cOnTRIBuTIOnS TO OBjEcT DEScRIPTIOn AnD PERfORmAncE ASSESSmEnT

Controlo Ótimo (OC) e Controlo Preditivo (MPC).

Relata-se os resultados obtidos na implementação de um algoritmo de OC e de uma estratégia de MPC a um robô com rodas.

O uso do MPC para lidar com o problema de Path following de sistemas não holonómicos é discutido neste trabalho. Este problema é conver-tido num problema de Trajectory tracking, o qual determina a que ve-locidade o caminho deverá ser seguido nos problemas de otimização resolvidos no algoritmo de MPC.

Estuda-se o controlo para manter uma dada formação de robôs móveis e também os aspetos relacionados com a reorganização da formação.

Para controlar um conjunto de veículos que se move em formação usa--se um esquema de MPC de duas camadas. Estes problemas de con-trolo são intrinsecamente diferentes, porque, por um lado, a maioria dos veículos são não holonómicos (não podem mover-se em todas as direções). Por outro lado, quando os veículos estão em movimento, a posição relativa entre eles na formação pode ser alterada em todas as direções (como se fossem holonómicos).

Estuda-se também o problema de reconfiguração da geometria de uma formação de veículos. Dadas a geometria atual e a geometria final desejada dos veículos, existem várias alocações possíveis entre as posi-ções iniciais e finais dos veículos e, também, várias combinações para a velocidade cada veículo. Desenvolveu-se um algoritmo de otimização para decidir como reorganizar a formação dos veículos numa outra for-mação com geometria diferente, evitando colisões entre os veículos, escolhendo a velocidade de cada veículo e evitando obstáculos.

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nomePaulo Alexandre Franco Ponte Fernandes

área científicaFísica

OrientadorProfessor doutor António Ferreira da Cunha (UA)

Instituição de EnsinoUniversidade de Aveiro

Data da ProvaJunho 2012

nomePaulo Alexandre Fangueiro Oliveira Maio

área científicaEngenharia Eletrotécnica e de Computadores

OrientadorProfessor doutor Nuno Silva (ISEP)Professor doutor José Silva Cardoso (UTAD)

Instituição de EnsinoUniversidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Data da ProvaJulho 2012

PROVAS DE DOuTORAMENTO

dos sistemas fotovoltaicos. Várias iniciativas governamentais estão em curso, a SET for 2020 (UE) e a Sunshot (EUA), para o desenvolvimento de tecnologias que façam frente a este problema. A fatia de mercado que a tecnologia de filmes finos representa ainda é pequena, mas tem vindo a aumentar nos últimos anos. As vantagens relativamente à tec-nologia tradicional baseada em Si são várias, como por ex. os custos energéticos e materiais na fabricação das células.

Esta dissertação apresenta um processo de fabricação de células solares em filmes finos usando como camada absorvente um novo composto semicondutor, o Cu2ZnSnS4, que apresenta como grande argumento, relativamente aos seus predecessores, o facto de ser constituído por elementos abundantes e de toxicidade reduzida. Foi realizado um es-tudo sobre as condições termodinâmicas do crescimento deste com-posto, bem como a sua caracterização. Foram também extraídos os parâmetros de desempenho das células solares finais.

O processo de Mapeamento de Ontologias consiste em definir ao ní-vel conceptual um conjunto de correspondências semânticas entre entidades de duas ontologias distintas: cada uma descrevendo a in-formação capturada num determinado sistema de informação. O re-sultado deste processo denomina-se alinhamento, e é posteriormente explorado para superar a heterogeneidade existente entre os sistemas e permitir a sua interoperabilidade.

Contudo, diferentes sistemas têm perspetivas contraditórias e inconsisten-tes sobre as correspondências a adotar sobre o mesmo par de ontologias.

O trabalho realizado investigou abordagens e metodologias (semi-) automáticas de negociação baseadas em argumentos (gerados a partir dos resultados de ferramentas de mapeamento de ontologias já exis-tentes) que conduzem sistemas heterogêneos a superar conflitos na obtenção de um alinhamento consensual entre as suas ontologias.

Com vista à resolução de conflitos e à obtenção de melhores acordos entre os sistemas negociadores, esta tese defende a necessidade e os benefícios da adoção de uma especificação explícita, formal, extensível e partilhada de um modelo de argumentação. Destacam-se duas con-tribuições genéricas:

» Processo iterativo e incremental de negociação baseada em ar-gumentos. Neste processo, os sistemas adotam argumentação como um formalismo de modelação que governa o seu com-

An EXTEnSIBLE ARgumEnTATIOn mODEL fOR OnTOLOgY mATchIng nEgOTIATIOn

portamento interno e externo;

» Especificação de uma estrutura genérica de argumentação que (i) compreende uma camada de conceptualização para captu-rar a semântica dos dados de argumentação usados num con-texto específico e (ii) providencia funcionalidades de modula-ridade e extensibilidade que simplificam a sua adopção pelos sistemas de argumentação.

Finalmente, para o domínio de negociação de mapeamento de onto-logias, propôs-se uma nova abordagem que explora as contribuições genéricas anteriores para superar (a maioria) (d)as limitações identifi-cadas no estado-da-arte. Apesar do foco da tese ser em negociação de mapeamento de ontologias, várias das contribuições apresentadas são aplicáveis a outros domíniosde aplicação (e.g. comércio electrónico).

gEOcOnSERvAçãO E vALORIZAçãO DO PATRImónIO gEOLógIcO-mInEIRO DE ESPAçOS SuBTERRÂnEOS AnTIgOS

A indústria mineira foi um importante pilar do desenvolvimento da humanidade ao longo dos séculos, tendo a sua atividade sofrido uma diminuição, tanto em Portugal como noutros locais. Esse declínio resul-tou no encerramento de muitas explorações, com a consequente de-gradação, quer do património geológico e geomineiro, quer ambiental.

O tema da tese centrou-se numa investigação sobre estratégias de geoconservação do património geológico-mineiro, com uma forte componente interdisciplinar do papel das geociências de engenharia e geoengenharias na valorização do património natural e geomineiro em torno do Mosteiro de Tibães.

Este trabalho pretende enfatizar a importância da combinação de dife-rentes disciplinas científicas numa abordagem articulada de processos de recuperação do património mineiro abandonado, bem como sítios geo‐arqueológicos de relevância cultural.

Efetuou‐se o inventário completo das minas de água do Mosteiro de Tibães e sua envolvente, com aquisição de dados hidrogeoquímicos e radiológicos, a fim de aferir a qualidade das suas águas subterrâneas. Adicionalmente, também se procedeu à inventariação e classificação de outros potenciais locais de interesse geo‐mineiro. Toda a informação foi integrada numa base de dados dinâmica associada a um projeto SIG.

Para atingir estes objetivos, selecionou‐se um campo experimental dentro da Cerca do Mosteiro de Tibães, a Mina das Aveleiras. Esta tese

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30 PROVAS DE DOuTORAMENTO

pretendeu melhorar o conhecimento relativo à recuperação de anti-gos sítios geomineiros abandonados, juntamente com uma reconver-são parcial da sua função anterior, como um exemplo de um processo transformativo organizado em direção a um segundo ciclo de vida.

Tais intervenções representam importantes medidas para a sua susten-tabilidade e para o meio ambiente envolvente.

nomeMaria Eugenia Oliveira Lopes

área científicaEngenharia Geológica, especialidade de Geologia do Ambiente e Or-denamento

OrientadorProfessor doutor Gama Pereira (UC)Professor doutor Helder Chaminé (ISEP)

Instituição de EnsinoUniversidade de Coimbra

Data da ProvaSetembro 2012

cOmO SE gERE O cOnhEcImEnTO? um ESTuDO Em EmPRESAS DE InfORmáTIcA PORTuguESAS

EfEITOS DInÂmIcOS InDuZIDOS POR TRáfEgO Em POnTES fERROvIáRIAS: mODELAçãO numÉRIcA, cALIBRAçãO E vALIDAçãO EXPERImEnTAL

Na era atual, caraterizada pela mudança veloz e turbulência, o conheci-mento é entendido como o centro estratégico na vida das organizações. Todavia, se as organizações necessitam de pessoas flexíveis, capazes de trabalhar em equipa e de se empenhar no trabalho, os trabalhadores vivenciam relações inseguras, instáveis e cada vez mais exigentes.

Partindo destes pressupostos, esta investigação teve como objetivo avaliar de que forma o clima organizacional e o contrato psicológico, mediante a satisfação laboral, influenciam a gestão do conhecimento nas empresas de consultoria informática do Porto.

Utilizou-se o Diretório Global das Tecnologias de Informação e Comuni-cação (2011/12) para identificar as empresas, resultando uma amostra constituída por 187 sujeitos.

Foi realizado um estudo quantitativo, utilizando-se os seguintes ques-tionários: a) Gestão do Conhecimento (Cardoso, 2007); b) FOCUS, (1983) validado para a população portuguesa por Neves (2000); c) Escala Geral de Satisfação, de Warr, Cook e Wall, 1979; d) Escala de Rousseau, tradu-zida por Chambel & Alcover (2011).

Os dados obtidos foram analisados recorrendo ao teste t de Student (SPSS v17) e o teste de hipóteses foi examinado através do Modelo de Análise de Equações Estruturais (AMOS v20).

Verificou-se que, para a amostra utilizada, estão apenas presentes efei-tos indiretos entre a perceção do clima de apoio e a gestão do conheci-mento e entre o contrato relacional e a gestão do conhecimento. Cons-tatou-se também que a perceção dos climas inovação, metas e regras influencia a gestão do conhecimento e que são os climas de apoio e regras que impactam positiva e significativamente na satisfação laboral. Confirmou-se, ainda, que a satisfação laboral prediz a gestão do conhe-cimento e que o contrato relacional influencia positiva e significativa-mente a satisfação laboral. Os resultados obtidos revelam às organiza-

ções a necessidade de investir nas pessoas e em ambientes de trabalho de cooperação, para além da necessidade de ter em consideração os fatores determinantes da satisfação no trabalho (como o conteúdo do mesmo, a supervisão, a autonomia e responsabilidade).

nomeMaria da Conceição Teles Pinheiro de Viterbo

área científicaCiências do Trabalho / Psicologia Social

OrientadorProfessor doutor Carlos Guillén Gestoso (UCA)

Instituição de EnsinoUniversidade de Cádis

Data da ProvaSetembro 2012

A tese visa contribuir para a compreensão dos efeitos dinâmicos induzi-dos por tráfego em pontes ferroviárias e envolve a modelação numéri-ca, a calibração experimental e a validação do sistema ponte-comboio.

Neste âmbito foram concebidas, desenvolvidas e aplicadas metodo-logias numéricas de análise dinâmica do sistema ponte-comboio, que permitem a resolução iterativa do problema de interacção dinâmica entre os dois subsistemas com base numa ferramenta computacional inovadora e baseada numa interface dos programas MATLAB e ANSYS.

Foi também desenvolvida e implementada uma metodologia automá-tica de calibração de modelos numéricos de elementos finitos, assente em parâmetros modais e baseada em algoritmos de optimização, que recorre a uma interface dos programas ANSYS, OptiSlang e MATLAB.

A metodologia de calibração desenvolvida foi aplicada a dois casos de estudo, a ponte ferroviária de São Lourenço, situada na linha do Norte, e o comboio alfa pendular.

O primeiro caso de estudo envolveu o desenvolvimento de um mode-lo numérico tridimensional da ponte, incluindo a via, e a realização de um ensaio de vibração ambiental para a caracterização das frequências e modos de vibração da ponte. A calibração do modelo numérico foi baseada na aplicação de um algoritmo genético que permitiu obter es-timativas estáveis de um número significativo de parâmetros numéricos tendo demonstrado elevada robustez e fiabilidade. A comparação das respostas modais experimentais e numéricas, antes e após calibração, evidenciou melhorias significativas do modelo inicial da ponte.

O segundo caso de estudo envolveu o desenvolvimento de um modelo tridimensional de um veículo do comboio Alfa Pendular e a realização de ensaios dinâmicos do veículo completo e do bogie, tendo em vista a identificação das principais frequências e modos de vibração de corpo rígido e estruturais do veículo. A calibração do modelo numérico foi re-alizada em duas fases, incidindo a primeira na calibração do modelo do bogie nas condições do ensaio e a segunda centrada na calibração do modelo do veículo completo. A optimização foi realizada por aplicação

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31PROVAS DE DOuTORAMENTO

SEmI-AuTOmATIc cLASSIfIcATIOn: uSIng AcTIvE LEARnIng fOR EffIcIEnT cLASS cOvERAgE

nomeDiogo Rodrigo Ferreira Ribeiro

área científicaEngenharia Civil (Estruturas)

OrientadorProfessor doutor Rui Calçada (UP)

Instituição de EnsinoUniversidade do Porto

Data da ProvaDezembro 2012

nomeAlexandra Agra Amorim

área científicaFísica

OrientadorProfessor doutor Luís Miguel Bernardo (UP)Professora doutor Helder Crespo (UP)

Instituição de EnsinoUniversidade do Porto

Data da ProvaDezembro 2012

de um algoritmo genético que mais uma vez revelou uma grande robus-tez na estimativa dos parâmetros dos modelos numéricos para ambas as fases.

A validação do modelo numérico calibrado do sistema ponte-comboio envolveu a comparação dos resultados numéricos, obtidos com base em análises dinâmicas com interacção ponte-comboio incluindo as irregularidades, com os resultados experimentais, obtidos num ensaio dinâmico sob acção de tráfego. Os resultados obtidos comprovaram o bom desempenho do modelo numérico na previsão da resposta dinâ-mica da ponte e do comboio.

Alguns problemas de classificação automática, tais como a classificação de texto, exigem um grande esforço para a etiquetagem dos exemplos necessários para treinar um classificador apesar da facilidade e baixo custo envolvidos na recolha de exemplos não etiquetados. Contraria-mente à aprendizagem supervisionada, a aprendizagem ativa é um paradigma em que os exemplos são etiquetados em função da sua utilidade para o fim em vista. Acresce que a aprendizagem ativa é um processo iterativo que pode ser interrompido quando a utilidade dos exemplos ainda não etiquetados é reduzida.

Nesta tese propomos uma estratégia de aprendizagem ativa que inclui um critério de seleção dos exemplos a etiquetar e um critério de pa-ragem que interrompe o processo de aprendizagem quando o valor acrescentado dos exemplos disponíveis para etiquetar é baixo. Esta es-tratégia promove a eficiência do processo de aprendizagem.

Os resultados da avaliação efetuada mostram que a abordagem pro-posta supera o estado da arte na identificação de exemplos cobrindo todas as classes. Os ganhos são particularmente notórios em presen-ça de distribuições enviesadas. Os classificadores construídos com a abordagem proposta apresentam também ganhos ao nível da precisão na generalidade dos casos. Também o critério de paragem proposto apresenta um desempenho superior às restantes abordagens analisa-das. É um critério robusto que gera indicações de paragem de forma consistente quando a utilidade dos exemplos não etiquetados ainda disponíveis é baixa.

A estratégia de aprendizagem ativa proposta nesta tese, como um todo, incluindo o critério de seleção e o critério de paragem, gera classificado-res mais precisos a custo inferior ao de outras abordagens atuais.

nomeNuno Filipe Fonseca Vasconcelos Escudeiro

área científicaEngenharia Informática (Aprendizagem Automática)

OrientadorProfessor doutor Alípio Jorge (UP)Professor doutor Rui Camacho (UP)

Instituição de EnsinoUniversidade do Porto

Data da ProvaDezembro 2012

hIgh-POWER AnD TunABLE uLTRAShORT LASER PuLSES In ThE SuB-TWO-cYcLE REgImE: TOWARDS nOvEL LIghT SOuRcES

A investigação da geração de impulsos laser ultrarrápidos abriu novas fronteiras quer na investigação básica quer na área das aplicações, ten-do a procura de impulsos cada vez mais curtos desempenhado um pa-pel importante como motivação para recentes avanços tecnológicos. Este trabalho envolveu investigação experimental tendo em vista a ge-ração de novas fontes luminosas de baixa energia (nanojoule) e no regi-me de sub-2-ciclos óticos, por propagação de impulsos laser ultracurtos em cristais fotónicos de fibra ótica (PCFs) de elevada não-linearidade.

Começando por explorar o controlo eficiente da deformação espectral de impulsos sonda (violeta) por modulação de fase induzida pelo feixe de bombeamento (infravermelho), evoluiu-se para a geração eficiente de radiação dispersiva ultracurta na região azul do espectro através da propagação de impulsos laser de 20-fs em PCFs de dimensões mili-métricas, no regime de dispersão anómala. Com estes cristais foi, pela primeira vez, demonstrada experimentalmente a geração direta de im-pulsos de banda larga com 4.6-fs por compressão solitónica de impulsos de baixa energia provenientes de um oscilador de Titânio:safira, sem re-curso a qualquer tipo de técnica adicional de compensação de dispersão (Patente No. 20101000046781, UP).

O perfil espectral específico dos impulsos gerados permitiu propor a geração de uma fonte de impulsos laser sub-2-ciclos, estabilizados em fase, utilizando um esquema simples e eficiente para geração de um si-nal de batimento de fase obtido diretamente da fonte inicial por interfe-rometria f-to-2f, sem quaisquer mecanismos adicionais de alargamento espectral. Os resultados obtidos são promissores para a geração direta de impulsos de um único ciclo ótico.

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